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  • INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011 1

    INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASILRua Alfredo Guedes, 1949 - Edifcio Rcz Center, sala 701 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - Website: www.ipni.org.br - E-mail: [email protected]

    13416-901 Piracicaba-SP, Brasil

    Desenvolver e promover informaes cientficas sobre o manejo responsvel dos nutrientes das plantas para o benefcio da famlia humana

    MISSO

    1 Este trabalho foi submetido pelo autor seguindo as normas do Prmio IPNI Brasil em Nutrio de Plantas, dentre as quais estabelece que o premiado deve escrever um artigo para o jornal Informaes Agronmicas. Dr. Ibanor Anghinoni foi o escolhido para o Prmio em 2011.

    2 Parte do trabalho apresentado no III Encontro de Integrao Lavoura-Pecuria no Sul do Brasil, Pato Branco, PR, 05 a 07 de julho de 2011.3 Docente Convidado do Departamento de Solos, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS; Consultor

    Tcnico do IRGA; email: [email protected] Aluna de Doutorado do Programa de Ps-Graduao em Cincia do Solo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS; email: [email protected]

    Abreviaes: Cr = cromo, F = flor, I = iodo, N = nitrognio, P = fsforo, K = potssio, Ca = clcio, Mg = magnsio, S = enxofre, Sn = estanho, B = boro, Cu = cobre, Fe = ferro, Mn = mangans, Na = sdio, Se = selnio, Si = silcio, Zn = zinco, V = vandio.

    Ibanor Anghinoni3Joice Mari Assmann4

    CICLAGEM DE NUTRIENTES EM SISTEMADE INTEGRAO SOJA-PECURIA DE CORTE EM

    PLANTIO DIRETO E IMPLICAES NA ADUBAO1,2

    INFORMAESAGRONMICAS

    No 136 DEZEMBRO/2011

    1. CONTEXTUALIZAO

    No contexto da integrao lavoura-pecuria, a cicla-gem de nutrientes deve incluir aqueles elementos tradicionalmente considerados como essenciais s plantas, bem como aqueles essenciais aos seres vivos componen-tes do sistema. Assim, cromo (Cr), estanho (Sn), flor (F), iodo (I), selnio (Se), silcio (Si), sdio (Na) e vandio (V), no tidos como essenciais s plantas, so, porm, essenciais aos seres vivos e passam a constituir parte do sistema. Nesta abordagem, alguns nutrientes carbono (C), oxignio (O), hidrognio (H) e nitrognio (N) so considerados construtores dos organismos, e os demais, em quantidades maiores, so definidos como macronutrientes, ou em quantidades menores, como micronutrientes.

    Entende-se a ciclagem de nutrientes como o movimento (fluxo) dos elementos entre os diversos compartimentos do sistema de produo agropecuria (atmosferaplantaanimalsolo), em uma srie de processos que ocorrem nos respectivos ciclos biogeoqu-micos. A ciclagem envolve, ento, a medio da quantidade e da velocidade de transferncia dos elementos de um compartimento ao outro, chegando-se, ao final, no balano de nutrientes do sistema. O pleno conhecimento da ciclagem importante para o uso eficiente

    dos nutrientes do solo, dos resduos e dos fertilizantes, desde que se conhea a sincronia entre sua disponibilizao e a demanda da cultura instalada, o que permite estabelecer a adubao para o sistema de produo.

    Os nutrientes presentes nos ecossistemas se movimen-tam entre os diversos compartimentos em ciclos denominados biogeoqumicos, estudados pela Biogeoqumica cincia que trata da troca ou da circulao de matria e energia entre os componentes vivos e fsico-qumicos da biosfera. O componente biolgico (bio) se relaciona aos organismos vivos interagindo no processo de sntese orgnica e decomposio das substncias; o componente geolgico (geo) se refere ao meio terrestre (mineral) como fonte dos elementos (nutrientes); e o componente qumico considera propriamente os ciclos dos elementos. Desta forma, as plantas, absorvendo nutrientes e gua do solo e incorporando carbono (via fotossntese), promovem o crescimento e a produ-o de biomassa (parte area e razes) que, aps cumprirem sua finalidade, retornam ao solo na forma de resduo vegetal. Na sua decomposio, liberam CO2 e nutrientes ou, ainda, formam compostos orgnicos complexos (hmus) a matria orgnica estvel do solo que, de forma lenta e gradativa, libera tambm CO2 e nutrientes minerais.

  • 2 INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011

    INFORMAES AGRONMICAS

    Publicao trimestral gratuita do International Plant Nutrition Institute (IPNI), Programa Brasil. O jornal publica artigos tcnico-cientficos elaborados pela

    comunidade cientfica nacional e internacional, visando o manejo responsvel dos nutrientes das plantas.

    COMISSO EDITORIAL

    EditorLus Igncio ProchnowEditores Assistentes

    Valter Casarin e Silvia Regina StippGerente de DistribuioEvandro Luis Lavorenti

    INTERNATIONAL pLANT NuTRITION INSTITuTE (IpNI)

    presidente do Conselho Joachim Felker (K+S Group)

    Vice-presidente do ConselhoStephen R. Wilson (CF Industries Holdings Inc.)

    TesoureiroMhamed Ibnabdeljalil (OCP Group)

    presidenteTerry L. Roberts

    Vice-presidente, Coordenador do Grupo da sia e frica

    Adrian M. Johnston

    Vice-presidente, Coordenadora do Grupo do Oeste Europeu/sia Central e Oriente Mdio

    Svetlana Ivanova

    Vice-presidente Senior, Diretor de pesquisa eCoordenador do Grupo das Amricas e Oceania

    Paul E. Fixen

    pROGRAMA BRASIL

    DiretorLus Igncio Prochnow

    Diretor AdjuntoValter Casarin

    publicaesSilvia Regina Stipp

    TI e Assistente AdministrativoEvandro Luis Lavorenti

    Assistente AdministrativoRenata Fiuza

    ASSINATuRAS Assinaturas gratuitas so concedidas mediante aprovao prvia da diretoria. O cadastramento pode ser realizado no

    site do IPNI: www.ipni.org.brMudanas de endereo podem ser solicitadas por email

    para: [email protected]

    NOTA DOS EDITORES

    Todos os artigos publicados no Informaes Agronmicas esto disponveis em formato pdf no website do IPNI Brasil:

    Opinies e concluses expressas pelos autores nos artigos no reetem necessariamente as mesmas do IPNI ou dos editores deste jornal.

    N0 136 DEZEMBRO/2011

    CONTEDO

    Ciclagem de nutrientes em sistema de integrao soja-pecuria de corte em plantio direto e implicaes na adubaoIbanor Anghinoni, Joice Mari Assmann ....................................................1

    Ao do gesso e do calcrio na relao Ca:Mg do solo e na produtividade da cana-de-acarJos Luiz Ioriatti Dematt ........................................................................ 11

    IpNI em Destaque ..................................................................................17

    Divulgando a pesquisa ...........................................................................18

    painel Agronmico .................................................................................20

    Cursos, Simpsios e outros Eventos .....................................................22

    publicaes Recentes .............................................................................23

    ponto de Vista .........................................................................................24

    FOTO DESTAQUE

    A EquIpE DO IpNI BRASIL DESEjA A TODOS uM FELIz NATAL E uM 2012 REpLETO DE REALIzAES! Dr. Lus Prochnow, Silvia Stipp, Dr. Valter Casarin, Renata Fiuza e Evandro Lavorenti

    Esta publicao foi impressa e distribuda com o apoio financeiro parcial das seguintes instituies/empresas:

    ABISOLOFERTILIzANTES HERINGER S.A.

    YARA BRASIL FERTILIzANTES S.A.

  • INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011 3

    A entrada do animal no sistema produtivo modifica os flu-xos entre os compartimentos, por haver ingesto de nutrientes, via consumo da forragem, sua digesto e posterior retorno ao sistema (CAVALCANTE, 2011). Alm de impor heterogeneidade em uma srie de variveis, a presena do animal altera os fluxos de nutrien-tes, em sua natureza e magnitude, modificando o funcionamento do sistema. Neste particular, o solo pode ser considerado o comparti-mento centralizador de processos e aquele que captura o sentido, maior ou menor, das modificaes do sistema (ANGHINONI et al., 2010; CARVALHO et al., 2010). Enquanto os cultivos se sucedem, tanto quanto a presena dos animais, o solo o nico compartimento a permanecer convergindo alteraes em seus atributos e proprieda-des ao longo do tempo. O animal em pastejo, por sua vez, pode ser considerado o elemento catalisador que cicla e/ou recicla o material vegetal e modifica profundamente a dinmica dos nutrientes nos diversos compartimentos do sistema, conforme ilustra a Figura 1.

    As pesquisas sobre ciclagem de nutrientes em sistemas de integrao lavoura-pecuria (ADAMI, 2009; KOSELINSKI, 2009; BORTOLLI, 2010) esto em franco progresso no Brasil, porm, so ainda incipientes e abordam o seu fluxo somente entre alguns dos compartimentos do sistema. Basicamente, consistem na decompo-sio de resduos (palhada e excreta) e a consequente liberao de nutrientes, em sacos de decomposio (litter bags) no campo, na forma de taxas e tempos de meia-vida, pelo ajuste (R2) de modelos no lineares (WIEDER e LANG, 1982) em relao natureza dos resduos (lbil e recalcitrante). , entretanto, importante conhecer a ciclagem dos nutrientes em sistemas integrados de longa durao e em plantio direto, pois as adies e as perdas de carbono e de energia modificam o estado de organizao do solo e o prprio funcionamento do sistema agropecurio (MIELNICzuK et al., 2003).

    2. CICLAGEM DE FSFORO E DE POTSSIO NA INTEGRAO SOJA-BOVINOS DE CORTE EM PLANTIO DIRETO

    Para ilustrar essa temtica, far-se- o uso de um protocolo experimental de longa durao, instalado em 2001 em Latossolo Vermelho distrofrrico na regio do Planalto Mdio do Rio Grande do Sul (CASSOL, 2003). A rea original (22 ha) de campo nativo foi convertida em lavoura, cultivada no sistema plantio direto a partir de 1993, para a produo de soja, no vero, e de sementes de aveia preta, no inverno. Os tratamentos constam de diferentes alturas (10 cm, 20 cm, 30 cm e 40 cm) de manejo do pasto (aveia preta mais azevm) e um tratamento de referncia (sem pastejo), no inverno (Figura 2), e o cultivo da soja, no vero. Nesse con-texto, a intensidade de pastejo que determina a sustentabilidade do sistema, pois, ao manejar o nmero de animais por unidade de rea e a sua distribuio no espao, define-se a capacidade da fase pastagem em prover o balano positivo ou negativo de carbono no sistema.

    O manejo correto do pasto, o bom pastejo, conforme consta em Carvalho et al. (2011), decisivo no somente para a obteno de elevados rendimentos na fase de produo animal, mas tambm para garantir a alta produtividade da cultura de vero, no caso, a soja. Os animais devem ser colocados em reas onde haja pasto em oferta adequada para que possam se alimentar de forma a no causarem prejuzos ao solo (compactao) e ao sistema. Se o objetivo obter os produtos oriundos do animal, fundamental ter como meta adequar a taxa de lotao disponibilidade de forragem. Excesso de animais prejudica o crescimento do pasto e penaliza o seu desempenho, enquanto lotaes muito baixas so ineficientes em transformar pasto em renda. O bom pastejo deve remover uma

    Figura 1. Representao esquemtica do ciclo biogeoqumico de nutrientes no sistema de integrao soja-bovinos de corte. Fonte: Wesp (2010).

