João Paulo II

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João Paulo II Beato a 1 de Maio de 2011 ANO LVII – N.º 5 MAIO 2011 ASSINATURA ANUAL | Nacional 7,00 € l Estrangeiro 9,50 €

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Beato a 1 de Maio de 2011

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João Paulo IIBeato a 1 de Maio de 2011

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Apoie a formação de jovens missionáriosFunde uma bolsa de estudos. A oferta é de 250€ e pode ser entregue de uma só vez ou em prestações. Pode dar-lhe o seu próprio nome ou outro que desejar.São-lhes concedidos, entre outros, os seguintes benefícios: 8fica inscrito no livro de benfeitores dos Missionários da Consolata; 8participa nas orações e nos méritos apostólicos dos missionários; 8beneficia de uma missa diária que é celebrada por todos os benfeitores

MISSIONÁRIOS DA CONSOLATARua Francisco Marto, 52 – Ap. 5 – 2496-908 FÁTIMA | T. 249 539 430 | [email protected] Rua D.a Maria Faria, 138 – Ap. 2009 – 4429-909 Águas Santas MAI | T. 229 732 047 | [email protected] Quinta do Castelo – 2735-206 CACÉM | T. 214 260 279 | [email protected] Rua Capitão Santiago de Carvalho, 9 – 1800-048 LISBOA | T. 218 512 356 | [email protected] da Marginal, 138 – 4700-713 PALMEIRA BRG | T. 253 691 307 | [email protected]

Consolata é cheia de graça, por Deus agraciada para levar ao mundo a consolação de JesusConsolados são os evangelizados, porque amados de DeusConsolar é levar a toda a parte a consolação de Deus salvadorComo Maria tornamo-nos solidários com todos. Solidariedade é o outro nome da consolaçãoComo Ela somos presença consoladora em situações de afliçãoPor seu amor colocamos a nossa vida ao serviço do homem todo e de todos os homensAllamano deu-nos Maria por mãe e modelo. Por isso chamamo-nos Missionários da Consolata

Nossa Senhora da Consolata

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MAIO 2011 03 FÁTIMA MISSIONÁRIA

EA

Domingo da Divina Misericórdia, 1 de Maio, é o dia em que João Paulo II é proclamado beato. Passaram seis anos e um mês, desde o momento da morte do Papa Karol Wojtyla. Depois do decreto que aprovou o milagre obtido por sua intercessão, ficou concluído o processo, iniciado antes que terminasse o prazo estabelecido, cinco anos após a morte do servo de Deus. A excepção deveu-seà imponente fama de santidade que lhe foi atribuída logo a partir da sua morte: “Santo subito – Santo já”, aclamou a multidão na Praça de São Pedro.De resto, o processo seguiu as vias normais, culminando com o reconhecimentoda cura milagrosa, a 11 de Janeiro de 2011, atribuída à intercessão de João Paulo II – a cura da doença de Parkinson da religiosa francesa, irmã Marie Simon Pierre Normand. O seu corpo já foi trasladado para a nave direita da Basílica deSão Pedro, junto à capela de São Sebastião, entre a famosa escultura da “Pietà”,de Michelangelo, e a capela do Santíssimo Sacramento.

A vida de João Paulo II foi guiada pela presença dos jovens, desde o início do seu pontificado, como atestam as palavras por ele pronunciadas pouco antes da sua morte, a 2 de Abril de 2005: “Fui à vossa procura e, agora, sois vós que vindes a mim, pelo que vos agradeço”. Já em 1980, o escritor francês Andrè Frossard dissera ao Papa: “Levará os jovens onde quiser”, recebendo em resposta: “Pelo contrário, julgo que serão eles a guiar-me”. Esta relação profunda entre os jovens e João Paulo II construiu-se, sobretudo, através da escuta e da confiança. Os jovens sabiam que ele os compreendia e os amava. Sentiam que tinha confiança neles. Arrastava atrás de si multidões de jovens porque os escutava eapresentava-lhes desafios exigentes. Uma maneira de manifestar desconfiança nos jovens é pedir-lhes pouco. Ora João Paulo II pedia-lhes muito, sem fazer “descontos”, exactamente porque confiava neles.

Papa de Fátima. Pela sua devoção a Nossa Senhora de Fátima, pelas suas três visitas a este santuário mariano, pela beatificação dos pastorinhos Jacinta e Francisco, João Paulo II será recordado como o Papa de Fátima. É inesquecível o seu pedido para que a imagem de Nossa Senhora, venerada na Capelinha das Aparições, fosse levada a Roma para a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria. Diante da sua imagem, o Papa repetiu na praça de São Pedro,no Vaticano, a 25 de Março de 1984, o acto de entrega que já havia feito em Fátima, a 13 de Maio de 1982. À hora da oração do “Angelus”, o Papa recitou o acto deentrega do mundo e dos povos a Maria. Para lembrar e homenagear João Paulo II,o Santuário de Fátima participará, na noite de 30 de Abril, na vigília de oração transmitida pela televisão, em preparação da beatificação, que envolverá cinco santuários do mundo: Guadalupe, no México; Kawekamo, na Tanzânia; Fátima, em Portugal; Cracóvia, na Polónia; e Nossa Senhora do Líbano, em Beirute.

Santojá em vida

Os jovens sabiamque ele

[João Paulo II]os compreendia

e os amava.Sentiam que

tinha confiança neles. Arrastava

atrás de simultidões de

jovens porqueos escutava e

apresentava-lhes desafios exigentes

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Nº 5 Ano LVII – Maio 2011Tel. 249 539 430 / 249 539 460Fax 249 539 429 [email protected]@fatimamissionaria.ptwww.fatimamissionaria.pt

FÁTIMA MISSIONÁRIA Registo N.º 104965Propriedade e Editora Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da ConsolataContribuinte Nº 500 985 235Superior Provincial Norberto Ribeiro LouroRedacção Rua Francisco Marto, 522496-908 FátimaImpressão Gráfica Almondina,Zona Industrial – Torres NovasDepósito Legal N.º 244/82Tiragem 28.2w00 exemplaresDirector Elísio AssunçãoRedacção Elísio Assunção, Manuel CarreiraConselho de Redacção António Marujo, Elísio Assunção, Manuel CarreiraColaboração Alceu Agarez, Ângela e Rui, Carlos e Magda, Carlos Camponez, Cristina Santos, Darci Vilarinho, Leonídio Ferreira, Luís Maurício, Lucília Oliveira, Norberto Louro, Teresa Carvalho; Diamantino Antunes – Moçambique, Tobias Oliveira – Quénia, Álvaro Pacheco – Coreia do SulFotografia Lusa, Ana Paula, Elísio Assunçãoe ArquivoCapa Lusa Contra-capa Ana PaulaIlustração H. Mourato, Mário José Teixeirae Ricardo NetoComposição e Design Ana Paula RibeiroAdministração Joaquim Bernardino e Cristina Henriques

Rua Francisco Marto, 52Apartado 52496-908 FÁTIMA

Tem a sua assinatura da revista

atrasada? Com apenas 10 eurospode actualizá-la para 2011Porque continua à espera?Não perca tempo!

FÁTIMA MISSIONÁRIA 04 MAIO 2011

803 EDITORIAL Santo já em vida 805 PONTO DE VISTA João Paulo II Missionário 806 LEITORES ATENTOS 808 MUNDO MISSIONÁRIO Líderes africanos sufocam ventos de revolta | Pobreza e fome à volta das cidades do Paraguai | Igreja do Sul do Sudão colabora na construção da paz | Agitação continua no Iémen |Fome mata na Guiné-Bissau | Milhares de tunisinos procuram a Europa | Egípcios regressam à praça Tahrir do Cairo | China planta árvores no Ano Internacional das Florestas 811 AVENTURAS Pipo arranja amigos 812 APóSTOLOS MODERNOS “Recebi mais do que dei” 822 GENTE NOVA EM MISSÃO Mães de todo o mundo 824 TEMPO JOVEM Pobreza que enriquece riqueza que empobrece 826 SEMENTES DO REINO Deus não está em crise 828 O QUE SE ESCREVE 830 O QUE SE DIZ 831 VIDA COM VIDA Voltas que o mundo dá 832 OUTROS SABERES Vida ao serviço do homem 833 A MISSÃO É SIMPÁTICA Manter-se sempre criança 834 FÁTIMA INFORMA Beato João Paulo II homenageado em Fátima

João Paulo II numa das suas viagens missionárias

África, gata borralheirada humanidade

Páscoa Jovemna cidade

1413Costa do Marfimentre a xenofobiae a crise económica

18Índiavai

ultrapassarChina

em 2030

Ouves-me?

07

MoçambiqueDiocese de Tetetem novo pastor

10“Vivemos

num tempoespectacular”

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MAIO 2011 05 FÁTIMA MISSIONÁRIA

texto TONy NeveS

1 de Maio, Karol Wojtyla sobe aos altares, apontado pela Igreja como testemunha credível da vida cristã para o nosso

tempo. Ele foi um Papa escritor e, sobre ele, muito se escreveu e escreve. Gostava, contudo, de fazer uma focagem nas suas intervenções, onde a dimensão missionária veio ao de cima. «Veio de longe», do outro lado do Muro de Berlim, da sua Polónia natal, onde a Igreja era perseguida, a liberdade reduzida a uma palavra de dicionário e os direitos humanos constantemente espezinhados. A sua missão exigia, neste contexto, uma coragem à prova da fé. E ele teve-a, pagando caro por tal ousadia. Mais tarde, como Papa, a partir de Roma, deu um tal empurrão que o Muro caiu.Abriu o Vaticano ao mundo, voando ao encontro de povos e culturas, dando diversas voltas à terra nas suas viagens apostólicas para proclamar bem alto o Evangelho, confirmando a caminhada de fé das comunidades. Proclamou,

alto e bom som, os valores humanos gravados nas páginas dos evangelhos e denunciou todos os atentados à dignidade e aos direitos humanos, sobretudo dos mais pobres.Publicou a Redemptoris Missio – A Missão do Redentor - a encíclica missionária por excelência, onde está escrito que todos os cristãos são chamados à santidade e à missão. Lá se apresenta o Espírito Santo como protagonista da missão e se chama a atenção para os novos areópagos dos tempos modernos, que são chamados pelos próprios nomes: o mundo das comunicações, o empenhamento pela paz, o desenvolvimento e a libertação dos povos, a promoção da mulher e da criança, a protecção da natureza, o mundo da cultura, da pesquisa científica e das relações internacionais.Lançou os sínodos dos bispos para cada um dos continentes, reconhecendo a riqueza da diversidade, mas apelando à comunhão de todas as comunidades. Defendeu uma Igreja que está presente nos quatro cantos da terra, com

histórias e formas de ser diferentes.Convocou, em 1985, os jovens do mundo inteiro a Roma para se encontrar com eles, rezar e fazer festa, dizendo-lhes que confiava neles, pois a Igreja só será jovem quando os jovens forem Igreja. Madrid acolhe este Verão a 26ª edição das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), um espaço de Missão no «Planeta Jovem».Assis fica para a história como a terra onde nasceu São Francisco, o símbolo da paz e da fraternidade universal. Foi lá que João Paulo II, em 1986, se encontrou com os líderes das principais religiões do mundo para um tempo de reflexão e oração pela paz. O «espírito de Assis» mantém-se vivo e Bento XVI lá irá para marcar os 25 anos deste momento histórico e para carimbar a importância do ecumenismo e do diálogo inter-religioso.Da janela do Vaticano, Karol Wojtyla gritou um «não tenham medo», que todo o mundo ouviu e guardou no coração. Com a sua vida e missão marcou a Igreja e a humanidade. Merece o altar.

João Paulo IIMissionário

«Veio de longe», viagens apostólicas, Redemptoris Missio, sínodos, JMJ, Assis, «Não tenham medo!». Estas são as imagens de marca das opções missionáriasde João Paulo II. Não se assustem com as siglas nem com o latim

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AgrAdecemos que os nossos estimados assinantes renovem a assinatura para 2011.só As AssinAturAs actualiza-das poderão usufruir do peque-no apoio do estado ao porte dos correios.nA folhA onde vai escrita a sua direcção, do lado esquer-do, poderá verificar o ano pago e o seu número de assinante.

o pAgAmento da assinatura poderá ser feito através dos colaboradores, se os houver, ou nas casas da consolata, ou através de multibanco, che-que ou vale postal. ou ainda por transferência bancária: niB 0033 0000 00101759888 05importAnte refira sempre o número ou nome do assinante.

os do­­na­tivo­­s para as missões são dedutíveis no irs.se desejAr reciBo, deverá enviar-nos o seu número de con-tribuinte.

renove

muitos leitores chamam à fÁtimA missionÁriA «a nos-sa revista». É bom que assim pensem e assim procedam. A revista é feita por muitas mãos e lida por mais de 29 mil as-sinantes. ela é mesmo nossa! somos uma grande família.

a assinatura

fÁtimA missionÁriA 06 Ma­io­­ 2011

diÁlogo ABerto

escola de sanzaÀ FÁTIMA MISSIONÁRIA e a todos que nela trabalham desejo que continuema desempenhar tão bem o seu papel, levando a cabo esta revista. Envio 20,00€ para o pagamento da revista e agradeço que o restante seja para a «Escola dos meninos de Sanza – Tanzânia». Com os meus cumprimentos.maria lurdes

falta o colaboradorEx.mos Senhores da FÁTIMA MISSIONÁRIA,Eu venho enviar-lheso dinheiro para pagar a minha revista, porque aqui em Freiria já não temos o senhor António. Como já deveis saber, ele faleceu. Era a quem dávamos o dinheiro para mandar para aí. Já falámos com a mulher do senhor António e ela disse-nos que não ficou ninguém aqui responsável. Por isto, resolvi enviar eu o pagamento. Gosto imenso de ler a revista e, quando a recebo, leio-a toda até ao fim. Acho que é maravilhosa. Que Deus

vos ajude. Tenho rezado por ela, para que possa continuar. É uma revista que nos faz muito bem.fernanda

A messe é grandeQuerida FÁTIMA MISSIONÁRIA,Peço desculpa de me atrasar novamente no pagamento. Tenho 79 anos de idade, já é da velhice e também do esquecimento em que estou a entrar, mas tu nunca te esqueces. É uma alegria ler-te. Fico a saber as tristezas que vão pelo mundo, mas também as alegrias, pois a ajuda aos que precisam de tudo, padres e diáconos ordenados, é uma grande alegria. Jesus diz: pedi que recebereis. E eu peço muito a Deus, a nossa Senhora, e ao Beato José Allamano que nos mandem muitos trabalhadores para a sua messe.maria rosa

Apelo aos leitoresEx.mo Senhor Director,Com os melhores cumprimentos, venho satisfazer o pagamento da revista relativo ao ano corrente. Envio também uma pequena importância para o projecto «Gurué – Moçambique». Mais

uma vez vos felicito pela riqueza de conteúdos da vossa revista. Que o Senhor abençoe toda a equipa que nela trabalha e que os leitores continuem a corresponder da melhor vontade aos vossos apelos.flora

gosto de lerSenhor Director da FÁTIMA MISSIONÁRIA,Envio o cheque de 20,00€: 10 para pagar a revista e10 para a missão de Gurué. Terras tão lindas e ricas com as plantações de chá. Vivi em Quelimane, mas fui ao Gurué algumas vezes e estive lá alguns dias. Passei 28 anos em Quelimane, nunca lá tratei mal ninguém e ninguém me lá faltou ao respeito. O que mando é pouco, mas para a outra vez mandarei mais alguma coisa. Desculpem ir tão mal escrito. Já tenho 93 anos de idade, mas gosto de ler a revista e já a assinava no tempo do meu marido.purificação

NR Que santas estas velhinhas quase centenárias! Tratam a revista como se fosse uma criança. A senhora dona Purificação acrescenta: Já tenho 93 anos, mas gosto muito de ler a revista.

