Jorge Adoum - 20 dias no mundo dos mortos (em Portugês)[1]

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    20 DIAS NO MUNDO DOS MORTOS

    OU

    20 DIAS NO MUNDO DA OUTRA VIDA

    Dr. JORGE ADOUM

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    Copyright: Comisso Divulgadora Jorge Adoum

    Primeira edio: 1978Primeira reimpresso: 1991

    A FUNDAO CULTURAL AVATAR, com sede rua Min. OctvioKelly 352 c. 6, em Niteri, RJ, foi autorizada pela Comisso DivulgadoraJorge Adoum, a publicar esta edio.

    Adoum, Jorge

    20 Dias no Mundo dos Mortos, ou 20 Dias no Mundo da Outra Vida;traduo pelos membros da Comisso Divulgadora Jorge Adoum.

    -- Niteri, Fundao Cultural Avatar, 1991.

    134p20cm.

    Reproduo fac-similar da 1 edio, editada pela F.E.E.U. em1978.

    1. Ocultismo. I. Comisso Divulgadora Jorge Adoum.II. Ttulo.

    CDD 133CDU 133:140.8

    ISBN: 85-7104-017-6

    IMPRESSO NA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

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    Livros de Jorge Adoum que a FUNDAO CULTURAL AVATARprogramou publicar:

    - Cosmognese- O Reino, ou o Homem Desvendado- 20 Dias no Mundo dos Mortos- O livro sem ttulo de um autor sem nome- O tomo Divino - O Grnulo da Vida (obra pstuma)- A gnese reconstruda- Como sentir e desfrutar a felicidade- O Evangelho da Paz de Jesus Cristo pelo

    Discpulo Joo (obra pstuma)- Ser esposa feliz uma arte

    - O povo das mil e uma noites -- O batismo da dor- Poderes, ou o Livro que diviniza- A Sarsa de Horeb, ou o Mistrio da Serpente- Rumo aos Mistrios- O Exrcito da Serenidade e da Brandura (obra pstuma)

    COMISSO DIVULGADORA JORGE ADOUMSantos Dumont, MG-BRASIL

    Caixa Postal 54

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    SUMRIO

    Prefcio Um esclarecimento 17A histria deste livro 19Captulo PrimeiroO 1. Dia. O Desprendimento 22Captulo SegundoO 2. Dia 33Captulo TerceiroO 3. Dia 45

    Captulo QuartoO 4. Dia 53Captulo QuintoO 5. Dia 60Captulo SextoO 6. Dia 69Captulo Stimo

    O 7. Dia 77Captulo OitavoO 8. Dia 85Captulo NonoO 9 . Dia 95Captulo DcimoO 10. Dia 102

    Captulo UndcimoO 11. Dia 110Captulo Dcimo SegundoO 12.0 Dia 115Captulo Dcimo TerceiroO 13. Dia . 123Captulo Dcimo Quarto

    O 14. Dia 128

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    PREFCIO

    Um esclarecimento

    O Dr. Adoum escreveu este Livro aps ter sido acometido por um

    distrbio circulatrio que durou VINTE DIAS, durante os quais viveuconscientemente no MUNDO DOS MORTOS, ou, no MUNDO DAOUTRA VIDA.

    Tendo se restabelecido comeou depois de alguns meses, aescrever suas experincias. Depois do relato referente ao Dcimo QuartoDia, veio a se enfermar novamente, tendo, ento, deixadodefinitivamente o seu corpo fsico no dia 4 de maio de 1958.

    Esclarecemos tambm que traduzimos este livro do idiomaespanhol, seguindo inteiramente o estilo do Autor que o escreveu sem apreocupao de burilar pensamentos e frases.

    ***

    IRAN diz em seu livro El Mdico del Alma que o grande enigma

    imposto imaginao humana o da sobrevivncia aps a morte fsica;diz ainda que se cada ser humano souber com certeza em que ir seconverter depois da morte e se conseguir compreender que continuarvivendo, pensando, sentindo, vendo no Outro mundo, haver umformidvel progresso; esta certeza ser uma Luz capaz de diminuir umagrande parte das interrogaes e do sofrimento humano. O seu livro ,como diz Ele, o resultado de doze anos de sua vivncia consciente nos

    mundos invisveis. Suas mensagens so de alta transcendnciacientfico-espiritual.

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    O Dr. Adoum, neste seu livro, nos diz e mostra com exemplos,muito variados, a realidade da sobrevivncia humana aps o fenmenoda morte.

    Tudo ele escreve de maneira muito clara, apresentando fatos altura da compreenso de qualquer pessoa.

    Outros escritores, mestres e inmeras Mensagens Espritas tmtratado do assunto com grande maestria e verdade.

    O mrito do Dr. Adoum ele no o considera maior nem melhor doque o de seus antecessores.Ns, porm, divulgamos o seu livro porque so experincias vividas

    por ele de uma maneira to natural e ditas de um modo to simples e aomesmo tempo to real e profundo, que iro desanuviar muitas mentes,confortar muitos coraes e preparar muitos outros para ingressaremconscientemente no mundo do Mais Alm, a fim de se tornarem cada

    vez mais teis Obra Divina.O Do Adoum soube comprovar em si mesmo, e nos convida a

    comprovarmos por ns mesmos, a Verdade das magistrais edesbravadoras palavras do Nazareno quando disse:

    O QUE LIGARES NA TERRA, SER LIGADO NO CU.NA CASA DE MEU PAI HA MUITAS MORADAS.

    Comisso Divulgadora Jorge AdoumSantos Dumont Minas Gerais Brasil

    Caixa Postal 54Maro de 1978

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    A HISTRIA DESTE LIVRO

    Em um dia agradvel, fins de abril de 1957, depois de meu regressoda Argentina, encontrei-me na rua com minha amiga Ana de Mezey e aconvidei para almoar comigo em um restaurante rabe na Rua Senhor

    dos Passos. A comida era saborosa e o ambiente muito acolhedor.Terminada nossa refeio, perguntei-lhe:

    Que tal irmos agora a um cinema? No h nenhum inconveniente, respondeu-me. E fomos.O filme no era muito atraente, mas servia para passarmos duas

    horas sem pensar nos srios problemas da vida.Eram trs horas e quarenta minutos da tarde; alguns momentos

    antes de terminar o filme, senti algo diferente e um mal-estar geral emtodo o meu corpo: estmago enjoado e dor de cabea. Percebi que minhaperna e mo direitas moviam-se sem o controle de minha vontade,

    jogando-se para a esquerda e para a direita... E... Por ltimo... Eis aqui oquidT... Senti-me cego... Cego... No enxergava nada, absolutamentenada.

    Fiz um esforo e olhei, isto , dirigi minha cabea para a direita e

    para a esquerda; no via seno trevas.No salo havia uma luz vermelha em um canto. Dirigi os olhos para

    ela e via... Da raiz do nariz contemplei uma luz como se eu estivessevendo-a atravs de culos escuros em cuja metade havia um orifcio deum centmetro de altura e um milmetro de largura; dessa janelinha a luzme parecia ter trs cores: branca, vermelha e amarela.

    No quis assustar minha companheira, porm ela percebeu meu

    estado anormal e me perguntou: O que est sentindo?

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    No estou bem. Vamos ento sair. Sim, mas preciso buscar um txi; creio que tenho dificuldade

    de andar. J vou e volto.Ela saiu, e eu procurei usar vrios mtodos para recuperar meu

    estado normal. Da a dois minutos terminou o filme; o pessoal comeoua sair do salo do cinema; comecei a recuperar a vista pouco a pouco.

    Ento, verifiquei que o movimento do p direito era como a batutado msico que serve para marcar o compasso; a mo direita seguia o

    mesmo ritmo movendo-se da direita para a esquerda.Dois minutos depois pude me levantar para sair em busca de minha

    companheira a qual j encontrei ao meu lado; ajudou-me ento a sair docinema.

    O txi chegou e entramos. Ela deu o endereo de sua prpria casa.Em verdade, ela no podia fazer outra coisa porque sabia que eu eracomo o Filho do Homem que no tinha onde repousar a cabea.

    Chegando casa, levou-me a um quarto, bem ventilado e cmodo;ajudou-me a tirar minha roupa externa e me deitou em uma cama macia.Em seguida, chamou o mdico. Depois, deu-me para beber uma infusode plantas.

    Encontrava-me em um estado muito raro, em um estado cujadescrio fazia-me rir. Era um estado to extravagante que o mero fatode ser contado, faz todo mundo tambm rir.

    Quando eu fechava os olhos, via-me em outro mundo, em outradimenso; via pessoas conhecidas e desconhecidas, mortas h vriosanos. Havia escrito h dias para um amigo na Argentina, e fiqueisurpreendido ao v-lo entre os mortos. De fato, poucos dias depois tivenotcia de seu falecimento.

    Eu estava compartilhando da vida dos mortos; eles falavam comigoe eu com eles, mas, para que adianta este relato...; no entanto, quando eu

    abria os olhos voltava ao mundo dos chamados vivos

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    O mdico chegou; era um homem maduro. Falou-me; perguntou-me... Examinou-me com seus aparelhos e com seus dedos. Fez-me umatransfuso de sangue da artria para o msculo.

    Receitou, cobrou e disse: Voltarei amanh.E voltou vrias manhs; paulatinamente passei por uma dezena de

    sintomas. Durante muitos dias, ao fechar os olhos, via-me entre osmortos que vivem, e, ao abri-los,' entre os vivos que morrem.

    Coincidiu que vrias vezes, enquanto eu conversava com um ser domais alm, a dona da casa perguntava-me algo; minha resposta saa

    incoerente, como, por exemplo: Almoou bem? Perguntava ela. No sei ainda, respondia-lhe eu, ao abrir os olhos. Esta resposta

    no era a correta; eu estava respondendo a uma amiga morta h anos queme perguntava:

    Agrada-lhe estar entre ns?

    ***

    Mas, o que adianta relatar estes fatos, se tudo vai chegar a seudevido tempo?

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    CAPTULO PRIMEIRO

    O Primeiro Dia. O Desprendimento

    s nove horas da noite do mesmo dia minha amiga apagou a luz do

    quarto, desejou-me uma boa noite e retirou-se fechando a porta.Eu estava deitado de costas com a cabea alta repousada sobre trs

    travesseiros.Sentia-me cansado de uma maneira diferente de todo cansao fsico.

    Fechei os olhos para meditar e senti uma vontade imperiosa de livrar-medo corpo fsico, como se ele fosse uma carga pesada demais.

    Eu no sentia apego algum vida, como se houvesse j vivido

    milhares de anos em busca de um objetivo sem poder consegui-lo e semesperana de obt-lo.

    Que vida to intil foi a minha e quo insignificante tenho sido!Minha vida foi como um alarme falso, ou, como diz um refro rabe:ouo o moinho rodar, mas no encontro farinha.

