JOÃO ÚRSULO, HOMEM DE VISÃO - rl.art.br · Pedro Ramos Coutinho, proprietário rural e sócio...

48
1 JOÃO ÚRSULO, HOMEM DE VISÃO Francisco de Paula Melo Aguiar João Úrsulo Ribeiro Coutinho, bacharel em direito pela tradicional Faculdade de Direito do Recife/Pernambuco, industrial e proprietário rural, nasceu em 31 de agosto de 1876, na Fazenda Chaves, município de Gurinhém, Estado da Paraíba, então município de Pilar e falecido em 01 de abril de 1930 na Capital da Paraíba, filho do agricultor e proprietário rural João Ribeiro da Silva Coutinho, conhecido por Major Ribeiro, nascido em 27 de janeiro de 1841, no Engenho Vertente, município de Nazareth da Mata, Estado de Pernambuco, e falecido em 05 de janeiro de 1929 na Capital da Paraíba do Norte; e de Anna Clara Ferreira de Castro Maroja, conhecida como Dona Naninha, nascida na Fazenda Chaves, município de Gurinhém/Pb, cuja localidade pertencia igualmente a Pilar/PB, em 11 de julho de 1851 e falecida em 8 de abril de 1941. Seus avós: Francisco Xavier da Silva Coutinho e dona Maria José dos Prazeres (paternos) e Manuel Ferreira da Silva Maroja e Francisca Leocádia Ferreira de Castro (maternos). João Úrsulo Ribeiro Coutinho casou-se em 1912 com Helena Pessoa de Mello, nascida em 13 de agosto de 1891, natural de Nazareth da Mata, Estado de Pernambuco, e falecida em 09 de julho de 1927, em Recife, Estado de Pernambuco, vítima de febre tifóide, filha do Coronel Luiz Ignácio Pessoa de Mello, conhecido por “Lulu do Maré”, agricultor e proprietário rural do Engenho Maré; e Maria Serafina Velho Camelo Pessoa de Albuquerque, chamada carinhosamente de Dona Maroquinha. Vale salientar de que com a morte de dona Helena ficaram sete menores impuberes órfãos, onde o maior tinha apenas 14 (quatorze) anos e o caçula menos de um ano de idade. Na realidade dona Helena Pessoa de Mello, residia com os filhos no Recife/PE, onde os mesmos estudavam e somente nos períodos de férias vinha passar temporada na Usina São João, foi justamente uma dessas temporadas que ela se sentiu doente e foi levada em trem especialmente preparado para conduzi-la para a capital pernambucana, onde recebeu tratamento médico especializado, porém, sem sucesso, veio a óbito.

Transcript of JOÃO ÚRSULO, HOMEM DE VISÃO - rl.art.br · Pedro Ramos Coutinho, proprietário rural e sócio...

1

JOÃO ÚRSULO, HOMEM DE VISÃO

Francisco de Paula Melo Aguiar

João Úrsulo Ribeiro Coutinho, bacharel em direito pela tradicional

Faculdade de Direito do Recife/Pernambuco, industrial e proprietário rural,

nasceu em 31 de agosto de 1876, na Fazenda Chaves, município de

Gurinhém, Estado da Paraíba, então município de Pilar e falecido em 01 de

abril de 1930 na Capital da Paraíba, filho do agricultor e proprietário rural João

Ribeiro da Silva Coutinho, conhecido por Major Ribeiro, nascido em 27 de

janeiro de 1841, no Engenho Vertente, município de Nazareth da Mata, Estado

de Pernambuco, e falecido em 05 de janeiro de 1929 na Capital da Paraíba do

Norte; e de Anna Clara Ferreira de Castro Maroja, conhecida como Dona

Naninha, nascida na Fazenda Chaves, município de Gurinhém/Pb, cuja

localidade pertencia igualmente a Pilar/PB, em 11 de julho de 1851 e falecida

em 8 de abril de 1941. Seus avós: Francisco Xavier da Silva Coutinho e dona

Maria José dos Prazeres (paternos) e Manuel Ferreira da Silva Maroja e

Francisca Leocádia Ferreira de Castro (maternos).

João Úrsulo Ribeiro Coutinho casou-se em 1912 com Helena Pessoa

de Mello, nascida em 13 de agosto de 1891, natural de Nazareth da Mata,

Estado de Pernambuco, e falecida em 09 de julho de 1927, em Recife, Estado

de Pernambuco, vítima de febre tifóide, filha do Coronel Luiz Ignácio Pessoa de

Mello, conhecido por “Lulu do Maré”, agricultor e proprietário rural do Engenho

Maré; e Maria Serafina Velho Camelo Pessoa de Albuquerque, chamada

carinhosamente de Dona Maroquinha. Vale salientar de que com a morte de

dona Helena ficaram sete menores impuberes órfãos, onde o maior tinha

apenas 14 (quatorze) anos e o caçula menos de um ano de idade. Na realidade

dona Helena Pessoa de Mello, residia com os filhos no Recife/PE, onde os

mesmos estudavam e somente nos períodos de férias vinha passar temporada

na Usina São João, foi justamente uma dessas temporadas que ela se sentiu

doente e foi levada em trem especialmente preparado para conduzi-la para a

capital pernambucana, onde recebeu tratamento médico especializado, porém,

sem sucesso, veio a óbito.

2

Foto 1 – João Úrsulo Ribeiro Coutinho (BARZA, s.d).

3

Foto 2 .: Do casamento de João Ursulo Ribeiro Coutinho e Helena Pessoa de Mello Coutinho

(PIERECK, s.d.).

4

João Úrsulo Ribeiro Coutinho casou-se em 1912 com Helena Pessoa

de Mello, nascida em 13 de agosto de 1891, natural de Nazareth da Mata,

Estado de Pernambuco, e falecida em 09 de julho de 1927, em Recife, Estado

de Pernambuco, vítima de febre tifóide, filha do Coronel Luiz Ignácio Pessoa de

Mello, conhecido por “Lulu do Maré”, agricultor e proprietário rural do Engenho

Maré; e Maria Serafina Velho Camelo Pessoa de Albuquerque, chamada

carinhosamente de Dona Maroquinha. Vale salientar de que com a morte de

dona Helena ficaram sete menores impuberes órfãos, onde o maior tinha

apenas 14 (quatorze) anos e o caçula menos de um ano de idade. Na realidade

dona Helena Pessoa de Mello, residia com os filhos no Recife/PE, onde os

mesmos estudavam e somente nos períodos de férias vinha passar temporada

na Usina São João, foi justamente uma dessas temporadas que ela se sentiu

doente e foi levada em trem especialmente preparado para conduzi-la para a

capital pernambucana, onde recebeu tratamento médico especializado, porém,

sem sucesso, veio a óbito.

