Jf amaral folhetim

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OPINIÃO 03 PÁG. Folhetim Continua o folhetim sobre o que se sucederá depois do final do programa de assistência fi- nanceira em que ainda estamos mergulhados… Na realidade há algumas coisas que podemos antecipar sem termos de recorrer a qualquer bola de cristal. Em primeiro lugar, os países que nos financia- ram neste programa não estão dispostos a fornecer novo finan- ciamento. Ainda bem. Porque para nos financiarem e ao mes- mo tempo convencerem as res- pectivas opiniões públicas que não haveria outra solução senão essa teriam nos impor condições de tal forma leoninas que é me- lhor nem sequer pensar nelas. Em segundo lugar, a nossa mar- gem de autonomia em matéria económica e financeira continu- ará a ser mínima durante muito tempo ainda (se os portugueses o aceitarem, o que eu du- vido). Isto porque os compromissos que assumimos quando assinámos o chamado Tratado Orça- mental (que entrou em vigor há um ano atrás) implicam que reduzamos a nossa dívida públi- ca, dos actuais 125% (ou o que for) do PIB para 60%, no prazo de vinte anos. Mas para se con- seguir este objectivo será necessário, ou que o crescimento económico seja muito superior ao que tem sido desde o início do século - o que considero muito improvável se nos mantivermos na Zona Euro - ou que seja possível obter gran- des saldos positivos nas contas do Estado de forma sustentada, o que considero praticamente impossível, pelo menos no nível que seria necessário. Ora tudo isto, que nós sabemos e que as autoridades comunitá- rias também sabem, vai impli- car que, não cumprindo o tra- tado orçamental, fiquemos sob vigilância apertada da Comissão Europeia e do Banco Central Eu- ropeu que continuarão, como a troika fez até agora, a impor-nos medidas de política de forte austeridade e de fraco êxito. Pessoalmente penso que uma situação destas não se sustentará durante muito tempo e cer- tamente que não durará vinte anos. Muito an- tes virá a rotura social e política e o próprio regime democrático poderá não resistir. João Ferreira do Amaral Economista r/com renascença comunicação multimédia, 2014 A nossa margem de autonomia em matéria económica e financeira continuará a ser mínima durante muito tempo ainda (se os portugueses o aceitarem, o que eu duvido) Parceria Renascença/VER O risco de não ousar arriscar Gabriela Costa » A maioria dos portugueses mostra uma atitude positi- va para empreender, mas 83% não arrisca, porque tem medo de falhar. Esta é uma das principais conclusões, a nível nacional, do Relatório Mundial de Empreendedo- rismo 2013, conduzido pela Amway Europa. Desenvolvido pela responsável por um dos maiores ne- gócios de venda directa a nível mundial, em coopera- ção com o Instituto de Estratégia, Tecnologia e Orga- nização da Universidade de Munique, o Amway Global Entrepreneurship Report teve por base um estudo de mercado realizado no segundo trimestre de 2013 pelo Instituto GfK Research, de Nuremberga, o qual inqui- riu cerca de 26 mil pessoas, em 24 países, incluindo, pela primeira vez, alguns países emergentes e potên- cias fora da comunidade europeia, como a Austrália, o Japão, a Colômbia, o México e os EUA. Na sua quarta edição consecutiva (e segunda em que Portugal participa), o relatório centra-se, em 2013, na temática “Encouraging Entrepreneurs – Eliminating the Fear of Failure”. O objectivo é motivar os empreen- dedores a ultrapassarem o seu receio de falhar, o qual tem sido um dos maiores obstáculos a que invistam no seu próprio negócio, de acordo com os resultados das edições anteriores deste estudo anual. Os resultados globais do relatório divulgado recente- mente comprovam que este receio se mantém, com mais de 2/3 dos inquiridos a assumir efectivamente o medo de falhar como a principal condicionante para iniciar o seu próprio negócio, principalmente, devido aos encargos financeiros inerentes e à ameaça da crise económica. Portugal segue a tendência dos mais de vinte países analisados em todo o mundo e, apesar de ter motiva- ção e desejo para empreender, arrisca muito pouco, por receio de falhar. Leia mais em http://www.ver.pt/conteudos/verArti- go.aspx?id=1824&a=Geral

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OPINIÃO

03PÁG.

