João Vieira: Recensão "A caminho da Eurábia? Islamismo e multiculturalismo no espaço europeu."

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RELAÇÕES INTERNACIONAIS MARÇO : 2008 17 [ pp. 167-172 ] 167 RECENSÃO A caminho da Eurábia? islamismo e multiculturalismo no espaço europeu João Pedro Vieira JOSÉ PEDRO TEIXEIRA FERNANDES Islamismo e Multiculturalismo. As Ideologias após o Fim da História Coimbra, Almedina, 2006, 343 páginas UMA SIMBIOSE IDEOLÓGICA INESPERADA A presente publicação, peculiar pela sua temática na literatura académica portuguesa, surge na sequência de um prolongado percurso de investigação do autor sobretudo marcado, em época mais recente e no que concerne à presente obra, por estudos relacionados com a história e a política turca. Para o tratamento da temática das sinergias ideológicas entre islamismo e multiculturalismo no seio das sociedades europeias, o autor, doutorado em Ciência Política e Relações Inter- nacionais pela Universidade do Minho e professor-coor- denador do ISCET, beneficia igualmente de um relevante capital intelectual ligado à teoria das Relações Inter- nacionais e da Economia Política, o qual mobiliza activamente na obra aqui apre- ciada. O corpo do trabalho, de estrutura sólida, clara e fluida, está dividido em cinco capí- tulos, a que se juntam por mais de oitenta páginas, após a conclusão, doze diversos anexos. O islamismo, um dos eixos temá- ticos da obra, é aqui trazido na perspec- tiva particular da ciência política, o que, ressaltando – no que ao autor directamente interessava – a dimensão essencialmente política do fenómeno, não deve fazer olvi- dar outras perspectivas, dada a profunda intersecção entre religião e política nele operada. De qualquer modo, o islamismo deve ser prioritariamente entendido como ideologia política e não como simples matéria de cultura e religião, conforme advoga o autor. AVALIANDO DESAFIOS E RISCOS IDEOLÓGICOS E SOCIOPOLÍTICOS A introdução da obra coloca o leitor em contacto imediato com o enquadramento genérico do estudo. Aí se apresentam

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Recensão: A caminho da Eurábia? Islamismo e multiculturalismo no espaço europeu. Islamismo e Multiculturalismo. As ideologias após o fim da história, monografia da autoria de José Pedro Teixeira Fernandes,publicada em 2006.

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R E C E N S Ã O

A caminho

da Eurábia?

islamismo

e multiculturalismo

no espaço europeu

João Pedro Vieira

JOSÉ PEDRO TEIXEIRA

FERNANDES

Islamismo eMulticulturalismo.As Ideologias apóso Fim da História

Coimbra,Almedina,2006, 343 páginas

UMA SIMBIOSE IDEOLÓGICA INESPERADA

A presente publicação, peculiar pela sua temática naliteratura académica portuguesa, surge na sequênciade um prolongado percurso de investigação do autorsobretudo marcado, em época mais recente e no queconcerne à presente obra, por estudos relacionadoscom a história e a política turca. Para o tratamento datemática das sinergias ideológicas entre islamismo emulticulturalismo no seio das sociedades europeias, oautor, doutorado em Ciência Política e Relações Inter-nacionais pela Universidade do Minho e professor-coor-denador do ISCET, beneficia igualmente de um relevantecapital intelectual ligado à teoria das Relações Inter-nacionais e da Economia Política, o qualmobiliza activamente na obra aqui apre-ciada.O corpo do trabalho, de estrutura sólida,clara e fluida, está dividido em cinco capí-tulos, a que se juntam por mais de oitentapáginas, após a conclusão, doze diversosanexos. O islamismo, um dos eixos temá-ticos da obra, é aqui trazido na perspec-tiva particular da ciência política, o que,ressaltando – no que ao autor directamenteinteressava – a dimensão essencialmentepolítica do fenómeno, não deve fazer olvi-

dar outras perspectivas, dada a profundaintersecção entre religião e política neleoperada. De qualquer modo, o islamismodeve ser prioritariamente entendido comoideologia política e não como simplesmatéria de cultura e religião, conformeadvoga o autor.

