JHRMestradoPEAdm
-
Upload
leonardo-barreto -
Category
Documents
-
view
2 -
download
0
description
Transcript of JHRMestradoPEAdm
-
UNIVERSIDADE DE SO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SO CARLOS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DA PRODUO
JULIANA HELENA RICO
Estudo de utilizao de conceitos de produo enxuta em processos
administrativos: estudo de caso e proposta de um roteiro de aplicao
So Carlos
2007
-
Juliana Helena Rico
ESTUDO DE UTILIZAO DE CONCEITOS DE PRODUO ENXUTA EM PROCESSOS ADMINISTRATIVOS: ESTUDO DE CASO E PROPOSTA DE UM
ROTEIRO DE APLICAO
Dissertao apresentada Escola de Engenharia de So Carlos da Universidade de So Paulo, como parte dos requisitos para a obteno do Ttulo de Mestre em Engenharia de Produo
Orientador: Prof Associado Antonio Freitas Rentes
So Carlos
2007
-
AGRADECIMENTOS
Agradeo ao Professor Rentes pela confiana, orientao, apoio e
principalmente pela amizade. Sua orientao e seu exemplo foram importantes no s
para este trabalho, mas para o meu crescimento pessoal.
Aos professores e funcionrios do Departamento de Engenharia de
Produo da EESC pelo apoio e contribuies, em especial aos Professores Edmundo
Escrivo Filho e Edson Walmir Cazarini pelas contribuies no exame de qualificao,
indispensveis para a concluso deste trabalho.
A meus pais pelo apoio e amor incondicionais e a famlia pela minha
formao e pelo incentivo constante.
Aos colegas do grupo GMO (Gerenciamento da Mudana e Melhoria
Organizacional) pela ajuda, em especial a Valria e Alessandro.
A todos meus amigos pelo interesse, incentivo, motivao e a troca de
experincias.
-
RESUMO
RICO, J. H. (2005). Estudo da Utilizao de Conceitos de Produo Enxuta em
Processos Administrativos: Estudo de Caso e Proposta de um Roteiro de Aplicao.
Dissertao (Mestrado) Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So
Paulo, So Carlos, 2005.
Este trabalho tem por objetivo realizar um estudo de utilizao dos
conceitos de Produo Enxuta na rea administrativa e propor um roteiro de referncia
para aplicao. Para isso, foi feito um levantamento bibliogrfico sobre Processos de
Negcios, Produo Enxuta e metodologias de aplicao desta em processos
administrativos, possibilitando uma anlise e comparao entre estas metodologias
encontradas. Em seguida, foi realizado um estudo de caso com base em aplicaes reais
de Produo Enxuta na rea administrativa. Como resultado da anlise das metodologias
e do estudo de caso foi proposto um roteiro de referncia.
Palavras-chave: Produo Enxuta e Processos de Negcios.
-
ABSTRACT
RICO, J. H. (2005). Studying about Application of Lean Production Concepts within
Business Processes: Case study and Proposal of an Application Script. Dissertao
(Mestrado) Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So
Carlos, 2005.
This work has the purpose of study the Lean Production concepts use
within the administrative area and to propose an application script. A bibliographic
research was done about Business Process, Lean Production and methodologies for
Lean Production application in Business Process what enabled an analysis and a
comparison between the found methodologies. The next step was a case study of a real
application of Lean Production within an administrative area. As a result of the
methodologies analysis and the case study an application script has been proposed.
Keywords: Lean Production and Business Process.
-
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - METODOLOGIA DA PESQUISA...................................................................... 16 FIGURA 2 - DIAGRAMA CONCEITUAL DO MODELO SLIM-IT (LAREAU, 2002) .............. 45 FIGURA 3 - SUAVIDADE DO FLUXO DE VALOR NA MENTALIDADE ENXUTA (TAPPING E
SHUKER, 2002) ................................................................................................. 56 FIGURA 4 EXEMPLO DE STORYBOARD EM BRANCO (TAPPING E SHUKER, 2002) ....... 58 FIGURA 5 - CONES DE MAPEAMENTO PARA FLUXO DO ESTADO ATUAL (TAPPING E
SHUKER, 2002) ................................................................................................. 64 FIGURA 6 - MAPA DE ESTADO ATUAL ADAPTADO DE TAPPING E SHUKER (2002) ........... 65 FIGURA 7 - RADAR DE AVALIAO ENXUTA (TAPPING E SHUKER, 2002)................. 67 FIGURA 8 - CONES DE DEMANDA (TAPPING E SHUKER, 2002).................................. 68 FIGURA 9 - CONES DE FLUXO (TAPPING E SHUKER, 2002) ....................................... 69 FIGURA 10 - CONES DE NIVELAMENTO (TAPPING E SHUKER, 2002) ......................... 69 FIGURA 11 - MAPA DE ESTADO FUTURO (TAPPING E SHUKER, 2002) ....................... 72 FIGURA 12 - PASSOS PARA IDENTIFICAO E ELIMINAO DE DESPERDCIOS NO AMBIENTE
ADMINISTRATIVO - PASSOS BSICOS E SEGUNDO NVEL (VILLACRESES, 2003)... 77 FIGURA 13 - FLUXO DE APLICAO DA EMPRESA ......................................................... 97 FIGURA 14 - MAPA DO ESTADO ATUAL - PROCESSO "DA SOLICITAO DE PESSOAL
ENTRADA DO FUNCIONRIO" ................................................................................ 99 FIGURA 15 - MAPA DO ESTADO FUTURO - PROCESSO "DA SOLICITAO DE PESSOAL
ENTRADA DO FUNCIONRIO" .............................................................................. 102 FIGURA 16 - FOCOS KAIZEN X MELHORES PRTICAS .................................................. 106 FIGURA 17 - CARTA DE OBJETIVOS............................................................................. 118 FIGURA 18 - CRONOGRAMA DA APLICAO EXEMPLO ................................................. 119 FIGURA 19 - CONES DE MAPEAMENTO PARA FLUXO DO ESTADO ATUAL (TAPPING E
SHUKER, 2002) ............................................................................................... 124 FIGURA 20 - RADAR DE AVALIAO ENXUTA COM PRIMEIRA AVALIAO ................... 128 FIGURA 21 - CONES PARA MAPEAMENTO DO ESTADO FUTURO (TAPPING E SHUKER,
2002) ................................................................................................................ 129 FIGURA 22 PLANO KAIZEN ...................................................................................... 133 FIGURA 23 RADAR DE AVALIAO COM LTIMA AVALIAO................................... 137
-
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - ESPECTRO DOS PRINCIPAIS MODELOS DE PROCESSOS (GONALVES, 2000)24 TABELA 2 - QUADRO COMPARATIVO DAS METODOLOGIAS DE PRODUO ENXUTA PARA
REA ADMINISTRATIVA ........................................................................................ 89 TABELA 3 - PLANO DE AO PARA FOCOS KAIZEN ..................................................... 101 TABELA 4 - COMPARAO ENTRE METODOLOGIAS ESTUDADAS E A UTILIZADA NO ESTUDO
DE CASO............................................................................................................. 104 TABELA 5 - COMPARAO ENTRE METODOLOGIAS ESTUDADAS E A UTILIZADA NO ESTUDO
DE CASO............................................................................................................. 108 TABELA 6 - PLANO DE TREINAMENTO......................................................................... 122 TABELA 7 - ALVOS PARA CADA MTRICA.................................................................... 132 TABELA 8 - AVALIAO DAS MTRICAS...................................................................... 137 TABELA 9 - PLANO DE ACOMPANHAMENTO ................................................................ 138 TABELA 10 - COMPARAO ENTRE ROTEIRO PROPOSTO E METODOLOGIAS ESTUDADAS139
-
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BPR - Business Process Reengineering
BSC - Balanced Scorecard
LDMS - Lean Daily Management System
LT Lead time
PE Produo Enxuta
RP Requisio de pessoal
TI Tecnologia da Informao
TP Tempo de processamento
TPS - Toyota Production System
TQM - Total Quality Management
TRA Tempo de realizao da atividade
VSM Value Stream Management
-
SUMRIO
AGRADECIMENTOS ....................................................................................................... 1
RESUMO ....................................................................................................................... 2
ABSTRACT .................................................................................................................... 3
LISTA DE FIGURAS........................................................................................................ 4
LISTA DE TABELAS........................................................................................................ 5
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS............................................................................... 6
SUMRIO ...................................................................................................................... 7
CAPTULO 1- INTRODUO .......................................................................................... 9
1.1. CONTEXTO .......................................................................................................... 9 1.2. APRESENTAO DO PROBLEMA ......................................................................... 12 1.3. OBJETIVO.......................................................................................................... 14 1.4. METODOLOGIA DE PESQUISA E DE DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO................. 14 1.6. ORGANIZAO DO TRABALHO ........................................................................... 17
CAPTULO 2- REVISO BIBLIOGRFICA ..................................................................... 18
2.1. ESCRITRIO REA ADMINISTRATIVA ............................................................... 18 2.2. PROCESSOS DE NEGCIOS.................................................................................. 20
2.2.1. Reengenharia de Processo de Negcio....................................................... 24 2.3. PRODUO ENXUTA .......................................................................................... 27
2.3.1. Princpios da Produo Enxuta .................................................................. 29 2.3.2. Categorias de Desperdcios........................................................................ 31 2.3.3. Tcnicas e Ferramentas da Produo Enxuta.............................................. 33 2.3.4. Empreendimento Enxuto ........................................................................... 36
2.4. PRODUO ENXUTA EM PROCESSOS ADMINISTRATIVOS ..................................... 37 2.4.1. Escritrio Kaizen....................................................................................... 38 2.4.2. Gerenciamento do Fluxo de Valor para o Escritrio Enxuto...................... 54 2.4.3. Guia do Escritrio Enxuto ......................................................................... 76 2.4.4. Anlise e Comparao das Metodologias................................................... 87 2.4.5. Melhores Prticas ...................................................................................... 90
CAPTULO 3- ESTUDO DE CASO................................................................................... 94
3.1. CONTEXTO DA EMPRESA ................................................................................... 94 3.2. METODOLOGIA UTILIZADA ................................................................................ 95 3.3. ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 97 3.4. CONSIDERAES SOBRE O ESTUDO DE CASO .................................................... 103
CAPTULO 4- ROTEIRO DE APLICAO .................................................................... 108
-
4.1. PROPOSTA DO ROTEIRO DE APLICAO DE PRODUO ENXUTA EM PROCESSOS ADMINISTRATIVOS................................................................................................. 114
4.1.1. Comprometimento da Alta Gerncia........................................................ 115 4.1.2. Identificao da Necessidade/Fluxo de Valor........................................... 119 4.1.3. Treinamento ............................................................................................ 121 4.1.4. Mapeamento do Estado Atual .................................................................. 123 4.1.5. Identificao de Mtricas......................................................................... 126 4.1.6. Projeto do Estado Futuro ......................................................................... 128 4.1.7. Criao dos Planos Kaizen....................................................................... 131 4.1.8. Evento Kaizen ......................................................................................... 134 4.1.9. Acompanhamento e Medio Ps-Implementao ................................... 136
4.2. COMPARAO DO ROTEIRO DE APLICAO COM AS METODOLOGIAS ESTUDADAS............................................................................................................................. 138
CAPTULO 5- ANLISE E CONCLUSES FINAIS ......................................................... 141
5.1. ANLISE DAS ATIVIDADES E RESULTADOS ....................................................... 141 5.1.1. Cumprimento dos Objetivos .................................................................... 142
5.2. DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ....................................................................... 143 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS: ............................................................................. 145
-
Captulo I- Introduo 9
CAPTULO 1- INTRODUO
1.1. Contexto
Em todo ambiente de produo, a rea fabril e administrativa tem um
relacionamento muito forte, elas esto conectadas e so interdependentes. A fbrica
precisa ter os documentos do escritrio na linha, na hora certa e na quantidade
necessria. Ao mesmo tempo, o escritrio requer o produto ou servio da fbrica na
hora e na quantidade correta (VILLACRESES, 2003). Neste relacionamento, por
exemplo, cotaes e ordens de compra so enviadas para os clientes com a quantidade e
o tempo de espera baseados na eficincia da fbrica, mas o cho de fbrica depende da
eficincia no processamento de documentos para cumprir os prazos das ordens de venda
e garantir a quantidade certa de material quando necessrio.