São irmãos de João Úrsulo Ribeiro Coutinho:

Odilon Maroja Ribeiro Coutinho, bacharel em direito, proprietário rural

em: Pilar, Itabaiana e Salgado de São Felix, além de fundador e diretor do

Banco Comércio e Indústria da Paraíba (extinto);

Maria Rangelina Ribeiro Coutinho, dona Naná, casada com o

homeopata Francisco Cavalcanti de Melo Castro;

Débora Úrsula Ribeiro Coutinho, casada com José Francisco de Lima

Mindêllo, conhecido por Bidu, bacharel em direito, militar e deputado estadual;

Úrsulo Ribeiro Coutinho, conhecido por “Major Ribeirinho”,

proprietário rural, e casado com Serafina Camelo Pessoa de Albuquerque;

Flávio Ribeiro Coutinho, médico, usineiro, proprietário da Usina Santa

Rita (extinta), igualmente fundador e diretor do extinto Banco Comércio e

Indústria da Paraíba; deputado estadual, deputado federal e governador do

Estado da Paraíba, eleito em 1955 mediante a pacificação da UDN/PSD

paraibano e outras agremiações. Casou-se com sua sobrinha Berenice

Mindêllo Ribeiro Coutinho;

Francisca Leocádia Ribeiro Coutinho, conhecida por “Ninosa”,

solteira;

Severina Ribeiro Coutinho, conhecida por “Yayá”, solteira;

5

Otávia Ribeiro Coutinho, esposa do promotor de justiça e deputado

estadual Adolfo Camelo Pessoa de Albuquerque;

Otaviana Ribeiro Coutinho, “Tinane”, esposa de Adalberto da Cruz

Ribeiro, advogado, diretor do jornal A Tribuna, dono da Usina Espírito Santo

(extinta), deputado estadual e senador da república brasileira;

Anna Ribeiro Coutinho – “Nanhã”, esposa de Arlindo da Cruz Ribeiro;

Flaviano Ribeiro Coutinho, engenheiro agrônomo, proprietário rural,

fundador e diretor da Usina Santana, sediada em Santa Rita/PB; fundador e

diretor do Banco Comércio e Indústria da Paraíba e da Companhia Agro-

Industrial, sediada em Gurinhém/PB. Esposo de Celeste Teixeira Ribeiro

Coutinho (bisneta do Barão de Maraú);

Macrina Ribeiro Coutinho Maroja, nascida em 23 de março de 1908, na

Fazenda Una, município de Sapé/PB, filha de Adelina Emidia Dutra, esposa de

seu primo Olivio Maroja, filho de Odilon Maroja Ribeiro Coutinho e Áurea

Câmara;

Pedro Ramos Coutinho, proprietário rural e sócio com seus irmãos da

Usina Ilha Bela, no vizinho Estado do Rio Grande do Norte, nascido em 29 de

março de 1909, na Fazenda Una, em Sapé/PB, filho de Francisca Maria da

Conceição, falecido em João Pessoa/PB, em 30 de maio de 1963. Esposo da

senhora Maria da Luz Figueiredo de Albuquerque, filha de Luiz Figueiredo de

Albuquerque Maranhão e Juliana Dutra de Figueiredo, chamada pelos seus de

“Dona Júlia”.

É importante mencionar de que o casal João Úrsulo Ribeiro Coutinho e

Helena Pessoa de Mello Ribeiro Coutinho tiveram 10 (dez) filhos, dentre os

quais gêmeos e três faleceram em tenra infância, sobrevivendo assim sete

filhos:

Renato Ribeiro Coutinho, nascido em 23 de maio de 1913, industrial,

agrônomo, deputado estadual, deputado federal, prefeito de Cruz do Espírito

Santo/PB; Diretor Presidente das Usinas Santana Helena (extinta) e Cia Usina

São João. Esposo da senhora Maria Anunciada Melo.

O industrial Renato Ribeiro é dono de um invejável currículo de vida e

projeção social, industrial e política. (ANEXO I).

João Ursulo Ribeiro Coutinho Filho, bacharel em direito, banqueiro,

Deputado Federal pela Paraíba e industrial. Casado com a senhora Germana

6

Veloso Borges, da clã dos Veloso Borges então proprietários da Fábrica Tibiri.

Foi deputado constituinte em da Paraíba na década de 40 do século

XX.(ANEXO II).

Luiz Ignácio Ribeiro Coutinho, engenheiro agrônomo, dono da Usina

Estivas, no município de Arês, Estado do Rio Grande do Norte; casado com

Ana Rita Ribeiro Coutinho, dona Nanhã. Prefeito de Sapé e Deputado

Estadual/PB.

Flávio Ribeiro Coutinho (Sobrinho), graduado em administração nos

Estados Unidos da América, comerciante na cidade do Rio de Janeiro, dono da

firma Importação Hanseclever S/A. Casou-se com a americana Jean Mellisan

Voyer, sua colega de universidade.

Cassiano Ribeiro Coutinho, empresário acionista da Água Mineral

Sublime, agropecuarista, prefeito de Sapé/PB e casado com Yeda Régis

Ribeiro Coutinho;

Odilon Ribeiro Coutinho, bacharel em direito pela Faculdade de Direito

de Recife, diretor da Companhia Ilha Bela em Ceará Mirim/RN, deputado

federal pelo RN em 1962 pelo PDC – Partido Democrático Cristão, diretor

presidente da Cia Usina São João. Intelectual, escritor e membro da Academia

Paraibana de Letras. Casado com Solange Veloso Borges Ribeiro Coutinho,

irmã de Germana Veloso Borges, casada com João Ursulo Ribeiro Coutinho

Filho. Sem sombra de dúvidas o Dr. Odilon Ribeiro é um dos expoentes da

Nova República e um extraordinário intelectual brasileiro. (ANEXO III).

Abelardo Ribeiro Coutinho, empresário e casado com Mirtes Forte

Ribeiro Coutinho, conforme relata a historiadora Natércia Suassuna Dutra

Ribeiro Coutinho, em manuscrito de sua autoria em homenagem a Odilon

Ribeiro Coutinho (IHGP, Abril/2008), cujo documento conta com linguagem

simples a historicidade da clã da qual ela faz parte tendo em vista ser casada

com José Painho Ribeiro Coutinho, sobrinho de João Ursulo Ribeiro Coutinho

(ANEXO IV).