Amigos Missionários da Consolata,É com todo o prazer que renovamos a assinatura da FÁTIMA MISSIONÁ-RIA. É sempre com muita alegria que a lemos e saboreamos. Pedimos a Nos-sa Senhora que reavive sempre mais o fogo e o zelo nos nossos queridos mis-sionários. Eu também estive 10 anos em Moçambique. Que saudades!... Agrade-ço orações pela minha mãe de 97 anos. Está acamada há quatro. A tia Ester Cerveira muito doente, mal se mexe, mas fica radiante com a revista. É mis-

sionária na oração… Eu estou a tomar conta delas e dedico-me à catequese.irmã otília

NR Afinal, em que ficamos? É melhor ser irmã religiosa no convento, ou estar em casa da família a cuidar da própria mãe, com 97 anos de idade, e de uma tia, também idosa? A irmã Otília deixa-nos aqui num dilema. No Evangelho Cristo diz que é preciso deixar tudo. Mas, noutro lado, o após-tolo Tiago diz-nos que a fé sem obras

é morta, e chega a desafiar quem quer que seja: “Mostra-me a tua fé sem as obras, que eu pelas obras te mostrarei a minha fé”. Com tudo isto, a irmã con-segue dar a volta por cima, quer dizer faz as duas coisas ou, se quisermos, as três: é religiosa e está inserida na sua comunidade; foi missionária 10 anos em Moçambique (ai que saudades!) e agora, além de tudo, dá catequese na paróquia onde se encontra. Parece--me que ela escolheu o melhor.mc

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MAIO 2011 07 FÁTIMA MISSIONÁRIA

Estava tão alto aquele altar! E os olhos da Senhora estavam ainda mais dis-tantes… Como podia Ela ouvir algum dos lamentos de Isabel? Seria possível perceber a força e esperança dos seus pedidos com nota de “Urgência”?Mesmo duvidando da escuta, de joelhos e agarrada à sua angústia, mas buscan-do a solidez da sua fé, Isabel não tirava os olhos do rosto de Maria Consolado-ra, esperando um sinal, enquanto Lhe explicava que Ela tinha de intervir na doença do seu menino:– Maria, tu sabes que ele é tão peque-nino, ainda tem tanto para viver… Faço tudo o que Tu me pedires, mas cura-o. Ele é o que de mais precioso tenho, tu entendes! Se tu mo ofereceste, não mo tires. Não aguento! Não aguentamos!Ficou ali tempos, conversando, revendo momentos perfeitos que partilharam em família, frases que construíram his-tória. E depois, já não sabia que mais dizer. Estava exausta, mas sentia-se reconfortada. Continuava a não ver ne-nhum sinal nos olhos de Maria Conso-ladora, mas sentia ter passado para os seus braços a angústia que carregava. E ficou com os seus bem mais leves.Deixou-se abandonar neste estado de quase anestesia e, aos poucos, foi fican-do invadida por uma paz, que alterara o seu foco de atenção. Deu consigo a con-versar novamente com Maria, com um discurso novo, agradecido: – Obrigada, Maria! É verdade, o meu menino é também o teu menino! Sou mesmo tolinha em duvidar que me ou-virias e entenderias o meu pedido. Se eu o amo assim tanto, como não o ama-rás Tu, sendo o teu amor tão perfeito?! Claro que não tenho razão para estar assustada! Mas entendes, eu sei. É tão bom ter-Te connosco! Sei que o que lhe acontecer, será o melhor para ele.Isabel viu nascer dentro de si um sor-riso que ultrapassava a esperança: um sorriso da certeza de ser parte de uma equipa poderosa de protecção do seu menino, porque o ama. Está pron-

Ouves-me? texto TERESA CARVALHO ilustração MIGUEL CARVALHO

ta para dar o seu melhor e decidida a acreditar que Maria sabe e fará o que deverá ser feito.Ia despedir-se de Maria, mas decidiu fazer-lhe uma proposta:– Olha, Maria, vem comigo! Vem ficar connosco. Se estiveres connosco, sei que tudo será bem mais fácil. E Maria foi! Juntas, caminharam até casa, até ao menino de ambas. Isabel

levava um sorriso leve e confiante, que tranquilizou e aliviou o pequenino.Quando Isabel o abraçou, sentiu que também Maria o estava a acolher no seu colo.Pela primeira vez, desde o início da doen-ça, Isabel pôde adormecer tranquila, agarradinha ao seu menino, experi-mentando o conforto de serem protegi-dos e amados pela Mãe de ambos.

Pela primeira vez, desde o início da doença,Isabel pôde adormecer tranquila,agarradinha ao seu menino,experimentando o conforto de seremprotegidos e amados pela Mãe de ambos

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FÁTIMA MISSIONÁRIA 08 MAIO 2011

De Angola ao Djibuti, os líderes da África subsariana estão a abafar, à nascença, sucessivas tentativas de contestação, inspiradas nas revoluções árabes do norte do continente. No Djibuti, a repressão mais sangrenta, até ao presente, já provocou mortes em manifestações sem precedentes, desde a independência, contra o presidente Ismael Omar Guelleh.Em Angola, uma página do Facebook – «A revolução do povo angolano» –convidava a população, em Março passado, a invadir as ruas, para exigir que José Eduardo dos Santos abandone o poder. Depois do governo

pôr na rua os seus partidários, numa manifestação de força, na véspera do protesto, a polícia limitou-se a prender dezena e meia de pessoas.Invocando a manipulação dos resultados eleitorais no Uganda, para a reeleição do presidente Yoweri Museveni, os opositores do regime tentaram organizar manifestações, mas foram rapidamente dissuadidos pelas forças de segurança.No Zimbabué, onde o poder é partilhado por Robert Mugabe e pela oposição, 46 militantes foram presos e acusados de traição por estarem a visionar um vídeo das manifestações

egípcias. Segundo os seus advogados, alguns deles foram torturados pela polícia. Até o grande rival de Robert Mugabe, o primeiro-ministro Morgan Tsvangirai, não autorizou comícios na capital, por duas vezes.Na Suazilândia, apesar de acentuar a repressão, os opositores do rei Mswati III estão decididos a continuar a sua contestação ao monarca. Conhecido pelo seu modo de vida extravagante e pelas suas treze mulheres, o rei Mswati III exerce o poder, despoticamente, neste pequeno estado encaixado entre a África do Sul e Moçambique.

Líderes africanos sufocam ventos de revolta

Milhares de agricultores exigem do governo, nas ruas de Assunção, Paraguai, a reforma agrária, entre outras reivindicações. O Paraguai é o país latino-americano com a maior concentração da propriedade da terra. O último censo agrícola nacional indica que 77 por cento das terras férteis do país são controladas por apenas um por cento dos proprietários, ao passo que os pequenos

agricultores, cerca de 40 por cento da população, possuem apenas cinco por cento das terras agrícolas. A situação provoca um êxodo rural acelerado, que gera pobreza e fome, sobretudo nas cinturas das cidades.

Agitação continua no IémenDezenas de milhar de manifestantes anti-regime continuam a erguer protestos vigorosos na capital Sanaa e no sul da cidade de Taiz. Dia após dia, aumenta a pressão para a exigir a demissão imediata do presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh. Embora se tenha declarado disposto a encontrar uma solução negociada para a crise política, aceitando a mediação dos países do Golfo, o presidente não dá sinais de querer ceder às pressões da rua.

Igreja do Sul do Sudão colabora na construção da pazO Sul Sudão vai tornar-se um estado

independente a 9 de Julho próximo, após o referendo sobre a independência, realizado

no início de Janeiro. A braços com o regresso maciço dos sudaneses do norte do

Sudão, o Sul enfrenta agora um número crescente de incidentes violentos. Os bispos

pretendem reunir-se com as autoridades para discutir a construção de uma paz

duradoura no novo país e na região.

Pobreza e fome à volta das cidades do Paraguai

Page 9: João Paulo II

Mais um dia de manifestação,

chamado “Sexta-feira de limpeza

e julgamento”, na praça central do Cairo, Tahrir,

no início de Abril. Milhares

de egípcios continuam a

reclamar, perante um mal-estar e um

descontentamento generalizados. As exigências da população não têm tido resposta e os apelos à

reorganização voltam às ruas e ao Facebook.

Tobias oliveira,

Nairobi, Quénia

MAIO 2011 09 FÁTiMa MissioNÁria

Na minha meninice ouvi contar a história daquele assaltante que deixava a esposa a rezar a santo António, enquanto ele procedia aos seus assaltos. Contavam-nos esse facto para nos ensinarem quecom Deus não se brinca. Com o passar dos anos tenho-me vindo a convencer que, de facto, há ainda hoje quem tente fazer da oração uma arma de arremesso. Aqui, no Quénia, por exemplo, noto que se mistura, com frequência, a política com a devoção. Vem isto a propósito daquele grupo de eminentes políticos a quem agora aqui se chama “os seis do Ocampo”. Desde há três anos, são tidos como implicados por acção ou por omissão nas lutas tribais, que deixaram mais de mil mortos e centenas de milhares de desalojados. Depois de a Comissão Waki ter estudado os factos e encontrado os presumíveis culpados, e sugerido a criação de um tribunal nacional para julgar os indiciados, o parlamento e o governo quenianos nada fizeram. O assunto transitou para o Tribunal Internacional da Haia, ao qual o senhor Moreno Ocampo agora os convocou. O que a justiça nacional não conseguiu parece agora estar próximo a nível internacional. E o que fizeram então estes insignessenhores no início do mês de Abril, antes de partirem para a Haia, onde foram ouvir o teor dos crimes que lhes são imputados? Convocaram um grande comício de oração! Longe de mim, que sou sacerdote e missionário, duvidar da sensatez de rezar por quem se encontra em apuros! Mas, também, longe de mim pensar que, com uma oração, se tapam os olhos à justiça, especialmente à justiça divina.

os seis do senhor ocampo

Crianças chinesas regam as árvores plantadas durante uma acção realizada, em Pequim, como resposta ao Ano Internacional das Florestas. Lançado pelas Nações Unidas, 2011 é o ano de sensibilização para a conservação e o desenvolvimento sustentável de todos os tipos de florestas, devido à “importância de que se revestem e pela pressão a que estão sujeitas”.

Desde a revolução de Janeiro na Tunísia, mais de 21 mil imigrantes, na sua maioria tunisinos, arribaram às costas de Itália, ilha de Lampedusa.

Mesmo a concessão de vistos provisórios, de seis meses não resolveu o seu problema.

Itália e França concordaram em patrulhar o Mediterrâneo, para refrear a imigração ilegal,

mas continua a discussão sobre os planos italianos de conceder vistos a milhares de

migrantes, que lhes permitam viajar pela Europa.

Milhares de tunisinos procuram a europa

egípcios regressam à praça Tahrir do Cairo

Fome mata na Guiné-bissau

Cerca de vinte por cento das famílias guineenses vivem em insegurança

alimentar. A falta de acesso a alimentos

nutritivos suficientes para uma vida activa e saudável foi verificada

por um estudo do Programa Alimentar

Mundial (PAM). O inquérito realizado a nível nacional visou

identificar as áreas mais afectadas nas zonas

rurais da Guiné-Bissau, traçando o perfil das

famílias mais vulneráveis à insegurança alimentar.

China planta árvores no ano internacional das Florestas

Page 10: João Paulo II

FÁTIMA MISSIONÁRIA 10 MAIO 2011

Diocese de Tetetem novo pastor

Inácio Saure, nomeado bispo de Tete por Bento XVI, revela à FÁTIMA MISSIONÁRIA os

desafios do seu novo cargo. «Estar à escutapara ver como melhor servir este povo de Deus»

é a atitude que pretende assumir no futuro

– É difícil aturar os jovens?– Não! Difícil é aturar qual­quer profissão de que não se gosta.– Como são os jovens hoje?– Com muitas ideias, mas que

“Vivemos num tempo espectacular”Mário Linhares, 31

anos, casado há um ano e 45 dias, sem filhos, é professor de artes visuais e

de religião e moral. Gosta “muito de

desenhar, de tocar viola e de estar com

pessoas”. Leigo missionário da

Consolata, passa largas horas no

Bairro do Zambujal com a sua viola

texto e foto E. ASSUNÇÃO

ete tem uma «boa força missionária», mas não é suficien­te para cobrir as necessidades pas­

torais da diocese, considera o novo bispo, missionário da Consolata. «Há várias comu­nidades cristãs que não têm

assistência de qualquer sa­cerdote. O grande problema é a falta de clero diocesano». Está em causa a formação dos próprios cristãos, pois os animadores das comunida­des «não têm quem os guie».O novo prelado, de 51 anos, destaca, no campo social, os

problemas decorrentes da ex­ploração de carvão e outros minérios no território da sua diocese. Apesar de atrair in­vestidores e novos projectos, incentiva a subida do preço dos produtos, a nível local. O desemprego e os ordenados muito baixos reduzem, cada

vez mais, o poder de compra da população. A nomeação para bispo de Tete é para Iná­cio Saure uma oportunidade para conhecer melhor o povo moçambicano. Enquanto pas­tor da diocese do noroeste de Moçambique, há dois anos sem bispo, vê o futuro como

Moçambique

texto CRISTINA SANTOS foto ANA PAULA

nem sempre sabem como as colocar em prática.– Que criticas nos jovens?– A falta de coragem para reivindicar mais, para sair do comodismo.– Que jovens mais aprecias?– Os que têm a coragem de mostrar as suas convicções.– Como vês os seus pais?– Têm cada vez menos tempo para os filhos.– Como?– Há uma tendência para dar uma liberdade “qb” aos jovens. Quando bem aprovei­tada, é muito positivo.– Como é o tempo de hoje?– Um tempo espectacular. Apesar da crise, é um tempo incrível de oportunidades.– Como vês a crise actual?