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    quantidade de rea foliar que no prejudique a interceptao da luz, alm de otimizar o crescimento do pasto e a produo animal. No caso da presente integrao soja-bovinos de corte, essa meta vai alm, pois a rea, depois de pastejada, deixa resduos (pastagem e excretas) diferenciados, tanto em quantidade quanto em com-posio (lignina e celulose), que apresentaro diferentes taxas de decomposio e, portanto, de liberao de nutrientes para a cultura de soja. Esta, por sua vez, depois da colheita dos gros, deixa re-sduos de diferentes naturezas (folhas e caules), cuja quantidade e composio depender dos efeitos da intensidade de pastejo sobre seu desenvolvimento.

    2.1. Decomposio dos resduos do pastejo e da soja

    As quantidades de resduos gerados no ciclo (2010/11) bovinos de corte-soja (Tabela 1) foram elevadas, sendo as diferenas (de 7,47 t ha-1 para 11,93 t ha-1) determinadas essencialmente pelos res duos de pasto, mesmo que o esterco tenha variado em ordem inversa. Quanto aos resduos de soja, estes no foram alterados com a intensidade de pastejo.

    A dinmica de decomposio dos resduos foi, por sua vez, determinada pela natureza de seus constituintes, assim denomina-dos: lbil e recalcitrante, isto , de fcil e de difcil decomposio, respectivamente, determinados pelos teores de celulose e de lig-nina. A decomposio dessas formas pode ser concomitante ou de forma separada (primeiro, a lbil e, depois, a recalcitrante) e identificada pelo ajuste de equaes no lineares (WIEDER e LANG, 1982). O tempo de meia vida (T1/2), isto , o tempo

    para decompor a metade do resduo ou para liberar a metade do nutriente do resduo, tem sido utilizado para comparar os efeitos do manejo do sistema na liberao dos nutrientes. Nessa perspec-tiva, quando o ajuste das funes for maior para a decomposio separada, resultar em um nico T1/2 (frao lbil) e, quando o ajuste indica decomposio conjunta, resultar em dois T1/2 (frao lbil e recalcitrante).

    Nota-se que o tempo de meia vida (T1/2) da frao recalcitrante dos diferentes resduos elevado (Tabela 2), porm, varia com as diferentes alturas de manejo de pasto, sendo menores nos resduos de folhas de soja (142 a 149 dias), e maiores nos resduos de esterco (179 a 303 dias) e de pasto (175 a 582 dias), indicando ser a sua de-

    Figura 2. Alturas de manejo do pasto (aveia preta + azevm) em sistema de integrao soja-bovinos de corte em plantio direto. Fonte: Cassol (2003).

    Tabela 1. Quantidade de resduos produzidos nos diferentes comparti-mentos em um ciclo de pastejo-soja (junho/2009 a maio/2010).

    ResduoAlturas de manejo do pasto (cm) Sem

    pastejo10 20 30 40

    - - - - - - - - - - - - - - - - (t ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - -Pasto 1,33 3,24 4,64 6,24 6,14Esterco 1,34 0,90 0,69 0,57 0,00Soja - caules 2,71 2,81 2,87 2,56 2,87Soja - folhas 2,09 2,39 2,59 2,56 2,85Total 7,47 9,34 10,79 11,93 11,86

    Fonte: Assmann (2011).

    Sem pastejo

  • INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011 5

    composio mais importante no ciclo subsequente da prpria cultura. A decomposio da frao lbil, entretanto, rpida em todos os resduos, sendo, porm, menor no esterco (5 a 16 dias), e maior nas folhas de soja (16 a 23 dias), no resduo de pasto (13 a 40 dias) e, por fim, nos caules da soja (58 a 66 dias). Entretanto, essa frao (lbil) representa somente 8%, 35% e 38% do total do fsforo nas folhas de soja, no pasto e no esterco, respectivamente. No caso dos caules de soja, o tempo de meia-vida, considerando o ajuste nico para a frao lbil, relativamente elevado (58 a 66 dias).

    Como visto anteriormente (Tabela 2), a decomposio do resduo de pasto mais demorada do que a do esterco e, em ambos os casos, com menor persistncia nos pastejos moderados (20 e 30 cm de altura), considerando o tempo de meia vida (T1/2) da frao lbil, que foi menor e com ajuste nico para a pastagem, indicando decomposio separada, iniciando pela frao lbil. O re-sduo de pasto, em pastejo moderado, decompe-se mais facilmente em funo da constante rebrota e maior presena de folhas, colmos e perfilhos jovens, ao contrrio do que ocorre em pastejo intenso ou sem pastejo, que resultam, de acordo com Assmann (2011), em acmulo de componentes mais lignificados (em mdia 12%, contra 9% no pastejo moderado). A decomposio dos resduos da soja, tanto da frao lbil (folhas e caules) quanto da frao recalcitrante (caules), no foi afetada pela intensidade de pastejo, sendo a frao lbil das folhas decomposta mais rapidamente do que a dos caules, e a frao recalcitrante das folhas, mais rapidamente do que a dos resduos de pasto e de esterco.

    2.2. Liberao de fsforo e de potssio pela decomposio dos resduos

    As quantidades de fsforo e de potssio dos resduos (Tabela 3), liberadas a partir da sua decomposio (Tabela 1), tambm foram determinadas pelo ajuste a modelos de regresso no lineares aos valores observados, concomitante ou de forma separada (primeiro, a lbil e, depois, a recalcitrante). Nota-se que as quantidades de fsforo foram menores do que as de potssio nas culturas (pasta-gem e soja) e um pouco superiores no esterco (Tabela 3). Ambos os nutrientes (P e K) foram encontrados majoritariamente nos resduos de pasto, que aumentaram com a diminuio da inten-sidade de pastejo (Tabela 1). As quantidades desses nutrientes liberadas pelos resduos de soja no sofreram alterao sob a ao do pastejo anterior.

    Para o fsforo (Tabela 4), exceo para sua liberao das folhas (decomposio separada, primeiro a frao lbil), o maior ajuste ocorreu para a decomposio conjunta dos constituintes (lbeis e recalcitrantes). O tempo de meia vida (T1/2) da frao recalcitrante dos diferentes resduos elevado, sendo, entretan-to, menor nas folhas de soja (142 a 149 dias, entre as alturas de pastejo), seguido do esterco (179 a 303 dias) e do pasto (175 a 502 dias), indicando ser o suprimento de fsforo dessa forma, somente importante no ciclo subseqente da prpria cultura. A decomposio da frao lbil, entretanto, rpida para todos os resduos, sendo, porm, menor para o esterco (5 a 16 dias),

    Tabela 2. Tempo de meia vida (T1/2) da decomposio dos resduos nos diferentes compartimentos em um ciclo de pastejo-soja (junho/2009 a maio/2010).

    Resduo FraoAlturas de manejo do pasto (cm)

    Sem pastejo 10 20 30 40

    - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (dias) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

    Pasto(1)Lbil 25 13 13 40 25

    Recalcitrante 462 175 582 422 302

    Esterco bovino(1)Lbil 10 5 15 16 -

    Recalcitrante 303 179 266 294 -

    Soja - folhas(2)Lbil 16 18 23 18 18

    Recalcitrante 145 142 149 142 142

    Soja - caules(2) Lbil 58 58 61 58 66

    (1) Coletado em novembro de 2009; (2) Coletado em abril de 2010.Fonte: Assmann (2011).

    Tabela 3. Quantidade de nutrientes nos diferentes resduos das culturas e do esterco em um ciclo de pastejo-soja (junho/2009 a maio/2010).

    Altura de manejo

    Resduo de pasto(1) Resduo de esterco(1) Resduo de folhas de soja(2) Resduo de caules de soja(2)

    p K p K p K p K

    (cm) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (kg ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -10 4 16 13 9 4 26 4 3120 6 39 12 7 4 34 5 3030 10 62 12 7 4 33 5 3240 15 86 11 6 5 36 4 30

    SP(3) 18 85 - - 6 37 5 42

    (1) Coletado em novembro de 2009; (2) Coletado em abril de 2010; (3) SP = sem pastejo.Fonte: Assmann (2011).

  • 6 INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011

    seguido das folhas de soja (16 a 23 dias), do resduo de pasto (13 a 40 dias) e, por fim, do caule da soja (58 a 66 dias). Essa frao (lbil) representa somente 8%, 35% e 38% do total do fsforo nas folhas de soja e nos resduos de pasto e do esterco, respectivamente. No caso dos caules de soja, o tempo de meia-vida, considerando o ajuste nico para a frao lbil, relativamente elevado (58 a 66 dias). O tempo de meia-vida mais baixo para a liberao de fsforo dessas fraes (lbeis) est relacionado ao menor teor de lignina em relao frao recalcitrante (ASSMANN, 2011).

    Na liberao de potssio dos diferentes resduos (Tabela 5), foi considerado unicamente o ajuste para a frao lbil, uma vez que o mesmo no faz parte de constituintes estruturais dos resduos e rapidamente disponibilizado. Isto pode ser verificado pelo tempo de meia-vida bastante baixo para todos os resduos: folhas de soja (89 dias, entre as alturas de pastejo), esterco (1112 dias), caules de soja (1215 dias) e resduo de pasto (1518 dias) sendo, em todos os casos, pouco afetado pela intensidade de pastejo, o que indica a sua liberao imediata para a prpria cultura (pastagem e soja) e ciclagem no sistema.

    2.3. Suprimento de fsforo e potssio pela ciclagem dos resduos

    2.3.1. Suprimento de fsforo dos resduos do pastejo para a soja

    A partir dos modelos ajustados para as fraes lbeis e recalcitrantes, foram estimadas as quantidades de fsforo libera-

    das ao longo do tempo de decomposio dos resduos de pastejo (Figura 3). A quantidade total liberada a partir do final do pastejo (Figura 3C), resultante do somatrio daquela proveniente do resduo do pasto (Figura 3A) e do esterco (Figura 3B), foi de 6,8 kg ha-1, no pastejo a 10 cm, a 12,4 kg ha-1, a 40 cm. Essas quantidades, mesmo diferenciadas entre as alturas de manejo do pasto, so significativas, pois correspondem de 26% a 47% da dose indicada pela CQFS- RS/SC (2004), de 26,2 kg ha-1 de P (60 kg ha-1 P2O5), para uma produtividade de soja de 4 t ha-1, em solos com teor disponvel de fsforo na faixa de suficincia (acima do teor crtico). As quanti-dades liberadas desse nutriente de 4,0 a 7,5 kg ha-1 de P (11,6 a 16 kg ha-1 P2O5) entre os tratamentos, so tambm importantes para o estabelecimento da soja, que ocorre at aproximadamente 45 dias da retirada dos animais do pasto. Considerando que o fsforo se encontra na forma orgnica nos resduos, a sua liberao gradativa restringe a possibilidade de sua reteno aos xidos-hidrxidos de Fe e Al, elevados nesse solo, e pode levar a uma utilizao mais eficiente pelas plantas, quando comparada aplicao de adubos minerais prontamente solveis.

    2.3.2. Suprimento de fsforo dos resduos da soja para a pastagem

    A liberao de fsforo dos resduos da soja folhas (Figura 4A) e caules (Figura 4B) para a pastagem, cultivada na sequncia, relativamente pequena (Figura 4C) em relao demanda, espe-cialmente no perodo de seu estabelecimento, que ocorre em torno

    Tabela 4. Tempo de meia vida (T1/2) do fsforo em fraes e resduos no sistema de integrao soja-bovinos de corte sob diferentes intensidades de pastejo (junho/2009 a maio/2010).

