Jesus Nos Revela Mais a Respeito de Deus

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Jesus nos revela mais a respeito de Deus AS PESSOAS do primeiro século, na Palestina, “estavam em expectativa”. De quê? Do “Cristo”, ou “Messias”, predito pelos profetas de Deus com séculos de antecedência. Elas tinham convicção de que a Bíblia fora escrita sob a orientação de Deus e que continha informações antecipadas sobre o futuro. Uma dessas, no livro de Daniel, indicava que o Messias apareceria na parte inicial daquele século. — Lucas 3:15; Daniel 9:24-26. Era necessário ter cautela, porém, pois surgiriam falsos messias. (Mateus 24:5) O historiador judaico Josefo menciona alguns: Teudas, que conduziu seus seguidores ao rio Jordão, afirmando que suas águas seriam divididas; um homem do Egito que conduziu as pessoas ao monte das Oliveiras, dizendo que o muro de Jerusalém cairia à sua ordem; e um impostor contemporâneo do governador Festo, que prometeu trazer alívio dos problemas. — Note Atos 5:36; 21:38. Em contraste com os seguidores iludidos de tais homens, um grupo que veio a ser chamado “cristãos” reconheceu que Jesus de Nazaré era um grande instrutor e o verdadeiro Messias. (Atos 11:26; Marcos 10:47) Jesus não era um impostor; ele tinha sólidas credenciais, como é amplamente confirmado nos quatro livros históricos chamados de

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AS PESSOAS do primeiro século, na Palestina, “estavam em expectativa”. De quê? Do “Cristo”, ou “Messias”, predito pelos profetas de Deus com séculos de antecedência. Elas tinham convicção de que a Bíblia fora escrita sob a orientação de Deus e que continha informações antecipadas sobre o futuro. Uma dessas, no livro de Daniel, indicava que o Messias apareceria na parte inicial daquele século. — Lucas 3:15; Daniel 9:24-26.

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Jesus nos revela mais a respeito de Deus

AS PESSOAS do primeiro século, na Palestina, “estavam em expectativa”. De quê? Do “Cristo”, ou “Messias”, predito pelos profetas de Deus com séculos de antecedência. Elas tinham convicção de que a Bíblia fora escrita sob a orientação de Deus e que continha informações antecipadas sobre o futuro. Uma dessas, no livro de Daniel, indicava que o Messias apareceria na parte inicial daquele século. — Lucas 3:15; Daniel 9:24-26.

Era necessário ter cautela, porém, pois surgiriam falsos messias. (Mateus 24:5) O historiador judaico Josefo menciona alguns: Teudas, que conduziu seus seguidores ao rio Jordão, afirmando que suas águas seriam divididas; um homem do Egito que conduziu as pessoas ao monte das Oliveiras, dizendo que o muro de Jerusalém cairia à sua ordem; e um impostor contemporâneo do governador Festo, que prometeu trazer alívio dos problemas. — Note Atos 5:36; 21:38.

Em contraste com os seguidores iludidos de tais homens, um grupo que veio a ser chamado “cristãos” reconheceu que Jesus de Nazaré era um grande instrutor e o verdadeiro Messias. (Atos 11:26; Marcos 10:47) Jesus não era um impostor; ele tinha sólidas credenciais, como é amplamente confirmado nos quatro livros históricos chamados de Evangelhos. Por exemplo, os judeus sabiam que o Messias nasceria em Belém, na linhagem de Davi, e realizaria obras maravilhosas. Jesus cumpriu todas essas profecias, conforme até mesmo opositores atestaram. Sem dúvida, Jesus satisfez as qualificações do Messias predito na Bíblia. — Mateus 2:3-6; 22:41-45; João 7:31, 42.

As multidões que conheceram a Jesus e observaram suas obras notáveis, que ouviram suas inigualáveis palavras de sabedoria e reconheceram sua capacidade de previsão convenceram-se de que ele era o Messias. No decorrer de seu ministério (29-33 EC), acumularam-se evidências que comprovaram ser ele o

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Messias. Na realidade, ele era mais do que isso. Um discípulo conhecedor dos fatos concluiu: “Jesus é o Cristo, o Filho de Deus.” — João 20:31.