    Todos esto apegados vida, e, no entanto, eu a sinto como umacarga pesada.

    Sempre busquei a superao em tudo e em coisa alguma mesobressa.

    No me queixo de nada e de ningum, porm, desgosta-me minhainutilidade e insignificncia. O mundo esperava muito de mim; eudefraudei o mundo; quo intil minha vida; eu devo morrer...

    ***

    E enquanto meditava em tudo isto, me vi?... Senti?...

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    Que coisa to estranha! Mas, isto impossvel!Ser isto o princpio da loucura?Ser isto a morte?

    Naturalmente o leitor quer saber o que aconteceu.Pois bem, aqui vai:Vi-me, senti-me que estava parado ao p da cama contemplando

    meu corpo deitado de costas, meio recostado na cama.Sou dois? Estarei alucinado?Comecei, ento, a contemplar e a estudar aquela situao to rara e

    extravagante.

    No quarto no havia luz; no entanto eu via. Via, sim, mas de umamaneira diferente e estranha. Via os objetos no quarto rodeados de umaaurola luminosa e de diferentes cores.

    Meu corpo deitado na cama foi o que mais me preocupou. Comoposso eu estar deitado e ao mesmo tempo estar de p ao lado de meucorpo? No somente meu corpo emanava aquelas luzes, mas tambm ato mrmore da mesa, embora fossem menos densas e menos compactas.

    Toda a casa me parecia cheia de vida.Tudo tinha aura emanada do centro.Pela janela aberta contemplei por um momento as rvores que

    estavam em frente casa, e vi que irradiavam uma luz cinzenta clara.Tudo irradiava luzes de cores diferentes.Naquele momento senti um forte desejo de entrar novamente em

    meu corpo. Foi uma atrao irresistvel, e, sem saber como, entrei nele,

    mas senti uma dor forte na cabea. Ento dei-me conta de que a bolsa degelo que estava sobre a minha fronte havia resvalado e cado; eis porquesentia dores.

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    O que aconteceu? Perguntei a mim mesmo. Devo estar bem doente

    a ponto de ver tais iluses!...

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    J vivi o suficiente; chegada a hora de deixar este pobre corpo quetanto suportou esta vida. J tempo de devolv-lo ao barro de onde veio.Sim, sim...

    ***

    Novamente estou fora do corpo!...Com toda a certeza este estado deve ser o preldio da morte, ou o

    resultado de estudar livros de espiritualismo, pensei comigo.Contemplei extasiado o meu quarto, o meu corpo e os mveis; senti

    que eu no era aquele que estava deitado na cama.Meu corpo estava meio estendido; estava transparente e crivado,

    por um sem nmero de orifcios. Todos os rgos internos funcionavamlentamente. Ao redor desta massa transparente havia outra muito maissutil; era como aquela luz que rodeia uma lmpada eltrica nas noites deneblina.

    Ser esta a morte?

    No creio porque me sinto vivo; mas eu estou fora de meu corpo.Ento me veio memria o que eu havia lido h anos nos livros de

    ocultismo, os quais diziam que o homem tem vrios veculos ou corposalm do corpo fsico.

    Desta maneira comecei a raciocinar assim: meu corpo fsico comoa vela; a labareda como o corpo cintilante chamado astral; e a luz como o corpo mental ou a mente...

    Mas, para que filosofar?! Eu estou contando fatos, e no escrevendoum tratado de metafsica ou uma obra sobre ocultismo.

    Meu corpo chamou muito a minha ateno; porm, o que muito euadmirava era o meu estado fora do corpo.

    Em que estado me encontrava?Sonhava?Mas eu estava em meu estado mental perfeito. Via e raciocinava

    comigo mesmo; porm, no me sentia uma s pessoa, e sim um conjunto

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    de seres unidos e separados entre si ao mesmo tempo. Sem dvida, omeu estado era anormal.

    Eu experimentava um grande bem-estar; estava feliz neste estado

    porque compreendia a doura da dor, o encanto de sofrer e a amargurada alegria. muito difcil explicar a sensao do estado em que me encontrava

    em que a dor e o prazer se misturavam, e no se lhes podia separar.Eu me sentia em uma doce calma; uma espcie de eterna calma a

    qual tem uma msica que no se pode comparar com qualquer msicahumana.

    Naqueles momentos pensei nos morfinmanos, nos ascetas e nosbudistas; naqueles que se embriagam pela f ou pelo pio, e se elevamem seus sonhos ao mais alm da natureza, ou descem s regies maisinferiores de seus elementos.

    Tudo me falava ao meu redor na linguagem de seu brilho; tudolanava sons e cores diferentes e harmnicos com os demais; parecia-meque o sol era um imenso rgo cujas teclas eram tocadas por seres

    invisveis.Mas, porventura, eu via e ouvia?!Eu no sei o que responder. As palavras ver e ouvir so usadas aqui

    para a compreenso, mas no era ver e ouvir o que eu experimentava.O que era ento?No sei, mas o que posso assegurar que eu era mais gil e mais

    sensvel; minha vontade guiava-se sem alteraes e meu juzo estava

    intacto. Por fim cheguei a convencer-me de que meu estado era anormal;pensei que se isto no a morte, deve ser o seu preldio.

    ***

    Deixei meu corpo deitado e me dirigi ao quarto de minha amiga.Como cheguei l?! Caminhando?! No sei. No caminhei e, no entanto,

    estava l; em seguida perguntei a mim mesmo: No tens vergonha deentrar no quarto de uma mulher sem bater na porta?!

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    Caramba! Os doentes se tornam sem escrpulos.Mas, o que vejo?!De fato estou muito mal, muito mal em meu estado mental.

    Vi minha amiga sentada ao lado de seu corpo; ela fazia clculos eat a vi pensar. Ela estava rodeada de uma aurola de luz com algumasnuvens de vrias cores. A aurola ao redor de sua cabea era grande,mas a sua cor no era ntida. Tratei de sentir o que ela pensava e ideava;meu esforo me fez descobrir que ela fazia clculos e queria muitascoisas ao mesmo tempo. Pensava em comprar apartamentos, ter umabela casa com jardins cheios de flores de todas as espcies; depois viajar

    pelo mundo. Logo em seguida mudou de pensamento e se lembrou demim; neste momento entrou em seu corpo e... Despertou-se; levantou-see foi descala at ao meu quarto detendo-se diante de meu corpo e ocontemplando. Vi que de sua cabea em especial e de seu corpo emgeral saam muitas luzes coloridas, porm um tanto confusas. Naquelemomento eu no compreendia nem entendia a linguagem das luzes, mas,agora sim, posso decifr-las. De sua cabea emanava uma luz de cor

    amarela esverdeada, que significa simpatia; depois mudou para umrosado claro que um afeto terno. Ao ver que meu corpo dormia, voltoucom cuidado e foi para sua cama.

    ***

    At agora devo aprender que eu sou UM, mas tenho dois corpos nos

    quais habito, a saber: um corpo denso que est dormindo diante de mime outro que segue ligado a mim. Este segundo corpo no muitodiferente do seu fsico; ele est rodeado por uma aura de cores brilhantese composto de uma matria muito sutil, vaporosa e fina. Chegueitambm a compreender que uma espcie de veculo ou ponte ou meiode transporte entre o crebro fsico e a mente que atua em outro veculomais difano ao qual podemos dar o nome de Corpo da Mente ou Corpo

    Mental.

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    Em verdade este corpo luminoso no muito diferente do fsico; sque est rodeado daquela aura de cores cintilantes e composto dematria muito mais fina e sutil do que fsica. o veculo dos

    sentimentos, das paixes e dos desejos, conforme veremos mais tarde; a ponte unindo o crebro mente.

    ***

    Segundo minhas observaes, o homem sem desenvolvimento vivedurante o sono uma existncia vaga, e, ao se despertar, o seu corpo

    fsico recorda muito pouco ou nada de seu viver durante o sono;enquanto que o homem desenvolvido converte-se durante o sono fsico,por meio de seu poder mental e de desejos, em servidor do mundo etrabalhador consciente na Obra Universal.

    ***

    Meu corpo fsico continuava dormindo e eu andava de um lado aoutro. Aproximei-me da janela frente ao parque e minha surpresa foiindescritvel. O parque estava repleto de gente; uns estavam parados dep; outros se moviam lentamente e outros caminhavam. O maissurpreendente era que os que caminhavam penetravam nos corpos dosque estavam imveis, e seguiam adiante; nenhum dos dois grupos seadvertia da existncia do outro. Este fenmeno me chamou a ateno.

    Quis ir ao local, ou melhor, tive desejo de investigar o mistrio dapenetrabilidade dos corpos, e... Imediatamente me vi no parque, mas deuma maneira que me senti perplexo. Eu estava no parque, porm semcorpo.

    Como?! De que maneira?!Vou explicar minha sensao. Eu estava no parque, porm sem meu

    corpo fsico. Eu sentia sem sentidos externos; estava com a gente do

    parque e ao mesmo tempo em meu corpo astral que parecia esperar-mena janela perto de meu corpo fsico.

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    Que complicaes so estas?!No sei, querido leitor.Por isto lhe digo que se esta leitura o aborrece, deixe o livro para

    quem gosta de decifrar enigmas.Eu me sentia UM, porm com vrios corpos ou envolturassemelhantes a vrias peas de roupas sobre meu corpo: camiseta,camisa, palet. No parque eu estava com uma camiseta; na janela comuma camisa e na cama com a minha roupa diria.

    Em verdade era algo curioso.Eu tambm, querido leitor, estou pensando como voc: trata-se de

    um princpio de loucura. No entanto, vou continuar o relato, posto quese trate de uma loucura inofensiva.

    ***

    O que mais me confirmava o estado de minha anormalidade era avestimenta daqueles seres que vi no parque naquela noite. Uns estavam

    com roupas de pocas passadas e antigas; outros no estavam com roupaalguma e seus corpos eram gasosos como uma espcie de densa neblinabanhada pelos ltimos raios do sol poente.

    ***

    Outro fenmeno surpreendente me chamou a ateno: eu via todos

    que estavam ao meu redor, mas eles no me viam. Por qu? Perguntei amim mesmo. Vi alguns que caminhavam e se dirigiam ao meu encontroe me atravessavam sem perceberem minha presena, como se eu fosseuma espcie de brisa imperceptvel. Sem embargo, todos que estavamali eram interpenetrados por outros de matria mais difana e flutuavamem um mar de tomos luminosos que os envolvia e enchia todos osinterstcios da matria fsica.

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    Ser isto o que a cincia chama de ter, o qual interpenetra todasas substncias conhecidas desde o slido mais denso ao gs maisrarificado?

    Outro fenmeno: no h dois tomos que se toquem; o espao entredois tomos muito maior do que os prprios tomos. Ser que este fatoexplica que um ser que vive no mundo luminoso ou astral, como ochamam os msticos, pode ocupar o mesmo espao de um ser que viveno mundo fsico sem que um seja consciente do outro e que no seestorvem em seus movimentos? Assim deve ser, pois eu no encontrooutra explicao.

