John Zerzan - Dicionário Niilista

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DICIONÁRIO NIILISTA por John Zerzan Comunidade Co-mu-ni-da-de – s. 1. um corpo de pessoas com os mesmos interesses. 2. [Ecol.] um agregado de organismos com relações de mutualismo. 3. um conceito invocado para estabelecer solidariedade, geralmente quando a base para tal afiliação está ausente ou quando o conteúdo atual dessa afiliação contradiz o objetivo político da solidariedade. Comunidade, palavra que obviamente significa mas que, digamos, vizinhança, é um termo muito enganoso mas um critério contínuo de valor radical. De fato, todos os tipos de pessoas recorrem a ele, de acampamentos pacifistas próximos de áreas de testes nucleares até esquerdistas do tipo “servir ao povo” com seu direcionamento de sacrifício-e-manipulação aos colonizadores africanos proto-fascistas. É invocado por uma variedade de propósitos e objetivos, mas como uma noção libertadora é uma ficção. Todos sentem a falta da comunidade, porque a irmandade humana deve lutar, até para remotamente existir, contra o que a “comunidade” é na realidade. A família nuclear, a religião, a nacionalidade, o trabalho, a escola, a propriedade, a especialidade de papéis – algumas combinações dessas ciosas parecem comprometer toda comunidade sobrevivente desde a imposição da civilização. Então estamos lidando com uma ilusão, e argumentar que alguma forma qualitativamente superior de comunidade é permitida dentro da civilização é afirmar a civilização. A positividade promove a mentira de que o autenticamente social pode co-existir com a domesticação. A respeito disso, o que realmente acompanha a dominação, como comunidade, é no máximo o protesto de classe-média de “respeite o sistema”. Fifth Estate, por exemplo, recorta sua crítica (parcial) da civilização sustentando a comunidade e amarrando ela em cada uma de suas outras sentenças. Às vezes parece que um ocasional filme de Hollywood (e.g. Emerald forest, Dança com lobos) ultrapassa nossos jornais anti-autoritários mostrando que a solidariedade surge da não- civilização e seu combate com a “comunidade” da modernidade industrial. Jacques Camatte discutiu o movimento do capital de um estágio de dominação formal para um de dominação real. Mas a parece haver terrenos significantes onde projetar a erosão contínua do apoio para a comunidade existente e o desejo genuíno de solidariedade e liberdade. Como Fredy Perlman colocou, próximo do fim do seu excepcional Against His-Story, Against Leviathan!: “O que se sabe é que o Leviatã, o grande artífice, simples e global pela primeira vez, na Sua-estória, está decompondo- se... É uma boa hora para as pessoas deixarem sua sanidade, suas máscaras e armaduras, e ficarem loucas, pois elas já estão sendo ejetadas de suas belas polis”. A recusa da comunidade pode ser considerada um isolamento auto-destrutivo, mas parece preferível, mais saudável, do que declarar nossa submissão à fabrica diária de um crescente mundo auto-destrutivo. Alienação aumentada não é uma condição escolhida

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  • DICIONRIO NIILISTA

    por John Zerzan

    Comunidade

    Co-mu-ni-da-de s. 1. um corpo de pessoas com os mesmos interesses. 2. [Ecol.] um agregado de organismos com relaes de mutualismo. 3. um conceito invocado para estabelecer solidariedade, geralmente quando a base para tal afiliao est ausente ou quando o contedo atual dessa afiliao contradiz o objetivo poltico da solidariedade.

    Comunidade, palavra que obviamente significa mas que, digamos, vizinhana, um termo muito enganoso mas um critrio contnuo de valor radical. De fato, todos os tipos de pessoas recorrem a ele, de acampamentos pacifistas prximos de reas de testes nucleares at esquerdistas do tipo servir ao povo com seu direcionamento de sacrifcio-e-manipulao aos colonizadores africanos proto-fascistas. invocado por uma variedade de propsitos e objetivos, mas como uma noo libertadora uma fico. Todos sentem a falta da comunidade, porque a irmandade humana deve lutar, at para remotamente existir, contra o que a comunidade na realidade. A famlia nuclear, a religio, a nacionalidade, o trabalho, a escola, a propriedade, a especialidade de papis algumas combinaes dessas ciosas parecem comprometer toda comunidade sobrevivente desde a imposio da civilizao. Ento estamos lidando com uma iluso, e argumentar que alguma forma qualitativamente superior de comunidade permitida dentro da civilizao afirmar a civilizao. A positividade promove a mentira de que o autenticamente social pode co-existir com a domesticao. A respeito disso, o que realmente acompanha a dominao, como comunidade, no mximo o protesto de classe-mdia de respeite o sistema.

    Fifth Estate, por exemplo, recorta sua crtica (parcial) da civilizao sustentando a comunidade e amarrando ela em cada uma de suas outras sentenas. s vezes parece que um ocasional filme de Hollywood (e.g. Emerald forest, Dana com lobos) ultrapassa nossos jornais anti-autoritrios mostrando que a solidariedade surge da no-civilizao e seu combate com a comunidade da modernidade industrial.

