Jean-Luc Rocha Duas Estrelas MichelinCyril Pedrosa, o autor da banda desenhada “Portugal” vai...

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GRATUIT Fr FRANCE Edition O jornal das Comunidades lusófonas de França, editado por CCIFP Editions, da Câmara de Comércio e Indústria Franco Portuguesa Apaixonou-se pela cozinha graças à avó portuguesa Edition nº 341 | Série II, du 05 septembre 2018 Hebdomadaire Franco-Portugais 07 António Costa reduz IRS para que emigrantes regressem Medida tem gerado polémica por ser considerada discriminatória 03 Jean-Luc Rocha Duas Estrelas Michelin Lusa / Carina Branco Cyril Pedrosa, o autor da banda desenhada “Portugal” vai editar uma nova BD “L’âge d’or” sobre a Idade Média 11 Cyril Pedrosa Murça. O Secretário de Estado das Comunidades esteve em Murça. O município anunciou que vai iniciar um mapeamento dos emigrantes do concelho 05 Empresas. O empresário Manuel Soares, radicado em Paris, vai fazer mais um investimento de 4 milhões de euros em Viana do Castelo 09 Folgosinho. O fotógrafo Mário Cantarinha, radicado na região de Paris, abriu um Museu em Folgosinho, na casa onde nasceu, em memória dos avós 12 13 Viana. Duas autarcas francesas de origem portuguesa desfilaram nas Festas da Senhora da Agonia, em Viana do Castelo, com trajes tradicionais minhotos PUB PUB

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    FrF R A N C EEdition

    O jornal das Comunidades lusófonas de França, editado por CCIFP Editions, da Câmara de Comércio e Indústria Franco Portuguesa

    Apaixonou-se pela cozinha graças à avó portuguesa

    Edition nº 341 | Série II, du 05 septembre 2018 Hebdomadaire Franco-Portugais

    07

    António Costa reduz IRS paraque emigrantes regressemMedida tem gerado polémica por ser considerada discriminatória 03

    Jean-Luc RochaDuas EstrelasMichelin

    Lusa / Carina Branco

    Cyril Pedrosa, o autor da banda desenhada “Portugal” vai editaruma nova BD “L’âge d’or” sobre a Idade Média

    11

    Cyril Pedrosa

    Murça. O Secretário de Estado dasComunidades esteve emMurça. O município anunciouque vai iniciar um mapeamentodos emigrantes do concelho

    05

    Empresas. O empresário Manuel Soares,radicado em Paris, vai fazermais um investimento de 4milhões de euros em Vianado Castelo

    09

    Folgosinho. O fotógrafo Mário Cantarinha,radicado na região de Paris,abriu um Museu em Folgosinho,na casa onde nasceu, emmemória dos avós

    12

    13 Viana. Duas autarcas francesas deorigem portuguesa desfilaramnas Festas da Senhora daAgonia, em Viana do Castelo,com trajes tradicionais minhotos

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  • 02 OPINIÃO Le 05 septembre 2018

    Catarina Martins discursou em Marseille durante o encontro da France Insoumise

    Catarina Martins, a líder do Bloco deEsquerda, participou em Marseille, noencontro da “rentrée” política daFrance Insoumise, ao lado de Jean-LucMélenchon, de quem diz que tem feito“um caminho de debate, construção,juntar forças, para um novo projeto naEuropa”.Referindo-se à plataforma conjuntaque a France Insoumise, o Bloco deEsquerda e o Podemos em Espanha,criaram, Catarina Martins diz que “éeste o nosso caminho comum”.“Um projeto de justiça, para recuperara soberania dos povos e combater a di-tadura dos mercados financeiros; umprojeto para uma nova estratégia eco-nómica, que recusa a predação dos re-cursos naturais e inova no respeito peloplaneta que partilhamos; um projetode emancipação, feminista, anti-ra-cista, inclusivo; um projeto de paz, querecusa a militarização e o ódio e sabeo valor da cooperação e do diálogo eu-ropeus e internacionais. Um projetoque responde pelo povo, para o povo”.A Universidade de verão da France In-soumise juntou cerca de três mil mili-tantes de Esquerda, durante quatrodias de debates sobre os mais variadostemas e terminou ontem com dois pai-néis dedicados à plataforma europeia“Agora, o povo”. Coube a CatarinaMartins a responsabilidade de fazer aintervenção de encerramento. “Estarneste espaço em que tantos e tão inte-ressantes conversas e debates decor-reram é entusiasmante. Não faltaalternativa na Europa, não falta quemdê o seu melhor na construção denovas soluções para os problemas desempre e novas soluções para os novosproblemas”.

    “Temos vivido tempos difíceis e de de-sesperança. Nas últimas décadas ospovos da Europa têm perdido voz e ca-pacidade de decisão e o capital finan-ceiro tem hoje mais poder do quenunca. Esta captura da democraciatem custos muito altos: na região maisrica, a Europa, tanta desigualdade, in-justiça, pobreza. Desde a crise finan-ceira de 2007/2008 que a situação na

    Europa se agrava e que é apresentadocomo ‘novo normal’ que se viva pior,que as vidas sejam sempre mais pre-cárias, que o futuro seja um lugar atemer” disse na sua intervenção a líderdo Bloco de Esquerda, antes de se re-ferir ao fim do programa da Troika naGrécia. “O Presidente do Eurogrupodeclarou que a Grécia tinha regressadoà normalidade e que terá agora de agircom responsabilidade. Temos de pen-sar no que quer isto dizer. Pelo povogrego, com quem somos solidários, epor todos nós. O que é esta normali-dade europeia?”Catarina Martins afirmou que “a UniãoEuropeia continua a culpar os povos dosul pela crise do sistema financeiro in-ternacional (e que, portanto, nãoaprendeu nada com a enorme destrui-ção a que assistimos nos últimosanos). Em segundo lugar, que conti-nuará a exigir à Grécia a política dadestruição: liberalização, desregulação,cortes e pagamentos impossíveis deuma dívida ilegítima. Se nesta UniãoEuropeia o ‘novo normal’ é viver pior eaquilo a que chamam responsabili-dade não é mais do que chantagem,temos de agir. De juntar forças contraa chantagem e em nome da espe-rança. Agora, o povo”.Catarina Martins explicou que o que sepassa na Grécia tem “particular signi-ficado” para Portugal porque “tambémconhecemos boa parte da receita daTroika”, mas também porque o Presi-dente do Eurogrupo é o Ministro das

    Finanças português.Referindo-se ao caso português, Cata-rina Martins disse que “Portugal man-tém-se dependente da política doBanco Central Europeu e com uma dí-vida grande demais. A política de sal-var bancos privados com dinheiropúblico não se alterou, nem o Euro dei-xou de servir para a Alemanha ter ex-cedentes recorde às custas daseconomias periféricas. Os setores es-tratégicos são ainda controlados porcapital financeiro internacional ou poroutros países. Os salários continuamdos mais baixos da Europa e os direitosdo trabalho não foram reconstruídos”.E acrescentou que “no país são cadavez mais os que sentem que não bas-tam pequenos passos. Precisamos dacoragem de ir mais longe. Mas o Par-tido Socialista em Portugal, como noresto da Europa, mantém-se alinhadocom a ortodoxia neoliberal europeia evai repetindo: a Europa não permite, osTratados europeus não permitem. Jáconhecemos todas as más desculpasde quem não quer mudar nada. EmPortugal, como em França, em Espa-nha ou em qualquer outro país da Eu-ropa, sempre que alguma voz selevanta para denunciar a injustiça, aconcentração da riqueza, os paraísosfiscais, aqueles que dominam as insti-tuições europeias, dizem: nada a fazer.É a globalização, a modernidade. Tere-mos de nos adaptar porque qualqueralternativa é um perigoso regresso aopassado”.

    A Deputada portuguesa do BE aindafalou da “exploração de sempre no tra-balho mal pago e sem direitos”, defronteiras, de injustiça, mas sempre daUnião Europeia. “Muitas vezes ouvi-mos que teremos de defender esta Eu-ropa, com o seu ‘novo normal’, ou sónos restará a barbárie. Que a escolha éentre esta União Europeia ou a desa-gregação e o regresso dos nacionalis-mos. Não é assim. Barbárie é já umaEuropa que transforma o Mediterrâneoem cemitério. Nacionalismos e xeno-fobia são os monstros que esta UniãoEuropeia alimenta, na Hungria, na Itá-lia ou na Áustria, aqui mesmo, emtodos os países onde a Extrema-direitacavalga o ódio no desespero dos povos.O branqueamento da Extrema-direita,alimentada pelo poder económico epelo consenso europeu, essa normali-zação do ódio e da xenofobia, é o maiorperigo de todos. A escolha afinal é hojeoutra Europa ou a barbárie. Outra Eu-ropa ou a desagregação. Uma Europados povos ou nenhuma Europa”.Catarina Martins, que foi bastanteaplaudida em Marseille, terminou asua intervenção afirmando que “recu-samos a ‘nova normalidade’ de conde-nar os filhos a viver pior que os seuspais, os netos sonharem menos que osseus avós. Reclamamos o direito à fe-licidade e a construí-la. Reclamamos aliberdade de criar futuros melhores ede sermos cidadãos por inteiro domundo e em cada lugar. A viver semmedo”.

    Ao lado de Jean-Luc Mélenchon

    Por Carlos Pereira

    LusoJornal. Le seul jornal franco-portugais d’information | Édité par: CCIFP Editions SAS, une société d’édition de la Chambre de commerce et d’industrie franco-portugaise. N°siret: 52538833600014| Représentée par: Carlos Vinhas Pereira | Directeur: Carlos Pereira | Collaboration: Alfredo Cadete, Angélique David-Quinton, António Marrucho, Céline Pires, Clara Teixeira, Cindy Peixoto (Strasbourg),Conceição Martins, Cristina Branco, Dominique Stoenesco, Eric Mendes, Gracianne Bancon, Henri de Carvalho, Inês Vaz (Nantes), Jean-Luc Gonneau (Fado), Joaquim Pereira, Jorge Campos (Lyon),José Paiva (Orléans), Manuel André (Albi) , Manuel Martins, Manuel do Nascimento, Marco Martins, Maria Fernanda Pinto, Mário Cantarinha, Mickaël Fernandes, Nathalie de Oliveira, Nuno GomesGarcia, Padre Carlos Caetano, Ricardo Vieira, Rui Ribeiro Barata (Strasbourg), Susana Alexandre | Les auteurs d’articles d’opinion prennent la responsabilité de leurs écrits | Agence de presse: Lusa| Photos: António Borga, Luís Gonçalves, Mário Cantarinha, Tony Inácio | Design graphique: Jorge Vilela Design | Impression: Corelio Printing (Belgique) | LusoJornal. 7 avenue de la porte de Vanves,75014 Paris. Tel.: 01.79.35.10.10. | Distribution gratuite | 10.000 exemplaires | Dépôt légal: septembre 2018 | ISSN 2109-0173 | [email protected] | lusojornal.com

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    Lusa / António Pedro Santos (arquivo)

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    POLÍTICA 03

    António Costa promete “incentivos fortes” para emigrantes regressarem a PortugalO Secretário-geral do PS anunciouque o Orçamento do Estado para2019 terá “incentivos fortes” parafazer regressar a Portugal quem emi-grou nos “momentos dramáticos” de2011 a 2015, desde benefícios fis-cais a deduções dos custos do re-gresso.“No próximo Orçamento do Estadoiremos propor que todos aqueles quequeiram regressar, jovens ou menosjovens, mais qualificados ou menosqualificados, mas que tenham partidonos últimos anos e queiram regressarentre 2019 e 2020 a Portugal, fi-quem, durante três a cinco anos, apagar metade da taxa do IRS que pa-gariam e podendo deduzir integral-mente os custos da reinstalação”,disse António Costa, em Caminha, na“Festa de Verão” do PS.O também Primeiro Ministro referiuque o Governo quer “criar a oportuni-dade para que possam voltar, paraque possam voltar a contribuir para odesenvolvimento do país”, a pôr “aoserviço do país, todo o seu conheci-mento, toda a sua energia, toda a suaforça”.“Quando falamos de jovens, e mesmode menos jovens, não podemos es-quecer que o país viveu momentosdramáticos, em particular entre 2011e 2015, muitos Portugueses foramobrigados a deixar de novo o país paraencontrar emprego. A liberdade decirculação é ótima, mas há umaenorme diferença entre a liberdade departir e o partir pela necessidade de

    não ter emprego aqui em Portugal”,acrescentou.A notícia começou a gerar polémicapor se aplicar apenas àquelas queemigraram entre 2011 e 2015. Masfonte do Gabinete do Secretário deEstado das Comunidades Portuguesasinformou o LusoJornal que “a medidairá abranger todos os Portugueses quetenham emigrado, independente-mente do ano em que a saída tenhaocorrido”.Para mais detalhes sobre a medida,a mesma fonte do Gabinete do Se-cretário de Estado das ComunidadesPortuguesas, questionada pelo Lu-soJornal, remete para o Orçamento

    de Estado para 2019, que ainda nãofoi formalmente apresentado.