    ***

    Alguns daqueles seres ali presentes estavam rodeados por umanebulosidade mal organizada, tosca, de cor escura e densa, estendida emtodas as direes. Em muito poucos seres aquela aura era bem grande ede formosa luminosidade, porm o mais surpreendente eram as suas

    cores.No s o corpo fsico do homem possui aura luminosa, mas tambm

    todo objeto fsico tem seu grau correspondente em ao permanente.Todo objeto fsico tem sua aura luminosa; sua luminosidade est em

    constante movimento.O que mais me chamou a ateno foi o fato de que na maioria

    daqueles seres eu via que a superfcie inteira de seus corpos estava

    coberta de uma infinidade de pequenos remoinhos e bem assim demovimentos intercruzados batalhando uns contra os outros em loucaconfuso.

    Prestei mais ateno a esse estado, e ento compreendi que isto oresultado de emoes e preocupaes que invadem o homem.

    Vi tambm um ser que tinha cinco cores bem definidas em vriaspartes de seu corpo com cinco graus de vibrao, como, por exemplo:

    amarelo brilhante ao redor de sua cabea, rosado em todo o corpo,carmesim que dava matiz s demais cores. Aquelas nuvens de luz em

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    rpido movimento de rotao eram de beleza que no se pode descrevernem representar com palavras ou pinturas.

    ***

    Olhei novamente a janela por onde havia sado e encontrei meucorpo luminoso, nome pelo qual o designarei doravante; entocompreendi que ele como uma verdadeira ponte entre minha vidamental ou conscincia e minha vida fsica, e que atua como transmissorde vibraes entre o corpo fsico e o mental.

    ***

    De todo o exposto, tirei duas concluses:1 Durante o sono o corpo luminoso pode separar-se do fsico e

    atuar livremente em seu prprio plano, -mas sem afastar-se muito docorpo fsico.

    2 Que o homem ou o seu Eu pode separar-se do corpo luminosodeixando-o perto do corpo fsico, e agir livremente em seu estado, ou,melhor dito, em outro plano que alguns denominam Plano Mental.

    ***

    Ao contemplar aquela multido percebi que todo ser emana um

    ovide de vrias cores; mas em geral a parte inferior do ovide maiordo que a superior, e assim, tem a forma de um ovo com a parte maisestreita dirigida para cima; no obstante um pequeno nmero dospresentes tinha a parte mais estreita para baixo. Os primeiros tinham ascores do ovide, muito turvas e sujas, enquanto que os segundos tinhamno ovide vrias cores muito ntidas, definidas e brilhantes. Entocompreendi intuitivamente que os primeiros tm falta de

    desenvolvimento mental e psquico, enquanto que os segundos somuito adiantados. Os primeiros manifestavam-se em vibraes muito

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    lentas e grosseiras, enquanto que os segundos mostravam-se em umamatria mais fina e transparente.

    Vi poucos homens com a cabea rodeada de cor amarela, outros de

    cor rosada e outros, azul; sem que ningum me explicasse, senti que osprimeiros eram sbios, os segundos eram afetuosos e os terceiros eramdevotos. Todas as cores ntidas e brilhantes encontram-se sempre naparte superior do corpo, enquanto que as cores turvas, sujas e confusasesto na parte inferior; e assim me pareceu que cada qualidade semanifesta em uma cor e possui seu tipo especial de matria, cor e luz.

    As cores limpas e ntidas persistem durante muito tempo, enquanto

    que as sujas desaparecem e so trocadas com muita rapidez, como quedevoradas pela atmosfera.

    ***

    Depois de contemplar aquilo com muita ateno, senti compreendero seguinte:

    O EU SOU, DEUS, mora na parte mais superior de nossa mente ea ELE s podem chegar, por afinidade, os pensamentos desinteressadose altrustas; enquanto que os pensamentos inferiores vo afetar ostomos inferiores do eu inferior.

    Vi vrios seres com a aura quase igual, salpicada de manchasescarlates, opacas e borrentas. Outros tinham o corpo mais definido,enquanto que muito poucos, um corpo luminoso de uma beleza

    surpreendente. Atravs da parte superior ao corpo havia uma franja decor lils. Sobre a cabea e envolvendo-a aparecia uma nuvem de coramarela brilhante; abaixo, uma larga franja azul e atravs do corpo,outra franja rosada; na parte inferior do corpo, a cor verde. As coreseram brilhantes, luminosas, e o corpo estava bem delineado.

    ***

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    s vezes via certos seres com um corpo que vibrava de muitas ediferentes maneiras ao mesmo tempo e de uma maneira feia e horrvel,bem como enfermia; essas vibraes so daninhas e contagiosas que

    afeiam os seres sensveis, os quais sentem inquietaes e preocupaesque chegam a dar origem a enfermidades nervosas.Estes seres pareciam-me como enfermos por causa dos temores que

    aniquilam a vitalidade.Vi alguns que tinham aura branca, sem cor, que me produziram uma

    espcie de temor e repugnncia; o medo apoderou-se de mim ao v-los,como se eu estivesse entre seres informes e malignos que desejavam

    devorar-me.Vi uma criana com cores formosas e brilhantes livres de qualquer

    mancha, e, enquanto eu estava assim embevecido com aquelesfenmenos, senti uma necessidade urgente de voltar ao meu corpo; e desupeto entrei nele; nesse instante despertei-me assustado.

    Minha amiga estava perto de mim pela segunda vez naquela noite, eestava cobrindo minhas costas.

    Como est? Perguntou-me.Fechei novamente os olhos e respondi: Estou bem... Estou bem.A luz do dia comeava a aparecer, e chegava a mim pelas persianas.

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    CAPTULO SEGUNDO

    O Segundo Dia

    O mdico veio pela manh.

    Injetou-me penicilina, receitou, cobrou a visita e saiu prometendovoltar no dia seguinte.No me sentia bem: tinha dor de cabea e minha vista direita estava

    enevoada; no me deixava ver totalmente as coisas; ao olhar para o rostode uma pessoa no distinguia seu olho esquerdo nem a regio frontalesquerda; isto queria dizer que meu nervo cerebral tico estava afetado.Peguei um livro para provar se podia ler; minha aflio foi grande ao

    constatar que, se a palavra continha mais de dez letras eu tinha que l-laparceladamente, isto , eu no podia ver mais do que cinco letras de umas vez; as outras cinco tinham que esperar sua vez at que recebessem osraios visuais para serem lidas.

    Meu estado geral era calamitoso; eu sentia que a morte rondava aomeu redor e isto me produzia prazer.

    Nunca tive medo da morte, mas naquele estado a idia de morrer

    produzia-me uma reao muito agradvel.Minha amiga, e anfitri, quis dar-me algum alimento; roguei-lhe,

    porm, que no o fizesse porque no tinha nenhum apetite; o que euqueria era dormir.

    Ela, ento, arrumou meus travesseiros, cobriu-me, despediu-se comum at logo e saiu, fechando a porta.

    Cinco minutos depois, senti-me novamente fora de meu corpo

    fsico.

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    ***

    Recomecei, ento, a estudar meu corpo. Senti carinho para com ele,

    sem saber o motivo.Contemplei-o por um instante durante o qual lhe agradeci vriasvezes por ter me alojado por tantos anos. Naquele momento eu nosofria nenhuma dor; ele era como algo alheio a mim depois de ter sidomeu por muitos anos.

    No me detive por muito tempo em analisar as minhas sensaesporque nesse estado o homem como uma criana; atrai-lhe a ateno

    qualquer novidade.Era de dia, mas eu via as coisas e os seres como os havia visto em

    meu sono durante a noite. Havia luz muito intensa, mas essa luz noprovinha do sol; era uma claridade intensa em toda parte e que noprocedia de nenhuma origem.

    Sempre acontece comigo, e em mim, um fenmeno antes deentregar-me ao sono; creio que acontece tambm com muitas pessoas.

    No momento de entrar no verdadeiro sono e de perder definitivamenteaquele estado de conscincia, comeo a ver, com os olhos fechados,ntida e claramente, determinadas paisagens com muita gente. Vriasvezes tenho desenhado aqueles panoramas e aqueles semblantescompletamente desconhecidos para mim. Muitos de meus amigos tmcomprovado esses fenmenos na hora de dormir.

    Novamente fui janela e vi, com os olhos e como na noite anterior,

    uma multido de seres naquele estado que descrevi anteriormente; masvi tambm muitas pessoas com corpos fsicos que passavamrapidamente pelo parque, atravessando os corpos gasosos dos seres queestavam ali sem que uns percebessem a presena dos outros.

    Os vivos entravam na atmosfera daqueles seres, assim como otranseunte penetra na luz de um foco luminoso colocado na rua.

    Quis estar novamente no parque, e este querer me levou l; mas

    tambm novamente me dividi em trs seres (em verdade no encontropalavras adequadas para descrever este fenmeno).

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    Eu senti que meu corpo fsico estava deitado na cama; eu via oque eu via? No sei. Mas, meu segundo corpo luminoso estava na janelacontemplando! Contemplando o qu? Perdoe-me. Ele estava em frente

    ao parque onde eu estava. Eu no sei o que devo fazer para que o leitorme compreenda.Vou tratar de explicar com um exemplo, embora seja muito tosco:Suponhamos, querido leitor, que voc esteja enamorado e que se

    encontre muito longe de sua noiva; e em um momento de nostalgia retirede sua carteira o retrato da mulher amada e ausente; comea acontemplar aquela figura com ternura e avidez. Nesse estado pode-se

    dizer que voc est em trs lugares simultaneamente; no entanto, seucorpo fsico est sentado e longe do ser querido; sua ateno est fixa noretrato; seu corao e todo o seu amor esto envolvendo o originaldaquele retrato. Desta maneira pode-se dizer que voc uma unidade,mas naquele momento se dividiu em trs para satisfazer o desejo de seucorao.

    No sei dar mais explicaes; direi somente que sentia meu corpo

    deitado e dormindo; meu outro corpo luminoso me esperava na janela;ao mesmo tempo eu estava no parque com a multido. E assim eu estavaseparado e unido, ao mesmo tempo, aos meus outros corpos.

    Um axioma de fsica afirma que dois corpos materiais no podemocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo; porm milhares de vibraes ede notas musicais podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo; istoacontece, por exemplo, quando uma orquestra interpreta a Nona

    Sinfonia de Beethoven.Da podemos deduzir, ao falar do corpo fsico e dos demais corpos

    invisveis do homem, que devemos compreender a idia dos diversosplanos de existncia.

    A palavra planos para muitas pessoas significa capa cu superfcieplana de substncia material. Esta uma compreenso errnea. Planono um lugar; um estado de conscincia, como alegria ou tristeza.