    Jacques Camatte discutiu o movimento do capital de um estgio de dominao formal para um de dominao real. Mas a parece haver terrenos significantes onde projetar a eroso contnua do apoio para a comunidade existente e o desejo genuno de solidariedade e liberdade. Como Fredy Perlman colocou, prximo do fim do seu excepcional Against His-Story, Against Leviathan!: O que se sabe que o Leviat, o grande artfice, simples e global pela primeira vez, na Sua-estria, est decompondo-se... uma boa hora para as pessoas deixarem sua sanidade, suas mscaras e armaduras, e ficarem loucas, pois elas j esto sendo ejetadas de suas belas polis.

    A recusa da comunidade pode ser considerada um isolamento auto-destrutivo, mas parece prefervel, mais saudvel, do que declarar nossa submisso fabrica diria de um crescente mundo auto-destrutivo. Alienao aumentada no uma condio escolhida

  • por aqueles que insistem no verdadeiramente social sobre o falsamente comunal. Est presente em qualquer caso, pelo contedo da comunidade. Oposio ao estranhamento da existncia civilizada, pacificada, deve pelo menos chegar a nomear este estranhamento ao invs de celebr-lo chamando-o de comunidade.

    A defesa da comunidade um gesto conservador que se afasta da ruptura radical necessria. Por que defender aquilo para o qual somos refns? Na verdade, no h comunidade. E s abandonando aquilo que passado com este nome podemos nos mover para resgatar a viso da comunidade e a vibrante conectividade num mundo que no carrega nenhuma semelhana com este. S uma comunidade negativa, baseada explicitamente no desprezo pelas categorias da comunidade existente, legtima e apropriada para nossas intenes.

    Cultura

    Cul-tu-ra. Geralmente interpretada como a soma dos costumes, idias, artes, padres etc. de uma determinada sociedade. A civilizao frequentemente tida como um sinnimo da cultura, nos lembrando que o cultivo - como na domesticao - tambm esto inclusos. Os situacionistas, em 1960, consideravam que "a cultura pode ser definida como o conjunto de significados pelos quais a sociedade pensa de si mesma, e se mostra a si mesma". Tomando entusiasticamente, Bartnes observou que a cultura "uma maquina de mostrar a voc o desejo. Desejar, sempre desejar, mas nunca entender.

    A cultura j foi mais respeitada, aparentemente, algo "pelo qual viver". Agora, ao invs de nos referimos em como deterioramos a cultura, a nfase em como a cultura tem nos deteriorado. Definitivamente algo trabalhando e que nos bloqueia, no satisfaz e se faz mais evidente enquanto nos deparamos globalmente e dentro ns a morte da natureza. A cultura, ao contrrio da natureza, cresce desordenadamente, amarga, e se esvai enquanto nos sufocamos num ar cada vez mais rarefeito da atividade simblica. A cultura, mais ou menos desenvolvida, a mesma priso de conscincia, o simblico como agente repressivo.

    A cultura inseparvel do nascimento e da continuidade da alienao, sobrevivendo, como sempre, como uma compensao, uma troca do real pela sua coisificao. A cultura incorpora a diviso entre a totalidade e partes do todo, se transformando em dominao. Tempo, linguagem, nmero, arte cultural, so imposies com vida prpria que tem nos dominado.

    As revistas e os jornais agora esto repletos com artigos lamentando a propagao da ignorncia cultural e da amnsia histrica, duas condies que definem uma doena bsica na sociedade. Em nossa poca ps-modernista, a moda varia de um dia para o outro, assim como continuam a crescer o uso de drogas pesadas, o suicdio e desequilbrio emocional. H um ano atrs peguei uma carona de Berkley para Oregon com uma estudante do ltimo perodo da Universidade da Califrnia, e em algum lugar ao longo da estrada pedi, depois de conversar sobre a dcada de 60, entre outras coisas, para ela descrever sua prpria gerao. Ela falou de seus colegas em termos como sexo sem amor, uso de herona, de "uma sensao de desespero mascarado pelo consumismo.

  • Enquanto isso, a negao em massa continua. Em uma recente coletnea de ensaios sobre a cultura, DJ. Enright oferece o sbio conselho que diz que "quanto mais comumente a misria e o descontentamento pessoal so manifestados, mais elas tm domnio sobre ns.Desde que a ansiedade tem buscado o refgio atravs da forma cultural e da expresso, na abordagem simblica da autenticidade, nossa condio provavelmente no tem sido essa falncia to explcita. Em "Deliberate Regression" (Regresso Deliberada) de Robert Harbison outro trabalho que mostra a total ignorncia a respeito do vazio fundamental da cultura: "a histria de como o entusiasmo pelo primitivo e a crena de que a salvao est em uma desaprendizagem, acaba por ser uma fora em quase todos os campos do pensamento.