Por ter tal relação achegada com Deus, Jesus podia explicar e revelar a personalidade de nosso Criador. (Lucas 10:22; João 1:18) Jesus confirmou que sua relação achegada com seu Pai começou no céu, onde colaborou com Ele na criação de todas as outras coisas, animadas e inanimadas. — João 3:13; 6:38; 8:23, 42; 13:3; Colossenses 1:15, 16.

A Bíblia diz que o Filho foi transferido do domínio espiritual e veio “a ser na semelhança dos homens”. (Filipenses 2:5-8) Não se trata de um acontecimento normal, mas será que é possível? Os cientistas confirmam que um elemento natural, como o urânio, pode ser transformado em outro; eles até calculam os resultados da transformação de massa em energia (E=mc2). Então, por que devíamos nós duvidar quando a Bíblia diz que uma criatura espiritual foi transformada para viver como criatura humana?

Ilustrando isso de outra forma, pense no que alguns médicos realizam com a fertilização in vitro. A vida que começa num “tubo de ensaio” é transferida para dentro de uma mulher e mais tarde nasce como um bebê. No caso de Jesus, a Bíblia nos assegura que pelo “poder do Altíssimo”, sua vida foi transferida para o ventre de uma virgem chamada Maria. Ela era da linhagem de Davi, de modo que Jesus podia ser o herdeiro permanente do Reino messiânico prometido a Davi. — Lucas 1:26-38; 3:23-38; Mateus 1:23.

Por ter uma relação achegada com o Criador, e por ser semelhante a Ele, Jesus disse: “Quem me tem visto, tem visto também o Pai.” (João 14:9) Ele disse também: “Quem o Pai é, ninguém sabe exceto o Filho, e aquele a quem o Filho estiver disposto a revelá-lo.” (Lucas 10:22) Assim, ao aprendermos sobre o que Jesus ensinou e realizou na Terra, podemos ver mais claramente a personalidade do Criador. Consideremos isso, usando as experiências de homens e mulheres que tiveram tratos com Jesus.

A samaritana

“Será que este é o Cristo?”, perguntou uma samaritana depois de conversar com Jesus por alguns instantes. (João 4:29) Ela até incentivou outros da cidade de Sicar a conhecer a Jesus. O que a motivou a aceitar a Jesus como o Messias?

Essa mulher encontrou Jesus enquanto ele descansava, depois de ter andado a manhã inteira nas estradas poeirentas das colinas de Samaria. Embora cansado, Jesus falou com ela. Notando o seu grande interesse espiritual, Jesus transmitiu-lhe verdades profundas, salientando a necessidade de ‘adorar o Pai com espírito e verdade’. Depois revelou que ele era realmente o Cristo, fato que ainda não havia admitido em público. — João 4:3-26.

Para a samaritana, o encontro com Jesus foi muito significativo. Suas anteriores atividades religiosas se centralizavam na adoração no monte Gerizim e baseavam-se apenas nos primeiros cinco livros da Bíblia. Os judeus evitavam os samaritanos, muitos dos quais descendiam da miscigenação entre as dez tribos de Israel com outros povos. Que atitude diferente demonstrou Jesus! Embora tivesse sido enviado “às ovelhas perdidas da casa de Israel”, ele de muito bom grado ensinou a samaritana. (Mateus 15:24) Com isso, Jesus refletiu a disposição de Jeová de aceitar pessoas sinceras de todas as nações. (1 Reis 8:41-43) De fato, ambos, Jesus e Jeová, estão acima da preconceituosa hostilidade religiosa que permeia o mundo hoje. Sabermos disso devia atrair-nos ao Criador e ao seu Filho.