    António Costa gravou vídeo para explicarPerante a onda de críticas que segerou, António Costa gravou um vídeoonde diz que os incentivos do Governopara o regresso de Emigrantes servirãopara “dar sustentabilidade ao pro-cesso de crescimento em curso” e re-futou o argumento de que se trata deuma medida discriminatória. “Depois

    de termos criado 315 mil novos pos-tos de trabalho, temos já muitos seto-res de atividade com carências demão-de-obra e que precisam de pes-soal”, sustenta António Costa numvídeo colocado no ‘site’ do PS na In-ternet, intitulado “Incentivo ao re-gresso de emigrantes”.O líder socialista, que é também Pri-meiro-Ministro, começa por afirmarque está a seguir “com interesse” odebate sobre os incentivos fiscais queo executivo pretende criar para cativaros Emigrantes a regressar.António Costa manifesta-se convictode que do debate sairá “uma soluçãofinal” que corresponderá ao “objetivofundamental”: “aumentarmos os re-cursos humanos do nosso país parapodermos continuar a crescer de ummodo sustentável”.Depois, refuta a crítica de que a pro-posta do executivo “não resolve tudo”.“Claro que não! Tenho bem consciên-cia de que o essencial é haver em-prego e emprego de qualidade”.“Por isso, a nossa prioridade foi com-bater o desemprego. Depois de termoscriado 315 mil novos postos de traba-lho, temos já muitos setores de ativi-dade com carências de mão-de-obrae que precisam de pessoal”, sublinha.Por outro lado, o Secretário-geral doPS diz não ter dúvidas de que “é ne-cessária uma nova política salarial”,lembrando que, ainda recentemente,numa entrevista ao semanário Ex-presso, disse que “o Estado faria a suaparte com incentivos fiscais no Orça-

    mento do Estado mas que era precisoque as empresas fizessem a sua partecom uma nova política salarial”.António Costa rejeita também o a crí-tica de que os incentivos representamuma “medida discriminatória”.“Não é. Não é uma medida discrimi-natória a quem já emigrou e que be-neficia do estatuto de residente nãohabitual e que vai poder continuar abeneficiar. Também não é discrimi-natória a quem ficou e não suportouo custo de ser forçado à emigração”,sustenta.Para esses - prossegue o líder do PS– “nós temos procurado correspon-der com o conjunto de compromis-sos que tínhamos assumido: deaumento do rendimento, de reduçãoda tributação sobre o trabalho e so-bretudo do sucesso da política decriação de emprego”.António Costa termina o vídeo decerca de 2,5 minutos recordandoque nos “anos muito duros da crise,entre 2011 e 2015”, Portugal teve“um pico de emigração como nãotinha desde o início da década de1960”.Devemos agora criar novas oportuni-dades para que quem queira, possaregressar. Claro que não obrigamosninguém a regressar mas devemosfazer o esforço para aumentar, tam-bém com esses, os nossos recursoshumanos de forma a podermos darsustentabilidade ao processo decrescimento que temos em curso”,concluiu.

    Promessas têm gerado polémica

    Le 05 septembre 2018

    Município de Arcos de Valdevez promove formaçãode jovens emigrantes no concelhoO Município de Arcos de Valdevezcom a colaboração da EPRALIMA -Escola Profissional do Alto Lima pre-tende dar a conhecer à Comunidadede emigrantes em França, Suíça, Bél-gica e Luxemburgo e outros países daUnião Europeia, que os emigrantes ouos seus descendentes podem obterum diploma profissional em Portugal,

    similar ao Bac Pro (Baccalauréat Pro-fessionnel).O município garante que, “entre ou-tros apoios, a estadia, os transportese o material didático são gratuitos”.Com esta iniciativa, a Câmara Muni-cipal de Arcos de Valdevez pretende“dar um contributo para aumentar onúmero de jovens com formação cer-

    tificada; disponibilizar pessoas comformação profissional às empresasque se debatem com falta de traba-lhadores qualificados; divulgar asoportunidades de formação e empregono concelho; e apoiar a fixação e o re-gresso de pessoas ao concelho”.“A região está, neste momento, emexpansão. São, cada vez mais, as em-

    presas, nomeadamente francesas,que se instalam e têm necessidadesde mãos-de-obra em diferentes áreas”diz uma nota do município.A EPRALIMA oferece um leque alar-gado de 9 cursos, tem 500 alunos eoferece estágios em empresas e insti-tuições que permitem aos alunos de-monstrar as suas capacidades

    profissionais.Aos jovens interessados em estudarem Arcos de Valdevez e obter um cer-tificado profissional, a EPRALIMAtem os seguintes Cursos ProfissionaisTécnico de: Cozinha/Pastelaria; Res-taurante-Bar; Eletrónica, automação ecomando; Desporto; Informática, ins-talação e gestão de redes; Proteçãocivil; Animação de turismo; Design -Design de interiores e exteriores; Es-teticista.Os alunos que forem de França ououtro país da União Europeia podemusufruir de subsídio de refeição gra-tuito, alojamento gratuito, com todasas despesas associadas, transportegratuito, todos os materiais pedagógi-cos gratuitos, seguro de acidentespessoais gratuito e estágios em em-presas portuguesas e estrangeiras gra-tuitos.“Pretende-se criar condições para queos emigrantes ou os seus descenden-tes possam regressar à sua terra, ob-terem formação e desenvolverem asua atividade profissional” diz a notado município enviada ao LusoJornal.

    EPRALIMARua Dr. António Pimenta RibeiroApartado 1024970-457 Arcos de [email protected]

    RECRUTAMENTO

    Encontra-se aberto concurso externo para lugar de assistentetécnico no Consulado Geral de Portugal em Lyon.

    É exigido o 12º ano de escolaridade ou equivalente, o domíniodas línguas portuguesa e francesa.

    Procedimento concursal e respetivas condições devem serconsultados nas instalações do Consulado Geral ou no site:www.lyon.consuladoportugal.mne.pt/pt

    O prazo de apresentação das candidaturas termina no dia 17de Setembro 2018.

    Concurso externo para o preenchimento de um posto de trabalho,na carreira e categoria de Assistente Técnico, para exercer funções naEmbaixada de Portugal em Paris.

    Lusa / Mário Cruz

    Faz-se público que se encontra a decorrer até 19 de setembro de2018 o prazo para apresentação de candidaturas ao concurso ex-terno para o preenchimento de 1 posto de trabalho, na categoriade Assistente Técnico (podendo incluir o atendimento ao público ea condução de veículos), com a remuneração mensal ilíquida de1.984,00 €, para o exercício de funções na Embaixada de Portugalem Paris.

    As candidaturas devem ser formalizadas mediante requerimento di-rigido ao presidente do Júri nos termos e com os elementos previstosno ponto 8 do aviso de abertura do procedimento concursal, quepode ser consultado no sítio da Internet https://www.paris.embaix-adaportugal.mne.pt/pt ou solicitado através do endereço eletró[email protected], ou do telefone +33 (0)1 47 27 35 29.

    CONSULADO GERAL DE PORTUGAL EM LYON

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    04 COMUNIDADE

    Jean-Marc Becquignon Baltazar: défenseur de la nation ou le héros discret

    L’histoire que nous allons vous racon-ter serait presque sujet pour un livre.C’est l’histoire de Jean-Marc Becqui-gnon Baltazar, âgé de 42 ans. C’estl’histoire d’un homme partagé entredeux pays, ayant choisi de servir, dedéfendre, la France.Les origines portugaises lui viennentdu coté de sa maman, d’une familled’Alter do Chão, ville située dansl’Alentejo, région la plus chaude duPortugal. C’est dans cette ville quevous pouvez visiter le Haras du chevalLusitanien. Son père est originaire deSt. Jean Froidmentel, dans le dépar-tement auquel Michel Delpech adédié une belle chanson: le Loir etCher.Jean-Marc Becquignon Baltazar, fierde ses deux origines, nous raconteque sa mère est arrivée en 1968, àTours. Son premier métier elle l’aexercé en tant que femme de ménagedans un hôtel de luxe, puis couturière,elle a servi Marie Christine Barreau.Ça nous fait rappeler le début d’unechanteuse, qui a popularisé «la valiseen carton», Linda de Suza. Cette der-nière finira par chanter, la maman deJean-Marc deviendra fonctionnaire dePréfecture. Une vie riche, avec unebelle évolution de carrière.La maman aura un fils d’un premiermariage. Son premier mari a été portédisparu pendant la Guerre coloniale,en Angola. Bien des années après,Abílio Manuel Baltazar découvrira queson père, en fin de compte était tou-jours en vie. Voilà, parfois, une desconséquences des guerres.Le père de Jean-Marc, fraiseur de pro-fession, a également eu un enfantd’un premier mariage, qui a travailléen tant qu’ingénieur chez Dassault.Deux demi-frères qui, sans nul doute,auront une influence sur l’avenir pro-fessionnel du jeune Jean-Marc.

    Les blessures familialesDes blessures physiques, mais aussifamiliales, jalonneront la vie de Jean-Marc Becquignon Baltazar, de tellesorte qu’il finira par se sentir bien plusproche de sa famille portugaise. C’estde ce côté qu’il reconnaîtra qu’il ren-contrera les valeurs de la vie, le senti-ment de partage, l’esprit de famille.Cet esprit de famille, il le retrouveradans son oncle, Francisco ManuelBaltazar Flores, son héros. Il a parti-cipé, le 25 avril 1974, à la Révolutiondes œillets.L’oncle, grand sportif, a fait ses étudesà la Sorbonne. Poète, avec quelquespublications, il fera sa carrière en tantque militaire dans la Marine portu-gaise. Il apprendra à nager à Jean-Marc et à son frère.Un des drames de la famille arriverale 10 octobre 1989. L’oncle FranciscoManuel, protecteur des autres, despersonnes âgées, sera assassiné àl’église St Eustache, à Paris. Tout enpoursuivant ses études à la Sorbonne,il était sacristain à Saint Eustache.Les circonstances de l’assassinat sontrestées sécrètes. Ni la France ni le

    Portugal n’ont donné d’explications àla famille.Tous ces événements vont avoir uneinfluence capitale sur la vie de Jean-Marc Baltazar. Il dira sur l’assassinatde son oncle que «ce drame a détruitma jeunesse. Je n’avais plus goût àrien. J’en voulais à la terre entière. J’aidécidé de m’engager dans l’Arméepour ressembler à mon oncle, hérosde la Révolution des œillets. Je mesuis engagé dans le Service nationala l’âge de 16 ans et demi, en avril1994, dans le 1er Régiment de Hus-sards Parachutistes, à Tarbes».

