Jõao Filgueiras - Vida e Obras

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INSTITUTO METODISTA IZABELA HENDRIX TEORIA DAS ESTRUTURAS I Marina Dias Emanuelle Bital Amanda Aguiar

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Trabalho feito para a Disciplina TEORIA DAS ESTRUTURAS I - IZABELA HENDRIX , fala um pouco sobre vida e obras de João Filgueiras "Lele"

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INSTITUTO METODISTA

IZABELA HENDRIX

TEORIA DAS ESTRUTURAS I

Marina Dias

Emanuelle Bital

Amanda Aguiar

08/06/15

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João da Gama Filgueiras Lima, mais conhecido como Lelé, nasceu no dia 10 de Janeiro de 1932 no Rio de Janeiro. Formou-se em arquitetura na atual UFRJ, em 1955. Apesar de ter nascido, crescido e se formado no Rio de Janeiro, Lelé passou a maior parte da vida adulta em Brasília e em Salvador e era atuante em todo o país.

Recém formado, trabalhou como desenhista no Instituto dos Aposentados e Pensionistas - IAP, e em 1957 recebeu a incumbência de desenvolver e acompanhar a construção dos alojamentos de operários em Brasília. Lelé participou como protagonista de um dos momentos mais importantes do modernismo brasileiro: o nascimento de Brasília, projetando, construindo e colaborando com outros arquitetos, como Oscar Niemeyer. Ele foi capaz de desenvolver ao longo de sua carreira uma obra única, mesmo no contexto internacional, extremamente ligada a dois aspectos básicos da construção: o clima e a pré-fabricação.

O recém-formado João Filgueiras chegou ao árduo e vazio centro-oeste brasileiro ainda no início das obras que transformariam aquele deserto na nova capital brasileira. O interesse por uma arquitetura industrializada surge desde este momento, quando Lelé vê-se obrigado a construir um sem número de acampamentos e barracões em madeira.

O próprio andamento do processo da construção de Brasília e o avanço nas obras dos edifícios, em contraposição ao tempo exíguo, motivaram nos profissionais ali atuantes um sentimento de praticidade: “A equipe foi aumentando e, com ela, a necessidade de fazer as coisas andarem mais depressa, e o interesse pelos pré-fabricados. Na própria construção dos prédios principais seria preciso industrializar alguma coisa, aproveitar os elementos repetitivos para ganhar tempo na construção”.

Trabalhando junto ao antropólogo e educador Darcy Ribeiro na recém-nascida Universidade de Brasília, Lelé viaja pelo leste europeu para investigar a tecnologia de racionalização do uso do concreto armado, utilizada por países como União Soviética, Tchecoslováquia e Polônia, então dominados pelo regime socialista. Ao contrário dos Estados Unidos, cuja temática mais comum remetia ao uso do aço, o uso do concreto nestes países, em prol de uma política de construção em massa e recuperação da 2ª guerra, aproximava-os da nossa realidade, segundo Lelé, enquanto um país que não dominava a construção metálica.

Destes primeiros contatos com a pré-fabricação nasceram algumas importantes experiências, como o Hospital de Taguatinga (1968) e as Secretarias do Centro Administrativo da Bahia (1973). Depois do concreto pré-moldado, foi a argamassa armada (ou ferro-cimento) um importante objeto de pesquisa de Lelé.

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Uma das experiências com este material deu-se em Salvador, em 1979, na urbanização e melhoria de algumas áreas de ocupação irregular nas encostas da cidade. Neste caso, o arquiteto utilizou as placas de argamassa armada (nata de cimento e malha de ferro) para desenvolver peças mais leves e flexíveis, que fossem fáceis de transportar e instalar, utilizando mão-de-obra de baixa especialização e permitindo uma obra menos invasiva dentro de um território complexo.

Procurando otimizar o transporte das peças e o trabalho nos canteiros de obras, desenvolve estudos com a argamassa armada, que era um material mais leve. Esse trabalho teve prosseguimento no interior de Goiás em Abadiânia, 1982, onde nasceu a primeira fábrica para equipamentos comunitários.

Em 1980 inaugura-se em Brasília o primeiro hospital da Rede Sarah Kubitschek, um conjunto de hospitais públicos, hoje presentes em seis cidades brasileiras, e especializados na reabilitação de pessoas com problemas físico-motores. Conceitualmente, a integração entre arquitetura e medicina é especialmente potencializada nestas obras, tornando-os experiências importantíssimas na criação de espaços alternativos para terapia e cura de doentes.