– Um problema grande para o qual deveríamos estar dis­poníveis para agir volunta­riamente. Nem sempre as pessoas com as capacidades certas estão a desempenhar as funções certas. – Causas da crise?– Viver com mais do que se pode está claramente a cau­sar­nos problemas.– Como julgas os políticos?– É talvez a função mais difícil em Portugal, neste momento. O trigo e o joio estão mistura­dos. Mas são todos olhados com muita desconfiança.– A sociedade é solidária?– Muito solidária, porque temos situações de crise profunda. Muita gente não sabe como ajudar. Até gos­

Page 11: João Paulo II

MAIO 2011 11 FÁTIMA MISSIONÁRIA

texto CARReIRA JúNIOR ilustração H. MOuRATO

– Pipo, não tens aparecido. Por onde andaste?– Olhe, como eram férias, fui com o meu pai visitar uns parentes que temos ali para os lados de Leiria, numa terra chamada Cortes.– E divertiste-te?– Atingi alguns dos objectivos que eu tinha em vista.– Quais?– Ver terras novas, apreciar a natureza, falar das missões às pessoas, e, acima de tudo, fazer amigos. Entre estes destaco três: Um cão, um gato e o Pedro. O cão mostrou-senosso amigo logo à entrada do portão. Nem foi preciso tocarmos a campainha: ele deu o sinal. Puseram-lhe o nome de Ípsilon, por ter uma orelha mais baixa que a outra. Mais à frente havia um gato, todo cinzento. Parecia pintado com cinza. Chamam-lhe Ronrom, por ser dorminhoco e ressonar muito. Achei piada por eles os dois, o cão e o gato, se darem tão bem. Brincavam como se fossem dois bebés. Deixei para último o Pedro. Tem dois anos mais do que eu. Por sinal estava a ler a FÁTIMA MISSIONÁRIA. Perguntei-lhe se arranjava assinaturas novas. Fiquei triste por me dizer que não, mas que ia experimentar. Começaria pelos músicos da filarmónica onde ele toca saxofone. Se ele começar por aí, vai conseguir certamente. Desejo-lhe «boa sorte».

Pipo arranja amigos

“Vivemos num tempo espectacular”

«uma grande escola» e uma oportunidade para aprender em união com o povo. «Não só porque estive cerca de 12 anos fora do meu país, mas porque é sempre uma nova realidade», esclarece o mis-sionário que trabalhou na República Democrática do Congo. Como pastor, procu-rará «estar à escuta para ver como melhor servir o povo de Deus de Tete».Já no tempo de noviciado, «os colegas consideravam-no uma pessoa com maturidade e capaz de exercer cargos de responsabilidade», recorda Norberto Louro, superior dos Missionários da Consolata, em Portugal. Foi seu noviço nos finais da década de 1980, e dele destaca, em particular, a estabilidade de tempera-mento, a alegria e fidelidade à vocação. O antigo mestre encara esta nomeação do seu

ex-pupilo com orgulho, res-peito e com a «certeza de que os precedentes da vida dele prometem um pastoreio da diocese, marcado pelas mes-mas virtudes».Inácio Saure nasceu a 2 de Março de 1960, em Balama, em Pemba, Moçambique. Dei-xou o serviço militar obrigató-rio, para seguir a vida religio-sa. Ordenado sacerdote em 1998, trabalhou na República Democrática do Congo como missionário, onde ajudou a desenvolver uma escola de informática, num bairro iso-lado, e um projecto agrícola, junto de populações com difi-culdades em trabalhar a terra. De regresso a Moçambique, em 2007, foi reitor do semi-nário filosófico dos Missio-nários da Consolata e, mais tarde, passou a trabalhar no noviciado, em Maputo até à sua nomeação episcopal.

tava, mas faltam projectos.– Como vês o pluralismo ra-cial da nossa sociedade?– É uma riqueza incrível que ainda não aproveitamos. Em vez de nos esconder-mos, construindo muralhas à nossa volta, há que saber tirar proveito desta riqueza. – Que dizes da Igreja?– Vejo-a com muita vontade de caminhar, embora seja um caminho difícil. Com muitos grupos, com muitas pontas de ousadia, de coragem, de novidade e de esperança.– Que criticas nela?– Desgosta-me, por vezes, ver tantos rituais, sem profundi-dade espiritual. – Que mais aprecias?– Aprecio a fidelidade a Cris-

to. É o alicerce principal. – Qual a personalidade que mais admiras?– A pessoa que mais me surpreende é Jesus Cristo. – O último livro que leste?– “Do Espiritual na Arte”, de Kandinsky e estou a ler o “Hipopótamo de Deus”, do Tolentino Mendonça. – O teu último filme?– “Dos Homens e dos Deu-ses”, um filme sobre uns monges trapistas, fran-ceses.– Uma palavra para os lei-tores?– É missão ler as notícias da missão. Saber o que está a acontecer no mun-do missionário é já sentir--mo-nos missão.

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FÁTIMA MISSIONÁRIA 12 MAIO 2011

omecei no extremo norte de Moçambi-que, no Niassa. Vivi ao lado das comu-

nidades cristãs da missão de Maúa e trabalhei na formação de animadores e catequistas. Encontrei um modo de ser Igreja que ainda não conhecia e que muito me marcou. Ao longo de três anos, constatei que os cristãos transbordam de alegria e entusiasmo, ape-sar da pobreza e das limita-ções de vária ordem. Isolados no meio da floresta, alguns só os podia visitar depois de caminhar uma ou duas horas a pé. Vibravam com a visita do sacerdote porque, final-mente, podiam receber os sa-cramentos. Eu vinha de um ambiente em que os cristãos quase que pareciam adorme-cidos na sua fé. Participavam nos sacramentos como que obrigados e não para encon-trar o “centro” da sua vida. Os cristãos de Maúa, na sua sim-plicidade e pobreza, reaviva-ram no meu coração a alegria de ser cristão.A segunda realidade que en-contrei foi a dos jovens em formação para o sacerdócio. Assumi a direcção do seminá-rio inter-diocesano de Nam-pula, que serve as dioceses de Nampula, Nacala, Pemba e Lichinga, do norte de Moçam-bique. Durante três anos, vivi

com estes jovens. Procurei es-tar a seu lado, para os auxiliar no seu caminho formativo e na descoberta da sua vocação. Valeu a pena viver desafios e dificuldades. Passados al-guns anos, alguns desses pri-meiros jovens estão prestes a serem ordenados sacerdotes.Finalmente, foi-me confiado o cargo de administrador das actividades dos missionários

da Consolata, de Moçambi-que. É um serviço que me permite conhecer as neces-sidades reais da vida missio-nária. Procuro exercê-lo com generosidade, apoiando os meus irmãos. Passo o meu tempo entre o escritório e a paróquia, dando o meu teste-munho de vida missionária.Passados 11 anos em Moçam-bique, posso dizer que recebi

“Recebi mais do que dei”Recordo o dia da minha chegada a

Maputo, a 10 de Fevereiro de 1999. Já lá vão quase doze anos. Ao longo deste

tempo, encontrei três realidades diferentes, no meu trabalho missionário, todas

elas muito enriquecedoras com as suas exigências e alegrias

texto CARlOS AlbeRTO PeReIRA fotos ANA PAulA

muito, talvez muito mais do que dei. A vida missionária é uma surpresa constante, que me vai enriquecendo e vai abrindo, cada vez mais, o meu coração. À imagem de Cristo, nosso modelo, procuro aco-lher todos os irmãos e irmãs que Ele vai colocando no meu caminho.Faço votos para que todos os leitores da FátIMA MIssIO-NárIA possam redescobrir a alegria e o entusiasmo de serem cristãos, através des-tas páginas que narram a vida real da Igreja missioná-ria. recebendo esta semente, deixem-na germinar nos seus corações, para poderem con-tagiar os seus irmãos e irmãs. Deste modo contribuirão para transformar o rosto da Igreja para que seja, cada vez mais, o rosto de Cristo.

Os cristãos de Maúa, na sua simplicidadee pobreza, reavivaram no meu coraçãoe no meu espírito a alegria de ser cristão

Igreja paroquial da missão no centro da vila de Maúa, Niassa, Moçambique

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MAIO 2011 13 FÁTIMA MISSIONÁRIA

texto CARLOS CAMPONEZfoto LUSA

Ouatarra assume o poder depois de quatro meses de conflito

Costa do Marfimentre a xenofobia e a crise económica

Confrontos violentos em Abidjan, capital comercial da Costa do Marfim, obrigaram muitos marfinenses a abandonar a cidade

stima-se que 900 pessoas morreram, dezenas de aldeias foram queimadas e cerca de um milhão de pessoas ficaram na situação de desalojados, em resultado dos confrontos

militares dos últimos quatro meses.Após a detenção de Laurent Gbagbo, Alassane Ouattara estabeleceu um prazo de dois meses para conseguir pacificar o país, um verdadeiro desafio face aos pro-blemas que a Costa do Marfim enfrentará nos tempos mais próximos.

Do nacionalismo à xenofobiaCom efeito, o país viveu os últimos 20 anos num contexto de constante enal-tecimento e manipulação política dos valores da identidade marfinense, agu-dizando as tensões étnicas, numa nação onde cerca de 27 por cento da população é estrangeira. Depois da morte de Félix Houphouët-Boigny, os sucessivos presi-dentes transformaram a identidade numa questão de ideologia política, económica e cultural, que rapidamente foi transforma-da em xenofobia e racismo.Foi já com base nas questões da identidade marfinense que Gbagbo afastou Alassane Ouattara da corrida às eleições presiden-ciais, em 2002. Agora que Ouattara assu-me o poder, a sua imagem não deixa de es-tar associada ao apoio das populações do

norte do país, o que não facilitará a tão de-sejada e necessária reconciliação nacional.Para além disso, a proliferação de armas entre a população civil, bem como a exis-tência de milícias afectas aos poderes em confronto, mas fora do seu controlo efecti-vo, não deixam de ser um aspecto que po-derá dificultar a acção do novo presidente da Costa do Marfim.

Crise política e crise económicaDe resto, este clima de tensão étnica é res-ponsável pelo estado de guerra civil larvar. Esta situação, na última década, tem mar-cado o país e poderá vir a agravar-se com a necessidade de se tomarem medidas de rigor para enfrentar aquela que é conside-rada uma das maiores crises económicas e sociais da Costa do Marfim. Não terá sido por acaso que a comunidade inter-nacional se apressou a levantar as sanções económicas, logo que soube da detenção de Laurent Gbagbo. Por seu lado, a Fran-ça prometeu um auxílio financeiro excep-cional no valor de 400 milhões de euros, para fazer face aos problemas imediatos daquele que é considerado o maior produ-tor mundial de cacau e que já foi uma das economias mais pujantes do continente africano. A gestão dos desafios económi-cos, associada à gestão das tensões sociais e políticas, eis, pois, os factores que dita-rão o futuro da presidência de Ouattara.

Uma intervenção das tropas francesas,

visando a detenção do presidente da Costa do Marfim, pôs um ponto

final à instabilidade política que conduziu o país à beira da guerra

civil, simplesmente porque o antigo

detentor do cargo, Laurent Gbagbo, se recusou a aceitar o

resultado eleitoral de Dezembro de 2010, que

deu a vitória ao seu rival e ex-primeiro--ministro Alassane

Ouattara

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FÁTIMA MISSIONÁRIA 14 MAIO 2011

Jesus. Se o vamos acolher, temos de o fazer de coração pleno e a cem por cento. Não pode haver meio-termo”.

Carolina Correia, 17 anos, 12º ano, é ani-madora de um grupo de jo-vens, da paró-quia de Monte Abraão, Que-luz. Quer se-guir medicina: “Para ajudar aquele que está ao meu lado e que precisa da minha aju-da”. Um desejo muito forte atraiu-a: “Quis experimentar de uma forma mais intensa a presença de Deus no meu coração e viver aquilo que Ele viveu”. Mesmo com o ruí-do do comboio, dos carros a passar, “conseguimos parar

PáscoaJovemna cidade

Cinco dias surpreendentes! Em São Marcos, Cacém, os Jovens Missionários da Consolata, da zona sul, marcaram encontro com a paróquia local. De 20 a 24 de Abril, celebraram a Páscoa Jovem, envolvendo-se, com entusiasmo, nas diferentes actividades. Uma experiência inesquecível, que decorreu também em Alvaiázeree em São Paio de Vizela, deixando marcas, como os próprios jovens confessam

texto e fotos E. ASSuNçãO

Comunidade paroquial e jovens da Páscoa Jovem percorrem a Via-sacra, em sexta-feria santa, pelas ruas de São Marcos, Cacém

Margarida Monteiro, 16 anos, 11º ano, de Belas, Sin-tra, admite: “Está a ser uma expe- riência que não me faz sentir completamente bem”. A jovem confessa: “Sou al-guém que questiona muito o que vive, o que lê e o que diz. Com tanta informação que tivemos nestes dias, é com-plicado gerir tudo. Se calhar vou sair daqui feliz, mas nes-tes dias não estou no auge da felicidade”. Margarida não atribui a culpa ao reboliço da vida: “Sou uma defensora da cidade. Cresci na cidade, mas tenho família na aldeia, que frequento algumas vezes e onde me sinto demasiado

sozinha”. No meio das buzi-nadelas, nas viagens longas, “agradece-se e pede-se que corra tudo bem”. A Margari-da perdeu muito nestes dias: “A paz de espírito, o confor-mismo e a resignação às coi-sas”. É alegre e feliz, e gosta de rir. Mas quinta e sexta-feira santas foram dias complica-dos: “Muito densos, em que procurei perceber todas as frases, tudo o que lia, tudo o que eu cantava. Houve coisas que não consegui. Como diz o povo: não bate a bota com a perdigota”. Contudo, regista um momento espectacular: “Recebi uma luz enorme. Não houve soluções, nem respos-tas imediatas. Mas, sim, um aperceber-me que está tudo nas nossas mãos. Nós decidi-mos se vamos ou não acolher

um bocadinho; é o que nos faz falta, pelo menos a mim: olhar para dentro”. No meio do turbilhão da vida, “tentei libertar-me do que me rodea-va, dos prédios, das pessoas a falar ou dos cafés por onde passava; consegui pôr tudo de lado e abrir o meu coração”. A aldeia parece mais propí-cia: “Se calhar é mais fácil no campo. Os meus pais e os meus avós são de uma aldeia na Serra da Estrela. Quando lá estou, ponho-me a olhar para os montes, para aque-las paisagens lindas. Sinto--me lá tão bem, tão óptima”. Embora diferente, a cidade também tem esse valor: “Mas naquele ambiente, que me é familiar, sinto-me muito bem e completamente em paz. A experiência é espectacular”.

