Jornal Agrovalor - Janeiro de 2015 - N 107

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>> PORTAL AGROVALOR: www.agrovalor.com.br A onerosa cabotagem do Brasil BAGUNÇA DESAFIO O governo sabe, os empresários reclamam, os custos aumentam, mas nada há de concreto para o futuro do transporte de cabotagem no Brasil. Problemas crônicos que fazem o frete por milha ser até dez vezes mais alto que os de longo curso. Segundo a CNA, as embarcações produzidas no Brasil são mais caras até 100% do que nos principais polos navais do mundo. Pág. 3 A engenharia das águas É o que falta no gerenciamento no estado de São Paulo. Conforme o especialista Hypérides Macedo, os paulistas estão errando, desde o início, nessa prevenção. Páginas Verdes Ordenha robotizada é realidade Se você é mais um daqueles que imagina que tirar leite da vaca sem a intervenção humana é apenas coisa de aficionados pelos desenhos animados futuristas, precisa conhecer a realidade da Genética ARM, em Castrolanda, Castro (PR), que comemorou, no ano passado, dois anos com sua ordenha totalmente robotizada, a primeira da América do Sul. Pág. 10 Filhos de produtores rurais despertam a paixão pelo agronegócio após participar de projeto. Pág. 11 Campo: Sair ou ficar Criadores na Bahia, em evento nacional promovido pela ABCDorper, entendem que a integração entre eles é imprescindível para o desenvolvimento do setor. Pág. 4 A nova era Dorper ANO IX Nº 107 FORTALEZA-CE JANEIRO DE 2015 R$ 6,30 CIRCULAÇÃO NACIONAL FOTO: ARQUIVO PESSOAL A zootecnista Flávia Cajé encontrou nos três tambores o esporte ideal. Hoje ocupa, pela segunda vez, o cargo de presidente da associação nacional. Pág. 2 O comando é dela A aquicultura no Brasil emprega 1,4 milhão de pessoas na produção, alimentação, transporte e processamento. Pág. 5 Peixe gera emprego Enoturismo verde e amarelo A recente prática turística no Brasil que tem conquistado tanto os apreciadores de vinhos como os interessados na produção e cultura da bebida. Pág. 2 Agro&cultura Haras de valor Haras de valor. ABQM se prepara para realizar a sua 1ª Convenção Anual, por uma associação mais participativa. Pág. 5

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A onerosa cabotagem do Brasil; Ordenha robotizada é realidade; A nova era Dorper; Campo: Sair ou ficar; O comando é dela; Enoturismo verde e amarelo; Peixe gera emprego;

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A onerosa cabotagem do BrasilBAGUNÇA

DESAFIO

O governo sabe, os empresários reclamam, os custos aumentam, mas nada há de concreto para o futuro do transporte de cabotagem no Brasil. Problemas crônicos que fazem o frete por milha ser até dez vezes mais alto que os de longo curso. Segundo a CNA, as embarcações produzidas no Brasil são mais caras até 100% do que nos principais polos navais do mundo. Pág. 3

A engenharia das águasÉ o que falta no gerenciamento no estado de São Paulo. Conforme o especialista Hypérides Macedo, os

paulistas estão errando, desde o início, nessa prevenção.

Páginas Verdes

Ordenha robotizada é realidadeSe você é mais um daqueles que imagina que tirar leite da vaca sem a intervenção humana é apenas coisa de aficionados pelos desenhos animados futuristas, precisa conhecer a realidade da Genética ARM, em Castrolanda, Castro (PR), que comemorou, no ano passado, dois anos com sua ordenha totalmente robotizada, a primeira da América do Sul. Pág. 10

Filhos de produtores rurais despertam a paixão pelo agronegócio após participar de projeto.Pág. 11

Campo: Sair ou ficar

Criadores na Bahia, em evento nacional promovido pela ABCDorper, entendem que a integração entre eles é imprescindível para o desenvolvimento do setor. Pág. 4

A nova era Dorper

ANO IX Nº 107 FORTALEZA-CE JANEIRO DE 2015 R$ 6,30 CIRCULAÇÃO NACIONAL

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A zootecnista Flávia Cajé encontrou nos três tambores o esporte ideal. Hoje ocupa, pela segunda vez, o cargo de presidente da associação nacional. Pág. 2

O comando é dela

A aquicultura no Brasil emprega 1,4 milhão de pessoas na produção, alimentação, transporte e processamento. Pág. 5

Peixe gera emprego

Enoturismo verde e amareloA recente prática turística no Brasil que tem conquistado tanto os apreciadores de vinhos como os interessados na produção e cultura da bebida. Pág. 2

Agro&culturaHaras de valor

Haras de valor. ABQM se prepara para realizar a sua 1ª Convenção Anual, por uma associação mais participativa. Pág. 5

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2 AGROVALOR JANEIRO DE 2015 >> www.agrovalor.com.br

O ano de 2015 começa com boas pers-pectivas para o setor agrícola brasi-leiro na área de grãos, com projeção

que aponta uma safra superior a 200 mi-lhões de toneladas, com a colheita de verão neste janeiro. Hoje, praticamente todos os estados brasileiros produzem soja, do Rio Grande do Sul ao Amapá, sendo que em 16, esse negócio é relevante na formação do PIB (Produto Interno Bruto).A produção dessa oleaginosa, que chegou ao país na década de 1970, deve chegar à casa das 100 milhões de toneladas. O Brasil é o maior produtor do mundo, e concorre somente com os Estados Unidos e a Argen-tina, países que não têm mais fronteiras nesse setor. Um produto que tem demanda no mundo inteiro, festejamos atualmente como a mais importante do nosso país.O que ressaltamos é que, devido às pes-quisas e ao trabalho de órgãos como a Embrapa, produzimos soja com a mesma eficiência em todas as regiões. O que vem ganhando destaque é a nossa produtivi-dade, que está deixando os concorrentes cada vez mais atrás. Os Estados Unidos, por exemplo, se quiserem aumentar a produção desse grão, terão que diminuir áreas de mi-lho, cevada e outros. O Brasil ainda dispõe de extensa área a ser

explorada, e a tendência, conforme os da-dos, é que o país colha 50 sacas de soja por hectare, com expansão de 4,4% em produti-vidade, comparado com a última safra. Car-ne e soja são as proteínas que mais crescem no mercado internacional para atender à crescente necessidade do consumidor em países de renda crescente da população.Pesquisas mostram que, com a tendência de expansão da economia mundial e da renda per capita, o ciclo da cultura soja será o mais longo da história mundial, superan-do, inclusive, a era do café. Vale lembrar também a nossa lucratividade, que deve ser muito mais eficiente, já que te-mos vantagens competitivas na produtivi-dade, devido ao clima, solo e manejo. Para tanto, é necessário combater o desperdício fora das porteiras e o custo de transporte.Essas também devem ser metas e planos de governo para o Brasil crescer ainda mais com aumento de renda da população, in-clusive no meio rural, e qualidade de vida das famílias com a oferta de mais alimen-tos. A soja, hoje, para o mundo, é o ouro, o açúcar ou o café de sempre, mas o im-portante é que gere riqueza nacional, para que possamos também competir com mais eficiência e nos livrarmos da dependência externa.

EDITORA SETE EDIÇÕES LTDA. Rua Pinho Pessoa, 755, Fortaleza/CE – Cep. 60.135-170 – CNPJ 05.945.337/0001-95 – [email protected] – www.agrovalor.com.br – tel: (85) 3270.7650 – Diretora Editora: Celma Prata (MTB/CE 2581 JP) – Superintendente Comercial e Marketing: Patrícia Colares - Editor: Rogério Morais (MTB/CE 00562 JP) – Editora de Mídias Digitais: Camila Bitar – Comercial: [email protected] – Assinaturas: [email protected] – Escritório no Rio de Janeiro: Av. Presidente Vargas, 583 – sala 1210 – Centro - 20.091-005 – tel: (21) 2516.2397 – Comercialização e Distribuição: nacional. As opiniões assinadas não refletem obrigatoriamente o pensamento do jornal.

Soja que vale ouroEditorial Curtas

COTAÇÕES* Preço médio (em Reais) de venda por quilo/arroba da carne nas cinco regiões do país.

Produto Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul

Bovinos (arroba) 129,03 141,50 132,00 139,00 140,00

Ovinos (quilo) 4,19 4,65 4,30 4,40 4,46

Caprinos (quilo) 3,88 3,61 4,73 4,53 4,58

Suínos (quilo) 4,95 5,80 5,01 5,44 4,83*Os valores são verificados junto às associações de criadores e Emater

Espetáculo tecnológicoContribuindo para o desenvol-vimento dos produtores rurais e para a economia do campo, o Show Rural Coopavel, que acontecerá de 02 a 06 de feve-reiro, no Parque Tecnológico da Coopavel Cooperativa Agroin-dustrial, em Cascavel (PR), é o

primeiro evento do segmento de máquinas que abre o calen-dário de 2015 do agronegócio nacional. A exposição é uma or-ganização da Sociedade Rural de Cascavel, em parceria com o Ins-tituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural.

Exposição no campoA 11ª edição da Exposição Agro-pecuária de Laranjeiras do Sul (PR), Expoagro, será realizada de 05 a 08 de março, no Centro de Eventos Ângelo Manoel da Cunha. O evento, organizado pela Sociedade Rural do Centro Oeste do Paraná, visa fortalecer os ne-gócios da região, abrindo caminho

para o desenvolvimento rural es-tratégico e sustentável. Durante o dia, os visitantes poderão conferir palestras, exposições, leilões e, na parte da noite, se divertir com as apresentações de grupos de artis-tas locais e nacionais. A novidade para esta edição é a confirmação de Rodeio Country.

Ano novo, novo sistemaA ABQM lançou o Sistema de Esportes do Quarto de Milha (SEQM), composto por várias funcionalidades, dentre elas: pe-dido de oficialização de eventos, reserva de baias e inscrições on-line, ordem de entrada, cartão de julgamento, gerenciamento do evento, avaliação do juiz e envio

de resultados. Além da ABQM, em seus eventos oficiais, os nú-cleos da raça, associações afilia-das e organizadores de provas também poderão utilizar o siste-ma para realizar suas provas com mais credibilidade. A ferramenta será disponibilizada a partir do dia 07 deste mês.

“Temos capacidade de entregar esse bem público, que é a estabilidade financeira,para a sociedade.”(Presidente do BC, Alexandre Tombini, interpretando o dito popular “a esperança é a última que morre”)

“Quero o produtor rural tomando decisões junto comigo, participando do governo e atuando diretamente na definição de novas políticas.”(Presidenta Dilma Rousseff, tão esperançosa quanto o ‘intérprete’ do BC)

Frases

“Outra coisa que precisa acabar no Brasil é o governo se meter em tudo. Isso atrapalha.”(Consultor de logística da CNA, Luiz Antônio Fayet, acrescentando importante item na já extensa lista burocrática brasileira)

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Transporte encalhado no Brasil

por Rogério Morais

Cabotagem. Transporte marítimo de produtos entre portos brasileiros enfrenta sérios problemas, apesar da longa costa e da necessidade de desafogar o modal rodoviário. Mesmo pressionado, governo não consegue vencer as barreiras políticas e burocráticas

Transporte marítimo de produtosCabotagem: Entre portos do mesmo país, pela costa

Longo curso: Entre países, pelos oceanos

Setor no Brasil já teve grande movimento até os anos 1980. Mercado perde concorrência para transporte rodoviário

Saiba mais

Transporte na costa. Brasil tem grandes vantagens no setor de cabotagem

A navegação de ca-botagem, setor de transporte de produ-

tos entre portos de um mes-mo país, tem problemas crônicos de difícil solução no Brasil, e entre os princi-pais – e seus reflexos –, em termos de custos, se desta-ca a vinculação do segmen-to à reserva de mercado da construção naval. A de-claração é do consultor de Logística da CNA (Confede-ração da Agricultura e Pecu-ária do Brasil), economista Luiz Antônio Fayet. Segun-do ele, embarcações pro-duzidas no Brasil são mais caras até “100% do que nos principais polos navais do mundo”.