As obras em Abadiânia tornaram-se protótipos para a experiência que seguiu: a Fábrica de Escolas e Equipamentos Urbanos do Rio de Janeiro. Junto à Darcy Ribeiro, Lelé constrói uma série de edifícios usando peças pré-moldadas e um sistema de montagem altamente racionalizado. Além de rápido, o sistema revela-se útil na manutenção dos empregos da população local, que não perde os postos de trabalho, apesar da industrialização do processo, raciocínio que persiste até hoje. A rapidez e a engenhosidade das construções permitiu ao arquiteto construir mais de duzentas escolas em cerca de dois anos (1984-1986), sempre utilizando a máxima de que a repetição é a base de uma arquitetura industrializada viável.

Lelé retornou a Salvador para um projeto mais abrangente que o primeiro. A Fábrica de Equipamentos Comunitários (FAEC), que esteve em atividade entre 1985 e 1989, deixou importantes marcas na cidade e atuou em diversos bairros através de elementos como bancos e contenções de jardim, passando pelas passarelas de pedestres até a construção de escolas e creches. Mais de quarenta escolas foram construídas com esta tecnologia. Outra contribuição importante da FAEC foi a sua colaboração com o projeto de revitalização do Centro Histórico, comandado por Lina Bo Bardi e que produziu alguns bons exemplos de intervenção, como a Casa do Benin e a Ladeira da Misericórdia.

Poucos arquitetos brasileiros possuem tantas obras saídas de sua prancheta como João Filgueiras Lima, o Lelé (2). Lelé é carioca de nascimento, radicado em Salvador e atuante em todo o país. Participou como protagonista de um dos momentos mais importantes do modernismo brasileiro, o nascimento de Brasília, projetando,

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construindo e colaborando com outros arquitetos, como Oscar Niemeyer. Ele foi capaz de desenvolver ao longo de sua carreira uma obra única, mesmo no contexto internacional, extremamente ligada a dois aspectos básicos da construção: o clima e a pré-fabricação.

O recém-formado João Filgueiras chegou ao árduo e vazio centro-oeste brasileiro ainda em 1957, ano de início das obras que transformariam aquele deserto na nova capital brasileira. O interesse por uma arquitetura industrializada surge desde este momento, quando Lelé vê-se obrigado a construir um sem número de acampamentos e barracões em madeira. Algo que, sem a devida racionalização, tomaria uma eternidade para ficar pronto. Desde o princípio, no entanto, a idéia de fazer arquitetura, mesmo na provisoriedade, acompanhou o ofício do arquiteto. Mesmo estas construções transitórias em madeira ganharam atenções especiais, revelando-se um primeiro campo de experimentações.

O próprio andamento do processo da construção de Brasília e o avanço nas obras dos edifícios, em contraposição ao tempo exíguo, motivaram nos profissionais ali atuantes um sentimento de praticidade:“A equipe foi aumentando e, com ela, a necessidade de fazer as coisas andarem mais depressa, e o interesse pelos pré-fabricados. Na própria construção dos prédios principais seria preciso industrializar alguma coisa, aproveitar os elementos repetitivos para ganhar tempo na construção”.

Trabalhando junto ao antropólogo e educador Darcy Ribeiro na recém-nascida Universidade de Brasília, Lelé viaja pelo leste europeu para investigar a tecnologia de racionalização do uso do concreto armado, utilizada por países como União Soviética, Tchecoslováquia e Polônia, então dominados pelo regime socialista. Ao contrário dos Estados Unidos, cuja temática mais comum remetia ao uso do aço, o uso do concreto nestes países, em prol de uma política de construção em massa e recuperação da 2ª guerra, aproximava-os da nossa realidade, segundo Lelé, enquanto um país que não dominava a construção metálica.

A pré-fabricação:

Destes primeiros contatos com a pré-fabricação nasceram algumas importantes experiências, como o Hospital de Taguatinga (1968) e as Secretarias do Centro Administrativo da Bahia (1973). Depois do concreto pré-moldado, foi a argamassa armada, ou ferro-cimento (4), um importante objeto de pesquisa de Lelé. Uma das experiências com este material deu-se em Salvador, em 1979, na urbanização e melhoria de algumas áreas de ocupação irregular nas encostas da cidade. Neste caso, o arquiteto utilizou as placas de argamassa armada (nata de cimento e malha de ferro) para desenvolver peças mais leves e flexíveis, que fossem fáceis de transportar e instalar, utilizando mão-de-obra de baixa especialização e permitindo uma obra menos invasiva dentro de um território complexo. Como parte de um programa da prefeitura chamado RENURB, Lelé desenvolveu o projeto de escadarias drenantes, contenções de encosta e canais de drenagem, além de uma série de outros equipamentos. Questões políti’111cas levaram ao fim do programa, em 1982, mas ainda assim, ficou registrada

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a experiência de uma primeira fábrica para equipamentos comunitários, que Lelé pode testar a seguir em Abadiânia, uma pequena cidade do interior de Goiás.

