Jornal ABRA - 12ª edição

8
12ª IMPRESSÃO Santa Maria, maio de 2008 Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - UNIFRA No ano em que a cidade completa seu sesquicentenário, a tradição se repetiu. Entre os destaques da feira está a participação das crianças, conduzidas por seus professores ou trazida por seus pais. Página 5 É a festa dos livros na praça Fotos Vinicius Freitas T odos os anos, durante as duas primeiras semanas do mês de maio, a Praça Saldanha Marinho muda de ares e transforma-se em espaço cultural privilegiado. A Feira do Livro 2008 não foge à regra e apresenta 31 expositores, entre livreiros locais e de fora da cidade, além de programação cultural diária e espaço especial dedicado às crianças.

description

Jornal ABRA - 12ª edição, de maio de 2008. Jornal laboratório do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra), Santa Maria - RS.

Transcript of Jornal ABRA - 12ª edição

Page 1: Jornal ABRA - 12ª edição

12ªImpressão

Santa Maria, maio de 2008 Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - UNIFRA

No ano em que a cidade completa seu sesquicentenário, a tradição se repetiu. Entre os destaques da feira está a participação das crianças, conduzidas por seus professores ou trazida por seus pais. Página 5

É a festa dos livros na praça

Fotos Vinicius Freitas

Todos os anos, durante as duas primeiras semanas

do mês de maio, a Praça Saldanha Marinho muda de ares e transforma-se em espaço cultural privilegiado. A Feira do

Livro 2008 não foge à regra e apresenta 31 expositores, entre livreiros locais e de fora da cidade, além de programação cultural diária e espaço especial dedicado às crianças.

Page 2: Jornal ABRA - 12ª edição

2 abra 12ª impressão

Feira do livro 2008

Expediente

EditorialDesafio

Jornal experimental interdisciplinar produzido sob coordena-ção do Núcleo de Jornalismo Impresso e Online do curso de Comunicação Social – Jornalismo do Centro Universitário

Franciscano (Unifra). Esta atividade é desenvolvida por estu-dantes de segundo semestre de Jornalismo.

Reitora: Irani RupolloDiretora de Área: Célia Helena de Pelegrini Della MéaCoordenação Jornalismo: Rosana Cabral Zucolo

Professores orientadores: Carlos Alberto Badke, Laura Elise Fabrício, Liliane Dutra Brignol, Maicon Kroth e Sione Gomes (MTb/SC 0743)

Reportagem e textos:Alice Dutra Balbé, Aline Teixeira de Lima, Bruno Mariano da Rocha Barichello, Carine Jorgens Horstmann, Carolina Moro da Silva, Caroline Rocha da Silva, Cláudia Monique Zappe Abade, Denise Araujo Rissi, Fabrício Santos Vargas, Gabriela Kieling da Silva, Gilkiane Cargnelutti de Mello, Igor Borges Müller, Juliana de Oliveira Bolzan, Juliana Menezes Farias, Marcelo Pereira Figueiredo, Marta Bonow Rodrigues, Patric Reginaldo Chagas da Silva, Rafael Soares Krambeck, Raquel da Silva Acosta, Renata de Araujo Ceratti, Tiago Pascotini Sackis e Vanessa Ferrari Roepke.

Fotografia: Bibiane Moreira e Vinicius Freitas (integrantes do Núcleo de Fotografia e Memória), Mariana Silveira e Francine Boijink.

Tratamento digital de imagem: Bibiane Moreira, Douglas Menezes, Rodrigo Simões e Vinicius Freitas

Diagramação: Carine Jorgens Horstmann,Carolina Moro da Silva e Igor Borges Müller

Impressão: Gráfica Gazeta do Sul

Tiragem: 1000 exemplares

Distribuição: gratuita e dirigida

A Feira do Livro de Santa Maria é o maior evento cultural da região. Entre bancas, prateleiras e olhos famintos por

leitura, estão obras de grandes nomes da literatura brasileira. Prova de que Santa Maria é a Cidade Cultura é que o obje-tivo dos acadêmicos do Curso de Comunicação Social da UFSM, de 1973, consolidou-se.

No decorrer dos anos, a Feira do Livro sofreu alterações para que houvesse maior divulgação cultural. Com o lema, “quem não lê, mal ouve, mal fala e mal vê”, de 1975, e des-contos de 30% nos livros, a procura pela leitura cresceu. Novas editoras como Vérita, Nacional, Sulina e Diálogo vieram a participar nos anos seguintes.

Em 1984, as crianças passaram a ter espaço especial no evento, com um estande só para elas e atrativos como pa-lhaços, brincadeiras e apresentações artísticas. Já em 1995, a Feira do Livro contava com 13 bancas, palestras, ofici-nas literárias e prateleiras cheias. O sucesso foi resultado do empenho da Associação dos Livreiros de Santa Maria em expor produtos fora da loja. Já 2001 foi palco de trocas.

Nos anos posteriores, a Feira trouxe sala informatizada, livros mais vendidos do país e bancas de raridades. Sesc e Sesi passaram a proporcionar atividades para as crianças, com objetivo de incentivar a leitura. Lançamentos, qualidade de obras, sessões de autógrafos e visitas como a do Imortal das Letras, Moacyr Scliar, e da sobrevivente da 2ª Guerra Mundial, Hertha Spier fizeram parte da história do evento cultural na cidade e marcaram os anos de 2005 e 2006.

Em 2007 não foi diferente. Grande procura por livros vol-tados para vestibulandos e demais estudantes fizeram parte da Feira. A presidente da Casa do Poeta, Haydée Hostin Lima, participa há cinco anos do evento e comemora a melhoria da programação em 2008, com 31 bancas e novas atividades como o Circuito Elétrico. Haydée gostaria de ver os autores da cidade mais presentes na Feira.

Para o ex-patrono, jornalista e escritor, Orlando Fon-seca, que acompanha a Feira desde 1977, as mudanças são favoráveis. O escritor cita o Plano Nacional de Livros e Literatura, para ter livros mais acessíveis e o projeto para zerar as cidades sem biblioteca no Brasil. A Feira do Livro deste ano comemora os 150 anos de emancipação política de Santa Maria. É um convite a viajar pelas letras.