    Certamente as runas esto a para todos verem. Da arte esgotada na forma da "gororoba" reciclada do ps-modernismo, aos tecnocratas ps-estruturalistas como Lyortad, que acham em bancos de dados "a Enciclopdia do amanh... a 'natureza' para o homem ps-moderno", incluindo formas impotentes pronunciadas de "oposio" como "micropolticos" e "esquizopolticas", que esto pequenos porm obvios sintomas de uma fragmentao e desespero geral. Peter Sloterdiijk (Crtica da Razo Cnica) aponta que o cinismo o fundamental, o ponto de vista difundido, que atualmente o melhor que a negao tem a oferecer.

    Mas o mito da cultura ir conseguir sobreviver enquanto nosso sofrimento fracassar em nos forar a confront-la, e o cinismo tambm existir enquanto permitirmos a cultura existir no lugar da vida no mediada.

    Diviso de trabalho

    Di-vi-so de tra-ba-lho. 1. Especificamente o colapso. 2.A fragmentao ou reduo da atividade humana em trabalhos separados que a prtica raiz da alienao; especializao bsica que faz a civilizao surgir e desenvolver.

    A relativa plenitude da vida pr-civilizada foi primeiramente e principalmente uma ausncia de limitaes, reduzindo a separao de pessoas em papis e funes diferenciadas. A fundao de nossa reduo e potencialidades sentidas to acuadas hoje, face ao reino da esperteza, a divizo de trabalho. No casual que os idelogos chaves da civilizao tem se empenhado fortemente em justific-la . Em "A Republica" de Plato, por exemplo, somos ensinados que a origem do estado rezide numa "natural desigualdade humana" que esta encorporada na diviso de trabalho. Durkheim celebrou um mundo fracionado e desigual descobrindo que a pedra fundamental da "solidariedade humana" seu valor essncial - adivinhe. Antes de Durkhein , de acordo com Franz Borkenau, foi o grande aumento da diviso de trabalho, ocorrido por volta de 1600 que introduziu a categoria abstrata de trabalho, a qual pode ser dita basicamente que possibilitou a apario da, totalmente moderna, noo cartesiana de que nossa existncia fsica meramente objeto de nossa conscincia (abstrata).

    Na primeira afirmao de " A Riqueza das Naes" (1776) Adam Smith previu a essncia da industrializao pela determinao de que a diviso de trabalho representa um aumento qualitativo na produtividade . Vinte anos depois, Schiller reconheceu que

  • que a diviso de trabalho produziu uma sociedade na qual seus membros eram inabilitados de desenvolver sua humanidade. Marx pode ver ambos aspectos: "como um resultado da diviso de trabalho," o trabalhador "reduzido a condio de maquina". Porm , decisivo foi a devoo de Marx pela produtividade plena como condio essencial para a libertao. A misria humana ao longo do desenvolvimento do capitalismo Marx viu como um mal necessrio.

    O marxismo no pode escapar desta marca determinante da escolha em favor da diviso de trabalho, e suas principais vozes refletem esta idia. Lukacs, por exemplo, preferiu ignorar, observando apenas os "efeitos coisificantes da forma dominante do produto" em sua preocupao com o problema da conscincia do proletariado. E.P. thompson compreendeu que com o sistema de fbricas, " o carter estrutural do trabalhador rebelde pr-industrial ou arteso foram violentamente modificados em trabalhadores individuais submissos." Porm, dedicou, surpreendentemente, pouca ateno a diviso de trabalho, o mecanismo central pelo qual esta modificao foi realizada. Marcuse tentou conceitualizar uma civilizao sem represso, enquanto demonstrou amplamente a incompatibilidade entre ambos. Em concesso a "naturalidade" inerente a diviso do trabalho, Marcuse julgou que o " exerccio racional da autoridade " e o "desenvolvimento do todo" dependem da diviso de trabalho, enquanto algumas paginas depois ( em Eros e Civilizao ) diz que o "trabalho que alguem desempenha se torna mais alienado, quanto mais especializado a diviso de trabalho se torna."

    Ellul compreendeu como "a faca afiada da especializao passou como uma navalha na carne fresca", como a diviso de trabalho causa a ignorncia de um "universo fechado" amputando o sujeito dos demais e da natureza. De forma similar Horkheimer rezumiu esta debilidade: "assim , por todas suas atividades individuais so feitos mais passivos, por todo seu poder sobre a natureza eles se tornam mais impotentes em relao a sociedade e a eles mesmo." Por estas linhas, Foucault enfatizou a produtividade como a principal represso contempornea.

    Porm, o pensamento marxista recente continua na armadilha de ter que, ultimamente, elevar a diviso de trabalho pelo bem do progresso tecnolgico. Trabalho e Monoplio Capital, excelente livro de Braverman, em muitos pontos explora a degradao do trabalho, mas cosidera isto principalmente como um problema de perda da "vontade e ambio de tomar o controle da produo das mos dos capitalistas." No livro Psychosocial consequences of Natural and Alienated Labor ( Consequncias psicosociais do trabalho natural e alienado) de Shwabbe, dedicado ao fim de toda a dominao na produo e projeta uma auto-gesto da produo. A razo, obviamente, pelo que ele ignora a diviso de trabalho por ela ser inerente a produo; ele nao v que contraditrio falar em libertao e produo num mesmo folego.