    Muitos instrumentos musicais podem lanar seus sons ao mesmo tempoe inumerveis vibraes enchem o ar; sem embargo, quem est ouvindo

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    pode fixar seu ouvido em determinado instrumento e assim perceberdeterminadas notas. Nenhuma nota se perde porque todas se manifestamem volume orquestral no pequeno espao do tmpano auditivo.

    A natureza nos oferece outro exemplo: cada cor tem seu lugar naescala vibratria da luz. Por meio de um prisma de cristal podemosdecompor a luz em sete cores. Todas as cores esto em cada ponto doespao por onde passa o raio do sol e podem se manifestar peladecomposio da luz branca. Porm, existem, mais alm do campo daviso humana, cores invisveis por serem suas vibraesdemasiadamente altas, ou baixas, as quais s podem ser percebidas por

    meio de aparelhos apropriados.Na linha de um telgrafo podem passar vrias mensagens, em vrios

    idiomas, pelo mesmo fio, sem se confundirem umas com as outras. O arpode estar cheio de radiogramas de tnicas diferentes, porque cada umadelas no anula a presena das outras, nem recebe seu influxo.

    Do mesmo modo podemos conceber vrios mundos ocupando omesmo lugar no espao, porm cada um com tnica vibratria diferente,

    de sorte que os seres viventes (e aqui est a soluo do mistrio), em umdos mundos, desconhecem totalmente a existncia de outros seres quevivem com eles por causa da diferena vibratria.

    Logo, os planos da vida representam graus diferentes de vibraoou de energia vibratria, mas no de matria.

    A matria, embora em sua mais sutil modalidade, uma muitobaixa modalidade de energia vibratria (Ramachraca).

    Desta maneira compreende-se que ao falar dos planos de existnciaextraterrena que constatei fora de meu primeiro corpo, o fsico, no sedeve compreender que sejam lugares determinados.

    Agora surgem milhares de perguntas como esta, por exemplo: Como descreves, ento, um parque cheio de gente? Como apareces em uma janela? Etc, etc. Perdo, querido leitor.

    Eu estou descrevendo, at agora, o primeiro plano de minha existncia.

    Em minha vida fsica eu sempre olhava, por aquela janela, o parque e asrvores que estavam em frente de meu quarto. Assim tambm at este

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    momento no posso saber e nem explicar como saltei do stimo andar aoparque onde contemplava aquela multido de seres sem que elespercebessem minha presena junto deles.

    Ento irrisrio dizer: descer ou subir, porque eu me sentia noparque sem ter o incmodo de tomar o elevador, nem tampouco dedescer pela escada. Sem embargo, eu me sentia embaixo e em cima aomesmo tempo, e tambm deitado na cama.

    Eu era como uma corda de violino que d notas diferentes segundoa presso aplicada corda.

    Ento, a passagem de um estado a outro pode conceber-se como

    sendo uma troca de vibrao da energia que anima todas as coisas.No posso explicar-lhe mais, querido amigo leitor; o fato

    inacessvel aos sentidos corporais, mas a mente o compreende sempalavras.

    Este plano chamado Plano Astral pelos espiritualistas, ouLuminoso por So Paulo, parece ter, como comentamos, numerososplanos e sub planos que se estendem desde o mais prximo do mundo

    fsico at mais alm da percepo humana ou mundo espiritual; entreesses dois extremos podemos observar inumerveis variedades defenmenos e fases de existncia.

    ***

    Enquanto eu estava naquele estado to raro e novo para mim,

    pareceu-me que via espectros e aparies de seres conhecidos quehaviam morrido; porm, o mais curioso era a apario de algunsanimais. Tambm vi muitos seres vivos do mundo fsico. Todos emgeral tinham corpos luminosos, porm com luzes diferentes uns dosoutros.

    O que mais me chamou a ateno, naquele estado, foi o fato de queeu podia ver tudo detalhadamente, enquanto que aqueles que se

    encontravam ali, muitos deles no percebiam a existncia de seus

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    vizinhos; s vezes quando se moviam, atravessavam uns aos outros, semse darem conta disto.

    Naquele estado eu distinguia o bom ou o superior do inferior pela

    cor. Os que eram bons segundo o conceito humano tinham cores ntidas,claras e brilhantes, enquanto que os grosseiros tinham cores sujas econfusas.

    ***

    Parecia que minha vida naquele estado deixou de ser uma srie de

    dias de conscincia desperta e noites de esquecimento.Naquele momento comecei a atuar e a me mover de um lado a outro

    porque possua grande mobilidade e podia transportar-me a longasdistncias do corpo fsico e do outro que estava na janela. O primeiroestava submergido no sono, o segundo vigiava o primeiro e o outro quese afastava dele.

    Eu no posso definir e nem dizer nada de meu terceiro estado, mas

    posso descrever o que acontecia ao meu redor.O estado astral ou luminoso tem muitos fenmenos descritos pelas e

    nas sesses espiritistas.Aqueles que tm lido algo sobre a quarta dimenso podem

    entender alguma coisa das teorias formadas sob a base das matemticase da geometria no estudo dos fenmenos deste mundo chamado astral ouluminoso.

    Parece que, quando o homem morre, ou quando dorme, entraimediatamente no mundo luminoso astral, assim como aconteceucomigo h apenas dois dias.

    Eu agora pergunto a mim mesmo: Por que antes de minhaenfermidade nunca tive conscincia daquele estado?

    Ser que, quando o homem adoece gravemente, pode aproximar-sedo reino da morte e ver o que estou descrevendo nestas pginas? Assim

    deve ser, como veremos depois.

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    ***

    Segundo minha observao, vi que cada corpo fsico flutua no mar

    astral que o envolve e enche toda a matria fsica. Conforme disse antes,no h dois tomos que se tocam, e que o espao entre dois tomosvizinhos muito maior que o prprio tomo. O leitor pode ter umaanalogia ao contemplar de noite as estrelas no firmamento. Cada astroest distante milhes de quilmetros de seu vizinho; no entanto, s vezestemos a impresso de que dois astros se tocam. Isto nos leva a perguntar:Sero as estrelas no firmamento glbulos de sangue no corpo dos

    cosmos? Ou sero tomos no seio do infinito?A cincia fsica sustenta e ensina que o ter interpenetra todas as

    substncias conhecidas, desde o slido ao gs mais rarificado. Assimcomo o ter circula livremente entre os tomos e partculas da matriamais densa, assim tambm a matria astral interpenetra o ter e move-selivremente entre as partculas do mesmo.

    Ao recordar-me destas lies esquecidas por mim h muito tempo,

    comecei a decifrar o segredo de que um ser que vive no mundo astral,assim chamado por causa de seu brilho, pois nele no h escurido ounoite, este ser pode ocupar o mesmo espao de outro ser, sem que sejamconscientes da existncia um do outro, e nem se esbarram em seusmovimentos; tudo se efetua pela diferena vibratria de um para outro.

    Existe uma explicao muito simples para se entender o fenmeno.Neste quarto onde escrevo estas linhas, h luz, ar e calor, trs elementos

    diferentes que no se estorvam entre si. Eu posso dar testemunho daexistncia desses trs elementos, mas um cego pode constatar somentedois elementos, o calor e o ar.

    ***

    Entre aquela multido que se encontrava no parque, viam-se alguns

    seres formados de uma massa vagamente delineada, nebulosa e malorganizada, de cor escura e densa. Seu tamanho estendia-se em todas as

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    direes at 25 ou 30 centmetros rodeando o corpo. Em alguns seresaquela atmosfera era maior, enquanto que em outros, sua luminosidadeera ainda mais ampla. necessrio um tomo completo para se descrever

    as cores que fluam naqueles corpos; por agora basta dizer que em certosseres as cores eram grosseiras e borrentas, e, em outros eram luminosas.Parece que os antigos ao usarem a palavra astral, que vem de astro,queriam aludir aparncia luminosa da matria que no se v com osolhos fsicos, e sim com os olhos psquicos ou internos.

    Ento o corpo astral ou luminoso no s interpenetra o corpo fsicodurante a vida do homem, seno que, alm de ter luminosidade, estende-

    se como nuvem ao seu redor, em todas as direes; a isto os escritoresmsticos e ocultistas descrevem em seus livros com o nome de aura.Eram muito poucos os seres que estavam ali, que tinham extensa,

    aquela luminosidade urica.A poro central da aura forma o corpo astral, na qual se distinguem

    entre si os que chamamos mortos. A poro central da aura tem a mesmaforma do que foi um dia o corpo fsico, e se distingue com muita

    facilidade da atmosfera que a rodeia, nem mais e nem menos do que acontraparte do corpo fsico. Como disse, no somente o homem possuisua aura, mas tambm todo objeto fsico tem sua contraparte astral; aspedras, os metais, tm sua poro astral que se projeta sobre suassuperfcies. Dizem que o clarividente v tudo isto, mas eu no souclarividente; o que anoto aqui no mais do que o estado que seaproxima da morte.

    Outra coisa que me chamou a ateno foi ter visto um jovemconhecido, cujas pernas haviam sido cortadas; viveu vrios anos emorreu. Naquela noite, eu o vi andando com as pernas perfeitas; passouao meu lado; quis cham-lo, mas ele seguiu sem olhar-me, ou, melhor,dito, sem nem sequer me ver.

    Pensei nisto e recordei o que havia aprendido, isto , que ao seramputado um membro do corpo fsico a contraparte astral no

    acompanha o membro fsico amputado. Muitos como ele, depois daoperao, continuavam com as mesmas dores nos membros j

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    amputados h anos. A medicina atribui a dor ao subconsciente; osespiritualistas explicam que a parte astral adquiriu o hbito de manter aforma do membro amputado, continuando a mant-la por muitos anos

    depois da amputao.Outra coisa chamou-me a ateno: noventa por cento daquela gentetinha aquela parte luminosa chamada astral em forma de ovo com aponta dirigida para cima. Basta meditar um momento neste fato para sededuzir que no homem sem desenvolvimento, a parte inferior do ovidetende a ser maior do que a superior; tambm isto nos faz perceber quogrotesco e inferior o seu dono. Em muito poucos seres humanos

    daquela multido ocorria o contrrio, e ao examin-los via-se que erammonjas, sacerdotes, professores e benfeitores da humanidade.A primeira categoria daquela gente, isto , os seres vulgares tm em

    seus corpos muitos graus vibratrios que lutam entre si numa loucaconfuso. Isto acontece como resultado de suas preocupaes eemoes. Uma monja em meio quela multido tinha cinco cores em seucorpo luminoso e este era de uma beleza indescritvel que atraiu minha

    ateno; no entanto, quando contemplava a outros seres daquelamultido, sentia-me cheio de inquietaes e preocupaes. Lembrei-meento dos mesmos efeitos que eu sofria em minha vida diria ao entrarem contato com pessoas pessimistas; e,... Como me esforava para nome deixar contaminar pelas suas emanaes uricas.