    Un parcours dansl’Armée françaiseDivers personnages de l’Armée, leLieutenant Roy, son parrain Gauthieret son guide, le Brigadier-chef Beghin,seront pour lui des exemples, le for-meront et l’aideront à tenir bon. Lesdifficultés de la formation conduisentà ce que beaucoup de jeunes aban-donnent, désertent.En 1996, Jean-Marc Becquignon Bal-tazar rejoint les 6/12 régiments deCuirassiers à Olivet, étant affecté aux1/12 premier escadron professionneldu régiment. C’est là qu’il fera sesspécialités et montera progressive-ment de grade: spécialité tireur canonde 20, puis tireur d’élite FRF2, MACMILAN et ensuite chef de groupe.Emu, Jean-Marc Becquignon Baltazarnous dit que «c’est avec le CapitainePorret que ma carrière marquera untournant, je passe en équipage surchar Leclerc. J’ai fait la réception duchar Leclerc avec tout l’escadron en

    1998, à Carpiagne, centre instructiond’armée blindée dans la cavalerie». Ilpasse toutes les formations: du postepilote, opérateur de tourelle, jusqu’àcelui de chef de char.L’obtention du concours technique de2ème degré est le deuxième grandtournant de sa carrière. Il sera reçuBrigadier de 1ère classe en avril 2003et est nommé à Carpiagne moniteurinstructeur du char Leclerc.À la suite de la dissolution de ce Ré-giment, la nouvelle mutation leconduit au 1er Régiment de Chas-seurs d’Afrique, à Canjuers, régimentd’élite de l’Armée de terre.De poste en poste, de Régiment enRégiment, il arrive au Régiment d’In-fanterie Char de Marine à Poitiers, Ré-giment le plus décoré de l’Arméefrançaise. C’est avec une certainefierté qu’il parle de ce Régiment qui aété décoré par le Président BernardinoMachado pour son rôle dans la reprisedu fort Douaumont pendant la Ba-taille de Verdun. Bernardino Machadoa décoré ce régiment de la plus hautedistinction portugaise, la «Ordem mi-litar da torre e espada».

    5 Participations audéfilé du 14 JuilletJean-Marc Becquignon Baltazar a vo-lontairement arrêté sa carrière mili-taire le 1 août 2015. Le désir derefaire une famille, de se poser, de nepas aller jusqu’au sentiment de nepas avoir peur, ce qui peut conduireau drame.L’homme est à la fois bavard, fier etde contact facile. Il a été à plusieurs

    fois blessé, a été nommé au sein desActions spéciales et a reçu pourquelques-uns de ses exploits, des dé-corations de la France, de l’Arméefrançaise. Il a été en mission auTchad, Congo, Côte d’Ivoire, CentreAfrique, dans les Balkans, l’Afghanis-tan, la Guyane, le Brésil, les ÉmiratsArabes Unis...Il a défilé 5 fois, le 14 Juillet, sur lesChamps Élysées, et a, pendant lemandat du Président Sarkozy, assistéà la Garden Partie.Quand on rentre à l’Armée, d’unefaçon générale, on reste toujours dansla même arme. Chose rare, Jean-MarcBaltazar a réussi à passer de l’ArméeBlandée de Cavalerie, à la Troupe deMarine, alors qu’il a fait des dizainesde sauts de parachute.

    20 DécorationsEn juin 2018, il a été décoré pour sesactions dans les Missions Harpie, enGuyane et au Brésil, à la citadelle deLille, en présence de hauts digni-taires, ainsi que de Bruno Cavaco,Consul Honoraire du Portugal à Lille.Jean-Marc Becquignon Baltazar a ren-contré beaucoup de soldats d’origineportugaise pendant sa carrière.Quelques-uns l’ont commandé. Il avoulu rassembler à l’un d’eux. Celui-ci lui a dit: «pour qu’on puisse recon-naître notre différence, il faut qu’onsoit le meilleur». Ses efforts furent re-connus, primés par la Médaille de laPrésidence des États Unis d’Amé-rique sous mandat de Barock Obama.Comme lui, beaucoup de jeunes d’ori-gine portugaise ont été envoyés pourles Missions Harpies, combat contre

    des criminels qui dilapident et exploi-tent hommes et terres à la recherchede l’or, notamment en Guyane et auBrésil. Jean-Marc Baltazar se souvientd’un des chefs de l’orpaillage illégale,il s’appelle Ferreira Manoel Moura,alias Manuelzinho. Accusé du meurtrede 2 militaires à Dorlin, il a été fait pri-sonnier un mois après, le 27 juillet2012, à l’âge de 25 ans.Elles sont nombreuses les décora-tions: 20 au total. L’une des plus raresétant celle reçue pour son courage etdévouement. Dans le cadre de l’opé-ration Vigipirate, il a empêché qu’unefemme soit violée à la Gare du Nord.C’est également dans ces lieux qu’ildétecta et neutralisera, avec deux co-équipiers, un homme recherché de-puis 15 ans par Interpol.Pour le sens du dévouement, il a étédécoré par son Colonel Labuze. LaSNCF lui a envoyé un courrier pour leremercier de son acte en lui concé-dant 105 euros (!) «pour actes de bra-voures».Il a été blessé à plusieurs reprises,notamment à Djibouti et en Côted’Ivoire.

    La sortie de l’ArméeÉtant donné qu’il a fait plus de 80jours de feux pendant sa carrière, ilpossède la Carte de Combattant, cartebien plus importante que les décora-tions reçues, maintenant qu’il estdans le civil. L’Association des Com-battants est à la fois une aide pourqu’on ne tombe pas dans l’alcool,dans la drogue, maux qui peuvent êtrela conséquence des traumatismes dela guerre et à la fois une associationde défense et conseil.Jean-Marc Baltazar est amer, car sesblessures, ses maux, ne sont pourl’instant pas reconnus.Alors qu’il a traversé une barrière avecsa sortie de l’Armée, lui comme d’au-tres, rencontrent des difficultés pourfaire reconnaître les blessures phy-siques et morales dont ils ont été vic-times au service de la Patrie.A tout jeune qui choisit de faire car-rière dans l’Armée, il conseille de viserle grade officier, afin que le jour qu’ilrevient dans le civil, la reconversionsoit plus facile.On nomme parfois l’Armée commeétant «la grande muette», alors qu’onne sort, en général, pas de l’Arméesans séquelles physiques voire mo-rales... Elles restent parfois pour long-temps. C’est d’autant plus difficile àsupporter ces blessures qu’elles sontrarement reconnues, même si toute-fois une évolution de la pensée se faitlentement depuis l’émergence duconflit en Afghanistan.Pour Jean-Marc Becquignon Baltazar,il y a maintenant l’autre côté de la vie,qui est parfois aussi difficile: retrouversa place, sa voix dans le civil, seconsacrer plus à sa famille. Voilà unbeau programme.L’Armée, pour Jean-Marc Baltazar,s’est apparentée à une fuite, une né-cessité de servir un pays... une néces-sité de reconnaissance, après 22 ansde beaux et loyaux services.

    Un franco-portugais dans l’Armée française

    Par António Marrucho

    Le 05 septembre 2018

  • Consulados de Portugal vão aceitar documentosem língua francesaOs Consulados de Portugal no estran-geiro vão passar a aceitar documen-tos em língua espanhola, francesa einglesa. O anúncio foi feito pelo Se-cretário de Estado das ComunidadesPortuguesas, em Murça, no Dia doEmigrante.Com a aceitação de documentosem língua estrangeira, os utentesdeixam de ter de fazer as respetivastraduções, deixando de pagar oscustos dessas traduções, mas tam-bém ganhando tempo e simplifi-cando o relacionamento com ospostos consulares.José Luís Carneiro destacou umaoutra medida que também facilita orelacionamento dos Portugueses re-sidentes no estrangeiro com os pos-tos consulares: o Cartão de Cidadãodeixou de ser válido por 5 anos e pas-sou a ter a validade de 10 anos.“Desta forma, os utentes têm de irmenos vezes aos postos consulares”.

    Bombeiros do Bouches-du-Rhône ofereceramtrês viaturasaos Bombeirosde S. Pedroda CovaA corporação de bombeiros de Bou-ches-du-Rhône, Pompiers du Sdis13, ofereceram três viaturas de com-bate a incêndio aos Bombeiros Vo-luntários de São Pedro da Cova, nodistrito do Porto. Uma delegação por-tuguesa deslocou-se propositada-mente a França para receber a ofertados bombeiros do sul da França.“Neste momento em que a Suécialuta contra as chamas e a Grécia serecompõe do seu traumatismo ligadoaos incêndios que fizeram mais de 90mortos, Portugal ainda se lembra dosincêndios mais mortíferos, que tive-ram lugar em julho de 2017. 64 pes-soas morreram, 250 ficaram feridase 180.000 hectares de floresta fica-ram queimados”.A cerimónia de entrega das chavesdos três veículos aos representantesdos Bombeiros Voluntários de S.Pedro da Cova, pelo Presidente doSDIS e pelo Coronel Allione, teve lugarno passado dia 27 de julho, na pre-sença da Diretora do Gabinete doPrefeito do departamento Bouches-du-Rhône e do Cônsul Geral de Por-tugal em Marseille, Pedro Marinho daCosta.Uma das viaturas está equipada parasocorro a acidentes rodoviários, umaoutra é um camião cisterna para in-tervenção em zona florestal e a ter-ceira é uma motobomba deintervenção em incêndios.

    COMUNIDADE 05

    lusojornal.com

    Murça vai iniciar o mapeamento dos emigrantes do concelho

    O Presidente da Câmara Municipal deMurça anunciou, durante as cerimó-nias oficiais do Dia do Emigrante, queo município iniciou um “trabalho lentode mapeamento dos emigrantes doconcelho”.Mário Artur Lopes falava no Auditóriodo Centro Cultural de Murça duranteuma homenagem aos emigrantes doconcelho, na presença do Secretáriode Estado das Comunidades Portugue-sas, José Luís Carneiro, e dos dois De-putados eleitos pelo círculo eleitoral daEuropa, Carlos Gonçalves e PauloPisco. Na sala estavam também doisdos 5 Deputados eleitos pelo círculoeleitoral de Vila Real, Manuela Tendere Luís Pimentel.Mário Artur Lopes, que estava acom-panhado por três dos quatros Vereado-res do Município e pelo Presidente daAssembleia Municipal, disse que osatuais autarcas consideram que a re-lação com a Emigração é uma dasprioridades do concelho e que querreativar o Gabinete de Apoio ao Emi-grante, uma estrutura criada há maisde 10 anos, mas que na prática, nuncaesteve ativa.José Luís Carneiro elogiou a iniciativadesta autarquia do distrito de Vila Reale sugeriu “que a pessoa que vai ocu-par-se do Gabinete de Apoio ao Emi-grante seja alguém sensibilizado paraesta causa. Se for o caso, o Municípiosó tem a ganhar”. Tanto mais queMário Artur Lopes quer que Murçapasse a ter a versão 2.0 do Gabinetede Apoio ao Emigrante, com a vertente

    económica.Para o Deputado Carlos Gonçalves, “hámais Murça para além do concelho” epor isso “o relacionamento com os Por-tugueses residentes no estrangeiro éfundamental”. O Deputado disse “osPortugueses residentes no estrangeirotêm de ser considerados tambémcomo munícipes em Portugal”.O Deputado Paulo Pisco também con-sidera que “é muito importante estetrabalho para inverter a dramáticacurva do despovoamento dos conce-lhos do interior” e elogiou as medidasque o Governo lançou neste sentido.O Município prestou homenagem a al-guns emigrantes do concelho, “peloque têm feito nos países de acolhi-mento ou nas Freguesias de onde sãooriginários”. Alguns dos Presidentes

    das Juntas de Freguesia estiveram pre-sentes na cerimónia.“Mas o importante mesmo é fazer omapeamento dos Emigrantes. É im-portante saber onde estão, o quefazem e como estão relacionados como concelho” e depois “temos de os aju-dar a investir no concelho se tal for oseu desejo” disse o Presidente da Câ-mara.José Luís Carneiro foi recebido pelaBanda Marcial de Murça, nos Paços doConcelho e o almoço teve lugar nascaves da Adega Cooperativa de Murça.Estava presente Helena Esteves Ba-tista, a Vice-Presidente da Associaçãodos Emigrantes Lesados do BES, asescritoras Altina Ribeiro e Isabel Ma-teus, entre muitas outras personalida-des.

