Jornal Brasil Atual Bauru - edição de fevereiro

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www.redebrasilatual.com.br BAURU Jornal Regional de Bauru www.redebrasilatual.com.br BAURU nº 10 Fevereiro/Março de 2015 jornal brasil atual jorbrasilatual DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Deputado Eduardo Cunha resgata o pior da política para presidir Câmara Pág. 5 POLÍTICA EM MAUS LENÇÓIS Vereador Manfrinato tenta vetar material de portal independente Pág. 2 MÍDIA CENSURA Jovens da periferia reivindicam espaço para diversão Pág. 7 LAZER ROLEZINHO Trabalhadores se mobilizam para evitar calote e fechamento da Ajax TRABALHO CRISE DA ÁGUA Desenvolvimento excludente está na gênese do processo de escassez; grupo reivindica medidas emergenciais Pág. 4 SP NEGLIGENCIOU RIOS E MANANCIAIS A LUTA PELO EMPREGO Jornal_Bauru_10.indd 1 2/27/15 5:13 PM

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Jornal Regional de Bauru

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nº 07 Novembro de 2014 jornal brasil atual jorbrasilatualJornal Regional de Bauru

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nº 10 Fevereiro/Março de 2015 jornal brasil atual jorbrasilatual jornal brasil atual jorbrasilatual jornal brasil atual jorbrasilatual

DISTRIBUIÇÃOGRATUITA

Deputado Eduardo Cunha resgata o pior da política para presidir Câmara

Pág. 5

POLÍTICA

EM MAUS LENÇÓIS

Vereador Manfrinato tenta vetar material de portal independente

Pág. 2

MÍDIA

CENSURA

Jovens da periferia reivindicam espaço para diversão

Pág. 7

LAZER

ROLEZINHO

Trabalhadores se mobilizam para evitar calote e fechamento da Ajax

TRABALHO

CRISE DA ÁGUA

Desenvolvimento excludente está na gênese do processo de escassez; grupo reivindica medidas emergenciais

Pág. 4

SP NEGLIGENCIOU RIOS E MANANCIAIS

A LUTA PELO EMPREGO

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Expediente Rede Brasil Atual – BauruEditora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de Redação Paulo Salvador Edição Enio Lourenço Redação Francisco Montei-ro, Flaviana Serafim, Fernando Martins de Freitas, Giovanni Giocondo, Giovani Vieira Miranda, João Andrade, Paula Pin-to Monezzi, Vanessa Ramos e Vítor Moura Fotos Capa Maria Fernanda e Luiz Augusto Daidone Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3295-2820 Tiragem 5 mil exemplares Distribuição Gratuita

EDITORIAL

Na última edição, publicamos reportagem sobre a crise fi-nanceira que assola a empresa de baterias elétricas Ajax, preju-dicando seus mais de 1.100 funcionários. Pois bem, as dívidas, tanto com os trabalhadores quanto com os fornecedores e cre-dores, não foram quitadas, e a companhia simplesmente baixou as portas no início do mês de fevereiro. Diante da situação ca-lamitosa, os operários, que estão desde dezembro sem receber salários, resolveram montar vigília em frente ao portão principal da fábrica, para exigir respeito aos compromissos firmados.

A crise da Ajax serve para mensurarmos a lógica espúria de funcionamento do capitalismo, que tem na ganância dos lucros a vitalidade das empresas, e na adversidade dá as costas aos verdadeiros responsáveis pelo giro das engrenagens e produ-ção de toda e qualquer mercadoria: o trabalhador.

Conforme anunciado na edição de janeiro, oferecemos a primeira reportagem da série sobre a crise da água no Estado de São Paulo. Ao longo dos próximos meses, vamos explorar as origens, os fatores climáticos e políticos, as intervenções do(s) governo(s) do Estado que nos aproximaram do esgota-mento desse recurso natural.

E atenção prefeito Rodrigo Agostinho e vereadores bau-ruenses: a juventude da periferia clama por espaços de lazer. Os “rolezinhos” e o “fluxo”, alvos de reportagem da página 7, refletem o baixo número de políticas públicas e equipamentos para esses estudantes e jovens trabalhadores, que, como toda e qualquer pessoa nessa fase da vida, gostam de sair à noite para se divertir. Com certeza o nosso Poder Público tem muito mais a oferecer do que apenas repressão policial. Boa leitura!