A fbrica considerada o corao de uma empresa de manufatura porque
l que os produtos tomam forma e ganham suas caractersticas, mas o escritrio
responsvel por uma parte importante nos processos e no controle da manufatura. De
acordo com Hyer e Wemmerlov (2002) as operaes de escritrio representam uma
grande oportunidade para melhoria de processos, estes processos podem consumir mais
de 50% do tempo de execuo de uma ordem de venda e podem somar uma poro
significativa dos custos dos produtos vendidos (de 25% a 35% na maioria das empresas
de manufatura). Ainda assim, poucas empresas tm aplicado o mesmo esforo para
-
Captulo I- Introduo 10
reduzir tempo de execuo e diminuir desperdcios nas operaes de escritrio como
fazem na manufatura.
Os processos industriais, especialmente os de manufatura, sempre
tiveram seu desempenho acompanhado de perto pelas legies de engenheiros de
produo e tcnicos da rea industrial. Os processos tpicos da rea no fabril e das
empresas que no tm rea fabril, no entanto, passaram despercebidos por dcadas
(GONALVES, 2000).
De acordo com Villacreses (2003), as empresas devem implementar
mudanas constantes e radicais para desenvolver e manter uma vantagem competitiva.
Atualmente, vrias empresas tm tentado numerosas estratgias para maximizar a
eficincia do cho de fbrica, mas essas empresas tm ignorado a importncia da
eficincia na rea administrativa.
H grandes mudanas ocorrendo nos escritrios, transformando as
operaes de processamento de papel em processamento eletrnico. As mudanas nas
operaes e nas tecnologias do escritrio tm sido extraordinrias no decorrer da
Revoluo Industrial. Basta lembrar apenas que os lpis com borrachas e as penas de
ao foram introduzidos h menos de 150 anos. O papel carbono e a mquina de escrever
foram introduzidos nos escritrios na dcada de 1870. A calculadora de teclado e o
tabulador de carto perfurado seguiram-se ao final da dcada de 1880, juntamente com
o telefone. Todos os avanos na tecnologia de escritrio aumentaram muito a
produtividade dos negcios e do comrcio durante o perodo de crescimento do
capitalismo industrial. Agora, medida que a economia se transforma o escritrio est
evoluindo para melhor coordenar e controlar o fluxo acelerado da atividade econmica
(MOURA, 1998).
Algumas estratgias utilizadas no cho de fbrica como Administrao
-
Captulo I- Introduo 11
da Qualidade Total (TQM), Reengenharia e Produo Enxuta podem ser utilizadas com
sucesso tambm no ambiente administrativo (VILLACRESES, 2003).
A Produo Enxuta (Lean Production), originalmente concebida por
Taiichi Ohno e colaboradores essencialmente como prticas de manufatura, vem sendo
gradualmente disseminada em todas as reas da empresa e tambm para empresas dos
mais diferentes tipos e setores, tornando-se efetivamente uma filosofia e uma cultura
empresarial. Algumas empresas como Dupont e Bosch tm aplicado a Produo Enxuta
tambm fora do cho de fbrica e obtiveram bons resultados (LEAN SUMMIT, 2004).
A Produo Enxuta engloba uma srie de prticas e tcnicas e tem como
objetivo eliminar atividades que no agregam valor ou desperdcios atravs de melhoria
contnua. Os desperdcios so classificados (SHINGO, 1996) como: superproduo,
espera, transporte excessivo, processos inadequados, inventrio desnecessrio,
movimentao desnecessria e produtos defeituosos. Os princpios enxutos incluem
entender o valor para o cliente, introduo do sistema puxado e a busca pela perfeio.
Entre as principais tcnicas possvel citar: Mapeamento do Fluxo de Valor (Value
Stream Mapping), 5 S, Fluxo Contnuo, Layout Celular, Sistema Puxado, entre outras.
De acordo com Kippenberger (1997), a inteno de um projeto para
gerao de uma organizao enxuta colocar todo o fluxo de valor de um produto ou
famlia de produto especfico em primeiro plano e repensar cada aspecto dos trabalhos,
carreiras, funes e empresas ao longo do fluxo de forma que o valor esteja especificado
corretamente e fluindo atravs dos processos. Existem muitos obstculos a serem
enfrentados nesse tipo de projeto, principalmente por que a maioria das pessoas pensa
primeiro em suas posies e suas carreiras, por causa disso durante o levantamento do
fluxo cada pessoa ou equipe passa sua viso de valor de acordo com seus interesses e
no do prioridade para o fluxo completo que o que realmente interessa ao cliente.
-
Captulo I- Introduo 12
Transformar um escritrio de um estado atual em uma condio futura desejada um
processo complexo. Devido a essa dificuldade, um modelo para guiar o processo de
transformao que permita a diminuio de desperdcio em qualquer ambiente
administrativo crtico para o aumento da probabilidade de sucesso.
1.2. Apresentao do Problema
As empresas esto sob uma intensa e permanente presso para fazerem
uso das oportunidades e ofertas de mercado. Para isso importante que elas moldem
seus processos a fim de produzirem seus produtos ou prestarem seus servios segundo
critrios mais econmicos. Alm disso, as condies econmicas globais esto
encaminhando os negcios na direo de diversas atividades, com objetivo de, no
mnimo, cortar custos.
Para Porter (1999), o meio ambiente onde as empresas atuam como
uma arena de competio, onde elas esto sujeitas a diversas foras concorrentes e tem
que lidar com elas para sobreviver. Ele analisa os efeitos que a concorrncia tem
sobre as empresas e as formas como elas podem enfrent-las.
Essa competitividade fez com que as empresas buscassem o
aperfeioamento de seus processos produtivos e desenvolvessem produtos e servios
com qualidade.
De acordo com Hammer e Champy (1994), a diferena entre empresas
vitoriosas e perdedoras que as primeiras sabem como realizar melhor o seu trabalho.
Se as empresas querem voltar a ser vitoriosas, tero de examinar como o seu trabalho
realizado. Nem mais simples, nem mais formidvel do que isso.
-
Captulo I- Introduo 13
Alguns dos objetivos que podem ser alcanados quando um escritrio
enxuto trabalha com uma fbrica enxuta so: melhoria na qualidade do produto, envio
dos produtos ao cliente no momento certo e aumento do rendimento da empresa. Indo
de encontro com as preocupaes atuais das organizaes.
Vrias organizaes reconhecem que se transformar em empresas
enxutas um objetivo importante. Entretanto, muitas delas esto fazendo projetos
enxutos sem necessariamente se transformarem em empresas enxutas. Isso porque elas
tentam escolher reas onde ser mais fcil a transformao enxuta. Tipicamente, tais
organizaes implementam, esporadicamente, melhorias para minimizar os desperdcios
e promover o fluxo contnuo sem ligar os esforos a uma estratgia coerente. Uma das
reas negligenciadas nestas implementaes a administrativa (TAPPING e SHUKER,
2002).
Existem vrios estudos de aplicao da Produo Enxuta na manufatura,
mas a aplicao das tcnicas no ambiente administrativo um tema recente. Dentro da
rea administrativa o fluxo de informao e de documentos, o que torna mais difcil a
identificao dos focos de desperdcios. Pode-se citar como exemplo o desperdcio de
espera que na fbrica notado com muita facilidade quando os materiais comeam a se
acumular entre dois processos e que se torna muito mais difcil de se identificar dentro
de um escritrio, pois muitas informaes que precisam ser processadas esto
armazenadas nos computadores, em e-mails, s vezes em papis dentro de gavetas onde
no possvel enxergar visualmente. Neste contexto, so necessrias mudanas na
forma de desenvolver um projeto enxuto dentro de um escritrio.