Por Monique Abade

Um convite à culturaliNHa do Tempo

Evolução de 25% ao anoO índice de vendas

da Feira do Livro de Santa Maria apresenta um aumento de mais de 25% a cada ano, o que faz com que o evento seja cada vez mais esperado por

1973 - I Feira Universitária do Livro, idealizada por alunos do Curso de Comunicação Social da UFSM. Entre os apoiadores, professor Hélio Ribas e Expresso Mercúrio.1974 - O radialista Pedro Freire Júnior idealiza concursos de reportagens sobre a Feira para serem publicadas no Jornal A Razão.1975 - Distribuição de documento explicando o motivo da Feira às autoridades. Foram vendidos 1,5 mil volumes.1976 - Traz o lema: “Quem não lê, mal ouve, mal fala e mal vê”.1977 - Não existiam bancas suficientes para a grande procura. Livros com 30% de desconto.1978 - Novas editoras começam a participar da feira, como Livropel, Diálogo, Sulina, Vérita e Nacional. Um dia exclusivo para a literatura infantil.1979 - Humberto Gabbi Zanatta publica um poema demonstrando sua felicidade pelo sucesso da Feira.1980 - Protesto dos alunos por não serem apoiados pela prefeitura da cidade. 1983 - O lema: “Veja tudo com bons olhos.”1984 - Primeira vez que as crianças têm programação especial e um estande só para elas. A Feira conta com palhaços, música e exposições. 1985 - Sucesso de vendas do livro “Assim morreu Tan-credo”. Crianças revelam-se grandes consumidoras. Mais de R$ 18 milhões são arrecadados em três dias de Feira.1991 - A Feira tenta suprir a necessidade de leitura dos moradores de Santa Maria já que edições anteriores não aconteceram. I Feira Municipal do Livro de Santa Maria.1995 - A Feira acorda de um sono profundo, com 13 bancas, depois de quatro anos de interrupção.1996 - Livros mais acessíveis, palestras, oficinas literárias e prateleiras cheias. A Feira do Livro tem boa procura por livros para os vestibulares. 1997 - A feira resiste à chuva e ao vento forte. O sol renova a esperança dos leitores. Bom resultado e empenho demonstrado pela associação dos Livreiros de Santa Maria em expor produtos fora da loja.1998 - Adolescentes têm vez na Feira. Descontos de 20% atraem os leitores. 1999 - Homenagem à primeira Turma de Comunicação Social da UFSM. Premiações, apresentações artísticas e início da Hora do Conto.2001 - Ampla programação, com oficinas na Casa de Cultura. Troca de livros, Fome de leitura e apoio da pre-feitura. “Revisada e ampliada” é a chamada do convite.2002 - Sala informatizada, lonas de espetáculo, tendas de livrarias, movimentação das organizações. Sesi e Sesc com atividades para as crianças. Feira do Livro Infantil traz criançada para praça. 2003 - Mais de 14 mil obras e 188 autores lançam livros, Cds, revistas e fanzines. Feira traz os livros mais vendi-dos no Brasil. A banca de raridades é surpresa.2004 - Lançamentos, sessões de autógrafos, palestras, apresentações artísticas e shows. A feira oferece mais que livros. Também há aulas de artes e atividades lúdicas às crianças e oficinas de balões.2005 - Qualidade de obras e escritores locais se desta-cando na feira. Campanhas “Renda-se” e “Procura-se” são sucesso e levam a feira a um recorde. São 27 mil livros vendidos.2006 - Chamado: “Você é convidado a descobrir quanta prosa e verso cabem neste casulo”. Presença de Moacyr Scliar, o Imortal das Letras. Caixa Econômica Federal doou mais de 100 livros para o Báu Infantil. Santa Maria respira cultura.2007 - Incentivo aos autores para participarem do evento. Maior número de alunos participando. Projetos como Baú do livro de vestibular. Associação dos Amigos da Biblioteca Pública. Hora de viajar pelas letras.2008 - A Feira conta com programação para todas as idades.São 31 bancas e praça de alimentação em nova estrutura. Fonte: organização da Feira do Livro

dados oFiciaisAno Livros vendidos Bancas2003 19.300 282004 23.400 282005 27.600 292006 35.200 302007 37.520 30

editoras e livrarias.Segundo Télcio Brezolin, da comissão organizadora da

feira, em 2003 foram vendidos 19.300 livros. Desde aquela edição, a feira mantém um número base de 30 bancas, o que indica que o aumento registrado a cada ano é mesmo no número de vendas, sem haver relação nenhum outro aspecto, como a ampliação da estrutura da feira.

A espera para este ano é de que nas 31 bancas sejam ven-didos mais de 40.000 livros, o que parece ser possível pela grande demanda de público, e por um incentivo cada vez maior à leitura.

Por Marcelo Figueiredo

Brezolin diz que expectativa de vendas em 2008 é de 40 mil livros

Vinicius Freitas

Participar do ABRA é uma grande oportunidade para todos aqueles que estão no segundo semestre, pois, com ele, aprendemos, na prática, a fazer tudo o que foi apren-dido. Pesquisar as fontes, e como lidar com elas, pois existem algumas pessoas que não querem dar as informa-ções necessárias para escrever uma matéria. Com essas fontes é preciso um tratamento diferente. Aquele tipo de conversa que, quando nos formarmos, teremos de ter.

Participar de um projeto assim, logo no segundo semestre, é extremamente importante para já nos sentir-mos dentro do mundo jornalístico; sabermos dos prob-lemas que teremos de enfrentar quando já estivermos trabalhando; como pesquisar e onde pesquisar, que tipo de perguntas fazer; entre outras coisas que são muito impor-tantes para um jornalista de verdade.

Esta edição do ABRA trata sobre a Feira do Livro de Santa Maria. O assunto, no início, não pareceu muito abrangente. Mas, com certeza, todos os que estão partici-pando perceberam que existem muito mais matérias do que imaginávamos: sobre culinária, sobre livros para os que estão aprendendo a ler, sobre patronos...

Enfim, o ABRA é praticamente um jornal de verdade, mas em forma experimental. Tem tudo o que todos os jor-nais têm: uma editoria, que está desde o início fazendo de tudo para que o jornal fique perfeito, e “repórteres” que estão empenhados atrás de matérias realmente boas.

O diferencial desta edição é que o jornal será dis-tribuído no próprio evento em que foi feito, a Feira do Livro. Assim, mais pessoas verão nosso trabalho, podendo gostar ou criticar, mas acompanhar de perto o que foi pesquisado. O bom disso é que as pessoas que foram ent-revistadas poderão ler no que ajudaram e o quanto foram importantes para nossa matéria sair.

Pesquisar parece fácil e escrever também, mas é meio irreal para quem está iniciando. Só se torna “de verdade” quando a gente tiver a oportunidade de pegar o “nosso jornal” e ler aquilo que escrevemos e pesquisamos com gosto e carinho.

