João Carlos Novo, CEO da Motol Lutamos para conquistar o...

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16 | 1 ABR 2016 | SEXTA-FEIRA Publi-reportagem João Carlos Novo, CEO da Motoil “Lutamos para conquistar o mundo” Aniversário A aventura da Motoil começou há 35 anos com os motores eléctricos; hoje está na indústria automóvel, na aeronáutica e a espacial é já a seguir Luís Ventura Diário de Aveiro: Fundada em 1981, que di iculdades en- controu quando tomou conta dos destinos da Motoil? João Carlos Novo: O meu pai confiou-me a empresa por volta de 1985 e os primeiros anos fo- ram de adaptação, restringindo- nos ao que fabricávamos desde a constituição da sociedade. A partir de 1987, começámos a in- troduzir novos produtos. Em 1989, demos os primeiros pas- sos no fabrico de máquinas es- peciais, introduzindo a robótica na nossa gama de produtos. A partir daí, até hoje, essa tem sido a nossa principal aposta, nos úl- timos 30 anos: introduzir a ro- bótica e complementá-la com novos produtos. Lembra-se de como era a Mo toil, empresa familiar? Sim, éramos uma família e fa- bricávamos motores eléctricos e aparelhos de soldadura bási- cos. Quando a segunda geração chegou, apercebemo-nos que teríamos de enveredar por no- vos mercados, nomeadamente por algo que tivesse valor acres- centado. A partir de 1990, de- mos um passo forte na área da robótica e, em 1992, demos os primeiros passos para vender fora de Portugal, comerciali- zando os nossos produtos pela primeira vez em Espanha. Em 1998, partimos para uma nova fase na vida da Motofil e, um ano depois, arrancávamos para este projecto, com a construção da nova unidade industrial, apostando na tecnologia de ponta. Em 2005, começámos a laborar nas novas instalações que tinham 12 mil metros qua- drados de área coberta e hoje têm cerca de 56 mil metros para a produção e são parte de uma área total de cerca de 300 mil metros quadrados. Nunca pensou que era um in- vestimento arrojado para a época? Estávamos numa recessão eco- nómica acentuada em Portugal, mas nós vimos nessa conjun- tura uma oportunidade para avançar com essa aposta e in- vestimento no arranque desta unidade. Em 2005, já estáva- mos a fazer a mudança do equi- pamento da fábrica antiga, em São Bernardo, para esta nova localização, na Zona Industrial das Ervosas, em Ílhavo, e em Outubro desse ano já estáva- mos aqui a trabalhar. Foi o pre- sidente da Câmara Municipal de Ílhavo de então, Ribau Este- ves, que nos recebeu aqui de braços abertos. Qual foi, na altura, o valor do investimento? Temos aqui, em todas as uni- dades e áreas, cerca de 100 mi- lhões de euros de investimento, sendo que investimos, entre 2009 e 2013, cerca de 56 mi- lhões no sistema produtivo das cinco unidades industriais e no centro de investigação e desen- volvimento que temos agora a funcionar no complexo indus- trial. Entre 2008 e 2013, criámos pelo menos quatro unidades in- dustriais novas, a MotoMig (fá- brica de fio), a MotofilAeronáu- tica, Motofil Serviços (maqui- nação de peças) e a Motofil Corte. Hoje, somos o maior fa- bricante na área da robótica em Portugal, e na área de corte, por oxicorte, plasma e laser, tam- bém estamos, neste momento, a trabalhar essencialmente para exportação. No fio, temos uma das maiores fábricas da Europa, preparada para produzir 25 mil toneladas por ano e pronta para ser aumentada até às 40 mil to- neladas. Uma fábrica inaugu- rada ainda há meia dúzia de meses... Foi tudo feito aqui, desde a construção da fábrica, passando pelo desenvolvi- mento da tecnologia de fabrico de fio de soldadura e todo o de- senvolvimento de um produto de qualidade pensado para che- gar, ver e vencer no mercado europeu. Foi um processo de cinco anos, que iniciou o seu fabrico em Novembro de 2015 e que vai exportar cerca de 90 por cento da sua produção. A robótica é a sua grande aposta e o seu grande orgu- lho. Quer falar-nos sobre os últimos projectos? Temos projectos porque não nos faltam clientes e é um or- gulho para toda a equipa da Motofil, todos os colaboradores, desde a área técnica, comercial até aos homens que andam por esse mundo fora a montar e a dar assistência: o mérito é todo deles. Hoje, temos no nosso portfólio clientes