James Potter e a Copula dos Destinos - G. Norman Lippert

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2 PRÓLOGO agia, pensou o senador Charles “Chuck” Filmore. Não acredito que é a isto que tenho que me sujeitar. Ele se inclinou para fora da porta de vidro aberta do edifício e sorriu cativantemente para as câmeras posicionadas do outro lado da Rua da Câmara. A normalmente apinhada via pública estava isolada em ambas as extremidades, bloqueada com barricadas laranja e oficiais da polícia de Nova York, que pareciam entediados e malhumorados com suas capas escuras e pistolas ao lado. Atrás das barricadas, uma turbulenta multidão havia se juntado, acenando e sorrindo para as câmeras. Aquilo era uma das coisas que Filmore tanto amava quanto odiava nesta cidade: não importava qual a hora do dia, havia sempre uma festa ao ar livre pronta para explodir à menor provocação, completada com vendedores de camisetas, levantadores de faixas, e turistas de olhos arregalados, parecendo como peixinhos dourados de aquário que repentinamente se encontraram na Grande Barreira de Coral. Filmore acenou para a direita e esquerda, mostrando seus dentes recém-branqueados num amplo sorriso ensaiado. Flashes de câmeras estouraram e chamejaram e então a multidão aclamou. Realmente eles não estavam aclamando a ele, claro, e ele sabia. Eles estavam aclamando porque era o rosto dele que preenchia naquele momento o telão. Não teria importado se o rosto tivesse pertencido a um manequim da Bloomingdale’s.1 Esta era outra característica das massas de Nova York: eram 1 Bloomingdale -Loja popular de roupas nos EUA 3 absolutamente negligentes quanto às coisas que aplaudiam, contanto que tivessem uma chance ótima de aparecer na televisão ao fazê-lo. O rosto no telão mudou. Agora ele pertencia a Michael Byrne, o grande mágico

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2PRÓLOGOagia, pensou o senador Charles “Chuck” Filmore. Não acredito que é a isto quetenho que me sujeitar.Ele se inclinou para fora da porta de vidro aberta do edifício e sorriucativantemente para as câmeras posicionadas do outro lado da Rua da Câmara. Anormalmente apinhada via pública estava isolada em ambas as extremidades, bloqueadacom barricadas laranja e oficiais da polícia de Nova York, que pareciam entediados e malhumoradoscom suas capas escuras e pistolas ao lado. Atrás das barricadas, uma turbulentamultidão havia se juntado, acenando e sorrindo para as câmeras. Aquilo era uma das coisasque Filmore tanto amava quanto odiava nesta cidade: não importava qual a hora do dia,havia sempre uma festa ao ar livre pronta para explodir à menor provocação, completadacom vendedores de camisetas, levantadores de faixas, e turistas de olhos arregalados,parecendo como peixinhos dourados de aquário que repentinamente se encontraram naGrande Barreira de Coral. Filmore acenou para a direita e esquerda, mostrando seus dentesrecém-branqueados num amplo sorriso ensaiado. Flashes de câmeras estouraram echamejaram e então a multidão aclamou. Realmente eles não estavam aclamando a ele,claro, e ele sabia. Eles estavam aclamando porque era o rosto dele que preenchia naquelemomento o telão. Não teria importado se o rosto tivesse pertencido a um manequim daBloomingdale’s.1 Esta era outra característica das massas de Nova York: eram1 Bloomingdale -Loja popular de roupas nos EUA3absolutamente negligentes quanto às coisas que aplaudiam, contanto que tivessem umachance ótima de aparecer na televisão ao fazê-lo.O rosto no telão mudou. Agora ele pertencia a Michael Byrne, o grande mágicobajulador. Ele vestia uma camisa preta de colarinho aberto, seu lustroso cabelo pendia liso efrouxo ao redor do rosto, emoldurando seu encantador sorriso. Byrne não sorria comoFilmore fazia, certamente. Ele parecia travessamente astuto, com seus olhos indo e vindo,

como se não estivesse ciente da câmera que devia estar (Filmore sabia por experiênciapessoal) a menos de sessenta centímetros de seu rosto. Byrne era um artista nato, etambém era extremamente persuasivo, mesmo quando não estava dizendo nada. Fora isto,em parte, que lhe rendera tanto sucesso como mágico de palco. A multidão queria acreditarem seus truques. De fato, se não tivesse sido pelo carisma contagiante de Byrne, insinceroscomo obviamente eram, Filmore nunca poderia ter concordado em participar desemelhante número.— Vamos falar dos detalhes práticos — dissera Byrne no dia em que se tinhamencontrado pela primeira vez no escritório de Filmore. — O senhor é uma das estrelas emascensão do mundo político, pelo menos em Nova York. Isso todo mundo sabe, certo? Nemtodos os outros políticos gozam do reconhecimento que o senhor possui. Antigo capitão dosJets, carreira na marinha, felizmente casado com uma proeminente atriz da Broadway. Osenhor está pronto para trilhar o seu caminho para o topo da luta na lama de Washington. Osenhor só precisa de um empurrãozinho; um pouco de propulsão para lhe lançar na mídiade massa.Filmore não gostara daquele homem quase desde o começo, mas àquela altura,Byrne estava falando uma linguagem que ele entedia muito bem, mesmo que não aprovasse.Filmore desejava ter reconhecimento puramente por sua história política e pelacompreensão das necessidades de seu eleitorado – apesar do que muitos pensavam, ele eraum homem esperto. Ele se saíra bem nos programas de entrevistas e talk-shows dedomingos de manhã, em parte por causa de sua marca registrada, o discurso eloqüente, mastambém por que ele, ao contrario de muitos outros senadores que poderia mencionar (masnão quis) realmente entendia dos problemas que estava discutindo. Apesar disto, contudo,Byrne estava certo. Eleitores americanos nem sempre votavam nos melhores candidatos.De fato, como Filmore bem sabia, a maior parte deles tendia a dar seu voto baseados emaparência e piadas curtas tanto em qualificação quanto registros eleitorais. Não havia

sentido em reclamar disto, mesmo se Filmore ocasionalmente achasse isso deprimente. Aúnica escolha prática era reconhecer a realidade do mundo político atual, e usá-la a seufavor o melhor que pudesse.— O senhor e o edifício Chrysler — dissera Byrne sorrindo e levantando as mãos.Dois monólitos de Nova York juntos ao mesmo tempo. Se funcionar, e irá, as pessoas decosta à costa saberão seus nomes. E o meu também, claro, mas isto não vem ao caso.— Você está propondo fazer desaparecer o edifício Chrysler? — respondera Filmore,se inclinando para trás em sua cadeira e olhando a cidade nebulosa além da janela de seuescritório.— Comigo dentro?Byrne deu de ombros.— Que maneira melhor de consolidar nossas carreiras ao mesmo tempo, senador?Ambos sabemos que, hoje em dia, que a indústria do entretenimento e a política são os doislados da mesma moeda. Além disso, vai ser divertido.4Filmore olhou de soslaio para Byrne.— Como você fará isso?Byrne suspirou languidamente.— Com magia — respondeu ele. — O que significa que é ou surpreendentementesimples ou alucinantemente complexo. Nenhuma resposta é satisfatória para o espectador.Então, o que diz senador?Filmore certamente concordara, embora tenha relutado um pouco. Se tivesseprecisado de mais que uma escala noturna de tempo no saguão do famoso arranha-céu, eleprovavelmente não teria. Olhando da sua vantajosa posição no saguão, ele se deu conta deque aquele truque realmente seria “alucinantemente complexo”. Havia sólidos espelhos emplataformas giratórias, por exemplo, posicionadas fora da vista da multidão barrada. Umandaime monstruoso de quase trinta andares de altura havia sido erguido na frente doprédio. Ele estava equipado com uma cortina do tamanho do arranha-céu que podia serabaixada e levantada ao comando de Byrne, dando a sua equipe tempo para manipularqualquer uma das maquinações complicadas necessárias para se realizar este truque.

Olhando para a plataforma de observação oficial, a menos de um bloco de distancia, Filmoreteve uma idéia de como o truque seria realizado. Ele não entendia tudo a respeito, masentendia o bastante para saber que o truque dependia de inúmeros e pequenos detalhes, delinhas de visão e edição de câmeras a psicologia das massas e até mesmo o ângulo deincidência do sol. De sua maneira, Byrne era bastante inteligente, embora, como ele mesmohavia indicado, ver os cordames dos bastidores de tamanho truque definitivamente tendia areduzir o apreço por aquilo.Agora que estava oficialmente fora das câmeras, Filmore se virou e cruzou o saguãodeserto, entrando numa porta lateral próxima à mesa da segurança. Lá, encontrou-se numadiminuta sala completamente preenchida por duas máquinas de refrigerantes, um longosofá de couro e um televisor de plasma. Na tela, uma transmissão remota das câmerasexternas mostrava o que o resto do mundo iria ver.John Deckham, o guarda-costas de Filmore, um antigo companheiro de futebol,inteiramente careca, estava sentado no sofá, assistindo aos preparativos na enorme tela deplasma com pouco interesse.— Pareceu bom — comentou Deckham, acenando para a televisão. — Eles deram umclose quando o senhor acenava. Tipo “o homem do povo”.Filmore suspirou enquanto sentava do outro lado do sofá.— Parece até conspiração. Odeio conspirações.— Conspirações fazem o mundo girar. — apontou Deckham, tirando uma mão cheiade pistaches de um saco.Filmore se acomodou para assistir o evento. Na tela, Michael Byrne levantou osbraços enquanto a câmera se aproximava dramaticamente até ele, emoldurando-o contra opôr-do-sol ao refletir nas janelas espelhadas da cidade.— E agora — anunciou Byrne, com a voz amplificada sobre a multidão, ecoandograndiosamente. — Vocês já me viram escapar da prisão de Alcatraz. Vocês testemunharamo meu triunfo sobre o Sepulcro Egípcio do Destino. Vocês assistiram quando eu fiz umelefante vivo desaparecer, e depois um aeroplano, e finalmente um trem de carga emmovimento. Agora, pela primeira vez, realizarei o maior número de ilusionismo já tentado.

Não somente farei desaparecer um dos maiores pontos de referência da cidade de NovaYork, o legendário edifício Chrysler, desde as fundações: Farei enquanto o edifício está5ocupado pelo seu senador, uma referência por si próprio, o ilustre e respeitado CharlesHyde Filmore!Na tela, a multidão se alvoroçou novamente. Filmore podia ouvir o eco da aclamaçãoemanando além do saguão. Byrne sorriu triunfantemente para a câmera, estendendo osbraços, com as palmas da mão para cima, exultando na tênue luz do sol. Quando a multidãocomeçou a silenciar novamente, montes de holofotes focaram para lá, iluminando a frentedo prédio como se fosse uma enorme jóia. Byrne ergueu os braços, ainda com as palmas dasmãos para cima, e então os abaixou. Naquele exato momento, centenas de metros de tecidovermelho se desenrolaram do andaime em frente ao prédio. O tecido caiu como água,cintilando grandiosamente à luz dos holofotes, e então finalmente alcançou a rua com umbaque audível. Pela visão das câmeras de televisão, bem como da dos espectadores naplataforma de observação, a cortina obscurecia o prédio completamente. Ainda com asilhueta visível contra o tecido vermelho, Byrne abaixou a cabeça. Aparentava estarprofundamente concentrado. A multidão esperava ansiosa, contendo o fôlego.No fim do sofá, Deckham se agarrou ao saco de pistaches.— E então, como é que ele vai fazer isso? — perguntou ele. — Ele lhe contou?— Não — respondeu Filmore. — Segredo profissional e tudo mais. Tudo que sei éque temos que esperar aqui dentro por um minutou mais ou menos enquanto ele convencetodo mundo que o lugar desapareceu. Quando tudo acabar, o prédio reaparece e eu voltopela porta da frente, acenando como um idiota. Obrigado e boa noite.— Somos mesmo as únicas pessoas no prédio inteiro?Filmore assentiu, sorrindo tristemente.— Esse tal de Byrne é realmente um gênio. Ele mexeu os pauzinhos para que opessoal do ministério da saúde evacuasse o prédio, alegando que só podia garantir asegurança de uma pessoa apenas... eu mesmo... quando o prédio atravessasse dimensões

desconhecidas.— Não mesmo — riu Deckham, ainda mastigando pistaches.Filmore assentiu novamente. Na tela do televisor, Byrne ainda estava de pé com acabeça abaixada, com os braços suspensos ao lado como se alguém o tivesse desligado. Umrugir de tambores começou, e Byrne lentamente começou a içar seus braços novamente, eenquanto o fazia, se afastou da parede do cintilante tecido vermelho. O rugir dos tamboresaumentou, quase atingindo um insuportável crescendo. Agora Byrne estava completamentede costas para a cortina, com os braços levantados e de cabeça baixa, seu cabelo escondia orosto, e aí parou.De repente, o prédio ao redor de Filmore estremeceu violentamente. Poeira caia doteto e a energia vacilou, faiscou e então se foi. Filmore sentou, amedrontado.— O que foi...? — começou ele, mas parou quando um tatalar se apoderou dasprofundezas do edifício trazidas à vida. As luzes tremeluziram de novo, e a televisão piscouaté se ligar.Deckham parecia desconfiado.— Era pra isso acontecer?— Eu... acho que sim — respondeu Filmore vagarosamente, indicando a televisão. —Olhe.As coisas do lado de fora aparentemente não haviam mudado. Byrne ainda estavacom os braços estendidos, e com a cabeça baixa. E finalmente, abaixou os braços e levantoua cabeça teatralmente, atirando seu cabelo preto para trás. Jatos de faíscas brancas6explodiram no ar e então a cortinha vermelha se soltou, remoinhando e ondulandoenquanto caia. Atrás dela havia apenas um espaço vazio, cortado pelo ziguezague de feixesde uma dúzia de holofotes. O enorme e brilhante prédio certamente parecia terdesaparecido. A multidão explodiu em aplausos frenéticos e uma banda ao vivo começou atocar uma fanfarra tumultuosa.— Nada mau — comentou Deckham, relaxando um pouco. — Parece real de verdade.— Puxa — respondeu Filmore enquanto esquadrinhava a tela. — Tá muito escuro.

Era pra vermos os prédios detrás. Os holofotes estão distraindo todo mundo.— Acho que você é cético demais para magia, Chuck. É melhor se agarrar na políticamesmo — disse o homem grande se levantando, embolando a sacola de pistache em suasenormes mãos. — Vou acertar a cara do sujeito antes de irmos.— Claro — resmungou Filmore, ainda observando a tela. Deckham espanou umascascas de pistache de sua calça e desapareceu através da porta do banheiro num canto dopequeno cômodo.Lá fora, Byrne havia ordenado que a cortina fosse erguida mais uma vez.Vagarosamente, ela cilhou para cima, ocultando mais uma vez a misteriosa vista e osholofotes. A tela da televisão estava preenchida com o panorama do público na plataformaprincipal, mostrando pessoas abismadas de espanto, boquiabertas e com olhos arregalados.Filmore imaginou que elas foram forçadas a praticar aquela expressão durante os ensaios.Talvez Deckham estivesse certo; talvez ele simplesmente fosse céticodemais para magia.Bem, pensou ele, coisas piores já foram ditas do povo.Do outro lado da sala, a porta do corredor balançava lentamente devido à brisa queforçava passagem. Filmore franziu as sobrancelhas. A brisa cheirava um pouco incomum,embora ele não soubesse distingui-la com certeza. Era um cheiro doce, selvagem e terroso.— E agora — anunciou grandiosamente a voz de Michael Byrne através da televisão,— testemunhem a finalização do número de hoje à noite. Senhoras e senhores, deixem-melhe reapresentar o edifício Chrysler, e o seu senador, Charles Hyde Filmore! — Ele levantousuas mãos mais uma vez, dessa vez estava de frente para a cortina. Os tambores rufaramnovamente, e mais alto dessa vez.— Rápido, Deckham — disse Filmore, se levantando. — A gorda está para cantar.Outro tremor chacoalhou o prédio, fazendo as luzes tremeluzir uma vez mais.Alguma coisa bem longe e lá em cima explodiu. Filmore olhou ao redor nervoso.Na tela, Byrne deixou seus dedos tremerem no extremo de seus braços estendidos. Orufo dos tambores foi duplicado, extraindo a tensão como uma faca. E então Byrne,

categoricamente, se atirou para frente e caiu de joelhos, abaixando os braços como se elemesmo estivesse tirando a enorme cortina de cena. A cortina caiu, desatada dessa vez dacorreia, e deslizou para o lado com a brisa. Caiu amontoada sobre a rua desordenadamente,levantando uma nuvem de poeira e cascalho.Atrás dela não havia nada.Filmore piscou para a tela, com os olhos bem abertos. Algo havia dado errado. Nãoera que apenas o edifício Chrysler continuasse desaparecido, era também agora, ummisterioso negrume que tinha preenchido seu lugar. Os edifícios mais além podiam servistos atrás da poeira que subia, suas janelas brilhando amarelas na semi-escuridão danoite crescente. Byrne não se mexeu. Ele continuou no primeiro plano da televisão,ajoelhado, observando a visão inesperada. Um silêncio opressor preenchia a rua por todosos lados.7— Desapareceu! — gritou uma voz distante repentinamente. A visão da câmeramudou, focando mais perto da Rua da Câmara. Metros de cortina vermelha podiam servistos nos holofotes, cobrindo a rua como uma manta. A câmera virou. Havia um buracoenorme onde o edifício Chrysler deveria estar. Canos e fios elétricos sobressaiam dos ladosdo buraco, esguichando água e faíscas. — Já era! — gritou a voz novamente, agora maisperto — Desapareceu completamente, e o senador também!A multidão respondeu como uma fera. Um urro se espalhou por ela, confusão edescrença se misturaram com pânico, e o urro rapidamente se tornou uma cacofonia. Avisão se ampliou e se focou na plataforma de observação. Aproximou-se, centralizando nafigura de Michael Byrne. Ele ainda se ajoelhava, seu semblante estava vazio, completamenteperplexo e descrente. Para Filmore, ele parecia virtualmente catatônico.— Deckham! Alguma coisa está errada! Vamos sair daqui!Não houve resposta. Filmore atravessou a porta do banheiro e a escancarou. Era umcômodo muito pequeno, havia apenas um vaso sanitário e uma pia. Estava completamentevazio. Um par de sapatos de couro preto repousava no chão, ainda estavam amarrados.Filmore deixou o queixo cair com a visão, incapaz de falar.

Outro hausto de fragância selvagem invadiu o cômodo, trazendo o som da multidãobarulhenta com ele. Filmore se virou, espreitando o corredor. A porta se fechou sobre seupróprio braço pneumático. A televisão ainda tremeluzia e chilreava, mas Filmore nãoprestou mais atenção àquilo. Ele atravessou a sala vaga e cuidadosamente.O saguão estava mais brilhante do que estivera, iluminado por uma neblinaestranhamente resplandecente que se pressionava contra as portas de vidro. Filmorerodeou a mesa da segurança e ouviu um som de água caindo. Baixou os olhos e viu entãoque estava pisando numa poça. Ela ondulava ao redor de seus sapatos, fluindo alegrementesobre o piso de mármore em direção dos elevadores. O piso inteiro estava coberto de água.Refletia o brilho das portas, lançando cobras de luz refratada ao teto alto. Filmore se sentianum sonho. Vagarosamente, abriu caminho até a porta da frente. Talvez, pensou, aquilotudo fosse parte do truque. Talvez Byrne fosse um mágico muito mais competente do queele pensara. A visão além da porta de vidro era perfeitamente alva, movendo-sefantasmagoricamente, quase como névoa. Filmore pulou repentinamente quando um rajadade vento espancou as portas, forçando-as para dentro com pressão suficiente para permitirque mais daquele ar exótico entrasse. A brisa rodeou Filmore, passando por entre seuscabelos e golpeando sua gravata. O ar estava úmido e quente.Filmore estendeu os braços e tocou a porta. Preparou-se, quadrando sua mandíbula,e empurrou.A porta se abriu com facilidade, admitindo uma explosão de brisa cálida e nevoenta eum rugido forte. Ele havia pensado que o barulho era o rugido da multidão de Nova York,mas agora sabia que tinha sido um erro. Nenhuma coleção de vozes humanas podia emitiresse som. Era ensurdecedor e consistente, enorme como o céu. Filmore foi até o som, seesforçando por ver através da brancura cegante.O vento se levantou de novo, repentino e úmido, e empurrou longe a névoa,dispersando-a o bastante como para que Filmore pudesse ver finalmente a fonte daquele

som. Ele inclinou a cabeça para trás, mais e mais alto, olhando com olhos salientes para abizarra e inexplicável enormidade do que estava presenciando.Rodeando o edifício, abarcando os três lados, havia uma parede de água estrondosa,tão alta e ampla que parecia diminuir a brilhante torre de aço. Era uma cachoeira de tais8proporções que desafiava a lógica. Filmore encontrou-se pasmado, quase incapaz de semover, ainda quando lhe molhava com sua neblina palpitante e resistente. De algum modo,impossivelmente, o edifício Chrysler tinha sido transportado, levado por aí, até umalocalização completamente fantástica.Filmore se sacudiu, rompendo sua paralisia, e virou, olhando de novo para o edifícioatrás dele. Se erguia totalmente intato, inclinando-se ligeiramente, sobre umaprotuberância de rocha no meio de um rio extremamente tropical. Suas janelas gotejavamágua, refletindo a montanha ao redor e suas selvas exuberantes e selvagens.— Saudações, senador — gritou uma voz, surpreendendo a Filmore tanto que girousob seus calcanhares e quase se cai. — Sinto muito o de seu guarda-costas, mas o trato erauma única pessoa. Poderia estar em qualquer lugar, mas deixe-me tranqüilizá-lo, ele nãoestá aqui.— O que...! — gaguejou Filmore fracamente. Abriu e fechou a boca várias vezes,vacilante ante a figura enquanto ela se aproximava através da névoa, andando comconfiança. Parecia ser um homem, vestido todo de preto. Uma capa esvoaçava ao redor dosseus ombros e seu rosto estava coberto com uma máscara rara e metálica. Enquanto afigura se aproximava, Filmore viu várias formas mais vestidas de forma similar saindo danévoa palpitante, mantendo as distâncias, mas vigiando-o cuidadosamente.— Desculpe a omissão, senador — gritou a figura escura, parando de repente. Suavoz era entoada com o ritmo educado de um sotaque britânico. Parecia estar sorrindo. —Entendo que há tradições que cumprir. Isto é, afinal, um truque de magia — O homemfechou uma mão na boca mascarada, pigarreou e então levantou ambos os braços com um

gesto grandiloqüente que pareceu abarcar todo o edifício Chrysler, a cachoeira troante, eaté mesmo o próprio Charles Filmore.— Ta-daa! — gritou, claro como o cristal entre o som atroador. E depois riu, e riu, eriu.Algumas semanas depois, a uma grande distância dalí, um pequeno cozinheiro tocou um sino com apalma da mão e soltou um prato fumegante sobre o mostrador com um baque surdo.“Número três, sem cebola, maionese extra, pegue enquanto está quente” ele disse sem olhar.Uma garçonete, com um sujo vestido de raion, soprou o cabelo para fora da cara. “Já vou busca-lo emum segundo”. Ela virou-se para um casal acima do peso, que estava esperando na janela.Inclinavam-se sobre os pedidos de lanches, estudando-os como num exame final. O homem levantoua cabeça e olhou para a garçonete, seus olhos nadando num grande par de óculos fundo-de-garrafapretos.“O atum pode vir como entrada numa dessas tigelas elegantes de tomate?”“Elegantes...” a garçonete piscou. Ela tossiu com bom humor. “Você não sabe onde você está,sabe?”“Estamos no Bridgend, não?” disse a mulher gorda olhando para a garçonete, e em seguidaolhando preocupada para o marido. “Não estamos? Eu lhe disse que deveríamos ter pego a viaexpressa. Estamos perdidos agora, não estamos?”.9“Não, eu acho...” a garçonete começou, mas o homem a interrompeu, abrindo um grandemapa que estava dobrado em um bolso no seu peito.“Bridgend” ele disse enfaticamente, desdobrando o mapa e indicando com um dedo gordo.“Bem aqui, vê? Você viu o sinal quando passamos no último giradouro.”“Eu vi um monte de sinais hoje, Herbert” a mulher bufou, sentando-se empertigada nacabine vermelha.“Vejam” disse a garçonete, baixando seu talão de pedidos “Se vocês precisam de um poucomais de tempo...”O sino sobre o contador tocou novamente, alto dessa vez. A garçonete deu uma olhada, ficandoesquentada, mas outra garçonete passou diante dela e tocou em seu ombro.“Eu pego isso, Trish,” a mais jovem (e decididamente mais bonita) garçonete falou. “Mesatrês, certo?”Trish suspirou e fez uma cara feia na janela do captador de pedidos. “Obrigada Judy. Eu te juro quequalquer dia desses...”“Eu sei, eu sei,” Judy sorriu, cruzando o caminho estreito e balançando uma mão para

mostrar que ela já tinha ouvido isso uma centena de vezes antes.Judy arrancou uma da páginas no fim de seu bloco e a espetou no carrossel da cozinha. Com ummovimento ágil ela pegou o prato e o levou para uma mesa no canto, perto da porta.“Aqui está, querido” ela disse, deslizando o prato sobre a mesa diante de um homem de meiaidade com um cabelo preto ralo. “Aprecie”.“Muito obrigado” o homem respondeu, sorrindo e desenrolando sobre a mesa o guardanapoonde estavam embrulhados os talheres. “Ora, eu acho que eu poderia esperar o dia todo pelos seusagrados, eu nuncasairia de casa”“Como você é galanteador” Judy respondeu, se remexendo. “Você não é daqui dasredondezas, é?”O homem balançou a cabeça em negativa. “Não querida, sou da costa superior, de Cardiff. Apenas depassagem.”“Então é mesmo?” disse ela sorrindo enigmaticamente. “Eu tenho família por lá, talvez eu pudessevisita-los, será que você conhece algum deles?”.O sorriso do homem se tornou condescendente. “Cardiff é um grande lugar, docinho. A menos que oseu pai seja o prefeito, acho que infelizmente não os conheço, mas vamos em frente.”Judy colocou uma das mãos sobre a boca, como se estivesse prestes a compartilhar um segredo comele. “Potter” ela disse, “James Potter”. Ele seria jovem, não um menino, mas também não um homemainda.”O homem girou os olhos, como se estivesse revolvendo memórias profundas, como se ele realmentequisesse dizer que sim, apenas para manter a garçonete falando com ele, mas percebeu que ele nãopoderia fazer isso. Ele soltou um suspiro e balançou a cabeça. “desculpe, não posso dizer queconheço. Francamente, eu não ando mais com muitos garotos, não depois que eu mesmo cresci.Minha juventude foi para o militarismo, sabe...”A garçonete balançou a cabeça assertivamente. “Você me avisará se precisar de um sachê, certo?”Ela sorriu de novo, mais um daqueles sorrisos artificiais que ela havia lhe dado alguns minutosantes, e voltou.Trish, a garçonete mais velha, estava de pé próxima a caixa registradora, contando suasgorjetas do dia. Sem olhar para cima, ela disse “O que há entre você e esse menino Potter? Você temperguntado por ele desde o seu primeiro dia aqui, são o que, umas três semanas atrás? Eu por mim,acho que eles não tem nenhuma relação com você. O que é? Ele bateu no seu irmãozinho? Eles lhedevem dinheiro?”

Judy gargalhou, “Nada disso. Ele é apenas... Um amigo de um amigo. Alguém com quem eu perdicontato e queria encontrar novamente. Não é nada, é um tipo de hobby, realmente.”10Trish riu secamente. Ela fechou a gaveta da máquina e guardou um pequeno rolo de contas em seuavental. “Um hobby. Eu olhei seu pequeno apartamento, lembra? Se você quer um hobby, que taldecoração? Aquele lugar está tão vazio, nem mesmo uma cama. Assustador, se quer saber.”Judy não estava prestando atenção em Trish. Seus olhos estavam fixos na janela da frente,sem expressão e muito pensativa.“O que é que há, Judy?” Trish perguntou olhando para ela. “Você parece como se alguémtivesse passado por cima da sua...”Judy estendeu uma mão, com a palma para fora, alertantando a mulher mais velhapara esperar. Trish esperou. Judy permaneceu em frente à janela. Entre os rostos do casalgordo, que ainda estava discutindo sobre o mapa, além do caminho estreito e do poste, dooutro lado da rua, estava um pequeno homem, caminhando lentamente para um beco,batendo uma bengala torcida como ele, os olhos de Judy se estreitaram desconfiadamente,questionadoramente.Por trás dela, alto, o pequeno cozinheiro tocou o sino novamente. Um prato tilintouno mostrador. Nem Trish nem Judy se moveram.“Número seis” o cozinheiro chamou, olhando para as duas mulheres através dajanela do captador, suas bochechas vermelhas e suadas. “Molho e orégano, sem picles...” Elecontinuou chamando alto, mas sua voz foi cortada abruptamente quando Judy agitou a mãovagamente na direção dele. Ele olhou para ela, imóvel, como se estivesse congelado nolugar.Judy saiu de trás do mostrador, com um passo veloz e decidido, totalmente diferentede seus movimentos anteriores.“Acho que estamos prontos para pedir agora” a mulher gorda disse, sorrindoesperançosa para ela. Ela congelou no lugar assim que Judy passou por ela. O sino tilintousobre a porta, quando ela se abriu por conta própria de repente, tão repentinamente quepuxou uma lufada de ar sobre a comedoria, arrastando menus e fazendo voar as folhas de

pedido do carrossel por sobre a mesa. Ninguém lá dentro pareceu perceber. O homem demeia idade, de cabelo preto ralo estava sentado com metade do garfo na boca, imóvelcomoestátua.Judy saiu para a empoeirada luz do sol e começou a atravessar a rua. Uma buzinasoou e freios gincharam, quando um caminhão se jogou sobre ela, desviando em uma poçafunda. Mas o som foi cortado assim que Judy agitou sua mão. Dedos de gelo saíram da poçae seguraram o caminhão tão firmemente que o detiveram no ato. Ele emitiu um barulho demetal se amassando, e a cabeça do motorista bateu no parabrisas, quebrando-o como umachuva de estrelas. Judy ainda não tinha desviado os olhos do homenzinho com a bengala.Ele virou-se para o barulho repentino do caminhão detido misteriosamente. Seus olhoseram amarelados e cautelosos. Ele viu Judy se aproximar. Sua expressão nãomudou, masquando ele virou-se, assumiu uma postura muito improvável. Ele começou a correr becoadentro, segurando sua bengala ao lado.Judy sorriu felis e subiu o meio fio, seguindo o homem para o beco.Ele dobrou em uma rua estreita transversal, sem olhar para trás, mas Judy tambémera maravilhosamente rápida. Ela ainda estava rindo, e era um bonito sorriso, cheio de umtipo de deleite e encantamento.“Deixe-me!” O homenzinho gritou, ainda correndo. Ele subiu aos pulos umaescadinha na frente de uma decrépita porta de apartamento, e começou a girar uma chavena fechadura. “Deixe-me. Eu não fiz nada de errado!”11Judy chegou ao pé da escada assim que o homem girou a chave, ele abriu a porta epulou para dentro, ainda segurando a bengala ao lado.“Por favor, espere” disse Judy, acenando a mão, mas o homem não olhou para trás.Ele não parou, como qualquer um teria feito. Ele bateu a porta e Judy ouviu a tranca cair nolugar. O sorriso dela se estreitou, afinando nos cantos, tornando-se um sorriso duro. Elaagitou sua mão mais uma vez, juntando o indicador e o polegar, e apontando para a porta.Parecia como se ela fosse chicotear o ar, e ela o fez.A pesada porta de madeira explodiu para dentro com um estrondo, fazendo uma abertura.

Os estilhaços caíram em dúzias de pedaços, todos da escada estreita para dentro. Ohomenzinho estava a meio caminho de subir as escadas, baixado e segurando o corrimão,com medo de se mexer.“Eu não fiz nada de errado” ele gemeu numa alta e chorosa voz, ainda sem olhar paratrás. “O que eu poderia ter feito? O que você quer? Porque você simplesmente não medeixa?”Judy se moveu adiante e começou a subir as escadas devagar. Os pedaços da portavoavam para longe quando ela passava por eles. “Quem você acha que eu sou?” Elaperguntou, sua voz parecendo satisfeita e divertida.“Bem, isto é simples, não é?” Disse o homem trêmulo. Ele finalmente olhou para ela,por sobre o ombro direito, ainda segurando a bengala. “Você é do Ministério. Vocêdescobriu sobre a minha bengala. Não é uma varinha apropriada, realmente não. Eucomprei por encomenda, mas isto não é ilegal agora, é? Quer dizer, ela trabalha mal emtudo. Isso não viola minha condicional. Você não precisa me mandar de volta”.“Você...” Disse Judy ainda subindo os degraus lentamente, sorrindo maravilhada.“Você... é um feiticeiro. Uma pessoa mágica, não é?”O homem a olhava por cima do ombro, apenas meio voltado para ela “O que vocêquer dizer então? Você quer brincar comigo? Quer esfregar isso em mim, que eu tenha queviver como aqueles Trouxas bastardos? Foi apenas um pequeno roubo. Eu tive meu tempoem Azkaban, apertado e quadrado. E se eu mantiver meu nariz limpo por oito meses eu voupoder ter minha varinha de volta. Porque você veio quase me matando de susto e depoisbrinca comigo sobre ser um feiti...”O homem parou assim que viu a verdade na cara da mulher. Ela não estavabrincando com ele. Ela quase o tinha alcançado agora. Ambos estavam de pé nas sombrasda escada. Ela estava dois degraus abaixo dele mas seus olhos já estavam no mesmo nível. Oolhar agyado do homem se arregalou, quando ele percebeu que era porque ela estavaflutuando alguns centímetros no ar, ainda sorrindo para ele.“Eu vejo agora” ela disse balançando a cabeça em concordância. “Uma sociedade

mágica inteira, vivendo em segredo. Que absurdo interessante. Nossa, como os temposmudaram. E no entanto tudo faz sentido agora. Issi não é nenhuma maravilha... Mas que boasorte eu tive por ver você, meu amigo, e por reconhecer a estranha natureza de sua bengala.Será que poderia me dizer seu nome?”O homem ainda estava trêmulo, tanto que seus dentes batiam enquanto elerespondia. “B-b-Blagwell,” ele gaguejou “Harvey. Blagwell.”“Que nome desafortunado” ela franzia as sobrancelhas. “Diga-me Sr. Blagwell, euadmiraria se pudesse me ajudar. Eu estou procurando por alguém. Eu tenho perguntado amuitas pessoas, e nenhuma delas tem me ajudado. Entretanto, eu agora entendo o porquê.Eu espero que você possa se mostrar diferente.”12Blagwell assentiu de modo idiota, seus olhos arregalados.A mulher inclinou-se sobre ele, flutuando alto no ar de modo que o cobria com suasombra.“Alguma vez você já ouviu falar de alguém chamado... James Potter?”Blagwell ficou parado diante dela, seus lábios tremendo. Ele fez uma espécie derisada tossida, e em seguida deixou escapar uma risada irregular. “P-Potter?” ele disse,balançando a cabeça como se ela estivesse brincando com ele. “Você... Você está brincando,não é?”O sorriso de Judy cresceu. Se esticou além dos seus limites normais de beleza.Tornando-se primeiro um sorriso aberto e em seguida uma expressão lunática e semhumor. “Conte-me mais”, ela respirou.“O que – O que vcê quer saber?” exclamou Blagwell, inclinando-se para trás, murchosob a força de seu olhar. “Todo mundo os conhece. E-e-e eles tem sangue famoso, não tem?”“Ela está lá” a mulher respondeu, numa estranha voz cantante, sua face agoraperdida nas sombras. “Eu senti isso através das lembranças dela. Isso não é muito, mas étudo que eu precisava. Ela veio para cá, buscando refúgio depois de sua experiência no lago.Eu não pude segui-la, pois seu experimento se perdeu, mas duas palavras restaram,impressas no éter de onde um dia estava uma árvore. Duas palavras que eu sabia que iriam

me levar até ela: James Potter. Diga-me onde eu posso encontra-lo. Diga-me e todo mundopoderá ser feliz novamente. Talvez até você, meu desafortunado amigo.“Quem é você?” Blagwell gemeu, aterrorizado.A voz dela veio da escuridão, duas vozes se intercalando. Ela ainda estava sorrindo.“Me chame de Judith” ela disse “me chame de Dama do Lago”.Cinco minutos depois, a mulher saia pela abertura da porta quebrada, rindo para simesma, contente. Ela tinha finalmente aprendido o que ela precisava saber. Isso tinhatomado dois meses dela, dois longos meses de espera e procura, alugando apartamentosvazios, apenas para manter aqueles ao redor dela longe de suspeitas. Agora, claro, tudo issofazia perfeito sentido. Aquele era um estranho e absurdo tempo, um tempo em que o mundomágico se escondia segredo, desconhecidos dos estúpidos não-mágicos. Agora ela entendiaporque ela havia sido chamada para este tempo, refeita nesta forma. Ela entendeu o que elaestava teria que fazer. Esta seria uma difícil tarefa, mas ela queria desfrutar disso. Ela queriadesfrutar disso intensamente.Ela voltou pela rua e encontrou uma grande poça dágua perto do meio fio. A águaestava coberta por um fino e brilhante arco-íris, por causa do óleo. Ela viu a si mesmarefletida na água suja, viu seu próprio sorriso. Era realmente um bonito sorriso, queinspirava pessoas, fazia com que quisessem ajudá-la. Até mesmo o grande feiticeiro haviacaído por ela. Judith lembrava disso vagamente, pois estas não eram suas lembranças, nãode verdade. Eram presas a esta forma, ao formato humano que ela assumiu, como uma notafixada sobre a gola de um vestido. Aquela não era a Judith que o feiticeiro um vez haviaconhecido e amado, e no entanto ela havia ocupado uma versão daquela forma de Judith,vendo através daqueles olhos de mulher, rindo seu lindo sorriso. O grande feiticeiro tinharealmente caído por este sorriso, e tinha perdido quase tudo em busca disso.A verdade é que ele ainda podia perder.13Judith dobrou um joelho, ainda olhando para dentro da poça. Ela finalmente tinha oque ela precisava. Uma coisa em comum, e era tão difícil de encontrar, pelo menos nesta era

ignorante. Ela colocou a mão sobre a poça, com punho fechado. Uma adaga emergiu dalí,com o cabo encrustrado de jóias, sua lâmina negra e molhada. Ela deixou que algo vermelhoescorresse pela ponta da adaga. Que pingou e se espalhou pela superfície da poça, formandoondulações e fazendo o brilho oleoso começar a girar, para formar formas nubladas. Essamagia elementar, ela pensou, e ainda assim tão raro. Ela compreendeu instintivamente, éclaro. Afinal, era como ela tinha chegado a ser.“Mostre-me” ela disse para a poça, “mostre-me onde eles estão, o menino James; seuirmão Alvo, a cobra; Sua irmã Lílian, a flôr; Seu pai Harry, a lenda; Sua mãe Gina, a tocha.Mostre-me onde eles estão, para que eu possa procura-los e achá-los.”O sangue de Harvey Blagwell escorreu através da poça e o óleo brilhou profunda eintensamente, formando um desenho. A Dama do Lago inclinou-se para perto, comansiedade e prazer, vendo a imagem se formar. Lá haviam florestas, um lago, e também umcastelo, alto e grandioso, com torres grandes e pequenas, cheio de janelas brilhantes. Aimagem começou turva, mas foi se aproximando cada vez mais, mostrando o que ela queriasaber.Tudo estava claro agora. Judith sabia sua tarefa e onde ela deveria ir. Em breve estemundo despertaria, terrível e irreversivelmente, e em seguida viria o caos. Judith amava ocaos. Ela o respirava como o ar. Ela ansiava por ele, até mesmo agora. Ela endireitou-se,alisando o tecido desbotado de seu vestido de garçonete, e começou a andar. Ela mudarialogo, vestindo-se com roupas que tivessem mais ao nível de sua posição. Entretanto, sesentia satisfeita. Sua missão havia começado. Ela queria encontrar a garota, e então ela iriasimplesmente observar.A garota era seu destino... sua irmã e sua filha. Sua Nêmesis e sua aliada.Elas estavam interligadas, inseparáveis e permanentemente. Querendo ou não, a garota iriaajudar Judith. A garota a levaria exatamente aonde ela teria que ir.Judith limpou a adaga, seu direito de nascimento, distraidamente no vestido.Ela começou a cantarolar.14CAPÍTULO UM

ADEUS A HOGWARTSão muito longe dali, o sol brilhava sobre o topo de uma ampla colina, aquecendo o arda manhã de outono e inspirando um coro de vibrantes cigarras no pântano e cantodos pássaros nas árvores próximas. Mariposas e besouros serpenteavam e zuniam,desenhando padrões invisíveis entre as flores. A sombra de um enorme castelo seestendia sobre uma face da colina, seu contorno ficava disforme quando o vento traçavaondas sobre o gramado alto. Um rapaz corria pela sombra do castelo, deixando um caminholabiríntico desenhado na grama crescida.— O que você está esperando? — gritou o garoto, Alvo Potter, olhando para trás.— Você está fora dos limites — seu irmão James gritou de certa distância, com asmãos à boca. — O campo terminou lá atrás, na rocha grande, seu imbecil. Você nemconsegue ver a bola debaixo de toda essa grama.— É parte do desafio! — respondeu Alvo, sorrindo abertamente. — Estamos jogandofutebol mágico ou o quê?— Não tem problema — gritou a voz de uma garota um pouco distante, James viu derelance sua prima de cabelos negros, Lucy, agachada diante de um par de jovens árvores,15deslizando de lado lentamente. — O gol se distanciou dele. Estou tentando mantê-la sobcontrole, mas é um desafio. Oh, aí vem, de novo! — Prontamente, as pequenas árvores queformavam o gol atrás dela, pareceram deslocar-se pela grama, caminhando sobre suasraízes como lulas de madeira muito altas. Lucy corria para manter-se vigiando às árvores,enquanto mantinha um olho em Alvo.— Estou livre, Al! — gritou Ralf Deedle, chamando a atenção de seu amigo ecompanheiro sonserino, sacudindo as mãos no ar como tentando ser útil. Alvo concordou,virou-se e chutou algo no meio da grama. Uma bola de futebol gasta apareceumomentaneamente, enquanto traçava um arco no ar. Ralf se preparou para alcançar a bola,mas esta nunca chegou até ele. Ao invés disso, dançou misteriosamente na luz do sol e sedistanciou girando.

— Eeei! — gritaram Alvo e Ralf ao mesmo tempo, olhando na direção da bola. Caiuna terra perto dos pés de uma garota ruiva que ondulava sua varinha fazendo a bola voar, ecair aos seus pés.— Estamos jogando futebol mágico ou o quê? — uivou ela, chutando a bola para olado oposto da colina.— Rosa! — gritou James, correndo para alcançar sua prima. — Atrás de você! É oTeddy!Rosa se agachou enquanto uma nuvem de mariposas azuis passou voando sobre elarepentinamente, conjuradas da ponta da varinha de Ted Lupin. Ele assobiou enquantopassava correndo, apontando o pé para a bola, mas ela foi mais rápida com sua própriavarinha. Com um movimento do pulso e um clarão, ela transfigurou uma folha morta emuma casca de banana. Um instante depois, o pé de Ted Lupin aterrissou sobre a casca eescorregou, arremessando-o ao chão.— Bons reflexos, Rosinha! — bramou Ron Weasley de onde estava, naquelemomentos ao lado do campo. — Agora volte para a zona protegida! James está livre! Ogoleiro deles ainda está sob o feitiço de cócegas! Mire para baixo!Rosa desnudou seus dentes sombriamente e chutou a bola para James, que dominoucom facilidade e começou a manobra para o afloramento de rochas que atualmente serviade gol para seu time. De pé ali, Jorge Weasley, que estava nitidamente sendo atacado porcócegas, lutava para prestar atenção enquanto uma enorme pluma branca se arremessavaem sua volta, roçando-o ocasionalmente e fazendo-o convulsionar num riso irritado.James estava a ponto de chutar a gol quando uma voz gritou perto de seu ouvido.— Argh! Esqueça a bola! Pega ele! — Sombras caíram sobre ele, e umas mãosagarraram seu cabelo e sua capa. James tentou espantá-las sem olhar, mas não serviu denada. Seus primos mais novos, os gêmeos Haroldo e Júlio, o rodeavam em vassouras debrinquedo, agarrando-o e mordendo o ar, como piranhas aéreas. James levantou os olhospara eles exasperado, tropeçou nos próprios pés e caiu na grama como um saco de tijolos.

Haroldo e Júlio olharam um para o outro por um momento e mergulharam no gramado altopara continuar seu ataque. A bola rolou até parar ali perto, enquanto Jorge se adiantavacorrendo para chutá-la.— Barricado! — gritou James, agitando suas mãos, enquanto Haroldo puxava seuscabelos.Uma pequena parede de tijolos fez erupção subitamente no chão, perto da bola, umsegundo antes do pé de Jorge Weasley alcançá-la. A bola pulou fora do alcance do pé dogoleiro, imediatamente bateu na pequena parede, e saiu disparada pelo ar, formando um16arco alto sob a cabeça de Jorge. Ele esticou a vista para observar, e acompanhou a bola caircom um ruído oco, passando entre as pedras atrás dele.— Gol! — gritou James, jogando as mãos para cima.— Marmelada! — gritaram Haroldo e Júlio, caindo outra vez por cima de James,derrubando-o.Rosa passou correndo por James e Jorge, recolhendo a bola de futebol.— A primeira regra do futebol mágico, é que não existe nenhuma regra — lembrou atodos, elevando a voz. — James marcou este com o encanto para criar barricadas, e euajudei com a casca de banana transfigurada. São mais cinco pontos para o time Hipogrifo.— Cinco pontos!? — replicou Alvo, aborrecido, caminhando rápido até parar perto.— Como você conseguiu chegar a essa soma?— Um ponto pelo gol — bufou Rosa, fazendo a bola voar sobre sua palma direita, —dois pontos por cada sutileza mágica.— Esses feitiços valiam um ponto — argumentou Alvo. — Eu poderia ter feitodormindo!— Então talvez alguém devesse lançar um feitiço de sono em você — disse James,finalmente livrando-se dos primos. — Talvez você seja um jogador melhor nos seus sonhos!— Ao menos eu não preciso de nenhuma estúpida parede em miniatura que faça golspor mim — queixou-se Alvo, sacando sua varinha. — Eu tenho a idéia maluca de que golssão feitos com os pés.— Que pena que eles estejam tão ocupados travados na sua boca — replicou James,

obviamente satisfeito com sua resposta. — Mas posso te ajudar com isso!Alvo percebeu a intenção de James um momento antes que acontecesse. Apurou-seem levantar sua própria varinha e ambos os garotos gritaram o feitiço exatamente aomesmo tempo. Dois raios de magia cruzaram o topo da colina ensolarada e Alvo e Jamesgiraram no ar, impulsionados pelos seus tornozelos.— O que está acontecendo aqui? — gritou uma aguda voz feminina, oscilando à beirada fúria ultrajada. Todos os olhos se voltaram para ela culpadamente. Gina Potter, a mãe deJames e Alvo, subia a colina a passos largos e enérgicos, aproximando-se da combativareunião, com olhos flamejantes. A pequena Lílian Potter seguia os passos da mãe,escondendo um sorriso deleitado com as mãos.— Estive procurando todos vocês! — exclamou Gina. — E encontro aqui, no meio dogramado correndo e sujando suas túnicas! Ronald Weasley! — gritou, enxergando derepente seu irmão, que tentava se esconder. Fechou os punhos com força. — Eu devia saber!— O quê? — disse Rony, levantando as mãos. — Eles estavam entediados! Eu estavaentediado! Eu estava... supervisionando, certificando-me de que não entrariam em apuros!Além disso, Jorge também está aqui fora, caso não tenha percebido!Gina suspirou cansada e sacudiu a cabeça.— Vocês são tão levados quanto as crianças. Todos vocês, voltem ao castelo nesteinstante. Todos estão esperando. Se não nos apressarmos vamos chegar atrasados para acerimônia.Um metro acima da grama alta, James estava pendurado de cabeça para baixoenfrente ao seu irmão. Alvo encontrou seu olhar e suspirou, seus cabelos negrospenduravam escorridos da sua cabeça.— Eu te solto, se você me soltar — ele disse. — No três.James concordou.17— Um...— Liberacorpus — disse Ted, agitando sua varinha. Ambos os rapazes caíram do ar erolaram desajeitadamente pela encosta. — De nada — sorriu Ted, guardando sua varinha.— Vamos. Vocês não querem fazer sua mãe esperar.

O grupo trotou para alcançar Gina que andava apressadamente em direção dasportas do castelo, onde uma pequena multidão estava reunida, todos vestidos como ela, emtrajes coloridos, chapéus, casacos e capas.— Como estou? — James perguntou a Rosa, enquanto eles atravessavam o gramado.Ela o estudou criticamente.— Você está com uma boa aparência — disse compassivamente. — Rolar pela gramanão é páreo para o feitiço Laveolus da tia Gina. Não fica mais nem uma mancha de grama.James xingou baixinho.— De qualquer maneira, eu não vejo porque precisamos usar essas roupas estúpidas.Ninguém tem certeza se o casamento de um gigante é uma questão formal, não é? Hagriddiz que nós somos os primeiros seres humanos em toda história a ver uma coisa dessas.Nem ele sabe como deveríamos nos vestir para a ocasião!— Melhor prevenir do que remediar — comentou Ralf, ajustando o colarinho alto eengomado. — Especialmente com loiras grandes o bastante para te esmagar como se fosseum verme-cego.James sacudiu a cabeça.— Grope e Prechka são nossos amigos. Hmm, mais ou menos. Não nos machucariam.— Não são eles que me preocupam — disse Ralf, arregalando os olhos. — Eu estoufalando sobre toda a família. E aquele rei deles! Relações com as tribos dos gigantes sãodelicadas mesmo no melhor dos tempos! Você me disse que eles atacaram até o Hagrid umavez!Rosa deu de ombros.— Isso foi há muito tempo. Anime-se, Ralf. Aposto que é considerado de mau gostomatar os amigos da noiva e do noivo.— Ao menos durante a cerimônia — acrescentou Lúcia razoavelmente.Enquanto se aproximavam dos bruxos e bruxas que esperavam perto dos portões dopátio, James viu que seu pai, Harry Potter, estava em pé perto de Merlino Ambrósio, o atualdiretor da Escola Hogwarts de Magia e Bruxaria. Um observador casual poderia terassumido que os dois homens estavam apenas esperando o tempo passar com brincadeirasociosas, mas James sabia que o seu pai era mais esperto do que isso. O Potter mais velho e o

diretor tinham gasto muito tempo em discussões desde a noite anterior, com suas vozesbaixas, e seus olhos procurando, observando. Havia um sentimento secreto entre eles deassuntos graves e temores cuidadosamente não ditos, no ar, mesmo quando estavamsorrindo. James sabia algo sobre isso, embora ele não entendesse tudo muito bem. Ele sósabia que, o que quer que fosse, era a razão por que tudo em sua vida, de repente,desordenadamente, ficou de cabeça para baixo, como o mais indiscriminado feitiçoLevicorpus do mundo. Ele suspirou com raiva, e olhou para o castelo, imerso na vista. A luzdo sol refletia nas janelas e brilhava na ardósia azul das torres mais altas. Lúcia começou acaminhar ao seu lado.— É realmente uma vergonha, sabe? — disse ela, como se tivesse lido seuspensamentos.18— Nem me lembre — resmungou ele, num tom sinistro. — Amanhã é o primeiro diade aula. Já perdemos a seleção ontem. Provavelmente alguém já esteja usando minha camana torre grifinória.— Bem — replicou Lúcia cuidadosamente, — ouvi dizer que sua cama ainda tem aspalavras “Estúpido Potter Chorão” gravadas a fogo na cabeceira, apesar de não brilharemmais. Então, talvez não seja tão ruim, não é?James concordou, sem gostar muito.— Para você é fácil. Não vai saber o que está perdendo.Lúcia encolheu os ombros.— De que maneira isso seria o melhor?— Esquece — disse James, suspirando. — Logo voltaremos. Meu pai disse queprovavelmente após o feriado de Natal.Desta vez Lucy não respondeu. James olhou-a. Ela era dois anos mais nova, mas àsvezes em certas coisas parecia mais velha, mais madura, estranhamente enigmática. Seusolhos negros impenetráveis.— Lúcia — chamou alguém, interrompendo James no momento em que abria suaboca para falar. Ele olhou para o lado e viu seu tio Percy, pai de Lúcia, se aproximando,resplandecente em sua túnica azul marinho e seu barrete. — Venha. Não podemos nos

atrasar. O guia já está nos esperando. A propósito, onde você estava? Não importa, nãoimporta.Ele pôs a mão no ombro de sua filha e a conduziu para longe. Ela olhou novamentepara James, com uma expressão levemente sarcástica, como se dissesse “Esta é a minhavida, não está com ciúmes?”. Percy se reuniu com sua esposa, Audrey, que olhou fixamentepara Lúcia, por um segundo, registrando sua presença, e então voltou sua atenção à mulherque estava parada perto dela, vestida com uma túnica vermelha e um bastante ridículochapéu florido com uma coruja viva que fez seu ninho nele. Molly, a irmã mais nova deLúcia, estava parada perto da mãe delas, parecendo entediada e vagamente altiva.James gostava de Molly e dos pais de Lúcia, mesmo que os conhecesse muito menosque a tia Hermione e o tio Rony. Percy viajava muito devido ao seu trabalho no ministério efreqüentemente levava sua esposa e filhas com ele quando fazia. James sempre tinhapensado que tal vida devia ser bastante animada – viajar a lugares distantes, conhecerbruxas e magos exóticos, hospedar-se em hotéis grandiosos e embaixadas –, mas ele nuncatinha pensado que pudesse acontecer com ele. Lúcia estava acostumada, ainda que nemsempre parecesse gostar particularmente; afinal, ela acompanhava a família às viagensdesde que era um bebê, desde que a haviam trazido aqui do orfanato em Osaka, mesmoantes de Molly nascer. Ela havia tido tempo para familiarizar-se com a rotina de viajar queera virtualmente tediosa. James conhecia sua prima bastante bem para saber que estiverasonhando com a coerência e a agradável previsibilidade de seu primeiro ano em Hogwarts.Pensando nisso, sentiu-se um pouco mal por dizer-lhe que a próxima viagem seriamais fácil para ela. Ao menos ele já tinha estado por dois anos em Hogwarts, dois anos deaulas e estudos, vida de dormitório e refeições no Salão Principal, mesmo se tudo issotivesse sido preenchido com alguns eventos bastante espectaculares. E, exatamente quandoLúcia estava esperando para começar seu primeiro contato com essas coisas, tudo foi tirado

de suas mãos. Ainda que, considerando-se a personalidade da menina, era fácil esquecerque ela pudesse estar provavelmente ainda mais chateada com isso do que ele.19— Bem-vindos de volta, James, Alvo — disse seu pai, sorrindo e desarrumando oscabelos dos garotos. James se esquivou, franzindo a testa, e passou a mão pelos cabelos,penteando-se.— Muito bem — gorjeou uma voz feminina muito fina, mal escondendo aimpaciência. James olhou para a frente do pequeno grupo e viu a professora MinervaMcGonagall, passando os olhos por cima deles severamente. — Agora que estamos todosnominalmente presentes, devemos continuar?— Abra caminho, professora — disse Merlim com sua voz grave e retumbante,inclinando a cabeça e apontando para o bosque. — Odiaríamos fazer nossos amigosgigantes esperar, especialmente numa ocasião tão transcendental.McGonagall assentiu cortesmente, girou sobre os calcanhares, e começou a caminhar,dirigindo-se diretamente à Floresta Proibida, do outro lado do gramado. A tropa a seguiu.Pouco tempo depois, Ralf falou entre as sombras das enormes e nodosas árvores.— Acho que estamos chegando — disse, com voz tensa e os olhos muito arregalados.James levantou o olhar. O caminho se curvava ao redor do cume escarpado e, de pésobre aquela crista, emoldurada pelas arvores, erguia-se uma figura monstruosa e irregular.O gigante tinha facilmente oito metros de alto, com braços que pareciam uma manada deporcos recheando um pé de meia e pernas tão grossas e peludas que pareciam ocupar doisterços do resto do corpo. A cabeça parecia uma pequena batata peluda equilibrada sobre opescoço musculoso da criatura. Estava vestida com metros de pano de saco, enormessandálias de couro, e uma capa feita de não menos que uma dezena de peles de urso. Eleestudou-os gravemente enquanto se aproximavam.— Maldição — disse Ralf com a voz alta e instável, — sabia que devia ter mandadoum presente.20Capítulo 2

O GwyndemereJames não conseguia se lembrar da última vez que tinha sido acordado tão cedo assim. Osol era apenas uma sugestão rosa-acinzentado no horizonte, deixando o resto do céusalpicado de estrelas tremeluzentes e nuvens altas, banhado com a luz da lua. Neblinasubia do terreno da escola e a grama estava tão molhada que James podia sentir issoatravés de seus tênis.- Bom dia, James - Isa, a irmã de Petra, anunciou alegremente, movendo-se ao lado deleconforme os viajantes faziam seu caminho na escuridão do amanhecer perolado. - Éemocionante, não é?- É, realmente - concordou James, sorrindo para a menina mais nova enquanto ela pulavaao lado dele, seus cachos loiros saltando em volta do rosto. Isa era um ano mais velha quea irmã de James, Lílian, mas era um pouco difícil de lembrar isso. Quando Lúcia tendia afazer as pessoas pensarem que ela era mais velha do que realmente era, IsabelaMorganstern tinha uma inocência simples que a fazia parecer um pouco mais jovem.Petra havia explicado a James e sua família que Isa tinha nascido com algum tipo dedificuldade de aprendizado, o que tinha lhe valido o desprezo de sua própria mãe e quasea condenado a uma vida de servidão maçante na mão fria da mulher. James não achavaque Isa parecia exatamente lenta e tonta. Pelo contrário, era quase como se seu cérebrofosse simplesmente feliz, sem estar sobrecarregado pelo tipo de preocupação persistenteque deixava a maioria das pessoas mal-humoradas e irritadas. James a invejava umpouco.21- Petra não queria se levantar quando tentei acordá-la - disse Isa em um sussurro teatral,balançando a cabeça em direção a sua irmã, que estava andando a alguma distância,perto de Percy e Audrey. - Ela diz que não é uma pessoa matinal.James assentiu.-Eu não sou também, geralmente. Mas isto é diferente, né?- Não é como levantar-se para um dia de trabalho na fazenda ou algo maçante como isso -concordou Isa, agarrando a mão de James e pulando alegremente. - Estamos saindo em

uma grande aventura! Estamos indo para um passeio em um navio, assim como Treus.Não estamos?- Empunhai vossas varinhas e sagacidade - comentou Alvo em algum lugar atrás deJames. - Certo “Treus”?- Como nós chegaremos lá, então? - interrompeu Ralf. James voltou-se para ver o garotomaior andando ao lado de Alvo, com as mãos enfiadas no bolso do seu moletom de capuz.- Chave de Portal? Eu sempre quis viajar pela Chave de Portal. Vamos nos evaporar atélá?- Você sabe quem está conduzindo essa pequena expedição, não, Ralf? - replicou James,balançando a cabeça em direção à frente do grupo.Ralf olhou de esguelha.- Sim. É Merlim - disse ele, e então tropeçou quando a compreensão disso o pegou. - Aaah.Alvo olhou em frente ao diretor.- O que isso significa, então?- Isso significa que iremos caminhando - respondeu James, arregalando os dentes. -Merlim gosta de estar em comunhão com os segredos da natureza sempre que ele temchance, você não sabe?Ralf suspirou.- Por que ele está vindo mesmo?- Simples - uma nova voz respondeu. James olhou para cima para ver o pai de Ralf,Dêniston Dolohov, andando perto, suas bochechas coradas à luz perolada que peneiravapara baixo através das árvores da Floresta Proibida. - Em seu tempo, ninguém sabia nadasobre o “Novo Mundo”, embora muitos bruxos e bruxas suspeitassem da sua existência.Ele está vindo de muito longe poucos dias antes de voltar para Hogwarts. Espero que elequeira dar uma olhada e ver como é a vida do outro lado da lagoa. Seria como se um denós viajasse para o futuro distante e nos fosse oferecido a oportunidade de visitarcidades na Lua.22- Isso sim seria legal - suspirou Alvo. - Muito melhor do que ser arrastado pela velhaestúpida América.- Eu teria cuidado com uma conversa como essa - falou Lúcia. James olhou para o lado e a

viu andando no outro lado de Isa, sua mochila pendurada ao ombro. - Entendo que osamericanos podem ser ferozmente orgulhosos de seu país. Não diferindo de alguns denós, é claro.- Bem, é fácil para nós, não é? - exclamou Alvo. - Quero dizer, nós conseguimos um montede história e tradições para contar, que remontam a milhares de anos! Eles têm o quê?Cerca de quinze minutos e uma festa de chá?- Falando em chá - disse Ralf, esfregando o estômago, - eu preciso dar uma mordida.Como se no momento oportuno, a mãe de James recuou da frente do grupo.- Biscoitos, alguém quer? - ofereceu ela, carregando uma lata aberta.James colocou sua bolsa nos ombros e agarrou com as duas mãos.- Obrigado, mãe.- Ah! Bolacha! - exclamou Isa alegremente. - Nós dificilmente tivemos bolachas em casa!- Merlino disse que um pouco de alimento é necessário para a viagem - comentou Gina,assentindo. - Afinal, temos muito a fazer e um longo caminho a percorrer.- E nós iremos andando todo o caminho? - perguntou Alvo, com a boca cheia de biscoito. -Sério?Gina acenou com a cabeça.- Merlim enviou todos os nossos baús na frente ontem à tarde. Eles estarão nosesperando no porto. Um pouco de exercício vai ser bom para você.- Talvez o ajude a crescer um pouco - sugeriu Lucy prestativa.- Hã, hã, hã, - ponderou Alvo sarcasticamente. - Então quanto tempo isso vai levar dequalquer maneira?- Sim - bufou Ralf, olhando para as árvores enquanto passavam em cima. - E se qualquerum de nós, você sabe, desmaiar de fome ou algo ao longo do caminho?- Nós estamos aqui - uma voz chamou da frente. Para a surpresa de James, elereconheceu como pertencente a Neville Longbottom. - Todo mundo fique perto agora.Alvo hesitou.- Nós estamos aqui?- Esse é o Prof. Longbottom? - Ralph franziu a testa, intrigado. - Quer dizer, diversão édiversão, mas alguém não deveria ficar em casa para cuidar de Hogwarts?23James, que esteve em uma das mágicas caminhadas de Merlim a pé no passado, sorriu.

Ainda segurando um biscoito em uma mão, ele correu à frente, juntando-se aos adultosperto da frente do grupo.- Oi tio Percy, tia Audrey, Molly - cumprimentou ele conforme ele passou. - Oi Petra. Bomdia. - Ele disparou passando por ela e desacelerou quando ele encontrou seu pai, Merlim,e Neville Longbottom andando na frente da tropa. Certo o bastante, enquanto Jamesolhava ao redor, ele podia perceber que as árvores aqui pareciam diferentes. Elas nãoeram mais como as enormes e antigas árvores da Floresta Proibida. Eram árvores jovens,repletas de ervas daninhas e musgo, inclinando-se com o balanço do vento. O ar cheiravasalgado e úmido.- Bom dia, James - disse Neville, sorrindo para ele. - Excitado?- Eu estou! - concordou James, encontrando o sorriso de Neville. - Por que você estávindo? Se você não se importa de eu estar perguntando.- O professor Longbottom veio a meu pedido, Sr. Potter - contestou Merlim, caminhandoa passos longos facilmente por um caminho sinuoso e rochoso. - Além disso, até mesmoos professores de Herbologia merecem férias ocasionais. Mesmo que seja um feriado atrabalho.- O pessoal da Alma Aleron me pediu para dar uma palestra - admitiu Nevilletimidamente. - Eu fui recomendado para seu Departamento de Flora pelo próprio BenFranklyn. Pareceu-me uma oportunidade que não deveria perder.- Empunhem suas varinhas, todos - comentou Harry suavemente. James olhou para cimaconforme as árvores finas balançavam para trás. Ele podia ver agora que estavam naperiferia de uma pequena vila de pesca lotada. O céu da manhã estava baixo, pálido e semgraça, cheio de nuvens sobre os telhados. Uma fumaça taciturna era impelida comindiferença das dezenas de chaminés e as ruas estavam molhadas, os paralelepípedosbrilhando tediosamente. O grupo desceu pelo caminho pedregoso e curvado, em filaindiana, até que encontraram a rua. Um velho com uma barba grisalha branca estavasentado em um banquinho perto, abaixo do toldo de uma loja de peixes. Ele empurrou aaba do seu boné com um caloso polegar enquanto o grupo desfilava.- Bom dia - pronunciou Harry Potter, alegremente.

- Lindo dia para um passeio, não é? - adicionou Gina, fechando a marcha.- Povoado legal você tem aqui - gritou Alvo, virando-se e andando acanhado, sorrindopara o homem. - Soa um pouco engraçado, mas nós não vamos usá-lo contra você!Gina agarrou-o pelo braço, girando-o de volta.A rua estreita descia em uma série de desvios acentuados e ziguezagueantes, passandopor casas e lojas atestadas e, eventualmente esvaziando na orla do mar. Cais, docas e24píeres enfeitavam o litoral, produzindo uma aborrecida silhueta contra o céu de aço.Alguns por ali estavam ocupados com botes de pesca enferrujados, outros comimaculados iates de turismo, outros ainda com gigantescos e iminentes navios de carga.Ondas verdes batiam nos cascos, açoitando-os e lambendo-os monotonamente. Merlimassobiava enquanto caminhava, levando o grupo ao longo de um calçadão deformado,passando navio após navio. Trabalhadores em casacos pesados e bonés de lã escuraolhavam para o grupo que passava por ali, pasmados e de olhos bem abertos.- Em que tipo de navio iremos? - perguntou Isa, com sua voz cheia de admiração. - Seráum dos grandes?- Provavelmente não é um dos grandes - respondeu Petra, com um sorriso na voz.- É um navio de cruzeiro? - cismou Ralf esperançosamente. - Eles têm bufês em navios decruzeiro.A equipe andava assim por diante. O sol finalmente começou a queimar as nuvens densase tornou-se uma bola branca dura no horizonte, lançando seu reflexo sobre o oceano emuma longa faixa cegante.- Aqui estamos - Merlin finalmente anunciou. Tinham chegado ao final do calçadão.Estava praticamente abandonado, sombreado por um promontório rochoso e adornadocom um farol muito antiquado. James ficou surpreso ao ver o velho Ford Anglia de seuavô estacionado perto do final do calçadão, o motor movimentando-se lento e suave.Alvo franziu a testa interrogativamente.- O que o carro do avô está fazendo aqui?Gina respondeu distraidamente.