Em diversas situaes os esforos de melhoria em muitas indstrias
brasileiras tm sido desapontadores, com resultados muito abaixo do esperado,
resultando em desperdcios de recursos, em perda de confiana nos agentes de mudana,
-
Captulo I- Introduo 14
em frustrao das pessoas envolvidas e, talvez o pior de tudo, em medo de empreitar
novas mudanas (RENTES, 2000). Rentes, ainda afirma que grande parte das
transformaes no obtm sucesso por falta de uma metodologia clara a seguir.
Sendo assim a questo da pesquisa seria:
Quais as caractersticas relevantes para um roteiro de aplicao de
Produo Enxuta em processos administrativos?
1.3. Objetivo
O objetivo principal deste trabalho fazer um estudo de utilizao dos
conceitos de Produo Enxuta na rea administrativa e definir uma proposta de
um roteiro de referncia para aplicao. Esse roteiro desenvolvido sobre o critrio
de que os princpios enxutos podem ser aplicados para identificar e remover
desperdcios tambm na rea administrativa.
Os objetivos secundrios do trabalho so:
Identificar metodologias existentes na literatura;
Levantar aplicaes reais j realizadas na literatura;
Avaliar aplicaes reais encontradas;
Montar um roteiro de referncia para aplicao.
1.4. Metodologia de pesquisa e de desenvolvimento do trabalho
Este trabalho trata-se de uma pesquisa qualitativa. Segundo Silva &
Menezes (2000), essa abordagem considera que o ambiente natural a fonte direta para
-
Captulo I- Introduo 15
coleta de dados e o pesquisador o instrumento chave, que tende a analisar os dados
indutivamente. As principais caractersticas so apresentadas a seguir (HOPPEN et al.,
1996):
A pesquisa busca uma profunda compreenso do contexto da
situao.
A pesquisa enfatiza o processo dos acontecimentos, isto , a
seqncia dos fatos ao longo do tempo.
Enfoque da pesquisa mais desestruturado, no h hipteses fortes
no incio da pesquisa, o que lhe confere bastante flexibilidade.
A pesquisa utiliza mais de uma fonte de dados e enfatiza a
perspectiva do objeto de estudo.
Segundo Nakano & Fleury (1997), os principais mtodos da pesquisa
qualitativa so: o estudo de caso, a observao participante e a pesquisa-ao. De
acordo com Yin (1981), o estudo de caso se caracteriza como sendo uma estratgia de
pesquisa, que busca examinar um fenmeno contemporneo dentro do seu contexto.
O estudo de caso pode ser nico ou mltiplo e a unidade de anlise pode
ser um ou mais indivduos, grupos, organizaes, eventos, pases ou regies.
Baseado no exposto acima este trabalho utilizar essa metodologia e est
dividido em sete fases, que so apresentadas abaixo na Figura 1.
-
Captulo I- Introduo 16
Figura 1 - Metodologia da Pesquisa
Inicialmente foi realizada a definio da pesquisa, seu escopo e
abrangncia. A partir da definio, foi feito o levantamento bibliogrfico, buscando os
conceitos de Produo Enxuta e um levantamento de metodologias e tcnicas de
aplicao de Produo Enxuta em processos administrativos. Aps este levantamento,
foram feitas a anlise e comparao das metodologias encontradas.
Em uma segunda etapa foram realizados: o levantamento de aplicaes
existentes, um estudo de caso destas aplicaes, a proposio de um roteiro e a analise
crtica.
-
Captulo I- Introduo 17
1.6. Organizao do Trabalho
O presente trabalho est organizado em 5 captulos. Neste primeiro
captulo foi feita uma introduo situando o projeto de pesquisa no contexto da
Produo Enxuta, a apresentao do problema, os objetivos a serem alcanados, a
metodologia de pesquisa a ser utilizada, o desenvolvimento do trabalho e por fim a
organizao do mesmo.
No captulo 2 feita uma reviso bibliogrfica do tema, apresentando
conceitos necessrios para a formulao desta pesquisa. Nele so apresentados os
conceitos de Processos de Negcios, Produo Enxuta, so abordadas trs metodologias
de aplicao de Produo Enxuta no ambiente administrativo (Escritrio Kaizen,
Gerenciamento do Fluxo de Valor para o Escritrio Enxuto e Guia do Escritrio
Enxuto) e feita uma anlise comparativa das trs metodologias apresentadas.
O captulo 3 apresenta um estudo de caso de uma aplicao realizada em
uma empresa de equipamentos automotivos.
O Roteiro de Aplicao de Produo Enxuta em Processos
Administrativos apresentado no captulo 4.
O captulo 5 apresenta a concluso do trabalho, com propostas para
desenvolvimentos futuros.
Por fim so citadas as bibliografias utilizadas para a elaborao deste
trabalho.
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 18
CAPTULO 2- REVISO BIBLIOGRFICA
Nesta reviso bibliogrfica sero abordados os seguintes temas:
Processos de Negcios, Produo Enxuta e metodologias para implementao da
Produo Enxuta no ambiente administrativo.
Pela necessidade da definio de Processo de Negcio para este trabalho,
pela importncia de sua re-estruturao e pelo contexto histrico de mudana
organizacional faz-se necessrio uma breve reviso bibliogrfica sobre este tema.
Por ser o tema principal deste trabalho, em seguida, abordada a
Produo Enxuta com seus conceitos, tcnicas e ferramentas. Consecutivamente so
apresentadas trs metodologias para implementao da Produo Enxuta no ambiente
administrativo e uma anlise destas metodologias.
2.1. Escritrio rea administrativa
A cincia da administrao marcada pelo racionalismo vindo com o
surgimento do capitalismo. uma das cincias mais complexas pois estudos e teorias
esto sempre em desenvolvimento e a realidade nas organizaes continua em
movimento, sendo o seu objeto de estudo um dos mais imprevisveis: o homem. Todo
esforo no desenvolvimento de teorias sobre o homem e a organizao ainda no supre
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 19
o universo existente na realidade das organizaes. Esta diferena est nas mos de cada
executivo. A dinmica da organizao extremamente rpida, por isso a alta
administrao deve estar preparada para este cenrio.
Usando a definio de organizao de Escrivo Filho (1995): sistema de
atividades precisamente planejadas para a consecuo de objetivo estabelecido. A
estrutura organizacional desenvolve-se para aumentar a eficcia do controle
organizacional sobre as atividades necessrias consecuo dos objetivos (JONES,
1995).
De acordo com Oliveira (1990), quando a estrutura organizacional
estabelecida de forma adequada, ela propicia para a empresa alguns aspectos:
Identificao das tarefas necessrias;
Organizao das funes e responsabilidades;
Informaes, recursos e feedback aos empregados;
Medidas de desempenho compatveis com os objetivos e
Condies motivadoras.
As corporaes brasileiras viveram grandes desafios nos ltimos anos,
intensificados com o processo de abertura econmica iniciado no comeo dos anos 90.
Apesar, das diferenas setoriais, a concorrncia impele a buscar um padro de
competitividade de classe mundial, requerendo maior competncia na formulao e
implementao da estratgia do negcio e da estratgia da gesto. Com um modelo de
gesto muitas vezes idealizado a partir dos Estados Unidos, os brasileiros buscam
implantar as diferentes metodologias surgidas no Primeiro Mundo. No entanto, observa-
se que no se consegue tirar todo o proveito de muitos mtodos que se tenta
implementar. O Brasil, por sua histria e pelas influncias de diversos povos desde o
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 20
processo de colonizao, formou uma identidade nacional prpria e diferenciada,
revelando a importncia de aprofundar o conhecimento sobre um modelo brasileiro de
gesto. (TANURE, 2005) Assim como Tanure (2005) vrios outros autores tm
desenvolvido pesquisas sobre as diferenas entre os pases na forma de administrar.
Uma estrutura organizacional reflete escolhas administrativas feitas sobre
como melhor coordenar as atividades necessrias os fluxos de trabalho, as
comunicaes e as atividades de seus membros (BEDEIAN e ZAMMUTO, 1991).
A organizao orientada para processos est surgindo como a forma
organizacional dominante para o sculo XXI (HAMMER, 1996). Abandonando a
estrutura por funes, que foi a forma organizacional predominante nas empresas do
sculo XX, as empresas esto organizando seus recursos e fluxos ao longo de seus
processos bsicos de operao. Sua prpria lgica de funcionamento est passando a
acompanhar a lgica desses processos, e no mais o raciocnio compartimentado da
abordagem funcional (GONALVES, 2000).
A intensa utilizao do conceito de processo na modernizao das
empresas provavelmente tem origem na tentativa de aplicao das tcnicas de
aperfeioamento do trabalho, desenvolvidas para o ambiente industrial, no ambiente de
escritrio (GONALVES, 2000).
2.2. Processos de Negcios
Todo trabalho importante realizado nas empresas faz parte de algum
processo (GRAHAM e LEBARON, 1994). No existe um produto ou um servio
oferecido por uma empresa sem um processo empresarial. Da mesma forma, no faz
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 21
sentido existir um processo empresarial que no oferea um produto ou um servio
(GONALVES, 2000).
A nfase atual de se definir os Processos de Negcios das empresas
advm da febre da Reengenharia. Pode-se dizer que a Reengenharia que forneceu este
termo com o significado atual de conjunto de atividades, que normalmente so
realizadas por diversos departamentos de uma empresa (ROZENFELD, 1996).
Para obter um contexto histrico, a Reengenharia tomou a ateno da
comunidade empresarial desde a publicao de um artigo original de Michael Hammer
em 1990, denominado Re-engineering Work: Dont Automate, Obliterate e reforada
pela obra Reengineering the Corporation: A Manifesto for Business Revolution de
Hammer e Champy publicada em 1993, onde os autores mostram com veemncia a no
automatizao seno aps o desmantelamento de consagradas formas de realizar
determinado processo.