na India, China, Europa ou América do Sul. Te- mos equipamentos instalados em 56 países. No nosso portfólio estão empresas de primeira li- nha mundial, já que pratica- mente 90 por cento das marcas mundiais de fabrico automóvel incorporam peças soldadas com equipamentos da Motofil: Audi, BMW, Jaguar, Porsche, Bentley, todo o grupo Volkswa- gen, PSA, Opel, etc. Para nós, isso é um orgulho. Também as em- presas de alguma dimensão em Portugal, ligadas também ao sector automóvel, são nossas clientes. A Motoil não só cresceu como também alavancou o crescimento de outras em- presas do sector que gravi- tam à sua volta. Posso afirmar que grande parte da indústria nacional. Fomos nós que incentivámos as em- presas a fazerem investimentos na área da robótica. Muita delas em situação económica difícil. Nós acreditamos nos empresá- rios e, ao contrário da banca, nós apoiamos os seus projectos e, hoje, muitas delas, são em- presas de sucesso. Faz parte do nosso ADN apostar nos mo- mentos mais difíceis, e os nos- sos clientes com dificuldades podem contar connosco. Qual é a estratégia de expan- são da empresa, neste mo- mento? Hoje, estamos a apostar mais seriamente no mercado da América do Sul, não deixando os clientes da Europa, claro. A distância para nós deixou de contar ou ser impedimento. To- dos estes países são promete- dores de futuro. Estamos a acre- ditar nesses mercados e a apos- tar em pessoas. Estamos a for- mar equipas técnico-comer- ciais portugueses para depois os fazer deslocar para esses paí- ses e liderarem os projectos. A grande aposta da Motofil foi o Brasil, entre 2010 e 2015; hoje é menos, mas foi no Brasil que criámos o nosso ponto estra- tégico, onde temos a nossa sede, com tudo o que seja venda, as- sistência técnica e pós-venda. É a partir do Brasil. Revertemos a situação para não reduzir a actividade no Brasil, nem des- locar quem lá tínhamos. A nos - sa grande aposta actual está no México e, a partir deste mês de Abril, seremos ainda muito mais fortes. Num futuro pró- ximo, segue-se a Colômbia, muito embora já tenhamos lá equipamentos instalados para fabrico de componentes metá- licos para a indústria termoso- lar. No Perú já estamos, Chile também, e agora vamos dar- lhes dimensão. Mas para ser- mos competitivos, foi necessá- rio preparar as fábricas. A Mo- tofil é uma grande aventura que não tem sido fácil. Nem para mim, nem para aqueles que li- dam comigo diariamente. Por vezes, também encontra obstáculos, como foi o caso da banca? Eu costumo dizer que o empre- sário é um sofredor. Ser empre- sário neste país é muito com- plicado, por várias razões. Tive muitas discussões com a banca nos tempos em que mais dela necessitei. Nessa altura, fecha- ram-nos a porta e disseram-nos não. Praticamente obrigaram- nos a parar ou a adiar os nossos projectos. Essa nunca foi a mi- nha posição e, mesmo contra- riando toda gente, fiz o que achei que era o melhor para todos, que foi terminar os nossos pro- jectos. Felizmente tivemos uma entidade financeira que nos apoi ou e ajudou a concretizar os nossos projectos. Nunca pensou em deslocali- zar-se como fazem muitas multinacionais? Apesar deste país ser um país difícil, burocrático e complicado de entender, continuamos a in- vestir em Portugal e não vamos criar empresas em qualquer parte do mundo, queremos continuar a investir em pessoas e os nossos quadros duplicaram nos anos menos bons. Traba- lhamos sempre em contraciclo. Em breve serão anunciados no- vos projectos, provavelmente fora do concelho de Ílhavo, mais concretamente em Vagos, mas vamos continuar a investir em Ílhavo, pois continuamos a ser bem acolhidos neste concelho e felizmente temos um actual presidente da Câmara e a sua equipa que entendem o pro- jecto da Motofil e as suas ne- cessidades de expansão. O se- gredo é fazer muito com o pou - co que temos. Fui educado de que nada se consegue sem sa- Sempre aproveitámos as janelas de oportunidade quando a economia parecia estar má. Defendo que é nessas ocasiões que temos tempo para pensar, tempo para investir Apesar deste país ser um país di icil, burocrático e complicado de entender, continuamos a investir em Portugal e não vamos criar empresas em qualquer parte do mundo