    Ento compreendi que as pessoas pessimistas so portadoras deenfermidades contagiosas que podem fazer adoecer aos sos.

    Vi uma criana nos braos de sua me. Seu corpo urico era toformoso que me atraiu, e os segui; suas cores eram puras e brilhantessem nenhuma mancha.

    O que mais me horrorizou foi um homem que tinha uma aurarelativamente sem cores; tive que fugir, embora eu tivesse a certeza deque ele no podia me ver, porque no vibrava como eu. Sua figuramostrava o infame que era.

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    Destes estudos em meu sono, capacitei-me do significado daaurola pintada ao redor da cabea dos Santos; sua cor geralmenteamarela porque esta cor a mais conspcua das cores do corpo astral.

    Seguramente havia em meu estado aquele algo de fantasia ou irreal,o que vou relatar.Enquanto eu vagava naquele parque minha ateno foi atrada para

    uma formosa flor. Cheguei-me perto dela e comecei a acarici-la comternura em face de sua beleza; neste estado senti que a flor correspondia minha admirao e carinho para com ela.

    Seguramente os animais respondem aos carinhos e ao afeto, mas

    nunca pensei que as plantas pudessem ter simpatia e antipatia. Por istodeduzo que todas as coisas existentes sentem o agrado e o desagrado.

    ***

    Depois de muito pensar, cheguei a deduzir o seguinte: meu corpoastral, que no se afastava muito de meu corpo fsico adormecido em seu

    leito, uma verdadeira ponte entre a minha vida fsica e a mental; eleatua como transmissor de vibraes, tanto do fsico ao mental quantodeste quele; ele se desenvolve pela constante passagem de vibraesentre ambas as direes.

    Devo explicar outro fenmeno: nesse estado no se ouve nenhumrudo e nem vozes; os seres comunicam-se por meio de pensamentos. Opensamento substitui a palavra e tem uma linguagem mais vasta e mais

    rica do que qualquer idioma conhecido. Os pensamentos podem serelegantes, sedutores, atraentes, como tambm repugnantes. Cadapensamento emite uma cor ao redor da pessoa, segundo a ndole dosentimento.

    Vi entre aquela multido uma mulher que estava orando, e vi saindodela um foco de chamas de cores muito atraentes que se elevavam emforma de cone.

    Constatei vrias vezes que sempre em torno de cada indivduo e,sobretudo, de sua cabea flutuam certas formas como bolas que se

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    desprendem dele e se renem ao seu redor. Esta imagem se mantmassim por algum tempo.

    Outro fenmeno: vi muitos seres pensativos que criavam pequenos

    retratos de uma ou vrias pessoas. Essas figuras ou retratos tinham, svezes, cores muito claras e ntidas, mas na maioria eram borrentas eincolores, sem forma clara.

    Tambm vi por vrias vezes que aquelas formas se manifestamsempre perto da cabea da pessoa dona delas; em um dado momento seprecipitam e se descarregam nela.

    Outras vezes vi muitos seres humanos rodeados daquelas formas;

    eles atraam a si outras formas iguais s suas, provindas da atmosfera.Em outra ocasio vi uma mulher em orao, e, no obstante,

    flutuavam ao seu redor certas imagens obscenas. Ela estava ao lado deum homem, ambos nus; o mais curioso que ela via e sentia que comeles havia um diabo que danava e ria.

    Parece que neste estado cada ser contempla o mundo de trs de seusprprios pensamentos e os v coloridos.

    Cada pensamento reagia sobre seu prprio pensador e o envolviaem suas redes como garras de um tentculo.

    O homem o criador de seu mundo, disse um escritor, e parece quecada criao deve ter forosamente sua forma. Os pensamentos doshomens so suas criaes, que com o tempo aumentam em nmero eintensidade, chegando a dominarem sua mente e suas emoes de talmaneira que o homem prefere atender a elas em vez de criar outras.

    Assim se formam os hbitos que modelam o carter; os hbitos soexpresses externas da fora acumulada, me do carter.

    Cada ser humano deixa atrs de si um rastro de formas de seuspensamentos. O homem responsvel quando toma essas formasnefastas e pensa maduramente nelas com prazer e em seguida as lanafortalecidas de novo. Por isto a religio probe pecar por pensamentos.As igrejas que no so freqentadas por fiis verdadeiramente devotos

    esto cheias de filas de cifres e clculos representados por operaes

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    comerciais ou especulaes de negociantes, com uma mistura devestidos, jias, chapus, desejados pelas mulheres.

    O homem sempre gosta de filosofar como estou fazendo agora, e

    por isto, estou- at este momento somente porta da compreenso.Nunca morri conscientemente para poder descrever o estado dos mortos,e, no entanto, estou falando sobre o assunto como se fora o melhorconhecedor.

    ***

    Vamos, acorda; preciso comer algo para reparar as forasperdidas, disse-me a Senhora Ana.

    No tenho fome, respondi. No importa; preciso comer alguma coisa, disse ela.

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    CAPTULO TERCEIRO

    O Terceiro Dia

    Parece que meu estado fsico no melhorou; deram-me vriosremdios e me injetaram outros.

    Minha amiga comeou a preocupar-se; e eu sentia o seu temor.Eu tambm, depois daquelas vises dos dias anteriores, tive a

    sensao de que meu estado de sade era grave; eu preferiria ficar a sscompletamente, como em uma cova, para receber a morte sem molestare nem perturbar a ningum.

    Quo trabalhoso e complexo um homem quando morre; carreg-lo, vesti-lo, traslad-lo, enterr-lo, e, para isso meio mundo

    incomodado; no entanto parece to simples coloc-lo na cova e lanarterra sobre ele.

    Quis falar Senhora dona da casa que me internasse em umhospital; mas, conclu que era intil porque ela no consentiria.

    Pensei muito nisto e na soluo do problema.No quero morrer aqui, pensei, pois muito desagradvel para ela,

    mesmo agora, prever esse fato. Eu sofria de verdade por causa desse

    pensamento e...E... eu estou num Templo Egpcio de muitos sculos passados; eu

    vestia uma tnica de linho branco; tinha a cabea completamenteraspada coberta com um capuz do mesmo tecido da tnica, mas neleestavam bordados vrios signos e figuras; atado em minha cintura estavaum avental triangular e no centro do tringulo estavam desenhados umargua e um compasso; em uma mesa distante de mim havia um vaso do

    qual saa uma fumaa densa que parecia ser incenso; levava na minha

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    mo direita uma espada cujo punho era de marfim em forma de Cruz, ena mo esquerda carregava uma Cruz Ansata.

    Nesse momento soou um gongo, e, antes de extinguir-se a ltima

    vibrao do som, entrou uma jovem, seminua; seus seios estavamcobertos com um encharpe de tecido finssimo que se estendia atocultar seus rgos sexuais.

    Ela comeou a danar freneticamente diante do Altar; era umadana provocante e excitante, ao som de instrumentos musicais quetinham semelhana com a ctara.

    O Templo iluminou-se com luzes que vinham de lugares invisveis,

    e em ambos os lados se destacavam duas fileiras de sacerdotes de p emfrente ao Altar. Era o Templo de Ra. Eu o reconheci. Reinava silncio.No se viam seno seres parados e com os olhos fixos naquela mulherque se movia ritmicamente no centro do fausto aposento ou Templo; asluzes iluminavam cada vez mais, e o brilho do ouro que se refletia nasparedes impedia a viso do teto e das paredes. Momentos depois, adanarina se deteve no centro da Nave do Templo e comeou

    paulatinamente dar voltas da esquerda para a direita at cair exausta detanto esforo.

    Ento eu gritei: ANK ANU.E tudo desapareceu porque me despertei do sono.O despertar muito me contrariou porque no cheguei ao final da

    cena de meu sonho.

    Depois comecei a reviver a cena; e qual no foi minha surpresa aoidentificar a vestal bailarina do Templo, com minha amiga e enfermeira,a Senhora Ana Yara, enquanto que o Grande Sacerdote era eu mesmo.

    Pensei uns momentos e disse a mim mesmo: Sero sonhos de umenfermo moribundo?

    Novamente entro no mundo dos sonhos e me encontro com umabela jovem perto de minha cama. No princpio no percebi meu estado e

    pensei que era uma visitante, e acreditei haver lhe perguntado: A quem busca senhorita?

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    Ela, sorrindo, respondeu, ou, acreditei haver escutado a voz que medizia:

    Mandaram-me a ti para ensinar-te e esclarecer-te algumas coisas.

    Primeiramente devo dizer que neste estado no se escutam vozes comono mundo fsico. PENSAR SE ESCUTA COMO FALAR. Destamaneira, quando se fala de conversar neste mundo no ser por meio depalavras sonoras e sim por meio de pensamentos que so como palavrasfaladas. De hoje em diante deves reter o fato de que neste plano no hsom nem palavra, e sim vibraes luminosas; mas aquele que entrarecentemente neste estado ou mundo cr no princpio que est falando

    com a boca, mas em verdade so os seus pensamentos que se convertemem um meio de comunicao, e interpreta o pensamento dos demais empalavras. No mundo astral no se ouvem vozes nem rudos e nempalavras; so as luzes que o homem emana de seu corpo de desejos queservem como meio de comunicao com os demais. Desta maneira, umaconversa no mundo fsico, expressa nossos pensamentos por meio desons e palavras, enquanto que no mundo astral se interpreta por luzes e

    cores. Para melhor concepo disto, intercalo aqui a tabela de vibraescujos efeitos tm sido estudados pela cincia.

    TABELA DE VIBRAES

    N. de vibraes por segundo (Hz) ManifestaesDe 1 a 15........................................................... Inaudvel (infra-som)

    16 a 20.000.....................................................................

    . Sons audveis 20.000 para cima.................................................. Inaudvel (ultra-som) 30.000 a 2 bilhes...................................... Eletricidade e ondas de rdio 9 bilhes a 370 bilhes.................................................................. Calor 375 trilhes a 750 trilhes.................. Luz visvel (vermelho ao violeta) 760 trilhes a 20 quatrilhes...................................... . Raios ultravioleta60 quintilhes a 250 quintilhes............................ .. Raios X e raios gama 300 quintilhes a 750 quintilhes................................. Raios csmicos

    Muito alm de 750 quintilhes........................

    . Vibraes do pensamento

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    Nesta tabela no se faz distines entre ondas longitudinais (som), eas ondas transversais, para facilitar didaticamente o raciocnio.

    Com este pequeno quadro j se pode entender mais ou menos o que

    te digo com respeito vida depois da morte. Como tu sabes, na vida, ohomem pode entender e ouvir todo som que no exceda a 20.000vibraes por segundo; aqui se emprega a palavra com o som da voz.

    Depois de morto ou no mundo astral no h sons e seu idioma composto pelo alfabeto da luz. A luz tem Idioma, e o alfabeto da luz eseu idioma so muito mais ricos do que os do som.