- Vão ajudar seu pai a descarregar agora. Depressa, todos vocês.- Descarregar o quê? - perguntou Ralf conforme ela os conduzia para frente.Merlim levantou seu cajado, que parecia estar sempre com ele, escondido em algumlugar longe da vista, apesar de seu tamanho bastante impressionante. Ele bateu-o nacalçada e o porta-malas do Anglia abriu-se com um súbito ruído.- Aaah - disse Ralf, respondendo à sua própria pergunta. - Trabalho manual.- Maneiro! - exultou Alvo, correndo para frente. - Tem todas as nossas malas nele. Você oenviou na frente por si só? Ele pode dirigir sozinho?- Foi seu avô que o ensinou essa habilidade especial - respondeu Merlim, sorrindo. -Quanto mais aprendo sobre ele, mais eu fico impressionado. Coloquem as malas aqui nabeira da praia, se quiserem. Vou alertar o mestre do porto da nossa chegada.- Mas onde está o barco? - James perguntou, olhando ao redor do desértico cais.25Merlim ou não ouviu ou preferiu não responder. O velho bruxo caminhou pesadamenteaté a torta e curva escada que levava à porta do farol.- Peguem isso, homens - gritou Harry amigavelmente, chegando ao porta-malas epuxando fortemente um dos baús. Tal como acontecia com muitos espaços bruxos, oporta-malas era muito maior dentro do que parecia por fora. Finalmente, James, Alvo eRalf situaram-se próximos a uma torre de baús, malas, e caixotes empilhadosprecariamente.- Ainda bem que eu comi aquele biscoito - Ralf respirava, enxugando a testa. - Merlimtinha razão. Viajar é um trabalho duro.James deu uma olhada para o farol, olhando para ver o que o diretor estava tramando.Enquanto observava, uma pequena porta no lado do farol abriu. Merlim saiu a passoslargos, de cabeça baixa enquanto ele atravessava a escada estreita e inclinada.- Segurem firme, todo mundo - anunciou ele. - Preparem-se para subir a bordo.Atrás dele, uma nota tensa, mas baixa, de repente soou, proveniente da casa de luz dotopo do farol. Era um som singular solitário, ecoando longa e profundamente sobre a

água. James reconheceu como o som de uma sirene. Quando o som finalmentedesapareceu, perseguindo seus ecos sobre as ondas distantes, um feixe de luz surgiu apartir do decrépito farol. Gina ofegou ao brilho dele conforme foi lançado na manhãsombria, parecendo estender-se até a linha do horizonte. Lentamente, o feixe começou avirar.James tropeçou. Agarrou-se e apertou um punhado da camiseta de Ralf, só entãopercebendo que Ralf estava cambaleando também. Ambos os garotos se encostaramfortemente contra o Anglia.- O que está acontecendo? - chamou Alvo.- Permaneçam firmes, marinheiros de água doce - o tio Percy riu, segurando sua esposaAudrey e sua filha Molly. - Vocês não tem pernas para o mar ainda.- Olhem - anunciou Lúcia, apontando para o feixe do farol.James observou. Estranhamente, parecia que o feixe estivesse, contra todas asprobabilidades, conservando-se perfeitamente imóvel. E era o próprio mundo que erarotativo, puxado em torno de um eixo liso e longo pela âncora do feixe no centro do foco.- Ali - informou Harry. - Nosso navio parece estar chegando.James seguiu o olhar de seu pai e viu um longo barco elegante aparecendo em torno dopromontório rochoso. Como o feixe de luz, o navio parecia estar parado perfeitamenteenquanto o oceano agitava-se em baixo, enviando suas ondas até debaixo da proa etransformando-os em espuma salgada. O navio era longo e elegante, com um casco de26madeira polida manchado com marrom profundo, adornado com brilhantes escotilhas debronze e uma série de mastros altos e complicados e uma única chaminé negrasobressaindo acima do centro. Letras brancas pintadas ao longo da proa proclamavam onome do navio:« GWYNDEMERE »Pesadamente, o píer angulou em direção ao navio até que apontava diretamente para ele.Havia figuras se movendo no convés do navio, gritando uns com os outros e seencarregando das cordas do navio. James sorriu amplamente quando um dos

marinheiros jogou um pedaço de corda pelo costado do navio, desaparatou do convés e,em seguida re-aparatou no píer segundos depois pegando a corda que caia nas pranchas.Ele a enrolou em torno de uma amarração industrial de ferro, ancorando o Gwyndemereà costa. Com isso feito, o feixe de luz deixou de girar e desligou. James tropeçou mais umavez conforme o mundo parecia tremer em seu lugar.- Todos a bordo - repôs Percy, caminhando a passos largos para o cais, agarrando ochapéu para a cabeça, quando o vento aumentou. - Temos um cronograma a ser seguido.Merlim assentiu em aprovação, e depois inclinou-se para a janela do Anglia no lado dadireção. Ele parecia dizer alguma coisa para o veículo, e deu uns tapinhas de forma leve, erecuou quando ele começou a andar. Ele realizou uma curva de ré até o final do calçadão,e em seguida, seguiu serenamente embora, com as janelas refletindo o céu baixo.- Espero que eu tenha embalado meias o suficiente - comentou Ralf, observando o Angliaganhar distância. - Eu odeio ficar sem meias.- Aposto que eles têm meias nos Estados Unidos- respondeu Alvo, batendo o garotomaior no ombro. - Vamos arriscar, né?James sorriu e seguiu a sua família para o cais, desfrutando o som das ondas e a brisanublada. Gaivotas circulavam sobre a cabeça e pousavam sobre as ondas em torno donavio, onde flutuavam como rolhas. Mais marinheiros aparataram no cais, movendo-seeconomicamente para a pilha de bagagem, que começavam a arrastar em direção aobarco.Uma passarela apareceu, íngreme e estreito, ligando o navio até ao fim do cais. James nãopodia ter certeza se aquela passarela tinha surgido para fora do cais ou tinha seestendido para baixo do navio. Qualquer opção parecia provável. Ele correu para frente,perseguido de perto por Lúcia, Isa e Petra, que estava rindo com prazer.27Uma vez a bordo, James olhou ao redor maravilhado. Do convés, o Gwyndemere pareciaao mesmo tempo enorme e acolhedor. Sua proa e popa do deque eram separadas pordois caminhos recessos, um de cada lado do barco, acessados por uma escada na frente e

atrás. As passagens anexavam uma guarita alta, longa, que dominava o centro do navio,capitaneado de frente para o leme. James podia ver os homens em jaquetas e bonésbrancos, movendo-se de lá para cá ativamente. Uma das enormes rodas do navio girousuavemente para trás e frente conforme as ondas abalavam o barco.- Isso é tão legal - disse Ralf, aproximando-se de James. - Eu nunca estive em um barcoantes. Você acha que um navio mágico é diferente dos navios normais?- Você está perguntando a pessoa errada, Ralf - comentou Alvo. – Isso é tão novidade pranós quanto para você. Pergunte ao tio Percy se você quiser uma resposta real. Ou, de fato,à prima Lucy, sobre esse assunto.- Eu só viajei de barco uma vez, acredite ou não - disse Lúcia, puxando seu cabelo paratrás em um rabo de cavalo. - E era um muito menor do que este, em uma viagem para aGrécia.- Vocês já viram a galeria de jantar? - chamou Petra das escadas do nível mais baixo. - Ocafé da manhã está pronto, e é perfeitamente lindo! Venham se juntar a nós!- Eles têm pães de groselha! - acrescentou Isa importantemente, levando as mãos à bocaem forma de buzina.James, Alvo, Ralf e Lúcia correram para as escadas e mergulharam em uma entrada naparte inferior, que se abria para uma sala comprida e baixa, com janelas de cada lado,deixando entrar a tênue luz da manhã aquosa. Duas longas mesas dominavam a sala,rodeadas de ambos os lados por cadeiras de madeira giratórias. Talheres, copos decristal, pratos de porcelana, sopeiras prateadas fumegantes e travessas estavamespalhadas sobre as mesas.- É disso que eu mais gosto! - exclamou Ralf, retirando seu moletom nos cantos maisquentes. Ele caminhou pela mesa mais próxima e sentou-se ao lado de seu pai, que jáestava mexendo uma xícara de chá.- Aproveitem enquanto vocês podem amigos - proclamou Dêniston Dolohov. - Isto é oque é viajar em falciforme do Ministério - Além dele, o resto dos adultos estava tomavamseus assentos também, suspirando feliz e removendo suas capas de viagem e chapéus.- As cadeiras são aparafusadas ao chão - falou Alvo, girando sua cadeira

experimentalmente.28- Em caso de tempestades, - assentiu com a cabeça Lúcia, falando em torno de um bocadode bolo. - não pode ter tudo batendo em todo o lugar se o mar ficar agitado.Ralf olhou para cima, com a testa franzida.- É provável que isso aconteça? Você acha?Lúcia deu de ombros.- É o oceano Atlântico. Estar agitado é uma espécie de hábito.- Principalmente nesta época do ano - concordou Alvo, atingindo um prato de torradas.James assentiu gravemente.- Pode ser que tenhamos que passar por um furacão ou dois. Além de icebergs.- E monstros marinhos - acrescentou Isa sabiamente, encontrando os olhos de Lílian esufocando um sorriso. - Uma lula gigante, com tentáculos como bondes!- Ah - disse Ralf, revirando os olhos. - O sarcasmo, então. Eu vejo como é.- Não se preocupe, Ralf - acalmou Petra. - Trouxemos Merlim conosco. Se algum dosmonstros do mar no atacar, ele vai apenas convencê-los a se juntar a nós para a viagem.- Ou vencê-los e cozinhá-los para jantar - disse Lílian, sorrindo abertamente.Um pouco mais tarde, James tinha acabado o seu café da manhã e descobriu que eleestava muito animado para ficar sentado por mais tempo. Os adultos seguiram caminhosabaixo do convés para explorar suas cabines, enquanto a maioria das crianças voltavampara o convés da proa para apreciar o sol iluminando e a marca espumosa da proa sobreas ondas.- O que está nos fazendo mover, eu me pergunto? - perguntou Isa, olhando para cimapara os mastros.James olhou também, percebendo que todas as velas estavam enroladas rigorosamente,amarradas a postes em feixes arrumados.- Boa pergunta - concordou Alvo, franzindo a testa. - Eu acho que nós estamosconseguindo força de alguma forma. Olhe para a chaminé.Efetivamente, um fluxo constante de fumaça negra era expedido do alto do funil preto dachaminé. James escolheu os ombros, voltando à vista para o mar.- Carvão, vocês acham? - ponderou Ralf. - Eu não esperava isso.- Talvez seja um tipo de fogo mágico - respondeu Lílian razoavelmente. - Aquele que não

necessita de qualquer combustível ou qualquer outra coisa.Lúcia assentiu.29- Como faísca de duende. Isso faria sentido.Ventos sopravam sobre o navio, empurrando a partir do oceano e chicotando o cabelo deJames em torno de sua cabeça. Ele mostrou os dentes com um sorriso aberto, e entãovirou-se e inclinou sobre o parapeito, olhando em direção à costa, que se afastavasilenciosamente ao lado do navio. O Gwyndemere passava por outras docas e píeresainda, e James observou dezenas de barcos agrupados ao longo da margem, estonteantesem seus tamanhos e variedades. Os trabalhadores se aglomeravam entre eles, movendoseno cais e rampas, em silêncio à distância. Finalmente, o Gwyndemere começou aangular de distância da costa, e os cais e navios de carga enormes começaram a crescerno nevoeiro fraco da manhã.Um apito soou alto. James ergueu os olhos para cima e viu um homem no que parecia umbalde de madeira, anexo ao mastro principal. O apito sobressaía por entre seus lábios esegurava a um olho, um longo telescópio desmontável. Conforme James observou, ohomem abaixou o telescópio e cuspiu o apito, que oscilava em torno de seu pescoço emum comprimento de corda.- Agora, saindo da zona continental trouxa - ele gritou. - Entrando em águasinternacionais de domínio mágico.Um marinheiro, assobiando alegremente, passou atrás perto dos cinco viajantes ondeeles se reuniam perto da grade. James virou-se para ver quando o homem se inclinou,agarrou a manivela de um portal grande do deque, e soltou-o, abrindo.- Tudo bem, Dodongo, você ouviu o homem - disse o marinheiro, falando para dentro daescuridão por baixo do convés. - Ponha isso para fora agora. Não me faça descer ai.James e o resto desviaram o olhar do marinheiro e olharam para baixo, para as sombras.O interior do porão era enorme, ocupando a maior parte da proa do barco. Escotilhasiluminavam uma forma enorme, peluda, que descansava no porão, tendo a maior partedo espaço. James piscou em choque. A criatura era como um gorila, mas crescido

monumentalmente em proporções titânicas. Seu grande rosto marcado podia ser vistopela escotilha aberta, sugando seus lábios, pensativo. Seus pés agarravam os pedais deum mecanismo complicado de latão, girando-o facilmente. O mecanismo, por sua vez,operava um eixo de acionamento que se estendia através da parte de trás do porão,aparentemente conduzindo a hélice do navio. Para a crescente surpresa de James, omacaco gigante parecia estar fumando um charuto igualmente gigantesco, soprandofumaça preta através de um tubo em forma de funil.- Escolhi-o anos atrás - explicou o marinheiro, plantando suas mãos em seus quadris ebalançando a cabeça. - Encontramos o errante em alguma ilha perdida no Pacífico sul.Alguém teve a idéia pirada de que ele seria uma grande atração no continente, fazendonostodos milionários. O problema era que, uma vez que nós o colocamos a bordo, ele30nunca quis sair. Você conhece a velha piada sobre o local onde um gorila de trinta millibras se senta, certo? Onde quer que ele sangre bem é agradável.James, Ralf, Izzy, Alvo e Lúcia olharam para o marinheiro e para o enorme gorilanovamente. Dodongo pedalava feliz, produzindo ruídos uuc gentis consigo mesmo efumando seu charuto monstruoso.- Olá! - chamou o marinheiro de novo, colocando as mãos à boca como buzina. - Eu dissepara você colocar essa coisa para fora, não disse? É a última vez que nos embarcamos atéBordeaux. O que mais você vai usar para a fumaça falsa da chaminé, ãnn? As cascas debanana?- Eu acho que - Lúcia disse com uma voz pequena, - há um pouco de diferença entre umnavio trouxa e um navio mágico.A primeira etapa da viagem oceânica progrediu rapidamente. James explorou o barcocom seus companheiros de viagem, encontrando a galeria de cozinhas, o porão dearmazenamento de popa, uma dúzia de pequenos, mas meticulosamente elegantescamarotes, e até mesmo o quarto do capitão, o qual a tripulação de bruxos e bruxasadolescentes (até Isa) tinha invadido por acidente enquanto perseguiam uns aos outros

pelos corredores estreitos. Os aposentos do capitão estavam na parte traseira do navio,acima do porão, cercados com um círculo de janelas que dava para olhar a ebulição dobarco. Teria sido um lugar muito interessante para explorar, com seus mapasemoldurados, lanternas de latão, estantes cheias de curiosos instrumentos náuticos eartefatos, exceto pelo fato de que o próprio capitão estava ali, olhando para cima de suamesa com uma mistura de aborrecimento e paciência cansada. James tinha pedidodesculpas rapidamente e formalmente tanto quanto ele sabia, saindo da sala epastoreando os outros atrás dele.A maior parte dos dias, porém, foram gastos em cima do convés, folgando sob o solnebuloso e bisbilhotando os tripulantes gerindo o aparelhamento complicado do navio.James estava apenas ligeiramente surpreso ao saber que os marinheiros cantavamrefrões enquanto trabalhavam, levantando o volume de suas vozes em uníssono para osom transitar todo o convés, claro e alegre nos ventos que lufavam.- Então - falou Alvo, encostado na grade alta da popa, - eu me pergunto se essa é a popa?Isa soltou um riso tonto, mas Petra revirou os olhos.- Essa piada não foi engraçada na primeira vez, Alvo. Não tem como ficar melhor com otempo.31- Eu não estou brincando - replicou Alvo, erguendo as sobrancelhas com ingênuainocência. - Eu estou apenas fazendo uma pergunta. Cada navio tem uma popa. É um fatoconhecido. Eu só estou tentando fazer isto uma experiência educacional.- Sim - assentiu Lúcia. - Por que isso é tão sua cara.- Eu gosto das músicas - disse Ralf, olhando para os mastros enquanto um par detripulantes escalava e pulava, cantando em harmonia. James não pôde deixar de notarque as velas ainda estavam arriadas, amarradas ordenadamente para os estranhosmastros articulados.Alvo sorriu com satisfação.- A mãe diz que as músicas são agradáveis, contanto que você não escute as palavrasreais.- O que só faz você prestar atenção ainda mais - James concordou. - Eu particularmente

gosto de uma sobre os piratas antigos mortos lutando por um dobrão, cortando forapedaços de si até que não sobrou nada além de um monte de mãos esqueléticassaltitando e segurando cutelos.- Muitos delas parecem ter um tema semelhante - inquiriu Petra. - Têm um monte depiratas mortos, barris de rum, malditos tesouros perdidos, esse tipo de coisa.- Eu ouvi Merlim e papai falar sobre isso na hora do almoço - disse Alvo, baixando a vozconspiratoriamente. - Merlim diz que desde que a Polícia Internacional Mágica acaboucom a pirataria mágica, um monte de piratas tiveram de recorrer a um trabalho maishonesto. A maioria deles tem empregos em navios como este. Aposto que estes gajos sãotodos corsários! Vocês acham?Ralf olhou de esguelha para os homens nos mastros. - Eu teria esperado mais pernas depau e papagaios - o garoto encolheu os ombros.Alvo revirou os olhos.À medida que a tarde avançava, Petra e Isa desceram no convés para tomar um chá eabrir seus baús. Alvo perambulava em busca de marinheiros na grade para crivá-los deperguntas sobre suas nefastas vidas anteriores, e James, Ralph e Lúcia andaram pelocaminho para a proa, onde encontraram o pai de James, o professor Longbottom, eMerlino Ambrósio observando o mar e conversando.- Vocês viram o grande gorila? - James perguntou quando os adultos oscumprimentaram.Harry acenou.32- O capitão nos levou para encontrá-lo. Ele é muito inteligente. Gosta de pipoca.Aparentemente, ele é o principal modo de propulsão em direção a terra para terminar otrajeto.- O capitão diz que o impede de ficar gordo e preguiçoso - acrescentou Neville, sorrindo.- Vocês conheceram o capitão também? - Lúcia perguntou, olhando com concentraçãopara os homens.- Ele é um veterano da Marinha bruxa - respondeu Neville. - E um parente distante meu.Conheceu meus pais, na época quando eu era um bebê. Eu não o vi nas últimas décadas, eainda assim, é bom se conectar com a velha rede da família.

Ralf olhou de soslaio de Merlim a Harry Potter, e então perguntou:- O que vocês estão procurando?- Sinto o cheiro da terra - Merlim respondeu suavemente. - Eu acho que nós estamosquase atingindo o destino de hoje.James piscou.- Já? Nós estamos lá?- Rapaz - comentou Ralf, olhando para fora sobre as ondas, - mágica torna o mundo umlugar minúsculo.- Ele não quer dizer que já chegamos à América, bobo - disse Lúcia, rindo. - Vamos pararem um porto ao longo do caminho.- Para quê? - perguntou James.- Para pegar mais passageiros - explicou Harry, tirando os óculos e limpando a névoa domar a partir deles com a manga de suas vestes. - E diminuir a carga, adquirir materiais ealimentos, e nos equipar para a parte transatlântica da viagem.- Você quer dizer - disse Ralph, esclarecendo - que nós navegamos todo o dia, e nós nãochegamos ainda à parte transatlântica?- O oceano é um lugar monstruosamente grande - expôs Merlim, sorrindo, com a barbabalançando ao vento. - Isso nos dá uma desculpa para não fazer nada durante um dia oudois. Aproveite isso, Sr. Deedle. Em breve, o ritmo da vida vai nos pegar de novo.James olhou para Ralf com expectativa.- Você ouviu o diretor? - cutucou ele delicadamente.Ralf olhou para ele e depois revirou os olhos.- Sim, sim. “Monstruosamente” grande. Olha, eu não sou um bebezão. Você pode parar detentar me dar pesadelos.33- Eu tinha ouvido dizer que o oceano era “bestialmente” enorme, disse Lúcia, - mas“monstruosamente” é ainda melhor. Lembra-me aqueles velhos mapas xilográficoscobertos de serpentes do mar e krakens e assim por diante.- É a terra ali? - perguntou Neville de repente, inclinando-se sobre os trilhos e apertandoos olhos.Merlim assentiu.- Pode muito bem ser. Vocês podem sentir o cheiro, não podem? As árvores, a areia...- Nem todos são tão sensíveis a essas coisas como você, diretor - respondeu Harry,balançando a cabeça.

James encostou-se ao corrimão e contemplou a distância. O céu tinha crescido claro esem nuvens conforme o dia avançava. Agora, como o sol baixou, a clareza do ar fez ohorizonte parecer algo que ele poderia quase chegar e tocar. A proa do navio rebotavaritmicamente sobre as ondas, enviando rajadas de finas gotas de onda. Além dele, situadona borda aquosa do mundo como um inseto em um peitoril da janela, estava umminúsculo vulto preto.- O que é aquilo? - perguntou Lúcia, protegendo os olhos. - É outro barco?Ninguém respondeu. Gradualmente, a forma cresceu conforme o Gwyndemereaproximou-se, diminuindo a velocidade de forma quase imperceptível. Para James,começou a parecer como o topo da cabeça de um gigante, bordado com franjas decabelos desgrenhados, debruçando-se além do horizonte. Ele observou, paralisado,quando a forma finalmente se desmistificou como sendo o contorno inconfundível deuma ilha pequena, pouco maior que o jardim dos fundos da casa da família Potter emArco de Mármore. Uma estreita praia de areia branca cercava a ilha, abrangendo ummato crescido e ervas selvagens. No centro, meia dúzia de árvores atrofiadas balançavaem lentidão. Conforme o Gwyndemere diminuiu a marcha, chegando de uma curtadistância da pequena ilha, James ficou chocado ao ouvir uma voz gritar a partir dasombra das árvores.- Um navio! - gritou a voz. - Oh, graças a Deus, um navio! Finalmente!Um homem tropeçou para fora da praia e saltou para cima e para baixo, acenando comum pedaço de madeira balançante na mão. O homem era muito magro edescontroladamente sujo, com o cabelo e a barba crescidos até proporções quasecômicas e com vestes brancas desbotadas.- Hurra! - ele gritou. - Minha mensagem que mandei em todos os odres velhos não foramem vão! As gaivotas riram de mim, elas fizeram! Me disseram que era tolice esperar, maseu mantive a fé! Eu sabia que um dia minha estada longa, longa, viria um... oh, é você -disse ele, sua voz caindo nas últimas três palavras.34

- Eioooô, Roberts! - gritou um dos marinheiros no cesto da gávea. - Tudo está claro aolongo do período de bússola. Tudo limpo até onde a bússola alcança. O capitão AshFarragut solicita desembarque.- Permissão concedida - o outrora náufrago respondeu mal-disposto, virando ecaminhando de volta para as árvores. Sua voz foi facilmente transportada sobre arebentação das ondas quando ele murmurou – Me diz que tudo está claro ao longo doperíodo de bússola. Como se eu não tivesse ficado sentado aqui o dia todo mantendovigia. É meu trabalho, afinal, não é?James observava com fascínio enquanto o homem desalinhado parava embaixo de umadas árvores e bateu com sua errante bengala nos troncos.- Mestre do porto, Roberts, relatando a chegada do Gwyndemere, o capitão Farragut nocomando, com o complemento parcial de passageiros, mercadorias e de carga. Quarentaminutos atrasado também, a menos que o sol seja um mentiroso.- Ah, chegamos ao porto - disse com alegria uma voz atrás de James. Ele fitou com o rabodo olho para trás para ver seu tio Percy vestido com um manto de viagem e chapéu-cococombinados.- Aquapolis para passar a noite, senhoras e senhores. Será a última vez queavistemos terra até o fim da viajem. Eu vou dizer aos outros.James olhou de esguelha de seu tio para Ralf e Lúcia.- Algum “porto” é isso? Eu nem tenho certeza que vamos caber todos lá em baixo.- Você está certo - concordou Ralf. - Se é a mesma coisa para todo mundo, eu acho quevou ficar aqui no navio durante a noite.- Muito inteligente do mestre do porto desempenhar o papel de um sobrevivente denaufrágio - comentou Lúcia apreciativa. – Mas apenas no caso de um navio trouxaaparecer no lugar.James olhou de novo para o homem na terra, com a testa franzida.- Como você está certa de que ele está realmente fazendo o papel?- Uau - falou Ralf, de repente, agarrando o corrimão com uma mão. - O que foi isso?- O que foi o quê? - perguntou James, e depois engasgou quando ele sentiu o mesmo. Obarco estava tremendo muito fracamente, como se mil punhos estavam batendo nocasco. Um som acompanhou a sensação, uma espécie de baixo tambor, profunda e ampla.

- Está tudo certo - replicou Neville, embora um pouco nervoso. - De alguma forma, euacho que isto é suposto de acontecer.- Não está acontecendo apenas no navio - gritou Lúcia, apontando. - Olhe para a ilha!35James olhou. As folhas das árvores estavam tremiam ligeiramente. Um grande frutoamarelado caiu de uma das árvores e rolou até parar na areia branca. Estranhamente,parecia haver muito mais areia do que deveria ter tido. Era como se a praia estava seexpandindo ao redor da ilha, crescendo mais a cada vez, empurrando para trás as ondas.O homem sobre a orla parecia estar completamente imperturbável pelo fenômeno. Eleandou a passos lentos ao longo de uma grande pedra escura, chegou por trás dela epegou uma prancheta, que ele consultou criticamente.- Eis - proclamou Merlim, elevando o queixo contra o crescente vento. - As maravilhas dacidade perdida. Eis Aquapolis, a mais grandiosa das sete cidades do continente deAtlântida.Lentamente, a ilha se levantou, empurrada para cima por uma grande plataforma depedra. Os cimentos aumentaram conforme era elevada, como se a ilha fosse apenas omais alto pico de uma montanha submarina enorme. Água trovejou nas faces amplas depenhascos, transcorrendo para fora de dezenas de penhascos e cavernas profundas.James assistia, estarrecido, enquanto o pedaço de terra crescia, estendendo grandesbraços de rochas para abraçar o Gwyndemere, criando uma baía em torno dele. Formasregulares se tornaram visíveis quando eles foram empurrados para cima através dasondas: primeiro telhados pontiagudos, cúpulas, torres, e depois as monumentais colunasde pedra, arcos e colunatas. Elevadas pontes e escadarias cruzavam a montanha, ligandotodas as estruturas e envolventes pátios amuralhados, estátuas antigas e brilhantes ecoloridos jardins de coral. Luz do sol resplandecia sobre a cidade uma vez que se revelou,refletindo como se fosse de inúmeras jóias enormes. Com uma emoção de admiração,James percebeu que as coisas brilhantes não eram joias na verdade, mas janelas e portas

de vidro, montadas em estruturas de cobre finamente trabalhadas. As janelas brilhavamcomo um arco-íris conforme a água do mar fluía por baixo deles, cintilando de cadaabertura de porta e, de entre todos os pilares e colunas, fechando completamente acidade em ondulações brilhosas e salgadas.- Eu já ouvi falar deste lugar - disse Harry Potter, colocando a mão no ombro de seu filho,- mas eu nunca imaginei que seria assim.- As outras seis cidades da Atlântida são como essa também? - perguntou Ralf numa vozreverente.Merlim suspirou melancolicamente.- Infelizmente, a Aquapolis é a única sobrevivente da grande República. Os outros já hámuito estabeleceram suas sepulturas aquosas, tendo esgotado a sua magia conformesuas populações diminuíram atraídas pelas terras firmes. Esse é o curso da história.Todas as grandes coisas, mesmo as mais maravilhosas, devem cumprir os seus fins.36- Você viu isso? - gritou Alvo repentinamente, agarrando o ombro de James e sacudindo-ocom entusiasmo. - Você a viu subir fora d’água?- Foi muito difícil perder, Al - riu James, girando. - Onde você estava?- O primeiro oficial me levou até a casa do leme para assistir dali! - exclamou Alvo, comuma emoção transbordante. – Eu, Petra e Isa. Mamãe e Lil também! Foi tão incrívelquanto ver alguém sangrando!- Não diga isso - repreendeu Gina suavemente, na seqüência de Alvo em todo o convéscom os outros ao seu lado. - Mas foi, realmente. Eu não tinha idéia.- Bem - anunciou Harry pomposamente, voltando-se para encarar os viajantes, - todosem terra, quem está terra!James sorriu abertamente e se virou para olhar para trás na ilha grande novamente. Suasinúmeras janelas brilhavam moderadamente enquanto o sol baixava, pintando a cidadenum tom bronze e dourado. Um grupo de homens em túnicas pulcras vermelhas estavapilotando uma balsa em direção ao Gwyndemere, aparentemente preparado para otransporte de todos a bordo de sua residência durante a noite.- É lindo, não é? - disse Gina, suspirando. - Quase faz toda a viagem valer a pena.

James sorriu para sua mãe. No momento, sem saber o que ainda estava por vir,concordava com ela completamente.James estava em sua cama e ficou olhando para o teto baixo, incapaz de dormir. Osalojamentos de Aquapolis eram limpos, ornados, e bem mantidos, mas muito, muitoantigos. A cidade inteira, tão espetacular como era, cheirava úmido vagamente, que era,claro, perfeitamente compreensível. O tio Percy, que aparentemente sofria de alergias demofo, tinha tido um momento bastante difícil, especialmente quando a noite havia seestabelecido e a cidade mais uma vez havia afundado em seu habitat aquático.Eventualmente, a tia Audrey tinha pedido uma de suas hospedeiras atlantes, uma bonitae jovem mulher rechonchuda com cabelos negros e espessos e pele cor de oliva, se Percypoderia ter uma determinada marca de chás medicinais. A mulher, cujo nome era Mila,tinha tomado um olhar para o nariz vermelho e os olhos de Percy, e voltado minutosdepois com um copo vazio e um pequeno bule fumegante. Após beber o conteúdo davasilha, Percy não espirrou ou fungou mais, no entanto, se manteve em um estado deânimo meio que irritado durante toda a noite.Merlim, como sempre, foi tratado com grande alarde em cima de sua chegada na cidade,mesmo quando ele desembarcava da balsa com James e Ralf ao seu lado. Homens emlongas túnicas brancas e bengalas curiosamente esculpidas se encontraram com eles37sobre os degraus do salão de recepção da cidade, que era cortado diretamente da pedrada montanha. Enquanto os líderes da cidade e Merlim trocavam cumprimentos formais,Lúcia e Alvo tinham pegado James e Ralf, e todos os quatro ficaram olhando comadmiração indisfarçável. A água ainda corria pelo chão de mármore intricadamenteestampado e pingava do alto teto arqueado, e James entendeu que o salão de recepção,grande como era, estava preenchido com água do mar a maior parte do tempo. Umagrande coluna de pedra dominava na entrada para aquele recinto, coroada com uma

estátua monumental de um mago barbudo em vestimenta estilo toga, segurando umcajado na mão esquerda e a mão direita levantada, pressionada na base de um dossuportes abobadados do teto, como se ele estivesse segurando-o no alto.- Soterios - havia dito Lúcia, lendo a inscrição no pedestal da estátua. - O herói deAtlântida. Ele foi que unificou o povoado mágico de Atlântida e criou a rede de magia quemanteve intactas as cidades, inclusive quando suas fundações sofreram a erosão. Eu lisobre ele na biblioteca mágica em casa. “Poios Idryma sozo párr magica dia magikos”.- O que isso significa? - Alvo tinha perguntado, caminhando ao redor da coluna para ler ainscrição.Isa, Lily e Petra tinham ficado fora da balsa até agora e se juntado aos outros perto dabase da estátua. Petra tinha olhado ensimesmada para as antigas palavras. - Significa,“que salvou as bases da magia, com magia”.- Então - tinha dito Ralf lentamente, - todo este lugar se mantém unido por meio, doquê...?Petra havia encolhido os ombros.- A vontade coletiva mágica das bruxas e bruxos que vivem aqui.- Faz sentido, na realidade - Lúcia tinha comentado. - Afinal, foram os gregos queinventaram o conceito de democracia, que é exatamente a idéia da cidade que possui oapóio das pessoas que nela vivem. Entretanto, isto leva a um nível bastante novo.Ralf tinha sacudido a cabeça e olhado em torno dos colossais tetos escuros.- Eu não sei sobre o resto de vocês, mas estou um pouco duvidoso sobre a idéia de forçade vontade como alicerce estrutural.- É porque você está pensando em sua força de vontade - tinha inalado Lúcia.- Está parado por séculos, Ralf - dissera Alvo, encolhendo os ombros. - O que poderiaacontecer?Ralf tinha olhado profundamente para Alvo e, em seguida, para Merlim, que ainda estavaconversando com os anciãos de Aquapolis a alguma distância.38- Eu não sei - ele tinha respondido. - Por que você não pergunta as outras seis cidades daAtlântida?

Mais tarde, quando o sol tinha se posto no horizonte em meio a um caldeirão ardentede nuvens coloridas, um ancião atlante chamado Atropos tinha pego os viajantes para umpasseoio pela cidade, levando-os ao longo de amplas e panorâmicas escadas e pontes,guiando-os através de enormes colunatas, passando por ornamentados jardinsoceânicos, estátuas e extensos arcos. Na miríade da cidade, enormes janelas tinham sidoabertas majestosamente, deixando entrar a brisa fresca do oceano.- A cidade se manteve praticamente inalterada desde a sua descida para as profundezas -tinha explicado Atropos. - Quando as águas começaram a subir, os nossos antepassadostiveram suficiente advertência para projetar e construir um sistema de válvulas de cristalherméticas, o que todos vocês podem ver ao nosso redor. Elas são praticamenteinquebráveis, e são reforçadas por uma alquimia única que as torna menos frágeis. - Parailustrar, Atropos se aproximara de uma das janelas altas de cobre moldado que ficavaentre um conjunto de colunas de hercúleas. Inclinou-se sobre o cristal com uma mão e,em seguida, suavemente aplicou o seu peso. Em vez de quebrar, o cristal lentamentedobrou em torno de sua mão, quase como se fosse uma enorme bolha de sabão muito,muito grossa. Finalmente, a mão de Atropos tinha empurrado inteiramente através docristal. Ele mexera os dedos no sol se pondo no outro lado do cristal, sorrindo levementepara trás para sua platéia. Merlim tinha assentido ligeiramente, impressionado.- Notável - Dêniston Dolohov estivera entusiasmado. - Diga-me, isso é propriedademágica? Ou será que os atlantes estão dispostos a compartilhá-la? Eu posso pensar emdezenas de aplicativos de segurança para uma coisa dessas.- Ele não tinha ficado fora do serviço? - tinha murmurado tia Audrey a seu marido, quepediu silencio a ela.- É por isso que ele está aqui, querida - ele tinha contestado calmamente. - Seu novocargo no Ministério o coloca no comando de um novo departamento de magia defensivaanti-trouxa e tecnomancia. Estes são tempos de incerteza, como você bem sabe. E estámais incerto a cada dia.

Naquele momento, Percy havia compartilhado um olhar significativo com NevilleLongbottom e o pai de James. Harry encolhera os ombros levemente, erguendo assobrancelhas e a enviando um gesto de aprovação para Atropos, como se dizendo nãoagora.39Depois de um jantar luxuoso de estranhos peixes de alto mar e crustáceos, alguns dosquais eram tão grandes quanto hipogrifos e mais bizarros do que James estavapreparado para provar, Aquapolis tinha afundado novamente. James, Ralf e Lúcia tinhamobservado dos portais de cristal amplos uma estrutura similar ao Partenon construídaem cima de uma das penínsulas curvas da ilha. O sol finalmente tinha esmagado abaixoda borda do horizonte, deixando apenas um tênue resplendor rosado nos confins do céuespalhado de estrelas. Por um tempo, o Gwyndemere tinha sido visível na baía láembaixo, balançando mansamente sobre a sua própria reflexão. Atualmente, o piso demármore tinha começado a retumbar debaixo dos pés dos observadores e a baía tinhacomeçado a subir a subir, empurrando para cima e para fora, lentamente superando aspartes menores de Aquapolis. Silenciosamente, a água tinha começado a derramar nosalão de recepção, muito inferior e metade em torno da bacia que formava a cidadegrande. James tinha vislumbrado a estátua de Soterios, minúscula com a distância,conforme o mar se apressou em torno dela, engolindo-a. Enquanto a ilha afundava nasprofundezas, o Gwyndemere tinha subido mais e mais alto, até que estava quase de nívelocular com James, Ralf e Lúcia, onde eles assistiam, atônitos. A luz rosada do solmorrendo tinha pintado o navio de um lado, enquanto o fraco brilho azul da lua novaacendia o outro. E então, tão subitamente que fez os três estudantes saltarem para trásem alarme, a água se precipitou para a janela de cristal que os garotos tinham diante eles,surpreendendo-os com um rugido maçante e estrondoso. Depois disso, só havia o escuroe inexpressivo azul das profundezas, pontuado, levemente, por alfinetadas da luz que

brilhava da cidade submersa.Tinha sido maravilhoso, em uma sepultura, uma espécie de passagem solene.Agora, enquanto a noite envolvia a cidade e todos, incluindo os pais de James e sua irmãno quarto ao lado, tinham ido para a cama, James ficava acordado, alerta e inquieto. A luzda lanterna penetrava por baixo da porta do corredor além. Os olhos de James tinham seacostumado a ela de modo que ele podia facilmente ver o rachado antigo afresco, pintadono teto. Nele, um homem com uma túnica curta e uma espécie de coroa frondosa, estavalutando contra um polvo gigante, segurando quatro de seus tentáculos sob seu braçomusculoso e estuporando-o com o cajado que tinha na outra mão. Para James, nãoparecia uma contenda justa. Ele se viu torcendo pelo polvo.Tinha sido um verão muito estranho. A chegada surpresa de Petra e Isa tinha,naturalmente, causado um grande agito. Tinha acontecido poucas semanas após o últimodia de escola, e James tinha apenas começado a se sentir confortável com o fato de quePetra se formara e não estaria aparecendo na sala comunal de Grifinória no próximo ano.Era uma pena, ele disse a si mesmo, porque ele finalmente tinha admitido para si mesmo40que ele, de fato, sentia algo mais forte por Petra do que um mero sentimento de amizade.Aparentemente, todo mundo tinha visto o que ele sentia antes dele, inclusive sua própriamãe, que tinha feito alguns comentários bastante embaraçosos sobre isso na seqüênciada obra de teatro da escola. Apesar do fato de que o evento terminara em um escândalodesastroso, James tinha passado mais de alguns momentos saudosos lembrando o fato deque a peça, O Triunvirato, tinha exigido que ele e Petra atuassem como amantescondenados. Ele ainda era jovem o suficiente para pensar que este emparelhamentoestava repleto de irrelevância cósmica, e que tinha secretamente (tão secreta que elemesmo tinha pouco percebido) esperado que Petra tivesse reconhecido isso também.Ela não tinha, é claro.No início, James acreditava que isto era porque Petra ainda amava seu ex-namorado, Ted

Lupin. Mais tarde, porém, ele percebera que Petra tinha estado sob a influência de umamaldição terrível e secreta. Devido a uma série eventos maléficos postos em movimentopor ninguém menos que o há muito tempo morto Lorde das Trevas, Petra Morgansternera o portador vivo do último fantasmagórico fragmento de alma daquele vilão. Issotinha sido inserido nela enquanto ela ainda estava no ventre de sua mãe, transmitidaatravés de uma especial, quase inédita e um pouco cruel, magia das trevas: um tipoespecial de Horcrux, na forma de uma feia adaga de prata.O pai de James tinha feito alguma pesquisa a respeito, com a ajuda da tia Hermione, etinha descoberto que tal coisa era chamada de “Horcrux transcendente”. Eles só tinhamencontrado uma referência a ele, em um livro tão sombrio e traiçoeiro que o pai deJames, e o tio Ron tiveram de aparafusá-lo na mesa com parafusos de prata para evitarque ele arrancasse suas mãos. De acordo com suas temerosas e sussurradas conversas(que James e Alvo tinham escutado sub-repticiamente), uma Horcrux transcendente erapuramente teórico; ninguém, no momento em que o livro fora escrito, jamais haviaconseguido realmente criar uma autêntica. Ao contrário de outras Horcruxes, a Horcruxtranscendente nunca poderia ser usada para restaurar o pedaço de alma que continha oseu hospedeiro original. Se tal coisa fosse tentada, ela agiria como uma espécie deveneno, matando todos os outros pedaços da alma que tinham sido tosquiada a partirdele, independentemente de quantos Horcruxes normais estivessem em uso. Ofragmento de alma preservada em uma Horcrux transcendente tinha de ser transferidapara outro hospedeiro, aceito de bom grado, existindo para espalhar a sua influência eviver como uma sanguessuga.A mãe de Petra tinha sido enganada na transmutação da maldição da alma de Voldemortem seu bebê não-nascido, mas isso não fazia James odiá-la em absoluto Tanto quanto lhedizia respeito, a mulher tinha que ter sido ou estúpida, crédula, ou cega. Milagrosamente,no entanto, a própria Petra amava muito a sua mãe morta tempo atrás, amava e sentia

falta dela o suficiente para ter quase condenado toda a humanidade, na esperança de41alguma forma trazê-la de volta à vida. No final, felizmente, Petra tinha sido mais forte emais esperta do que sua mãe tinha sido, e ela tinha feito a escolha certa... a escolha difícil.Ela tinha rejeitado o acordo oferecido a ela pela besta sobrenatural denominadaGuardião, apesar de ter significado a perda da única coisa que ela mais queria no mundo:o retorno de seus pais mortos.Não muito surpreendentemente, a compreensão de todas essas coisas não tinhadiminuído o fascínio de James pela jovem bruxa. Na verdade, ele tinha aumentado. Opróprio James tinha confrontado o Guardião, e sabia quão terrível Petra tinha que tersofrido na rejeição de sua oferta tentadora. Além do mais, havia uma coisa sobre Petra,algo sobre a realidade de sua luta interna e suas dolorosas perdas pessoais, o que faziaJames quer ser corajoso por ela.No mais profundo de seu coração, ela despertava um sentimento profundo e penetrantede nobreza masculina. Ele queria defendê-la, matar seus dragões, ser o seu cavaleirosalvador. Claro, ele não tinha contado a ninguém sobre esses sentimentos. Ele era tímidopara os admitir até para si mesmo. À luz do dia, sua paixão por ela parecia boba, infantil,estranhamente absurda. Ela já era maior de idade, por um lado, tinha se formado eestava livre, uma jovem mulher que se deslocava para fora em um mundo adulto,enquanto ele ainda era um garoto assustadiço que estava a um mês de fazer quatorzeanos. Ainda assim, os sentimentos se agarravam a ele, como fez o seu carinho por ela.Sem sequer tentar, ela o seduzira. Felizmente, conforme o verão tinha progredido, aausência e a distância tinham ajudado James começar a esquecer a menina que haviaocupado tanto de sua atenção durante o ano letivo anterior. Essa, ele pensou (e comadequada sabedoria para sua idade), era a natureza do amor jovem.E então, para sua consternação e alegria misturadas, Petra e Isa tinham chegado na casada família Potter, escoltadas por Ted Lupin, Damian Damascus, e Sabrina Hildegard.

Houve muita curiosidade sobre o que as levara ali, mas muito poucas perguntas, pelomenos à primeira vista. Era evidente que algo terrível tinha acontecido, algo queresultara na morte de tanto o avô de Petra quanto sua horrível mulher, Fílis, a mãe de Isa.Ted, Damien e Sabrina tinham mantido o silêncio sobre tudo que tinham visto na fazendaMorganstern, aparentemente acreditando que era dever de Petra contar (e mais tarde,porque Merlim tinha aparentemente os feito jurar segredo). Ted tinha, no entanto,tomado o pai e a mãe de James de lado e perguntado se seria certo se Petra e Isa ficassemna casa dos Potter até que as coisas se acalmassem. Isso havia sido acordado de formarápida e com muito pouco barulho, tal qual, naquela mesma noite, James tinha se visto irpara a cama apenas a uma parede da menina que, completa e inexplicavelmente,comandava sua afeição.42Ele tinha ficado acordado nessa noite e escutado os passos suaves e vozes murmurandono quarto ao lado, perguntando o que aquilo significava; se alguma coisa, perguntando sehavia algo que ele pudesse fazer, alguma forma para salvar a coragem que ele sentiraapenas dias atrás, quando ele dissera a si mesmo que se Petra tivesse voltado a Hogwartsno próximo ano, ele teria dito a ela exatamente como se sentia a respeito dela, e tivessefeito o que fosse necessário para inspirar os mesmos sentimentos nela.Ele estava acordado agora, como ele tinha estado então, olhando fixamente para oafresco do guerreiro atlante enfrentando o polvo infeliz, e se perguntando muito asmesmas coisas. Petra tinha acompanhado os Potters em sua viagem através do oceano,aparentemente pretendendo procurar emprego na escola que James assistiria durante asua estadia lá. Considerando seu intelecto e suas prodigiosas habilidades mágicas, Jamespensava que muito provável que ela iria receber qualquer trabalho que fosse solicitado.Em suma, a vida de Petra parecia, até agora, ser misteriosamente entrelaçada com suaprópria. Era como a peça, O Triunvirato, mais uma vez, o fugaz e encenado beijo no final;

aquele que deveria ter terminado tão maravilhosamente, e em vez disso tinha terminadocom o caos e a tragédia de perto. A esperança e o medo misturados preenchiam Jamescom uma exótica gama de emoções intensas.E na esteira disso, James se lembrou das estranhas e assustadoras palavras que aprofessora Trelawney havia dito a ele cedo naquela manhã. A professora estava vendoalgumas cartas octagonais tiradas de um baralho completo. Quase ninguém acreditavanas suas proclamações e visões. No entanto, o que James tinha ouvido e testemunhado nocorredor com ela naquela manhã tinha sido muito diferente do que qualquer coisa queele jamais tivesse visto em sua classe. Parecia tudo muito real, muito certo. Mas o quetudo isso significava? James não sabia, mas talvez Lúcia soubesse. Ela era esperta comessas coisas, notadamente pragmática e lúcida. Ele fez uma nota mental para perguntar aela sobre isso durante a sua viagem.Enquanto James fitava o afresco sobre a sua cabeça, um pequeno ruído chamou suaatenção, vindo do corredor de fora de seu quarto. Uma sombra obscureceu o afresco doteto por um momento e James olhou para baixo em direção à barra de luz sob a pesadaporta de seu quarto. A silhueta inconfundível de um par de pés caminhando passava porali. James franziu a testa, curioso.- Ei, Al - sussurrou ele. - Você está acordado?43- Mrmmm - declarou Alvo do outro lado da sala estreita, capotando.James considerou acordar seu irmão, até mesmo saiu de sua própria cama e chegou a seaproximar dele, mas depois pensou melhor. Segurando a respiração, ele se aproximou daporta, manuseou a fechadura e puxou-a, abrindo tão silenciosamente quanto pôde.Não parecia haver ninguém no corredor. A luz da lanterna cintilava em silêncio,refletindo sobre o ladrilhado piso de mármore e das paredes brancas. Deixando a portaentreaberta, James se encaminhou ao longo do corredor na direção em que a figurasombria parecia ter desaparecido. Ele chegou à final do corredor e entrou em umcorredor maior forrado de estátuas e portas de um lado e amplas janelas de cristal,

intercaladas com pilares, no outro.Além das janelas, a cidade parecia muito escura em seu leito aquoso. Apenas algumasluzes podiam ser vistas brilhando no horizonte azul. Debaixo de uma ponte de vidrofechada, uma baleia manobrava habilmente, o seu vulto negro na escuridão, a sua caudabalançando pesadamente. James viu seu próprio reflexo no cristal, viu a sua camiseta, ascalças de pijama e seus pés descalços. Seus cabelos, como de costume, estavamespalhados e selvagens. Ele franziu o cenho para si, embora ele tenha gostado do que via.Ele estava ficando mais alto e, na verdade, quase tão alto quanto sua mãe agora.- Você pode se passar por um setimanista - ela lhe tinha dito recentemente, antes queeles soubessem que iriam passar o ano longe de Hogwarts, em um país completamentediferente. - Você está se transformando em um homem - dissera ela, sorrindo comindulgência e um pouco mística, - e eu quase não notei isso acontecendo. Alvo e Líliantambém, mas principalmente você. Você está crescendo. Você está se tornando seupróprio homem.James suspirou, desejando que sua mãe tivesse razão. Ele não se sentia como seu própriohomem, pelo menos não ainda. Mas ele estava chegando lá. Nos últimos dois anos tinhamfeito a sua marca, tal como seu calvário recente com o Guardião, que, felizmente,terminara com sua expulsão eterna. James ainda não se sentia como um homem, mas elepodia sentir o quadro essencial de sua masculinidade tomando forma dentro dele, paradefinir quem ia ser, dando-lhe esperança e uma força fugaz e vertiginosa. Talvez Scorpiotivesse razão. Talvez tivesse mais uma aventura espreitando neste ano. Se houvesse, e seJames estava indo ser parte dela, pensava que ele poderia apenas estar preparado paraisso. Desta vez, ele não tropeçaria nela cheio de incertezas e insegurança. Desta vez,pensou ele, sorrindo para si mesmo, ele ia enfrentá-la de cabeça.- Assim, muito parecido com seu avô - falou uma voz baixinha, sorrindo. James assustousee girou ao redor, procurando a fonte da voz. Uma figura alta estava em pé ao lado dele,

olhando fixamente pela janela cristalina, vestia um seu manto tão perfeitamente negroque não lançava nenhum reflexo na superfície de espelho da janela.44- Desculpe - disse James rapidamente, com seus olhos bem abertos. - Eu não ouvi, er... háquanto tempo você esteva aí?- Você está crescendo e ficando mais ousado - disse a figura, e James percebeu que erauma mulher. A voz dela era agradável, amigável. - Ousado e confiante, James SiriusPotter, nem isto vem como uma surpresa para alguém que possa estar tendo a menoratenção. É, de fato, exatamente como deveria ser.James olhou em concentração para a mulher, tentando ver o rosto sob o capuz grossoque cobria a cabeça.- Obrigado, eu acho. Como você me conhece? -perguntou ele.A mulher percebeu seu olhar e sorriu levemente.- Eu sou uma companheira de viagem, James. Você não me viu a bordo do Gwyndemere?James pensou por um momento.- Não, na verdade. Desculpe. Acho que eu teria lembrado de você, para ser sincero. Vocêestava usando... er... isso?- As pessoas tendem a não reparar em mim, acredite ou não - a mulher suspirou. - Amenos que eles queiram, ou se eu fizer. Mas peço desculpas. Nós estávamos falandosobre você, não estávamos?- Eu acho que sim - respondeu James, dando um passo para trás. Ele se sentia um poucoestranho em pé no corredor vazio, com a mulher, especialmente porque ela parecia estarcompletamente vestida e ele estava de pijama com o cabelo espalhado em uma enroladabagunça. Ele estendeu a mão até sua cabeça e o ajeitou tão discretamente quanto podia.- Mas como eu disse, como você sabe sobre mim? Quem é você?- Oh, todo mundo conhece você - disse a mulher, a voz dela sorrindo. - Todos no mundodos bruxos, pelo menos. Filho do grande Harry Potter, O Menino Que Sobreviveu, oEscolhido, etecetera, etecetera. Por que, você gastou tanto tempo pensando como vocêdeveria ou não deveria ser como seu pai, que você falhou completamente em ver todas asmaneiras... de longe a mais importante maneira, que você é como o seu homônimo, seuavô, James Potter o Primeiro.

James olhou de esguelha para a mulher de vestido escuro ao lado de seu próprio reflexono vidro de cristal. Por mais estranho que parecesse, a mulher estava certa. Isso nuncatinha ocorrido a ele, em saber sobre o seu avô por parte de pai, perguntar se ele mesmotinha dado qualquer dos traços da personalidade ou atributos físicos daquele homem.Todos diziam que Alvo era quem mais se parecia com o jovem Harry Potter. Talvez Jamestinha, portanto, herdado a aparência e a personalidade de seu avô há muito esquecido.45Não seria tão surpreendente, realmente. Na verdade, era um pensamento muitoagradável. Ele deu de ombro em sua auto-reflexão, meditando nisso.- Você conheceu o meu avô - perguntou ele à mulher da túnica. - James, o Primeiro? - logodepois que ele perguntara, sentiu-se tolo por fazê-lo. A mulher não poderia ser tão velha.- Não como tal - respondeu a mulher, com um riso na voz. - Eu sou mais uma estudiosa dahistória, isso é tudo. Você Potters são bastante famosos, como já mencionei, e seu nomede família tem uma longa e rica ancestralidade, que remonta a mais de mil anos. Vocêpoderia estar interessado em saber que sua experiência com Merlino Ambrósio; não é aprimeira vez que o sobrenome Potter tem sido historicamente associado ao grandefeiticeiro. Ele salvou a vida de um parente distante de vocês, de fato, ainda queindiretamente.- Sério? - perguntou James, olhando de soslaio para a mulher novamente. Seu rosto aindapermanecia escondido, perdido na sombra. - Quando? Como?- Uma história para outra ocasião, penso eu - disse a mulher. - Por enquanto, acho quedevo continuar com meu caminho. Eu estava simplesmente encantada com a vista aqui.Essa cidade enterrada debaixo d'água é realmente um espetáculo. Você poderia dizer queisso me atrai, de uma forma bastante profunda, de um modo elementar.- Sim - disse James, suspirando. - Eu também, concordo. Mas eu provavelmente devovoltar para o meu próprio quarto. Eu não conseguia dormir. Eu estava muito animado.- Na verdade - acenou a mulher, com sua voz zombadora. - Esse tipo de excitação parece

ser bastante comum nesta noite. Sua amiga também está de pé e perambulando por aí.Mas, é claro, você já deve saber disso. Você provavelmente está planejando encontrá-la. -exalou ela tranqüila, melancolicamente. - Ai, o amor jovem...- Quem? - perguntou James, franzindo a testa, mas era claro que ele já sabia a resposta. -Petra?- Tenho certeza que eu não sei o nome dela - respondeu a mulher, diplomaticamente,mas virou a cabeça encapuzada, gesticulando em direção ao salão deserto atrás de James.Ela mexeu com a cabeça, como se o cutucando na direção certa. James finalmente teveum vislumbre da face da mulher. Ela era bonita e mais jovem do que ele tinha esperado.Um cacho de cabelos avermelhados soltos em sua testa, como uma vírgula.- Claro - concordou James. - Eu provavelmente deverei ir... er ... e verificar como ela está.Se ela é parte do meu grupo, como você disse.A mulher assentiu novamente, seus lábios vermelhos sorrindo conscientemente. O rostode James corou, em parte pelo que ela estava insinuando... que ele estava escapulindopara encontrar uma namorada para alguns clandestinos amassos... era tão falso, e emparte porque ele desejava intensamente que fosse isso.46- Boa noite, James - se despediu a mulher, dando as costas ao garoto. - Durma bem.- Boa noite, hmm - contestou ele, mas ele não sabia o nome da mulher. Ela saiu, deixandouma sombra escura atrás dela e nenhum reflexo sobre as janelas de cristal. James franziuo cenho para ela enquanto ela partia. Então, lembrando-se do que ela havia dito, ele sevirou e correu pelo corredor na outra direção.Portas fechadas e painéis de cristal forravam o salão por alguma distância, e depois osalão ampliava, abrangendo um amplo espaço com um escuro teto assombrosamentealto e sombrio. Um quadro de bronze ornamentado de janelas de cristal abraçava um doslados do espaço, formando reluzentes contrafortes e terraços, cheios de samambaias. Ochão era de xadrez de mármore, cada quadrado grande como a cama dos pais de James. Oespaço parecia ser uma espécie de sala comunal, cheio de cadeiras, sofás, balcões, divãs e

mesas. Um lustre de prata maciço pairava sobre a sala, dominando-a, mas as suascentenas de velas que sustentava estavam apagadas. A única luz na sala vinha de umalareira muito pequena e um conjunto de velas que estavam perto dela sobre um braseirode latão. James começou a atravessar andando devagar, ziguezagueando entre ascadeiras e mesas baixas, tendo instintivamente a sensação que ele deveria ficartranquilo. Antes que ele chegasse ao meio caminho da lareira, no entanto, vislumbrouuma figura deitada serenamente sobre uma espécie de meio sofá. Ela sentou-se desupetão na borda, aparentemente surpreendida, e James viu que era Isa.- Olá, James - ela disse calmamente. - O que você esta fazendo?- Eu não conseguia dormir - contestou ele, combinando com o tom de voz dela. - Eu vi asombra de alguém passar e sai para ver quem eu encontrava.Isa assentiu.- Fui provavelmente eu e Morgana. Isto é, Petra, você sabe. Eu a chamo de Morgana àsvezes ainda, porque eu estava lá quando ela mudou de nome. Eu mudei o meu também,mas eu não poderia ficar. O dela se encaixa nela, embora ela diga que todos ainda podemchamá-la pelo seu antigo nome.James assentiu com um pouco de vacilação.- Eu vejo ... hmmm - ele disse. - De qualquer maneira, por que vocês duas estão de pé,então?- Assim como você - respondeu Isa. - Nós não conseguíamos dormir. Petra especialmente,eu acho. Ela tem sonhos. Eles a fazem se sentir um pouco pirada - disse ela, sussurrandoa última parte que tinha dito.James sentou-se no final do sofá conforme Isa enrolava os pés debaixo dela. O garoto deuuma olhada na direção da lareira.- Como assim eles a fazem sentir-se pirada?47Isa acenou com a cabeça para trás e para frente e deu de ombros.- Eu não entendo nada disso. Eu não acho que são sonhos normais. Ela diz que os sentemesmo quando ela está acordada. Ela diz que eles a fazem esquecer o que realmenteaconteceu, no último dia que estávamos de volta em casa, na fazenda de papai Warren.

James queria perguntar o que tinha acontecido naquele dia, mas pensou que eleprovavelmente não deveria. Em vez disso, ele perguntou:- Você acha que ela está bem?- Não - respondeu Isa, suspirando e olhando por cima do ombro, em direção à lareira. -Mas vai dar tudo certo no final. Ela diz que só precisamos ficar longe de tudo. É por issoque nós estamos indo todo esse caminho através do oceano. Acho que ela tem aesperança que os sonhos não sejam capazes de encontrá-la lá.James seguiu o olhar de Isa e, finalmente, viu Petra, sentada em uma mesa baixa perto dofogo, de costas para eles.- O que você acha, Isa? - perguntou ele, sem tirar os olhos da silhueta de Petra, onde elasentava-se debruçada sobre a mesa. - Você acha que isso vai funcionar?Isa sacudiu a cabeça, fazendo com que seus cachos loiros balançassem.- Não, não vai funcionar. Não diga a Morgana, Petra, que eu disse isso, ok? Eu não achoque seus sonhos estão indo embora. Acho que ainda vão ficar pior. Até que tudo acabe,pelo menos.- Como você sabe, Isa? Quando isso vai acabar?A menina encolheu os ombros novamente.- O diretor Merlim diz que ela tem que descobrir de onde os sonhos estão realmentevindo. Disse-lhe para persegui-los. Isso é o que ela está fazendo agora. Ela está osperseguindo. Funciona melhor no momento que isso acontece, como quando eles aacordam.James estudou Petra, viu que ela estava envolvida em alguma atividade intensa, curvadasobre a mesa tão profusamente que parecia estar lutando com ela.- O que ela está fazendo? - perguntou ele baixinho. - Quero dizer, como ela persegue umsonho?- Ela está escrevendo - disse Isa simplesmente. - Como uma história. Ela é boa nisso. Elacostumava me contar histórias o tempo todo, quando era tarde da noite. Ela tirava todaselas da cabeça, e muitas delas eram melhores do que as histórias que ela lia para mimnos livros. Eu e Beatriz e todo o resto das minhas bonecas escutávamos. Era a nossa coisamais favorita.48James podia ver, agora que Isa tinha-lhe dito o que Petra estava fazendo. Seu cotovelo

movia ligeiramente, e uma pena vacilava no ar por cima do ombro, contorneada em umasilhueta na escuridão.- Ela lê os sonhos pra você, Isa?- Oh, não - respondeu a menina rapidamente, obviamente desinteressada. - Eu não queroouvi-los. Eles são desagradáveis. Eu não quero jamais pensar em nenhum deles. Isso meassusta muito. E me deixa triste. Eu sinto falta da minha mãe, às vezes, e eu choro, e Petranão sabe o que fazer. Eu não quero escutar essas histórias nunca mais.James olhou de novo para Isa, franzindo a testa, pensativo.- Então por que você vem atrás quando ela persegue o sonho? Você está em pé deguarda?Isa assentiu.- Sim, é isso que diz Petra, mas acho que há outra razão, talvez. Eu acho que ela me pedepara vir, porque ela precisa de mim aqui para provar que os sonhos não são verdadeiros.- Ela suspirou outra vez, de uma forma rápida e eficiente, e olhou para James. - Elaprecisa de mim aqui para provar que eu ainda estou viva.Os olhos de James ampliaram. O que diabos que isso significava? Ele abriu a boca paraperguntar, mas uma sombra passou por perto. Ele ergueu os olhos acima e viu Petra seaproximar, sacudindo a mão direita como se relaxando as juntas dos dedos.- Olá, James - disse ela, sorrindo cansada. - Eu vejo que você não desistiu de “marotear”pela noite, com ou sem capa de invisibilidade.- Sim - disse James, sua face corando. - Eu não conseguia dormir. Você está... hmm... vocêsabe, bem e tudo mais?- Estou bem - mentiu Petra, olhando para longe. James viu que ela tinha uma mochila namão esquerda, com o zíper em parte aberto. Um maço de pergaminhos estava soltodentro.- Isa provavelmente lhe contou o que eu estava fazendo. Eu só tenho algumas coisas paraarrumar, isso é tudo.- Isa disse que é um sonho ruim - indicou James, se levantando. - É realmente tudo o queé?Petra olhou para ele. Na escuridão, James não conseguia ler sua expressão. Ele continuourapidamente, - quero dizer, você não tem que me dizer, nem nada. É só, você sabe, eu

estava lá. Eu me lembro o que aconteceu naquela noite na Câmara Secreta e tudo, e até eutive a minha própria briga com o Guardião. Eu sei o que você está passando, mais oumenos. Se você, eu não sei, quiser, er, falar sobre isso. Ou qualquer coisa.49De repente, mesmo sem poder, Petra riu. Ela balançou a cabeça com admiração eempurrou os cabelos para fora de seu rosto.James, você é muito doce. Eu estou contente que você está aqui, e não apenas pelasrazões que você disse. Tanto Isa quanto eu devemos muito a você e sua família. Eu nãosei o que teríamos feito sem muitos de vocês. Mas você, especialmente. Você me fazsentir melhor. Você sabia? Você me faz rir. Ultimamente, isso é uma coisa muito rara.Caminhe com a gente, não quer?James podia sentir o calor corando seu rosto quando o sangue subiu a suas bochechas.Ele estava contente porque estava muito escuro no lugar.- Claro - aceitou ele, erguendo-se à sua altura máxima. - Eu estava apenas vendo vocês.Uma senhora de vestes negras me disse aonde vocês tinham ido. Vocês provavelmente jáa viram.- Eu não - respondeu Petra, suspirando. - E você, Isa?- Eu só vi aquele homem dormindo ao lado da estátua perto de nossos quartos. Eu achoque ele é um acendedor de lanterna e em seguida caiu no sono enquanto fazia o seutrabalho. Ele roncava muito alto, e ecoava em todas as partes. Lembra-se? - Ela deu umarisadinha tonta.- Eu me lembro - contestou Petra, sorrindo.- Então - começou James, se sentindo um pouco ousado, - como foi?Petra caminhou lentamente pelo corredor, olhando a vista turva além do cristal.- Como foi o que?- A, er... a perseguição do sonho. Isa mencionou. Ela disse que você estava escrevendo.Como uma história.Petra assentiu.- O diretor Merlim me disse que eu deveria tentar. Eu não queria, mas... isso ajuda. Umpouco. - Ela tocou na cabeça de Isa suavemente, descansando a mão no cabelo loiro damenina. - Ainda que não seja uma história muito bonita afinal. É bastante horrível.

- Eu ... eu poderia lê-la, se você quiser - ofereceu-se James, estudando o chãonervosamente conforme ele andava. - Se você achar que eu poderia ajudar.Petra permaneceu em silêncio, e James estava subitamente preocupado que ele a tivesseofendido. Ele olhou pelo rabo do olho para ela, mas ela parecia pensativa, com aspálpebras semi-abertas- Talvez - disse ela finalmente, - você pode estar certo, James. Talvez isso iria enfraquecêlo.Como provavelmente Isa lhe contou, é... mais do que apenas um sonho. É como uma50certeza. Como uma memória de algo que realmente não aconteceu, ou aconteceu deforma muito diferente. Eu não posso removê-la. Isso me assedia.James acenou com a cabeça e não quis dizer mais nada. Silenciosamente, os trêsandaram, vindo finalmente para a lanterna do corredor acendido onde James haviacomeçado. Ele viu a porta de seu quarto, ainda repousando ligeiramente aberta.- Nós podemos encontrar nosso caminho a partir daqui - sussurrou Petra.- Ficamos logo após a esquina e descendo as escadas - acrescentou Isa, apontando. -Passando o homem dormindo com a varinha de lanterna na mão. Você quer vir e escutarseu ronco? É engraçado. Parece com isso - De repente, em voz alta, Isa bufou, fazendouma imitação cômica de um ronco.- Psiiiuuu! Isa! - ralhou Petra, sufocando uma risada e cobrindo a boca de sua irmã com amão. - As pessoas estão dormindo!- Eu sei! - sussurrou a garota, empurrando a mão de Petra à distância. - E isso é o somque eles gostam!Petra balançou a cabeça para James, ainda tentando não rir. James sorriu para ela.- Boa noite, James - ela disse calmamente. - Obrigado por ir nos ver. Obrigado por voltarconosco. Talvez eu vá deixar você ler o sonho. Se você realmente quiser. Eu acho quevocê, provavelmente, irá compreendê-lo melhor do que ninguém, por todas as razõesque você mencionou antes no salão. Se você acha que você está pronto para isso, entãotá.James assentiu com sobriedade.

- Definitivamente. Se você acha que isso pode ajudar. Além disso, eu estou... estoucurioso.Petra estudou seu rosto por um longo momento, mordendo o canto do lábio. Finalmente,ela ergueu sua mochila, procurando lá dentro, e sacou um maço fino de pergaminhos.Sem pronunciar uma palavra, ela os entregou a ele.- Não é uma bonita história - disse ela novamente. - E isso não vai fazer muito sentido.Posso contar-lhe o resto, se você quiser. Mais tarde contarei. Eu preciso contar a alguém,eu acho. É um segredo muito grande para... bom, para Isa e eu. Você concorda, Isa?A menina loira enrugou o rosto, pensativa. Ela encolheu os ombros.- Está tudo bem, de qualquer forma - disse James, pegando os pergaminhos. Havia cercade quatro páginas, caligrafados com a escrita fina e pequena de Petra. De repente, elesentiu-se estranho sobre a oferta. - Você tem certeza? Você não precisa, se você nãoquiser.51- Eu quero - disse Petra, suspirando de novo. - Mas você não pode contar a ninguém,certo? Nada disso. Juro, se você fizer isso...James balançou a cabeça vigorosamente.- Eu não vou! Eu prometo! De dedos cruzados e tudo!Petra pestanejou para ele, e depois riu de novo.- Tudo bem, eu acredito em você. Obrigado, James. Vejo você na parte da manhã. Temosainda um longo caminho a percorrer, não é?James assentiu.Boa noite, Petra. Noite, Isa.As garotas se viraram e continuaram no corredor, a mão de Petra descansando no ombrode sua irmãzinha. James abaixou os olhos para a pequena pilha de pergaminho em suasmãos, mal acreditando no que tinha acontecido. Sentia-se atordoado e terrivelmentenervoso sobre isso. Ele queria ler a história do sonho de Petra, queria lê-lo naquele exatomomento, estando em pé na penumbra do corredor atlante, e ele ainda estavaestranhamente com medo de fazê-lo. E se fosse tão terrível como Petra havia dito queera? Nada, ele sentia com certeza, poderia mudar a maneira como se sentia a respeitodela (se ele gostasse ou não) e ainda...

Finalmente, ele virou-se e empurrou a porta aberta de seu quarto, adentrando-se naescuridão interior. Passou junto à forma de seu irmão dormindo e rastejou sigilosamentepara a mesinha ao lado de sua cama, onde sua mochila repousava aberta. Ele remexeudentro da mochila por um momento até que encontrou sua varinha. Olhando em volta,ele colocou a história de Petra na cama e apontou sua varinha para ela.- Velierus - pronunciou ele, o mais silenciosamente que pôde. Uma pequena explosão deluz azul iluminou a cama, e os pergaminhos se comprimiram, dobrando-se várias vezesaté que tudo o que restou era um pacote mínimo, não maior do que o tamanho de umabroca. Tinha ficado totalmente homogênea, como se estivesse envolto em uma esferaperfeita de pergaminho. Ajoelhado, James escondeu tanto a sua varinha quanto o pacotesecreto no fundo da sua mochila. Um momento depois, ele se jogou sobre a cama e puxouas cobertas até o queixo.Ele leria a história do sonho de Petra em breve. Até então, ele adorava a idéia de que elatinha escolhido ele, e ele sozinho, para compartilhá-la. Ele havia sugerido isso, claro, maso fato é que ela tinha aceitado sua oferta. Ela confiava nele. Ela estava contente com suapresença. E o que mais ela tinha dito? Ele a fazia rir. A prima de James, Lúcia, tinha dito amesma coisa dele uma vez, no ano passado, após o funeral do avô, mas parecia muitomais significativo, muito mais portentoso, quando Petra o dissera. Ele suspirou,52lembrando o som de sua voz, a encantadora melodia de seu riso, triste e fatigada, comopodia ter sido.Isso não quer dizer nada, ele disse a si mesmo; mas eram apenas palavras, e seu coraçãonão acreditava nelas. Secretamente, o seu coração se alegrou. Finalmente, sorrindolevemente, ele dormiu.53Capítulo 3OITENTA E OITO NÓSNa manhã seguinte, enquanto James, sua família e amigos iam para o café da manhã, eles

foram recebidos por uma vista espetacular. A vista além da cerca de cristal da cidadesubmersa era um panorama verde e dourado, cheio de raios vislumbrantes dos feixessolares do amanhecer, suavemente fluindo várias bolhas, e cardumes de peixes prateados,todos flutuando pela resplandecente paisagem urbana de Atlântida.James, Alvo e Lúcia olhavam com curiosidade extasiada enquanto várias formas estranhasse moviam lentamente pela água, formando ângulos de um lado ao outro entre a superfíciedo oceano distante. As formas eram mais como longas bolhas espelhadas, algumas tãograndes quanto um ônibus de cidade, e todas ondulando nas correntes fracas de Atlântida.Muito abaixo dessas, ao longo da inclinação da cidade, nos contrafortes rochosos, Jamesobservou as formas únicas de jardins oceânicos espaçosos. Folhas de alga flutuantes e filasclaras de pepinos-do-mar cresciam ao lado de campos muito mais estranhos e com frutas everduras mais coloridas. Polvos gigantes se moviam lentamente pelos jardins, e Lúcia foi aprimeira a notar que eles estavam sendo montados por fazendeiros atlânticos, seus peitosnus e suas mãos revestidas de cobre brilhante e elmos de cristal.Enquanto os estudantes assistiam, os polvos usavam seus longos e ágeis tentáculos paracolher dos campos, e para alcançar os demais, os aparando ou tirando ervas daninhas. Umdos polvos subitamente desdobrou todos os seus tentáculos e então contraiu todos juntos,se atirando para frente como um torpedo ágil. Ele se ergueu na cidade rapidamente,impulsionado pelos seus poderosos tentáculos, e Alvo ofegou e apontou, rindo em voz alta;um dos fazendeiros atlânticos estava sendo rebocado atrás do polvo, amarrado nele por umlongo comprimento de corda e ficava num tipo de tábua arredondada, que ele usava como54uma nadadeira para se dirigir e deslizar através das correntes. Enquanto o par subia nacidade, perseguidos pela sua sombra, James não pôde deixar de pensar que o polvo e opassageiro pareciam estar tendo um tempo formidável. Rapidamente, o polvo se inclinou erepuxou, seguindo os contornos das ruas e flutuando sob pontes e passarelas, até

estrondear diretamente na frente da janela, uma forma escura e comprida contra os raiosbrilhantes da luz do sol molhada. O fazendeiro atlântico passou por uma fração de segundomais tarde, suas pernas se flexionando enquanto ele cortava as correntes com sua tábuaque parecia uma bala.“Me pergunto, onde ele está indo?” Alvo perguntou, tentando olhar pelo ângulo da janela.“Provavelmente trazendo o nosso café da manhã,” sua mãe respondeu, levemente oempurrando para frente. “Se não nos apressarmos, não teremos tempo de comer. Saímosem menos de uma hora.”Um pouco tempo depois, depois de um café da manhã leve de salmão e torrada, o grupo foiem direção a uma seção da cidade que Merlin se referiu como Piscina Lunar Mor deAquapolis. James não sabia o que esperar, mas estava encantado e curioso para encontrar,na chegada deles, um quarto parecendo um anfiteatro sólido que cercava uma grandepiscina escura de água do oceano. Bruxas e bruxos de Atlântida ocupados amontoados nasplataformas circulares e escadarias íngremes que cercavam a piscina, que se agitava comtodos os tipos de barcos.— Parece King’s Cross numa manhã de segunda-feira — James ouviu Denniston Dolohovcomentar, rindo.— Também não acho que isso seja muito longe da verdade — Neville Longbottomrespondeu.Enquanto os viajantes desciam para a piscina, James observou os condutores atlânticosdirecionando pedaços da multidão por esse caminho e aquele, enfileirando-os ao longo depranchas flutuantes e sobre os convés de longos barcos estreitos. Os barbos eram demadeira, decorados na frente e perto da popa com grandes arabescos entalhados. Homensvestidos de túnicas vermelho-claras e quepes altos em forma de barbatana estavam de pénas partes traseiras de barcos, perto da alavanca do leme, lendo jornais ou consultandohorário enquanto os bancos decorados artesanalmente se enchiam na frente deles.Uma campainha soou nas conchas acústicas da sala, se pondo sobre a tagarelice de vozes.

— Todos os viajantes destinados a Ponta da Concha e o Octódomo, seu esquife está partindoagora. Por favor, se mantenham longe da bolha descendente, em três, dois...James olhou quando uma rajada de ar golpeou pelo espaço acima, ondulando pelos robesdos viajantes e a barba longa de Merlin. A claraboia redonda de cristal no teto sobressaiupara baixo pela força da rajada. A janela se alongou, estremeceu, e arrebentou, formandouma bolha monstruosa e listrada como arco-íris. A bolha desceu precipitadamente em umdos grandes barcos, o envolvendo, e então afundou nas profundezas, levando o barco comele. Incrivelmente, ninguém da multidão reunida pareceu alarmada ou até notou o queacontecera.— Eu li um pouco na noite passada — Lúcia disse fracamente, olhando para o tetocupulado. — Na Biblioteca de Atlântida. É uma maravilha do mundo, vocês sabem, sóperdendo para a grande biblioteca em Alexandria.— Fascinante — disse Alvo. — Você sabe como estamos todos interessados em bibliotecas,mas talvez possa pular para a parte sobre as bolhas gigantes da perdição engolindo navios.55— Bem, eu estou supondo algumas coisas aqui — respondeu Lúcia, seguindo enquanto ogrupo se apertava sobre uma prancha estreita —, mas o continente inteiro de Atlântida temorigens vulcânicas. Infelizmente, os vulcões que criaram o continente são o que acabaramdestruindo-o, rompendo e arrancando-a de todas as suas fundações. O povo de Atlântidaaproveitou o poder dos vulcões, porém, e usaram seus respiradouros para impulsionar asua indústria. Penso que é isso que está por trás de tudo isso.— O que você quer dizer? — perguntou Ralf, pisando, um pouco com relutância, no convésde um dos barcos estreitos, que tinha aproximadamente o tamanho do Nôitibus Andante. Ocapitão do barco estava com sua túnica vermelho e um chapéu engraçado, olhando bravopara uma série de medidores instalados numa trave perto da alavanca do leme.— Suspeito que essas grandes rajadas de ar são descarga vulcânica — Lúcia franziu a testapensativamente. — E essa piscina é provavelmente parte do sistema de respiradouro

subterrâneo.— Sem medo, todo mundo — disse Percy alegremente, levando Molly e Audrey para um dosbancos perto da frente do barco. — Mas se segurem e apertem firme. Ouvi que esse podeser um passeio bom.— A famosa Autoridade de Trânsito de Aquapolis — disse Harry, se sentando entre Gina eLílian. — O modelo de horários e expedição para o mundo bruxo inteiro. Percy tem razão.Segurem-se e apertem suas malas, todos.Alvo olhou para James com uma expressão misturada de animação e medo.— Então o que isso faz? — perguntou Ralf. — Eu não tive a maior sorte com sistemas detransporte bruxos.— Não tem como explicar isso direito antes de partirmos, Ralf — respondeu Petra,afivelando o anzol de cobre do seu cinto de segurança e ajudando Isa com o dela. — E umconselho antes de irmos.Ralf olhou para ela com um pouco de incerteza.— E o que seria?— Engula o chiclete.Outra campainha ressoou pelo espaço abarrotado. James olhou em volta para os barcosagitados, as pranchas flutuantes, os grupos de viajantes de Atlântida ocupados nasplataformas acima, e sorriu com esperança nervosa. Mais uma vez, a voz feminina soou.— Todos os viajantes destinados à superfície e pontos de lançamento mais longes, seuesquife está partindo agora. Por favor, se mantenham longe da bolha descendente, em três,dois...Os viajantes ergueram o olhar de uma vez. Alto acima, o teto de bolhas se abriu para baixo,empurrado por uma rajada de ar quente e vagamente com cheiro de enxofre. A bolha seexpandiu, se separou e caiu sobre eles. James não pôde deixar de se abaixar e cobrir acabeça. Uma rajada súbita de pressão destampou seus ouvidos e ele sentiu o barco seafastar abaixo dele enquanto a bolha contorcia a superfície da água, a deixando côncava. Eentão, com um rugido surdo e gorgolejador, a bolha desceu na escuridão, levando o barco, etodos a bordo, para baixo com ela.Escuridão esverdeada cercou o barco. James respirou para comentar a respeito, mas uma

explosão súbita de velocidade forçou o ar direto para fora dos seus pulmões. A inércia oempurrou de volta ao seu assento como uma mão gigante e macia. O capitão do navio pegoua alavanca do leme enquanto a bolha carregava a embarcação em frente, sugada para umtubo de rocha irregular e escura. O barulho da viagem era um trovão melancólico,56pressionando os ouvidos de James como batedura de algodão. Ele virou para olhar paraAlvo e depois Ralf, ambos com olhos arregalados, Alvo em deleite e Ralf com o rosto verdede terror. Na frente deles, os braços de Petra estavam em volta de Isa, que estava olhandoao redor com espanto disfarçado. Para a estupefação completa de James, o resto dosviajantes (menos sua família e Merlin) estavam completamente ignorando a visão escuraque se precipitava sobre eles. A maioria dos atlantes tinham seus narizes afundados emlivros e pequenos rolos de pergaminho ou estavam, ocupados, gravando notas em tabuinhascom brilhantes cinzeis encantados. Um deles, um homem com uma longa barba cinza esandálias vermelhas de couro nos pés, estava esparramado num banco de canto, cochilando.Na longa escuridão em frente ao barco, um brilho de luz roxa apareceu. Ele cresceu comvelocidade chocante, e James estendeu o pescoço no assento para vê-la passar, reluzindo. Obrilho roxo formava palavras muito angulares, que resplandecia vivamente na escuridão:‘PHEBES-DUOPHENES’. Uma seta brilhante apontou para baixo, em direção a uma enormeválvula moldada em cobre, que se abria estalando enquanto o navio passava. Na escuridãoatrás, outro navio de bolha se atirou na válvula aberta, que se fechou num instantenovamente com um tinido pouco audível.Enquanto virara ao contrário no assento, James viu que o trabalho do capitão não era muitopara manejar o navio enquanto ele angulava nos lados da bolha enquanto se impulsionavapelas curvas, assim conservando as monumentais forças centrífugas e mantendo ospassageiros mais ou menos nos seus assentos. Na escuridão era difícil dizer, mas James teveuma sensação que na maioria do tempo, o barco estava de lado, ou até de cabeça pra baixo,

carregado pelo círculo inteiro ao redor da circunferência da bolha enquanto ela se moviapelos túneis de respiradouros curvados. Mais saídas de válvulas de cobre passaramreluzindo, escorando dos distritos da cidade.Houve um momento angustiante quando outro navio de bolha maior apareceu no túnel nafrente deles, movendo muito mais lento, e James estava certo que o barco menor deles iriase chocar. O capitão puxou a alavanca do leme de qualquer modo primorosamente, e Jamessentiu o barco virar para cima rapidamente, alterando a inércia só o bastante paraempurrar a bolha sobre o barco maior. Por um momento bizarro, James e seuscompanheiros se encontraram de cabeça para baixo, olhando por cima do barco maiorenquanto ele passava abaixo deles. O capitão do barco maior saudou rapidamente o capitãodo barco menor enquanto ele zunia passageiramente por cima.Finalmente, uma válvula muito maior apareceu à distância escura, encerrando o que pareciaser o fim do túnel. Nas brilhantes letras roxas acima lia-se: ‘SUPERFÍCIE E TODOS OSPONTOS NORTE’.— Preparem-se para paradas repentinas — gritou o capitão num tom monótono eentrecortado. James foi rapidamente ao seu assento e rangeu os dentes.O navio de bolha se atirou pela válvula e numa luz dourada cegante. Instantaneamente, onavio perdeu quase todo o seu impulso e se arrastou para uma parada curta. James sentiu ocinto de segurança apertar a sua cintura enquanto inércia o jogava para frente. Um segundodepois, a força quebrou e ele caiu para trás contra o banco, seu cabelo voando. Ele olhou emvolta, pasmo.Petra correu uma mão pelo cabelo e sorriu para Isa, que batia palmas em encanto.— Foi esplêndido! — gritou Alvo.Lúcia alisou sua blusa e olhou para o lado.— Como está indo, Ralf?57Ralf pestanejou.— Você sabe — refletiu —, acho que estava muito espantado para perceber que deveriaestar doente.James estendeu o pescoço para olhar para trás novamente. O navio de bolha ainda estava

debaixo d’água, se afastando da cidade submersa. Até agora, a espaçosa Aquopolis estavaenfraquecendo à distância vislumbrante. James entendeu agora o que eram as formasmisteriosas que ele vira mais cedo naquela manhã, as bolhas espelhadas que se mexiamponderosamente de um lado ao outro entre a cidade e a superfície do oceano. Ele e seuscompanheiros viajantes estavam dentro de uma delas agora.— Acho que podia viver aqui — murmurou, se virando no assento.— Ugh, eu não — sua prima Molly respondeu de alguns bancos atrás, sentada entre tiaAudrey e tio Percy. — Muito frio e escuro.— É isso que faz dele tão legal — argumentou Alvo. — Me faz lembrar das masmorras deSonserina sob o lago.James sentiu uma pequena pontada a respeito disso, lembrando mais uma vez que todosdeixaram Hogwarts para trás por este ano, mas afastou a sensação. A experiência do naviode bolha era muito legal para ser arruinada com pensamentos depressivos sobre o que elepodia estar perdendo em casa. Além disso, lembrou a si mesmo que Rosa, Luís, Hugo, e todoo resto estavam provavelmente agora em uma das longas e incompreensíveis conferênciasdo Professor Binns ou um período de estudo estúpido na biblioteca, sob a rigorosasupervisão do Professor Knossus Shert. Se eles soubessem o que James e seus amigosviajantes haviam experimentado, eles provavelmente ficariam doentes de inveja — atéEscórpio, embora ele provavelmente fosse esconder isso bem. Isso fez James sorrir.Ele ergueu o olhar enquanto o navio de bolha subia na luz do dia. A superfície ondulavaacima como um mosaico vivo, suas facetas lançando a luz solar em prismas dourados eselvagens. Finalmente, o navio içou nas ondas, onde esparramou água suavemente e curvou,ainda reluzindo na sua longa bolha misteriosa. O Gwyndemere se encontrava a uma certadistância, com o sol reluzindo nas suas instalações de metal.— Ip, ip, gente — chamou Percy, recolhendo sua mala de viagem e pondo-se de pé. —Vamos sair. — Com sua mala balançando na mão, ele estendeu um braço para Molly e outropara Lúcia. Ela saiu de lado do seu assento e aproximou-se do pai, passando o braço naponta do seu cotovelo.