MÍDIA

Manfrinato tentou vetar reportagem do portal Participi

Vereador ataca jornalismo

Autoritarismo e imprensa local

Um episódio polêmico en-volveu o vereador Fabio Man-frinato (PR) no início deste ano. Descontente com uma publicação do portal de notí-cias Participi, ele exigiu, por meio de notificação extrajudi-cial, a retirada do ar de matéria jornalística e charge em até 48 horas, ameaçando tomar me-didas processuais e criminais.

O material abordava uma denúncia protocolada pela ONG Sem Limites junto à Co-missão de Fiscalização e Con-trole da Câmara Municipal em que Manfrinato teria entregue atestado médico para justificar ausência em sessão ordinária no dia 13 de outubro de 2014 en-quanto estava no Guarujá com a esposa. A Comissão abriu sin-dicância para investigar o caso.

O político alegou ter se sen-tido ofendido com a publica-ção da charge que, para ele, era uma forma de “zombar de sua condição física” – Manfrinato

O professor do curso de jornalismo da Unesp Dino Magnoni avalia que atitudes como a do vereador Fábio Manfrinato são reflexos dos tempos da ditadura civil- -militar (1964-1985).

“Os agentes públicos, de um modo geral, se valem de atitude autoritária. Quem

tenta cercear um canal de co-municação também tenta parar as manifestações da socieda-de civil. Eles [os vereadores] pensam que os mandatos lhes pertencem e não veem que são representantes da sociedade”, criticou.

Para Dino, o episódio en-volvendo o portal de notí-

cias independente não teria acontecido com os veículos da imprensa tradicional da cidade.

“Ele teria pensado duas vezes antes de tomar essa atitude”, apontou o profes-sor, ressaltando que a cida-de carece de uma pluraliza-ção da mídia.

se locomove com a ajuda de uma muleta.

O portal Participi divulgou nota afirmando que não atende-ria ao pedido, e acusou o políti-co de tentativa de cerceamento da liberdade de expressão.

“Não retiramos o conteúdo do ar por termos a certeza de que fizemos um trabalho jorna-lístico sensato, sem ferir a inti-midade do vereador ou mesmo

de seus familiares”, destacou Giovani Vieira, jornalista res-ponsável pelo portal.

A repercussão do episódio fez Manfrinato recuar do proces-so e encaminhar comunicado à imprensa.“Em momento algum eu pensei em censura”, disse.

Um ato em apoio ao portal reuniu estudantes e professores universitários, que usaram mor-daças no auditório da Câmara.

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TRABALHO

TRABALHO II

Sindicato dos Metalúrgicos e trabalhadores buscam alternativas para manter postos de trabalho

MPs do governo federal, que restringem direitos trabalhistas, vão dificultar vida dos operários

Ajax não paga direitos e deixa 1.100 desempregados

Desemprego também assola setor da construção civil

Trabalhadores estão vendendo bens para sobreviver

Após um mês de férias cole-tivas, cerca de 1.100 trabalhado-res da fábrica de baterias Ajax, que estão sem receber salários desde dezembro (incluindo 13º salário), foram surpreendidos ao encontrar a empresa com as portas fechadas em fevereiro.

O Sindicato dos Metalúrgi-cos de Bauru recebeu uma de-núncia de que os proprietários estavam retirando as máquinas e as matérias-primas do local durante a madrugada. Desde então, os operários montaram acampamento em frente à por-

“São 1.100 trabalhadores que vão ficar desempregados. A cidade não vai conseguir suportar essa demanda. Para nós, é urgente uma solução, porque estamos há três meses sem salários. Alguns já per-deram a casa e o carro”.

A instabilidade no tempo de trabalho na construção civil também gera temor quanto ao desemprego. Segundo o dirigen-te do Sindicato dos Trabalhado-res nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bauru e Re-gião, Josefino Cândido de Oli-veira, os canteiros de grandes obras espalhados pela cidade

dão ideia equivocada da larga oferta de vagas no setor.

“Hoje, o profissional é con-tratado de forma rotativa, asse-gurado no emprego por até um ano, por exemplo, fazendo a parte da obra que lhe cabe. Na próxima etapa, ele é mandado embora e outro é contratado para cumprir sua função”, explica.