    Resduo Frao

    Alturas de manejo do pasto (cm)Sem pastejo

    10 20 30 40- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (dias) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

    Pastagem(1)Lbil 25 13 13 40 25

    Recalcitrante 462 175 582 422 302

    Esterco bovino(1)Lbil 10 5 15 16 -

    Recalcitrante 303 179 266 294 -

    Soja - folhas(2)Lbil 16 18 23 18 18

    Recalcitrante 145 142 149 142 142

    Soja - caules(2) Lbil 58 58 61 58 66

    (1) Coletado em novembro de 2009; (2) Coletado em abril de 2010.Fonte: Assmann (2011).

    Tabela 5. Tempo de meia vida (T1/2) de potssio em fraes e resduos no sistema de integrao soja-bovinos de corte sob diferentes intensidades de pastejo (junho/2009 a maio/2010).

    Resduo Frao

    Alturas de manejo do pasto (cm)Sem pastejo

    10 20 30 40- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (dias) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

    Pastagem(1) Lbil 15 18 18 18 15Esterco bovino(1) Lbil 11 11 12 11 -Soja - folhas(2) Lbil 9 9 8 8 8Soja - caules(2) Lbil 15 15 12 15 18

    (1) Coletado em novembro de 2009; (2)Coletado em abril de 2010.Fonte: Assmann (2011).

  • INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011 7

    Figura 3. Liberao de fsforo dos resduos de pastejo (A), de esterco (B) e quantidade acumulada do elemento (C) para a soja cultivada em sequncia. Fonte: Assmann (2011).

    Figura 4. Liberao de fsforo dos resduos de folhas de soja (A), de caules (B) e quantidade acumulada do elemento (C) para o pasto cultivado em sequncia. Fonte: Assmann (2011).

    de um ms aps a colheita da soja. Essa liberao, em funo do manejo do pasto, pouco variou at o final do perodo de avaliao (150 dias) de 3,0 kg ha-1 no pastejo intenso (10 cm) a 5,0 kg ha-1 no tratamento sem pastejo (SP) , como resultado da contribuio diferenciada da frao recalcitrante dos resduos de pasto e de es-terco (tempo longo de meia-vida), e no dos resduos de soja, que no se diferenciaram entre as intensidades de pastejo (Tabela 5).

    2.3.3. Suprimento de potssio dos resduos do pastejo para a soja

    A liberao acumulada de potssio pelos resduos de pasto e de esterco (Figura 5C) rpida e seguiu um padro muito seme-lhante entre as intensidades de pastejo. As quantidades de potssio liberadas na decomposio do pasto (Figura 5A) e do esterco (Figura 5B), ao longo do tempo, foram elevadas, seguindo a ordem: SP, com 78 kg ha-1; no pastejo leve (30 cm), com 77 kg ha-1; no pastejo moderado (30 cm), com 70 kg ha-1; no pastejo moderado (20 cm), com 45 kg ha-1; e no pastejo intenso (10 cm), com 35 kg ha-1. Essas quantidades so relevantes, representando 99% (tratamento SP) a 44% (pastejo intenso - 10 cm) da quantidade de 79 kg ha-1 de K (95 kg ha-1 K2O) para uma produtividade de 4 t ha

    -1 de gros de soja, considerando que os teores disponveis no solo se encontram na

    faixa de suficincia (CQFS-RS/SC, 2004). importante tambm considerar que, em funo da rpida liberao de potssio dos resduos, quantidades elevadas, de 20 kg ha-1, no pastejo intenso, a 50 kg ha-1, no sem pastejo e pastejo leve (40 cm), so disponibi-lizadas na poca do estabelecimento da soja.

    2.3.4. Suprimento de potssio dos resduos da soja para a pastagem

    A liberao acumulada de potssio (Figura 6C) dos resduos das folhas (Figura 6A) e dos caules (Figura 6B) foi rpida e em gran-des quantidades, quer para o estabelecimento da pastagem (ao redor de 20 kg ha-1), quer no final do perodo de avaliao, chegando a 55 kg ha-1 no pastejo intensivo e a 70 kg ha-1 no sistema sem pastejo.

    3. CICLAGEM DE FSFORO E DE POTSSIO E RECOMENDAES DE ADUBAO PARA O SISTEMA DE INTEGRAO LAVOURA-PECURIA

    Tendo em vista os valores dos indicadores de fertilidade do solo no experimento serem elevados (CARVALHO et al., 2011), conforme CQFS-RS/SC (2004), ou seja: matria orgnica = 4,5%

  • 8 INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011

    (mdio/alto); P disponvel = 25 mg dm-3 (muito alto) e K = 120 mg dm-3 (muito alto), e por se tratar de uma rea cultivada por longo tempo, aplicou-se, a partir da safra 2005/06, somente nitrognio (45 kg ha-1) em cobertura na pastagem (aveia preta + azevm), e P2O5 e K2O, na quantidade de 60 kg ha

    -1, de ambos, na semeadura da soja (Tabela 6). Considerando as caractersticas da rea plantio direto desde 1993, com integrao soja-bovinos de corte desde 2011 esperava-se uma contribuio significativa da ciclagem e, por isso, as adubaes aplicadas foram menores do que as reco-mendadas pela CQFS-RS/SC para pastagem e para soja (Tabela 6).

    No balano anual do sistema, considerando-se somente as entradas (adubos) e sadas (produtos) dos nutrientes, tem-se:

    P2O5 [60 kg ha-1 (35 kg ha-1 + 6 kg ha-1)] = + 17 kg ha-1 e

    K2O [60 kg ha-1 (63 kg ha-1 + 0,6 kg ha-1)] = -3,6 kg ha-1

    Portanto, haveria um pequeno saldo de fsforo (+ 7 kg ha-1) e um pequeno dficit de potssio (-3,9), havendo exportao signi-ficativa de nutrientes somente via gros retirados da lavoura, uma vez que as quantidades desses nutrientes removidas pelos animais so pequenas, especialmente de potssio.

    O balano desses nutrientes, entretanto, modifica-se consi-deravelmente quando se considera a sua liberao pela ciclagem durante o perodo de desenvolvimento das culturas: do pastejo para a soja, de 75 dias, e da soja para a pastagem, de 130 dias (Tabela 6). Verifica-se, nesse novo balano, que o saldo amplamente positivo para os dois nutrientes:

    P2O5 (60 kg ha-1 + 14 kg ha-1 + 9 kg ha-1) (35 kg ha-1 +

    6 kg ha-1) = 42 kg ha-1 e K2O (60 kg ha

    -1 + 62 kg ha-1 + 73 kg ha-1) (63 kg ha-1 + 0,6 kg ha-1) = 131,3 kg ha-1

    A contribuio da ciclagem dos elementos no suprimento de nutrientes s plantas grande e determinada pela quantidade elevada de resduos no sistema (Tabela 1) e pelo contedo dos nutrientes nos diferentes resduos (Tabela 3) e respectivas taxas de decomposio (Tabela 2, Tabela 4 e Tabela 5) e liberao para as plantas (Figura 3 a Figura 6). Os trabalhos de ciclagem devem incluir tambm a contribuio de outros compartimentos que participam do fluxo de nutrientes no sistema solo-planta-animal-atmosfera, quais sejam: urina, gases, razes e a prpria matria orgnica estabilizada.

    Figura 6. Liberao de potssio dos resduos de folhas de soja (A), de caules (B) e quantidade acumulada do elemento (C) para o pasto cultivado em sequncia. Fonte: Assmann (2011).

    Figura 5. Liberao de potssio dos resduos de pasto (A), de esterco (B) e quantidade acumulada do elemento (C) para a soja cultivada em sequncia. Fonte: Assmann (2011).

  • INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011 9

    Tabela 6. Recomendao de adubao em funo dos teores no solo (CQFS RS/SC, 2004), adubao utilizada na Fazenda, exportao pelos produtos e ciclagem dos nutrientes na safra 2009/10.

    Cultura/Nutriente

    Adubao Exportao pelos produtos Ciclagem

    2

    CqFS-RS/SC1 Fazenda

    - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (kg ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

    pastagem Carne bovina1 pasto + esterco4

    Nitrognio (N) 70 45 14 -6

    Fsforo (P2O5) 50 0 6 14 Potssio (K2O) 50 0 0,6 62

    Soja Gros3 Folha + caule5

    Nitrognio (N) 0 0 167 -6

    Fsforo (P2O5) 60 60 35 9 Potssio (K2O) 95 60 63 73

    1Comisso de Qumica e Fertilidade do Solo RS/SC (2004); 2Quantidades exportadas por carga animal de 400 kg PV ha-1 (mdia dos tratamentos de pastejo); 3Quantidades exportadas por 2,8 t ha-1 de gros de soja (mdia de oito safras e dos tratamentos); 4Quantidades liberadas at 75 dias a partir da semeadura da soja; 5Quantidades liberadas at 130 dias a partir da semeadura da pastagem; 5No determinado. Fonte: Adaptada de Assmann (2011).

    Apesar dos aspectos positivos da incluso da ciclagem de nutrientes na definio das recomendaes de adubao, existe outro aspecto fundamental a ser considerado na produo integrada de sistemas agropecurios, em manejos conservacio-nistas de alta fertilidade do solo, que a alterao do perodo de adubao. De fato, no lgico aplicar, na semeadura da soja, grande quantidade de adubo (240 kg ha-1 da frmula 02525 = 60 kg ha-1 de P2O5 e K2O), aps a sada dos animais que, na mdia de 10 anos e dos tratamentos de pastejo (PV = 400 kg ha-1), exportam somente 6 kg ha-1 e 0,6 kg ha-1 de P2O5 e K2O, respectivamente (Figura 7). Da mesma forma, no lgico adubar a pastagem somente com nitrognio, at a safra 2009/10 (dois sacos de uria/ha = 45 kg ha-1 de N), aps a colheita da soja que, na mdia de oito safras, exportou 167 kg ha-1, 35 kg ha-1 e 63 kg ha-1, respectivamente, de N, P2O5 e K2O. Considerando o funcionamento do sistema, o ideal modificar o sistema de adubao, ou seja, adubar mais a pastagem (N, P, K) e menos a soja (P, K), o que resultar em maior rendimento do pasto e do animal, os quais ciclam e reciclam quantidades de nutrientes superiores s demandas da cultura da soja.

    4. CONSIDERAES FINAIS

    O movimento dos nutrientes entre os diversos comparti-mentos em sistemas que envolvem o solo, a planta e o animal complexo. As pesquisas sobre a ciclagem de nutrientes em sistemas integrados de produo agrcola no Brasil esto em franco progres-so, porm so ainda incipientes e abordam o fluxo de nutrientes somente entre alguns compartimentos do sistema. H necessidade de se conhecer o fluxo e a dinmica dos nutrientes entre todos os compartimentos do sistema, especialmente nos que ocorrem no perfil do solo (razes e hmus), considerando ainda o estado de fertilidade do solo em sistemas de produo integrada com balan-o positivo de carbono. As metas de um melhor aproveitamento dos nutrientes e do estabelecimento de adubao eficiente para os sistemas integrados somente sero atingidas com o entendimento e a quantificao dos processos que envolvem a ciclagem de nu-trientes. A contribuio da ciclagem no suprimento de fsforo e de potssio elevada, superando, em muitos casos, a adubao,

    provocando balanos positivos. Entretanto, maior eficincia da adubao somente ser obtida quando houver sincronia entre o suprimento de nutrientes pelo solo, pela ciclagem e pela aduba-o, e estiver priviligiando o sistema de produo como um todo (adubao de sistema).

    5. LITERATURA CITADA

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    ANGHINONI, I.; CARVALHO, P. C. F.; MORAES, A.; SOuzA, E. D.; CONTE, O.; LANG, C. R. Benefcios da integrao lavoura- pecuria sobre a fertilidade do solo em sistema plantio direto. In: FONSECA, A. F.; CAIRES, E. F.; BARTH, G. (Ed.). Fertilidade do solo e nutrio de plantas no sistema plantio direto. Ponta Grossa: AEAGPG, 2011. p. 272-309.