O poder político corpora-tivo dentro do setor e a bu-rocracia contribuem para manter o atraso no mercado e afastar a concorrência in-ternacional. Segundo Fayet, o Grupo de Trabalho (GT) que foi formado na Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio (CTLOG) fez um completo diagnóstico da área e gerou um conjunto de sugestões. Entre elas, “eliminar os óbices legais, tributários e burocráticos à importação de navios novos e usados, e ao afretamento de navios a casco nu”. “A liberdade de aquisição e venda de na-vios é condição essencial para que o armador nacio-nal possa obter eficiência e nível internacional em sua operação”, acrescenta o as-sessor da CNA.

Ele também defende que

é necessário “extinguir o AFRMM (Adicional ao Frete para Renovação da Mari-nha Mercante), passando a usar as linhas de financia-mento correntes no BNDES e em outras instituições”. “As cobranças do AFRMM geram absurdas distorções nas importações e no trân-sito interno de mercado-rias”, afirma. E acrescenta que “comparando os custos com fretes por milhagem entre o longo curso e a ca-botagem, é possível sentir as razões pelas quais ela é tão pouco utilizada e as distorções que provoca na matriz de transportes bra-sileira. Atualmente, o fre-te cobrado por milha é da ordem de sete a dez vezes

mais caro que os do longo curso”.

Outra questão que não permite a alavancagem do setor é a dificuldade de formação de mão de obra especializada, devido ao “contingenciamento de verbas aos centros de for-mação e impedimento de treinamento de pessoal em outros centros de formação técnica que não da Marinha do Brasil”.

O GT constatou que o pico da frota própria bra-sileira ocorreu por volta de 1986/87, reduzindo-se a partir de então, especial-mente, em função da ex-tinção das Conferências de Frete que determinou a abertura do mercado de na-

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vegação internacional. Com a ausência de reser-

va de mercado para a pró-pria frota brasileira de lon-go curso, ela se transferiu para as bandeiras de conve-niência, sem a obrigação de contratação de marítimos brasileiros, aliás, seguindo uma tendência mundial. Atualmente, houve um pe-queno incremento, graças à exploração de petróleo na plataforma marinha.

Para o especialista da CNA, “estaleiro para cabotagem ou longo curso não é con-dição de diferença, pois um mesmo navio pode atender qualquer desses mercados. É simplesmente uma condição legal de enquadramento da atividade, nada mais. O pro-

blema no Brasil está na le-gislação geral da navegação”, afirmou Fayet.

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Agrodireito

João Rafael FurtadoSócio do Furtado, Pragmácio Filho & Advogados Associados. Doutorando em Direito Comercial(PUC-SP). Mestre em Direito Constitucional (UNIFOR). Conselheiro Titular do CONAT (SEFAZ-CE). Professor de Direito Empresarial.

O novo CPC

Não é novidade a discussão acerca da confiança (ou sua falta) em relação aos Três Poderes da República. Com tantos escândalos e notícias sobre desvios é natural a população questionar acer-ca da credibilidade daque-les que estão exercendo o Poder. Nessa perspectiva, o Judiciário não está isen-to do “desconfiômetro” do povo brasileiro, que veem na Justiça, em regra morosa, espaço para impunidade.

Objetivando dar mais ce-leridade e racionalidade ao chamado processo judicial, em meados do mês de de-zembro de 2014, foi aprova-do pelo Senado o texto-base do projeto do Novo Código de Processo Civil (CPC).

O atual Código, que con-ta com pouco mais de 40 anos, já vinha apresentan-do sinais de inadequação e desuso, sendo considerado por muitos uma lei morosa, paternalista e custosa.

No texto aprovado ob-serva-se a preocupação em acelerar a tramitação das ações cíveis, incluindo questões de família, do con-sumidor e tributárias. Uma das principais inovações é a possibilidade de que pedi-dos que tratem de interesse de um grupo poderão ser convertidos em ação cole-tiva, com decisão aplicada a todos já na primeira ins-tância.

Ademais, a nova legis-lação adotará um modelo plural de dimensionamen-to dos conflitos, no qual a solução jurisdicional con-viverá ao lado de méto-dos profissionalizados que pretendem induzir a con-ciliação das partes, utili-zando-se da mediação e da conciliação. Deverá haver a criação de centros espe-

cializados para o uso des-tas técnicas, nos quais se-rão utilizados profissionais habilitados para seu uso, o que servirá para trazer efi-ciência na resolução amigá-vel do litígio judicial.

A aprovação do novo CPC é providência salu-tar, pois interessa a todos a existência de leis adequa-das à realidade brasileira que atendam as garantias constitucionais da celerida-de processual e da razoável duração do processo.

Porém, acredito incorrer em erro aqueles que pen-sam que, ao modificar a le-gislação, como num passe de mágica, os problemas da justiça brasileira serão sa-

nados. Ora, não é alterando a legislação que se conse-guirá modificar a natureza e a realidade das coisa. A apli-cação das leis e/ou sua efe-tividade sofrem com as ma-zelas culturais, econômicas e sociais do nosso próprio país. O novo CPC, apesar de muito bem-vindo, não é a solução final, mas somen-te mas uma ferramenta na luta por uma sociedade que respeite os interesses e di-reitos dos seus cidadãos.

Objetivando dar mais celeridade e racionalidade ao chamado processo judicial foi aprovado pelo Senado o texto-base do projeto do Novo Código de Processo Civil

FOTO: DIVULGAÇÃO

Ovinocultura. A Bahia concentrou, durante a 8ª Nacional Dorper, criadores de todo o Brasil, ficando evidente que a raça se consolida nacionalmente como um potencial econômico, inclusive no Nordeste, com grandes plantéis

Nacional Dorper. Criadores de todo o Brasil prestigiaram o evento em Salvador

A exposição homenageou duas figuras determinantes no desenvolvimento das raças Dorper e White Dorper, no Brasil: o casal Maria Helena e Mário de Castro, já falecidos. Em 1995, quando se desfez de uma empresa de autopeças, o empresário fundou a Dorper Campo Verde, em Jarinu (SP), que rapidamente se tornou referência nacional. A propriedade iniciou atividades em 2006, a partir da importação maciça de embriões dos melhores criatórios sul-africanos.

Homenagem

da Redação

Dorper sem barreiras

O Parque de Exposições de Salvador foi palco da 8ª Exposição Na-

cional das Raças Dorper e White Dorper, durante a Feira Internacional de Agropecuá-ria da Bahia (Fenagro 2014), movimentando criadores de todo Brasil, especialmente nordestinos. O evento ocor-reu de 29 de novembro a 7 de dezembro. O tema “Brasil Sem Fronteiras”, escolhido pela Associação Brasilei-ra de Criadores de Dorper (ABCDorper), promotora da mostra, destacou o reconhe-cimento internacional do ter-ritório nordestino como área livre de febre aftosa com va-cinação.

Dados da Associação Bra-sileira de Criadores de Ovi-nos (Arco) indicam que o volume de registros da raça Dorper, a mais expressiva, saltou de 33.634, em 2009, para quase 92 mil, em 2014. O estado de São Paulo é líder em volume de rebanho, com 22 mil exemplares, seguido pela Bahia, com quase 16 mil; e Pernambuco, com pouco mais de 12 mil.

Novos mercadosPaulo Augusto Franzine, pre-sidente da ABCDorper, des-taca a importância da pri-meira Nacional realizada sem barreiras sanitárias. “É uma

conquista que beneficia a ovinocultura como um todo. Graças à decisão da OIE [Or-ganização Mundial de Saúde Animal], há criador partici-pando pela primeira vez de uma pista do nível da Nacio-nal”, ressalta.

“O novo status sanitário do Nordeste permite uma circu-lação mais intensa dos criado-res da região nas exposições pelo Brasil e facilita o acesso a um acervo genético conside-rado formidável e ainda pou-co conhecido nacionalmen-te”, avalia Franzine. “O Dorper é, seguramente, a raça de ovi-nos que mais cresce no Brasil”, garante o criador. Cerca de mil animais participaram da mostra, dos quais setecentos foram a julgamento.

O Dorper e o White Dor-per são mais conhecidos pela precocidade, rendimento de carcaça e qualidade de carne que agregam aos diferentes sistemas de cruzamento, mas também são rústicos, férteis e se adaptam perfeitamente a qualquer condição de clima.

Possuem origem sul-africana e chegaram ao Brasil há pou-co mais de duas décadas. Muitos ovinocultores reco-nhecem que eles ajudaram na composição de um padrão de qualidade para a carne de cordeiro nacional, fazendo o consumo saltar.

InvestimentosMas o setor, principalmente no Nordeste, tem um proble-ma a ser vencido. De acordo com Anderson Pedreira, di-retor da Associação dos Cria-dores de Caprinos e Ovinos da Bahia (Accoba), “são ne-cessários investimentos da ordem de R$ 5 milhões para que uma planta frigorífica de pequeno porte opere de for-ma regular, uma conta que só é paga com dois a três mil abates por dia”, diz.

Ele explica que a quanti-dade é incompatível com a oferta de qualquer Estado. Outro agravante é a concor-rência do abate informal, que resulta em perda de matéria- prima para atravessadores. “Sem saber para quem for-necer a carne, muitos pro-dutores acabam seduzidos por uma promessa de melhor remuneração”. Segundo ele, esse mercado já remunera o produtor a uma média de R$ 14, o quilo de carcaça.

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Agrotecnologia

João PratagilDoutor em Agronomia, Pesquisador da EmbrapaAgroindústria Tropical

Irrigação controlada pelas raízesO Root Demand Irrigation (RDI), tubo poroso de irri-gação que libera água por demanda da raiz, está sen-do apresentado nos Estados Unidos como uma forma única de irrigação subsuper-ficial. Os exsudatos das raízes das plantas interagem com o tubo poroso RDI, que libera a água necessária para aten-der às exigências hídricas da planta. Esse novo produto é resultante da combinação da ciência dos materiais da DuPont, com a expertise em tecnologia de irrigação e fabricação da Valmont Ir-rigação. O desenvolvimento baseou-se em extensa pes-quisa sobre o processo natu-ral de exsudação das raízes das plantas, sendo esse o meio pelo qual elas enviam "sinais" para o tubo poroso RDI liberar a água.

Conforme a figura abaixo, os tubos porosos RDI são co-nectados a uma linha de su-primento de água, também subterrânea, ao longo do comprimento da área a ser irrigada. A distribuição dos tubos porosos RDI é feita mecanicamente, tendo a sua profundidade regulada para o tipo de cultura a ser irriga-da, de forma que eles se lo-calizem à altura do sistema radicular das plantas, e não abaixo. Um importante dife-rencial do tubo poroso RDI é que, ao contrário de ou-tros métodos que utilizam o

solo para o armazenamento de água entre as irrigações, a água fica sempre disponí-vel para alimentar as raízes a qualquer momento em que haja demanda.

Segundo a Valmont Irri-gação, o tubo poroso RDI é totalmente compatível com fertirrigação e quimigação. Além disso, elimina preo-cupações com filtração, po-dendo ser alimentado por águas subterrâneas, lagoas, canais ou outras fontes. Ain-da segundo a fabricante, os ensaios de campo têm de-monstrado economias de 45% a 60% de água, quando comparado à irrigação por sulcos, e significativa eco-nomia de energia, devido à sua capacidade de operar a uma pressão muito baixa (2 psi) em comparação com os métodos convencionais de irrigação, que operam entre 8 e 20 psi.

O RDI foi lançado comer-cialmente nos EUA, no início de 2014 e já ganhou o reco-nhecimento da Sociedade Americana de Engenheiros Agrícolas e Biológicos (ASA-BE) por ser uma solução in-dustrial verdadeiramente inovadora. A sua introdução no Brasil poderá trazer gran-des benefícios para a agricul-tura irrigada, principalmente nas regiões semiáridas.