Há outra lição que podemos aprender da disposição de Jesus de ensinar essa mulher. Na época ela vivia com um homem que não era seu marido. (João 4:16-19) Mas nem por isso Jesus deixou de dirigir-lhe a palavra. Imagine como ela deve

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ter apreciado ser tratada com dignidade! E ela não foi a única a receber esse tratamento. Quando alguns líderes judeus (fariseus) criticaram Jesus por tomar uma refeição com pecadores arrependidos, ele disse: “As pessoas com saúde não precisam de médico, mas sim os enfermos. Ide, pois, e aprendei o que significa: ‘Misericórdia quero, e não sacrifício.’ Pois eu não vim chamar os que são justos, mas pecadores.” (Mateus 9:10-13) Jesus ajudou pessoas que se sentiam oprimidas pelo fardo de seus pecados, por terem violado a lei ou os padrões de Deus. Como é reanimador saber que Deus e seu Filho estão dispostos a ajudar os que sofrem as conseqüências de sua conduta no passado! — Mateus 11:28-30.

Não despercebamos o fato de que nessa ocasião, em Samaria, Jesus falou de forma bondosa e prestimosa com uma mulher. Por que isso é significativo? Naquele tempo, os homens judeus eram ensinados a evitar conversar com mulheres em público, até mesmo com a própria esposa. Os rabinos judeus achavam que as mulheres não tinham capacidade de compreender instruções espirituais profundas, considerando-as de “mente frívola”. Alguns chegaram a dizer: “Antes queimar as palavras da lei do que ensiná-las a mulheres.” Os discípulos de Jesus haviam sido criados em tal ambiente; assim, quando retornaram, eles “começaram a admirar-se, porque [ele] falava com uma mulher”. (João 4:27) Esse relato — apenas um entre muitos — ilustra que Jesus refletia as qualidades de seu Pai, que criou e dignificou tanto o homem como a mulher. — Gênesis 2:18.

Depois disso a samaritana convenceu as pessoas de sua cidade a ouvir a Jesus. Muitos examinaram os fatos e tornaram-se crentes, dizendo: “Sabemos que este homem certamente é o salvador do mundo.” (João 4:39-42) Visto que nós somos parte do “mundo” da humanidade, Jesus é também de importância vital para o nosso futuro.

O ponto de vista de um pescador

Consideremos agora Jesus através dos olhos de duas pessoas que conviveram bastante com ele: Pedro e depois João. Esses homens comuns, pescadores, estavam entre os seus primeiros seguidores. (Mateus 4:13-22; João 1:35-42) Os fariseus os encaravam como “homens indoutos e comuns”, parte do ‘povo da terra’ (‛am-ha·’á·rets), pessoas desprezadas por não haverem recebido a instrução dos rabinos. (Atos 4:13; João 7:49) Muitas dessas pessoas, que ‘labutavam e estavam sobrecarregadas’ sob o jugo dos tradicionalistas religiosos, ansiavam receber esclarecimento espiritual. O professor Charles Guignebert, da Sorbonne, comentou que “o coração [dessas pessoas] era totalmente devotado a Javé [Jeová]”. Jesus não desprezou esses humildes, favorecendo os ricos ou os influentes. Ao contrário, através de seus ensinos e pela maneira com que os tratou, ele lhes deu a conhecer o Pai. — Mateus 11:25-28.

Pedro sentiu de perto essa empatia de Jesus. Logo depois que começou a participar com Jesus no ministério, a sogra dele adoeceu com febre. Indo à casa de Pedro, Jesus a segurou pela mão, e a febre passou! Talvez não saibamos exatamente como ocorreu essa cura, assim como os médicos hoje não conseguem explicar plenamente como ocorrem algumas curas, mas a febre deixou essa mulher. Mais importante do que conhecer seu método de cura é reconhecer que, por curar os doentes e os afligidos, Jesus demonstrou compaixão por eles. Ele realmente queria ajudar as pessoas, assim como seu Pai. (Marcos 1:29-31, 40-43; 6:34) De sua convivência com Jesus, Pedro podia ver que o Criador considera cada pessoa como merecedora de atenção e cuidados. — 1 Pedro 5:7.