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16 | 1 ABR 2016 | SEXTA-FEIRA

Publi-reportagem

João Carlos Novo, CEO da Motoil“Lutamos para conquistar o mundo”

Aniversário A aventura da Motoil começou há 35 anos com os motores eléctricos; hoje está na indústria automóvel, na aeronáutica e a espacial é já a seguir

Luís Ventura

Diário de Aveiro: Fundada

em 1981, que diiculdades en-

controu quando tomou conta

dos destinos da Motoil?

João Carlos Novo: O meu paiconfiou-me a empresa por voltade 1985 e os primeiros anos fo-ram de adaptação, restringindo-nos ao que fabricávamos desdea constituição da sociedade. Apartir de 1987, começámos a in-troduzir novos produtos. Em1989, demos os primeiros pas-sos no fabrico de máquinas es-peciais, introduzindo a robóticana nossa gama de produtos. Apartir daí, até hoje, essa tem sidoa nossa principal aposta, nos úl-timos 30 anos: introduzir a ro-bótica e complementá-la comnovos produtos.

Lembra-se de como era a

Mo toil, empresa familiar?

Sim, éramos uma família e fa-bricávamos motores eléctricose aparelhos de soldadura bási-cos. Quando a segunda geraçãochegou, apercebemo-nos queteríamos de enveredar por no-vos mercados, nomeadamentepor algo que tivesse valor acres-centado. A partir de 1990, de-mos um passo forte na área darobótica e, em 1992, demos osprimeiros passos para venderfora de Portugal, comerciali-zando os nossos produtos pelaprimeira vez em Espanha. Em1998, partimos para uma novafase na vida da Motofil e, umano depois, arrancávamos paraeste projecto, com a construçãoda nova unidade industrial,apostando na tecnologia deponta. Em 2005, começámos alaborar nas novas instalaçõesque tinham 12 mil metros qua-drados de área coberta e hojetêm cerca de 56 mil metros paraa produção e são parte de umaárea total de cerca de 300 milmetros quadrados.

Nunca pensou que era um in-

vestimento arrojado para a

época?

Estávamos numa recessão eco-nómica acentuada em Portugal,mas nós vimos nessa conjun-

tura uma oportunidade paraavançar com essa aposta e in-vestimento no arranque destaunidade. Em 2005, já estáva-mos a fazer a mudança do equi-pamento da fábrica antiga, emSão Bernardo, para esta novalocalização, na Zona Industrialdas Ervosas, em Ílhavo, e emOutubro desse ano já estáva-mos aqui a trabalhar. Foi o pre-sidente da Câmara Municipalde Ílhavo de então, Ribau Este-ves, que nos recebeu aqui debraços abertos.

Qual foi, na altura, o valor do

investimento?

Temos aqui, em todas as uni-dades e áreas, cerca de 100 mi-lhões de euros de investimento,sendo que investimos, entre2009 e 2013, cerca de 56 mi-lhões no sistema produtivo dascinco unidades industriais e nocentro de investigação e desen-volvimento que temos agora afuncionar no complexo indus-trial. Entre 2008 e 2013, criámospelo menos quatro unidades in-dustriais novas, a MotoMig (fá-brica de fio), a Motofil Aeronáu-tica, Motofil Serviços (maqui-nação de peças) e a MotofilCorte. Hoje, somos o maior fa-bricante na área da robótica emPortugal, e na área de corte, poroxicorte, plasma e laser, tam-bém estamos, neste momento,a trabalhar essencialmente paraexportação. No fio, temos umadas maiores fábricas da Europa,preparada para produzir 25 miltoneladas por ano e pronta paraser aumentada até às 40 mil to-neladas. Uma fábrica inaugu-rada ainda há meia dúzia demeses... Foi tudo feito aqui,desde a construção da fábrica,passando pelo desenvolvi-mento da tecnologia de fabricode fio de soldadura e todo o de-senvolvimento de um produtode qualidade pensado para che-gar, ver e vencer no mercadoeuropeu. Foi um processo decinco anos, que iniciou o seufabrico em Novembro de 2015e que vai exportar cerca de 90por cento da sua produção.