Mais informações no site: www.rootdemandirrigation.com.

FOTO: DIVULGAÇÃO

Brasil. A exemplo do camarão, os criadores de tilápia, em todo o país, enfrentam uma série de barreiras para se manter no mercado. Os maiores obstáculos partem do próprio governo, seja pela burocracia ou falta de incentivos

Peixe de cativeiro. Alevino de tilápia tem alta rentabilidade

• Crescimento entre 17 a 20 % /ano;

• Produção de 700 mil toneladas (incluindo camarão); enquanto China produz mais de 30 milhões de toneladas;

• Nos últimos 10 anos, consumo de peixe saiu de 6 kg por habitante/ano, para 10 kg;

• Meta é chegar a 15 ou 17 kg/ano em 15 anos.

Números da tilapicultura no Brasil

por Rogério Morais “O peixe é a proteína mais consumida no mundo, no entanto, no Brasil ela é a quarta”Eduardo MarchesiEmpresário

Tilapicultura na luta

A tilapicultura no Bra-sil vem crescendo entre 17 a 20% ao

ano, mercado que criou consistência nos últimos dez anos. A opinião é do empresário paulista Eduar-do Marchesi de Amorim, 45, presidente do Conselho de Administração da TilápiaBR (Associação Brasileira dos Produtores e Processadores de Tilápia), entidade recém- criada a partir da fusão da Associação Nacional dos Produtores de Tilápia com a Associação dos Frigoríficos e Processadores de Tilápia.

Com sede em São Paulo, a TilápiaBR representa 30% da produção nacional des-sa que é a maior espécie no Brasil, tanto em consumo de ração como de peixes produzidos. O Ceará, por exemplo, é o terceiro maior produtor nacional, abaixo de São Paulo e Paraná, e se faz representar pela As-sociação dos Criadores de Tilápia do Estado, tendo à frente o empresário Camilo Diógenes.

Conforme Marchesi, a entidade está focada para defender não só os criado-res e processadores de ti-lápia, mas também toda a piscicultura nacional, cujos interesses são os mesmos, como “tributação, licen-ça ambiental e redução de custos dos produtores”, destaca. Um dos maiores gargalos, segundo ele, é a licença ambiental, que no Brasil enfrenta uma “buro-cracia muito complicada. Gasta-se muito dinheiro para liberar uma licença ou renovação. E isso deixa

o produtor inseguro sobre a decisão de investir mais”, denuncia.

Mercado atual Em entrevista ao AgroValor, Marchesi informou que a produção de peixe no Bra-sil “ainda é muito pequena, se comparada ao potencial do país”. São produzidas somente 700 mil toneladas, incluindo aí o camarão, en-quanto que a China produz mais de 30 milhões de tone-ladas. “E nós temos mais e melhores águas, com clima mais favorável”, ressalta, para mostrar que estamos perdendo negócios com de-mandas vantajosas no mer-cado internacional.

A outra grande questão, segundo ele, é a tributa-ção nos insumos, na ração, principalmente, e isso “aca-ba aumentando o preço para o consumidor”. Segun-do o dirigente da entidade,

uma das poucas cadeias de proteína animal que ain-da não foi desonerada foi a da piscicultura, “mesmo tratando-se de um alimento básico para a população”, destaca. O esforço da enti-dade é vencer os obstáculos e buscar também o merca-do externo.

O empresário lembra que “o peixe é a proteína mais consumida no mundo, no entanto, no Brasil ela é a quarta”, perdendo para a carne de frango, bovina e suína. Mostrando os núme-ros do setor, ele revela que nos dez últimos anos, a car-ne de peixe consumida no Brasil saiu de 6 quilos por habitante/ano para 10 qui-los. “Nos próximos quinze anos, deveremos chegar a 15 ou 17 quilos de carne/ano, por habitante. “Mas é preciso ter produção cons-tante e com qualidade e es-cala”, para manter o merca-do crescente, avalia.

O Paraná produz 70 mil toneladas e São Paulo 50 mil, enquanto o Ceará garante 35 mil. Marchesi faz ques-tão de reafirmar o maior problema do setor: “Muitos piscicultores não têm licen-ça porque não têm prazo de liberação e existem muitas indecisões dos órgãos res-ponsáveis”, conclui o diri-gente da TilápiaBR.

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Entrevista Hypérides Macedo

por Rogério MoraisO Brasil está muito atrasado em relação à Europa. São Paulo ainda não se convenceu de que, como uma grande cidade do mundo, está devendo à sociedade soluções mais positivas quanto ao tratamentode água

Nordeste pode ensinar São PauloPara ele, o problema atual de abastecimento de água na cidade de São Paulo é consequência de er-ros históricos de dezenas de anos passados. Mos-tra que o Nordeste, hoje, pode ser um referencial para os paulistas, e critica a ineficiência da acade-mia naquele Estado, que não consegue contribuir para soluções básicas que já são adotadas na Euro-pa. Hypérides Pereira Macedo, 71 anos, engenheiro

civil, pós-graduado pela Universidade de São Paulo (USP), é considerado uma das maiores autoridades no assunto, sendo consultado por governos de vá-rios estados do Brasil. Nesta entrevista exclusiva ao AgroValor, ele ainda levanta dúvidas quanto ao grau de responsabilidade do homem na questão do aque-cimento global, embora concorde que é dever de todos preservar o meio ambiente.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

AgroValor – A questão do aquecimento global, atual-mente, no mundo, é mesmo um problema desesperador para a humanidade?Hypérides Macedo – Eu te-nho minhas dúvidas sobre essa questão do aquecimen-to global. O mundo já sofreu períodos de resfriamento e períodos de aquecimento. Isso está provado na época pré-histórica. É preciso, no entanto, lembrar que, mes-mo quando o homem não convivia com a fumaça, emi-tindo carbono, a terra já tinha deserto. Para mim, isso é um ciclo do planeta. A influência do homem sobre o planeta ainda não tem medida que possa avaliar essa dimensão. Entretanto, não podemos deixar de defender a preser-vação do meio ambiente.

AgroValor – Como o sr. ana-lisa a falta de cuidado para com a água para a sobrevi-vência do ser humano?Macedo – Esse é, sim, o maior problema do mun-do. Quem vem tratando isso com melhor cuidado e res-ponsabilidade é a Europa, mais precisamente a Europa Ocidental. A mesma coisa eu não posso dizer dos america-nos e nem dos chineses, mas pelo menos já sabemos que a China, há muito tempo, vem fazendo modificações na ba-cia do rio Amarelo, estabe-lecendo normas de padrões siderúrgicos com menos efei-tos poluidores, aumentando, visivelmente, a produção de geradores eólicos e também a geração de células fotoelétri-cas solares.

AgroValor – Em termos glo-

bais, hoje o maior problema é a qualidade ou a quantidade de água para o consumo?Macedo – O grande gargalo é a qualidade da água. A dis-ponibilidade tem sido um obstáculo naqueles países onde o índice per capita de quantidade de água é peque-no. Mas existem países que têm usado a dessalinização da água do mar. Quer dizer, eles têm encontrado soluções alternativas que forneçam água para o consumo. Por-tanto, não há nenhuma civi-lização, hoje, no planeta, que esteja limitada por questão de quantidade de água, mas, por questões de qualidade, sim. A África tem problemas graves de qualidade, sobretu-do por causa das doenças vei-culadas pela água. Quer dizer, a falta de cuidado com o es-gotamento sanitário, com os dejetos industriais e animais naquele continente têm cria-do problemas muito graves à saúde pública.

AgroValor – Já que o sr. ci-

tou a dessalinização, discorra sobre as regiões semiáridas, como o Nordeste brasileiro. Macedo – Nas cidades do li-toral cearense, como Pecém e Aracati, por exemplo, já se pode pensar, daqui a alguns anos, na competição eco-nômica e financeira da des-salinização da água do mar com a bacia continental. Um abastecimento vindo do con-tinente, descendo para o mar, tem menor custo de energia e a água é muito mais barata. A água do Castanhão [açu-de] quando chega a Fortale-za é muito mais barata, mas complexos industriais que têm grande poder aquisitivo, como refinarias, siderúrgicas, termoelétricas e outras gran-des indústrias, podem usar a água do mar porque o nível da maré com o das indústrias está mais ou menos próximo.

AgroValor – Como o Brasil se coloca nessa questão de trata-mento de água?Macedo – O Brasil não tem tradição de tratamento de

água. Veja que uma cidade como São Paulo, que tem uma companhia de sanea-mento tradicional, ligada a uma das grandes instituições acadêmicas da América Lati-na, que é a USP (Universidade de São Paulo), e outras uni-versidades como a Unicamp (Universidade de Campinas), agora é que está pensando em reutilizar a água oriunda do tratamento de esgoto. Es-tamos muito atrasados em relação à Europa. São Paulo ainda não se convenceu de que, como uma grande cida-de do mundo, e de um país emergente, está devendo à sociedade soluções mais po-sitivas.

AgroValor – O que realmente aconteceu em São Paulo?Macedo – Afora os proble-mas citados, o principal des-sa crise atual foi uma situa-ção de afluência de chuvas na bacia do Cantareira e do Piracicaba. São vários siste-mas, um deles é o rio Atibaia, que contribui para o Canta-reira e que, ao longo das ob-servações pluviométricas de oitenta anos, ninguém nunca pensou que ia haver uma es-tiagem como essa. Por outro lado, o Nordeste tem uma experiência muito maior do que os paulistas em matéria de hidrologia. E eu vou expli-car o porquê. Em 1932, o Bra-sil não conhecia hidrologia. Hidrologia não é hidráulica, é a ciência do planejamento hídrico. Então, o Nordeste, através do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) – que hoje é o mais criticado dos órgãos, mas naquele tempo era a mais avançada instituição em matéria de hidráulica que o Brasil tinha –, fez a primeira

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Nós, como nordestinos, não podemos nos subordinar à hidrologia da USP, pois temos conhecimento muito mais avançado nessa questão e podemos enfrentar os nossos problemas

QUEM ÉHypérides Pereira Macedo, 71, cearense de Ubajara, engenheiro e professor.

O QUE FAZConsultoria empresarial, projetos e palestras para empresários e estudantes.

O QUE FEZSecretário durante dez anos no Estado do Ceará e Secretário de Infraestrutura no Ministério da Integração Nacional, no governo Lula.

Perfil

obra hidrológica do Brasil na bacia do rio Quixeramobim, no Ceará, e na bacia do rio Piancó, na Paraíba. São Pau-lo só veio fazer isso nos anos 1950. Nós, como nordestinos, não podemos nos subordinar à hidrologia da USP, pois nós temos conhecimento muito mais avançado nessa questão e podemos enfrentar os nos-sos problemas.

AgroValor – O modelo atual aplicado no Nordeste de com-bater os efeitos das irregulari-dades de chuvas é perfeito?Macedo – Esse modelo atual de integração de bacias que o Nordeste começou – e aqui faço um destaque, que a pri-

meira integração de bacias do Brasil foi feita em 1956, no Orós, e na década de 1950, o Dnocs fez um túnel de 11 quilômetros ligando a bacia do rio Jaguaribe ao Salgado –, demonstra que a região pas-sou na frente de todo mundo, não só em irrigação, pois o Nordeste é também pioneiro em irrigação, apesar de muita gente acreditar que seja o Rio Grande do Sul. Porém, a irri-gação no RS é aquela de inun-dação de arroz, banhado, que é a mesma coisa que Nabuco-donosor fazia na Mesopotâ-mia. Quem começou a irriga-ção moderna tecnificada foi o Nordeste, no início dos anos 1930, com tecnologia ameri-

cana, e depois nos anos 1960, com tecnologia da Europa. Is-rael, inclusive, veio conhecer o sistema do Ceará e pegou o seu primeiro modelo no Vale do Curu (CE).