AVALIANDO DESAFIOS E RISCOS

IDEOLÓGICOS E SOCIOPOLÍTICOS

A introdução da obra coloca o leitor emcontacto imediato com o enquadramentogenérico do estudo. Aí se apresentam

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sucintamente os seus pressupostos, meto-dologia e hipótese geral a demonstrar,assim como a organização do trabalho.O autor considera que a transformaçãorecente de estruturas geopolíticas mun-diais cria condições para rever a tese dahegemonia global indisputada da demo-cracia capitalista liberal. Essa tese, porém,assenta numa visão redutora e eurocên-trica do fenómeno político à escala glo-bal, dificilmente capaz de identificar«formas de competição ideológica» (p. 8)emergentes, nomeadamente o islamismoe o multiculturalismo.Isso porque o eixo do conflito ideológicose tem vindo a deslocar do campo da eco-nomia política para o campo da cultura,no âmbito de um processo de reconfigu-ração e reestruturação política e ideoló-gica, quer nas sociedades ocidentais, querno plano internacional; duplo espaço esseem que o islamismo, na sua complexidadee heterogeneidade, goza de um «signifi-cativo potencial de expansão» (p. 11).O primeiro capítulo do estudo, intitulado«O islamismo como ideologia não oci-dental de ambição universalista», começapor tratar da genealogia do termo «isla-mismo», delimitando por empréstimo oseu conteúdo: o islamismo é um «amplomovimento que abrange todos os que pro-curam islamizar o ambiente onde seencontram» (p. 27). A «tradição holísticado Islão» (p. 26), o seu carácter totalizante,assim como o seu típico militantismo– com assíduo recurso a práticas de dissi-mulação –, criam uma considerável ameaçasecuritária e sociológica nas sociedadesocidentais, razão prática pela qual é fun-damental distinguir o Islão do islamismo,

este último com «objectivos explícitos ouimplícitos de conquista do poder» (p. 28):objecto obrigatório, portanto, de crítica ediscussão nos espaços públicos ociden-tais.Passados os pontos iniciais, são enun-ciadas as três principais variantes doislamismo – radical, «capitalista», «multi-culturalista» – e avançada a sua contex-tualização e caracterização. As correntes«capitalista» e «multiculturalista» recebemmaior destaque, porquanto aparentamconcentrar maior potencial expansivo edestabilizador entre as populações muçul-manas situadas no seio das sociedadesocidentais e acarretar uma ameaça securi-tária latente. Em ambos os casos, ocorremfenómenos de apropriação e transforma-ção de produtos de uma «civilização» oci-dental em vectores privilegiados deproliferação ideológica do islamismo.Enquanto o islamismo radical preconizao modelo da teodemocracia e do Estadoislâmico (teocrático) regido pela sharı-‘a,praticando necessariamente uma fusãoentre o religioso e o político, o modelodito «capitalista» adopta estratégias sub-rep-tícias de implementação do seu programaideológico, afastando-se pontualmente dereivindicações radicais e posições intran-sigentes, e suscitando, em suma, uma sín-tese pragmática entre capitalismo eislamismo orientada para a reislamizaçãodo todo sociopolítico. Já a corrente «mul-ticulturalista» apresenta-se como produtoespecífico da interacção entre sociedadesocidentais e grupos muçulmanos imigra-dos; a sua actuação é moderada ou atéprogressista e os seus líderes tendem amonopolizar a representação mediática e

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institucional das populações muçulmanasimigrantes. Para o autor, o seu objectivogeral será a islamização do sistema edu-cativo e dos estilos de vida, num investi-mento a longo prazo em países como aGrã-Bretanha, a Holanda ou a Alemanha.O segundo capítulo trata da «conexão cul-tural» entre os movimentos islamitas,a diáspora muçulmana na Europa e as popu-lações muçulmanas autóctones dos Balcãs.Adoptando a noção de «muçulmano so-ciológico» – porventura excessivamenteabrangente – e expondo as diversas limita-ções à formação de uma percepção fiávelda expressão demográfica das populaçõesmuçulmanas balcânicas, o autor apresentaas respectivas estimativas e leituras ideo-lógicas antagónicas subjacentes – entre adefesa e a diabolização do Islão –, as quaisexplicam a preferência de cifras maxima-listas ou minimalistas. De seguida, é des-montada a expressão operativa «comuni-dade muçulmana», demonstrado o seucarácter redutor e desenvolvidos estudosde caso sobre as realidades britânica, fran-cesa, holandesa, germânica e balcânica.Torna-se assim patente a heterogeneidadeétnica, linguística e mesmo religiosa daspopulações muçulmanas imigrantes e asmodalidades e dificuldades de relaciona-mento entre essas populações e os esta-dos europeus.O multiculturalismo é o núcleo temáticopolarizador do terceiro capítulo. À seme-lhança do anteriormente efectuado com oconceito de islamismo, o autor desenvolveagora considerações sobre a genealogiado conceito de multiculturalismo, «pro-duto cultural estreitamente associado aouniverso cultural anglo-saxónico» (p. 122).

