Jorenal Hora Certa Ed. 170 pag 03

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15 a 17 de Outubro de 2015 3 Universatilidades entrevis- ta a professora de arte culi- nária Ludmilla Labre, que tem como especialidade a culiná- ria sutil vegetariana. Envolvi- da no universo do yoga e da culinária vegetariana desde a década de 90, ela nos conta toda sua trajetória que remon- -O que é comida? A comida é um instrumento para minha arte. A cozinha é um atelier para se desenvolver os sentidos. A comida quan- do nós a ingerimos tem o papel de nos alimentar, e, muitas vezes, acabamos por esquecer de valorizar o seu verdadei- ro sabor. A palavra sabor nos remete à sensação... Poder de impressionar o paladar, principalmente nos dias atuais. Nesse caso, as pessoas têm se afastado das suas sensações autênticas. A arte contemporânea, por exemplo, tem esta preocupação: impressionar, no seu sentido positivo, e mui- tas vezes através da simplicidade, consegue chamar aten- ção para o despertar de sentidos adormecidos. Admiradora do que é feito com o frescor da novidade, assim, também, concebo a minha cozinha... Um grande experimento do novo, mas sem esquecer as minhas raízes. Pois sou brasileira cria- da na roça e no subúrbio. -Conte mais, então, sobre a sua origem na cozinha... Quando criança, no quintal da minha casa em São Gon- çalo, brincava num jardim lindo feito pela minha mãe. Lá tinha várias árvores frutíferas. Assim, cada folha, e cada to- nalidade de areia era um alimento para ser preparado. Com isso, acabei com o faqueiro da minha mãe - presente de casamento - enquanto preparava as minhas comidas naquele belo quintal da minha infância. Nas férias, a viagem era para o sítio da minha avó na Aurora em Araruama. A brincadeira era a mesma, só que eu também fazia um supermercado no meio de tantas árvores. O meu carrinho de compras era feito de caixas de laranja, e com as mesmas caixas, eu fazia armário e geladeira. -E quando você começa a utilizar a culinária como uma atividade profissional? Não me lembro exatamente quando comecei a cozinhar para fora. Mas, lembro que com a abertura do Espaço Ayum, ainda na década de 90, eu comecei a cozinhar para as festas que aconteciam no espaço, com a minha irmã e minha mãe. Durante um tempo não só ministrei cursos como também co- zinhei em eventos pela região, Niterói, São Gonçalo e Rio de Janeiro. Me lembro de até ter ido ver o Dalai Lama em Curitiba ta a sua infância até os dias atuais. Apreciem este bate- papo delicioso com esta gran- de propagadora, em nossa região, da alimentação sáttvica - tipo de alimentação sutil vegetariana que nutre o ser humano, nos seus níveis: físico, mental e espiritual. No dia 31 de outubro, no Espa- ço Ayum - em Araruama, ela ministrará um curso ensinan- do opções de pratos vegeta- rianos especialmente para as celebrações de final de ano. por conta do dinheiro que conseguia com esses trabalhos. Essa é uma lembrança que eu tenho muito viva, pois era ainda adolescente, e a culinária era uma atividade extra aos meus estudos no Ensino Médio. Mas, Foi com a chegada do Dada Siddhesh, reforçando a Ananda Marga( Organização socioespiritual pautada na autorrealização e serviço à huma- nidade) em Araruama que me torno margii e adoto a culinária sutil para a minha vida. Essa culinária é baseada nos alimentos que são nutritivos para o corpo, a mente e a alma. Para aque- les que meditam e praticam yoga, esta é a alimentação ideal. A partir de então, tenho, com frequência, ministrado cursos e cozinhado alimentos sáttvicos - sutil. Essa alimentação é basi- camente lacto-vegetariana, sem o consumo de alimentos tamásicos - de energia estática - como alho e cebola. - E como que se dá a sua inserção no vegetarianismo? Virei vegetariana completa aos 16 anos. Hoje com 33, nunca mais comi carne alguma. Mas, na casa dos meus pais, eu deveria ter uns seis anos, eu já me lembro da mi- nha mãe introduzindo o vegetarianismo em nossa família. Ela fez alguns cursos e começou a cozinhar uma comida mais saudável. Nesse caso, sempre cozinhei comida vege- tariana, e lembro da minha mãe quando eu perguntava o que devia preparar para o almoço, e ela respondia para eu utilizar a minha criatividade. E, de uma certa forma, é as- sim até hoje. Com o pouco de ingrediente que se tem, posso criar um banquete. - Como você caracteriza o seu estilo na culinária? A comida vegetariana sutil que preparo é voltada para o sabor, o prazer e a alegria. Hoje, busco as novidades com ponderação e cuidado para não perder a minha essência, pois, como já disse, sou brasileira, e, como todo brasileiro, adoro arroz, feijão e farofa. A mi- nha linha na culinária é bus- car o sabor, a sutileza dos ali- mentos, sem esquecer a nos- sa cultura alimentar, tentando, assim, adaptar os alimentos dos nossos antepassados ao momento em que vivo. Do manjar das sobremesas de domingo ao feijão fresquinho com louro, a comida deve nos alimentar em todos os senti- dos, da forma mais sutil pos- sível. A alimentação, portan- to, deve ser uma fonte de energia, saúde e alegria. - Quais são as suas con- siderações finais? O estilo de vida da yoga e o vegetarianismo vieram de forma natural da casa onde cresci. Mas, só assu- mi esta opção, no meu momento, de forma sincera e segu- ra. Claro que agradeço à minha mãe por abrir portas e me dar oportunidades para todo esse caminho. Agradeço, também, ao meu marido por trilhar essa jornada comigo e me fortalecer. Não é por acaso que hoje temos uma famí- lia na qual todos compartilham da alimentação sutil. Cozi- nho para ele e nossos filhos uma comida simples e saboro- sa que agrada o paladar de todos em nossa casa. A sutileza da arte culinária AULA PARTICULAR · Inglês (conversação, escrita, leitura) · Português/Literatura · Português para estrangeiros · Redação CONTATO: (22) 98849-2527 Fotos: Arquivo pessoal