    Ento perguntei:

    E se os mortos no nos escutam, e ns no os ouvimos, comopodemos nos entender?Ela, para satisfazer minha ansiedade, respondeu: Devo buscar o simil e, por exemplo, vejamos: tu tens a mulher

    amada na janela do quinto andar do edifcio, e ests na rua com adisposio de ir para o trabalho; para despedir de tua amada junta teusdedos, leva-os aos lbios como sinal de um beijo, eleva a mo e sopra

    em direo janela onde est olhando a mulher querida. Qual ainterpretao de todos esses movimentos? preciso vestir o fato compalavras para se compreender o seu significado?

    A linguagem do pensamento no mundo do desejo ou astral a luzcolorida pelo desejo; no entanto, aquele que desenvolve o ouvido astralpode ouvir a longas distncias.

    Eu novamente perguntei:

    Se o homem depois de morto no pode ouvir, como pode verluzes e entender por meio delas a linguagem dos demais?

    Para responder a esta pergunta, temos que entender que ohomem um ser composto de vrios corpos; de incio basta citar o corpofsico, o astral denominado o luminoso por So Paulo, e o mental. Ocorpo fsico est composto de forma tal que seu ouvido pode perceber ossons que comeam por 16 vibraes por segundo at 20.000, porm,

    mais alm, o som inaudvel; mas, seus olhos podem perceber comodisse antes (na tabela acima) 375 trilhes a 750 trilhes de vibraes por

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    segundo. Agora rogo-te que preste ateno: o homem, ao morrer, levaconsigo os seus cinco sentidos, para no dizer os sete, porque isto nosconduz a outras explicaes que no entram agora em nosso trabalho.

    Dos cinco sentidos que esto em seu corpo astral, utiliza a vista emprimeiro lugar porque capta com mais facilidade as vibraes da luz. Oouvido astral capta tambm muitos sons longnquos, mas estes sonsdevem ser produzidos por agentes fsicos; no entanto, o tato e o gostoesto completamente inutilizados at certo ponto.

    Olha este homem que j no tem corpo fsico e quer comer comseus filhos vivos.

    Eu olhei e vi, como por encanto, o pai que tentava pegar o alimento.Era-lhe impossvel porque suas mos no podiam pegar a colher e o po;por fim meteu sua lngua no prato, mas foi intil o seu intento; noentanto, ele via os filhos comerem.

    Em resumo continuou a mulher o mundo astral ou dosdesejos tem sete etapas. A stima etapa do mundo fsico confunde-se ouest ligada primeira do mundo astral. Assim quero fazer-te entender

    que no ocorre uma mudana repentina no homem quando ele morre; elese mantm e acredita-se igual depois da morte; ele se cr exatamentecomo era antes, embora no tenha mais o seu corpo fsico. Continuacom a mesma inteligncia, a mesma disposio, o mesmo carter, osmesmos vcios e virtudes. A perda do corpo fsico no o converte em umser diferente. Deixar o corpo fsico como tirar a roupa para entrar nobanho. As condies em que o homem se encontra no mundo astral so

    suas prprias criaes, filhas de seus pensamentos e desejos. No existerecompensa nem castigo decretados por um ser alheio, e sim somenteexistem os prprios atos, palavras e pensamentos que vm ao encontrodo ser que entra no mundo astral. H mais: as manifestaes emovimentos do homem neste mundo so iguais s do fsico. No mundoastral, luta-se, odeia-se, ama-se. O sofrimento e a felicidade se tocamcom suas vibraes, sem que seus progenitores percebam este fato; tudo

    isto ocorre por meio da vibrao da luz e do calor. Por ltimo te direi

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    que todo pensamento preciso produz dois efeitos, como veremos nodecorrer destas prticas, a saber:

    1 uma vibrao radiante e

    2 uma forma flutuante. desta maneira que os mortos se entendem no mundo astral.A vibrao radiante tende a produzir pensamentos da mesma ndole

    dos que deram origem vibrao.A mulher, depois de um momento de silncio, disse: Com razo tu me dirs que, se depois da morte no h palavras

    faladas, ento como eu te falo neste estado?

    Efetivamente eu estava pensando nisto. Pois saiba que at agora no ests morto e ters que viver at

    terminares determinadas tarefas que prometeste cumprir. Minhalinguagem contigo a linguagem que vai entre o ltimo plano do astral eo primeiro do fsico. Devo falar-te com palavras at que aprendas oidioma colorido do mundo luminoso ou astral. Tu ests neste estadocomo quando sonhas com uma pessoa que te fala e tu lhe respondes; no

    entanto, em sonhos no articulamos palavras ou frases. Pois bem, devocomear por falar-te em sonho at ensinar-te a linguagem da cor e daluz.

    Olha!A cena mudou e comecei a ver seres humanos diante de mim que

    desfilavam como que movidos por um poder automtico. Olha! Voltou a dizer: o que sentes diante deste ser coberto com

    nuvens negras? Eu, sem pensar, respondi: dio, malcia. Muito bem; e este vermelho? Clera. E este escarlate? Irritao. E este escarlate brilhante?

    Clera nobre e indignao. Como interpretas este vermelho sanguneo desta mulher?

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    Sensualismo. Magnfico; parece-me que tens um sentir mais desenvolvido do

    que eu pensava.

    Acaso no tem voc a faculdade da clarividncia?! Exclamei.A jovem riu fortemente e perguntou-me: Podes explicar-me o que a clarividncia? Eu tive vergonha da

    minha pergunta, e disse: Estou no mundo da clarividncia, e, no entanto, lhe dirijo esta

    pergunta estpida.Ela, ento, me disse: No te preocupes; todos ns no incio

    medimos o mundo astral com a medida fsica. Pois bem, teus trabalhosna pintura abriram teu centro de percepo com relao cor; agoravamos a outro trabalho. Olha este homem. Como o analisas?

    Depois de pensar um momento, respondi: Pelo resplendor e pela ondulao que tem, parece-me ser um

    indivduo alegre e contente. Vais muito bem; marchas rapidamente.

    Diga-me, amor...Minha frase foi cortada com uma gargalhada que eu senti ser, como

    dizemos no mundo dos vivos, estrepitosa, a ponto de me aperrear. Emseguida, ela disse:

    Trate de no profanar outra vez esta palavra divina. Amor Deus e Deus Amor.

    Voc tem razo; isto aconteceu porque ainda sinto que meus ps

    esto no mundo fsico. No te culpo porque muitos seres humanos que esto aqui h

    anos, continuam procedendo como no mundo fsico... Agora vamoscontinuar o estudo, porque tu deves vir para c com conhecimentoprvio de causas, posto que aqui te espere muitos trabalhos. Olha aspessoas que desfilam diante de ti; estuda suas emoes uricas, e euverei se sabes interpret-las ou no, e ento, te demonstrarei se sou ou

    no clarividente.

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    Ao dizer isto, riu novamente; e eu me envergonhei. Assim,passaram diante de mim vrios seres humanos com suas cores as quaisso expresses- sem palavras de seus sentimentos, paixes e emoes.

    Tudo era para mim de fcil interpretao. Ela, ento, me disse: Agora tens que aprender a linguagem dos sentimentos parapoderes trabalhar em nosso mundo. Olha! A surpresa agradvelmanifesta-se pelo resplendor intenso. A surpresa desagradvel, peloresplendor marrom. O afeto, pelo rosa. A devoo pelo azul. Todas ascores puras so vistas na parte superior do corpo astral, enquanto que asimpuras e egostas sempre esto na parte inferior do corpo; agora j

    podes distinguir o homem desenvolvido do no desenvolvido. Cadaqualidade se manifesta por uma cor, como ests vendo, e possui um tipoespecial de matria astral. O princpio geral que as qualidadesmalignas se expressam em vibraes lentas e com matria grosseira queno tem um brilho puro, enquanto que as qualidades boas e abnegadas semanifestam com brilho puro. As emoes boas duram por mais tempodo que as ms. Com estas instrues poders distinguir os vrios tipos

    de homens. Aqui deves saber uma coisa muito curiosa: para osdementais as cores so inelegveis como as palavras o so para oshomens. Os animais sentem profundamente os desejos inferiores doshomens, e amam aos carinhosos e caritativos.

    Ests agora trabalhando em teu corpo astral, que a verdadeiraponte entre a vida fsica e a mental. Depois da morte, a conscincia serecolhe no corpo astral e assim a vida fsica e a mental. Depois da morte,

    a conscincia se recolhe no corpo astral e assim a vida pode continuarneste plano, variando em intensidade e durao, como depois hs decomprovar por ti mesmo.

    Adeus! Agora tenho o que fazer em outro estado; voltarei depois; ese foi, assim como veio.

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    CAPTULO QUARTO

    O Quarto Dia

    O dia passou entre medicamentos, injees na veia e sonos

    entrecortados.Minha amiga continuava preocupada, e eu continuava em um

    estado hipocrtico entre o sono e o despertar. Eu queria dormir longosperodos de tempo para viver naquele mundo, mas nem sempre se poderealizar todos os desejos. Eu tinha medo de perder minhas vises; por talmotivo fechava os olhos, aquietava minha mente e, ento, voltava apenetrar naquele estado j descrito.

    Eu queria saber mais e mais; minha Guia e Instrutora no podia vira no ser durante o perodo de um longo sono. Aprendi muitas coisasnaquelas curtas letargias. Em curtos segundos via e desenvolvia certostrabalhos que, se quisesse escrev-los, seriam necessrios vriosvolumes. No espao de dois minutos tive um sonho que no sei relatar ano ser em um livro somente para esta finalidade.

    ***

    Quando a noite chegou e dormi, minha guia apareceu como porencanto e, sem prembulos, foi dizendo:

    Todo pensamento precisa de dois fatores: uma vibrao radiantee uma forma flutuante. A vibrao radiante leva consigo o carter dopensamento que estimula o sentimento. Agora te recomendo que penses

    em uma rosa.Eu pensei. Ela continuou:

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    Olha como flutua perto de ti em frente aos teus olhos; veja comoest se desvanecendo porque teu pensamento se debilitou. Depoisaprenders a chamar as pessoas e os seres queridos por meio do

    pensamento. Calou-se e depois disse: No, agora no! Tenho que terminar contigo, e no tenho tempopara deixar-te fazer passatempos.