Este novo complexo ideológico ocidentalentronca na necessidade ou exigência dereconhecimento associada à defesa dasminorias, da sua identidade e autonomia.Depois de percorridos os fundamentosideológicos do multiculturalismo, o autordelimita e trata dois modelos de «espaçomulticultural», ambos eminentementepolíticos: o liberal/cidadania diferenciada(modelo liberal multicultural da tipologiade Andrea Semprini) e o marxista-cultu-ral/pós-moderno (multicultural «maxi-malista»). Apesar da sua heterogeneidadeglobal, da concorrência de substanciaisvariações ou divergências de sensibilida-des, ambas as correntes convergem naideia da obsolescência do modelo políticoliberal clássico.A denúncia da opressão das minorias, doracismo, do imperialismo político ou cul-tural, constitui factor de aproximação entreos discursos ideológicos islamita e mul-ticulturalista marxista-cultural. As simili-tudes ideológicas permitem, no limite,o desenvolvimento de bloqueios intelectuaisque desembocam num «desarmamentointelectual» (p. 161) face ao islamismo nogeral, fenómeno assaz flagrante no mul-ticulturalismo denominado marxista-cul-tural. Trata-se, com efeito, da existênciade um aparente défice crítico em relaçãoao islamismo que é adicionalmente poten-ciado por uma atitude francamente nega-tiva e historicamente enraizada para coma cultura ocidental. Finalizando o capí-tulo, o autor procede a uma desmontagemdo sistema de millet como modelo para-digmático (e utópico) de Estado multi-cultural, denunciando, entre outros erros,o anacronismo da retroprojecção de um

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corpo conceptual próprio da ciência polí-tica ocidental completamente estranho àrealidade histórica em causa.As similitudes discursivas e até ideológi-cas entre multiculturalismo e islamismosão aprofundadas no capítulo seguinte.Os antecedentes dessa aproximação levamo autor até Nietzsche e à colaboração activaentre os regimes nacional-socialista ale-mão e fascista italiano com governos ára-bes-muçulmanos coetâneos. O autor findapor deduzir a ressurgência de um processode aproximação entre radicalismos,nomeadamente entre partidos europeus,quer de extrema-esquerda quer da extrema-direita, e movimentos islamitas. Mas asestratégias dos movimentos islamitasestendem-se outrossim ao uso da teolo-gia, explorando pontos de contacto entreas tradições religiosas cristãs e islâmicas,e suavizando ou omitindo discrepânciasde fundo, à deturpação do conceito de«islamofobia» e à apropriação táctica dosvalores ocidentais para fins de reislami-zação.O quinto e penúltimo capítulo trata darepresentação ideológica multiculturalistado al-Andalus medieval (711-1492), ondese compendiam em traços largos as pers-pectivas historiográficas de Castro e deOlagüe que, conquanto historiografica-mente ultrapassadas ou insustentáveis,ganharam particular relevância e aceita-ção entre os correligionários do multi-culturalismo – exemplo da recente obrada autoria de Sardar e Davis – e certos gru-pos de muçulmanos imigrados. Estas eoutras visões idealizadas e claramenteorientadas do ponto de vista ideológico,incidindo também sobre o al-Andalus e a

jiha-d, são desmembradas e enjeitadas comrecurso a literatura especializada, aler-tando-se para o risco que representam aoatribuir uma certa legitimidade às reivin-dicações de movimentos islamitas quevêem os territórios ibéricos como terraocupada a recuperar.A conclusão, encerrando o corpo do tra-balho, cinge-se genericamente ao resumodas principais e parciais conclusões adu-zidas ao longo do estudo, em busca deuma síntese integradora, advertindo espe-cialmente para o risco representado pelaconvergência desestruturadora entre radi-calismos políticos islâmicos e ocidentaisno interior das sociedades de matriz civi-lizacional ocidental.Segue-se, rematando a obra, um conjuntomuito enriquecedor e pertinente de ane-xos que abordam diferentes matérias, comrecurso alargado a extensas citações dedocumentos ou literatura especializada,desde a sharı-‘a (anexo 1), a sunna e os aha-dith (anexo 2) ou a jiha-d (anexo 5), até diver-sos decretos jurídico-religiosos (fatwa;anexos 8-10) e a excertos da carta funda-dora do Hamas (anexo 12). Este conjuntode anexos, para além de auxiliar a con-textualização e o suporte de toda a infor-mação tratada no corpo do trabalho,permite abrir uma janela suplementar àforma mentis islâmica.