Embora a rotatividade seja da natureza do serviço na cons-trução civil, o índice de demis-sões e rescisões aumentou. Para piorar, os trabalhadores do setor também estão preocu-pados com as Medidas Provi-sórias (MPs) 664 e 665, do go-verno federal, que apresentam uma série de cortes e restrições

a benefícios trabalhistas, como o seguro-desemprego.

“Antes, um operário da cons-trução civil poderia ter o seguro--desemprego em seis meses. Agora, ele terá que trabalhar por mais tempo para conseguir. E, infelizmente, a rotatividade do setor acaba dificultando essa permanência”, lamenta Josefino.

taria principal da fábrica.A empresa tem dívidas esti-

puladas em R$ 6 milhões, boa parte referente ao pagamento de direitos trabalhistas, como o FGTS e a Previdência Social.

“Pedimos a solidariedade da Câmara Municipal e do prefei-to Rodrigo Agostinho (PMDB) para acelerarem as tratativas com o Ministério Público, para garantir os direitos rescisórios”, informou Cândido Rocha, pre-sidente do Sindicato dos Meta-lúrgicos de Bauru.

O vereador Roque Ferrei-

ra (PT) acredita que o prefeito deva intervir com um decreto municipal, declarando a Ajax como empresa de caráter social, já que ela é devedora do fisco social, IPTU e contas de água.

“A Prefeitura tem de expro-priar essa empresa sem pagar nada”, propõe o vereador.

“Os trabalhadores estão apoiando qualquer alternativa que possa manter os postos de trabalho. Não queremos tomar a propriedade de ninguém, só queremos produzir e receber por isso”, complementou Cândido.

Esse é o temor e a ansiedade que toma conta de João Batista Ferreira, de 42 anos, que traba-lha como cozinheiro da Ajax há cinco anos. Ele e seus cole-gas pretendem continuar com o acampamento para evitar a fuga dos proprietários devedores.

“Nós estamos vivendo de doações, esperando que o dono coloque a mão na consciência e veja o que está fazendo com to-das essas famílias”, apela.

No dia 19 de fevereiro, um encontro entre os representantes da empresa e os trabalhadores

definiu um prazo de 30 dias para a apresentação de um plano de recuperação (estipulado unila-teralmente pela Ajax, segundo o presidente do Sindicato).

Para os trabalhadores que aceitaram a rescisão indireta, resta aguardar a liberação do

FGTS e do seguro-desem-prego. Para os demais, a as-sembleia que será realizada no dia 13 de março é o prazo máximo para que a empresa declare falência ou seja pas-sada para outro comando, in-clusive dos trabalhadores.

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CRISE DA ÁGUA

Mesmo com legislação ambiental, Estado de São Paulo não protegeu rios e mananciais por Giovanni Giocondo

Desenvolvimento excludente favoreceu quadro de escassez

Histórico e consequências Calamidade pública

Desde 2001, alertas sobre os riscos da má gestão dos re-cursos hídricos do Estado de São Paulo são feitos por espe-cialistas. Ações adotadas em conluio pelo governo estadual, prefeituras e iniciativa privada colaboraram para o colapso do sistema de abastecimento, e colocam em risco a sobrevi-vência digna da população.

A partir deste mês, o jornal Brasil Atual inicia uma série de reportagens para debater o assunto, entender as origens e como a crise tem afetado co-munidades em todo o Estado.

Nesta primeira reporta-gem, trataremos da relação entre o modelo de urbanização das cidades e a falta de prote-ção dos mananciais.

A Lei Estadual nº 898, de 18 de dezembro de 1975, declarava 18 recursos hídri-cos como “áreas de prote-ção”, como os reservatórios Billings, Guarapiranga e Cantareira – principais re-servatórios da Grande São Paulo, que operam no limite da sua capacidade, com ris-co de desabastecimento to-tal –, além do Rio Tietê.

Elaborada por técni-cos da área de saneamen-to na época, a lei teria sido um “esforço heroico” para impedir o avanço do “progresso” sobre os ma-nanciais em plena ditadu-ra militar. É o que atesta Renato Tagnin, arquiteto e urbanista especialista em recursos hídricos.

“O problema é que a lei sozinha não faz verão, prin-cipalmente quando o Esta-do, que deveria fiscalizar, transcende ela para atender aos interesses do poder eco-nômico”, critica.