    Chama-se passatempo aqui o desejo de se ver a um ser amado? No, mas preciso ser mdico para receitar e auscultar e dar o

    remdio corretamente.Eu me calei e ela continuou:

    Aqui tens que aprender trs coisas importantes para poder tirarproveitos de teu trabalho, a saber:1 aprender a qualidade do pensamento pela cor;2 decifrar a ao do pensamento pela forma;3 interpretar a preciso da emoo pela nitidez da forma.O homem a vtima de seus pensamentos. O pensamento tenta o

    ser humano e ele cr que o diabo que o est tentando; a reflexo

    prolongada sobre o diabo cria um demnio de imenso poder. Essesdemnios criados pelo homem podem durar muitos anos e possuem opoder que lhes foi atribudo. Todas as coisas so vistas atravs do cristalem que so olhadas; e assim, a forma mental produzida por uma pessoareage sobre ela mesma. Por isto deve-se retirar da mente a idia dodemnio histrico e de seu poder sobre o homem porque ele no maisdo que uma forma mental criada e sustentada pelo pensamento que reage

    sobre seu prprio criador.O homem a vtima de suas prprias idias e fantasias e, ao mesmo

    tempo, ocasiona perturbaes aos demais. Suas idias formam seushbitos, e os hbitos criam o carter. Agora vamos praticar um pouco.Olha este transeunte; o que vs nele?

    Ele deixa atrs de si um rastro de formas. Estas so as formas mentais do pensamento. Agora olhe este

    outro. Uma mulher o encadeia com seus raios.

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    seu pensamento naquela mulher que d a ela o poder deagarr-lo. Por isto fica comprovado que o homem no responsvelpelos pensamentos que flutuam e se introduzem em sua mente; mas,

    sim, responsvel quando os recolhe e se apropria deles para goz-los, eem seguida lan-los novamente mais fortalecidos. Vamos agora entrarnesta Igreja. O que vs?

    incrvel! No uma Igreja. Sim, o ; porm, o nvel de devoo nela baixo e por isto nela

    no flutuam seno cifres, clculos de operaes comerciais e desejospessoais inferiores. Olha as mulheres; elas rezam no rosrio e criam

    formas de vestidos e modas de chapus. Olha! Agora o que vs? Esta mulher lana a forma mental de um colar de prolas

    dirigida ao marido que est no banho. A forma flutua ao redor da cabeadele; o marido tem a mente ocupada pelos negcios...; a formapersiste...; a mente do homem se aquietou...; a forma do colar entranela...; ele pensa em sua mulher.

    Olha este jovem.

    Que sujo. Dele saem bolas da cor do esterco. Olhe aonde elas vo. A esta bela mulher, mas no chegam a ela. Flutuam por um

    momento e voltam ao seu emissor. Agora compreendo a mxima doEssnio: A maldio e a bno voltam ao seu emissor.

    Pois bem disse ela a mente e o corao puros so a melhorproteo contra todo pensamento e sentimento malignos. Por outra parte,

    uma forma de amor dirigida ao ser amado atua como anjo de guarda queo protege em toda oportunidade.

    Depois de um momento de silncio, ela continuou: Desde ontem sentes uma nsia e queres ver a duas pessoas; vou

    levar-te a elas. Olha! Eva! Gritei. Jorge! Exclamou a mulher.

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    Corri a ela para dar-lhe um beijo; abri os braos para abra-la, masque decepo. Naquele estado no se tem boca e nem braos que possamsentir os efeitos, como no corpo fsico.

    As duas mulheres riram, e Eva falou: Meu amor, agradeo-te muito e muito; teu amor foi como agenteprotetor e me resguardou; sempre me defendeu e me fortaleceu. Comosou feliz porque te amo! Agora. lla eleca, disse, e desapareceu.

    Ento, outra jovem surgiu em seu lugar. Era Astarouth. Adnis meu Deus, estou muito feliz e sempre te vejo. Eu te

    espero meu Deus para reatar nossos encontros. Teu amor abriu-me as

    portas do cu. Agradeo-te. E ao dizer isto, envolveu-me com suasradiaes uricas, e desapareceu.

    Eu no lhe disse nem uma palavra.Ela continuava igual como foi em vida fsica: vive para amar,

    enquanto que Eva ama para viver.(Para compreender esta cena, o leitor deve ler meu livro intitulado:

    Adonay.)

    Minha companheira reatou a conversa e disse: Tive que atender aos teus desejos porque assim j podes servir

    melhor Obra. Estas duas mulheres foram teus anjos de guarda; semprepensam em ti e seu amor tem sido tua defesa em muitas ocasies. Opensamento amoroso puro o anjo protetor do ser ao qual dirigido,assim como so os pensamentos da me para seus filhos. J temos vistocomo o pensamento toma forma, e em algumas ocasies, se materializa

    ficando fisicamente visvel. Desta maneira se compreende que opensamento de amor cheio de nsias de uma pessoa dirigido a outra agecomo anjo de guarda.

    Em seguida, disse-me: Vem olhar tua amiga, e vers o que ela est fazendo.Nesse momento vimos a Senhora Ana que com formas mentais

    construa casas rodeadas de jardins.

    Posso dirigir-lhe uma pergunta? Vamos, diga.

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    Qual a ligao que eu tenho com esta mulher? Uma vez a livraste da fria dos sacerdotes e outra vez da fria da

    corte: foste com ela para a selva onde a deixaste para salv-la; ali ela

    viveu at a morte do Rei; ento voltou, mas tu j estavas deste lado davida. Algum dia sabers quando e onde.Agora vamos a coisas mais interessantes e deixemos essas

    mincias. Lembra-te e te capacites do poder e da responsabilidade dopensamento. Teus pensamentos atraram Eva e Astarouth; por meio dospensamentos podes te converter em santo ou criminoso; podes ajudar aDeus na evoluo do Cosmos. Os pensamentos e os fatos impregnam as

    coisas e as habitaes com suas vibraes. O punhal de um assassinoleva em si a vibrao do crime mo que o agarra, mesmo depois demuitos anos. Olha este homem.

    Logo em seguida o homem lanou uma carga de pensamentossaturados de sentimentos negros de dio contra uma pessoa que estavasentada escrevendo; mas aquela fora no o atingiu e se converteu emuma espcie de demnio que voltou ao seu progenitor.

    Nas tribos selvagens abundam os elementais que se convertemem deuses familiares; uns so benignos e se contentam com oferendasde frutas, arroz e flores; h outros, porm, que pedem sangue e atsangue humano.

    Agora quero dizer algo desconhecido para todos que no tiveramuma educao espiritual:

    Os elementais e os elementrios so filhos do prprio homem que

    os criou. Um pensamento cheio de energia e concentrao fenomenais,seja uma bno ou uma maldio, evoca a existncia de um Elementalque ser como um instrumento de descarga para lanar o bem ou o malsegundo as intenes de seu criador. Esses elementais so os demniosdas religies. No mundo fsico o pensamento do arquiteto cria umedifcio. O homem santo cria um anjo; o malvado gera um demnio comsuas respectivas formas. Os sentimentos raciais, patriticos, religiosos,

    etc. convertem-se em formas mentais ou elementais que produzem nohomem os sentimentos nacionais e raciais que danificam as mentes

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    humanas com prejuzos, e desta maneira criam no mundo aseparatividade entre as naes com o ttulo de patriotismo,nacionalismo, raas, etc. e os homens atuam como marionetes e

    reproduzem automaticamente os pensamentos que lhes chegam, e assimso formados os partidos, as naes, etc. Isto se denomina a conscinciacoletiva.

    Olha aquilo. O que te inspira? Horror. uma guerra. o pensamento de um s homem que deseja conquistar o

    mundo. Olha agora.

    a guerra entre os pensamentos ou as formas dos pensamentos. Efetivamente; e as formas de cor celeste esto triunfando. Aqui

    tambm h guerras como no mundo fsico ou, melhor dito, aquicomeam as guerras e os crimes para depois se manifestarem no mundofsico. Ento, tudo comea pelo sentimento que amadurece nopensamento e se manifesta pelo ato fsico.

    Olha este homem. O que vs nele?

    Vejo que dele saem longos ganchos que se cravam em umacaixa-forte.

    Pois bem, este o egosta que cobia, e cuja cobia o induz aroubar a fortuna de seus irmos. Olha como seu pensamento move-seem curva fechada e assim volta e se descarrega em seu prprio nvel.

    Contempla agora o sentimento desta me. Seu pensamento vai em curva aberta e no volta, e sim penetra

    no infinito; mas... Que coisa rara... Converteu-se em canal imenso poronde flui algo superior para o inferior.

    Efetivamente o caso da crena em uma orao atendida. Tenhaem conta o seguinte: no superior existe uma fonte infinita de fora,pronta para fluir desde que se lhe proporcione um canal. Este canal opensamento de devoo altrusta. A resposta sempre a descida daGraa Divina. Esta Graa fortalece e diviniza o construtor do canal e flui

    ao seu redor uma poderosa influncia para ajudar a humanidade. Assimse formam os santos e bem-aventurados de todas as religies. Agora

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    olha este santo em meditao; ele est ligado a uma linha de luzterminada em uma flor radiante. Esta foi a origem do costume deadornar os altares e oferecer flores no culto religioso.

    O que significa esta cobra amarela que emana da cabea destehomem? o desejo de saber; o que tem a cor parda escura indica

    sentimentos rancorosos. Olha o efeito da ira. Quando o vulgo diz: fez-severmelho de raiva, devia ter visto a aura de uma pessoa colrica. Aquitemos vrias pessoas unidas em pensamento e orando pela sade de umenfermo. Vamos ver o doente para o qual pedem sade.

    Em uma luxuosa cama via-se um homem deitado; estava em estadograve. Os mdicos o rodeavam e consultavam-se. Por fim optaram emlhe aplicar algumas injees; e o fizeram. Enquanto isto e neste nterim,chegaram ao doente uns raios luminosos de cor azul-verde; em seguidaas cores se tornam verde-ma brilhante; instantes depois c doentereagiu. Os mdicos, que no esperavam aquele resultado, moveram suascabeas e alguns deles disseram que tinha havido um milagre.

    Antes de deixar-te esta noite, devo dizer-te que o estudo das formasmentais faz compreender, aos que querem rasgar os vus da natureza, astremendas responsabilidades que contraem com o emprego dasfaculdades psquicas. Os pensamentos no s so coisas, seno causasde uma fora ingente. Com o pensamento pode-se ajudar em todos oscasos, enquanto que em muito poucos casos pode-se ajudar fisicamente.O pensamento sempre produz um resultado definido, e dever de todo

    homem utilizar este poder para ajudar a Deus a impulsionar o plano daevoluo.

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    CAPTULO QUINTO

    O Quinto Dia

    No mais necessrio dizer que diariamente o mdico vinha e me

    injetava um novo invento que eu comparava, segundo a descrio dosefeitos maravilhosos que produzia, com o Lago de Sylo, onde Jesus, oCristo, enviava seus doentes para que se banhassem a fim de ficaremcurados.

    Na casa daquela Senhora que me cuidava como me no me faltavanada. Tinha uma ateno esmerada para comigo. Mas eu sofriamentalmente porque sentia que lhe causava muitos incmodos e

    trabalhos. Que Deus lhe pague por mim, posto que eu muito poucopossa lhe recompensar pelo cuidado e af que empregou para minhacura.