    ASSMANN, J. M. Ciclagem e estoque de nutrientes em sistema de integrao soja-bovinos de corte sob plantio direto. 2011. 81 f. Exame de Qualificaouniversidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2011.

    BORTOLLI, M. A. Influncia de perodos de pastejo em trigo duplo propsito sobre a decomposio e liberao de nutrientes da palhada em sistema de integrao lavoura-pecuria. 2010. 81 f. Dissertao (Mestrado)universidade Tecnolgica Federal do Paran, Pato Branco, PR, 2010.

    CARVALHO, P. C. F; ANGHINONI, I.; TAISE, R. K. et al. In-tegrao soja-bovinos de corte no Sul do Brasil. Porto Alegre: universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2011. 60 p. (Boletim Tcnico)

    CARVALHO, P. C. F.; ANGHINONI, I.; MORAES, A. et al. Managing grazing animals to achieve nutrient cycling and soil improvement in no-till integrated systems. Nutrient Cycling in Agroecosystems, v. 88, p. 259-273, 2010.

  • 10 INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011

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    CAVALCANTE, M. A. B. Reciclagem de excrees animais na pastagem. 2001. Disponvel em: . Acesso em: 11 abril 2011.

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    KOzELINSKI, S. M. produo de trigo duplo propsito e cicla-gem de nutrientes em sistema de integrao lavoura pecuria. 2009. 90 f. Dissertao (Mestrado)Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Pato Branco, PR, 2009.

    MENDES NETO, J. Sustentabilidade dos sistemas de pastejo: conceitos, mtodos e objetivos. Tpicos especiais em forragicultura,

    Viosa, MG, 2000. Disponvel em: Acesso em: 11 abril 2011.

    MIELNICzuK, J.; BAYER, C.; VEzzANI, F. M. et al. Manejo do solo e de culturas e sua relao com os estoques de carbono e nitrognio do solo. In: CuRI, N.; MARQuES, J. J.; GuILHERME L. R. G. (Ed.). Tpicos especiais em Cincia do Solo. Viosa: SBCS, 2003. p. 209-278.

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    WIEDER, R. K.; LANG, G. E. A critique of the analytical methods used in examining decomposition data obtained from litter bags. Ecology, v. 63, p. 1636-1642, 1982.

    Figura 7. Adubao, exportao e ciclagem de nutrientes no sistema de integrao soja-bovinos de corte em plantio direto no perodo 2001/2010.Fonte: Paulo Carvalho (Comunicao pessoal, 2011).

    240 kg ha-1 0-25-250 kg ha-1 N60 kg ha-1 P2O560 kg ha-1 K2O

    400 kg ha-1 PV

    14 kg ha-1 N6 kg ha-1 P2O50,6 kg ha-1 K2O

    Mdia de oito anos100 kg ha-1 45-00-0045 kg ha-1 N

    2,8 t ha-1 gros

    167 kg ha-1 N35 kg ha-1 P2O563 kg ha-1 K2O

    Adubaosistmica

    Fase pastagem

    Fase soja

  • INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011 11

    AO DO GESSO E DO CALCRIO NA RELAO CLCIO:MAGNSIO DO SOLO E NA

    PRODUTIVIDADE DA CANA-DE-ACAR

    INTRODUO

    Tem sido muito comum nos meios acadmicos, in-clusive em cursos de fertilidade de solo, assim como nas reas tcnicas das usinas de acar e nas reunies com especialistas na rea de nutrio, questionamentos relacionados influncia da relao Ca:Mg nos aspectos nutricio-nais da cultura da cana-de-acar inseridos do conceito de equi-lbrio de nutrientes no solo. De acordo com este conceito, um solo equilibrado deve apresentar, na capacidade de troca catinica (CTC), 45% a 50% de clcio, 12% a 15% de magnsio e 3% a 5% de potssio. Por outro lado, grande parte dos laboratrios de anlises de solos tambm apresentam, nas tabelas de resultados, diversas relaes entre nutrientes, inclusive a de Ca:Mg. Tem ha-vido casos em que se preconiza que a relao Ca:Mg deva ser 4:1 (BENITES, CARVALHO, REzENDE et al., 2009) ou valores prximos, inclusive com relaes mais estreitas. A questo que surge a seguinte: Qual seria a razo destes questionamentos, considerando que tanto o clcio como o magnsio, assim como os demais ctions do solo, apresentam raio inico e coordenao com molculas de gua diferentes e, portanto, sem nenhuma relao en-tre si? Ambos os ctions Ca e Mg so bivalentes, porm o clcio apresenta menor hidratao do que o magnsio e, apesar de estar em coordenao 6, octadrica (BLOSS, 1971), mais fortemente retido pelos colides do solo. O potssio, por ser monovalente, retido com menor fora, comparado ao clcio e ao magnsio.

    A gua do mar alcalina porque o sdio um dos primei-ros ctions a ser removido pelo intemperismo das rochas e dos solos e por apresentar maior grau de hidratao em relao ao potssio, vindo a seguir os demais ctions. Alis, a srie liotrpica nada mais do que uma sequncia lgica de reteno de ctions pelo solo. Em outras palavras, o solo tende a sempre apresentar maior teor de clcio do que de magnsio e maior teor de magn-sio do que de potssio, e este maior que de sdio. Um fator que pode alterar a posio do clcio em relao ao magnsio, tornan-do o clcio menos disponvel no solo, e de ocorrncia no mui-to comum, a presena de magnsio ocluso nos microagregados de solos muito intemperizados da regio do cerrado. Neste caso, por intermdio do processo de preparo das amostras de solos, as-sim como do processo analtico, este magnsio aparece com teor maior do que o de clcio. Outro caso ocorre em solos das regies semi-ridas, onde h possibilidade do teor de magnsio suplantar o de clcio, porm na forma de sais contidos na soluo do solo.

    Um dos trabalhos mais completos sobre a relao Ca:Mg est em um dos captulos do livro Acidez e calagem em solos tropicais, de autoria de Quaggio (2000). O autor aborda com muita propriedade este tema, assim como apresenta a origem do conceito de saturao por ctions no complexo de troca de ons, idealizado por Bear e Prince (1945), h 56 anos, e posteriormente por Bear e Toth (1948), a partir do qual surgiu o conceito de solo ideal de Bear. Neste conceito, o clcio ocupa cerca de 65% do complexo de troca, o magnsio 10%, o potssio 5% e o H 20%, considerando-se solo com argila de alta atividade.

    Resultados das anlises de inmeras amostras de solos rea lizadas no laboratrio do Departamento de Solos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba, SP, a maioria contendo argila de baixa atividade, mostraram saturao por bases de cerca de 65%, revelando distribuio de ctions no complexo de troca no muito diferente da observada no solo idea-lizado por Bear, porm, com patamares ligeiramente inferiores. De qualquer forma, estas relaes no so casuais, como indicado na srie liotrpica.

    O levantamento bibliogrfico nacional e internacional sobre o tema, apresentado primeiramente por Quaggio (2000), abran-gente, sendo incrementado posteriormente por Benites, Carvalho, Rezende et al. (2009). Nesses estudos, os autores comentam que importante manter adequados os nveis de clcio e magnsio no solo ao invs de se buscar uma relao ideal entre tais nutrientes, a qual no tem se mostrado relevante para a produtividade. Alm disso, salientam que relaes extremas afetam as plantas, porm tal fato no revela um efeito direto da relao Ca:Mg, mas sim a deficincia de um ou de outro nutriente. Na Bahia, por exemplo, observam-se perfis de Vertissolos com relaes Ca:Mg superiores a 12:1. Exemplo disso est na regio do Projeto Touro, onde, a despeito dos Vertissolos apresentarem relao Ca:Mg de 40:1, aumentando em profundidade, a produtividade da cana-de-acar no baixa. Em casos como esse, observa-se um efeito muito acentuado do material de origem do solo, muito rico em minerais contendo clcio. Entretanto, o teor de magnsio nestes solos tem- se mantido acima do limite mnimo, o que vem explicar, de um lado, a elevada relao Ca:Mg acompanhada de produtividade tambm elevada.

    Para a cultura da cana-de-acar, no h na literatura na-cional trabalho de pesquisa que relacione produtividade relao Ca:Mg, embora existam os mesmos questionamentos por parte

    Jos Luiz Ioriatti Dematt1

    1 Professor Titular e ex-Chefe do Departamento de Solos e Nutrio de Plantas, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP; email: [email protected]

    Abreviaes: Al = alumnio, Ca = clcio, CTC = capacidade de troca de ctions, H = hidrognio, K = potssio, Mg = magnsio, N = nitrognio, NG = necessidade de gesso, P = fsforo, TCH = tonelada de cana por hectare, V = saturao por bases do solo.

  • 12 INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011

    dos tcnicos quanto influncia desta relao na produtividade. Por outro lado, com o uso do gesso em larga escala, tanto em plantio como principalmente em soqueira, desde a dcada de 90 (Morelli et al., 1992), tem-se questionado tambm sobre a ao deste produto na diminuio do teor de Mg no solo e, portanto, no aumento da relao.

    Devido a estas questes que se props a execuo deste estudo, muito embora, no caso do gesso, existam outros atributos relacionados sua ao no aumento da produtividade da cana, como a presena de enxofre e do prprio clcio.

    No presente trabalho, as consideraes acerca da relao Ca:Mg foram efetuadas tanto para cana-planta como para soqueira usando calcrio e gesso. No estudo com cana-planta, em que visou- se tambm o efeito residual dos corretivos nas soqueiras, com mais trs cortes, foram utilizadas informaes contidas no trabalho origi-nal de Morelli et al. (1992), desenvolvido na usina Barra Grande, em Lenis Paulista, SP, cujos resultados analticos no foram ainda publicados. Para o estudo com cana-soca foram utilizados dados de dois experimentos, usando-se calcrio e gesso em latossolos com teores crescentes de argila, na Usina So Jos, em Macatuba, SP.

    MATERIAL E MTODO

    Instalao dos testes em cana-plantaEm meados de setembro de 1986, na regio de Lenis

    Paulista, SP, a rea de um latossolo de textura mdiaarenosa foi preparada convencionalmente para a instalao, em maro de 1987, de um experimento de adubao de cana-de-acar em parcelas controladas de 10 sulcos de 15 metros, com quatro repe-ties. Os corretivos, calcrio dolomtico e gesso, foram aplica-dos a lano e incorporados ao solo com grade. A recomendao de calcrio, com PRNT de 80%, para atingir o nvel de 60% da CTC, foi de 2,8 t ha-1. Adotou-se, neste trabalho, as dosagens de 0 t ha-1, 2 t ha-1, 4 t ha-1 e 6 t ha-1, sendo a dosagem mxima uti-lizada para estudo do efeito residual. Em relao ao gesso, por ocasio da instalao do experimento no havia critrio para sua aplicao, e este trabalho teve como objetivo tambm pro-mover uma primeira indicao de recomendao deste produ-to. Neste caso, as quantidades de gesso utilizadas foram iguais quelas recomendadas para calcrio. Posteriormente, o solo foi sulcado e adubado com 20120120 kg ha-1 de NP2O5K2O.

    Em julho de 1988, foi realizado o primeiro corte na cana- de-acar e as amostras compostas de solos foram retiradas das entre-linhas das parcelas correspondentes nas profundidades de 025 cm, 2650 cm, 5175 cm, 76100 cm e 101125 cm e enviadas para an-lise qumica de: carbono orgnico, pH (CaCl2), P, Ca, Mg, K, Al, H + Al, CTC e V%, seguindo as orientaes de Raij e Quaggio (1983).