Para ele, o próprio Es-tado criou polos industriais

Em audiência pública realizada no último dia 5 de fe-vereiro, na Assembleia Legislativa do Estado de São Pau-lo (Alesp), deputados estaduais e federais, integrantes de movimentos sociais e ONGs, técnicos em saneamento, en-genheiros civis e outros especialistas em recursos hídricos fizeram propostas para tentar contornar o inevitável colapso do sistema de abastecimento no Estado de São Paulo.

Conheça algumas dessas propostas: Decretação imediata de estado de calamidade pública em

todo o Estado;

Implementação imediata de racionamento, sem distinção de bairros ou municípios, com regras claras;

Não ao rodízio no abastecimento, que cria diferenciações entre as regiões;

Criação de força-tarefa para lidar com a crise, incluindo técnicos, membros dos três Poderes, imprensa e integrantes da sociedade civil;

Apresentação de plano de contingência para a falta de água;

Reestatização da Sabesp;

Responsabilização criminal do governador Geraldo Alckmin pela omissão diante da crise;

Gestão dos recursos hídricos com transparência e participação popular;

Tabelamento de preços da água potável;

Distribuição de caixas d’água e construção de cisternas para a população mais pobre, com recursos financeiros e orientação sob responsabilidade do governo do Estado;

Priorizar o consumo humano em detrimento do agronegócio e da indústria;

Criar programa de captação da água da chuva;

Rever outorgas de poços artesianos;

Garantir empregos de trabalhadores demitidos devido à falta d’água;

Replantar árvores em áreas de mananciais.

e promoveu desenvolvimento excludente, com as empresas atraindo pessoas para traba-lhar por baixos salários, sendo obrigadas a morar em locais irregulares distantes do cen-tro, sem água, luz e esgoto tra-tado, e em áreas de risco.

Na opinião do urbanista, além da terrível herança cul-tural relativa à natureza (eu-ropeia, que considera a mata “coisa suja”), o paulista tem no tecnicismo da engenharia sua busca desenfreada por querer “organizar a natureza”.

“Aí entram os rios com os cursos desviados, as várzeas aterradas e todas as demais

ações antrópicas que cau-sam desequilíbrio incalcu-lável ao estado natural das coisas”, diz.

A degradação dos ma-nanciais prende-se a uma questão mais ampla, que é o valor que se dá ao solo, ex-plica Tagnin.

“A vegetação em um ter-reno não o valoriza. Qual-quer outro uso tem se mos-trado mais rentável do que a proteção ambiental.”

Segundo o urbanista, sem a proteção devida, a água se torna mais escassa, poluída, cara e de difícil acesso para a população.

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POLÍTICA

Eduardo Cunha é contra pautas dos trabalhadores, movimentos sociais e direitos humanos por Enio Lourenço

Novo presidente da Câmara reascende agenda conservadora

Base de Cunha: fisiologismo e partidos sem ideologia

Como Dilma vai governar sem parte do Congresso?

No dia 1º de fevereiro, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sagrou-se presidente da Câmara Federal para o biênio 2015-2016, com 267 votos, quase o dobro do candidato do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que obteve 136 votos.

Esse quadro deve criar dificuldades para o governo colocar em pauta votações de interesse dos movimentos so-ciais e dos trabalhadores. De acordo com o deputado Chico

Para o cientista político e professor da Universi-dade de São Paulo (USP) Antônio Carlos Mazzeo, é preciso voltar ao início da República para entender a eleição de Eduardo Cunha, um dissidente da base alia-

Alencar (PSOL-RJ), que tam-bém concorreu e obteve oito votos, Cunha “faz do mandato um investimento”. “Ele é um símbolo da pequena políti-ca. Representa a política dos negócios, onde o público e o privado perdem fronteiras”, afirmou ao site do seu partido.

O novo presidente da Câ-mara estreou na política como tesoureiro na campanha de Fernando Collor, em 1989. Na sequência, foi nomeado presi-dente da Telerj. Entre 1999 e

2000, no governo de Anthony Garotinho, foi presidente da Companhia Estadual de Habi-tação do Rio de Janeiro.