    A tendncia da diviso de trabalho tem sempre sido o trabalho forado da engrenagem intercambiavel em um cada vez mais autonmo aparato inabalvel ao desejo. O barbarismo dos tempos modernos ainda a escravizao tecnolgica, ou seja, a diviso de trabalho. "A especializao " escreveu Gideon, "caminha adiante sem trgua", e hoje, mais do que nunca, podemos sentir o mundo arido e no ertico a que isto nos levou. Robbinson Jeffers decidiu: "no acho que a civilizao industrial vale a distoro da natureza humana, e a mesquinharia e a perda de contato com a terra que isto implica."

    Enquanto isso, o contnuo mito da "neutralidade" e "inevitabilidade" do

  • desenvolvimento tecnolgico crucial para sujeitar todos ao julgo da diviso de trabalho. Aqueles que se opem a dominao enquanto defendem seu ncleo principal so perpetuadores de nossa priso. Considere Guatarri, ps-estruturalista radical, aquele que descobre que desejos e sonhos sejam possveis "mesmo em uma sociedade com alto desenvolvimentro industrial e servios de informao pblico altamente desenvolvidos, etc." Nosso oponente francs da alienao zomba do ingnuo que detecta a "maldade essencial das sociedades industriais", mas oferece a prescrio que " a atitude totalitria de especialistas necessita questionamento", no a existncia de especialistas, claro, meramente suas "atitudes".

    A questo " o quanto da diviso de trabalho poderiamos rejeitar?" a resposta, acredito eu, a pergunta: "o quanto de plenitude para ns e o planeta queremos?"

    Feral

    Fe-ral adj. Selvagem, ou existente em um estado natural, assim como ocorre com animais ou plantas; o que foi revertido da domesticao ao estado selvagem.

    Ns existimos em uma "paisagem de ausncia" na qual a vida real est sendo sistematicamente escoada pelo trabalho degradante, o falso ciclo do consumismo e das futilidades mediadas pela dependncia tecnolgica. Hoje em dia no s o esteretipo do yuppie viciado em trabalho que tenta enganar seu desespero atravs da atividade, preferindo no contemplar um destino no menos estril do que o do planeta e a subjetividade (domesticada) em geral. Todavia ns somos confrontados pelas runas da Natureza e pela runa de nossa prpria natureza, a absoluta grandeza do amontoado de insignificncias e inautenticidade por um tanto de mentiras. Ainda trabalho montono e envenenamento para a vasta maioria. Enquanto uma pobreza mais absoluta que a pobreza financeira deixa mais desolada a zona morta universal da civilizao. Potencializados por computadores? Mais para infantilizados. Uma era de informao caracterizada pela comunicao intensificada? No, pelo que poderia pressupor experincias que valeriam a comunicao. Um tempo de imprecedente respeito pelo individuo? Traduo: a escravido assalariada necessita da estratgia do trabalhador autnomo na produo para evitar a contnua crise da produtividade, e as pesquisas de mercado devem direcionar cada "estilo de vida" ao interesse da cultura do consumidor.

    Nessa sociedade invertida, a soluo para o massivo uso alienado e induzido de drogas um bloqueado na mdia, com resultados to embaraantes quanto s centenas de milhes de gastos fteis contra o aumento da absteno eleitoral. (em muitos estados dos Estados Unidos o voto facultativo). Enquanto isso a TV, que a voz e a alma do mundo moderno, sonha em vo atrair a ateno ao crescimento da ignorncia e do que restou da sade emocional atravs de propagandas de trinta segundos ou menos. Na cultura industrializada de depresso irreversvel, do isolamento e do cinismo, o esprito ser o primeiro a morrer, e a morte do planeta ser apenas uma lembrana tardia. Assim ser, ao menos que apaguemos essa ordem podre, com todas as suas categorias e dinmicas.

    Enquanto isso, o desfile de oposies parciais (portanto falsas), continua pelos seus

  • caminhos habituais. H os Verdes (partidos de cunho ambiental) e similares que tentam prolongar a vida do eleitorado, baseados na mentira de que vlido uma pessoa poder representar outra; esses tipos poderiam perpertuar apenas mais um espao para o protesto, ao invs de ir direto raiz da questo. O "movimento" pacifista exibe, em cada (uniformemente pattico) gesto, que ele o melhor amigo da autoridade, da propriedade e da passividade. S para ilustrar: em maior de 1989, no vigsimo aniversrio da luta pelo Parque do Povo de Berkleya, milhares de pessoas lutaram de forma admirvel, destruindo 28 estabelecimentos comerciais e ferindo 15 policiais; Julia Talley, porta-vos do movimento pacifista declarou que "essas manifestaes no possuem lugar no movimento pacifista". O que traz toana os fatais estudantes irresponsveis na Praa Tiananmen, depois que o massacre de 3 de Junho comeou, tentando impedir os trabalhadores de lutar contra as tropas do governo. E a verdade que a universidade a fonte nmero um da estrangulao lenta conhecida como reforma, a recusa do rompimento qualitativo com a degradao. O Earth First! reconhece que a domesticao a questo fundamental (ex. de que a prpria agricultura maligna), mas muitos de seus membros no vem que nossa espcie possa se tornar selvagem novamente.