Numa ocasião posterior, Jesus estava no Pátio das Mulheres, no templo em Jerusalém. Ele observou pessoas colocarem contribuições nos cofres do tesouro. Os ricos colocavam muitas moedas. Prestando detida atenção, Jesus viu uma

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viúva pobre colocar duas moedas de muito pouco valor. Jesus disse a Pedro, João, e a outros: “Deveras, eu vos digo que esta viúva pobre lançou neles mais do que todos estes que lançam dinheiro nos cofres do tesouro; pois todos eles lançaram neles dos seus excedentes, mas ela, de sua carência, lançou neles tudo o que tinha.” — Marcos 12:41-44.

Podemos notar que Jesus observava as boas qualidades das pessoas e apreciava os esforços de cada um. Que efeito acha que isso teve sobre Pedro e os outros apóstolos? Percebendo do exemplo de Jesus como Jeová é, Pedro mais tarde citou um salmo: “Os olhos de Jeová estão sobre os justos e os seus ouvidos estão atentos às súplicas deles.” (1 Pedro 3:12; Salmo 34:15, 16) Não se sente atraído ao Criador e ao seu Filho que procuram boas qualidades em você e que se dispõem a ouvir as suas súplicas?

Após uns dois anos de convivência com Jesus, Pedro tinha certeza de que Jesus era o Messias. Certa vez, Jesus perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” Cada um respondeu uma coisa. Ele então lhes perguntou: “Vós, porém, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu com confiança: “Tu és o Cristo.” Você talvez ache estranho o que Jesus fez a seguir. Ele “os advertiu estritamente que não dissessem isso a ninguém”. (Marcos 8:27-30; 9:30; Mateus 12:16) Por que fez isso? Jesus estava ali pessoalmente, de modo que não queria que as pessoas tirassem conclusões à base do que ouvissem dizer. Isso tem lógica, não acha? (João 10:24-26) O ponto é: nosso Criador igualmente quer que tenhamos conhecimento dele mediante nossa própria investigação de sólidas evidências. Ele espera que nossas convicções sejam baseadas em fatos. — Atos 17:27.

Como você pode imaginar, alguns dos conterrâneos de Jesus não o aceitaram, apesar de amplas evidências de que ele tinha o apoio do Criador. Esse Messias sincero, mas humilde, não era exatamente o que muitos, preocupados com sua posição ou com objetivos políticos, queriam. Quase no fim de seu ministério, Jesus disse: “Jerusalém, Jerusalém, matadora dos profetas e apedrejadora dos que lhe são enviados — quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos . . . Mas vós não o quisestes. Eis que a vossa casa vos fica abandonada.” (Mateus 23:37, 38) Essa mudança de situação para aquela nação foi um passo significativo na realização do propósito de Deus de abençoar todas as nações.

Logo após isso, Pedro e três outros apóstolos ouviram Jesus fazer uma profecia detalhada sobre a “terminação do sistema de coisas”. O que Jesus predisse teve um cumprimento inicial quando os romanos atacaram Jerusalém e a destruíram, em 66-70 EC. A História mostra que a predição de Jesus se cumpriu. Pedro testemunhou muitas coisas que Jesus predisse, como mostram 1 e 2 Pedro, dois livros que Pedro escreveu. — 1 Pedro 1:13; 4:7; 5:7, 8; 2 Pedro 3:1-3, 11, 12.

Durante seu ministério, Jesus tratava os judeus com paciência e bondade. Mas ele não hesitou em condenar a iniqüidade. Isso ajudou Pedro, e devia ajudar a todos nós, a entender nosso Criador mais plenamente. Ao ver outras coisas em cumprimento da profecia de Jesus, Pedro escreveu que os cristãos deviam ter “bem em mente a presença do dia de Jeová”. Ele disse também: “Jeová não é vagaroso com respeito à sua promessa, conforme alguns consideram a vagarosidade, mas ele é paciente convosco, porque não deseja que alguém seja destruído, mas deseja que todos alcancem o arrependimento.” Daí acrescentou algumas palavras de encorajamento, falando sobre ‘novos céus e uma nova terra, em que habitaria a justiça’. (2 Pedro 3:3-13) Será que nós, assim como Pedro, conseguimos enxergar as qualidades de Deus refletidas em Jesus, e demonstramos que confiamos nas suas promessas para o futuro?

Por que Jesus morreu?