Na vida pública João Úrsulo Ribeiro Coutinho, foi vereador à Câmara

Municipal de (Cruz) do Espírito Santo, Estado da Paraíba, em mais de um

mandato eletivo, dentre os quais no ano de 1917, fato que se comprova pela

simples leitura da composição do:

7

Conselho Municipal: Presidente: Dr. José Fernandes de Carvalho.Vice-presidente: Francisco Ignácio P. Castro.Vereadores: Dr. Alcides Ferreira Balthar.Domingos Augusto de Meyrelles.Henrique Vieira de Albuquerque Mello. Dr. João Ursulo Ribeiro Coutinho. Joaquim Correia Lima. (ALMANAK LAEMMERT/PB, 1917, p. 3246).

Naquele tempo o mandato de vereador era compreendido como o ato

de “verear”, com o sentido pleno de administrar e fiscalizar o emprego correto

do dinheiro do povo. Assim o verbo “verear”, pode ser compreendido

presumivelmente ou talvez do termo “vereda”, no sentido de caminho e ou

direção. O referido termo também é empregado no sentido de designar por

assim dizer os membros integrantes dos Conselhos Municipais e atualmente

chamados de Câmaras Municipais em todo o território brasileiro. Assim como

ainda atualmente os vereadores já eram chamados de edis que formam o

Poder Legislativo Municipal (ÁVILLA, 1972, p. 655). A função legislativa

municipal dos vereadores no Brasil de 1917 já eram praticamente as mesmas

da atualidade, cabendo-lhes em cada município votaras leis municipais e

principalmente a lei orçamentária anual e fiscalizar o seu cumprimento tendo

em vista não existir naquele tempo o Tribunal de Contas do Estado. Os

vereadores de Espírito Santo em 1917, por exemplo, pela simples leitura de

seus nomes já falam ou dizem tudo, pois, aquele parlamento mirim era

constituído de pessoas da maior credibilidade do município, profissionais

liberais, fazendeiros, empresários e comerciantes, homens que pensavam no

progresso da terra em viviam e exerciam suas atividades comerciais e

industriais, principalmente agroindústria na exploração do algodão e da cana

de açúcar, o ouro branco da Várzea do Paraíba.

E o biografado é um dentre os capitalistas e criadores de seu tempo,

conforme menciona a Alamanak Laemmert/PB (1917, p.3246). (ANEXO V).

Por outro lado, João Ursulo Ribeiro Coutinho, não conheceu o primeiro

carro movido a álcool no Brasil, fabricado em julho de 1979, pela Fiat que

lançou no mercado o compacto Fiat 147, isto depois de quatro meses depois

que os dezesseis primeiros postos de combustível começaram a receber o

álcool como combustível veicular.

8

Por incrível que pareça o jornal Correio Paulistano, edição 22833, de 13

de fevereiro de 1927, página 3, publicou o fato histórico, quiçá pioneiro no

Brasil, informando em “Notas” de que:

[...] “Um industrial na Parahyba, o sr. dr. João Ursulo, já substituiu, em seus tractores e automóveis, a gazolina, pelo álcool, iniciou, em sua usina, a fabricação desse succedaneo da gazolina e vai installar, na capital do Estado, duas bombas para venda do combustível nacional.(ANEXO VI). [...]

Isso é fato e contra fato não se tem argumento, uma vez que ainda que

por analogia, o sonho pioneiro e/ou a visão de futuro de João Ursulo Ribeiro

Coutinho, ainda na velha república, quando ninguém sonhava de um dia usar

álcool no lugar de gasolina em automóveis e muito menos em tratores, e isso

em pleno ano de 1927, foi por ele testado em seus automóveis e tratores em

suas propriedades rurais. Algo inédito para aquele momento da história

daquele combustível ainda não usado em automotores na Paraíba e no Brasil

de então. Tamanho foi a admiração dada pelo jornal paulistano ao fato.

Assim sendo, podemos afirmar de que:

“Todo ser humano guarda em si o dom de sonhar. Talvez essa

capacidade de criar realidades inexistentes seja a maior e mais

fascinante característica do nosso cérebro. Os sonhos têm o

poder mágico de nos impulsionar rumo a caminhos novos, eles

desafiam nossas limitações, dão sentido às vidas banais e nos

alimentam com o doce sabor da esperança. Sem o poder de

sonhar e a determinação de realizar esses sonhos, muitos dos

avanços tecnológicos ainda estariam restritos ao território de

seus criadores. Sempre me questionei de onde os sonhos vêm,

onde eles repousam e esperam pelo momento certo para tomar

nossa mente com cores, construções, personagens, aromas,

sensações... Até hoje não tive respostas para tais perguntas,

mas acredito cada vez mais no poder da criação que os sonhos

são capazes de nos despertar. Existem sonhos que valem ou

justificam toda uma existência, e, mesmo não realizados por

seu idealizador primário, contagiam e influenciam gerações

futuras. As descobertas científicas são uma prova cabal dessa

capacidade contagiante de determinados sonhos. Na minha

concepção, os sonhos são criações híbridas do cérebro:

possuem componentes conscientes e subconscientes, e talvez

conexões sobre as quais não possuímos nenhum tipo de

conhecimento”.(SILVA, 2014, p. 123).

9

E a determinação arrojada de João Ursulo Ribeiro Coutinho, cinqüenta e

dois anos depois de usar álcool como combustível em seus tratores e

automóveis (1927), passou a ser o referido liquido proveniente da cana de

açúcar a ser usado em escala industrial e nacional em veículos automotores de

passeio e de carga em substituição a gasolina (1979). O pensamento pioneiro

do referido industrial e empresário, ainda que por analogia, onde tem fumaça

tem fogo, ele tinha razão e álcool para usar em suas máquinas de sobra.

O falecimento precoce ocorrido na capital da Parahyba em 01 de abril de

1930 do industrial João Ursulo Ribeiro Coutinho, homem do campo e da

cidade, foi notícia nos quatro cantos do país. Um exemplo disso é a nota

publicada no jornal carioca O Paiz (ANEXO VII):

[...] PARAHYBA, 5 (A.A.) - Falleceu nesta capital o grande usineiro Dr. João Ursulo. Conforme a ultima vontade do pranteado parahybano, foi seu corpo sepultado na usina de São João. O carro fúnebre conduzia mais de 200 grinaldas com dedicatórias expressivas, sendo o féretro acompanhado até aquella usina, situada a três kilometros da Parahyba, por mais de 100 automoveis. Toda imprensa registra sentidamente o infausto acontecimento, fazendo tambem longos necrologios. O Dr. João Ursulo era riquíssimo, sendo sua fortuna considerada a maior do Estado. Essa fortuna era applicada em grande parte em auxílios nos pequenos industraes e protecção aos desvalidos e abandonados. Reina indizível consternação pelo prematuro passamento do Dr. João Ursulo. (O PAIZ, 06/04/1930, p. 10).