Além do que, a Feira do Livro, é um dos maiores even-tos de Santa Maria. Evento que envolve a cultura. Partici-par dela, mesmo que de uma forma diferenciada daqueles que estão vendendo livros e procurando por eles, faz da gente parte importante na cultura santa-mariense.

Page 3: Jornal ABRA - 12ª edição

abra 12ª impressão 3

Feira Do LiVro 2008

Fotos Bibiane M

oreira

Os livros foram para a praça pela primeira vez na Feira do Livro organizada pelos alunos da primeira turma de

Comunicação Social da UFSM, em 1973. “A primeira Feira do Livro teve como objetivos democratizar a leitura, colocar os livros ao alcance do povo e também trazer novos títulos já que em Santa Maria só existiam duas livrarias naquela época. Os livros para a feira vinham diretamente das edi-toras e distribuidoras e as livrarias locais não participavam do evento”, relatou Eugenia Mariano da Rocha Barichello, que auxiliou na realização de algumas edições da Feira, in-cluindo a primeira.

Com o passar dos anos, a Feira foi agregando outras ativi-dades culturais, como oficinas, espetáculos de música, dança e palestras. Na década de 80, teve início a Feira Infantil e, apenas a partir de 1995, apareceu a figura do Patrono e, em 1996, a do Homenageado. Os patronos da edição de 2008 são José Bicca Larré (Patrono da Feira do Livro) e Selma Nanci Feltrim (Patrona da Feira do Livro Infantil) e o hom-enageado é o escritor e historiador santa-mariense João da Silva Belém.

Hoje a Feira é organizada pela Câmara do Livro de Santa Maria, Universidade Federal de Santa Maria, através do Curso de Comunicação Social e do Curso de Desenho Indus-trial, Prefeitura Municipal de Santa Maria através das sec-retarias de Cultura, Educação e Turismo, 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Sesi, Sesc e Unifra, através dos cursos de Comunicação Social – Jornalismo, Comunica-ção Social – Publicidade e Propaganda e Letras.

Escolas marcam presençaUm importante aspecto da Feira é a participação das

escolas que apresentam atividades artísticas e culturais dos alunos e professores. Estas atividades são coordenadas pela Secretaria de Educação e pela 8ª CRE. O Sesi participa com o Espaço Criança, que oferece o acervo de livros da sala de leitura, uso de computadores e projeção de cinema ao entar-decer. São ainda ofertadas ao público apresentações em data-show com temas educativos e, diariamente, a partir das 14h, ocorre a “Hora do Conto”, patrocinada pelo Sesc.

Um evento cultural de destaque na Feira de 2008 é o “Projeto Livro Livre”, que traz para o palco da Feira ativi-dades culturais a partir das 19 horas: bate-papo com autores, encenações e apresentações. A proposta do primeiro convi-dado, Gabriel O Pensador, no dia 3 de maio, foi falar sobre o tema “Pensar”. No dia 8, o palco recebeu o cientista político italiano Giuseppe Cocco, com a temática “Maio de 68”. No dia 9, ocorreu o bate-papo com Leonardo Brasiliense e no dia 10 com Beto Souza. Para o dia 11, domingo, a proposta foi uma leitura dramática de Diálogo Colômbia, com a direção de Patsy Cecato. Nos dias 12 e 14, foi apresentado no palco “Maio 68 Graus”, baseado na peça “À Prova de Fogo”.

No dia 13, o Cineclube Lanterninha Aurélio apresentou a obras da produção audiovisual de Santa Maria. Dia 15 foi a vez do Sarau Poético Musical da Academia Santa-Mariense de Letras, quando acadêmicos apresentaram textos em ho-menagem ao sesquicentenário da cidade.

No dia 16, um novo bate-papo está programado, desta vez com Anete Brondani, Alvino Michelotti e Gianni Nazzi sobre a publicação do Dicionário Friulano-brasileiro, com a participação do professor e escritor italiano Gianni Nazzi. Dia 17, o bate-papo é com Luiz Gonzaga Binato e Teófilo Torronteguy sobre o tema “Santa Maria: Passado, Presente e Futuro” e, o debate do dia 18 fica a cargo de José Bicca Larré e Selma Feltrin, patronos da Feira.

Em outros palcosOutro evento cultural inovador da Feira deste ano é o

“Circuito Elétrico”, inspirado no tradicional Sarau Elétrico realizado no bar Ocidente de Porto Alegre, que visa divulgar a Feira junto ao público jovem. O Circuito é realizado em bares e cafés da cidade, onde escritores, professores e sim-patizantes da literatura participam lendo crônicas, poesias e obras selecionadas.

A variedade e a qualidade dos eventos culturais promovi-dos e a diversidade de públicos que a Feira atende mostram que ela já ultrapassou o objetivo de vender livros. A Feira movimenta o cenário cultural de Santa Maria e faz com que a cidade mereça a denominação de “Cidade Cultura”. Acom-panhe a cobertura diária da Feira do Livro 2008 no site www.feiradolivrosantamaria.com.br.

Por Bruno Barichello

A cidade não era Porto Alegre, o lugar não era o bar Oci-dente. Era Santa Maria e não foi nem Sarau, nem Elétrico. No lugar, o Circuito “acústico” na praça. No imprevisto, bons amigos se reúnem para recitar autores de suas preferências ao som de canções santa-marienses. A noite de domingo, dia 4, não poderia ter sido mais literária. Bem ao estilo da Feira do Livro.

No dia 4 de maio, às 19h, na praça Saldanha Marinho, durante a programação do Livro Livre, evento paralelo à Feira do Livro 2008, o Circuito Elétrico foi apresentado ao público substituindo o então programado Sarau Elétrico, com a participação de Orlando Fonseca, Vitor Biasoli e Antônio Cândido Ribeiro e Renato Mirailh. A razão da brincadeira de Orlando Fonseca com o nome, com a troca de “elétrico” por “acústico” deve-se ao fato de que as músicas apresentadas no domingo foram ao estilo voz e violão.

Os escritores selecionaram autores nacionais como Manuel Bandeira e Fernando Pessoa. Foi dada especial aten-ção aos autores locais como João Belém, homenageado da feira deste ano, e o poeta Prado Veppo, além da leitura de materiais próprios. A parte musical ficou por conta de Renato Mirailh que cantou músicas com a temática santamariense, como as do autor Raul Maxwell.

“Não podíamos chutar, porque metade daquelas pes-soas conhecem as obras de que estávamos falando”, brinca Antônio Cândido Ribeiro, referindo-se ao seleto público que

Bons amigos reunidos

Feira do Livro movimenta a Cidade Cultura

os prestigiou. Dentre eles, professores, membros da Casa do Poeta de Santa Maria e o patrono da feira José Bicca Larré.