A robótica é a sua grande

aposta e o seu grande orgu-

lho. Quer falar-nos sobre os

últimos projectos?

Temos projectos porque nãonos faltam clientes e é um or-gulho para toda a equipa daMotofil, todos os colaboradores,desde a área técnica, comercialaté aos homens que andam poresse mundo fora a montar e adar assistência: o mérito é todo

deles. Hoje, temos no nossoportfólio clientes na India, China,Europa ou América do Sul. Te-mos equipamentos instaladosem 56 países. No nosso portfólioestão empresas de primeira li-nha mundial, já que pratica-mente 90 por cento das marcasmundiais de fabrico automóvelincorporam peças soldadascom equipamentos da Motofil:Audi, BMW, Jaguar, Porsche,Bentley, todo o grupo Volkswa-gen, PSA, Opel, etc. Para nós, issoé um orgulho. Também as em-

presas de alguma dimensão emPortugal, ligadas também aosector automóvel, são nossasclientes.

A Motoil não só cresceu

como também alavancou o

crescimento de outras em-

presas do sector que gravi-

tam à sua volta.

Posso afirmar que grande parteda indústria nacional. Fomosnós que incentivámos as em-presas a fazerem investimentosna área da robótica. Muita delasem situação económica difícil.Nós acreditamos nos empresá-rios e, ao contrário da banca,

nós apoiamos os seus projectose, hoje, muitas delas, são em-presas de sucesso. Faz parte donosso ADN apostar nos mo-mentos mais difíceis, e os nos-sos clientes com dificuldadespodem contar connosco.

Qual é a estratégia de expan-

são da empresa, neste mo-

mento?

Hoje, estamos a apostar maisseriamente no mercado daAmérica do Sul, não deixandoos clientes da Europa, claro. Adistância para nós deixou decontar ou ser impedimento. To-dos estes países são promete-dores de futuro. Estamos a acre-ditar nesses mercados e a apos-tar em pessoas. Estamos a for-mar equipas técnico-comer-ciais portugueses para depoisos fazer deslocar para esses paí-ses e liderarem os projectos. Agrande aposta da Motofil foi o

Brasil, entre 2010 e 2015; hoje émenos, mas foi no Brasil quecriámos o nosso ponto estra-tégico, onde temos a nossa sede,com tudo o que seja venda, as-sistência técnica e pós-venda. Éa partir do Brasil. Revertemosa situação para não reduzir aactividade no Brasil, nem des-locar quem lá tínhamos. A nos -sa grande aposta actual está noMéxico e, a partir deste mês deAbril, seremos ainda muitomais fortes. Num futuro pró-ximo, segue-se a Colômbia,muito embora já tenhamos láequipamentos instalados parafabrico de componentes metá-

licos para a indústria termoso-lar. No Perú já estamos, Chiletambém, e agora vamos dar-lhes dimensão. Mas para ser-mos competitivos, foi necessá-rio preparar as fábricas. A Mo-tofil é uma grande aventura quenão tem sido fácil. Nem paramim, nem para aqueles que li-dam comigo diariamente.

Por vezes, também encontra

obstáculos, como foi o caso

da banca?

Eu costumo dizer que o empre-sário é um sofredor. Ser empre-sário neste país é muito com-plicado, por várias razões. Tivemuitas discussões com a bancanos tempos em que mais delanecessitei. Nessa altura, fecha-ram-nos a porta e disseram-nosnão. Praticamente obrigaram-nos a parar ou a adiar os nossosprojectos. Essa nunca foi a mi-nha posição e, mesmo contra-riando toda gente, fiz o que acheique era o melhor para todos,que foi terminar os nossos pro-jectos. Felizmente tivemos umaentidade financeira que nosapoi ou e ajudou a concretizaros nossos projectos.

Nunca pensou em deslocali-

zar-se como fazem muitas

multinacionais?