BALANÇO: VIRTUDES, LIMITAÇÕES

E PERSPECTIVAS

Posta esta dilatada resenha dos conteúdosda obra, cabe agora deixar algumas obser-vações mais demoradas sobre diversosaspectos de cariz mais metodológico econceptual. A abundância de citações e

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remissões ao longo do texto, mau gradolhe confiram amplo suporte, parece porvezes colaborar para a construção de umdiscurso muito próximo, nas suas linhasde investigação e visões interpretativas, dabibliografia – em que se estranha a ausên-cia da referência aos estudos citados deSamir Khalil Samir –, apagando um poucoa individualidade e originalidade doestudo. O seu principal mérito talvez residana abertura consistente de um campo deexploração na ciência política nacionalpara uma temática até então na penum-bra. Os principais desenvolvimentos daobra caracterizam-se, portanto, peloesforço de síntese, especialmente visívelna conclusão, que carece em certa medidade rasgo interpretativo, quase circunscritaà reunião das principais conclusões ouinformes expostos ao longo do trabalho.A discussão das potencialidades e limita-ções do multiculturalismo e sua conexãocom o islamismo poderia ter sido desen-volvida, considerando a relevância atri-buída ao plano social, com aportações daesfera da psicologia social, dado o carác-ter estruturante de fenómenos como o pre-conceito e o estereótipo, consequência deprocessos de construção identitária e dinâ-micas inerentes à sua existência social.É perceptível desde a introdução umesforço muito relevante no sentido dadesarticulação de lugares-comuns, falá-cias ou simples paralogismos discursivoscuja ocorrência parte, não raro, da lite-ratura especializada ou dela se estende.É reconhecida a necessidade de apreen-são de um contexto ideológico que se regepor estruturas conceptuais e modos derepresentação da realidade diferentes dos

ocidentais de acordo com as suas própriascoordenadas.Isto, todavia, sem que o próprio autor deixede incorrer na reprodução de algumas des-sas imprecisões, nomeadamente no querespeita ao uso problemático ou impró-prio dos termos «rito» (e.g., pp. 82 e 116)e «clérigo» (p. 49). O primeiro deles,visando exprimir o árabe madhhab, deve-ria ser preterido em favor da expressão«escolas teológico-jurídicas», adiante usadapelo autor (pp. 193 e 294). O termo madh-hab designa genericamente modos espe-cíficos de interpretação das fontesnormativo-religiosas do Islão e o seu pro-duto, extravasando a dimensão puramentejurídica ou ritual que o vocábulo «rito» lheatribui de forma redutora.No que respeita ao termo «clérigo», a suaaplicação à realidade iraniana é pertinente,dado o protagonismo político e institu-cional da hierarquia religiosa, não dei-xando, contudo, de revestir essa realidadede contornos ocidentais. Apesar das simi-litudes com a realidade institucional cató-lica, não existe propriamente ordenaçãosacramental nem sacerdócio no Islão: nageneralidade do mundo islâmico, nãoexiste uma tal instância necessária demediação entre as esferas humana e divina,o que poderia ter sido assinalado.De notar também, a par da preocupaçãopela desmontagem de ideias preconcebi-das e simplificações abusivas, a opção trans-versal de contextualização histórica dasproblemáticas abordadas, o esforço deenquadramento personalizado de cada uma,amiúde reforçado por notas de rodapéprolixas e pelos diversos anexos já men-cionados. As notas de rodapé assumem fre-

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quentemente, no entanto, uma extensãodesmesurada e o seu conteúdo poderia even-tualmente ter enriquecido directamente ocorpo do trabalho ou os anexos.De registar ainda a não uniformização dascitações de textos (nem sempre traduzi-das), a não vernacularização integral dealguns estrangeirismos (e.g., kizilbaxes),casos de hifenização aparentemente des-necessária (e.g., socialismo-comunista) ea persistência do galicismo «Corão», emdetrimento do vocábulo português «Alco-rão», tudo isto apesar de manifestas preo-cupações de consentaneidade com a estru-tura lexical portuguesa (p. 167, n. 2).Deveria ter sido preferida a tradução do

Alcorão de José Pedro Machado, em detri-mento da edição da SPORPRESS utilizadapelo autor. A liberdade frequentementetomada nesta tradução leva a distorçõessignificativas de conteúdo, caso do v. 2:105(não utilizado pelo autor), cuja traduçãonega o sustentáculo alcorânico de refe-rência para a teoria da ab-rogação (na-sikhwa mansu-kh).Aguardar-se-ão próximos estudos em queo autor possa aprofundar a sua visão sobrea temática do islamismo e do multicultu-ralismo e alargar o espaço de reflexãonacional sobre tais temáticas, com even-tuais desenvolvimentos sobre os contex-tos balcânico e turco.