O Circuito Elétrico é inspirado no Sarau Elétrico que acontece no bar Ocidente, em Porto Alegre, com a participa-ção da escritora Claudia Tajes, da radialista Katia Suman e do professor Luís Augusto Fischer. A versão santa-mariense ocorre em diversos bares e com a participação diferentes personalidades da cidade. A proposta das acadêmicas de Publicidade e Propaganda Manuela Motta, Andressa Sgaria e Carolina Ferreira, organizadoras do Circuito, é atrair o público jovem, e tornar o Circuito um evento permanente na programação da feira.

Por Carolina Moro e Igor Müller

Circuito Elétrico começou na Praça, depois levou literatura aos bares

Os atores Júlio Conte e Érico Ramos em Diálogo Colômbia, dirigidos por Patsy Cecato

Mariana Silveira

Escolas contribuem com atrações artísticas

Page 4: Jornal ABRA - 12ª edição

4 abra 12ª impressão

Feira do livro 2008

A presença mais esperada do primeiro dia da Feira do Livro 2008, na Praça Saldanha Marinho, foi a do rapper

carioca Gabriel, O Pensador, que abriu a programação do Projeto Livro Livre. A sessão de autógrafos de sua obra, Diário Noturno, que ele resolveu reeditar, contou com a par-ticipação de muitos fãs.

Depois disso, Gabriel subiu ao palco para um breve bate-papo descontraído sobre o início de sua carreira como músico. Ele falou também como se inspirou para escrever seus dois livros já lançados, Um Garoto Chamado Rorbeto e Diário Noturno. O primeiro ganhou uma adaptação já ter-minada para o teatro. O pensador adiantou, também, que já conta com esboços para seu próximo livro.

Sobre o Diário Noturno, ele disse que a motivação surgiu a partir de textos antigos. Ele comentou que passou madru-gadas rabiscando sobre suas idéias e memórias. Já no Um

Gabriel O pensador atrai fãs em lançamento na Feira

Bib

iane

Mor

eira

40 anos depoisdo Maio Francês

O cientista político italiano Giuseppe Mario Cocco esteve na Feira do Livro, no dia oito, e participou do Pro-jeto Livro Livre. Em bate-papo comandado pela profes-sora de sociologia da Unifra Daniela de Alves, ele falou sobre Maio de 68 e seus reflexos na sociedade atual.

Segundo Cocco, o maio francês foi um ciclo “contra a hierarquização das funções da sociedade, dentro da produção fabril, do chão de fábrica”. O movimento criti-cava a subordinação da cultura, as formas de vida. Impul-sionado pelo fim da segunda guerra mundial e o início da Guerra Fria, ganhou forças e aderiu causas do mundo todo, como a luta pela paz racial nos EUA, liderada por Martin Luther King, contra a guerra do Vietnã e a repressão à Pri-mavera de Praga, na antiga Tchecoslováquia. Para o cien-tista, os acontecimentos de Maio de 68 inovaram através da “constituição, da proliferação social de sujeitos que se organizavam e lutavam diretamente dentro da organiza-ção e da hierarquia social”.

A intervenção cênica da companhia Saca-Rolhas fez a descontração do público presente no Livro Livre. O grupo apresentou o número Volta-Revolta, em linguagem de clowns (palhaços), que simulou os protestos do Maio de 68. As barricadas de carros, em Paris, foram repre-sentadas por carros de brinquedos, e o público era quem segurava os cartazes com palavras de ordem: “É Proibido Proibir”, “Faça o Amor Não a Guerra” e “Isto É Só o Começo, Nós Iremos Até o Fim”.

Viní

cius

Fre

itas

Garoto Chamado Rorbeto, o escrito disse tratar-se de uma fábula que conta a história de um menino que se acha di-ferente dos outros pelo fato de seu pai ser analfabeto. O menino vive constrangido por causa do erro ao registrar seu nome, com as letras trocadas, e por ter um dedo a mais na sua mão direita. Com esse livro Gabriel ganhou o prêmio de melhor livro infantil do prêmio Jabuti de 2006 e a partir desse prêmio que passou a freqüentar o mundo literário, e gosta de fazer isso comenta Gabriel.

Aos 18 anos, Gabriel gravou seu primeiro CD, lançado um ano depois. Seu trabalho mais recente é Cavaleiro Andante, de 2007. Seu próximo CD já está sendo gravado. Gabriel não conhecia Santa Maria e declarou que gostaria muito de poder voltar à cidade para fazer shows.

Denise Araujo Rissi

O rapper Gabriel, o Pensador conversou com o jornalista Francisco Dalcol sobre sua carreira e livros

O fascínio pelas palavrasOrlando Fonseca, escritor e professor da Universidade

Federal de Santa Maria (UFSM), participou do projeto Livro Livre na quarta-feira, 7 de maio. Orlando discorreu sobre a vida e as obras de Cezimbra Jacques e falou também sobre o musical Imembuí, em cartaz no mês de maio no Theatro Treze de Maio, com direção geral de Bebeto Badke.

Orlando contou sobre sua trajetória e deu alguns conse-lhos para os jovens que pretendem seguir carreira de escri-tor. Com referência à observação de suas aulas de redação e disciplinas afins, ele conta como percebe isso. “A maneira de produzir um texto me credencia para demonstrar qualidade. Eu me preocupo bastante em prestar a atenção no que faço em relação à produção de texto e também com a necessidade de refletir sobre este processo.”

Orlando, que já foi patrono da Feira do Livro em 2005, falou também dos prêmios conquistados e de suas obras. Entre eles, o prêmio Adolfo Aizen em 2002 - destaque juve-nil, com o livro Da noite para o dia, e o prêmio Revela-ção Literária, em 1978, que, segundo o escritor, foi um dos que mais o marcou. “Eu me sentia vocacionado a escrever e de fazer algo a mais com a linguagem.” Ele não vê como um dom o fascínio que tem pelas palavras, mas como a

O que foi Maio de 68?Maio de 68 foi um movimento marcado por diversos

protestos liderados por estudantes, em 1968, na França. O movimento criticava o regime de Charles de Gaulle, a sociedade conservadora e os fundamentos da sociedade de consumo. A mobilização buscava o direito à subjetividade, ao amor, e reuniu lutas contra a diferença de gêneros, de cor e raça. Como conseqüências, o movimento Hippie nos Estados Unidos teve seu auge na década de 70, quando também pregava o lema de “paz e amor”. No Brasil, os estudantes se manifestavam contra a Ditadura Militar e a censura à imprensa, embora o A.I.5 viesse a terminar com qualquer tipo de resistência. Foi durante essa época que surgiram grandes nomes da cultura brasileira como Chico Buarque e Gilberto Gil.