    Em julho de 1989, realizou-se o segundo corte e as amos-tras foram novamente retiradas e enviadas para anlise. A so-queira foi fertilizada com 100-00-120 kg ha-1 de NP2O5K2O. Posteriormente, em agosto de 1990 e setembro de 1991, foram realizados o terceiro e o quarto cortes e, em sequncia, as soquei-ras foram adubadas de acordo com as recomendaes anteriores.

    Instalao dos testes em soqueiraNo incio da dcada de 90, iniciou-se a aplicao de corre-

    tivos e gesso tambm em soqueira, principalmente nas usinas do Grupo zillo/Lorenzetti. No caso do gesso, j havia, nesta poca, uma indicao para as dosagens baseada nos valores da CTC e da saturao por bases, posteriormente publicada por Dematt (2005).

    No experimento das soqueiras, foram tomados os devidos cuidados na escolha dos talhes, considerando-se: baixo percentual de falhas; variedade de cana sadia; manejo com corte manual, para evitar o excesso de compactao; ausncia de praga de solos, entre outros.

    Para o estudo, foram escolhidos dois talhes na safra 91/92, de segundo e terceiro cortes, da Usina So Jos, em Macatuba, SP, em latossolos distrficos: um deles de textura mdia-arenosa, de-signado de rea 1, e outro de textura mdia-argilosa, designado de rea 2. Aps a escolha, parcelas de 10 sulcos de 15 m foram de-marcadas com glifosato e os produtos calcrio e o gesso incorpo-rados ligeiramente, na operao de cultivo, com 10000120 kg ha-1 de NP2O5K2O, em junho de 1991. A dose de calcrio correspondeu a 60% da saturao por bases, no caso 2 t ha-1, e as doses de gesso, 2 t ha-1 e 4 t ha-1. Foi includa uma parcela com 2 t ha-1 + 4 t ha-1 de calcrio e gesso, respectivamente. Aps 12 meses, na safra 92/93, a cana foi cortada e pesada nas duas reas e as amostras compostas de solos foram retiradas das entrelinhas das parcelas correspon-dentes nas profundidades de 025 cm, 2650 cm, 5175 cm e 76100 cm e enviadas para a anlise qumica, seguindo as orienta-es de Raij e Quaggio (1983).

    RESULTADOS E CONCLUSES

    SOQUEIRAOs resultados das anlises de clcio, magnsio, saturao

    por bases e produtividade de colmos da rea 1, aps o terceiro cor-te, esto indicados na Tabela 1. Nota-se no tratamento testemunha que, aps o terceiro corte, esta rea j mostrava deficincia de nu-trientes, indicando saturao por bases na faixa de 29% na camada superficial, decrescendo sensivelmente em profundidade, atingindo valores inferiores a 20%. A produtividade de 72 t ha-1 desta parce-la estava prxima do limite de produtividade de reforma, no caso para aquela usina e naquele ano, de 70 t ha-1. A relao Ca:Mg na testemunha, de 2,3 para a camada superficial, pode ser considerada adequada. Entretanto, analisar somente esta relao, sem se consi-derar a saturao por bases, pode conduzir o observador a falhas, uma vez que o solo pobre. Com a aplicao de 2 t ha-1 de calcrio, aps 12 meses, a saturao por bases atingiu o valor de 38%, apesar da quantidade de corretivo ter sido calculada para um valor de 60%. Isto se explica pelo fato de o corretivo no ter sido incorporado com grade ou arado, embora a segunda camada tenha sido melhorada pela ao do calcrio quando V% passou de 17% para 20%. Por outro lado, a produtividade aumentou, passando para 78,4 t ha-1, em rea que, teoricamente, no estaria em situao de reforma. A relao Ca:Mg neste tratamento no se alterou muito em relao testemunha, porm, houve sensvel enriquecimento tanto de clcio quanto de magnsio no solo, praticamente dobrando a quantidade deste ltimo, pela ao do calcrio dolomtico.

    Com a aplicao de 2 t ha-1 de gesso, a produtividade da cana aumentou para 88,7 t ha-1, cerca de 10 t ha-1 a mais em relao ao tratamento com calcrio, porm houve alteraes nos teores de clcio, magnsio e, consequentemente, na saturao por bases do solo. No caso do clcio, o gesso promoveu enriquecimen-to do solo em profundidade, em comparao com a testemunha e, inclusive, com a parcela com calcrio. Isso ilustra o efeito da maior solubilidade do gesso, comparado ao calcrio (VITTI et al., 2008), e, em consequncia, a translocao do clcio pelo sulfato. Por outro lado, o gesso reduziu o teor de magnsio na camada superficial do solo, inclusive quando comparado testemunha, ao contrrio do ocorrido na parcela com calcrio. A relao Ca:Mg na camada superficial da parcela com gesso passou para 6,7,

  • INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011 13

    comparado a 1,7 com calcrio, e a produtividade aumentou. Nota-se que o aumento da relao funo da redistribuio do clcio em profundidade, alm do fato de que o teor de magnsio ainda est superior ao valor crtico (RAIJ, 1981).

    Dobrando-se a quantidade de gesso, para 4 t ha-1, observa-se que, embora a produtividade tenha se mantido alta, houve uma sensvel alterao nos teores de clcio, mas principalmente nos de magnsio. Em relao a esta dose de gesso, constata-se que houve diminuio dos teores de magnsio nas camadas superficiais e, em consequncia, aumento da relao Ca:Mg na segunda camada, quando comparada com as parcelas que receberam 2 t ha-1. Com a relao Ca:Mg mais aberta, proporcionada pelo gesso, houve aumento da produtividade de cana, em comparao com as demais parcelas.

    No entanto, quando foram aplicados conjuntamente calcrio e gesso, a relao Ca:Mg diminuiu, mantendo, entretanto, a mesma produtividade, no caso das parcelas com gesso, porm com distri-buio de clcio e magnsio bem mais segura e adequada ao longo do perfil do solo. Neste tratamento, o valor da saturao por bases aumentou na camada superficial, assim como em profundidade.

    Os resultados das anlises de solo, de produtividade e da relao Ca:Mg da rea 2 esto indicados na Tabela 2.

    Nota-se que a situao desta soqueira, aps o quarto corte, um pouco diferente da apresentada na rea 1, justamente pela eleva-da produtividade apresentada pela testemunha, apesar dos nveis de saturao por bases, inferiores a 20%, estarem bem aqum dos reco-mendados usualmente. Entretanto, neste caso, o maior teor de argila do solo que, possivelmente, proporcionou a diferena nos resulta-dos. Nota-se tambm que a relao Ca:Mg estreita, de 2,2, apesar

    do teor de magnsio estar bem acima do valor crtico. Na parcela com 2 t ha-1 de calcrio, o aumento de produtividade foi de 9 t ha-1, valor mais do que adequado para uma soqueira. Como era de se esperar quando se aplica calcrio dolomtico, houve enriquecimento tanto de clcio como de magnsio no solo, principalmente na cama-da superficial, e a relao Ca:Mg permaneceu estreita. Porm, a quantidade de corretivo calculada para se atingir 60% da satura-o por bases na camada superficial do solo no foi suficiente, ficando prximo a 30%. Tal resultado pode ser explicado devido ao fato de que o corretivo aplicado na superfcie do solo no incorporado profundamente no caso de soqueiras.

    Em contraste, quando foram aplicadas doses de 2 e 4 t ha-1 de gesso, houve empobrecimento em magnsio nas camadas su-perficiais e uma redistribuio do elemento em profundidade; em relao ao clcio, porm, houve enriquecimento tanto em superf-cie como em profundidade. Devido ao aumento do teor de clcio e reduo no teor de magnsio com o uso da dose de 4 t ha-1, a re-lao Ca:Mg foi ampliada para 6,2 na camada superficial e 6,8 na camada de 2650 cm. Novamente, neste caso, pode-se notar que o efeito do aumento da produtividade no est relacionado relao Ca:Mg, mas sim redistribuio dos nutrientes em profundidade e, em consequncia, da maior explorao radicular.

    No caso da parcela onde foram aplicados calcrio e gesso, a produtividade agrcola manteve-se semelhante dos outros trata-mentos, porm, houve um adequado enriquecimento de Ca e Mg em todo o perfil estudado, inclusive com sensvel aumento da satu-rao por bases na camada superficial. A relao Ca:Mg ficou em 2,4 na camada superficial, mantendo-se relativamente constante em profundidade, semelhante ao observado na parcela com calcrio.

    Tabela 1. Resultados de clcio, magnsio, saturao por bases, relao Ca:Mg e produtividade de cana (TCH) aos 12 meses aps a aplicao dos corretivos em latossolo de textura mdia-arenosa, safra 1992/93.

    rea 1 - Tratamentos profundidade(cm)Ca Mg V

    (%) Ca:MgTCH

    (t ha-1) - - - (cmol dm-3) - - -

    Testemunha

    025 0,58 0,25 29 2,3 72,0 a2550 0,43 0,13 17 3,3 5075 0,44 0,13 17 3,3 75100 0,20 0,10 14 2,1

    2 t ha-1 calcrio

    025 0,80 0,48 38 1,7 78,4 b2550 0,45 0,12 20 3,7 5075 0,23 0,10 11 2,3 75100 0,23 0,10 14 2,1

    2 t ha-1 gesso

    025 0,61 0,15 34 6,7 88,7 bc2550 0,54 0,14 19 3,8 5075 0,42 0,13 16 3,3 75100 0,28 0,10 15 2,8

    4 t ha-1 gesso

    025 0,86 0,14 27 6,2 84,6 bc 2550 0,48 0,07 18 6,8 5075 0,33 0,13 16 2,5 75100 0,27 0,11 22 2,4

    2 t ha-1 calcrio + 4 t ha-1 gesso

    025 1,47 0,65 44 2,2 87,0 bc2550 0,83 0,25 25 3,3 5075 0,74 0,21 25 3,5 75100 0,61 0,17 22 3,5

  • 14 INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011

    Portanto, a aplicao de calcrio ou de gesso nas soqueiras, tanto na rea 1 como na rea 2, aumentou a produtividade como tambm provocou alteraes sensveis na relao Ca:Mg no solo. Tanto as relaes estreitas destes nutrientes, cerca de 2,0, quanto as mais ampliadas, de 6,2, mantiveram as produtividades semelhan-tes, indicando que no h efeito da relao Ca:Mg no rendimento da cana, como, alis, a literatura tem indicado para outras culturas (QuAGGIO, 2000). Porm, fica evidente que o uso isolado de ges-so nesses solos de baixa CTC, permitindo uma relao mais aberta, tem diminudo sensivelmente o teor de magnsio no solo. Por outro lado, a associao de calcrio e gesso, em ambos os casos estu-dados, tem provocado um enriquecimento seguro tanto de clcio como de magnsio em todo o perfil estudado. Sendo assim, quan-do se utiliza gesso em rea comercial, principalmente em solos de baixa CTC, imprescindvel acompanhar as anlises de solos das soqueiras e ficar atento quanto ao teor de magnsio no perfil.

    CANA-PLANTAA Tabela 3 mostra os teores de clcio e magnsio em fun-

    o dos tratamentos com calcrio e gesso em cana-planta. Tais va-lores so os mesmos apresentados no trabalho original de Morelli et al. (1992), pouco modificados neste artigo, porm com a inclu-so da relao Ca:Mg.