    Os ambientalistas radicais entendem que a transformao de florestas nacionais em reas de extrativismo legalizado meramente parte do projeto que tambm busca a prpria eliminao dessas reas. Mas tero que buscar o selvagem em todos os lugares, no s em reas selvagens que so vistas como reservas isoladas.

    Freud viu que no h civilizao sem a renncia forada dos instintos, sem uma coero monumental. Mas, devido as massas estarem basicamente "ociosas e ignorantes", a civilizao justificvel segundo Freud. Este modelo ou prescrio foi baseado na idia de que a vida antes da civilizao era brutal e miservel, uma idia que tem sido surpreendentemente invertida nos ltimos 20 anos. Em outras palavras, antes da agricultura, a humanidade existiu num estado de graa, tranquilidade e em comunho com a natureza que hoje dificilmente poderamos compreender. A perspectiva da autenticidade surge nada menos do que a partir de uma dissoluo total da estrutura repressora da civilizao, da qual Freud descreveu como "algo que foi imposto a uma maioria resistente por uma minoria, que sabia como obter a posse dos meios do poder e coero." Ns podemos ainda continuar pelo caminho da domesticao e destruio ou irmos em direo revolta otimista, apaixonada e selvagem, que aspira em danar sobre as runas de relgios, computadores, e a destruio da imaginao e vontade o qual chamamos de trabalho. Podemos justificar nossas vidas por algo menos que esta poltica de raiva e sonhos?

    Sociedade

    Sociedade. Do latim socius, Companhia. 1. Uma congregao organizada de indivduos e grupos relacionados. 2. Aparato totalizador, avanando as custas do indivduo, da natureza e da solidariedade humana.

    A sociedade em todos os lugares esta sendo impulsionada pela rotina do trabalho e consumo. Este movimento cego e induzido, to distante de um estado companheirismo, no toma lugar sem agonia e desafeto. O "ter mais" nunca compensa o "ser menos", como prova o aumento do vcio em drogas, trabalho, exerccio, sexo, etc. Virtualmente qualquer coisa pode ser e usada excessivamente em busca de satisfao numa

  • sociedade em que sua caracterstica a negao da satisfao. Mas tal excesso ao menos fornece a evidencia do desejo por realizao, o que , uma imensa insatisfao com o que esta diante de ns.

    Os charlates fornecem todo tipo de escapismo, por exemplo. A panacia New Age, um repugnante misticismo materialista em escala massiva: fraco e pensativo, aparentemente incapaz de investigar qualquer parte da realidade com coragem ou honestidade. Para os praticantes da New Age, psicologia no nada mais do que uma ideologia e sociedade irrelevante.

    Entretanto, Bush (provavelmente Bush pai, N.do T.), avalia: "geraes nascendo entorpecidas no desespero", foi previsivelmente o suficiente asqueroso para culpar as vtimas citando seus "vazios de moral". A profundidade da estado de misria deve ser melhor refletido pela informao federal divulgada em 19/09/91, sobre estudantes do ensino superior, que foi descoberto que ao menos 27% dos estudantes "pensaram seriamente" sobre suicdio no ano anterior.

    Poderia ser que o social, com sua crescente evidncia da alienao - depresso em massa, a recusa da alfabetizao, o aumento das desordens psquicas, etc. - deveria ser finalmente ser registrado politicamente. Tal fenmeno como o contnuo declnio da participao eleitoral (nos EUA o voto facultativo) e a profunda descrena no governo levou a Kettering Foundation, em junho de 1991, a concluir que "a legitimidade de nossas instituies polticas mais problemtica do que nossos lideres imaginam", e em outubro do mesmo ano, um estudo de trs estados (como noticiou o colunista Tom Wicker em 14/10/91) levou a perceber "um perigoso abismo entre os governantes e os governados".

    O desejo por uma vida e por um mundo no-mutilado no qual viver colide com um fato deprimente: fundamental para o progresso da sociedade moderna a necessidade capitalista insacivel por crescimento e expanso. O colapso do capitalismo de estado na Europa Oriental e na Unio Sovitica, deixou apenas a variedade "triunfante" do mesmo, no comando, mas agora confrontado insistentemente com contradies muito mais srias do que as que supostamente venceu em sua pseudo-luta contra o "socialismo". Obviamente, o industrialismo sovitico no foi qualitativamente diferente do que qualquer variante do capitalismo, e ainda mais importante, nenhum sistema de produo (diviso de trabalho, dominao da natureza, e escravismo trabalhe e pague em maiores ou menores doses) pode permitir a felicidade humana ou a sobrevivncia ecolgica.

    Podemos ver agora uma vista aproximada de todo o mundo como um moribundo txico e sem oznio. Quando uma vez a maioria das pessoas procuravam a tecnologia como uma promessa, agora sabemos com certeza que isto nos matar. Computadorizao, com seu tdio congelado e veneno dissimulado, expressa a trajetria da sociedade, estruturada elegantemente aparte da existncia sensual e encontrando sua apoteose atual na Realidade Virtual.