Em 1980 inaugura-se em Brasília o primeiro hospital da Rede Sarah Kubitschek, um conjunto de hospitais públicos, hoje presentes em seis cidades brasileiras, e especializados na reabilitação de pessoas com problemas físico-motores. Conceitualmente, a integração entre arquitetura e medicina é especialmente potencializada nestas obras, tornando-os experiências importantíssimas na criação de espaços alternativos para terapia e cura de doentes.

As obras em Abadiânia tornaram-se protótipos para a experiência que seguiu, a Fábrica de Escolas e Equipamentos Urbanos do Rio de Janeiro. Junto à Darcy Ribeiro, na época vice-governador do Estado e amigo desde a colaboração na Universidade de Brasília, Lelé constrói uma série de edifícios usando peças pré-moldadas e um sistema de montagem altamente racionalizado. Além de rápido, o sistema revela-se útil na manutenção dos empregos da população local, que não perde os postos de trabalho, apesar da industrialização do processo, raciocínio que persiste até hoje. A rapidez e a engenhosidade das construções permitiu ao arquiteto construir mais de duzentas escolas em cerca de dois anos (1984-1986), sempre utilizando a máxima de que a repetição é a base de uma arquitetura industrializada viável.

A diversidade e complexidade dos elementos a serem construídos, transformaram a FAEC numa fábrica mais completa que as anteriores. Além do núcleo produtor das peças de argamassa armada, houve necessidade de criar um setor de metalurgia, responsável não só pelas fôrmas dos elementos de cimento e ferro, mas também pela estrutura de alguns edifícios e passarelas, tornando este um experimento pioneiro na utilização conjunta de aço e argamassa armada.

Ao final de quatro anos, em 1989, e com a troca de governo no comando do município, o projeto da FAEC foi descartado pelo prefeito que seguiria. O momento, no entanto, coincidiu com a vontade do governo federal de dar prosseguimento à Rede Sarah, criando hospitais satélites em outras cidades. Assim, Lelé e o médico Aloysio Campos da Paz decidem criar em Salvador não só uma unidade da rede, mas também um núcleo capaz de produzir industrialmente todos os elementos componentes deste modelo de edifício hospitalar. Surge assim o Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS), uma fantástica fábrica de prédios composta por diversos núcleos de produção: metalurgia pesada (estruturas), argamassa armada, marcenaria (utilizando apenas aglomerados e compensados), injeção de plástico e fibra de vidro, dentre outros. Até mesmo os equipamentos especiais de uso hospitalar, como macas e camas, são produzidos no núcleo de metalurgia leve, com desenho exclusivo de Lelé, no intuito de integrar espaço construído, equipamentos e usuários.

No projeto da unidade soteropolitana, Lelé aproveita o clima estável e quente da cidade para criar enfermarias ávidas pelas trocas com o ambiente externo, conectadas a solários e jardins, colírios aos olhos e magníficas entradas de luz ao edifício. A

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renovação do ar, preocupação ainda mais importante por conta da higiene exigida, faz-se através de um sistema de exaustão que puxa o ar do exterior e o injeta para o interior, forçando assim a ventilação. Uma verdadeira cidade no subsolo do prédio, na mesma projeção da construção térrea, é responsável por levar o vento a todos os cômodos. Apenas o centro cirúrgico possui climatização artificial, exigência de normas internacionais.

Ao hospital de Salvador, inaugurado em 1991, seguiram os de São Luís (1993), de Belo Horizonte (1997), Fortaleza (2001) e Rio de Janeiro (2002), além de mais uma unidade em Brasíli. A maior conquista técnica desses projetos refere-se à qualidade do sistema de ventilação e iluminação natural, que ajuda no processo de cura dos pacientes.

Do CTRS, em Salvador, as peças são mandadas para todo o Brasil, seja para a manutenção dos edifícios existentes, seja para a construção de novas unidades, transformando esta fábrica num grande centro de produção e desenvolvimento de tecnologia.