Define-se um processo de negcio como um conjunto de atividades com
uma ou mais espcies de entrada e que cria uma sada de valor para o cliente. Mais
formalmente, um processo um grupo de atividades realizadas numa seqncia lgica
com o objetivo de produzir um bem ou servio que tem valor para um grupo especfico
de clientes (HAMMER e CHAMPY, 1994). Um exemplo o atendimento a pedidos,
que tem como entrada um pedido e resulta na entrega dos produtos solicitados. Em
outras palavras, a entrega dos produtos s mos do cliente o valor criado pelo
processo. Um processo de negcio um mtodo particular de se fazer algo, geralmente
envolvendo um nmero de passos ou operaes que ocupam tempo, ateno, e trabalho
de pessoas com o objetivo de obter lucro ou melhoria.
Alguns atributos de um processo de negcio so (VILLACRESES,
2003):
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 22
Ter entradas e sadas bem definidas.
Ter definido espao e tempo para o inicio e o fim do processo.
Envolver uma seqncia ordenada e logicamente relacionada de
passos ou atividades.
Ocupar tempo, ateno e trabalho de pessoas.
Produzir um produto ou servio que crie valor para o cliente (seja
interno ou externo).
Comprometer-se com o objetivo de trazer lucro ou melhoria.
Consumir recursos do sistema.
O processo pode estar relacionado com outros processos que
trabalhem em conjunto para atingir a misso da empresa.
De forma similar, Davenport e Short (1990) definem processo de negcio
como: a organizao lgica de pessoas, materiais, energia, equipamentos e
procedimentos em atividades de trabalho determinadas para produzir um resultado final
especifico. Davenport e Short tambm afirmam que processos tm duas caractersticas
importantes: primeira, eles tm clientes; segunda, eles cruzam fronteiras organizacionais
e geralmente so independentes de uma estrutura organizacional formal.
Os processos na rea fabril so fceis de se observar, tanto nos perodos
de bom funcionamento como na ocorrncia de problemas. O desperdcio e o retrabalho
so claramente identificveis, e o fluxo do material to importante que os
equipamentos e equipes de trabalho so dispostos ao longo dele. Toda uma cincia de
aperfeioamento dos processos industriais foi desenvolvida ao longo de dcadas,
chegando, inclusive, a ser aplicada a situaes de trabalho nos escritrios
(GONALVES, 2000).
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 23
Os processos podem ser entendidos popularmente como a forma pela
qual as coisas so feitas na empresa (LIPNACK e STAMPS, 1997). Atualmente, no
entanto, o trabalho nos escritrios segue um fluxo conduzido pelos cabos da rede
informatizada, e o deslocamento do trabalho no to facilmente observvel. O fluxo
de trabalho apenas um dos tipos de processo empresarial, talvez aquele em que as
atividades so mais interdependentes e realizadas numa seqncia especfica. Essa
definio estrita deixa de fora processos que no tm incio e fim claros ou cujos fluxos
no so bem definidos. s vezes, alguns desses processos tm impacto maior que os
demais na prpria viabilidade da empresa, como aqueles ligados sucesso na empresa,
ao desenvolvimento dos gerentes e avaliao do desempenho do pessoal.
Os cinco modelos bsicos de processos empresariais formam um espectro
que abrange desde o mais concreto e objetivo modelo, baseado no fluxo de materiais,
at o modelo mais abstrato, que se fundamenta na mudana de estados de um sistema
(GONALVES, 2000). A Tabela 1 resume as principais caractersticas desses modelos
e oferece exemplos.
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 24
Tabela 1 - Espectro dos principais modelos de processos (GONALVES, 2000)
Processos como Exemplo Caractersticas Fluxo de material Processos de fabricao industrial - Inputs e outputs claros
- Atividades discretas - Fluxo observvel - Desenvolvimento linear
- Seqncia de atividades
Fluxo de trabalho Desenvolvimento de produto; recrutamento e contratao de pessoal.
- Incio e final claros
- Atividades discretas - Seqncia de atividades
Srie de etapas Modernizao do parque industrial da empresa; redesenho de um processo; aquisio de outra empresa.
- Caminhos alternativos para o resultado
- Nenhum fluxo perceptvel
- Conexo entre atividades
Atividades coordenadas
Desenvolvimento gerencial;
negociao salarial
- Sem seqncia obrigatria - Nenhum fluxo perceptvel
Mudana de estados Diversificao de negcios; mudana cultural da empresa
- Evoluo perceptvel por meio
de indcios - Fraca conexo entre atividades - Duraes apenas previstas
- Baixo nvel de controle
Os processos de negcio so ligados essncia do funcionamento da
organizao (DREYFUSS, 1996). Eles so tpicos da empresa em que operam e so
muito diferentes de uma organizao para outra.
2.2.1. Reengenharia de Processo de Negcio
O termo Reengenharia de Processo de Negcio (Business Process
Reengineering BPR) tornou-se abrangente para todas as reas que foram
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 25
originalmente descritas com termos diferentes onde revelavam uma nfase necessria
para a melhoria dos processos de uma organizao, tais como: Melhoria dos Processos
de Negcio - Business Process Improvement, Redesenho dos Processos do Negcio -
Business Process Redesign, Gerncia dos Processos de Negcio - Business Process
Management e a propriamente dita Reengenharia de Processos de Negcio - Business
Process Reengineering cunhada por Hammer e atualmente o termo mais usado
(CHILDE, 1997).
Reengenharia de processos de negcios (BPR) uma metodologia para
transformar processos de negcios de uma empresa para alcanar uma ruptura em
qualidade, tempo de resposta, flexibilidade e custo para competir com maior eficincia
em um mercado especfico.
Um projeto de reengenharia de processos de negcios de sucesso em um
ambiente administrativo requer a percepo de um design multifuncional entre
departamentos, dar mais poder aos funcionrios, aumentar a tica nos departamentos,
formulao de novas polticas e procedimentos para o novo sistema e o estabelecimento
de uma base de dados separada como referncia (WONG e LI, 1998).
O design multifuncional pode ser conseguido desde que os
departamentos sejam integrados atravs de um sistema. Esses departamentos operam
como uma entidade integrada, dividindo informaes e evitando repetio de tarefas.
Aumento do poder dos funcionrios se torna necessrio, eles precisam de mais
autonomia para agilizar o processo. A tica tambm precisa ser melhorada, esperado
que as pessoas faam um esforo extra para assegurar que os dados sejam lanados na
hora certa e com preciso. Os gerentes devem estabelecer uma poltica e procedimentos
para resolver qualquer conflito em potencial.
Fazer as pessoas aceitarem a idia de que o seu trabalho sofrer uma
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 26
mudana radical no uma guerra que se ganha em uma nica batalha. Trata-se de uma
campanha educacional e de comunicao que dura do princpio ao fim da reengenharia.
uma tarefa de venda que comea pela percepo da necessidade da reengenharia e que
s perde o mpeto bem depois de os processos reformulados terem sido implantados
(HAMMER e CHAMPY, 1994).
As idias que servem de base para os conceitos de competio baseada
no tempo (time-based competition) e Produo Enxuta so de importncia considervel
para BPR (CHILDE, MAULL e BENNETT, 1994). Stalk e Hout (1990) afirmam que o
tempo a arma mais importante para as empresas contemporneas. A explorao do
tempo na maneira sugerida por Stalk e Hout requer que as empresas cortem o tempo
envolvido no desempenho de cada um dos seus processos chave. Competio baseada
no tempo , por sua natureza, orientada a processos e por isso tem como objetivo
reduzir radicalmente o tempo requerido para que um processo completo seja realizado.
Outros benefcios incluem aumento de produtividade, reduo de riscos e aumento dos
lucros.
Produo Enxuta definida em Womack et al. (1992) como: o nmero
mximo de tarefas e responsabilidades para os trabalhadores que efetivamente agregam
valor e um sistema que detecte defeitos e rapidamente depure cada problema at sua
causa raiz. O movimento em direo Produo Enxuta no pode ser feito sem a
compreenso de como os processos operam. Sem esse entendimento nenhuma tentativa
pode ser feita para identificar valores agregados. Na mesma direo vo os esforos da
Reengenharia, procurando conhecer os processos e transform-los buscando a
diminuio de tempo e recursos gastos em cada atividade.
BPR tambm est relacionada com Kaizen, uma filosofia orientada a
processos de melhoria contnua do Japo. Imai (1986) contrasta mudanas radicais e
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 27
inovadoras, as quais so freqentemente associadas com o Ocidente, e Kaizen que foca
em melhoria continua gerencial, de equipes e indivduos. Kaizen no pretende trocar ou
mudar fundamentalmente o estado atual, de qualquer forma. Imai afirma que as
empresas devem considerar a opo de uma mudana radical assim que os valores
trazidos pelas mudanas Kaizen comearem a diminuir. Alm disso, os esforos de
melhoria continua devem seguir qualquer programa de mudanas radicais.
A Reengenharia e a Qualidade no so antagnicas, pelo contrrio, elas
so complementares. Mas cada uma tem seu tempo de aplicao e abrangncia. A
diferena bsica entre os dois paradigmas que a Qualidade lida com processos j
existentes dentro de uma empresa, procurando obter melhoria incremental contnua (o
que os japoneses chamam de Kaizen), enquanto que a Reengenharia pretende mudanas
radicais e descontnuas dos processos produtivos (DAVENPORT, 1994). A Produo
Enxuta uma unio destes paradigmas, pois prope uma grande mudana nos processos
de negcios seguida de projetos Kaizen de melhoria contnua.
A seguir sero apresentados os conceitos de Produo Enxuta.
2.3. Produo Enxuta
O paradigma da Produo Enxuta (lean production), adotado
inicialmente pelas organizaes como resposta s presses exercidas pelo mercado, se
consolidou no Japo por volta das dcadas de 60 e 70 (WOMACK, JONES e ROOS,
1992). No entanto, o mundo ocidental passou a reconhecer os mritos desta abordagem
e a adot-la a partir do final da dcada de 80.
O termo Produo Enxuta foi criado no incio da dcada de 90 para
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 28
nomear o Thinking Process de Taichi Ohno e o conjunto de mtodos que descrevem o
Sistema Toyota de Produo (TPS) da Toyota Motor Company. Este termo foi
popularizado no livro A Mquina que Mudou o Mundo (WOMACK, JONES e
ROOS, 1992), o qual ilustra claramente a significativa diferena de desempenho obtida
pela implantao dos conceitos de Produo Enxuta na indstria automobilstica
japonesa, em comparao com a indstria ocidental.