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Na sua última noite com os apóstolos, Jesus tomou uma refeição especial com eles. Nessas ocasiões, era costume entre os judeus o anfitrião demonstrar hospitalidade por lavar os pés dos convidados, que talvez tivessem caminhado de sandálias por estradas poeirentas. Mas ninguém se ofereceu a fazer isso por Jesus. Assim, ele se levantou humildemente, pegou uma toalha e uma bacia, e começou a lavar os pés dos apóstolos. Quando chegou a sua vez, Pedro ficou envergonhado de aceitar esse serviço de Jesus. Ele disse: “Certamente nunca lavarás os meus pés.” Jesus respondeu-lhe: “A menos que eu te lave, não tens parte comigo.” Sabendo que iria morrer em breve, Jesus acrescentou: “Se eu, embora Senhor e Instrutor, lavei os vossos pés, vós também deveis lavar os pés uns dos outros. Pois estabeleci o modelo para vós, a fim de que, assim como eu vos fiz, vós também façais.” — João 13:5-17.

Décadas mais tarde Pedro incentivou os cristãos a imitar a Jesus, não por realizar um ritual de lava-pés, mas por servir com humildade a outros em vez de ‘dominá-los’. Pedro também reconheceu que o exemplo de Jesus provava que “Deus se opõe aos soberbos, mas dá benignidade imerecida aos humildes”. Que lição a respeito do Criador! (1 Pedro 5:1-5; Salmo 18:35) Todavia, Pedro aprendeu mais.

Depois daquela refeição final, Judas Iscariotes, que era apóstolo, mas se tornou ladrão, conduziu um bando de homens armados para prender Jesus. Pedro reagiu. Ele puxou da espada e feriu um homem da turba. Jesus corrigiu a Pedro: “Devolve a espada ao seu lugar, pois todos os que tomarem a espada perecerão pela espada.” Daí, à vista de Pedro, Jesus tocou no homem, curando-o. (Mateus 26:47-52; Lucas 22:49-51) Obviamente, Jesus viveu à altura de seus ensinamentos, de ‘continuar a amar os inimigos’, em imitação de seu Pai, que “faz o seu sol levantar-se sobre iníquos e sobre bons, e faz chover sobre justos e sobre injustos”. — Mateus 5:44, 45.

Naquela noite estressante, Jesus foi conduzido às pressas a uma audiência no supremo tribunal judaico. Foi acusado falsamente de blasfêmia, levado ao governador romano e, daí, injustamente entregue para a execução. Judeus e romanos caçoaram dele. Foi submetido a maus-tratos brutais e finalmente pregado na estaca. Grande parte do tratamento cruel a que foi submetido cumpriu profecias escritas com séculos de antecedência. Até mesmo soldados que viram Jesus na estaca de tortura admitiram: “Certamente este era o Filho de Deus.” — Mateus 26:57–27:54; João 18:12–19:37.

Esses acontecimentos devem ter levado Pedro e outros a perguntar-se: ‘Por que o Cristo teve de morrer?’ Foi apenas mais tarde que eles entenderam. Por um lado, tais eventos cumpriram a profecia de Isaías, capítulo 53, que mostrava que o Cristo tornaria possível o livramento não só para os judeus, mas para toda a humanidade. Pedro escreveu: “Ele mesmo levou os nossos pecados no seu próprio corpo, no madeiro, a fim de que acabássemos com os pecados e vivêssemos para a justiça. E ‘pelos seus vergões [fomos] sarados’.” (1 Pedro 2:21-25) Pedro compreendeu o sentido da verdade que Jesus havia apresentado: “O Filho do homem não veio para que se lhe ministrasse, mas para ministrar e dar a sua alma como resgate em troca de muitos.” (Mateus 20:28) Jesus tinha de renunciar ao seu direito à vida como humano perfeito a fim de livrar a humanidade da condição pecaminosa herdada de Adão. Trata-se de um dos ensinos fundamentais da Bíblia — o resgate.