    Durante a tarde foi organizado um De-bate sobre “Comunidades Portuguesasde ontem e de hoje - Como podem osEmigrantes ajudar o concelho deMurça?”. O debate foi moderado porCarlos Pereira, Jornalista, Diretor doLusoJornal, e originário de Murça, comos dois Deputados eleitos pelo círculoeleitoral da Europa, Carlos Gonçalvese Paulo Pisco, a autarca de Metz, Nat-halie de Oliveira, a Presidente da Sec-ção da Europa do Conselho dasComunidades Portuguesas (CCP),Luísa Semedo, e o ex-Presidente daConfederação das Comunidades Por-tuguesas do Luxemburgo, José AntónioCoimbra Matos.À noite, em frente da Porca de Murça,o ex-libris da vila, foi organizado umconcerto de Bossa Nova.

    Por Carlos Pereira

    Morreu Ricard Demarcy, cofundador comTeresa Mota, do Naïf ThéâtreRichard Demarcy, o encenador francêsque se apaixonou por Portugal, quecasou com a atriz Teresa Mota e pai deEmmanuel Demarcy-Mota, Diretor doThéâtre de la Ville, faleceu em Paris,com um tumor no cérebro, com 76anos de idade e foi cremado no dia 24de agosto, no Cemitério do Père La-chaise.Richard Demarcy fundou com TeresaMota, em 1972, a companhia de tea-tro Naïf Théâtre. Foi etnólogo e soció-logo, militante e intervencionista,lutou contra racismos e intolerâncias,levou o 25 de Abril para os palcos,tanto em França como em Portugal,onde chegou a viver depois da Revo-lução e ficou ligado para sempre àfundação do Centro Dramático deÉvora, Cendrev, que ainda hoje existe.Contribuiu muito para que FernandoPessoa fosse conhecido em França,encenando, por exemplo, a “Ode Ma-rítima”.Com Teresa Mota montou vários espe-táculos que ficarão para a história doteatro francês, como “Le Secret” queapresentou em Montreuil, “Barracas”que apresentou, também com TeresaMota, no Festival de Avignon de 1978ou, um ano depois, “La Chasse duSnark” de Lewis Carroll que apresen-tou no Centre Georges Pompidou.Esteve em Portugal na semana pas-

    sada para assistir à representação dapeça “Estado de Sítio” de AlbertCamus que o filho Emmanuel De-marcy-Mota encenou no Teatro S.Luís, em Lisboa - o filho único que lheseguiu os passos e que o acompanhouna doença até ao fim da vida.Richard Demarcy “foi o primeiro a es-crever quatro peças sobre o que sepassava em Portugal” durante o Es-tado Novo e teve “uma grande liga-ção” com José Afonso, para quemescreveu algumas canções, contou àLusa o encenador luso-francês Emma-nuel Demarcy-Mota. “Ele tinha umapaixão pelos povos, pelas diferenças epela poesia do mundo. Ele era poeta -para mim é um poeta - um intelectual,um grande amigo de Zeca Afonso eum grande amigo de vários povos domundo”, contou o filho de RichardDemarcy e da atriz portuguesa TeresaMota.O também Diretor do Théâtre de laVille recordou alguns dos poemas queo pai escreveu contra a PIDE, em1966, com o pseudónimo Jean-Claude Arcy, um ano antes de ir paraParis com a então mulher, TeresaMota, obrigada a fugir por razões polí-ticas e com quem viria a fundar ogrupo de teatro experimental NaïfThéâtre, em 1972.“Ele escreveu ‘Oh camarades, torturés

    par la PIDE’ sobre a polícia políticaque ele odiava e que eram monstros.Também escreveu ‘Aimer’ e ‘O Poderde Viver’. Escreveu com o nome Jean-Claude Arcy senão não podia entrarmais em Portugal e a Teresa podia terproblemas”, contou Emmanuel De-marcy-Mota.Richard Demarcy participou nos acon-tecimentos de maio de 1968, foi se-cretário-geral do Théâtre de laCommune d’Aubervilliers e tambémviveu “a luta” do maio de 68 a “de-clamar poesia nas fábricas” com Te-resa Mota, irmã do fundador do Teatroda Comuna, João Mota. “Com o maiode 68, ele começou a luta ao lado dospoetas. Com a minha mãe declama-vam poemas do Jacques Prévert. Erampoemas sobre a igualdade e a belezado mundo e como devia ser partilhadapor todos. Ele acompanhou também oCohn-Bendit e era a favor de um mo-vimento pacífico e contra todo o tipode violência”, continuou o seu filho.Exilado em França, José Afonso che-gou a dormir na casa de Richard De-marcy, no 19° bairro de Paris, alturaem que o encenador “escreveu textosque o Afonso cantou” e em que aju-dou a organizar a gravação de “Grân-dola, Vila Morena”.“Quando o padre Francisco Fanhaisesteve em Paris - o padre Fanhais que

    faz parte dos quatro que cantaram aGrândola Vila Morena que passou nasondas portuguesas na noite do 25 deAbril de 1974 - ele falou com o meupai, e o Afonso também, e foram gra-var isso nos arredores de Paris numanoite”, recordou.“O Richard é português, francês, afri-cano, um cidadão universal. Lutou,sem nunca se queixar, contra a doençaterrível. Ele nunca abandonou. Sem-pre acreditou que a vida era maisforte”, concluiu o também Diretor doFestival de Outono, em Paris, que her-dou do pai “o gosto do teatro e destavida em que a poesia tem uma ligaçãocom a política no sentido profundo dapalavra”.Em comunicado, o Ministro portuguêsda Cultura, Luís Filipe Castro Mendes,lamentou a morte de um “autor poeta,que tinha na partilha e na palavra a in-teligência e a sensibilidade domundo”. Também a Ministra francesada Cultura, François Nyssen, lhe pres-tou homenagem em comunicado:“Sensível às histórias e sensível àspessoas , ele soube maravilhar muitosespetadores com as encenações decontos e lendas e dos seus própriostextos, muitas vezes em ressonânciacom o século ou com os seus sonhosinspirados de Lewis Carroll, RudyardKipling ou Fernando Pessoa”.

    Município homenageou Emigrantes

    CM Murça

    Le 05 septembre 2018

  • lusojornal.com

    06 EMPRESAS

    Micael Morais traz vinhos portugueses à alta gastronomia francesa

    O escanção franco-português MicaelMorais tem trazido os vinhos portugue-ses ao mundo da alta gastronomiafrancesa, em Paris, onde tem traba-lhado com ‘chefs’ dotados de estrelas‘Michelin’ e melhorado a imagem dovinho do Porto.O jovem, de 32 anos, que nasceu emFrança mas que se sente “ainda maisem casa em Portugal”, é atualmentesócio, responsável de sala e ‘somme-lier’ no restaurante ‘Tomy & Co’, no sé-timo bairro da capital francesa, ondefaz questão de dar a provar vinhos por-tugueses, além dos franceses.“Gosto de fazer descobrir os vinhosportugueses aqui em Paris. São muitobons. Cada ‘terroir’ tem a sua particu-laridade. O Douro, o Dão, a Bairrada,os vinhos do Porto, os vinhos da Ma-deira, Setúbal. Por todo o lado temgrandes vinhos. É uma opção ousadasim, meter os vinhos portugueses àfrente para mostrar que têm o seulugar na gastronomia francesa”, des-creveu, admitindo que os vinhos por-tugueses “são um pouco mal vistos”em França porque são pouco conheci-dos.Micael Morais já serviu, por exemplo,o antigo Presidente francês NicolasSarkozy e o antigo avançado do PSGPauleta, foi ‘sommelier’ em restauran-tes com estrelas Michelin, como o GuySavoy e o Le Meurice, ambos com trêsestrelas, o Restaurant Antoine e oSaint James Paris, os dois com umaestrela.Em 2016, o escanção abriu o restau-rante “Tomy & Co” com Tomy Gousset,um conhecido ‘chef’ parisiense que

    também trabalhou com ‘chefs’ comtrês estrelas Michelin, como Alain So-livérès, Yannick Alléno e Daniel Bou-lud.Agora, Micael e Tomy querem a suaprópria estrela: “Já disseram onosso nome para ter uma estrela.Não sei, se não vier não faz mal,mas gostava, claro. Para o nossotrabalho é importante ter uma con-decoração e a recompensa”, afir-mou o lusodescendente com raízesem São Pedro da Silva, em Mi-randa do Douro.Para alcançar as ‘estrelas’, o es-canção afirma que mais importanteque “saber tudo sobre vinhos” é“falar com o coração” ao ‘chef’ eaos clientes.“O sommelier não é só vender os vi-

    nhos mais caros. É fazer a diferençaentre uma mesa que tem dinheiro eoutra mesa que não tem e fazer tam-bém descobrir pequenos produtoresfranceses ou estrangeiros. A profissãode ‘sommelier’ não é como ser mé-dico, é uma profissão de paixão. Nãoestamos aqui para salvar vidas, esta-mos aqui para dar prazer às pessoas”,continuou.“Dar prazer” no “Tomy & Co” passa,por exemplo, por um vinho brancoFrey, “um vinho muito mineral e commuita frescura”, para acompanharuma entrada de amêijoas de Locque-meau à marinheira.Há também um António Madeirabranco de 2014, “um vinho mais aro-mático e feito a partir de castas umpouco esquecidas”, para um ‘gravlax

    de salmão’, com quinoa soprada, to-mates ‘green zebra’ e salicórnia.Um Flor de Crasto tinto 2016 é a su-gestão para acompanhar o peixe ju-liana estufado, com folhas de funchoe rodelas de cereja num bisque de la-gosta, enquanto um Quinta do Infan-tado tinto 2013 ou um José PretoTinto 2014 é o ideal para o pato ‘Api-cius’ com figo, ‘batata dauphine’ emolho de cereja.Micael Morais também tem lutadopara alterar a imagem dos vinhos doPorto em França, porque “são os quemais têm complexidade do mundo”e adora surpreender os clientes quepensam que é um “vinho só de ape-ritivo” com uma das melhores –“senão a melhor” - harmonização dasua carreira.

    Servido numa imponente garrafa degrande formato ‘Jeroboam’, o Barãode Vilar tawny, com 20 anos e criadopara o restaurante “Tomy & Co”, é asugestão para acompanhar um dosfortes do ‘chef’ Tomy Gousset: umacomposição geométrica desenhadapor triângulos de queijo Ossau Iraty,doce de cereja negra e pimenta fu-mada. “É uma das combinações quegosto mais de fazer e que é mais coe-rente entre o vinho, a sobremesa e oqueijo. Tem um bom equilíbrio entrea gordura do queijo e os sabores dacereja que combinam bem com otawny que tem muita acidez e fres-cura também”, explica.O jovem é ainda um especialista de‘cocktails’ com vinhos do Porto, comdestaque para uma bebida da sua au-toria que chamou “a Portuguesa”:vinho do Porto, pimenta vermelha,bagas de zimbro, cravos-da-Índia,licor Chartreuse e espumante rosé.Os vinhos do Porto têm mesmo acom-panhado e marcado a sua vida, a co-meçar por um Quinta do NovalColheita Porto 1986 que provou comuma tarte de amêndoas na própriaquinta, e no ano passado, Micael es-teve perto de conquistar o título ‘Mas-ter of Port’, um concurso em Françaespecializado no vinho do Porto. “Sevoltar a concorrer, é para ganhar”, diz.No futuro, sonha fazer um vinho seuem Portugal e abrir um restaurante dealta gastronomia portuguesa emParis, “algo que não existe e que iriafuncionar, de certeza”, e também nãoexclui a possibilidade “se calhar maistarde” de abrir um “wine bar de vi-nhos portugueses e franceses” noPorto.