E é na capela da Usina São João, município de Santa Rita, onde

repousam até a presente data os restos mortais de João Ursulo Ribeiro

Coutinho, o patriarca pioneiro da referida clã e benfeitor dos seus para os seus

descendentes e aderentes de todas as classes sociais e vivenciais do seu

tempo. Sem sombra de dúvida ele é exemplo a ser seguido pela agroindústria

e por analogia em qualquer setor empresarial e industrial. Um vencedor e

benfeitor dos desvalidos e abandonados do seu tempo.

As homenagens “in memoriam” prestadas ao agroindustrial João Úrsulo

Ribeiro Coutinho, desde o dia em que faleceu, são inúmeras, dentre as quais:

rua(s), praça(s), escola(s), avenida(s), bairro(s) e loteamento(s), principalmente

na Paraíba.

Infelizmente a Paraíba “perdeu” quatro filhos ilustres com o nome “João”

no ano de 1930, a saber: em 1º de abril de 1930, dia do falecimento prematuro

10

(morte natural) do agroindustrial João Úrsulo Ribeiro Coutinho; em 26 de julho

de 1930, foi assassinado no Recife o presidente (governador) João Pessoa

Cavalcanti de Albuquerque, inicio do estopim da Revolução de 1930; do ex-

presidente e deputado federal João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna

(pai do intelectual Ariano Suassuna e outros), nascido em 19 de janeiro de

1886, natural de Catolé do Rocha/PB, assassinado aos 44 (quarenta e quatro)

anos de idade no dia 9 de outubro de 1930 no Rio de Janeiro; e do advogado

João Duarte Dantas (e de sua amada, a poetisa Anayde Beiriz, nascida em

João Pessoa/PB, em 18 de fevereiro de 1905 e falecida em 22 de outubro de

1930, com apenas 25 (vinte e cinco) anos de idade, no Recife/PE e cujo nome

está ligado diretamente a História recente da Paraíba dos anos 30 do século

XX (SCHUMAHER; BRASIL, 2000), valendo salientar de que biografia serve de

base para o enredo do filme dirigido por Tizuka Yamasaki, em 1983,

denominado: Parahyba Mulher Macho), nascido em 12 de junho de 1888, em

Mamanguape/PB, assassinado na versão oficiosa e/ou cometeu suicídio na

versão oficial, em 6 de outubro de 1930, com apenas 42 (quarenta e dois) anos

de idade, preso na casa de detenção do Recife (OLIVEIRA, et al, 2015, p. 16).

Foto 3.: Sepultura de João Ursulo Ribeiro Coutinho – Capela da Usina São João – Santa Rita – Paraíba –

11

Sem sombra de dúvidas o Dr. João Ursulo, como era assim chamado

pela elite e pela bagaceira de seus engenhos e usina, era um homem de visão,

ou seja, de ideia de grande amplitude a frente de seu tempo, de horizontes que

sempre caracterizou seu perfil de empresário e agroindustrial, chegando ao

ponto de inaugurar uma ação renovadora e/ou antecipadora quando resolver

usar o álcool em seus carros e tratores já no ano de 1927, fato esse

comprovado via a publicação no jornal Correio Paulistano (1927, edição de

13/02/1927, p. 3). Algo inédito quando não se tem noticia que fato igual tenha

ocorrido na Paraíba e em outras partes do mundo até então conhecido. Assim

sendo, com a falência e/ou fogo morto da maioria dos engenhos da Várzea do

Paraíba, ali estava sua presença, adquirindo via compras dos referidos

engenhos, fábricas incipientes primitivas do modo de fazer açúcar e álcool,

para sonhar em montar e fazer funcionar o engenho de seus sonhos, o grande

engenho, a Cia. Usina São João, que depois de sua morte prematuramente,

embora por causa natural, deixando o legado de luta e trabalho nas mãos de

seu ilustre filho Renato Ribeiro Coutinho e irmãos. É digno em dizer que ele era

um homem de visão, na política, embora tenha sido apenas Vereador à

Câmara Municipal de Cruz do Espírito Santo (1917), quando Sapé era ainda

distrito do referido município. Era sim um cientista do direito, formado bacharel

em direito pela Faculdade de Direito do Recife, embora tenha sido precursor e

cientista prático revolucionário ao determinar o uso do álcool, embora como

teste pioneiro em seus carros e tratadores em suas fazendas. Isso sem deixar

de lado a visão fixadora do homem do campo em suas propriedades rurais,

oferecendo: emprego, moradia, assistência médica, odontológica e escolar

para si e para os seus. Tudo isso, representa dignidade da pessoa humana que

tem tamanha visão em favor dos menos favorecidos. Isso é capacidade

intuitiva e/ou poder de visão de homem de negócios lícitos em sua trajetória

terrena.

O Dr. João Úrsulo, enquanto homem de visão no setor agroindustrial

paraibano é comparável, ainda que por analogia as ideias de Irineu Evangelista

de Souza, o Barão de Mauá (1813-1889), pela variedade impressionante,

diante do seu pioneirismo o uso do álcool de engenho como combustível em

seus automóveis e tratadores já em 1927 na Paraíba localizada no nordeste

brasileiro. É sem sombra de dúvida, um homem a frente de seu tempo e de sua

12

história. É um modelo ou paradigma a ser seguido durante gerações pelos

seus parentes e conhecidos do passado, do presente e do futuro.

13

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Francisco de Paula Melo. Santa Rita, Sua História, Sua Gente. 2ª ed. São Paulo: Clube de Autores Publicações S/A, 2016. Disponível in.: <http://www.agbook.com.br/book/228439--Santa_Rita_Sua_Historia_Sua_Gente >. ALMANAK LAEMMERT: Administrativo, Mercantil e Industrial (RJ). Estado da Parahyba. Espírito Santo. 1917. p.3246 (Física). Edição: B00073, p. 960 (Digitalizada). Disponível in.: <http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=313394&pagfis=67635&url=http://memoria.bn.br/docreader#>.