AgroValor – Mas o Nordeste ainda depende da conclusão das obras de transferência de águas do rio São Francisco.Macedo – Nosso sistema de integração interna, que o Ceará é pioneiro, é o pri-meiro estado do Nordeste a preparar o sistema recep-tor, quer dizer, o sistema que vai receber água do São Francisco. Chegando a água do São Francisco no rio Ja-guaribe (Ceará), a água já

vai para o Pecém, porque o Estado já está preparado para isso. Então, podemos dizer que a nossa região será a primeira do Brasil a receber água da Amazônia, pois estamos bem próximos do rio Tocantins.

AgroValor – O sr. considera esse projeto (Tocantins) tec-nicamente viável?Macedo – A integração do Tocantins a partir da cidade de Carolina (MA) – porque as outras integrações do Tocan-tins com o São Francisco são inviáveis, não têm volume e nem têm viabilidade energé-tica –, passando pela região da soja, não só transforma o Maranhão, pois se aproxi-ma da bacia do rio Itapecuru (MA), que é a única bacia se-miárida do Estado, que for-nece água para o complexo de São Luís, como viabiliza o começo da transposição. Porque tem São Luís para justificar, assim como todos sabemos que foi Fortaleza que justificou a transposição das águas do rio São Francis-co para o Nordeste.

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Agrobusiness

Guillermo SanchezLeiloeiro rural

DIVULGAÇÃO

Exportação centenáriaOlá, amigos!

Estamos iniciando um novo ano e, como sempre, as ex-pectativas em alguns merca-dos são promissoras. O Brasil tornou-se um dos maiores produtores e fornecedores de proteína vermelha do mun-do. Em 2014 comemoramos 100 anos da primeira expor-tação de carne bovina, com um recorde histórico acima de U$ 7 bilhões de fatura-mento. Alguns fatores vêm impulsionando esses núme-ros, como a manutenção do status sanitário, a perenidade da oferta do produto para atender mercados diferentes e parcerias importantes com mercados compradores, que são clientes fiéis e cativos da nossa carne. Hong Kong, Ve-nezuela, Egito e Rússia são os nossos maiores compra-dores.

O cenário se mostra bem otimista para este ano, com possibilidade de superarmos recordes de anos anteriores, com estimativa de exportar-mos mais de 1,7 milhão de toneladas e ultrapassar U$ 8 bilhões em faturamento. Alguns mercados importan-tes possivelmente voltem a comprar do Brasil. A Chi-na suspendeu o embargo à nossa carne, assim como Irã e Egito, que ainda manti-nham embargo para a carne proveniente do estado do Mato Grosso. Há perspecti-vas positivas para o anúncio do fim do embargo da Arábia Saudita e do Japão. Também temos indicativos de que as negociações com o merca-do americano para carne “in natura” deverão avançar e, concretizando esse fato, poderemos exportar para outros países do NAFTA. Ou-tro dado importante é que, aproximadamente, 20% da carne produzida no Brasil é exportada. Com um rebanho estimado em 210 milhões de animais, 43,9 milhões são abatidos por ano. Apesar das

chuvas que tranquilizaram muitos produtores do Sudes-te e Centro-Oeste, o preço do boi segue firme sendo cota-do entre R$ 135 a R$ 140 a arroba, nessas regiões.

No mercado da carne o único inconveniente que pode atrapalhar as exporta-ções é a incerteza econômica na Rússia, com a desvaloriza-ção da sua moeda e a insta-bilidade econômica. O rublo (moeda russa) perdeu 45% do seu valor frente ao dólar e ao euro. Muito dependen-te do petróleo, o presidente Vladimir Putim já torrou U$ 80 bilhões tentando segurar a sua moeda. O barril de pe-tróleo caiu dos 3 dígitos para U$ 80, o que significa U$ 80 bilhões a menos no caixa do

país, somado a isso, sanções de alguns países em função da crise da Ucrânia geraram um deficit em torno de U$ 140 bilhões. Essa é a pior cri-se monetária desde 1998. Lo-gicamente esse cenário pode interferir nas exportações de carne do Brasil para esse im-portante mercado compra-dor, que sempre foi um dos nossos maiores clientes.

Agora, olhando para o novo cenário de 2015, com as mudanças em alguns minis-térios da presidência e uma cobrança maior da socieda-de, principalmente nos casos de corrupção que se torna-ram notórios no partido do governo e aliados, vamos tor-cer que tenhamos uma nova etapa para o Brasil e que não sejamos mutilados por novos impostos e medidas equivo-cadas que comprometam a nossa classe produtora.

Estiagem. Reservas hídricas do Nordeste começam a preocupar neste início de ano. Ainda não é o caso de racionamento nas grandes cidades, mas comunidades no interior temem calamidade se não chover até março

da Redação

Cerca de20% da carne produzida no Brasil é exportada

O risco da seca de 15

Reservatórios. O Nordeste tem muitos açudes, mas quase todos estão minguando

• Três anos consecutivos de chuvas abaixo da média;

• Capitais ainda suportam chuvas abaixo da média;

• Cidades do interior temem calamidade já neste início de ano;

• Metade dos açudes do Piauí opera com menos de 10% da sua capacidade.

Chuvas no Nordeste

Mesmo com três anos consecutivos de chuvas abaixo da

média, os complexos urba-nos do Nordeste, como Forta-leza, Salvador, Recife, Natal e demais capitais, ao contrário da cidade de São Paulo, não apresentou, ainda, risco de racionamento de água para o consumo humano. Nas úl-timas cinco décadas, a região conseguiu construir reserva-tórios com potencial de ar-mazenar mais de 30 bilhões de metros cúbicos de água que servem também para a irrigação.

O Ceará sozinho, por exemplo, já bateu recorde de armazenamento, em 2009, quando acumulou nada me-nos do que 17,138 bilhões de metros cúbicos de água, quando também quase to-dos eles sangraram. O Estado detém a metade dos projetos de acumulação. No entanto, para os especialistas, a “luz vermelha” já acendeu na re-gião. Caso não chova nos pró-ximos trinta dias, a situação se agravará.

Sem medoDesde o ano passado, peque-nos reservatórios que abas-tecem cidades do interior já ofereciam somente o volu-me morto. E centenas dessas cidades continuam sendo

abastecidas através de carros- pipa. No final de 2014 várias comunidades já eram consi-deradas “em emergência”. No entanto, conforme a Compa-nhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), mesmo que em 2015 a bai-xa pluviometria prossiga, ou seja, chuvas abaixo da média, não haverá problema para o abastecimento da região me-tropolitana de Fortaleza.

O açude Castanhão, que abastece Fortaleza, as cida-des da região metropolitana e o Complexo Industrial do Porto do Pecém, está, sim, numa situação nunca vista, mas consegue fornecer água ainda em 2015, conforme a empresa que monitora e ge-rencia a distribuição da água para o consumo. Para diver-sos perímetros irrigados, o abastecimento já foi cortado ou reduzido, prejudicando enormemente os investimen-tos de culturas permanentes, como coco, por exemplo.

Quadro geralDe acordo com dados do Departamento Nacional

de Obras Contras as Secas (Dnocs), órgão que apura diariamente a situação de todos os açudes, o Nordes-te, como um todo, só dispõe atualmente de 26% das suas reservas. Informações apu-radas na primeira semana de dezembro último, o vo-lume, em termos de quan-tidade, estava em 7.455.832 bilhões de metros cúbicos, praticamente ¼ do seu po-tencial de armazenamento.

Desse total, conforme a mesma fonte, o Ceará man-tém, ainda, praticamente a metade, com 3.637 bilhões de metros cúbicos, ou seja, 23% do seu potencial. O Castanhão, sozinho, tem ca-pacidade para guardar 6,7 bilhões de metros cúbicos de água. A pior situação é a do estado de Pernambuco, que conta atualmente com apenas 13% da sua capaci-dade, ou seja, somente cer-ca de 260 milhões de metros cúbicos.

O estado da Paraíba tam-bém está com reservatórios bastante críticos, em torno de 22%, a Bahia com 42%, Alagoas 42%, Rio Grande do Norte com 30%, e o Piauí com 34%. De acordo com o relatório do Dnocs, metade dos açudes do Piauí opera com menos de 10% da sua capacidade.

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Tecnologia e pioneirismoFOTOS: ANGELO TOMASINI

por Angelo Tomasini

Dia a Dia da Fazenda GENÉTICA ARM

Paraná. Filho de um tradicional produtor de leite, Armando Rabbers resolveu seguir os passos do pai, mas com tecnologia de ponta. Hoje possui o primeiro sistema de ordenha robotizada da América do Sul

Plantel. Armando Rabbers possui cerca de 2,5 mil animais, entre bovinos da raça holandesa e suínos

Tecnologia. O sistema de gerenciamento de rebanho traz mais qualidade à propriedade Meta. Mais dois robôs e 140 animais até 2017

Três meses atrás a Gené-tica ARM comemorou dois anos de ordenha

robotizada, tendo sido a pri-meira propriedade na Amé-rica do Sul a adotar a tecno-logia.

O técnico agrícola Arman-do Rabbers, 45 anos, é filho de um dos pioneiros no lei-te da colônia holandesa no Brasil – Castrolanda –, em Castro, no interior do Para-ná. Após trabalhar na leiteria e na produção de suínos da família, retornou ao leite em 2007 e viu na construção da Unidade de Beneficiamento de Leite, pela Cooperativa Castrolanda, uma grande oportunidade.

O incentivo para a orde-nha robotizada partiu do ir-mão Lucas, que lhe mostrou a tecnologia em uma revista especializada. A partir de então, foram feitas visitas a fazendas na Europa e uma negociação meticulosa com a empresa responsável pelo sistema de gerenciamento de rebanho.

Os resultados têm sido satisfatórios com metas de produtividade superadas. O que era para ser 35 kg de lei-te/animal/dia chegou a um pico de 39 kg. Não à toa que a meta até 2017 inclui mais dois robôs e 140 vacas em or-denha.

FazendaO nome original – Fazen-da Santa Cruz de Baixo – foi dado pelo pai quando a ad-quiriu. Em 1989, com a su-cessão familiar e a redistri-buição das terras entre os irmãos, Armando nomeou a sua parte de “Genética ARM”, já que um dos maiores obje-tivos é a venda de genética. “Comercializamos tourinhos na idade de 6 a 12 meses para reprodução e disponibiliza-mos venda de genética na forma de animais e prenhe-zes na coleta de TE ou FIV”, destaca. Localizada na estra-da do Cerne Castrolanda, o acesso é feito pela rodovia, complementado com 2,5 km de estrada de terra.

A área total é de 240 hec-tares, com a criação de cerca

de 2,5 mil animais, entre bo-vinos da raça holandesa (340 cabeças) e suínos (1,902 mil animais para terminação, mais 800 em outra proprie-dade). Uma equipe de 14 funcionários se divide entre os setores da bovinocultura (4), suinocultura (4), serviços gerais e animais de exposi-ção (1), agricultura (4) e a ge-rência geral (1).

Os galpões de confina-mento contam com 140 ca-mas, num tamanho total de 22,59 m de largura x 105 m de comprimento.

A propriedade abriga plantações de milho, soja, feijão, azevém, aveia e trigo. Nos piquetes são cultivados tifton e azevém.

ReproduçãoDe acordo com Rabbers, as novilhas são inseminadas

com 14 meses de idade, em média, com cio natural ou induzidas com IATF. As ou-tras vacas são inseminadas a partir de 60 dias após o parto, com iguais técnicas ou ainda através da transferência de embriões (TE).

Manejo e alimentaçãoOs bovinos obedecem a uma rotina, com alimentação e locais definidos por cada etapa do crescimento.

Os bezerros ficam em baias coletivas para ama-mentação automática, onde é fornecida ração B1 B inicial especial e feno. São desma-mados com idade entre 70 e 90 dias, e 100 kg de peso, em média. Em seguida vão para o campo até completarem 12 meses, onde recebem ra-ção B1 B inicial, feno e sal mineral. Após essa idade, fi-

cam no piquete de novilhas até a inseminação (14 a 15 meses), onde recebem ração B18%, dieta diferenciada e sal mineral.