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Hernâni Freitas, 18 anos, 11º ano, já tro­cou, no seu projecto pes­soal, a arqui­tectura pelo design. É de São Marcos e juntou­se ao grupo, em­purrado pela mãe: “Estou a gostar. Como sou o único desta paróquia, estou a re­presentá­la”. Habituado ao ruído, pensa que viver a Pás­coa na cidade é “mais difícil do que numa aldeia”, onde “as pessoas são menos e se concentram à volta de uma religião”. Na cidade “há mais ateus, evangélicos, judeus. São mais religiões. É mais di­fícil”. Todavia, ser cristão não o prejudica: “Tenho muitos amigos que são ateus, outros são católicos não praticantes. Cada um respeita o outro”.

Catarina Ciríaco, 19 anos, de Paço de Ar­cos, estudan­te de Gestão de Recursos H u m a n o s , já tinha par­ticipado em 2009. “Achei que estava a precisar de parar um boca­dinho, de voltar a pensar em tudo o que acontece na Pás­coa”. Foi uma experiência ar­rebatadora: “Senti que Jesus entrou realmente na minha vida”. Catarina quis voltar a experimentar: “Estamos na cidade, ao passo que as outras Páscoas Jovem eram sempre num ambiente mais rural”. A diferença é evidente: “Percebemos isso ontem na Via­sacra à noite. Por onde passávamos, as pessoas vi­nham à janela. Num ambien­te rural isso não existe”. É um momento de paragem: “Sou uma pessoa que sempre viveu na cidade, mas tenho família no campo. Vou muito para lá. Retiro­me das minhas coisas e estou mais afastada daquilo que nos prende aqui”.

MAIO 2011 15 FÁTIMA MISSIONÁRIA

11 jovens dos 15 aos 30 anos responderam, em São Paio de Vizela, ao apelo: Faz­te «bombeiro voluntário com Cristo». “É preciso amar: é a única coisa que nos faz humanos, que nos realiza. Não amando não se vive”, disse o padre Jorge Amaro aos jovens, durante a refle­xão de sexta­feira santa.Já em Tagilde, dirigiu­se aos fiéis que enchiam a igreja: “Não há triunfo nesta vida sem disciplina, sem cruz, sem sacrifício”. E o missio­nário da Consolata lembrou: “Devemos descer ao nível do

outro e ver a realidade como o outro a vê e sofrê­la como o outro a sofre. É preciso par­tilhar a cruz”.Silêncio é o que mais custa à Marta Pereira, professo­ra do primeiro ciclo: “Neste encontro gosto muito da partilha, da reflexão e do si­lêncio”. E continua: “É mui­to difícil durante o ano con­seguir silêncio. Esta época é uma altura especial de refle­xão e de silêncio interior”. Conheceu a Consolata numa formação, em Fátima, com o padre Álvaro Pacheco, mis­sionário a trabalhar na Co­

reia do Sul. Natural do Por­to, 30 anos, a Marta faz vo­luntariado no Secretariado Diocesano das Migrações. Participou pela primeira vez na Páscoa Jovem.Convívio entre o grupo de participantes, partilha e reflexão dos temas apre­sentados, foi do que mais gostaram a Dália, a Ana Luísa, a Mónica, o Bruno e o João.Para além de Jorge Amaro, acompanharam os jovens, o padre André Ribeiro e a Irmã Melanie, brasileira de passagem por Portugal.

Só o amor nos realizatexto e foto ANA PAULA

Conformados, desinte­ressados ou preocupa­dos? Ou nem por isso? Além das cerimónias do Tríduo pascal em Alvaiázere, falou­se do futuro dos jovens. Na tertúlia jovem “A Cruz e a Ressurreição da geração à rasca”, eles manifestaram preocu­pação, sobretudo, com o emprego.Tiago Santos questio­na porque «são os jovens a adaptar­se» ao mercado de trabalho «e não as empresas aos jovens?». Liliana Silva defendeu que os patrões «em vez de pessoas qualifi­cadas» preferem as menos qualificadas, a quem pagam

Geração à rasca com o futurotexto e foto LUCÍLIA OLIVEIRA

Participantes na Páscoa Jovem de São Paio de Vizela, em São Bento das Peras

Acreditar é tábua de salvação

menos. Se há quem tenha de esconder as suas quali­ficações para conseguir um emprego, há outros que, es­tando desempregados, op­tam por permanecer assim. «Prefiro trabalhar e ganhar pouco», salienta Tânia Reis.

Faz lembrar a proposta da partilha de trabalho, do bispo auxiliar de Lis­boa, como uma das solu­ções para sair da crise.E em relação à Igreja? «Os jovens actuais não se revêem na Igreja de hoje», afirma peremp­tório Tiago Santos. Com idades entres os 16 e os 22 anos, assumem­se como uma «geração à rasca» em termos de

«esperança e de valores». «Se bem que esperança – diz Gonçalo Vieira – te­nho sempre». Contra o sen­timento de desmotivação, Sandra Moreira defende que «no acreditar está a nossa tábua de salvação».

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FÁTIMA MISSIONÁRIA 16 MAIO 2011

história dirá um dia por que é que a África chegou a 2011 com dezenas de países entre a meia cen-tena dos menos desen-

volvidos do mundo, num nível só com-parável ao Afeganistão, ao Bangladesh e ao Butão. A África, plena de recursos, cobiçada por norte-americanos, euro-peus e chineses, tem ainda países tão pobres como o Burkina Faso, o Burun-di, a República Democrática do Congo (RDC), a Eritreia, a Etiópia, a Guiné-Bis-sau e a Libéria. A cobiça internacional pelas suas riquezas e a colonização que se verificou, sobretudo nos últimos 15 anos do século XIX e nas primeiras seis décadas do século XX, contribuíram em muito para que a África tivesse chegado a 2011 no triste estado em que se encon-tra. São exemplos significativos conflitos como o da Líbia e a necessidade urgen-te de fronteiras a redesenhar, como vai agora acontecer no Sudão, que se divide em dois. Fala-se por vezes de uma África como nova fronteira do desenvolvimen-to, designadamente nos casos de Angola e da Guiné Equatorial. Mas esse preten-so desenvolvimento não está a passar por formas equitativas de boa governa-ção, sendo enorme o fosso entre uma minoria de ricos e uma imensa maioria a viver abaixo do limiar da pobreza.

Imagens fugazes e superficiaisDepois de cinco décadas de conflito, de morte e de tragédia, desde que muitos dos seus territórios se tornaram for-malmente independentes, a cobertu-ra regular dos problemas africanos é

África, gata borralheira da humanidadeHá 34 países africanos entre os menos desenvolvidos do mundo, o que diz bem do que se passa no mais infeliz dos continentes

texto JORge HeITOR* foto LUSA

normalmente remetida para segundo plano, em detrimento dos programas nucleares do Irão e da Coreia do Norte, do conflito israelo-árabe ou das crises financeiras europeias.Uma análise mais profunda de questões como as do Sara Ocidental, do Delta do Níger e de Cabinda é essencial, para que não nos limitemos a algumas imagens fugazes de pessoas a viver acampadas no deserto, de guerrilheiros a atacar oleo-dutos ou de crianças a morrer à fome na região dos Grandes Lagos.A África continua a ocupar uma parte muito pequena das nossas televisões e jornais; a não ser quando se tenta der-rubar o coronel Muammar Kadhafi ou se pretende colocar um novo presiden-te à frente da Costa do Marfim, mais ao

gosto do Banco Mundial e do Fundo Mo-netário Internacional. Fala-se ocasional-mente de um genocídio no Ruanda ou de uns diamantes de sangue na Serra Leoa; mas não se dá uma explicação cabal dos problemas causados pelas fronteiras ar-tificiais que os europeus implementaram há 125 anos no continente africano.

Novas reivindicações na calhaO nascimento de um estado tendencial-mente cristão no Sul do Sudão vai ser um dos passos a dar para uma África mais justa, mais de acordo com as realida-des destas últimas décadas. Mas, depois disso, vai ser necessário que a chamada comunidade internacional preste mais atenção às reivindicações autonomistas do povo cristão de Cabinda, dos desgra-

Refugiados do Sul do Sudão, o mais recente país africano, em tratamento médico

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MAIO 2011 17 FÁTIMA MISSIONÁRIA

África, gata borralheira da humanidade

A iniciativa de Tony Blair para uma boa governação no continente africano está a apresentar o Ruanda como um caso de sucesso, 17 anos depois do genocídio que o devastou e do qual tem conseguido recuperar, com o apoio do antigo primeiro--ministro britânico, entretanto convertido ao catolicismo.O crescimento económico ruandês tem sido de seis a 10 por cento em cada ano, a mortalidade infantil passou a metade na última década e estima-se que em breve

todas as crianças em idade escolar terão realmente aulas.Mais de metade da população, na sua maioria católica, ainda é muito pobre, mas há estabilidade e o firme desejo de dentro de uma geração o país poder ser considerado de rendimento médio.O objectivo de Tony Blair é fazer com que o Ruanda, com mais de 11 milhões de habitantes, venha a ser realmente um país próspero, como o deseja o presidente Paul Kagamé, que afirma respeitar o processo democrático e estar empenhado em

estimular a actividade empresarial. Kagamé e as demais instituições de Kigali, a capital ruandesa, pretendem redimir por completo o território dos ódios que há 17 anos se sentiam entre a camada populacional tutsi, minoritária, e a imensa maioria hutu, constituída sobretudo por camponeses, que vivem do amanho da terra.Os índices de governação na África já colocam o pequeno Ruanda bem à frente da Líbia, da Argélia ou da Mauritânia.JH

Os sistemas de

saúde de alguns

países africanos têm

vindo a degradar-se

devido a conflitos,

como os da Costa do

Marfim, da Somália

e do Uganda, sendo

os civis quem mais

sofre devido aos

confrontos entre

diferentes forças

políticas, clãs ou

grupos étnicos

Ruanda apresenta uma governaçãode primeira classe

çados sarauís que há 35 anos vivem em tendas e de tanta desgraça que vai pela República Centro-Africana, pelo Chade, pela República Democrática do Congo e pela Guiné-Bissau. Os sistemas de saú-de de alguns países africanos têm vindo a degradar-se devido a conflitos, como os da Costa do Marfim, da Somália e do Uganda, sendo os civis quem mais sofre devido aos confrontos entre diferentes forças políticas, clãs ou grupos étnicos.O Brasil, a Rússia, a Índia e a China au-mentam de importância no concerto das nações, desenvolvem as suas economias; mas a África, na sua generalidade, se ex-cluirmos seis ou sete casos, continua a ser a gata borralheira da humanidade, à espera de políticos melhores e de uma divisão muito mais equitativa do bolo.

Maurícias, Cabo Verde, Botswana, Gana, Namíbia, África do Sul e Seychelles são casos de excepção, num continente onde o Benim, a Gâmbia, a Mauritânia e o Ní-ger, entre uma série de outros estados, continuam na cauda do desenvolvimen-to humano, existindo ainda autocratas como o zimbabueano Robert Gabriel Mugabe, há 31 anos no poder.

Passos tímidos e insuficientesQuem for crente, deverá orar por um nascimento feliz do Sudão do Sul, por uma solução para o caos que há 20 anos é a Somália, pelo fim das atrocidades dos ugandeses do Exército de Libertação do Senhor (LRA), pelo pluralismo em An-gola e nos Camarões e pelo fim da cul-tura de impunidade na Guiné-Bissau,

onde antigos combatentes assassinam ou mandam matar os seus adversários políticos, sem que ninguém se atreva a julgá-los e a condená-los.É este o panorama de uma África onde a simples queda dos presidentes Ben Ali e Hosni Mubarak, nos últimos qua-tro meses, respectivamente na Tunísia e no Egipto, não foi de forma alguma su-ficiente para nos fazer esquecer o tanto que ainda há a fazer desde o Sara Oci-dental ao reino da Suazilândia, terra de uma escandalosa poligamia, onde Sua Majestade Mswati III continua a pro-mover anualmente concentrações de milhares de virgens, para de entre elas escolher uma nova esposa, num espec-táculo verdadeiramente degradante.*Jornalista

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FÁTIMA MISSIONÁRIA 18 MAIO 2011

Índiavai ultrapassarChina em 2030

A China continua a ser o país mais populoso do mundo, mas

falta pouco para ser ultrapassada pela Índia. Os primeiros

resultados do censos 2011 mostram que os indianos são já 1.210

milhões, ou seja mais que a soma das populações dos cinco

países seguintes da lista global, Estados Unidos, Indonésia,

Brasil, Paquistão e Bangladesh. Com o actual dinamismo

económico, as gigantescas massas humanas indianas já não

estão condenadas à miséria, mas falta ainda muito esforço

para que a prosperidade se reparta com algum equilíbrio pela

sociedade. A grande batalha agora é combater a corrupção,

melhorar a eficácia dos serviços públicos e apostar forte na

educação de uma população onde os jovens são a maioria

texto LEONÍDIO PAULO FERREIRA* fotos LUSA

China

Índia

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MAIO 2011 19 FÁTIMA MISSIONÁRIA

o fim de cinco dias de greve de fome, Anna Ha-zare suspendeu em meados de Abril o protesto contra a cor-rupção. Milhões

de indianos solidarizaram-se com este activista social de 73 anos e até estrelas de Bollywood, a indústria de cinema do país, declararam o seu apoio. Desta vez Hazare contestava a decisão dos mi-

nistros do estado do Marahastra (onde fica Bombaim) de remodelarem os seus gabinetes de forma luxuosa, apesar de faltar dinheiro para muitas das políticas públicas de promoção dos mais pobres. O problema parece pequeno, sobretudo comparado com escândalos como o da atribuição das licenças de telecomunica-ções, mas mostra bem a raiva dos india-nos contra todos aqueles que usam os seus cargos para tirar benefício próprio. É que o país pode orgulhar-se de ser uma democracia desde a independência

em 1947, quando terminou a coloniza-ção britânica, mas em termos de trans-parência surge muito mal colocada nas listas internacionais: é o 87º dos menos corruptos, a par da Jamaica, Albânia e Libéria. A China surge um pouco melhor colocada, em 78º, e é fraca consolação para os indianos que o irmão-inimigo Paquistão fique num terrível 147º.