ÁVILA, Fernando Bastos de. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. 2ª ed.

Rio de Janeiro: MEC/FENAME, 1972, 3ª tiragem.

BARZA, Constantino. [Domínio Público]. João Úrsulo Ribeiro Coutinho (Fotografia). Fundação Joaquim Nabuco – Pernambuco. [Col. Francisco Rodrigues; FR 1467]. (s.d.) - Disponível in.: <https://dominiopublico.io/Constantino-Barza/Joao-Ursulo-Ribeiro-Coutinho-Paraiba-Col-Francisco-Rodrigues-FR-1467/ > . Acesso em.: 31 Jan.2018.

CORREIO PAULISTANO. São Paulo. Edição 22833 - Domingo, 13 de Fevereiro de 1927, p. 3. Disponível in.: <http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=090972_07&pagfis=27041&url=http://memoria.bn.br/docreader#>. Acesso em 03.Abr.2018.

COUTINHO, Natércia Suassuna Dutra Ribeiro. Odilon Ribeiro Coutinho. Santa Rita/PB: Abril de 2008. Manuscrito da autora. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – Dicionários/verbete. Renato Ribeiro Coutinho (Biografia). Rio de Janeiro: Brasil [s.d.]. Disponível in.: <http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/renato-ribeiro-coutinho>. Acesso em.: 19. Abr. 2018.

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – Dicionários/verbete. João Ursulo Ribeiro Coutinho Filho (Biografia). Rio de Janeiro: Brasil [s.d.]. Disponível in.: <http://www.fgv.br/CPDOC/BUSCA/dicionarios/verbete-biografico/joao-ursulo-ribeiro-coutinho-filho >. Acesso em: 19. Abr. 2018. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – Dicionários/verbete. João Ursulo Ribeiro Coutinho Filho (Biografia). Rio de Janeiro: Brasil [s.d.]. Disponível in.: <http://www.fgv.br/CPDOC/BUSCA/dicionarios/verbete-biografico/coutinho-odilon-ribeiro>. Acesso em: 19. Abr. 2018.

14

OLIVEIRA, Romão Cícero e; et al. As Raízes da Justiça Eleitoral no Distrito Federal. Brasília: TRE-DF.2015, p. 16. ISBN 978-85-5609-000-3. O PAIZ. Telegramas, cartas e informações dos Estados. Rio de Janeiro. Edição

de 06/04/1930, p. 10. Disponível in.:

<http://memoria.bn.br/pdf/178691/per178691_1930_16604.pdf >.

PIERECK, Louis. Constantino. [Domínio Público]. João Ursulo Ribeiro Coutinho

e Helena Pessoa de Mello Coutinho [pais de Odilon Ribeiro Coutinho].

(Coleção Francisco Rodrigues; FR-06314) (Fotografia). In.: Fundação Joaquim

Nabuco – Pernambuco. (s.d.) - Disponível in.:

<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_actio

n=&co_obra=103441 >. Acesso em.: 31 Jan.2018.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes consumistas: do consumismo à compulsão por compras. 1ª ed. São Paulo: Globo, 2014, 200p. SCHUMAHER, Schuma; BRASIL, Érico Vital. Dicionário Mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2000, 676p. ISBN: 9788571105737.

15

A N E X O I

16

Biografia RIBEIRO, Renato *dep. fed. PB 1967-1971.

Renato Ribeiro Coutinho nasceu em Sapé, então distrito do município de

Cruz do Espírito Santo (PB), no dia 23 de maio de 1913, filho de João Úrsulo Ribeiro Coutinho e de Helena Pessoa Ribeiro Coutinho. Seus pais descendiam das aristocracias rurais da Paraíba e de Pernambuco ligadas à agricultura da cana-de-açúcar. Dois de seus irmãos se destacaram na vida política: João Úrsulo Ribeiro Coutinho Filho foi constituinte em 1946 e deputado federal pela Paraíba de 1946 a 1951 e de 1955 a 1963, e Odilon Ribeiro Coutinho foi deputado federal pelo Rio Grande do Norte de 1963 a 1967.

Renato Ribeiro fez os cursos primário e secundário no Colégio Diocesano Pio X. Em seguida, cursou a Escola Superior de Agricultura de Tapera, em Pernambuco, pela qual se formou engenheiro-agrônomo em 1934.

Com a morte de seu pai, que já era viúvo, em abril de 1930, tornou-se ainda muito jovem chefe da família — constituída por seis irmãos — e dos negócios então herdados. Após ter sido vereador em Cruz do Espírito Santo, assumiu a prefeitura da cidade, à frente da qual permaneceu de 1938 a 1939. Em 1941 procedeu, juntamente com os irmãos, à transformação da organização J. Úrsulo, fundada por seu pai, na Companhia Usina São João e Santa Helena, que se transformaria numa das mais prósperas empresas da Paraíba, e tornou-se seu primeiro diretor-presidente.

Em 1945 engajou-se na luta pela redemocratização do país, atuando através do jornal A Tribuna, de João Pessoa, além de participar da fundação da União Democrática Nacional (UDN). Mais tarde se tornaria presidente do diretório municipal de João Pessoa e vice-presidente da comissão executiva estadual do partido. Em sua legenda elegeu-se, em janeiro de 1947, deputado à Assembléia Constituinte da Paraíba. Participou dos trabalhos constituintes e, após a promulgação da nova Carta estadual, passou a exercer o mandato ordinário.

No pleito de outubro de 1950, candidatou-se a vice-governador da Paraíba, na legenda da UDN, na chapa encabeçada por Argemiro de Figueiredo. Ambos foram derrotados por José Américo de Almeida e João Fernandes de Lima. Deixou a Assembléia paraibana ao final da legislatura, em janeiro de 1951. Presidente da Associação Comercial da Paraíba entre 1956 e 1960, tornou-se, nesse último ano, presidente da Federação do Comércio da Paraíba, cargo ao qual seria reconduzido em diversas oportunidades.

Após o movimento político-militar que, em abril de 1964, depôs o presidente João Goulart (1961-1964), e do qual participou, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena) — cuja seção paraibana ajudou a fundar —, criada em decorrência da extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e da implantação do bipartidarismo. Ainda em 1964, tornou-se membro do conselho fiscal da Confederação Nacional do Comércio (CNC), onde teve assento até 1966, ano em que passou a integrar a diretoria sindical da entidade, com mandato de dois anos, sempre renovado até 1977.