— Vejo vocês a bordo — ela gritou de volta. Um segundo depois, houve um crack alto eplano no ar fechado da bolha, e os três desapareceram.Ralf pareceu confuso.— Por que não poderíamos simplesmente desaparatar da cidade, se é como vamos subir abordo do barco?— Aparatar através da água é algo extremamente complicado, Sr. Deedle — respondeuMerlim, acenando para ele se aproximar. — Especialmente num navio em movimento. Alémdisso, teríamos perdido aquele maravilhoso passeio de tubo, não teríamos?— Vamos lá! — James sorriu, desafivelando seu cinto de segurança e pulando do banco. —O último a chegar no Gwyndemere é um tio de hinkypunk!— Não é uma corrida — repreendeu Gina, se levantando e estendendo a mão para Lílian.— Fale por si — respondeu Harry, dando um passo a frente para encontrar seus filhos. —Eu não vou passar essa viagem como um tio de hinkypunk.58Alvo e James pegaram uma das mãos do pai. Um segundo depois, o navio de bolha sumiu emvolta deles e foi recolocado pelo convés do Gwyndemere, que brilhava na luz solar damanhã. Vento frio corria pelo navio, assobiando nos ouvidos de James, e ele imediatamentese soltou do pai, rindo e correndo para proa.— Meus pés foram os primeiros a tocar o convés — gritou Alvo de trás. — Eu puleiimediatamente antes de desaparatarmos, então eu pousei aqui primeiro. Você perdeu!James ignorou o irmão enquanto se aproximava da proa pontuda do navio, diminuindo atéparar, seus olhos se arregalando.— Mamãe acabou de chegar aqui com Lili — anunciou Alvo, levantando rapidamente. — Eladiz que devíamos descer as nossas malas nas cabines, e o que pelo buraco de rato mágico deMerlin é isso?— Não faço a mínima ideia — respondeu James, se aproximando da forma estranha. — Nãoestava aqui antes, estava?Ralf, Isa e Lúcia se juntaram aos garotos enquanto moviam em torno do objeto. Foraaparentemente instalado no convés desde a chegada da noite passada e era, essencialmente,uma cadeira de latão muito adornada, elevada no topo de uma série de cinco degraus de

ferro batido. A cadeira estava ajustada numa base giratória e tinha uma armaçãocomplicada de latão ligada na sua frente. James a estudou, mas não pôde começar aimaginar para que era a armação.— Você é a inteligente, Lúcia — disse, coçando a cabeça. — Para que você acha que essacoisa é?— A inteligente é Rosa — lembrou Lúcia, levemente aborrecida. — Eu só leio muito.Ralf franziu o cenho de modo curvo.— Qual é a diferença, exatamente?Isa arregalou os olhos solenemente.— Petra diz que inteligência está no cérebro do observador.— O que quer que signifique — murmurou Ralf.— É — insistiu Alvo, se estirando para tocar as escadas artesanalmente decoradas —, masvocê é boa em ver como as coisas funcionam, Lu. É uma habilidade.— Parece para mim — suspirou Lúcia, indo para a frente da estranha instalação —, como seestivesse faltando algo. Está vendo uma cavidade de latão ali no lado do eixo do braço?Devia ter algo ali.— Estão vendo? — vangloriou-se Alvo, correndo para frente para se unir a Lúcia. — Éexatamente o que estou falando!James ouviu as vozes baixas de adultos próximos. Ele virou e viu Merlin, Denniston Dolohove o capitão do Gwyndemere, Ash Farragut, aproximando-se lentamente.— Infelizmente, capitão, não temos tempo a perder — Merlim estava dizendo. — Estoumuito feliz em deixar as questões nas mãos da sua tripulação muito capaz.Farragut assentiu cinicamente.— Todos muito capazes, se me entende.— Pirataria não é o que costumava ser — disse Merlin, sorrindo. — No meu tempo, vocênão podia navegar nas ondas sem esperar ser abordado por qualquer número de reservaspiráticas competentes. Eles eram como enxames de abelhas nos altos mares. Considerandoas medidas preventivas decretadas pela Comissão Reguladora dos Limites MarítimosMágicos, suspeito que manejar bem, o que quer que nos ocorra.59— Os navios deles foram localizados no horizonte nessa mesma manhã — esclareceuFarragut, inclinando a cabeça na luz do sol.

— Então eles esperam que fiquemos no porto — assentiu Harry Potter, se aproximandocom um sorriso inflexível no rosto. — Surpresa é quase sempre uma vantagem. Você nãoconcordaria, Sr. Dolohov?— Ah, eu felizmente me submeto às vossas experiências em tais assuntos — respondeuDenniston com desdém. — Mas concordo que temos de fato um horário a manter. Temosque ir.Farragut assentiu, aprovando.— Então que assim seja, cavalheiros. — Ele se dirigiu em passos largos para a cabine doconvés.James se desviou em direção a Petra e Audrey, que estavam perto das escadarias da partecentral do navio. O par parecia estar estudando um pequeno grupo de pessoas quesubitamente apareceram no navio.— Quem são eles? — perguntou James, assentindo para um grupo.— Amigos hóspedes — respondeu Audrey, mantendo sua voz no mesmo tom. — Diria quesão americanos.James olhou para os recém-chegados. Havia um grupo deles subindo as escadas,empurrando os outros enquanto passavam, serpeando para a proa e tagarelando como umbando de pássaros. A maioria deles estava vestida de preto, apenas levemente mais velhosque James, mas a figura do centro parecia ser uma mulher com cabelo cor de azeviche, umpálido rosto angular e uma expressão de aborrecimento indulgente. Ela usava um longovestido preto com um corpete firmemente laçado, várias joias de prata, e uma pesadamaquiagem de olho roxa, assim ela parecia, para James, mais como se tivesse recentementeescapado do seu próprio funeral.— Perdão, estudantes — ela proclamou melancolicamente às suas companhias enquantopassavam correndo por James, Petra e Audrey. — Representamos outra cultura. Nós nãoqueremos parecer rudes.Os estudantes murmuraram, sem economizar um olhar aos outros, e James teve a distintaimpressão que a mulher falara mais para o auxílio dele, de Petra e de Audrey que para osseus próprios companheiros.Audrey levantou a voz, facilmente levantando-a sobre os adolescentes tagarelas:

— Levando em consideração seu acento e palavras, você é dos States, Senhora? — ela disse,sorrindo agradavelmente— Estamos indo lá para em estadia um pouco comprida. Nãolevanta muitas expectativas; receio que fiquemos desapontados que o resto do país não sejatão gentil quanto você e seus associados encantadores.A mulher diminuiu a marcha e encarou Audrey com a expressão imutável.— Perséfone Rêmora — anunciou languidamente, estendendo uma mão flácida paraAudrey, que a balançou descuidadamente. — E por favor me perdoe por falar desse jeito,mas não estava me referindo aos Estados Unidos. Aquele país é só nossa residência atual,não nossa casa. Dificilmente podem esperar que nós o representemos mais do queesperamos que vocês representem esse navio. Sem ofensas. O fato é: eu e meus amigosestamos voltando de uma exploração de verão da nossa pátria ancestral. Talvez você tenhaouvido falar dela — ela hesitou e estreitou seus olhos levemente. — Se chama Transilvânia.60— Certamente ouvi — sorriu Audrey. — Porque nessa mesma primavera meu marido e eutomamos uma sopa de marmelo com o Arquiduque de Brasov e sua esposa. Já os conheceu?Casal adorável. Ela faz seu próprio tzuika, que é muito delicioso.Rêmora pareceu fracamente desdenhada.— Me desculpe por dizer isso, mas não reconhecemos a classe governante atual daTransilvânia. Nossa herança é notada para uma aristocracia histórica muito mais antiga.Tenho certeza que você não ouviu falar dela. É um tipo de... sociedade secreta. — Ela fungoue olhou significamente para as ondas.— Ah — respondeu Audrey, desinteressada. — Bem, tenho certeza que será melhor seussegredos serem deixados encobertos. Sem querer nos intrometer.Rêmora continuou a fitar as ondas dramaticamente. Depois de um tempo, ela pareceuperceber que a pose não estava tendo o efeito que aparentemente esperava. Ela tossiuligeiramente e virou.— Me desculpe muitíssimo — disse fracamente. — A luz do sol faz certo efeito em... pessoascomo nós.— Tenho um pouco de bloqueador solar do Amberwycke aqui na minha mala — respondeu

Petra, olhando para Audrey. — Ficaria feliz em compartilhar. Tem cheiro de coco.— Não — gotejou Rêmora, seus ombros caindo levemente. — Agradeço muito. Se me deremlicença. — Ela virou, começou a se distanciar, e então olhou para trás sobre o ombro,deixando seus olhos brilharem significativamente. — Foi... deliciosamente agradável lheconhecer — disse numa voz baixa e vacilante.— Igualmente — disse Audrey, sorrindo alegremente. — Veremos você essa tarde para ochá, não veremos?— Tem certeza que não quer um pouco de bloqueador solar? — perguntou Petra,oferecendo o frasco. — Você está parecendo um pouco definhada em volta dos olhos.Rêmora bufou e virou-se, se aproximando silenciosamente da pequena multidão que sereunia em frente à cabine do convés.— Para que foi isso tudo? — perguntou James, franzindo o cenho para a mulher que partira.Audrey suspirou.— Vampiros — disse rapidamente. — Tão orgulhosos e melodramáticos. Ah, bem, seja lá oque os fazem felizes.James piscou os olhos, olhando novamente para o grupo de pessoas vestido de preto.Rêmora se juntara a eles de novo, e eles se moviam em volta dela como um cardume depeixes pálidos e zombeteiros.James franziu a testa.— Eu nem sabia que existiam vampiros na América.Petra balançou a cabeça, sorrindo torto. Num sussurro baixo, ela respondeu:— Não existem.— Não vamos ser muito precipitados — disse Audrey, chasqueando a língua. — Os EstadosUnidos é, afinal, é a grande mistura de culturas. Porém, suspeito que se existem vampirosresidindo na América... não são estes.Um homem passou na frente deles, e James ergueu o olhar. Ele reconheceu o homem comoo primeiro piloto do navio, um alegre sujeito forte chamado Barstow. Ele estava usando umchapéu cinza frouxo e assobiando alegremente para si próprio, indo em direção da proa.Sobre o seu ombro estava pendurada uma vara fina e longa, presa com juntas reforçadorasde latão. James estreitou os seus olhos pensativamente, e logo correu para seguir.

61— Ei, Barstow — chamou Alvo, sorrindo, enquanto o homem se aproximava. — Quando nóssaímos da costa, hein?Barstow respondeu jovialmente:— Depende de quanto os peixes estão mordendo bem esta manhã, não?— Se você está dizendo — Alvo deu de ombros.Isa se refestelou no convés ensolarado e cruzou as pernas.— O que os peixes têm a ver com alguma coisa?— Ah, tudo, querida — disse Barstow gravemente, ajustando seu chapéu. — Só assista eveja. Podemos dizer que eles são a chave para a questão toda.— Eu não gosto dos peixes tanto assim — admitiu Ralf. — Acho que já tive o bastante emAquapolis. Estava esperando por algo um pouco mais... terrestre.Barstow sorriu e subiu as escadas forjadas de ferro para a cadeira de latão. Ela viroulevemente enquanto ele sentava nela.— Esses peixes não são pra comer, meu amigo. Só espere e veja.Todos observaram enquanto Barstow se assentava na cadeira, descansando os pés num parde pedais encaixados e virando o assento de forma que ele encarasse para trás, olhando decima o resto do navio. Aparentemente satisfeito, ele içou a estranha vara direto no ar. Elaoscilou alta sobre o convés, projetando fagulhas da luz solar dos seus encaixes de latão.Cuidadosamente, Barstow começou a balançar a vara num pequeno arco, como se estivesseusando-a para desenhar um círculo no céu salgado. O círculo se alargou enquanto Barstowbalançava mais rápido, criando arcos cada vez maiores.— Olha — gritou Isa, apontando. — É uma vara de pesca! Assim como o papai Warrencostumava usar no lago!James olhou em soslaio para a luz solar, tentando seguir o movimento da ponta da vara.Com muita certeza, uma extensão de fio mágico desenrolou do carretel atrás da vara,puxando um anzol efêmero muito grande. Subitamente, Barstow içou a vara de volta sobreo ombro, esticando tanto que o anzol mergulhou longe atrás dele, passando sobre a proa doGwyndemere e o lado de fora, sobre as ondas. Finalmente, num movimento calmo e rápido,Barstow atirou a vara para frente, soltando o grande anzol fantasmagórico pelo ar. Elepassou reluzindo nos mastros, sobre a cabine do convés e a chaminé, e sobre a popa, onde

finalmente mergulhou nas ondas. Barstow avançou para frente e encaixou a manivela davara de pescar na fivela que Lúcia mencionara mais cedo. Ela se encaixou no lugar, fazendoda vara uma extensão de braço articulado de latão. Com aquilo feito, Barstow relaxou, massó um pouco.— O quê — perguntou Ralf com os olhos esbugalhados —, você pesca com um anzol assim?— Não tem isca nele! — disse Alvo subitamente, olhando acusatoriamente para Barstow. —Você planeja pescar alguma coisa sem isca?— Ah, tem isca sim, amigos — riu Barstow —, mas não é comida. O anzol é feito de umapequena mistura mágica que estive trabalhando por toda a década passada,aproximadamente. Não é uma coisa fácil conjurar feromônio de serpente marinha, acrediteem mim.Ralf empalideceu um pouco e observou as ondas agitadas.— Serpente marinha? — repetiu cuidadosamente.— Feromônio? — acrescentou James, na ponta dos dedos para olhar sobre a popa do barco.— O que é isso?Lúcia pareceu estar abafando um riso.62— É meio que uma poção do amor. Para peixe.— Para uma serpente marinha — esclareceu Ralf. — Só estou tentando ter certeza que ouviele direito. Foi o que ele disse, né?Um alto som metálico de repente perfurou o ar. Barstow ergueu para trás a vara e seu braçoarticulado, e James viu o fio mágico tremendo, esticado, sobre o barco.— Lá está ela! — gritou Barstow alegremente. — Apanhei uma das grandes! Essa éHenrietta, aposto! Ela é a melhor da frota! Depressa, segurem-se!James, Alvo, Isa e Lúcia subiram a grade do navio, estendendo o pescoço pelo comprimentodo barco, procurando um vislumbre da misteriosa Henrietta. Na cadeira de latão, Barstowresmungava e bufava para si mesmo, brigando com a vara, que se curvou precipitadamente.— Venha cá, querida — murmurou através dos dentes rangidos. — Por aqui, isso. Vocêconhece a rotina...James finalmente viu o ponto onde a linha de pesca mágica penetrou na água. Uma forma seiçava abaixo, impulsionando as ondas numa súbita colina agitada. Uma linha de barbatanas

serrilhadas quebraram a superfície e serraram através dela, desviando em direção aoGwyndemere.— Não deve ser coisa boa — disse Ralf em voz alta.James engoliu em seco, mas Barstow pareceu inflexivelmente satisfeito.— Essa é a minha garotona — bramiu. — Venha para o papai. Só mais um pouco, por essecaminho...Uma monstruosa forma serpentina se tornou visível enquanto se atirava sob o barco,arrastando a linha mágica de pesca com ela. Barstow bramia alegremente e dava voltas nacadeira giratória, puxado pela ponderosa forma sob as ondas.— Ela está atrelada — gritou, segurando-se contra os pedais da cadeira. — Todos seguremfirme!— Eu realmente queria que as pessoas parassem de dizer isso — gemeu Ralf, se agarrandoà grade com ambas as mãos.Como invocado por um sinal, um estremecimento horrível balançou o barco, empurrando-opara frente na água. James tropeçou, mas continuou em pé, agarrando-se firmemente a umdos postes de arrumação do navio. Lúcia caiu para trás contra ele e James a pegou. Seucabelo escuro caiu no seu rosto, fazendo suas bochechas coçarem.— Desculpa, James — ela disse, olhando para ele sobre seu ombro e sorrindo timidamente.— Achei que estivesse pronta.James riu.— Acho que ninguém está pronto para isso.— Saímos! — gritou Alvo, corando até a proa e olhando adiante. — Excelente! Ela está nosempurrando! E olhe como estamos indo rápido!— Ela pode manter quarenta nós — gritou Barstow orgulhosamente, operando osparafusos que prendiam a armadura de latão no lugar. — Com estouros de noventa seprecisar. Ela é a mais rápida de todas as suas irmãs, se vocês me perguntarem.— Ela é mesmo uma serpente marinha? — perguntou Isa, levantando a mão para a testa eestudando as ondas que batiam na proa do navio. — Não posso ver nada a não ser um tipode espuma ali na sua cabeça. É a cabeça dela, certo?— É a sua barbatana cranial — assentiu Barstow. — E aquela é Henrietta, a grande navalhade Atlântida. A maior e a mais longa das bestas marinhas. A coisa boa é que ela está do

nosso lado, hein? Nos dias antigos, criaturas como ela eram verdadeiros comedores de63navio. Agora, só sobraram algumas em todo o mundo. Ela por si só vale mais que seupróprio peso em galeões.— Como você pilota ela? — perguntou Alvo, olhando para a vara. — E como esse pequenopedaço de madeira a segura?Barstow riu.— É só questão de iniciativa — explicou, gritando por cima do vento impetuoso. — Ausamos como rédeas de um cavalo, virando-a pra lá e pra cá. O verdadeiro músculo estádebaixo do barco. Ela está presa a nós por uma couraça de metal uma extensão da correnteda âncora. E é através disso que eu estava tentando atrelá-la, é a única parte complicada.Daqui em diante, será como velejar suave.Numa voz preocupada, Isa perguntou:— Henrietta nunca se cansa?— Ela não é como nós, querida — respondeu Barstow, olhando de soslaio para o horizonte.— Ela podia nos levar por todo o caminho de ida e volta sem mal respirar. Mas iremos parare alimentá-la uma ou duas vezes pelo caminho, lhe dar o descanso que ela merece. Afinal decontas, ela é a rainha da viagem, não é? — Ele sorriu amorosamente para a grande bestaenquanto ela cortava as ondas.— E o gorila gigante? — perguntou Ralf. — Ele não fica entediado?— Veja você mesmo! — falou Barstow, apontando um polegar sobre o ombro.James, Lúcia e Ralf viraram para olhar. As grandes portas de carga da proa estavam abertasna luz solar. Surgindo delas, descansando seu queixo nos seus braços cruzados, estava ogrande símio. Sua pelagem negra ondulava na brisa e ele piscou lentamente, aparentementese divertindo com o senso de velocidade e o ar agitado.— Ele ficará assim por todo o resto da viagem — comentou Barstow sem olhar para trás. —Nada podemos fazer a respeito. Esse zonzo despreocupado está feliz em deixar mais alguémfazer o trabalho daqui em diante. Ele é como um cachorro na janela de um carro, não é?O Gwyndemere estava a só meia hora na sua longa jornada quando um barulho perfurou oar acima. James, que ainda estava na proa com Ralf e Lúcia, olhou para cima. O oficial no

cesto da gávea estava com seu binóculo nos olhos de novo, posto a tal extensão que quaseparecia desafiar a gravidade.— Navio localizado a duas horas! — gritou, apontando.— Ah, isso não soa bem — anunciou Barstow.Lúcia olhou de soslaio para Barstow. Para James e Ralf, ela disse:— Eu não posso ajudar a não ser notar que ele está sorrindo quando diz isso.— É só aquele estranho senso de humor de navegante — respondeu Ralf. — Tipo essasmúsicas alegres sobre nossos colegas mortos e piratas zumbis, esse tipo. Eles parecem termeio que uma perspectiva mais torta da vida, não é?Acima, com sua voz fraca nos ventos fortes, o amigo no cesto da gávea gritou novamente.— O navio é um clíper de três mastros, carregando o brasão da Ísis de três olhos.Barstow fez um ruído de apreciamento entre os dentes.64— A Ísis de três olhos. É mau, isso é. Melhor irem ao convés inferior, meus jovens amigos.Isso pode ficar violento.— O que é uma Ísis de três olhos? — perguntou James, encostando-se na grade eprotegendo os olhos do sol. Com certeza, uma forma escura flutuava no horizonte,aparentemente seguindo o Gwyndemere.— É o navio do pirata Hannibal Farson, o Terror dos Sete Mares. Parece que teremos umapequena briga.— Hannibal Farson não é o Terror dos Sete Mares — o oficial no cesto da gávea gritou,ainda examinando o horizonte com seu binóculo. — Você está pensando no Capitão DirkDread. Esse é Farson o Terrível, o Terror do Atlântico.Barstow assentiu.— Ah, você está certo, Brinks! Sem discussão aqui. Difícil manter todos em ordem, não?— Se vocês tão falando de verdadeiros terrores — uma terceira voz gritou, carregando-sepelo vento —, então é em Rebekah Redboots que vocês tão pensando. Mais brutal do queamigável. Tão rápida para matar vocês que ela só precisa olhá-los, mas vocês morreriamfelizes por terem sido notados pela sua beleza mortal.Barstow e Brinks murmuraram sua concordância pensativa.— É um navio ali? — perguntou Petra, se aproximando de James e observando o horizonte.— Piratas, aparentemente — concordou James. — Só parece como se estivéssemos prestes

a ter uma verdadeira reunião.Lúcia olhou do navio distante para Barstow onde ele se sentava na sua alta cadeira de latão.Ela instigou:— Aliás, do que eles estão atrás?— Ah, muitas coisas, querida — respondeu Barstow, entusiasmado. — Jóias e dinheiro depassageiros, o cofre do capitão, cargas valiosas que eles podem revender no mercado negrobruxo...— E não esqueça as mulheres — acrescentou Brinks em voz alta. — Eles estarão atrás dasmulheres, com certeza.— Mas não se preocupem, minhas lindas — disse Barstow tranquilizadoramente. — Elestratarão vocês com o máximo de respeito e decência. É o jeito pirata, vocês sabem, tudoenergético e cortês. Na maioria das vezes, as mulheres capturadas pelos piratas nemquerem ser resgatadas, para dizer a verdade. Porque eu conheci navios inteiros cheios demulheres disponíveis que punham sal nas esperanças de serem capturadas por um bandode vagabundos ensopados. — Ele suspirou profundamente.— A menos que seja Rebekah Redboots — a voz do terceiro oficial especulou. — Então elespoderiam estar provavelmente atrás dos homens.— É... — Brinks e Barstow concordaram sobriamente. Depois de um longo pensativomomento, Barstow continuou. — É provável também que eles estejam atrás de Henrietta.Como eu disse, ela vale o seu peso em galeões. Serpentes marinhas são terrivelmentedifíceis de se controlar, e cada capitão pirata por aí está com inveja até a morte paraconseguir uma. Isso os faz imbatíveis, até para os regentes da Comissão Reguladora.Naquele momento, Alvo correu com seu cabelo voando loucamente ao vento.— Ei, galera, o tio Percy diz que todos nós precisamos ir ao convés inferior, ordens docapitão! Ele diz que pode haver uma “refrega”!— Legal — sorriu James, igualando-se à óbvia animação do irmão. — Vocês vão mesmodescer e perder toda a diversão?65— Normalmente não — admitiu Alvo —, mas mamãe sabe como a gente é. Ela pediu aoCapitão Farragut para que pudéssemos assistir tudo das grandes janelas no alojamento

dele. A melhor vista de todo o navio, ele diz, e teremos biscoitos e chá!— Sua mãe realmente sabe como praticar um suborno — disse Petra, apreciando. —Melhor irmos logo para baixo. E se puder, chame Isa. Ela está na nossa cabine, desenhando.James olhou para Petra, e então virou para os outros.— Podem ir — disse. — Alcanço vocês num minuto.— Mamãe vai lhe enfeitiçar se você ficar aqui em cima — disse Alvo, inclinando a cabeçainteligentemente. — Mas não tenha pressa. Mais biscoitos para mim. Vamos, Lu. Cadê oRalf?— Ele foi para o convés inferior no momento que você mencionou uma refrega —respondeu Lúcia, dirigindo-se às escadas. Ela virou de volta para James. — Você quer que eute espere?— Não, pode ir, Lu. Só quero observar um minuto. Vou ficar aqui.Lúcia o fitou por um longo momento com a expressão ilegível.— Tudo bem. Veja você nos alojamentos do capitão. Você também, Petra?— Claro — respondeu a garota mais velha. — E obrigada por chamar Isa. Diga-lhe paratrazer seus lápis de cor e pergaminhos se quiser. Quando ela começa a desenhar, é difícilfazê-la parar.Lúcia assentiu e virou para seguir Alvo.— Ele está se aproximando de nós — bramiu Brinks, observando o horizonte com obinóculo. — Igualando-se à nossa velocidade e apontando totalmente ao nosso encontro.— Isso eu posso ver, oficial — respondeu Barstow cordialmente, agarrando a vara na suafrente. — Mas ela não irá se igualar a nós por muito tempo. Vamos esclarecer as coisas umpouco.James sentiu o sutil salto do barco abaixo dele enquanto Henrietta tomava velocidade.Ondas golpeavam a proa e explodia em névoa espumante, que passava brilhando pelo barcocom velocidade atordoante. A Ísis de três olhos começou a ficar para trás, mas muitolentamente. O navio do pirata estava tão próximo que James podia ver homens movendo-senos convés. A imagem na vela mestra era visível: uma caveira dentada com três olhosabertos. Enquanto James olhava, os olhos se estreitavam e a caveira mordia, como seestivesse determinada a engolir o Gwyndemere.

— Já leu a história do sonho? — perguntou Petra, sem tirar os olhos do agitado navio pirata.— Não, ainda não — admitiu James. — Não tive muito tempo para isso. Acho que posso leressa noite.Ela assentiu lentamente.— Agradeço. Me fale depois de ler. Certo?James olhou de lado para ela.— Certo. Por que não?Ela deu de ombros.— Você pode não querer.James balançou a cabeça.— Eu quero. Prometo.— Ela está tentando atacar por uma batida costada — gritou para baixo Brinks. — Ela não émais rápida que nós, então está tentando cortar o nosso caminho antes que saiamos do seualcance.66— A todo vapor — respondeu Barstow, virando a vara direcional para o lado. Henriettarespondeu imediatamente, virando para a esquerda e empurrando o Gwyndemere paralonge do avançado navio pirata.Um baixo ruído e um estouro de faíscas negras explodiram no lado esquerdo do navio,fazendo Barstow pular e virar duramente para a direita novamente. James não teriapensado que faíscas negras eram ao menos possíveis até vê-los rodando no convésenfraquecendo no ar agitado.— Outro navio! — gritou Brinks do cesto da gávea. — Às dez em ponto, aproximando-serápido! Parece que é o Névoa Escarlate!— O Névoa Escarlate? — repetiu Barstow incredulamente. — Significa que os dois estãotrabalhando juntos, e isso só pode significar uma coisa!James correu para o outro lado da proa e olhou á distância, imediatamente espiando osegundo navio. Seus mastros vermelhos e casco negro rugiam pela água, cortando as ondascomo uma espada.— O que significa? — gritou sobre a ventania.— Significa que estão empenhando a antiga manobra Torno e Pedreira — respondeuBarstow. — Isso é muito arriscado. — Levantando a voz, ele instigou para Brinks: — Fiquede olho na nossa frente, oficial! Onde tem dois, tem três!— Já olhei — gritou Brinks, inclinando para frente no cesto da gávea com o binóculo

encostado no olho. — É o Perigo de Poseidon, aposto.Barstow rugiu entre os dentes novamente e balançou a cabeça.— Nada bom, meus amigos. Nada bom mesmo. Me pergunto o que possivelmente poderialevar todos esses cachorros salgados a trabalhar juntos? Com certeza não é só por umaserpente marinha. Eles matariam um ao outro lutando por ela.Outro estouro de faíscas negras sacudiu o Gwyndemere na esquerda. James sentiu oestremecimento da explosão sob os pés. Ele estava ficando mais alerta. Petra, por outrolado, parecia estranhamente calma. James atravessou o convés novamente e ficou ao ladodela. Até agora, ele agradecia, apesar da diferença de idade, ele era mais alto que ela. Olongo cabelo dela voava na ventania. Uma série de lampejos laranjas apareciam ao longo doflanco da Ísis de três olhos. Uma fração de segundo depois, o Gwyndemere balançou sobuma barragem de rajadas mágicas.— Eles estão tentando diminuir a nossa velocidade — gritou Barstow. — Hora de mostrarpara eles o que essa garota pode fazer!Ele impeliu a vara direcional e acocorou-se no seu assento. Henrietta se arremeteu parafrente, e James viu as corcundas serpentinas das suas costas aparecerem na água adiante dobarco, saindo das ondas enquanto ela avançava sinuosamente. O navio quase pareceu estaragora pulando sobre as ondas. Vento corria sobre o convés, cantando no cordame echocando-se contra a estatura das velas enroladas. James inclinou-se no vento e olhoudiretamente adiante. O Perigo de Poseidon era um barco comprido e baixo de lado na frentedeles, formando uma barricada. A Ísis de três olhos e o Névoa Escarlate se aproximavamcada vez mais, obrigando o Gwyndemere a enfrentar uma colisão inevitável.— Por que não estamos diminuindo? — perguntou James, sem fôlego. — Vamos colidir! —Ele olhou de volta para Petra, que parecia estar observando com interesse suave. Jamesenrugou a testa olhando para ela preocupado, mas ela pareceu não notar.67— Minha garota ainda tem algumas surpresas na manga! — urrou Barstow, lutando com avara direcional, dirigindo Henrietta mais rápido ainda. Levantando sua voz para um grito

profundo, ele bramiu: — Para as velas, marinheiros! Preparem-se ao meu sinal!James e Petra cambalearam e agarraram a grade enquanto outra rajada mágica maiorexplodia diretamente abaixo deles. Um ruído metálico cortou o ar e o Gwyndemeresubitamente desceu nas ondas, perdendo força.Barstow praguejou em voz alta, obviamente alarmado. James olhou para ele com os olhosarregalados. A vara direcional projetava-se direto sobre a proa, tremendo loucamente,apontando diretamente para Henrietta enquanto ela se enterrava nas ondas. A linha depesca mágica brilhou e palpitou, vibrando no ar como a corda de uma guitarra. Um gemidoprofundo insípido emanou do convés perto da base da cadeira de latão, e James teve medoao ver que ela estava sendo lentamente arrancada, seus grandes parafusos cedendo sob apressão enorme.— Dodongo! — gritou Barstow, lutando com a vara direcional. — Use esses grandes braçospeludos e me agarre! Segure firme!Atrás dele, o símio gigante se agitou. Ele se inclinou para a frente no porão, levantando acabeça a nível do convés, e esticou seu grande braço direito para fora da larga abertura doporão de carga. Delicadamente, Dodongo agarrou a parte traseira da cadeira de Barstowcom seus imensos dedos cinza, segurando-a no lugar.— Qual é o seu nome, garoto? — gritou Barstow, rangendo os dentes.— James!— Suba aqui, James, e faça isso rápido, por favor!James correu até a cadeira de latão e subiu os degraus, mergulhando abaixo da palma durade Dodongo. Barstow se mexeu para o lado, assentindo para James assumir o assento delatão.— Os parafusos se soltaram e a corrente da couraça se destrancou — anunciou comseriedade. — Foi rompida em duas! Ela está nos levando com a rédea solta, o que significaque mal temos controle e estamos arrastando-nos pela água. Não podemos escapar a menosque eu desça lá e lance o feitiço Reparo imediatamente na corrente. Eu preciso que vocêpegue as rédeas e segure o mais firme que puder. É absolutamente essencial que você nãosolte, aconteça o que acontecer, entendeu?

James engoliu em seco, lembrando de uma experiência um pouco parecida no começo doverão passado. Mas lá era Merlin e a alavanca de freio do Expresso de Hogwarts. Ele seinclinou à frente e agarrou a vara trêmula com ambas as mãos.— Consegui! — disse com o coração batendo.— Você é um sujeito corajoso — assentiu Barstow, falando rápido demais. — Só amantenha apontada direto para o Poseidon, e não diminua por nada. Agora preste atenção:a vara direcional é mais do que só uma vara. É uma varinha também. Preciso que você olheesse medidor aqui. Quando a seta apontar oitenta e oito nós, preciso que estenda a varinhaverticalmente e grite esse feitiço: Pesceopteryx! Simples assim, certo? Isso que é coragem!Barstow pulou a escadaria de ferro forjado para o convés.— Espere! — gritou James com a voz falhando. — Pode repetir? Como eu vou lembrar isso?— Eu te ajudo — evocou Petra, com as mãos em forma de copo sobre a sua boca. — Bastaolhar o medidor!James abaixou o olhar para o pequeno instrumento de latão com os olhos saltando dasórbitas. A minúscula seta de prata tremia entre os números cinquenta e sessenta.68Mais rajadas mágicas surraram o barco de ambas as direções. Os navios pirata em cada ladoestavam harmonizando seus ataques, dirigindo o Gwyndemere para o Perigo de Poseidon.Faíscas negras redemoinharam, escurecendo o ar. James olhou para a frente. Da sua posiçãona cadeira de latão, ele podia ver o navio mais claramente agora, bloqueando o caminho.Parecia assustadoramente perto, se aproximando cada vez mais enquanto ele observava.Piratas se alinhavam no convés, gritando e balançando varinhas e facões. Henrietta batiaviolentamente na água, sua corcundas serpentinas claramente visíveis, suas costasserrilhadas serrando as ondas no meio.Barstow estava se apoiando sobre a grade da proa, afastando-se tanto e tão precariamenteque James teve certeza que o homem devia tombar no oceano e ser levado sob o peso donavio que avançava. Sua voz carregou-se pelo vento enquanto ele atirava feitiços reparo naágua, dirigindo-se para a corrente da couraça quebrada de Henrietta.— Qual a velocidade agora? — Petra gritou para James.

— Sessenta e cinco! — respondeu. — Não vai mais rápido! A rédea só está descendo a proalonge demais na água, nos afundando! Nunca conseguiremos!— Reparo! — vociferou Barstow, chutando seus calcanhares no ar enquanto se apoiavasobre a grade. — Reparo, seu grande pedaço inútil de ferro enferrujado! Maldito seja!James agarrou a vara tão firme que o nó dos seus dedos estavam brancos na luz do sol. Eleiçou para trás e viu tripulantes engatando em estranhos ângulos nos mastros, observandosem fôlego, seus olhos arregalados e esperando. O Névoa Escarlate e a Ísis de três olhosseguiam o Gwyndemere por todos os lados, espantosamente perto, cercando-os. James pôdeouvir os gritos e bramidos dos piratas nos seus convés balançantes.— REPARO! — gritou Barstow, sua voz enfraquecendo.— Não adianta! — bramiu James, observando enquanto o Perigo de Poseidon preenchia asua visão.Os piratas no convés começaram a se espalhar enquanto o Gwyndemere forçava-se paraeles. Henrietta desaparecia sob as ondas, preparando-se para nadar abaixo do longo cascodo outro navio.Abaixo, Petra tomou fôlego profundamente. Para James, ela parecia misteriosamente calma.Ela fechou os olhos.Nas profundidades do convés, um ruído maçante e um tinido metálico soou. O Gwyndemerelançou-se violentamente e subiu nas ondas, flutuando subitamente e virtualmente pulandoda água. A vara direcional aliviou no aperto de James, não mais carregando todo o peso deHenrietta enquanto ela puxava o navio.— Ahá! — gritou Barstow, incrédulo. — A corrente foi consertada! Vai, vai!James hesitou, ainda levantando o olhar para o Perigo de Poseidon. O Gwyndemere estavabalançando em sua direção, condenado a colidir em meros segundos.— James! — chamou Petra. — Velocidade?James arrancou os olhos do navio indistinto.— Oitenta e cinco... só mais um pouco!— Ao meu sinal, marinheiros! — gritou Barstow, levantando as mãos.— Oitenta e oito! — gritou James.— Pesceopteryx! — bramiu Petra, colocando as mãos em forma de copo na bocanovamente.

James repetiu o feitiço tão alto e cuidadoso quanto pôde, lançando a vara direcionalverticalmente. Simultaneamente, Barstow vociferou uma ordem aos seus marinheiros no69cordame do navio. A resposta foi imediata e chocante. Henrietta arrematou para frente, tãorápida e poderosa que seu corpo inteiro curvou-se fora d’água, seguida por uma ondacintilante de água do mar. Duas formas de couro expandiram-se de suas costas e estalaram,abrindo-se, como para-quedas, pulverizando névoa fina. Henrietta, ao que parecia, tinhaasas. Ela as encravava num enorme golpe muscular e se atirava no ar, seu longo corpocorrendo flexivelmente sobre o convés do Perigo de Poseidon, cobrindo-o com sua sombra.Os piratas se separaram, e alguns até pularam do convés, deixando seus facões caíremenquanto mergulhavam no oceano estremecente abaixo.No Gwyndemere, cada vela se desenrolou de vez, subita e poderosamente, criando umprofundo e reverberante som de ar capturado. Os cordames intrincados desenrolaram earquearam, agindo quase como asas, e o grande navio levantou-se do oceano, seguindo nocaminho de Henrietta. James prendeu a respiração, mas o resto da tripulação gritou efestejou, suas vozes erguendo no súbito e impetuoso silêncio.O Gwyndemere voou sobre o Perigo de Poseidon, tão baixo que seu casco molhado chocousena cabine do convés do outro navio, esmagando-a em pedaços iguais. Ele passou sobre omastro principal do Poseidon, quebrando-o como um galho e forçando o navio pirata infeliza balançar na água.James segurou a vara direcional, seu cabelo ondeando entre ele e seus olhos arregaladosnuma mistura de espanto e terror. Henrietta se movia pelo ar adiante do navio como umestandarte pesado e escamoso com o corpo curvando e lampejando esverdeado, suasgrandes asas membranosas descendo facilmente, desenhando faixas de água pelo céu.Finalmente, gentilmente, ela curvou-se para baixo, dobrou suas grandes asas e mergulhoupara encontrar sua comprida sombra nas ondas. Ela fez isso com um esguicho pequenoenquanto submergia nas profundezas. Atrás dela, porém, o Gwyndemere pousou como uma

baleia, batendo na superfície e levantando uma explosão de água branca densa, ensopandoJames. Um segundo depois, as ondas estrondosas caíram e o navio navegou tranquilamente,suas velas ondulando na brisa oceânica.— Um trabalho bem feito, James! — agradeceu Barstow alegremente. — Eu lhe disse queteríamos uma pequena briga, não disse? Aliás, tenho esperanças de lhe recrutar para umavida no alto mar, ah, se tenho! Não é todo mundo que pode pilotar no ar uma navalhaatlante de primeira! Tinha certeza que nós acabaríamos navegando com o Poseidon emcima da gente!James corou, seu coração ainda pulsando de adrenalina.— Bem, acho que eles não escaparam exatamente mais ilesos do que parecemos ter ficado— disse timidamente.Barstow se curvou para os degraus de ferro forjado, dando tapinhas em Dodongoalegremente na sua enorme cabeça.— Ah, eles ficarão bem — respondeu, subindo e trocando o assento com James. — Não é aprimeira vez que o Poseidon foi afundado na água. Eles terão tido uma grande aventura,quebrando o casco na luz do sol, depois consertando tudo e virando-o de volta. Vai dar aeles algo construtivo a fazer pelo resto do dia.James se achou sorrindo inutilmente enquanto descia. Sentindo-se levemente bêbado deadrenalina, ele se dirigiu a Dodongo e pulou no canto das portas do porão de carga,descansando seu braço no nariz do grande macaco. Ele repassou os últimos poucos minutosna cabeça, não exatamente acreditando em tudo que aconteceu. Curiosamente, a coisa quemais o espantou foi como Barstow conseguira reparar a corrente da couraça no último70momento possível. Parecia perfeitamente incorrigível e James entendia o porquê: teria sidovirtualmente impossível ver a corrente da couraça quebrada sob as ondas, onde estavasendo puxada por Herietta. E aliás, fazer mágica pela água, como Merlin afirmara mais cedo,era extremamente arriscado. Então como Barstow conseguiu?Os olhos de James se esbugalharam quando ele se lembrou de uma coisa. Momentos antesda corrente ter sido magicamente presa novamente ao navio, Petra havia estado na proa

com os olhos fechados, como se houvesse entrado numa profunda concentração. A últimavez que James vira algo parecido foi...— No trem — murmurou para si. — No Expresso de Hogwarts com Merlin, quando ele fez aárvore crescer debaixo do trem, aguentando-o no ar. Mas como Petra poderia...?Ele franziu a testa. Ao seu lado, Dodongo se mexeu, fazendo beicinho e descansando o narizno braço de James.James se levantou e olhou em volta do convés, curioso para perguntar a Petra sobre o queele vira, mas ela estava fora de vista. James descobriu que ele não estava particularmentesurpreso.71Capítulo 4A História do SonhoA tripulação do Gwyndemere estendeu as velas agora que a jornada estava em plenamarcha. O vento as enchia e ajudava a impulsionar o navio rapidamente pela face dooceano. Por sua parte, Henrietta dirigia pela água como um saca-rolhas gigantesco, nuncadiminuindo, suas escamas brilhando onde quer que suas corcundas serpentinasquebrassem a superfície, suas costas serrilhadas cortando as ondas puramente em dois.O dia se manchara com um tom nebuloso, opaco e caloroso. James, Ralf, Alvo e Lúcia ficaramno convés até o chá, e depois gastaram o resto da tarde no corredor da sala de jantar,jogando Arranques e Brocas ou desenhando nas grandes mesas com Isa. James ficousurpreso em como Isa era uma boa artista e como seus desenhos eram incrivelmenteengenhosos. Petra providenciou um pedaço de pergaminho barato para a garota assimcomo uma coleção de giz de cera e penas de ave com tintas magicamente coloridas quenunca borravam.Não só os traços de Isa que eram tão confiantes e rápidos enquanto ela criava as ilustrações;as ilustrações em si eram assombrosamente cativantes, de algum modo simplistas ecomplexos ao mesmo tempo. Paisagens inteiras se resumiam em três ou quatro rápidaslinhas, considerando que uma árvore em cima de uma colina requeria quinze minutos de

cuidado, detalhes densos, revestida com meia dúzia de cores incomuns, criando algo quequase parecia pairar sobre o pergaminho, ou sobressair-se dele, em algum tipo de dimensãode papel invisível. James tentou estudiosamente imitar o estilo de Isa, sem sucesso.Lúcia estava sentada na frente deles, sua bochecha descansando no antebraço enquantoobservava a garota loira desenhar.— O que é isso, Isa?72— É o mirante — respondeu Isa sem erguer o olhar. — Aquele dentro do lago do papaiWarren.— Você não quer dizer... em cima do lago? — perguntou Lílian, olhando para seu própriodesenho na mesa, que era muito menos expressivo e decididamente mais feliz, com umimenso sol amarelo sorrindo numa simples interpretação da Toca.Isa deu de ombros.— Não importa. Só vi uma vez. Mas me lembro. Estou desenhando para Petra.James inclinou-se para mais perto. Haviam duas figuras pequenas em pé acima do mirante,ambas garotas, uma maior que a outra. Isa fizera um trabalho notavelmente bomrepresentando ela e Petra sob o teto baixo do mirante. James não pôde ver, entretanto, se omirante estava acima do lago, flutuando nele como um barco, ou até submerso nasuperfície. Isa não era uma bruxa, é claro, então seus desenhos não se mexiam, contudohavia algo no fundo do desenho do mirante que parecia se deslocar e pulsar, justo fora docampo de visão. O desenho era estranho e surreal, e James descobriu que não podia fitá-lopor muito tempo.No lado oposto do corredor, Perséfone Rêmora estava sentada jogando um complicado jogode octocartas com um dos seus acompanhantes mais novos, um garoto com cabelo pretoliso e pele pálida.— Vampiratas, sem sombra de dúvida — ela disse com orgulho, cuidadosamente cobrindouma das cartas com a mão. Quando a levantou, a carta virou, revelando a foto de umesqueleto dando cambalhotas, sorrindo. — Eu suspeito que eles normalmente só caçam nomar de noite, mas pode bem ser que eles sentiram a presença de parentes. Possivelmente

eles queriam se juntar a nós.— Peço seu perdão, senhorita — um dos oficiais de cozinha comentou enquanto recolhia asxícaras de chá e colheres —, mas não existe coisa parecida com vampiratas.— Estou certa que é isso que eles querem que você acredite, senhor — fungoudelicadamente Rêmora. — Eles são um grupo secreto e misterioso, conhecidos só poraqueles que são condenados a ser suas vítimas.O oficial deu de ombros.— Como quiser, senhorita. Pessoalmente, eu sempre achei que reputação mortalfuncionasse muito melhor no mar aberto do que um segredo misterioso. Te salva de ter quese provar mais e mais para cada navio novo que você caçar. Francamente, mesmo se elesexistirem, vida entre seus vampiratas secretos parece nada a não ser trabalho, trabalho etrabalho, se me perguntar.— Desculpe-me — disse Rêmora cansativamente, rolando os olhos —, mas creio que nãoperguntei.O rapaz sentado ao lado de Rêmora suspirou.— Mortais — disse sob a respiração, fingindo que mais ninguém pudesse ouvi-lo. James viuo garoto olhar rapidamente para um lado, mas ele agiu como se não houvesse notado.Finalmente, depois de um jantar de biscoitos de lagosta, pepino-do-mar fresco e pudim demolusco atlante colossal, James foi ao convés novamente e observou o sol imergir nodistante horizonte molhado, ficando vasto e vermelho no caminho.— Céu vermelho ao luar, uma maravilha velejar — disse Barstow, cruzando os antebraçosna grade do convés ao lado de James. — Mas esse céu não deixa nada uma maravilha paramim. Muito quente e parado, como uma besta deitada à espera. O que acha, James?James deu de ombros, indeciso de como responder.73— Sinto uma tempestade no ar — continuou Barstow, assentindo. — Uma das grandes, aoque parece. Não será essa noite, mas sim de manhã, quem sabe. Pode ser que a passemos noescuro. Ou pode ser que precisaremos nos preparar para uma pequena sacudida amanhã.Sei que você interpretou Treus numa peça escolar de O Triunvirato. Estou certo?

James olhou para Barstow, que estava sorrindo para ele de modo curvo. James assentiutimidamente.— Você esteve falando com Alvo. Foi só uma produção para Estudo dos Trouxas, então nósnão fizemos nada das partes mágicas, ou pelo menos não com magia real. A tempestade erasó um grande ventilador e uma cortina traseira pintada.Barstow assentiu com gravidade.— Mas aposto que te deu alguma ideia de como essas coisas acontecem no alto mar. Não sepreocupe. Não haverá tempestade mágica como aquela que quase engoliu o fabuloso Treuse sua tripulação. Não há Donovan numa fúria invejosa, reunindo tempestades para fazer agente entrar velejando. Mesmo assim, até uma simples ventania atlântica pode amedrontara alma de um viajante insensato. Você irá se preparar para manter todos calmos mesmo sevocê já souber como acontece, e mesmo se for só um grande ventilador e uma cortinatraseira pintada. Estou certo?James assentiu e franziu o cenho com seriedade, olhando para o lado de fora, sobre asondas.No horizonte, o sol parecia sangrar e encrespar, inchando num vermelho profundo. E assim,tão rápido que James pensou que pôde ver acontecendo, ele deslizou sob a borda do mundo.Escuridão se abateu sobre o navio como uma cortina, sem estrelas dessa vez, e só uma baixalua, fina como uma foice, no horizonte oposto. Lanternas estavam acesas nos mastros, massua luz não alcançou a água. O navio parecia navegar num cavernoso lago invisível,impossivelmente profundo e cheio de mistérios. Barstow foi tomar o seu turno na cadeirade latão na proa do navio e James lhe desejou boa-noite. Sem gostar de ficar sozinho noconvés entre aquele céu negro sem feições e o invisível oceano sem fundo, Jamesrapidamente desceu ao aperto reconfortante e ao quente convés inferior na luz delanternas.Silenciosamente, ele foi para ao minúsculo quarto que compartilhava com seu irmão e Ralf.Por enquanto, o quarto estava vazio. Dois conjuntos de beliches estreitos dispunham umaportinhola única com uma pia embaixo. A janela da portinhola era perfeitamente negra,

como o olho de uma ônix. James puxou a pequena cortina fechada, depois se abaixou e tiroua mochila de debaixo do beliche mais baixo à sua direita. Um momento depois, ele subiupara a cama de cima, sua varinha acesa e o pedaço de pergaminho de Petra na mão. Elesentou-se de pernas cruzadas no centro do cobertor áspero de lã, pôs o pacote sem emendano travesseiro, e tocou-o com a varinha brilhante.— Revelierus — disse cuidadosamente.Como um origami, o pergaminho floresceu, desdobrando e estendendo-se, até ter voltado àsua forma original. Um feixe pequeno de pergaminho solto, coberto com a caligrafia limpa edensa de Petra, deitou no travesseiro. James podia ler o título, escrito em letras maiores efluentes no topo: A Garota no Dique. Estava sublinhado obscuramente, as linhas enterradasno pergaminho, como se houvessem sido feitas com muita força. James percebeu que eleestava segurando a respiração. Lentamente, ele a soltou, ergueu a primeira página dahistória do sonho de Petra e começou a ler.74A Garota no DiqueÉ o meio da noite. A lua está grande e alta, refletindo na superfície do lago. Eu levoIsa pela mão, saindo das árvores em direção ao lago brilhante. De repente ela para.— Não quero ir lá — ela diz.— Por que não? — eu digo. — É só o lago.— É que eu não quero ir lá agora, pronto — ela responde, sacudindo a cabeça.Ela está com medo, mesmo assim eu não acho que ela tenha visto a adagaescondida na minha outra mão.— Vai ficar tudo bem, Isa — eu digo. — Vou segurar sua mão o tempo todo.Isa olha para o lago e então para mim com os olhos sérios e concorda com a cabeçauma vez. Continuamos até o dique, mas ela para de novo no primeiro degrau.— Não quero mais ir, Petra.— Mas eu quero te mostrar uma coisa — eu falo. Fico surpresa com a suarelutância.Aumento o meu aperto na sua pequena mão e faço-a descer as escadas até astábuas de madeira do dique.

— Eu não quero ver o mirante — ela diz. — É assustador. Por favor, Petra.Percebo que ela se lembra do acidente com as aranhas mortas; no dia em que vi orosto da minha mãe no lago, no dia que eu entendi que ainda poderia trazê-la devolta, se pelo menos o sacrifício fosse suficientemente grande. As aranhas mortassó foram o suficiente para mostrar-me o seu reflexo. Para falar com ela, eu deviaoferecer algo muito maior. Falei a Isa que estava olhando na água porque euconseguia ver o velho mirante afundado em seu túmulo submarino, mas elasuspeita. Ela está anormalmente rígida na minha presença. Sua própria mãe mal areconheceria.— Não é isso que eu quero te mostrar — conto-lhe.— Então o que é, Petra? — ela pergunta.— Minha mãe — respondo, e levanto a adaga em uma mão, a palma aberta de Isana outra. Ela grita e começa a se debater, se afastando e tentando soltar a sua mãoda minha.— Pare de resistir, Isa — imploro. — Só vai doer um pouco. Só um pouco desangue... só isso. Eu preciso falar com mamãe! Ela vai me dizer o que fazer, Isa. Vaidizer para nós duas.Isa está aterrorizada e minhas palavras não lhe acalmam. Uma parte minha sabeque eu devia parar, e mesmo assim eu não paro. Devo terminar a tarefa. Aperto seupulso e abaixo a ponta da adaga.Isa grita de novo e me empurra. Perco o equilíbrio enquanto aperto a estaca demadeira, derrubando a adaga no lago e soltando a mão de Isa. Para o meu terror,ela cai na água com um alto splash e de repente me lembro que Isa não sabe nadar.— Isa! — grito freneticamente, caindo de joelhos no dique. Ouço-a debater-se naágua negra, mas não consigo vê-la. — Nade até mim! — eu berro e me preparopara pular atrás dela.“Não! ” ouço uma voz nos meus pensamentos dizer firmemente. “Não... espere...”Isa está afundando na água e mesmo assim permaneço ali, observando.75

“Está foi a sua intenção desde o início... A garota deve morrer. Só assim você ficaráem paz.”Estou congelada no lugar. Observo Isa começar a descer sob a água escura. Balançoa cabeça.— Eu não queria que isso acontecesse — eu digo. — Não pode terminar assim.“Ninguém saberá”, tranquiliza a voz. “Seu corpo será claramente encontrado. Umtrágico acidente... Você ficará de luto por ela devidamente. Você, com a sua própriamãe ao lado.”Olho em torno do lago e intencionalmente de volta à floresta atrás de mim.— Ninguém está vindo — eu digo, assustada e surpresa.“Não”, a voz funda nos meus pensamentos concorda, “o garoto James não virádesta vez. A mal orientada força do bem não tem voz aqui. O ‘bem’ é um mito. Háapenas um poder. Nada mais importa.”James parou de ler. Seus olhos estavam arregalados, reluzindo na luz da varinha, e seucoração estava martelando tanto que o pergaminho tremia nas suas mãos.Merlin previu isso, pensou, quase dizendo as palavras em voz alta. De volta ao últimosemestre, quando ele, James, e o seu pai se encontraram no escritório do diretor paradebater as consequências do encontro de Petra com o Guardião, Merlin os alertara que abatalha de Petra poderia não ter realmente acabado.— Não ache que, apesar de suas ações — dissera com gravidade —, ela não deitaráacordada em noites frias e solitárias, desejando desesperadamente por seus pais já mortos,e se perguntando se naquela noite crucial na Câmara Secreta, tomou a decisão incorreta.Agora, se qualquer coisa do que James estava lendo na história do sonho de Petra fosseverdade, ele sabia que ela de fato se perguntara estas mesmas coisas. Segundo a história, elaainda era assombrada com os eventos daquela noite, e subsequentemente vira o rosto desua mãe na superfície do lago da Fazenda Morganstern, depois dela, Petra, ter deixado cairuma carga inexplicável de aranhas mortas nele. As aranhas haviam funcionado como um

minúsculo sacrifício, dando a Petra mais um vislumbre passageiro do que ela perdera naCâmara Secreta.De algum modo, incrivelmente, Petra parecia possuir o poder de recriar o contratomedonho do Guardião, só que dessa vez sem nenhuma interferência externa. Mesmo assim,se a história do sonho fosse exata, até então ela não teve conscientemente a intenção desacrificar Isa em ordem de reaver sua mãe dos mortos. Ela só tinha a intenção de oferecerao lago um pouco do sangue de Isa, em ordem de simplesmente falar com a visão da mãe eouvir a sua orientação. Mas aí, aparentemente, as coisas deram muito errado, e a vozhorrenda de Voldemort tirou proveito disso, impulsionando Petra a cometer o ato que elapretendia ter cometido na Câmara Secreta: o assassinato de outro ser humano.James estava aturdido, não tanto pelo poder da história, mas sim pela perguntaperturbante: quanto dessa história é verdade? Ele se recordou do pequeno trecho daconversa de Petra e Merlin que ele e os Malignos ouviram pelas Orelhas Extensíveis de Ted.Nela, Petra se referira ao sonho, comentando que ele era um lembrete que uma decisãopode ter monumentais repercussões. Então onde, na história do sonho, isso parou derefletir o que realmente aconteceu naquela noite? Quanto dessa história era real, e quantoera um simples pesadelo singelo? Obviamente, Isa sobreviveu àquela noite, embora elanunca ter realmente caído no lago ou porque Petra conseguira de alguma maneira resgatá76la. Mas como? James franziu a testa e curvou-se para as páginas novamente, continuando aler.Olho novamente para a água. Não posso mais ver Isa, mas uma figura está se erguendo docentro do lago. Posso ver, mesmo em silhueta, que é a forma que eu tanto ansiava para ver.Minha mãe surge na superfície do lago. Ela começa a andar até mim, seus braços estendidos,e mesmo assim estou despedaçada. Isa não pode morrer! Balanço a cabeça e olho dentro daágua, tentando encontrá-la com os meus pensamentos. Minha varinha está quebrada. Nãolembro mais como fazer magia sem ela, mas devo tentar. Eu levanto os meus braços sobre a

cabeça, fecho os olhos e me concentro.“O que você está fazendo?” a voz dentro de mim pergunta.— Você está certo — respondo, o mais firme que posso. — Ninguém está vindo. Eu estousendo a voz do bem. Eu mesmo estou escolhendo... — Forço a figura de minha mãe para forade minha mente. Foco-me em encontrar Isa.“Não seja idiota!” A voz está ficando irritada. “Você pensou que tinha mudado o curso dodestino, e mesmo assim aqui está você agora. Você apenas adiou o inevitável.”Não consigo sentir Isa nas profundezas do lago, mas algo está escondido na escuridão. Fazmuito tempo desde que movi algo sem a varinha, mas descubro que o poder ainda está ali;enterrado, mas não esquecido. Direciono toda a minha energia ao objeto abaixo.Algo na água começa a se mover... algo grande. Como resultado, a figura de minha mãelentamente começa a afundar.“Você não é a única com poderes à sua disposição...” A voz irrita-se comigo. “Eu sou você, evocê sou eu. Você não pode escolher a luz enquanto eu escolho a escuridão.”Minha mão esquerda fica subitamente gelada. Filamentos de gelo se estendem dela para olago na direção da figura afundando de minha mãe, formando uma estreita extensão de gelopálido. Ela se ergue novamente à superfície e anda até mim na ponte de gelo. Meu poderestá dividido e enfraquecido. Não consigo manter o meu aperto no grande objeto na água.“Renda-se!” a voz ordena. “O bem é um mito! Tudo o que importa é o poder. Abrace o seudestino ou morra lutando contra ele. Você não é boa. Não há nada disso.”Olho para o rosto de minha mãe. Tudo o que tenho de fazer e estender o braço e pegar a suamão.E então eu percebo que não me importo.— O bem é apenas um mito se as pessoas boas pararem de acreditar nele — falo em vozalta. — Posso não ser boa, mas também não sou má. As decisões que tomo são todas minhase de mais ninguém. — Sinto calor me sobrepor. Minha mão não está mais fria. Fecho osolhos, concentro-me e o objeto de minha atenção começa mais uma vez a se erguer na

superfície do lago. Vejo a água elevar-se em fervura, a princípio lentamente e então comgrande velocidade. Com um barulho de água caindo, o velho mirante sai do lago, retornandoà sua posição original na ponta do dique. Está encharcado e entupido de algas, mascompletamente reconhecível. E deitada no centro do chão apodrecido está Isa.Corro até ela, ajoelho-me ao seu lado, e tiro o cabelo molhado de seu rosto. Os olhos delaestão fechados e ela não está respirando.— Isa — sussurro perto de sua orelha. — Eu consegui! Eu fiz a escolha certa, Isa.Ela não se mexe. Olho para o seu rosto pálido e toco sua testa.— Por favor, não morra, Isa — imploro. — Por favor... — Fecho meus olhos e lanço minhamente ao pequeno corpo de Isa. Senti colar dentro de sua alma, mas ela não responde. Ela77perdeu a esperança e está definhando. Não posso desistir... não irei desistir... sinto lágrimasno meu rosto e tento de novo.Volta, Isa, imploro em silêncio, falando diretamente àquela pequena fagulha de sua vida. Porfavor, volta.Não há resposta. Os olhos de Isa não fizeram muito mais do que girar. Começo a entrar empânico.— Não se vá, Isa, eu preciso de você. Você é tudo o que me restou. Não era para terminarassim. Não pode terminar assim. O bem ganhará no fim. Tem que ganhar... — Seguro minhairmã nos meus braços e sacudo-a para frente e para trás, procurando aquela fagulha. —Não... Não, Isa... Não se vá. Não me deixe sozinha...Abro os meus olhos e olho para o rosto de minha irmã...Aqui, a história de Petra parou com um espaço de várias linhas. James olhou para o espaçoem branco, mas ele estava inteiramente em branco. Petra começou a continuar a históriamais três vezes, e então rabiscou os resultados, violenta e completamente, destruindo asformas da sua caligrafia limpa. A pena pingara, deixando borrões pretos e imperfeitos nopergaminho. Finalmente, muito mais asperamente, a história de Petra continuou:Isa permaneceu na escuridão do mirante, fria e imóvel. A faísca de sua vida se foi. Isa estavamorta. Assim como o mirante é morto. Morta como as suas bonecas, no quarto da casa da

fazenda. Isa está morta e eu sou aquela que a matou.“Não,” eu insisto. Não pode acabar assim! Eu fiz a escolha certa! Eu lutei contra os desejosmais sombrios da minha alma, e eu os venci, tudo por mim mesma, sem a ajuda de nenhumfator externo, eu escolhi o bem, o bem está em dívida comigo!“Não...,” eu disse outra vez, elevando minha voz, “não é assim que deveria acontecer. Vocêdeveria estar viva! Não é assim que a história acaba!” Minha voz está se elevando tanto emforça quanto em volume. Eu fiquei olhando para a patética imagem abaixo de mim,recusando-se a acreditar no que vejo. O corpo de Isa permaneceu no chão do mirante,encharcado e mole, sujo sobre as tábuas podres.“Não!” Eu gritei agora, pegando o pegando o pequeno corpo em meus braços. “Não!”“Sim!” a voz na parte de trás da minha mente mandava friamente. “Você não pode lutarcontra seu destino. Você tentou na câmara secreta, e tentou esta noite, e então... a fatalidadeprevalece! Você e eu somos um! Ceda a suas forças. Entre nos caminhos que você abriu. Étarde demais para voltar atrás agora. Tudo o que resta é poder, mas isto não é uma coisaruim. Com o tempo, você irá aceitar o que aconteceu aqui esta noite. Com o tempo, você iráse alegrar com isto, pois isto fez você ser quem você é, quem você desejava ser desde oinício. Não lute mais contra isso. Você está cansada de lutar, não está? Agora, no fim, você vêque esta luta é sempre inútil. Lutar contra o seu destino apenas destrói você, e todosaqueles que você ama. Aceite isto agora. Aceite isto, e possivelmente o destino irárecompensar você. Depois de tudo, o caminho do poder tem muitos, muitos benefícios...”Eu escutei a voz. Eu sou impotente para ela. Pela primeira vez eu escuto e não discuto comela. A voz está certa. Não devo lutar contra meu destino. O que aconteceu tinha queacontecer, na Câmara Secreta não foi possível impedir, apenas adiar. E não ganhei nadaescolhendo o bem, apenas aumentou o preço do que eu tinha que pagar inevitavelmente.Agora, Isa está morta, e o bem foi aniquilado. A voz está certa. Tudo o que resta é o caminhodo poder.78

Eu fiquei de pé devagar, levantando o corpo claro da minha irmã assassinada. Eu ireisepulta-la nos bosques, sob o marco que a representa. E ali irei deixa-la.Não sei aonde vou nem o que fazer, mas tenho um forte sentimento de que essas coisas irãocuidar de si mesmas. De repente, é quase como se eu estivesse de passagem em minhaprópria mente. Meu corpo parece mover-se por conta própria, levando-me para trás aolongo do cais, o corpo frio da minha irmã pingando água do lago em meus braços. Estoucontente em ceder. É tão difícil lutar, tão difícil pensar. O destino me chamou, e estou felizpor entregar o controle a ele. O que resta agora pra lutar de qualquer modo?Na escuridão, com vista para o lago, a grande árvore velha permanece no campo do VovôWarren, suas folhas farfalhando como um milhão de vozes.Às vezes, eu ainda posso ouvir essas vozes. Mesmo quando eu estou acordada.James deixou a última página cair no pequeno feixe de pergaminhos. Ele estava tremendo esua testa estava pontilhada com gotas de suor no escuro confim no beliche de cima. Suamente corria enquanto considerava as notáveis implicações inexplicáveis da história.Se algo daquilo fosse realmente verdade, então como Petra realizou a magia? Na história,ela admitiu que quebrara a própria varinha por motivos que James não podia começar aimaginar. Então como ela realizou uma façanha tão incrível quanto levitar um miranteafundado há muito tempo para fora do lago? Obviamente, aquela parte simplesmente nãopodia ter realmente acontecido. Mas aí James se lembrou dos eventos daquela mesmamanhã, lembrou como Petra simplesmente fechou os olhos, como se estivesse numpensamento profundo, e depois, uns minutos depois, como a corrente da couraça deHenrietta se realocara magicamente ao navio, permitindo-os escapar da armadilha dospiratas.James tentou lembrar se Petra estava com a varinha à mão na hora e percebeu que ele nãopodia. Sinceramente, ele não podia lembrar ter visto a varinha de Petra uma vez sequerdesde a sua chegada à casa dos Potter, meses atrás. Mas aquilo era simplesmente loucura,

não era? Nenhum bruxo ou bruxa poderia fazer magia sem sua varinha, pelo menos nãoalgo específico ou significativo. Tinha que haver uma explicação razoável para isso, e Jamestinha uma forte sensação que tudo isso se revolvia em volta da pergunta de que partes dahistória do sonho de Petra eram verdadeiras e que partes eram só isso: um sonho.Eu acho que ela me pede para vir, porque ela precisa de mim aqui para provar que ossonhos não são verdadeiros, dissera Isa na noite anterior, enquanto Petra ainda estavaescrevendo. Ela precisa de mim aqui para provar que eu ainda estou viva.Na memória de James, as palavras de Isa se misturaram com aquelas da professoraTrelawney, a horrível profecia que ela fez na manhã em que ele deixou Hogwarts: Osdestinos estão alinhados. Cairá a noite e, a partir de então, não haverá amanhecer, nenhumamanhecer, exceto o amanhecer do fogo perpétuo...Estranha e comovedoramente, James sentiu uma profunda sensação de medo e ruína. Issose apoderou dele como uma mortalha, quase como o manto de um dementador. Ele sacudiua si, e depois, quase desesperado, tocou novamente nos pergaminhos com a varinha,fechando-os mais uma vez no pacote uniforme e homogêneo, ocultando as palavras dePetra, cortando a voz da Professora Trelawney na sua memória.Comprimiu o pacote de pergaminho em baixo do travesseiro e pulou para o chão, famintopor luz e pelas sensatas tagarelices dos seus amigos e família. Ele quase bateu a porta ao seuquarto de estada enquanto entrava no estreito caminho, indo para o corredor. Ralf e Lúcia79estariam lá, assim como Alvo e Lílian, seus pais, Neville Longbottom e o resto. O que Jamesmais queria era contar para alguém o que lera, mas naturalmente ele não podia. Eleprometeu a Petra que guardaria o seu segredo.Podia ser que ela também estivesse no corredor. Talvez ele pudesse falar com ela eperguntá-la sobre o que havia na história do sonho, descobrir quanto da história eraverdade e quanto (esperançosamente a maior parte!) era simplesmente um sonho. Derepente, ele queria fazer aquilo mais do que qualquer outra coisa.

Mas Petra não estava no corredor. Um rápido olhar ao redor no convés e as estreitaspassagens não revelavam sinais dela ou de Isa. Aparentemente elas ainda estavam na cama.Mais tarde, porém, James se perguntaria o contrário.O dia seguinte amanheceu radiante e enevoado, ainda como um túmulo. O oceano estavaquase plano, sem muita brisa para incomodá-lo, de forma que o sulco do Gwyndemere sealargava como uma estrada atrás dele, estendendo-se à vislumbrante distância. Henriettaavançava rigorosamente, sua grande cabeça escamosa ocasionalmente quebrando asuperfície e arremessando leques d’água por toda volta.— A zona de quietude — Barstow explicou para James, Ralf e Lúcia após o café da manhã.Os quatro estavam na proa, observando outro oficial operar a vara direcional na cadeira delatão. — Tecnicamente, é onde algumas correntes imensas do Atlântico se encontram erompem uma à outra, fazendo um tipo de espaço morto no meio do oceano. Porém é maisque isso se você perguntar para um velho velejador como eu. É um lugar amaldiçoado. SeDavy Jones realmente tem um baú, ele está bem abaixo dos nossos pés, a quilômetros dedistância, na calma escuridão nas profundezas mais profundas.— Coisa animadora, essa — comentou Ralf, balançando a cabeça.— É muito esquisito quando você pensa assim — disse Lúcia, encostando na grade eolhando para a sombra do navio na agitada água inerte. — É quase como se estivéssemosflutuando numa nuvem, no alto sobre uma paisagem esquisita e oculta. Quem sabe quaiscriaturas selvagens vivem lá em baixo, sem mesmo saber que há uma superfície, muitomenos navios mágicos que podem correr acima dela, assentados na divisa misteriosa entreo ar acima e o mundo secreto abaixo. Põe as coisas em perspectiva, de uma maneira, nãoacham?Merlin se aproximou com Harry, Neville Longbottom e Percy Weasley. O diretor sorriufracamente para Lúcia mas não disse nada.— Então — falou James, olhando entre os três homens —, onde é que vocês estavam ontemde manhã quando nós estávamos sendo esmagados entre três navios pirata como uma noznum gigante quebra-nozes?

— Estávamos no convés inferior, como fomos instruídos — disse Merlin suavemente, aindafazendo aquele estranho sorriso pequeno. — Você deve entender: estamos no mar. Aqui, apalavra do capitão é lei. Como adultos, nós estamos no hábito de obedecer a lei.James sacudiu a cabeça.— Vocês teriam sido de grande ajuda se não tivéssemos consertado a couraça de Henriettano último segundo. Seríamos pegos por piratas, e aí quem sabe o que teria acontecido?80— Destinos piores sucederam a pessoas no alto mar, James — respondeu Neville, dando umtapinha no ombro do menino. — Eu suspeito que tudo teria ficado bem, não importa o queaconteça. Afinal, dificilmente estamos levando um carregamento de galeões para o BancoMundial Bruxo em Nova Amsterdã, não é? — Ele piscou os olhos e virou de lado para Harry.— Não é?Percy balançou a cabeça.— Eu lhe garanto, James, e ao resto de vocês, que tudo sempre esteve sob controle.James se encostou na grade ao lado de Lúcia.— Certamente não pareceu isso quando sobre passamos aquele último navio pirata,quebrando seus mastros como pinos de boliche — murmurou. — mas se está dizendo...— Então do que você acha que aqueles piratas estavam atrás? — perguntou Lúciadiscretamente enquanto os adultos serpenteavam longe, conversando em voz alta.— Bem, podemos ter certeza que não era para nos perguntar se queríamos tomar chá combiscoitos — James disse sombriamente. — O próprio Barstow pareceu bastante surpresocom isso. Pareceu dizer que era bastante incomum tantos piratas trabalharem juntos devez. Aposto com você um galeão que o meu pai, Merlin, o Professor Longbottom e o restodos adultos sabem muito mais sobre isso do que deixam perceber.— Bem, é o trabalho deles, eu acho — suspirou Ralf. — E isso resulta favorável. — Numavoz diferente, acrescentou: — Ouvi que vamos ancorar na América amanhã, na hora do chá!Mal posso esperar, e vocês?Lúcia assentiu.— Estou pronta para pisar em terra firme novamente mesmo se não for minha casa.