A par das elevadas despesas mili-tares, devido ao velho contencioso com o Paquistão, e da persistência do discri-minatório sistema de castas, a corrup-ção é apontada como um dos grandes entraves ao progresso da Índia. É certo que uma população de 1.210 milhões de habitantes, número certificado pelo censos deste ano, traz desafios imensos, mas desde 1991 quando liberalizou a sua economia (o actual primeiro-minis-tro Manmohan Singh era então titular das Finanças) o país tem tido óptimos resultados económicos. No ano passado a economia cresceu 8,6 por cento, este ano deverá andar perto disso, valores só suplantados mesmo pela China. Contu-do, se a prosperidade é visível nas gran-des cidades, com novos prédios a surgir, o parque automóvel a modernizar-se e os cartazes publicitários a prometerem todo um mundo de abundância, já nas periferias urbanas e nos campos a po-breza teima em ser a regra. A esperança média de vida continua a ser de somen-te 64 anos para os homens e de 67 para as mulheres, muito abaixo dos valores da China e mais ainda dos vividos na Europa e América do Norte.

A comparação com a China faz todo o sentido, a começar pela questão demográfica. Se os chineses são hoje 1.331 milhões, a sua natalidade é tão baixa que em 2.030 serão suplantados em número pelos indianos. E providen-ciar qualidade de vida a massas huma-nas tão gigantescas é tarefa que mais nenhum país imagina sequer. O poten-cial de ambos os países é enorme, basta pensar que até ao século XIX cada um deles valia um terço da riqueza mun-dial, e é curioso assistir à competição entre a democracia indiana, chave para a governação de um país fragmentado linguística e religiosamente (80 por cento de hindus, 10 por cento de mu-

População da Índia atinge 1,2 bilhões (censos de 2011) e, em breve, superará a China

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FÁTIMA MISSIONÁRIA 20 MAIO 2011

Realizados desde 1872, nos tempos da colonização britâ-nica, os censos indianos têm lugar de dez em dez anos. Com uma população que já ultrapassou os 1.200 milhões, esta tarefa gigantesca voltou este ano a mobilizar o país. Todos os indianos com mais de 15 anos estão a ser foto-grafados e as suas impressões digitais a serem recolhidas. Estes dados biométricos serão depois, no fim de um longo e laborioso processo, com-pilados e usados para emitir bilhetes de identidade. Lança-

dos há exactamente um ano, os censos tentam chegar às aldeias mais isoladas e até às populações menos letradas, muitas das quais incapazes de preencherem sozinhas os dados que lhes são pedidos. Os sem-abrigo são outro pro-blema para os recenseadores, uma vez que, não tendo mo-rada fixa, não há forma de os contactar. Empenhado no su-cesso da sua tarefa, o governo indiano decidiu mostrar que o exemplo parte de cima, com a presidente Pratibha Patil a ser a primeira recenseada. “Todos

devem participar, para bem da nação”, afirmou a chefe do Estado, citada pela BBC. Tare-fa titânica, os censos indianos envolvem mais de 2,5 milhões de recenseadores encarre-gados de visitarem todas as casas de mais de sete mil cida-des e 600 mil aldeias. A reco-lha dos dados – entre os quais sexo, idade, religião, educação e profissão – custa ao Esta-do indiano mais de 60 mil milhões de rupias (cerca de 900 milhões de euros) e con-some 11 milhões de toneladas de papel. Este ano, pela pri-

meira vez os censos incluem perguntas sobre o uso da In-ternet ou se têm casa-de-ba-nho em casa. “O segredo está em fazer as coisas bem logo à primeira. Uma recontagem é impensável”, explicou aos jornalistas C. Chandramouli. O responsável pelos censos 2011 acrescentou ainda que “Nunca nada – inundações, secas ou guerras – impediu os censos indianos”. E os re-censeadores, na sua maioria professores e funcionários pú-blicos locais, estão decididos a manter a tradição.

çulmanos, e ainda sikhs, cristãos, bu-distas, etc), e a ditadura chinesa, que tutela uma população 90 por cento de etnia han apesar das muitas minorias. Para já, nesta corrida muito particular a dois, a China está a levar a melhor, até porque desde Deng Xiaoping tornou-se honrado lá enriquecer, algo ainda mal-visto na mui austera Índia.

Vistos ao pormenor, os dados dos censos mostram, porém, que no fu-turo as posições podem inverter-se. O

sistema democrático traz mais simpa-tias e o legado do inglês, mesmo que con-finado às elites, traz vantagens na eco-nomia global. Mas o ponto mais forte da Índia é a maior juventude da sua popu-

Como contar tanta gente

lação que, se for formada com qualida-de, pode dar um dinamismo tremendo ao país. O diário americano ‘Wall Street Journal’ contava um caso paradigmático das expectativas que as famílias indianas colocam na educação como motor de ascensão social. D. H. Shivanand, de 25 anos, filho de agricultores de uma aldeia da região de Bangalore, viu os pais pe-direm dinheiro emprestado para pagar o seu curso de administração. Tentou depois ser contratado pela IBM e pela Tata, mas falhou porque o nervosismo fê-lo não responder a perguntas para as quais sabia a resposta. Agora a famí-lia fez novo empréstimo para lhe pagar aulas de auto-confiança, melhorando o seu inglês e as técnicas de lidar com uma entrevista de trabalho. No fim, todos es-peram ver o dinheiro ser pago e recu-perado com lucro, quando Shivanand arranjar um emprego bem remunerado junto de uma grande empresa.

Ora, esta aposta na educação tem de chegar ao maior número de jovens possível, mesmo aqueles cujos pais não possuem condições de financiar os seus estudos. Para desenvolver uma nação com mais de mil milhões, nenhum capi-tal humano pode ser desperdiçado.

*jornalista do DN

Para desenvolver uma nação com mais de mil milhões, nenhum capital humano pode ser desperdiçado

Índia: independentemente do sexo e categoria social, todos têm acesso à educação

China

Índia

Page 21: João Paulo II

MAIO 2011 21 FÁTIMA MISSIONÁRIA

Dois dos dez homens mais ricos do mundo são indianos e o número de milionários em dólares ultrapassa já os 125 mil mas as grandes marcas de luxo sentem dificul-dades em afirmar-se. As culpas parecem ser do Mahatma Gandhi, figu-ra destacada da luta pela independência em 1947 e promotor de um estilo de vida austero, quase de monge. Enquanto na China o luxo se vende com facilidade, na Índia as marcas hesitam em apostar. Um bom exem-plo é a francesa Louis Vuitton, célebre pelas suas malas, que para as 35 lojas chinesas apre-senta apenas três india-nas. E se a publicidade

tem feito milagres pelas vendas das marcas es-trangeiras, a verdade é que mesmo aí existem riscos relacionados com a matriz indiana, um país onde os líderes po-líticos ainda usam um modesto traje de algodão e têm como carro oficial o robusto Ambassador, um modelo que deixou de se fabricar no resto do mundo há meio século. O arrojo das marcas de luxo chegou mesmo a causar polémica, como quando a alemã Mont-Blanc decidiu em 2009 vender uma caneta de 17.500 euros com a efígie de Gandhi. Ou quando uma campanha espalhou fotografias pelo país de camponeses desdentados

a sorrir, enquanto mos-travam as suas roupas de marca. No final de Março, uma conferência em Bombaim sobre o luxo apresentou algumas justificações económicas para o lento progresso do sector: os impostos elevados e a facilidade de muitos ricos indianos irem fazer as suas com-pras ao Dubai. E ainda a tradição de comprar peças em ouro artesanal e não artigos de design. Mas o correspondente do jornal francês ‘Le Mon-de’ em Nova Deli, Julien Bouissou, defende a ideia de que, apesar do actual culto da riqueza, “a Índia continua mais próxima do espírito de Gandhi do que dos marajás”.

Ética de Gandhicontra o luxo

China, com 10,3 por cento, Índia, com 8,6 por cento, e Brasil, com 7,5 por cento, foram as grandes economias que mais cresceram em 2010. E são os países que pela sua demografia e terri-tório mais podem ameaçar a liderança dos Estados Unidos, que dura há um século. Mesmo o outro BRIC (acrónimo de Brasil, Rússia, Índia e China) dificil-mente entrará nesse campeonato, dado o seu problema de envelhecimento po-pulacional e mesmo a diminuição do número de habitantes. Mas chineses, indianos e brasileiros registam diferen-tes níveis de competitividade, com a Ín-dia a ser o gigante com mais potencial de crescimento: a sua população jovem é em grande número e a esmagadora maioria ainda falha a formação acadé-mica, pelo que o número de universida-des de prestígio só pode aumentar. Ou seja, usando como analogia animais muito queridos a cada uma dessas po-tências, o elefante indiano têm ainda muito caminho para andar, ao dragão chinês resta provar que o fogo ainda se pode manter pujante mais algum tempo, enquanto o tucano brasileiro tudo fará para continuar a mostrar graciosidade no seu voo para o desenvolvimento.

O elefante,o dragãoe o tucano

ÍNDIA CHINA BRASILPOPULAÇÃO: 1210 milhões 1331 milhões 194 milhões% DE 15-24 ANOS:

19,3%

16,9% 17,3%% DE UNIVERSITÁRIOS NA SUA CLASSE ETÁRIA: 13% 22% 30%UNIVERSIDADES NAS500 MELHORES MUNDIAIS:

2 22 6

Ramjan Hussain desenha o retrato de Gandhi no 60º aniversário da sua morte

Mercado de peixe em Hainan, China

Page 22: João Paulo II

FÁTIMA MISSIONÁRIA 22 MAIO 2011

Olá pequenos missionários! O mês de Maio é o mês de Maria, o mês das mães. Cada mãe pelo mundo fora tem uma maneira diferente de educar os seus filhos. No entanto, o amor que sentem é sempre imenso e nada deve separar as crianças desse amor. Por isso, vamos revelar como são as mães de alguns países de missão da Consolata, para reflectirmos neste mês sobre o sexto princípio da Declaração dos Direitos da Criança.

6º Princípio:Para o desenvolvimento

completo e harmonioso

da sua personalidade, a

criança precisa de amor e

compreensão. Criar-se-à,

sempre que possível,

aos cuidados e sob a

responsabilidade dos pais

e, em qualquer hipótese,

num ambiente de afecto e de

segurança moral e material,

salvo circunstâncias

excepcionais, a criança

da tenra idade não será

apartada da mãe.

À sociedade e às autoridades

públicas caberá a obrigação

de propiciar cuidados

especiais às crianças

sem família e aquelas

que carecem de meios

adequados de subsistência.

É desejável a prestação

de ajuda oficial e de outra

natureza em prol da

manutenção dos filhos

de famílias numerosas.

Mãe portuguesa:Afectuosa e simples por natureza,

a mãe portuguesa encara com responsabilidade o casamento

e a educação dos filhos, fazendo sacríficios para que estes cresçam

com saúde e bem-estar. Suporta as dificuldades com persistência e vai à

luta nos momentos mais dificeis.

Mãe italiana:Ninguém pode acusar a mãe italiana de falta de zelo, cuidam dos seus filhos com amor e são super protectoras. A família é muito importante para ela. Resmungam muito e em voz alta mas amam com uma intensidade devota.

texto ÂNGELA E RUI ilustrações RICARDO NETO

Mães de todo o mundo

Page 23: João Paulo II

MAIO 2011 23 FÁTIMA MISSIONÁRIA

A M I G O

Soluções do número anterior

O meu momentode oraçãoQuerido Jesus:

Que bom é ter

uma mãe que cuida

de nós desde bebés.

Deus é amor

e ninguém melhor

que a mãe,

nos ensina

o caminho para Ti,

o amor que Tu falas

nos Evangelhos

e que faz andar

o mundo. Por isso

devemos trabalhar

para que não

falte o amor a

todas as crianças,

principalmente

as que não têm família.

Querida Mãe de Jesus!

Protege as mães

do mundo inteiro.

Protege as famílias

e, com a Tua força

e o Teu amor,

ensina-lhes

a serem unidas

e a educarem bem

as crianças.

Feliz dia da mãe

para ti também,

pois Tu és a chefe

das mães.

Mãe moçambicana:Para as moçambicanas, bem como para as africanas em geral, a maternidade ocupa um lugar de honra e as mães são poderosas, pois são dadoras da vida. Seguem os seus instintos, não dispondo de carrinhos de bebé ou intercomunicadores. As crianças andam ao colo, enroladas com um pano e exploram o mundo desde tenra idade. São bebés felizes, pois têm colo a tempo inteiro!

Mãe corenana:Muito cumpridora, trata dos filhos com brio, dando-lhes o espaço que precisam

para crescer. São muito pacientes e adoram as novas tecnologias para ajudar

a cuidar dos filhos! Tudo o que for brinquedo electrónico para entreter as

crianças vende-se bem na Coreia do Sul!

Mãe colombiana: A maioria das mães colombianas estão em casa, onde tratam das tarefas domésticas e dos filhos com total dedicação. São católicas muito devotas e levam a sério educar os filhos com o exemplo de Jesus Cristo e do que Ele nos pede para fazer.