    O escapismo da Realidade Virtual no o maior problema, quem de ns poderia prosseguir sem escapes? Do mesmo modo, isto no tanto uma diverso da conscincia como uma conscincia de completo distanciamento do mundo natural. A Realidade virtual testemunha uma profunda patologia,

  • recordando as telas barrocas de Rubens que mostram cavalheiros com armaduras rodeados, porm separados, de mulheres nuas. Aqui os tecnojunkies "alternativos" da Whole Earth Review, promotores pioneiros da Realidade Virtual, mostram suas verdadeiras cores. Um fetiche de "ferramentas", e uma total carncia de interesse em criticar as direes da sociedade, direcionados a glorificao do paraso artificial da Realidade Virtual.

    O vazio consumista da simulao e manipulao de alta tecnologia deve seu domnio a duas tendncias crescentes na sociedade, especializao do trabalho e o isolamento de indivduos. Deste contexto emerge o mais terrvel aspecto do mal: isto tende a ser comprometido por pessoas que no so particularmente ms. A sociedade, que de nenhuma maneira poderia sobreviver a uma inspeo de conscincia preparada para prevenir tal inspeo.

    As idias dominantes e opressivas no permeiam totalmente a sociedade, ao invs, seu sucesso garantido pela natureza fragmentada da oposio e elas. Entretanto, o que a sociedade teme mais precisamente as mentiras que suspeitam sobre as quais ela esteja construda. Este medo ou recusa obviamente no o mesmo como comea a expor uma fora mortal de circunstncias para as foras dos eventos.

    Adorno notou na dcada de 1960 que a sociedade est crescendo mais e mais enganosa e incapacitada. Ele previu que as discusses eventuais das causas da sociedade poderia se tornar insignificantes: a prpria sociedade a causa. A luta por uma sociedade - se ainda pode ser chamada de sociedade - face-a-face, em e do mundo natural, deve ser baseada num entendimento da sociedade hoje como uma marcha fnebre monoltica e expansiva.

    Niceism (agradavel-ismo - simpatismo)

    Niceism. Tendncia mais ou menos socialmente codificada, para se aproximar da realidade em termos de "caso outros se comportam cordialmente". Tirania do decoro do qual no permite o pensamento e atitudes individuais. Modo de interao baseado na ausncia de julgamento crtico ou autnomo.

    Todos ns preferimos o que amigvel, sincero, prazeroso-agradvel. Mas em um mundo arruinado de crise difundida e real, o qual estaria fazendo com que todos ns radicalmente revisemos todas as coisas; o agradvel pode ser o falso.

    A face da dominao por muitas vezes a de um sorriso, uma face culta. Auschwitz vem a mente, com seus administradores que desfrutam seu Goethe e Mozart. Similarmente, no foram monstros com caras de mal que construram a bomba-Atomica, mas sim simpticos liberais intelectuais. Ditto com referncia queles que tm uma vida computadorizada e aqueles que de outras maneiras so os mantedores principais dessa ordem apodrecedora, como o agradvel homem-de-negcios (auto-orientado ou outra coisa) aquele que a costela de uma existncia cruel de trabalho-e-consumo atravs da dissimulao de seus horrores reais.

    Casos de simpatismo incluem os peaceniks*, dos quais a tica de simpatia os colocam

  • - repetidas e repetidas vezes e novamente situaes estupidas e ritualizadas no-vencedoras, aqueles militantes da Earth First! (Terra em Primeiro!) que recusam confrontar a interamente repreensvel ideologia no topo de sua organizao e o Fifth State (Quinto Estado), das quais contribuies altamente importantes agora parecem estar em perigo de um eclipse pelo liberalismo. Todos as causas de assuntos-nicos, do ecologismo ao feminismo, e toda militncia a seu servio, so unicamente meios de evaso da necessidade de uma ruptura qualitativa com mais do que somente com os excessos do sistema.

    O agradvel como o inimigo perfeito do pensamento ttico e analtico: Seja uma pessoa que concorde; no deixe as idias radicais criarem ondas de ressonncia em seu comportamento pessoal. Aceite os mtodos pr-embalados e os limites da estrangulao diria. Consentimento enraizado, a resposta condicionada para jogue pelas regras, regras da autoridade - a real Fifth Column*, a que esta entre ns.

    No contexto de uma vida social estraalhada que demanda o drstico como a resposta mnima em relao a sade, o simpatismo torna-se mais e mais infantil, conformista e perigoso. No pode garantir prazer, somente mais rotina e isolamento. O prazer da autenticidade somente existe contra a moral da sociedade. O simpatismo nos deixa todos em nossos lugares, confusamente reproduzindo tudo que supostamente odiamos. Vamos parar de ser simpaticos com este pesadelo e com tudo que pode nos manter preso nele.

    Notas: * fifth column - grupo clandestino ou faco de agentes subversivos que tentam minar a solidariedade de uma nao de qualquer maneira. (Segundo enciclopdia Britannica) * peaceniks - termo utilizado para designar pessoas que se opes a guerras e aes violentas realizadas por governos. Pacifistas.