— Vocês amarão os Estados Unidos — falou Ralf, confiante. — É totalmente incrível lá. Umamaneira diferente, especialmente nas cidades. Você pode conseguir comida de todo omundo em quase todo canto. E lá tem Pé-Grandes, magia nativo-americana antiga e várioslugares incríveis bruxos. Tem até uma montanha de cristal que você não vê-la até vocêacertar o nariz nela. Até os trouxas contaram histórias sobre ela, pelo menos até aAdministração Americana de Magia torná-la ilocalizável cem anos atrás aproximadamente.— Bah — resmungou Alvo amuadamente, pagando pra ver e se estatelando num bancoincorporado na grade. — Nada disso será mais legal que o Beco Diagonal ou Hogsmeade.Quem precisa de uma estúpida montanha de cristal velha? E para que serve um Pé-Grande?— Eu acho que eles preferem o termo “homem-das-neves” — disse Lúcia cuidadosamente.— Ou Pés-Grandes, mesmo que pareça um pouco estranho gramaticalmente.— Esses macacos estúpidos não sabem nem falar — queixou-se Alvo. — Podem começar medizendo como chamá-los quando puderem dizer isso em inglês claro.— Isso é um pouco especista — comentou Lúcia, mas sem muita convicção. — O que foi quete colocou nesse humor?Alvo revirou os olhos.— Mamãe só gritou comigo por ficar gritando no corredor. Eu, Lílian e Molly. Só estávamosjogando Arranques e Brocas. Eu não vejo nada demais.— Você estava jogando Arranques e Brocas com Lílian e Molly? — disse Ralf, franzindo atesta. — Mas elas nem estão na escola ainda. Elas ao menos têm varinhas?James sorriu tristemente.— A atitude de Alvo para com as regras é bem ruim. Ele pegou para as garotas umasvarinhas de brinquedo baratas do Bazar Gorleone da última vez que fomos no Beco81Diagonal e ele ensinou elas levitação básica, só para que tivesse alguém para jogarArranques que ele pudesse de fato ganhar.— Eu ganhei de você da última vez que jogamos — opôs-se Alvo, levantando assobrancelhas desafiadoramente. — Não finja que não.— É porque você continuou jogando depois de mamãe nos chamar para o almoço e eu

desci! — gritou James, lançando as mãos no ar.— Não é contra as regras, é? — respondeu Alvo calmamente. — Quer dizer, eu poderia tersó alegado que você deu por vencido. Eu lhe deixei no benefício da dúvida. — Para Ralf, elesorriu e acrescentou: — Ganhei, duzentos e setenta e oito a cinco.— De qualquer modo, você não pode jogar Arranques direito num corredor mais estreitoque os corredores do convés inferior — falou Lúcia, encostando-se de volta na grade. —Mas, além disso, por que sua mãe se importaria? Não é como se alguma pessoa estivesseadormecida nem nada.Alvo deu de ombros, agora entediado com o assunto.— Aparentemente Petra não está se sentindo bem. Ela está enjoada do mar ou coisaparecida. Ela e Isa estão na cabine descansando. Estamos pelo menos a duas portas abaixodelas.— Petra está doente? — James tentou esclarecer, olhando para o irmão. — Mesmo?— Você parece surpreso — falou Ralf. — Várias pessoas ficam doentes em barcos. Estousurpreso por eu não estar também.— Você ainda tem mais um dia — comentou Lúcia sensatamente. Ralf assentiu.— Estou um pouco surpreso mesmo — disse James, franzindo a testa. — Petra apenas não édo tipo de enjoar com o mar.— Então talvez não seja enjoo do mar — exclamou Alvo, irritado. — Talvez ela tenharaquitismo. Ou escorbuto. De que importa? Amanhã à noite ela vai estar bem, não vai?Ralf assentiu pensativamente.— Barstow diz que marinheiros são chamados de “limoeiros” porque comer limões,laranjas e essas coisas são um bom modo para evitarem ser contagiados com raquitismo noalto mar, por algum motivo. Petra esteve comendo limões?— Ela não tem raquitismo, idiota — disse Lúcia, sacudindo a cabeça.— Aposto que tem alguns limões na sala de jantar — falou Alvo, animando-se. —Poderíamos levar um pouco para ela. Vocês querem ajudar?— Que tal deixá-la sozinha, como mamãe disse? — perguntou James, levantando um poucoa voz. — Lúcia tem razão. O que quer que ela tenha, limões não vão ajeitar as coisas. Sópodemos deixá-la melhorar.— Ah, está certo — disse Alvo, revirando os olhos novamente. — Treus tem que cuidar da

sua querida Astra. Como pude esquecer? A propósito, ela já professou seu “profundo eduradouro amor” para você? Não? Ah, certo.James suspirou e sacudiu a cabeça. Estava acostumado aos nervos do irmão agora. Ele olhoupara a escada no meio do navio, perguntando se deveria descer e verificar Petra. Comrelutância, decidiu que não. Sua mãe tinha provavelmente razão. Se Petra não se sentia bem,o mais provável seria que o melhor a fazer era deixá-la sozinha. Petra pediria por ajuda seprecisasse.Naquela mesma tarde, porém, enquanto o céu abaixava e ficava em tons de cinza, James sesurpreendeu em ver Petra e Isa perambulando no convés. Ele viu as duas através do navio,ele na proa e elas no piso alto e inclinado da popa, passeando lentamente de mãos dadas.82Ele virou para a escada no meio do navio, tentando se mover o mais casual possível,esperando que elas subissem o outro lado do navio enquanto ele visava encontrá-las napopa. Ele não queria que parecesse que estava seguindo-as, embora fosse exatamente o queele estava fazendo.Na hora que ele chegou à popa, entretanto, nenhuma das garotas estava visível. Ele olhouem volta cuidadosamente, e aí voltou para olhar acima do comprimento do navio.Aparentemente, Petra e Isa voltaram para o convés inferior novamente. Ele franziu o cenhoe sacudiu a cabeça. Mais adiante ao navio, o céu estava tomando uma cor profunda e ferida,escurecendo e condensando-se. Era uma tempestade, assim como Barstow previra, e onavio parecia estar rumando diretamente para ela. Enquanto James pensava nisso, uma altabrisa puxou sobre o navio, passando pelo seu cabelo e entoando um queixume alto emomentâneo no cordame do navio. James estremeceu.Depois de um momento de meditação, ele rumou de volta para baixo, na popa, e para aescada. Não havia motivo em ficar no convés para uma tempestade se ele não tinha queficar.Mesmo se ela provavelmente fosse muito empolgante.— Certifiquem-se que todas as suas coisas estão bem amarradas — Barstow disse, parando

momentaneamente na entrada. — Incluindo vocês mesmos. Encontrem algo sólido para sesegurarem em cima, e façam isso. E também fiquem com um balde á mão. Acreditem ou não,vocês estão muito mais propensos a enjoo do mar no convés inferior, onde não podem veras ondas. E depois haverá sujeira suficiente para limparmos a borda do navio mais tardesem termos que nos preocupar com qualquer sujeira aqui, se me entendem.James se sentou ao lado de Molly e Lúcia num pequeno banco nos aposentos do capitão,perto da margem das curvas janelas da popa.— Bem, pelo menos podemos observar daqui — disse sombriamente. — Se quisermos.Ralf sacudiu a cabeça.— Eu nunca vi o céu daquela cor. Não pode ser natural.— O mar está muito calmo — concordou Lúcia, inclinando-se na luz roxa-acizentada dajanela. — Aquelas parecem mais as Montanhas Escocesas do que ondas.James observou pela janela perto dela e viu que era verdade. Intactas por qualquercontorno da costa, as ondas cresciam a alturas quase geológicas. Num momento, a vista dooutro lado da janela pareceu se dirigir para baixo de um alto pico, contemplando do alto umvale de contrafortes de lama com o topo branco. No momento seguinte, o navio caia nasombra daquele vale, enterrado numa vala de água dura como aço e cercado por montanhasoceânicas em marcha. O estômago de James se revirou com o movimento das ondas edesviou o olhar novamente, de volta ao confortável confim dos aposentos do capitão.Lanternas balançavam no teto e ferramentas rolavam pra trás e pra frente na mesa,atingindo os parapeitos baixos que cercavam sua superfície.— James — disse sua mãe, do outro lado do quarto. Lílian sentada em seu colo, encostandoseconfortavelmente no ombro da mãe. Gina olhou atenciosamente para seu filho. — Vocêfechou o meu baú e amarrou-o quando foi buscar os suéteres?83James suspirou com cautela.— Não sei, mãe. Claro, acho que sim.— “Acho que sim” não é bom o bastante, James — disse Gina com severidade. Ela estavanervosa, James sabia, e nervosismo a deixava estridente. — Eu tenho uma coleção inteira de

xampu, perfume e frascos de creme para as mãos ali, sem mencionar a mala de poções doseu pai. Se aquilo cair, causará uma confusão sem fim, e se aquelas poções do seu paiquebrarem...— Vai ficar tudo bem, mãe, pare de se preocupar — respondeu James.— Vá, James — disse seu pai, de onde estava de pé ao lado de Merlin na mesa do capitão. —Corra antes que as ondas fiquem piores. E me traga de volta aquela maçã no criado-mudo,se puder.— Ugh — comentou Audrey, abraçando Percy de onde eles se sentavam numa mesa escurano canto. — Como você pode comer numa hora dessas?— Eu estou com fome. — Harry deu de ombros enquanto James passava por ele. — EJames...James parou no vão da porta, segurando-se na ombreira da porta para continuarequilibrando no chão balançante.— Sim, pai?— Deixe a minha Capa da Invisibilidade no baú quando fechá-lo, hein? — falou Harry,assentindo e sorrindo um pouco curvo.James sacudiu a cabeça cansativamente, mas Alvo riu alto no quarto.O corredor estreito parecia inclinar de um lado ao outro enquanto James se manobravanele. As escadas no fim da passagem estavam iluminadas com luz oscilante da janela naporta acima. James tropeçou no quarto de estada dos pais e viu que ele tinha, na verdade,deixado o baú aberto e solto na pequena mesa no lado da cama. Ele fechou a tampa até tinire puxou as alças de couro sobre ele, laçando-as num par de ganchos de metal presos à mesa,que ela mesma era parafusada ao chão. Ele deu um rápida olhada em volta e viu a maçã queseu pai pedira. Ela rolava para frente e para trás numa tigela no criado-mudo. Pegando-a,James virou e balançou-se de volta à porta do quarto de estada. Ele sentiu como se estivesseescalando um morro. Um momento depois, tropeçou na porta e colidiu na parede docorredor enquanto o morro invertia, rolando-o para baixo. Olhou para a maçã na sua mão egemeu, vendo que a esmagara com severidade na parede apainelada.Uma rajada de ar zuniu pelo corredor, trazendo névoa do mar e o barulho das ondas comela. James olhou para o lado, às escadas do corredor, e viu que a porta acima delas havia

sido empurrada, mostrando baixas nuvens de tempestade que se erguiam. A silhueta deuma figura apareceu na luz, e James viu, com alguma surpresa, que era Petra. Enquantoobservava, ela saiu, deixando a porta bater com o vento atrás dela num baque. Rapidamentee sem pensar, ele a seguiu.O vento abriu a porta no momento que ele manuseou o trinco com o polegar, quasearrancando-o da sua mão. A voz dos marinheiros gritavam escassamente sob o barulho dasondas, o zunido do vento e os outros gemidos chiantes do navio. Névoa soprou sobre oconvés inferior como areia, passando fortemente por ele e fazendo James semicerrar osolhos enquanto olhava ao seu redor, examinando a estreita passagem no meio do navio comesperanças de achar Petra. Ele finalmente a viu, subindo-se serenamente para a popa, seuvestido açoitando nas suas pernas e uma capa agitando nos seus ombros.84James passou pela porta e a direção do vento mudou, agora sugando-a para trás tão forteque ele pensou que a janela de vidro posta nela pudesse quebrar. Não quebrou, felizmente.James curvou os ombros e se moveu o mais rápido que pôde pela passagem na direção daescadaria da popa, seguindo Petra.Incrivelmente, ele a encontrou encostada na alta grade da popa, seus antebraços cruzadosna sua frente, como se pensasse profundamente. Ele se aproximou dela, chamando o seunome.Ela olhou para ele sobre o ombro, e sorriu palidamente. Seu cabelo escuro voava e açoitavano seu rosto.— Oi, James — ela falou, levantando sua voz para um tom mais alto que o vento. Ela virounovamente para o oceano adiante.— O que você está fazendo aqui em cima, Petra? — perguntou James, andando para o seulado e segurando a grade para suporte. — Você devia estar lá em baixo, com o resto de nós.— Você leu? — respondeu Petra, ignorando a pergunta de James.James assentiu.— Sim! Eu já li. Li na noite passada, mas não pude te encontrar quando acabei. Queria falarcom você a respeito, mas...

— Estou feliz por você ter lido — falou ela, ainda estudando as ondas monstruosas depoisda grade. — É importante que mais alguém saiba a verdade.James olhou de lado para ela. Ele sabia que devia levá-la para o convés inferior, mas nãopôde refrear a si mesmo de fazer a pergunta sobre a qual tivera tanta curiosidade, aindamais agora que ela a trouxe à tona.— Qual é a verdade, Petra? — perguntou, inclinando-se para frente. Algo reluziu fracamentena capa de Petra e James viu que era um broche de opala. Ela só tinha começado a usá-lorecentemente, e James só podia supor que tinha algum significado especial para ela. — Qualparte da história do seu sonho realmente aconteceu? Qual parte é verdade?Petra olhou para ele, suas sobrancelhas levantadas levemente.— Ora, tudo, James. Tudo é verdade.James sacudiu a cabeça, franzindo o cenho no vento nevoento.— Isso nem começa a fazer sentido! Digo, na história, Isa morre! Ela está lá embaixo agora,mais viva do que nunca. Deveríamos estar lá também. Vamos!Petra não se moveu.— Ah, Isa morreu e ponto. Eu a matei. Só porque não aconteceu nessa vida, não significaque não aconteceu. Entenda, James, estou doente.James olhou de volta para o pesado navio ondulante. Ondas se elevavam ao seu redor,atirando-o nas suas maciças sombras. Homens se agarravam nos cordames, segurando asvelas. Mais adiante, pouco visível na névoa agitada, Barstow se sentava abaixado na cadeirade latão, lutando com a vara direcional, virando Henrietta nas ondas.— Eu sei — James disse. — Minha mãe contou que você estava enjoada do mar. Ficar aquiem cima não vai ajudar.— Eu não estou com enjoo do mar, James — respondeu Petra com suavidade. — Não temnada a ver com o mar. Ou talvez tenha tudo a ver com o mar. Só é tão... morto aqui. Morto nomeio de tudo, tão longe de casa; da vida, das pessoas e o barulho de viver. Aqui, não hádistrações do sonho. Aqui, o sonho é simplesmente mais real que a realidade. Não há nadaque eu possa fazer para excluir isso.85James estava ficando assustado, tanto pela tempestade quanto pelas palavras estranhas dePetra.

— Vamos descer para o convés inferior, Petra — disse, tocando o cotovelo da garota. —Podemos falar mais sobre isso lá embaixo. Você pode me dizer o que realmente aconteceuna noite que tirou Isa de dentro do lago. Tudo bem?Petra olhou para ele novamente, seus olhos radiantes, examinando-o. Ela suspirouprofundamente.— Isa sobreviveu. Foi isso que aconteceu. É o que me lembro, pelo menos. E tem que serverdade, não é? Como você disse, Isa está aqui conosco, viva e bem. Ela sobreviveu. Minhamãe caiu de volta na água quando eu tirei Isa do lago, carregando-a do mirante afundado.Eu traí a ressureição da minha mãe para salvar minha irmã, e estou feliz por isso. Era acoisa certa a ser feita e eu nunca vou lutar com esse trato horrível e horrendo de novo. Mas,sim, eu sacrifiquei alguém para o lago. Dificilmente alguém sabe disso. Damien, Sabrina eTed. Eles viram o que aconteceu. Mas o que eles não sabem é que fizemos isso juntas, Isa eeu. Sacrificamos Fílis, a própria mãe de Isa, ao lago. Mandamos a Árvore dos Desejos atrásdela, a fizemos carregá-la para a água, Isa e eu juntas, porque Fílis não merecia viver, nãodepois do que ela fez com Isa. Não depois... do Vovô Warren...James franziu o cenho para Petra e sacudiu a cabeça.— Eu não entendo! — gritou. A tempestade apanhou suas palavras e as atirou nas ondas. —Nem ao menos pode ser verdade! Isa nem mesmo é uma bruxa! Ela é uma trouxa, Petra! Elanão pode executar magia.Petra sacudiu a cabeça lentamente, distraída.— Ela não é uma trouxa. Ela é uma confusa. Ela foi pega bem no meio. Assim como eu.James agora pegou Petra pelo braço, puxando-a para as escadas.— Conte mais no convés inferior, tudo bem? Você vai ficar bem. Tudo vai ficar bem. Sóvenha comigo, certo?Petra ainda estava sacudindo a cabeça.— Nada vai ficar bem — falou, aumentando o tom da voz e titubeando ao falar. James estavaassombrado para perceber que ela tinha medo, quase a ponto de chorar. — Nada mesmo vaificar bem. Não está vendo? Eu não mudei o trato. Só mudei as condições. Eu não sacrifiqueiLílian ou Isa. Eu sacrifiquei Fílis, com a ajuda de Isa. Por causa disso, eu não consegui ter

minha mãe de volta. Mas eu consegui alguma coisa. Sinto isso. Algo... alguém... saiu do lago.Pensei que podia escapar dela, mas não posso. O sonho está vindo dela, como um venenolento. Eu fiz ela regressar, e agora... e agora...— Petra! — falou James, sacudindo-a e fazendo-a olhar para ele. — Temos que desceragora! A tempestade! Podemos falar sobre isso depois, certo? Não entendo o que você estádizendo, mas não importa agora. Você tem que descer e ficar com Isa! Ela precisa de você!Aquilo pareceu chamar a atenção de Petra. Ela piscou para ele, como se saísse de um transetenro. Ela assentiu.— Você tem razão, James. Naturalmente. Desculpe-me. Vamos.James assentiu em alívio. Pegando a mão de Petra, ele virou e começou a levá-la para aescada no meio do navio.Um ribombo de trovão rompeu no céu acima e um raio cegante acertou o mastro perto dapopa, dividindo-o em dois. Cordas se soltaram com um estouro com uma série de altosruídos metálicos e o mastro começou a tombar, provocando ruídos e balançando para oslados. James observou terror, inclinando-se e puxando Petra com ele, mas não havia nada86que ele pudesse fazer. O mastro girou imprevisivelmente, ainda preso no cordame, e caiu noconvés com um estampido estremecente. Um dos braços do mastro passou raspando pelacabeça de James, esfregando seu cabelo. Um curto segundo depois, a mão de Petra foiarrancada da dele.— Petra! — gritou ele, recuando, os olhos desorbitados. A ponta do braço do mastroexpulsara Petra para fora do convés. O coração de James pulou para a garganta e ele sejogou para a grade da popa, seus pés escorregando no convés molhado. O mastro esmagaraparte da grade quando caiu nela. Agora, metade do mastro quebrado se projetou sobre asondas, pego numa rede de vela rasgada e cordame. Petra agarrou-se ao lado exterior dagrade, entrançada no cordame do mastro. Lentamente, o peso do mastro puxou-a da grade eela começou a soltar.James pulou para frente e pegou o braço de Petra justo quando ela escorregou, se soltando.

Ela segurou seu pulso enquanto decaia, puxando-o para frente de forma que ele por poucopassou a borda do navio. Lutou para se segurar na grade com uma mão enquanto Petrapendia na outra.— Petra! — ele gritou para ela. — Não posso segurar por muito mais tempo! Suba!— Estou presa! — ela gritou de volta, e James viu. O cordame ainda estava entrançado noseu tornozelo, amarrando-a ao mastro quebrado. Atrás de James, horrivelmente, umenorme estalido de lasca soou. O mastro mergulhou precipitadamente enquantodesaparecia mais longe do navio. Os cabos ressoaram quando se quebraram, e a ponta domastro lanceou as ondas, dobrando-se sob seu peso.— Use sua varinha! — chiou James para baixo, sua voz baixa no vento golpeante. — Corte oscabos com sua varinha!Petra se pendurava de uma mão molhada, escorregando lentamente enquanto o mastro aarrastava para as ondas montanhosas.— Eu não tenho varinha — falou, quase para si. Ela olhou para baixo, examinando o oceanotempestuoso abaixo, e então, subitamente, ofegou. — Meu broche! — gritou. Tateou a capafreneticamente com a mão livre, procurando-o. — O broche do meu pai! Cadê ele? Oh não!— Petra! — chamou James, levantando a voz o mais alto que podia. — Você tem que usarseus poderes! Aqueles que você usou na história do sonho! Corte os cabos com a sua mente!Faça isso agora! Rápido!Patra pareceu não ouvi-lo. O navio balançava horrivelmente enquanto as ondas se elevavamsobre ele, agora chegando ao convés. O céu ficou indistinto e oscilou acima. Tinha começadoa chover.— Solte-me, James — pediu Petra, levantando os olhos para ele. Eles estavam calmos eescuros na luz da tempestade.— O quê? — perguntou James, redobrando o aperto no pulso dela. Ela estava escorregandomais, e James percebeu que ela estava afrouxando seu aperto nele.Ela sacudiu a cabeça com fraqueza. Seu rosto pálido olhou gravemente para ele.— Solte-me. É como tem que acabar. Isso irá consertar tudo, equilibrar tudo de volta aonormal. Isso irá mandar os sonhos de volta para a água, onde é o lugar deles. Solte-me para

que eu possa me juntar ao broche do meu pai. É o único jeito. Solte-me.— Não posso fazer isso! — bradou James, lutando desesperadamente para manter o seuaperto no pulso de Petra. — Eu tenho que te salvar! Simplesmente não posso te soltar! Nãoposso!87— Você pode — falou Petra. Era um pedido. — James, se você se importa comigo, vocêpode. Você pode soltar.— Não! — berrou James, mas isso iria acontecer se ele quisesse ou não. O cordameentrançado no tornozelo de Petra estava puxando-a para baixo, rebocado pelo mastroquebrando que afundava nas ondas. Um rangido agourento soou atrás de James quando omastro começou a se romper, levando parte do convés com ele. A força da tempestade nãoqueria lutar. Ela queria Petra, e isso significava tê-la.Os dedos de Petra começaram a se soltar do pulso de James.— NÃO! — berrou James novamente, inclinando-se para frente, lutando para segurá-la,pânico correndo através do seu corpo. — Petra! Não!Ela soltou, e seus dedos escorregaram, fechados em volta de nada enquanto Petra seafastava, ainda olhando para ele, seu rosto calmo na escuridão raivosa.— AH! — gritou James involuntariamente quando algo profundo dentro dele puxou,horrível e repentinamente, quase puxando-o para a grade mais uma vez. Suas pálpebras seapertaram por causa da dor, exatamente como se ele se apoiasse na grade. Algo o puxava dedentro, como se uma corda corresse direto através dele e terminasse no seu estômago,ancorado lá por alguma poderosa força inabalável. Doía. — Ah! — gritou novamente, efinalmente abriu os olhos.Petra ainda estava balançando abaixo dele, mas muito mais baixa agora, de forma que asondas uivavam nas suas pernas e quadris. Ela olhou para cima na direção dele, seu rostochocado e com os olhos arregalados. Entre a mão dela e a dele, uma corda prata brilhantetremeluzia, fina como fio mas aparentemente muito forte. Tão forte, James sentia, que eraquase a ponto de ser inquebrável. Era magia, mas não como qualquer magia que James játivesse conhecido, ou ouvido falar. Era magia, profunda e poderosa, vindo de fora dele,

como uma corrente de eletricidade tão vasta e potente que podia matá-lo se não tivessecuidado. O fio prateado veio no centro da sua palma, tremeluzindo e zunindo. Ele oenvolveu com os dedos firmemente.Petra levantou a voz, gritando para ele contra o barulho da tempestade.— O que está fazendo?— Eu não sei! — James gritou de volta. — Mas acho que não posso parar! Você tem quesubir! Eu vou te puxar!— Eu não posso! — respondeu Petra. — Meu tornozelo ainda está preso! Vai puxar nós doispara baixo!Enquanto falava, o mastro estalava e se despedaçava mais longe. Com um rangido baixo echiado, ele começou a se afastar do navio, finalmente se soltando.— Use sua magia! — gritou James. — Como você fez na manhã passada! Quando vocêconsertou a corrente da couraça! Eu sei que foi você, assim como na história do sonho! Faça,Petra! Agora!Mais abaixo, Petra assentiu. Ela fechou os olhos enquanto as ondas se erguiam e caiam emtorno dela. Trovões e relâmpagos explodiam no céu, mas a corda de prata se manteve firme,conectando Petra e James, brilhando como fibra de luz estelar. Pouco audível debaixo dosuivos da tempestade, um som metálico de cabos se quebrando soou e Petra ficousubitamente mais clara, flutuando fora do alcance das ondas ressonantes. Com umestremecimento sustentado e um barulho monstruoso, o mastro se soltou do navio. Elebateu nas ondas debaixo de Petra, enviando para cima um dilúvio de água cinza. Petrabalançou quando começou a subir o fio tremeluzente, e James puxou-a para cima, surpreso88com sua própria força. Era como se poder fluísse para os seus braços do fio em si, e mesmoassim, isso puxava do seu centro, como se o fio se envolvera na sua própria alma. Pelo queele sabia, o fio se envolvera.Momentos depois, James ajudou Petra a escalar a grade quebrada. E caiu sobre ele,encharcada e exausta, e ele tropeçou para trás, mal podendo se segurar em pé.— O que, pelo nome do bendito tridente de Netuno, está acontecendo aqui? — uma voz

soou. Passos soaram no convés e mãos se agarraram em James e Petra, ajudando-os aficarem em pé. James não reconheceu os marinheiros, mas reconheceu o olhar de alarmeirritado nos seus rostos. Os marinheiros não viram o que aconteceu na parte traseira donavio. Eles só sabiam que um relâmpago acertou o mastro perto da popa, rompendo ejogando-o para o mar, e agora, acima de tudo, estava um casal de passageiros adolescentesbobeando no convés durante uma tempestade atlântica.— Vão para o convés inferior! — um dos marinheiros exclamou, apontando. — Ora, vocêsdois estão totalmente malucos? Vão!James assentiu, e então virou para olhar Petra. Ele ainda segurava sua mão, embora aestranha corda de prata parecesse ter enfraquecido até sumir. Ou simplesmente ficouinvisível.— Você está bem? — ele perguntou para ela.Ela não respondeu. Em vez disso, virou e olhou para trás, para as tempestuosas ondasretumbantes atrás da grade da popa.— Adeus, pai — ela disse numa voz fraca. Estremeceu e seus olhos estavam muito abertos,molhados com lágrimas exaustas. — Adeus. Me perdoe.89Capítulo 5NOVA AMSTERDÓEntão o que aconteceu lá mesmo?” Alvo perguntou discretamente.James deitou no beliche, fitando o teto. O navio ainda rangia ameaçadoramenteenquanto balançava, mas o pior da tempestade finalmente passara. O barulho dos passospodiam ser ouvidos do convés acima deles enquanto a tripulação tentava reparar o querestava do mastro da popa.“James?” Era Ralf dessa vez, no beliche do outro lado do quarto estreito. “Vocêadormeceu lá?”“Não.”“Então o que houve? O que realmente aconteceu?”James suspirou. “Aparentemente vocês viram muito das janelas da popa nosaposentos do capitão. Vocês me disseram.”“Rá,” riu Alvo zombeteiramente. “Nós dificilmente conseguimos ver algo antes deMerlim se envolver. Ouvimos o mastro cair e vimos os pedaços indo para os lados, e depois

vimos os pés de Petra pendurados, balançando para frente e para trás, com as cordasenroscadas neles. Mamãe soltou um grito, e foi quando Merlin se aproximou e apagou asluzes.”“Eu não entendo,” James disse, virando e olhando para Ralf no beliche oposto. “Porque ele fechou as cortinas?”90Ralf fez uma careta, pensativo. “Não foi o que ele fez. Ele veio á frente e ficou emfrente à janela, estendendo os braços, e ele disse algo naquela língua estranha dele; Celtaantigo, suponho. Rosa provavelmente saberia o que significava. A última coisa quepercebemos foi a janela ficar completamente preta, como se tivesse sido coberta com tintapreta. Eu acho que ele não queria que víssemos se Petra caísse. Digo, Isa estava lá, além detudo, Petra é irmã dela.”“Obrigado pela explicação,” James disse, suspirando.“Então conte para nós!” Alvo insistiu. “O que aconteceu?”James agitou a cabeça no travesseiro. “Ela caiu. É tudo. Um raio caiu no mastro natraseira do barco, perto de nós. Caiu e golpeou Petra no seu lado. Ela pendurou-se na gradeaté eu ir lá e pegá-la.”Alvo mudou de posição no beliche, chiando o fino colchão. “Em primeiro lugar, o queela estava fazendo no convés? Ela não sabia que vinha um maldito furação?”“Eu não sei,” James disse. Ele pretendia continuar, tentar explicar, mas a palavras nãoviriam. Em vez disso, ele deixou o silêncio se prolongar, contando sua própria história.“Vou lhe dizer uma coisa,” Alvo comentou, “ela tem estado muito estranha desde queapareceu em casa mais cedo nesse verão. O que quer que tenha acontecido na fazenda dosavós, parece que bateu em algumas corujas soltas no seu corujal, se você entende o que eudigo.”“Cale a boca, Al,” James disse. Ele sentiu o rosto esquentando, mas ele tentou nãodeixar isso parecer na voz. “Você não sabe nada sobre isso. Então basta ficar calado.”Ralf virou e descansou o queixo no antebraço, olhando profundamente o quartoescuro. “Bem, essa é a questão, certo? Dificilmente alguém sabe o que aconteceu lá. Digo,

tem Damian, Sabrina e Ted, mas com certeza não estão falando nada. Ordens de Merlim.Seja lá o que aconteceu, deve ter sido bem feio. Os avós de Petra acabaram mortos.”“Fílis não era a avó de Petra,” James anunciou sombriamente. “Ela só era a mulhercom quem o avô de Petra se casou, e ela era totalmente horrível. O que quer que tenhaacontecido, ela teve o que merecia.”A cama embaixo de James rangeu de novo enquanto Alvo se movia. Um momentodepois, a sua cabeça apareceu perto do beliche de James, fitando-o. “Você sabe de algo, nãosabe? Conte!”“Eu não sei de nada. Cale a boca e vá dormir, seu chato.”Alvo encarou-o com olhar crítico.Do outro lado do quarto, Ralf disse, “Eu não sei o que essa Fílis supunha fazer, masela era a mãe de Isa, pelo menos. Quero dizer, talvez haja um bom motivo, talvez não haja,mas é algo muito grosseiro dizer que morte era o que ela merecia.”“Bem, Petra não está em Askaban, está?” James respondeu, irritado. “Obviamente,seja lá o que aconteceu, ninguém está acusando-a disso.”“Ou ninguém pode provar que ela fez isso,” Alvo adicionou, ainda estudando o rostode James.James tirou o cobertor e empurrou Alvo de lado. Ele pulou agilmente ao chão e abriua porta, deixando a luz do corredor entrar.“Ei,” Ralf chamou, “onde você está indo?”“Para fora,” James respondeu, sem virar. “Isso é tudo. Não me siga.”91Ele fechou a porta e começou a andar pelo corredor estreito, irritado e confuso.Quando alcançou as escadas para o convés principal, virou para elas e subiu até a porta, queestava entreaberta, deixando entrar o ar da noite.O convés estava molhado sob os pés descalços de James. Ele olhou para a popa e viumembros da tripulação se orientando por lanternas, usando as varinhas para reparar o quesobrava do mastro. Suspirando, James virou-se à proa e subiu as escadas, contente com essefim do barco, pelo menos, parecia escuro e relativamente deserto.O oficial estava sentado numa cadeira de bronze direcional e cantarolando para simesmo, segurando um cachimbo entre os dentes. Entre as estrofes, o oficial tragava, e o

brilho alaranjado do fogo do cachimbo era a única luz a ser vista. James prosseguiu por trásdo oficial e andou até a grade, onde se apoiou. O oceano estava quase invisível na escuridão,apenas aparecendo as formas fantasmagóricas da espuma branca. Ondas golpeavam o cascodo navio enquanto Henrietta nadava implacavelmente adiante.Os pensamentos de James eram confusos. Os eventos da noite se tocavamrepetidamente na sua cabeça, mais estranhos e misteriosos a cada lembrança. As palavrasde Petra haviam sido assustadoras o bastante, mas elas eram fracas em comparação aopesadelo da caída do mastro e os horrores que haviam acontecido. Ele se recordou da suavoz convicta e triste quando ela disse para deixá-la ir, deixá-la cair no oceano, seguindo obroche misterioso perdido, como se fosse algo que ele podia, em um milhão de anos, deixaracontecer. Contudo, a pior parte de todas era aquele momento — aquele, num instantecristalino de perfeito entendimento — quando ele soube que Petra, a garota que ele amava,iria morrer.E então, para o maior choque de ninguém mais que o próprio, ele, James, haviaconjurado o misterioso fio prateado, aquele que tinha conectado-o a ela, salvando sua vidado alcance das ondas. Ontem à noite, Barstow havia dito que a tempestade que estava vindonão era como a tempestade em O Triunvirato. Essa não será qualquer tempestade mágica,ele disse, como a que por pouco ultrapassou o fabuloso Treus e sua tripulação. Agora, noentanto, James não podia ajudar apreciando.Passos soaram no convés molhado, próximos. James não olhou. Ele esperou quequem estivesse ali iria simplesmente passar por ele. Em vez disso, ele ouviu a figura seaproximando, sentiu o calor da pessoa enquanto se apoiava na grade perto dele, quaseinvisível na escuridão tempestuosa.“Você está bem?” uma voz perguntou discretamente. Era o seu pai.James suspirou profundamente. “Sim. Eu acho.”Juntos, eles observaram as formas errantes da espuma no mar, movendo comofantasmas nos lados do navio. Depois de um minuto, o seu pai falou novamente. “Você querme contar o que aconteceu?”

James pensou. Finalmente, ele disse, “Petra está doente, papai. Mas não está doentecomo mamãe acha. Ela não está bem. Nos pensamentos. Eu acho que... eu acho que ela subiuao convés hoje à noite... porque ela queria que algo acontecesse com ela.”Harry Potter confirmou com a cabeça lentamente. Os seus óculos reluziramsuavemente enquanto a lua finalmente se espreitou nas nuvens rasgadas. “Eu falei comMerlino sobre isso,” ele disse. “O diretor está... observando-a.”“Qual é o problema com ela?” James perguntou, olhando de lado ao pai. “Merlimsabe? Ela vai ficar bem?”92Harry virou a cabeça para James e sorriu levemente. “Vou lhe contar a verdade, filho.Eu não sei. Mas ela passou por coisas bem feias. Vai levar um tempo para ela trabalhar comtudo isso. Seja paciente. Seja amigo dela.”James suspirou novamente, desviando. “Eu nem sei como fazer isso. Sempre que eufalo com ela, eu fico... eu não sei...” Ele deu de ombros e balançou a cabeça.O sorriso de Harry se alargou um pouco e ele bateu em James com o ombro. “Eu seicomo você se sente, filho. Não se preocupe. As palavras virão quando elas precisarem. Comoelas fizeram hoje à noite.”“O que você quer dizer?” James perguntou, olhando de volta para o pai.Harry deu de ombros. “Eu ouvi você. Nós todos ouvimos. Nós ouvimos você pedindopara Petra descer enquanto ela estava pendurada atrás do navio, presa. Eu ouvi vocêfalando para ela o que tinha de fazer. Você convenceu-a. Você salvou a vida dela, James.”“Mas como, pai?” James perguntou, quase com ar suplicante. “Como ela fez isso?Como ela cortou as cordas só com o pensamento? Ela fez isso ontem de manhã também! Foiela que fixou o atrelamento por baixo do barco. Ela não usou a varinha! Ela não...” Jamesparou, percebendo que estava perto de quebrar sua promessa com Petra. Ele tinha juradonão contar para ninguém o segredo dela. “Ela não usou... uma varinha. Não mais, digo, nãoque eu tenha visto.”“Eu notei isso,” Harry respondeu calmamente. “Merlim sabe. Ele me contou um

pouco, mas não muito. Ele é um homem que mantém seu próprio conselho.”“Você pode me contar algo?”Harry balançou a cabeça. “Não por você não merecer saber, James, mas porque não fariasentido. Depois, talvez. Quando as coisas ficarem mais claras.”“É por isso que Merlim veio nessa viagem, então, não é?” James falou, fitando a face do pai.“O motivo real que ele veio foi ficar de olho em Petra. Não é?”Harry encontrou o olhar do filho. Ele sacudiu a cabeça bem fracamente. “Você tem umcérebro de auror, James,” ele disse seriamente. “Use-o bem. Use-o para se manter longe deproblemas. Eu sei como é difícil ouvir isso, mas ouça assim mesmo: agora, não há nada quevocê possa fazer por Petra senão ser amigo dela. Aconteça o que acontecer, será o que elamais precisará.”“O que vai acontecer?” James perguntou, sem quebrar o olhar com o pai. “O que você sabe?”“Eu sei que você tem dificuldade em entender que o peso do mundo não é seu parasuportar,” Harry disse, com carinhoso cansaço. Ele sorriu astutamente. “Mas você lida comisso honestamente, então não posso culpá-lo.”Por um longo tempo, os dois estavam em silêncio novamente. James virou e olhou para ooceano, ouviu o monótono som dos golpes das ondas na proa. Depois de outro minuto, elefalou novamente.“O que aconteceu lá, pai?”Harry pareceu saber o que o filho estava perguntando. Ele pensou sobre isso por ummomento e então tirou os óculos. “Eu já contei para você o que aconteceu no dia que minhamãe e meu pai morreram?” ele perguntou suavemente.James olhou para ele seriamente. “Sim,” ele disse fracamente. “Quero dizer, todos sabemsobre aquilo. Tem livros. Até filmes.”Harry confirmou com a cabeça lentamente. “Sim, mas não é o que realmente aconteceu. Issotudo são apenas suposições, realmente. Quero dizer, todos que estavam lá estão mortos93agora. Exceto eu, naturalmente. E eu não lembro de nada, felizmente. Só há uma pessoa querealmente sabia a verdade daquela noite. Você sabe quem é?”James franziu enquanto pensava. Uma ideia o ocorreu. “Dumbledore? Seu antigo diretor?

“Acertou de primeira,” disse Harry, sorrindo. Era um sorriso fino, um pouco triste. “AlvoDumbledore. Ele me contou, embora eu não pudesse entender completamente na época.Talvez ninguém possa compreendê-la, só Dumbledore. Era magia antiga, depois de tudo.Antiga e profunda. Coisas assim não são ensinadas em livros ou aulas. Elas só vêm dasabedoria. Dumbledore pode não ter sido perfeito... mas ele era sábio.”James pestanejou, sem ter certeza aonde aquela conversa daria. “Então o que ele tecontou?” ele perguntou. “O que realmente aconteceu àquela noite?”Harry estreitou os olhos enquanto olhava para as ondas. “Minha mãe fez uma troca,” eledisse lentamente. “Parece simples, realmente, mas eu não penso em nada disso. Eu acho quea simples explicação é o único caminho para que possamos realmente entender. Ela fez umatroca. Ela deu a vida em troca de salvar a minha. Quando ela fez isso, ela criou um tipo demagia que Voldemort, em todo seu poder brutal, nunca poderia compreender. Ela criou umtipo de contrato, algo que limitou-o, e impediu-o, algo que nos conectou para sempre, atéum de nós morrer. O segredo disso, o mistério disso, está na substância daquele elo, a forçaque fez o contrato inquebrável. Dumbledore me contou quando eu era só um menino, maisnovo que você, mas então era muito simples para mim. Pensei que ele estava apenas sendosentimental. Agora, eu penso diferente. Agora, eu sei que a força da verdade é a coisa maispoderosa, a mais inviolável e inquebrável em todo o universo. Me diga que você sabe o queeu estou falando.”James sabia o que o pai estava falando. “Amor,” ele respondeu. “O contrato mágico da suamãe se baseava em amor. De algum modo. Certo?”Harry balançou a cabeça novamente, mais lentamente dessa vez. “As pessoas acham que oamor é rápido e fofo, como um sonho. Elas escrevem-no em cartas rosadas com flores,colocam em cartões, tocam sons insignificantes sobre isso em flautas e harpas. Mas não é oque o amor realmente é, ou, pelo menos, não é tudo do que o amor é. Amor é comocorrentes de aço indestrutíveis. O amor é como pesos de ferro, mais pesados que o mundo.Amor pode ser esmagado do mesmo jeito que pode ser levantado. Todo o resto desaparece

antes. É isso que Voldemort falhou em compreender, e o que o matou no final: o amor daminha mãe, a troca que ela fez, entregando-se... por mim.”James nunca viu o pai falar sobre coisas assim antes. A história da morte dos seus pais eramuito comum, tão familiar para todos no mundo bruxo, que havia se tornado estéril. Agora,James percebeu, mais do que nunca, que isso era algo que havia realmente acontecido. Oseu pai, o grande Harry Potter, uma vez já foi um bebê, indefeso e desamparado, e ele haviarequerido à proteção da mãe, uma mulher que tinha dado a última coisa, a mais poderosacoisa, que ela sabia como dar: sua própria vida, como um ato de amor perfeito.Do lado de James, o pai mexeu-se. “Como eu disse, é magia antiga. Tão básica, tão simples,que não há palavras para isso. Simplesmente é. A troca, a salvação de uma vida pelosacrifício de outra. Isso cria um elo, algo indestrutível, algo que forma um contrato parasempre, como algo que existia entre eu e Voldemort, o que consequentemente matou-o.Você entende, James?”James confirmou. “Sim. Quero dizer... acho que sim. Mas o que isso tem a ver com...”“James,” Harry o interrompeu, “hoje, algo como isso aconteceu aqui, nesse mesmonavio. Mas diferente. Eu não sei ao certo, não quando aconteceu. Não pude ver pois Merlin94nublou as janelas. Mas eu senti. Alguma parte de mim... algo enterrado, uma parte essencialde mim... relembrou a sensação. James, você pode me contar... quando Petra caiu... você viualguma coisa? Alguma coisa incomum?”James sentiu frio no dedão do pé. Olhou para o pai, com os olhos largos, confuso. Ele nãoprecisou responder. Harry viu nos olhos do filho.“Algo aconteceu entre você e Petra. Mas não foi uma troca. Eu não sei como, mas você asalvou, como minha mãe salvou-me... mas você fez isso sem ter que morrer. Estava dispostoa fazer. Não estava?”James ainda olhava para o pai, sem ver agora enquanto ele pensava nos eventos da noite.Ele assentiu.Harry assentiu também. “Eu sei. Você estava querendo morrer no lugar dela. E de algum

modo, isso desencadeou a magia, fez com que o elo acontecesse, apesar de que... você nãoteve que morrer.”Quando James falou, era mais como um sussurro. “Mas... como isso é possível? Sua mãe erauma bruxa adulta, e por todas as contas, ela era excelente. Como eu poderia realizar umfeitiço sério e poderoso como ela fez?”Harry sacudiu a cabeça. “Não é o mesmo tipo de magia, James. É por isso que Voldemortfalhou e não percebeu. Não é magia que você aprende. Não é como Transfiguração ou voarnuma vassoura. Para aqueles que conhecem o amor, ele está aí, no fundo, como um riosubterrâneo, escondido e poderoso. Muito poucos bruxos e bruxas já tiveram a necessidade,ou a profundidade de caráter para usá-lo. Você fez, James. Como minha mãe. Você fez bem.”“Mas... por que eu sobrevivi, então? Se isso é uma troca...?”Harry pôs uma mão no ombro do filho. “Eu não sei. É quase como se você tivesse topado emuma forma de magia completamente diferente, algo além do que conhecemos ouentendemos. Tudo que eu sei é que aconteceu, e... estou orgulhoso de você, James. Nãoposso dizer o quanto de orgulho eu tenho, não apenas pelo que você fez, mas por causa dequanta tranquilidade e certeza você tinha quando o fez.” Ele suspirou profundamente, entãocontinuou numa voz mais baixa. “Nem posso dizer como fiquei aliviado quando vi vocêsdescerem as escadas juntos, molhados e aturdidos como estavam. Por um momentohorrível, pensei que te perdi. Nunca mais quero sentir aquilo de novo. Não sei se poderiasuportar isso.”James assentiu. Ele entendeu muito bem sobre o que o pai estava falando.Não parecia haver mais nada a dizer. Harry colocou os braços em torno dos ombros deJames e juntos começaram a voltar para a escada, visando a parte de baixo do convés.“Papai,” James disse enquanto eles se moviam na escuridão, “por que Merlin nublou asjanelas? Por que ele não poderia só usar os poderes para salvar Petra?”Harry ficou em silêncio por um longo tempo. James começou a pensar que o pai não iriarespondê-lo, quando finalmente respirou fundo para falar.“Merlino é um misterioso e poderoso bruxo, James,” ele disse cautelosamente. “Ele vem de

uma época dramaticamente diferente. Não entendo muitas coisas do que ele faz. Mas ele écomo meu antigo diretor, Dumbledore, num aspecto muito importante: ele é sábio. Asabedoria não se consegue de forma fácil ou barata, e ela precisa ser respeitada emqualquer lugar que possa ser encontrada. Nem sempre entendo Merlino. Mas o respeito. Eletem seus motivos, mas são exclusivamente dele.”James estava insistente. Parou no topo da escada do convés e virou para fitar o pai. “Dê umpalpite, pai. Vamos. Você é inteligente. Suponha.”95Harry sacudiu a cabeça lentamente, não como negação, mas como um pensamentoprofundo. Ele observou as ondas. “Merlin também saberia que você iria resgatar Petra... ouque Petra seria salva de um jeito ou de outro...,” ele falou devagar, e depois pausou.Finalmente, deu de ombros, ainda sem encontrar o olhar de James. “Ou, por qualquermotivo... e apesar do fato que eu odeie levar em consideração... talvez Merlin estivessedisposto... a deixar Petra morrer.”James sentiu um calafrio que fluía por sua espinha, eriçando o seu cabelo.Harry viu a expressão na face de James, mas não tentou contradizer as suas palavras nemadicionar algo mais à declaração. Finalmente, após um longo momento pensativo, elesentraram no calor e na luz do corredor. Eles trocaram “boa-noite” na porta de James, quesubiu silenciosamente ao beliche.Na escuridão de balanço, James ergueu a mão direita e observou-a. O brilhante fio prateadonão era muito visível, mas ele tinha uma forte sensação que ele estava ali, tão real e fortecomo havia sido mais cedo naquela noite, que havia sido a única coisa entre Petra e asondas violentas. James desejava morrer por Petra. Ele não sabia disso na hora, não tinhaconscientemente pensado sobre aquilo, mas agora não havia dúvida. Ele queria trocar a suavida pela dela.Merlin, no entanto, estava disposto a deixar Petra morrer. Inacreditável como parecia, eletalvez não teria levantado um único e mágico dedo para salvá-la. James sacudiu a cabeçavagarosamente no travesseiro, deixando o polegar da mão na cama ao lado. Confiou em

Merlim. As experiências no ano passado haviam firmado sua confiança na sabedoria dovelho homem e as boas intenções, justamente como o pai de James havia dito, mas o quepossivelmente poderia explicar o fato de que Merlin teria escolhido não salvar Petra? Derepente, o coração de James saltou e os olhos se arregalaram. E se fosse Merlin quem tivesseconjurado a tempestade? A natureza era sua especialidade, depois de tudo, e a fonte do seupoder. E se a tempestade realmente fosse mágica, e a morte de Petra fosse sua intenção?Era completamente ridículo, é claro. Merlin era de confiança. James sabia que agora,completa e profundamente. Merlin era um cara legal.Mas e Petra, James se perguntou, sem poder silenciar a voz do seu honesto e profundocoração. Depois de tudo, Petra acredita que ela matou alguém. Se ela matou, talvez Fílismerecesse isso, mas então novamente, talvez ela não merecesse. Talvez Alvo esteja certo.Talvez a única razão que Petra não esteja em Azkaban seja porque ninguém pode provar oque ela fez. Talvez Merlin desejasse que Petra morresse essa noite porque... Petra não é boa.Talvez ela seja má. Pior, talvez ela seja má... e forte.James conteve os pensamentos antes que eles fossem longe demais. Petra não era má. Elapodia estar confusa, e ela estava certamente doente de algum modo, mas no fundo ela eraboa. Ele sabia disso. Se Merlin pensasse o contrário... e James não poderia saber se elepensava, apesar de todas as coisas que possam ter aparentado mais cedo naquela noite...então ele estava simplesmente errado.Pensando nisso, James enfim caiu num sono vacilante e agitado.No dia seguinte, depois do café da manhã, Barstow refreou Henrietta, parando oGwyndemere nas ondas agitadas. Com a ajuda de Dodongo, a tripulação lançou ao mar os96restos de peixes-espada, e James, Ralf e Lúcia assistiam enquanto Henrietta pegava-os nassuas mandíbulas, quebrando-as por inteiro.“Era como a corda brilhante que você viu ano passado?” Ralf perguntou em voz baixa. “Nacaverna, quando fomos ao esconderijo de Merlin?James sacudiu a cabeça. “Não. Aquilo apareceu como um raio de sol, e depois virou uma

corda lisa e velha, feita de algum tipo de material dourado. Esse foi como... como um fio quese prolongou da luz da lua.Ralf franziu a testa. “O que acha, Lu?”“Eu acho que o tio Harry estava certo sobre o que disse ao James. É magia antiga. Nem todospodem convocá-la. E quando o fazem, não é algo que você possa controlar. Seria comotentar engarrafar um relâmpago.”“E Petra?” James disse, olhando entre os dois. “Ela faz magia sem varinha! Isso é... normal?”“Não é normal, naturalmente,” Lúcia respondeu. “Mas não é completamente incomum.Várias pessoas praticam magia sem varinha como um hobby. Apenas é muito difícil de lidar.A varinha foca a magia como uma lupa pode focar um raio de sol e transformá-lo numatocha. Talvez Petra simplesmente tenha um talento especial.”Ralf olhou ao redor para ter certeza que não havia ninguém por perto, e então disse numavoz baixa, “Me preocupa mais a parte que ela diz que alguém ou algo está seguindo-a. Querodizer, ela só está ficando paranóica? Ou tem realmente alguém atrás dela? E se estiver atrásde nós também?”“Se realmente fosse alguém do mal,” Lúcia refletiu, “então Merlim teria sentido. Ele é tãopoderoso. Ainda assim, houve aquele estranho momento quando o navio dos piratas quasecapturou todos nós. Talvez fosse o que ela estava pensando.”Ralf e Lúcia olharam para James, mas ele apenas deu de ombros de balançou a cabeça.Logo, Barstow ordenou que as escotilhas se fechassem novamente em preparação à últimaetapa da viagem transatlântica. “Essa é minha garota, Henrietta,” ele disse afetuosamente.“Só mais um pouco, então Dodongo comandará o outro pouco, e daremos a você o merecidodescanso.”Henrietta brincava na água, nadando em círculos grandes e fazendo figuras de oito, com acorcunda cortando as ondas. Sacudia a cauda, atirando água do mar da cabeça grande eescamosa. Finalmente, Barstow subiu para a cadeira de bronze, assobiando.“Quer manejar o navio mais uma vez, James?” Ele disse, sorrindo maliciosamente. “Últimachance antes de chegar à terra!”James sacudiu a cabeça, mas não pôde ajudar sorrindo. “Não, obrigado.”

“Como quiser,” Barstow disse, dando de ombros. Ele falou um Encantamento pequeno e alinha de pesca mágica atacou mais uma vez. Henrietta pulou à frente e o barco jogou atrásdela, erguendo-se sobre as ondas.Enquanto a viagem se aproximava do fim, James descobriu que a animação disso haviafinalmente acabado. Ele estava ansioso para alcançar a terra novamente e encontrou-seespreitando no arco enquanto o dia progredia, observando o horizonte por algum sinal dodestino deles. Ralf acompanhava-o às vezes, como fizeram Alvo e Lúcia. Depois do almoço,Petra se juntou a ele, conduzindo Isa ao lado dela. Os três se sentaram com as pernascruzadas na mesa, encostados na grade, conversando à toa sobre como seria os EstadosUnidos. De maneira interessada, Petra parecia estar se sentindo bastante melhor, ao pontoonde ela quase parecia a mesma de antes. Ela ria enquanto conversavam, e James estava97feliz por ouvi-la. Ele queria perguntar sobre a magia, sobre como ela a fez sem a varinha,mas acabou não perguntando. Depois, ele perguntaria, mas não agora. A hora não era agora.Finalmente, quando o sol começou a se pôr no horizonte, James ouviu murmúrios de vozese procurou-as. Perséfone Rêmora e sua turma de companheiros de viagem subiam a proa,mantendo os olhos semicerrados na luz do sol com as faces pálidas como lápides.“Sim, meus amigos, creio que vocês estão certos,” Rêmora anunciou, levantando o rosto atéa brisa. “Posso sentir o cheiro também. O aroma roxo-escuro de sangue vital está denso novento. Estamos muito perto de casa.”James suspirou e rolou os olhos. Ele se levantou e serpenteou pelas figuras vestidas depreto, dirigindo-se para debaixo do convés. Ele sentiu os adolescentes olhando para eleenquanto passava, os rostos maliciosos e sarcásticos.Depois, James, junto com seus companheiros de viagem, subiam uma escadaria circular quelevava à parte mais alta do convés, ansiosos para ver os Estados Unidos pela primeira vez.James empurrou Alvo e Lúcia na grade, observando uma forma escura crescer no horizonte.Abaixo, a proa parecia pequena e estreita. James podia claramente ver Henrietta trinchando

as ondas á frente, seu largo e ágil corpo ondulando abaixo da superfície impetuosa.“Você está animado?” Lúcia perguntou, inclinando avidamente na grade com os olhosnegros cintilando. “Eu certamente estou. Mal posso esperar para chegar lá.”“Por que você está tão animada, Lu?” Alvo perguntou. “Você viajou por todo o mundo.”“Claro,” Lúcia respondeu, encolhendo os ombros, “mas aquele era o mundo. Esse é osEstados Unidos. Para melhor ou pior, não há lugar no mundo que se iguale.”Alvo zombou sombriamente. “O mesmo pode se dizer do cesto de roupas de James.”“Olhem,” Molly gritou de repente, apontando. “Ali, um pouco para a esquerda da proa. Estãovendo? Prédios! Aquilo é a silhueta! Estamos quase lá!”James olhou. Ele não tinha certeza que estava vendo a mesma coisa que Molly estava vendo,entretanto era animador. A grande massa de terra crescia e se propagava, lentamenteexpandindo para tomar o espaço de todo o horizonte ocidental. Enquanto a névoa dedistância se dissipava, James começou a reconhecer as formas de uma grande cidade.Prédios elevavam-se ao céu, próximos uns dos outros como pilhas de imensos blocos debrinquedo. Finalmente, enquanto chegaram perto o bastante para James distinguir osarranha-céus e reconhecer as formas de outros barcos aglomerados nos vastos portos,Barstow parou o Gwyndemere. Com primor, ele usou a própria varinha para libertarHenrietta da sua corrente de arnês. Pequenos comandos rápidos e palavras de elogioenviaram a grande serpente marinha para o âmbito do navio, onde ela iria aparentementese esconder da área de atracação.Muito mais lentamente, então, o Gwyndemere começou a rastejar para a frente,impulsionado pelas obedientes pedaladas de Dodongo abaixo do convés. James virou e viu afumaça atrás dele formando um rio de fumaça negra: o último charuto gigante do macaco, éclaro. Ele deu um sorriso largo, então voltou à ilha próxima.“A Estátua da Liberdade,” Harry anunciou detrás de James. James viu-a, imponente nacidade massiva, frágil na grande distância. A estátua parecia dar-lhes atenção suavemente, a

sua tocha erguia-se alta sobre a cabeça, refletindo ouro enquanto o sol resplandecia nela.Atrás de James, o seu pai suspirou e disse, um pouco mais discreto. “Os Estados Unidos. Mepergunto o que Severo Snape diria.”“Ele diria para manter uma mão na varinha e outra na sua carteira,” falou Alvo, esboçandoum sorriso malicioso.98“Estamos próximos do porto,” Percy anunciou vivamente, batendo palmas. “Sugiro quedesçamos e fiquemos prontos. A viagem ainda não acabou! Temos muito caminho apercorrer antes de anoitecer, e nossa escola estará esperando-os na vistoria.”James virou de lado, olhando de Ralf até sua prima Lúcia. “Seu pai sempre está animadoassim quando viaja?”Lúcia assentiu sombriamente. “Ele aproveita muito bem as viagens. A melhor parte é quesempre podemos encarregá-lo com os negócios e basta nos divertir na viagem. Tem sidointeressante.“Famosas últimas palavras,” Alvo disse, apertando os olhos.Lentamente, James e a família e amigos começaram a descer a escada em espiral. Na horaque todos voltaram ao convés principal, eles estavam muito mais próximos do porto. Assombras dos arranha-céus cobriram o Gwyndemere enquanto ela se direcionava a umapassagem estreita, no meio de navios de carga maciços e rebocadores enferrujados.Gaivotas subiram nas correntes de ar, assobiando ironicamente. A atmosfera estava densacom o cheiro misturado de peixe morto, alga marinha e, infelizmente, lixo. James virou paraver enquanto uma grande barcaça com altas colunas de lixo passava sobre eles, rodeadospela própria nuvem de gaivotas barulhentas.“Espero que esse não seja um sinal do que está por vir,” Ralf disse, fitando as pilhasfedorentas de lixo.“Anime-se, Ralf,” Petra falou vindo sorrindo atrás deles. “Uma cidade que se dá ao luxo dejogar tanto lixo deve ser uma cidade que valha a pena ver, certo?”Ralf balançou a cabeça, vagamente. “Se você diz.”“Eu digo,” Petra disse, e algo na sua voz fez James virar. Ao seus olhos, Petra certamente nãoparecia mais doente, e o olhar fez o seu coração alegrar-se. Ela tomou um grande e contente

fôlego e soltou-o lentamente, levantando os olhos ao altos e brilhantes edifícios. “NovaYork,” ela disse, levantando o olhar levemente. “Você sabe como eles chamam essa cidade,não é?”James sacudiu a cabeça negativamente, sorrindo para ela com desconcerto.“Eles a chamam de ‘A Cidade Que Nunca Dorme,’” elas respondeu, acenando com a cabeçaem aprovação. “Eu gosto disso. Gosto muito disso.”James não pôde parar de olhar para ela. Para ele, ela estava muito radiante. Atrás dela, osprédios começaram a aparecer e luziam, lançando suas sombras nela, cintilando no solocidental.Em algum lugar próximo, um rebocador tocou sua buzina. James apenas a ouviu.Os trinta minutos seguintes passaram numa multidão animada, espalhando anúncios,longas filas, e lampejando marcas. James entrou na multidão num tipo de surpresa, feliz queo pai e o tio Percy pareciam estar administrando as várias questões, conexões, e direções. Obruxo-despachante americano nem olhou enquanto James andava à frente do alto contador,seguindo Lúcia e Isa.99“Seu nome,” o homem pediu, estendendo o braço com a palma da mão para cima. Jamestinha estado vendo, então sabia o que fazer. Ele deu sua varinha ao homem.“James Sirius Potter,” James respondeu, falando entre o barulho da multidão.“Motivo de visita aos Estados Unidos?” o agente pediu num tom monótono.“Estou aqui com meu pai, Harry Potter,” James respondeu. Ele ficou satisfeito em ver oagente pestanejar e olhar para ele sobre os óculos. Foi um olhar breve, mas James sabia oque significava. Até mesmo aqui, Harry Potter era uma figura bem conhecida.“Você está transportando alguma fruta, vegetal, poção, animal, inseto, objetos amaldiçoadosou artefatos proibidos nos Estados Unidos?”“Não,” James disse, e depois adicionou,” er, eu tenho uma coruja. Nobby. Ele conta?”“Animais de serviço são permitidos, mas devem passar por uma rotineira inspeçãosanitária,” o agente disse, confinando a varinha de James num grande e magnífico vidro.

Formas fumegantes no vidro se dissolveram em letras, e James estendeu o pescoço para lêlas.Ele estava interessado em ver as últimas magias que a varinha havia realizado —principalmente levitações, mas também os feitiços de ocultação que ele havia usado nacarta de Petra — assim como as informações detalhadas da varinha. O agente rapidamenteanotou o nome de James num papel gasto e as letras apareceram um minuto depois novidro, sob as informações da varinha. O agente virou e devolveu a varinha de James sobre ocontador.“Você é um registrado ou indocumentado lobisomem, Animago, Metamorfomago, vampiro,transfigurador, ou animal falante?” ele perguntou, com as perguntas gravadas na memória,como se já tivesse feito a mesma pergunta um milhão de vezes antes, que provavelmentehavia perguntado.James tentou repassar a pergunta na cabeça. “Er, eu acho que não,” ele respondeu.“Bem-vindo aos Estados Unidos,” o homem falou, sem sorrir. “E boa sorte, Sr. Potter.”“Er, obrigado.” James respondeu. Enquanto ele andava em linha reta, dando espaço a Ralfpara que pudesse entregar sua incomum e grande varinha, James virou e viu o pai numa filapróxima, atrás de Merlin e em frente da mãe. Todos eles estavam conversando, com ascabeças perto uma da outra.Finalmente, os quadros e as filas entraram num saguão amplo com altos tetos abobadados epropagandas moventes armadas nas paredes. Bruxas e bruxos encheram o espaço, algunsvoando em vassouras, subindo e descendo de um banco de altas entradas postas na grandeparede. Enquanto James olhava a multidão, ele não estava exatamente surpreso de ver umavariedade de etnias, estilos de roupa, e até animais, todos se espremendo no gigantescoespaço como formigas.No outro lado do espaço, perto das portas, um pé-grande com uma mochila e um par deóculos de sol passou pesadamente, elevando-se sobre aqueles ao seu redor. Próximo, umbruxo moreno num barrete turco vermelho inclinou-se numa mala aberta. Ele tirou umcomprimento de corda branca, na qual ele atirou no ar e não se prendeu em nada. Sem

parar, o homem fechou a mala, colocou-a nas costas, e, para a completa perplexidade deJames, começou a subir pela corda. Quando ele chegou ao topo, ele desapareceu no ar,levando a mala junto. Um tempo depois, a corda também subiu, desaparecendocompletamente.“Incrível,” Ralf disse com apreciação, do lado de James, com os olhos arregalados.100James concordou e sentiu a animação aumentando de intensidade nele. Juntos, ele seguiramPercy e Neville Longbottom em direção a um banco de grandes escadas de mármore e asportas além.“Ei,” Ralf disse de repente, ficando na ponta dos pés para ver sobre a multidão, “aquele nãoé o reitor Franklyn? No desembarque da direita?”James olhou sobre o ombro de Neville e sorriu. “É mesmo! E olhe quem está com ele!”“James!” uma voz gritou através barulho do barulho da multidão. “Ralf! Ei, aqui!”James e Ralf empurraram a multidão, rindo com prazer. James lançou-se nas escadas,levando-os para a plataforma mais próxima, onde o pequeno grupo de pessoas ficaramassistindo. “Zane!” ele gritou. “Eu não sabia que você viria!”“Você está brincando?” Zane perguntou, igualando o sorriso de James. “Eu estavaplanejando entrar no compartimento de carga se o Reitor Franklyn não tivesse me deixadovir. Como estão, caras? Muito bom ver vocês!”James estendeu a mão para cumprimentar Zane, mas Zane agarrou James nos ombros epuxou-o num meio abraço tosco.“Uuf,” James disse, rindo. “Esqueci como você é meloso. Estamos bem. Contentes porfinalmente estar aqui.”“Ei Zane!” Ralf sorriu, pulando o último dos degraus até a plataforma. “Belo país você temaqui.”“Você não perde por esperar,” Zane falou, aproximandse de Ralf e jogando um braço sobreos grandes ombros do garoto. “Eu vou lhes mostrar tudo aqui. Vocês vão amar. Masprimeiro, apresentações...” Ele virou de lado, gesticulando para as pessoas que estavam porperto. “Esse é o Reitor Franklyn, é claro, que vocês já o conhecem.Franklyn acenou com a cabeça para James e Ralf. “Rapazes,” ele disse, sorrindo. “É bom ver

vocês novamente, e melhor ainda crescidos, me atrevo a dizer. Creio que vocês têmpraticado técnicas defensivas. Parece que eu posso voltar a ensiná-los novamente esse ano,se não me engano.”James assentiu, mas Zane continuou, interrompendo-o antes que pudesse responder. “Comele, está a professora Geórgia Burke. Ela ensina Ocupações Trouxas e Zoologia Mágica. Vocêterá ela esse ano se tiver sorte. Ela nos deixa acariciar os roedores cristados, mesmo sendouma violação ao código de saúde. O restante desses fanáticos são apenas voluntários efuncionários da administração que estão aqui para tirar algumas fotos da cidade grande.Como eu,” Zane acabou, sorrindo. “O que me lembra... ei, qual seu nome?”Lúcia olhou para Zane enquanto ela chegava à plataforma. “Eu sou Lúcia Weasley,” elarespondeu. “Quem é você?”“Feliz em conhecê-la, Lúcia. Eu sou Zane. Você conhece esses dois? Causadores deproblemas, não são? Aqui, você se importaria se tirar uma foto de nós três?”James suprimiu um sorriso enquanto Zane colocava uma câmera grande nas mãos de Lúcia.“Basta apertar o botão vermelho no lado direito,” ele disse, voltando e jogando cada braçoem James e Ralf. “Mas você precisar segurar por um segundo para o flash funcionar.”“Eu sei como operar uma câmera,” Lúcia comentou, rolando os olhos. Ela levantou a câmerae olhou pelo visor.“Digam ‘queijo’!” Zane anunciou, expondo todos os dentes para a câmera.A câmera soltou o flash quando Ralf e James disseram ‘queijo’.“Falando nisso,” Alvo disse, subindo a escada perto dos pais, “aqui está o nosso grandeamigo americano.”101“Bom ver você, Zane,” Harry disse, batendo de leve em Zane no ombro. “Ainda arrancandonos treinos de Quadribol?”“Quem dera,” Zane respondeu, balançando a cabeça. “Esses caras não têm respeito algumpelo jogo aqui. Aqui, é tudo Trancabola e Garras. Nós temos um time, mas não é nadacomparado do jeito que eu jogava com os Corvinais.” Ele suspirou, e então animou-se. “OiPetra! Eu não sabia que você viria.”

Petra sorriu para Zane, andando com Isa ao lado. “Não sei se alguém soube disso atéembarcarmos,” ela respondeu, dando de ombros.“Harry,” Benjamin Franklyn disse calorosamente, cumprimentando-o. “É muito bom vê-lonovamente. Só espero que estejamos em melhores circunstâncias. E essa deve ser aadorável Ginevra?”“Prazer em conhecê-lo, Reitor,” a mãe de James disse, sorrindo.“Me chame de Benjamin,” Franklyn disse, mostrando-a seu maior sorriso.“Reitor,” Percy disse, andando entre eles e apertando as mãos de Franklyn. “Um prazer,como sempre. Você conheceu minha esposa, Audrey, naturalmente. E esse é DennistonDolohov, Neville Longbottom, e finalmente, o último porém não o menos importante...”“Merlino Ambrósio,” Franklyn fez interjeição, observando o alto bruxo. “Sim, é claro. Maltivemos a chance de falar na última vez que nos encontramos. As coisas não estavam bem, éclaro. Anseio por uma entrevista mais descontraída desta vez, embora eu tenha a certeza deque não vai ser tão longa quanto eu poderia esperar.”“Reitor,” Merlim acenou com a cabeça em saudação. “Lhe asseguro, provavelmente essaserá a primeira de várias visitas. Espero aprender mais sobre o seu país. Mas faremos omelhor uso do tempo que temos.”Saudações e apresentações continuavam ao redor, mas James ficou entediado com eles eparou de prestar atenção. Finalmente, Neville falou.“Peço desculpas, mas eu estou ansioso para alcançar nosso destino final. Poderíamoscontinuar nossa conversa enquanto andamos?”“Certamente, Sr. Longbottom,” Franklyn concordou. “Estamos só à espera de mais umapessoa. Bem, num modo de falar.”Harry olhou em torno de todos do grupo. “Creio que estamos todos presentes e contados,Reitor. Você tem certeza?”“De fato estou” Franklyn afirmou. “Perdão pela confusão. Ela é uma de nós, na verdade. Estávoltando de uma viagem de férias no estrangeiro com alguns dos nossos alunos.”“Ali vem ela,” Zane disse, suspirando em aborrecimento. “Não me diga que vocês tiveramque viajar com ela.”James virou, franzindo de modo excêntrico, na hora de ver Perséfone Rêmora subindo os

degraus da plataforma com o longo casaco preto que ondeava dramaticamente sobre ela,criando um velório no meio da multidão.“Ah”, ela suspirou. “Voltei muito tarde. Parece como se tivéssemos acabado de sair.Saudações, Reitor, Geórgia. Perdoem-me se parecemos pouco entusiasmados em ver vocês.É sempre uma pressão voltar para a nossa terra natal. Insisto, nada pessoal.”“Bem-vinda à casa, professora Rêmora,” Franklyn anunciou. “Sem ofensas, de qualquer jeito.Nós, também, sabemos o que estar de volta à terra natal. Como fazem nossos amigoseuropeus aqui. Entendo que a maioria de vocês já se conhecem?”“Professora Rêmora?”James falou incrédulo, virando para Zane e Ralf.102“Sim,” Zane disse com voz baixa. “Práticas Proibidas e Cursologia. Não me faça começar. Elaé um verdadeiro divertimento.”“Hã,” Ralf disse, olhando de lado para a mulher e seus alunos pálidos. “Eu nunca pensarianisso.”James balançou a cabeça. “Ele está sendo sarcástico, Ralf. É uma coisa americana. Lembra?”“Ah sim,” Ralf disse, assentindo. “Faz mais sentido, agora.”“Amigos,” Franklyn anunciou, gesticulando em direção à rampa de portas atrás dele, “vamossair daqui!”Lentamente, o grupo foi para o último vão de escadas, andando na luz do pôr-do-sol nasportas. James colocou-se na ponta dos pés para ver em torno de Neville Longbottom,ansioso para olhar pela primeira vez a cidade.“Fiquei atônito quando vi esse lugar pela primeira vez,” Zane entusiasmou-se alegremente.“Quero dizer, como um bruxo, é claro. Eu estive em Nova York várias vezes antes, quando euestava crescendo, mas eu nunca soube que havia um gêmeo mágico. Ainda assim, eu achoque sempre esperei por ele, sabe?”“O que você quer dizer com ‘um gêmeo mágico’?” Ralf perguntou, olhando de lado quandose aproximaram das portas.Zane olhou para ele. “Você ainda não sabe?”“Meu pai visitou Alma Aleron no último verão,” Ralf respondeu, “mas ele veio por Chave dePortal. Não sei o que ele fez em Nova York.”“Ah, cara,” Zane disse, balançando a cabeça e sorrindo. “Segurem suas varinhas, então,rapazes. Isso vai partir suas mentes.”