Mais informações: www.maiode68.blogspot.comFavia Alli

perseguição de uma identidade.O bate papo com Orlando Fonseca durou em torno de

uma hora e, mesmo com o “friozinho”, o pessoal não deixou de participar.

Giulianna Belmonte

Cientista político Giuseppe Cocco e a professora Daniela Alves

No Livro Livre, Fonseca abordou vida e obra de Cezimbra Jacques

Atores da Saca-Rolhas representaram os protestos estudantis

Fotos Vinícius Freitas

Page 5: Jornal ABRA - 12ª edição

abra 12ª impressão 5

Feira Do LiVro 2008

A Feira do Livro Infantil sempre traz novidades para a garotada. Dos nove livros lançados durante o evento,

três foram autografados por seus autores na tarde de terça-feira, 6 de maio.

O escritor Auri Antônio Sudati lançou seu 14º livro, O Cãozinho das imagens douradas e outras historinhas, com temática diversificada e outras histórias independentes.

Na terça-feira, dia 6, foram apresentadas peças de teatro encenadas por alunos de escolas da cidade no palco da Feira do Livro. Entre as encenações, os alunos da 3º série do Colé-gio Municipal Margarida Lopes mostraram ao público a peça "Sapo Bilis", baseada no livro Sapo Soberbo, da patrona da Feira do Livro Infantil, Selma Nanci Feltrin.

O poema fala de um sapo chamado Bilis que vê defeitos em todos os outros sapos. A inveja e a soberba são os defeitos sociais que são abordados no livro, que busca corrigir sen-timentos negativos dentro das pessoas. Segundo Selma, o olhar que temos quanto ao invejoso não deve ser de julga-mento, mas de compaixão. Não adianta criticar sem fazer alguma coisa para mudar o outro.

A autora compôs o livro de poemas infantis no intuito de trabalhar a melhoria dos sentimentos nas crianças e a pos-sibilidade de reverter os vícios morais que já nascem com as pessoas, mas que podem ser corrigidos.

Selma disse que foi grande a emoção ao ver sua obra tão bem representada. O teatro surpreendeu, pois não sabia que sua obra seria dramatizada.

Diante das novas formas de ler, a autora acredita que nada vai substituir o livro. O prazer de ter o contato manual com o objeto, que tem o poder de instigar a sensibilidade. “A pala-vra tem uma energia muito forte, mais do que a imagem do computador, prova disto é que a Feira do Livro tem sido um

Leitura para todosO livro é e sempre foi parte importante na vida de todos.

Hoje as crianças são incentivadas desde cedo à leitura por adultos que contribuem para este hábito. Nessa época do ano, muitas escolas levam seus alunos para a Feira do Livro e os pais aproveitam pra comprar livros de presente para seus filhos.

Na Feira do Livro, existem variedades de livros para os pequeninos, desde os indicados para “iniciantes da leitura”, como é o caso de Aprenda a escrever letras, da editora Ciranda Cultural, até aqueles que ensinam a colorir.

A idade das crianças que mais procuram por livros vai de 7 a 13 anos, como comenta Thaís Oliveira, que trabalha há 10 anos na Cesma e há 5 com a Feira Infantil.

Além do incentivo de professores e pais, a imprensa ajuda para o crescimento da leitura, fazendo propagandas e most-rando o quanto é importante ler, como comenta Fernanda Moraes, da livraria Santa Rita. Mesmo sendo seu primeiro ano de Feira do Livro, Fernanda acredita que a imprensa ajuda muito para que as crianças procurem mais por livros, e cada vez mais cedo.

Surpresa com convite para patrona infantil

Selma Nanci Feltrin foi pega de surpresa com o convite para ser patrona da Feira do Livro Infantil 2008, mas a pro-fessora de Língua Portuguesa, Literatura e Redação aceitou o desafio com muito bom humor e uma alegria inigualável.

A escritora estreou na literatura infantil em 2006, com O sapo soberbo, livro temático com versos que ensinam sobre palavras e sentimentos, ilustrado por crianças com idades entre 7 e 11 anos. Em 2007, lançou O olho amarelo trans-lúcido e na feira deste ano apresenta seu terceiro livro. A travessia mágica mistura poesia e narrativa, e revela a admi-ração da autora por Monteiro Lobato, um grande nome da literatura brasileira.

“Ah, esse escritor que tantas invenções sustenta, desmis-tificou os magnânimos heróis da história nas aventuras de glória contadas por Dona Benta”, é um dos trechos da obra A travessia mágica, que é dividida em quatro partes. Na primeira, conta as aventuras de três amigos, a segunda é uma homenagem a Monteiro Lobato, a terceira é um tributo ao escritor e seus personagens e a quarta parte apresenta poemas e brincadeiras.

“Acho fantástico entrar no imaginário das crianças, lembro da minha infância”, conta Selma, que adora escrever para o público infantil.

Por Caroline Rocha da Silva

A Feira do livro é da criançada“Leitura é o maior tesouro da nossa vida“, destaca o escritor. E ele já anuncia seu futuro lançamento: Isadora no parque encantando e outras historinhas.

Dentre os outros lançamentos, estão Cisne de Cristal, de Iolanda Martha Beltrame, e Zeca um Herói Negro, da autora santa-mariense Maria Rita Py Dutra. Com um livro voltado para crianças não-alfabetizadas, Maria Rita lança o sexto volume da coleção Histórias da Vó Preta. A obra fala de um menino pobre que tinha um sonho de se tornar um herói negro: Zumbi. “Não existem heróis negros na literatura, e tenho um compromisso social com meu povo”, explica a escritora sobre o fato de todos os seus livros trazerem crian-ças negras.

A sessão de autógrafos atraiu os olhares do público, que foi conferir os lançamentos. Eduarda Fragoso, 10 anos, encantada com a variedade das histórias, levou dois livros para casa. “Eu adoro ler. A feira chama muita atenção. Sem falar que ativa nossas idéias”, ressaltou.

As quatro bancas infantis da Praça Saldanha Marinho foram um convite para a meninada que gosta de diversão e leitura.