A mentalidade enxuta uma forma de especificar valor, alinhar na
melhor seqncia as aes que criam valor, realizar essas atividades sem interrupo
toda vez que algum as solicita e realiz-las de forma cada vez mais eficaz; conseguindo
com isso oferecer aos clientes exatamente o que eles desejam (WOMACK e JONES,
2004).
Para Corra e Gianesi (1996) a Produo Enxuta um sistema "ativo", na
medida em que no assume passivamente a estabilidade de metas e variveis de
desempenho, incentivando o questionamento e o melhoramento contnuo das
caractersticas de processo, apoiados no princpio da eliminao de desperdcios.
O ponto de partida essencial para a mentalidade enxuta o valor. O valor
s pode ser definido pelo cliente final e s significativo quando expresso em termos de
produto especfico que atenda s necessidades do cliente a um preo especfico em um
momento especfico.
O fluxo de valor o conjunto de todas as aes especficas necessrias
para se levar um produto especfico a passar pelas trs tarefas gerenciais crticas em
qualquer negcio: a tarefa de soluo de problemas que vai da concepo at o
lanamento do produto, passando pelo projeto detalhado e pela engenharia; a tarefa de
gerenciamento da informao, que vai do recebimento do pedido at a entrega; e a
tarefa de transformao fsica, que vai da matria-prima ao produto acabado nas mos
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 29
do cliente.
A mentalidade enxuta pode aumentar radicalmente a produtividade e ao
mesmo tempo reduzir erros, estoques, acidentes de trabalho, necessidades de espao,
tempo para lanamento de produtos no mercado, tempo da produo e at o custo de
variedades adicionais do produto e os custos em geral. Ao mesmo tempo, essas idias
simples podem tornar o trabalho mais satisfatrio, implementando o feedback imediato
e facilitando a concentrao total, e elas podem encurtar o ciclo do negcio, a causa de
um enorme desperdcio de recursos. Elas exigem pouco capital e criaro empregos, em
vez de destru-los, medida que os gerentes aprendem a us-las adequadamente
(WOMACK e JONES, 2004).
2.3.1. Princpios da Produo Enxuta
Segundo Womack e Jones (2004), a Produo Enxuta pode ser resumida
em cinco princpios bsicos cujo objetivo tornar as empresas mais flexveis e capazes
de responder efetivamente s necessidades dos clientes:
Determinar precisamente o valor por produto especfico: o ponto de
partida e deve ser definido segundo as perspectivas dos clientes finais;
Identificar o fluxo de valor para cada produto: o conjunto de todas
as atividades para se levar um produto especfico a passar pelas tarefas de
desenvolvimento, de gerenciamento da informao e da transformao fsica
propriamente dita;
Fazer o valor fluir sem interrupes: necessrio fazer com que as
etapas que criam valor fluam. Isso exige uma mudana de mentalidade. O produto e
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 30
suas necessidades devem ser o foco, e no as mquinas e equipamentos. O objetivo
reduzir as atividades que no agregam valor;
Deixar com que o cliente puxe o valor do produtor: fazer o que os
clientes (internos ou externos) obtenham o que precisam no momento certo, permitindo
que o produto seja puxado quando necessrio; isso minimiza os desperdcios
comumente encontrados em sistemas empurrados;
Buscar a perfeio: fazer os quatro princpios anteriores interagirem
em um crculo na eliminao dos desperdcios.
medida que as organizaes comeam a especificar valor com
preciso, identificam o fluxo de valor total, medida que fazem com que os passos para
a criao de valor fluam continuamente, e deixem que os clientes puxem o valor, algo
comear a acontecer. Ocorre aos envolvidos que o processo de reduo de esforo,
tempo, espao, custo e erros infinito e, ao mesmo tempo, oferece um produto que se
aproxima ainda mais do que o cliente realmente quer. De repente, a perfeio, o quinto
e ltimo conceito da mentalidade enxuta no parece algo to distante.
Segundo MacDonald, Aken e Rentes (2000) a Produo Enxuta rene
uma srie de princpios para eliminar desperdcios durante a produo dos produtos,
buscando atingir (ou at superar) as expectativas dos clientes. Suas tcnicas procuram
minimizar as perdas dentro da empresa, gerando produtos a um menor custo e
possibilitando organizao produzir a um preo menor e sem perda da qualidade.
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 31
2.3.2. Categorias de Desperdcios
Desperdcio em Produo Enxuta definido como aes que no
agregam valor ao produto e podem ser eliminadas. Desperdcio visto como um
inimigo que limita o desempenho e ameaa a prosperidade do negcio e deve ser
combatido severamente e eliminado sistematicamente ao longo do tempo (EMILIANI,
1998).
Para Monden (1984) o principal propsito da Produo Enxuta eliminar
diversos tipos de desperdcios contidos na empresa atravs da melhoria das atividades.
Os desperdcios tm sido classicamente (HINES e TAYLOR, 2000)
(SHINGO, 1996) (WOMACK e JONES, 2004) classificados como:
Superproduo: Produzir excessivamente ou cedo demais, resultando
em um fluxo pobre de peas e informaes ou excesso de inventrio. As perdas por
Superproduo podem ocorrer por se fabricar alm do volume programado ou
solicitado; ou por produo realizada antes do momento necessrio resultando na
estocagem at a ocasio do consumo. Para Ghinato (2000) a perda por superproduo
a mais danosa, porque ela tende a esconder outras perdas e mais difcil de ser
eliminada.
Espera: Longos perodos de ociosidade de pessoas, peas e
informao, resultando em um fluxo pobre, bem como em longos tempos de execuo.
Segundo Slack et. al (1999) a maioria das empresas est consciente de que o tempo de
espera constitui uma fonte de desperdcio. Eficincia de mquina e eficincia de mo-
de-obra so duas medidas comuns e so largamente utilizadas para avaliar os tempos de
esperas de mquinas e mo-de-obra, respectivamente.
Transporte excessivo: Movimento excessivo de pessoas, informao
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 32
ou peas resultando em dispndio desnecessrio de capital, tempo e energia. O
transporte considerado como uma atividade que no agrega valor, sendo sua
eliminao ou reduo encarada como uma das prioridades no esforo de reduo de
custos.
Processos Inadequados: Utilizao do jogo errado de ferramentas,
sistemas ou procedimentos, geralmente quando uma abordagem mais simples pode ser
mais efetiva. So as parcelas do processamento que poderiam ser eliminadas sem afetar
as caractersticas e funes bsicas do produto ou servio (GHINATO, 2000). Tambm
so consideradas as situaes nas quais o desempenho do processo encontra-se aqum
da condio ideal.
Inventrio desnecessrio: Armazenamento excessivo e falta de
informao ou produtos, sendo considerado todo e qualquer produto mantido em
estoque, resultando em um maior custo operacional, ocupando mais espao, exigindo
equipamento adicional e baixo desempenho do servio prestado ao cliente.
Movimentao desnecessria: Desorganizao do ambiente de
trabalho, resultando em baixo desempenho dos aspectos ergonmicos e perda freqente
de itens. caracterizada por todo movimento corporal de uma pessoa no diretamente
relacionada agregao de valor.
Produtos Defeituosos: Problemas freqentes de qualidade do
produto, ou baixo desempenho na entrega. resultada atravs da fabricao de produtos
que apresentem alguma de suas caractersticas de qualidade fora do padro requerido ou
especificado, e que portanto, no satisfaz aos requisitos de uso.
Hines & Taylor (2000) afirmam que quando pensamos sobre desperdcio
comum definir trs diferentes tipos de atividades quanto sua organizao:
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 33
(1) Atividades que agregam valor so atividades que, aos olhos do
consumidor final, agregam valor ao produto ou servio. Ou seja, atividades pelas quais
o consumidor ficaria feliz em pagar por elas;
(2) Atividades desnecessrias que no agregam valor so atividades que,
aos olhos do consumidor final, no agregam valor ao produto ou servio e que so
desnecessrias em qualquer circunstncia. Estas atividades so nitidamente desperdcios
e devem ser eliminadas a curto e mdio prazo; e
(3) Atividades necessrias que no agregam valor so atividades que,
aos olhos do consumidor final, no agregam valor ao produto ou servio, mas que so
necessrias.
Trata-se de desperdcios difceis de serem eliminados em curto prazo, e
que, portanto, necessitam de um tratamento a longo prazo, ao menos que sejam
submetidos a um processo de transformao radical. A eliminao metdica das
atividades que geram desperdcios ou que simplesmente no agregam valor, pr-
requisito importante para implementar um sistema de Produo Enxuta (CORRA e
GIANESI, 1996).
2.3.3. Tcnicas e Ferramentas da Produo Enxuta
Para eliminao dos desperdcios Produo Enxuta lana mo de um
conjunto de tcnicas e ferramentas. Algumas dessas so:
Value Stream Mapping o Mapa do Fluxo de Valor uma
ferramenta simples que utiliza papel e lpis e ajuda a enxergar e entender o fluxo de
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 34
material e informao na medida em que o produto segue o fluxo de valor. O que se
entende por mapeamento do fluxo de valor simples: deve-se apenas seguir a trilha da
produo de um produto, desde o consumidor at o fornecedor, e, cuidadosamente
desenha-se uma representao visual de cada processo no fluxo de material e
informao (GMO, 2005). Depois, atravs de um conjunto de questes desenha-se o
mapa do estado futuro, uma representao visual de como o fluxo deve ser.
5 S os 5 S referem-se a cinco palavras japonesas, que constituem
uma tcnica simples de preparao do ambiente de trabalho, preparando os funcionrios
para uma mudana de cultura empresarial, agregando a estes mais responsabilidades.