A imagem finalmente abriu ante eles enquanto James, Zane e Ralf foram para os raios de solsombrios. Ante eles, uma rua pavimentada conduzia até um portão em arco ornamentado.Letras forjadas no arco diziam ‘e magicus pluribus unum’. Depois do portão, apareceudistintamente na luz do sol, James não estava surpreso em ver as formas de arranha-céusbrilhantes e torres de aço. O que surpreendeu-o, de qualquer modo, tanto que ele parou noseu caminho, com a boca aberta, foi um enxame de veículos voadores, bruxas e bruxos comvassouras, e brilhante sinais mágicos e movendo cartazes que cobriam os prédios,erguendo-se no alto nas zonas estreitas e urbanas.De primeira, James percebeu que todos os arranha-céus terminavam no telhado com outroedifício, menor e velho, como se uma cidade muito mais antiquada tivesse sido empurradaacima pelos prédios mais novos, como ninhos de pássaros em árvores. Bruxos e bruxascirculavam estes edifícios, permanecendo em andaimes elaborados e cuidadosos que seestendiam desde os maiores arranha-céus conectados. No centro de tudo, dominando todoo horizonte, havia um prédio tão luminoso e transparente que parecia ser construídointeiramente de vidro. Enquanto James via, ele pôde ver as pessoas se movendo dentro dele,indo em deslumbrantes elevadores ou trabalhando em finas e semitransparentes mesas.“Bem-vindos, amigos,” Franklyn disse, erguendo o olhar e sorrindo orgulhoso. “Bemvindos...à Nova Amsterdã.”103Capítulo 6Por baixo do Salgueiro TortoComo o grupo iria viajar o resto do caminho para Alma Aleron de trem; Franklyn guioutodos discretamente através de uma entrada do metrô dos trouxas. Próximo às roletasJames viu trouxas Nova-iorquinos misturados livremente e de forma clara com bruxos ebruxas em todas as formas de vestimentas. Um bruxo muito alto negro e trajando ummanto branco, caminhava altivo com um tigre de bengala a seu lado, guiado por umacomprida corrente dourada. Uma pequena criança em um carrinho piscava e apontava para

o tigre.“Mãe! Tigre!” o menino gritou, enquanto sorria com deleite.A mãe, uma mulher de aspecto envelhecido vestindo um uniforme de trabalho, estavafalando ao celular. O menino chamou novamente, e ela finalmente deu-lhe atenção,acariciando sua cabeça, “Está tudo bem querido,” disse-lhe. “Mamãe adora sua imaginação.Tigres no metrô. Você deveria desenhá-lo quando chegarmos em casa.”James olhou para o relógio enquanto Franklyn guiava o grupo através de uma passagemespecial criada através da parede. “Ela não consegue ver o tigre,” disse a Ralph apontando.“Ele está bem em frente a ela! Praticamente pisando em seu pé!”“Entretanto o garoto o vê,” Comentou Ralph.“Sabe o que significa?” Falou Zane caminhando através da passagem. “A magia realmentecomeça a funcionar quando você tem mais de três anos de idade. É por isso que, quando euera criança, sempre soube que havia algo mágico sobre esta cidade, porém eu não melembro dos detalhes”James abriu a boca para perguntar algo, porém naquele momento ele teve a primeira visãodo trem que eles estavam esperando. Estacionado entre as plataformas em seu terminal104especial. A locomotiva era longa e lustrosa, fabricada em vidro e aço brilhante, pareciamover-se como se permanece parada. Letras estilizadas anunciavam seu nome, LincolnZephyr. Portas duplas ao longo do trem abriram-se e James sentiu a multidão de viajantessurgir diante dele. A frente, Franklyn e Merlim caminharam para dentro do iluminado ebrilhante interior do vagão.“Certamente é melhor pegar um táxi,” Anunciou Zane. “A Zephyr Line é o meio detransporte mais rápido da cidade. Tão rápido quanto uma vassoura, especialmente na horado rush.”James olhou para o lado quando se aproximou das portas abertas. Petra, Izzy e Lucyestavam entrando em um vagão de passageiros mais para o final do trem, acompanhandoJames, estava sua mãe e seu pai e sua tia Audrey, que estava junto a Molly e Lily a sua frente.Finalmente, o barulho do terminal ficou longe quando James entrou no vagão, encontrandose

em um interior ricamente mobiliado e confortável. As paredes tinham detalhes ornadoscom alumínio escovado e não se via nenhum ângulo simples.“Legal,” disse Ralph, encontrando um assento no centro do vagão. “Parece que o treminteiro cresceu de fora para dentro como um tipo de sonho louco”“É chamado de Arte Deco,” Comentou Zane. ”Eles foram desenhados pelo mesmo artistabruxo chamado Mucha a muito tempo atrás. Eu aprendi sobre ele em História da MágiaAmericana. Todos os trouxas sabem sobre ele, no entanto eles não sabem que ele era umbruxo, claro.”O trem encheu-se rapidamente e James projetou-se para frente, na direção docompartimento da máquina do trem. Um gnomo magro com uma enorme cabeça carecaparou em frente a janela, o qual olhava para a escuridão do lado de fora. Um conjunto dealavancas de alumínio estavam montadas no painel de controle do trem. O gnomomaquinista segurou e então puxou para frente um tubo de bronze que estendia-se acima dopainel.“Lincoln Zephyr, 520, partindo agora do terminal,” anunciou ele, e sua voz ecoou ao longode todo o trem. “Orgulhoso por ser pontual na viagem de número 8321 primeira partida dafileira. Obrigado por privilegiar o Sistema de Trasporte Ferroviário de Nova Amsterdã”Com um click surdo o sistema de som desligou-se. O gnomo maquinista empurrou epressionou para a frente ambas as alavancas ao mesmo tempo. Imediatamente, o tremcomeçou a mover-se, tão suavemente que James poderia jurar que eles estava parados anão ser pelas luzes que se moviam do lado de fora das janelas, as quais começaram aacelerar-se vagarosamente.“Como tudo isso vai terminar?” Finalmente perguntou James, voltando-se para Zane eRalph. “Eu quero dizer, uma cidade mágica completa foi construída dentro de uma cidadeTrouxa. Como isso acontece?”Zane sacudiu sua cabeça e ergueu as mãos com as palmas para fora. “Não me pergunte. Eutentei pedir ao Professor Stonewall para explicar isso para mim uma vez e eu finalmentetive que pedir a ele para parar, pois meu cérebro estava quase explodindo. Pergunte ao

Chanceler Franklyn se quiser uma resposta que possa entender.”“O que há rapazes?” Perguntou Franklyn por sobre os bancos. “Alguma pergunta?”James ficou vermelho, mas Zane cutucou-o, gesticulando na direção da velha rotundamágica a frente deles.105“Nós apenas estamos maravilhados senhor,” falou James, elevando sua voz sobre ocrescente ruído do motor do trem, “como é que Nova York e Nova Amsterdam podemexistir no mesmo lugar, ao mesmo tempo?”Franklyn assentiu de forma apreciativa. “Eu ficaria desapontado se você não perguntasse,Sr. Potter. A metrópole mágica de Nova Amsterdam é, como pode imaginar, bastante velha.Ela começou como um simples beco, não diferente da seu Beco Diagonal, centenas de anosatrás, quando a cidade dos Trouxas de Nova York era, ela própria, somente uma pequenavila nas margens do Rio Hudson. Como as duas cidades cresceram, tornou-se necessárioque vários encantamentos de dissimulação fossem postos em prática pela comunidademágica dentro da cidade, fizemos simplesmente de modo aleatório sem gerenciar, como umsegredo em larga escala. Eventualmente, O Departamento de Mágica de Nova Amsterdamsolicitou ajuda de aliados estrangeiros na forma de uma grande e talentosa feiticeira.Concordando, estes aliados estrangeiros mandam-na e ela permanece residindo conoscodesde então. Esta feiticeira, como pode ver, é poderosa o suficiente para proferir um únicoencantamento, uma muito especial palavra mágica que requer aproximadamente toda suaprodigiosa atenção – que é o mais poderoso e completo Feitiço de Dissimulação de todo omundo.”Ralph deixou escapar um assobio baixo, impressionado, “Uau. Então ela está aqui a muitotempo? Quantos anos ela tem então?”“Velha,” Falou Franklyn enquanto gargalhava, “embora não seja tão velha quanto eu.”“Então, porque ela precisa estar aqui?” Perguntou James. “Por que ela simplesmente nãopoderia proferir o encantamento e voltar para casa, para o lugar de onde veio?”Franklyn tirou ou óculos e esfregou-os em sua lapela. “É complicado, eu admito. Alguns

feitiços precisam ser proferidos uma única vez, claro, e seus efeitos são satisfatórios …outros ...”“Outros necessitam suporte constante,” Merlin completou em seu assento perto deFranklyn. “Eles dissipam-se com o tempo. Alguns duram por centenas ou milhares de anos.Outros, no entanto, evaporam-se quase que instantaneamente. Eu suspeito que este seja ocaso, com uma palavra mágica tão poderosa e difundida que seja a única a qual esconda estacidade de Bruxos da cidade dos Trouxas que se esconde abaixo dela.”“Corretamente, e bem colocado,” concordou Franklyn. “Deste modo, nossa aliada bruxacontinua conosco, exercendo seu dever solitário, tranquilamente como se dormisse.”“Soaria como um trabalho único se você me perguntasse,” Disse Ralph, balançando suacabeça. “Tenho certeza que você não precisa fazê-lo.”“Onde ela mora?” Perguntou James, inclinando-se para frente. “Você tem encontrado comela?”“Eu tenho falado com ela várias vezes,” Respondeu Franklyn cuidadosamente. “Embora,infelizmente eu nunca ouvi sua voz. Francamente, eu não estou certo de que ela fale Inglês,e meu repertório de idiomas estrangeiros está tristemente um pouco enferrujado nestesdias.”De repente, o trem saiu da escuridão e penetrou na luz tímida do sol. James virou-se em seuassento deu uma olhadela através da janela.“Uau,” exclamou ele, pressionando suas mãos contra o vidro. “A que velocidade estamosviajando?”Zane curvou-se sobre o ombro de James e sacudiu a cabeça. “Quem sabe? Certamente eunão acredito que Zephyr tenha um velocímetro. Realmente não.”106No lado de fora grandes construções passavam pela janela com uma velocidadeimpressionante. Rios de taxis amarelos e ônibus prateados amontoavam as ruas dosTrouxas enquanto o ar acima estava abarrotado com vários bruxos e bruxas em vassourastanto quanto ônibus e bondes voadores, e ocasionalmente algumas esfinges e hipogrifos. Acidade mágica de Nova Amsterdam parecia mais populosa que a cidade Trouxa de Nova

York, com grandes portas que abriam-se acima de letreiros de teatros Trouxas. Sinaismágicos e cartazes luminosos, anunciando todo tipo de produtos mágicos, negócios, eentretenimentos, nada para encher jovens olhos.“A maior parte de Nova Amsterdam está assentada acima dos prédios de Nova York?”Perguntou Ralph quase sem fôlego.“Sim, mais que isso,” Disse Zane. “Mas lá existem lojas mágicas, escritórios e entradassecretas sobre todo lugar. Quase todos os prédios em Nova York tem um espaço mágico emseu décimo-terceiro andar. Elevadores Trouxas apenas passam por eles pois eles sãosuperticiosos sobre o número treze. Conveniente não?”“O que é aquilo sobre aquele arranha-céu?” Perguntou James enquanto apontava. “Oimenso cume que parece ser feito de vidro. Não me diga que aquilo é uma construçãoTroxa!”“Aquilo,” falou Zane orgulhoso, “é o Centro Mundial de Mágica Americano. É o QuartelGeneral do Departamento de Administração Mágica, a Aliança Internacional de Bruxos, e oBanco Mágico Internacional. As pessoas o chamam apenas de montanha de cristal.”“Oh!” Disse Ralph, beijando sua testa. “Eu tnha ouvido falar disso! É incrível! Mas como ostrouxas não podem vê-lo?”Zane encolheu os ombros. “De alguma forma eles não vêem o resto. Para eles é apenas umestacionamento de três andares que está sempre cheio. De algum modo, isso algo que elessempre esperam ver.”James olhou para trás, incerto se seu amigo americano estava brincando ou não. Zaneencolheu os ombros e sorriu.Um ruído baixo ecoou por todo o trem como quando o sistema de som foi ligadonovamente. “Atenção passageiros,” o Gnomo maquinista disse com uma voz eficiente. “Porfavor, segurem seus objetos soltos e encontrem apoio para as mãos. Lembrem-se, a MTRSnão se responsabiliza por perdas e danos durante a interação com a ferrovia Trouxa.Obrigado.”“O que significa isso?” Disse James, enclinando-se para frente. O Zephyr estava acelerandoao longo de uma seção elevada dos trilhos que fazia uma curva em volta de um conjunto de

prédios industriais. “O que é ' interação com a ferrovia Trouxa'?”“Oh, esta é a melhor parte, “Zane disse ficando de pé. “Venha comigo. Segure-se noscorrimões ao longo do corredor.”“O que?” Falou Ralph desconfiado, porém permanecendo em pé. “Por quê?”“O Zephyr usa mais do que os mesmos trilhos do metrô Trouxa,” Zane explicou, ajeitandosesobre o piso metálico estriado. “Apenas ocasionalmente, o Zephyr e os trens Trouxasfazem … hum … interações.”“Que tipo de interações?” Perguntou James, inclinando-se afrente com uma careta enquantoos trilhos passavam, encobertos pelas sombras dos prédios.Zane pensou por um momento. “Você já viu uma dança de quadrilha?” ele perguntou,olhando de relance para Ralph e James.107“Hum,” Disse Ralph, perplexo, “não, como se faz uma dança de quadrilha?”Zane balançou sua cabeça e sorriu. “É chamado de do-si-do. Não se preocupe, Ralphinator.Apenas se segure. Mantenha sua outra mão no ar quando começarmos, É divertido!”“Quando começ... “ James começou a falar mas as palavras ficaram presas em sua gargantaquando ele viu outro trem vindo de encontro a eles no mesmo trilho. Ele poderia ter faladoa respeito do nariz chato e pintado da máquina do metrô trouxa que estava se aproximando.Os faróis brilhavam através da janela do Zephyr. Eles cresciam em sua direção, e ocupavamexatamente o mesmo trilho.“Jerônimo!” Zane gritou, agitando sua mão livre no ar.James ficou ofegante, certo de que eles iriam morrer, quando o maquinista do Zephyr derepente empurrou as alavancas de direção, forçando a da esquerda para cima e a da direitatoda para baixo. Instantaneamente, o girou vertiginosamente por fora da janela do Zephyr.Luz e sombras trocavam de lugar enquanto o trem girava pelo ar, acompanhando um novoconjunto de arrepiantes trilhos fantasmas. James ficou imediatamente desorientado, maslembrou de não soltar-se do suporte do teto. Um momento depois, um ruído maciço damáquina sobre os trilhos arrastando o resto dos caros de passageiros atrás de si.“Você realmente deveria ter alertado seus amigos, Sr. Walter,” Disse Franklyn com alguma

reprovação. “E é inseguro permanecer em pé durante a interação a menos que não hajaoutra alternativa.”“Mas é mais divertido desta forma,” Falou Zane descaradamente.“O que nos aconteceu?” Perguntou Ralph, afundando de volta ao seu assento. “E por queficou tão escuro do lado de fora de repente?”“Você provavelmente não precisa desta resposta, Ralph,” Zane disse com sinceridade.“Confie em mim.”James foi até uma janela e olhou para fora. Com toda certeza, o céu do entardecer pareciater sido, substituído por um grande borrão, de forma sombria. Pontos de luz brilhavam,juntamente com complicadas estruturas de metal e vigas. Ele inclinou-se e olhou para baixo.Um momento depois, seus joelhos enfraqueceram quando ele não viu nada além do espaçovazio abaixo do trem. Diminuindo o espaço azul caído de nuvens distantes iluminadas porum sol minguante.“Estamos de cabeça para baixo,” anunciou zane sobriamente, batendo no ombro de James.”Nós estamos do lado de baixo dos trilhos agora, deixando os trens Trouxas por cima.Parece justo, visto que eles construíram os trilhos primeiro.”“O quê ...,” James disse timidamente. Ele deu uma olhadela a sua frente, através da janelado Zephyr, viu que eles estavam literalmente voando a jato ao longo do lado inferior dostrilhos elevados. Os trilhos fantasmas vislumbrados afrente do Zephyr, eram criadosmagicamente pelo próprio trem. “Isso ... é magnífico!”“Ralph,” Disse Zane, olhando para o teto do trem. “Você esqueceu de segurar seu material,espertinho.”Ralph observava Zane, sua face estava pálida. “O que você está falando?” Como você podedizer isso?”“Porque,” respondeu Zane, sorrindo e achatado-se no assento próximo a seu amigo, “seucaldeirão está preso no teto agora. Sinto muito. A gravidade mágica funciona apenas emcoisas vivas.”James voltou-se e olhou para cima para o pegajoso bolo emplastado no teto. Ele riu-se.108No lado de fora, um flash de luz púrpura explodiu com brilho cegante, balançando o trem

tão forte que James chocou-se contra Ralph. O trem sacudiu violentamente, pulando paratrás e para frente embaixo do trilho elevado e as luzes no interior piscaram freneticamente.Na parte de trás do vagão, uma janela partiu-se, espalhando vidro e deixando fluir o ruídodo vento. Passageiros gritaram e cobriram suas cabeças, acotovelando-se para ficar longedos estilhaços.“O que aconteceu?” James gritou, tentado ficar em pé. “Isso é parte da viagem?”Zane balaçou sua cabeça, seus olhos estavam vagos. “Não! Isso é mágica! Alguém nosatacou!”Mais um brilho de luz púrpura chocou-se contra o lado do trem, balançando-o contra asrodas da direita. Uma cortina de faíscas voaram pela janela quando o teto de aço rangeucontra os suportes de aço dos trilhos.“Segurem-se!” O maquinista gritou. James voltou-se para olhar e viu-o empurrar asalavancas novamente. O trem oscilou para a direita, batendo de volta no trilho fantasma egirando na direção da luz do sol. O metrô Trouxa havia passado, felizmente, permitindo queo Zephyr voltasse ao trilho principal com uma queda oscilante. Ele continuou a lançar-se afrente, viajando entre prédios e sobre pontes.“Quem nos atacou?” Merlin perguntou a Benjamim Franklyn, batendo seus pés contra obalanço do trem.“Eu … eu não sei!” Franklyn gaguejou, esforçando-se para permanecer firme em seuassento. “Eu não pude ver nada!”James olhou para o grande homem que movia-se por trás da fila de assentos, empurrandoos passageiros assustados indo em direção ao lado do trem que havia sido atingido. Jamesseguiu o olhar de Merlin. Lá haviam três figuras negras voando ao lado do trem,contrastando com a paisagem urbana borrada. Outro flash de luz púrpura foi atirado poruma das figuras, estilhaçando mais janelas e fazendo o trem tremer nos trilhos.“Sr. maquinista,” Merlin chamou em voz alta, segurando seu báculo. “Agora seria uma boahora para tomarmos uma ação evasiva.”O Gnomo maquinista olhou para Merlin sobre seu ombro, seus olhos estavam arregalados.

“O que você espera que eu faça? Nós estamos em um trem, se você não percebeu!”“Um trem mágico,” Corrigiu Merlin rapidamente. “Um que pode aparentemente fazer seuspróprios trilhos. Eu sugiro que o Sr. o faça. Eu farei o que puder com nossos perseguidores.”“Tem mais deles deste lado!” Franklyn gritou apontando. Ele tateou procurado por suavarinha enquanto duas outras explosões ocorreram, uma de cada lado do trem. O trempulou dos trilhos e caiu novamente sobre eles com um ruído horrível. Os passageirosassustados amontoavam-se, chorando com medo.“Aqui vamos nós!” O maquinista gritou, agarrando as alavancas de controle. Um momentodepois, o trem saltou dos trilhos novamente, acompanhando seus próprios trilhosfantasmas. Os trilhos curvavam-se e desciam, guiando o trem completamente fora do trilhoprincipal.Merlin usou seu báculo para lançar fogo contra as formas negras do lado de fora quandoeles moveram-se para acompanhar o trem. Seu feitiço atingiu uma das figuras, a qual foiafastada girando, caindo de sua vassoura. As outras duas figuras aproximaram-se,acompanhando o trem que viajava pelo ar.“Eu não consigo segurá-lo assim!” Gritou o maquinista, lutando com as alavancas. “Ele estámuito pesado para aguentar!”109“Então deixe-o descer!” Gritou Merlin enquanto lançava feitiços.Uma explosão de luz púrpura envolveu o lado direito do trem forçando a girar no exatomomento em que ele começou a descer. James agarrou-se a seu assento tão forte quantopode enquanto o mundo girava a sua frente. O trem endireitou-se no exato instante em queatingiu o nível da movimentada rua abaixo, desviando-se pelo meio do intenso tráfego.“Nós vamos bater!” Gritou Ralph. “No cruzamento!”James olhou para frente e viu o que Ralph queria dizer. Uma fila de ônibus e taxis estavapassando vagarosamente através do cruzamento, passando diretamente na frente do trem.“Varinhas!” Gritou James, pegando sua própria e apontando-a em direção à frente do trem.“Zane e eu moveremos os taxis! Ralph, você pega o ônibus!”Os olhos de Ralph arregalaram-se, mas ele não discutiu. Os três rapazes empunharam suas

varinhas e chamaram o feitiço - “Wingardium Leviosa!” - exatamente ao mesmo tempo.James sentiu a adrenalina fluir por seu braço, aumentando a magia e o primeiro dos taxisflutuou imediatamente no ar, girando de lado. Ele o deixou cair um momento depois, sobreum carro azul de polícia enquanto movia mais um taxi. Juntos, ele e Zane revezavam-se emlevitar os taxis para fora do caminho. Ralph grunhiu e seu braço tremeu quando o ônibusfinalmente foi empurrado para frente, levantando a parte traseira e deslizando para o lado.Um momento depois o Zephyr rompeu através do espaço, perdendo-se no trânsito aberto edesgrenhado. Os três rapazes voltaram a seus assentos entre os gritos dos outrospassageiros.Mais fachos de fogo mágico surgiram entre o trem e as figuras que voavam à volta, Jamessentia que seu pai e os outros estavam lutando suas próprias batalhas na parte de trás dotrem.“Nós não podemos manter isso assim!” gritou o maquinista, agarrando as alavancas eguiando o trem através do tráfego Trouxa. “Não é o que fazemos! E estamos quebrandoquase todas as leis do código de transito ferroviário!”James afundou em seu assento, preparando sua varinha para lutar contras as figurassombrias que voavam em volta quando uma mão pousou sobre seu ombro, gentilmente,mas com surpreendente força.“Permaneça sentado, James,” disse uma voz feminina. “Não se preocupe.”James esticou-se para olhar. Atrás dele, calmamente de pé entre os passageiros assustados,estava uma mulher incomum a qual ele havia encontrado nas Salas de Atlantis, a que haviafalado com ele sobre como era seu avô, James o Primeiro. Ela sorriu para ele.“Merlino está fazendo seu melhor,” ela disse quase sussurrando, “mas este realmente não éseu elemento, você sabe.”Ela piscou para ele, e então apoiou-se levemente com o pé sobre a janela no lado oposto dotrem. Ela levantou uma das mãos, sem sua varinha, e apontou para uma das figurassombrias que flutuava ao lado do trem. Surgiu um facho azulado e a figura pareceu

congelar-se no ar, de forma tão forte que sua capa parou de balançar ao vento. Ele caiu narua como uma pedra, Chocando-se contra o para-brisas de um taxi. As outras figuras caíramrapidamente em seguida, despencando no momento que a mulher apontou para elas, seurosto era sereno, quase divertido.“Você viu aquilo?” Zane perguntou agarrando o braço de James. “Ela está com você?”“Eu nunca a vi antes em toda minha vida!” Ralph chamou de volta. “Mas eu estou feliz queela esteja do nosso lado!”110James olhou para onde estava Merlin, mas o grande feiticeiro não estava a vista. Ele estavaocupado com o último perseguidor no seu lado do trem. Seu rosto estava encharcado desuor, contorcido pelo esforço. Quem quer que seja ela, certamente apareceu no momentocerto: a cidade definitivamente não era o elemento de Merlin.A última figura encapuzada foi arrebatada por sobre o trem e desapareceu da vista. Ummomento depois, reapareceu, diretamente em frente ao trem enquanto ele avançava.“Vá embora, Harry Potter!” berrou o homem, seu rosto escondido por trás de uma máscarametálica, sua voz magicamente ampliada para que ressoasse por todo o trem. “Considereisto um aviso! Pegue seu povo e volte para casa! Volte enquanto o W.U.L.F. permite que vocêvá!Merlin levantou seu báculo para mais um ataque, mas o homem girou sobre sua vassoura efoi embora, misturando-se com a multidão de vassouras voando acima das ruas da cidade.“Segurem seus chapéus senhoras e senhores!” o Gnomo maquinista chiou sonoramente.“Nós temos a ponte leste sem saída a frente e nós estamos indo para lá prontos ou não!”James voltou para seu assento quando o maquinista puxou para trás ambas as alavancas decontrole. O trem elevou-se da rua, seguindo mais uma vez pelos trilhos fantasmas no ar.Voltou a flutuar, inclinando para cima com mais um conjunto de trilhos a medida que elessurgiam a frente. O trem parecia oscilar, puxado para baixo por seu próprio peso. Jamesestava certo de que eles estavam indo diretamente para o lado do viaduto, mesmo tendo

visto a sombra do trem sobre os pilares das vigas. A máquina deslizou e serpenteou pelo ar,arrastando os vagões atrás de si, e finalmente caiu sobre os trilhos.“Todo mundo está bem?” Franklyn chamou timidamente, lutando para levantar-se do chãodo corredor, onde ele aparentemente havia caído.“Nós estamos bem, mais ou menos,” Zane repondeu, procurando por James e Ralph.James concordou, e então lembrou da mulher de manto negro. Ele olhou de relance pelotrem escuro continuando de pé, olhou mais uma vez um pouco mais lentamente. Ela nãoestava em lugar nenhum entre os passageiros assustados. Entretanto, um movimento naparte de trás do vagão atraiu o olhar de James: uma ponta de tecido negro e um suavefechar de porta. Tinha que ser aquela mulher misteriosa, mas poderia ela estar realmenteestar usando o banheiro em um momento como este? James moveu-se pelo corredor,vigiando a porta quando ela se fechou.“Volte para seu assento Sr. Potter,” Merlin disse calmamente. James olhou virou-se e viu odiretor segurando-se firmemente ao assento em frente a ele, permaneceu de pé, mas apenassério. Seu rosto estava solene, brihante com o suor.“O senhor está bem?” James perguntou, olhando atentamente para o homem imenso.“Tão bem quanto qualquer um, sob estas circunstâncias,” Merlin respondeu. “Sente-seJames.”“Em um minuto,” disse James, voltando-se para o fundo do vagão. “Eu, eh, preciso usar obanheiro.”Merlin concordou, sem escutar direito.Quando James chegou à porta do banheiro, ele a encontrou destrancada, e entreaberta. Ovento assobiou e soou através das janelas quebradas, balançando a porta sobre suasdobradiças. Dentro apenas a escuridão.“Senhora?” James chamou, enclinando-se na direção da porta. “Tudo bem aí?”Não houve resposta a não ser por um baixo e constante assobio. Enrijecendo-se, Jamesalcançou a porta do banheiro. Ele abriu-a vagarosamente.111Não havia ninguém dentro do pequeno espaço, mas a torneira estava aberta. Jamesobservou mais de perto. Por alguma razão, ambas as torneiras de água quente e fria

estavam totalmente abertas. Ele olhou para elas e para o banheiro vazio. Aonde ela foi? Equem seria ela?Escuro e danificado, o Zephyr viajava através da cidade.Era fácil perceber que o Zephyr não iria continuar o resto da viagem no seu estado atual.Após alguns minutos de discussão, O Professor Franklyn e o Diretor Merlin haviamreparado algumas das janelas quebradas mas não era possível reparar a maior parte delasjá que a maior parte dos vidros quebrados haviam sido espalhados por uma grande parte daAvenida Lexington. O próprio maquinista estava inflexível que, sem levar em conta dacondição de operação da máquina do Zephyr, qualquer evento de interação com a ferroviaTrouxa necessitaria da parada do trem na proximidade do terminal ou algum lugar seguro ecomunicação com as autoridades competentes. Neste caso, infelizmente, as 'autoridadescompetentes' incluíam a Polícia Mágica de Nova Amsterdam e representantes de umamisteriosa agência conhecida como Birot de Integração Mágica.De forma rápida, o trem havia se arrastado até uma parada sobre um trilho ao lado de umafábrica abandonada. O Rio Hudson cintilava próximo no crescente luar e o tráfego podia serouvido trovejando em algum lugar próximo, mas por enquanto, o Zephyr descansavainvisível e escondido entre vários muros quebrados e janelas encobertas. Duas chaminéssobressaíam no céu azulado com nada mais do que pombos pousados sobre elas. Na suabase, incongruente, empoleirava-se um brilho mágico iluminando o estabelecimento comum suave telhado vermelho e duas estátuas douradas de dragão ladeando a entrada. O sinalque sobressaía do telhado anunciava o estabelecimento de 'Palácio Mágico Luck HunanChang'. Um grupo de Bruxos Chineses em capas brancas e capuzes vermelhos iam e vinhamdo estabelecimento, carregando grandes sacos gordurosos e manchados em cestosespeciais amarrados a suas vassouras.James assistia de onde estava sentado no fim do Zephyr na sombra da fábrica a qualabrigava um restaurante mágico. Ralph sentado perto de James a sua direita enquanto Lucyestava sentada a sua esquerda, observando a entrega mágica Chinesa com uma mistura de

desdém e curiosidade.“Não é comida chinesa de verdade, você sabe.” ela comentou. “Não se você experimentou areal.”“Então você vai continuar falando,” Disse James, movendo seus olhos.“Um rolinho primavera é um rolinho primavera,” Ralph declarou, esfregando o estômago.“Eu adorei quando paramos aqui. Eu estou faminto.”“Shh!” James sussurou, inclinando-se. ”Eu estou tentando ouvir.”Zane ficou a alguma distância no lado do trilho próximo do Professor Franklyn e do restodos adultos.112“Sinto muito professor,” um dos policiais bruxos, um homem magro chamado Trumble,estava falando, consultando seu pequeno caderno. “Você mencionou que estes homenssurgiram do nada. Eles não foram provocados de nenhuma forma?”“Eu asseguro ao Sr.,” Respondeu Franklyn, enchendo seu peito, “nós não temos o hábito deprovocar guerra enquanto estamos viajando em trens. Haviam mulheres e estudantes abordo do trem, como o Sr. sabe, sem mencionar o grande número de viajantes anônimos.Estes homens nos atacaram de modo coordenado, e sem qualquer provocação.”“Não é toda a verdade,” Disse Harry Potter.“O que você está dizendo?” o grande e velho policial, Dunst, disse, sua expressão eradesconfiada.“Um deles anunciou sua afiliação com o W.U.L.F.” Harry respondeu. “Eu acho que tenha sidoEdgar Tarantus em pessoa, pela máscara que estava usando. Ele certamente apareceu paraprovocar. Ele me ameaçou e a meus amigos por causa do meu nome, nos disse que se nósnão deixássemos os Estados Unidos teríamos problemas.”“Eu diria que tivemos problemas de qualquer forma” Neville disse, apertando seus olhos.“Eles não vieram para nos dar avisos esta noite. Eles apareceram para descarrilhar o trem,no mínimo. Avisos foram o que eles receberam quando nós os combatemos e mostramosuma pequena retaliação.”“Ah, sim” Trumble disse cínico, guardando seu lápis atrás de sua orelha. “Foi a luta oproblema esta noite, quando vocês entraram nela.”“Realmente o Sr. não esperava que nós ficássemos parados e não fizéssemos nada?” Falou

Denniston Dolohov, erguendo sua voz. James soube que, de fato Dolohov em pessoa não feznenhum fogo mágico sequer, nem mesmo um rojão, mas James estava impressionado com oespírito do homem apesar de tudo. “Eles estava tentando matar a todos!”“Isso é inconclusivo,” Dunst respondeu, obviamente sem convicção. “Provavelmente apenasum grupo de marginais locais procurando por problemas. Foi o seu exagero que causou estaluta.”“Exagero!” Franklyn gaguejou. “Eu tirarei o seu distintivo! Que impertinência!”James observou que durante a discussão, Merlin permaneceu a alguma distância, seu rostofechado e sombrio, seus barços cruzados.O duende maquinista exaltou-se, aparentemente, decidindo que agora era hora de sedistanciar da culpa pelo que havia acontecido. “Eu não queria fazer isto oficiais.”, disse ele.“Eles me disseram para fazer. Foi tudo idéia do cara grande.”“Você sabe que você não tinha que fazer isso,” disse Zane, voltando-se para o Gnomo. “Peloque me lembro, todos nós sabíamos o que tínhamos que fazer para evitar uma autoestradabagunçada, incluíndo você. Merlin fez um pedido e você concordou.”“Bem,” o maquinista disse, coçando sua cabeça careca, “ele é Merlin não é? Uma pessoa queé difícil de se dizer não.” Ainda que eu não soubesse na hora quem ele era.”Mais uma voz falou e James viu que pertencia a um dos dois homens do Birot de IntegraçãoMágica. “De acordo com um apressado sobrevivente do incidente, no mínimo setenta e noveTrouxas testemunharam este trem sendo dirigido ao longo da Avenida Lexington,” ohomem disse em um voz grave e grossa, consultando uma prancheta. Ele tinha feiçõesgrosseiras debaixo de um par de óculos escuros e um sóbrio terno escuro e gravata. “Nomínimo trinta desses trouxas testemunharam o tal trem voando, ou fora do viaduto da rua21 indo para o sul ou em direção norte, alguns canteiros depois. A estimativa inicial dedanos é de centenas ou milhares, incluindo um carro da polícia de Nova York o qual de113algum modo conseguiu terminar debaixo de um taxi.” O homem baixou sua prancheta e

olhou em volta para todos os presentes. “Eu não posso ter cem por cento de certeza,” eledisse com um tom de voz diferente, “mas eu acredito que isso é a maior violação das leis deintegração mágica na última década. Você não concorda Espinosa?” Ele dirigiu esta últimapergunta a seu parceiro, um jovem com cabelo preto e um cavanhaque afilado.“Eu acho que provavelmente você está certo, Price,” o homem magro concordou. “Na últimadécada.”“Eu estou certo que nossa gente já está no local, deixando as coisas em ordem,” Franklyndisparou. “Como você sabe, nós temos equipes de reação para situações assim. Pela manhã,ninguém vai se lembrar de nada que não tiveram de mais excitante durante seu trajeto dodia anterior. A verdadeira pergunta é de onde esses homens vieram e se temos de levar suasameaças à sério.”“Eu levei todas as ameaças à sério,” Harry falou gravemente. Perto dele Neville concordou.“Isso significa que você está voltando para casa?” Franklyn perguntou de repente,observando os dois rapazes.“Claro que não,” Harry respondeu imediatamente. “Mas significa que nós precisamos serbastante cautelosos. Eu, por mim, não acredito que aqueles caras que nos atacaram fossemapenas marginais de rua. Eles se auto intitulavam membros da W.U.L.F., e possivelmenteforam instruídos pelo lider geral da orgnização. Como um de meus professores diria, issoirá requerer constante vigilância. Felizmente estamos preparados para uma coisa destas.”Um centelha de sombra surgiu acima acompanhada de um bater de asas. James olhou paracima de onde estava sentado e viu um pombo descendo em um círculo, pousandosuavemente no braço estendido de Trumble. Dunst rapidamente removeu o rolo de papelde um tubo na perna do pombo.“Eu gosto mais de corujas,” comentou Lucy que estava proxima de James. “Pombos são avesnojentas.”James encolheu os ombros. Ele não tinha uma opinião particular sobre o assunto.“Tudo bem,” Dunst falou, lendo o papel e aparentemente não gostando de seu conteúdo.

”Tudo verificado com o quartel general do centro. O Sr. Potter está aqui, acompanhado desua comitiva, está certamente aqui a convite do D.M.A. Minhas desculpas cavalheiros eProfessor. Outro trem foi enviado para buscá-lo e a seus acompanhantes e levá-los até seudestino final. Os restantes dos passageiros irá completar a viagem pelo Zephyr, assumindoque o Sr. acredite na ferrovia, Sr. Maquinista.” Ele mostrou o papel para Trumble, que olhoucom displicência.“Bem, acho que isso encerra o assunto,” falou Franklyn com irritação.“Eu não seria tão apressado,” falou o homem mau-humorado de terno preto. “Haverá umapapelada, eu sinto. Eu odeio papelada. Me deixa irritado. Sr. Poter, eu esperaria uma ligaçãodo Birot de Integração Mágica se eu fosse o Sr. De fato, Eu suspeito que nós teremos umestreito interesse no Sr. durante o tempo de sua visita. Eu espero que o Sr. esteja disposto acooperar conosco”.Harry estudou o resto áspero do homem por um momento, apertando os olhos. Entãosorriu docemente. “Será nosso prazer senhor. Mas permita-me perguntar: em que se baseiao seu interesse em mim e em meus amigos?”“Você é Inglês não é?” perguntou o homem mau-humorado, Price, sorrindo tenso. “O Sr.pode estar interessado em saber que a fita recebida pelo F.B.I. explicando os termos doresgate de nosso Senador sequestrado, Charles Filmore, foi gravada por alguém com um114sotaque Britânico. Só se pode assumir que o Sr. está aqui, oficialmente, para investigar osequestro do Senador Filmore, sem mencionar nosso arranha-céu deslocado. Os jovens e opúblico em geral poderão comprar a história sobre homenzinhos verdes da Galáxia deAndrômeda, mas nós no Birô de Integração Mágica, bem … nós tendemos a ser um grupodesconfiado.”Harry concordou. “Deixe-me assegurá-lo, estarei disponível. Eu aceitarei suaassistência e sua colaboração. Por hora, no entanto, permita-me perguntar, apenas porcuriosidade, quais são os supostos termos do resgate do Senador Filmore?”“É confidencial, claro,” Price respondeu justificando. “Felizmente, o F.B.I. acredita

que a fita é uma brincadeira. Eu próprio sei muito pouco sobre isso exceto que a políticapredominante do Birô é que nós não negociamos com terroristas – alienígenas, ingleses, ououtros.”Harry pareceu aceitar. “Eu estou ansioso para ser ouvido por seu escritório, então, Sr Price.Agora se o Sr puder nos desculpar, está ficando tarde e nós temos uma longa distância parapercorrer se não me engano.”Price fez uma sutil reverência e estendeu seus braços. “Mi casa es su casa,” respondeu.Aproveite sua viagem. E seja bem vindo à America.”“Ei chefe,” chamou Trumble, observando a pequena folha em suas mãos, “diz aqui que nósdevemos escoltar o Sr Potter e seus amigos pelo restante da viagem. Você não leu toda amensagem.”“É isso mesmo?” Falou Dunst com deliberada ênfase. “Bem, me apalermei.”À distância, o irritante e sibilante som de um trem se aproximando crescia. Rapidamenteum farol apareceu perto da curva, desacelerando a medida que se aproximava.James piscou e olhou para cima. No alto, um dos mágicos chineses de entregas decolou daplataforma de madeira que rodeava o restaurante iluminado. Ele circulou suavemente aoredor na chaminé desativada, desaparecendo na sombra da fábrica, e arremessando-se emdireção ao Zephyr. Um momento depois, ele pairou em frente a James, Ralph e Lucy,consultando uma nota de pedido.“Vocês pediram três Combos Imperiais tamanho família?” disse olhando para os três.“Vocês devem Sessenta e seis e setenta e cinco.”“Aqui vamos nós,” falou Harry, entregando ao homem um pequeno punhado de moedas deouro. Zane pegou saco de papel da cesta no final da vassoura do entregador e olhou dentro.“Legal!” disse ele. “Biscoitos mágicos da sorte!”“Onde está rolinho primavera?” Perguntou Ralph, inclinando-se para frente enquantoolhava para o saco aberto. Luzes piscaram dentro e James estava levemente distraído paraver as centelhas dentro do saco, presas dentro de uma variedade de cartões brancos ecaixas.“Que tipo de dinheiro é este?” perguntou o bruxo entregador, observando desconfiado para

os Galeões em sua mão. “Isto não é dinheiro de verdade. Vocês estão brincando comigo?”“É de verdade,” disse Franklyn. “Galeões europeus ainda são legais neste país, apesar devocê vê-los menos e menos nestes dias.”O bruxo chinês ficou duvidoso. Um momento depois, ele guardou os galeões. “Certo, certo.Mas não muda. Não sei a taxa de câmbio.”“Fique de gorjeta,” Harry sorriu, aceitando um saco de papel com carangueijo de Zane.O bruxo chinês concordou, tirando seu capuz vermelho, girando e voando embora. Naescuridão por detrás do Zephyr, os policiais bruxos, Dunst e Trumble, caminhavam pelos115trilhos, aproximando-se de suas vassouras de polícia pretas e amarelas. Afastando-se, osagentes do Birô de Integração Mágica desciam a represa para um carro preto nãoidentificado. O pai de Ralph pegou o saco entregue das mãos de Zane e subiu para o trem.Harry e o resto dos adultos caminhavam ao lado na grama que crescia próxima aos trilhosquando o segundo trem parou próximo ao Zephyr.Ralph mastigava seu rolinho primavera cautelosamente. “Se não me engano,” ele disse,observando o homem de terno escuro quando ele deu partida em seu carro, “aqueles doissão trouxas.”“Aprendeu Ralphinator,” disse Zane, admiriado. “O Birô é parte do F.B.I. Trouxa, apenassuper secreto. O presidente nem sequer desconfia sobre sua existência, sabe apenas onecessário. Eles são um pouco arrepiantes e fortes. Mas é parte do disfarce.”“Que negócio é aquele?” Perguntou James.Zane apoiou-se contra o final do Zephyr e agitou uma das faíscas do saco da entrega. “Ogoverno aqui esteve muito mais envolvido com o mundo mágico no passado. Os líderesTrouxas que sabiam sobre a comunidade mágica eram suspeitos, até pensou-se que ummonte de bruxos e bruxas eram seus amigos e colaboradores. Franklyn poderá explicarmelhor se você precisar, mas basicamente, eles construíram proteções nas leis originais quegovernavam a coexistência dos mundos Mágico e Trouxa. Esses caras de terno … eles são osúnicos livres dessa proteção.”

Lucy encarou o carro preto enquanto ele se afastava, com luzes apagadas na escuridão.“Eles tem … como se chama … jurisdição sobre nós?”Zane encolheu os ombros vagarosamente e balançou sua cabeça, como se realmente nãosoubesse.“Tudo que sei,” comentou Ralph, esticando-se nos pés, “é que nós tivemos sorte em teraquela bruxa em nosso vagão. A única que pegou todos aqueles caras em suas vassouras.Falando sobre sua mágica sem varinha.”Zane examinou seu rosto atentamente. “Ela era parte de seu grupo?“Eu a encontrei uma vez antes,” admitiu James. “Em um corredor em Aquapolis. Ela é …curiosa.”Lucy ergueu uma sobrancelha. “O que você quer dizer com 'curiosa'?”James deu de ombros. “Ela sabia coisas sobre mim, é tudo. Ela disse que era porque nósPotters somos famosos.”“Eu acho que é mais do que isso,” disse Lucy, olhando de perto para James. “No entanto,você não deveria chamá-la curiosa.”Ralph ergueu suas sobrancelhas. “Bem, lá estava o ponto onde ela executou algumasmágicas difíceis sem nenhuma varinha em sua mão,” ele disse. “Quero dizer, primeiro Petra,e agora alguma dama misteriosa. Eu estou começando a ficar desorientado.”“Provavelmente você apenas não pôde ver sua varinha,” disse Lucy com desdém. “Estavaescuro lá, e havia um monte de coisas acontecendo.”“Eu a vi erguer sua mão esquerda e apontar,” Zane respondeu. “Não havia varinha lá, eugaranto.”“Sim, Lucy concordou, seu rosto simplesmente em dúvida, “mas você viu sua mãodireita?”Zane pensou sobre isso, mas antes que ele pudesse responder, James falou novamente.“Quando estávamos prestes a cair do viaduto?” Eu estava certo de que o trem não estava116prestes a saltar, mas quando subimos, foi como se nós repentinamente ganhássemos asas.Talvez fosse aquela bruxa de novo! Talvez ela levitasse o trem!”Lucy sacudiu a cabeça. “Você não pode levitar a si próprio James, ou qualquer coisa queestiver acontecendo com você. Seria como se tentasse se levantar por seus próprios pés. Éuma das leis da dinâmica Mágica.”

“Bem, alguém nos deu um empurrão lá,” disse Ralph. “Eu senti que aconteceu.”Lucy abriu sua boca para responder, e então parou. Seus olhos observaram algo comatenção.“Esperem um minuto,” disse Zane, apontando para Lucy e olhando para James. “Ela é aRosa deste ano, certo? Ela é a única inteligente!”“O que Lucy?” perguntou James sacudindo-a.Lucy sacudiu-se. “Bem, com eu disse, é impossível, mas ...”Ralph ergueu as mãos exasperado. “Então diga logo!”“Eu penso que poderia ter sido Petra,” disse Lucy, olhando para os três rapazes.James sentiu um frio na espinha. “Por que você diz isso, Lu?”O resto de Lucy estava tenso como se ela soubesse de algo. “Eu estava no mesmo vagão quePetra. Atrás de todo mundo, mesmo quando aqueles caras estavam atacando o trem comsuas varinhas, Petra permaneceu anormalmente calma. Tio Harry e o Professor Longbottomestavam atirando de volta e não havia fim na confusão, e que com todo mundo gritando e otrem desgovernado pela rua, mas Petra apenas estava sentada lá, segurando a mão de Isa.Os dois únicos que estavam olhando para fora das janelas, observando tudo que acontecia. Eentão, quando o trem pulou, voltando aos trilhos, eu ví ...”“Deixe-me adivinhar,” James falou calmamente. “Petra fechou seus olhos. Como se elaestivesse concentrada em alguma coisa.”Lucy olhou para James. “Não,” respondeu significativamente. “Ambas fizeram. Isa e Petra.Foi quando aconteceu. Aconteceu quando nós levantamos nos trilhos. Quando estivemosprestes a bater.”Aquele foi um momento estranho de silêncio como se todos estivessem pensando nisso.Finalmente James ouviu passos se aproximando pelos trilhos em frente a eles.“James, e o resto de vocês,” Neville chamou ao lado dos trilhos. “O outro trem finalmenteestá pronto. Vão e alertem a Professora Remora e os outros do nosso grupo, entenderam?Digam a eles que nós vamos embarcar em um trem diferente para o resto da viagem. Comsorte, esta viagem poderá terminar esta noite.”James concordou. A frente com Lucy e Ralph, ele subiu os degraus e enfiou-se pela portatraseira no trem escuro.

O segundo trem não era tão bom quanto o Zephyr, porém era silencioso e semovia com velocidade semelhante. James encontrou-se em um vagão com poucospassageiros com a maior parte de seus companheiros de viagem. O balanço do trem, e aescuridão fora das janelas enquanto a cidade ficava para trás, embalavam a ele em umasuave soneca. Finalmente, uma hora ou mais depois, James estava acordado pelo ranger dos117freios quando o trem começou a reduzir. Ele olhou em volta sonolento enquanto os outrospassageiros começaram a se levantar e pegarem suas coisas.“Finalmente aqui,” Ralph resmungou, esforçando-se para olhar pela janelaenquanto a estação ferroviária passava-se vagarosamente. “Philadelfia, Pensilvânia.”“A última parte da jornada terminou,” Alvo comentou com mau humor.Perto da parte dianteira do vagão, James viu a Professora Remora dormindodesajeitadamente, apoiada entre dois bancos com a boca aberta. Um de seus alunosexperimentou cutucá-la.“Eu penso que vampiros adoram a noite,” Lucy divagava preguiçosamente.“Quem, Você quis dizer Remora?” Falou Zane, voltando-se para Lucy. “Isso,esse é um quebra cabeças real, não e?”Ralph bocejou e perguntou a Zane, “Quão longe a escola está daqui?”“Apenas alguns prédios. É perto do centro, mas você tem que saber para onde olhar.”Franklyn pegou sua bolsa de camurça e pôs no ombro tateando-a, aparentementeprocurando por seus óculos. “Eu providenciarei para que nossa bagagem seja entregue emnossos alojamentos. Esta noite, você se alojarão na casa de hóspedes do Alma Aleron.Amanhã, lhes mostrarei o local onde ficarão por toda a estadia.”Harry ficou de pé, carregando Lily enquanto dormia, sua cebeça estava sobre seuombro. Ginny acompanhou, e o grupo começou a aglomerar-se na frente das portas dovagão. Era um grupo incomumente silencioso enquanto enchia a plataforma deserta. Umaneblina fria preenchia o ar em volta do enorme terminal próximo. A distância, a torre dorelógio começou a soar James contou as batidas e descobriu que eram dez horas.

Vagarosamente, guiados pelo chanceler Franklyn e pela Professora Georgia Burke, o gruposaiu da plataforma e para o grande e iluminado terminal. Janelas altas adornava o espaço dooutro lado, revelando o céu escuro.“Esta é a estação da Rua 30,” anunciou Zane, tão cansado quanto particularmenteentusiasmado. “Eles a renomearam para Estação Benjamin Franklyn a uma década ou mais,porém houve alguma política informal e isso nunca aconteceu. Faça um favor a si mesmo enunca diga isso ao Chanceler.”Quando o grupo passou por um conjunto de portas a uma distância do piso demármore, ficaram satisfeitos por um vista da cidade onde se acolheram do outro lado dolargo rio. Sem parar, Franklyn guiou os viajantes pela rua e pela ampla ponte. Carros ealguns ônibus cruzavam a ponte enquanto os viajantes caminhavam pelo calçamento pelolado direito.“Não é longe,” explicou Franklyn acima do ruído do trânsito. “Infelizmente, nãopodemos desaparatar perto da estação. Não poderíamos de qualquer forma, com algunsbruxos e bruxas menores conosco.”Gina prendeu seu cabelo como um rabo de cavalo enquanto próxima a seu marido.“Eu não me importo em alongar minhas pernas um pouco atualmente.”“Não é a cidade mais bonita que eu já vi,” comentou Alvo. “Mas o rio tem um deliciosotom laranja.”“São apenas as luzes dos postes,” apontou Lucy.“Aproveite a vista enquanto pode,” orientou Zane. “Uma vez no Campus, poderão sermeses antes que você possa vê-lo novamente.”Alvo resmungou. “Essa é uma escola ou uma prisão?”118“Sim,” ironizou Zane. “Mas o ponto é, não há razão para sair. A Aleron possui tudoque você precisa, e muitas que você não precisa. Eu estive lá um ano inteiro e não conseguiver o capus inteiro.”Rapidamente, o grupo deixou o tráfego da ponte para trás e desceram a umaglomerado populoso de prédios da cidade. Pequenos negócios e postos de combustíveleventualmente davam espaço para áreas residenciais populosas. As casas e apartamentos

espremiam-se como clientes em um bar, espremendo-se pelas ruas próximas. Carros ecaminhões preenchiam a rua, suavemente iluminados pelas luzes dos postes. Árvores bemespalhadas ao longo da rua, altas e antigas, suas raízes saltando pela calçada dentro dedesregradas colinas e vales. Finalmente, o grupo atravessou um cruzamento próximo eaproximou-se de um muro de pedras, tão alto que ninguém poderia enxergar por sobre ele.Pedaços de vidro adornavam a parte de cima.“Aqui estamos então,” disse Zane, declarando com satisfação.Alvo não estava impressionado. “Então é isso? É isso? Eu vejo o que você quisdizer sobre o tamanho dele. Você pode se perder se abaixando para amarrar seu sapato.”James olhou para trás e para frente ao longo da calçada danificada. As pedras domuro não eram tão grandes quanto um corredor de Hogwarts, com colunas inclinadas emambas extremidades. No meio de cada coluna, quase ilegível pelo desgaste, estava um blocode pedra com símbolos estilizados gravados. O símbolo parecia para ser um escudo comduas letras 'As', encimada por uma águia com asas abertas. Havia um portão de ferro nomeio do muro, de frente para a rua, porém o portão estava coberto com ervas e trepadeirasque o deixava completamente escondido. Franklyn aproximou-se do portão e empurroualgumas das trepadeiras para o lado olhando para dentro.“Sou eu, Flintlock,” ele disse calmamente. “Chanceler Franklyn. Nossos visitanteschegaram.”James, Albus e Lucy passaram em meio aos viajantes, ansiosos por um visão dedentro do portão.“É apenas um quintal,” Albus queixou-se. “Onde está o grande campus sobre o qual vocêfalou?”“Não é este ainda,” Franklyn respondeu.“O Travatempo!” Disse Ralph bruscamente, lembrando. “Meu pai me falou sobre eleno último ano! Excelente!”“A seu tempo, Sr. Deedle,” sorriu Franklyn. “por assim dizer.”James empurrou as trepadeiras para o lado e ergueu-se para olhar sobre os ombrosde Alvo. Seguro o suficiente, o espaço dentro dos muros era simplesmente um terreno

baldio, cheio de mato e montes de sujeira. Apenas dois objetos apareciam para ocupar oespaço. Um deles era um salgueiro grande e largo. O outro era uma enorme rochapontiaguda.“Ele está dormindo Chanceler,” o Professor Burke suspirou, voltando-se para longe.“Eu devo jogar uma pedra nele?”“Você sabe o quanto ele se irrita quando fazemos essas coisas,” Franklyn respondeuimpaciente. “Ninguém gosta de ter o próprio material genético atirado contra si. Deixe-metentar outra vez.” Aumentando um pouco a voz, Franklyn chameou novamente, “Flintlock,sou eu, seu chanceler” Nossos convidados estão esperando!”119Do jardim veio um bufo abafado acompanhado por um rangido baixo. James olhouem volta, procurando pela origem do som, e ficou surpreso ao ver a rocha se movendolentamente. Aparentemente não era apenas uma rocha, mas muitas pequenas pedrasempilhadas juntas, e elas começaram a se mover independentemente, não caindo fora,exatamente, mas mudando de posição, tomando uma forma que parecia estranha, comoalgo vivo.“Legal!” Alvo gritou de súbito, esquecendo do silêncio da rua em volta dele. “É umtroll de pedra” Eu sempre quis ver um troll de pedra!”A figura de pedra ficou de pé e começou a arrastar-se para frente do portão,movendo-se pesada mas firmemente, os passos faziam tremer o terreno.“Conheçam Flintlock,” disse Franklyn, gesticulando com a mão. “Nosso chefe desegurança. Ele tem estado em Alma Aleron desde … bem, desde antes do meu tempo. Não éisso Flintlock?”O troll sacou uma grande chave de dentro de suas cavidades e colocou-a nafechadura. Com uma voz grave, a pedra respondeu, “Eu vim com o navio Mayflower Sr.. Melembro como se fosse ontem.”O Professor Burke sorria cansado. “Claro, em anos de troll de pedra. Provavelmentefoi ontem.”Enquanto o portão balançava para abrir-se, guinchado ruidosamente, Alvoobservava a criatura de pedra. “Mas você deve pesar mil toneladas!” Ele exclamou. “Que

barco poderia ter trazido você?”“Ele não me trouxe,” Flintlock respondeu calmamente. Ele moveu-se parafrente, e em algo como um suspiro completou, “Eu o segui.”Os outro passaram por Alvo enquanto ele permanecia parado em frente à criatura,de olhos arregalados.“Para a árvore,” Zane apontava. “Esta é a melhor parte. Venha!”Franklyn parou, dando passagem a todos em frente a ele. “Sim, sim, como o Sr.Walker disse, todos embaixo da árvore. Eu estou certo que todos estamos prontos para ofim desta jornada.”James, Ralph e Lucy juntaram-se a Petra, Isa e o resto na sombra da luz da lua sob osgalhos caídos da árvore. James não sentiu-se cansado. Em vez disso se encheu com umacerta excitação vertiginosa, em parte empurrado pelo sereno, parte pelo mistério do queiria acontecer.“Ele acompanhou o Mayflower até aqui!” Grasnou Alvo, batendo com seudedos no ombro de Flintlock. “Ele apenas andou pelo fundo do oceano, seguindo o navio nasuperfície” Isso não é a coisa mais legal que você ouviu por toda sua vida?”“Ele não vai vir conosco?” Perguntou Ralph, observando como a criaturaparava em frente ao portão com a chave na mão.“Não!” Alvo respondeu com um grunhido. “Ele fica aqui todo o tempo” TODO… O TEMPO! Ele disse que algumas vezes os Trouxas jovens escalam o muro, com vidros ounão, procurando por lugares para travessuras. Ele os faz dormir e os deixa em um becopróximo com uma ou duas garrafas vazias, para fazê-los pensar que estava bêbados!”“Vamos ver,” disse Franklyn, aninhando-se em baixo da árvore. “Eu diria, que comnossos visitantes, Professora Remora, e seus estudantes que voltaram, nós estamosexcedendo o limite da capacidade legal do Salgueiro Torto.”120“Por favor Chanceler,” Remora assinalou. “Mesmo para criaturas como eu, foi umanoite muito longa. Vamos terminar logo com isso.”Franklyn concordou e retirou um complicado instrumento de bronze do bolso de seucasaco. James reconheceu-o pela sua prévia experiência com o Chanceler. Consistia de

lentes de vários tamanhos presas por arcos articulados. Ele colocou duas das lentesalinhadas, elevou o instrumento e olhou para a lua por ele.“Ah sim,” disse ele, e então calou-se, aparentemente fazendo alguns cálculos mentais.Finalmente, ele assentiu e guardou o instrumento metálico. Um momento depois, ele ergueusua varinha e tocou gentilmente no tronco retorcido da árvore. Com uma voz cantante eledisse. “Salgueiro Torto, leve-nos daqui, dias e anos ou tudo ou nada. Seguindo sua jornada,nós viajamos para lá, para Alma Aleron.”Perto de James, Ralph tornou-se nervoso. “Eu conheço sobre Salgueiros Lutadores,”ele sussurrou, “mas o que faz um Salgueiro Torto?”Zane sussurou de volta, “Você já viu uma dança de quadrilha?”“Não! Ralph grunhiu. “Nós já passamos por isso antes.”Zane concordou com um movimento de cabeça. “Pense sobre o que o Zephyr fez como lado de cima e o lado de baixo,” disse ele calmamente. “E agora pense no Zephyr como oSalgueiro Torto, acima, abaixo, agora e depois.”“Isto é tecnomancia novamente, certo?” Ralph gemeu quando a árvore começou a semover em volta deles, elevando-se misteriosamente, agitando o ar em seus largos ramos.“Eu odeio tecnomancia.”Um vento gelado assobiou em volta do tronco retorcido, agitando os cabelos deJames e fazendo os ramos silvarem e balançar. Um som triste de madeira rachando emanoudas profundezas do Salgueiro, soando como pinhas estourando no fogo.Em frente a James, Isa suspirou. “Olhe!” gritou ela apontando. “o Sol está surgindo!”Zane olhou para o brilho rosado que se expandia no horizonte. “Eu posso estarenganado,” disse ele, “mas eu acho que o sol está descendo. Está indo ao contrário.”O brilho rosado espalhado e luminoso, tornou-se laranja, e então, com certezaterminou, o sol espreitando sobre o muro de pedra do jardim encoberto. O círculo amarelodesceu do céu com grande velocidade, projetando sombras longas dentro do jardim, e entãoencurtando-se rapidamente. Um ar quente soprou através do árvore e James fechou osolhos, encontrando-se de repente em um fim de tarde quente . O sol começou a se movermais rápido, deslizando para baixo novamente no céu, pelo outro lado do Salgueiro Torto, o

qual silenciava tudo a sua volta, seus ramos caídos pareciam cortinas.“O que está acontecendo?” Lily perguntou com um tom de medo em sua voz.Gina puxou a garota para seus braços. “Está tudo bem Lil,”gritou ela. “Eu acho quenós estamos viajando. Apenas estamos viajando no tempo.”A noite se propagava pelo céu novamente, preenchido com estrelas cintilantes.Agora, a lua valsava sobre suas cabeças, pontiaguda e crescente encoberta pela névoa.Momentos depois, o sol surgia uma vez mais, movendo-se tão rápido que parecia estarrolando pelo céu como um mármore. O vento na árvore aumentava, silenciando o açoite dosramos, e James sentiu o movimento abaixo de seus pés. Ele olhou para baixo e viu as raízesdo Salgueiro Torto retorcendo-se pela terra, extendendo-se e elevando-se como tentáculos.O céu tornou-se opaco e retornou a luz da tarde novamente, recomeçando o ciclocom vertiginosa velocidade. O sol e a lua perseguiam-se um ao outro pelo céu, e entãoborravam o céu em listras, e então desmanchavam-se dentro de listras, arcos prateados do121giro no tempo. Os arcos curvavam-se cruzando o céu, e estações começaram a passar emvolta da árvore. As ervas marrons cresciam, e então tornavam-se cinza e sem listras.Bruscamente, neve os cobriu, cintilando branca e alta, crescendo contra o interior do murodo jardim. A neve foi-se novamente e agora o outono acarpetava o jardim. Imediatamente,as folhas evaporaram, deixando o gramado verde e brilhante, salpicado de borboletasbrancas. James virou-se no mesmo lugar, observando todo o jardim em volta com os ciclosdas estações pelos anos, mais e mais rápido, misturando as estações dentro de décadas, oumesmo séculos. E perto de tudo, Flintlock abaixado imóvel, parecido como nada mais doque um pedregulho rochoso, através de flashes de sol e neve.Finalmente, os ciclos começaram a diminuir, até que as estações começaram adistinguir-se novamente, e então as listras do sol e da lua, e finalmente as alternâncias deluz e escuridão dos dias. A árvore suspirava e sussurrava, ajustando-se, até que o sol baixoupela última vez e o céu tornou-se negro, enchendo-se de estrelas. A lua estava alta, cheia,

indiferente na escuridão. Vagarosamente, subindo, subindo, e finalmente parando. OSalgueiro Torto relaxou e parou.No silêncio brusco, Neville Longbottom deu um suspiro. “Então …,” ele perguntoudevagar, “Em quando nós estamos?”O Chanceler Franklyn olhou para ele, e então para o relógio que estava suspenso poruma corrente em volta de sua prodigiosa cintura. “”São onze e vinte um,” ele respondeu.“Quatro de Sentembro de 1750. Mais ou menos alguns segundos. É difícil ser específicosobre estas coisas.”“Nossa” disse Petra atrás de James. Ele voltou-se para vê-la, viu a expressão dearrebatamento maravilhado em seu rosto, e então voltou a olhar em volta novamente,acompanhando seu olhar.Por trás das cortinas dos ramos do Salgueiro Torto, o jardim estava crescido. Oportão estava visivelmente perto, porém o muro estava muito maior; tão largo, de fato, queJames não pode ver seu final. Em todas as outras direções, o luar peneirado na gramacortada, estendia-se até prédios de tijolos coloniais, estátuas, fontes e calçadas de pedra. Ocampus era dotado de postes de iluminação, suas luzes entrançavam-se sob a lua cheia.“Bem,” disse Percy, e parecendo apavorado, “Parece que nós finalmente chegamos aAlma Aleron.”122Capítulo7ALMA ALERONJames queria explorar os terrenos naquela mesma noite, mas os pais, junto com o restodos adultos, insistiram em levar todos para os respectivos quartos e camas.Os alojamentos dos convidados eram localizados numa grande mansão de tijolos quecontemplava os terrenos do alto, relativamente próxima do Salgueiro Torto. Logo, Jamesencontrou-se num quarto incrivelmente luxuoso com uma gigantesca lareira de mármore,quase tão alta quanto ele, e três camas de quatro colunas, tão altas que tinham pequenosbancos de madeira ao lado. Alvo ficou com a cama mais próxima da janela e James pegou a

cama do meio. Dentro de minutos, apesar da animação da noite e a sensação de finalmentechegar, James caiu num profundo sono sem sonhos.Ele pareceu acordar quase que de imediato e piscou os olhos devido ao brilho vivo do solque irradiava da janela, nadando entre partículas de pó. Os pássaros cantavam em algumlugar perto dali e, enquanto James se sentava na sua alta cama, ele pôde ver as pessoas memovendo nas aleias de laje do campus debaixo da janela. Ele sorriu e viu que Alvo já estavaacordado.123— Sinto cheiro de bacon — disse Alvo, assentindo. — A cozinha é no porão. Vamos,quero ver se podemos filar um pedacinho!— Vão na frente — anunciou Ralf do outro lado do quarto, encolhendo os ombros numroupão branco, maior que ele. — Vamos, há mais dois. Um para cada um de nós. Cara, essa éa vida.— Não consigo imaginar que é assim que vai parecer a vida nos dormitórios —respondeu James, pegando um dos roupões —, mas quando em Roma...Juntos, os três garotos desceram as escadas e atravessaram um corredor extenso ericamente coberto de painéis a passos pesados. Vitrines expostas em um lado exibiam umavariedade de troféus e prêmios, assim como uma coleção de estranhas bolas esportivas decouro, a maioria suja e gasta com o tempo. No outro lado do corredor, retratos e fotografiasenquadrados olhando para baixo. James reconheceu alguns dos rostos nas imagens —Abraham Lincoln e George Washington entre eles —, mas a maioria era totalmenteirreconhecível a ele. Um pequeno número de imagens se movia e James assumiu que amaioria das pinturas era, na verdade, trouxa.Os garotos passaram por uma grande sala de estar e um guarda-roupa e pararam quandose aproximaram de uma movimentada sala de jantar, preenchida com a luz clara da manhãde duas janelas altas. A maioria dos adultos já estava reunida em volta da mesa tagarelando,passando pratos e enchendo copos de café e chá que emitiam vapor. Alegremente, James,Ralf e Alvo correram para dentro da sala e encontraram cadeiras vazias em volta da longamesa.

— Roupões e pijamas? — falou Lúcia, piscando de lado para James enquanto este subiana cadeira ao lado dela.— Al sentiu cheiro de bacon — James deu de ombros. — Esteja feliz por ele pelo menosestar vestindo alguma coisa.Percy despejou açúcar no chão enquanto falava, aparentemente no meio de umaconversa com reitor Franklyn, que se sentava na sua frente.— Então, a fim de manter a segurança e continuar escondida da Filadélfia trouxa, a AlmaAleron existe numa bolha de tempo no ano de 1750.— Na verdade — respondeu Franklyn, recostando-se à cadeira e esfregando o queixocom um guardanapo —, estamos agora de volta ao século vinte e um, a partir dessa manhã.2040, creio eu. Tentamos usar números redondos, mas mesmo assim, pode sermonstruosamente difícil manter-se informado sobre isso.Georgia Burke falou em seguida.— A bolha de tempo viaja diariamente, estendendo-se sobre aproximadamentequatrocentos e cinquenta anos. O objetivo história de qualquer dia dado é determinado porum complexo algoritmo baseado na data presente, a fase da lua e... er... a disposição de umcerto gato da espécie Amasso.— Exato — concordou Franklyn. — Patches, o gato de estimação da administração. Obruxo que projetou o algoritmo é um crente de que é necessário haver uma única variável124aleatória para prevenir que intrusos quebrem o código do tempo. Ele estimou que apenasaqueles que realmente merecem estar no campus conheceriam o gato Patches e suadisposição. Ingênuo, realmente, mas um pouco obtuso, já que gatos, mesmo da variedadeAmasso, na verdade só tenha uma disposição.— Carrancudos — concordou Burke. — Com vários graus de petulância, arrogância,indiferença e tédio. Ainda assim, como um conceito de segurança, é razoavelmente sólido.— Ah, nós sabemos tudo sobre gatos Amasso — comentou Isa do outro lado da mesa. —Lembram do Bichento? O gato da família de Rosa? — perguntou ela, olhando de lado paraPetra e então virando para direcionar a todos na mesa, sua voz sóbria. — Mas Bichento nãoé carrancudo assim. Ele é um amor.

— Para você, talvez — murmurou Harry.— E o que acontece se alguém pular sobre o muro da escola pelo lado de dentro? — Alvoperguntou com a boca cheia de torrada. — Eles poderiam ir explorar o futuro ou o passado?E se eles ficassem perdidos? Ou perfurariam a história de algum jeito?Franklyn riu alegremente, como se essa fosse uma pergunta que ele respondia comfrequência.— Felizmente para a história, a bolha de tempo acaba no limite do campus: o muro depedra que todos nós observamos ontem à noite. No momento que escalá-lo, você deixaria aparada de tempo e se encontraria no fluxo normal de tempo, apenas preso do lado de fora, ecom Flintlock a convencê-lo a voltar para dentro.— Ah — disse Alvo, desapontado.— Em todo caso, temos um longo dia pela frente — exclamou Gina, colocando oguardanapo ao lado do prato. — Lílian, precisamos deixar você e Isa na sua nova escola, emoutra parte da cidade, e precisamos nos estabelecer no nosso próprio apartamento.Franklyn deu uma tossidela.— Harry, eu arranjei um visto indefinido na Rede de Flu para você e seu esquadrão,efetivo a partir desta manhã. Permitirá a você acesso livre à Montanha de Cristal equaisquer destinos mágicos que você possa precisar ao longo da duração de sua estada.— Servirá o suficiente — concordou Harry. — Mas e a comunicação com os meusassociados do lado de fora? Entendo que você tem um departamento inteiro dedicado àscomunicações experimentais de âmbito internacional. Como sabe, Tito Hardcastle, o meusegundo no comando, se juntará a mim periodicamente durante a investigação. Seránecessário que eu me comunique com ele regularmente e correio internacional énotoriamente lento.Na extremidade da mesa, Merlin falou.— Previ tais requerimentos, Sr. Potter. Fale comigo nos meus aposentos quando tiveroportunidade.Franklyn piscou para Merlin, e depois virou para Harry.— E, naturalmente, o Departamento de Comunicações Mágicas Experimentais lheajudará de qualquer jeito que você possa requerer. Darei-lhe um passe que lhe garantirá

125acesso imediato ao campus através do portão principal. Flintlock já o conhece e escoltarávocê pela parada de tempo. Como pode imaginar, porém, você não pode aparatar nocampus vindo do exterior da bolha de tempo, nem pode acessá-lo pela Rede de Flu.Infelizmente, as nossas medidas de segurança, infalíveis como são, apresentam suaspróprias limitações únicas.— Deixar o campus durante a estada não está nos meus planos — anunciou NevilleLongbottom, sorrindo. — Tenho uma reunião com o chefe do Departamento de Flora, oprofessor Sanuye, logo mais nesta manhã, em preparação à minha apresentação amanhã ànoite. Sinceramente, admito, estou um pouquinho nervoso com isso.— Você vai se sair muito bem — disse Audrey, confiante. — Não existe outro expertmelhor no assunto de herbologia do que você, professor Longbottom.— Bem — respondeu Neville, enrubescendo —, isso pode exigir um pouco mais...— Quanto a vocês quatro — falou Gina, indicando James, Alvo, Ralf e Lúcia —, estámarcado para vocês se encontrarem com Zane perto da Octosfera às dez horas. Elemostrará o campus a vocês e irá preparar vocês para o primeiro dia de escola. Se vocêsdesejam vestir alguma coisa além de pijamas e esses ridículos roupões, sugiro queterminem o café logo e se troquem.— Ugh! — Alvo proclamou de repente, levantando o copo e olhando para ele comdesdém. — Vocês chamam isso de chá? Ouvi dizer que os americanos não podiam fazer umcopo decente, mas céus! Isso tem gosto de suco quente de ameixa seca!— Alvo Severo! — repreendeu Gina.Franklyn observou atento o copo na mão de Alvo. Gentilmente, ele estendeu o braçofazendo menção de pegá-lo.— Ah, sim. Uhum. Tem gosto de suco quente de ameixa seca porque é precisamente isto,mocinho — falou ele, pegando o copo e inalando o cheiro. — Provavelmente você pegou aminha bebida por acidente.O rosto de Alvo corou enquanto James e os pais riam. Audrey cobriu a própria boca parasuprimir um sorriso enquanto Percy revirava os olhos. Merlin fez um movimento para selevantar, indicando o fim do café da manhã.

— Ah. Bem — disse Alvo, inflexível. — Não importa, então.Debaixo da luz do dia, o tamanho do campus de Alma Aleron parecia ainda maior.Relvados puramente aparados e jardins de flores cruzavam com trilhas correndo em todasas direções. Algumas das trilhas eram serpeantes e estreitas, deitados com brita, outraseram ruas de laje, cortando caminhos retos entre as várias construções.126Conforme James, Alvo, Ralf e Lúcia andavam até o centro do campus, eles encontravaminumeráveis alunos de quase todas as idades, na maioria vestidos com várias versões douniforme escolar, o que consistia, geralmente, de uma camisa, gravata, calças e jaqueta paraos garotos, ou uma blusa, saia e gravata para as garotas. Suéteres com decote em forma de Veram ocasionalmente vestidos no lugar da jaqueta, especialmente pelas garotas, e algunsalunos renunciavam a jaqueta completamente ou a carregavam pendurada nos ombros.A parte confusa estava no fato que não parecia haver uma cor estabelecida. QuandoJames olhava ao seu redor, encharcando as visões, ele contou pelo menos meia-dúzia dediferentes combinações de cores. Entretanto, ele notou que alunos em cores similarestendiam a formar grupos deles próprios, caminhando rapidamente para as aulas ouvagueando perto dos bancos e paredes baixas que pontilhavam o campus, rindo e passandoo tempo, ocasionalmente lançando em volta estranhas bolas esportivas de couro.Os prédios que consistiam o campus eram na maior parte de tijolos, cobertos de hera,com sótãos e torres se projetando de seus altos telhados. As entradas eram extensas egrandes, com escadarias de pedra levando a barreiras de pesadas portas de madeira, váriasapoiadas abertas para admitir o ar fresco do outono. A maioria dos prédios principaispareciam percorrer um espaço comunal e estreito muito longo, pontilhados com árvoresantigas imensas, piscinas, pontes, jardins e estatuária. Na ponta mais próxima dos espaçoscomunais, perto da casa de visitas e do Salgueiro Torto havia algo parecido com uma antigaruína, na maioria consistida em blocos de pedra empilhados ao acaso em volta de uma

fundação coberta de grama. A única parcela reconhecível da ruína era a entrada principal edegraus, que pareciam prontos para cair na menor provocação. Uma estátua quebrada ebastante gasta de um bruxo severamente vestido segurando uma varinha ao seu lado seerguia na frente da passagem de entrada, parecendo que um dia se erguia no topo de umgrande pedestal que tinha, pelo tempo e entropia, sido enterrado. O nome gravado no topoda porta da ruína mal era legível: Roberts.Do outro lado da ruína, erguendo-se na extremidado dos espaços comunais como umpatriarca na frente de uma mesa gigantesca, havia um prédio vermelho de tijolosabsolutamente imponente com suportes e colunas de pedra, fileiras de altas janelas e umatorre do relógio atordoantemente alta que içava-se sobre a impressiva entrada central. Onome completo da escola e data de origem da mesma estavam gravados sobre as colunasem grandes letras de forma:ALMA ALERONUNIVERSIDADE de HUMANIDADES MÁGICAS e FEITIÇARIA1688James teve um pressentimento que já vira aquele prédio antes, e então se lembrou: eleestava ao fundo, no seu primeiro vislumbre de Alma Aleron, visto através do muro mágicotraseiro na Garagem Trans-Dimensional durante o seu primeiro ano em Hogwarts. Ele tinha127visto aquela mesma torre do relógio, apesar que de um ângulo diferente, e ouvira os seussinos tocando. Ele se sentiu um pouco surreal agora, olhando para a construção diante dele,sabendo que estaria frequentando a escola debaixo dela, provavelmente pelo ano inteiro.Finalmente, os quatro estudantes caminharam até o centro dos espaços comunais docampus e pararam debaixo de um dos pesados ulmeiros que projetavam suas sombrassobre os terrenos, com suas folhas giratórias captando a luz solar como caleidoscópios.Perto, uma grande piscina de plataformas espanjava com fontes, cercando uma estranhabola de mármore preta que parecia flutuar no meio.— Lá vem ele — falou Ralf, secando a testa com a manga. — Como pode ser tão quentenessa época do ano?

Lúcia deu de ombros.— O clima é moderado aos padrões deles. Fique feliz por não termos chegado no meio deagosto. Meu pai diz que você pode ferver um caldeirão na trilha durante um típico verãoamericano.— Ugh — grunhiu Alvo, sacudindo a cabeça.— Na verdade estou desapontada por não ter a chance de tentar isso — Lúcia disse,curvando-se para baixo e descendo a palma da mão na pedra aos seus pés. — Isso aqui équase quente o bastante para amolecer uma geleia de plantas.— Já ocorreu a você — falou Alvo, olhando de lado para a prima — que o seu pai podeestar cheio de geleia de plantas?Lúcia olhou Alvo calmamente.— Sim — respondeu ela. — Na verdade já me ocorreu sim.— Dia, galera — exclamou Zane alegremente, cruzando as plataformas da piscina paraencontrá-los. — Foi mal, acho que me atrasei um pouco. Teve um acidente na noite passadana minha casa envolvendo um novato, um feitiço Engorgio e uma torta de limão verde.Nunca vi uma bagunça como aquela, e a tarefa de se certificar que tudo estava limpo no fimsobrou pra mim. O juramento foi a metade. Se quer a minha opinião, não tinha nenhumZumbi no grupo.Lúcia franziu o cenho.— Uma torta de limão verde?Ralf olhou para ela.— Você ouviu ele dizer a palavra “zumbi” e o que lhe chamou atenção foi a torta?— É óbvio que ele não está se referindo a zumbis de verdade — desdenhou Lúcia. —Zumbis são proibidos. Pelo menos, nesse país eles são.Zane levantou a voz e lançou o punho ao ar.— Orgulho Zumbi! Coragem Zumbi! A luta incansável contra os mortos-vivos! — Eleparou, abaixou o punho e sorriu. — Desculpe, força do hábito. Vamos Zumbis, né?— Se você tá dizendo — James sorriu, sacudindo a cabeça.128— Vamos lá, vou dando as novidades para vocês enquanto andamos — contou Zane,fazendo um gesto com a cabeça. — Temos um monte de coisa para ver e não temos muitotempo. Vou ter aula em meia-hora. Vocês podem se sentar se quiserem.— Ah, claro — comentou Alvo alegremente. — Vamos ter baldes de diversão.