    De maneira geral, nota-se que o uso isolado de calcrio dolomtico tem proporcionado melhora nos teores de clcio e magnsio no solo, tanto na superfcie como em profundidade. O teor de clcio na camada superficial passou de 0,40 cmol dm-3, no caso da parcela testemunha, para 0,71 cmol dm-3, 1,06 cmol dm-3 e 1,23 cmol dm-3 com o uso de 2 t ha-1, 4 t ha-1 e 6 t ha-1 de cal-crio, respectivamente. Apesar de o calcrio se translocar pouco

    no solo, nota-se que com o aumento do seu teor no solo houve ainda enriquecimento de clcio em profundidade, atingindo va-lor de 0,18 cmol dm-3 na camada mais profunda, com o uso da dose mxima. A mesma tendncia apresentou o magnsio, com enriquecimento da camada superficial, passando de 0,17 cmol dm-3, na parcela testemunha, para valores crescentes, at o mxi-mo de 0,89 cmol dm-3 com a dose de 6 t ha-1. Alm disso, houve tambm um pequeno enriquecimento com magnsio em profun-didade, passando de 0,02 cmol dm-3, na camada mais profunda da parcela testemunha, para 0,10 cmol dm-3, na parcela com a dose mxima de calcrio. Estes resultados indicam que o calcrio pode se translocar em solos de textura arenosa a mdia.

    Em relao ao comportamento do gesso no perfil do solo, a tendncia tende a se inverter. Como este produto no apresenta magnsio, somente clcio, h um enriquecimento deste nutrien-te no solo medida que aumenta a quantidade utilizada. Nota-se na camada superficial do solo que o teor de clcio aumentou de 0,40 cmol dm-3, na parcela testemunha, para 1,12 cmol dm-3, com o uso da dose mxima, proporcionando, tambm, um enriqueci-mento de Ca em profundidade. Entretanto, tem havido sensvel empobrecimento de magnsio no tratamento com gesso, passan-do de 0,17 cmol dm-3 na camada superficial, na dose zero, para 0,06 cmol dm-3, na dose de 6 t ha-1. Note que, neste caso, j havia diminuio do teor de magnsio na dose de 2 t ha-1. Com a dose mxima, observa-se que a camada mais profunda do solo apresen-tou 0,13 cmol dm-3 de Mg contra 0,06 cmol dm-3 na superfcie. Sem dvida, o gesso, neste caso, proporcionou uma intensa remoo de magnsio. Por outro lado, nas parcelas onde o gesso esteve as-sociado ao calcrio, independentemente das propores, houve um enriquecimento efetivo destes nutrientes. Sem dvida alguma, o uso

    Tabela 2. Resultados da anlise de clcio, magnsio, saturao por bases, relao Ca:Mg e produtividade de cana (TCH), aos 12 meses aps a aplicao dos corretivos, em latossolo de textura mdia-argilosa, safra 1992/93.

    rea 2 - Tratamentos profundidade(cm)Ca Mg V

    (%) Ca:MgTCH

    (t ha-1) - - - (cmol dm-3) - - -

    Testemunha

    025 0,57 0,26 19 2,2 83 a2550 0,37 0,22 20 1,7 5075 0,25 0,09 12 2,7 75100 0,25 0,09 12 2,7

    2 t ha-1 calcrio

    025 0,75 0,40 29 1,8 92 b 2550 0,27 0,18 19 1,5 5075 0,25 0,15 13 1,7 75100 0,25 0,10 16 2,5

    2 t ha-1 gesso

    025 0,87 0,19 23 4,6 94 b 2550 0,44 0,12 15 3,7 5075 0,28 0,10 13 2,8 75100 0,29 0,10 12 2,8

    4 t ha-1 gesso

    025 0,86 0,14 23 6,2 97 b 2550 0,48 0,07 16 6,8 5075 0,33 0,13 16 2,5 75100 0,27 0,11 15 2,4

    2 t ha-1 calcrio + 4 t ha-1 gesso

    025 1,70 0,70 49 2,4 93 b2550 0,55 0,20 20 2,8 5075 0,36 0,19 17 1,9 75100 0,29 0,11 16 2,6

  • INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011 15

    isolado de gesso em solos de baixa CTC tem causado empobrecimen-to do solo em magnsio e, possivelmente, tambm em potssio.

    A Tabela 4 mostra os dados de acrscimo de produtividade e a relao Ca:Mg em dois cortes de cana-de-acar. Parte dos dados apresentados foram extrados do trabalho de Morelli et al. (1992). As relaes Ca:Mg foram calculadas tomando-se como base os resultados da Tabela 3. Os acrscimos de produtividade foram extrados da tabela original, porm, levando-se em conside-rao somente os dois primeiros cortes, pois as anlises de solos foram feitas somente aps a execuo destes.

    Posteriormente, para determinao da relao Ca:Mg, dois tratamentos foram selecionados: 1) doses crescentes de calcrio e 2) doses crescentes de gesso. Alguns tratamentos conjuntos de calcrio e gesso foram tambm selecionados, considerando-se aqueles com produtividades semelhantes.

    Observa-se que com o uso de doses crescentes de cal-crio houve acrscimo de produtividade at a dose de 4 t ha-1. Comparado testemunha, houve um acrscimo mximo de 20 t ha-1, com relao Ca:Mg inferior a 1,7 na camada superficial. Por sua vez, doses crescentes de gesso permitiram aumento de produtividade tambm na faixa de 20 t ha-1 com o uso de 6 t ha-1, porm, com relao Ca:Mg atingindo 18,6. Nos tratamentos em que foram utilizadas associaes de calcrio e gesso, porm, com acrscimos de produtividade semelhantes, no caso 20 t ha-1, as relaes tambm foram extremas. necessrio entender que o uso isolado de gesso nestes tipos de solos, embora proporcione am-pliao na relao Ca:Mg, tem causado empobrecimento do solo em magnsio. Valores semelhantes de produtividade obtidos nas parcelas de calcrio + gesso se devem ao do gesso no aprofun-damento do sistema radicular no solo (Figura 1).

    Tabela 3. Teores de clcio e magnsio em latossolo de textura mdia nos tratamentos com calcrio e gesso na regio de Lenis Paulista, SP.

    Calcrio(t ha-1)

    profundidade(cm)

    Ca (cmol dm-3) Mg (cmol dm-3)Gesso (t ha-1) Gesso (t ha-1)

    18 meses 18 meses0 2 4 6 0 2 4 6

    0

    025 0,40 0,56 0,77 1,12 0,17 0,07 0,06 0,06 5075 0,13 0,32 0,38 0,67 0,06 0,08 0,06 0,08

    100125 0,08 0,19 0,30 0,42 0,02 0,08 0,13 0,13

    2

    025 0,71 1,25 1,30 1,79 0,42 0,26 0,36 0,20 5075 0,13 0,38 0,59 0,70 0,06 0,16 0,19 0,12

    100125 0,01 0,19 0,32 0,57 0,04 0,08 0,12 0,17

    4

    025 1,06 1,26 1,85 2,90 0,74 0,47 0,50 0,36 5075 0,19 0,42 0,47 0,61 0,10 0,19 0,16 0,15

    100125 0,15 0,29 0,31 0,50 0,08 0,14 0,17 0,24

    6

    025 1,23 1,71 1,57 2,05 0,89 0,87 0,53 0,56 5075 0,13 0,44 0,60 0,59 0,07 0,22 0,22 0,19

    100125 0,18 0,23 0,30 0,62 0,10 0,15 0,18 0,38

    Fonte: Morelli et al. (1992).

    Tabela 4. Acrscimos de produtividade e relao Ca:Mg em dois cortes de cana-de-acar.

    profundidade(cm)

    Calcrio Acrscimo Relao Ca:Mg

    Gesso Acrscimo Relao Ca:Mg

    Calcrio + gesso Acrscimo Relao

    Ca:Mg

    Calcrio + gesso Acrscimo Relao

    Ca:Mg - - - - - (t ha-1) - - - - - - - - - (t ha-1) - - - - - - - - - (t ha-1) - - - - - - - - - - (t ha-1) - - - - -

    025 0 0 2,35 0 0 2,30 0 + 6 20 18,60 2 + 4 36 3,44 5075 2,16 2,16 8,35 5,33

    100125 4,00 4,00 3,20 1,46

    025 2 16 1,69 2 12 8,00 2 + 2 20 4,80 4 + 2 39 3,93 5075 2,16 4,00 2,37 2,47

    100125 0,25 2,37 2,37 2,21

    025 4 20 1,43 4 19 12,80 4 + 0 20 1,43 4 + 4 33 3,70 5075 1,90 6,30 1,90 2,93

    100125 1,87 2,30 1,87 1,82

    025 6 12 1,38 6 20 18,60 6 + 4 20 3,86 4 + 6 44 2,80 5075 1,85 8,35 2,68 3,15

    100125 1,80 3,20 3,44 0,78

    Fonte: Morelli et al. (1992).

  • 16 INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011

    teor de clcio inferior a 5 mmol dm-3. Neste caso, e para culturas perenes, a indicao a seguinte: NG = 7,5 x argila, em que a quan-tidade de gesso seria dada em t ha-1 e a de argila expressa em g kg-1. Para So Paulo, a indicao : NG = 6 x argila, quando na camada 20-40 cm os teores de clcio so inferiores a 4 mmol dm-3 e a satu-rao por alumnio superior a 40% (RAIJ, 2008). Entretanto, este mesmo autor comenta que a quantidade de gesso a ser aplicada ao solo, calculada por tal expresso, conservadora e no contempla maior aprofundamento do sistema radicular no solo, assim como no promove a produtividade mxima.

    No caso da cana-de-acar, as doses recomendadas com base nestes parmetros estavam bem aqum das necessrias para alcanar produes mximas (RAIJ, 2008). Houve casos em que quando o teor de clcio era de 6,3 mmol dm-3 e a saturao por alumnio de 15%, a quantidade recomendada foi de 0,8 t ha-1 de gesso, sendo que a produo mxima foi atingida com 6,0 t ha-1 de gesso. Dos sete experimentos com cana-de-acar indicados pelo autor, as doses de gesso recomendadas estavam bem aqum das indicadas para produo mxima.

    Portanto, faltam informaes para uma recomendao de gesso mais precisa. Na falta desta, tem-se utilizado a indicao baseada na CTC e na saturao por bases, porm, so necessrios cuidados, principalmente nas anlises de solos, observando-se principalmente o comportamento dos ctions em profundidade, em particular, do magnsio e do potssio.

    De qualquer maneira, o aumento da produtividade agrcola com o uso de calcrio e de gesso, tanto em cana-soca como em cana-planta, em solos de baixa CTC, no foi influenciado pela re-lao Ca:Mg.

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    Figura 1. Quantidade de razes em profundidade em experimento com gesso e calcrio na cultura da cana-de-acar.

    Fonte: Morelli et al. (1992).

    Por outro lado, nota-se que os maiores acrscimos de pro-dutividade tm sido obtidos nas associaes de calcrio e gesso, porm, com predominncia de gesso (Tabela 4), sendo que, neste caso, com variaes menos acentuadas da relao Ca:Mg. Dessa forma, as anlises de solos apresentam valores mais seguros de clcio e magnsio. Tais resultados vem comprovar que a associa-o de calcrio e gesso tem sido mais vantajosa do que a aplicao isolada de cada corretivo, como tem sido comprovado por diver-sos autores, inclusive com outras culturas (RAIJ, 2008).

    CONSIDERAES FINAIS

    Este trabalho mostrou que a cultura da cana-de-acar reage muito bem tanto aplicao de calcrio como de gesso, embora, na segunda dcada de 1980, quando foi desenvolvido o trabalho de Morelli et al. (1987) praticamente no se dava muita ateno ao do calcrio, mas principalmente ao do gesso, e quase no se comentava sobre a ao desses insumos em soqueira de cana. Trabalho original de Fernandes (1985) indica a ao do ges-so como nutriente em cana-de-acar mas no faz aluso ao do gesso associado ao calcrio na recuperao dos solos e no au-mento da produtividade. Foi atravs do estudo de longa durao de Morelli et al. (1992), sobre o uso de gesso e calcrio e sua ao sobre o solo, que foi desenvolvida a indicao para a determina-o da quantidade de gesso utilizando os parmetros da CTC e da saturao por bases, a qual foi publicada posteriormente.