    No quinto dia tive muitos lapsos de vidncia. s vezes via minhajovem guia ao meu lado ou me via ao lado dela, no posso saber como.Eu tinha grande desejo que a noite chegasse para religar minhas vises.Ao anoitecer eu disse minha amiga: Hoje quero dormir mais cedo; ela

    ento fechou a porta do quarto s oito horas da noite.Acomodei-me e comecei a analisar o meu estado. Aquilo eia sonho

    o que eu experimentava ou eram vises de um doente grave? Seja comofor, agradava-me muito, e quisera viver sempre neste estado.

    No chegou ainda a tua hora para estares definitivamenteconosco, falou minha guia. Tens muito que fazer em teu mundo fsico.Este teu estado foi e est sendo provocado intencionalmente para uma

    finalidade que est se realizando. No tempo atual so necessrias certasinstrues e detalhes mais perto da razo e da verdade. Foste escolhido

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    no por merecimento e sim porque ests apto. s um instrumento dcilnas mos de certos seres que trabalham pelo adiantamento espiritual dohomem. s agora como um lpis o qual um dia agarrars para escrever

    estes fatos e nada mais. No te vanglories demasiadamente; s um lpis. Perdoe-me, querida guia, que eu a contradiga por esta vez. Euno sou um lpis. EU SOU Deus em forma corprea. Com muito prazerobedeo e fao a vontade superior, mas em meu juzo completo e nocomo um autmato, como um lpis. Obedeo em tudo, mas eu querotambm ter f e razo de que contribu na obra.

    A mulher me olhou sorrindo e senti seu carinho e amor. Depois ela

    disse: No me equivoquei ao pedir que me enviassem a ti. Tu me

    proporcionas muita felicidade. Como? Aqui neste mundo no o mundo da felicidade? Tu vais comprovar por ti mesmo. Agora vamos estudar. Uma pergunta: Quem voc para mim? Ela sorriu e disse: Neste mundo existe tambm a curiosidade; pois bem, quando

    chegarmos a sub planos superiores tudo te ser esclarecido; semembargo, por agora te direi que eu fui, em tempos idos, uma amante tua.No me perguntes mais porque no responderei.

    Quis rasgar o vu do passado, mas no pude desvend-lo.Ela continuou: Um corpo fsico bem nutrido um estorvo para os trabalhos

    internos. Fui enviada a ti porque atualmente teu esprito domina teu

    corpo e assim podes relacionar-te com o mundo astral, Teu corpo astralest refinado; os exerccios que praticavas e a vida que levavaspermitem que ele responda facilmente s aspiraes mais elevadas. No possvel ter um corpo fsico tosco e poder organizar um corpo astral eum corpo mental para fins elevados e mais refinados. Os ascetas e osermitos conheciam estas verdades e se nutriam com alimentos puroscomo frutas e vegetais. Agora vou te dizer o motivo de tua grave

    enfermidade: tu trataste de despertar tua conscincia superior e seguias,de uns tempos para c, com teus esforos, porm relaxaste em matria

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    de alimentao ao comer e beber de tudo e at beber de vez em quandonas reunies; desta maneira teu corpo fsico voltou a encher-se departculas impuras; ento, a freqncia adquirida pelos teus exerccios

    respiratrios tinha que descontrolar as funes de teu corpo fsico. Aodespertar da conscincia superior em ti, teu corpo estava mal alimentadoe impuro. Felizmente tua glndula pituitria no foi afetada. Como tusabes, o lcool origina vises anormais nos doentes de deliriumtremens. Praticaste boas aes em tua vida e por isto elas te defenderame no deixaram que certas entidades se aproximassem de ti durante tuadebilidade fsica e mental. Ento, eu pedi para vir a ti e cuidar para que

    faas algo em bem da humanidade. Aquele que quer tomar lcool, caf,carne, etc. no deve praticar exerccios respiratrios como fazias. Tua osabias muito bem, mas fizeste como o mdico que maneja os micrbiose que de tanto manej-los perde o medo do contgio; porm, em ummomento de descuido, os micrbios o agarram como fcil presa e ofazem pagar caro. Felizmente os rudos fsicos j no te afetam, poisonde moras eles podem at adoecer a uma pessoa s; por este motivo teu

    corpo astral, apesar de ser sensitivo e refinado, no se torna irritvelneste meio ambiente cheio de rudos. A prtica de curar a teus doentesgratuitamente salvou-te nesta enfermidade. Cada atividade mental estregistrada no corpo de desejos; se de m qualidade, suas vibraes soregistradas na parte inferior do corpo fsico, assim como as de boaqualidade se estampam na sua parte superior.

    Como vimos, a matria astral responde mais rapidamente do que a

    fsica aos impulsos provindos da mente.Olha esta pobre mulher; ela tem um corpo astral que responde

    facilmente aos maus pensamentos; um m de pensamentos afins aosseus.

    Agora contempla esta outra; todos os maus desejos chocam-secontra sua couraa urica e retrocedem.

    Toda pessoa que est continuamente de mau humor vtima de

    influncias astrais emanadas por seres vivos ou espritos descontentes.

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    Olha esta nuvem de diversas figuras; o resultado de pensamentose emoes dos homens. Estas nuvens chocam-se com os homens e osfazem vibrar em seu ritmo. Grande parte do mau humor das pessoas

    devido a essas influncias.Aqui temos um homem que est em busca de simpatia com aesperana de encontr-la em algum de sua famlia ou entre amigos.

    Aqui est um outro em estado de clera. Olha como se apodera deleaquele outro que morreu de um ataque de raiva.

    Nunca se deve entregar depresso de nimo porque este estadoimpede a melhora da sade, assim como dificulta o progresso espiritual.

    Sabes por qu? porque a depresso significa egosmo de uma pessoaque pensa em si mesma mais do que na Obra do Bem Geral. O homempreocupado e o pessimista no sabem ir ao Cu... Dizia um Mestreentre ns. Agora vou te levar ao departamento dos Anjos. Olha! OsAnjos de Guarda eram mulheres e homens; cada um deles cuidava deum, dois ou mais seres humanos, insinuando-lhes bons desejos e boasobras. Temos de estudar este assunto em outro dia.

    Agora vou te ensinar um mtodo que te servir como uma couraacontra os agentes dos inimigos do bem neste mundo.

    Quando quiseres meditar, ajudar, curar, orar, e no queres serinterrompido por pensamentos alheios, forma ao teu redor, por meio dopensamento, uma aura couraa que impea a penetrao de idias,desejes e vibraes flutuantes no mundo dos desejos ou astral. Todapessoa que quer verdadeiramente orar deve usar este mtodo, a fim de

    evitar que penetrem em sua mente as vibraes de ordem inferior. Estacouraa bem formada tambm uma proteo contra toda enfermidade efaz com. que o homem fique imunizado. Os mdicos usaminconscientemente este poder.

    Todo impulso enviado pela mente ao corpo fsico passa pelo corpoastral ou alma no qual produz seu efeito. A mente pura e desenvolvidalimpa e desenvolve a alma ou corpo astral. Nunca se deve matar o

    desejo, conforme alguns ensinam, e sim se deve governar o desejo pormeio da razo.

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    A humanidade at hoje vem se dedicando em desenvolver o desejoe a emoo; o super-homem desenvolve o intelecto.

    Agora bem, antes de entrares no sono o que vs?

    Quando presto ateno, vejo com os olhos fechados muitaspessoas, mas no demoram muito diante de minha viso astral; umaspedem ajuda, outras choram e outras riem; todas desfilampaulatinamente diante de mim.

    Assim j deves saber da enorme carga que ser colocada em teusombros. Foste escolhido como um simples trabalhador na vinha doSenhor. Todos os teus irmos serviram de degraus para chegares at

    aqui; deves, antes de tudo, agradecer, e em seguida agir. Eu desejaria dirigir-lhe uma pergunta: todos os livros dizem que

    o corpo astral viaja a longas distncias. Por que meu corpo astral no saido quarto?

    Tu e outros que tm escrito sobre este assunto estais sob umailuso; se queres, dar-te-ei uma prova. Vou levar-te ao teu pas natal.Olha! J ests?

    Sim, aqui est a casa onde nasci; ali est a Igreja de So Jorge,onde eu, na infncia, fazia as minhas oraes.

    Est bem. Agora olha teu corpo fsico dormindo em umaRepblica da Amrica e teu corpo astral ao lado.

    Sim, efetivamente, vejo os dois. Ser que neste mundo no hdimenses?

    a pura verdade. Aqui no existem distncias segundo o

    conceito fsico; aqui se mede por... No sei como dizer-te... Por planos?No ser uma expresso exata... Eu creio que devo dizer-te: porvibrao. A idia de caminhar em corpo astral e de viajar nele a longasdistncias assemelha-se ao voar em sonhos. O homem em sonhos senteque est caminhando como o faz em corpo fsico; quando se despertasente-se fatigado como se houvesse andado grande distncia a p.Depois da morte no acontece mudana repentina. O homem sente-se

    igual como antes de deixar o seu corpo fsico. Alguns casos h em que ofalecido, no comeo, cr que ainda est no corpo fsico. Pois bem,

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    depois de morrer continua possuindo a mesma inteligncia, os mesmosvcios e as mesmas virtudes. Com a perda do fsico, ele no setransformou em outro ser No princpio sente que para ir de sua casa ao

    trabalho tem que ir a p; mas quando se d conta de seu estado, aprendeo novo mtodo de pensar em que no mundo astral no existe o velhomtodo de caminhar a p; aqui todos somos verdadeiros democratas;todos temos um s mtodo ou modo de locomoo que odesprendimento astral praticado pelo desejo que atua sobre a mente.

    E o que faz o corpo astral durante o sono do corpo fsico? Descansa como o faz o corpo fsico. Olha o teu como est

    imvel perto da janela. Acaso o corpo astral se cansa como o fsico? Nem mais e nem menos. O corpo fsico se cansa no somente

    pelos esforos musculares, mas tambm pelos pensamentos esentimentos. Para recuperar a energia perdida pelo trabalho e pelopensamento necessita de sono longo ou curto segundo cada indivduo eo caso. O corpo astral tambm se cansa muito rapidamente devido ao

    trabalho pesado de mover todas as clulas do corpo fsico, bem como aspartculas do crebro; por isto precisa ficar separado do fsico durantehoras, para recuperar as foras perdidas; com novas foras recomea oseu trabalho. Existem certos seres que no sentem fadiga; trabalham, svezes, muitos dias sem dormir ou dormem pouco tempo; mas esses soraros.

    No entanto podemos dizer que no o corpo astral que se cansa,

    e sim o organismo fsico pelo qual a emoo se expressa. Est muito bem; porm, um organismo fatigado um mau

    instrumento do astral. Algo similar sucede com o corpo mental no qualests trabalhando agora. Quando a fadiga cerebral vem, a gente dizfadiga menta