Folhetim

Continua o folhetim sobre o que se sucederá

depois do final do programa de assistência fi-

nanceira em que ainda estamos mergulhados…

Na realidade há algumas coisas que podemos

antecipar sem termos de recorrer a qualquer

bola de cristal.

Em primeiro lugar, os países que nos financia-

ram neste programa não estão

dispostos a fornecer novo finan-

ciamento. Ainda bem. Porque

para nos financiarem e ao mes-

mo tempo convencerem as res-

pectivas opiniões públicas que

não haveria outra solução senão

essa teriam nos impor condições

de tal forma leoninas que é me-

lhor nem sequer pensar nelas.

Em segundo lugar, a nossa mar-

gem de autonomia em matéria

económica e financeira continu-

ará a ser mínima durante muito tempo ainda

(se os portugueses o aceitarem, o que eu du-

vido).

Isto porque os compromissos que assumimos

quando assinámos o chamado Tratado Orça-

mental (que entrou em vigor há um ano atrás)

implicam que reduzamos a nossa dívida públi-

ca, dos actuais 125% (ou o que for) do PIB para

60%, no prazo de vinte anos. Mas para se con-

seguir este objectivo será necessário, ou que o

crescimento económico seja muito superior ao

que tem sido desde o início do século - o que

considero muito improvável se nos mantivermos

na Zona Euro - ou que seja possível obter gran-

des saldos positivos nas contas

do Estado de forma sustentada,

o que considero praticamente

impossível, pelo menos no nível

que seria necessário.

Ora tudo isto, que nós sabemos

e que as autoridades comunitá-

rias também sabem, vai impli-

car que, não cumprindo o tra-

tado orçamental, fiquemos sob

vigilância apertada da Comissão

Europeia e do Banco Central Eu-

ropeu que continuarão, como a

troika fez até agora, a impor-nos medidas de

política de forte austeridade e de fraco êxito.

Pessoalmente penso que uma situação destas

não se sustentará durante muito tempo e cer-

tamente que não durará vinte anos. Muito an-

tes virá a rotura social e política e o próprio

regime democrático poderá não resistir.

João Ferreira do Amaral Economista

r/com renascença comunicação multimédia, 2014

A nossa margem de autonomia em matéria económica e fi nanceira continuará a ser mínima durante muito tempo ainda (se os portugueses o aceitarem, o que eu duvido)

Parceria Renascença/VER

O risco de não ousar arriscar

Gabriela Costa»

A maioria dos portugueses mostra uma atitude positi-va para empreender, mas 83% não arrisca, porque tem medo de falhar. Esta é uma das principais conclusões, a nível nacional, do Relatório Mundial de Empreendedo-rismo 2013, conduzido pela Amway Europa.Desenvolvido pela responsável por um dos maiores ne-gócios de venda directa a nível mundial, em coopera-ção com o Instituto de Estratégia, Tecnologia e Orga-nização da Universidade de Munique, o Amway Global Entrepreneurship Report teve por base um estudo de mercado realizado no segundo trimestre de 2013 pelo Instituto GfK Research, de Nuremberga, o qual inqui-riu cerca de 26 mil pessoas, em 24 países, incluindo, pela primeira vez, alguns países emergentes e potên-cias fora da comunidade europeia, como a Austrália, o Japão, a Colômbia, o México e os EUA.Na sua quarta edição consecutiva (e segunda em que Portugal participa), o relatório centra-se, em 2013, na

temática “Encouraging Entrepreneurs – Eliminating the Fear of Failure”. O objectivo é motivar os empreen-dedores a ultrapassarem o seu receio de falhar, o qual tem sido um dos maiores obstáculos a que invistam no seu próprio negócio, de acordo com os resultados das edições anteriores deste estudo anual.Os resultados globais do relatório divulgado recente-mente comprovam que este receio se mantém, com mais de 2/3 dos inquiridos a assumir efectivamente o medo de falhar como a principal condicionante para iniciar o seu próprio negócio, principalmente, devido aos encargos fi nanceiros inerentes e à ameaça da crise económica.Portugal segue a tendência dos mais de vinte países analisados em todo o mundo e, apesar de ter motiva-ção e desejo para empreender, arrisca muito pouco, por receio de falhar. Leia mais em http://www.ver.pt/conteudos/verArti-go.aspx?id=1824&a=Geral