Apesar deste país ser um paísdifícil, burocrático e complicadode entender, continuamos a in-vestir em Portugal e não vamoscriar empresas em qualquerparte do mundo, queremoscontinuar a investir em pessoase os nossos quadros duplicaramnos anos menos bons. Traba-lhamos sempre em contraciclo.Em breve serão anunciados no-vos projectos, provavelmentefora do concelho de Ílhavo, maisconcretamente em Vagos, masvamos continuar a investir emÍlhavo, pois continuamos a serbem acolhidos neste concelhoe felizmente temos um actualpresidente da Câmara e a suaequipa que entendem o pro-jecto da Motofil e as suas ne-cessidades de expansão. O se-gredo é fazer muito com o pou -co que temos. Fui educado deque nada se consegue sem sa-

Sempre aproveitámos as janelas deoportunidade quando a economiaparecia estar má. Defendo que énessas ocasiões que temos tempopara pensar, tem po para investir

Apesar deste país ser um país diicil, burocrático e complicado deentender, continuamos a investir emPortugal e não vamos criar empresasem qualquer parte do mundo

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SEXTA-FEIRA | 1 ABR 2016 | 17

Publi-reportagem

crifício e é isso que tento trans-mitir quer aos meus filhos queraos meus sobrinhos. Uma vidafácil nunca tive nem terei, massinto-me muito realizado peloque conseguimos construir –eu, o meu pai e a minha irmã etoda a equipa Motofil. Tenho no-ção que fizemos num curto es-paço de tempo o que devería-mos ter feito numa vida.

O segredo do sucesso da

Motoil é andar em contra-

ciclo?

Sempre aproveitámos as janelasde oportunidade quando a eco-nomia parecia estar má. De-fendo que é nessas ocasiões quetemos tempo para pensar, tem -po para investir. Embora o di-nheiro seja escasso. Essa temsido a estratégia da Motofil e oseu sucesso deve-se essencial-mente a estes momentos, por-que não devemos preparar asempresas quando há trabalho,mas sim quando o período émenos favorável. Hoje, a Motofilé uma fábrica com capacidadede produzir o que quer que seja.

Temos instalações muito acimadas nossas necessidades do mo-mento, mas a realidade é uma:Se queremos conquistar o mun -do temos de ter as nossas em-presas preparadas. Nós temosfábricas, temos produtos, temostécnicos, temos qualidade e es-tamos a apostar na formaçãode quadros jovens nacionais.Essa é a nossa grande aposta.

Ser uma empresa familiar

também ajudou?

Demos muito aos nossos clien-tes portugueses, em especialàqueles que acreditaram emnós, na família, na nossa força,quer para desenvolvermos no-vos produtos, quer quando nos

deram moral para irmos à con-quista do mundo. Todos osclientes portugueses foram im-portantes para a Motofil. Desdeo mais pequeno que comprauma simples máquina até aosgrandes clientes portuguesesque são referência em Portugal.Temos clientes que nos tratamcom muito carinho e que nosmomentos mais difíceis estãoao nosso lado e que têm dadoum grande contributo para onosso sucesso. Não vou referirnomes, pois todos eles sabem aquem me refiro. Nunca nenhumcliente nos criou qualquer im-pedimento quando queremosmostrar os nossos produtos aospossíveis clientes do mundo. Éa toda esta gente que estamosgratos.

A visita do Presidente da Re-

pública, Cavaco Silva, teve al-

gum signiicado?

Não somos de andar em expo-sição, a nossa preocupação é tertrabalho e dar condições de tra-balho aos nossos colaborado-res, cada vez melhores. Não

pensamos só em nós. A visitado Presidente da República foium prémio para todos os cola-boradores, para o meu pai epara a minha irmã, pois são elesque me dão força, e, no caso domeu pai, que nos confiou a em-presa. Ele e toda a equipa é quenos dão ânimo para que istoseja o que é hoje. A nossa famíliaé toda a Motofil. É óbvio que es-palhar este projecto para forade portas tem sido uma surpre -sa para muita gente, em especialpara aqueles que não acredita-vam, mas têm que começar aacreditar que esta ilusão se tor-nou numa realidade. Felizmenteconseguimos, apesar de todasas contrariedades. Temos as

nossas fábricas construídas,equipamentos instalados, esta-mos preparados para crescer eenfrentar os desafios do futuro.A visita do Presidente foi um re-conhecimento bonito, um gestoque já devia ter partido de outraspessoas e ainda não aconteceu.

A Motoil Aeronáutica repre-

senta o início da vossa aven-

tura espacial?