    Sonha abrir um restaurante de gastronomia portuguesa em Paris

    Por Carina Branco, Lusa

    Marine Le Pen já não vai ser oradora da Web Summit em Lisboa

    Afinal Marine Le Pen já não vai parti-cipar no Web Summit, em Lisboa. OPresidente executivo da Web Summit,Paddy Cosgrave, anunciou que deci-diu retirar o convite à líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen,depois das críticas de vários setores.“É agora claro para mim que a deci-são correta para a Web#Summit é re-tirar o convite a Marine Le Pen”,escreveu Cosgrave na sua conta narede social Twitter.Primeiro, numa longa mensagem pu-blicada no site Medium, Paddy Cos-grave explicou que é defensor daliberdade de expressão, para justificara razão do convite à política de ex-trema-direita francesa, mas tambémse mostrava disponível para aceitar ascríticas e até retirar o convite, com-preendendo as diferenças históricasentre o seu país, a Irlanda, e Portugal.“Se os nossos anfitriões em Portugal,o Governo português, nos pedirempara cancelar o convite a Marine LePen, iremos, evidentemente, respeitaresse pedido e fazê-lo imediatamente”,afirma o cofundador da Web Summit,

    que este ano se vai realizar pela ter-ceira vez em Portugal, no mês de no-vembro.Para Cosgrave, os pontos de vista deMarine Le Pen “são errados”, mas ofacto de que “mais de 30% dos elei-tores franceses a escolheram na maisrecente eleição presidencial da Françanão legitima”, afirma, “as suas opi-niões”. Acrescenta que também a as-censão ao poder de políticosigualmente de direita em Itália, naÁustria, na Hungria e em outros luga-res “não legitima os seus pontos devista repreensíveis”.O criador do evento de tecnologias eempreendedorismo, que se vai realizarpela terceira vez em Lisboa, tenta ex-plicar com profundidade as razões doconvite a Marine Le Pen e, ao mesmotempo, deixa uma margem amplapara esse mesmo convite ser retirado.“Enquanto eu era estudante em Tri-nity, se alguma vez a universidade pe-disse a um estudante que admitissecancelar um convite a um terrorista,anarquista ou fascista para falar numevento, tenho certeza de que teríamosfeito isso imediatamente. Teríamosprotestado, por uma questão de prin-

    cípio, mas teríamos respeitado os pe-didos da nossa anfitriã, a universi-dade”, declarou.Paddy defendia que a sua posiçãoquanto aos limites do debate e discus-são e sobre os méritos da proibição esilenciamento de dissidentes e mili-tantes “são, em grande parte, molda-dos pela história única da Irlanda. E aIrlanda até há pouco tempo estava alidar com um conflito terrorista incri-velmente violento e desumano”.Já a história recente de Portugal “éum pouco diferente”, diz Cosgraveafirmando-se consciente e “sensível aesse fato”. “Em última análise, o in-teresse dos nossos anfitriões, Portu-gal, e o interesse do povo de Portugal,deve ser colocado muito acima dos daWeb Summit”, clarifica.

    Pressão para“desconvidar” foi grandeO Bloco de Esquerda (BE) tinha exi-gido que o Governo e a Câmara de Lis-boa tomassem uma posição sobre o

    convite da Web Summit à líder da ex-trema-direita francesa, considerandoinaceitável serem utilizados dinheirospúblicos para passar mensagens dexenofobia e racismo. “Neste mo-mento, tem de haver uma tomada deposição e tem de ficar esclarecidoqual é que é a posição do Governo eda Câmara de Lisboa sobre este con-vite”, disse a bloquista Isabel Pires.A associação SOS Racismo exigiu queas entidades envolvidas na organiza-ção da Web Summit assumam umaposição pública sobre o convite feitoà líder do partido francês Frente Na-cional, Marine Le Pen, e que esta sejadesconvidada. Em comunicado, aSOS Racismo sublinhou que “o ra-cismo não é uma opinião” e que, porisso, condena que a líder da extrema-direita francesa tenha sido convidadapara estar presente como oradora naWeb Summit.No site do evento, o nome de MarineLe Pen estava entre os oradores con-vidados da edição deste ano, surgindoum pequeno texto identificando ocargo, formação e os últimos resulta-dos eleitorais da líder do partido fran-cês.

    Governo diz que nãoteve intervençãoPor seu lado, o Governo portuguêsesclareceu que não tem intervençãona “seleção de oradores” do WebSummit. “O Governo português, es-tando, pelo seu impacto, empe-nhado no acolhimento deste eventoprivado, não tem, como em outroseventos, intervenção na seleção deoradores”, informou o Ministério daEconomia em comunicado.Na mesma nota, o Ministério diri-gido por Manuel Caldeira Cabral re-fere que a Web Summit é umevento tecnológico e de inovação,com milhares de oradores, queatrai anualmente a Portugal deze-nas de milhares de empreendedo-res e investidores. “Trata-se de umfórum alargado de discussão detendências de mercado, cujo ali-nhamento - oradores e programa -é da exclusiva responsabilidade daorganização”, justifica aquele Mi-nistério.

    Foi convidada, mas acabou por ser desprogramada

    Por Carina Branco, Lusa

    Lusa / Carina Branco

    Le 05 septembre 2018

  • EMPRESAS 07

    lusojornal.com

    Há uma ‘estrela Michelin’ de origem portuguesa a brilhar em Paris

    Jean-Luc Rocha é um ‘chef’ de origemportuguesa, galardoado com duas es-trelas Michelin, que se apaixonou pelacozinha em criança graças à avó por-tuguesa e que conquistou o paladardos inspetores do famoso ‘Guia Ver-melho’.O ‘chef’, de 41 anos, que também ob-teve o título de ‘Meilleur Ouvrier deFrance’ em 2007, sempre orbitou emtorno de estrelas Michelin, comoThierry Marx, Patrick Henriroux e Gil-les Blandin até ser ele próprio recom-pensado.Foi em 2011 que Jean-Luc Rochaconquistou duas estrelas Michelin norestaurante Le Château Cordeillan-Bages, em Pauillac, perto de Bor-deaux, onde trabalhava desde 2002 eonde substituiu, em 2010, o mediá-tico ‘chef’ Thierry Marx que já tinhadado à casa duas estrelas.Desde janeiro de 2017, o ‘chef’ luso-descendente passou para os coman-dos da cozinha do Saint James Paris,na capital francesa, um restaurantedistinguido até agora com uma estrelaao qual Jean-Luc Rocha gostaria deacrescentar uma segunda, “sem pres-são”.“Se pudermos ter duas estrelas, estábem. Se não pudermos: uma estrela,com o pessoal contente, fica bem. Sefizermos bem o trabalho, vamos terduas estrelas. Não é o objetivo, mas sepudermos atingir isso, muito bem”,explicou à Lusa, num português hesi-tante, já que desde pequeno ouve por-tuguês em casa mas semprerespondeu em francês.Basicamente, o ‘chef’ considera que“não vale a pena colocar-se sob pres-são para alcançar a estrela” porque“se se trabalhar bem, a recompensavirá” e porque o critério “não é apenasa cozinha, mas um todo, desde o local,à decoração, à equipa, ao acolhi-mento”.Jean-Luc Rocha, que nasceu na ci-dade francesa de Vesoul, herdou daavó portuguesa a paixão pela cozinhaporque “a família sempre esteve reu-nida à volta de uma mesa”, onde

    havia, por exemplo, pastéis de baca-lhau, pastéis de nata, sopa de feijãoou burlhões da Beira Baixa. “Cadaprato é uma história, é um sabor, umaimagem, uma lembrança, um mo-mento de convívio, de viagem. Hásempre algo por trás. Não se mete umou outro produto no prato porque é bo-nito. Não. É preciso que tenha umsentido e um equilíbrio. É preciso quea pessoa que vá comer sinta umaemoção. Um simples alho frito noazeite é uma emoção porque paramim tem um sabor e uma lem-brança”, descreveu.Enquanto a avó lhe transmitiu a im-portância de conquistar as bocas paraarrebatar emoções, o avô e o pai, mar-ceneiros, passaram-lhe a precisão e origor milimétrico com que faz as com-posições de cada prato. “Julgo que éde família: fazer bom, lindo e preciso.Eles cortavam árvores para fazer mó-

    veis, eu pego na cenoura para fazerum prato”, resume, com simplicidade,o homem que tem “a sorte” de ser“oriundo de uma família de artistas”da Covilhã que chegaram a França nosanos 60 e que impuseram o apelidoRocha no ramo da serralharia artísticae na invenção de revestimentos deponta para a construção civil.Os ossos do ofício estão ainda ancora-dos na família materna que tem uni-dades hoteleiras na Serra da Estrela,mas a possibilidade de aí trabalharnão o motiva neste momento porque“é economicamente complicado” enão se imagina “a cozinhar só comidatipicamente portuguesa” mesmo quea ideia de “ter um restaurante com es-trela Michelin a 1.800 metros de alti-tude seja altamente”.O ‘chef’ realiza uma “cozinha francesae internacional” e não gosta muito quelhe perguntem o que é que as suas re-

    ceitas têm de português para não lhecolarem o rótulo de que só cozinhacoisas lusas, mas ao longo da conversavai-se descobrindo que até pastéis debacalhau faz “às vezes”.Afinal, as suas ‘receitas de autor’ têmfortes raízes portuguesas, a começarpelo azeite da terra dos pais e a passarpelas ostras da bacia de Arcachon“que foram trazidas para a bacia deArcachon pelos Portugueses” mesmoque hoje a região seja “o ‘rendez-vous’dos Parisienses e de todo o ‘jet set’ in-ternacional, ao princípio eram aldeiasde pescadores, sobretudo portugue-ses”.“As ostras e o caviar, os frutos do mar,os crustáceos, a mistura da terra e domar. Peixe e carne, gambas e porco,qual é o problema?” - sorri o ‘chef’,acrescentando que gosta de carne deporco à alentejana mas que não sedeixa levar pela tentação dos mesmos

    ingredientes porque “isso seria redu-tor”.A lagosta também é uma das suas ma-térias-primas favoritas e gosta de amoldar, por exemplo, com manjerona- uma erva aromática meia-irmã dooregão - mas também adora o ‘foiegras’ que utiliza “todo o ano”, porexemplo, com uma folha crocante desésamo por cima e com melão, figo,maçã ou cogumelos.Entre classicismo francês e moderni-dade, Jean-Luc Rocha aposta numa“cozinha autêntica, apoiada nos pro-dutos e identificável”, vogando então“entre terra e mar”, entre equilíbrio desabores e ritmo das estações, algo quese vê na ementa de degustação doSaint James Paris.Depois de um aveludado de batatacom ostras e caviar da Aquitânia, háum ‘foie gras’ quente com uma folhacrocante de sementes de sésamo e depapoila, pickles de legumes e doce decastanha, seguido de uma lagosta,com caldo da casca, ervas aromáticase legumes em risotto, mais um ‘moel-leux’ de cogumelos em ‘capuccino’ epeito e coxas de pombo marinado comchá Earl Grey à maneira de um ‘pot-au-feu’.Para a sobremesa, destaque para osgomos de toranja e toranja em cremecom pimenta de Timut, acompanha-dos com sorvete de lichia e lima, comfinas folhas de merengue, e para ochocolate Carupano em creme estala-diço com nozes-pecã, calda de cacaue gelado de nata.Hoje, quando há pratos portuguesesna casa dos pais “é uma verdadeiraidentidade portuguesa” e “um pra-zer”, mas a avó continua agarrada àcozinha lusa e não se deixa converterpelo neto: “Ao ‘foie gras’, ela chama-lhe ‘paté’. Quando trago para as fériasde Natal e de Ano Novo o ‘foie gras’,ela diz: ‘Dá cá um bocadinho de paté’.‘Avó, não é paté, é ‘foie gras’!”, concluicom um enorme sorriso.