Lúcia deu uma leve batida no primo na parte de trás da cabeça enquanto se levantavam.— Dá um tempo, Alvo.— Tudo bem — Zane disse, virando e andando para trás, seu braço estendido na frente.— Essa é a alameda principal de Alma Aleron. A maioria dos prédios de sala de aula são poraqui, em cada lado. Atrás do Salgueiro Torto, aquela pilha de tijolos e pedras é o lar de umdos fundadores originais. Parece tentador escalar, mas não é uma boa ideia. Magia é a únicacoisa que segura o que sobrou nesses dias.— O que aconteceu? — perguntou James, olhando para trás sobre o ombro para a ruínadesvanecida. — Parece que tem milhões de anos.Zane deu de ombros.— Desculpe, isso não é parte do tour. Principalmente, porque eu não sei. Tenho certezaque alguém já me contou isso uma vez, mas eu me fiz um favor e esqueci assim que pude.Deixa mais espaço na minha cabeça para skrimbol e os desafios de novato — contou, dandoum tapinha na lateral da cabeça com um dedo. — De qualquer jeito, a maioria das casas dedormitório estão no outro lado dos prédios de sala de aula. Tem seis, que me trazem à partemais importante da sua vida aqui em Aleron: qual sociedade você acaba.— Assim como as casas de Hogwarts — assentiu Lúcia, animando-se.— Sim! — disse Zane, apontando para ela. — E não. As coisas aqui são totalmentediferentes, começando com a Seleção. Principalmente porque não tem seleção nenhuma.Aqui, você tem que correr para a sociedade que quer entrar. Se não correr, ou se vocêdesistir durante a corrida, será designado para uma casa de dormitório pela administração,e você não quer que isso aconteça.James seguiu Zane sobre uma estreita passarela, passando de lado por um grupo deestudantes indo na direção oposta.— Por que não? Você entra numa casa de um jeito ou de outro, certo?— É, mas você não escolhe em qual casa eles te botam. É baseado inteiramente em qualespaço está disponível. E as casas não tratam os restos muito bem. Até a Casa Zumbi. Eudevia saber.— Você foi um... er... resto? — perguntou Ralf.— Eh — disse Zane enquanto olhava para trás. — Não. Vamos simplesmente dizer que os

restos da Casa Zumbi ainda estão limpando torta de limão verde nas paredes do porão. Ahierarquia lá é feia, mas eficaz.— Parece um tanto bárbaro — disse Lúcia com suavidade.Zane concordou com a cabeça.— De qualquer jeito, há seis sociedades aqui, todas originalmente nomeadas pelamitologia grega, algo que os pais fundadores eram todos loucos por ela. Contudo, ninguém129mais os chama pelos seus nomes gregos, então não se preocupem em tentar lembrar detodos. As sociedades têm estado na existência desde o começo da escola e elas foramdesignadas para acomodar bem qualquer tipo de personalidade mágica.Ele parou e virou novamente, gesticulando entre dois prédios próximos.— Estão vendo aquela velha mansão ali, atrás do Rhines Hall? É a Mansão Hermes,outrora conhecida como a casa dos Zumbis, onde eu vivo. O meu dormitório é na janelasuperior direita, ao lado da torre. Zumbis são perseverantes e maliciosos, adaptáveis aquase qualquer situação. Assim como eu, não?Alvo assentiu.— A Casa Hermes Zumbi é também conhecida por ter julgamento suspeito e exigência debastante supervisão.Lúcia, James e Ralf olharam de lado para Alvo com as sobrancelhas erguidas.— Que foi? — perguntou Alvo, estendendo as mãos. — Lúcia não é a única que pode ler,sabe! Estava num livreto que eu encontrei no nosso quarto ontem à noite!Zane revirou os olhos.— Bem, você está certo, tecnicamente. Se você perguntar para qualquer outro, eles irãolhe dizer que a Casa Zumbi é a casa dos punks, rebeldes e encrenqueiros. Mas eles só dizemisso porque têm inveja. As nossas cores são o amarelo fel e preto.— E as outras sociedades? — perguntou Lúcia.— Ah, sim, claro — disse Zane, levantando uma mão e começando a contá-las nos dedos.— Além da Mansão Hermes, tem a Érebo, mais conhecida como Casa Vampiro, liderada pelaprofessora Remora, que vocês já conhecem. Eles são todos dramáticos e melancólicos etomam a si mesmos com muita seriedade. Você os nota pelos uniformes preto e vermelhosangue,e pelo fato de que a maioria é mais pálida que a lua, e que eles gostam de deixar os

cabelos caírem sobre os olhos de forma que eles têm que tirá-lo do caminho só para verquem está zombando deles. E quem está zombando deles é geralmente um Zumbi —acrescentou com orgulho.“Aí tem a Casa Duende, de Afrodite. Eles são todos do tipo líderes de torcida, obcecadospor parecerem bons, quem tem a vassoura mais cara e quem ainda está vestindo roupas damoda passada. Eles não são maus, se você desconsiderar o ego, e nada pode descartá-los nahora de políticas escolares e debates. Eles até têm algumas verdadeiras Veelas na CasaDuende. As cores deles são cor-de-rosa e vermelho já que essas são as cores mais comunsna moda.”Zane começou a andar de novo, levando o grupo para o principal prédio daadministração na ponta do espaço comunal.— A próxima é a Casa Ares, comumente conhecida como os Lobisomens. Eles são do tipomilitar, e os soldados do campus. A casa deles fica no topo do Morro do Triunfo, atrás doprédio da administração. Eles conquistaram aquele lugar por vinte anos consecutivos, jáque ninguém consegue ganhar deles no torneio de skrimbol. Lobisomens são arrogantes ebrigões, e não têm muito respeito por quem não é como eles, então vocês vão todos querer130ficar longe deles a menos que sejam um deles. Suas cores são o cinza e borgonha, comouniformes militares. E ali está o presidente deles, o professor Jackson.James pestanejou e virou para olhar. O professor Teodoro Jackson andava a passospesados debaixo dos raios solares no outro lado do campus, vestindo um casaco cinza eplastrão borgonha escuro com a rígida testa baixa. Ele aparentemente não notou James ou oresto do grupo, algo que deixou James contente.— Seguimos com a Casa Hefesto, lar dos Igors2. Eles são o oposto exato dos Lobisomens.Igors são admiradores de tecnomancia e alquimia, e são incrivelmente uns gênios. Amaioria gasta tanto tempo no laboratório da casa que dificilmente sabem o que estáacontecendo no resto do campus. Eles falam de um grandíssimo jogo sobre dominar omundo e criar invenções do dia do juízo final, mas são realmente inofensivos quando você

tem a oportunidade de conhecê-los. Um Igor é identificado pelos uniformes verde-ácido.Zane parou na base dos degraus do prédio da administração, que era um enorme edifíciode tijolos com a torre do relógio. Ele virou e apontou para o outro lado do campo, para ocaminho de onde vieram.— E, finalmente, tem os Pés Grande, Casa Apolo. A mansão deles fica ali atrás, do outrolado da ruína, o mais longe possível do Morro do Triunfo. Pés Grande são caras legais, masnão são interessantes. São bruxos e bruxas amigáveis, diligentes, honestos eimparcialmente competentes, que explica o porquê de todo o mundo esquecê-los doissegundos após conhecer eles.— Eles parecem um grupo muito decente — Lúcia falou, observando a distante casa.— Exatamente isso! — exclamou Zane. — Eles possuem um time de skrimbol respeitável,mas o jogo de feitiço é totalmente fraco, por isso que nunca ganham. O Presidente da Casa éum cara decente, não consigo lembrar o nome dele. Professor Birch ou Bark, algo assim.Ensina Éticas de Magia no nível universitário. Super chato.— Espera aí. — Alvo levantou uma mão. — Então essa é a melhor escola de bruxos ebruxas dos Estados Unidos inteiro, e você está me dizendo que o melhor nome que puderampensar para as casas foi de um grupo de monstros mutantes?— Suspeito que os Vampiros, pelo menos, iriam se objetar ao termo “mutante” —interviu Lúcia.Zane revirou os olhos.— Sim, sim, também acho. Lembrem-se, eu ainda sou Corvinal até a alma. Quandocheguei aqui ano passado, falei para eles como isso tudo aqui era careta em comparação àvida em Hogwarts. Surpreendemente, nada disso me ajudou muito. A questão é, essesapelidos foram votados pelos estudantes, aproximadamente cem anos atrás, e eles2 “Igor” se refere ao ajudante corcunda do Dr. Frankenstein131obviamente não eram as pessoas mais criativas. Porém, se você acha que nomes demonstros são ruins, você devia ver os nomes de sociedade originais de quando eles abrirama escola! Os pais fundadores podem ter sido gênios de várias maneiras, mas decidir

mascotes não era uma das suas habilidades.— Como eram? — perguntou Lúcia.— Bem — começou Zane com a voz baixa —, aquelas pessoas eram as mesmas que nofim decidiram que os símbolos para os nossos grupos políticos deveriam ser um elefante eum jumento. O próprio Benjamin Franklyn votou contra tornar a águia como nosso símbolonacional. Sabem o que ele queria que fosse? Um peru!Alvo sacudiu a cabeça, sorrindo.— Só pode ser brincadeira.Zane endireitou-se.— Antes fosse, amigo. Ele ainda está um pouco amargurado com isso, e isso foi háséculos! Mas de qualquer jeito, goste delas ou não, essas são todas as sociedades de casa.Elas irão crescer com você quando for posto em uma. A semana de corrida ainda estárolando, então vocês ainda têm uma chance de se candidatar para uma boa casa. Voto nosZumbi como a melhor para vocês, mas teremos que perguntar ao Patches.— Patches? — pestanejou Alvo. — O gato da administração?— Ele é um Amasso — corrigiu Zane. — E ele tem um sexto sentido para com essascoisas. Você pode solicitar ficar em qualquer casa que quiser, mas é tradição para novosestudantes consultar Patches primeiro. É divertido. Na verdade, lá está ele agora.James olhou na direção que Zane indicou. No ponto mais distante da escadaria de pedra,parado na sombra da estátua de uma grande águia, estava um gato pontilhado de três corese perfeitamente ordinário. Seus olhos estavam fechados, mas a ponta do seu rabo açoitavaincansavelmente, como se o gato apenas fingisse dormir.— Qual é — Zane sorriu. — Vamos perguntar para ele.— Esse é algum tipo de pegadinha que vocês pregam nos novos alunos — disse Alvo,recuando. — Gostei. Mas não vou cair nessa.— Você que sabe — respondeu Zane, impassível. Ele se agachou na frente do gato ecoçou entre as orelhas. — Ei, Patches, como estão tratando esse gatinho? — disse, como sefalasse com um bebê. — Sim, é isso. Você gosta que as pessoas coçem entre suas orelhas,não é? Poderia ajudar alguns amigos meus hoje? Compartilhar um pouco dessa loucaintuição felina?

Lentamente, Patches semicerrou os olhos verdes e fitou James. Seu rabo açoitava.— Este é James — continuou Zane, olhando para trás. — Eu sei que ele está um ou doisdias atrasado, mas passou por uma longa viagem, então tem uma boa desculpa. Você querdar a ele um pequeno empurrão na direção certa, sábio da sociedade?O gato continuou a observar James com um olhar pensativo. James podia ouvi-loronronado enquanto Zane o afagava. Finalmente, o gato se levantou, se esticou e bocejousuntiosamente, e se afastou para a luz do sol.132— Assim falou Zaruthustra — gracejou Alvo, revirando os olhos.— Shh — sibilou Zane, levantando uma mão.Patches andou para as portas abertas do prédio da administração, o rabo erguido alto, eentão parou com sua pata frontal esquerda levantada. Ele virou para olhar para trás, comose estivesse certificando-se de que os alunos o observavam.— Olhe onde o pé dele está — sussurrou Lúcia, cutucando James com o cotovelo.James olhou mais de perto. Gravada nos blocos de pedra dos degraus estava uma linha deseis símbolos. A mais próxima de james era um morcego de asas meio-estendidas. O gatoestava de pé sobre um dos símbolos do meio, sua pata direita descansando bem no meiodele.— Não pode estar certo, Patches — disse Zane, franzindo a testa.— Que é? — perguntou James, ficando vesgo. — Deixei meus óculos na minha mala. Nãoconsigo ver o símbolo.Zane suspirou.— É uma caneca de vidro com relâmpagos saindo dela, o símbolo da Casa Igor. Patches,James não é Igor. Tecnomancia não é o forte dele. Ele é um especialista em magia defensiva.Ele é um Zumbi de corpo inteiro. Vá lá, suba no crânio vesgo.Para a surpresa de James, o gato quase pareceu sacudir a cabeça. Ele ficou no símboloIgor, sua pata esquerda levantada, sua direita plantada bem no centro da caneca esculpida.— Tenho bastante certeza que não sou um Igor — comentou James.— É, bem, gato velho e estúpido — concordou Zane, olhando disfarçado para Patches. —Pelo menos ele não é o Chapéu Seletor lá da boa e velha Hogwarts. Você pode se candidatarpara a casa que quiser, considerando ou não o que ele diz.

— Minha vez agora! — proclamou Alvo, dando um passo à frente. — Deixem James irpros nerds. E eu, Patches, velho amigo?O gato examinou Alvo friamente, então desceu a pata esquerda. Lentamente, ele vagueouao longo dos símbolos e parou em um próximo da ponta. A forma era tão óbvia que atéJames pôde distinguir. Um lobisomem.Alvo assentiu com um sorriso.— Excelente. Os lobos é quem mandam.— E Ralf, então? — perguntou Zane, empurrando o garoto maior à frente.Patches estudou Ralf por um longo tempo, seus olhos verdes estreitados. Finalmente, sesentou, lambeu o flanco algumas vezes, se levantou de novo, e andou num grande círculo.Quando acabou, sua pata direita descansou na caneca de novo.— Alguém anda botando álcool na sua comida, menino — disse Zane, sacudindo acabeça. — Ralf é ainda menos Igor do que James aqui. Ele nem escolheu Tecnomanciaquando teve a chance.— É verdade — Ralf disse ao gato. — Eu nem consigo soletrar “tecnomancia”.Patches levantou o nariz e bocejou outra vez, como se estivesse entediado.Lúcia se aproximou de Patches e ficou agachada em um joelho.133— Oi, Patches — ela disse, inclinando a cabeça. — Eu sou Lúcia Weasley. Que casa vocêacha que eu pertenço?Patches andou para frente e se esfregou na perna de Lúcia, ronronando alto. Ele andouem torno dela e então virou para o extremo oposto da linha de símbolos. Sua sombra caiusobre o morcego enquanto caminhava levando em conta os símbolos. Finalmente, parou etocou o centro do morcego com a pata direita.Zane sacudiu a cabeça para frente e para trás.— Essa poderia estar certa — anunciou ele. — Você realmente parecer ter um poucodessa atmosfera misteriosa de “criatura da noite” em você, Lúcia.— Mas eu não gosto nem um pouco daquela Remora — disse Lúcia, avançando paraafagar Patches de novo. — Ela é tão convencida e ridícula.Zane levantou as sobrancelhas e remexeu um dedo no ar.— “Todas as personalidades entram em todas as casas.” Essa é uma citação direta domeu Presidente de Casa, o próprio Jersey Devil.— E qual é o significado? — perguntou Ralf com um traço confuso.

— Significa que nenhuma casa é toda boa ou toda ruim — respondeu Zane, levantando amochila. — Existem patetas detestáveis em toda sociedade, não só nos Vampiros. Existematé alguns chatos entre nós Zumbis. Por outro lado, existem tipos decentes em toda casatambém, embora eles sejam de muito menor número. Não se preocupe com isso, Lúcia. Sevocê quiser entrar para a Casa Vampiro, você vai encontrar algumas pessoas com a mesmaopinião que a sua lá, apesar dos melhores esforços de Remora.— Mas onde é que ficamos antes de a gente se juntar a uma sociedade? — perguntouRalf.— Existe um dormitório comunal atrás da casa de visitantes — disse Zane, assentindopara o caminho de onde eles vieram. — É provável que as suas coisas já tenham sidoenviadas para lá. Vocês vão querer sair de lá o mais rápido possível. Eles não modernizam odormitório comunal há, tipo, trezentos anos. Se eu fosse vocês, eu entraria agora e meinscreveria para uma das sociedades. O processo de iniciação começará imediatamente.Enquanto estiver nele, tem que conseguir suas tarefas de classe classificadas e não pode seinscrever em nenhum clube ou esporte que quiser se envolver. — Ele deu um passo laterale gesticulou na direção das portas principais da Residência da Administração. — A menosque, isto é, vocês queiram vir comigo para a Engenharia Pré-Cognitiva.— Não, obrigado — James suspirou. — Acho que é melhor a gente sair desse caminhoassim que pudermos.— Eu não sei sobre o resto da gente — acrescentou Alvo —, mas eu vou adiar o início dasaulas pelo maior tempo possível.— Eu gostaria de ir com você, na verdade — contou Lúcia, andando para ficar ao lado deZane. — Diferente desses dois, estou ansiosa para ver como são as aulas aqui. Vou deixar osarranjos oficiais para depois do almoço.134— Então, por aqui — disse Zane, oferecendo o cotovelo a Lúcia. — Precognição não é tãodifícil quanto costumava ser, aparentemente, agora que Madame Delacroix está num quartoalmofadado no complexo médico, mas ainda é um desafio. Fique perto e eu mostro a você oslaços.

James sacudiu a cabeça enquanto os dois atravessavam a multidão de estudantes.— Bom — disse Ralf, movendo-se hesitante para as portas da Residência daAdministração — você vai se inscrever para a Casa Igor?James zombou:— Sem chance. Eu vou para a Casa Zumbi. Minhas desculpas para o Patches ali.— Eu estava pensando no mesmo — concordou Ralf. — Embora eu não possa deixar deimaginar o que aquele gato sabe que nós não.— Vocês são malucos — disse Alvo com seriedade. — Aquele gato tem algum tipo deligação mental com o cosmo ou alguma coisa assim. Ele pode ver direto pela sua alma, assimcomo o Chapéu Seletor lá em Hogwarts. Vocês viram como ele foi rápido para descobrir queeu pertencia à Casa Lobisomem? É a casa dos grandes do esporte, força e ordem. Se o gatodiz que vocês dois são um bando de nerds Igor, então não deveriam argumentar. Patchessabe das coisas.James empurrou o irmão do caminho enquanto virara para as portas da Residência daAdministração.— Um minuto atrás, você achava que o gato era só uma pegadinha com calouros.— Ugh — disse Ralf, seguindo-o. — Achei que isso tudo já tinha acabado. Eu estava logocomeçando a ficar confortável na Sonserina. Agora temos que começar tudo de novo.Alvo franziu o cenho.— Eu adoro a Sonserina, mas tenho uma sensação de que eu e os Lobos vamos ficarmuito bem.— Pelo menos quadribol não é algo tão grande aqui como era lá — comentou Ralf,pisando nas sombras ecoantes do saguão da Residência.James franziu a testa.— Por que isso é uma coisa boa?— Bom — Ralf sorriu, dando um tapinha no ombro do amigo —, isso melhora suaschances de entrar no time, não é?Alvo gargalhou, e o som ecoou por todo o saguão grande e obscuro.Vinte minutos depois, os três garotos saíram á luz do sol de novo, estudando as novastarefas de classe.135— Alguém tem Mecânica Automática? — perguntou Alvo. — Não consigo nem imaginar o

que seja isso.— Acho difícil que alguma coisa aqui faça sentido — concordou Ralf. — Olhem só:Estudos de Ocupações Trouxas. Sobre o que é isso?— Ei! — uma voz próxima chamou, assustando os dois. James olhou ao seu redor e viuum par de estudantes mais velhos de pé próximos às portas da Residência daAdministração. Um deles, uma garota, usava uma saia cinza-escuro, combinando com umsuéter abotoado e uma gravata borgonha. Cabelo preto cobria seu rosto obscuro e severo. Ooutro, um garoto mais velho que James, tinha cabelo verde-claro cortado numa tira que seestendia da testa até a base do pescoço. Ele usava uma gravata amarelo agudo e calçaspretas. O brasão na jaqueta o identificava como um membro da Casa Zumbi.— Está falando com a gente? — perguntou Ralf, lamuriante.— Você consegue ver algum outro estudante que está com a cara limpa para entrar naCasa Zumbi de Hermes?— E os Lobisomens de Ares — acrescentou a garota, sorrindo torto. — Quem de vocês éAlvo Potter?Alvo deu um pulo e fez sua melhor saudação. James sabia que era uma tentativa de serengraçado, e igualmente sabia que falharia miseravelmente.— No chão, novato — curtiu a garota, apontando o chão sob o pórtico. — Saudações sãopara aqueles que servem. Você compensará essa zombaria me dando trinta.Alvo estava na metade do caminho até a pedra quente. Ele parou e olhou para cima, nadireção da garota mais alta.— Er, trinta o quê? Galeões? Beijos? Desculpe, não sou daqui. É algum tipo de suborno?A garota sorriu outra vez. Ela se agachou na frente de Alvo para que seu rosto estivesse apoucos centímetros do dele.— Trinta flexões, Cornélio — ela disse docilmente. — E apenas para me certificar quevocê lembrará, as completará de uma mão só.— Cornélio? — murmurou Ralf.— Flexões — gemeu Alvo. — Isso é, tipo, exercício, certo?A garota assentiu e sacou a varinha da manga na blusa branca.— Aqui. Te ajudo a começar.Ela sacudiu o pulso e Alvo levitou habilmente no ar. Um momento depois, ele se estateloude volta para baixo sobre as mãos e as pontas dos dedos.

— Essa é uma — a garota disse, ainda sorrindo. — Agora conte-as.Alvo grunhiu enquanto começava a contar, tocando o nariz na pedra e se levantando.— Quanto a vocês dois — o garoto disse, se aproximando de Ralf e James e olhando-os decima a baixo —, eu não lhes escolheria de uma fileira de carnes, mas vocês vêm com umarecomendação decente de um dos meus membros de casa. Zane Walker diz que vocês erammembros do Malignos. Não eram?James pestanejou.136— Como sabe sobre eles?O garoto deu um tapa levemente em James sobre sua orelha e sorriu.— Eu só esclareci. Zane me contou. Então vocês eram membros ou não?— Éramos — admitiu James, esfregando a lateral da cabeça. O tapa realmente não doeu,mas eles sentia que devia fazer mais do que apenas absorvê-lo.— Eu acho que era um membro — disse Ralf, pensando. — Quero dizer, extraoficialmente,acho eu. — Nunca houve nenhum juramento, se me entende...— A iniciação é coisa séria na Casa Zumbi — o garoto disse. — Meu nome é Warrington.Vocês me chamarão... vamos ver... vocês me chamarão de “Sr. Warrington, vossa grandeelevada divindade”. Até eu dizer que é para não me chamar. Entendido?— Sim — disse James exaustamente enquanto assentia.— Sim, o quê? — estimulou Warrington, inclinando-se mais.— Sim, Sr. Warrington, vossa grande elevada, er... divindade?— Quase, mas suficiente — o garoto disse, se endireitando outra vez. — Então, você éJames Potter e essa tonelada de tijolos aqui é Ralf Deedle, ambos da alegre velha Inglaterra.Certo, então. É isso que eu quero que vocês façam agora. Eu quero que vocês corram para aMansão Hermes e se apresentem para o resto dos Zumbis. Mas não podem entrar, vocêsentendem. São apenas novatos, e novatos têm que ser convidados. Então, vocês vão ter queficar do lado de fora e gritar. Contem para todos na casa o nome de vocês, quem lhesrecomendou e por que eu deveria torná-los membros oficiais. E vistam isso.Warrington estendeu dois chapéus. James não estava exatamente surpreso em ver queeram tocas amarelo e preto, com hélices gentilmente giratórios no topo. Algumas coisas,naturalmente, eram simplesmente tradição, não importa em que país você esteja.Lentamente, ele e Ralf os pegaram.

— Coloquem eles agora — Warrington sorriu. — Por que não mostram um pouco deorgulho pela casa? Quando eu voltar para a casa, em uma hora, quero vê-los do lado de fora,trabalhando duro. E quando eu entrar, quero que o resto dos Zumbis possam me dizer tudosobre vocês que eu preciso saber, sem exceções. Entendido?— Sim — James suspirou, apertando a touca na cabeça.— Sim, o quê? — estimulou Warrington outra vez.— Sim, Sr. Warrington — ambos os garotos disseram em uníssono malfeito —, vossagrande elevada divindade.— Nah, eu não quero ser chamado mais assim — disse Warrington, apertando o queixo.— Agora, vocês se referirão a mim como “Capitão Warrington, o Super-Duque da Realeza daGenialidade”. Lembrem-se disso. Eu não quero ter que lembrá-los. Agora corram!Ele espantou James e Ralf, que viraram e trotaram ao acaso os degraus da Residência daAdministração, deixando Alvo grunhindo com as flexões no pórtico.— Eu não percebi — arquejou Ralf enquanto eles começavam a cruzar o campus — queessa corrida... seria parte do negócio.137Capítulo 8A Cúpula dos DestinosEra incrível, James refletia no dia seguinte, como a vida em Hogwarts e a vida emAlma Aleron podiam ser similares, ao mesmo tempo em que eram completamentediferentes.Ele e Ralf gastaram a maior parte da tarde passada no porão da Mansão de Hermesusando suas ridículas toucas de hélice e sendo atormentados pelos membros veteranos dosZumbis sobre por que eles deviam ser permitidos a participar, todo o tempo rastejando emvolta nos tapetes sujos e remexendo nas vigas imundas à procura de aranhas, que elesforam instruídos a coletar e guardá-las numa grande jarra. James estava meio preocupadoque aquela parte da iniciação deles incluísse comer as aranhas que estavam em processo decaça, então estava propositalmente evitando capturar várias das grandes. Às dez horas,Zane também esteve ali, mastigando uma tigela imensa de pipoca com seus pés sobre umvelho escabelo coberto com um tapete felpudo amarelo.

Warrington, que até então escolheu ser referido como “Grão Sultão Warrington,Mestre das Lutas Destrambelhadas do Segundo Divã Transversal”, inspecionou as jarras de138aranhas de Ralf e James com um olho crítico. Dúzias das aracnídeas subiam umas nas outrasno fundo da jarra, suas pernas minúsculas fazendo um som exasperante e levementeenfurecido no vidro.— Nada mal novatos — Warrington proclamara com relutância. — Vocêsconseguiram dezesseis a mais do que Zane conseguiu aqui na sua primeira noite.— Não é justo! — exclamara Zane, sentando-se ereto no velho sofá inclinado nasescadas. — Eles são dois!— Sim — sorriu Warrington, desenroscando a tampa da jarra. — Mas vocêtrapaceou Walker. Metade das suas aranhas eram transfigurações de formigas, centopeias eaté algumas batatas fritas velhas. A maioria nem tinha o número correto de pernas.Zane afundou para trás na cadeira novamente.— É o que todos vocês adoraram em mim, ao que me lembro. Trapaça criativa é umavirtude fundamental dos Zumbis. Foi você mesmo que me disse isso.— De fato, falei — concordou Warrington, pondo a jarra sobre o tapete manchado.As aranhas haviam saído e fugiam para todas as direções, correndo para baixo dos móveis epara cantos escuros.— Para que isso? — Ralf exclamou com seus olhos arregalados. James notou que ahélice na cabeça de Ralf girava mais rápido quando ele se agitava. Por pouco não o levantoudo chão quando ele descobriu o ninho da viúva negra na sombra das escadas.— Perdão, novatos — respondeu Warrington sobriamente. — Isso é puramentepegar-e-soltar na Casa Zumbi. Por outro lado, quais são as próximas coisas que os novatosterão que caçar? Aliás, agora algumas dessas aranhas são como família.— Lembro-me da grande, laranja e roxa na minha primeira noite aqui — Zane dissesaudosamente. — Encontrei-a no meu travesseiro usando um par de presas falsas deplástico.A sala caiu numa gargalhada apreciativa e Warrington sorriu com indulgência para

Zane. Logo, James e Ralf foram dispensados, acompanhados pelos bons desejos eencorajamento de Zane, quem lhes disse que ele achou à tarde magnificamente boa.— Vocês dois têm sorte — ele disse enquanto os levava para o caminho na frente daMansão de Hermes. — Sério. Warrington gosta de vocês, porque se não gostasse, ele teriafeito vocês devolverem pessoalmente cada aranha ao seu ninho. Contanto que completem odesafio dos novatos amanhã, vocês entrarão com facilidade.139James perguntou a Zane o que seria o desafio, mas Zane sacudiu a cabeça.— Se soubesse, contaria a vocês, mas não sei. Já que vocês só chegaram aqui duranteos últimos dias da semana do novato, provavelmente será um dos grandes. Mas vocêspodem conseguir. Fiquem tranquilos.James tentou não pensar nele enquanto ele e Ralf atravessavam o campus escuro.O dormitório comunal era uma construção de blocos de pedra que parecia ummausoléu gigante na sombra da casa de hóspedes, sem lanternas para iluminá-lo e quasetodas as janelas escuras. Na minúscula entrada, James e Ralf encontraram seus malões e agaiola gasta de Nobby, dentro da qual a grande coruja olhou para James malignamente.— Desculpe-me, Nobby — acalmou James, ajoelhando-se na frente da gaiola eabrindo a porta. — Quase me esqueci de você. Saia e jante, mas não vá muito longe. Voudescobrir amanhã onde eles deixam as corujas por aqui.A coruja saltou da gaiola e agitou as penas. Com um piar enfadado, Nobby abriu asasas e andou para a porta da frente aberta.— Tem uma carta da sua mãe — Ralf disse, pegando um envelope de cima do malão.— Está endereçada para todos nós. Você, eu, Lúcia e Alvo.James inclinou-se sobre o malão e puxou a touca da cabeça.— Vá em frente e leia — falou, oscilando uma mão vagamente.Ralf puxou a carta do envelope sem selos e desdobrou-a.— “Queridos filhos” — ele começou, e depois olhou para James. — Filhos?— Apenas continue — estimulou-o James, sacudindo a cabeça cansativamente.— “Espero que vocês tenham se dado bem com suas aulas e deveres de casa. Todos

nós já sentimos falta de vocês, embora tenhamos certeza que os veremos amanha à noite nareunião do Professor Longbottom. Seus novos uniformes estão nos malões. Fiquem bem eaté amanhã. Com amor”, blá, blá, blá, ela colocou o nome de todos aqui, até o diretor Merlin.— Essa é a minha mãe — sorriu-se James de modo curvo.— Tem alguma coisa escrita atrás — falou Ralf, virando a carta ao contrário. — É deLúcia. Ela diz... ela está esta noite na Casa Vampiro com seus novos amigos e depois escreve“Provavelmente verei vocês três na aula de manhã se não dormirem nela, a pularem ouesquecerem que estão no horário americano agora.” Caramba, ela consegue ser muito chata,não é?140James deu de ombros.— É como as mulheres na minha família demonstram amor, eu acho.— Você acha que Alvo já está aqui em algum lugar? — perguntou Ralf, resmungandoenquanto arrastava seu malão para um elevador de carga instável construído na parede aolado da escadaria. Uma estátua de metal muito manchada de um macaco usando uniformede mensageiro do hotel estava de pé num banco ao lado da porta do elevador de carga.— Não sei — suspirou James, levantando-se e suspendendo o próprio malão. — Vaiver ele teve sorte como Lúcia e está passando a noite na sua nova casa.Ralf surrou seu malão no grande compartimento do elevador e James usou suavarinha para levitar o seu para cima do de Ralf. O macaco de metal pulou estupidamente àvida, rangendo como se precisasse de óleo desesperadamente. Ele subiu no elevador,evadindo para o lado dos malões empilhados e fechou a porta. Um momento depois, umbarulho de catraca marcou a subida do compartimento para os andares acima.— Como ele sabe aonde ir? — perguntou James, fitando a porta fechada. Ralf deu deombros e os dois se precipitaram, procurando os banheiros.O dormitório comunal confirmou ser simplesmente tão abafado, bolorento eangustiosamente antiquado quanto Zane deduziu. Quando Ralf abriu as torneiras, umamistura de água laranja descorada, lama e um ocasional verme despejaram, e continuou por

vários minutos enquanto os garotos deixavam a água correr. Finalmente, satisfizeram-sevoltando para fora e topando numa fonte próxima. No centro da fonte, uma monstruosabacia com água para pássaros parecia admirá-los calmamente dos olhos de meia dúzia degárgulas de pedra.— Estrangeiros — uma das gárgulas murmurou, revirando os olhos.Ralf e James lançaram frutinhas nas estátuas por alguns minutos, mas logoperceberam que nada é tão imperturbável quanto uma gárgula de pedra. Finalmente,exaustos, os garotos voltaram a passos pesados para dentro e, depois de uma pequenabusca, encontraram seus malões jogados sobre o tapete no corredor do andar superior. Ali,eles encontraram um quarto de dormitório vazio e caíram imediatamente para dormir nascamas velhas e curvadas.No dia seguinte, a primeira aula de James e Ralf foi Economia Mágica Doméstica, queaconteceu no porão da Residência da Administração, no que, por todos os efeitos, pareciamser uma masmorra transposta. Tetos baixos abobadados eram suportados por pilaresgrossos, e James teve a sensação angustiante que ele podia sentir o peso da construção141maciça acima, pressionando o espaço para baixo. Em resumo, ele encontrou a sala de aulaquase indistinguível de algumas das salas de aula com mais teias de aranha em Hogwarts.O professor da matéria era uma velha bruxa gorda e enrugada com bochechasrosadas, cabelo branco crespo que parecia ter uma vida muito intensa, e olhos negroscintilantes que se lançavam com ímpeto sobre a sala de aula travessamente, como se ela nãotivesse exatamente certeza se queria ensinar às crianças ou cozinhá-las numa enorme torta.Seu nome, quando foi confirmado, era Professora Betsy Bartholemew Ryvenwicke Newton,entrementes instruía seus alunos a referirem-se a ela meramente como Tia Newt. Sorrindocomo uma avó, ela começou a empilhar caldeirões, potes e panelas na sua mesa extensa,começando com uma explicação introdutiva da aula. Zane, que estava sentado entre James eRalf numa mesa no fundo da sala, inclinou-se de lado para James.

— Ela pode parecer um bolo de canela da década passada — ele sussurrou pordetrás da mão —, mas não brinque com a velha Tia Newt. Ela é tão dura quanto um calo nocalcanhar de um Pé Grande e duas vezes mais asquerosa se você aborrecê-la.Ralf desabou no seu assento e mexia na sua pena.— Economia Doméstica não é uma aula de garotas? — ele sussurrou triste, mas Zaneo interrompeu, silenciando-o com urgência e colocando um dedo nos lábios.— O que é isso? — Tia Newt perguntou de repente, interrompendo-se na frente dasala de aula. Ela levantou o queixo e olhou sobre as cabeças dos estudantes. Seu olhar negroencontrou Zane e ela mostrou-lhe um sorriso bastante encantador. — Alguma pergunta Sr.Walker?— Não, não — respondeu Zane, sorrindo meio desengonçado. — Não é nada.— Alguém aí atrás deixou a entender que Economia Mágica Doméstica é... Desculpeme— ela disse, franzindo o cenho levemente. — Minha pobre escuta não é mais o quecostumava ser. O que disse ao seu amigo?— Er... — murmurou Ralf, seu rosto ficando vermelho-escuro. — Er, er... Eu só estavaperguntando. Sou novo aqui.Tia assentiu, confortando-o, e fechou os olhos.— Sim, sim. Sr. Deedle, dos nossos vizinhos bruxos do outro lado do mar. Ouvi falarmuito sobre você e seus amigos. O que estava perguntando, querido? Não se intimide com asua velha Tia Newt.Animado, Ralf ajeitou-se um pouco na cadeira.142— Bem — ele disse, olhando em volta. Os olhos do resto da classe estavam todosvirados para ele, a maioria atenta e séria. Um ou dois estudantes sacudiram a cabeça muitofracamente, tentando alertá-lo. Ralf engoliu em seco e continuou. — Eu, er... Semprepensei... Desculpe por dizer isso... Que economias domésticas era um estudo de garotas.— Ah, não — Tia Newt respondeu calmamente, sorrindo novamente. — Um conceitoerrado comum, querido, lhe garanto. Não, entende, a verdade é... — agora, a professoraafastou-se da mesa, voltando para as sombras dos altos armários que alinhavam a parede

frontal da masmorra — ... A verdade é que Economias Domésticas não são de jeito algumum estudo de garotas... é, na verdade, um estudo de mulheres.Nas sombras, Newt levantou suas mãos rapidamente, e as mangas dos seus robescaíram para trás, revelando surpreendentemente braços fortes e magros.— Economias domésticas é mais do que uma mera aula. É a caça de vida apenas dasmulheres mais raras e poderosas. Uma mulher feroz e astuta, uma bruxa cuja astúcia nãotem profundidade, cujos motivos são infinitamente intraçáveis, e cujo potencial sem limitesé mantido sob controle somente pela sua própria disciplina de determinação...Um raio estalou da varinha erguida de Newt e da ponta dos seus dedos, roçando aolongo da face das estantes. Sua voz ficou baixa, mas voltou ficando mais alta ainda, ecoando.— O tipo de bruxa cujos subordinados apenas existem à sua tolerância, apenas paraservi-la de caprichos irreconhecíveis, movidos por simultaneamente medo dela ou amor aela, para sempre iludido e fascinado, sabendo disso... ou não!Um trovão ribombou subitamente no espaço fechado da masmorra e uma rajada friade vento redemoinhou em volta da sala, batendo as portas dos armários e sugando velasdos candeeiros das paredes. Nas suas mesas, os alunos seguraram os pergaminhos e penasenquanto o vento acelerava sobre eles, fluindo através do cabelo das garotas e agitando asgravatas dos garotos. Um esqueleto num estande de metal no canto gritava e se balançava.Sua mandíbula estalou como se estivesse rindo. Um momento depois, tão rápido quantocomeçou, o vento cessou. A iluminação da sala voltou ao normal. Com uma série depequenos estalos, as velas apagadas se reacenderam.— Isso responde a sua pergunta, meu querido? — perguntou Newt docilmente,sorrindo na frente da sua mesa mais uma vez, como se nem tivesse se movido umcentímetro sequer.— S-sim, madame — respondeu Ralf com rapidez, ajeitando-se no assento. — Clarocomo cristal.143— Muito bem — falou Tia Newt calorosamente, seus olhos cintilando. — Agora, onde

estávamos? Ah, sim, o essencial básico para qualquer cozinha mágica, começando comconchas. Prestem atenção, alunos. Isso pode ser um pouco confuso.Quarenta minutos mais tarde, enquanto a classe saía arrastando os pés para opequeno corredor, cada um carregando um bolinho de coirana em miniatura que Tia Newtos ajudara a preparar no forno de fogo de duende da sala, Zane explicou:— Tia Newt é a Presidente da Casa Duende. A deles é a grande mansão com bolos degengibre, em cima do morro atrás do teatro, a Colina de Afrodite. Ela é um bom exemplo deporque você não quer subestimar um duende mesmo se eles parecerem um grupo debiscoitos congelados de limão.— Eu encontrei alguns duendes — Lúcia disse, juntando-se à linha ao lado dos trêsmeninos. — Eu não acho que a maioria deles seja como Tia Newt. Ela tem seus desacordos.Zane riu.— Ah, você não faz ideia. Confie em mim.James olhou o bolinho em miniatura na sua mão.— É seguro comer eles? Digo... coirana?— É só um nome — Zane deu de ombros, ajeitando a mochila. — Como asRosquinhas Insalubres ou as empanadas mortíferas. São uma delícia. Por outro lado, sealguém tentar fazer-lhe comer um pastel da felicidade... tenha cuidado.— Algum de vocês viu Alvo? — perguntou Lúcia, subindo os degraus de pedra emdireção ao largo vestíbulo da Residência da Administração.Zane assentiu.— Eu o vi de manhã na cafeteria, seguindo um grupo de Lobisomens seniores. Eleestava carregando todas as bandejas deles, as equilibrando como se fosse algum tipo detramoia de circo. Fiquei muito impressionado, para ser sincero. Ele estava levitando aúltima com a varinha entre os dentes.— Ele vai conseguir entrar — falou Lúcia, confiante. — Alvo é persistente quandoquer ser.— Persistente é uma maneira de dizer isso — comentou James, balançando a cabeça.Nas escadas da Residência da Administração, Lúcia disse adeus e se encaminhou àTorre de Arte para a sua aula de Literatura Mágica. Enquanto os três garotos atravessavam144

o campus para o Edifício de Ciências de Magia Aplicada, uma figura trotava a eles numgramado próximo. James olhou para o lado e viu que era Warrington.— Oi, Walker — ele falou. — Novatos. Esperem um minuto.James e Ralf pararam e começaram a resmungar:— Sim, oh Grão Sultão Warrington, Mestre das...— Não precisam falar — interrompeu Warrington. — Ouçam. O desafio de novatosde vocês já está todo pronto, e será hoje à noite. Vocês encontrarão tudo que precisamnuma lata de lixo atrás do dormitório comunal. Procurem aquela que tenha o grande “Z”amarelo posto no lado. Walker, você os coloca em marcha, certo? Saberá o que fazer. Masnão os ajude!— À ordem, capitão — Zane disse, batendo o dorso da sua mão na testa.— Mas hoje á noite é a reunião do Professor Longbottom — falou James, virandopara Zane enquanto Warrington se afastava novamente a trotes. — Não podemos perder!— É essa noite — Zane disse, sacudindo a cabeça. — Quando um Zumbi diz “á noite”,o que ele realmente quer dizer é, ah, outrora nas primeiras horas da manhã seguinte.Sacou?— Ah — respondeu James, franzindo o cenho um pouco.Ralf pareceu preocupado.— Então, qual é o desafio?— Saberemos quando dermos uma olhada na lata de lixo atrás do dormitóriocomunal — Zane respondeu com simplicidade. — No entanto, estamos sem tempo agora.Temos Mageografia em seguida, e o Professor Wimrinkle é conhecido por diminuir as notasdos alunos atrasados. Ele se feriu tão gravemente que guincha enquanto anda. Vamos.A aula de Mageografia aconteceu numa grande sala circular na base da cúpula doEdifício de Ciências de Magia Aplicada. O chão era formado como o de um anfiteatro,alinhado com mesas e cadeiras. Mapas enormes cercavam os eixos de ligação superiores dasala, flutuando em armações volumosas e douradas. James não se surpreendeu em ver asimagens dos mapas, a maioria deles antigos, desenhados à mão em marrons, vermelhos everdes fracos, moviam-se com muita lentidão. Eles eram encantados, naturalmente,mostrando os movimentos dos rios e oceanos, e até rastejos, parecidos com os das formigas,

de barcos minúsculos e veículos mágicos.145— Eu ouvi que se você usar uma lupa especial — sussurrou Zane, caminhando paraum assento no meio do terraço —, você pode ver pessoas minúsculas se movendo nascidades e essas coisas. Acho que até daria para você se encontrar se olhasse com atençãosuficiente.— Deve ser isso o que meu pai quis dizer — respondeu Ralf, pensativo. — Ele medisse que um dos propósitos da escola era você se encontrar.James suspirou e Zane revirou os olhos. Ralf pareceu ofendido.Enquanto os três se arrumavam nos seus respectivos assentos e pegavam seuspergaminhos e penas, James viu Alvo passear numa entrada do outro lado da sala. Elelocalizou James, Ralf e Zane e acenou, sorrindo. Atrás dele, um garoto alto usando uniformecinza lhe deu um pequeno empurrão. Alvo jogou-se para frente bondosamente e mexeu-separa um assento na fila dianteira seguido por três estudantes da Casa Lobisomem deaparência severa. Um deles era a menina morena que os encontrara do lado de fora daResidência da Administração um dia atrás.— Parece que Al está se enturmando — murmurou Zane.James olhou para o irmão.— Como você sabe?Zane deu de ombros com simplicidade.— Não há nenhum ferimento nele que eu possa ver. É sempre um bom sinal com aCasa Lobisomem.O Professor Wimrinkle entrou na sala por uma porta perto da sua mesa. Ele eramuito velho, encurvado e usava uns óculos pretos muito grossos que aumentavam os seusolhos tanto que ele parecia perpetuamente muito surpreso. Pousou sua pasta de couro comdelicadeza na mesa e, sem preâmbulos, anunciou em voz alta:— Bico de pena número quatro, por favor, e uma única folha de pergaminho de pesoquarenta. Hoje: o Delta do Nilo e as planícies adjacentes.O professor ajeitou os óculos estudiosamente enquanto um dos mapas soltava-se doeixo superior da sala, mexendo-se ao lugar atrás de sua mesa.— Para os novos estudantes, só vou dizer isso uma vez: não permito Penas deRepetição-Rápida ou encantos de gravação nesta aula. Vocês prestarão atenção e vocês

mesmos irão tomar nota e desenhar seus próprios mapas. Como o resto de vocês sabe, asconversas durante a minha narração estão proibidas, e ninguém sob nenhuma circunstância146deve ficar cochichando. Se quiserem receber uma nota de aprovação, ficarão tão ocupadosme escutando que não haverá tempo para abrirem suas bocas. Perguntas devem serentregues à minha secretária, onde elas serão respondidas durante as horas de ofícioprogramadas. E agora...Wimrinkle alçou a varinha, que se encaixou num longo ponteiro. Ele bateu a pontadela num ponto no mapa sem olhar.— O rio Nilo é geralmente considerado o rio mais longo do mundo — ele falou numtom monótono e alto — e o lar de algumas das criaturas e peixes mais exóticos einteressantes do mundo mágico, nenhum dos quais estaremos discutindo. O índice defluência do rio é de aproximadamente mil metros cúbicos por segundo, resultando numatroca de delta geográfica de quinze graus em média a cada ano, o que por sua vez se traduzem um metro de mapeabilidade hidromágica de gigafeitiços a cada oito anos. Como vocêspodem imaginar isto leva a um terreno da hexologia a incrementar... Alguém pode me dizer?Alguém?Ninguém na sala pareceu ansioso para tentar responder e o professor não pareciasurpreso de modo algum. Ele respondeu sua própria pergunta e retomou sua explicação, avoz ecoando na alta cúpula acima. James rabiscou notas furiosamente, tentando manter aatenção no professor.Suspirando, deu-se conta pela primeira vez como dolorosamente ele iria sentir faltade Rosa e da sua prodigiosa tomada de notas durante esse ano escolar.O resto do dia passou como um borrão. James, Ralf e Zane tiveram almoço nacafeteria da escola, que era localizada no nível mais alto do porão da Residência daAdministração. Suas paredes de ladrilho verde menta, o conjunto de janelas minúsculas naaltura do teto, longas filas de estudantes carregando bandejas e o esmagador cheiro de leitee carne fizeram James sentir-se como se houvesse sido transportado ao corredor da

bagunça em Azkaban. O barulho dos estudantes que conversavam era como uma manada detagarelas, ressoando no pequeno confinamento da sala.— Os construtores originais da Residência da Administração foram anões — falouZane, levantando a voz sobre a multidão perniciosa. — Caras perfeitos para se ter por pertopara qualquer projeto de construção, mas com pontos de vista interessantes sobre o uso deespaço. Aprendi sobre eles em História da Magia Americana. De acordo com os anões, o147modelo de construção trouxa é uma porcaria, com a maioria da estrutura sobre o chão ebase muito pequena. O modelo de construção bruxa é como uma tartaruga: profunda esecreta, com um amplo alicerce. Para os anões, não obstante, o modelo de construção delesé como um iceberg.— Noventa por cento é debaixo da superfície? — esclareceu Ralf por volta de umabocada de carne.Zane assentiu.— Existem mais sub porões, adegas e masmorras neste lugar do que alguém possacontar. Ouvi história sobre estudantes que foram explorar os poços de escada baixos eencontraram tribos inteiras de ratos gigantes, entradas para vastos rios subterrâneos, atésalas proibidas com portas do tamanho de dinossauros e fechaduras mágicas brilhantes queninguém pode abrir.James ficou impressionado.— Você viu alguma dessas coisas?— Não — suspirou Zane pesarosamente. — Tudo que está abaixo das masmorrassuperiores é proibido e guardado por alguma bruxa velha que nenhum de nós já viu. Eles achamam de Crone Laosa. Aparentemente ela é a origem dos pesadelos. Conto de fadas domal se entende o que quero dizer.Ralf olhou de lado para Zane.— Tipo, ela pega você e te transforma num sapo até alguma princesa beijá-lo?Zane estreitou os olhos, pensativo.— Tipo, ela pega você e te transforma numa barata até uma velha gorda esmagá-locom o calcanhar.— Entendo — concordou Ralf sabiamente. — Então, fiquemos longe dos níveis

inferiores.Enquanto James andava pelo resto do dia na sua jaqueta preta e gravata, ele nãopôde deixar de sentir notavelmente incolor no meio de todos os uniformes dos outrosestudantes. Ele esperou sair-se bem no desafio de novatos à noite para que no dia seguinte,pudesse começar a vestir o amarelo dos Zumbis e finalmente se encaixar.Quando seu período livre à tarde chegou, James encontrou-se agradavelmentedistraído do seu passeio à biblioteca pela vista do seu pai andando na luz do sol,acompanhado por Merlin e Denniston Dolohov. James colocou a mochila nas costas e correu148para se encontrar com o grupo enquanto eles passavam ao longo da alameda, liderados peloReitor Franklin.— Naturalmente, com o campus movendo-se no tempo enquanto transcorre — diziaFranklin —, a Alma Aleron ocupa funcionalmente um fluxo temporal que de outro modo seutilizaria para conservar nossa história cronológica...James tropeçou ao lado do pai, que abaixou o olhar para ele, pestanejou em surpresa,e depois sorriu. Sem falar nada, ele descansou a mão no ombro do filho enquanto andavamjuntos.— Em resumo — continuou Franklin, sem notar a chegada de James — com a nossahistória deslocada pelo nosso curioso uso do tempo, temos sido pressionados a conservarnossa linha de tempo cronológica em outro espaço mais convencional. O resultado distoestá na nossa frente, na aparência do Arquivo Histórico Oficial da Alma Aleron.Franklin parou e sorriu pretensiosamente ao imponente edifício de pedras que seerguia perante a eles. Tinha a forma de um cilindro agachado, com pilares correndo portodo o redor da sua circunferência e um conjunto de enormes portas de ferro postas noprofundo pórtico.— Ah, e vejo que o jovem Sr. Potter se uniu a nós — falou Franklin, notando James esorrindo com indulgência. — Entrará conosco, naturalmente, entretanto você pode achá-lopequeno e um pouco frio. O Arquivo requer regulagem de temperatura cuidadosa a fim de

preservar seus artefatos mais delicados. Vamos? — Ele gesticulou para a escadaria larga eseguiu enquanto o grupo subia às sombras do prédio.— Como a escola está tratando você até agora, James? — perguntou Merlinenquanto subiam as escadas.— Bem, na maioria — respondeu James.— Eu tenho algo para lhe dar antes da minha partida amanhã ao anoitecer — Merlinanunciou um pouco abruptamente, mantendo sua voz baixa. — Suspeito que isso vá facilitarseu ajustamento aos novos arredores. Venha e me encontre amanhã antes do pôr do sol.James fitou o grande bruxo com curiosidade e assentiu.Franklin se aproximou de um conjunto menor de portas na base de uma dasenormes portas com barras de ferro e acenou a varinha para ele. Houve um clique e a portaabriu-se por si só lentamente.— Naturalmente, a área principal de pesquisa é sempre aberta para todos osestudantes e corpo docente — anunciou Franklin, liderando os outros através do vão de149entrada escuro. — Só se deve agitar a varinha na frente da porta para identificar-se. Umavez dentro, a história inteira da escola e, por desgraça, dos próprios Estados Unidos, podeser iluminada e estudada em grande minúcia. Isto, porém, se você for capaz de obter oartefato adequado. O Arquivo pode assustar mais aos que não foram iniciados.Depois de um curto corredor escuro, James se achou levado a uma sala circular comparedes de pedra vazias. O teto abobadado tinha dúzias de janelas minúsculas espalhadaspor ele, enevoadas com o tempo, reduzindo a luz da sala para um brilho branco melancólico,virtualmente sem sombras. A voz de Franklin ecoava enquanto ele se movia para a luz, nadireção do único aspecto dominante da sala.— Este é o coração do Arquivo — falou, tocando o pedestal de pedra que se erguiano centro da sala. — O Desgravador. Com a sua ajuda, podemos revisitar qualquer um doseventos representados pela coleção prodigiosa de artefatos do Arquivo. É muito simples, defato, e elegantemente eficaz.— O Desgravador — falou Denniston Dolohov, como se estivesse sentindo o gosto da

palavra. — Algo que elucida uma gravação de algum tipo? Eu poderia perguntar como istofunciona?— Você bem pode perguntar — respondeu Franklin com um sorriso. — Váriospodem. Curiosamente, ninguém realmente sabe. O Desgravador é uma das duas fantásticasrelíquias anciãs que vieram a nós através das neblinas do tempo, com origenscompletamente desconhecidas. Teodoro Jackson, que a maioria de vocês já conhece,estudou fundo o fenômeno e desenvolveu suas próprias teorias, embora admito que o meuentendimento a elas seja imperfeito na melhor das hipóteses. Para ser honesto, eu estavaesperando que você pudesse fornecer alguma compreensão ao mistério, diretor Ambrósio.James olhou para Franklin e em seguida para Merlin, que estava de pé ao seu lado,seus braços cruzados sobre o peito. Fazia sentido que Merlin poderia, na verdade, saberalguma coisa sobre o antigo objeto quando James lembrou que o próprio Merlin tinha,tecnicamente, mais de um milênio de anos.— Lembro-me de conversas a respeito de tais coisas do tempo em que vim —admitiu Merlin. — Era chamada de Magia Deruwid, e lamento dizer que era praticadaapenas pelas mais secretas e desniveladas sociedades bruxas. Grotescos e vis nos seuscorações escuros, sedentos de sangue até a raiz, e ainda assim poderosos. Os praticantes doDeruwid afirmavam que tudo, do som das ondas, do alento exalado até o arrebol mágico datarde, deixava minúsculas marcas infinitésimas na superfície da terra, uma espécie decódigo, esperando ser decifrado. Nos meus dias antigos, visitei esses escuros e os observei.Naquele tempo, eles procuravam meios de observar e ler essas marcas... essas gravações,como eles as viam — falou Merlin, assentindo na direção de Harry. — Eles acreditavam que150se tudo da história pudesse ser lido e destilado, então todo o futuro poderia serperfeitamente predito. Havia bruxos que desejavam poder sobre todo o resto, e elesfirmemente acreditavam em uma coisa: que aquele que controla o futuro, controlará toda a

terra e aqueles dentro dos seus limites. Aprendi, na verdade, que essa é uma ideia queexistem aderentes até hoje.James notou que Merlin estava olhando muito propositalmente para Franklin.Franklin também notou.— É — ele disse com um pouco de fraqueza. — Como todas as ideias pecaminosas,eles aparecem em todas as épocas, apenas com nomes diferentes. Felizmente, a ideia daqual você diz de ter caído em abandono e ser contradito nessas época é simplesmente tãoeficaz quanto era na época dos seus Deruwid.— Pode ter caído em abandono — disse Merlin lentamente. — Mas contradito?— Acho que já ouvi falar disso — comentou Harry, franzindo a testa levemente. — Éconhecida como Teoria da Grande Unificação Bruxa, não é? Popular há um século,aproximadamente, se não me engano.— Sim, sim — concordou Franklin com um aceno de sua mão. — Junto comfrenologia, viviseção e a Fonte da Grata Respiração. E tudo igualmente ridicularizado na eramoderna. Mas lhe agradeço pelo seu, er, esclarecimento, diretor.— Como, se posso perguntar — Denniston Dolohov disse colocando os óculos —essa teoria foi ridicularizada?— Ah — respondeu Franklin mais confortavelmente. — É bastante óbvio, realmente.O Desgravador se é mesmo uma relíquia da época dos Deruwid, falha muito profundamentequando é apresentado a um objeto promédio. Observem.Com isso, Franklin procurou em um dos bolsos das suas vestes e tirou duas moedas,levantando-as para que todos vissem.— Esta moeda aqui — anunciou, observando atentamente a primeira forma douradapequena nos seus dedos — é um Drumel Americano padrão, ou meia-nota. Vale um poucomenos que cinco nuques na medida de vocês. Colocarei-a agora no recipiente doDesgravador. Talvez aprenderemos dos bolsos de quem vagava antes de encontrar o seucaminho para os meus, não?Com um tinido, Franklin deixou cair à moeda no topo côncavo do pedestal de pedra.James assistiu com interesse. Houve silêncio por vários segundos enquanto todosesperavam.

151— Hum — Franklin franziu a testa. — Nada. E era isso a ser esperado. Entende, oDesgravador só interpreta as marcas de um artefato que foi especialmente encantado parareceber os dados dos seus arredores. O que nos traz, por assim dizer, à Exposição B.Franklin guardou a meia-nota no bolso e levantou outra moeda decididamentemaior. Ela brilhou fracamente prata apesar de uma camada de deslumbre escuro.— Esta moeda, que vale uma nota padrão, ou Jack, vocês podem se interessar emsaber, era carregada no bolso do Senhor Percival Pepperpock, um dos fundadores originaisdesta escola, na data do seu inovador. A moeda foi especialmente enfeitiçada naquele dia,assim preservando os detalhes do evento para nós em perpetuidade. Observem.Franklin deixou cair à moeda no recipiente do Desgravador.— Está com a pá? — uma voz perguntou em voz alta no ouvido de James. Ele deumeia-volta e encontrou-se olhando para o rosto de um homem grande e muito gordousando um jaleco e uma curta capa com um alto colar. Ele estava sorrindo e seu rosto estavavermelho, sua testa cheia de gotas de suor. Um homem ao lado dele lhe passou umapequena pá. James olhou em volta, os olhos arregalados. As paredes e o teto da câmara doArquivo ainda eram visíveis, mas com muita fraqueza. Harry, Denniston Dolohov, Merlin eFranklin pareceram estar de pé num campo coberto de grama, brilhando com a luz do sol eponteados de borboletas. Outras figuras estavam numa linha a esmo, sorrindo e piscando osolhos na luz solar. Algumas das outras figuras, James se interessou em ver, eram anões. Comsuas cabeças nodosas, corpos parecidos com uma linguiça e rostos vagamente suínos, Jamespensou que cada um deles parecia um pouco com um cruzamento de gnomo com um porcode barriga de pote. O vento soprava, e James sentiu o cheiro fresco da primavera selvagemde árvores.Um som arenoso de escavação veio de trás de James e ele virou novamente, dandoum passo para o lado enquanto o bruxo gordo, o próprio Senhor Pepperpock, jogava a

primeira pazada de terra para o lado, quase em cima dos tênis de James.— Aqui, ergueremos a nossa escola — proclamou Pepperpock alegremente. — Eaqui ensinaremos o duplo dever do domínio da magia e o respeito humano, assim paraassegurarmos que o domínio dito nunca é usado para fins egoístas, mas sempre para o bemmaior. Aqui, criaremos a nossa escola, e dela criaremos gerações de bruxas e bruxos queserão as luzes ilustres do mundo bruxo. Os chamaremos de nossos filhos, e chamaremos anossa escola de... Alma Aleron, a Mãe Águia!A linha de bruxas e bruxos observadores aplaudiu calorosamente. Os anões tambémaplaudiram, mas com um pouco menos de entusiasmo.152— Eles não podem nos ver, naturalmente — informou Franklin sobre o som dosaplausos —, entretanto é muito difícil lembrar disso com uma gravação tão bem mantidacomo essa. O artefato foi mantido extraordinariamente bem, estando no aspecto de umamoeda. Nem todos os artefatos são tão resolutos, infelizmente, mas damos o melhor de nóspara mantê-los da melhor forma possível.James virou para o reitor a tempo de vê-lo sacar a moeda do recipiente doDesgravador. O topo de colina coberto de grama e os felizes bruxos e bruxas de séculos deidade desapareceram instantaneamente.— Bem — falou Franklin com orgulho, guardando a moeda no bolso —, tão simplesquanto pode ser. Qualquer evento pode ser gravado para testemunho futuro e estudomeramente convertendo um objeto de mão num depositário mágico. O objeto então setorna um dos nossos vários artefatos e vai para a compilação do Arquivo.— Assim como as novas Orelhas Estendíveis de Ted — falou James, pensando nodrops que Ted encantara para agir como um receptor para as Orelhas. — Er, algo assim.— Uma analogia perspicaz, eu diria — concordou Merlin, sorrindo de modo curvo.— Maravilha! — proclamou Dolohov alegremente. — E onde está essa compilação deartefatos?— Ora, bem aqui, naturalmente — respondeu Franklin, virando e andando pela sala

vazia. — A câmara do Desgravador é só o andar superior do Arquivo. A maioria do espaço éusada para a biblioteca de artefatos. Apenas passando esta porta traseira.Franklin produziu uma minúscula chave dourada, a qual ele introduziu na fechadurade uma porta normal. Antes de virar a chave, ele a tocou com a varinha. A chave brilhouclaramente por um momento e depois girou sozinha. A porta estalou, abrindo-se, e umarajada de ar frio escapou, suspirando misteriosamente. Franklin pegou o cabo e abriupesadamente a porta.James seguiu o pai para o espaço atrás da porta e sentiu um calafrio. Era, de fato,muito frio. Entrementes, a temperatura foi esquecida imediatamente quando James olhoupela primeira vez o espaço. Era monstruoso, maior do que o exterior do Arquivo pudessecalcular. Altas prateleiras de madeira estendiam-se em volta do espaço ao longo de paredescurvadas que se encontravam a uma distância ofuscante, uns noventa metros através deuma vasta fenda profunda. Milhares de artefatos descansavam nas prateleiras na forma delivros, vasos, pratos, sapatos, óculos, varinhas, globos, animais de pelúcia, ferramentas,chapéus e inumeráveis outros objetos. Prateleiras maiores sustentavam cadeiras, camas,até um carro muito antigo que James reconheceu ser um Ford Modelo T. Cada objeto153carregava uma etiqueta branca minúscula, aparentemente catalogando o conteúdo doevento gravado nele.Lentamente, o grupo caminhou para uma pequena grade de latão que corria em voltada grande abertura no chão. Enquanto James se aproximava, ele viu que uma escada levavapara baixo no espaço, arqueando pelo lado de dentro da fenda. A escadaria parecia levarpara outro piso mais baixo, igualmente preenchido com prateleiras de artefatos. EnquantoJames finalmente chegou à grade e olhou para baixo, viu que havia mais pisos abaixo dali,descendo nas entranhas da terra numa espiral atordoante. No lado oposto da fenda, umelevador adornado com estrutura de latão estava pendurado, seu cabo abaixando-se fundonos pisos abaixo.

— Deve haver milhões de artefatos aqui — tomou fôlego Harry. — É maravilhoso.Franklin assentiu.— Com certeza. Temos um grupo de estudantes cujo trabalho exclusivo é manter ocatálogo, atualizando e limpando os artefatos conforme necessário. O nosso zelador doArquivo, o Sr. Hadley Henredon, vive aqui há mais ou menos um ano, guardando osartefatos e vigiando a sua preservação.— O que, reitor, é aquele objeto lá no fundo? — perguntou Merlin, inclinando-sesobre a grade com os olhos semicerrados.— Ah, aquilo — Franklin assentiu. Ele próprio olhou sobre a grade, e James fez omesmo. Na escuridão na base da fenda, um grande objeto brilhava e tremeluzia em luz roxa.Parecia estar girando, mas de uma maneira complicada e imprevisível, como se fosse feitade uma dúzia de folhas douradas e prismas, todas volvendo em círculo independentementeem volta de alguma raiz clara cegante.— Se o Desgravador pode ser chamado de cérebro do Arquivo — disse Franklinsobriamente —, aquilo lá embaixo... é o coração e alma.Dolohov ajeitou os óculos e piscou para baixo, na direção do borrão distante,dourado e roxo.— É outro artefato?— Não exatamente — respondeu Franklin. — É, na verdade, uma forma muito antigade magia distintamente americana. Nenhum de nós sabe como funciona ou até porquefunciona. Nós apenas sabemos o que ele faz e isso é formidável e devastadoramenteimportante.154— Magia americana — disse Harry, olhando de lado para o reitor. — Não pode sertão antiga então, pode?— Você me entendeu errado — Franklin disse com gravidade. — A América érealmente uma terra muito antiga. Muito mais antiga que o governo que agora a ocupa.Estava aqui antes dos primeiros colonizadores chegarem a Plymouth Rock. Estava aquiquando os habitantes originais desta terra vagavam pelas pradarias e matas, vivendo emtendas e caçando os bisões que perambulavam em bando por vários quilômetros. A América

é um lugar estranho e antigo apesar de não ser sempre conhecida por esse nome. Achamamos de grande crisol de culturas, mas as suas atrações tem sido evidentes desde anossa chegada aqui.“Várias outras pessoas e culturas visitaram essa terra nas épocas de sua existência,várias delas bruxas, várias delas esquecidas nas eras. Aquele objeto lá embaixo, aqueleenvolto nas nossas melhores proteções mágicas e feitiços de guarda... foi deixada por umdaqueles visitantes bruxos. Nossas melhores suposições nos dizem que foram os persas oubabilônios anciões, que estavam entre as primeiras comunidades mágicas a navegar nooceano. Talvez eles a deixaram aqui, nas pradarias dessa ampla terra aberta, com certezapor acidente. E mais uma vez, talvez eles a abandonaram deliberadamente, pois nãoprecisavam mais dela ou o mais provável, que é porque eles a temiam, e temiam os perigosdesta coisa que suas diversificadas artes mágicas haviam feito. A descobrimos e apreservamos, mas não a criamos. E mais certamente não a controlamos.”— Todas as sociedades bruxas têm os seus misteriosos tesouros — comentou Harry.— Tenho estado dentro do Departamento de Mistérios no Ministério da Magia, e tenho vistovários dos nossos. Este objeto de vocês, acho que devo ter ouvido falar, embora entenda quesua existência é mantida em segredo do público geral. Não é isto?— Para o bem deles, assim como para o bem dele próprio — assentiu Franklin.— Então, o que é? — Merlin perguntou outra vez. James levantou o olhar para ele eviu o brilho roxo do objeto, mesmo a essa distância, brincando nas feições rígidas dodiretor.— É a gravação suprema de tudo — Franklin disse com simplicidade. — É a nossahistória, e quando digo isso, não me refiro à história da Alma Aleron, da cidade da Filadélfianem dos Estados Unidos inteiros. É uma gravação de tudo que já aconteceu neste universo,desde os mesmíssimos amanheceres dos tempos. É a História, gravada em sua totalidadeexatamente como acontece, com magia tão antiga e delicada que ninguém ousa tocá-la.

Apenas um pequeno número de nós um dia já a viu a olhos nus, e isso só acontece uma vez acada século, quando a checamos só para certificarmos que ainda esteja funcionando.155Dolohov tossiu. Numa voz baixa, ele perguntou:— Como se parece?Franklin olhou para o brilho tremeluzente e sorriu levemente. Ele sacudia a cabeçalentamente enquanto dizia:— Amigos, acho que vocês não acreditariam em mim se eu contasse. É tão simples,tão básico, que vocês a achariam coisa boba. E mesmo assim, creio que é tudo ao contrário.— Então, o que acontece — perguntou Harry com seriedade — se parar defuncionar?— Bom, nenhum de nós sabe ao certo, meu caro Sr. Potter — respondeu Franklin,parecendo levemente assustado. — Mas a minha maior suspeita é que a vida... digo, tudoque sabemos e um dia ainda iremos saber, a totalidade da existência, é inextricavelmenteconectada ao objeto exposto nas entranhas deste mesmo Arquivo. Penso que se isso pararde funcionar... então todo o resto irá.Merlin franziu a testa duvidosamente.— Conheço por minha parte objetos mágicos muito poderosos — ele falou em vozbaixa. — E todos eles deixam suas marcas na estrutura da existência. Nunca ouvi falar deum único objeto mágico que carrega a estrutura da existência dentro dele. Você temrealmente certeza das suas teorias a respeito deste objeto, reitor?— Infelizmente — respondeu Franklin, rindo cansativamente — não. Sabemos muitopouco, na verdade. As teorias são tão miríades quanto improváveis. Só sabemos o que oobjeto faz. Não sabemos por que, como ou, na verdade, o que aconteceria se ele fosse parar.— Nesse caso — falou Merlin, sorrindo para o reitor —, sua prudência é a escolhamais óbvia e respeitável. Estou feliz em saber que tal magia misteriosa está nas mãosdaqueles tão cientes do seu potencial de gravidade. Como vocês o chamam?Franklin suspirou e olhou de volta para baixo, através das profundezas dos andarescarregados de artefatos, para o brilho resplandecente roxo e dourado mais abaixo.

Com uma fungada relativamente anticlímax, ele respondeu:— Chamamos de Cúpula dos Destinos.156Depois do jantar àquela noite, James, Zane e Ralf correram de volta para odormitório comunal, cortando entre os gramados e tecendo pelas sombras dos imensosulmeiros e castanheiras. Dentro, tiraram suas jaquetas e as arrumaram no quarto do andarsuperior que ainda abrigava os malões dos garotos. Quando eles finalmente voltaram parabaixo e saíram pela porta traseira do dormitório comunal, o sol descendente colorira o céude tangerina ardente, desbotando para azul-marinho em seu apogeu.— Ali — assentiu Zane, apontando.Os garotos viraram para uma linha de latas de lixo de metal quebradas dispostas aolongo da parede traseira. Um monte de folhas de ulmeiro jaziam como neve em volta daslatas de lixo cobrindo suas tampas, mas o “Z” amarelo na lata localizada no meio foiimediatamente visível. James tomou fôlego, o prendeu, e depois levantou a tampa da latamarcada.— O que é isso? — Ralf franziu a testa, olhando para dentro.— Oh, cara — sorriu Zane. — Oh, cara. Vocês conseguiram o tataravô de todos osdesafios de novatos. Ou Warrington acha que vocês dois são Zumbis de boa fé, ou ele odeiasuas vísceras.James pôs a mão dentro da lata e voltou com uma mão cheia de tecido. Era grosso,consistindo de outros tecidos preto e amarelo, todos costurados juntos num único padrão.Parecia ter bastante metros quadrados.— É uma bandeira — falou Ralf, pegando um pouco e ajudando James a tirá-la dalata.— É a bandeira da Casa de Hermes — disse Zane reverente. — Estão vendo? Tem obrasão Zumbi inserido nela, o escudo amarelo e preto carregando a caveira com olhosvesgos. Sabem o que significa?James olhou da enorme bandeira nas suas mãos para Ralf e Zane. Ele sacudiu acabeça, não particularmente gostando onde isso iria dar.— É um desafio antigo, mas um dos mais honrados. A troca legendária da bandeira.Ouvi que não foi feita por nenhuma casa há anos. Significa que a administração da escola

provavelmente vai estar de vigia nisso. Devem haver feitiços de divisa, bruxas guardas, atévigias. Oh, cara, vai ser uma explosão daquelas! Não posso acreditar que não me permitiramir com vocês!157James quis estrangular o garoto loiro, mas suas mãos estavam completamenteocupadas de bandeira.— O que é, grandíssimo idiota? Conte-nos logo!Zane sorriu e ajudou a pegar o resto da bandeira para fora da lata de lixo. Ele dobroua massa de tecido, abaixou-a nos braços de Ralf e James e depois levou-os em volta doprédio. Enquanto chegaram à frente dele, olhando de cima a fonte com a bacia de banhopara pássaros com gárgulas, ele colocou um braço no ombro de James. Com sua mão livre,apontou para o outro lado do campus.— Está vendo? Lá, em cima das árvores, no topo da Residência da Administração?— O quê? — perguntou Ralf, ficando vesgo na penumbra. — A torre do relógio?— Mais alto — estimulou Zane, sorrindo ainda mais.James ficou na ponta dos dedos dos pés para olhar sobre as árvores.— Er, o campanário?— Mais alto — encorajou Zane.James olhou mais alto. Seus olhos se alargaram e ele começou a balançar a cabeçalentamente.— Não. Sem chance.— A bandeira? — perguntou Ralf, virando para olhar Zane. — Lá em cima? Deve teruns sessenta metros! Você não pode estar falando sério!— Setenta e um desse ponto. Não se preocupe — confortou Zane, embora seu sorrisoávido tivesse o efeito exatamente oposto. — Tem uma saída de emergência atrás daResidência que leva vocês direto para a torre do sino. A partir de lá, tem uma escadaria emespiral para o campanário e outra escada para o telhado do campanário. Super fácil! Excetopelos morcegos, naturalmente, mas eles não terão chance contra um Zumbi leal.— Vocês querem que troquemos esta bandeira — disse James, suspendendo opedaço grosso de tecido nos seus braços — com aquela lá em cima?— Bem, trocar as bandeiras é só a primeira metade do desafio. Aquela bandeira lá

em cima tem as estrelas e fitas originais da universidade, a “Velha Betsy”. Vocês não podemsimplesmente escondê-la debaixo do colchão no dormitório comunal ou algo parecido, amenos que queiram um grupo armado da Casa Lobisomem perseguindo vocês e lhesespancando de dez jeitos diferentes no domingo. Vocês tem que levar correndo a Velha158Betsy para o mastro de bandeira da Casa Zumbi. Depois amanhã pela tarde, mandaremos devolta a Velha Betsy na Residência da Administração e arranjar uma punição honorária. Éprovável que vocês só peguem um dia de suspensão.— Espere — disse Ralf, franzindo o cenho. — Se conseguirmos passar nesse desafio,ficamos encrencados com a escola?— Vocês não podem pensar desse jeito — Zane disse, dando tapinhas no ombro deRalf. — É um desafio de novatos. Suspensão de um dia é como um emblema de honra.Pensem nisso como férias pagas.James suspirou.— Tudo bem então. Iremos fazer isso. Mas depois dessa, tudo vai acabar, certo?Seremos Zumbis, oficialmente?— Vocês obterão sucesso — Zane disse calorosamente — e nós os faremosPresidentes da Casa por um dia.James assentiu maliciosamente. Um minuto depois, os três carregaram a bandeiraZumbi para o quarto do dormitório e a esconderam no armário. Um correndo atrás dooutro, eles cruzaram mais uma vez o campus, rumando para o teatro e a reunião doProfessor Longbottom.159CapítulCapítulo 9ATAQUE AO ARQUIVO— James! — a mãe gritou quando o encontrou na frente do teatro do campus. — Você está tãobonito nesse uniforme. Olhe só para você!— Mãe! — sibilou James, afastando a mão dela quando esta tentou ajeitar o seu cabelo. — Parecom isso! Você está me envergonhando na frente dos zumbis!— Ah, sim, sua nova casa. Isso me lembra de uma coisa: você tem visto Alvo? — ela perguntou,olhando a multidão que se amontoava perto da entrada do teatro.— Só procure os carinhas com os uniformes cinza escuros e gravatas burgundy — respondeu

James. — Alvo estará provavelmente carregando-os nas costas.— Como é a tradição da seleção que está por vir, então? — perguntou Dêniston Dolohov, sorrindoe assentindo orgulhosamente para o filho.— Pergunte de novo para a gente amanhã de manhã — suspirou Ralf.Zane abriu um sorriso.— Eles estão indo bem. Não tão bem quanto eu, é claro, mas é uma barra bem alta para alcançar.Amanhã, eles serão Zumbis tudo oficialmente. Esperem e verão.James viu o olhar curioso no rosto da mãe e trocou de assunto o mais rápido que pôde.— Onde está meu pai e o diretor Merlin, afinal?— Estão lá na frente com Neville — Gina suspirou quando eles entraram pelas portas do teatro,adentrando o saguão principal. — Ele está um pouco nervoso. Estão lhe dando um pouquinho deapoio moral.— Oi, Petra! — gritou Zane, acenando. James virou e viu-a entrando atrás deles, sorrindoalegremente. Os três garotos caminharam até ela.— Cadê Isa? — perguntou Ralf, olhando em volta.— Ela ficou com Molly e Lílian essa noite. Ouvi que a assembleia pode demorar um pouco paraacabar, então Audrey está cuidando delas no apartamento da cidade. Como vocês estão seenturmando?— Bem — respondeu James. — É bastante diferente aqui, mas não tão diferente a ponto de nãofazer sentido.160— Eles têm seis casas — disse Ralf, sacudindo a cabeça. — Loucura, se alguém me perguntasse. Evocê, Petra?— Passei a maior parte do dia procurando trabalhos aqui no campus — Petra suspirou cansada. —Não preciso de muito dinheiro, afinal. Até assistentes de professor têm um quarto livre e comida, eaté podem pegar aulas de nível graduado sem problemas. Isa pode ficar aqui comigo e ir para apequena escola do campus. Eu mesma posso conseguir meu certificado T.O.A.D e me tornar umaprofessora. Isto é, se eu conseguir entrar em algum lugar.— Quem não te contrataria? — perguntou James quando os quatro entraram na área de assentos.— Você é um gênio não importa a perspectiva da questão! Ora, eles seriam um grupo de cabeçasduras e idiotas se não vissem isso. — Ele se interrompeu e enrubesceu, subitamente temendo quetenha se expressado com muito entusiasmo.— Obrigada, James — respondeu Petra. — Eu tenho esperança. Provavelmente vou descobrir até ofinal da semana. Na verdade, estou me sentindo bem confiante. O diretor deu a alguns dos chefes dedepartamentos uma boa imagem de mim.— Foi? — perguntou James, os olhos arregalados.