* Travessia mágica, de Selma Nanci Feltrin* Zeca um herói negro, de Maria Rita.* Backyardigans- Náufragos, Editora Nick Jr.* Goosebumpsm, de R.L. Stine. * Go Girl!, de Meredith Badger. * Poderosa, de Sérgio Klein* Deltora Quest, de Emily Rodda* Moranguinho* Livrinhos de R$ 1,00 e diferentes coleções infantis

LiVros mais procuraDos

Da Medicinaaos minicontos

O lançamento da produção coletiva 10 mandamentos movimentou a sessão de autógrafos da sexta-feira, 9 de maio. Quando a sessão terminou, o bate-papo com Leonardo Brasiliense já havia iniciado. No palco, com o professor Pedro Brum Santos, Brasiliense confessou que não esperava muito sucesso: “Cada um tem sua visão da história. Ter de continuar o texto como oitavo participante e não poder ter-miná-lo foi inusitado”. Santos e Brasiliense estavam entre os dez escritores convidados a compor a obra.

Durante a entrevista, Leonardo Brasiliense – que é for-mado em Medicina, mas largou a profissão para se dedicar a escrever livros de minicontos –, relatou que levou dois anos até conseguir uma editora. O lançamento de seu primeiro livro foi em 2000.

Segundo o escritor, o contato mais importante que teve durante o curso de Medicina foi com o sofrimento. “Ter uma noção mais clara do sofrimento humano me ensinou a ter mais respeito pelas pessoas na hora de escrever”, afirmou.

Brasiliense também lançou na Feira seu quinto livro de contos, Olhos de Morcego, sobre sua definição como a nossa inteligência se comporta diante das coisas, que por sua natur-eza, são mais evidentes. Funcionário público, gaúcho de São Gabriel, ele residiu em Santa Maria de 1989 a 2007.

Atualmente, Brasiliense está terminando de escrever três novelas, que serão reunidas em uma única. Ele está também formando uma coleção de minicontos, a pedido de uma edi-tora. Seu próximo título será Comprimidos.

Destinado ao público jovem, seu livro Adeus conto de fadas está na segunda edição. O livro, que foi feito por enco-menda, é o de maior repercussão. E, para surpresa de Brasi-liense, recebeu duas distinções: o prêmio Jabuti de Literatura e o Açorianos.

Por Alice Dutra Balbé e Gilkiane Cargnelutti de Mello

sucesso de público”, conta Selma.Quando a professora Cácia da Silva Cortes sugeriu a

encenação do poema "Sapo Bilis". Os alunos ensaiaram 15 dias e com isso ficaram mais entusiasmados para leitura. Ela ficou satisfeita com o resultado. "Os alunos conseguiram superar minhas expectativas não só no palco, mas também no colégio. Quando vejo minhas crianças lendo percebo que elas lêem em casa também e fico com a sensação de missão cumprida", diz.

Por Raquel Acosta e Gabriela Kieling

Matheus de Oliveira Pereira, de 6 anos é um dos peque-nos leitores. “Eu gosto de ler gibis, porque tem um monte de histórias e eu aprendo com as historinhas”. Ele mesmo lê suas próprias historinhas e sua mãe, Jacqueline de Oliveira Pereira, acredita que a escola estimulou muito para o gosto da leitura do filho. Ela comenta que desde bebê já era incen-tivado à leitura.

Por Juliana Bolzan

Bib

iane

Mor

eira

Vini

cius

Fre

itas

A garotada encontrou variedade de títulos e muitos lançamentos

Por Aline Lima

Alunos encenaram peça teatral baseada em obra de Selma Feltrin

A leitura quegera resultados

Leonardo Brasiliense

disseque não esperava

ter sucesso

Mariana Silveira

Page 6: Jornal ABRA - 12ª edição

6 abra 12ª impressão

Feira do livro 2008

para saber mais

Fotos Vinicius Freitas

A Feira do livro de Santa Maria não é feita somente de editoras consagradas, mas também de autores indepen-

dentes da cidade e da região. Eles têm em comum o prazer de escrever e compartilhar com o público, mas revelam tra-jetórias e estilos diversos.

Thales Guilherme Silveira, 10 anos, estudante, participa pela segunda vez da Feira. Este ano, ele traz três poemas que integram o livro Confraria (In) Verso VI. O livro, lançado no dia 7, está à venda na banca da Casa do Poeta de Santa Maria (Caposm), que oferece somente livros de autores indepen-dentes, entre participantes da Casa do Poeta e outros. “Têm gente de São Pedro, Restinga Seca e outras regiões que se inscreveram na feira e estamos vendendo em média 90 livros por dia”, diz Bira Anchieta, 60 anos, poeta.

No evento não encontramos só belas palavras nos livros, mas também palavras de humor, como no Quadrante X, um fanzine do grupo Quadrinhos S.A., que participa pelo sexto ano na Feira, publica a nona edição do fanzine. O Quadrante, lançado no dia 3, é impresso em preto e branco e é obra dos dez integrantes que formam o grupo. Normalmente de tema livre, este ano teve temática única: o aniversário da cidade. Os assuntos são abordados sempre com humor seja nos elo-

gios ou críticas das tiras ou histórias. “O material pode ser lido por todas as idades, dos 8 aos 80, porém o público prin-cipal é de 20 anos para cima e a venda de um garante a pu-blicação do próximo”, diz o presidente dos Quadrinhos S.A., Marcel Jacques.

Foram produzidos 130 exemplares do fanzine nessa edição e 50 deles postos à venda na Feira. Segundo Marcel, a outra metade será doada devido a uma parceria com a Chili-Co-municação e Cultura. O Quadrante pode ser encontrado na banca da Caposm e da Cesma, nesta ainda são encontrados exemplares de edições anteriores.

Por Carine Horstmann

Os maisprocurados

A Feira do Livro 2008 de Santa Maria alcança um bom índice de vendas. Nos primeiros cinco dias de feira, mais de 14.300 exemplares já haviam saído das prateleiras.

Entre os autores dos livros mais ven-didos encontramos nomes como o de Bicca Larré, Patrono da Feira do Livro, com a obra O cego e a prostituta (As letras). O cantor e compositor carioca Gabriel O Pensador também aparece na lista, com a obra Diário Noturno (Hip Hop Brasil). O artista esteve presente na Feira, no projeto Livro Livre, no dia 3. Depois aparecem, entre os mais procura-dos pelos leitores, a obra 1808 - como uma rainha louca... um príncipe medroso (Planeta), de Laurentino Gomes, A menina que roubava livros (Intrínseca), de Markus Zusak e Cidade do Sol (Nova Fronteira), de Khaled Hosseini.

Segundo Elisandro Silva de Moraes, proprietário de um dos 31 postos de venda da Feira, a procura por esses livros Por Bruno Garrido

Nem sempre os famosos são os mais vendidos

Por Tiago Sackis

Ofertas e alternativas para conquistar clientes

Todos os anos, a realização da Feira do Livro de Santa Maria atrai uma multidão para a Praça Saldanha Marinho. A protagonista, a literatura, com o passar dos anos, muda sua face, adaptando-se às necessidades e gostos da ocasião. Também expande-se e passa a abranger áreas antes pouco exploradas.