    A anlise da quantidade de razes produzidas no tratamento com 4 t ha-1 de calcrio e 6 t ha-1 de gesso, no qual foram ob-servadas as maiores produtividades ao longo dos quatro cortes (MORELLI et al., 1992), tambm serviu de subsdio para o de-senvolvimento da expresso para a determinao da quantidade de gesso a ser empregada nos solos.

    Assim, preciso entender que a proposta para indicao da quantidade de gesso a ser aplicada com base na CTC e no teor de clcio e magnsio no tem apoio cientfico, ela emprica, porm, era o que havia na ocasio para servir de orientao. Por outro lado, nos rgos de pesquisa, h uma linha de indicao para uso do gesso com base no teor de argila do solo associado a parme-tros como teor de clcio e de alumnio.

    Sousa e Lobato (2002) sugerem, para solos de Cerrado, possibilidade de resposta ao gesso se ele contiver, na camada 020 cm ou 2040 cm, saturao por alumnio maior que 20% e

  • INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011 17

    EM DESTAQUE

    BRASILEIRO PREMIADO NO SCHOLAR AWARD 2011

    Os vencedores do Scholar Award 2011, promovido pelo International Plant Nutrition Institute (IPNI), foram selecionados.

    O IPNI nomeou 20 alunos de Ps-Graduao, selecionados no mundo todo, como vencedo-res do IPNI Scholar Award.

    Diogo Mendes de Paiva, ps-graduando em Solos e Nutri-o de Plantas da Universidade Federal de Viosa, MG, foi um dos ganhadores do prmio. Sua dissertao, intitulada Reduo na volatilizao de amnia deri-vada da ureia por cidos hmicos produzidos de carvo de eucalipto, teve como objetivo apresentar uma alternativa para reduzir a volatilizao da amnia do fertilizante nitrogenado mais usado no mundo atravs do revestimento da ureia com polmeros obtidos a partir do carvo de eucalipto. Resultados preliminares mostraram diminuio de 43% na volatilizao da amnia com o uso de revestimento.

    Mais informaes sobre a distribuio regional dos estudan-tes e suas respectivas universidades/instituies encontram-se no endereo: www.ipni.net/awards.

    IPNI NO II WORKSHOP SOBRE TECNOLOGIA DE PRODUO DE FERTILIZANTES

    Dr. Valter Casarin participou do II Workshop sobre Tecnologia de Produo de Fertilizantes promovido pelo Centro de Excelncia em Fertilizantes (CEFert), integrando a mesa redonda intitulada Inovao e sustentabilidade na indstria de fertilizantes.

    Este evento tem como objetivo organizar e fortalecer as estruturas que geram conhecimento, tecnologias, formao de recursos humanos e servios, para promover o desenvolvimento sustentvel de toda a cadeia de fertilizantes, disse Dr. Casarin.

    INTERNATIONAL RAW MATERIALS JUNTA-SE AO IPNI COMO NOVO MEMBRO ASSOCIADO

    Em meados deste ano, a Internacional Raw Materials Ltd., com sede em Philadelphia, Estados Unidos, juntou-se ao IPNI como membro associado. A empresa comercializa fertilizantes e oferece servios relacionados a norte-americanos da Orla do Pacfico e a produtores europeus por meio de sua rede global de distribuio e escritrios. A organizao pretende fornecer bases cientficas coordenadas para o uso de fertilizantes e tratar cientificamente as questes ambientais associadas.

    Os programas do IPNI so financiados por empresas associadas que se dedicam ao uso responsvel de fertilizantes em nutrio de plantas. As empresas so compostas basicamente por produtores de um ou mais dos principais nutrientes das plantas (nitrognio, fosfato, potssio e enxofre) para fins agrcolas. As grandes organizaes de varejo que no se qualificam como produtores de fertilizantes podem se qualificar como membros associados. Outras associaes e institutos se qualificam como membros afiliados. Atualmente, o IPNI conta com 16 membros associados e 7 membros afiliados.

    Dr. Casarin na mesa de debates.

    IPNI EM COLABORAO TCNICA COM EMBRAPA E IFDC

    Dr. Lus Prochnow participou como mediador em reunio tcnica que congregou pesquisadores do IFDC Centro Internacional de Fertilidade do Solo e Desenvolvimento Agrcola e da EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria. Ambas as instituies esto interessadas em parcerias relacionadas ao desenvolvimento e uso de fertilizantes.

    Dr. Prochnow foi convidado para cooperar nessa reunio por ter sido pesquisador visitante no IFDC por dois anos.

    Um dos principais temas discutidos durante a reunio foi a possibilidade da unio de esforos por intermdio do Centro Virtual de Pesquisa de Fertilizantes recentemente criado.

    Dr. Lus durante sua apresentao.

  • 18 INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011

    DIVuLGANDO A pESquISA

    DISTRIBUIO DE FSFORO NO SOLO EM RAZO DO SISTEMA DE CULTIVO E MANEJO DA ADUBAO FOSFATADA

    O sistema de cultivo e o manejo da adubao fosfatada influenciam a disponibilizao do P no solo, seu acesso pelas plantas e, por fim, a produo das culturas. Em razo disso, h necessidade de se avaliar a distribuio do P no perfil do solo em experimentos de longa durao, para que se possa compreender o impacto de cada sistema de cultivo e manejo da adubao nesse processo. Foi utilizado um experimento localizado na Embrapa Cerrados, em Planaltina, DF, em Latossolo Vermelho muito argiloso, com teor de P muito baixo no incio do experimento, cultivado por 14 anos com as culturas de soja e milho no vero e milheto como planta de cobertura nas seis ltimas safras de inverno, recebendo 80 kg ha-1 ano-1 de P2O5 como superfosfato triplo ou fosfato natural reativo, aplicados no sulco de semeadura ou a lano na superfcie, sob sistema de preparo convencional (SPC) ou plantio direto (SPD). Foi avaliada a distribuio do P em sete camadas de solo (0 a 2,5 cm; 2,5 a 5 cm; 5 a 10 cm; 10 a 20 cm; 20 a 30 cm; 30 a 40 cm; e 40 a 50 cm), utilizando o extrator Bray 1. No 14 ano de cultivo foram utilizados os dados de rendimento de gros de soja. Os resultados foram analisados estatisticamente, para comparaes quanto distribuio do P no perfil do solo e ao rendimento de gros (Tabela 1).

    RAFAEL DE SOuzA NuNES; DJALMA MARTINHO GOMES DE SOUSA; WENCESLAu J. GOEDERT; LCIO JOS VIVALDI. Revista Brasileira de Cincia do Solo, v. 35, n. 3, 2011.

    Concluses:

    A distribuio de P extravel no solo aps 14 anos de cultivo influenciada pela fonte e pelo modo de aplicao do fertilizante fosfatado, at 10 cm de profundidade no SPD e at 20 cm de profundidade no SPC.

    No SPC h leve gradiente em profundidade, enquanto no SPD h forte gradiente principalmente para aplicaes a lano, sendo os maiores teores de P no perfil analisado encontrados na camada de 0-2,5 cm para os dois modos de aplicao.

    O SPD apresenta maiores teores de P at 10 cm de profundidade, porm menores teores na camada de 10-20 cm, em comparao com o SPC.

    Apesar do efeito do manejo da adubao fosfatada na distribuio do P no solo, o rendimento de gros de soja no 14 ano foi alterado apenas pelo sistema de cultivo, tendo o solo sob SPD produzido 15,5% mais gros do que o SPC.

    O requerimento de P para incrementar em 1 mg dm-3 o teor no solo menor no sistema plantio direto em relao ao preparo convencional do solo.

    Tabela 1. Estoque de P extravel avaliado por Bray 1 e rendimentos de soja no 14o cultivo em um Latossolo Vermelho muito argiloso aps 14 anos de cultivo sob sistema de preparo convencional (SPC) ou plantio direto (SPD), recebendo 80 kg ha-1 ano-1 de P2O5 como superfosfato triplo (SFT) ou fosfato natural reativo (FNR), aplicados a lano na superfcie ou no sulco de semeadura.

    Sistema Fonte Modo

    Estoque de p extravelRendimento de grosde soja no 14o cultivo3Total

    1 Distribuio relativa2

    010 020kg ha-1 P2O5 - - - - - - - - (%) - - - - - - - - (kg ha

    -1)

    SPC

    SFTLano 30,6 49 e 84 3.369Sulco 32,8 63 d 89 3.498

    FNRLano 21,3 50 e 84 3.657Sulco 19,7 50 e 84 3.442

    SPD

    SFTLano 38,3 81 a 92 4.196Sulco 35,4 77 ab 91 4.054

    FNRLano 24,9 74 bc 88 3.848Sulco 20,4 70 c 87 4.042

    Mdia dos sistemasSPC 26,1 b 53 b 85 b 3.492 bSPD 29,8 a 76 a 90 a 4.035 a

    1 Avaliado na camada de 0 a 30 cm de profundidade. 2 Valores representam as quantidades relativas de P extravel por Bray 1, em cada camada de solo, tendo como referncia o estoque total na camada de

    0 a 30 cm de profundidade. 3 O rendimento de gros de soja do tratamento sem P no SPC foi de 82 kg ha-1.Mdias seguidas da mesma letra no diferem entre si pelo teste de Student (p > 0,05).

  • INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011 19

    pAINEL AGRONMICO

    USO DE QUEBRA-VENTO NA CITRICULTURA

    O quebra-vento usado como prtica de manejo para a citricultura de trs formas como preveno de ocorrncia de geada, barreira fixa para controle na disseminao de pragas e doenas e na qualidade dos frutos destinados ao mercado de frutas frescas, a serem consumidas in natura.

    De acordo com o pesquisador do IAC, Dirceu de Mattos Junior, o uso de quebra-vento ainda pouco explorado na citricultura, principalmente pela falta de informao dos produtores. A tcnica j conhecida, mas h pouca adeso porque o citricultor no sabe dos usos do quebra-vento. Esse um assunto de relevncia para a citricultura, afirma o pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de So Paulo.

    A tcnica de manejo pode influenciar o ambiente de produo. A diminuio da ocorrncia de geadas pode acontecer porque o quebra-vento altera os corredores de ventos e tambm as condies de temperatura no pomar, explica Mattos Jnior.

    Os quebra-ventos podem ser usados tambm como barreiras fsicas de controle de pragas e patgenos, com foco em doenas como huanglongbing (HLB ou greening) e cancro ctrico. O processo auxilia na produo de frutas com maior qualidade e diminui os estragos causados por injrias mecnicas e outros danos na casca dos citros destinados ao mercado de frutas frescas.

    Nas variedades de laranjas especiais, com nmero reduzido de sementes, a tcnica importante para diminuir a polinizao cruzada e, consequentemente, a quantidade de sementes, diz Mattos Junior. (APTA)

    SORGO NA REFORMA DO CANAVIAL

    A atividade canavieira no Brasil tem sido modernizada con-tinuamente, por exigncias de competitividade dos mercados. H uma busca contnua por eficincia, produtividade e sustentabilidade.

    A reforma peridica da lavoura de cana uma atividade complexa e implica prtica agronmica obrigatria, atrelada lgica da indstria processadora, e varia com os requisitos contnuos de resultados econmicos. Ela requer definio prvia de estratgia e prticas para implantao de novas atividades agrcolas.