— Você parece surpreso — disse Petra, olhando para ele um pouco confusa.— Bem — disse James, desviando o olhar —, não. Er, claro que não. Digo, Merlin, ele tem bastanteinfluência, não tem?Petra deu de ombros.— Ele é Merlino Ambrósio.Os quatro foram a uma fila perto da fileira frontal, passando apertados por uma turma de garotasda casa duende vestindo suéteres cor-de-rosa, que observara com os olhos estreitados as lisasgravatas pretas de James e Ralf.— Novatos — uma das garotas murmurou. — Eles deviam ter a própria área de assentos no fundo.— Ah! — outra garota disse, levantando uma mão aos lábios em falsa surpresa. — Eles têm!— Conhecemos o professor — disse James em voz alta. — O que está dando a palestra? Aquelecara? É, viemos com ele.— Eu nunca teria adivinhado — a primeira garota respondeu. — Seu sotaque te entrega.Ralf olhou de lado para as garotas quando se sentou.— Nós não temos sotaque — murmurou. — Eles têm. Americanos idiotas.— Shh — silenciou-os Petra, sorrindo. — Não queremos fazer uma cena internacional.— Ali está Lúcia — disse James, virando no assento — e Alvo. Eles estão sentados com minha mãe,tio Percy e o sr. Dolohov, a algumas fileiras ali atrás.— Então, como é que essa coisa de “Dolohov” está funcionando com você, Ralf? — perguntou Zane,cutucando o garoto maior. — Vi que você não para de usar “Deedle”. Isso está te causando algumatristeza?Ralf deu de ombros.— Eu gosto de “Deedle”. Quero dizer, eu sei que não soa tão bom quanto Dolohov, mas eu nãopoderia usar esse. Quero dizer, você conhece a história dessa família. Já é difícil para eu viver semtomar esse nome.— É mesmo — assentiu Zane. — Ouvi o que aconteceu com você e Ted no ano passado. Mas achoque a maioria daquilo ele tirou do organismo.— Pelo menos, se ele não tivesse tirado — acrescentou James, pensativo —, agora, entre ele e Ralf,há um oceano inteiro. E ouvi falar que lobisomens não gostam muito de água.— Ele não um lobisomem verdadeiro — disse Ralf, sacudindo a cabeça. — Ele é ummetamorfomago com certas tendências de lobo, mas mesmo assim, é, eu não estou muito chateadopor haver um oceano inteiro entre nós.Zane suspirou e se encostou novamente no assento.— Aposto que tentar viver com dois é duro, de um jeito ou de outro. Eu não tenho inveja de você,Ralfidilo. Ei, isso faz você ter três nomes!161

— Você é a única pessoa que me chama desse — lembrou Ralf, revirando os olhos.Ao lado de James, Petra permaneceu em silêncio. Ralf, James lembrou, não era o único vivendo comdois nomes. Petra mudara o próprio nome após a provação na fazenda da avó, decidindo chamar-se,simplesmente, Morgana. Ela não insistira que todo mundo mudasse o modo em que se referia a ela,mas James teve uma sensação estranha que, em seu coração, ela não aguentava o novo nome, nãomais do que Ralf aguentava Dolohov. James não sabia o que isso significava, mas o preocupava umpouco.Era quase como se Petra tivesse duas personalidades diferentes. Uma era a Petra que eleconhecera há poucos anos, a garota feliz e aluna exemplar. A outra, por outro lado, Morgana, faziamagia misteriosamente poderosa sem a necessidade de uma varinha e muito bem podia ter matadoalguém. James não conseguiu deixar de imaginar se, só talvez, aqueles dois lados da personalidadede Petra estavam em guerra um com o outro. O mais importante, qual lado, se houvesse algum, eramais influenciado pela última partícula assombrada da alma perdida de Voldemort? E como issopoderia influenciar a luta interna de Petra?Os pensamentos de preocupação de James foram interrompidos naquela hora por uma figura quesurgiu no palco brilhantemente iluminado diante deles. As luzes do teatro se apagaram e a multidãogradualmente ficou em silêncio.— Senhoras e senhores, estudantes, professores e amigos de visita da comunidade bruxa — ohomem disse, sorrindo. Ele era alto e magro, com cabelo preto brilhante caindo no rosto vermelho.— Bem-vindos. Eu sou o professor John Sanuye, e sou o Chefe do Departamento de Flora aqui emAlma Aleron. Estou feliz em dizer que encontramos um dos especialistas mais inteligentes debotânica mágica, um homem cuja fama o precede, mesmo entre aqueles que não leram a suainteressante pesquisa sobre as mil e uma utilidades de samambaias do pântano e musgos. Por favor,recebam para o debate de hoje o sr. Neville Longbottom.Sanuye aplaudiu e sorriu quando Neville se levantou de seu assento na primeira fila. Antes desubir as escadas até o palco, ele virou e sorriu tímido para a multidão. Não era um teatro grande,mas James estava bastante surpresa em ver que estava muito cheio, com alunos comprimidos nofundo em cadeiras dobráveis e até de pé na entrada. Eles aplaudiram, mas houve poucos sorrisos nolugar.Neville subiu as escadas e sacou pequenas notas do bolso nos robes. Ele limpou a garganta e

observou a multidão, sorrindo nervoso. James sentiu um sofrimento de desconforto pelo professor.Neville estava claramente aterrorizado em falar diante de uma audiência tão grande.— Aham — ele disse, dando uma tossidela. — Obrigado a todos por virem. Estou, er, honrado, e,francamente, surpreso pelo número de espectadores. No país de onde venho, herbologia não é umassunto que comanda aderentes tão, er, entusiasmados.Um murmúrio de risadas correu pelo ambiente, pegando Neville de surpresa. Ele pestanejou esorriu antes de continuar.— Eu, er, vim aqui esta noite preparado para falar sobre algumas das vias mais recentes dapesquisa sobre botânica mágica, que estão, er, avançando o nosso entendimento de estudos comopreparo de poções, medicina, criação de varinhas e até filosofia e éticas bruxas.Neville ficava cada vez mais confiante enquanto falava e James ficava cada vez mais entediado.Mesmo que gostasse muito do professor Longbottom, ele sempre achou suas aulas quasedolorosamente vagas e excedentes. O discurso de hoje à noite não era uma exceção ao fato de queJames não precisava prestar atenção para ganhar nota. Seus pensamentos começaram a vagar, assimcomo o seu olho. O resto dos espectadores assistia Neville com graus variantes de interesse alerta,tédio delicado, e, em alguns casos, concentração com a testa franzida. Na primeira fila, James foipego de surpresa ao ver o pai inclinado para o lado sussurrando para um homem que James nãoconhecia. O homem sorriu quando Harry sussurrou para ele, e então riu em silêncio, os olhoscintilando. Estranhamente, os dois pareciam ser familiares um com o outro, como se fossem velhosamigos perdidos. James fez um lembrete mental de perguntar ao pai sobre o homem mais tarde.162No fim, Neville sacou uma série de fotos, que temporariamente aumentou-as com feitiçosEngorgio. As fotos eram mágicas naturalmente, mas já que eram na maioria de plantas, não semoviam. A única interessante era a de uma estranha árvore com longos ramos parecidos comtentáculos com mandíbulas afiadas nas pontas, mais como uma planta carnívora. A planta, queNeville chamou de Viboresca de Garras do Marrocos, se torcia e rasgava as várias garras na foto,comandando um ofego de alguns dos observadores nas primeiras fileiras. Perto do fim do discurso,Neville sacou uma pequena planta sua, tirando-a dos robes como uma longa cobra verde. A raiz eraminúscula, aproximadamente do tamanho de uma noz, com um pequeno amontoado de terra.

Neville pôs a planta na ponta do palanque, onde lentamente se arrumou e se esticou até as luzesacima.— Isto, senhoras e senhores, é a minha realização — disse Neville, orgulhoso. — A mítica e ilusóriaárvore Bamboozle. Segundo a lenda, é capaz de adotar a aparência e até as características químicasde virtualmente qualquer planta a qual é exposta, disfarçando-se em evasão a ser arrancada.Permitam-me ilustrar.Neville usou a varinha para levitar uma das várias fotos, e então a tocou com ela, aumentando otamanho.— Visgo do Diabo — falou, assentindo para a foto.Um leve murmúrio soou no palanque enquanto o Bamboozle alterava-se. Suas raízes se alargarame ficaram grossas e castanhas enquanto suas poucas folhas se multiplicavam e se transformavam emvinhas contorcentes. Em pouco tempo, o Bamboozle transfigurou-se na forma inconfundível de umpequeno Visgo do Diabo, muito parecido com aquele na foto aumentada. A multidão murmurou eminteresse.— Espinácea — disse Neville, orgulhoso, mexendo de novo a varinha e sacando outra foto, estamostrando uma planta alta e fina com folhas meio vermelhas. O Bamboozle se alterou outra vez.Suas vinhas se torceram em bolas e depois em folhas brotando, perfeitamente replicando aquelasmostradas na foto.— Lícula Furtiva — sorriu Neville, mudando de foto mais uma vez. Agora, o Bamboozle se achatoue aumentou, cobrindo o topo do palanque com trepadeiras verdes contorcentes. A multidãomurmurou e se agitou.— E antes que eu esqueça — falou Neville, tirando um anel do dedo e segurando-o na luz —, acaracterística mais notável do Bamboozle: sua habilidade de imitar as tendências características econstituição mágica de qualquer planta escolhido. Isso, mais do que tudo, é o que o torna tãopotencialmente inestimável ao mundo bruxo.O Bamboozle sentiu o brilho do anel erguido de Neville. Lentamente, ele levantou um trio detrepadeiras, que subiram até o anel, como se sentisse o cheiro dele. Torceram-se em torno deleferozmente e arrancaram-no da mão de Neville, do mesmo jeito que uma Lícula Furtiva faria. Aplateia riu e aplaudiu alegremente.— Se eu fosse retalhar um pedaço da raiz do Bamboozle em seu estado atual e submetê-lo aqualquer laboratório de herbologia, seriam necessários muitos testes para provar que não é, naverdade, uma verdadeira Lícula Furtiva. Se formos capazes de devidamente procriar e propagar o

Bamboozle, isto pode significantemente aumentar a disponibilidade de alguns dos recursosbotânicos mais raros e essenciais do mundo bruxo, e até nos permitir recriar várias das espéciesextintas.A multidão respondeu outra vez, liderada pelo entusiasmado aplauso do professor Sanuye naprimeira fila. Harry também bateu palmas e assobiou alto. O homem ao seu lado fez o mesmo,colocando as mãos sobre a boca em forma de copo.— Vai, Neville! — ele gritou, assentindo em encorajamento.— E assim concluo minha apresentação — falou Neville, sorrindo com óbvio alívio. Ele açoitou denovo a varinha, trazendo as fotos de volta ao seu tamanho normal e pegando-as quando163despencaram do ar. No palanque, o Bamboozle começou lentamente a reverter-se ao estadooriginal.— O professor Sanuye sugeriu que abríssemos um espaço para quaisquer comentários ouperguntas da plateia, algo que farei com alegria. Então, alguém tem algo que queira perguntar?James olhou em volta, surpreso ao ver um monte de mãos subitamente subir ao ar por todo oteatro. Neville também pareceu surpreso. Ele pestanejou e recuou um passo do palanque. Com umdar de ombros e um sorriso, ele apontou para uma mão na primeira fila.— Você então. Fale alto para todos ouvirem.— Saudações, professor — uma das estudantes duende disse, se levantando e sorrindo. —Obrigado por vir falar conosco. Minha pergunta tem menos a ver com herbologia do que tem comhistória, na verdade.Neville pestanejou de novo. James olhou de relance para a aluna duende. Ela era mais velha,possivelmente uma dos alunos da faculdade. Ela encontrou o olhar de Neville abertamente, aindasorrindo, e James não pôde deixar de pensar que aquela era uma expressão inconfortavelmentefamiliar. Era, na verdade, o mesmo tipo de expressão que Tábita Corsica tão geralmente usavaquando estava para dizer algo enfurecidamente confrontante.— História não é a minha área de especialização — disse Neville lentamente, mas a garota falouantes que ele pudesse continuar.— Reconheço que herbologia é a sua paixão, que significa que você obviamente tem um grandeamor por todas as coisas que crescem. Esse amor se estende também ao reino animal? Entendo quevocê tem o hábito de decapitar cobras. Poderia elaborar?Uma onda de assobios baixos passou pela plateia, e então risadas sarcásticas. James olhou em voltacom súbita raiva e medo, e depois olhou de volta para o palanque. O rosto de Neville ficara

vermelho, mas sua boca apertara numa rígida linha.— Próxima pergunta — exclamou sem hesitação, levantando o olhar sobre a plateia. Mais uma vezmãos se lançaram ao ar.— Sim, professor — outro aluno perguntou do fundo. James virou e viu que era um membro dacasa Igor, vestindo a característica gravata verde-ácido. Seu rosto era redondo e parecido com cerana luz do lampião perto das portas. — Sinto muito, minha pergunta também não tem nadarelacionado à vida vegetal. Você sabia, quando reuniu seus colegas de sala contra os revolucionáriosde seu tempo, que você estava apoiando o regime totalitário existente ou estava só iludido pelapropaganda dos dias, fazendo-o achar que estava do lado do bem?Neville abriu a boca em choque quando a multidão balbuciou ruidosamente, assentindo e gritandopara ele responder. James olhou em volta de novo, encontrando os olhos de Zane e Ralf. Era como oprimeiro debate de Hogwarts outra vez, só que pior, porque a multidão inteira parecia estar domesmo lado. Agora James entendia porque a palestra fora tão bem atendida. Neville, no fim dascontas, era quase tão famoso quanto Harry Potter, e não só pelos seus livros didáticos sobreherbologia.— Eu temia que algo assim acontecesse — disse Zane, inclinando-se para James. — Como eu tedisse, os tipos de pessoa do Elemento Progressivo estão todos por esse lugar. Tem até alguns delesno corpo docente.Ralf olhou em volta inquieto.— Os professores não vão dar um basta nisso?— Não é assim que as coisas funcionam por aqui — respondeu Zane. — Eles esperam que Nevilleresponda as perguntas, não importa quais sejam. Eu não me surpreenderia se isso não fosse partedo motivo pelo qual pediram a ele para falar.— Se for verdade, isso é horrível — disse Petra com pouca convicção.No palanque, Neville estava sério, a testa abaixada. Ele não parecia mais nervoso. Ele parecia, senada mais, quietamente irritado. Ele pegou o Bamboozle e depositou-o cuidadosamente em umbolso dos robes.164— Há alguma pergunta relacionada ao assunto pelo qual fui aqui convidado a falar a respeito? —perguntou em voz alta, sobrepondo a plateia balbuciante.— Responda a pergunta! — uma voz atrás de James berrou. Outros se juntaram a ele,transformando a frase num canto.Neville olhou de relance para a primeira fila. James se inclinou para frente e viu o pai assentirlevemente para Neville. Para o espanto de James, Harry Potter parecia estar sorrindo com algo como

exausta renúncia. Na esquerda de Harry, a expressão de Merlin estava calma e impenetrável, osbraços dobrados quase preguiçosamente sobre o peito. O professor Sanuye deu de ombros paraNeville e sacudiu a cabeça arrependido. Ele não parecia gostar do que estava acontecendo, mas nemmesmo ele parecia preparar para dar um basta naquilo.— Vocês parecem estar sofrendo algum triste mal-entendido sobre história — Neville finalmentedisse, segurando a varinha na garganta e amplificando a voz. A multidão rouca se aquietou, mas nãocompletamente. Neville continuou, abaixando de novo a varinha. — Agora, se insistem em fazerperguntas não relacionadas à minha especialidade, eu devo aparentemente respondê-las, para nãodar a vocês a impressão que sou incapaz de responder. Mas vocês farão suas perguntas comrespeito, e não aproveitar a oportunidade para meramente citar propagandas populares para adiversão de seus colegas. Há alguém aqui querendo agir sob estas condições?Menos mãos se levantaram desta vez. Neville franziu a testa e assentiu para um aluno perto deJames, que se levantou.— Professor — o jovem disse, e James viu que ele era um aluno do nível da faculdade e ummembro da casa Vampiro —, como um estudante, certamente você concordaria que seu trabalhocom a flora é intencionado a beneficiar toda a raça humana. Isso é verdade?Neville estreitou os olhos levemente.— Vivo na esperança que este seja o caso, jovem.— Então por que, senhor, você e outros como você insistem em anunciar suas descobertas para acomunidade bruxa, recusando-se mesmo em considerar compartilhá-las com o mundo trouxa?A multidão explodiu novamente, gritando em zombaria, vários se levantando.— Perguntas... são... permitidas! — uma voz gritou da primeira fila, e James se aliviou ao ver queera o professor Sanuye, os olhos irritados e severos. A plateia se silenciou de novo quase que deimediato e o professor continuou numa voz medida. — Mas desrespeito não. Vocês ouviram ostermos de nosso honrado convidado e eles são razoáveis. É a política de esta escola aceitardiscussão, mas não discórdia. Permitam que o professor Longbottom responda as suas perguntas ounão as faça. Fui claro?Uma onda de murmúrio passou pela plateia, obviamente agitada, mas vencida por um momento.No palco, Neville limpou novamente a garganta.— Uma boa pergunta, meu amigo — ele disse lentamente, erguendo as sobrancelhas. — Uma quequalquer bruxo ou bruxa que pensasse um pouco poderia perguntar para si mesmo. Porém, aresposta é igualmente importante. De fato, nós da comunidade bruxa poderíamos oferecer vários

avanços e remédios ao mundo trouxa. O fato da questão é que fazemos isso até agora. Seu próprioreitor tem uma mão no inovador Ato de Troca de Conhecimentos Inter-Mágico, que permite deforma inerte que descobertas mágicas que podem salvar vidas sejam compartilhadas com o mundotrouxa secretamente, mas efetivamente. Há caridades e coalizões que garantem privilégio especial aagir no mundo trouxa, executando atos de intervenção mágica em situações merecedoras disso. Massuspeito que você já esteja ciente disso, então posso apenas assumir que o que você realmente querdizer com a sua pergunta é: por que não simplesmente abrimos as portas do mundo mágico para acomunidade trouxa, revelando-nos completamente? É isso?O jovem arrastou os pés levemente e olhou para o resto da plateia.— Hã. Sim, eu acho que é exatamente isso. As políticas preconceituosas de governos mágicoscontra o mundo trouxa deveriam ser derrubadas. Revelação completa é a única opção que resultaráem verdadeira liberdade para toda a humanidade...165— Certo, certo — assentiu Neville. — Eu também vi esses pôsteres. Vamos supor que façamosexatamente o que você propõe. O mundo mágico sai do sigilo e se revela completamente ao mundotrouxa. O que você espera que aconteça?— Bem — o jovem murmurou, olhando em volta de novo, aparentemente desejando que maisalguém o ajudasse. O resto da plateia meramente observava com claro interesse. — Bem, entãohaveria igualdade. Poderíamos ajudar os trouxas. Poderíamos compartilhar tudo o que sabemoscom eles, e ajudá-los de várias maneiras. Quero dizer, somos bruxos e bruxas. Temos a magia donosso lado.— Ahh! — disse Neville, inclinando-se para frente no palanque. — Realmente poderíamos ajudálos.Mas e se eles não quiserem ser ajudados? E se certos membros da comunidade bruxadesejassem se envolver nos negócios trouxas, tais como comércio, medicina, até no governo, e ostrouxas não quiserem que estes membros façam isso?— Então ajudaríamos eles a entender que só queremos ajudá-los! — o estudante respondeu,animando-se. — Eles não saberiam o que é melhor para eles, afinal.Neville assentiu.— Então ajudaríamos eles contra a vontade?— Se fosse preciso — o jovem respondeu, levantando o queixo.— De fato — concordou Neville. — Vários fariam exatamente o mesmo. Certos bruxos e bruxasiriam se meter na classe governante trouxa, tudo sob pretexto de ajudá-los. Alguns de nós... nãovocê, é claro, meu amigo, mas alguns... ficariam felizes em recorrer à força. Eles usariam qualquer

magia que os ajudasse na causa, mesmo a maldição Imperius. Outros, porém, seriam menos...cautelosos. Acreditem ou não, meus amigos, existem bruxos e bruxas entre nós que poderiam naverdade querer governar os trouxas meramente visando poder. Essas pessoas são controladas agorapela existência das leis internacionais de sigilo. Mas o que você fará com esses bruxos e bruxas seessas leis forem abolidas? Você protegerá os trouxas deles? Como? O que impedirá bruxos malignosde usar os meios que quiserem para alcançar o poder sobre trouxas?O jovem pareceu perceber que estava perdendo a discussão moral. Ele arrastou os pés um poucomais e não olhou diretamente para Neville.— Isso é só alarmismo. É o que pessoas como você fazem.— Assustar pessoas com ameaças fictícias é alarmismo — Neville disse gentilmente. — Alertarpessoas sobre ameaças que são verdadeiras, ameaças que a história nos ensina que são quase umacerteza dada às condições certas, é um ato de bondade e compaixão. A história da interação bruxatrouxaé cheia de conflitos. Ambos os lados são igualmente culpados, reconhecidamente, mas arealidade permanece a mesma. Ficamos escondidos, simplesmente assim, porque o bem que viriacom a nossa incorporação no mundo trouxa é decididamente menor que o mal que inevitavelmentese resultaria. Num mundo perfeito, meu amigo, suas teorias seriam honrosas. Infelizmente, esse nãoé um mundo perfeito.— Desculpas e mentiras! — o aluno gritou de repente, e a multidão se agitou em torno dele,murmurando em concordância. — Você odeia os trouxas, então quer deixá-los ignorantes sobre nós,e tudo que poderíamos fazer por eles. Não existem bruxos malignos supremos desesperados paradominar o mundo. É uma mentira que gente como você inventou só para manter o resto do mundomágico na linha. Os trouxas nos dariam as boas-vindas, e você sabe disso. E mesmo se eles nãodessem... — O jovem hesitou repentinamente, percebendo o que iria dizer.Neville não pestanejou, mas fitou o jovem solenemente, apertando o palanque à sua frente.— Mesmo se eles não dessem... — ele disse, terminando o pensamento do aluno. — Teríamos amagia do nosso lado. Certo?O garoto se sentou de repente e a multidão recomeçou a balbuciar, ficando cada vez maisbarulhenta e tensa. O professor Sanuye subiu ao palco e andou até o lado de Neville.— Isso conclui a palestra de hoje — ele gritou rispidamente. — Estudantes, por favor, voltem aosseus dormitórios, obrigado. Está bem tarde, e pelo menos alguns de vocês têm aula comigo pela166

manhã. Desaprovarei qualquer ausência devido a vocês ficarem acordados até tarde na noiteanterior. Boa noite, e obrigado por virem. — Nessa hora, Sanuye virou para Neville, estendendo obraço para apertar sua mão. Os dois conversaram, as cabeças perto uma da outra.— Que monte de conversa jogada fora — uma garota atrás de James murmurou zangada. — Mas oque você esperava?— Vamos — Zane suspirou, sacudindo a cabeça. — Quanto mais cedo sairmos daqui, melhor.Vamos pegar uma bebida no Kite and Key.James seguiu Zane e Ralf para fora do teatro cheio, olhando na direção do palco. Seu pai estava depé na frente, flanqueado por Merlim e Dêniston Dolohov, que riam animados. Nenhum delesaparentava o mínimo de perturbação por causa dos eventos da noite e James podia imaginar arazão. A maioria deles estivera lidando com as alegações do Elemento Progressivo por anos, ambossutilmente, através de artigos no Profeta Diário, e abertamente, em casos como a demonstração queocorreu em Hogwarts durante o primeiro ano de James. Eles aprenderam a ficar indiferentes emrelação a tais coisas. James não desenvolvera tal indiferença, e ele se sentia decididamente zangadoe instável.Quando os três chegaram às portas do teatro e saíram no ar noturno, James virou-se para ver sePetra estava planejando se juntar a eles para tomar alguma coisa na taverna do campus. Entretanto,ela estava fora de vista na multidão que se dissipava. James ficou ali por um momento, procurando-asem sucesso, e então virou de novo e correu para acompanhar os amigos.Os sonhos de James foram interrompidos algumas horas mais tarde por uma alta batida na portade seu quarto. Ele se assustou e quase caiu da cama. Do lado de fora da porta, um fraco guinchosoou, como o guincho de velhas dobradiças.— Esse macaco de metal está me dando nos nervos — murmurou Ralf, cobrindo a cabeça com otravesseiro. — Essa é a voz dele?— Acho que os mecanismos do relógio estão velhos demais para fazer qualquer barulho — Jamesbocejou. — Agora só range o maxilar. Essa deve ser a nossa chamada das quatro da manhã.Ralf tirou os pés da cama.— Eu nunca pensei que diria isso, mas sinto falta do meu velho alarme digital.Cinco minutos mais tarde, os garotos saíram pela porta da frente do dormitório comunal,fechando-a cuidadosamente ao passarem. A noite estava fria e quieta, molhada de orvalho. As fonteshaviam parado de correr água para a noite, e até as gárgulas da bacia para pássaros pareciam estar

adormecidas. Ralf pôs sua mochila pendurada no ombro, com a bandeira da casa Zumbi dentro.— Você acha que eles têm guardas no campus? — sussurrou quando começaram a infiltrar-se naescuridão.— Melhor prevenir do que remediar — respondeu James. — Fique perto das árvores. A lua estámuito clara hoje para atravessarmos os gramados principais.Ralf bufava de raiva enquanto andavam.— Isso era muito mais fácil quando a gente tinha a Capa da Invisibilidade.— Se tivermos sorte, esta será a única vez no ano que precisaremos dela. Vai ficar tudo bem. Sócontinue andando.Quando eles alcançaram as profundas sombras da Residência da Administração, os tênis de Jamesestavam encharcados de orvalho e ambos os garotos ofegavam. Eles se encostaram nos frios blocosda parede e tomaram fôlego antes de deslizarem entre os arbustos e esquivarem-se sorrateiramenteaté o fundo do prédio.167— Muito bem — sussurrou James, agachando-se na sombra de um alto arbusto. — Isso deve serrápido. Eu subo lá e troco as bandeiras. Você fica aqui embaixo e fica de olho em mim com a varinha.Se eu cair, você e sua varinha saberão o que fazer, não é?— Levito você — assentiu Ralf. — Você quer que eu veja se consigo levitar você direto pra cima?James sacudiu a cabeça.— É muito óbvio. Se eu subir, ficarei nas sombras, então haverá menos chances de ser pego. Essalua parece um holofote à noite. Só fique preparado.— Pare com isso — disse Ralf sinceramente, deslizando a mochila do ombro e oferecendo-a aJames. — Meu estômago já está revirando. Talvez devêssemos simplesmente ir para a casa Igor,afinal.James sacudiu a cabeça de novo.— Agora não tem como voltar. Não se preocupe, isso vai estar terminado em poucos segundos.Ralf assentiu ainda não convencido, mas empenhado. James pôs a mochila no ombro e então viroupara o prédio. Uma série de estreitos degraus de ferro e balcões unia-se no fundo da Residência daAdministração, estendendo-se do chão até o teto. James sumiu o primeiro nível do modo maisdiscreto que pôde. Em pouco tempo, o campus caiu sob ele, estirando-se tanto que ele podia ver amuralha de pedra que o cercava. Além da muralha, a cidade da Filadélfia faiscava com luzes, e Jamesteve tempo de imaginar que ano eles estavam atualmente ocupando. Depois de alguns minutos, elealcançou o nível superior da saída de emergência. Ele observou a torre do sino que se erguia diante

dele. Parecia muito maior tão de perto, cada um dos quatro sinos aproximadamente do tamanho dacabeça de um gigante, mas muito menos volumoso. Por todo o redor da torre do sino, pombosempoleiravam-se em dúzias, cochilando no meio de ninhos sujos. James virou e se inclinou sobre opeitoral. Mais abaixo, Ralf o observava, o rosto um pontinho branco na escuridão. James fez umaceno desanimado e então virou e subiu até o teto, alcançando a balaustrada da torre.O interior da torre fedia de excrementos de pombos e velhice. Uma estreita passarela de madeirapercorria o perímetro da torre, sobrepondo-se à garganta vertiginosamente funda dela. Jamesprendeu a respiração e olho ao seu redor. No outro lado da torre do sino havia uma frágil escadariacircular, levando para cima na direção das vigas. James andou até ela, tentando ignorar o rangido egemido das tábuas sob seus pés. Quando começou a subir a estreita escadaria, circulando sua travecentral, uma onda de tontura tomou conta dele. A mochila parecia estranhamente pesada nas suascostas enquanto apertava o parapeito. Ele apertou os olhos até a sensação passar, e então continuouseu caminho cuidadosamente.Um alçapão destrancado abriu-se facilmente no topo das escadas e James escalou com cuidado nochão estreito do campanário. Ele ficou ali por um momento, respirando fundo e abraçando o chão,com medo de erguer o olhar, e um sutil barulho chegou ao seu ouvido. Lentamente, obrigou-se a selevantar e levantou a cabeça. O teto de vigas do campanário estava negro de morcegos. Eles seagitaram e gemeram fracamente, observando James.Seus olhos se arregalaram e ele articulou um pequeno guincho estrangulado, colocando os pésabaixo dele quando se agachou ao chão. Observou os seus arredores e viu a escada na direita docampanário. Era feita de velha madeira pintada, anexada ao exterior da torre atrás do velhoparapeito. Com dificuldade, James moveu-se até ela. Além do parapeito, o vento soprou de repente,jogando-a num cano de drenagem próximo. James estremeceu. Finalmente, inclinou-se sobre oparapeito e passou sobre ele, apertando a escada. Da forma mais cuidadosa e discreta possível,pulou do parapeito e se agarrou totalmente à escada, que rangeu de maneira ameaçadora.Provavelmente, ela era magicamente fortificada, como eram quase todas as velhas estruturasmágicas. Mesmo assim, a borda do telhado a aproximadamente um metro acima pareciaterrivelmente estreita e a queda perfeitamente angustiante. James tentou não olhar. Ele rangeu osdentes e começou a subir.

Felizmente, havia mais um alçapão no fim da escada, levando a uma estreitíssima passarela emtorno do telhado cônico da torre do sino. James obrigou-se a subir nele e se encostou no ângulo do168estreito telhado, respirando difícil. Com um chute, fechou o alçapão, não querendo cair nele poracidente. Sobre ele, a imensa bandeira americana, Velha Betsy, ondulava na brisa. Finalmente, Jamesandou a metade do cone do telhado, ajoelhou-se na sua sombra sobre a passarela de madeira eretirou a mochila do ombro. Ele começou a puxar a bandeira Zumbi, com cuidado para não deixar ovento soprar e levá-la voando para longe.Repentinamente, num choque, James ouviu o barulho de passos. Eles estavam muito próximos,mas indistintos, perdidos no agito do vento. James congelou, os olhos se alargando.Zane dissera que a administração da escola estava de guarda por alunos engajados na escapada datroca de bandeiras. Eles o haviam visto? Eles estavam subindo para pegá-lo no ato? Não haviaabsolutamente nenhum lugar para ele se esconder. James olhou em volta, mas não podia mais ver oalçapão no telhado. Ele se agachou contra as velhas telhas, tentando se misturar com as sombras omáximo que pôde.O barulho ressoou, furtivo e discreto. Alguém se aproximava sorrateiro dele, aparentementetentando pegá-lo de surpresa. Com um suspiro, James decidiu que não tinha nada mais a fazer doque se entregar. Ele abaixou a bandeira Zumbi amontoada sobre a mochila, levantou-se e encontrousefitando o rosto pálido e surpreso do próprio irmão.— James! — espantou-se Alvo, e James percebeu que o irmão estava com a varinha na mão. — Queé que você está fazendo aqui?James observou o irmão de cima a baixo e chegou rapidamente a uma conclusão na sua cabeça. Elesuspirou.— O mesmo que você, ao que parece. Cadê a bandeira Lobisomem?— Atrás de mim — disse Alvo, sufocando uma risada. — Essa é...? — ele perguntou, apontandocom a varinha para o amontoado de tecido ao lado dos pés do irmão. James assentiu.— Você está trocando as bandeiras — disse James — e eu também. Sabia disso?— É provável que não — respondeu Alvo num sussurro rude. — Altaire disse que mais ninguémfaria isso esse ano porque o clima estava muito intenso com a administração. E agora, o quefazemos?James não ouviu a última pergunta do irmão. Outro barulho de passos veio de trás dele e uma

sombra apareceu no seu campo de visão. James viu uma varinha ser levantada por uma mão escura,apontando para Alvo por trás.— Alvo! — gritou James, lutando para sacar a própria varinha. — Atrás de você!Alvo virou, mas não antes da figura atacar.— Petrificus Totalus! — uma voz feminina gritou, e um lampejo de magia lançou-se da varinhaerguida. Passou sobre o ombro de Alvo e acertou James diretamente no peito. Ele ficouimediatamente imóvel, congelado no lugar, e começou a tombar para trás.A figura açoitou novamente a varinha e a bandeira Zumbi aos pés de James ergueu-se como umacobra, enrolando-se na cintura de James e amarrando-se, deixando uma longa extensão para trás.— Pegue, novato — a voz feminina falou bruscamente.Alvo mexeu-se e tentou pegar a extensão da bandeira que soltava-se da cintura de James. Umsegundo mais tarde, o tecido ficou firme, pegando James quando este caiu para trás contra o velhoparapeito, quebrando-o.— Ugh — grunhiu Alvo, trocando de posição e enrolando a extensão da bandeira nos punhos. —Você está pesado. Sabe disso, James? Você precisa parar de comer um pouco de cachos de barata.— Esse é o seu irmão? — a figura perguntou, e James agora viu que era a garota sombria da casaLobisomem, a que fizera Alvo pagar flexões no dia anterior.— Senhorita, sim, senhorita! — respondeu Alvo de imediato.A garota sorriu firmemente para James.— Lição número doze do manual Lobisomem, novato. Quero ouvi-la.— “Quem bate primeiro bate melhor”! — anunciou Alvo, ainda lutando para segurar a extensão dabandeira. James se inclinou para trás nos calcanhares, congelado como uma estátua, mas169extremamente ciente da precariedade de sua posição. Abaixo dele havia apenas um espaço escuro,cheio de vento e do silêncio das castanheiras no relvado da Residência.— Essa é a lição número seis — a garota disse. — Mas é apropriada, então livrarei sua cara destavez. A número doze é “vale tudo na guerra e no amor...”— “E não há nada que não seja a guerra e o amor”! — terminou Alvo, confiante.— Bom trabalho, novato — concordou a garota. — Espere enquanto eu levanto a bandeiraLobisomem.O coração de James martelou quando ele viu a garota tirar a bandeira de uma mochila camuflada. Abandeira estava dobrada numa forma perfeitamente triangular, no qual ela desdobrou-a com umtoque de sua varinha. Um momento depois, usou a varinha para operar as roldanas do mastro dabandeira, que se projetava do telhado cônico. Com praticada economia, ela trocou as bandeiras,

dobrou Velha Betsy respeitosamente e guardou-a na mochila.— Operação Capture a Bandeira está completa, novato — ela disse, endireitando-se. — O que sónos resta cuidar de nosso prisioneiro de guerra. Temos que assumir que ele não está sozinho, masRafael já deve ter capturado quaisquer hostilidades no solo. Não podemos deixar esse aqui em cimapara recolocar as bandeiras quando descermos, o que nos deixa apenas uma opção. Lição númerotrês do manual Lobisomem, novato.— “Neutralizar qualquer ameaça em potencial”! — citou Alvo imediatamente. Atrás dele, a garotaamarrou a comprida extremidade da bandeira Zumbi numa extensão de cano cor de cobre. Elasorriu maliciosamente.— Você faz as honras, novato — ela disse. — Prove o seu valor lobisomem.Alvo olhou sobre o ombro para ela, logo antes de virar de volta a James, o rosto vagamenteapologético, mas só vagamente. Ele deu um sorriso afetado.— Desculpa, James — falou. — Lição número um do manual Lobisomem: “Um lobisomem tem quefazer o que um lobisomem tem que fazer”.James tentou sacudir a cabeça, mas o feitiço ainda lhe mantia totalmente congelado. Alvo soltou abandeira e James imediatamente caiu para trás, inclinado sobre a borda da passarela no telhado. Elecaiu por um assombroso segundo antes de parar novamente, pego pela bandeira amarrada àcintura. Uma explosão de barulho subitamente o cercou quando o choque de sua queda assustou osmorcegos no campanário. Eles guincharam e lançaram-se ao ar, as asas batendo com força. Ummomento mais tarde, o barulho da partida dos morcegos morreu e James se balançoucorajosamente, virando vertiginosamente na ponta de sua corda anormal. Um dos morcegos sesentou na sua cabeça, guinchando cordialmente.Ali perto, ele ouviu o barulho minguante de passos na escada assim como o som irritante degargalhadas orgulhosas, abafadas.— Vocês dois — disse Warrington depois de uma longa pausa fulminante — parecem terlevemente mal-entendido como todo o desafio de troca de bandeiras deveria acontecer.James tombou na cadeira bamba no escritório do porão da casa Hermes. Ao seu lado, Ralf suspiroue fitou o tapete amarelo manchado no chão. Warrington inclinou-se na instável velha mesa, cujasquatro pernas pareciam ter pilhas de papel dobradas embaixo delas.O escritório da casa Zumbi era minúsculo e cheio de prateleiras, apesar da notável falta de livros.As prateleiras eram, ao invés disso, pesadas com anormais ferramentas e bugigangas, pilhas decartas não abertas, instrumentos, diversas formas de projetos de arte em papel machê e ocasionais

crânios, na maioria usando óculos de sol e narizes de plástico. A porta de madeira era coberta poruma foto de pôster quase em tamanho real de Teodoro Hirshall Jackson pego numa pose170carrancuda, sacudindo um longo dedo para o observador, a testa escura abaixada. Letras dediferentes cores estavam tachadas sobre a cabeça do pôster, com os dizeres: “QUERO UM ABRAÇO EUM BISCOITO!”.Warrington se levantou ereto e andou por um estreito caminho no meio do lixo da sala, passandoentre a mesa e a única janela circular.— A questão, entendam — continuou numa voz tensa, batendo com o dedo direito na palma damão esquerda —, é não fazer a casa Zumbi parecer um grupo de idiotas orgulhosos. Qualquer coisafora disso é, francamente, totalmente fácil!Warrington socou uma boneca inflável feita para parecer um palhaço apavorante. Esta sacudiu nasua base pesada e oscilou para trás, guinchando.— Eles eram lobisomens — lamentou Ralf, fraco. — Eu mal os vi antes de eles caírem em cima demim como um piano. Estavam camuflados! Tinham pedaços de arbustos presos no chapéu deles!Achei que estava sendo atacado por algum tipo de monstros dríades americanos!— Eles eram lobisomens! — sibilou Warrington, arrodeando os garotos, totalmente irritado. Elelutou para se recompor e passou uma mão no rosto, suspirando veemente. — Olhem. Vocês sãonovos aqui, então vou dar-lhes uma liçãozinha útil sobre a intrincada política da sociedade quedefine a vida aqui nos corredores sagrados da Aleron. Odiamos os lobisomens. Aqui termina a lição.Entendido?— Mas eles tinham outros membros ajudando o novato, que veio a ser o meu irmão — protestouJames. — Eles nos atacarem antes que tivéssemos a chance de reagir.— É assim que os lobisomens fazem! — gritou Warrington, exasperado. — Eles são lobisomens,pelo amor de Zark! Para eles, tudo é um campo de batalha. Sua única fraqueza é quando as pessoaspuxam o campo de batalha de baixo deles! É assim que os zumbis fazem!Ralf levantou as mãos, as palmas para cima.— Mas o que poderíamos ter feito?— Sapatos fedorentos! — irritou-se Warrington, impassível. — Cole-os ao chão como moscas numpapel mata-moscas! Ou a azaração das Pernas Bambas, ou feitiços de Cócegas, ou até explosãoespontânea com gás intestinal. Você não pode simplesmente derrotar um lobisomem, você tem queenvergonhá-lo. Seu orgulho insuportável é sua última fraqueza. Qualquer zumbi sabe disso!

— Desculpe — disse James, miserável —, somos novos nisso tudo. Eles nos pegaram antes quetivéssemos chance de contra-atacar. Seremos melhores da próxima vez. Dê-nos mais uma chance!Warrington recuou de James. Ele balbuciou:— Eles te deixaram pendurado na bandeira Zumbi na borda do campanário! A escola inteira viuvocê lá em cima até Franklyn conseguir fazer você descer! Você nos fez de motivo de piada! Oszumbis é quem riem! Não o contrário!— Agora o orgulho de quem está ferido? — murmurou Ralf.— E você — disse Warrington, virando-se para Ralf, os olhos faiscando. — Me surpreende vocêconseguir ao menos falar, depois de ficar pendurado no mastro de bandeira da casa Hermes pelasúltimas três horas! Se você pudesse morrer de cuecão, estaríamos preparando o seu funeral nesteexato momento!Atrás de Ralf e James o barulho de risadas abafadas soou. James deu meia-volta no lugar.Na parede traseira, numa velha cadeira com pés de garra e estofamento gasto, sentava-se opresidente da casa Zumbi, um alegre homenzinho com o que parecia ter, de todas as maneiras,pernas de bode. Ele estava vestindo um casaco bordado com caudas, uma refinadamente amarradagravata amarela e uma elegante camiseta cinza. Dois curtos e grossos chifres roxos adornavam suastêmporas. Seu nome, James agora sabia, era professor Felix Stanford Cloverhoof, e ele eraaparentemente um fauno, também conhecido, por algum motivo, como o Jersey Diabo.— Sinto muito — disse Cloverhoof, recuperando-se e assumindo uma expressão séria. — Continue,sr. Warrington. Você está indo bem.171— Já terminei — disse Warrington, voltando para trás da mesa e se jogando na cadeira, queguinchou em protesto. — Com os dois.— Temo que o sr. Warrington tenha razão, meus amigos — disse Cloverhoof, despreocupado,levantando-se nos pés de cascos. Ele endireitou a gravata e tirou pó da lapela. — A casa Zumbi temseus padrões, mal definidos e amorfos como são. Suspeito que vocês serão mais felizes em algumoutro lugar.— Mas... — exclamou James, gaguejando. — Mas, mas...!— Tive uma demorada conversa sobre o assunto com o reitor esta manhã depois dele... digamos...extrair os dois de seus vários problemas. Concordo inteiramente com a avaliação dele. Há realmentesó uma casa para alunos com suas particulares... vejamos... aptidões.— Ah, não — implorou Ralf. — A casa Igor não.Cloverhoof piscou para Ralf e sorriu um pouco afetado.

— A casa Igor? — disse curiosamente. — Não, não mesmo. Venham, garotos. A manhã malcomeçou e certamente vocês têm aulas a comparecer. Hoje à noite, começarão a vida na sua novasociedade. Certamente se encaixarão nela muito bem.— Que casa? — perguntou James, triste, levantando-se e caminhando até a porta quando oprofessor fauno a abriu.— Ora, achei que era óbvio — respondeu Cloverhoof alegremente. — Francamente, estou surpresopor vocês não terem corrido até ela assim que chegaram. O reitor determinou que vocês deviam serdirecionados à casa Pé Grande. Tenho total certeza que a acharam bem... er... reconfortante.James e Ralf tombaram onde estavam.Na mesa atrás deles, Warrington sorria malicioso.— Até o percurso de Engate, garotos! — gritou, rindo sem humor.— Não vejo qual é o problema da casa Pé Grande — disse Lúcia, revirando os olhos. O sol estava sepondo acima do campus, projetando longas sombras roxas nos gramados e trilhas enquanto osalunos voltavam do jantar no refeitório.— É porque você entrou na casa que queria — irritou-se Ralf. — Você tem a gravata vermelhosangue para provar.— É muito bonita também — acrescentou Zane.Lúcia sorriu modesta.— Obrigada. Mas a questão é que vocês provavelmente nunca deveriam ter ido para a casa Zumbiafinal, e se terminassem lá, vocês estariam totais miseráveis.— Olhe o que fala! — exclamou Zane, cobrindo as orelhas com as mãos. — É dos zumbis que vocêestá falando.— E eles são uma casa legal, tenho certeza — tranquilizou-o Lúcia. — Só não é para James e Ralf.Obviamente aquela casa serve em você como uma armadura. Bem, uma armadura amarela, comuma peruca de palhaço em cima.— Agora você está certa — concordou Zane, calmo.— Mas a casa Pé Grande — continuou James. — Eles são um dormitório de insignificantes.— Nesse caso, serve para vocês perfeitamente — disse Alvo, aparecendo por trás.James olhou para o irmão sombriamente.— Quando você chegou aqui, grande traidor?— Pelo menos minha traição vem com uma gravata burgundy — respondeu Alvo, mexendo najaqueta e observando-se criticamente. — Bem intenso, não acham?Ralf estreitou os olhos.172— Você já ouviu a frase “sangue é mais denso que água”?— Eu ainda não aprendi isso em Poções — respondeu Alvo simplesmente.Numa voz cautelosa, Lúcia disse:— Aquilo foi uma coisa terrível de se fazer, Alvo, deixar o seu irmão lá em cima assim.

— Ah, ele estava perfeito — Alvo acenou uma mão. — Era ele ou eu. Antes de ser um lobisomem,eu era da Sonserina, lembrem-se, e nós sonserinos aproveitamos cada oportunidade que temos. Osgrifinórios que se auto-sacrificam e são os nobres. Se você analisar a questão desta forma, eu estavasimplesmente ajudando James a ser leal à sua herança.James lançou um braço e bateu no ombro do irmão com o dorso da mão, empurrando-o para trás.— Eu vou te mostrar uma coisa ou outra sobre nobreza, seu traíra!— Ah, ah, ah... — alertou Alvo, sacudindo um dedo para o irmão. — Os lobisomens cuidam um dooutro. Agora que visto cinza e burgundy, qualquer coisa que você fizer contra mim seráprovavelmente retribuído pela Irmandade do Lobo. Estou só te dando um aviso prévio. Não querover você se machucar, irmãozão.— “Irmandade do Lobo” — zombou Zane. — Não tem nem um verdadeiro lobisomem no grupo. Sealguém da sua irmandade fosse confrontado por um lobo real, eles iriam fugir como ratos.Alvo contornou Zane.— Mas a casa Zumbi está cheia daqueles mortos-vivos andantes, certo? Pelo menos em termos deinteligência, foi o que eu ouvi.— Então brigamos com palavras! — proclamou Zane, estridente.— Vocês vão parar? — interrompeu Lúcia, ficando entre os dois e colocando uma mão no peito decada um, afastando-os. — Isso é uma coisa estúpida de se discutir. Todo mundo sabe que os dois,lobisomens e zumbis, acovardam-se perante o mistério obscuro da casa Vampiro.Zane balbuciava enquanto Alvo tirava a mão de Lúcia de cima dele. Ela sorriu arrogante, levantou acabeça e se caminhou para longe.— Ela com certeza cortou essa rápido — disse Ralf, impressionado.— Vamos — impeliu Zane, irritado, puxando o cotovelo de Ralf. — A mansão dos pé grandes é bemaqui. Vamos levá-los e apresentar vocês aos novos camaradas. Nunca vi o interior do dormitório jáque nunca tive amigos pés grande.James suspirou enquanto andavam até a estrutura de tijolos. A Mansão Apolo, lar da casa PéGrande, era de longe a menos interessante das casas. Erguia-se quadrada e reta no pôr do sollaranja, parecendo uma sentinela guardando algo que ninguém realmente queria. Não existiavirtualmente nenhuma paisagem em torno da mansão exceto por alguns baixos arbustos que seestendiam perto da fundação de forma organizada. Uma pequena escadaria de pedra levava até aporta da frente, que era adornada com uma grande aldrava de bater, na forma de um pé com dedoslargos.

— Então, existe mesmo pé grandes na casa Pé Grande? — perguntou Ralf enquanto subiam aescada.— Talvez — Zane deu de ombros. — Isso os colocaria num nível mais alto que os lobisomens evampiros. Eles não têm lobisomens ou vampiros verdadeiros nas casas faz séculos.— E os duendes, igors e zumbis? — perguntou James.— Não sei sobre os duendes ou igors — disse Zane, estendendo o braço para a grande aldrava —,mas o antigo presidente da casa Zumbi era um professor excêntrico chamado Straidthwait, e ele deuaulas por quase uma semana antes de alguém saber que morrera de falha cerebral ou algo parecido.Aparentemente, passou muito tempo na África durante férias de verão e bebeu algumas poçõesnativas. Quando descobriu que estava morto, insistiu em ser enterrado no cemitério do campus,ambulante ou não. — Zane sorriu para James e Ralf e bateu a aldrava três vezes, sacudindo a grandeporta de madeira.— Você está inventando isso — insistiu Ralf. — Eles não o enterraram vivo!Zane sacudiu a cabeça.173— Ele não estava vivo. Estava morto como uma maçaneta. É verdade. Ouvi que ele fez o própriotributo fúnebre e contou a todo mundo que esperava ser enterrado. Disse que seria como o últimopedido em vida. Está esculpido na tumba dele, na verdade. Mostro para vocês algum dia.— Não, obrigado — respondeu Ralf quando a porta se abriu. Um garotinho com pele descorada egrandes óculos olhou para Zane.— Eu conheço você — disse meigamente. — Me deu orelhas de burro ano passado.— Foi? — Zane piscou, pensando. — Pode ser. Dei orelhas de burro para um monte de gente anopassado. Era a moda. Não doeu, doeu?O garoto fitou Zane.— Não. Mas me deu vontade de comer um monte de cenouras. E foi mais fácil ouvir as aulas deGeografia Mágica. Não me importei, na verdade.— Bom garoto — disse Zane alegremente, dando um tapinha no ombro do garoto. Ele cambaleou.— Eu sou James — disse James, avançando. — E esse aqui é Ralf. Somos... er... pé grandes.— Claro que são — falou o garoto, olhando de cima a baixo para Ralf.— Lembro-me de você — disse Zane, semicerrando os olhos. — Pastington, certo?— Paddington — corrigiu o garoto. — Wentworth Paddington.— Podemos entrar? — Ralf perguntou esperançoso. — É... só queríamos nos instalar nos nossosnovos quartos. Se tivermos que dormir do dormitório comunal com aquele macaco relógio louco pormais uma noite...

— Ah, claro — disse o garoto brandamente, recuando. — Tudo é perfeito, onde quer que vocêprocure. Os dormitórios são lá em cima, no terceiro andar. A sala de jogos é no porão. Tudo no meioé o que é.James entrou no saguão da casa. Era limpo e alto com um pequeno candelabro apagadobalançando acima. Um estandarte empoeirado estava pendurado no candelabro, desbotado pelotempo. Letras azul escuro num fundo laranja diziam as palavras ‘PURITANO PÉ GRANDE’.— Ah, isso — disse Wentworth, seguindo o olhar de James. — Isso foi feito pela mãe de Kowalskiquando ele era um calouro. Inglês não é exatamente a primeira língua dela, mas Kowalski ficou tãoorgulhoso desse estandarte que não pudemos tirá-lo.Zane assentiu para o estandarte.— Faz sentido perfeito para mim, Went. Onde é a festa, então?Wentworth pestanejou atrás dos imensos óculos.— Festa?— Onde está o resto dos seus colegas pé grandes? — esclareceu Zane. — E o seu presidente? Jamese Ralf aqui deviam provavelmente conhecê-los, não deviam?— Ah — falou Wentworth, incerto. — Claro. Acho que sim. Por aqui. — Ele se virou e voltou aandar, rumando para uma grande escada que dominava o salão principal. Depois de um olhar lateralpara Ralf e Zane, James seguiu.Conforme os quatro desciam para o porão da mansão, ouviram um balbucio de vozes e o estalido eestrépito de bolas de bilhar. Chegando à base das escadas, James encontrou-se numa sala baixa etumultuada, cheia de sofás e cadeiras não combinando, pontas de mesas e uma pequena galáxia delâmpadas com formas gastas. Alunos passeavam em grupos por todo o espaço e fluíam por umajuntamento de mesas de jogos muito antiquadas nos cantos mais escuros da sala do porão. Umgrande refrigerador branco acomodava-se como um pequeno dirigível vazio no canto, flanqueadopor uma cabeça empalhada de cervo num lado e uma cabeça de alce no outro. A cabeça de alce usavaum gorro de dormir adornado com borlas e parecia estar dormindo. Nenhum dos ocupantes da salaolhou quando James, Ralf e Zane entraram.— Ele está bem ali — apontou Wentworth. — No meio, com os pés no tatu.James seguiu o gesto de Wentworth e viu o presidente da casa Pé Grande se espreguiçando numpequeno sofá laranja, os pés apoiados num pequeno animal que parecia ser meio porco meiotanque. James reconheceu o homem como um que se sentaram ao lado do pai na assembleia do174professor Longbottom. Com um espanto, percebeu que o pai se sentava ao lado do homem mesmo

agora, rindo alegremente e segurando uma garrafa de alguma cerveja americana. Harry viu o filhodo outro lado da sala, sorriu e acenou para ele.— Ouvi que foi levado para a casa Pé Grande — gritou enquanto os garotos passavam pelas váriascadeiras e mesas. — Vocês não poderiam ter encontrado uma casa melhor. Er, não importa por quecaminhos chegaram aqui — acrescentou, sorrindo afetado.— Olá, sr. Potter — Zane sorriu, jogando-se numa cadeira próxima.James se sentou num pequeno sofá curvado e suspirou.— Então você ouviu.— Suspeito que a maioria da Filadélfia mágica saiba agora — respondeu Harry. — Você é umPotter, afinal. Sua foto provavelmente estampará a primeira página do Profeta Diário amanhã demanhã, junto com uma legenda torta escrita pela própria Rita Skeeter.James tombou no sofá.— Que inferno. Você acha mesmo?— Quem se importa? Você não vai estar lá para ver, pelo menos.Zane coçou o queixo.— Conhecendo Rosa, ela vai recortar a matéria e mandar para você. — Ele olhou para Ralf, queassentiu.— Independentemente de como chegou aqui — o homem no sofá ao lado de Harry sorriu —, a casaPé Grande tem orgulho de receber você. — O homem era relativamente jovem e muito magro comum corte de cabelo meticuloso e feições tenras. James percebia pela sua falta de sotaque americanoque ele não era originalmente dos Estados Unidos.— É, bem, estamos felizes por finalmente arranjar uma casa, eu acho — comentou Ralf. — Mesmosendo uma sobra, é melhor do que ficar preso do dormitório comunal.— Ah, não temos sobras na casa Pé Grande — o presidente de casa disse, endireitando-se esacando a varinha de um bolso traseiro. — Todos os membros são essenciais ao clã. Um por todos etodos por um. Vai laranja e azul! — Com isso, o homem apontou a varinha para James. Houve umlampejo e James se assustou. Ele abaixou o olhar para si e viu que a gravata preta se transformaranum laranja claro, e a jaqueta era agora azul escuro. Outro lampejo iluminou a sala e o uniforme deRalf se transformou também.— Não tão bonito quanto o amarelo Zumbi — disse Zane, crítico —, mas melhor do que preto,afinal. Vocês estavam começando a parecer aqueles cadáveres do Departamento de IntegraçãoMágica.— Ouçam — o presidente de casa anunciou em voz alta, tirando os pés do tatu e se sentando ereto.— Esses são James Potter e Ralf Deedle, os mais novos membros da casa Pé Grande. Vamos dar-lhesas boas vindas, que tal?

Vivas e aplausos indiferentes encheram a sala, demorando pateticamente enquanto o presidentesorria pra James e Ralf. O tatu se afastou lentamente, fungando nas bainhas dos sofás e mastigandoocasionais grãos velhos de pipoca. Quando o barulho das vivas finalmente esgotou-se, James sejogou de novo nas profundezas de seu sofá.— Como vocês dois se conhecem? — perguntou, olhando entre o pai e o presidente pé grande.— Ah, seu pai e eu temos uma longa história juntos — o presidente sorriu. — Ajudei ele a se tornaro homem que é hoje, na verdade. Dei-lhe a primeira chance, quando ainda era só um novato que malsabia como segurar uma varinha.— Acho que foi a professora McGonagall que na verdade me botou no time — corrigiu Harry,sacudindo a cabeça e sorrindo. — Você só me ensinou o que eu precisava saber para não ser mortono lance.— E que belo trabalho eu fiz!— Enfim — Harry riu —, James e Ralf, a casa de vocês é liderada por um dos melhores professoresdo campus. Ele veio aos Estados Unidos anos atrás e, por motivos que não posso imaginar, decidiu175não ir embora. James, Ralf, esse é o meu velho amigo e companheiro grifinório, seu novo presidente,Olívio Wood.— Wood! — proclamou Zane, dando um tapa na testa. — Esse é o seu nome, não Birch. Mascheguei perto, não foi? — Sorriu de lado para James e Ralf.— Ei — disse Wentworth, dando um tapinha no ombro de James. — Tem uma coruja gigante nasescadas da frente, piando feito uma louca e tentando passar pela porta da frente. Acho que ela é sua.Quer que eu leve ela para a torre? Ou ela vai, hã... ficar com você?— Nobby está aqui! — disse Zane, levantando-se. — Lar doce lar, por todo o lugar. Vamos. Vouajudar vocês pé grandes a tirar as coisas do dormitório comunal. Não tem elfos domésticos nosEstados Unidos, então vocês têm que fazer o trabalho dos pés sozinhos. Entendeu? — sorriu,cutucando James. — Trabalho dos pés?— Entendi — disse James, sorrindo sem ajuda. Revirou os olhos, e os três garotos subiram de novoas escadas, rumando para fora.Uma hora depois, James estava no meio do quarto superior do dormitório comunal fitando a mãodireita, os olhos alargados. No chão a seus pés estava a mala, com o zíper aberto, onde ele acabarade colocar. Estava surpreso por ainda ser capaz de ouvir Zane e Ralf no corredor ali fora, lutandopara enfiar as coisas de Ralf no elevador. No centro da palma direita de James, um fraco brilho prataainda estava enfraquecendo, como uma bola de neve.

Estremeceu, não sabendo o que acabara de acontecer, mas sabendo que, o que quer que fosse, eramuito importante. Simplesmente não fazia sentido.— Merlin — sussurrou para si, os olhos arregalados. Merlin entenderia. Saberia. James acabara devê-lo, conforme pedido do diretor, mas não era tarde demais para voltar. Agachou-secuidadosamente e fechou o zíper da mala, com cuidado para não passar os dedos no embrulho depequeno pergaminho dentro.Depois de visitar a nova casa e encontrar Olívio Wood, o presidente da casa Pé Grande einexplicável amigo do pai (o nome de Wood fizera James se lembrar de alguma coisa, mas se o paifalara sobre ele, havia sido há muito tempo atrás), as coisas tinham ficado decididamente maisestranhas conforme a noite progredia.A caminho do dormitório comunal, James se lembrou de parar na casa de visitas na esperança dealcançar Merlino antes de sua partida. Ver o pai no porão da Mansão Apolo fizera James se lembrarde seu apontamento com o diretor, e ele ficou curioso sobre o que o velho homem queria dar a ele.Merlin de fato estivera ali, engajado no que parecia ser uma séria conversa na sala de visitas com oreitor Franklyn e Neville Longbottom. A sala silenciara quase que de imediato quando James, Ralf eZane entraram, e James teve a sensação distinta que era uma inconfortável pausa, frágil como vidro.Merlin saudara os meninos e se desculpou por tanta gente, dizendo que só estaria ocupado por ummomento.Nos quartos no andar de cima da casa de visitas, Merlin mostrara aos garotos sua mala. Ralf eJames haviam visto antes, já que era a mesma mala que ajudaram o grande bruxo a tirar de umacaverna no oceano no ano passado. Era anormalmente pequena — ilusoriamente, já que suas portasaninhadas e gavetas podem se abrir em mais portas aninhadas e gavetas numa exibição de espaçomágico conservado. Por enquanto, entretanto, Merlin só abrira uma gaveta. Era longa e rasa,contendo um objeto quadrado e liso enrolado em tecido. Merlin pegou-o e estendeu a James com asduas mãos.— Ano passado — disse ele —, eu te contei sobre os efeitos de objetos mágicos sobre a terra.Contei-te como tendem a deixar marcas imensas na paisagem da realidade, e que a idade de objetos176mágicos estava vindo a um fim. Com mais reflexão, determinei que isso é mais verdade do que jásoube. Ao contrário do que originalmente acreditei, o equilíbrio do mundo bruxo é precário nesses

tempos. O peso do extremamente mágico é o suficiente para afetar esse equilíbrio. Percebi que, emnome desse equilíbrio, devo fazer algo que não desejo de forma alguma. Esse é o resultado.James aceitou o objeto, que era aproximadamente do tamanho de uma pequena bandeja e damesma forma. Cuidadosamente, desenrolou-o e olhou-o em suas mãos.— Legal — disse Zane, olhando sobre o ombro de James. — Agora você pode pentear esse ninho depássaros que chama de cabelo.Ralf sacudiu a cabeça sobre o outro ombro de James.— Bem, acho que isso serve para outra coisa, não só ver se o cabelo está arrumado no caminhopara a sala de aula.A coisa nas mãos de James era um espelho numa simples armação prateada, aparentementenormal exceto por ser um pouco pesado. James não sabia se era a armação ou o próprio espelho quedava peso ao objeto. Ele olhou curiosamente para Merlin.— É, na verdade, perfeitamente apropriado para checar a aparência — concordou o diretor comum sorriso. — Mas o sr. Deedle está certo. Não serve apenas para se ver. Tem a varinha contigo,James?James assentiu. Colocou o espelho numa mesa próxima e tirou a varinha de um bolso no interior dajaqueta.— Excelente — disse Merlin, dando um passo para o lado. — Agora toque com ela no vidro e diga“espelho, de três o primeiro, mostre-me onde quero paradeiro.”James estreitou os olhos para o grande bruxo.— Vai, James — pediu Zane. — Faça com a magia. Estou morrendo de curiosidade aqui.James deu de ombros e tocou no vidro com a varinha, repetindo a frase exatamente como Merlindisse. Em harmonia, os garotos se inclinaram para frente, enchendo a superfície do espelho com oreflexo deles. Quase imediatamente, entretanto, o reflexo sumiu, reposto por um turbilhão deneblina prateada. James e Ralf reconheceram-na quase que de imediato.— O Amsera Certh? — perguntou James sem fôlego. — Mas... — Parou, distraído por uma cena quepareceu nadar das profundezas do Espelho, como se a face fosse a superfície de uma piscina muitofunda. A imagem resplandeceu e se fundiu em formas inconfundíveis da sala comunal da Grifinória,escura e vazia, com só o brilho rubro da lareira iluminando os móveis.— Sem chance! — exclamou Zane. — É Hogwarts! Mas onde está todo mundo?— É meia-noite lá, seu doido! — riu Ralf. — Mas é isso mesmo que estamos vendo? É mesmoHogwarts?— É — assentiu Merlin.— Mas como? — perguntou James, virando para observar o diretor. — Se esse é o Amsera Certh,por que é tão pequeno? E por que você daria para nós?

— É como eu disse — respondeu Merlin, o rosto sombrio. — O mundo mágico é simplesmentemuito precário para carregar o peso de objetos extremamente mágicos como o Amsera Certh.Determinei que devo parti-lo, dividir os poderes, a fim de impedir que sua influência adversamentecause algum impacto no tecido da realidade. A verdade é, agora que sei da existência de coisas taiscomo a Cúpula dos Destinos, estou ainda mais confiante que tomei a decisão certa.— E o Livro do Foco? — perguntou Ralf, referindo-se ao livro que era a contrapartida mágica doEspelho Mágico original.— Destruído para sempre — suspirou Merlin. — Junto com o Espelho de Ojesed, o Amsera Certhestá só reduzido aos seus poderes mais básicos e ilusórios sem a ajuda de seu Livro do Foco. Com oLivro destruído e o Espelho dividido, seu impacto sobre a terra é muito mais leve. Usei minhas artespara encantar esse pedaço do Espelho, conectando-o ao espelho sobre a lareira na sua antiga salacomunal de dormitório, James. Com a ajuda dele, você será capaz de ver e interagir com os amigos177em casa quando quiser. Dei outro Caco ao seu pai, igualmente encantado, que irá permitir a ele falarcom os colegas no Ministério da Magia.— Excelente! — assentiu Zane. — Isso é de longe melhor do que usar vagalumes e clones mágicos.Rafael vai morrer de inveja quando ouvir sobre isso.— Porém — Merlin disse gravemente —, vocês não devem contar a ninguém sobre o Caco. Mesmoseus poderes divididos e diminuídos, ainda deve ser mantido escondido daqueles que iriam quererusá-los por motivos maldosos. Use-o para se comunicar com os amigos o quanto quiser, mas nãoconte a ninguém aqui o que o Espelho pode fazer ou qual é a sua origem. Podem jurar obediência aessas exigências?— Certo — James respondeu lentamente, assentindo. — Mas... digo, é... seguro?— Se você está se referindo ao seu inadvertido uso do último termo do Amsera Certh — disseMerlin, sorrindo afetado —, garanto a você, os dias do Espelho de trapaças estão terminados. Comoqualquer ferramenta mágica, esse Caco é exatamente seguro como o que você escolher para fazercom ele.James assentiu, aliviado.— Ótimo. Obrigado, diretor. Vamos ter cuidado extra com ele. E não vamos contar a ninguém.Vamos?Os outros dois garotos concordaram facilmente e James enrolou o Caco no tecido de novo.

Brevemente, Merlin deu adeus aos três garotos e juntou-se novamente com o professor Longbottome o reitor Franklyn na sala de visitas da casa. James acenou para Neville adeus e, então, numa vozmais baixa, contou a ele que fizera um trabalho excelente colocando aqueles agitadores do ElementoProgressivo no lugar na assembleia da noite anterior. Neville assentiu tímido e agradeceu James.— Aproveitem os novos arredores, garotos — disse Franklyn. — Suspeito que se sentirão em casanos corredores da Mansão Apolo.James concordou com a cabeça, sentindo-se dispensado e não particularmente gostando disso.Ralf, por outro lado, pegou-o pelo cotovelo e um minuto mais tarde, os três saíam em silêncio pelaporta dos fundos da casa de visitas e cruzavam as sombras até o dormitório comunal. Naquela horaestava ainda mais escuro, com nuvens baixas obscurecendo as poucas estrelas. O vento açoitavaincansavelmente e silvava na alta grama que cercava as construções.Já dentro, Ralf e Zane, com dificuldade, arrastaram as malas maiores para o corredor, levando-asaté o elevador de carga e o macaco relógio esperando. James jogou a mochila sobre o ombro e abriuseu zíper estranhamente, querendo enfiar o Caco dentre dele, junto com as roupas sujas para lavar eas coisas de toucador. Virou-se comicamente, lutando para enfiar o Caco nas profundezas damochila no ombro, e de repente, de forma chocante, o mundo se esvaiu.Não havia nenhuma sensação desorientadora de velocidade e nenhum solavanco, comoaconteceria com Aparatação ou Chaves de Portal. O mundo simplesmente apagou como umalâmpada, e no seu lugar a escuridão tomou conta. James sentiu que ainda estava de pé, mas nãoparecia haver nada em torno dele. O vazio o pressionava como pesos, e quando abriu a boca paragritar, nem parecia haver ar, para respirar ou conduzir ondas sonoras.Pânico o tomou subitamente, mas antes que pudesse agir contra ele, a escuridão desapareceu. Eracomo se uma rajada monstruosa de vento tivesse soprado, trazendo com ela clareza e luz, arredoresmortos e espectrais, um céu parecendo uma lápide e uma forma preta erguendo-se, terrível e dealgum jeito pré-histórica, o equivalente arquitetônico de um dragão petrificado. A cena seguiu emvolta de James, perfeitamente parada, mas ainda assim impossível de se olhar, como se consistissede agulhas, todas o cutucando, assaltando seus sensos. James tentou recuar das imagens, mas nãopodia se mover. Uma voz saiu da visão, alta e tinindo, como se fosse a voz dos próprios céu e terra.— Ela observa — a voz dizia calmamente. — Ela observa e espera. Logo devo ir até ela. É a únicamaneira.

James reconheceu a voz imediatamente, mesmo que nunca tivesse ouvido-a soar tão alta e terrível.Era a voz de Petra Morganstern. Era a voz de Morgana.178E então, do mesmo jeito rápido que começou, a visão terminou. O quarto do dormitório voltou àexistência em volta de James novamente, minúsculo e quente, notavelmente mundano comoresultado da visão aterrorizante. Um baque veio do chão aos pés de James, e este abaixou o olhar. OCaco enrolado caíra de dentro do tecido. Ao seu lado, desenterrado das profundezas das roupassujas, estava a história do sonho de Petra, comprimido num pequeno pacote de pergaminho.Brilhava muito fracamente na luz prateada.James levantou a palma direita e viu o fio ali, aquele que conectou ele a Petra quando ela caiu dapopa do Gwyndemere. O fio diminuía como uma trilha de fumaça, desaparecendo depois de algunscentímetros, enfraquecendo mesmo enquanto ele observava. De alguma forma, o fio prateado aindaestava ali, conectando-o a ela. Mais importante, aquela conexão ativara algo quando ele tocou nahistória do sonho. Foi uma visão, mas uma tão poderosa e chocante que ele mal fora capaz deregistrá-la. Algo, ele tinha quase certeza, estava acontecendo com Petra, possivelmente neste mesmomomento. Havia ruim havia acontecido com ela?Ela estava fazendo algo ruim acontecer?Um minuto depois, James se juntou a Ralf e Zane no corredor. Eles fecharam com dificuldade asportas do elevador, confinando a bagagem e o macaco relógio em seu interior. Com um ruído dealavanca, o elevador começou a descer até o saguão abaixo.— O que aconteceu com você? — perguntou Zane, olhando de lado para James. — Você está pálidocomo um fantasma.James sacudiu a cabeça.— Não sei. Acho... que algo está acontecendo.— Algo está sempre acontecendo, não está? — Ralf franziu a testa enquanto desciamruidosamente as escadas.— Não sei... — James disse de novo, fracamente.Eles tiraram as malas do elevador e começaram a arrastá-las para a escadaria na frente dodormitório comunal.— Eita — Ralf disse de repente, erguendo o olhar. — O que está acontecendo ali?James não queria olhar, mas olhou mesmo assim. O céu abaixara mais. Redemoinhavaanormalmente sobre um ponto próximo, como um ciclone muito lento e invertido. Raiostremeluziam em silêncio nas ondas e o vento soprava incansavelmente sobre o campus, relinchandonas árvores e jogando folhas mortas nas trilhas.

— Para onde vamos? — perguntou Zane quando James pisou lentamente no gramado, observandoo céu. Não respondeu. Em vez disso, caminhou pelo relvado, ladeando a fonte e suas gárgulas, deolho no estranho caldeirão rodopiante de nuvens. Estava produzindo um som, um tipo de ruídovago, como o som de cem trens de carga à distância. Era algo muito perto de um grunhido.— Isso é... sabe... normal? — perguntou Ralf a Zane enquanto andavam para os lados de James. —Tipo, me diga que isso é algum tipo de efeito colateral por causa do jeito que a escola pula no tempo,beleza?— Nunca vi nada disso antes — respondeu Zane, sério.James abaixou os olhos do redemoinho roxo nas nuvens e se encontrou observando o baixo prédiodo Arquivo. O fenômeno tempestuoso acontecia diretamente sobre a construção.— Ela observa — James ouviu-se dizer. — Ela observa e espera.Uma língua de relâmpago conectou as nuvens ao Arquivo, e o chão saltou sob os pés de James. Umaexplosão de luz roxa iluminou o interior do prédio, saindo por cada rachadura e das camadas decada tijolo. Feixes de luz passavam pelas minúsculas janelas do teto abobadado, lançando-se ao céu.Meio segundo depois, a luz sumiu, deixando apenas pós-imagens verdes e cegantes nas retinas deJames.— O que — perguntou Zane numa voz espantada — foi isso?James sacudiu a cabeça bem lentamente. O céu parecia ter se cansado. As nuvens se dispersaramcom lentidão acima, deixando um demorado gosto de cobre no ar. Na escuridão abaixo do pórtico do179Arquivo, a porta se abriu. Duas figuras saíram de lá de dentro, adentrando na claridade escura dofundo de tarde e desceram as escadas. Uma delas usava robes pretos da cabeça aos pés e Jamespensou na mulher misteriosa que encontrara primeiramente à meia-noite nos corredores deAquapolis, aquela que pareceu de novo mais tarde, durante o ataque ao Zéfiro, e desapareceuposteriormente. Ela continuou a caminhar para a profunda escuridão, mas a segunda figurademorou-se por um momento na trilha, olhando lentamente os seus arredores.— Essa aí é...? — Ralf começou, mas não havia sentido em terminar a pergunta. Todos os trêsgarotos podiam ver quem era.Era Petra. Ela olhou em volta com interesse, como se visse o campus pela primeira vez. Seus olhosnegros pararam quando ela viu os três garotos, mas foi em James que ela se focou. Abriu lentamenteum sorriso. E então acenou.— O que está acontecendo aqui? — uma voz exigiu estridente. James virou e viu o reitor Franklyn

andando apressado pelo campus escuro, aproximando-se deles. Seu rosto estava pálido naescuridão tempestuosa. Merlin e Neville Longbottom o seguiam, olhando em volta com cuidado.— Vocês sentiram? — perguntou Zane. — O chão tremeu! Bem quando o relâmpago desceu! Pow!Franklyn passou pelos garotos sem nem olhar, aproximando-se do Arquivo e sua porta aberta. Asluzes obscuras que anteriormente saíam das janelas da construção se extinguiram no fim daexplosão.— Oh céus — murmurou Franklyn sombriamente. — Oh santo Deus. O que aconteceu...?Merlin parou perto de James. Sem tirar os olhos do Arquivo, perguntou em voz muito baixa:— Viu alguém?James considerou mentir. Por um momento, considerou contar a Merlin que não vira ninguém,especialmente não Petra parecendo estranha e vagamente malévola. O momento passou.— Eu vi Petra — respondeu discretamente, quase sussurrando. — Ela e outra pessoa... umamulher, eu acho... saíram do Arquivo logo depois... do que aconteceu.Merlin assentiu lentamente, com grave ênfase. Ele não disse nada em resposta. Não precisava.180CapítulCapítulo 10JAMES E O SKRIMEstudantes começaram a se reunir na escuridão em torno do Arquivo quando o professorJackson chegou e montou um perímetro de terceiranistas lobisomens para guardar aentrada. Os estudantes de cinza ficaram em precisão militar, as mãos apertadas nas costas,os olhos passando de um lado ao outro da multidão como se desafiassem alguém a tentarpassar por eles. Ralf, James e Zane estavam muito atrás dos observadores reunidos,assistindo os acontecimentos com curiosidade misturada com agitação.Ralf franziu a testa para os guardas lobisomens próximos.— Que tipo de coisa eles têm no Arquivo, afinal?— Só entrei lá dentro uma vez,— respondeu James, suspirando.Zane estava impressionado.— Você tá brincando? — irritou-se. — Estou nesse campusfaz mais de um ano e nunca deixaram que eu entrasse em nenhuma parte do Arquivo.Dificilmente alguém consegue entrar exceto pelo Mau Hadley e seu grupinho de alunos.— É um grupo difícil para se entrar? — perguntou Ralf, olhando de lado para Zane.