Page 24: João Paulo II

FÁTIMA MISSIONÁRIA 24 MAIO 2011

rapaz foi viver para o campo três dias, para casa de uma família pobre. De volta a casa, o pai quis saber como tinha decorrido a experiência. – Muito bem! – respondeu o filho, com o olhar perdido no horizonte distante.– Que aprendeste? – insistiu o pai.E o filho contou a seguinte história:

– Nós temos um cão e eles têm quatro. Temos uma pis-cina com água tratada e aque-cida; eles têm um rio sem fim de águas cristalinas, cheio de peixes e outras belezas. Nós importamos lustres do Orien-te para iluminar o nosso jar-dim; eles têm as estrelas e a lua para os iluminar. O nos-so quintal vai até ao muro; o deles chega até ao horizonte. Compramos a nossa comida e aquecemo-la no microon-das; eles cozinham no fogão a lenha. Ouvimos cdês, mp3; eles ouvem a sinfonia dos pássaros, sapos, grilos, por vezes, acompanhada pelo canto sonoro de um vizinho a trabalhar a terra. Para nos protegermos, construímos um muro alto, cheio de alar-mes; eles vivem com portas

abertas, protegidos pela ami-zade dos vizinhos. Vivemos conectados ao telemóvel, ao computador, neuroticamen-te actualizados; eles estão “conectados” à vida, ao céu, ao sol, à água, ao campo, aos animais e à família.O pai estava boquiaberto a ouvir o filho e impressionado com o modo como ele falava da riqueza dos pobres. E o fi-lho terminou, dizendo:– Muito obrigado, pai, por me teres ensinado o quanto somos pobres!

Riqueza dos pobresNa linguagem bíblica, pobre é aquele que não alimen-ta uma falsa segurança nos bens materiais, isto é, não deseja controlar o futuro e o relacionamento com os

Pobrezaque enriquece

riquezaque empobrecetexto JOãO BApTISTA foto LUSA

Um pai muito rico possuía uma situação financeira abastada e decidiu dar uma lição ao filho. Pensou em mandá-lo, por uns dias, para casa de uma família de camponeses muito pobres. E se o pensou, bem depressa o decidiu e actuou

outros através dos benefí-cios próprios. Os pobres de espírito, no discurso das bem-aventuranças, em São Mateus, são aqueles que se deixam interpelar pelas pa-lavras do Mestre e, na hu-mildade, buscam somente a Deus, como sumo Bem.Esta pobreza impede-nos de fechar os olhos para não ver a miséria e a pobreza que mata milhões de pessoas no mun-do. Basta olhar ao nosso re-dor, onde vivemos, para per-cebermos mais nitidamente quem são esses excluídos da nossa sociedade. Existe uma pobreza real, material, cruel e desumana, fruto da ganân-cia e da incapacidade huma-na de partilhar. Os espaços públicos estão cheios dos sem-abrigo, sem trabalho e

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MAIO 2011 25 FÁTIMA MISSIONÁRIA

sem vida digna. Muitos en-tram no mundo da prostitui-ção e das drogas, com a ilu-são de poder sair da pobreza extrema. Sujeitam-se a tra-balhos duros e pesados para conseguir sobreviver. Basta lançar um olhar mais atento aos noticiários da televisão, para percebermos a grande desigualdade que existe no mundo de hoje.

Vergonha dos númerosO relatório das Nações Uni-das para o Comércio e o De-senvolvimento (UNCTAD) avisa que o número de po-bres não pára de crescer. Já ultrapassa os 307 milhões no mundo. Nos últimos anos, duplicou o número de pes-soas dos países menos desen-volvidos que vivem com me-

nos de um dólar por dia. As pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza, nos países menos desenvolvidos, pode-rão chegar aos 420 milhões.Principalmente em África, grande parte da população vive com um consumo diá-rio de apenas 57 cêntimos de dólar, ao passo que um cidadão suíço gasta, em mé-dia, 62 dólares por dia. Em 40 anos, a população africa-na que vive com menos de um dólar por dia passou de 56 para 65 por cento. A po-breza está a aumentar, em vez de diminuir.

Igreja com os pobres Se a Igreja pretende ser fiel ao Deus de Jesus Cristo, deve olhar para os pobres deste mundo, para as classes

exploradas, raças despreza-das, e culturas marginali-zadas, lembra Gustavo Gu-tiérrez, considerado como um dos fundadores daTeologia da Libertação. No seu livro «A força histórica dos pobres», o sacerdote peruano escreve: O cristão “deve descer ao inferno des-te mundo e colocar-se em comunhão com a miséria, a injustiça, as lutas e esperan-ças dos condenados desta terra, porque deles é o reino dos céus”.Perante a pobreza, fruto de uma grande desigualdade social existente na América Latina, Gustavo Gutiérrez pretende que a Igreja tome consciência de ser a voz dos pobres na luta pela dignida-de. Que saiba alimentar a fé

do povo, numa perspectiva de ajudá-lo a descobrir, que a desigualdade é inaceitável para quem se diz cristão.

Vida digna para todosO projecto de Deus é que cada pessoa viva e viva com digni-dade. Para quem acredita, o Evangelho traz uma propos-ta que liberta, que salva, que eleva o ser humano e o trans-forma numa pessoa nova. O cristão deve tomar consciên-cia que o próprio Jesus se re-vela como libertador.A riqueza dos pobres, não está apenas na humildade, na simplicidade e na parti-lha. Seria reduzir e banali-zar a pobreza. Está no reco-nhecimento que só Deus é a fonte de toda riqueza e de toda a felicidade.

O projecto

de Deus

é que

cada

pessoa

viva

e viva

com

dignidade

Page 26: João Paulo II

FÁTIMA MISSIONÁRIA 26 MAIO 2011

unta-se ao apelo à cora-gem de todos os que se sentem chamados para que aceitem o chama-mento ao sacerdócio ouà vida consagrada. A ce-lebrar em 15 de Maio, tem como tema: «Pro-

por as vocações na Igreja local».A capacidade de cultivar as vocações é sinal característico da vitalidade das nos-sas comunidades. Vitalidade que advém da vivência cristã dos seus grupos e fa-mílias. Diz o Santo Padre: “É importante encorajar e apoiar aqueles que mostram claros sinais de vocação à vida sacerdo-tal e à consagração religiosa, de modo que sintam o entusiasmo da comunida-de inteira quando dizem o seu «sim» a Deus e à Igreja”.A Igreja local deve tornar-se sensível e atenta à pastoral vocacional, educando a nível familiar, paroquial e associativo, sobretudo os adolescentes e os jovens, para que, na amizade genuína com o Senhor, cultivada na oração pessoal e litúrgica e na escuta atenta e frutuosa da Palavra de Deus, compreendam que entrar ao Seu serviço não aniquila nem destrói a pessoa. Pelo contrário, permite descobrir e seguir a verdade mais pro-funda de si mesmos e viver a gratuidade e a fraternidade nas relações com os ou-tros, como fonte de verdadeira alegria e plena realização das próprias aspirações. Por vezes, falta-nos a coragem de propor aos jovens e menos jovens este caminho do seguimento de Cristo. Exigente, sim! Mas rico de sen-tido e capaz de envolver toda a vida.A diminuição sobretudo do número de

Deus não está em crise

texto DARCI VILARINHO foto ANA PAULA

Nunca poderá faltar a constante educação na fé das crianças e dos adultos para manter vivo nos fiéis um sentido activode responsabilidade missionária

saram de 421 mil para 406 mil. Onde es-tarão as causas de tão drástica redução?Há quem, superficialmente, aponte a disciplina do celibato como a principal causa da falta de vocações sacerdotais. Creio, francamente, que há outras ra-zões mais fundas: a dificuldade em aceitar compromissos para toda a vida; a falta de vitalidade das comunidades cristãs; a atmosfera relativista e permis-siva da nossa sociedade; a falta de fervor cristão; a dificuldade de evangelizar um mundo em profunda mudança; a falta de modelos fortes de padres visíveis na sociedade de hoje, a situação desastrosa em que se encontram tantas das nossas famílias e outras.Para desempenhar a sua missão no mundo, a Igreja terá de procurar novas maneiras de evangelizar e de assistir as suas comunidades, mas nunca poderá faltar a constante educação na fé das crianças e dos adultos para manter vivo nos fiéis um sentido activo de responsa-bilidade missionária. O dom da fé cha-ma todos os cristãos a cooperarem na evangelização. As crises, que a todos os níveis estamos a viver, podem ser geradoras de novas oportunidades. Deus não está em crise. Que, por vezes, nós cristãos percamos

o ânimo ou que não saibamos dialogar com o homem de hoje, não significa que Deus não en-contre caminhos para falar ao cora-ção dos seus filhos que Ele não deixa de amar com um amor infinito. Os

seus caminhos não são necessariamen-te os nossos caminhos. Ele tem os seus desígnios. E os seus caminhos são sem-pre de esperança e de confiança.

No IV Domingo da Páscoa, dia do Bom Pastor, temos um pedido do Santo Padre:rezar intensamente pelo ressurgir de novas vocações

sacerdotes é uma das grandes preocupa-ções da Igreja Católica. Para uma popu-lação de sete mil milhões de pessoas, no último quarto de século, os padres pas-

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MAIO 2011 27 FÁTIMA MISSIONÁRIA

A palavra faz-se missãoEM MAIO

2º Domingo da Páscoa | Act 2, 42-47; 1 Pedro 1, 3-9: Jo 20. 19-31Frutos da Páscoa“Os irmãos eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão

fraterna, à fracção do pão e às orações. Todos os que haviam abraçado a fé viviam unidos e tinham tudo em comum”. Que fruto maravilhoso da Páscoa e que modelo de comunidade! É um estilo de vida que pode revolucionar o mundo. Onde estão as comunidades que vivem esta Palavra? Porque será que nos afastámos deste estilo de vida? Ensina-nos, Senhor, a comunhão fraterna de vida, de oração, de ideais e de bens.

3º Domingo da Páscoa | Act 2, 14-33; 1Ped 1, 17-21; Lc 24, 13-35“Reconheceram-no ao partir do pão”A cena de Emaús é uma obra-prima de catequese litúrgica e

missionária. É o itinerário de dois discípulos que deixam Jerusalém na desilusão, para aí regressarem depois, na alegria e confiança, porque encontraram Jesus na Escritura e no partir do pão. Emaús é a certeza de que, quando escutamos a Escritura na Liturgia da Palavra e participamos do pão eucarístico, é verdadeiramente Cristo que entra na nossa vida para trilhar os nossos caminhos e infundir em nós a fé e a esperança.Abre, Senhor, os nossos ouvidos e os nossos olhos, para ouvirmos em cada domingo a tua palavra e reconhecermos a tua presença de Ressuscitado.

4º Domingo da Páscoa | Act 2, 14-41; 1Ped 2, 20-25; Jo 10, 1-10O meu projecto de vidaQue bom podermos ouvir a voz do Bom Pastor, sermos chamados pelo

nosso nome, experimentarmos a sua predilecção. Hoje é dia mundial de oração pelas vocações. Vocação é entender que projecto de vida tem Deus para mim, qual o meu lugar no grande mosaico da humanidade e na Igreja. Como cristãos, somos parte essencial de um grande sonho de amor, e é maravilhoso descobri-lo e realizá-lo. Dá-nos, Senhor, pastores e missionários à tua imagem: que dediquem a sua vida ao anúncio do Evangelho.

5º Domingo da Páscoa | Act 6, 1-7; 1Ped 2, 4-9; Jo 14, 1-12A nossa eterna moradaNa casa do Pai há muitas moradas. É aí o nosso lugar, a meta final da

nossa vida. O céu é a nossa casa que, já aqui, vamos construindo. Não podemos cruzar os braços. Cada dia é precioso para colocar uma pedrinha no edifício da nossa vida. E é uma vocação excelente ajudar os outros a construir a sua morada.Mostra-nos, Senhor, o teu caminho, para chegarmos lá onde Tu nos esperas.

6º Domingo da Páscoa | Act 8, 5-17; 1Pe 3, 15-18; Jo 14, 15-21O continuador da missão de JesusO Espírito Santo foi-nos prometido por Jesus como nosso advogado

e consolador nas provas da vida. É a força e a audácia na difusão da Palavra de Cristo ressuscitado. É o continuador da sua missão. É o nosso divino companheiro de missão. É a fidelidade de Deus junto dos homens. É a garantia de que as palavras de Jesus não serão esquecidas, porque no-las recorda constantemente para que as vivamos e anunciemos com coragem e criatividade.Dá-nos, Senhor, o teu Espírito. Manifesta-te ao mundo, que ainda não Te conhece.

Mais uma vez o Santo Padre se volta para a China e, concretamente, para os católicos daquele país, para que se mantenham firmes na fé e dêem um testemunho válido de fidelidade ao Evangelho. É fácil dizer isto aos católicos de lá, mas é muito difícil que no meio de uma multidão tão grande de pessoas os efeitos se possam ver a curto prazo.Por isso, está subentendido que o apelo do Papa não se dirige apenas aos católicos da China, mas pretende atingir também os católicos do mundo inteiro. E mais, o apelo dirige-se também e, antes de tudo ao Céu, uma vez que as forças puramente humanas depressa encontram os seus limites.A experiência mostra-nos que os tratados entre a China e o Vaticano têm ido pouco além daquilo que se chama diplomacia e boa vizinhança. Isto para dizer que os esforços humanos sem a inspiração do alto, levarão muitos anos até que se chegue a uma total liberdade religiosa, onde cada qual possa chamar as coisas pelo seu próprio nome e os cristãos não precisem de dizer, como no tempo de São Paulo, “eu sou de Apolo, eu sou de Pedro” ou de qualquer outro carismático que apareça. Concretamente: Eu sou da Igreja de Roma ou eu sou da Igreja Nacional. Tudo o que vai além disto é pura ficção. É inegável que bastantes passos se têm dado no bom sentido mas daí a dizer-se que foram atingidas metas definitivas ainda irá uma longa jornada. Por isso o Papa insiste: Rezem! Rezem! Para que os católicos da China permaneçam firmes na sua fé.MC

Para que Deus permita à Igrejada China que persevere na fidelidade ao Evangelhoe se fortaleçana unidade

Firmeza na fé

DV

Page 28: João Paulo II

O Peixe-MeninoUm livro bonito com 12 histórias próprias para os mais novos, mas que os maiores também gostarão de ler. Tem ilustrações em todas as páginas e uma encadernação com papel de primeira qualidade.Autor: João Ferreira

70 páginas | preço: 7,50€ | Editorial Aparf

São Paulo dois mil anos depoisA gente lê este livro e, ao terminar a

leitura, somos obrigados a exclamar: “Quem sabe sabe!”. De facto, para

escrever um texto destes com a devida profundidade e, ao mesmo tempo,

encandeado com outros textos bíblicos, é preciso conhecer a história e sabê-la

contar. O padre Carreira das Neves possui estas duas qualidades e apresenta-nos aqui um

livro que satisfaz a curiosidade dos mais exigentes, sem deixar de ser acessível a outros.