Para Imai (1986) os 5 S so definidos como: (1) Seiri: separar todo o material
necessrio dentro da empresa e descartar tudo o que for desnecessrio; (2) Seiton:
organizar tudo o que sobrar aps a realizao do SEIRI, classificando todos os itens por
sua utilidade e arrumando-os adequadamente; (3) Seiso: a limpeza do local de
trabalho, abrangendo mquinas, ferramentas, cho, paredes e outras reas; (4) Seiketsu:
a prtica de higiene pessoal, usando uniformes de trabalho, culos de segurana, luvas
e sapatos sempre em bom estado de conservao; (5) Shitsuke: ligada disciplina, a
organizao tem que manter os procedimentos at o sistema tornar-se um hbito na
rotina de trabalho.
Layout na Produo Enxuta o layout do setor produtivo
responsvel por grande parte dos desperdcios identificados pela filosofia da Produo
enxuta. Os tipos de desperdcios diretamente relacionados disposio dos meios de
produo so o transporte, movimentao e estoque. Segundo Slack et al (1999) existem
quatro tipos de layout: layout posicional, layout por processo, layout por produto e
layout celular. O layout celular o que mais impacta na reduo dos desperdcios. Os
benefcios que podem ser alcanados com a introduo de um layout celular so
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 35
reduo de estoque, de trabalho em processo e de manuseio de materiais, alm disso h
melhora na utilizao dos recursos humanos e balanceamento do trabalho
(VILLACRESES, 2003).
Sistema Kanban Kanban um termo japons que significa carto.
Este carto age como disparador da produo por parte de centros produtivos presentes
no processo coordenando a produo de todos os itens de acordo com a demanda de
produtos finais (CORRA e GIANESI, 1996). De acordo com Slack et al (1999)
existem 3 tipos de kanban: Kanban de transporte utilizado para avisar o estgio
anterior que o material pode ser retirado do estoque e transferido para o destino
especfico; Kanban de produo um sinal para o processo produtivo de que ele pode
comear a produzir um item para que seja colocado em estoque; e Kanban do
fornecedor so usados para avisar ao fornecedor que necessrio enviar material ou
componentes para um estgio da produo. Segundo Monden (1984) existem
basicamente dois tipos de sistemas de kanban: com um carto e com dois cartes. Na
implementao do kanban preciso dar muita ateno ao treinamento do pessoal
envolvido, pois mesmo tendo um funcionamento simples, a operacionalizao est
fortemente baseada na parte comportamental.
Sistema Puxado neste sistema a produo comea quando a
demanda acontece de fato, ou seja, quando o cliente faz o pedido, a produo
disparada por um sistema de controle descentralizado. Para evitar longos tempos de
espera, peas e produtos acabados devem ser estocados nos chamados buffers ou
pulmes. O Sistema Puxado so chamados de sistemas com nvel mnimo de inventrio
(GMO, 2005). Esta tcnica envolve o controle do fluxo de recursos atravs da reposio
apenas do que foi consumido. O Sistema Puxado elimina desperdcios de manuseio,
estoque, expedio, reparo e excesso de inventrio; este sistema consiste em lotes
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 36
pequenos, pouco inventrio, melhor comunicao e gerenciamento visual
(VILLACRESES, 2003).
2.3.4. Empreendimento Enxuto
A mentalidade enxuta precisa ir alm da empresa e olhar o todo: o
conjunto inteiro de atividades envolvido na criao e na fabricao de um produto
especfico, da concepo sua disponibilidade, passando pelo projeto detalhado; da
venda inicial entrega, passando pelo registro do pedido e pela programao da
produo, e da matria-prima produzida distante e fora do alcance da empresa, at as
mos do cliente. O mecanismo organizacional necessrio para se fazer isso chamado
por Womack e Jones (2004) de empresa ou empreendimento enxuto, uma reunio
contnua de todas as partes envolvidas para criar um canal para o fluxo de valor total,
eliminando qualquer desperdcio.
As atividades necessrias para se obter um empreendimento enxuto de
acordo com Womack e Jones (2004) so: especificar corretamente o valor para o
cliente, evitando a tendncia normal de cada empresa ao longo do fluxo de definir valor
de forma diferente, favorecendo seu prprio papel no fornecimento do valor (por
exemplo: o fabricante que pensa que o produto fsico em si constitui o maior interesse
do cliente, a empresa de servios e vendas independente que acredita que
relacionamentos receptivos aos clientes so responsveis pela maior parte do valor
percebido pelo cliente, etc). Em seguida, identificar todas as aes necessrias para
levar um produto da concepo ao lanamento, do pedido entrega, e da matria-prima
s mos do cliente ao longo de sua vida til. Eliminar quaisquer aes que no criem
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 37
valor e fazer com que as aes que criam valor prossigam no fluxo contnuo puxado
pelo cliente. Por fim, analisar os resultados e iniciar novamente o processo de avaliao.
Continuar esse ciclo durante toda a vida do produto ou famlia de produtos como parte
normal do gerenciamento, na verdade, como uma atividade essencial dele.
Os objetivos do empreendimento enxuto so muito simples: uma reunio
de todas as empresas ao longo do fluxo, apoiadas pelo pessoal tcnico das funes
enxutas nas empresas participantes, para realizar periodicamente anlises rpidas e, em
seguida, tomar atitudes que levem melhoria. Evidentemente, preciso haver um lder,
que ser a empresa que rene todos os projetos e componentes, transformando-os em
um produto completo. No entanto, os participantes devem se tratar como iguais, tendo o
desperdcio como inimigo comum.
As empresas participantes de um fluxo de valor muitas vezes cooperam
entre si apenas no nvel mnimo necessrio para fabricar o produto, e esperando que a
ignorncia das outras partes quanto ao que estava acontecendo lhes permita obter
vantagens financeiras. Mas os fornecedores e seus clientes ao longo do fluxo de valor
podem ter um relacionamento amigvel quando todos os envolvidos estiverem dispostos
a negociar um conjunto de princpios que oriente seu comportamento no futuro e
desenvolver um mecanismo para verificao mtua que determine se todos esto
seguindo os mesmos princpios (WOMACK e JONES, 2004).
2.4. Produo Enxuta em Processos Administrativos
Nos ltimos anos, algumas empresas tentaram transformar seus
escritrios com a assistncia de engenheiros. Durante este perodo, engenheiros
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 38
facilitaram a transformao usando uma grande variedade de mtodos, alguns destes
mtodos produziram bons resultados para algumas companhias, mas outros
conseguiram apenas pequenos sucessos. Transformar um escritrio de um estado atual
para uma condio futura desejada um processo complexo (VILLACRESES, 2003).
Existem vrios estudos de aplicao da Produo Enxuta na manufatura,
mas a aplicao das tcnicas no ambiente administrativo um tema recente. Dentro da
rea administrativa o foco est na informao e nos documentos, o que torna mais difcil
a identificao dos focos de desperdcios.
Foram levantadas na literatura as seguintes metodologias: Escritrio
Kaizen, Gerenciamento do fluxo de valor para o Escritrio Enxuto e Guia do Escritrio
Enxuto.
2.4.1. Escritrio Kaizen
A metodologia Escritrio Kaizen foi apresentada por William Lareau em
2002 no livro: Office Kaizen: transforming office operations into a strategic competitive
advantage.
Kaizen uma palavra japonesa composta. Kai significa pouco,
contnuo e bom. Zen significa para o melhor e bom. A palavra se tornou
parte do TPS, onde significa melhorias pequenas, contnuas em cada parte (LAREAU,
2002).
Escritrio Kaizen uma abordagem que estabelece um sistema para
reduo de desperdcios por longo tempo, melhorando drasticamente a eficcia de
qualquer esforo de melhoria contnua, projeto ou grupo de trabalho. O foco inicial
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 39
desta metodologia a melhoria dos micro-processos atravs dos esforos dos
trabalhadores responsveis pelos processos utilizando o que eles j possuem uma
extensa compreenso dos processos que desenvolvem todos os dias.
Essa metodologia estabelece um sistema para reduo de desperdcios
por longo prazo e especifica exatamente o que deve ser feito para aplicar o sistema a
uma organizao. Laureau descreve o Escritrio Kaizen como: uma filosofia de
liderana, uma metodologia de gerenciamento e um conjunto de ferramentas unidos em
apenas uma metodologia.