    Progresso

    Pro-gres-so: (arcaico) percurso oficial, guiado por regras. 2. desenvolvimento histrico no sentido do avano ou aperfeioamento. 3. marcha, percurso adiantado da histria ou civilizao, como num show de horror ou uma viagem mortal.

    Talvez nenhuma idia na civilizao ocidental tem sido to importante quanto noo de progresso, como Robert Nisbet colocou, tudo agora sugere que a f ocidental no dogma do progresso esta decaindo rapidamente em todos os nveis e esferas neste final do sculo XX". No mileu anti-autoritarismo, tambm, progresso caiu em tempos difceis. Houve um tempo em que os lideres sindicais,como seus companheiros prximos marxistas, poderiam mais ou menos discursar com sucesso por mais marginal e insignificante, os desinteressados em organizar suas alienaes atravs de unies, conselhos e similares. Ao invs do tradicional respeito pela produtividade e produo (pilares do progresso) um conceito ludita sobre as fabricas esta crescendo e o anti-trabalho um ponto de partida fundamental para o dialogo radical. At mesmo vemos alguns tomando gato por lebre: os trabalhadores industriais do mundo presos pela segunda palavra (industrial) poderiam ir mais adiante, recusando a primeira (trabalhadores) certamente no como organizao.

  • A crise ecolgica um claro fator em descrdito do progresso, porem como este dogma de f foi por tanto tempo uma questo ignorada, esquecida. Ha algum significado no progresso, depois de tudo? A sua promessa comeou a ser notada, em vrios aspectos, desde de o comeo da historia. Com a ascenso da agricultura e o inicio da civilizao, por exemplo, a destruio progressiva da natureza, extensas reas do oriente mdio, frica e Grcia foram transformadas em reas desertas.

    Em termos de violncia, a transformao do modo de vida pacfico e igualitrio do coletor-caador para a violncia da agricultura/civilizao foi rpida. "Vinganas, feudos, guerras e batalhas parecem ter emergido juntas, e tpicas de povos domesticados", de acordo com Peter Wilson. E a violncia certamente tem progredido ao longo do tempo, desnecessrio dizer, das armas estatais de destruio em massa aos recentes assassinos em srie.

    A doena propriamente dita se encontra perto de ser associada inveno da vida civilizada, cada doena degenerativa conhecida faz parte da armadilha do aprimoramento histrico. Da plenitude e vitalidade sensual da pr-histria, ao presente cenrio de doenas endmicas e sofrimentos psicolgicos massivos - mais progresso.

    O pice do progresso a atual era da informao, que incorpora progressiva diviso de trabalho, de um tempo inicial de uma possibilidade de entendimento no mediado, ao estagio onde conhecimento se transforma meramente em um instrumento da totalidade repressiva, corrente era ciberntica onde dados so tudo o que resta. O progresso tem colocado significado de si prprio ao vo.

    A cincia, a imagem do progresso, tem encarcerado e interrogado a natureza, enquanto a tecnologia tem sentenciado a natureza (e a humanidade) ao trabalho forado. Da diviso original do ser que a civilizao, passando pela separao cartesiana da mente dos restos dos objetos (incluindo o corpo) para nosso rido presente de alta tecnologia - um movimento de fato estranho. Dois sculos atrs, dos primeiros inventores dos maquinrios industriais foram confrontados pelos trabalhadores txteis ingleses sujeitos aos maquinrios, e tiveram como vilo todos, menos seus patres capitalistas. Os designers da escravido computadorizada de hoje so respeitados como heris culturais, embora uma certa oposio comea a crescer.

    Na ausncia de uma grande resistncia, a lgica interna do desenvolvimento da sociedade de classes culminara, em seu ultimo estagio, em uma vida totalmente tecnificada. E relao do progresso da sociedade a da tecnologia cada vez mais convergente. Walter benjamim, em sua ultima e melhor obra, teses sobre a filosofia da historia, expressa de modo lrico:

    "Uma pintura de Klee chamada angelus novus mostra um anjo como se estivesse para se afastar de algo que ele esta contemplando fixamente. Seus olhos observam com ateno, suas bocas esto abertas suas asas estendias. assim que se ilustrou o anjo da historia. Sua face esta virada para o passado. Onde ns percebemos uma cadeia de eventos, ele v somente uma catstrofe que amontoa runa sobre runa e arremessa a seus ps. O anjo gostaria de fica r acordar os mortos e refazer o que foi destrudo, mas uma tempestade esta vindo do paraso; e atingiu suas asas com tanta violncia que o

  • anjo no pode mais fecha-las. Esta tempestade o atira irresistivelmente para o futuro para o qual esta de costas, enquanto o amontoado de runas por de traz dele cresce para o cu. Esta tempestade o que chamamos progresso.

    Tecnologia

    Tec-no-lo-gia. Segundo a definio do dicionrio webster: cincia aplicada ou industrial. Na realidade: o conjunto da diviso de trabalho/produo/industrialismo e seu impacto sobre ns e a natureza. A tecnologia a soma das mediaes entre ns e o mundo natural , e a soma das separaes mediando ns dos outros. toda a explorao e toxidade necessria para produzir e reproduzir o estagio de hiper-alienao em que vivemos. a textura e a forma de dominao em qualquer estgio de hierarquia e comercializao.