O que envolve o resgate? A seguinte ilustração poderá ajudá-lo: Suponhamos que você tivesse um computador, mas um dos arquivos eletrônicos estivesse danificado por um vírus que alguém introduziu num programa perfeito. Isso ilustra o efeito do que Adão fez quando deliberadamente desobedeceu a Deus, ou pecou. Voltando à ilustração, quaisquer cópias que fizesse do arquivo eletrônico

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corrompido seriam afetadas. Mas nem tudo estaria forçosamente perdido. Com um programa especial, você poderia detectar e eliminar a contaminação dos arquivos de seu computador. De forma comparável, a humanidade recebeu um “vírus”, o pecado, de Adão e Eva, e precisamos de ajuda de fora para eliminá-lo. (Romanos 5:12) Segundo a Bíblia, Deus providenciou essa limpeza para nós mediante a morte de Jesus. Trata-se de uma provisão amorosa da qual podemos nos beneficiar. — 1 Coríntios 15:22.

Reconhecendo o que Jesus realizou, Pedro sentiu-se motivado a “viver o resto de seu tempo na carne, não mais para os desejos dos homens, mas para a vontade de Deus”. Para Pedro, bem como para nós, isso significa evitar hábitos corruptos e estilos de vida imorais. Outros talvez tentem dificultar as coisas para quem se esforça em fazer a “vontade de Deus”. Mas a pessoa verá que sua vida será mais rica, mais significativa. (1 Pedro 4:1-3, 7-10, 15, 16) Isso se deu no caso de Pedro, e o mesmo pode se dar conosco se ‘encomendarmos as nossas almas, ou vidas, ao fiel Criador ao passo que fazemos o bem’. — 1 Pedro 4:19.

Um discípulo que reconheceu o amor de Deus

O apóstolo João foi outro discípulo que teve bastante convivência com Jesus e que, portanto, pode ajudar-nos a entender melhor o Criador. João escreveu um Evangelho e três cartas (1, 2 e 3 João). Numa destas, ele nos explicou: “Sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu capacidade intelectual para podermos obter conhecimento do verdadeiro [o Criador]. E nós estamos em união com o verdadeiro, por meio do seu Filho Jesus Cristo. Esse é o verdadeiro Deus e a vida eterna.” — 1 João 5:20.

João havia adquirido conhecimento “do verdadeiro” por usar sua “capacidade intelectual”. O que discerniu ele sobre as qualidades do Criador? “Deus é amor”, escreveu, “e quem permanece no amor permanece em união com Deus”. Como podia João ter certeza disso? “O amor é neste sentido, não que nós tenhamos amado a Deus, mas que ele nos amou e enviou seu Filho” como resgate para nós. (1 João 4:10, 16) Assim como Pedro, João também reconheceu o amor que Deus demonstrou ao enviar seu Filho para morrer em nosso favor.

João, tendo convivido tão de perto com Jesus, podia perceber os sentimentos dele. Um incidente em Betânia, perto de Jerusalém, impressionou profundamente a João. Ao saber que seu amigo Lázaro estava muito doente, Jesus viajou a Betânia. Quando ele e os apóstolos chegaram, Lázaro já estava morto havia pelo menos quatro dias. João sabia que o Criador, a Fonte da vida humana, dava poder a Jesus. Portanto, será que Jesus podia ressuscitar a Lázaro? (Lucas 7:11-17; 8:41, 42, 49-56) Jesus disse a Marta, irmã de Lázaro: “Teu irmão se levantará.” — João 11:1-23.

Daí João viu a outra irmã de Lázaro, Maria, vir ao encontro de Jesus. Como Jesus reagiu? Ele “gemeu no espírito e ficou aflito”. Para descrever a reação de Jesus, João usou uma palavra grega (traduzida “gemeu”) que tinha o sentido de fortes emoções que emanam da dor sentida no coração. João pôde ver que Jesus ficou “aflito”, ou que suas emoções estavam agitadas, com grande pesar. Jesus não era indiferente ou insensível. Ele ‘entregou-se ao choro’. (João 11:30-37) Obviamente, Jesus tinha profundos e ternos sentimentos, que ajudaram João a avaliar os sentimentos do Criador, e isso nos devia ajudar de forma similar.