O projecto da aeronáutica nascede uma forma muito especialno grupo Motofil. Em 2008/09,com a recessão que se adivi-nhava, estávamos a tentar en-

– Em 1981, iniciou a actividade com o fabrico de motores eléctricos eio de cobre esmaltado.– Em 1988, iniciou a produção das primeiras máquinas de soldadura.– Em 1990, com o início da actividade e abertura do mercado do Lesteda Europa e do mercado Asiático, rapidamente se aperceberam que aMotoil tinha de tomar decisões importantes para o seu futuro.– O ano de 1992 icou marcado por um novo ciclo da Motoil: a criaçãode um departamento de Investigação e Desenvolvimento de NovosProdutos ligados à Robótica Industrial.– Em 1994, começaram a exportar para Espanha.– Em 1996, criaram a primeira empresa fora de Portugal (Espanha),com uma grande componente tecnológica e para desenvolver produ-tos para o mercado local.– Em 1998, izeram a reestruturação total da Motoil: abandonaram osprodutos primários, projectaram a construção de uma nova unidade in-dustrial e deiniram os mercados onde actuar.– 1999, constituíram as sociedades ACN – Máquinas Industriais, Lda eMotoil II – Comércio de Máquinas Industriais, Lda. Adquiriram tambéma sociedade NívelDois – Sociedade de Empreendimentos Imobiliários,Lda.– Em 2000, iniciaram o projecto de construção da unidade industrialonde se encontram hoje, com um objectivo bem deinido: ser umplayer a nível mundial na área da robótica industrial e na área da solda-dura.– O ano de 2004 marca a mudança de instalações para a Zona Indus-trial das Ervosas, em Ílhavo. Também nesse ano, foi constituída a socie-dade Motoil Ibérica SL.– Em 2006, a Motoil – Motores e Fios Lda transformou-se em socie-dade anónima e a designação social foi alterada para Motoil RoboticsS.A.– Em 2007, iniciou-se a actividade da Motomig Soldadura Lda, desti-nada à produção de io de soldadura.– Em 2009, constituíram a empresa Motoil Serviços Lda. As exporta-ções totais foram cerca de 65%, em produtos de grande inovação tec-nológica.– Em 2010, constituíram mais duas empresas: Motoil Equipamentosde Corte, Lda e IRM2 Lda. Alcançaram 70% de exportações totais. Ad-quiriram também uma empresa no Brasil e criaram então a Motoil Co-mércio de Máquinas, em São Paulo – tendo como objetivo a expansãoda Motoil no Mercado da América do Sul.– Em 2011, criaram o Centro de Formação de Robótica e Soldadura.– 2012: Constituição da empresa Motoil Aeronáutica, como umagrande aposta no sector aeronáutico.– 2013: Motoil Equipamentos de Corte arranca em força na sua pro-dução e tecnologia de oxicorte, plasma e laser. – 2014: Constituição da empresa Motoil México, em Querétaro.– 2015: Mudança de instalações da Motomig para a nova e inovadorafábrica na Zona Industrial das Ervosas.– Dezembro de 2015 - Visita do Sr. Presidente da República às instala-ções do Grupo.

Cronologia

“Pensamos muito em nós,

mas também nos menos fa-

vorecidos. Vamos ajudar al-

gumas instituições locais.

Acabámos de criar agora

um projecto com o Diário

de Aveiro, que será anun-

ciado brevemente, para

apoiar a construção de um

novo edifício da Obra da

Criança. Outros projectos

deste tipo também serão

pensados e realizados nos

próximos tempos, de forma

a apoiar outras instituições,

pois a família Motofil vai

estar atenta a estas causas”,

anuncia a empresa. |

A responsabilidade social

FOTOS: PAULO RAMOS

Vamos apostar muito fortemente,no próximo ano, na indústria automóvel e na indústriaaeronáutica. A robótica é como um ilho para mim. Adoro

CONTINUA

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18 | 1 ABR 2016 | SEXTA-FEIRA

Publi-reportagem

trar no Brasil para lhe fazer face

e estávamos a pensar numa al-

ternativa de negócio à robótica.