    Aqueles que insistem em dizer que a tecnologia "neutra", "meramente uma ferramenta" ainda no tem considerado o que esta em jogo. Junger, Adorno e Horkheimer, Ellul e muitos outros autores de dcadas passadas - sem mencionar a toda esmagadora, porem inevitvel verdade da tecnologia em sua global e pessoal badalada - tem se dedicado a analisar o tpico. Trinta e cinco anos atrs o estimado filosofo Jasper escreveu que a "tecnologia apenas um meio, em si mesma nem boa nem ruim. tudo depende do que o homem faz com ela, para quais propsitos servem ao homem, sob quais condies se utiliza". Sexismo arcaico aparte, esta crena superficial na especializao e no progresso tcnico visto cada vez mais como ridcula. Marcuse foi infinitamente mais ao alvo quando ele sugeriu em 1964 que "o exato conceito da razo tecnolgica seja talvez ideolgico, no apenas a aplicao da tecnologia, mas a tecnologia por si mesma dominao ... controle calculado, calculador, metdico, cientifico". Hoje experimentamos esse controle como uma constante diminuio de nosso contato com o mundo vivo, uma acelerada era da informao ostentada, drenada por computadorizao e envenenada pela morte, imperialismo domesticador do mtodo high-tech. Nunca antes as pessoas tm sido to infantilizadas, feitas to dependentes da maquina para tudo; na medida em que a Terra se aproxima rapidamente de sua extino devido a tecnologia, nossas almas so retradas e e niveladas por seu controle penetrante. Qualquer senso de plenitude e liberdade pode apenas retornar pela abolio da massiva diviso de trabalho que est no corao do progresso tecnolgico. Este o projeto liberador em toda sua profundidade.

    Obviamente, a literatura popular no reflete ainda uma atenta crtica do que a tecnologia. Alguns trabalhos celebram completamente a direo que estamos tomando, por exemplo McCorduck em "Machines Who Think" (Maquinas que Pensam) e Simon em "Are Computers Alive" (Os Computadores Esto Vivos) para mencionar os piores. Outros livros ainda mais recentes parece oferecer um julgamento que finalmente se colocam frente a propaganda de massas pr- tecnologia, porm falham assombrosamente quando chegam as suas concluses. Murphy, Mickunas e Pilotta editaram "The underside of High-Tech: Technology and the Deformation of Human Sensibilities" (O lado oposto da Alta tecnologia: Tecnologia e a deformao das sensibilidades humanas) cujo agressivo titulo completamente destrudo por um fim em que a tecnologia se tornara humana assim que mudarmos nossa arrogncia sobre isto! Bastante similar Siegel e Markoff em "The High Cost of High Tech" (O Alto Custo da

  • Alta Tecnologia); Aps captulos detalhando os vrios nveis de debilidade tecnolgica, mais uma vez aprendemos que tudo uma questo de atitude: "Devemos, enquanto uma sociedade, entender o total impacto da alta tecnologia se quisermos mud-la para uma ferramenta para o engrandecimento do conforto, da liberdade e da paz humana". Este tipo de covardice e/ou desonestidade se deve, ao menos em parte, ao fato que os grandes grupos editoriais no desejam publicar idias fundamentalmente radicais.

    A observao acima adentro ao idealismo no uma nova ttica de fuga. Martin Heidegger, considerado por alguns o mais original e profundo pensador do sculo, Viu o indivduo se tornar em mera matria prima para a expanso ilimitada da tecnologia industrial. Incrivelmente, sua soluo foi achar no movimento nazista o essencial "encontro entre a tecnologia global e o homem moderno". Por trs da retrica do Nacional Socialismo, desastrosamente, Foi apenas uma acelerao da tcnica, inclusive a esfera do genocdio como um problema de produo. Para os nazis e o ingnuo, isto foi, novamente, um questo de como a tecnologia entendida de maneira idealizada, no como ela realmente . Em 1940, o Inspetor Geral do Sistema Rodovirio Alemo resumiu assim: "A rocha e concreto so coisas materiais. O homem d a estes forma e esprito. A tecnologia Nacional Socialista possui em todo material a realizao do contentamento ideal".

    O Bizarro caso de Heidegger deveria lembrar a todos que boas intenes podem ser precipitadamente desviadas sem uma disposio de encarar a tecnologia e sua natureza sistemtica como parte de uma realidade social prtica. Heidegger temeu as conseqncias polticas de realmente olhar a tecnologia de forma critica; Sua teorizao apoltica tomou parte ento do mais monstruoso acontecimento da modernidade, apesar de suas intenes.

    O Erath First! (Terra em Primeiro!) clama colocar a natureza em primeiro, estar acima de toda "poltica"trivial. Mas poderia bem ser que a arrogncia machista de Dave Foreman (e dos tericos da "ecologia profunda" que tambm nos advertem contra o radicalismo) seja uma falta de coragem como a de Heidegger, e a conseqncia, provavelmente poderia ser similar.