Jorge Forbes_o Que Faz Um Psicanalista Lacaniano

1
Jorge forbes O que faz o psicanalista lacaniano? 1. não recua diante da desesperança de sujeitos que foram sentenciados pelas contingências (na forma desentença judicial, diagnóstico médico, encaminhamento de familiares, etc.); 2. acolhe (sem resignar-se nem compadecer-se) o insuportável de cada um que o procura; 3. intervém para esvaziar a consistência dos discursos e seus diferentes imperativos; 4. aposta na vitalidade da psicanálise para interpretar os discursos (familiares, médicos, pedagógicos, jurídicos e etc..) que subjugam um sujeito, inviabilizam sua existência ou fazem dela uma tragédia; 5. estabelece parcerias com instituições (a universidade, o judiciário, o hospital etc.) que ofereçamcondições para potencializar o ato analítico, produzindo um pouco mais de satisfação como efeito; 6. trabalha de modo a modificar diagnósticos, prognósticos e até a direção do tratamento médico, daorientação pedagógica, da decisão judicial e muitos outros procedimentos; 7. reinsere, na consideração da sociedade líquida, a dimensão invariável do vivo, da sexualidade e da morte,pois sabe que, somente assim, se pode reinventar o uso do corpo e dos laços sociais; 8. condena à prescrição todo imperativo mortificante e toda sentença mórbida que vige sobre o sujeito, quede direito deve permanecer vivo; 9. coloca seu trabalho à prova da conversação, submetendo o relato de seus casos (princípios, métodos eresultados) ao escrutínio da comunidade científica e psicanalítica; e 10. transmite suas descobertas de modo claro e pouco ritualizado, facilitando a adesão de diferentescomunidades ao discurso psicanalítico e provocando, nesse movimento vivo, a constante reinvenção dapsicanálise

description

Jorge Forbes_o Que Faz Um Psicanalista Lacaniano

Transcript of Jorge Forbes_o Que Faz Um Psicanalista Lacaniano

Page 1: Jorge Forbes_o Que Faz Um Psicanalista Lacaniano

Jorge forbesO que faz o psicanalista lacaniano?1. não recua diante da desesperança de sujeitos que foram sentenciados pelas contingências (na forma desentença judicial, diagnóstico médico, encaminhamento de familiares, etc.);2. acolhe (sem resignar-se nem compadecer-se) o insuportável de cada um que o procura;3. intervém para esvaziar a consistência dos discursos e seus diferentes imperativos;4. aposta na vitalidade da psicanálise para interpretar os discursos (familiares, médicos, pedagógicos, jurídicos e etc..) que subjugam um sujeito, inviabilizam sua existência ou fazem dela uma tragédia;5. estabelece parcerias com instituições (a universidade, o judiciário, o hospital etc.) que ofereçamcondições para potencializar o ato analítico, produzindo um pouco mais de satisfação como efeito;6. trabalha de modo a modificar diagnósticos, prognósticos e até a direção do tratamento médico, daorientação pedagógica, da decisão judicial e muitos outros procedimentos;7. reinsere, na consideração da sociedade líquida, a dimensão invariável do vivo, da sexualidade e da morte,pois sabe que, somente assim, se pode reinventar o uso do corpo e dos laços sociais;8. condena à prescrição todo imperativo mortificante e toda sentença mórbida que vige sobre o sujeito, quede direito deve permanecer vivo;9. coloca seu trabalho à prova da conversação, submetendo o relato de seus casos (princípios, métodos eresultados) ao escrutínio da comunidade científica e psicanalítica; e10. transmite suas descobertas de modo claro e pouco ritualizado, facilitando a adesão de diferentescomunidades ao discurso psicanalítico e provocando, nesse movimento vivo, a constante reinvenção dapsicanálise