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15 a 17 de Outubro de 20153

Universatilidades entrevis-ta a professora de arte culi-nária Ludmilla Labre, que temcomo especialidade a culiná-ria sutil vegetariana. Envolvi-da no universo do yoga e daculinária vegetariana desde adécada de 90, ela nos contatoda sua trajetória que remon-

-O que é comida?A comida é um instrumento para minha arte. A cozinha é

um atelier para se desenvolver os sentidos. A comida quan-do nós a ingerimos tem o papel de nos alimentar, e, muitasvezes, acabamos por esquecer de valorizar o seu verdadei-ro sabor. A palavra sabor nos remete à sensação... Poderde impressionar o paladar, principalmente nos dias atuais.Nesse caso, as pessoas têm se afastado das suas sensaçõesautênticas. A arte contemporânea, por exemplo, tem estapreocupação: impressionar, no seu sentido positivo, e mui-tas vezes através da simplicidade, consegue chamar aten-ção para o despertar de sentidos adormecidos. Admiradorado que é feito com o frescor da novidade, assim, também,concebo a minha cozinha... Um grande experimento do novo,mas sem esquecer as minhas raízes. Pois sou brasileira cria-da na roça e no subúrbio.

-Conte mais, então, sobre a sua origem na cozinha...Quando criança, no quintal da minha casa em São Gon-

çalo, brincava num jardim lindo feito pela minha mãe. Látinha várias árvores frutíferas. Assim, cada folha, e cada to-nalidade de areia era um alimento para ser preparado. Comisso, acabei com o faqueiro da minha mãe - presente decasamento - enquanto preparava as minhas comidas naquelebelo quintal da minha infância. Nas férias, a viagem era parao sítio da minha avó na Aurora em Araruama. A brincadeiraera a mesma, só que eu também fazia um supermercado nomeio de tantas árvores. O meu carrinho de compras erafeito de caixas de laranja, e com as mesmas caixas, eu faziaarmário e geladeira.