A nfase desta abordagem o desperdcio, pois eles so os causadores
dos custos elevados, atrasos, problemas de qualidade e da insatisfao do cliente. A
metodologia classifica os desperdcios da seguinte forma:
Pessoas engloba os desperdcios de:
Alinhamento de objetivos a energia gasta por pessoas
trabalhando com objetivos mal entendidos e o esforo
necessrio para corrigir o problema e produzir o resultado
esperado;
Atribuio o esforo usado para completar uma tarefa
inapropriada e no necessria;
Espera o recurso perdido enquanto pessoas esperam
por informaes, reunies, assinaturas, o retorno de uma
ligao e assim por diante;
Movimento o esforo perdido em movimentaes
desnecessrias;
Processamento um trabalho no executado da melhor
forma um desperdcio de processamento;
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 40
Processos engloba os desperdcios de:
Controle a energia usada para controlar e monitorar e
que no produz melhorias no desempenho;
Variabilidade so recursos utilizados para compensar ou
corrigir resultados que variam do esperado;
Alterao o esforo usado para mudar arbitrariamente
um processo sem conhecer todas as conseqncias e os
esforos seguintes para compensar as conseqncias
inesperadas;
Estratgia o valor perdido ao implementar processos
que satisfazem objetivos de curto prazo, mas que no
agregam valor aos clientes e investidores;
Confiabilidade o esforo necessrio para corrigir
resultados imprevisveis devido a causas desconhecidas;
Padronizao a energia gasta por causa de um trabalho
no ter sido feito da melhor forma possvel por todos os
responsveis;
Sub-otimizao causado pela concorrncia de dois
processos, no melhor caso o desperdcio ser o trabalho
duplicado, mas pode chegar ao comprometimento de
ambos os processos e na degradao do resultado final;
Agenda a m utilizao dos horrios e da agenda;
Processos informais ocorre quando recursos so usados
para criar e manter processos informais que substituem os
processos oficiais ou que conflitam com outros processos
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 41
informais, e tambm os recursos utilizados para corrigir os
erros causados por este sistema;
Fluxo irregular recursos investidos em materiais ou
informaes que se acumulam entre as estaes de
trabalho criam o desperdcio de fluxo irregular;
Checagens desnecessrias o esforo usado para
inspees e re-trabalhos;
Erros causado pelos esforos necessrios para refazer
um trabalho que no pde ser utilizado devido a erros;
Informao engloba os desperdcios de:
Traduo o esforo requerido para alterar dados,
formatos e relatrios entre passos de um processo ou seus
responsveis;
Informao perdida ocorre quando recursos so
requeridos para reparar ou compensar as conseqncias da
falta de informaes chave;
Falta de integrao o esforo necessrio para transferir
informaes (ou materiais) dentro de uma organizao
(departamento ou grupos) que no esto completamente
integradas a cadeia de processos utilizados;
Irrelevncia esforos empregados para lidar com
informaes desnecessrias ou esforos para fixar
problemas que isso causa;
Inexatido o esforo usado para criar informaes
incorretas ou para lidar com as conseqncias disso;
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 42
Ativo engloba os desperdcios de:
Inventrio so todos os recursos aplicados um servio
antes dele ser requerido, todas os materiais que no esto
sendo utilizados e todos os materiais que j esto prontos
para serem entregues e esto aguardando;
Processos secundrios so os recursos despendidos em
processos secundrios que ainda no podem ser utilizados
pelos passos seguintes do processo;
Ativos subutilizados so os equipamentos e prdios que
no esto sendo usados de forma mxima;
Transporte todo transporte de materiais e informaes,
exceto aqueles utilizados para entregar produtos e servios
aos clientes;
Liderana engloba os desperdcios de:
Falta de foco ocorre toda vez que a energia e a ateno
de um empregado no est voltada para os objetivos
crticos da organizao;
Estrutura acontece quando comportamentos existentes,
expectativas, procedimentos, rituais, regulamentos, cargos
e prioridades no esto reforando, guiando, e orientando
o melhor comportamento para reduo de desperdcios e
tambm quando existe muita diferena entre a estrutura
organizacional da empresa e os elementos fundamentais
encontrados nas organizaes classe mundial;
Disciplina ocorre sempre que existir uma falha no
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 43
sistema de identificao acurada e reao rpida contra
negligencia, falta de responsabilidade e problemas
relacionados a disciplina esperada dos empregados;
Domnio ocorre toda vez que uma oportunidade de
aumentar o domnio de um empregado sobre sua rea de
trabalho no for utilizada;
A metodologia prope que no inicio sejam trabalhados os desperdcios
do dia-a-dia, priorizando a melhora do fluxo de trabalho. Em seguida so atacados os
desperdcios de liderana, mudando sua atuao.
Toda mudana de processo envolve a mudana das pessoas responsveis
por eles. Muitos esforos de mudana falham porque os lideres assumem erroneamente
que a lgica do negcio, o planejamento e a racionalizao so as variveis mais
importantes para o sucesso e esquecem de levar em considerao o fator humano.
Escritrio Kaizen foi projetado para mudar aes e manter essa mudana tempo
suficiente para que o comportamento das pessoas tambm se modifique, para isso
existem algumas regras que podem ser utilizadas: manter o envolvimento e o
comprometimento das pessoas atravs da introduo de uma srie de pequenas aes
relevantes para a rea de trabalho com o apoio da gerencia; manter os grupos de
trabalho pequenos, de duas a sete pessoas, tornando mais fcil o trabalho em grupo;
alm de comunicar as novas normas muito importante que as aes sejam tomadas e
todos percebam que a mudana est de fato ocorrendo; fornecer aos trabalhadores uma
descrio detalhada e objetiva sobre o que eles devem fazer; e assegurar que o time de
implementao da mudana seja multifuncional e esteja atento s diferenas dentro da
empresa.
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 44
2.4.1.1. SLIM-IT
SLIM-IT uma marca registrada pela The Kaufman Consulting Group
que vem do ingls: Structure, Lean daily management system, Mentoring, Metrics,
Tools, Teamwork and Technology (estrutura, sistema de gerenciamento dirio enxuto,
aconselhamento, mtrica, ferramentas, trabalho em grupo e tecnologia). SLIM-IT a
aproximao ttica e o primeiro motor de qualquer implementao de um Escritrio
Kaizen, o mtodo utilizado para iniciar e manter a estrutura necessria.
SLIM-IT formado pelas seguintes etapas: estrutura, sistema de
gerenciamento dirio enxuto (LDMS Lean Daily Management System),
aconselhamento e mtricas. Essas etapas tm como objetivo forar que a quantidade
certa de ferramentas, trabalho em equipe, treinamento e tecnologia trabalhem juntos no
processo de mudana. Essa metodologia no pretende mudar a empresa da noite para o
dia, mas muitas melhorias profundas sero visveis rapidamente.
Os anis do modelo SLIM-IT (Figura 2) podem ser vistos como faixas de
compresso que foram os itens do centro a se empurrarem, se perturbarem, entrarem
em atrito, interagirem entre si e a se aproximarem. Isto resulta na descoberta de
sinergias e de combinaes efetivas de recursos que nunca poderiam ter sido
descobertas sem essa compresso.
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 45
Figura 2 - Diagrama conceitual do modelo SLIM-IT (LAREAU, 2002)
2.4.1.1.1. Estrutura
O gerenciamento de todas as mudanas em uma organizao deve ser
focado, estruturado, disciplinado e deve envolver as pessoas responsveis. O elemento
Estrutura do SLIM-IT consiste na criao de uma estrutura hierrquica para o
gerenciamento da mudana. Essa estrutura composta por:
Comit executivo elemento central de liderana composto pela alta
gerncia/direo da empresa. O Comit deve ser formado por 10-12 pessoas e tem a
funo de guiar, priorizar, dirigir, focar, treinar, aconselhar e tomar as decises em
parmetros crticos de mudana. Uma das funes mais importantes do comit
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 46
compelir as lideranas da empresa a abraar e concordar com todo o range de mudanas
que esto ocorrendo, incluindo alocao de recursos, definio de prioridades e
realizao de objetivos;
Campees cada membro do comit executivo deve ser um campeo
de um ou mais times, os quais ele deve orientar. No se deve permitir que um campeo
d assistncia rea que este controla ou na qual experiente, pois o campeo tem a
funo de orientar o processo e no de trazer as respostas. O campeo trabalha com o
time para afinar os objetivos, ajudar o lder a escolher os membros, assistir o time
atravs do trabalho com outros gerentes e prover orientao e direo ao time durante o
trabalho;
Times de mudana os times so formados pelo comit para
trabalhar sobre uma mudana de processo, composto por pessoas que iro executar a
mudana;
Lideres dos times de mudana os lideres devem estar focados,
estruturados, disciplinados e comprometidos com o pessoal envolvido.
Carta cada time desenvolve uma carta com a assistncia e
aprovao do comit. A carta deve conter: a misso (enunciado geral do propsito), os
objetivos (alvos especficos a serem alcanados), nomes dos participantes, atividades a
serem desenvolvidas, responsabilidades (uma matriz com as atividades e os membros,
com a definio de quem ir desenvolver a atividade, os responsveis, os que sero
consultados e os que devem ser informados), o que ser entregue, plano de execuo e
os fatores crticos de sucesso;
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 47
2.4.1.1.2. LDMS (Lean Daily Management System)
O LDMS deve ser instalado pelo comit executivo, mas o comit no
pode operar o sistema. A operao do LDMS um processo normal, uma vez instalado
se torna parte do dia a dia da organizao. O sistema um meio para a gerencia focar,
estruturar e disciplinar as atividades dirias de forma agressiva e para que tudo que seja
feito e a forma como est sendo feito se alinhe com os objetivos da liderana.
O LDMS opera com grupos de trabalho intactos dentro da organizao.
Um grupo de trabalho intacto uma coleo de pessoas que desenvolvem tarefas
similares, relacionadas ou de processos conectados e que esto prximas fisicamente.
Exemplos de grupos de trabalho intactos so: as nove pessoas do escritrio de recursos
humanos, sete representantes de compras no departamento de materiais, os cinco
assistentes administrativos que apiam os executivos da corporao, as oito pessoas do
escritrio de vendas, seis pessoas em uma clula de trabalho na manufatura, etc.
O LDMS se compromete com cinco elementos:
Reunies dirias do grupo de trabalho estas reunies devem ser
obrigatrias, curtas e durante o expediente de trabalho com toda a equipe e em frente ao
quadro visual. O propsito destas reunies manter a equipe unida, todos bem
informados, focados nas mtricas e gerar o senso de posse dos processos e da mudana.
Quadro visual um quadro branco grande onde so colocadas todas
as informaes discutidas nas reunies dirias. A inteno do quadro mostrar o
movimento de indicadores chave. Uma vez que as pessoas estejam fazendo os
indicadores se moverem atravs do prprio esforo elas comeam a ver o quadro como
uma representao dos seus valores e de sua importncia no apenas para a organizao,
mas para si prprios.
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 48
Folha de aes kaizen um mtodo para captura de pequenas
sugestes de melhoria dentro do time de trabalho que so anotadas em uma folha de
papel. Os objetivos deste mtodo so: coletar pequenas idias que no aparecem nos
grandes programas de sugestes, dar a oportunidade a todos do grupo de ajudar a
melhorar a rea de trabalho e dar significado a identificao e captura de pequenas
mudanas que eliminam desperdcios na fonte.
Curto intervalo com a liderana so visitas curtas do lder a cada
membro da equipe. Os propsitos desses intervalos so: verificar o status de cada
parmetro chave, determinar a prioridade dos problemas, dar a oportunidade a cada
trabalhador de obter suporte e de relatar problemas individuais e criar a percepo em
cada trabalhador de que todo o sistema de mudana se preocupa com as pequenas
coisas.
Estimativa KCG 20 Chaves e plano de melhoria de longo prazo
KCG 20 Chaves estabelece o plano de melhoria, expectativas de desempenho e uma
lista de melhorias para cada rea de trabalho (KCG 20 uma marca registrada pela The
Kaufman Consulting Group). Este plano baseado em 20 fatores chave: 1. Liderana; 2.