    Por Carina Branco, Lusa

    Chef Jean-Luc Rocha do Saint James Paris

    Lusa / Carina Branco

    RECRUTAMENTO

    A Delegação Permanente de Portugal junto da OCDE, em Paris,pretende recrutar dois assistentes técnicos. O aviso de abertura do procedimento concursal e respetivascondições podem ser consultados na Delegação (10bis rueEdouard Fournier, 75116 Paris, durante as horas de expediente)ou no site:

    www.ocde.missaoportugal.mne.pt/pt/

    O prazo para apresentação de candidaturas termina a 19 desetembro.

    RECRUTAMENTO

    Encontra-se aberto concurso externo para lugar de assistentetécnico na Missão Permanente de Portugal junto do Conselhoda Europa, em Estrasburgo.É exigido o 12º ano de escolaridade ou equivalente, sendonecessário domínio das línguas portuguesa e francesa e bonsconhecimentos da língua inglesa.Procedimento concursal e respetivas condições devem serconsultados no Aviso de abertura disponível nas instalações doConsulado Geral de Portugal em Estrasburgo (16 rue Wim-pheling) ou solicitados através do endereço eletrónico: [email protected]

    O prazo para apresentação de candidaturas termina no dia 19 desetembro de 2018.

    Le 05 septembre 2018

  • lusojornal.com

    Governo reservou3.500 vagasno ensino superior paraemigrantes efamiliaresO Governo escreveu à Comunidadeportuguesa emigrante para divulgarcerca de 3.500 vagas disponíveispara emigrantes e seus familiares noconcurso de acesso ao ensino supe-rior, um contingente especial que em2017-2018 apenas atraiu 273 estu-dantes.Segundo uma informação enviadapelo Ministério da Ciência, Tecnologiae Ensino Superior (MCTES), “a Secre-tária de Estado da Ciência, da Tecno-logia e do Ensino Superior e oSecretário de Estado das Comunida-des Portuguesas dirigiram uma cartaàs Comunidades portuguesas nomundo, que foi difundida por toda arede consular e diplomática portu-guesa e divulgada também junto daComunidade académica e científica,juntamente com um folheto informa-tivo específico sobre o referido contin-gente”.A carta e os panfletos enviados emconjunto informam que existem 7%de vagas reservadas na primeira fasedo concurso nacional de acesso aoensino superior para emigrantes e fa-miliares, reforçando o processo de in-ternacionalização do sistema deensino superior e científico nacionalcomo fator de motivação para o re-gresso a Portugal.A medida insere-se na iniciativa ‘Es-tudar e Investigar em Portugal’, à qualestá associada uma “plataforma dedivulgação das instituições, projetos eatividades relacionadas com o ensinosuperior, a ciência e a tecnologia na-cionais”.“No ano letivo 2017-2018 foram co-locados 273 alunos, vindos de 29países, através deste contingente”,refere a informação do MCTES.

    Conselho da Diáspora Madeirensequer Deputadoseleitos pelasComunidadesO Conselho da Diáspora Madeirenseconsiderou “fundamental” a participa-ção política dos madeirenses residen-tes fora da Madeira nomeadamentenas eleições legislativas regionais e apossibilidade de criação de círculosque permitam a eleição de Deputadospela diáspora.Este órgão consultivo do Governo Re-gional, visando o acompanhamentopermanente das questões relaciona-das com as Comunidades madeiren-ses, reuniu-se com o Secretárioregional da Educação, que tutela asComunidades madeirenses, e consi-dera ser “fundamental desburocrati-zar o processo de voto para osresidentes fora da Região”.

    08 EMPRESAS

    ‘Saudade de Paris’: “uma maneira alternativa”de ver a moda com estilo e saudade

    Uma marca de vestuário chegou aomercado francês com “uma maneiraalternativa” de ver a moda, com peçasde edição limitada feitas de restos detecidos das casas de alta-costura pa-risienses e com alguma inspiração na‘saudade’ de Cabo Verde e até deParis.A marca ‘Saudade de Paris’ nasceuem 2016, pelas mãos de VilsonRocha, de raízes caboverdianas, e Jo-nathan Kirschstetter. Nesse mesmoano recebeu o prémio Positive PlanetAwards na fundação Louis-Vuitton,em Paris, uma distinção para iniciati-vas sustentáveis que privilegiam aproteção do planeta, e, desde novem-bro de 2017, conta com uma ‘loja-ateliê’ no centro da capital francesa.O número 69 da rue Maubeuge, no10º bairro de Paris, foi o espaço esco-lhido para desenhar, cortar, costurar,expor e vender as peças concebidaspor Vilson Rocha, o estilista parisiensecom raízes familiares na ilha de SantoAntão, em Cabo Verde, que defendeuma forma diferente de ver a moda.“É uma maneira alternativa porque éuma forma de economia que é dife-rente porque tudo é pensado para serfeito aqui em Paris: os tecidos, a fa-bricação. É 100% ‘made in Paris’,aqui, neste ateliê”, contou à Lusa oestilista francês, num português tí-mido porque poucas vezes o fala.Ao princípio, Vilson e Jonathan que-

    riam apostar simplesmente em criarpeças bonitas e tecnicamente “irre-preensíveis”, mas o conceito ganhouuma dimensão mais ética e ecológicaquando descobriram “uma caverna deAli Babá, cheia de tesouros em teci-dos que vinham de casas de luxo eque estavam destinados à destrui-ção”.No fundo - continuou Vilson Rocha -é uma “forma de economia positiva”e de “pensar o planeta de forma dife-rente” que consiste em levar para amoda o conceito de ‘upcycling’, ouseja, a reutilização criativa de tecidosdestinados ao lixo. “Vamos à procurados tecidos nas grandes casas demoda aqui em Paris e assim recupe-ramos 5, 10 metros de tecidos. É, porisso, que cada roupa é de edição limi-tada. Os tecidos vêm da casa Vuitton,Givenchy, Hermès, algumas peçasque vêm da Dior. Depois há Céline,Kenzo”, descreveu o estilista.O resultado são peças personalizadascom edição limitada, vendidas com“um certificado de autenticidade como nome e o número do exemplar” e,“em geral, não há mais do que quatropeças com o mesmo tecido”. Comonuma prova de artista numerada.“Não é muito como uma obra de arte,mas uma forma de dizer que há uni-camente quatro peças no mundo e eutenho o número um ou dois ou três ouquatro e o quatro é a última peça. Éuma maneira de dizer que eu fiz apeça e eu fiz a peça para si. Os nossos

    destinos estão ligados. É a saudade.A saudade é isto”, explicou.‘Saudade de Paris’ refere-se, também,à saudade dos primórdios da ‘hautecouture’ francesa em que, por exem-plo, Gabrielle Chanel começou porcriar, também numa loja, modelos ex-clusivos feitos sob medida e em es-cala artesanal. “É por isso que é umtipo de Saudade de Paris porque é asaudade de um tempo que passoumas que tentamos reviver na maneirade fazer mas com um estilo contem-porâneo”, acrescentou.A loja ‘Saudade de Paris’, aberta aopúblico e a ecoar músicas como‘Ténpu ki bai’ da caboverdiana MayraAndrade, também tem um ateliê noqual Vilson confeciona as peças, apartir de apenas alguns modelos quedeclina em diferentes criações graçasà diversidade de tecidos.O nome da loja é, ainda, uma referên-cia às cartas que os seus avós de CaboVerde lhe enviavam e que acabavamtodas com a frase “com saudades”.A palavra “saudadeur” - uma contra-ção de saudade’ com o termo francês‘ambassadeur’ - também aparece im-pressa em t-shirts brancas e é sinó-nimo de embaixador de uma novaforma de vestir contra a produção emgrande escala.“Saudador é uma pessoa que tem es-tilo, que não se cola às modas porqueas modas passam. É apenas uma ma-neira de ver a vida, com estilo e ética,mas não é por ser ecológico que tem

    de ser feio”, explicou, sublinhandoque a marca pretende captar a “es-sência de Paris” que “não significaseguir as modas, mas ter estilo”.As calças, casacos, camisas, bermu-das e calções, feitos por medida ecom tecidos da alta costura, acabampor ser “um luxo acessível” e “o mo-delo de negócio funciona” ainda quesejam necessárias algumas explica-ções junto dos clientes. “Tem que setransmitir a mensagem a cada cliente,a cada pessoa porque eles não enten-dem logo qual é a nossa mensagemporque neste mundo em que estamosa viver há muitas roupas e regressarpara uma moda mais ética e mais‘slow fashion’ é ser um pouco extra-terrestre aqui em Paris”, concluiu.A coleção, unissexo, é descrita comominimalista, tendo em conta que“cada peça é como uma páginabranca na qual o tecido imprime umestilo” e como “chic streatwear” jáque “o lado elegante das peças podetransformar-se em ‘streatwear’” emfunção da forma como se coordenamas peças ‘saudadeur’ com outras rou-pas e acessórios.Além dos coordenados em exposiçãona loja - desde casacos e ‘smokings’inspirados nos quimonos japoneses, acamisas e vestidos com golas em vinile padrões originais - há também cola-res, pulseiras, sacos e almofadas queVilson realiza, sozinho, no ateliê.No futuro, o seu “sonho” é abrir uma‘Saudade de Paris’ no Japão.

    Uma marca de Vilson Rocha e Jonathan Kirschstetter

    Por Carina Branco, Lusa

    Marques’Almeida, Luís Buchinho e DiogoMiranda na Semana da Moda de ParisO Portugal Fashion, projeto da res-ponsabilidade da Associação Nacio-nal de Jovens Empresários (ANJE),optou por, este ano, “concentrar osseus desfiles internacionais em duasgrandes capitais da moda, Paris eLondres”, nesta nova temporada dedesfiles internacionais que arrancacom a semana da moda de Londres,de 14 a 18 de setembro, e segue coma Semana da Moda de Paris, de 25de setembro a 3 de outubro, avançouà Lusa a porta-voz Mónica Neto, re-ferindo que para 2017-2018 o valoraprovado de financiamento foi de

    “aproximadamente de quatro milhõesde euros”.No dia 25 de setembro, a marcaportuguesa Marques’Almeida vaiestrear-se naquele evento de modaem França. Os criadores portugue-ses Luís Buchinho e Diogo Mi-randa, ambos no dia 26 desetembro, apresentam as suas co-leções primavera/verão 2019 nacapital francesa.O português Luís Buchinho tem pre-sença assídua na semana de moda deParis desde 2009, mas também járealizou no passado desfiles em Nova

    Iorque (EUA) e São Paulo (Brasil).O ‘designer’ Diogo Miranda estreou-se nos roteiros internacionais do Por-tugal Fashion em 2015 na semanada moda de Paris, tendo já apresen-tado coleções em ‘showrooms’ emLondres, Berlim e Nova Iorque.“O Portugal Fashion optou por con-centrar os seus desfiles internacionaisem duas grandes capitais da moda -Paris e Londres - aumentando o nú-mero de marcas e criadores portugue-ses nas respetivas ‘fashion weeks’. Aatual conjuntura económica, os inte-resses comerciais de criadores e mar-

    cas, a necessidade de envolver novosprotagonistas e a gestão estratégicados diferentes ciclos promocionais,entre outros motivos, levaram ao re-forço da aposta em Paris e Londres -duas das maiores montras da modainternacional”, explica Mónica Neto.O Portugal Fashion é cofinanciadopelo Portugal 2020, no âmbito doCompete 2020 - Programa Operacio-nal da Competitividade e Internacio-nalização, com fundos provenientesda União Europeia, através do FundoEuropeu de Desenvolvimento Regio-nal.