Confirmada a gestação, são transferidas para outro piquete, onde recebem dieta diferenciada, até dois meses antes do parto, quando são introduzidas no confina-mento free-stall (baia livre), por duas semanas, tempo para se adaptar e estarem preparadas quando parirem.

Após a parição, as vacas lactantes ficam confinadas, recebendo dieta direciona-da à produção de leite: sila-gem de milho, pré-secado de azevém, feno, sais minerais, farelo de soja, até serem se-cas dois meses antes do par-to seguinte. Ao serem secas vão para o confinamento Compost Barn (construção

com maior espaço e confor-to), junto com as vacas secas e novilhas gestantes.

SanidadeOs cuidados com a saúde dos animais são feitos com a assistência de três veteri-nários: um para reprodução, um para sanidade e outro para dieta.

As vacinas são aplicadas de acordo com os períodos determinados. Aftosa: maio e novembro; Clostridiose: setembro; IBR BVD: maio e junho; Leptospirose: ja-neiro, maio e setembro; Brucelose: fevereiro junho e outubro. Além dessas, são aplicados remédios em geral, como: intramários, antibióticos, anti-inflama-tórios, soros e hormônios para reprodução, quando necessário.

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Fale sobre o negócio de sua família.Atuamos na safra de soja, safrinha de milho, cria e recria de bovinos, com planos futuros de engorda de bovinos e criação de fábrica de ração para criadores locais. Minha família trabalha neste ramo desde meus tataravós.

Por que participou do projeto “Futuros Produtores do Brasil”? Meu pai insistiu, fui resistente no início, pois não tinha intenção de permanecer no agronegócio. Ao final do curso, eu trazia diversos conhecimentos e uma bagagem incrível, sentia paixão pelo agronegócio. Decidi continuar os negócios da família.

Como convenceria um jovem a investir no setor? A única coisa que ninguém deixa de comprar é o alimento, ou seja, ele vai ser produzido sempre, a população mundial cresce em níveis altíssimos e a produção deve acompanhar. E o agronegócio tem diversas áreas de atuação, para qualquer perfil. Do lado social, alimentamos pessoas, enriquecemos o país e elevamos a qualidade de vida em nossas regiões.

Natalia Becker de OliveiraFazenda Verde Vale Tapurah, MT

Agrojovem

A renovação no campo

por Camila Bitar

Desafio. Passar o bastão de uma empresa não é tarefa fácil, especialmente quando o setor em questão é o agronegócio. Com o objetivo de despertar nos jovens o interesse pelo campo, algumas iniciativas vêm se destacando positivamente

Sucessão. Natalia, filha de produtores rurais, hoje assume sua paixão pelo campo

DIVULGAÇÃO

BATE-VOLTA

É fato que muitos produtores ru-rais têm dificuldade de dar se-guimento ao seu negócio, pois

os filhos preferem migrar para gran-des centros urbanos, atraídos por diferentes estilos de vida e profissão. A consequência disso é o “envelhe-cimento” do campo, que já pode ser observado na atualidade.

Um levantamento feito entre 2013 e 2014, divulgado pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro-negócio (ABMR&A), mostra que a média de idade do produtor rural brasileiro é alta – na faixa dos 48 anos – e que na última década aumentou o número de produtores mais velhos – acima de 51 anos –, enquanto reduziu a quantidade dos mais jovens, abaixo de 40 anos.

Para tentar reverter esse quadro, a Federação da Agricultura e Pecuá-ria de Mato Grosso (Famato/MT) e o

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural daquele estado (Senar/MT) de-ram início ao projeto “Futuros Pro-dutores do Brasil”. “Buscamos mos-trar as oportunidades do segmento e as múltiplas carreiras que oferece. Também trabalhamos o desenvolvi-mento interpessoal, para que os jo-vens pudessem amadurecer nos pro-cessos de escolhas de vida”, explicou o diretor de Relações Institucionais da Famato, Rogério Romanini.

Formada na primeira turma, a jo-vem Natalia Becker, 17, de Tapurah (MT), decidiu fazer faculdade de agronomia para dar continuidade aos negócios da família. “Eu tinha poucas expectativas em relação ao

projeto e ao setor, mas passei a ver o agronegócio em sua imensidão real, e passei a dividir e compreender a paixão dos meus pais pelo setor”, afirma ela, orgulhosa de suas novas escolhas.

Conforme Romanini, o proje-to levou os jovens para conhecer propriedades rurais consideradas referências em produção de soja, milho, algodão, pecuária, e fazen-das que desenvolvem a integração Lavoura-Pecuária-Floresta, além de apresentar a logística de escoa-mento da produção pelo porto de Santos (SP) e como são feitas as negociações das commodities na BMF&Bovespa (SP).

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AGROVALOR ANO IX Nº 107 FORTALEZA-CE JANEIRO DE 2015

FOTOs: DIvuLgAçãO

por Wescley gomes*

Desenvoltura. Embora a genética seja um fator indispensável para formação de um cavalo arrematador de títulos nas pistas, a dedicação e o investimento financeiro por parte dos criadores também são aspectos essenciais

Segredos de um campeão Árabe

Emoção na PaulistaNa final mais concorrida do certame de 2014 da sociedade Hípica Paulista, campeão comemorou a sua mais importante vitória do ano. Pág. 4

Prêmio. Árabe El Tino, do criador sylvio Barbosa Neto, foi o grande Campeão Cavalo da 33ª Exposição Nacional do Cavalo Árabe

Competição. Treinamento do cavalo Árabe para prova de tambores

“Somente a genética não basta para formar um cavalo Árabe campeão. É necessário investir em uma boa alimentação e no acompanhamento veterinário”Sylvio Barbosa NetoCriador

De equilíbrio surpre-endente e beleza incomparável; de-

tentor de uma docilidade e delicadeza que, atreladas ao temperamento vivo e capa-cidade de aprendizado ini-gualável, faz dos cavalos da raça Árabe, criados no Brasil, destaque entre tantas outras existentes no país.

As competições realizadas pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Árabe (ABCCA) têm viabilizado a exposição da raça e mostra-do que seus animais, além de uma morfologia admirável, possuem em seu DNA um gene de vencedor.

De acordo com Sylvio Barbosa Neto, criador e pro-prietário do cavalo El Tino (linhagem DA Valentino x Imprimista CF), campeão da 33ª edição da Exposição Na-cional do Cavalo Árabe, rea-lizada em novembro de 2014, no Helvetia Riding Center, em Indaiatuba (SP), o pri-meiro passo para formar um campeão é a confiança que deve existir entre treinador e cavalo. Segundo ele, mesmo que as habilidades genéticas do animal falem alto é neces-sária uma interação harmô-nica entre o conjunto.

“Toda a agilidade do ani-mal não é o único elemento necessário para um bom de-sempenho. Para que a dupla de homem e cavalo tenha su-cesso, precisa-se também de uma harmonia muito gran-de, e a docilidade do Árabe possibilita essa aproxima-ção”, disse Neto.

Outro aspecto que o cria-dor chama a atenção é algo que vai além da genética. É necessário disponibilidade financeira para investimen-to, e isso inclui um bom trei-nador e um espaço com in-fraestrutura adequada para os treinamentos.

“Somente a genética não basta para formar cavalo Árabe campeão. Nos dois primeiros anos é necessário investir em uma boa alimen-tação e no acompanhamen-to veterinário. Um manejo básico custa, em média, R$ 380 por mês. A partir do ter-ceiro ano vem o treinamen-to, que pode significar mais dois salários mínimos men-sais. Após essa etapa, vem a fase de adaptação ao público e aos sons das competições”, afirma o criador.

Já nas questões alimenta-res, Neto revela que “as exi-gências nutricionais dos ca-

valos atletas em potencial são altas”, e aponta que, para cada modalidade a necessidade alimentícia é ainda maior. “A nutrição deve ser balanceada de acordo com a modalidade esportiva praticada, pois o que define o tipo de energia do cavalo é a intensidade e a duração do exercício”.

Quem entra nesse merca-

do pode planejar e adequar a criação primeiro escolhendo em que modalidade equestre vai preparar seus animais. Em média, para fazer um campeão o custo começa na escolha de um bom acasala-mento, que pode variar de R$ 5 mil a R$ 8 mil.

“A criação ainda avança e movimenta o mercado agro-

pecuário. O valor em média de um cavalo Árabe adquirido em leilões oficias gira em tor-no de R$ 16 mil, Quanto aos valores não oficiais, ou seja, de venda direta entre vendedor e comprador, são valores nunca anunciados e muito especula-dos”, explica Neto.

*Estagiário AgroValor

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Perfil Flávia Cajé

por Angelo Tomasini

São Paulo. À frente da Associação Nacional dos Três Tambores (ANTT) até o final deste ano, a zootecnista Flávia Cajé tem uma história de mais de dez anos de dedicação ao esporte e uma vida inteira de convívio e gosto pelos equinos

No comando dos tambores

QUEM ÉZootecnista e atleta paulistana, 26 anos, solteira, residente em Barretos (sP).

O QUE FAZPreside a Associação Nacional dos Três Tambores (ANTT), compete na modalidade e cuida do seu haras.

O QUE FEZPresidiu a ANTT por dois mandatos e ganhou vários prêmios nas modalidades de três tambores e team penning.

Verbete

Esporte. Quando deixar a presidência da ANTT, Flávia Cajé pretende voltar aos treinos diários e ao pódio

“Não sou uma pessoa que fica reclamando quando algo não está legal, levanto e faço ficar legal. Por gostar da modalidade, quis fazer a diferença”

FOTOs: ANTT/DIvuLgAçãO

Os primeiros treinos nos três tambores aconteceram ainda

aos 15 anos. Hoje, exatamen-te 11 anos depois e formada em zootecnia, ela comanda a associação nacional da mo-dalidade (ANTT) pela segun-da vez, com muita fé no su-cesso crescente do esporte. Estamos falando da, também atleta, Flávia Dias Cajé, natu-ral de São Paulo e residente atualmente em Barretos, in-terior do estado.

Como a grande maioria dos apaixonados pelo uni-verso equestre, a ligação com os animais vem desde a infância. “Tinha quatro anos quando aprendi a amar e respeitar os cavalos com o meu irmão, que tinha uma égua da raça Mangalarga e era louco por ela. Acho que foi ao ver todo aquele amor entre eles”, relembra.

Segundo ela, todos os membros de sua família são “apaixonados pelo universo do cavalo” e o team penning é a modalidade oficial. O iní-cio foi competindo com o pai e os irmãos; só depois pas-sou para outra modalidade. “Comecei no team penning aos treze anos e aos quinze comecei a fazer três tambo-res também. Fiz as duas mo-dalidades por um bom tem-po e depois fiquei só nos três tambores”, revela.

A escolha se deu, como faz questão de frisar, pelo fato de ser um esporte que demons-tra um pouco do companhei-rismo e parceria entre o cava-leiro – neste caso, a amazona – e o cavalo, bem como pela adrenalina e pelo desafio de melhorar a cada dia.

Justamente por conta da cumplicidade com o ani-mal, ela elege como uma das maiores dificuldades no es-porte encontrar um que se encaixe perfeitamente com o perfil do atleta. “Depois de al-gum tempo, tive uma compa-nheira incrível, a égua Gracy Tamborine, mas após vários anos decidimos que estava na hora de aposentá-la devido à idade. No meu ponto de vis-ta essa é a maior dificuldade

que temos porque depois que é feita essa parceria você con-segue superar com mais faci-lidade todos os outros obstá-culos”, explica a amazona que hoje tenta essa parceria com o Quarto de Milha Speed Fly.

ConquistasEm mais de 15 anos inseri-da nos esportes equestres, a atleta destaca como as suas vitórias mais significativas no team penning o Campeo-nato Nacional e o Congresso da ABQM, pela importância do título para a modalidade. Já nos três tambores elege o rodeio de Morro Agudo, por ser o primeiro que competiu e, de cara, venceu.