Em novembro de 1966, elegeu-se deputado federal pela Paraíba na legenda da Arena, sendo empossado em fevereiro de 1967. Exerceu o mandato até o final da legislatura, em janeiro de 1971, não retornando à Câmara dos Deputados.

17

Renato Coutinho desenvolveu, também intensa atividade social em seu estado, atuando em diversas instituições filantrópicas e esportivas paraibanas. Como empresário, foi ainda presidente do Sindicato das Indústrias do Açúcar e do Álcool, das seções estaduais do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), diretor-presidente da Companhia Agroindustrial Santa Helena-Caiena (resultante do desmembramento da Companhia Usina São João e Santa Helena), da Companhia Agropecuária Gendiroba, das Indústrias Reunidas da Paraíba e da Rádio Arapuã, de João Pessoa. Presidiu ainda o Banco dos Proprietários da Paraíba, além de ter sido vice-presidente da seção paraibana da Legião Brasileira de Assistência.

Faleceu em João Pessoa no dia 17 de junho de 1982. Foi casado com Maria Anunciada Ribeiro Coutinho, com quem teve três

filhos. FONTES: Almanaque da PB; CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (6); CONF. NAC. COMÉRCIO, 20; CORRESP. CONF. NAC. COMÉRCIO; MAIA, S. Crônicas; PINTO, L. Fundamentos; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (2 e 7); Who’s who in Brazilian. Biografia disponível in.: < http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/renato-ribeiro-coutinho > . Acesso em: 19. Abr. 2018.

18

I C O N O G R A F I A

RENATO RIBEIRO COUTINHO Sucessor do pai João Úrsulo Ribeiro Coutinho

Na gestão da família, na agroindústria e na política

19

Foto 4.: Comendador Renato Ribeiro Coutinho, esposa Maria Anunciada Melo Ribeiro Coutinho e a filha Lúcia Ribeiro Coutinho, com o então Governador Pedro Moreno Gondim e senhora.

Foto 5.: Comendador Renato Ribeiro Coutinho, deputados e lideranças, recepcionado pelo Governador Pedro Moreno Gondim, no Salão Nobre do Palácio da Redenção, em João Pessoa/PB.

20

Foto 6.: Renato Ribeiro Coutinho e esposa sendo recepcionado na presença do Monsenhor José Coutinho, Fundador do Instituto São José – João Pessoa/Pb.

Foto 7.: Comendador Renato Ribeiro Coutinho e lideranças da Várzea da Paraíba: Deputado Egidio Madruga; Abel Carneiro da Cunha e Juracy Ferreira (Sapé); Aureliano Olegário da Trindade e Reginaldo Pereira (Santa Rita), dentre outras lideranças igualmente importantes.

21

Foto 8.: Renato Ribeiro Coutinho e o então prefeito de Sapé José Feliciano da Silva (Zé Feliciano – O pai).

Foto 9.: O pai Renato Ribeiro Coutinho, dançando com sua filha Lúcia Ribeiro Coutinho, no Salão do Esporte Clube Cabo Branco – João Pessoa/PB.

22

Foto 10.: O Líder e Deputado Federal Renato Ribeiro e seus liderados.

Foto 11.: Prefeitura de Cruz do Espírito Santo/PB.

23

A N E X O II

24

COUTINHO, João Úrsulo Ribeiro *const. 1946; dep. fed. PB 1946-1951 e 1955-1963.

João Úrsulo Ribeiro Coutinho Filho nasceu em Santa Rita (PB) no dia 3 de setembro de 1915, filho do usineiro João Úrsulo Ribeiro Coutinho e de Helena Pessoa Ribeiro Coutinho. Dois de seus irmãos dedicaram-se também à política: um deles, Renato Ribeiro Coutinho, foi deputado federal pela Paraíba de 1967 a 1971, e o outro, Odilon Ribeiro Coutinho, foi deputado federal pelo Rio Grande do Norte de 1963 a 1967. Dois outros membros de sua família também se destacaram na política paraibana: Flávio Ribeiro Coutinho, que foi deputado federal pela Paraíba em 1930 e governador desse estado em 1947 e de 1956 a 1958, e Flaviano Ribeiro Coutinho Filho, que foi deputado federal pelo seu estado de 1963 a 1971.

Advogado, fazendeiro, industrial e banqueiro, bacharelou-se em 1937 pela Faculdade de Direito de Recife e, de volta a seu estado natal, iniciou sua carreira política em 1938, já durante o Estado Novo (1937-1945), ao ser nomeado prefeito de Sapé pelo então interventor Argemiro de Figueiredo (1937-1940). Com a redemocratização do país em 1945, filiou-se à União Democrática Nacional (UDN), tendo participado, em abril desse ano, da primeira reunião do diretório nacional do partido, quando foram aprovadas as comissões que se encarregariam da elaboração do projeto do estatuto. Nessa ocasião foi designado membro da comissão de direito eleitoral e organização partidária.

Em dezembro do mesmo ano, foi eleito deputado à Assembléia Nacional Constituinte pela Paraíba na legenda da UDN. Participou dos trabalhos constituintes iniciados em fevereiro de 1946, e, com a promulgação da nova Carta (18/9/1946), passou a exercer mandato legislativo ordinário. Nas eleições de outubro de 1950 tentou reeleger-se na legenda da Aliança Republicana, constituída pela UDN e o Partido Republicano (PR), mas conseguiu apenas uma suplência. Deixando a Câmara em janeiro de 1951, na legislatura seguinte (1951-1955) chegou a exercer o mandato de 14 de outubro de 1954 a 31 de janeiro de 1955. No pleito de outubro de 1954 voltou a se eleger deputado federal pela Paraíba sempre na legenda da UDN, assumindo uma cadeira na Câmara em fevereiro do ano seguinte. Em outubro de 1958 obteve nova reeleição na legenda da Coligação Nacionalista Libertadora, formada pela UDN e o Partido Libertador (PL), e exerceu o mandato até janeiro de 1963.

Deixando a política partidária, ocupou a presidência do Banco Aliança no Rio de Janeiro até outubro de 1970, quando a instituição foi absorvida pelo então Banco Itaú-América, atual Banco Itaú, e chegou a presidir o Sindicato dos Bancos no mesmo estado.

Faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 6 de outubro de 1970. Era casado com Germana Veloso Borges Ribeiro Coutinho, com quem

teve quatro filhos. Seu sogro Virgínio Veloso Borges foi senador pela Paraíba de 1952 a 1955. FONTES: CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados brasileiros (1946-1967); CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertórios (1947-1951, 1951-1955, 1955-1959, 1959-1963); CÂM. DEP. Relação dos dep.; Grande encic. Delta;

25

NABUCO, C. Vida; PINTO, L. Fundamentos; SILVA, G. Constituinte; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (1, 2, 3 e 4). FGV-CPDOC - João Ursulo Ribeiro Coutinho Filho. Disponível In.: <http://www.fgv.br/CPDOC/BUSCA/dicionarios/verbete-biografico/joao-ursulo-ribeiro-coutinho-filho >. Acesso em: 19 Abr.2018.

26

A N E X O III

27

COUTINHO, Odilon Ribeiro *dep. fed. RN 1963-1967.

Odilon Ribeiro Coutinho nasceu em Santa Rita (PB) em 12 de julho de 1923, filho do industrial João Úrsulo Ribeiro Coutinho e de Helena Pessoa Ribeiro Coutinho. Um de seus irmãos, João Úrsulo Ribeiro Coutinho Filho, foi constituinte em 1946 e deputado federal de 1946 a 1951 e de 1955 a 1963, e outro, Renato Ribeiro Coutinho, foi deputado federal de 1967 a 1971.

Cursou o primário na capital paraibana e o secundário no Ginásio de São Bento, em São Paulo. Ingressando na Faculdade de Direito de Recife em pleno Estado Novo (1937-1945), participou ativamente da vida acadêmica, chegando a presidir a União dos Estudantes de Pernambuco (UEP) e a ser preso cinco vezes. Foi enquadrado na lei de segurança imposta pelo regime getulista. Bacharelou-se em 1947 e mais tarde tornou-se diretor da Companhia Usina Ilha Bela, em Ceará-Mirim (RN), atividade que desempenhou até ingressar na vida política.

Filiado ao Partido Democrata Cristão (PDC), em outubro de 1962 foi eleito deputado federal pelo Rio Grande do Norte na legenda da Cruzada da Esperança, constituída pelo PDC e o Partido Social Democrático (PSD). Assumindo o mandato em fevereiro do ano seguinte, exerceu, a partir de abril de 1964, a vice-liderança, até que, com a extinção dos partidos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar instituído em abril de 1964. Concorreu a senador pelo Rio Grande do Norte em novembro de 1966, mas foi derrotado pelo candidato da Aliança Renovadora Nacional (Arena), Francisco Duarte Filho. Concluiu seu mandato na Câmara em janeiro de 1967 e em novembro de 1970 disputou novamente uma vaga no Senado, sem conseguir ser eleito. O mesmo ocorreu em novembro de 1978, quando foi candidato a suplente de senador.

Em dezembro desse ano foi acusado pelo procurador da Justiça Militar, José Nunes da Costa, e incurso na Lei de Segurança Nacional por ofensas ao então presidente Ernesto Geisel e ao chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, general Golberi do Couto e Silva. Segundo os termos da denúncia, teria participado de um comício em Natal, no qual, discursando para milhares de pessoas, acusara Golberi de “envolvimento na entrega da exploração de águas-mães das salinas do Rio Grande do Norte ao grupo multinacional Dow Chemical, ao qual esteve ligado durante muitos anos”. Apesar de indiciado, não foi julgado, porque em 28 de agosto de 1979 obteve o benefício da anistia.

Com a extinção do bipartidarismo em 29 de novembro desse ano e a conseqüente reformulação partidária, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e, no plano empresarial, passou a dirigir uma das usinas deixadas por seu pai em Santa Rita (PB), a São João.

Em novembro de 1982 candidatou-se mais uma vez ao Senado, não conseguindo se eleger. Após a derrota, transferiu-se para João Pessoa, passando a atuar na política paraibana e a desenvolver intensa atividade intelectual. Integrou o Conselho Diretor da Fundação Joaquim Nabuco, então presidido pelo sociólogo e antropólogo Gilberto Freire. Com o falecimento do presidente, foi eleito para o cargo.

28

Segundo Eli Diniz, foi um dos expoentes do empresariado que, “além da mobilização para a defesa dos interesses econômicos específicos, esforçaram-se no sentido de ampliar a participação desse setor na arena política”, candidatando-se em novembro de 1986 à Assembléia Constituinte. Contudo, não obteve êxito.

Em 1988, participou da fundação do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), tendo sido eleito, em 1989, para a primeira Comissão Executiva Nacional. Em 1991 passou a presidir a seção paraibana do partido, reelegendo-se em 1993.

Eleito vice-presidente da Federação das Indústrias da Paraíba, tornou-se, desde então, membro do Conselho de Representantes da Confederação Nacional da Indústria.

Empossado na Academia Paraibana de Letras em julho de 1994, em 1996 passou a integrar a diretoria do Instituto Teotônio Vilela, órgão de elaboração da linha ideológica do PSDB.

Faleceu no Rio de Janeiro no dia 7 de julho de 2000. Era casado com Solange Veloso Borges Ribeiro Coutinho — filha de

Virgínio Veloso Borges, senador pela Paraíba de 1952 a 1955, e sobrinha de Manuel Veloso Borges, deputado federal constituinte em 1934 e senador, também pela Paraíba, de 1935 a 1937 — com quem teve três filhos.

Publicou José Lins do Rego: perda e reparação (1961); José Lins do Rego, menino do engenho da Várzea do Paraíba; A ação política de Gilberto Freyre; Tuiuti, Guerra do Paraguai e a construção da monarquia democrática do Brasil; Manuel Bandeira, destino, doença, dor e poesia e O quixotismo prático de Celso Furtado. FONTES: CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1963-1967); CÂM. DEP. Relação nominal; DINIZ, E. Empresariado; Globo (12/7/00); INF. BIOG.; Jornal do Brasil (16/10/66, 18/12/78); PINTO, L. Fundamentos; SENADO. Relação; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (6 e 9). FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – Dicionários/verbete. João Ursulo Ribeiro Coutinho Filho (Biografia). Rio de Janeiro: Brasil [s.d.]. Disponível in.: <http://www.fgv.br/CPDOC/BUSCA/dicionarios/verbete-biografico/coutinho-odilon-ribeiro>.Acesso em: 19. Abr. 2018.

29

A N E X O IV

30

31

32

33

34

35

36

37

38

A N E X O V

ESPIRITO SANTO/PB – 1917 Conselho Municipal

Vereadores [...] Dr. João Ursulo Ribeiro Coutinho

FONTE.: ALMANAK LAEMMERT: ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL - ESTADO DA PARAHYBA – FLS., 3246 – EDIÇÃO.: B00073 – RIO DE JANEIRO - ANO 1917. IN.: http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=313394&pagfis=67635&url=http://memoria.bn.br/docreader# - Acesso em: 01 Mai. 2018.