Numa viagem de regresso do

Brasil, em 2010, olhei para o

tecto do avião e pensei: Porque

não a aeronáutica? Dias depois

fui a França visitar a AirBus que

desconhecia totalmente mas

precisei de apenas 15 minutos

lá dentro. Regressei e decidi fa-

zer o investimento na área da

maquinação de peças. Mantive

o segredo. A Motofil Aeronáu-

tica foi anunciada aos quadros

do grupo em 2011 e nasce ofi-

cialmente em 2012. Quando já

tinhamos a nossa unidade de

maquinação preparada para

iniciar a actividade, pois foi um

investimento bastante arro-

jado de cerca de 25 milhões de

euros. Pegando na tecnologia

relacionada com o mundo au-

tomóvel, que dominávamos,

aplicámo-la à aeronáutica que

tinha já a fábrica montada e

que está a dar os primeiros

passos, com uma equipa de 12

pessoas, altamente especiali-

zada e dotada de meios. Hoje,

temos no nosso portfólio de

clientes a Embraer, Ogma, Air-

bus, Caetano Aeronáutica, Aci-

turri, Altran, Lauak, Masa, Ales-

tis, entre outras, o que é um

motivo de grande orgulho.

Ainda recentemente fomos vi-

sitados pela Boeing para fa-

brico de dispositivos relacio-

nados com a montagem dos

aviões. Hoje, o grupo Motofil

está em qualquer ramo de ne-

gócio e a olhar para o céu,

como é este o caso, ou até

mesmo na indústria espacial,

naval, eólica, termosolar, nas

grandes metalomecânicas, di-

versificámos de tal forma que

estamos em quase tudo em

todo o mundo.

E onde estará dentro de

cinco anos?

Cinco anos é muito tempo,

tendo em consideração a con-

juntura económica, política e so-

cial, mas temos que ser mode-

rados. São muitas as incertezas.

Vamos crescer, as infra-estrutu-

ras estão instaladas e prepara-

das para facturar até 100 mi-

lhões de euros por ano. Creio

que dentro de dois ou três anos

estaremos próximo desse indi-

cador que é onde queremos es-

tar. Vamos apostar muito forte-

mente, no próximo ano, na in-

dústria automóvel e na indústria

aeronáutica. A robótica é como

um filho para mim. Adoro. Não

trabalho por obrigação. Des-

fruto do que faço.

De um ponto de vista mais

imediato, o que se segue?

Agora, temos um novo projecto

que é a Motofil Corte, um pro-

jecto no qual investimos, desde

2010, no desenvolvimento de

produtos, na formação de pes-

soas. Em 2013, iniciámos os pro-

jectos das máquinas de corte

por laser e hoje somos a em-

presa que fabrica as maiores

máquinas de corte por laser

vendidas em Portugal e Espa-

nha. Só em Janeiro, a Motofil

Corte já vendeu o que tínhamos

projectado para 2016. Abrandá-

mos com as vendas e estamos

a trabalhar em novos produtos.

Este projecto é motivante pela

aceitação e confiança dos nos-

sos estimados clientes e amigos.

Queremos instalar estas máqui-

nas que são muito grandes e va-

mos arrancar com a internacio-

nalização da Motofil Corte, em

especial fora da Europa. Esse vai

ser um projecto de três, quatro

ou cinco anos. Depois veremos,

mas não vamos parar. |

“Um percurso de 35 anos, posiciona-nos na liderança domercado na área da automação e robótica, nas principaisáreas de actividade: Metalomecânica, Automóvel, Ener-gias Renováveis, Corte de Chapa, Maquinação e Aero-náutica. A nossa estratégia de crescimento assenta nainvestigação e desenvolvimento, na melhoria contínuados processos e dos produtos inais, de acordo com asnecessidades especíicas de cada cliente.Estamos sediados em Ílhavo, Portugal, num parque in-dustrial com 260.000m2, tendo 55.000m2 de área pro-dutiva e onde foram criadas estruturas e empresas paraque o luxo produtivo seja independente e optimizado.Contamos com uma equipa de 230 colaboradores, es-pecializados nas diversas áreas.- Apostamos na internacionalização, exportando regular-mente para países como Espanha, Inglaterra, França,Alemanha, Rússia, Eslováquia, República Checa, Romé-nia, Polónia, Turquia, China, EUA, México, Peru, Chile,Brasil, Índia, China, Áustria e Colômbia e África do Sul, es-tando em curso a expansão para outros mercados”.

Dados geraisResumo da actividade

CONTINUAÇÃO