A experiência da FAEC em Salvador também será o lastro técnico para um outro projeto, a nível federal, chamado de Centro Integrados de Ensino (CIAC), de 1990. Projetado para ser construído nos quatro cantos do país (total de 5.000 unidades), o CIAC foi o projeto escolar mais intricado de Lelé. Chegou a empregar mais de duzentos tipos de peças diferentes, enquanto as primeiras escolas em Abadiânia não utilizavam mais do que vinte tipos de elementos. Com o impeachment do presidente na época, o projeto perdeu continuidade e apenas poucas unidades foram construídas seguindo fielmente o projeto original. Ainda assim, o modelo se mostra capaz de adaptar-se às mais diversas realidades geográficas, numa solução de rápida construção e grande eficácia.

A idéia de concretizar uma arquitetura mais humana, preenchida por luz e ventilação natural, além de racionalizada e economicamente viável, tornou a Rede Sarah um símbolo de boa arquitetura (e boa administração) em nosso tropical e carente Brasil. O Centro de Tecnologia fornece hoje peças não só para os hospitais da rede, mas também para outras obras como Escolas, Tribunais de Contas e Tribunais Eleitorais em todo o país, provando seu sucesso. A força das propostas de Lelé, capazes de romper a descontinuidade das políticas públicas, e penetrarem em grande parte de nosso território, mostra que a arquitetura pode, sim, ter sua parte num mundo e num Brasil melhor.

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Hospital Sarah Kubitschek – Brasília

A idéia de concretizar uma arquitetura mais humana, preenchida por luz e ventilação natural, além de racionalizada e economicamente viável, tornou a Rede Sarah um símbolo de boa arquitetura. A arquitetura do Sarah Brasilia busca principalmente uma conexão entre os usuários e o ambiente, procurando quando possível a integração com o natural e fugindo da tecnologia que parece ser quase obrigatória nos hospitais comuns.

Flexibilidade e Extensibilidade da Construção:

A fragilidade dos programas organizados a partir de uma rotina de funcionamento pré-fixada e com base na utilização de técnicas e equipamentos que a tecnologia modifica a cada dia, torna desejável que o sistema construtivo adotado permita a obtenção de espaços flexíveis e que cada setor possa crescer com independência, sem prejuízo das circulações internas; é de se prever, ainda, para atender a condição do hospital de núcleo de um subsistema, que seu número de leitos possa ser ampliado no futuro, desde que garantidas sua capacidade operacional e a ocupação racional da área urbana que lhe foi destinada.

Criação de Espaços Verdes:

As características do hospital exigem como complementação terapêutica e, pela própria conceituação de treinamento dos técnicos, o acesso fácil de doentes (outpatients e in-patients) a espaços verdes adjacentes às áreas de tratamento e internação, que permitam a administração de exercícios ao ar livre

Iluminação Natural e Conforto Térmico dos Ambientes:

A indispensável proximidade de alguns setores de atividades com a conseqüente redução das áreas de circulação explica, em parte, a grande tendência nos hospitais modernos de certos pavimentos do edifício serem transformados em massa compacta de cubículos, com iluminação e conforto térmico controlados artificialmente. Acreditou-se que o clima de Brasília não justificava o emprego generalizado de sistemas de ar condicionado, que aumentariam inutilmente o custo inicial da obra, além de criar problemas para futura manutenção do prédio.

Assim, a adoção de sistemas simples de iluminação e ventilação naturais, além de proporcionar o conforto desejado aos ambientes, tornará os espaços amenos e acolhedores. Concluiu-se pela adoção de sistema de ar condicionado com controle de iluminação artificial para o centro cirúrgico, central de esterilização, raio X (apenas nas salas dos aparelhos), auditório e arquivo médico (pela impossibilidade de utilização de

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iluminação e ventilação naturais na localização proposta). Nas demais dependências dos pavimentos, optou-se pelo emprego de sistemas de iluminação e ventilação naturais, controláveis ou fixas.

Padronização de Elementos da Construção:

As características de funcionamento de um hospital e, no caso, as grandes proporções do edifício, acarretam sempre dificuldades aos serviços de manutenção. Para facilitar esse tipo de rotina administrativa, toma-se essencial um rigoroso estudo de padronização dos elementos de construção (estrutura, vedação, divisórias, equipamentos fixos e móveis, luminárias etc.). Além disso, o princípio de repetição desses elementos, utilizado para aplicação de uma metodologia de construção específica a cada caso, poderá ser de interesse como fator de redução do custo da obra.