39

40

A N E X O VI

HOMEM DE VISÃO

“Um industrial na Parahyba, o sr. dr. João Ursulo, já substituiu, em seus tractores e automóveis, a gazolina, pelo álcool, iniciou, em sua usina, a fabricação desse succedaneo da gazolina e vai installar, na capital do Estado, duas bombas para venda do combustível nacional” (CORREIO PAULISTANO, ed. 13/02/1927, p. 3).. .

........

Fonte.: CORREIO PAULISTANO. São Paulo. Edição 22833 - Domingo, 13 de Fevereiro de 1927, p. 3. Disponível in.: <http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=090972_07&pagfis=27041&url=http://memoria.bn.br/docreader#>. Acesso em 03.Abr.2018.

41

[…] Página 2/Correio Paulistano.

42

Página 3 – NOTAS - […]“Um industrial na Parahyba, o sr. dr. João Ursulo, já substituiu, em seus tractores e automóveis, a gazolina, pelo álcool, iniciou, em sua usina, a fabricação desse succedaneo da gazolina e vai installar, na capital do Estado, duas bombas para venda do combustível nacional” (CORREIO PAULISTANO, ed. 13/02/1927, p. 3).. .

43

A N E X O VII

PARAHYBA, 5 (A.A.) - Falleceu nesta capital o grande usineiro Dr. João Ursulo. Conforme a ultima vontade do pranteado parahybano, foi seu corpo sepultado na usina de São João. O carro fúnebre conduzia mais de 200 grinaldas com dedicatórias expressivas, sendo o féretro acompanhado até aquella usina, situada a três kilometros da Parahyba, por mais de 100 automoveis. Toda imprensa registra sentidamente o infausto acontecimento, fazendo tambem longos necrologios. O Dr. João Ursulo era riquíssimo, sendo sua fortuna considerada a maior do Estado. Essa fortuna era applicada em grande parte em auxílios nos pequenos industraes e protecção aos desvalidos e abandonados. Reina indizível consternação pelo prematuro passamento do Dr. João Ursulo. (O PAIZ, 06/04/1930, p. 10).

Fonte.: O PAIZ. Telegramas, cartas e informações dos Estados. Rio de Janeiro.

Edição de 06/04/1930, p. 10. Disponível in.:

<http://memoria.bn.br/pdf/178691/per178691_1930_16604.pdf >. Acesso em.: 31

Jan.2018.

44

[…] Páginas 2 a 9 de O PAIZ.

45

TELEGRAMAS, CARTAS E INFORMAÇÕES DOS ESTADOS

[...] PARAHYBA [...].Falleceu nesta capital o grande usineiro Dr. João Ursulo. [...].

46

BIOGRAFIA DO AUTOR

47

Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/5755291797607864

Francisco de Paula Melo Aguiar, nascido em 3 de abril de 1952, filho de

Sebastião José de Aguiar e Maria do Carmo Melo Aguiar, é paraibano

(sapeense, santaritense e pilarense), professor desde 12 anos de idade

quando fundou na casa de seus pais o atual COFRAG – Colégio Dr. Francisco

Aguiar, em 05 de janeiro de 1964; fundador e mantenedor do IESPA/FAFIL –

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, em Santa Rita – Paraíba (1984 aos

dias atuais). É bacharel em Direito e em Teologia; Licenciado em Pedagogia;

Filosofia e em Educação Física; Mestre em Teologia; Psicanálise e em

Ciências da Educação; Doutor em Teologia; em Psicanálise e em Ciências da

Educação. É membro da Academia Paraibana de Poesia (Cadeira nº 7 desde

1986); e da Academia de Letras do Brasil (Cadeira nº 01/ALB/PB. In.:

<http://www.academialetrasbrasil.org.br/artfranaguiar.htm>. Advogado militante

e Professor de Educação Básica e de Educação Superior. Ex-Vereador (teve

quatro mandatos: 1973/76;1976/80; 1980/83; e 1989/1992); Presidente da

Câmara Municipal e da Assembleia Constituinte Municipal de Santa Rita/PB.

Ex-Secretário Municipal de Meio Ambiente (2005), ex-Secretário Municipal

Chefe de Gabinete/PMSR(2014); ex-Secretário Municipal de

Educação/PMSR(2015). Autor dos livros: Augusto dos Anjos e a realidade do

ser e do não ser; Santa Rita, Sua História, Sua Gente; O menor bóia fria;

Trapiá Poético; De educador para educador; Epítome literário latino;

Genealogia, história e poesia; Santa Rita, vila centenária; Educação Física,

48

Mídia e Obesidade Infanto-juvenil; Plano Municipal de Educação/PMSR(2014-

2024) – Coautor/outros; O currículo escolar e o uso do vídeo em sala de aula.

ACADEMIA PARAIBANA DE POESIA CADEIRA 7 – PATRONO: CARLOS DIAS FERNANDES

REsp-1282265 PB (2011/0225111-0).:

https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=MON&sequencial=28033890&num_registro=201102251110&data=20130507

PDF.: https://ww2.stj.jus.br/websecstj/cgi/revista/REJ.cgi/MON?seq=28033890&tipo=0&nreg=201102251110&SeqCgrmaSessao=&CodOrgaoJgdr=&dt=20130507&formato=PDF&

salvar=false

ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL Cadeira 01/ALB/PB ALB-PARAÍBA In.:

http://www.academialetrasbrasil.org.br/albparaiba.htm Nossos membros nos Estados do Brasil in.:

http://www.academialetrasbrasil.org.br/albestados.htm ALB-Artigos in.:

http://www.academialetrasbrasil.org.br/artfranaguiar.htm ALB/Cadeiras vitalícias/Brasil in.:

http://www.academialetrasbrasil.org.br/galeriaindicados.html

RECANTO DAS LETRAS Francisco Aguiar - Biografia in.:

http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=65161 Textos publicados in.:

http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=65161

O GUIA LEGAL = SITE DE PESQUISAS FRANCISCO AGUIAR in.:

http://www.oguialegal.com/08-historicodefavela.htm

http://www.oguialegal.com/08-favelaontemehoje.htm

http://www.oguialegal.com/08-favelaemespanhol.htm

http://www.oguialegal.com/08-palavrafavela.htm