    Uma das alternativas para reforma ou substituio de cana-viais, por certo, buscar incorporar a cultura do sorgo aos sistemas produtivos para alimentos e energia. O sorgo sacarino [Sorghum bicolor (L.)], com alto potencial forrageiro, apresenta colmos com caldo semelhante ao da cana, rico em acares fermentescveis e pode servir para a produo de etanol na mesma instalao utilizada pela cana-de-acar. Trata-se de uma espcie de ciclo rpido (quatro meses), cultura totalmente mecanizvel (plantio por sementes, tratos culturais e colheita), alta produtividade de biomassa verde (60 a 80 t ha-1), altos rendimentos de etanol (3.000 a 6.000 L ha-1), com bagao utilizvel como fonte de energia ou forragem para animais, conribuindo para um favorvel balano energtico. Adicionalmente, o sorgo sacarino produz gros (2 a 5 t ha-1) que apresentam caracte-rsticas nutricionais similares do milho, podendo ser utilizados na alimentao humana ou animal. Dados tcnicos demonstram possibi-lidades de produo de etanol de sorgo sacarino durante a entressafra da cana-de-acar. Plantios realizados no incio do perodo chuvoso (out/nov) tornam possvel a antecipao de 2 a 3 meses do perodo de moagem das usinas, com colheitas a partir de fevereiro e maro, reduzindo, assim, o perodo de ociosidade das destilarias, que varia de 3 a 5 meses, com impactos na gerao de renda.

    Os estudos demonstram que se buscam opes para a re-forma de 10%-15% de rea anual de cana-de-acar, que possam amortizar cerca de 30%-40% do custo de implantao de um novo canavial. A rotao de culturas na reforma melhora em at 20% a produtividade do canavial. (Revista Opinies)

    CAUPI EMERGE COMO UM DOS PRINCIPAIS ALIMENTOS NO MUNDO

    Dr. B.B. Singh, da Texas A&M University, que trabalha h 27 anos com feijo-caupi (cowpea) na ndia e nos Estados Unidos, afirmou que esta cultura ser um dos principais alimentos do sculo XXI e previu que ser o mais importante cultivo nos prximos anos, entre outras razes por sua precocidade, pois est pronto para colheita em 60 dias.

    Originrio do sul da frica, o feijo-caupi cultivado em todo o mundo e o Brasil um dos maiores produtores. As pesquisas e melhoramentos da cultura tm introduzido novas variedades com maturao precoce e resistncia a pragas e, segundo Dr. Singh, o Brasil tem contribudo destacadamente neste mbito com um dos melhores trabalhos do mundo, em benefcio dos produtores.

    Novas variedades apresentam excelentes caractersticas agronmicas, como 30% de teor proteico, alta produtividade, tolerncia seca e ao calor, assim como melhorias de cor e textura. Tambm a alimentao animal tem sido beneficiada com a expanso da produo, pois as folhas do feijo caupi tem alta digestibilidade e teor proteico.(BioFORT)

    FEIJO TRANSGNICO DESENVOLVIDO PELA EMBRAPA

    Um novo feijo, indistinguvel da variedade carioquinha, a mais plantada no pas e, portanto, mais frequente no prato dos brasileiros, traz uma diferena nada trivial: resiste doena conhecida como mosaico dourado, capaz de dizimar plantaes inteiras. A novidade est numa alterao gentica introduzida na planta pelo engenheiro agrnomo Francisco Arago, da Embrapa Recursos Genticos e Biotecnologia (Cenargen), e o agrnomo Josias Faria, da Embrapa Arroz e Feijo. Em setembro, a produo desse feijo transgnico foi aprovada pela Comisso Tcnica Nacional de Biossegurana (CTNBio), depois de detalhada anlise de estudos que avaliaram os riscos ao ambiente e sade que a planta poderia representar. Na torcida para que a aprovao resista aos protestos dos ativistas e se mantenha, Arago festeja o sucesso indito do trabalho feito numa instituio pblica: S a China tinha conseguido at agora, eles tm um algodo modificado e um mamo resistente a vrus.

    Alm de reduzir a mortalidade nas lavouras de feijo, o aumento na capacidade da planta de combater a doena por conta prpria reduziria em muito o uso de inseticidas nas plantaes, usados para combater a mosca-branca, transmissora do vrus. A produo se tornaria assim menos nociva sade e tambm mais barata.

    Caso entre de fato em produo, o feijo da Embrapa ser a primeira variedade modificada produzida no Brasil, sem participao das grandes empresas multinacionais. (Pesquisa Fapesp)

  • 20 INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011

    ZEOLINA AUMENTA NVEL DE PROTENAS EM GROS DE MILHO

    Materiais de milho com maior concentrao de aminoci-dos e protenas em seus gros foram desenvolvidos em pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da USP, em Piracicaba, SP. Os experimentos introduziram no ge-noma do milho o gene que codifica a zeolina, uma protena com grande potencial nutricional, obtendo gros que acumulam maior quantidade de aminocidos e possuem mais protenas de reserva.

    A pesquisa teve origem na constatao de que os gros de cereais no possuem um balano de aminocidos adequado para a nutrio humana. O gro de milho, por exemplo, tem baixa concentrao de lisina, treonina e triptofano, afirma o professor Ricardo Antunes de Azevedo, que coordena a pesquisa. Por isso, so estudadas alternativas para manipular o balano de protenas e obter um gro nutricional-mente melhor do ponto de vista protico.

    A zeolina uma protena quimrica, obtida a partir da mis-tura de outras protenas. Ela possui 421 aminocidos da faseolina do feijo e 89 da Y-zena do milho. Do feijo, vieram 25 resduos de lisina, que um aminocido essencial de interesse nutricional, aponta o professor. Na pesquisa, foram produzidas linhas transg-nicas de milho para verificar se expressavam a zeolina.

    A presena da zeolina alterou o perfil de protenas de reserva nos gros de milho em algumas das plantas transgnicas. Numa delas, por exemplo, o nvel de lisina encontrado foi de 26 miligra-mas por grama de protena, conta o professor . Em milho normal, esse ndice costuma ficar em torno de 10 miligramas por grama. (Agncia USP de Notcias)

    BIOFORTIFICAO NO BRASIL

    O BioFORT o projeto responsvel pela biofortificao de alimentos no Brasil, coordenado pela Embrapa, que aspira diminuir a desnutrio e garantir maior segurana alimentar por intermdio do aumento dos teores de ferro, zinco e vitamina A na dieta da populao mais carente. Para atingir os resultados esperados, o BioFORT congrega mais de 150 pessoas em diferentes reas do conhecimento, em 11 Estados brasileiros. A rede interage com universidades, centros de pesquisa nacionais e internacionais, associaes de produtores, governo, prefeituras e organizaes no-governamentais.

    No Brasil, pesquisadores de 11 Uni-dades da Embrapa trabalham no projeto com foco em alimentos bsicos como arroz, feijo, feijo caupi, mandioca, batata-doce, milho, abbora e trigo.

    O quadro ao lado mostra os resultados significativos de oito anos de pesquisa no Brasil, no qual as cultivares melhoradas so comparadas s convencionais. (BioFORT)

    PERFIL DAS PROPRIEDADES RURAIS BRASILEIRAS

    Mais de 70% das propriedades rurais brasileiras so de famlias das classes D e E. Apesar disso, esses estabelecimentos representam apenas 32,9% da rea ocupada e 7,6% do Valor Bruto da Produo (VBP). J as classes A e B, que tm 5,8% dos imveis rurais, detm 38,5% da rea e 78,8% do VBP. Os nmeros, baseados em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), fazem parte de um estudo feito pela Fundao Getlio Vargas (FGV) sobre a distribuio da renda no campo, encomendado pela Confederao da Agricultura e Pecuria do Brasil (CNA).

    De acordo com informaes divulgadas pelo presidente do Centro de Estudos Agrcolas da FGV, professor Mauro Lopes, a classe C, considerada a classe mdia do campo, tem apenas 15,4% das propriedades rurais, 13,6% de participao no VBP e 18,1% da rea. Segundo Lopes, um dos principais fatores que definem a diferena entre as classes no campo, e inclusive a sobrevivncia do setor, o uso de tecnologia na produo, j que ela a responsvel pela passagem de uma classe para outra.

    O estudo mostra que as classes D e E dependem fortemente de outras fontes de renda para se manter no campo. Enquanto as classes A e B tm 94% de suas receitas lquidas geradas por suas atividades agropecurias, na classe C esse nmero cai para 73% e, nas classes mais baixas, para apenas 30%. Nas classes D e E, 52% da renda provm de aposentadorias e programas governamentais.

    A pesquisa, que mostra tambm a quantidade de recursos investidos por cada classe em insumos, mo-de-obra e as fontes de financiamento, deve servir para a elaborao de proposta da CNA de uma nova poltica agrcola para o pas (Agncia Brasil).

  • INFORMAES AGRONMICAS N 136 DEZEMBRO/2011 21

    CuRSOS, SIMpSIOS E OuTROS EVENTOS

    SIMPSIOS REGIONAIS DO IPNI BRASIL SOBREBOAS PRTICAS PARA USO EFICIENTE DE FERTILIZANTES- BPUFs

    27/MARO/2012: TERA-FEIRA

    perodo I09:00-09:30 h Abertura09:30-10:20 h Palestra 1: Aspectos gerais sobre as BpuFs10:20-10:30 h Perguntas sobre a Palestra 110:30-11:00 h Coffee break11:00-12:00 h Palestra 2: Conceitos e dinmica de nutrientes no sistema solo-planta visando as BpuFs12:00-12:15 h Perguntas sobre a Palestra 212:15-14:00 h Almoo

    perodo II 14:00-15:00 h Palestra 3: Manejo da acidez do solo como funda- mento para as BpuFs15:00-15:15 h Perguntas sobre a Palestra 315:15-15:35 h Ponto de Reflexo 1: O atual sistema de manejo das condies fsicas do solo propicia o uso eficiente dos corretivos e fertilizantes?15:35-15:45 h Perguntas sobre o Ponto de Reflexo 115:45-16:15 h Coffee break16:15-17:15 h Palestra 4: Sistema de produo e eficincia agro- nmica de fertilizantes17:15-17:30 h Perguntas sobre a Palestra 4

    17:30-17:50 h Ponto de Reflexo 2: O manejo da matria orgnica est adequado, visando a sustentabilidade dos sistemas de produo?17:50-18:00 h Perguntas sobre o Ponto de Reflexo 2

    28/MARO/2012: quARTA-FEIRA

    perodo III08:00-09:00 h Palestra 5: Otimizao na aplicao de fertilizantes e corretivos agrcolas09:00-09:15 h Perguntas sobre a Palestra 509:15-10:15 h Palestra 6: BpuFs para a soja 10:15-10:45 h Coffee break10:45-11:15 h Informaes locais: BpuFs para a soja no paran11:15-12:00 h Debate sobre a cultura da soja12:00-14:00 h Almoo

    perodo IV14:00-15:00 h Palestra 7: BpuFs para sistemas de produo incluindo o trigo15:00-15:15 h Perguntas sobre a Palestra 715:15-16:15 h Palestra 8: BpuFs para o milho (vero e safrinha)16:15-16:45 h Coffee break16:45-17:15 h Informaes locais: BpuFs para o milho no paran17:15-18:00 h Debate sobre a cultura do milho18:00-18:15 h Encerramento

    II SIMpSIO REGIONAL SOBRE BpuFs - MARING, pR, 27 e 28 DE MARO DE 2012

    III SIMpSIO REGIONAL SOBRE BpuFs -LuIz EDuARDO MAGALHES, BA - 15 e 16 DE MAIO DE 2012

    15/MAIO/2012 TERA-FEIRA

    perodo I09:00-09:30 h Abertura09:30-10:20 h Palestra 1: Aspectos gerais sobre as BpuFs10:20-10:30 h Perguntas sobre a Palestra 110:30-11:00 h Coffee break11:00-12:00 h Palestra 2: Conceitos e dinmica de nutrientes no