-E quando você começa a utilizar a culinária como umaatividade profissional?

Não me lembro exatamente quando comecei a cozinharpara fora. Mas, lembro que com a abertura do Espaço Ayum,ainda na década de 90, eu comecei a cozinhar para as festasque aconteciam no espaço, com a minha irmã e minha mãe.Durante um tempo não só ministrei cursos como também co-zinhei em eventos pela região, Niterói, São Gonçalo e Rio deJaneiro. Me lembro de até ter ido ver o Dalai Lama em Curitiba

ta a sua infância até os diasatuais. Apreciem este bate-papo delicioso com esta gran-de propagadora, em nossaregião, da alimentação

sáttvica - tipo de alimentaçãosutil vegetariana que nutre oser humano, nos seus níveis:físico, mental e espiritual. Nodia 31 de outubro, no Espa-

ço Ayum - em Araruama, elaministrará um curso ensinan-do opções de pratos vegeta-rianos especialmente para ascelebrações de final de ano.

por conta do dinheiro que conseguia com esses trabalhos.Essa é uma lembrança que eu tenho muito viva, pois era aindaadolescente, e a culinária era uma atividade extra aos meusestudos no Ensino Médio. Mas, Foi com a chegada do DadaSiddhesh, reforçando a Ananda Marga( Organizaçãosocioespiritual pautada na autorrealização e serviço à huma-nidade) em Araruama que me torno margii e adoto a culináriasutil para a minha vida. Essa culinária é baseada nos alimentosque são nutritivos para o corpo, a mente e a alma. Para aque-les que meditam e praticam yoga, esta é a alimentação ideal.A partir de então, tenho, com frequência, ministrado cursos ecozinhado alimentos sáttvicos - sutil. Essa alimentação é basi-camente lacto-vegetariana, sem o consumo de alimentostamásicos - de energia estática - como alho e cebola.

- E como que se dá a sua inserção no vegetarianismo?Virei vegetariana completa aos 16 anos. Hoje com 33,

nunca mais comi carne alguma. Mas, na casa dos meuspais, eu deveria ter uns seis anos, eu já me lembro da mi-nha mãe introduzindo o vegetarianismo em nossa família.Ela fez alguns cursos e começou a cozinhar uma comidamais saudável. Nesse caso, sempre cozinhei comida vege-tariana, e lembro da minha mãe quando eu perguntava oque devia preparar para o almoço, e ela respondia para euutilizar a minha criatividade. E, de uma certa forma, é as-sim até hoje. Com o pouco de ingrediente que se tem, possocriar um banquete.

- Como você caracteriza o seu estilo na culinária?A comida vegetariana sutil que preparo é voltada para o

sabor, o prazer e a alegria. Hoje, busco as novidades componderação e cuidado para não perder a minha essência, pois,como já disse, sou brasileira, e, como todo brasileiro, adoro

arroz, feijão e farofa. A mi-nha linha na culinária é bus-car o sabor, a sutileza dos ali-mentos, sem esquecer a nos-sa cultura alimentar, tentando,assim, adaptar os alimentosdos nossos antepassados aomomento em que vivo. Domanjar das sobremesas dedomingo ao feijão fresquinhocom louro, a comida deve nosalimentar em todos os senti-dos, da forma mais sutil pos-sível. A alimentação, portan-to, deve ser uma fonte deenergia, saúde e alegria.

- Quais são as suas con-siderações finais?

O estilo de vida da yogae o vegetarianismo vieramde forma natural da casaonde cresci. Mas, só assu-mi esta opção, no meu momento, de forma sincera e segu-ra. Claro que agradeço à minha mãe por abrir portas e medar oportunidades para todo esse caminho. Agradeço,também, ao meu marido por trilhar essa jornada comigo eme fortalecer. Não é por acaso que hoje temos uma famí-lia na qual todos compartilham da alimentação sutil. Cozi-nho para ele e nossos filhos uma comida simples e saboro-sa que agrada o paladar de todos em nossa casa.

A sutileza da arte culinária

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CONTATO: (22) 98849-2527

Fotos: Arquivo pessoal