Eduardo Cunha é deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro desde 2002 e faz parte da chamada bancada evangé-lica. “É a volta do espírito de Marco Feliciano: fundamen-talista, homofóbico, que vai refazer a agenda do ultracon-servadorismo”, resumiu o ex--ministro dos Direitos Huma-nos Paulo Vannuchi.

da do governo Dilma, que ganhou poderes junto às mais diversas tendências contrárias à presidenta no Parlamento (inclusive de seus “aliados”).

“No Congresso Nacional, existe um núcleo partidário fisiológico, salvo raras exce-

ções com perfil ideológico. Isso está na origem da Repú-blica, com partidos regionais. Ainda hoje existem hegemo-nias de Estados dentro de al-guns partidos, mas o núcleo é o fisiologismo.”

Mazzeo explica que fisio-

logismo em ciência política são os elementos de acordo no parlamento, sejam eles políti-co-partidários ou de interesses individuais.

“Como não há um corte ideológico forte, não há uma ação de unidade programática.

Você elege o deputado e ele faz o que ele quer, porque no Brasil você vota em pessoas, não em partidos”, diz, suge-rindo alteração no modelo de votação para lista fechada, a fim de dificultar ações indi-viduais dos parlamentares.

Ainda que Eduardo Cunha tenha liderado a rebelião na base aliada na Câmara, o go-verno tem maioria no Senado.

No entanto, Dilma e o PT vão ter de se mostrar hábeis para remontar suas bases no Congresso e contornar a crise política, já que as manobras de Cunha estão a todo vapor. A instalação de uma nova CPI da Petrobras, com 28,5% das assinaturas de deputados de partidos aliados, revela um quadro adverso no momento.

“A nova CPI da Petrobras é para sangrar o governo, porque a Petrobras já está sendo inves-tigada pelo Ministério Público [e pela Polícia Federal]. É para criar um clima permanente de tensão”, diz Mazzeo.

O professor da USP, porém, lembra que o Partido dos Traba-lhadores tem enraizamento po-pular nos bairros, nos movimen-tos sociais e sindical, o que lhe possibilitaria pressionar o Con-gresso e defender a presidenta dos ataques oposicionistas.

“A maior central sindical do país, a CUT, é base de apoio do governo. Vai de-pender de como a Dilma vai negociar com suas bases as reformas propostas na elei-ção, de como vai negociar as medidas impopulares do pri-meiro mês de governo [mu-danças em direitos trabalhis-tas e contingência de verbas nos programas sociais]. Até porque ela foi eleita com le-gitimidade pela sociedade, e assim ganha fôlego.”

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EDUCAÇÃO

Professorado paulista enfrenta desvalorização profissional e condições precárias de trabalho

Apeoesp aprova indicativo de greve para março

Cresce o número de professores temporários

Os professores da rede es-tadual de São Paulo iniciaram um movimento de indicativo de greve para o mês de mar-ço, após o esgotamento das negociações com o governo do Estado.

Idenilde Conceição, dire-tora da subsede de Bauru do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), conta que as reivindicações do pro-fessorado giram em torno da busca por melhores condições de trabalho e reajuste salarial.

“Queremos que o gover-no do Estado cumpra com o Plano Nacional de Educação (PNE) e aumente os salá-rios dos professores em até 75,33%, para que haja equi-paração salarial com a cate-goria que atua no nível su-

A desvalorização dos regimes de trabalho do pro-fessorado paulista também é marca das gestões Alck-min. De 2011 até agora, o governo do Estado inten-sificou as convocações de professores temporários da “categoria O”.

Esse grupo de professo-res não é estatutário, nem celetista, mas representa 24% do corpo docente. Em 2011, eram 25.849 tempo-rários; em abril de 2014, o número mais que dobrou, chegando a 56.354.

O Conselho Nacional

de Educação recomenda que as redes públicas tenham no máximo 10% de temporários. Dados do Estado de São Pau-lo mostram que esse número chega a 18%.

O número de trabalhadores inseridos na “categoria O” é apontado como um dos pro-blemas mais graves na rede es-tadual, pois eles não possuem estabilidade e parte sequer passou por avaliação antes de assumir a vaga –logo, as con-sequências serão na qualidade de ensino.

Edilaine – que prefere não revelar o sobrenome para não

sofrer retaliações na busca por emprego –, de 30 anos, lecio-na na rede estadual de Bauru desde 2011, mas, no momen-to, está desempregada.