João sabia que os sentimentos de Jesus o induziam a agir de forma positiva, pois ele ouviu Jesus clamar: “Lázaro, vem para fora!” E isso aconteceu. Lázaro voltou a viver e saiu do túmulo. Que alegria devem ter sentido as suas irmãs e os outros observadores! Muitos então depositaram fé em Jesus. Seus inimigos não podiam negar que ele havia realizado essa ressurreição; mas, quando a notícia

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sobre isso se espalhou, eles ‘deliberaram matar a Lázaro’ bem como a Jesus. — João 11:43; 12:9-11.

A Bíblia descreve Jesus como ‘a representação exata do próprio ser do Criador’. (Hebreus 1:3) Assim, o ministério de Jesus fornece amplas provas do forte interesse que ele e seu Pai tinham e têm de desfazer os danos causados pela doença e pela morte. E isso não se restringe às poucas ressurreições registradas na Bíblia. De fato, João estava presente quando Jesus disse: “Vem a hora em que todos os que estão nos túmulos memoriais ouvirão a sua voz [a do Filho] e sairão.” (João 5:28, 29) Note que em vez de usar a palavra comum para sepultura, João usou aqui uma palavra traduzida por “túmulos memoriais”. Por quê?

Porque a memória de Deus está envolvida. Certamente o Criador do vasto Universo consegue lembrar-se de todo detalhe de cada um de nossos entes queridos falecidos, incluindo não só as características inerentes, como também as adquiridas. (Note Isaías 40:26.) E não é só o fato de que ele pode lembrar-se. Tanto ele como seu Filho querem fazer isso. Com relação à maravilhosa perspectiva da ressurreição, o fiel Jó disse a respeito de Deus: “Morrendo o varão vigoroso, pode ele viver novamente? . . . Tu [Jeová] chamarás e eu mesmo te responderei. Terás saudades do trabalho das tuas mãos.” (Jó 14:14, 15; Marcos 1:40-42) Que maravilhoso Criador temos, digno de nossa adoração!

O ressuscitado Jesus — a chave para uma vida significativa

O amado discípulo João observou Jesus de perto até a morte deste. Mais do que isso, João registrou a maior ressurreição já ocorrida, um evento que lança um firme alicerce para que possamos ter uma vida permanente e significativa.

Os inimigos de Jesus fizeram com que ele fosse executado, pregado numa estaca como criminoso comum. Os observadores — incluindo líderes religiosos — caçoaram dele enquanto ele passou por horas de sofrimento. Mesmo em agonia na estaca, ao ver sua mãe, Jesus disse-lhe a respeito de João: “Mulher, eis o teu filho!” É provável que Maria a essa altura fosse viúva, e seus outros filhos ainda não eram discípulos. Assim, Jesus confiou sua mãe idosa aos cuidados de seu discípulo João. Esse gesto também refletia o conceito do Criador, que diz que devemos cuidar das viúvas e dos órfãos. — João 7:5; 19:12-30; Marcos 15:16-39; Tiago 1:27.

Mas, estando morto, como podia Jesus cumprir seu papel de “descendente”, através de quem ‘todas as nações da terra haveriam de abençoar a si mesmas’? (Gênesis 22:18) Com a sua morte, naquela tarde de abril de 33 EC, Jesus entregou sua vida como base para o resgate. Para seu compassivo Pai, deve ter sido muito doloroso ver a agonia de seu Filho inocente. Contudo, dessa forma, fez-se a provisão para o preço de resgate necessário para livrar a humanidade da escravização ao pecado e à morte. (João 3:16; 1 João 1:7) Estava pronto o cenário para um grandioso desfecho.