    Lusa / Carina Branco

    Le 05 septembre 2018

  • Colaboradorasdo BanqueBCP vão participar naParisiennepelo 8° anoconsecutivo

    O Banque BCP anunciou que assuas colaboradoras vão participar,pelo oitavo ano consecutivo na Pari-sienne, uma corrida com cerca de 7quilómetros nas ruas de Paris, unica-mente para mulheres, e os fundos re-colhidos revertem a favor da lutacontra o câncro da mama.Cerca de 30.000 mulheres partici-pam nesta corrida que vai ter lugar,este ano, no dia 8 de setembro, e quetermina no Champs de Mars, junto àTour Eiffel.Tal como nos anos anteriores, porvolta das 8h00, as colaboradoras doBanque BCP juntam-se no Champsde Mars para a tradicional fotografiade grupo. Depois seguem para umacorrida, que para algumas é despor-tiva e para outras é apenas uma opor-tunidade de mobilização à volta deuma doença que tem afetado milha-res de mulheres.O Presidente do Diretório do BanqueBCP, Jean-Philippe Diehl, tem moti-vado as colaboradoras do banco aparticipar na prova e, como habitual-mente, vai juntar-se aos demais diri-gentes, colaboradores e familiares dacentena de atletas para as apoiar du-rante a prova. Para além do aspetodesportivo e da utilidade para a inves-tigação científica, esta prova é aindauma oportunidade para reforçar acoesão de equipa deste bancofranco-português.

    Gabinetes deApoio ao Emigrante em Baião eem Marco deCanavesesO Secretário de Estado das Comuni-dades Portuguesas, José Luís Car-neiro, participou nas cerimónias deassinatura de Protocolos de coopera-ção entre as Câmaras Municipais deBaião e de Marco de Canaveses coma Direção-Geral dos Assuntos Consu-lares e das Comunidades Portugue-sas (DGACCP) do Ministério dosNegócios Estrangeiros, para a criaçãode Gabinetes de Apoio ao Emigrante(GAE) de 2ª geração naqueles conce-lhos.

    EMPRESAS 09

    lusojornal.com

    Manuel Soares investe 4 Milhões de eurosem Viana do CasteloO grupo Manuel Soares, especiali-zado em revestimentos minerais, vaiabrir em 2019 uma nova fábrica emViana do Castelo, num investimento“até quatro milhões de euros”, e criar30 novos postos de trabalho, anun-ciou o empresário português radicadoem Paris.Manuel Soares, que falava aos jorna-listas em conferência de imprensa,realizada na Câmara de Viana do Cas-telo, para apresentação do novo pro-jeto empresarial, explicou que serãoinvestidos “entre 3,5 a quatro milhõesde euros, na construção da unidade ena aquisição de equipamentos, estesúltimos financiados por fundos do Por-tugal 2020”.Manuel Soares adiantou que, atual-mente, a empresa emprega 27 traba-lhadores e que a nova unidade, cujaconstrução vai iniciar-se “antes do fimdo ano”, num terreno com mais de 10mil metros quadrados, na freguesia deChafé, irá “criar mais 30 novos postosde trabalho”.A nova fábrica da Ventestival, com‘showroom’, “dotará a empresa demeios para o aumento da carteira declientes e a diversificação dos merca-dos de exportação”.A empresa pertencente ao Grupo Ma-nuel Soares (Real Marbre, Ventesti-val, Stone Dark e Mineral System)conta com sede na freguesia de Dar-que e é especializada em revestimen-tos minerais. Fundada em Paris, em

    1995, é parceira privilegiada dasmaiores empresas de ‘design’ de in-teriores é responsável pela decoraçãode lojas de conceituadas marcas demoda internacionais, hotéis de cincoestrelas e habitações de luxo, em par-ceria com arquitetos e ‘designers’ deinteriores.“Trabalhamos para as lojas de marcascomo Louis Vuitton, Prada, Dior, entreoutras”, frisou o empresário de Aveiro.Em 2015 foi criada a empresa Mine-ral System, “que alia um elevado co-nhecimento da técnica de trabalhar a

    pedra, da seleção das matérias-pri-mas e da arte de as moldar à inovaçãotecnológica”.“É um processo que só se utilizadana aeronáutica e nos navios e quehoje estamos a usar no setor na de-coração. Na Europa há duas empre-sas a trabalhar a pedra desta forma.O nosso grupo tem as primeiras má-quinas fabricadas em Portugal. Con-seguimos cortar pedras com 70quilos como se fosse uma fatia depão em lâminas com cerca de cincomilímetros de espessura, com cerca

    de 15 quilos e multiplicar a quanti-dade de pedra. É um processo de la-minação e colagem que fica caro e,por isso, é mais destinado a projetosde luxo”, especificou.O novo projeto, que o empresárioclassificou como “ambicioso”, vaijuntar a Stone Dark e a Mineral Sys-tem, “conferindo uma maior rentabi-lização e agilidade dos processos, deforma a responder com crescente efi-cácia e pontualidade às solicitaçõesmais exigentes”.“Vamos poder aumentar a capaci-dade de produção, hoje limitada,tendo em conta o número de projetosque temos”, referiu Manuel Soares.Presente no encontro com os jornalis-tas, o Vereador do planeamento e ges-tão urbanística, desenvolvimentoeconómico, mobilidade e coesão ter-ritorial na Câmara de Viana do Cas-telo, Luís Nobre sublinhou que o novoinvestimento, o “trigésimo primeirogrande projeto a instalar-se no conce-lho”, vem ao encontro da meta esta-belecida pelo executivo municipal de,até 2020, ter a capital do Alto Minho“no ‘top tem’ das exportações portu-guesas”.“Acreditamos que o seu investimentovai concorrer para esse objetivo estra-tégico”, reforçou, destacando a com-ponente da “inovação tecnológica”do projeto que “concorre para a eco-nomia circular e para o reaproveita-mento de recursos”.

    Artesã francesa perdeu a casa e ‘atelier’no incêndio de Monchique

    Há 40 anos em Monchique, Evelinefaz dos tecidos recortados e aplicadossobre entretela a sua arte. Tal comooutros cinco artesãos, com o grandeincêndio do mês passado perdeu acasa, mas também o seu “cantinho”de trabalho.“Estou cheia de vontade de voltar atrabalhar, de me agarrar a algumacoisa”, desabafa, durante uma con-versa com a Lusa no Miradouro daFóia, onde está instalada a loja da As-sociação de Artesãos de Monchique.É aqui que são expostos os trabalhosdos 16 membros e de outros cinco‘convidados’.Nasceu em França há 69 anos - faz70 esta semana - e estava farta dotrabalho de escritório na área das te-lecomunicações. “Comprei uma cari-nha e vim”, conta. Entrou por umafronteira no Norte do país e foi “des-cendo, descendo, descendo” até che-gar ao concelho algarvio deMonchique. “O que eu adorei! Aspessoas amáveis, os animais, a pai-sagem”, descreve, sorridente.Sempre gostou de tecidos, por isso,quando pensou “em como ganhar avida”, já sabia o que fazer, até porquePortugal também “tem tecidos muitobonitos”.Sem pré-desenho, vai experimen-tando a sobreposição dos tecidos, quedepois prende com cola e linha. Co-meçou por fazer quadros com pes-

    soas, mas agora “os velhotes já nãoestão vestidos como antigamente”,pelo que prefere dedicar-se a paisa-gens.Foi no domingo, dia 05 de agosto,que o fogo se aproximou da sua casae do seu posto de trabalho. A GNRpassou uma vez a avisar que prova-velmente iria ter de sair, mas à se-gunda passagem foi taxativa:“Evacuação! Rápido, rápido!”.Eveline levou consigo o saco dos me-

    dicamentos, a cadela, roupa e docu-mentos, e foi para casa de umaamiga. Mas pouco depois a históriarepetiu-se: esta habitação também foievacuada e acabou a noite a dormirnum carro no parque de estaciona-mento de um supermercado.Por esses dias, a vida da Presidenteda Associação de Artesãos de Mon-chique foi uma correria. Desdobrou-se em contactos para arranjar umespaço e material para os seis arte-

    sãos recomeçarem e ajudou-os a pro-curar uma casa provisória. Um delesfoi acolhido na sua casa. “Estes seisficaram sem casa, logo, sem oficina”,lamenta Ana Cristina Figueiredo,acrescentando, ao lado do marido:“Como não nos aconteceu nada, es-tamos com muita coragem para osajudar e animar”.Para ajudar estes seis artesãos a re-começarem, a associação abriu umaconta para angariação de donativos(Caixa de Crédito Agrícola - IBANPT50 0045 7190 4026 9823 51141). “Nestas alturas, temos de ser so-lidários”, apela.“A primeira coisa que pensámos foium espaço para trabalharem, porqueisto é o ganha-pão deles”, afirma,contando que uma associação de ar-tesãos de Coimbra deu “uma ajudafantástica”, emprestando maquina-ria, e que a parte elétrica do novo es-paço já está tratada, “a custo zero”.O fogo da serra de Monchique, quequeimou 16.700 hectares neste con-celho, lavrou entre 03 e 10 de agosto.Eveline só voltou a casa na quarta-feira, no dia 08 de agosto, e para con-firmar o cenário que já antecipava:tudo tinha ardido. “Era no meio domato, muito isolada, mas fica sempreuma esperança. Estava tudo ardido,as árvores que eu plantei”, admite.Agora que já encontrou uma novacasa, provisória, Eveline espera tertudo o que precisa para retomar o tra-balho. “Mas custa muito”, afirma.

    Por Marco Lopes da Silva

    Empresário está radicado em Paris

    Lusa / Luís Forra

    Por Carlos Pereira

    Le 05 septembre 2018

    CM Viana do Castelo

  • lusojornal.com

    10 CULTURA

    Grupo de Paris está a gravar “o primeiro disco franco-português de cante alentejano”

    O grupo de cante alentejano Ranchode Cantadores de Paris organizou umaviagem a Serpa, desde 28 de agostoaté 11 de setembro, para gravar “o pri-meiro disco franco-português de cantealentejano”.Em Serpa, no distrito de Beja, o grupode sete parisienses está a “convivercom os grupos e trocar experiências eformas de cantar diferentes”, e vaifazer gravações com 17 grupos, expli-cou à Lusa o único português do Ran-cho de Cantadores de Paris, CarlosBalbino. “Este é o primeiro CD franco-português ou luso-francês de cantealentejano, porque nós somos umgrupo de Paris e eu sou o único portu-guês no grupo. Somos o primeirogrupo estrangeiro de cante alentejanoque vai fazer um CD. Para nós é umagrande alegria, mas temos a noçãoque, para o cante alentejano, é umgrande passo”, sublinhou Carlos Bal-bino, também ensaiador do grupo.O objetivo é lançar o disco em 2019,com uma editora francesa, procurandoser um álbum de cante alentejano “omais fiel possível ao cante tradicionalcontemporâneo”, ainda que haja “al-guns grupos convidados que começama ter já uma nova interpretação docante alentejano”.“No CD, tentaremos fazer a represen-tação do cante alentejano atual. Porisso, nos convidados, haverá artistasindividuais que contribuíram muitopara o cante, como grupos de mulhe-res, homens, mistos, e de crianças, e

    ainda grupos instrumentais. Ou seja, ocante alentejano em todas as suas ver-tentes”, vincou.As gravações vão acontecer no Musi-béria, centro internacional de músicase danças de raiz ibérica, e vai haverum repertório “muito vasto e muito he-terogéneo”, em que foram escolhidas“modas que fazem parte do patrimó-nio de cada grupo coral, e que estãoligadas à forma de cantar de cada re-gião”.“Já há CD de cante alentejano, já hádocumentação sonora muito, muito

    boa. A nossa ideia é tentar fazer umacoisa diferente, unir todos os gruposde cante alentejano que nos inspira-ram, e termos a nossa participação emcada moda para termos o nosso toque-zinho”, descreveu.Na prática, as músicas vão ter “partesde ‘solo’ que vão ser cantadas pelosmembros dos Cantadores de Paris, eoutras que vão ser cantadas pelos gru-pos convidados e, na parte coral, vaicantar toda a gente”.Quanto aos sotaques estrangeiros, Car-los Balbino adiantou que quase “não