Em muitas bancas podemos perceber essa heterogenei-dade em livros como os vendidos pela Distribuidora Santa Catarina, mas há aquelas que preferem deter-se em poucos gêneros como a Editora UFSM-Livraria, que trabalha com livros acadêmicos.

O método básico no comércio de livros na feira é a venda, porém há alternativas para tal, como a que oferece a Socie-dade Espírita Divulgadora Cultural (Sedic), que apresenta a proposta de assinatura semestral: por certo valor o cliente recebe um livro lançamento por mês. Outra proposta é a do Sebo Café e do Mercado do Livro, em que são negociados livros usados e aceitam-se trocas. Grande parte das bancas também aceita encomendas.

Por Rafael Krambeck

Os independentes na Feira

Para a surpresa dos vendedores, muitos títulos conhe-cidos ainda estão nas prateleiras. E se alguém pensava que os leitores iriam seguir uma linha de compra, se enganou. O público aproveita a feira para investir em novos livros. Muitos recém publicados fazem sucesso, como é o exemplo do livro de Gabriel O Pensador, lançado em novembro do ano passado.

Num dos postos de venda da Feira, o vendedor Elizandro Silva de Moraes estava surpreso como fato de o sucesso O Segredo, de Rhonda Byrne, não ter vendido sequer um exemplar até o quinto dia de feira. Seguindo nessa linha, o top por semanas na lista dos mais vendidos da revista Veja, O Segredo de Luíza, de Fernando Dolabela, não teve sucesso e estava com vários exemplares disponíveis na banca.

O que explica a pequena saída desses livros dentro do sucesso da Feira do Livro em vendas? Não foi a falta de compras de livros que deixou esses títulos consagrados à espera nas prateleiras. Os leitores optam por novidades e isso mostra um desenvolvimento cultural. Parece que, neste ano, não foi só a feira que cresceu e evoluiu.

Juarez Saraiva, do Mercado do Livro, trabalha com usados e trocas

já era esperada, pois os autores são bastante conhecidos e o conteúdo das obras são interessantes.

Em 2007, foram 37.520 exemplares vendidos. A expecta-tiva é que a Feira de 2008 supere as marcas de vendas ante-riores.

Obras presentes no ranking dos livros mais vendidos não surpreende expositores

Marcel Jacques (à esquerda), presidente do grupo Quadrinhos S.A., acredita que a publicação é destinada a pessoas de todas as idades

• Fanzine: surgiu na década de 30, nos Estados Unidos. É a contração de fanact magazine. O que o caracteriza é a liberdade do autor de colocar o que quiser como conteúdo e o material é diferente ao de uma revista, que segue vários aspectos de mercado para chegar às bancas.

Page 7: Jornal ABRA - 12ª edição

Dias de feira: aquela movimentação das pessoas na praça, bancas de livros, expositores e espaço para vende-dores do comércio informal. Marca presença na feira a cocada feita pelo carioca João Jerônimo de Melo Sodré (foto), 57 anos, que participa do evento pelo sexto ano e acredita que a Feira é uma boa oportuni-

abra 12ª impressão 7

Feira do livro 2008

Vini

cius

Fre

itas

“Faço um inventário da minha vida e lhes digo: dos meus 78 anos, quase 50 são santa-marienses”. Assim, José Bicca Larré se intitulou cidadão santa-mariense por adoção. Natural de Alegrete, Larré tem seu nome gravado na história de Santa Maria pelo trabalho como jornalista. Motivado pelo convite para ser patrono nesta edição da Feira do Livro, lançou seu novo livro, O cego e a prostituta (duas histórias).

A trajetória como jornalista iniciou-se por um golpe de sorte, como ele mesmo define. Ao ganhar o primeiro lugar em um concurso de oratória, quando estudava no Instituto Oswaldo Aranha, recebeu o convite para trabalhar no jornal Gazeta do Alegrete. Começou sua carreira cedo, aos 15 anos. Em 1950, transferiu-se para o jornal A Razão, em Santa Maria, que, na época, pertencia aos Diários Associados, de Assis Chateubriand. “Chamávamos a profissão de ‘miséria dourada’. Nós éramos convidados para tudo, bajulados, mas no fim do mês vinha um desastre salarial”, relata o escritor.

Bicca Larré passou pelo Diário de Notícias, de Porto Alegre, onde trabalhou como repórter itinerante (cuidava de correspondência, assinaturas e enviava reportagens). Após isso vai parar numa sucursal do mesmo jornal, em Caxias do Sul, onde pediu demissão por causa do baixo salário. Em seguida, criou seu próprio jornal semanal, em Bento Gon-çalves. Depois, o jornalista fez um concurso para funcionário público federal. Bem classificado, ganhou a oportunidade de escolher a cidade onde foi nomeado. Já casado com a profes-sora Ruth Farias Larré, voltou para Santa Maria.

Com o retorno à cidade, reiniciou sua atividade no jornal A Razão e, depois, assumiu a Secretaria de Imprensa e Relações Públicas da prefeitura. Durante o golpe militar de 1964, foi preso por duas vezes e ficou 61 dias detido, sob acusação de comportamento subversivo. É inocentado por falta de provas e beneficiado por um dos últimos hábeas-corpus cedidos antes do Ato Institucional Número 5 (AI-5).

• Sereias e lobisomens - lançado em 1995. Esta obra de crônicas e contos foi destaque literário do mesmo ano em Santa Maria;• Maçonaria esotérica para maçons (e um pouco de história também) – lançado em 1996. Obra de circulação fechada, exclusiva para maçons;• Tintim por tintim (memórias de um jornalista) – lançado em 2002, durante a Feira do Livro de Santa Maria. Segundo o autor, é um livro praticamente autobiográfico;• A estrela Dalva – lançado em 2003, durante a Feira do Livro de Porto Alegre, é seu primeiro romance e, segundo o próprio autor, seu melhor livro;• Crônicas do Diário – obra de 50 textos divididos em três partes: Marotas, Alegretinas e Oníricas. Livro lançado na Feira do Livro de Santa Maria de 2007;• O cego e a prostituta (duas histórias) – obra de ficção, lançada na Feira do Livro de Santa Maria deste ano. Lançamento independente, R$ 15.

obras

Um novo livro para celebrar a homenagem

A Feira do Livroalém do que se vê

Os visitantes chegam à Feira do Livro e participam dos

lançamentos de obras, compram exemplares, assistem a shows e passeiam com a família. Tudo isso sob os cuidados de vigilantes que prestam serviço ao evento há oito anos. A coordenação da feira procura levar conforto e segurança para as pessoas. Assim, durante o período de 3 a 18 de maio, na Praça Saldanha Marinho, o público pode conferir o resultado do trabalho da Comissão Organizadora e aproveitar o espaço à vontade.