Visto que Jesus Cristo desempenha um papel vital na realização do propósito de Deus, ele tinha de voltar a viver. Foi isso que ocorreu, e João foi testemunha. No terceiro dia após a morte e sepultamento de Jesus, bem cedo de manhã, alguns discípulos foram ao túmulo. Estava vazio. Aquilo os deixou intrigados, até que Jesus apareceu a vários deles. Maria Madalena disse: “Tenho visto o Senhor!” Os discípulos não aceitaram o testemunho dela. Mais tarde eles se reuniram num aposento trancado e Jesus apareceu de novo, e até conversou com eles. Em questão de dias, mais de 500 homens e mulheres tornaram-se testemunhas oculares de que Jesus deveras estava vivo. Pessoas daquele tempo que talvez fossem cépticas podiam indagar dessas testemunhas confiáveis e comprovar os fatos. Os cristãos podiam estar certos de que Jesus havia sido ressuscitado e

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estava vivo qual criatura espiritual, assim como o Criador. A evidência disso era tão abundante e confiável que muitos preferiram enfrentar a morte a negar que Jesus havia sido ressuscitado. — João 20:1-29; Lucas 24:46-48; 1 Coríntios 15:3-8.

O apóstolo João também sofreu perseguição por dar testemunho sobre a ressurreição de Jesus. (Revelação 1:9) Mas quando estava no exílio, ele recebeu uma recompensa incomum. Jesus fez com que ele tivesse uma série de visões que nos revelam o Criador mais claramente e mostram o que o futuro trará. Encontrará isso no livro de Apocalipse (Revelação), que usa muitos simbolismos. Jesus Cristo é ali representado como Rei vitorioso que em breve completará a vitória sobre seus inimigos. Esses inimigos incluem a morte (um inimigo de todos nós) e a criatura espiritual corrupta chamada Satanás. — Revelação 6:1, 2; 12:7-9; 19:19–20:3, 13, 14.

Perto do fim de sua mensagem apocalíptica, João teve uma visão do tempo em que a Terra será como um paraíso. Uma voz descreveu as condições que prevalecerão então: “O próprio Deus estará com [a humanidade]. E enxugará dos seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor. As coisas anteriores já passaram.” (Revelação 21:3, 4) No desenrolar do propósito de Deus, a sua promessa feita a Abraão será cumprida. — Gênesis 12:3; 18:18.

A vida então será a “verdadeira vida”, comparável ao que Adão tinha diante de si quando foi criado. (1 Timóteo 6:19) A humanidade nunca mais terá de tatear para encontrar o Criador e entender sua relação com ele. Contudo, você talvez pergunte: ‘Quando é que isso vai acontecer? E por que o Criador, que se importa com a humanidade, permite a existência do mal e do sofrimento até hoje?’ Consideraremos a seguir essas perguntas.

[Nota(s) de rodapé]

Mateus, Marcos e João foram testemunhas oculares. Lucas fez um estudo erudito, com base em documentos e relatos de testemunhas oculares. Os Evangelhos têm todas as características que identificam os registros honestos, exatos e confiáveis. — Veja a brochura Um Livro para Todas as Pessoas, páginas 16-17, publicada pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados.

O Alcorão diz: ‘Será chamado o Messias, Jesus, filho de Maria. Será ilustre neste mundo e no outro.’ (Sura 3:45) Como humano, Jesus era filho de Maria. Mas quem era o pai? O Alcorão diz: “Aos olhos de Deus, Jesus é como Adão.” (Sura 3:59) As Escrituras Sagradas falam de Adão como o “filho de Deus”. (Lucas 3:23, 38) Nem Adão nem Jesus tiveram um pai humano; nenhum deles resultou de relações sexuais com uma mulher. Concordemente, assim como Adão era filho de Deus, Jesus também o era.

A atitude de Jesus reflete a de Jeová, descrita no Salmo 103 e em Isaías 1:18-20.

Podemos ler essa profecia em Mateus, capítulo 24, Marcos, capítulo 13, e Lucas, capítulo 21.

Pelo menos dois deles mais tarde tornaram-se discípulos e escreveram cartas de encorajamento — Tiago e Judas — encontradas na Bíblia.

Um oficial romano de alto escalão ouviu o relato de Pedro, uma testemunha ocular: “Sabeis de que assunto se falava em toda a Judéia . . . Deus ressuscitou a Este no terceiro dia e lhe concedeu tornar-se manifesto . . . Ele nos ordenou que pregássemos ao povo e que déssemos um testemunho cabal de que Este é o decretado por Deus para ser juiz dos vivos e dos mortos.” — Atos 2:32; 3:15; 10:34-42.