    se percebe que são estrangeiros”, por-que “houve um grande trabalho depronunciação” ao longo do ano, quecomeçou com a aprendizagem das le-tras em português, acompanhada pelatradução em francês, e depois “elestambém cantam por instinto”.O Rancho de Cantadores de Parisnasceu em Paris, em 2016, com acriação de uma peça de teatro, “LaDernière Corrida”, da companhiaRêves Lucides, na qual Carlos Bal-bino levou ao palco o cante alente-jano e o tema dos forcados nas

    touradas à portuguesa.Esta “trupe de teatro contemporâneo,pluridisciplinar”, já tinha feito um pri-meiro espetáculo, “L’Architecte desRêves”, em 2013, na qual Carlos Bal-bino recorria ao canto polifónico russo,numa peça sobre a sociedade russadurante a construção dos Jogos Olím-picos de Inverno.Entretanto, o ator e encenador portu-guês criou, em Paris, a primeira escolade cante alentejano no estrangeiro,que ensaia numa associação do 19°bairro da capital, L’Espace 19, e quetem alunos de diferentes nacionalida-des.O Rancho de Cantadores de Paris foiretratado no documentário “Os Canta-dores de Paris”, do realizador TiagoPereira, que se estreou no DocLisboa,no ano passado, e que conta comatuações improvisadas em locais em-blemáticos de Paris e em Serpa.Carlos Balbino, de 30 anos, estudouteatro na Escola Profissional de Teatrode Cascais, na Worcester College ofTechnology, em Worcester, na East 15Acting School, em Londres, e na ÉcoleInternationale de Théâtre de JacquesLecoq, em Paris. Desde 2011 vive nacapital francesa, onde vai fazer ummestrado em etnomusicologia e umatese sobre cante alentejano.O cante alentejano foi classificadocomo Património Cultural Imaterial daHumanidade, pela UNESCO, a 27 denovembro de 2014, graças a umacandidatura apresentada pela Câmarade Serpa e pela Entidade Regional deTurismo do Alentejo e Ribatejo.

    Carlos Balbino levou os Cantadores de Paris a Serpa

    Por Carina Branco, Lusa

    Literatura portuguesa em destaque na região de Aveyron

    Dizem os próprios organizadores queo festival de Querbes é o “mais pe-queno dos maiores festivais de jazz eliteratura”.Na sua vigésima primeira edição, ahonra foi para Portugal, e sobe a im-pulsão de Jean-Paul Oddos, Presi-dente da associação e responsável dofestival “Les Nuits & Jours de Quer-bes”, quatro escritores portugueses,reconhecidos como os melhores re-presentantes da nova geração literá-ria, foram convidados: Dulce MariaCardoso pelo seu romance “O Re-torno”, João Tordo com “O Ano Sabá-tico”, Valério Romão por “Autismo” e“Da família” e Afonso Cruz por“Jesus Cristo bebia cerveja”.Quatro romancistas cujas obras foramtraduzidas e publicadas em francês.Do dia 9 ao dia 12 de agosto, foramquatro noites, quatro dias e quatroterras aveyronnaises que viveram aoritmo lusitano: Figeac, Capdenac,Querbes e Asprières.À volta de uma mesa, à sombra deum jardim, no interior de cafés literá-rios, foram debates e troca de impres-sões com leitura de textos de algunsdos mais conceituados escritores por-tugueses, como Fernando Pessoa,Eça de Queirós, Camilo CasteloBranco, José Saramago e AntónioLobo Antunes.“É um festival curioso em relação aos

    festivais mais ortodoxos, acho impor-tante que a literatura chegue a luga-res onde normalmente é difícilexistirem eventos deste tipo, eu vivono interior de Portugal, no campo, noAlentejo, e sei bem as dificuldadesque é, devido à centralização de tudo,e em especial da cultura. Depoisacaba por não existir nada no interior,é uma espécie de desertificação cul-tural de alguns espaços geográficos oque é uma pena, especialmente paraos mais novos” disse Afonso Cruz,

    nascido na Figueira da Foz, realizadorde filmes de animação, ilustrador,músico e um dos escritores convida-dos. “A literatura muitas vezes é vistacomo uma coisa muito solene, ondeo autor fica num púlpito, inalcançá-vel, e estas manifestações aproximamo leitor do escritor e inversamente.Este festival não está centralizado nasgrandes cidades e obviamente as pes-soas têm um certo carinho por isso,porque é um certo luxo de ter a pos-sibilidade de falar com os escritores,

    na mesma medida que é importantepara os autores de entrarem em con-tacto com os leitores”.Para terminar um festival e umatarde de convívio luso-aveyronnaisem Asprières, LusoJornal recolheu asimpressões de Miguel Gouveia, res-ponsável da editora “Bruaá”, sediadana Figueira da Foz e especializadaem literatura juvenil: “Foi uma coin-cidência feliz, nesta região trabalhaum associação ‘Les Grands Che-mins’, que tem como objetivo de co-

    locar em prática o elo social, usandocomo vetor o álbum juvenil, e umadas dinamizadoras é a Caroline Pe-drosa. A Caroline tem família em Por-tugal, na Figueira da Foz, e comocuriosa das coisas dos livros, deucom a nossa livraria, palavra puxa pa-lavra, conheceu a nossa editora, apa-rentemente gostou e convidaram-nospara estar presentes em Querbes,visto que o tema deste ano era o ‘Re-torno das Caravelas’, sendo Portugalo país convidado”.“A Caroline achou que era o mo-mento ideal para convidar um editorde literatura juvenil, visto que todo oresto do programa era dedicado aosadultos” disse ao LusoJornal MiguelGouveia. “Adorei estar aqui, vir aFrança é sempre um prazer, e vir auma das zonas mais rurais gaulesasfoi um prazer ainda maior. Não co-nhecia o Aveyron, acho que é magní-fico em sítios tão pequenos, no meiodesta imensa paisagem, haver gruposde pessoas e projetos, a fazerem coi-sas tão bonitas como esta, por literalamor à causa”.Miguel Gouveia estava visivelmenteemocionado e “enternecido” comeste convite. “Foi uma experiênciaextraordinária e muito positiva queadorei. Estava redondamente enga-nado, achei que há um real interessepela cultura portuguesa que se ma-nifestou ao longo destes quatrodias”.

    Por Manuel André

    Jean-Paul Oddos, Afonso Cruz e Miguel GouveiaLusoJornal / Manuel André

    Le 05 septembre 2018

    Cantadores de Paris (Arquivo, 2016)

  • CULTURA 11

    lusojornal.com

    Artista português Nuno Roque estreia-se este anono cinema francês

    O artista português Nuno Roque, queentrou em várias óperas em França,estreou-se no cinema francês no filme“Les Bonnes Intentions”, do realizadorGilles Legrand, com participação daatriz Agnès Jaouï.O filme teve antestreia no Festival duFilm Francophone de Angoulême, a24 de agosto, e vai chegar às salasfrancesas de cinema a 21 de novem-bro e, ás portuguesas, a 17 de janeiro.O português desempenha o papel deum jovem autista brasileiro numa co-média dramática que conta a históriade uma professora de francês, inter-pretada por Agnès Jaouï, determinadaem conseguir que o seu grupo de setealunos imigrantes passe no exame docódigo da estrada.“Foi interessante. A Agnès Jaouï, euconhecia bastante bem o trabalhodela, tinha a impressão de que nosíamos dar muito bem e demo-nosmuito bem. Ela fala português, elacanta em português, é uma boa com-panheira de trabalho. O realizador éuma pessoa muito atenta, cuida bemda sua equipa e tive bastante sorteporque ouço dizer, por aí, que é muitoraro”, contou Nuno Roque à agênciaLusa.Entrar num filme francês “pela pri-meira vez” não foi fácil, devido a uma

    “certa resistência” contra os atoresportugueses. “Não há nenhum portu-guês que seja extremamente cha-mado. Por exemplo, há vários atoresespanhóis, há vários atores alemãesque tu vês constantemente nos filmese, às vezes, ainda há um bocado essaresistência de: ‘Só chamaremos umportuguês quando for para fazer al-guma coisa em português’”, testemu-nhou.Paralelamente, Nuno Roque, de 30

    anos, está a realizar a sua primeiracurta-metragem, que descreve como“um filme manifesto artístico”, que sódeverá estar pronta em 2020. “Équase um filme manifesto artístico. Éum filme em que eu interpreto quatropersonagens diferentes. É um filmeestético que está a ser rodado integral-mente dentro de um estúdio, não hánenhuma imagem de um lugar real. Éum pouco como os velhos filmes deHollywood, que eram todos rodados

    dentro de um estúdio”, explicou.O artista já tinha realizado um trabalhoem vídeo, intitulado “My Cake”, que,em 2015 e 2016, foi exibido em mu-seus e cinemas nos Estados Unidos,na Bélgica, Espanha, Rússia, Bósnia,Macedónia, Canadá e França. O vídeofoi nomeado para vários prémios inter-nacionais, incluindo o Blooom Award,na Alemanha, e o Prix Videoformes emFrança.Nuno Roque vive e trabalha em Paris

    desde 2006, e desenvolve um traba-lho multidisciplinar que vai da música,ao cinema, escultura, fotografia e re-presentação.O artista tem um estúdio na regiãofrancesa da Normandia onde está arealizar, ainda, “um projeto de autor-retratos” com “fotografias satíricas,cómicas, às vezes, chocantes, politi-camente incorretas”, e que conta levara festivais no próximo ano.Depois de passagens por vários progra-mas televisivos em criança, NunoRoque entrou, aos 14 anos, na Acade-mia Contemporânea do Espetáculo, noPorto. Aos 17, foi para o Rio de Janeiroestudar cinema na Casa das Artes deLaranjeiras e, aos 18, chegou a Parispara entrar na École Internationale deThéâtre Jacques Lecoq. Fez parte datrupe da encenadora Irina Brook, noespetáculo “Pan”, em 2011, entrounas óperas “La Traviata”, de GiuseppeVerdi, “A Flauta Mágica”, de Mozart,“Dido e Eneias”, de Henry Purcell, e“C’était Marie Antoinette”, encenadaspelo francês Jean-Paul Scarpitta.Em 2009, Nuno Roque criou umaequipa de produção independente, LaMafia dell’ Arte, que reúne artistas devários países e, em 2014, esteve naplataforma digital que juntava artistasemergentes, intitulada Arte Creative,patrocinada pelo canal televisivofranco-alemão Arte.

    Por Carina Branco, Lusa

    “Les Bonnes Intentions” de Gilles Legrand com Agnès Jaouï

    Novo livro de Cyril Pedrosa é “fábula política” sobre a utopia na Idade Média

    O desenhador francês lusodescen-dente Cyril Pedrosa, autor do livro debanda desenhada “Portugal”, vai lan-çar, a 06 de setembro, em Paris, oprimeiro volume de uma nova obraque descreve como “uma fábula po-lítica”.O livro, que assina com Roxanne Mo-reil, chama-se “L’Âge d’Or” e vaicontar com dois volumes: o primeirochega às livrarias francesas a 07 desetembro - um dia depois do lança-mento na Librairie La Régulière, emParis - e o segundo está previsto paramarço de 2020.A história é uma “fábula política”, si-tuada na Idade Média, em que umaprincesa é afastada do trono, após amorte do pai, condenada ao exílio erefugia-se numa comunidade femi-nina, onde descobre que o seu des-tino está ligado a um livro mágicointitulado “L’Âge d’Or”.“Considerámos que podíamos falarda utopia e da possibilidade demudar o mundo mas situando-a nou-tra época. É uma fábula política, emque o tema é a utopia e como mudaro mundo, mas fizemo-lo com umahistória com aventura, fantasia,magia e combates. Queríamos quefosse divertido e não simplesmenteteórico”,