Apesar de vários prêmios

no currículo, o mais deseja-do e ainda não conquistado é o da Associação Nacional dos Três Tambores, institui-ção que preside até o final de 2015, “pelo altíssimo nível e pelo que ele representa den-tro do esporte”, justifica.

ANTTComo sempre há algo para fazer, ela enumera algumas ações futuras: “Quero con-seguir mais parceiros para valorizar o esporte, aumen-tar a premiação, mostrar ainda mais para o público as competidoras, para con-seguirmos criar ídolos e, com isso, trazer mais pes-soas para o meio”.

Nos anos que tem passa-

lida com o ser humano é a principal dentre tantas que o esporte sofre. “Graças a Deus, toda essa dedicação vem valendo à pena e tenho certeza que no final do ano vou entregar a associação com a certeza de que fiz o melhor que podia”, declara.

E com essa vontade de fazer o melhor é que ela justifica a sua entrada para a instituição: “Não sou uma pessoa que fica reclaman-do quando algo não está legal, levanto e faço ficar legal. Por gostar da modali-dade quis fazer a diferença. Fiz e faço o que está ao meu alcance para o crescimento e a valorização do esporte”.

LazerQuando está fora da esfe-ra de presidente da ANTT, Flávia encontra tempo para a família, amigos e para si mesma. Adora sair e viajar nas horas vagas.

Longe da associação, nos momentos de folga está no seu haras, onde também não faltam trabalho e trei-no, apesar de hoje treinar bem menos, apenas duas vezes por semana. O tra-balho a obriga a deixar as competições um pouco de lado, mas ela pretende voltar à prática diária em 2016.

E por falar em futuro, quando não for mais a presidente da ANTT, Flá-via pretende trabalhar na área da sua formação (zoo-tecnia) e voltar a compe-tir como antes, ganhando muitos prêmios, claro!

do à frente da entidade, a presidente destaca o com-prometimento, a dedicação e o jogo de cintura como suas principais marcas. Já quanto às dificuldades, a

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FOTO: FAgNER ALmEIDA/ABCCC

por Wescley gomes*

Temporada. Testar a resistência tanto do cavalo como do ginete é o objetivo proposto no Ciclo de Provas de Enduro da Raça Crioulo, que já deu o seu pontapé inicial para escolher os melhores do ano

Começaram as disputas no enduro

Competição. Primeira etapa de enduro inicia com disputas acirradas, em Barra do Ribeiro (Rs)

A comunidade crioulis-ta voltada ao enduro equestre deu a pri-

meira largada para seu ciclo de provas de 2015. Através da parceria entre a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) e a Associação Gaúcha do Ca-valo Árabe (AGCA), a 1ª Eta-pa do Campeonato Brasileiro de Enduro Equestre de Cava-lo Crioulo e do Campeonato Gaúcho Equestre Interraças, realizado na propriedade Recanto Borghetti, em Bar-ra do Ribeiro (RS), nos dias 28 e 29 de novembro último, mostraram que as próximas competições serão marcadas por disputas acirradas e mui-ta adrenalina.

De acordo com o coorde-nador da Subcomissão de Resistência da ABCCC, Ale-xandre Selistre, a estimativa é de que esta seja a primeira das cinco provas de Enduro

que irão definir os campe-ões de 2015, ano que contará ainda com a renomada dis-puta da Federação Interna-cional de Criadores de Cava-los Crioulos (FICCC), no mês de março, em Buenos Aires, Argentina.

“Na primeira etapa de cin-co provas deste ciclo 2015 nossos animais tiveram ex-celentes desempenhos. Tive-mos 24 conjuntos entre con-correntes da raça Crioulo, Mangalarga e Árabe. Dentre essas raças, a Crioulo se des-tacou em sua performance durante o trajeto da prova. Começamos muito bem. A escolha dos competidores para a FICCC será super acir-rada”, revelou Selistre.

Outro aspecto apontado como destaque pelo coor-denador para esta edição é a união de duas importantes modalidades, pois, segundo ele, apresenta um importan-te avanço rumo ao desenvol-vimento da raça.

“Quando assumimos a Comissão de Resistência unindo Marcha e Enduro foi para fazer com que ambas crescessem em volume e re-percussão”, enfatiza Selistre, ao defendê-las como funda-mentais para demonstrar os diferenciais do Crioulo e aju-dar a expandir a raça. “O En-duro é uma das provas que conseguimos levar o cavalo Crioulo para fora do Brasil e ampliar o seu mercado. Isso é uma maneira de popularizar esse animal por intermédio

de sua associação, que tem desenvolvido um trabalho sério para que a visibilidade da raça se propague no país”, afirmou o coordenador.

Na primeira oportunida-de em pontuar no ranking e abrir a dianteira logo na pro-va inicial, os 24 conjuntos de competidores não pensaram duas vezes e deram o seu melhor para alcançar o lugar mais alto no pódio.

Com a temperatura na faixa dos 34ºC, eles tiveram que administrar o calor in-

tenso para atingir o objetivo. No resultado final da pri-meira etapa, Alberto Patron Araújo, montando Fumara-da Del Caminho, da Caba-nha La Caminera, de Aceguá (RS), levou a melhor na cate-goria 80 km. Já na categoria 50 km, quem se destacou foi Rogério Nunes de Oliveira, montando Infinito do Rin-cão da Querência, do Sitio Querência, também de Ace-guá (RS).

*Estagiário AgroValor

Sistema diferenciado decriação que valoriza a saúdee o bem estar das aves.

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FOTO: LuIs C. RIOs

da Redação

São Paulo. Temporada 2014 da sociedade Hípica Paulista encerrou atividades com muita emoção entre os atletas e o público em geral. A prova final foi a mais emocionante, com campeão repetindo o feito do ano anterior

Eric ganha o Bi da Hípica Paulista

Grande vitória. Eric Zorzetto e a égua Demi Pracht, ao lado do prêmio melhor do Ranking sHP

Tarde de domingo, dia 14 de dezembro de 2014. Quando os 18

melhores voltaram à 2ª vol-ta e, ao final, os cinco con-correntes sem faltas habi-litaram-se ao desempate, nem a chuva atrapalhou o espetáculo. Pura emoção. O campeão de 2013, Eric Zor-zetto, era o segundo concor-rente em pista, com a égua Demi Pracht, e fez o tercei-ro percurso sem faltas, em 37s95, conquistando assim o bicampeonato consecu-tivo 2013/2014, no GP de encerramento do Ranking de Salto Sociedade Hípica Paulista.

José Roberto Reynoso

Fernandez Filho, campeão do GP Final do Campeona-to Brasileiro Sênior Top na véspera, foi vice-campeão e o terceiro colocado. Para ele, sempre forte candidato à vi-tória, a missão também foi cumprida. “Neste ano, venci três GPs do Circuito do Cam-peonato Brasileiro Sênior Top, entre outras importan-tes conquistas. Meu outro cavalo principal, Maestro St. Louis, se machucou recen-

temente, mas o Radiator e o Corindhus estão muito bem. Agora quero continuar tra-balhando e brigar por uma vaga na equipe brasileira nos Jogos Pan-americanos 2015, no Canadá.”

Foi o domingo mais con-corrido e acirrado do certa-me de 2014. “Saltei o GP do Brasileiro ontem e a Demi [égua] não foi tão bem. Como não estava cansa-da, resolvemos saltar o GP

do Ranking. Entrei com tudo no desempate e fiquei aguardando os resultados dos demais conjuntos. Deu tudo certo”, comemorou Eric, 33. “Essa foi a nossa mais importante vitória na temporada 2014, pois diver-sas vezes ficamos em 2º e 3º lugares”, revelou o campeão, que a exemplo do GP em 2013 saiu motorizado, desta vez com um Hyundai HB 20.

O bicampeão mora em

Sorocaba (SP), onde es-tudou administração na Universidade de Sorocaba (Uniso). O Ranking de Salto SHP 2014 teve 14 etapas e manteve o crescimento de participação já registrado no ano anterior. Ao todo, fo-ram cerca de 800 inscrições na Final do Ranking da cen-tenária entidade que no bi-ênio 2015/2016 terá Romeu Ferreira Leite, diretor de salto na atual gestão, como presidente. Ferreira Leite sucede Renato de Moraes Dantas, que presidiu a SHP pela terceira vez.

A Sociedade Hípica Pau-lista foi fundada em 31de ju-lho de 1911. É uma entidade de natureza esportiva, com sede no bairro do Brooklin, na capital paulista. O seu maior objetivo é o incenti-vo e a prática do hipismo, em caráter amador. A tem-porada 2014 do Ranking de Salto Sociedade Hípica Pau-lista teve sua final com a 14ª etapa, entre 10 a 14/12, nas três pistas do mais antigo clube do hipismo brasileiro, que em 2014 completou 103 anos de história.

(Fonte: Imprensa SHP)

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DIvuLgAçãO

por Wescley gomes*

Engajamento. Buscando aproximar e garantir uma participação mais ativa de seus associados, a Associação Brasileira de Quarto de milha (ABQm) realizará, em fevereiro, a primeira convenção anual da raça

Por uma associação mais participativa

Integração. Iniciativa analisará sugestões e propostas dos associados da ABQm

Procurando proporcio-nar ao quadro de asso-ciados a melhor presta-

ção de serviços em todos os seus segmentos, a Associação Brasileira de Quarto de Milha (ABQM) está organizando, pela primeira vez, uma con-venção anual, seguindo os princípios da American Quar-ter Horse Association (AQHA).

Agendada para o dia 28 de fevereiro deste ano, a con-venção terá a incumbência de deliberar sobre propostas de alteração apresentadas por associados, com base nos seguintes documentos: esta-tuto social, regulamento de competições, regulamento de bem-estar animal e regu-

lamento de serviço de regis-tro genealógico.

De acordo com o supe-rintendente da ABQM, Celso Minchillo, a iniciativa da as-sociação em adotar essa me-dida é uma forma de apro-ximar seus associados das atividades realizadas pela ABQM, além de torná-los co-participantes do processo de construção do futuro da raça.

“Realizar uma convenção anual para traçar as perspec-tivas sobre a raça, além de

fortalecer o Quarto de Milha, é uma maneira encontrada para que nossos associados saiam da condição de apenas receptor das informações, e passem também a construir a ABQM que queremos ver no futuro. Nós da Associação ve-mos essa iniciativa como um canal formal para chegarmos mais próximos de todos que fazem a ABQM”, informou Minchillo.

Conforme foi informado, inicialmente não serão fei-

tas alterações do estatuto para incorporar o processo de discussão e aprovação de propostas na convenção até que o modelo com as formu-lações se mostre viável para execução. As aprovações da ocasião passarão ao Conse-lho de Administração, que deverá aprová-las na íntegra. Já se tratando das alterações relativas ao regulamento do serviço de registro genealó-gico, essas deverão ser leva-das ao Conselho Deliberativo

Técnico (CDT) da ABQM e ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Segundo Minchillo, as su-gestões apresentadas pelos associados foram encami-nhadas às referidas áreas da ABQM para análise, que emi-tirão parecer sobre a viabili-dade das propostas, prazos de implementações e orçamen-tos necessários. Assim, por-tanto, a diretoria Executiva e o Conselho de Administração irão analisar as propostas e decidirão as que deverão ser levadas ao evento.

“Até o prazo máximo para o envio das sugestões, que foi dia 30 de outubro, consolida-mos 65 sugestões para uma análise prévia do conselho. Esse número significa um bom começo para a nossa primeira reunião”, afirmou o superintendente.

Quanto às expectativas, ele afirma que são as me-lhores, pois “a convenção é o início para uma associação mais participativa, democrá-tica, e que busca a satisfação de seus associados”.