Com base nas reflexões relativas à padronização dos elementos construtivos e flexibilidade dos espaços internos, e ainda na análise de vários aspectos referentes ao dimensionamento das peças, equipamentos, materiais mais apropriados, foi fixado o módulo básico de superfície em 1,15m x 1,15m.

Estrutura:

A padronização e disciplina estabelecidas para a construção indicam a utilização em grande escala de pré-fabricação de elementos estruturais como fator ponderável de redução do custo da obra, de garantia de qualidade dos acabamentos e de diminuição dos prazos usuais de execução.

Assim, foi criado um elemento pré- fabricado de laje com 60 cm de altura por 1,15m de largura, vencendo vãos variáveis e permitindo a criação de terraços-jardins, passagem de tubulações e acoplagem de peças intercambiáveis para iluminação e ventilação naturais.

Nos pavimentos escalonados esse elemento se apóia em vigas duplas e estas, em pilares também duplos, a cada 6,90m, todos fundidos no local.

Nos trechos em que prevê iluminação zenital, o espaçamento de 1,15m entre cada elemento possibilita a conexão de nódulos tipo shed pré- fabricado em ferro-cimento.

No bloco de internação, a alternância dos terraços e a criação de blocos verticais, prumadas de sanitários coletivos e salas de tratamento, induziu ao emprego de vigas contínuas do tipo vierendeel, também alternadas por pavimento apoiadas apenas nos blocos e recebendo a carga das lajes pré-fabricadas dos pisos.

O desenho e disposição das vigas ao longo das fachadas fornecem, por um lado, a necessária proteção dos terraços contra o devassamento externo, já que o hospital

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está implantado em área urbana; por outro lado, livra totalmente a parte superior do pé direito duplo, permitindo a penetração generosa do sol.

Ao longo das circulações dos pavimentos, os vazios das vigas recebem caixilhos de vidro formando grandes janelões que possibilitam a integração visual com o espaço verde do piso imediatamente inferior. O emprego desse elemento estrutural elimina também pilares nas enfermarias, aumentando as condições de flexibilidade requeridas.

Como alternativa à execução das lajes, foi considerado viável sua fundição in loco, com resultados econômicos compensadores desde que utilizado sistema de fôrmas com módulos metálicos reaproveitáveis para o berço superior e inferior e das peças (retiradas 24 horas após a fundição). O escoramento e as fôrmas das superfícies inferiores permanecerão no local até a resistência do concreto atingir os valores estabelecidos pelo cálculo.

Conclusão:

Observam-se às soluções que priorizam os espaços públicos e que se caracterizam por propor novas práticas, intervindo em hábitos culturais.

Outra caracterização dos hospitais projetados por Lelé, que mostra a sua intenção de privilegiar as soluções dirigidas à coletividade, é a tendência em abrir as enfermarias, para garantir um atendimento adequado e igualitário a todos os pacientes. Os hospitais da Rede Sarah, quando comparados com o sistema nacional de saúde pública, são ilhas de métodos aplicados e bem-sucedidos. Tornaram-se paradigmas, não só pela concepção de seus espaços físicos, mas também pela qualidade da medicina que oferecem.

Lelé afirma que esses hospitais comprovam que a medicina pública pode ser viabilizada, mantendo-se um alto nível de qualidade e, ao mesmo tempo, expondo à crítica o modelo de medicina privada praticada no País.

Embora na arquitetura de Lelé, os princípios de economia, funcionalidade e racionalidade estejam sempre presentes, sua dimensão artística nunca foi deixada à

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parte. Em seu contexto, a questão da tecnologia não foi tratada de forma mística ou futurista. Lelé investe na possibilidade de uma tecnologia humanizada, apropriada à realidade e a ela dimensionada.

Percebe-se que a arquitetura hospitalar desenvolvida por Lelé é profundamente humanista, sempre voltada aos portadores de necessidades especiais. Os hospitais de Lelé, ao contrário de espaços constrangedores de sofrimento, tornaram-se locais amenos, generosos, lúdicos, ricos em volumes e cores: a própria expressão e sentido da palavra Reabilitação.

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IMAGENS:Hospital Sarah K. – Brasília:

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

http://www.mackenzie.com.br/fileadmin/Graduacao/FAU/Publicacoes/PDF_IIIForum_a/MACK_III_FORUM_GISLENE_RIBEIRO.pdf

http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/244/um-panorama-da-vida-e-obra-de-joao-filgueiras-lima-318123-1.aspx

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.064/423

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Filgueiras