A professora se encontra no chamado período de “duzente-na”, tempo de afastamento em que não pode dar aulas na rede paulista, e sequer pode cobrir a ausência de outros profissio-nais (medida para não confi-gurar vínculo empregatício).

“Eu não sinto que existe tratamento diferente dos com-panheiros de escola, mas sim por parte do governo do Esta-do. Trabalhamos com incerte-

afirma que a Secretaria Esta-dual de Educação, sob a ge-rência do governador Geraldo Alckmin (PSDB), descumpre

as exigências trabalhistas ao não remunerar os profissio-nais pelas atividades extra-classe, como o planejamento de aulas, correção de provas e participação no dia a dia da comunidade escolar – das 40 horas de jornada, um terço deve ser destinado a essas ati-vidades.

“Não há uma formação contínua do profissional, que trabalha de forma sobrecarre-gada, e o Estado faz questão de não olhar para os processos de atualização e formação da carreira. O governo Alckmin trabalha para uma educação de marketing, para se exibir, quando na realidade esquece que o processo só é construído com a valorização dos profes-sores, gestores e estudantes”, critica Conceição.

perior. Além, é claro, da luta por uma jornada de 20 horas semanais”, explica.

Segundo a sindicalista,

o Estado de São Paulo não cumpre a lei que estabeleceu o piso salarial nacional da ca-tegoria em 2008. A Apeoesp

za e insegurança. O profissio-nal da ‘categoria O’ precisa se planejar para não passar fome

ao final do contrato. Não temos nenhuma garantia”, comenta Edilaine.

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Idenilde Conceição, diretora da

subsede de Bauru da Apeoesp

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LAZER

“Rolezinho” e “fluxo”, movimentos espontâneos, chamaram atenção do Poder Público por Nathalie Caroni

Jovens da periferia reivindicam espaços para diversão

As periferias de Bauru não possuem espaços projetados para o lazer dos seus morado-res. Os jovens desses bairros, por consequência, partem es-pontaneamente para pontos estratégicos da cidade, como a Praça Rui Barbosa ou a en-trada do Boulevard Shopping Nações, para se encontrar, conversar e dançar.

Os chamados “rolezinhos” têm origem nesses encontros,

A Secretaria Municipal de Cultura pretende oferecer aos jovens um caminhão--palco itinerante nas perife-rias, para a apresentação de atividades de pequeno e mé-dio porte. A expectativa é que o equipamento, que está

Caminhão-palco será paliativo

quando os jovens resolvem adentrar os shoppings em gru-po – tradicional espaço ocupa-do pelas classes média e alta – para usufruir do lugar como qualquer outro cidadão.

Dado o incômodo dos lo-jistas e demais frequentado-res, a Polícia Militar é aciona-da constantemente pra acabar com o evento.

Segundo Rosana Polato, da Associação de Moradores do

Mary Dota, esses movimen-tos espontâneos e gratuitos possibilitam que os meninos e as meninas da periferia conhe-çam outras pessoas oriundas de locais semelhantes.

Diante do aumento da re-pressão, uma alternativa sur-giu, há três meses, na própria periferia: o “fluxo”. Com uma média de 5.000 jovens de todas as cidades da região, os encontros ocorriam na

em fase de licitação, fique à disposição dos jovens ainda neste primeiro semestre.

Outra proposta é o proje-to de revitalização da Lagoa Quinta de Bela Olinda, que prevê passarela, pátio, pista de caminhada e ciclovia.

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Lagoa Quinta da Bela Olin-da, no bairro do Mary Dota, com o suporte do som dos carros e bebidas.

No dia 17 de janeiro, po-rém, um caso de homicídio foi registrado durante uma dessas festas. Desde então, devido a reclamação da vizinhança pelo barulho e produção de lixo e com maior presença da PM, o movimento foi perden-do força.

O vereador Markinho da Diversidade (PMDB) afirma que o reforço da ação policial é para garantir a segurança dos jovens. No entanto, ele desta-ca o monitoramento ao tráfico de drogas e a porte de armas.

“Não somos contra o mo-vimento [fluxo], mas precisa-mos encontrar um equilíbrio entre diversão, segurança e o sossego da comunidade”, res-salta o vereador.

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SUDOKU

As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

VALE O QUE VIER

PALAVRAS CRUZADAS DIRETASFOTO SÍNTESE – CARNAVAL 2015

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