Autor: Padre Carreira das Neves | 270 páginaspreço: 16,50€ | Editorial Presença

As bem-aventuranças hojeHoje, do que mais se fala é de

«mal-aventuranças». Mas Cristo «inventou» uma outra maneira de ser feliz e proclamou-a no alto

de um monte para que todos a ouvissem. Chamou-lhe Sermão da Montanha. Este livro explica

tudo em oito capítulos, todos eles com o mesmo esquema: o texto, a reflexão, a oração

e o compromisso. Termina com uma historiazinhapara nos alegrar o coração.

Autor: Pedrosa Ferreira 136 páginas | preço: 8,40€ | Edições Salesianas

As histórias de Henriqueta “Este livro da

Henriqueta está cheio de aventuras e outras

ideias divertidas. É próprio para

crianças pequenas e para todos os que

têm uma grande imaginação”. É com

estas palavras que os responsáveis pela

edição apresentam este livro cheio de

bonecos a condizer com frases cómicas e divertidas, com as quais a Henriqueta vai contando a sua

vida e descrevendo as coisas de que mais gosta. Tem tudo o

que é preciso para gáudio das crianças e

(por que não?) dos adultos.

Autora: Martine Murray

104 páginaspreço: 7,50€

Editorial Presença

Ouvir, dizer e escreverActividades com

sons: NH/LHLivro destinado

às crianças do primeiro ciclo

do ensino básico e para os seus

respectivos educadores, terapeutas da fala e outros. O livro trata dois sons

característicos da língua portuguesa que são o NH e o LH (nhê e lhê)

que se tornam difíceis, sobretudo, para os estrangeiros que estudam

a nossa língua.Autoras: Joana Rombert, Leonor

Fontes e Mafalda Caeiro32 páginas | preço: 7,75€

Papa-Letras Editora

Educar para o optimismoNão admira que já vá na 19ª edição, pois é o produto de duas doutoras e um doutor,

todos os três mestres nestas matérias da educação para o optimismo. Os próprios

autores explicam que este livro se destina a todos os que desejam saltar fora de uma

actual insatisfação para voos mais altos, mais plenos e mais nobres. Em suma, saltar

do pessimismo para o optimismo. Está subentendido que não é de um dia para o outro

que se muda o carácter e o feitio de uma pessoa: mas a educação e o apelo constante

ao optimismo podem desbloquear muitas engrenagens que se encontram enferrujadas

ou nunca estiveram limpas. Fácil leitura, com certas curiosidades hilariantes.

Autores: Helena Águeda Marujo, Luís Miguel Neto e Maria de Fátima Perloiro148 páginas | preço: 10,07€ | Editorial Presença

O que é a Páscoa?Meninos e

meninas, isto é para vocês

que andam na catequese, mas, se

calhar ainda não sabem o que é a

Páscoa e sobretudo porque é que ela muda todos os anos a data levando consigo as férias ora mais para diante, ora

mais para trás. Este livro explica isso quase tudo. Com alguma

literatura e muitos desenhos bem bonitos, feitos pela Patrícia Furtado.

O autor já todos o conhecem.Autor: José Luís Borga | 42 páginas

preço: 12,50€ | Oficina do Livro

FÁTIMA MISSIONÁRIA 28 MAIO 2011

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MAIO 2011 29 FÁTIMA MISSIONÁRIA

O caminho do amorEste livro é o fruto de várias meditações surgidas em contexto de retiro. As meditações seguem todas o mesmo esquema a partir da Bíblia. O livro adapta-se bem para quem desejar fazer um retiro pessoal sem intervenção de qualquer pregador.Autor: Agostinho Tavares168 páginaspreço: 10,50€Editorial A.O.

Mais mulher que homem“A mulher é tendencialmente mais humana (que o homem) mas também mais organizada, mais metódica, sobretudo mais exigente. Tendo a mulher um papel cada vez mais activo a todos os níveis - político, económico, social e cultural, é normal que a sociedade fique mais à nossa imagem e semelhança”.Anabela Bento GasparNotícias da Caranguejeira | Março 2011

Herança da Igreja“A Igreja é a herdeira de Cristo. É Cristo continuado, Cristo incarnado, Cristo social. Por isso, como aconteceu com Jesus, também ela tem que olhar o homem todo, salvar o homem todo, não esquecendo nenhuma das suas dimensões”.Manuel MartinsAgência Ecclesia | 22 Março 2011

Vergonha de comer“Não, isto não pode durar mais. Tenho vergonha de comer com apetite, tenho vergonha de dormir sem pesadelos, enquanto milhões de seres humanos agonizam e apodrecem na mais imunda das misérias, na mais atroz das solidões”.Raoul FollereauDo livro «Um mundo sem lepra»

Deus é maior“Acreditamos que a Páscoa é possível, que a humanidade pode renascer, que o mal e a morte não são a última palavra, que se a humanidade tem poder no mal, Deus é omnipotente no bem”.José Carlos NunesFamília Cristã | Abril 2011

Pluralidade“Talvez a maior dificuldade com que nos deparamos agora não seja a economia, mas a incapacidade de nos entendermos. Nenhuma solução será possível para

o nosso futuro, venha de fora ou de dentro, se não formos capazes de nos respeitarmos na nossa pluralidade”.José Dias da Silva Correio de Coimbra | 7 Abril 2011

Partilhar sorrisos“Quantas e quantas vezes somos interrompidos nos nossos afazeres, nas nossas correrias e ficamos revoltados por tal interrupção sem pensarmos que, talvez, o «outro» também precise um pouco do nosso sorriso, do nosso carinho”.Sandra FigueiredoO Amigo dos Leprosos | Março/Abril 2011

Vida para a missão“A reestruturação da vida consagrada para a missão na Igreja e no mundo não significa a sua incompatibilidade com os momentos históricos já vividos. É viável uma reestruturação compatível com todos os elementos fundamentais e essenciais do projecto, ou desta forma de viver o Evangelho, segundo Jesus Cristo”.A. Gomes DiasVida Consagrada | Março 2011

Só palavras“A pessoa comum é hoje confrontada, quase em cada minuto, com uma multiplicidade de palavras e de termos que sintetizam a realidade que, intensa e profundamente nos abrange, e interfere com a vida de todos nós”.Mira FerreiraA Defesa | 6 Abril 2011

Beato João Paulo II“Com a celebração da beatificação de João Paulo II, no próximo dia 1 de Maio, existirão muitas ocasiões para recordar aspectos da santidade do Papa polaco, a sua sabedoria e a profundidade e espiritualidade que percorreu toda a sua vida”.Paulo RochaValentes | Abril 2011

Atentos ao que se passa“Devemos estar atentos ao que acontece na nossa diocese e na nossa paróquia

e viver de modo activo e entusiasmado a palavra de Deus. Dessa forma, vamos

contagiar o próximo e estaremos mais perto de manter valores como a paz,

o amor e a igualdade no topo das nossas prioridades”.

Rita Costa | Acção Missionária | Abril 2011

Beato João Paulo IIEm subtítulo «Mensageiro da paz e da esperança». Livrinho de bolso que resume em quatro dezenas de títulos o melhor deste Papa. Cada página de texto é acompanhada por uma fotografia que ilustra o tema a que se refere. Para ler e saborear.Organização: Darlei Zanom104 páginas | preço: 6,00€Paulus Editora

Page 30: João Paulo II

FÁTIMA MISSIONÁRIA 30 MAIO 2011

8 Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA | Telefone 249 539 430 | [email protected] 8 Rua D.a Maria Faria, 138 Apartado 2009 | 4429-909 Águas Santas MAI | Telefone 229 732 047 | [email protected] 8 Quinta do Castelo | 2735-206 CACÉM Telefone 214 260 279 | [email protected] 8 Rua Cap. Santiago de Carvalho, 9 | 1800-048 LISBOA | Telefone 218 512 356 | [email protected] Rua da Marginal, 138 | 4700-713 PALMEIRA BRG | Telefone 253 691 307 | [email protected]

Donativos de apoio aoCentro de Acolhimento

Gurué, Moçambique

Solidariedadevários projectos

Gurué

tijolo 1 euro

porta 25 euros

Acolhimento a doentes e acompanhantesParóquia do Gurué, MoçambiqueImagine-se doente, a dormir ao relento, ou ter um filho hospitalizadoe não poder estar perto dele. Isso acontece na diocese de Gurué,que tem dois milhões de habitantes e apenas um hospital.O bispo da diocese, Francisco Lerma, missionário da Consolata,pretende construir um centro de acolhimento paradoentes e acompanhantes.

pregos 5 euros

sacos de cimento15 euros

telhas 10 euros

Projecto 2011

viga de madeira20 euros

Bolsas de estudo José Silva – 30,00€; Maria Pure-za Cruz – 250,00€; Conceição Policarpo – 60,00€; Noémia Canavarro – 35,00€; Arman-do Braga – 25,00€; José Fon-seca – 250,00€. Crianças de djiButi Manuel Alves – 18,00€. Crianças de sanza Tanzânia Lurdes An-jos – 13,00€. Bairro deep sea – nairoBi – Quénia

Ausenda Carvalho – 20,00€; Manuela Perei-ra – 25,00€; Lucinda Carreira – 60,00€; Fá-tima Matias – 10,00€; Alice Silva – 15,00€; Fernanda Martins – 15,00€; Adélia Andra-de – 25,00€; Anónimo (Fiães) – 130,00€;

Anónimo (Fiães) – 100,00€; Anónimo – 10,00€; Lurdes Diogo – 7,00€; Anónimo – 50,00€; Ilda Farinha – 25,00€; Marle-ne Mendes – 3,00€; Ermelinda Carneiro – 13,00€; Fernanda Carreira – 40,00€;

Bárbara Vale – 13,50€; Piedade Pombal – 10,00€; Gracinda Santos – 5,00€; Ma-tilde Dias – 10,00€; Salete Ferreira 5,00€; Natália Dias – 63,00€; Ambrósio Ferreira – 23,00€; Rosa Santos – 14,00€; Anóni-mo – 20,00€; Maria Rosário Florêncio – 26,00€; Amélia Oliveira – 6,00€; João Nogueira – 16,00€; Fernanda Castanheira – 10,00€; Eduarda Bento – 24,00€; Belmira Morgado – 30,00€; Lurdes Curto – 23,00€; Júlia Pires – 5,00€; Amélia Conceição – 18,00€; José Moreira – 100,00€; Augusta Marques – 23,00€; Maria Sousa – 10,00€; Joana Barreiros – 50,00€; Pedro Cantante – 10,00€; Lucílina Coimbra – 25,00€; Fáti-ma Matias – 10,00; Celsa Gil – 13,00€; Flo-ra Mira – 30,00€; Luciano Silva – 15,00€; José Lourenço – 20,00€; José Sardinha – 35,00€; Leontina Cordeiro – 80,00€; Isabel Simões – 5,00€; Pessoas amigas de Adília Antunes – 50,00€; Alice Ferreira – 3,00€; Emília Ribeiro – 3,00€; Elisa Mendes – 25,00€; Manuel Maia – 9,00€; Francis-co Paisana – 48,55€; Anónimos – 60,00€; João Carvalho – 5,00€; Lúcia Marques – 30,00€; Argentina Silva – 15,00€; Anóni-mo – 10,00€; Maria José Moreira – 20,00€; Serafim Rodrigues – 13,00€; Helena Barros – 60,00€; Lurdes Rama – 20,00€; Anóni-mo – 1.000,00€; Anónimo – 5,00€; Anó-nimo – 10,00€; Anónimo – 11,60€; Gio-conda Magalhães – 40,00€; Lurdes Moura – 25,00€; Anónimo – 50,00€; Diamantino Ferreira – 10,00€; Anónimo – 10,00€; Anó-nimo – 5,00€; Helena Pedrosa – 10,00€. Total geral = 25.057,65€.

Fátima Matos – 13,00€; Dom Manuel Falcão – 100,00€. le-prosos Fernanda Castanhei-ra – 10,00€. padre toBias oliveira – Quénia Ga-briela Santos – 250,00€. ofertas várias Rosa Matias – 113,00€; Manuel Brás – 193,00€; João Simplício – 29,00€; Isabel Santos – 26,00€; Manuel Nogueira – 67,00€; José Silva – 36,00€; Isabel Marques – 43,00€; José Can-deias – 51,00€; Maria Barroso – 43,00€; Anónimo – 40,00€; Maria Anjos Salvador – 93,00€;

Isabel Pacheco – 50,00€; Antó-nio Gomes – 243,00€; Catarina Jaulino – 33,00€; Fátima Maga-lhães – 29,00€; Alberta Pereira – 43,00€; Maria Barata – 33,00€; Raquelina Cunha – 46,00€; Al-bertina Moura – 33,00€; Hen-rique Macedo – 43,00€; Dulce Monteiro – 36,00€; António Sousa – 36,00€; Lurdes Real – 565,00€; Arlindo Mendes – 43,00€; Carlota Lemos – 43,00€; Lúcia Jorge – 200,00€; Lurdes Moura – 40,00€; João Ribei-ro – 52,50€; Fernanda Vargas – 59,00€; José Freitas – 43,00€;

Carminda Geraldes – 28,00€; Deolinda Santos – 43,00€; Conceição Mesquita – 36,00€; Lurdes Matos – 136,00€; Edite Carvalho – 43,00€; Fernanda Costa – 143,00€; Teresa Ma-galhães – 43,00€; Joaquim Silva – 35,00€; Manuela Fer-nandes – 43,00€; Paulo Martel – 43,00€; Maria Carmo Matias – 36,00€; Fernanda e Orlan-do Dionísio – 50,00€; Cecília Santos – 33,00€; José Jorge – 100,00€; Anónimo – 200,00€; Fátima Reis – 10,00€; Anónimo – 200,00€.