*Estagiário AgroValor

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FOTO: ARQuIvO

por Rafaele Esmeraldo

Memória. Para divulgar a raça, foi criado o museu Nacional do Cavalo mangalarga Marchador a fim de repassar à população da região de minas gerais a importância desse cavalo para os criadores

Raça MM preserva história

Cultura. Fachada do museu Nacional do Cavalo mangalarga marchador, em Cruzília (mg)

DJALMA BARBOSA DE LIMAODEMAR COSTANILMAR IGNACIO GOMESDANIEL BILK COSTAJOSÉ AILTON PUPIONILSON FRANCISCO GENOVESITRAJANO ANTONIO DE LIMA E SILVAANTONIO CARLOS PINHEIRO MACHADOJOÃO ANTONIO GABRIELJARBAS LUFF KNORRMARCELO INDARTE SILVALUCIANO CURYGUILLERMO GARCÊS SANCHEZ JUNIORFRANCISCO S. V. DE CARVALHO � � KIKO )LOURENÇO MIGUEL CAMPOJOSÉ LUIS LOBO NETOCLAUDIO JOSÉ PAGANO GASPERINIBRÁULIO FERREIRA NETOANDERSON MORALESMARCELO CRUZ MARTINS JUNQUEIRAANIBAL FERREIRA MARCELINO JUNIOROMAR FAYADCARLOS EDUARDO VAZ DE ALMEIDAGUILHERME MINSSENWELLERSON JOSE SILVANILMAR IGNACIO GOMESJOÃO BATISTA DE OLIIVEIRAANDRÉ MEGELLALUCIANO PIRESAGNALDO AGOSTINHOROBERTO SIQUEIRAMOACIR NAVESEDER FLAVIO BENITTCLEONIR MIGUEL DOS SANTOS SILVALUCIANO ALMEIDA VIANAADRIANO APOLINÁRIO LEÃO OLIVEIRAAUREO RODRIGUES FILHO � � TICO )ADRIANO MARCOS BARBOSA FERREIRAANTONIO PEREIRA DE LIMA � � TONHÃO )

RODRIGO GOMES COSTANIVALDO DEGANELLOLUIS CARLOS MOREIRAVITOR TRINDADE JUNIORPAULO MARCUS BRASILVILSON DE OLIVEIRA SILVAMARCELO PARDINIDEVANIR RAMOSAFRÂNIO MACHADO SOARESCAROLINE DE SOUSATATIANA PAULA ZANI DE SOUSAGILSON CARDOSOJOSIAS VITORINO DO NASCIMENTOFABIO LUIZ MARTINS CRESPOLUIZ CARLOS MACIELLEONARDO BERALDOMARIO CEZAR DE AQUINO ROLÃOJHONNI BALBINO DA SILVAALEXANDRE MOHERDAUI BARBOSAJOEL SANTA ROSA DE MEDEIROSCRISTIANE BORGUETTI MORAES LOPESMARCELO MOSCHIMRICARDO GUIMARÃES ÁVILAEDUARDO GOMESNAELSON ALVES FARIAS JUNIORROBERTO LEÃOEDIMAR RODRIGUES DE CARVALHO JRHEBER SANT'ANA

O Museu Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador foi criado

em novembro de 2012, em Cruzília (MG), numa parce-ria da Fundação Barão de Alfenas com a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marcha-dor (ABCCMM). O intuito era preservar e divulgar a história da raça reconhecida recente-mente como genuinamente brasileira e desenvolvida há dois séculos na região ao sul de Minas Gerais.

A antiga aspiração dos criadores da região para re-passar a história da raça MM, desde a sua origem, desen-volvimento e disseminação por todo o Brasil, recebe o

apoio do presidente da Fun-dação Barão de Alfenas, Mar-celo Junqueira Ribeiro, que atribui às várias aptidões da raça o seu crescimento além-fronteiras: “O cavalo Mangalarga Marchador é um produto genuíno da região de Minas Gerais e, diante de suas qualidades, ganhou o país e o mundo”. Atualmente, a raça está também na Euro-pa e Estados Unidos.

O local é frequentado por estudantes e população em geral, além de turistas e locais,

em especial criadores e admi-radores oriundos de todas as regiões do Brasil. O museu conta com centrais multi-mídias, desenvolve projetos culturais ligados à ABCCMM e projetos educacionais para as escolas de Cruzília e de ou-tras cidades da região minei-ra. Um exemplo é o Museu- Território, com roteiros pelas fazendas representativas dos criatórios-pilares da raça.

Uma assídua frequenta-dora desde a sua inaugura-ção é a aposentada Nadege

Meirelles. “Além de ser vizi-nha do museu e ter laços afe-tivos com a casa, acho o lu-gar muito bonito e com uma história que tem bastante a ver com minhas origens”, re-lata Nadege. Para ela, o mu-seu é motivo de orgulho para sua cidade e região, assim como para todos que estão ligados à criação do Manga-larga Marchador. A admira-dora considera que o local foi muito bem estruturado, que consegue transmitir de forma simples e agradável o

surgimento e o desenvolvi-mento da raça.

O belo casarão colonial bi-centenário era denominado “Casa da Bela Cruz”, proprie-dade à época de Prudente dos Reis Meirelles, da Fazen-da Bela Cruz, um dos primei-ros criadores da raça. O pré-dio é composto por vários ambientes que apresentam ao visitante a origem e histó-ria da raça: uma sala dedica-da ao Barão de Alfenas (Ga-briel Francisco Junqueira, iniciador da criação, seleção e desenvolvimento da raça Mangalarga); outra à ativida-de da caça ao veado e à lida com o gado, fatores funda-mentais no desenvolvimento da raça e do seu andamento ímpar; mais uma ao padrão racial e criatórios-pilares; e, finalmente, à organização e desenvolvimento da ABC-CMM.

museu Nacional do Cavalo mangalarga marchadorPraça monsenhor João Câncio, nº 192 - Cruzília (mg)Tel: (35) 3346 2488www.museumm.org.br

Serviço

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ANO V Nº 49 FORTALEZA-CE MARÇO DE 2010

Agro&culturaAGROVALOR ANO IX Nº 107 FORTALEZA-CE JANEIRO DE 2015

Estimação. A convivência dos animais com o homem remonta há milênios e se estabelece como um vínculo forte entre as diversas espécies. Inicialmente, utilizados como fonte de alimento, com o passar do tempo tornaram-secompanheiros inseparáveis

Os melhores amigos do homem

A vida como ela éA poetisa e contista cearense Clélia Prata traça a sua própria existência, de origem rural, em versos sensíveis, bem-humorados e realistas. Pág. 6

FOTOs: DIVuLgAÇãO

por Rafaele Esmeraldo

“Os animais mais criados em residências no Brasil são cães, gatos, pássaros, lagartos (iguana), pequenos roedores e aves”

Célio Pires GarciaDiretor da Faculdade de Veterinária, da uece

Pássaros Silvestres

Passeriformes*: Thraupideos (Curió – Oryzoborus angolensis); Azulão (Cyanocompsa brissonii); Coleirinha (sporophila caerulescens);Caboclolino (sporophila bouvreuil e s. minuta);Canários da terra (Sicalis flaveola), com suas mutações

Emberizideos*: Bicudo preto – Oryzoborus maximiliani; No sudeste e sul: Passeriformes – Trinca Ferro, Pinta silga e Cardeal; No Ceará: Pssitaciformes – desde o papacum ou pancun, Forpus xanthopterygius até as araras

*Os mais comercializados e reproduzidos em cativeiro com autorização do Ibama

No período Mesolíti-co, observou-se uma transição na qual o

homem aprendeu a domes-ticar alguns animais, como cão, boi, carneiro e porco, o que modificou gradati-vamente a sua vida. Nessa civilização pastoril, ele não precisava mais percorrer grandes distâncias em bus-ca da caça, pois os animais estavam ali perto, ao seu al-cance, com carne, leite, chi-fres, pele, gordura e outros produtos.

De acordo com o médi-co veterinário e diretor da Faculdade de Veterinária, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Professor Célio Pires Garcia, o pri-meiro animal domesticado foi o cão, usado no início como alimentação e depois para atividades de caça, captura de outros animais e execução de trabalhos, como guarda, pastoreio, companhia, transporte e esporte. “O homem conti-nuou a domesticar outros animais, como a rena, a ca-bra e a ovelha, que podiam acompanhá-lo em seus des-locamentos. Depois, o gado vacum [vacas, bois e novi-lhos] foi domesticado e, em seguida, os animais empre-gados no transporte, como o asno, o cavalo e o camelo e, já em pleno período con-temporâneo, as aves, insetos e peixes”, afirma o professor Garcia.

A criação de animais de estimação é uma práti-ca utilizada em quase to-dos os países do mundo, onde passam a ‘fazer parte da família’ de seus donos. “Culturalmente, os tipos de animais mais criados em residências, no Brasil, são

cães, gatos, pássaros, lagar-tos (iguana), pequenos ro-edores e aves. Lembrando que a criação de animais em cativeiro exige a lega-lização desses criatórios junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Re-cursos Naturais Renováveis (Ibama), único órgão res-ponsável por essa autoriza-ção”, adverte o diretor.

O também médico veteri-nário da mesma instituição de ensino superior cearen-se, Professor William Car-doso Maciel, relata que o principal papel dos criado-res de aves autorizados pelo Ibama é garantir a preserva-ção das espécies por muitas décadas. “Isto porque pás-saros como estes, quando criados em cativeiro respei-

tando todas as condições de bem-estar animal, vivem quarenta anos ou mais. Já nas florestas e matas, devi-do aos predadores naturais e à crescente degradação ambiental com desmata-mentos e queimadas, eles só conseguem sobreviver de cinco a oito anos. No Ceará, um dos principais proteto-res de aves são os criadores filiados à Associação Orni-tológica do Ceará (AOC), cujo papel é preservar as espécies e a beleza do can-to desses animais. Todos os pássaros que competem em campeonatos são ani-lhados, isto é, nascidos em cativeiro, sob a guarda dos criadores legalizados pelo Ibama. A anilha garante que o pássaro não é resultado

Preferência. Cães e gatos lideram nas criações domésticas

Passeio. Cavalos são usados em esportes, transportes e terapias

do tráfico, que é um crime ambiental”, ressalta o pro-fessor Maciel.

Animais de estimação são muito utilizados também em terapias com pessoas

portadoras de necessidades especiais. A equoterapia, por exemplo, emprega o ca-valo como motivador para proporcionar ganhos físicos e psicológicos ao paciente.

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Agroturismo

FOTOs: ARquIVO PEssOAL/DIVuLgAÇãO

Enoturismo. Render-se aos sabores e paisagens das vinícolas brasileiras é uma prática que tem ganhado espaço no país e possibilitado uma aproximação entre os costumes e histórias das cidades produtoras

Janeiro é época de vindimas

por Wescley gomes*

Sofisticação. Vinícola guatambu, em Dom Pedrito (Rs), modernidade em sintonia com o campo

Vinícolas. Vale dos Vinhedos abrange os municípios gaúchos de Bento gonçalves, garibaldi e Monte Belo do sul

Já dizia o poeta e filósofo da Roma antiga, Horácio Flaco, que “o vinho revela

os sentimentos”. E quando um passeio às vinhas vai além da demonstração de emoções e passa a envolver os cinco sen-tidos (visão, audição, paladar, tato, olfato), transformando o ato da degustação de vinho em uma viagem histórica, cul-tural, cheia de tradições e en-cantos?

A essa prática, chamamos de enoturismo. Provavelmen-te muitos já ouviram falar, mas poucos tiveram a experiência. Rotulá-la simplesmente de ‘turismo do vinho’, no entanto, seria redutor. É bem mais do que isso, o vinho é só um pre-texto, pois a verdadeira moti-vação está nas tradições, nas histórias contadas e na cultura das localidades que produ-zem a bebida. É uma viagem completa, envolvendo hospe-dagem, gastronomia e muita diversão.

As experiências que o eno-turista leva na bagagem são mais valorosas que a materia-lidade de um souvenir local. Ao adentrar no mundo fan-tástico das vinícolas, o turista utiliza de sua visão para se en-cantar com a cor da bebida, a audição para ouvir as histórias locais e o tilintar das taças, o olfato para sentir o aroma que exala das garrafas e das ade-gas, o paladar para degustar o néctar dos deuses e o tato para sentir a textura, o formato dos recipientes e a consistência do líquido.