Documentao; 3. Prazo e comprometimento; 4. Competncia; 5. Gerenciamento do
tempo; 6. Arranjo do local de trabalho; 7. Habilidade; 8. Funes e responsabilidades; 9.
Posse dos objetivos; 10. Limpeza e organizao; 11. Reunies dirias; 12. Soluo de
problemas; 13. Servio de atendimento a clientes internos; 14. Gerenciamento de
prioridades; 15. Padronizao; 16. Quadro visual; 17. Controle de tempo e
comprometimento; 18. Mtricas e medidas; 19. Oramento e custos; 20. Servio de
atendimento a clientes externos. Estes fatores tm seus desempenhos avaliados em cinco
nveis, de um (ruim) at cinco (melhor), durante o perodo de implementao das
mudanas.
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 49
2.4.1.1.3. Aconselhamento e Treinamento
O aconselhamento e treinamento so mecanismos do SLIM-IT que
conduzem, guiam e compelem o sucesso da implementao do Escritrio Kaizen.
Aconselhamento ensinar, orientar e guiar em tempo real cada elemento do modelo
SLIM-IT durante a implementao do Escritrio Kaizen, um trabalho feito com todas
as pessoas envolvidas (comit executivo, campees, lideres de equipe, times de
mudana e os grupos de trabalho) por uma pessoa qualificada na metodologia do
Escritrio Enxuto, SLIM-IT, ferramentas relacionadas e principalmente em trabalhar
com pessoas com a funo de treinador. O mentor deve estar envolvido nas reunies do
comit executivo e deve ser tratado como um membro da mesma estatura.
O mentor deve: ser um individuo seguro, de preferncia mais velho,
possuir uma personalidade forte, estar no comit executivo como um membro
reconhecido, possuir conhecimento sobre Escritrio Kaizen, ter experincia de
implementao, ser capaz de ensinar, ser discreto, ser orientado a resultados e estar
comprometido nesta funo tempo integral.
A quantidade de mentores vai depender do tamanho da empresa e da
complexidade do projeto. Podem existir diferentes mentores com focos diferentes
alguns mais especializados atuando com o nvel mais alto da gerncia e outros
trabalhando com outros nveis da organizao focados em partes especficas da
metodologia. O importante dividir as tarefas de maneira que no sobrecarregue
nenhum mentor e que tambm no tenha nenhum com poucas atividades.
O treinamento um ponto muito importante. Os mentores devem ser
treinados por especialistas que conheam profundamente a metodologia e as
ferramentas e que tenham participado de projetos de implementao. As outras pessoas
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 50
da organizao envolvidas no projeto tambm devem receber treinamento, mas apenas
das ferramentas que sero utilizadas por eles. O treinamento vlido quando as pessoas
tem a possibilidade de aplica-lo logo em seguida, indicado tambm que o treinamento
seja prtico utilizando reas onde as ferramentas esto sendo utilizadas.
Aconselhamento e treinamento no so tarefas simples, mas se forem
feitas corretamente o retorno muito grande. A misso da alta gerncia assegurar que
todas as reas tenham o mentor necessrio e no apenas figurativo. Existe uma grande
presso para que o mentor faa menos porque mentores eficazes fazem mudanas
grandes e dolorosas. Lderes verdadeiros devem responder as reclamaes com
segurana e reforar que as coisas sejam feitas da maneira correta.
2.4.1.1.4. Mtrica
A quarta faixa de compresso do modelo SLIM-IT (Figura 2, pgina 25)
Mtrica. Mtrica uma medida que prov informaes vitais sobre pontos
importantes, o status de esforos em andamento e o progresso de uma pessoa ou grupo.
A palavra chave impacto, se uma mtrica apresentada a uma pessoa
ou grupo que no podem fazer nada de significativo para altera-la, essa mtrica no
serve para essa pessoa ou grupo. O uso de mtricas durante e depois da implementao
mostra de forma clara o impacto das mudanas, motivando as pessoas a continuarem no
processo e provando alta gerncia a eficcia do projeto.
As mtricas devem operar no nvel onde ocorrem as aes. Para a
maioria das pessoas de uma organizao, isto significa que as mtricas devem ser feitas
pelos grupos de trabalho intactos atravs do LDMS. O LDMS prov os meios para que
as medidas se transformem em mtricas.
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 51
Uma mtrica no existe isoladamente. Uma mtrica avalia uma dimenso
do desempenho de um individuo, processo, grupo de trabalho ou locao. Cada mtrica
reflete uma poro do desempenho de uma situao complexa. Nenhuma mtrica pode
contar toda a histria e nenhuma mtrica pode ser determinada como efetiva sem levar
em considerao a totalidade de entradas, sadas, causas e efeitos da situao em que
est sendo usada. Uma boa mtrica pode estimar, predizer, medir ou analisar de vrias
formas uma poro de uma sada, isso significa que uma mtrica especfica pode fazer
algumas coisas bem e outras no to bem. Quanto mais coisas boas esta mtrica fizer,
melhor ela .
No existe uma frmula exata para encontrar as melhores mtricas,
apenas trabalho duro dos grupos de trabalho para encontrar as que mais se adaptam aos
seus processos.
2.4.1.2. Implementao
Saber o que deve ser feito no a mesma coisa que saber fazer. A
metodologia prov algumas dicas para a implementao. Abaixo so citadas algumas
tarefas do presidente ou principal executivo da empresa durante a implementao:
Lanar a iniciativa para implementao do Escritrio Kaizen.
Prover uma introduo sobre a metodologia aos lderes.
Definir um planejamento com os lideres para o comprimento de todas
as tarefas requeridas para implementao do Escritrio Kaizen.
Requerer uma atualizao do progresso da implementao dos lideres
e executivos.
Prover treinamento de recursos que se faam necessrios.
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 52
Remover e recolocar rapidamente gerentes que no possam ou no
queiram participar da implementao.
Alm destas so definidas as tarefas dos lderes locais e de membros do
comit executivo:
Guiar os outros membros do comit e tambm aprender com eles.
Remover e recolocar rapidamente pessoas que no se encaixem na
implementao.
Assegurar que os lderes dos grupos e os campees estejam
desenvolvendo seu trabalho.
Participar de todas as reunies do comit, e se no tiver como
participar enviar um representante com poder de deciso.
Assegurar que todas as atividades requeridas para a implementao
sejam executadas.
Participar de pelo menos uma reunio dos grupos de trabalho por dia
para observar seu andamento.
Visitar pelo menos trs quadros visuais por dia e cobrar
imediatamente o lder do grupo se o quadro no estiver atualizado.
Fazer com que todos tenham a oportunidade de reconhecer e aplaudir
o progresso de qualquer time ou grupo de trabalho.
Nunca parar de incentivar mudanas lentas e constantes todo dia.
Os principais erros que devem ser evitados na implementao do
Escritrio Kaizen so os seguintes:
No eliminar rapidamente pessoas que possam prejudicar a
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 53
implementao ou que no possam se comprometer com ela j difcil o bastante
tentar mudar uma organizao com todos os erros que as pessoas bem intencionadas
cometem, permitir que uma pessoa que no esteja comprometida com a mudana
permanea torna essa jornada 10 vezes mais difcil. Geralmente so poucas pessoas que
no se comprometem, mas quando uma delas for encontrada deve ser feita uma tentativa
cuidadosa por trs meses, se a pessoa no se envolver melhor retir-la da equipe.
Medir resultados dos processos ao invs de medir o progresso da
implementao do Escritrio Kaizen no crie relatrios sobre quantas aes so
levantadas para cada grupo de trabalho ou sobre quantos pontos cada grupo obtm no
KCG 20 chaves, melhor verificar quantos grupos de trabalho esto utilizando o quadro
visual, fazendo as reunies dirias e implementando todas as atividades da metodologia.
Usar o treinamento para comear a implementao quanto mais
formal for a passagem de conhecimento mais tardio ser o treinamento em tempo real.
No prover recursos com conhecimento alguns grupos vo precisar
de ajuda e se eles no conseguirem ajuda iro debater-se e danificar os esforos. A
organizao deve prover essa assistncia com mentores e aconselhamento e no apenas
com treinamento em salas de aula.
Dar um nome a iniciativa de Escritrio Kaizen uma vez que dado
um nome a uma iniciativa, esta comparada com outras que vieram antes e depois
rapidamente desapareceram. Toda vez que dado um nome a uma iniciativa a maioria
dos empregados assume que a o esforo estar morto em seis meses, e isso ir limitar
seu comprometimento e seu entusiasmo. Simplesmente anuncie que a organizao ir
tentar novas coisas.
Permitir que gerentes negociem mudanas fundamentais na estrutura
da metodologia Escritrio Kaizen muitos lderes fortes pensam que sabem muito
-
Captulo II- RevisoBibliogrfica 54
sobre gerenciamento de pessoas e processos, muitos realmente sabem as formas
tradicionais. No permita que personalidades fortes monopolizem a implementao de
um Escritrio Kaizen simplesmente porque eles pensam saber uma forma melhor, se
esta existisse deveria ter sido implementada antes. Os lderes devem fazer o que
correto para a criao de vantagens competitivas que sobrevivam alm de sua forma
individual de gerenciar.
Fazer um anuncio a toda empresa isto tem o mesmo efeito de se
criar um nome para a iniciativa e pode at ser mais perigoso. Anncios fazem as pessoas
pensar (ou esperar ou temer) que a iniciativa ir alcan-lo rapidamente, se elas ficam
com medo mais cedo os problemas podem aparecer cedo, se elas esperam por uma
melhoria e esta no chega nos prximos dias as pessoas ficam desapontadas. Por isso
melhor permitir que cada departamento, grupo ou localidade promovam eventos
internos que expliquem as mudanas. No esconda o que est ocorrendo, mas tambm
no crie um frenesi sem propsito.
O mercado atual demanda mtodos sistemticos e reutilizveis para
alcanar resultados de longo prazo, sustentveis e com desempenho de clas