A empresa responsável pela vigilância da feira é contra-tada por Cristina Jobim Hollerbach, coordenadora geral. “A mesma firma presta serviço para a Feira há oito anos e a sua qualidade é satisfatória”, salienta. Para atender aos 31 estandes de livros e mais dez da praça de alimentação, dois seguranças permanecem no local durante o dia. À noite, são cinco pessoas . “O movimento é intenso, mas está tranqüilo”, comenta Heyde Ferreira, vigilante do período diurno.

Outro aspecto dos preparativos do local envolve a monta-gem dos estandes e palcos. Uma empresa especializada for-nece as lonas e o material necessário para as bancas. Télcio Brezolin, da Câmara do Livro de Santa Maria, é o respon-sável pela contratação desse serviço.

No total, cerca de 300 pessoas envolvem-se nos trabalhos prévios da Feira do Livro. Além da coordenação de Cristina Jobim Hollerbach, há a comissão organizadora composta pela Câmara do Livro de Santa Maria, Universidade Fede-ral de Santa Maria - por meio dos Cursos de Comunicação Social e de Desenho Industrial, Prefeitura de Santa Maria, 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) - por meio das secretarias de Cultura, Educação e Turismo, Serviço Social da Indústria (Sesi), Serviço Social do Comércio (Sesc) e Centro Universitário Franciscano (Unifra) – com os cursos de Jornalismo e Letras.

Por Vanessa Roepke e Marta Rodrigues

Que a Feira do Livro é um ambiente freqüentado por fa-mintos por cultura, todo mundo sabe. O evento é um prato cheio para os apaixonados por literatura. Mas nem só de fome de saber se faz a Feira. Entre uma palestra aqui e uma sessão de autógrafos ali, difícil não perceber o cheiro tenta-dor que vem da Praça de Alimentação.

Ao circular pela Feira, muita gente se deixa seduzir pelo aroma saboroso de cachorro-quente. Em uma banca simples, sem nome, mas com a melhor vista da feira, de frente para o palco principal, a vendedora Clarisse Tesseler, 23 anos, espia os escritores e suas palestras. Tudo sem se descuidar do preparo do lanche, que custa R$ 2 e ainda pode vir acom-panhado de um bom papo.

Santa-mariense dona de um sorriso tímido, Clarisse, que viveu desde criança em Restinga Seca, não esconde o amor pelos livros. Aluna dedicada, ela voltou para a cidade quando

Em 1968, dividiu-se entre a redação de A Razão e a revista Agora, de sua criação.

Foi freqüente colaborador dos jornais A Hora, Folha da Tarde e Jornal do Dia, de Porto Alegre. Em 1995, lançou seu primeiro livro individual. Trabalhou no jornal santa-mariense O Expresso até seu fim, em 1996. Em 2005, tor-nou-se patrono da Feira do Livro de São Sepé. Desde 2002, Bicca Larré escreve crônicas semanais no Diário de Santa Maria. Também ocupa uma cadeira na Academia Santa-Mariense de Letras, da qual é um dos fundadores.

Por Patric Chagas e Juliana Farias

Um cachorro-quente, por favorconseguiu se classificar em primeiro lugar em um simulado realizado por um cursinho daqui. De lá até a formatura no curso de Biologia, da UFSM, no início de 2008, passaram -se pouco mais de quatro anos.

“O último livro que eu li foi A Produção de Ignorância na Escola, da Lia Freitas. Agora quero ler um minidicionário de Biologia, que comprei aqui mesmo, na Feira”, diz.

Além da simpatia e do cachorro-quente da Clarisse, a Praça de Alimentação também tem pastel, que custa, em média, R$ 1,50; crepe, que sai por R$ 2; e latinhas de refrige-rante também por R$ 2.

Mas tudo isso se acaba e perde o sentido no dia que a Feira acabar. Diferente da história de Clarisse, que, ao que tudo indica, tem muito para contar, seja na aula de biologia, ou na conversa com quem busca um cachorro-quente.

Por Fabiano Pereira

De seus78 anos, Bicca Larrédiz que 50 sãosanta-marienses

Cocadas e rapaduras para adoçar a leitura

dade para comercializar seu produto e estar em contato com as pessoas.

Há muitos anos ele faz cocada e conta que aprendeu sozinho, desde o tempo em que morava no Rio de Janeiro, onde ele tinha um bar em Saquarema. João sempre gostou de gastronomia e hoje mora em Santa Maria. Em média, sua venda diária chega a mil cocadas.

Algumas pessoas pedem a receita, que segue em se-gredo. Além da cocada tradicional e com leite conden-sado, existem outros sabores como abacaxi, uva passa, cenoura, maracujá, amendoim e café. Antes eram feitas com açúcar mascavo, mas hoje ele faz somente com leite condensado.

A rapadura é outro doce presente na gastronomia da Feira. O vendedor Pierre Machado da Costa, 42 anos, há oito anos, vende rapaduras. Ele participa de uma coopera-tiva e esta é a segunda Feira do Livro em que participa.

Pierre garante que a Feira chama mais público. A venda de aproximadamente 800 rapaduras por dia per-mite ajudar no sustento de sua família.

Por Renata Araújo Ceratti

Page 8: Jornal ABRA - 12ª edição

maio / 2008

Jornal Experimental do Curso deComunicação Social - Jornalismo - UNiFRa

12ª Impressão

Depois do bate-papo, o rapper Gabriel, o Pensador ajudou fãs a registrarem o encontro

Fotos Mariana Silveira

Fotos Mariana Silveira

Flagrantes da Feira 2008

Clowns do grupo Saca-Rolhas resgataram movimento Maio de 68

Nos diversos estandes, destaque para os protagonistas: os livros

Autógrafo do patrono J. Bicca Larré

Francine Boijink

Um livrinho aqui, um doce ali... e o sorriso de encantamento da meninada

O olhar atento dos alunos-fotógrafos da equipe de

Assessoria de Imprensa da Feira do Livro 2008 assegurou dezenas de registros deste

período em que praça se torna uma grande biblioteca. Confira galerias de fotos, notícias e outras informações em www.feiradolivrosantamaria.com.br.

Fotos Mariana S

ilveira