No Brasil, o enoturismo ain-da é jovem, mas apresenta um potencial turístico de gente grande. O vinho nacional tem crescido em sua complexida-de, o interesse do brasileiro pela história que há dentro de

cada garrafa e a vontade de conhecer os locais nos quais é elaborado se intensifica.

O clima da Campanha Gaú-cha, na fronteira com o Uru-guai, favorece a vinicultura. A vocação natural da região juntou-se à determinação de Gabriela Pötter, diretora téc-nica da Guatambu Estância do Vinho, em Dom Pedrito (RS).

Segundo Gabriela, a relação entre o turismo e a vitivini-cultura possibilita e afiança o desenvolvimento e a dinami-zação dos espaços rurais de forma inovadora, mesmo com a prática ainda em construção no país. “Para o mundo rural, o enoturismo surge como um novo fôlego, já que há uma crescente procura de tran-quilidade e paz que o campo, por oposição à cidade, parece poder oferecer. Talvez por isso a maioria dos destinos enotu-rísticos seja rural”, afirma ela, observando, no entanto, que a prática também pode con-templar espaços urbanos, “e nem por isso deixa de ser eno-turismo. Da mesma maneira, o enoturista não é, necessaria-mente, um consumidor de vi-nhos, ele é interessado na pro-

dução e cultura, que poderá se tornar consumidor”, completa Gabriela.

O ambiente requintado, moderno, cheio de charme e estilo da vinícola de Dom Pe-drito apresenta ao visitante a cultura da região do Pampa, oferece degustações de vinhos e refeições harmonizadas com a bebida. “Ao que parece, a modernidade reivindicou este fenômeno, ainda que a sua ori-gem possa ser encontrada nas práticas romanas. No enotu-rismo, a promoção do encon-tro entre o antigo e o moderno é igualmente um retorno ao passado”, conclui Gabriela.

*Estagiário AgroValor

Serviço

Guatambu Estânciado VinhoBR-293, Km 265 (a 76 km de Bagé)Dom Pedrito (Rs)Região da Campanha gaúcha (53) 3243 3295 / 9997 [email protected]

Colheitas do ValeAproxima-se o período de colheita da uva no Brasil, que vai do final de janeiro a meados de março. As festas da vindima do Vale dos Vinhedos reúnem grupos musicais e a comunidade local para comemorar a abertura oficial do período da colheita. As festas não têm data fixa, pois dependem da safra que, por sua vez, depende das condições climáticas. Mas acontecem sempre entre o final de janeiro e o início de fevereiro. O Vale dos Vinhedos fica localizado na serra gaúcha, entre os municípios de Bento gonçalves, garibaldi e Monte Belo do sul, que possuem desde adegas familiares a viní-colas de grande porte.

www.valedosvinhedos.com.br

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3>> www.agrovalor.com.br AGROVALOR JANEIRO DE 2014

DIVuLgAÇãO

Agrosabor

Cachaça na panelaINGREDIENTES

100ml de cachaça Cedro do Líbano

800 g de costela suína

2 colheres (sopa) de mel

2 colheres (sopa) de azeite de oliva

Suco de 1 limão

2 dentes de alho espremidos

1 ramo de alecrim

1 1/2 colher (sopa) de sal grosso

Minha receita Costela suína ao molho de cachaça

MODO DE PREPARO

1. Em uma tigela grande, coloque a costela, tempere

com o sal, o suco de limão, o alecrim, o alho, a

cachaça e o mel, cubra e deixe na geladeira por 2

horas;

2. Transfira para uma assadeira, regue com o azeite e

cubra com papel alumínio;

3. Leve ao forno, a cerca de 200 graus, por cerca de

1 hora;

4. Retire o papel alumínio e volte ao forno por mais

20 minutos ou até dourar.

Bom apetite!

Herança das steak house americanas e um dos pratos mais simples de se preparar, a costelinha de porco vem fazendo sucesso entre os bra-sileiros, geralmente servida com o sabor meio agridoce e picante do molho barbecue.

O segredo para não ressecar a carne é comprar uma peça com uma camada de gordura, que vai derreter quando assa-da, mantendo assim a carne úmida, bem macia e soltando do osso.

Nesta receita iremos inovar

utilizando o nosso destilado genuíno brasileiro, a cachaça, para dar um toque especial ao molho.

Nos Estados Unidos, ela é servida com batata frita, bata-ta assada, maça caramelizada ou milho.

GRAD. ALC. 41% Vol.700 ml

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5>> www.agrovalor.com.br AGROVALOR JANEIRO DE 2014

Arquiteta com especialização em Arquitetura de Interiorese Paisagismo pela universidade Paulista, de são Paulo.

www.marianamontenegro.com.br

Cores para enriquecer a vida

AgrodécorMariana Montenegro

Escolher o tom adequado para os ambientes é fundamental para criar uma atmosfera de bem-estar. As cores mexem com as emoções e podem inter-ferir no nosso estado de espírito. Aproveite este início de ano para mudar sua casa de maneira sim-ples. Procure por paletas inspi-radoras, capazes de transformar seu refúgio no local ideal para recarregar as baterias. Em áre-as de descanso prefira os tons azuis, pois emitem tranquilida-de. Muito cuidado ao usá-lo em ambientes de longa permanên-cia, pois pode acentuar a me-lancolia em quem já tem essa característica. As pessoas estão cada vez mais buscando uma li-gação com a natureza, o verde enche a casa de paz e sossego e ajuda a amenizar o estresse do dia a dia. A cor amarela, que deverá entrar de vez em desta-que neste ano, é considerada a tonalidade do equilíbrio, acalma os estressados e levanta os de-primidos. Em 2015 ouse, e deixe sua casa com seu espírito!

FOTOs: DIVuLgAÇãO

1. sofá amarelo é o destaque nessa sala; 2. Cozinha com mobiliário em azul claro, combinado com tons de cinza e madeira; 3. A combinação de tons de verde e azul deixa esse ambiente de estar divertido e aconchegante; 4. Copa com paleta clara de verde, azul e um pouco de amarelo, muito aconchegante; 5. Mobiliário em amarelo, combinado com o verde da vegetação e a madeira traz vida e energia a essa varanda; 6. Predominância do azul, variando desde tons mais fortes, como na parede, aos mais claros, como nas almofadas.

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6 AGROVALOR JANEIRO DE 2015 >> www.agrovalor.com.br

Porteira Fechada

Clélia PrataCearense, professora aposentada, poetisa

e contista, com obras publicadas em várias

coletâneas

Viver é melhorCada pessoa é uma pessoa:fala, sorri, canta...Finge ser nada sérioNadaNadaE no fundo tudo esconde:falso ou verdadeiro

Uma nuvem brancaUma nuvem amarelaUma nuvem vermelhaUma nuvem negraUma nuvem roxaUma vela acesaAssim é a vida.

As nuvens se dispersam,se descortinam sobre os arranha-céus e o mar.Amanhece: cada pessoa é uma pessoa.Acontece: o mesmo mundoO mesmo Cristo perto ou distantePerto dos que creem e O amamSe você é timoneiro se cuide!Lá em frente um turbilhão o espera.Cuidado!É hora de trocar o leme do barcoe retornar antes do naufrágioporque a vida embora sofridaé melhor viver.

Está pensando o que?Que nasci num arranha-céuNo coração de uma metrópole?Não!Nasci numa fazendaperto do marouvindo o vai-e-vem das ondaso mugir dos boiso berro dos bezerrose das cabraso balido das ovelhaso ganir dos cãeso miar dos caça-ratoso embalo de redes nos alpendrese moendas espremendo canaaboios e mugidosmel escorrendo nas tachaso latir do “Rompe-ferro” e “Tubarão”acuando preá.E coisa bem melhor – os passarinhos.Pios e pipios, trinos e assobios:do falante bem-te-vido cantante sabiáIsso é que é viver!

Até aos 10 anoscarne não comia:nem de boi, nem de frangonem de porco, nem de jiaDos quatro eu não sabiaQual era o que mais fedia.

Meu alimento era só:ovo caipira com farofa de mocotóe muito sal.Quatro a seis inteiros

Três refeições por diaO que era colesterolninguém sabia!Enfarto do miocárdio e hipertensãoTudo isso apareceusem nenhuma explicação

Café da manhã:Tapioca de goma de mandioca e carimãEm vez de café pingado,caldo de cana na cuia que todos bebiamAssim a gente viviaDe fome ninguém morriaNão tinha medo de nadaSó de alma de lobisomem

Medo:Eu tinha medo de cobraMuitas vezes até sonhavaA picada era tão forte Doía de fazer dóQuando acordava, sentia.No lençol tinha um nó...

Muitas vezes na calçadaDe tanto medo dormiaUma irmã mal-humorada, dizia:Tem um rabinho crescendo...!-Tira, tira, eu gritavae ninguém me socorria!A outra também falava:lobisomem hoje come babado!

A piada era comigoPara aumentar o castigoSaia de três babados eu vestiaAh, meu Deus, quanta ironia!

Tempos depois no colégioEstudei psicologiaVi que alma não existepra fazer medo a ninguémÉ só na imaginaçãoNa cuca de quem não tem.

Mania:Guardo objetos sem usoNo dia que ponho foraacredite, sinto falta:será síndrome ou mania?As vezes me embaraço com as coisas que sempre façoou que deixo de fazer.Com tanta coisa sem usono dia que eu abusojogo tudo na lixeiradeixo de fazer besteiraevito queda de braço.

Bem-humorada, afinalNão disse tudo, porémo que me veio à lembrança.Com a chave da EsperançaJuntas na Técnica VocalDeposito confiança.

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7>> www.agrovalor.com.br AGROVALOR JANEIRO DE 2014

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Destaques finais

Os últimos eventos agropecuários de 2014 mostraram o quão pro-missor foi o desempenho do setor para a economia nacional.

De 27/11 a 07/12, o Parque de Exposições de Salvador (BA) abriu suas portas para a maior feira agropecuária do Norte-Nordeste, a Fenagro. Neste ano, o evento abrigou a Exposição Nacional das raças Dorper e White Dorper, movimentou o setor agropecuá-rio, por meio da venda direta e indireta de animais, maquinários, implementos e financiamentos agrícolas, além dos leilões que aconteceram durante a exposição.

Em goiânia (gO) no dia 29/11 a tradicional Nelore Fest, conhe-cida como o ‘Oscar’ da Pecuária, promovida pela Associação goiana do Nelore (AgN), reuniu os principais representantes de um dos setores de maior importância para a economia nacional, que se destacaram ao longo do ano. O evento foi um momento para fortalecer laços de amizade e de negócios da família nelorista.

Confira os Vip’s.

Fenagro/Nacional DorperSalvador (BA)01. Jairo Carneiro (secretário da

Agricultura/BA), Pedro galvão (secretário do Turismo/BA), Egbert Bloemsma (cônsul Holanda) e Wilson Andrade (diretor executivo Abaf);

02. Miguel Pinto (representante Nelore Jacuricy), Tony Tarzan (Nova Delhi genética) e Léo Barros (Nelore Caraíbas);

03. Luciano Ferraz (presidente da Amcgil) e Richard Hebach L’Abbate (criador);

04. Antônio Coradinho (presidente Câmara Portuguesa de Comércio/BA), Carlos Chaves (representante siravol) e Wilson Andrade;

05. Richard Hebach L’Abbate e Luiz Leal (diretor técnico núcleo girolando/BA)

Nelore FestGoiânia (GO)06. Leonardo Rodrigues (diretor

girgoiás) e Vanessa Barbosa (técnica ABCZ);

07. Pedro gustavo de Britto (presidente ACNB) e Romildo Antônio da Costa (presidente AgN);

08. Clenon de Barros Loyola (conselheiro ABCZ) e Romildo Antônio da Costa;

09. Eurico Velasco (diretor Nelore goiás), Eduardo gomes (leiloeiro) e João Maurício Dantas (diretor Nelore)

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