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MAIO 2011 31 FÁTIMA MISSIONÁRIA

texto MANUEL CARREIRA ilustração H. MOURATO

urante os escassos 53 anos em que viveu, o padre Ciatti não conse-guiu ter uma vida muito linear. Fez os primeiros estudos liceais no semi-nário diocesano de Brés-

cia, sua terra natal. Aos 17 anos entrou na Consolata com intenção de se tornar missionário, mas, passado pouco tem-po, o exército italiano foi buscá-lo para a guerra de 1914-1918.Não sabemos ao certo as «avarias» que por lá terá realizado como guerreiro. O que sabemos é que se terá comportado bem na sua condição de militar, pois ao sair foi condecorado com a Cruz de Mé-rito de Guerra. Com este pendão ao pei-to, regressou ao seminário da Consolata em 1919. Agarrou-se aos estudos, pois a sua vocação não era a guerra, mas a paz. Ordenou-se sacerdote em 1922. Tinha 24 anos de idade. Era novo, mas tinha

uma grande experiência. Os tiros que ti-nha disparado e as dificuldades por que passara, tinham amadurecido a sua pre-coce juventude. Agora sonhava com ou-tros mundos; sonhava com as missões.O campo de trabalho que lhe destina-ram foi o Quénia. Era preciso aprender o inglês, visto ser aquele território uma colónia da Inglaterra. Mas a língua e os dialectos africanos não constituíam para ele nenhum obstáculo. Para as línguas tinha ele uma queda natural, favorecida por uma memória invejá-vel. No Quénia, mais concretamente em Nyeri, exerceu actividades em di-versas missões, ora como coadjutor ora como pároco: Ghekondi, Kaheti e Tuthu falam dele como uma bên-ção que por lá passou. Durante alguns anos, foi também professor e director do seminário diocesano de Nyeri.Na África daquele tempo fazia-se tudo a correr: saltava-se de um lado para o

outro conforme as necessidades do mo-mento. Aconteceu assim com o padre Ciatti durante os 14 anos em que per-maneceu em Nyeri. Mas o resto ainda estava para vir. Em 1938, foi transferido do Quénia para a Etiópia que, ao tempo era uma colónia italiana. Mal chegou, o padre Ciatti abriu logo uma nova missão em Soddu, mas, em 1940, devido à guer-ra foi levado prisioneiro pelas tropas inglesas para campos de concentração fora do país. Em 1943, regressou à Itália e exerceu várias actividades em diversas casas do Instituto da Consolata como professor e animador missionário. Finalmente, cansado de dar tantas vol-tas, ofereceu-se para ir ajudar um pá-roco da sua diocese, que estava velho e quase cego. Bem contente ficou o bispo com esta oferta, mas pouco se pôde go-zar dela, pois o padre Ciatti faleceu re-pentinamente pouco tempo depois de lá ter chegado. Voltas que o mundo dá!

Padre José Ciatti nasceu em Bréscia, Itália, em 31de Março de 1898. Entrou na Consolata, em 1915.Dois anos depois, foi recrutado para a guerra. Em 1922, foi ordenado sacerdote. Como missionário trabalhouno Quénia e na Etiópia.Faleceu em 12 de Novembro de 1951

Voltas que o mundo dá

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FÁTIMA MISSIONÁRIA 32 MAIO 2011

texto MANUEL CARREIRA foto Ana Paula

Nascer é uma missão sagradaApoio à compreensão: A vida humana é um dom ex-cepcional. É superior à vida de todos os outros seres. Não há plantas, nem pei-xes, nem aves que a possam igualar. Por mais bonitos que sejam, por mais úteis que se mostrem, não se lhe podem comparar. Por isso, viver, ter sido chamado à vida é uma graça de Deus superior a tudo o resto. Deus pedir-nos-á contas do modo como a respeitámos em nós e nos outros e como a promovemos para glória do Criador. O quinto man-damento fala disso: “Não matarás e não causarás qualquer dano a ti mesmo ou ao próximo”.Índios da América

A vida terrena é um grande mercadoApoio à compreensão: À primeira vista parece estra-nho comparar a vida a uma feira. Mas, se pensarmos bem, existem várias semelhanças. Por exemplo. Vai-se à feira para vender e comprar, para ouvir e falar; para trocar mer-cadorias e trocar palavras; vai-se espairecer, ver amigos e amigas e arranjar novas amizades. Partilham-se alegrias e tristezas e até se alimentam vaidades, mostrando roupas novas. A feira é o lugar da cultura dos povos. Mas dura só um dia; à tarde termina e todos regressam às suas casas. Enfim, a feira é um lugar de passagem. Tal como a vida terrena: hoje é, amanhã já não é.África Ocidental

Uma das características principais dos provérbios é defenderem os grandes valores da vida. Hoje desenvolvemos esta temática nos quatro provérbiosque se seguem. Abrangemos a África, a América e a Ásia

Vida ao serviço do homemSe não se está atento, a carne que está ao lume queima-seApoio à compreensão: A vida é preciosa. Temos de es-tar atentos para a não perder. Pode acontecer que tenha-mos de perder várias coisas, mas a vida é o que vale mais; por isso, deve ser a última coisa a perder-se. O próprio Evangelho serve-se da ideia, quando afirma: “Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se ao fim de tudo, vier a perder a própria vida”. Os camaroneses dão um exem-plo próprio da sua cultura e do ambiente onde vivem. “Quando se vai para o mato não se deixa o pau em casa”. Em português: “Mais vale prevenir que remediar”.Provérbio dos Camarões

A vida só se pode encontrar no momento presente

Apoio à compreensão: Parece mentira, mas não é. É pura verdade. Qualquer vida dura apenas um instante: o agora. Porque o ontem já passou e o amanhã ainda não chegou. Conclusão: Se queremos dar sentido à nossa vida, esforcemo-nos por não perder nenhum fragmento dessa mesma vida. Porque nesse momento pode estar a única oportunidade: o sim e o não, o viver e o morrer. Com a rapidez do tiquetaque de um relógio. Qualquer decisão er-rada ou precipitada pode ser fatal e, humanamente, pode não ter remédio. Mas, acima de tudo está sempre Deus.Provérbio asiático

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MAIO 2011 33 FÁTIMA MISSIONÁRIA

texto NORBERTO LOURO ilustração MÁRIO JOSÉ TEIXEIRA

Chamar-me-ão sentimental, lírico, pa-tético ou piegas. Pouco importa! Mas tenho que vos contar um hábito, quase compulsivo, que me leva a projectar, tal-vez indevidamente, a vida de outros em situações inesquecíveis. Quando vejo uma criança, angélica e graciosa, estre-meço dentro de mim. Mas logo me foge o pensamento e pergunto-me até quan-do durará tamanha beleza. Rezo para que ela não seja como outras que conhe-ci e se cansaram de ser crianças.Quando observo os gestos de ternura dos namorados, pergunto-me como é possí-vel que tal intensidade de amor possa acabar, como já vi em tantos casos. Rezo para que sejam namorados toda a vida e não se cansem de o mostrar com os mes-mos gestos apaixonados.Quando presido a uma celebração de casamento, tão marcada por promes-sas de amor para toda a eternidade e de luas de mel fabulosas, pergunto-me como é possível alguém deitar tudo a perder, como já vi e, por vezes, tão de-pressa. Rezo para que a eles não suce-da. A quem não deixa que aconteça, a vida saberá sempre a boda.É preciso aceder às alegrias da Páscoa. Dois sentimentos projectam-nos em Deus: por um lado a alegria esfusiante de quem sabe manter-se “criança”, de quem continua a namorar com paixão na vida partilhada, sem nada regatear, e desabrocha em agradecimentos a Deus por tanta felicidade. Por outro lado, a

tensão para atingir esta meta e saborear, de novo, o que como pequeninos, como apaixonados, sempre como recém-casa-dos se vai fazendo para superar as forças centrífugas do mal que nos envelhece.Numa celebração penitencial para crian-ças que se preparavam para a Páscoa, cada uma delas recebeu uma cartolina com duas casas: uma construída sobre a rocha; outra sobre dunas de areia, lem-brando a parábola de Jesus. Ele bem avisou que, se não se constrói a vida sobre a rocha, mas sobre coisas secun-dárias, sem consistência, tudo pode ir por água abaixo. Era ver aquelas crian-ças a mostrar ao celebrante o desejo de construir as suas vidas sobre a rocha,

que é Cristo. Nada de castelos na areia!Às crianças, faço geralmente duas per-guntas de chofre: “Estás melhor agora do que quando te confessaste a última vez”? Lá vão dizendo, embora nem sem-pre seja fácil medir. A outra é esta: Com quem alinhas mais, com Jesus ou com o mafarrico? Aqui a resposta é sempre “Com Jesus!”. Às vezes acrescento uma terceira pergunta: “E se o demónio te quiser enganar?”. Bonita foi a resposta de um jovem que, pelo modo pronto de responder, mostrou ser decidido: “Ah! Ele bem tenta, mas eu sei dar-lhe as vol-tas!”. Aí é que está! Dar as voltas ao mal é o segredo da alegria esfusiante da Pás-coa. Feliz Páscoa para todos!

Manter-se sempre criança

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FÁTIMA MISSIONÁRIA 34 MAIO 2011

MAIO em agenda

texto LUCÍLIA OLIVEIRA foto Ana Paula

Acabadinhos de entrar no recinto do Santuário, três espanhóis, dos arredo­res de Madrid, tiram fotografias junto da estátua de João Paulo II, da autoria de Czeslaw Dzwigaj, também ele pola­co como o falecido Santo Padre. “Por­que é beato”, respondem. Do “Papa de Fátima” enumeram as qualidades: “a bondade”, o facto de ser “muito huma­no” e “muito profundo”.Com uma pequena vénia, a irmã Mar­garida Miranda acaba de rezar junto da estátua do novo beato com uma vela e algumas flores ali depositadas por fiéis. Nas três vezes que Karol Wojtyla esteve em Fátima (1982, 1991 e 2000), a reli­giosa das Dominicanas de Santa Catari­

na de Sena acompanhou­o. Tal como pretende acompanhar a cerimónia de beatificação no Vaticano, a 1 de Maio, pe­la televisão, e a celebração marcada para 13 de Maio, no Santuário de Fátima. Portugal deve­lhe essa homenagem “porque ele era realmente todo de Ma­ria”, e a ela entregou o seu pontificado sob o lema “Totus Tuus”, recorda a reli­giosa. “Já gostava muito dele em vida”, mas foi depois da sua morte que Mar­garida Miranda começou a ler as encí­clicas e documentos escritos por João Paulo II e, assim, aprofundou os conhe­cimentos e a devoção ao novo beato.Os bispos portugueses anunciaram uma celebração nacional, às 11h, para

assinalar a beatificação de Karol Woj­tyla, a 13 de Maio, no Santuário de Fátima que se vestirá de festa. Para agradecer “o dom de João Paulo II à Igreja e à humanidade”, adianta o rei­tor Virgílio Antunes.Não há indicação, ainda, do número de bispos presentes na celebração, mas esta será presidida pelo cardeal norte­ameri­cano Sean O’Malley, arcebispo de Bos­ton (Estados Unidos da América). Terá como tema: “Feliz és tu porque acredi­taste”. Várias dezenas de grupos de pere­grinos já anunciaram a sua intenção de participarem nas cerimónias. Os bispos portugueses exortam os fiéis a tomar parte nesta celebração comemorativa.

Com Maria, enraizados em CristoJovens portugueses reúnem­se na pe­regrinação a Fátima a 7 e 8 de Maio, no ‘Fátima Jovem’. O programa inclui a saudação mariana, na Capelinha das Aparições, a recitação do Rosário e procissão de velas no dia 7 de Maio, e a eucaristia dominical no recinto do Santuário, no dia 8 de Maio. Uma das novidades é um concerto no parque 2 com a banda “São Sebastião” e uma vigília eucarística na igreja da Santís­sima Trindade.

Família Scalabriniana peregrinaOs missionários de São Carlos e restan­tes elementos da Família Scalabriniana peregrinam ao Santuário de Fátima a

22 de Maio. A celebração será presidida por Velasio de Paolis, o primeiro cardeal da congregação, em 122 anos de histó­ria. Foi nomeado em Outubro de 2010 por Bento XVI. Os missionários de São Carlos estão a comemorar 40 anos de missão em Portugal.

Jubileu das vocaçõesAqueles que comemoram os 25, 50, ou 60 anos de casamento, de consagração religiosa, ou de sacerdócio, em 2011, da diocese de Leiria­Fátima, são con­vidados a participar no jubileu das vo­cações que se celebra a 28 de Maio, no Santuário de Fátima. A celebração tem início às 9h e inclui a eucaristia, termi­nando com o almoço partilhado.

Celebração nacional a 13 de Maio

Beato João Paulo II homenageado em Fátima

01 Movimento Esperança e Vida

07/08 Encontro Fátima Jovem 2011

14/15 Peregrinação da Família Salesiana

20/22 Encontro de formação para os responsáveis dos acólitos

29 Peregrinação do Folclore Português

29 Peregrinação da diocese de Portalegre-Castelo Branco

Page 35: João Paulo II

Apenas 7 euros por anoMISSIONÁRIOS DA CONSOLATA | Rua Francisco Marto, 52 | Ap. 5 | 2496-908 FÁTIMATelefone 249 539 430 | 249 539 460 | [email protected] | www.fatimamissionaria.pt

un’altra visione del mondo mwingine mtazamo wa dunia another view of the world otra visión del mundo inny pogląd na świat une autre vision du monde wona wunyowani wa elapo eine andere sicht der welt djôbe mundu di oto manêra

Page 36: João Paulo II

Amorde mãeA mãe, com o seu amor abrangente,está sempre disposta a perdoar.Tantas vezes sofre sem se queixar,porque o amor aos filhos é indulgente.

Ama até mesmo o filho irreverente,abrindo o coração de par em par.Melhor do que a mãe, ninguém sabe amar,e mesmo desprezada, é complacente.

Mas em troca, às vezes, o que recebe?Desgostos e mágoas que não percebe,por virem de quem ela não ofendeu.

Mesmo assim, cala e encobre a sua dor,sinal da grandeza do seu amor,para com os filhos que Deus lhe deu.

A. Castilho