— Que nada, eles estão sempre procurando novos membros — respondeu Zane,sacudindo a cabeça. — Há papéis de inscrição espalhados por todo o campus. Mas é comotrabalho real. Eu não estava tão curioso.— Então, afinal, quem é esse Mau Hadley? — perguntou James.— Hadley Henredon — respondeu Zane, abaixando a voz. — Ele é o zelador do Arquivo.Um trouxa, mas totalmente devotado ao trabalho. Tem uma história longa e tediosa sobrecomo ele conseguiu o cargo em primeiro lugar, mas você terá que perguntar para maisalguém a respeito se realmente quiser saber. Ele é um velho e terminalmente caduco, e temum monte de apelidos no campus: Hadley, o Terrível, Henredon, o Jumento, capitão Olho dePeixe, o Maligno Enos, etc, etc, etc. Nós zumbis criamos a maior parte deles.— Eu nunca teria adivinhado — murmurou Ralf.Só então, Harry Potter e Olívio Wood chegaram, atravessando os gramados e passandopela multidão malcheirosa. Zane os viu primeiro e puxou Ralf pela manga.181— Vamos —- sibilou, mergulhando no amontoado de alunos.— Para onde estamos indo? — perguntou Ralf, seguindo com James na cola.Zane olhou para trás com um sorriso afetado.— Onde mais? Ver o que aconteceu dentro do Arquivo.James sacudiu a cabeça enquanto mergulhavam na multidão balbuciante.— Eles nunca vão deixar a gente entrar lá,— sussurrou asperamente.— Claro que vão — Zane respondeu sem olhar para trás. -— Só me siga e ande como senão esperasse que ninguém te impedisse. Você ficaria espantado com o tanto de vezes queisso funciona.James encontrou-se seguindo o passo do pai e do professor Wood enquanto subiam osdegraus. Ao seu lado, Zane olhou em volta discretamente, como se obtivesse inventário dospilares em torno do pórtico. Ele estava com a varinha na mão, segurando-aimportantemente ao seu lado. James sacou a própria varinha e segurou-a do mesmo jeito.Atrás deles, Ralf lutou para subir os degraus, tirando o cabelo liso do rosto. Quase antes deperceberem, os três garotos estavam conduzindo-se para a entrada obscurecida do Arquivo,

seguindo os passos de Harry Potter. O barulho da multidão nervosa foi abafado atrás deles.— Senhor Potter- — uma voz ecoou da câmera interior. — -Estou feliz em ver que vocêchegou. Sua perícia particular pode ser de grande ajuda quando descermos ao piso doArquivo. —Era o reitor Franklyn, a varinha iluminada logo acima dele, provendo a única luz naquelasala vazia imensa.— Ele parece ter arranjado uns passageiros clandestinos também- — A voz de umamulher comentou. James reconheceu a professora de Economias Domésticas Bruxas, tiaNewt, enquanto ela adentrava na luz ao lado de Franklyn. — Lamento, garotos, mas essenão é lugar para alunos. Vocês precisam sair agora.— Somos testemunhas! — Zane exclamou de repente, empurrando James e Ralf parafrente. — Nós três vimos acontecer!— Vocês testemunharam o ataque a este prédio? — Indagou o reitor Franklyn,estreitando os olhos para Zane.— Ataque? — perguntou Ralf. — Vimos um raio acertá-lo. E vimos...— Eles estavam levando os pertences para a nova casa, reitor -— interrompeu Merlin. —Caso você não se lembre, eles nos visitaram na casa de visitas há pouco tempo atrás. Suasatividades lhes colocaram na adjacência do fenômeno quando ele aconteceu. Pode se provarser valioso entrevista-los no presente momento.— E esse — disse Harry, sacudindo a cabeça e sorrindo para James — é o meu filho,naturalmente. Ele e esses dois aqui são bastante confiáveis. Já recorri aos seus serviços nopassado.Franklyn tirou os óculos quadrados e limpou-os na lapela, suspirando.— Como quiser. Mas esteja avisado que a escola não será responsável por qualquer coisaque venha a acontecer com eles nesta diligência.— E eu não esperava que fosse — respondeu Harry. — Você mencionou com algumaconfiança que o que aconteceu aqui foi, na verdade, um ataque. Como pode ter tantacerteza?— Você sentiu o deslocamento? — Franklyn perguntou em resposta.— Senti um tremor de terra — disse Harry — como se um gigante tivesse batido o péaqui por perto. É a isso que o senhor se refere?182

— Não foi um tremor de terra — uma nova voz disse calmamente. James ergueu o olhar eviu o professor Jackson, antes no canto da sala, adentrar à luz. Seu rosto estava marcadocom uma carranca inflexível, mas os olhos estavam elétricos enquanto fitava o rosto de cadaum, terminando em Harry. — A terra não se moveu — continuou. — Seu cérebromeramente atribuiu a sensação da fonte mais óbvia, mas o deslocamento ocorreu num nívelmuito mais profundo e fundamental.— Eu senti — concordou Zane. — Pareceu que o mundo inteiro parou de repente,fazendo tudo cambalear por um momento.A voz de Merlin falou solene na escuridão:— Mas não foi o mundo, foi, professor? Foi, se tomo a liberdade de dizer, o tecido darealidade.— Foi um deslocamento dimensional — Jackson concordou sobriamente. —Contudo,ainda é necessário ser descoberto qual a profundidade dele.— E a ocorrência deste... deslocamento — esclareceu Harry, inclinando a cabeça — é asua suspeita pelo qual o Arquivo foi atacado?Jackson assentiu uma vez, brevemente.— Apenas um raio não é capaz de causar o que se realizou aqui hoje, sr. Potter.— -Sugiro que evitemos usar o elevador — anunciou Franklyn, virando e andando apassos largos até uma porta meio escondida no canto da sala. — Todos com a varinha namão. Não sabemos ao certo se o que aconteceu aqui está completamente terminado. Oprofessor Jackson e eu iremos na frente. Tia Newt, se você pudesse montar guarda naentrada.Newt concordou a isso com evidente relutância. Ela caminhou até o lado da porta internado arquivo e sacou a varinha com um floreado, deixando uma trilha de faíscas cor de rosano ar.— Tenham cuidado, queridos — ela disse, sorrindo ocultamente enquanto James, Zane eRalf passavam por ela, rumando à imensa câmara além.No interior, Ralf e Zane estenderam os pescoços para as fileiras de misturadasprateleiras e à grande fenda que penetrava nas profundezas espiralantes do Arquivo. Emsilêncio, Franklyn liderou o grupo até a escadaria, que começaram a descer em fila única,

com James, Ralf e Zane na retaguarda.Enquanto o grupo cercava a garganta da escadaria do Arquivo, James pôde ver a estranhaluz dourada e roxa do objeto no fundo, a coisa que Franklyn chamara de Cúpula dosDestinos, diminuíra a apenas um ponto na escuridão. Ainda mais estranho, o movimentocomplicado da Cúpula estava totalmente cessado. Ela encontrava-se nas profundezasobscuras como um tipo de rosa gigantesca dourada de vidro, suas pétalas enroladas emvolta de uma forma oculta. O grupo descia em silêncio, ouvindo apenas o langor de seus pésarrastando nos degraus de metal. Conforme passavam pelos mais baixos dos níveisatordoantes do Arquivo, o ar ficava tão frio que James podia ver a respiração saindo emlufadas à sua frente. Ele estremeceu e pôs a jaqueta em torno de si, abotoando-a.Finalmente, o grupo chegou ao piso do Arquivo e se reuniu na escuridão na base daescada. O nível inferior era menor que o resto, e quase vazio. As paredes de pedra pingavamcom água fria e minúsculas estalactites se formavam na extremidade da escadaria acima,como pingentes de gelo. O centro do espaço era uma piscina redonda, a água espelhada.Sobre ela, a Cúpula dos Destinos estava suspensa dentro de uma complexa estrutura deferro. De perto, a Cúpula parecia bem grande, um pouco mais alta que Merlin, e formada183inteiramente por venezianas douradas em forma de folha e prismas roxos. Em movimento,as formas sobrepostas formariam um escudo atordoante de metal lampejante e vidrobrilhando. Agora, paradas, elas abraçavam a forma interior como um punho cerrado. Jamestentou perscrutar, mas não pôde distinguir nada.— Professor Jackson, se você pudesse estender a passarela — disse Franklyncalmamente, gesticulando em direção à piscina e à obscura Cúpula.Jackson avançou e açoitou a varinha, pronunciando um feitiço complicado em voz baixa.Um tinido vago e opressivo ressoou, e James se assustou quando algo passou flutuando porcima de seu ombro. Ele se surpreendeu em ver que era um bloco de pedra, removidomagicamente da parede atrás dele. Passou flutuando por Jackson e abaixou, tocando na

piscina mas não afundando nela. Mais pedras tomaram lugar na piscina, formando umpequeno caminho que levava até a Cúpula. Franklyn avançou, as botas golpeando as pedras,e levantou a varinha. Harry o seguiu, e James e Zane observaram, absortos em pensamentos,observando curiosamente a forma sombriamente brilhante da Cúpula.Franklyn olhou para trás, os olhos arregalados, e James viu que o reitor estava bastanteabalado.—Meus amigos — ele disse, engolindo em seco. —- Nem mesmo uma única vez a magiada Cúpula foi interrompida. Nem mesmo uma vez ela foi parada, nem mesmo pela minhaprópria mão. Assumindo que ela abriu agora... — Ele fez uma pausa e sacudiu a cabeça,aparentemente não encontrando as palavras certas.Harry assentiu sobriamente e levantou a varinha, sua ponta acesa.— Fiquem atrás, James, e vocês dois. Se quiserem retornar lá para fora, agora é a suachance. Ninguém lhes culpará, e a maioria lhes dará crédito por isso. O professor Woodpode acompanhá-los se escolherem ir.Wood assentiu e olhou em volta. James sacudiu a cabeça, assim como Zane.— Eu sei que deveria ir — admitiu Ralf. — Mas se eu for, vou me chutar pelo resto davida. Então abram logo.O professor Jackson apalpou sua varinha.— Abra, reitor. Se o deslocamento é o que eu temo, estar fora do Arquivo não farádiferença para nós.Franklyn assentiu. Ele virou para a Cúpula, os ombros curvados, e ergueu a varinha maisuma vez. Lentamente, ele a abaixou e, enquanto fazia isso, as folhas começaram a se mexer.Começando no topo, elas começaram a se lançar aos lados, virando e descendosilenciosamente, alinhando e sobrepondo-se às abaixo. Com solene graça, a Cúpulafloresceu, estirando-se e abrindo, revelando a forma interior, que era escura e intrincadacom sombras. Quando as folhas douradas finais terminaram de se mover, Franklyn deu umpasso à frente e ergueu a varinha. A luz dela caiu sobre a forma que parecia içar-sesubitamente para fora da escuridão, recuando com olhos protuberantes, sua boca abrindohorrivelmente. James ofegou em choque e medo, seguido por Zane e Ralf. A mão de Zane se

estendeu e agarrou a jaqueta de James, como se ela pudesse lhe ajudar.— Hadley! -— Franklyn gritou rouco, estendendo a mão para tocar a figura à sua frente.— Eu não faria isso -— Merlin falou em voz alta, impedindo Franklyn e chamando suaatenção. Franklyn fitou-o.— É o sr. Henredon! O zelador! Ele foi... ele foi...!184— Ele parece uma estátua — Harry disse cautelosamente, andando para o lado deFranklyn no caminho de pedra. — É como se fosse transformado em pedra no ato de tentarintervir em... no que aconteceu.— Ele foi congelado — contou Merlin, aproximando-se lentamente. — De dentro parafora. Cada gota de sangue está congelada, sólida e frágil como vidro.— Ele está... morto? — perguntou Franklyn, observando a figura sombriamente quieta. Orosto de Hadley parecia ter sido trancado permanentemente com a boca aberta e olhosarregalados de terror. Sua mão direita estava estirada à frente, os dedos petrificados numagarra ávida.— Não está morto, precisamente — respondeu Merlin, cauteloso. — Ele está... suspenso.Se qualquer um de nós tentar tocá-lo, porém, o calor de nossa pele pode... rachá-lo.Franklyn recuou levemente, o rosto se contorcendo.Jackson estava com a varinha preparada.— Para o lado, cavalheiros — instruiu.Com delicadeza impressionante, Jackson levitou a figura congelada de Hadley para forada forma desenrolada da Cúpula e o abaixou na pedra molhada do chão sob a escada. Ostênis de Hadley fizeram um barulho parecido como o de pratos tinindo quando tocaram ochão e a poça imediatamente congelou em torno deles, produzindo um fraco silvo estalante.— Podemos ajudá-lo? — perguntou Harry, observando estoicamente.— Só o tempo e um aumento bastante súbito de temperatura responderá essa pergunta— suspirou Merlin. — Se ele tivesse sido congelado fora deste clima já frio, o calor do arpoderia ter sido o bastante para rachá-lo.— Nós temos os meios e recursos para fazer o que for preciso para com ele — anunciouJackson. — Contudo, não há nada mais que possamos fazer no momento. Vamos nos focarno que nos trouxe aqui.

Como um só, o grupo virou para a forma obscura aninhada dentro das folhasdesenroladas da Cúpula. Franklyn avançou mais uma vez e ergueu a varinha, deixando sualuz cair sobre o objeto.Para James, parecia um tipo de mesa ou plataforma de madeira, coberta com entalhosarabescos adornados, pintada meticulosamente em sombras de azul e ouro. Grossas vigasiçavam-se retas embaixo e em cima da plataforma, prendendo um aparelho complexo debraços torcidos, pedais e rodas com traves. Em uma extremidade da plataforma, erguendosecomo totens coloridos e vibrantes, estavam grossos carretéis de fio. Na outraextremidade, um estandarte de tecido grosso e ricamente moldado trilhava até o chão, ondese sobrepunha em si próprio em pequenos vincos. Conforme James olhava de mais perto,ele via que o tecido era um tipo de tapeçaria ou capacho e, que era, na verdade,extremamente longo, torcido para um lado e para o outro em si próprio em dúzias, talvezaté centenas, de vezes. O objeto de madeira em si parecia estar no montículo de tapete,suspenso por isso no centro das folhas enroladas da Cúpula.— É um tear — disse Olívio Wood, a voz baixa em espanto.Jackson assentiu lentamente.— De fato, é. Seus fios infinitos representam as vidas de cada ser vivo no planeta. É ahistória deles, condensada num modelo tão complexo, tão entrelaçado, que ninguém podedecifrá-lo.— Então essa — disse Harry, gesticulando para o tapete que ressaltava-se daextremidade do Tear — é a história de todo o mundo?185Franklyn suspirou e assentiu na direção dos carretéis de fio ricamente coloridos no ladooposto.—E isso, como vocês podem imaginar, é o futuro, desmanchado e irreconhecível.Merlin fez a pergunta mais óbvia de todas:— Então por que, se vocês puderem me dizer, o Tear está parado?— Creio que tenha sido aniquilado -— respondeu Jackson.Harry virou para o professor de cabelo duro.— Como pode ser? — perguntou. — Está bem aqui.— Isso é um Tear — Jackson respondeu significativo —, mas não é o nosso Tear.— Estou um pouco perdido aqui — disse Wood, levantando a mão.

Franklyn sacudiu a cabeça, preocupado.— O que o professor Jackson está dizendo é que o Tear é o destino. Destinos não podemser destruídos, já que são representações de coisas muito maiores, muito mais complexasdo que nós poderíamos entender. São como as árvores da existência, totalmenteindestrutíveis e invioláveis. Teoricamente, porém, elas podem ser... deslocadas. Com umchoque de magnitude suficiente, o destino de uma realidade pode ser forçado à próxima,causando uma reação em cadeia por todas as dimensões.Harry estreitou os olhos.— Se eu entendi direito, reitor, professor Jackson, vocês sugerem que o Tear do nossouniverso foi atacado de uma forma monumental, e o resultado foi que o nosso Tear foitrocado com aquele de outro universo. Este é um resumo preciso?— É loucura —Olívio Wood franziu a testa. —Você não pode trocar destinos.Merlin sacudiu a cabeça lentamente.— Ao contrário, professor, seres humanos trocam destinos todos os dias, em todos osmomentos. O destino de cada indivíduo é, claro, meramente a soma total das escolhas quefazem por toda a vida. Mas esta troca é de uma magnitude muito maior.— Segundo as minhas teorias —- continuou Jackson, olhando de perto o Tear —nossarealidade devia ter instantaneamente rejeitado qualquer destino estrangeiro. Em outraspalavras, no momento em que o nosso Tear foi forçado a outra realidade, e foi substituídocom o Tear de alguma outra região, o equilíbrio do cosmo devia ter ordenado que a trocafosse desfeita. Algo, ao que parece, está interrompendo o paradigma de autocorreção deharmonia dimensional.— Desculpe — disse Harry, sacudindo a cabeça. —Tecnomancia nunca foi meu pontoforte. Eu não entendo muito bem.Zane falou, surpreendendo James.—Alguém trocou o destino do nosso universo com algum outro destino -— ele disse comseriedade. — E então eles prenderam uma cadeira debaixo da maçaneta, forçando que essedestino fique preso aqui para sempre, ao invés de se reverter para onde veio.— O que isso significa? — perguntou Wood, olhando para o rosto de todos. — E comoaconteceu?

Jackson deu um passo à frente, ainda observando estreitamente o Tear parado.— Isso pode muito bem significar que a nossa realidade, deste momento em diante, podeestar fixamente se degradando, rompendo-se e transformando-se em caos aos poucos — eledisse com característica objetividade. — Quanto à questão de como aconteceu, o que estáimpedindo que esse Tear retorne à realidade alternativa de onde veio... acho que a respostaa isso é muito óbvia. —Ele inclinou-se levemente para frente, não tirando os olhos do Tear.186James seguiu seu olhar, também dando um passo à frente. Todos deram. A princípio,James não pôde ver o que o professor observava. Franklyn ergueu a varinha mais uma vez,entrementes, iluminando o Tear, e o problema se tornou logo aparente: algo brilhavafracamente no ar sobre o espaço de trabalho do Tear, onde os fios incontáveis se uniam e semoldavam no fluxo sempre constante do tapete.Um dos fios se rompera e soltou-se do tapete. O que sobrara era vermelho claro,brilhando quase como se fosse feito de fio elegantemente torcido. Oscilava fracamente noar, formando uma figura encurvada sobre o tecido de onde havia sido cortado, deixando sóo pedaço que se alimentava dos carretéis. O fio rompido formava uma figura no ar quasecomo uma interrogação.— Bem — Merlin disse lentamente, a voz tão baixa que parecia vibrar—, -isso... mudatudo.O "Pipa e Chave" era uma pequena taverna construída em um dos mais velhosalojamentos do campus, no outro lado da Ala dos Professores, perto de um canto da paredede pedra que cercava a escola. Servia várias das bebidas que James uma vez já encontrarano Três Vassouras, incluindo cerveja amanteigada, suco de abóbora e, para os estudantesmais velhos, uísque de fogo. Porém, sem nenhuma surpresa, talvez servia algumas bebidas epoções distintamente americanas, tais como Chopp de Mel (que tinha um gosto parecidocom o de cerveja amanteigada que passara por fermentação no peitoral de uma janela poruma semana ou duas) e, também para os estudantes mais velhos e para os professores, uma

poção bem marrom escura espumosa chamada de Dragonmeade.Por toda a noite, Franklyn bebeu dois Dragonmeades enquanto Harry, Olívio Wood e oprofessor Jackson optavam por Chopp de mel enquanto discutiam os eventos da noite emtons baixos e sérios. Tia Newt sentava-se no canto da mesa mais próximo à minúsculajanela de sacada, fazendo tricô e zunindo para si própria, e mesmo assim James percebiaque ela não perdia uma única palavra que era dita. Isso era seguido pelas poucas coisas queela dizia, que eram sempre pronunciadas com grande respeito aos outros na mesa.James, Ralf e Zane se sentavam na extremidade da mesa, servindo-se de cervejasamanteigadas e tentando seguir o ritmo da discussão. Os tons de voz baixos e confidenciaisdos adultos, porém, e o barulho do resto da taverna fazia de suas tentativas de ouvir maisfrustrantes.— De uma forma ou outra — tia Newt disse finalmente, sem tirar os olhos do seu tricô,um destino é um destino, independente de qual Tear ele representa. O mundo ainda gira.Cada um de nós tem as escolhas postas diante de nós, como sempre foi.— -Mas esse Tear cessou sua operação -— respondeu Jackson, levantando umasobrancelha.Newt assentiu, ainda tricotando casualmente. Sob seus dedos hábeis minavam umpequeno suéter com uma lanterna de abóbora na frente sob as palavras “PEQUENO PUNKDA VOVÓ”.187— Mas não é o nosso Tear, como você tão astutamente descobriu, professor. Onde querque o nosso Tear esteja, pode ainda estar operando, ainda gravando tudo o que fazemos,assim como sempre.—E de qual realidade esse Tear veio? —Wood perguntou em voz baixa.Newt estalou a língua.—Talvez eles não tenham tanta sorte. Ou talvez o Tear deles já tenha parado. Talvezvenha de uma realidade não tão feliz quanto a nossa, e o destino deles já se encontrou comessa maldição. Não ha como sabermos, mas felizmente, não é de nossa preocupação.— Tia Newt está certa — concordou Franklyn, pousando o copo vazio de Dragonmeade

na mesa. Uma garra de dragão tiniu no fundo do vidro, preto e curvo. — Só temos umapreocupação, e devemos tratá-la com o máximo de cuidado e sigilo.James olhou para o pai enquanto este assentia sobriamente, os óculos brilhando na luzfraca das lâmpadas penduradas no Pipa e Chave— Devemos encontrar o fio vermelho desaparecido — concordou. — Uma vez queretornar ao Tear, ele pode rearrumar tudo mais uma vez. Se fosse possível saber quem essefio em particular representa, nossa tarefa pode ser substancialmente mais fácil.— Você pode ter certeza que gastaremos todas de nossas consideráveis artes nestaquestão em particular — disse Franklyn. — O professor Jackson é o melhor perito emrelação ao Tear. Se alguém pode descobrir seu segredo, esse alguém será ele.Jackson suspirou e balançou a cabeça.— Talvez isso seja impossível. Mas veremos o que pode ser feito.— Nesse meio tempo—Harry acrescentou alegremente, -farei minha parte, agora que astestemunhas foram adequadamente entrevistadas no escritório do reitor. — Ele virou paraJames, Ralf e Zane e fitou-os seriamente. — -Graças a eles, temos nossa primeira pista. Duasmulheres, uma adulta, a outra ainda na adolescência, foram vistas deixando a cena doataque meros momentos depois do que ocorreu.Harry piscou para James, sem sorrir. James entendeu a piscadela. Merlin haviapropositalmente feito com que o nome de Petra fosse deixado fora do relatório oficial, masHarry Potter era privado ao segredo. James assentiu para o pai, franzindo de leve a testa.— Há outra pista — comentou tia Newt, erguendo o olhar seriamente. — O fio roubadoem si deixará sua própria marca.Franklyn assentiu.— Certamente. Sabe-se bem que o Tear é intensamente mágico. É por isso que odeixamos enterrado fundo na terra, onde seu poder de radiação não pode interferir com amagia do dia-a-dia na escola. Um fio roubado do Tear, especialmente aquele tomado de umTear de uma outra dimensão, deixará uma assinatura mágica tão poderosa quanto qualqueroutro objeto no mundo bruxo. Enquanto falamos, as autoridades locais estão se espalhando

pela cidade em busca de qualquer fonte anormal de poder. Suspeito que a trilha do fio serádescoberta quase que de imediato. Esperemos, se e quando o fizermos, que isso já não sejatarde demais.Sentindo-se um pouco acalmado pela garantia de Franklyn, James parou de ouvir. Algumtempo depois, ele, Ralf e Zane terminaram as cervejas amanteigadas e pediram licença aosadultos. Só Harry e Olívio Wood notaram, acenando em despedida aos garotos conformeestes caminhavam até a porta minúscula da taverna.Lá fora, a lua se erguia alta no céu, brilhando vivamente agora que as nuvens foramsopradas para longe. Sua luz iluminava sombriamente o campus, tornando o brilho dos188postes espalhados desnecessário. Os garotos conversavam em voz baixa durante suacaminhada pelo campus, parando na entrada do dormitório comunal para pegar as malas emochilas de James e Ralf. Ali por perto, a torre do relógio na Residência da Administraçãoressoava, anunciando que eram nove da noite.Enquanto os garotos retornavam à Mansão Apolo, puxando e levitando as várias malas,eles descobriram que um grupo de bruxas se sentava no baixo pórtico, falando em vozesbaixas. Lúcia estava entre elas, assim como tia Audrey e a mãe de James. Quando os garotosse aproximaram, Gina se levantou, os olhos claros na luz da lua.— Estão todos bem? — perguntou Lúcia. James viu que ela ainda estava usando a gravatae jaqueta da Casa Vampiro, abotoada por causa do leve frio da noite.— Estamos todos ótimos — Zane suspirou. — É o mundo que está numa situaçãolamentável. Segundo todos que sabem alguma coisa sobre alguma coisa, essa é a hora certade fazermos as malas e começarmos a procurar uma nova dimensão.Gina sacudiu a cabeça, indiferente.— Tenho certeza que não é tão mau assim — ela disse. — Raramente é.— Eu vou levar Lúcia de volta ao dormitório — tia Audrey suspirou, levantando-se nosdegraus da frente. — Encontro você daqui a pouco na casa de visitas, Ginevra, para verNeville e o diretor partirem. Isso, é claro, se eles ainda planejarem partir hoje à noite.—Suspeito que sim — concordou Gina. — Boa noite, Lúcia. Lílian manda seus parabéns

por entrar na Casa Vampiro. Ela começou a ler aqueles livros do seu novo líder de casa, e elaestá com total inveja de você.James revirou os olhos, puxando a mala no pórtico.— Onde está Lil afinal?—Está no nosso novo apartamento com o seu tio Percy e Molly. É provável que Percyexploda um caldeirão quando ouvir o que aconteceu aqui hoje à noite, e sem ele aqui paracuidar de tudo. — -Ela suspirou e se sentou na mala de James. -— Poderia esperar comigo,filho? Seu pai prometeu que voltaria antes das nove e meia. Fique como companhia de suamãe até lá.Ela deu um tapinha na mala ao seu lado, onde havia espaço suficiente apenas para Jamesse sentar também. Ele sentou e ela colocou o braço em torno dele. Ralf e Zane se jogaramem outra mala na base da escada, descansando o queixo na mão, parecendo muito cansadospara continuar. A lua brilhava sobre eles com sua luz pálida e James não pôde deixar de sepreocupar. Aquela havia sido uma noite estranha e agourenta, e o pior de tudo aindaparecia estar acontecendo, como o Tear parado, o fio desaparecido, os dois mistérios doenvolvimento de Petra e a enigmática mulher que tinha estado com ela. Ele suspirouprofundamente, sentindo-se incerto.— Eu quase esqueci — disse Gina, sentando-se de repente. — Você deixou isso nacozinha do Gwyndemere. O capitão Farragut me deu antes de desembarcarmos. — Elapegou a bolsa e vasculhou-a. Um momento mais tarde, tirou um grosso suéter cinza dasprofundezas dela. — Sua avó fez isso para você — disse em tom de acusação, passando osuéter ao filho. — Se ela descobrisse que você o perdeu durante a viagem...—Ela provavelmente faria um novo para mim de Visgo do Diabo — suspirou James. Eleconhecia muito bem o mantra da família.— É — Gina sorriu. — Agora vista isso antes de pegar um resfriado aqui fora. Vocês doisdeviam se agasalhar também. Está ficando frio e tarde.— Sim, senhora — Zane disse simplesmente, não se esforçando para levantar.189Gina olhou para o rosto de cada um, a testa abaixada levemente. Por fim ela pegou o

queixo de James na mão e virou o rosto para o dela.— Pare! — ela disse duramente, surpreendendo-o.— Quê? — ele exclamou, recuando. — Eu não estou fazendo nada!— Sim, está — ela insistiu, séria. — Vocês três estão. Está claro como água. Vocês estãotodos pensando no que aconteceu hoje à noite. Daqui a pouco vão começar a achar quedevem sair e fazer algo importante para pôr tudo nos conformes. Vejo isso claramente norosto de vocês. Então parem!— Não estamos, mãe! — protestou James, o rosto enrubescendo. — Estamos só sentadosaqui, pelo amor de Merlin!Gina amoleceu bem de leve.— Eu conheço esse olhar — ela disse, sacudindo a cabeça. — Você não pode crescerperto do seu pai, tio Rony e tia Hermione sem perceber quando as rodas de algumaaventura maluca começam a girar.— Bem — disse Ralf, sentando-se ereto na mala, — estávamos lá quando o Arquivo foiatacado, afinal. Vimos o que aconteceu. E sabemos ainda mais a respeito do que o reitorFranklyn sabe, graças a Merlin. Já estamos ligados a isso, não estamos? Não é a nossa culpase o destino continua fazendo coisas assim para nós.— É disso que eu estou falando — Gina falou com firmeza. — Olhem, vocês não vão meouvir dizer isso com muita frequência, então prestem atenção. O destino é uma bestadesagradável e sorrateira. Vocês não têm que fazer o que ela diz, não importa o que oslivros de história digam. Vocês têm que fazer o que eu digo. Zane Walker, eu conheci suamãe e se ela estivesse aqui, ela diria a você a mesma coisa que eu. E Ralf, eu sou a coisa maispróxima de mãe que você já teve, então você também tem que me dar atenção. Vocês três játêm um trabalho a fazer, mas não é salvar o mundo. É aprender aritmancia, jogar quadribole o que quer que seja aquele esporte estranho americano, com todas aquelas argolas eClavas, e... bem, conhecer garotas. Se o mundo precisa de salvação, então o melhor é deixaresse trabalho para o seu pai, Merlin e todo o resto deles. Eles todos já fizeram isso antes,então isso é mais como um chapéu velho para eles. Vocês não precisam se preocupar tanto.James suspirou e revirou os olhos.— Não nos preocupamos, mãe. Esqueça, certo?

Gina encontrou os olhos do filho e observou-os. Depois de um longo tempo, ela pareceu,relutante, aceitar o que vira. Assentiu lentamente.— Vai ficar tudo bem — ela disse, virando para olhar os três. — Estão me ouvindo? Vocêsnão têm que se preocupar tanto. Vai ficar tudo ótimo. Sempre fica, não é?James assentiu enquanto a mãe colocava o braço em torno dele novamente. Sempreparecia terminar estando tudo bem, independente de como as coisas pareciam ruins aqualquer momento dado. E mesmo assim ele não pôde deixar de pensar nas palavras deMerlin quando todos viram o Tear com seu fio rompido vermelho: - isso muda tudo.E seguindo aquilo, ecoando na sua mente como uma pena lhe coçando, ele recordou ocomentário de Escórpio Malfoy na manhã que a viagem deles começara. "O destino parecegostar de colocar vocês Potter direto no meio da história", dissera, como se antecipasse aspalavras da mãe de James. Pode ser uma boa ideia tentar também não estar tão... distraídose isso acontecer novamente.Sob a luz da lua, James estremeceu levemente sob o braço da mãe.190Como todas as coisas inicialmente fora do comum, James achou a vida na Alma Aleronatordoantemente estranha a princípio, depois meramente curiosa, e finalmente,aproximando-se do fim de sua primeira semana, só ocasionalmente excêntrica, mas deoutra forma certamente controlável.Ao contrário dos dormitórios que se acostumara em Hogwarts, o dormitório Pé Grandeera dividido numa coutada de pequenos quartos no terceiro andar, estendendo até o sótão.Alguns dos quartos tinham mais de seis alunos, mas Ralf e James se encontraram numquarto muito pequeno para apenas duas pessoas no fim do corredor principal. Após umainspeção, James determinou que até bastante recentemente, o quarto era provavelmenteusado como armário de manutenção. Essa suspeita foi consolidada mais tarde, durante suaprimeira noite quando o zelador entrou e iluminou o quarto com uma tocha, clamando estarna procura de um esfregão. Ele não pareceu particularmente surpreso em ver James e Ralf

piscando, com a visão turva, para ele no meio da escuridão, no entanto, e gastou algumtempo procurando sob as camas na procura do esfregão errante, que no fim encontrou.Ao longo dos primeiros dias de escola, James e Ralf recrutaram a ajuda de Zane paradecorar o quarto deles, enchendo-o com pôsteres de quadribol, um estandarte improvisadoda Grifinória (pendurado com cuidado ao lado de um brasão da Casa Pé Grande), um velhotapete que tiraram das latas de lixo atrás do dormitório comunal, e um pequeno busto de sirPercival Pepperpock, que estava encantado para dizer frases divertidamente grosseirasquando a porta abrisse.No entanto, o resultado da vida na Mansão Apolo foi que o resto da Casa Pé Grandepareceu aceitar James e Ralf com um grau razoavelmente universal de igualdade, quase seaproximando do enfado. Eles pareciam ser um grupo bom e leal, surpreendentementediverso, com membros de todo o mundo e até representando uma variedade de espécieshumanoides. Havia um duende do segundo ano chamado Nicklebrigg e uma Veela júniorcom excesso de peso chamada Jazmine Jade, com quem Ralf parecia ter uma queda meioinútil apesar de sua óbvia e desconcertante falta de autoestima. Havia até um verdadeiro pégrande com longos braços parecidos com os de um macaco, os pés do tamanho defrigideiras e uma preferência inexplicável por música polca, que ele tocava por horas novelho gravador da casa.Olívio Wood foi rápido em apresentar James e Ralf para todos os companheiros de casadurante as noites gastas na sala de jogos do porão, sob os duplos olhares das cabeçasempalhadas de um cervo e um alce, gentilmente conhecidas como Heckle e Jeckle. Ambos osgarotos se tornaram incrivelmente familiares com os nomes e rostos dos companheiros PéGrande conforme caminhavam até o banheiro comum a cada manhã. A Casa Pé Grande nãotinha valentões ou odiosos gits, mas nenhum deles eram aparentemente estrelas brilhantes,academicamente ou atleticamente.—Somos um time — Wood proclamou alegremente, assentindo para os Pé Grandes

enquanto eles se reuniam na sala de jogos numa noite. — Nenhuma anormalidade emnenhum lado, mas isso só nos deixa mais fortes no meio. Nenhuma outra casa pode gabar-sedisso.191Secretamente, James imaginou se aquilo era algo particularmente bom. Quando eleperguntou a Zane sobre isso, o garoto assentiu entusiasmado.— Eu sei exatamente o que você quer dizer! —exclamou. — Ao contrário de você eRalfidilo, a Casa Pé Grande é como um ímã para os medíocres. É como viver na Ilha dosBrinquedos Desaparecidos!James não entendeu a referência e interrompeu Zane com um suspiro e um revirar dosolhos quando o garoto loiro tentou explicar.Seguir o funcionamento de todas as novas aulas era de longe a parte mais difícil do ajusteà vida em Alma Aleron. Encontrar as salas de aula, que eram espalhados por todo o extensocampus, era algo muito mais fácil pelo fato que Zane parecia estar em quase todas asmesmas aulas que James e Ralf, e ele sabia onde cada coisa ficava no campus.Os nomes das aulas, por outro lado, geralmente pareciam desnecessariamente obtusos econfusos. Várias das aulas que James estava acostumado a ter em Hogwarts não pareciamter qualquer equivalente americano. No entanto, o currículo bruxo americano incluía cursosde coisas diferentes, como Estudos de Ocupações Trouxas e Mecânica Automática, que nãofaziam parte dos prévios estudos de James em Hogwarts.Algumas das aulas ele gostava muito, tais como História da Magia Americana, que eraensinada por um gigante americano chamado Paul Bunyan, e Transmutação ElementarAvançada, que era a versão americana da Transfiguração. Outras aulas ele temiaextremamente, tais como Engenharia Precognitiva e Geografia Mágica, com o ilogicamentetedioso professor Wimrinkle. Sua aula mais odiada, porém, era o equivalente americano aDefesa Contra as Artes das Trevas, conhecido localmente como Práticas Proibidas eCursologia. Ensinada pela insuportável Perséfone Remora, os únicos estudantes quepareciam gostar da aula eram os seus próprios membros da Casa Vampiro, que adoravam e

veneravam a professora com algo parecido com devoção fanática.Como se confirmou, Remora montava uma boa reputação de si mesma escrevendo umasérie de romances bruxos sobre fictícios vampiros americanos com nomes incrivelmentelegais e personalidades sombriamente energéticas. Em classe, ela fazia pequenasreferências disfarçadas ao progresso de seu livro mais recente, exclamando que suashistórias não eram fictícias, mas meramente acontecimentos novelizados de suas própriasexperiências de vida.—Muito como outras séries de livros baseadas vagamente nas proezas de um certobruxo famoso — ela dizia na aula, fungando em desdém e olhando furtivamente para James.—Apesar dos meus — ela continuou jovialmente — não serem preconcebidas a favor dospersonagens principais. Eu escrevo as minhas histórias exatamente como aconteceram, comum pequeno traço de honestidade intelectual.— E frases infinitas carregadas de adjetivos — Zane murmurava em voz baixa, o rostobaixo sobre o pergaminho em que rabiscava.O Caco do Amsera Certh se provara ser exatamente tão animador a James e Ralf quantoMerlin dissera. Na maioria das tardes, James voltava ao dormitório dele e de Ralf no terceiroandar da Mansão Apolo e tiravam a cobertura do Caco. Ele dava um leve toque com avarinha e dizia a frase que Merlin o ensinara e observava enquanto a sala comunal daGrifinória entrava na sua visão, geralmente cheia com atividade tardias no fim de tarde. Naprimeira vez que fizera isso, Ralf e Zane estavam com ele, e eles conseguiram assustarCameron Creevey bastante, chamando o seu nome pelo espelho encantado em cima dalareira da Grifinória.192— Cam! — chamou James, colocando as mãos sobre a boca e se inclinando para perto doCaco, onde este estava pendurada atrás da porta do quarto. — Cam! Dá pra me ouvir? Soueu, Ralf e Zane! Onde está Rosa e todo o resto?Cameron abaixou o livro de Poções que estava analisando e olhando em torno dele comincerteza. Quando James chamou seu nome de novo, o garoto ergueu o olhar, viu os rostos

dos três garotos no espelho sobre a lareira, e deu um salto direto para trás do encosto dosofá, jogando o livro para o ar. Um segundo depois, ele olhou sobre o encosto do sofá, osolhos assustados.— Alguém matou James! — ele gritou estridente. — E Ralf Deedle! E aquele terceirocarinha, o loirinho que andava com eles no primeiro ano! Eles estão nos assombrando noespelho! Olhem!Ele apontou freneticamente para James, Ralf e Zane, que se dissolviam em risadas.Demorou quase um minuto para que pudessem se recuperar e explicar aos estudantesreunidos no outro lado do Caco que eles não eram fantasmas, mas estavam simplesmente secomunicando nos Estados Unidos usando o Espelho mágico de Merlin.Quando estavam perto do fim, James ouviu a voz de Rosa enquanto ela abria passagempela multidão de grifinórios.— James? É você? Saia da frente, Paulson, seu grande gorila! — Ela abriu caminho acotoveladas até a frente e se inclinou para perto do espelho ao seu lado. — James —começou gravemente, —o que vocês três estão fazendo no espelho?James respirou fundo para responder, mas Rosa sacudiu a cabeça, impaciente.— Não importa. Me responda primeiro: é verdade que os estudantes americanosconseguem fazer viagens de campo semanais para alguma gigante pradaria imapeável ondeíndios nativo-americanos ainda dormem em ocas e vivem como faziam há trezentos anosatrás? Porque se for, eu nem quero conversar com você outra vez sem sentir uma invejamortal.— Não, Rosa — riu James. — Nada disso aconteceu. Até agora, as aulas aqui são quasecomo as aulas aí. Algumas são boas, algumas são ruins, mas é só escola. País diferente,mesma rotina.Rosa suspirou cética.— Tudo bem então — ela disse, jogando-se no sofá. Cameron Creevey ainda estavaolhando sobre ele, os olhos arregalados. Rosa abaixou uma mão no lado da cabeça dele e oempurrou. — Então como vão as coisas aí? Como é que vocês, Lúcia e todos os outros estão?Me conte tudo, não esconda nada.

James sacudiu a cabeça confuso, não sabendo onde começar. Por outro lado, Zane puloudireto para a parte que mais o interessava.— Petra ficou uma esquisita maligna para a gente! —ele exclamou, os olhos searregalando. — Ela atacou o Arquivo e destruiu a vida como a conhecemos!— Cale a boca! — disse James, empurrando o amigo para o lado. — Não devíamos falarsobre isso! E além disso, ela diz que não foi ela!— Ela diz que estava dormindo quandoaconteceu, junto com Isa em seu quarto no campus —— esclareceu Ralf, levantando umdedo. — E Merlin só nos disse para manter segredo aqui na escola. Ele não disse nada sobreos nossos amigos em Hogwarts.— Espere um minuto — uma voz diferente falou no outro lado do Caco. James ergueu oolhar e viu Escórpio Malfoy sentando-se no sofá ao lado de Rosa enquanto o resto dos193estudantes voltavam aos deveres de casa e várias conversas. —- O que aconteceu com aMorganstern? Você quer dizer que ela já se meteu em encrenca com os americanos?— Não! — James disse de imediato, olhando em alerta para Ralf e Zane. — Houve algumaconfusão, mas ninguém sabe ao certo o que aconteceu. É... complicado.Juntos, os três garotos explicaram os eventos que cercaram o ataque à Cúpula dosDestinos, terminando com os detalhes da entrevista deles com o reitor Franklyn, Merlin e opai de James no escritório do reitor, que aconteceu mais tarde naquela noite.— Então Merlin não deixou você contar aos americanos que foi Petra quem você viudeixando o Arquivo? -— perguntou Rosa, franzindo a testa.— Na verdade ele não nos impediu de dizer isso -— respondeu Ralf. — Ele só meio que...explicou para Franklyn em nosso nome sem citar essa parte, e nós não contradissemos ele.Ajudou que aqueles gaviões loucos da F.L.U.B. anunciaram no dia seguinte que eles haviamsido os responsáveis pelo ataque. Disseram que, se Harry Potter e seu povo não voltassepara casa, logo não haveria casa para eles voltarem.Rosa franziu a testa.— Você acha que foi mesmo a F.L.U.B. responsável pelo ataque?— Faria sentido — concordou Zane. — Eles já foram atrás do pai de James e o resto de

nós uma vez, na carona que pegamos no Zéfiro.Naquela hora, a conversa se transformou numa animada declamação da aventura dosviajantes no trem e o alerta emitido pelo líder do F.L.U.B. imediatamente antes de ele fugir.Finalmente, Rosa sacudiu a cabeça pensativa.— E mesmo assim não foi o líder do F.L.U.B que você viu saindo do Arquivo depois doataque — ela refletiu. — Era Petra e alguma outra mulher, certo?— Extra-oficialmente, sim — concordou Zane. — Segundo a versão de Merlim dahistória, só vimos duas mulheres deixando o Arquivo. Ele parece querer deixar a parte dePetra em segredo.Do outro lado do Caco, Escórpio perguntou:— Por que ele faria isso?— Ele disse algo para mim mais tarde -— admitiu James, arrastando os pés. — Ele disse...que era importante que ele escolhesse suas batalhas sabiamente, seja lá o que issosignifique. Ele mesmo conversou com Petra depois de tudo isso terminar, logo antes de irembora. E então ele veio e conversou comigo. Ele disse que seria melhor se mantivéssemoso que sabemos em segredo já que os americanos não tem os... er... recursos para investigarPetra da forma necessária. Foi exatamente assim que ele disse, mas eu não sei que diabosele quis dizer com isso. E aí ele me pediu, junto com Ralf e Zane, para ficar de olho nela, porele.— Ele sabia que ela estava envolvida no ataque á Cúpula e simplesmente deixou-a ir? —perguntou Rosa, cética. — Perdão por dizer isso, mas parece extremamente estranho. O queele queria que vocês olhassem?James deu de ombros, olhando no rosto de cada um.— Primeiramente, talvez ela não esteja realmente envolvida — insistiu. — Talvez tenhasido... não sei... alguém usando poção Polissuco ou coisa parecida.Escórpio suspirou, cansado.— Potter, sua lealdade cega está já se transformou em chatice. Não foi isso mesmo queaconteceu ano passado, quando você recusou-se a admitir que viu o diretor no EspelhoMágico, associando-se com vilões?194O rosto de James esquentou.— Eu terminei estando certo, não terminei? — respondeu. — Quero dizer, certo, era

Merlin, mas ele não se tornara completamente mau. Nem Petra.Rosa acenou uma mão, impaciente.— Então o que você vai ficar observando na Petra?James suspirou...— Qualquer coisa... anormal, eu acho. Merlin não foi muito específico. Ela arranjou parasi mesma uma posição de aprendizado aqui na escola, trabalhando com o Mestre de Poções,então iremos vê-la pelo menos duas vezes por semana. Merlin deve confiar nela porque foiele quem ajudou-a a conseguir o posto.Escórpio pareceu pensativo, onde sentava-se no sofá ao lado de Rosa.— Talvez Merlin tenha colocado ela no posto para deixar mais fácil a tarefa de ficar deolho nela.— Por que ele não simplesmente traria ela e Isa de volta com ele? — -perguntou Rosa,olhando para o lado, na direção do garoto.— Talvez ele não possa — Escórpio respondeu simplesmente.— Espera um minutinho... — Zane disse, estreitando os olhos. Ele se inclinou para frentee observou criticamente pelo Caco, o rosto contorcido num cômico meio-sorriso quemarcava sua versão de pensamento profundo. — Vocês dois estão... namorando? —perguntou de repente.Os olhos de Rosa se arregalaram e ela olhou para Escórpio, que olhou de volta para ela.Uma pausa se estendeu.— Eu sabia! — gritou Zane, apontando para o Caco. O rosto de Rosa ficou vermelho.— Não seja ridículo. Somos só amigos. E não temos nem treze, caso você não se lembre.— Rosa tem um namorado! — cantou Zane, sorrindo.Escórpio revirou os olhos e se levantou no outro lado do vidro.— Tenho dever de Runas — exclamou com uma voz entediada, se afastando.— Vocês são todos idiotas — irritou-se Rosa, cruzando os braços e se recusando a fazercontato visual com os garotos no espelho.— Pode até ser — concordou Zane, ainda sorrindo, —mas somos idiotas perceptíveis.Não somos? — Ele olhou pra James e Ralf. Ralf sacudiu a cabeça.— Eu tenho dever de Ocupações Trouxas — ele disse, virando para a sua cama, onde sejogou em cima.— Até logo, Rosa — sorriu James. — Espero que Escórpio possa aproveitar alguma ajudacom as Runas.

— Escórpio é muito bom sozinho — ela murmurou, se levantando. -— Avise o que maisacontecer aí, tudo bem? E traga Lúcia com você da próxima vez que aparecer. Talveztenhamos alguma conversa inteligente com ela.Conforme o último dia da primeira semana completa de Ralf e James em Alma Aleronfinalmente se aproximava, James encontrou-se esperando ansiosamente o fim de semana.Agora que Merlin e o professor Longbottom haviam ido para casa e seus pais e irmãestavam ocupados se instalando no novo apartamento, seria a primeira chance de James decurtir alguns dias de liberdade. Boa parte do campus ainda estava inexplorada, incluindo ointerior da Torre de Artes, a estranha ruína ao norte do campus, o grande estádio de195esportes (conhecido como Pepperpock Down) e as incontáveis estátuas, fontes e osestranhos marcos mágicos que pontilhavam o terreno.Lúcia havia prometido levar os garotos para dar um tour no Castelo Érebo, lar da CasaVampiro, mas James estava um pouco menos interessado nisso, já tendo aula de Cursologiana grande “sala lunar” de vidro do castelo e não gostando particularmente do que vira. Ocastelo de Hogwarts era a coisa real, claro. Em comparação, o Castelo Érebo parecia mais oumenos como aqueles dos filmes trouxas, com candelabros barrocos forçados em cadaespaço livre no teto, tapeçarias enormes e morbidamente detalhadas cobrindo cada paredede pedra, e depois várias armaduras, lareiras abertas e escadarias obscuras. Por ela, Lúciapareceu ter rapidamente vindo a amar sua casa e os companheiros vampiros, até setornando amiga de algumas garotas que encontraram primeiro no Gwyndemere.— Certo, elas são todas um pouco melodramáticas e melancólicas — reconheceu ela nocafé da manhã na sexta-feira —, mas também são criativas e inteligentes. Felícia Devereaufaz polimento com carvão nas lápides do cemitério do campus. E Druzilla Hemmingsescreve poesias. Ela não faz rimas nem nada, mas não significa que a poesia é ruim. Naverdade é boa e bem desenvolvida.— É — concordou Zane, crítico. — E eu ouvi que algumas delas estão fazendo roupas

novas para o imperador.Lúcia piscou para Zane, então sacudiu a cabeça zombeteiramente.— Espere um minuto — disse Ralf, franzindo a testa. — A América tem um imperador?A última aula pela manhã era Gravidade Teórica, aparentemente uma estranha misturade levitação, vôo e algo mais que se baseava em fazer coisas saírem do chão. A aulaacontecia no centro de um quadrado de grama entre a Torre de Artes e a Residência daAdministração, e James ficou feliz em ver a Garagem Transdimensional ali perto, suasparedes de lona oscilando na brisa. Os carros voadores estavam dentro, seu cromobrilhando quando o sol entrava pela frente aberta da tenda.— É aqui que fica o lar permanente do lado americano da Garagem? — James perguntoua Zane.Zane olhou para a estrutura parecida com uma tenda.— É, acho que o outro lado agora está em algum lugar no Paquistão. Tem um grupo dearqueólogos bruxos lá, escavando alguma cidade mágica antiga. Professor Potsherd estásempre levando seus alunos para todo o mundo, se esfregando na lama como um grupo debesouros. Na verdade, na última vez que viajaram, a única coisa que trouxeram de volta foibesouros. Escaravelhos, na verdade, do Egito. Muito legais, agora que reflito a respeito. Elesestão lá no museu, no último andar da Torre de Artes.Enquanto Zane falava, uma figura saiu de trás das imensas árvores na borda do quadradoe James se surpreendeu em reconhecer Olívio Wood, vestindo uma capa curta e botas comum par de óculos de proteção postos sobre suas sobrancelhas.— Saudações, estudantes — proclamou, reunindo-os em torno dele na luz do sol. —Professor Asher está se sentindo um pouco mal hoje, então me pediu para dar aula no seulugar. Me foi dado a entender que vocês estão no momento trabalhando em regulamentointermediário de tráfego de transporte aéreo, certo?Os garotos gemeram enquanto se sentavam.— Qual é?— um dos garotos Igor reclamou. — Asher está doente. Não podemos fazeralgo diferente de manobras de controle aéreo? Vamos fazer uma levitação coletiva!196— Prática de recuperação de mergulho aéreo! — uma garota Zumbi gritou. — A gente

pula de uns milhões de metros! Está tudo claro hoje!A classe rompeu num balbucio de vozes teimosas enquanto Wood sacudia a cabeça elevantava as mãos com as palmas para frente.— Olhem, vocês todos, só porque o seu professor está doente, não significa que podemossimplesmente ignorar o roteiro de aulas. Ele voltará na próxima sexta-feira... bem, éesperado que sim. Na verdade, talvez não, agora que vocês mencionaram...— O que ele tem? -— o aluno Igor perguntou.— Ouvi que uma verruga dele secou — uma garota Vampiro gritou de trás do grupo.Todos viraram para observá-la. Ela piscou para eles. — Pelo menos, está correndo esseboato. Eu não sei nada sobre isso. Não é como se eu amaldiçoasse ele para mexer no meuexame de elevação. Er, nenhum de vocês pode provar nada.— De um jeito ou de outro -— disse Wood, tentando recuperar o controle da turma, —pode ser, na verdade, que o professor de vocês fique ausente por algumas semanas. Então...A classe rompeu novamente num balbucio, implorando para receber um feriado doregimento de regulamentos de voo que aparentemente estavam estudando. Wood olhousobre os estudantes um pouco desamparado, e então sorriu.— Tudo bem! —- gritou, silenciando-os quase que de imediato. -— Vamos dar algumasvoltas no campo de Skrim, só para esquentar. Depois disso, seguiremos para cursos depassagem e técnicas de pouso em espaços confinados.— Excelente — alegrou-se Zane, assim como toda a classe, abafando a segunda metadeda fala de Wood. — Podemos acelerar um pouco até as argolas. Também está um tempobom. A primeira partida de Skrim da temporada é só daqui a uma semana.— O que é Skrim, afinal? — perguntou Ralf enquanto a classe seguia Wood peloquadrado, rumando até os parapeitos do estádio que mal eram visíveis sobre os tetos da Alados Professores. — Se parece com quadribol?— Que nada — respondeu Zane, apertando o canto da boca de modo pensativo. —Skrimbol é meio que uma encruzilhada entre corrida em vassouras e rúgbi. Basicamente,você tem uma série de argolas flutuantes que forma um grande oito no ar sobre o campo. O

objetivo é pegar um dos três Engates, que são só bolas de futebol americano de courovoadoras, e então subir três vezes pelo trajeto o mais rápido que puder. Na últimapassagem, você joga o Engate no gol sobre a argola do meio.James deu de ombros.— Não parece muito difícil.— Tem razão — concordou Zane. — Exceto pelos Atacantes. Eles são os caras do outrotipo que precisam forçar você a sair das argolas e fazer você soltar o Engate.Ralf assentiu.— Tudo bem. Mas mesmo assim, se você passar por elas, é só um tiro direto ao gol, nãoé?Zane deu um tapinha no ombro de Ralf.— Pois é. Mas você está esquecendo do Goleiro. Ele tem uma grande Clava de madeira, etem que acertar o Engate para que ele vá direto em mim se puder. Arranca você direto desua vassoura se não tiver cuidado. Atacantes às vezes podem carregar Clavas também.— E não esqueça do jogo de palavras ofensivas e defensivas -— outro garoto gritou dealgum lugar próximo.197— Aí está você, Heathrow — respondeu Zane. — O jogo mágico é uma parte essencial doesporte. Que é por isso que os Zumbis dominarão o percurso este ano.— Vai sonhando, Walker — uma garota Igor se opôs. —Vamos derrubar vocês naprimeira cruzada.—Cruzada? — perguntou James, olhando de lado para Zane, que acenou uma mão emdesprezo.— Alguns dos Atacantes vão voltar durante o primeiro circuito para que consigamencontrar você na interseção e aí te atacar de lado. Você podem geralmente desviar deles, ea maioria dos Atacantes não tem estômago para imitar um verdadeiro kamikaze.— O time Igor tem estômago — a garota sorriu maliciosamente. — Arranjamos umcarregamento completo deles na última quarta-feira.— Ah, então vocês vão reunir um esquadrão de Frankesteins que realmente saibamatravessar o percurso? — perguntou Zane, alegre. — Ou estão só esperando arranjar algumpar para o banquete de Halloween?

A garota fulminou irritada, mas não pareceu imaginar alguma resposta para dar a Zane.Este dispensou-a, animado.Logo, a turma entrou na sombra do Pepperpock Down, que consistia numa série de altastribunas cercando um campo com a grama cortada. Dois guindastes de madeira seencaravam no centro do campo, cada um encimado com uma plataforma larga e comestandartes das casas pendurados. Um amontoado de alunos se sentava nas tribunas,suando na luz do sol de outono ou conversando em tons baixos. Ao nível do chão, um grupode alunos Lobisomem a nível de faculdade corriam voltas de exercício, suas camisetas cinzae calças de moleton encharcadas de suor. Wood levou a turma pelo campo até uma porta nabase do guindaste direito.— Cada um pegue uma vassoura — gritou, abrindo a grande porta e revelando umvestiário pequeno e escuro. — Não demorem muito para escolher. Quero ver todos naplataforma em cinco minutos.James e Ralf ficaram entre os últimos naquele espaço mofado. A sala era fixada ao chãosob o campo e armada em pedra, com um baixo teto de madeira. Mais estandartes das casasdecoravam as paredes internas, na sua maioria velhas e empoeiradas. Centenas devassouras estavam penduradas em pegadores ou guardadas em grandes aljavas.Balbuciando ruidosamente no espaço apertado, os alunos escolhiam uma vassoura cada ume começavam a subir uma escadaria estreita que subia em espiral pelo teto.— Nossa — disse Ralf, cutucando James e apontando. — Olhe só essas!James assobiou apreciado, andando até uma série de prateleiras sob as escadas.— Isso são vassouras? Nunca vi nada assim antes.Os objetos alinhados perfeitamente nas prateleiras eram longos como vassouras, masmuito mais lisos e mais largos, como pranchas que haviam sido alisadas e polidas. A caudaera aerodinâmica e achatada, cada cerda afiada a um ponto parecido com o de agulha.Algumas foram pintadas com desenhos e cores extravagantes. Brilhavam brandamente naluz empoada.— Podemos usar essas? — perguntou James, os olhos arregalados.Ralf deu de ombros e sorriu.

— Não vejo por que não. Eu perguntaria ao Zane, mas ele foi um dos primeiros a subiraté a plataforma. Qual é, vamos tentar pelo menos! Essas aí com certeza ganham de lavadadas vassouras em Hogwarts.198James assentiu. Quase reverente, ele pegou a mais próxima das estranhas vassouras. Erapintada num preto lustroso com chamas azuis ondulando na frente. Ralf pegou a vassouraao lado da de James, que era riscada em laranja e preto como as manchas de um tigre.Seguradas em pé, cada vassoura era levemente mais alta que eles. Depois de um momentode admiração deles mesmos com as impressionantes vassouras, os garotos viraram eseguiram atrás dos últimos alunos para a escadaria.Um minuto mais tarde, sem fôlego, eles adentraram a claridade da plataforma sobre ocampo. Enquanto circulavam o campo, as tribunas não pareciam mais tão altas. O campus seestendia à distância, encimado pela torre do sino no telhado da Residência daAdministração, que era a única coisa mais alta que a plataforma do estádio. Brilhando no arsobre o campo, James viu as argolas que formavam o percurso de Engateclava. A argola nomeio era maior que as outras, e acima dela havia uma segunda argola, menor e de um pratabrilhante; obviamente a argola do gol. Um grupo de pombos estavam sentados sobre aargola do gol, observando os alunos onde eles se reuniam na plataforma.— Muito bem — disse Wood, batendo as mãos com força. — Estiquem um pouco aspernas, que tal? Três voltas de aquecimento devem ser suficientes. Isso não é umacompetição, então tentem não ultrapassar uns aos outros. Os líderes atravessam sobre ainterseção, os seguidores ficam embaixo. Entendido? Então vamos lá.Assentindo rapidamente, Wood montou na sua vassoura e partiu, surgindo no ar e passarpela mais próxima das flutuantes argolas douradas. O pensamento de decolar daquelaaltura deu a James uma sensação vagamente desconfortável, mas nenhum dos alunospareceu nem um pouco nervoso por isso. Como dentes-de-leão ao vento, eles ergueram-seno ar, seguindo Wood enquanto este navegava serenamente pelo percurso.

— Bem — disse Ralf, levantando a vassoura de forma que ficasse balanceada ao seu lado,—vejamos o que isso faz.Os dois garotos tentaram montar nas estranhas vassouras e imediatamente se sentiramdesconfortáveis e esquisitos.— É impressão minha — começou Ralf, saltando na ponta dos dedos até a borda daplataforma, — ou algo nisso aqui parece um pouco... para trás?A maioria da classe já havia decolado, formando uma extensa linha que atravessava asargolas, tagarelando como pássaros numa linha telefônica. Zane ainda estava na borda daplataforma, esperando sua vez de decolar. Ele olhou para trás na hora em que James e Ralfchegaram mancando ao seu lado, e os olhos dele se arregalaram.— Opa, opa, opa! — falou de repente, alarmado. — Que estão fazendo? Desçam, rápido,antes que alguém veja vocês!James piscou para o amigo e então estendeu as pernas para sair da estranha vassoura.Ralf fez o mesmo, mas teve um pouco mais de dificuldade. Ele pendeu para o lado, quasecaindo da vassoura na plataforma.— Vocês têm sorte de que eu tenha sido o único a ver isso — disse Zane, urgente. — Semais alguém visse vocês sentando num skrim...! — Ele sacudiu a cabeça, sem conseguirencontrar palavras.— Quê? — exclamou James numa voz baixa. — Wood disse para pegar uma vassoura! Oque há de errado com essas?Zane revirou os olhos e bateu na testa com uma palma.— Não são vassouras! — ele disse exasperado. — São skrims! É uma coisa americana!Quero dizer, olhem para eles.199— Hã, qual é a diferença mesmo? — perguntou Ralf, confuso.— Em primeiro lugar — respondeu Zane, —você não monta num skrim. Você fica de pénele. Em segundo lugar, eles são designados especificamente para jogos de Engateclava, nãopara voo regular!James jogou as mãos para o ar.— Como iríamos saber? Eles estão logo ali, na nossa frente!Zane suspirou, ainda montado na própria vassoura.— Bem, acho que não tem nenhuma regra contra usar um skrim em aula. É só queninguém faz isso.No ar, o professor Wood chamou:

— Venham logo, vocês três! Já completamos uma volta.— Eles pegaram skrims! — uma garota gritou, incrédula. — Aposto que nem sabem quallado é a frente!Um coro de risadas se espalhou pelo grupo, enquanto este cercava a plataforma, girandode volta à interseção. James os observou e eles o observaram de volta, vários dando sorrisosafetados e sacudindo as cabeças. Ele olhou para Zane, quem deu de ombros e ergueu assobrancelhas.— Bem, é o seu funeral, colega. Aproveite. -— Com isso, Zane se lançou ao ar, emergindocom o resto da classe.— Você não está falando sério -— exclamou Ralf em voz baixa. — Está?— Por acaso eles ensinam a voar naquela escolinha europeia de vocês? -— um alunoLobisomem gritou, sorrindo.James franziu o rosto, levantou o pé direito e plantou-o no suporte do skrim. Ele osciloulevemente mas continuou no lugar.— Ele vai tentar! — uma garota exclamou. — Ele vai cair como uma pedra e se enterrarno campo. Quem sabe ele até leva alguns terceiranistas lobisomens com ele! — Ela riuestridente.Ralf levantou o seu pé e baixou-o esquisitamente no skrim de pele de tigre.— Não deixo de sentir que essa é uma ideia muito ruim — ele murmurou para si.— Relaxa, amigo — disse James. — Pelo menos não seria o nosso primeiro desastre emesporte.Ralf fitou-o.— Da última vez eu salvei o seu traseiro. Quem vai nos salvar agora?— Pode ser que a gente se salve. Ou pode ser que desta vez a gente não precise desalvação.— Então como vamos fazer isso? — perguntou Ralf, engolindo em seco.James sacudiu a cabeça.— Eu acho — ele disse, se endireitando — que você só não precisa pensar nessa parte.Ralf não teve tempo de responder, pois James tomou fôlego, se torceu e lançou-se.— Espere! —- gritou Ralf, mas James já havia ido. O skrim desceu num fundo mergulhono fim da plataforma, com James inclinado sobre ele, e, então, incrivelmente, ele subiu no arde novo, oscilando violentamente.

— Ele está conseguindo! — uma voz anunciou incrédula. — Até agora, pelo menos.Olhem-no dançar!— James! — gritou Wood do outro lado do campo. — Isso é um skrim! O que você estáfazendo?200— Ele está bem! -— o garoto lobisomem gritou, sorrindo maldosamente. — Olhem ele!Ele é natural!Houve uma onda de risadas. James lutou para manter o equilíbrio no skrim enquantoeste surgia no ar e deslizava nos seus pés, ziguezaguendo até o meio do percurso. O campooscilava mais abaixo, parecendo ridiculamente distante e inesquecivelmente duro. Eleofegou e quase perdeu o equilíbrio. Instintivamente, ele fechou os olhos, bloqueando a vistae concentrando-se em manter o equilíbrio. Incrivelmente, funcionou. O skrim nivelou-se ecessou seu balanço terrível. James respirou fundo, inclinou um pouco os joelhos e relaxouos ombros. Lentamente, ele abriu os olhos outra vez, mantendo-os levantados e recusandosea olhar para baixo. A linha de alunos montados em vassouras se esticava à sua frente, amaioria olhando para trás com curiosidade e surpresa.— Bem, eu estou surpreso — um companheiro pé grande chamado Norrick anunciou,sorrindo. — Olhe para você, James! Está conseguindo!— Ele vai cair para o lado como um tijolo a qualquer momento — o garoto lobisomemgritou, seu sorriso hesitante.Mas James não sentia que cairia para o lado. Na verdade, quanto mais ele relaxava noestreito suporte do skrim, mais ele achava entender a forma que a estranha vassourafuncionava. Ao contrário de vôo normal, operar um skrim se tratava de como ele mexia ospés e manobrava seu centro de gravidade. Essas eram habilidades que vieram naturalmentea ele no campo de futebol. Talvez a mesma coisa que o tornara bom com a bola de futebol otornaria bom em voar num skrim. Cauteloso, ele experimentou se inclinar à frente,acelerando levemente. Ele manobrou em torno do estudante que voava na retaguarda,ultrapassando um pouco nervoso. O estudante era uma garota da casa Duende, seu cabelo

loiro ondulante amarrada num imaculado rabo de cavalo. Ela franziu a testa para ele,incrédula.— Não ultrapasse, por favor — gritou Olívio Wood no lado oposto do percurso. Jamesolhou de lado para ele enquanto voava, diminuindo a velocidade de leve.— Sorte de principiante — o garoto lobisomem proclamou, olhando para James sobre oombro, com os olhos estreitados. — Tente fazer isso de novo durante um jogo verdadeirode Engate e veja o que acontece.James ignorou o garoto. Ele abaixou o olhar para si mesmo, surpreso em como estavaindo bem. Alguma parte dele suspeitava que ele poderia realmente ser capaz de se segurarnum skrim. Ele não sabia o porquê, mas agora achava que sabia. Os Potter nasceram paravoar. James nunca entendera isso antes, mas, por outro lado, nunca lhe foi dada aoportunidade de voar assim antes. Era perfeitamente natural, como se o skrim fossesimplesmente uma extensão de seu próprio corpo. Em experiência, ele tentou se mexer umpouco, e sentiu a placa oscilar sem esforço para trás e para frente sob ele, cortando o ventocomo uma faca. James começou a acelerar novamente, passando pelo garoto lobisomem.— Ele vai te passar, Pentz! — outro garoto gritou do outro lado do percurso. — O novatovai tentar te ultrapassar! — Houve uma onda de risadas.James viu o olhar no olho do garoto um momento antes da mão coberta por uma luvacinza lançar-se. O garoto lobisomem, Pentz, queria acertar o skrim enquanto ele passava,acertando James, tirando-lhe o equilíbrio. Ao invés disso, sua mão não tocou nada quandoJames inclinou os tornozelos, curvando-se momentaneamente para longe do alcance dogaroto. Os dois pestanejaram em surpresa. O rosto de Pentz ficou irritado, e ele surgiu àfrente de novo, querendo agarrar a ponta do skrim de James. James driblou-o novamente,201admirando-se ao ver como isso era fácil. Pentz estava ficando furioso. Ele atacou outra vez,lançando-se sobre a vassoura, e quase caiu dela enquanto James mergulhava para longedele, sorrindo.— Volte aqui! — sibilou Pentz.

— Tome cuidado — respondeu James. — Eu odiaria ver você formar uma cratera nocampo. Mas agora que penso no assunto, talvez você possa levar alguns dos seuscompanheiros de casa junto com você.— Sem ultrapassar — gritou Wood novamente. — Isso é só um exercício deaquecimento, turma.James olhou em volta mais uma vez, observando sobre o ombro para ver onde oprofessor estava.— Está certo, Cornélio — grunhiu Pentz. — Você pode me ultrapassar quando estiver acaminho da lama.Ele saltou à frente mais uma vez, agora com as duas mãos. Seus dedos se fecharam no ar,apesar da tentativa, enquanto James se esquivava do garoto, e Pentz caiu desta vez. Elelutou para encontrar suporte na vassoura, que girava para frente e para trás, arqueandopara fora da fila de estudantes. James desceu sobre Pentz facilmente, aumentando avelocidade. Ao seu redor, alunos começavam a responder rindo de Pentz, que lutava para seendireitar na vassoura, mas James mal os ouviu. Ele se agachou mais no skrim, aindaacelerando, e teceu através dos alunos, agora ultrapassando-os um por vez.O puro prazer de voar era intoxicante. Enchia-lhe da cabeça aos pés, formigando comouma magia secreta. Porém, desta vez não era magia bruxa. Era a pura e simples magia dedescobrir um talento oculto inato e, finalmente, incrivelmente, encontrando os meios deexercitá-lo. Ele se inclinou à frente no skrim, dirigindo-o adiante, seguindo a fileira dealunos voando, começando a desviar deles como se fossem postes. Ele não ouviu oprofessor Wood gritando a ele, nem ouviu o alegre berro de encorajamento de Zane quandoZane passou por ele, ainda acelerando.Foi assim que meu pai se sentiu, James pensou alegremente. Na primeira vez que sentousenuma vassoura e voou no céu, foi isso que ele sentiu! Agora faz sentido para mim! Agoraentendo a sensação!Um senso de orgulho e animação quase absurdo cresceu dentro de James, inundando seucoração e formigando até a ponta dos pés. Ele não conseguiu mais agüentar. Gentil e

instintivamente, ele se inclinou para a frente. O skrim acelerou, e dessa vez James nãoconteu a velocidade. Ele se curvou no ar e foi para fora das argolas do percurso deEngateclava, saindo num imenso arco sobre as tribunas. Estudantes observavam enquantoele avançava no ar, se curvando tanto sobre a placa chata do skrim que teve que enrolar osdedos na sua ponta, cobrindo o rosto da força enorme do ar. Não pôde voltar aos confins doestádio, não quando havia tanto ar aberto sobre o resto do campus banhado pelo sol. Comum grito de alegria e uma selvagem curvatura, ele passou entre as tribunas, direcionando-seàs árvores.A torre do relógio da Residência da Administração se erguia diante de James e ele rumouaté ela, ziguezagueando para frente e para trás nas correntes de ar. O vento parecia quasesólido em torno dele. Era como se, quanto mais rápido voasse, mais estável o skrim ficavasob seus pés, permitindo-lhe se inclinar dramaticamente de um lado ao outro sem nenhumsinal de vertigem. A torre do relógio ficava maior com incrível velocidade e James passoupor ela de tão perto que viu sua sombra tremeluzir no telhado cônico.202Instantaneamente, ele torceu e curvou-se, puxando o skrim para o lado numa estreitavolta como saca-rolhas. James espiralou para baixo e desceu até um agrupamento degrandes pinheiros. O ar de sua passagem assustou pombos das árvores e derrubou umasérie de folhas e ramos soltos atrás dele, formando uma trilha com cheiro de pinho no céu.Mais uma vez James se inclinou no skrim e mergulhou no borrão do campus. Alunosolharam para cima quando ele lampejou acima de suas cabeças, trazendo uma rajada devento com ele como um abalo secundário. Mesmo assim, ele abaixou tanto que seu reflexocorria com ele em uma das compridas piscinas que alinhavam a alameda. A gárgula da baciade água para passarinhos estava mais à frente e James subiu severamente no últimomomento para que passasse pelo pulverizador da fonte, explodindo-a em névoa.Rindo, ele girou para trás novamente, subindo e diminuindo a velocidade, dando um

profundo suspiro de exultante animação. O campus foi diminuindo sob ele até o estádioentrar no seu campo de visão mais uma vez, esperando-o. O resto da turma já haviaterminado as voltas. Eles estavam fitando-o abismados na plataforma, segurando suasvassouras no lado, observando James descer experiente sobre eles, abaixando-se. Ralf eZane estava na borda da plataforma, dando grandes sorrisos e sacudindo as cabeças emadmiração. A pequena multidão se abriu sob James, dando-lhe espaço para pousar. Antes doskrim tocar a plataforma, James pulou com agilidade dela, chegando ao chão facilmente epegando o skrim enquanto este oscilava no ar ao seu lado. Ele ofegou feliz, sacudiu água dafonte do cabelo e olhou para a turma.— Sr. Potter — o professor Wood gritou agudamente. James olhou, e o sorriso sumiu deseu rosto de repente. O rosto de Wood estava tenso de severidade. — Eu tenho exatamenteduas perguntas para você, jovem. A primeira é: qual detenção você prefere? Escrever linhasou esfregar chão de banheiros?O rosto de James enegreceu.— Er... hã — gaguejou. — Escrever linhas, eu acho?Wood assentiu lentamente.— Então será escrever linhas. Vejo você no meu escritório esta noite.James suspirou.— Sim, senhor. Desculpe. Qual é a sua segunda pergunta?O rosto de Wood ficou bem levemente pensativo. James teve a súbita sensação que oprofessor estava tentando muito abafar um sorriso. Num tom mais fluente de voz, eleperguntou:— Que tamanho de camisa você veste?203Capítulo 11Jardin d’ÉdenO escritório do time Pé-grande do Professor Wood, consistia em um pequeno espaço nocanto da sala de jogos no porão da Casa Apolo. Com uma única mesa esqueléticaposicionada próxima ao gigante e velho refrigerador, e observada pelas cabeças estufadasde Heckle e Jeckle. Ambas as cabeças estavam acordadas e ouvindo atentamente enquantoWood dava a James sua tarefa de escrever linhas.

“Esse é principio da coisa, sério,’’ Wood disse educadamente.” Eu não posso ser vistofacilitando pra você, James, especialmente se você vai jogar pelo time Pé-grande Engate.Umas cem linhas devem bastar.”“Isso não são realmente linhas, Professor,” James disse atentamente, olhando para opequeno bloco em sua mão. A capa era cinza com manchas de letras prateadas de altorelevo, onde se lia, “Regulamentos e Regras Oficiais do Esporte Engateclava por Quincy DirkTriplington, Comissário da paroquial liga de Engateclava dos Estados Unidos”.“ Linhas são linhas, cadete,” uma voz baliu ali perto. James olhou para cima para ver Heckle,a cabeça de veado, o estudando severamente. “Pode torná-las úteis, né?”“Com quem você está falando?” Jackle, a cabeça de alce, inquiriu, levantando seu queixo ebalançando pra frente e pra trás o seu curto pescoço. Um sino tiniu fracamente de onde ele204estava pendurado em seus chifres. “Eu não posso ver. Alguém trocou meus olhos de vidropor bolinhas de ping-pong de novo.”James viu que os olhos da cabeça do alce haviam realmente sido trocados por um par degrandes e brancas bolinhas, cada uma decorada com desenhos de pupilas. Ele fazia caretasdesconfortavelmente.“Jackle está certo,” Wood replicou, suspirando vivamente. “Não tem sentido copiarrepetições sem significados. Cem linhas do capítulo um, Uma introdução ao jogo, deve ser obastante.”“Eu sou Heckle,” a cabeça de veado corrigiu azedamente. “ Ele é Jeckle.”“Eu sou Jeckle,” a cabeça de alce concordou cegamente, seus olhos esbugalhados encarandoduas direções diferentes. “Com quem nós estamos falando?”“Com esse novo cadete que suas habilidades de voar sobrenaturais vão nos dar uma chancede lutar no torneio desse ano, seu grande cérebro-de-chifre. Preste atenção, por que nãoestá prestando?”“Sabe, você tem sido realmente excêntrico desde que estufaram seu corpo,” Jeckle fungou ese virou.“Eu nem me lembro de ter um corpo, sua fralda peluda cabeça de serragem,” Heckle

lamentou. “Mas pelo menos eu fui gostoso o suficiente para me comerem. Eu ouvi queusaram seu corpo para um grande parador de porta, mas o jogaram fora porque elecontinuava a peidar cada vez que a porta batia nele.”“De qualquer forma,” Wood interrompeu, se virando de novo para James.“Eu continuo te falando,” Jeckle insistiu falando alto, “ Eu ainda tenho o meu corpo. Ele sóestá preso do outro lado dessa estúpida parede! Se eu pelo menos conseguisse me libertarvocê o veria.” A cabeça de alce debulhou e grunhiu de forma fraca.Heckle girou seus olhos de vidro. “ Yeah, continue dizendo pra si mesmo, Alcento.”“De qualquer forma” Wood disse de novo, alto, jogando um olhar de aviso nas cabeçasempalhadas na parede. Jeckle, é claro, não viu o olhar, e continuou se retorcendo pra frentee pra trás, chutando suas pernas inexistentes. Heckle deu uma espiada em Wood com suassobrancelhas levantadas em desafio, como se dissesse O que você vai fazer? Eu já sou umacabeça estufada na parede“Continuando,” Wood se voltou para James. “ Clutch pode ser um esporte um poucocomplicado, mas você vai pegar fácil já que você conhece o Quadribol.”205“Er,” James começou a falar, olhando em volta,” Eu, uh, eu nunca realmente, você sabe...joguei Quadribol. Oficialmente. Tal como.”Wood franziu a testa. “ O que você quer dizer? Você está no time da Grifinória, certo?”“ Não no time, exatamente,” James respondeu infeliz. “ Quer dizer, eu dou apoio ao time,claro. De longe. Eu, er, tinha planejado entrar no time esse ano.”“Mas do jeito que você voa...!” Wood disse balançando a cabeça em questionamento.“É especificamente em Skrim,” Zane deixou claro, de um sofá ali perto, onde ele estavaassistindo com interesse. “ Acredite em mim. Eu já o vi em ação em uma vassoura normal.Nada mal, mas nada que alguém chamaria de bruxo das vassouras. Por assim dizer.”“Eu o salvei da morte certa a primeira vez que ele tentou entrar pro time,” Ralph riu de seulugar perto de Zane, erguendo sua grande varinha de ponta verde. James girou os olhos edeu as costas para seus amigos.“Muito bem então,” Wood respondeu alegremente. “ Não importa, é claro. Você é muito bom

no Skrim, que é o que importa. Nós podemos lhe mostrar as especificações do jogo napróxima semana, e suas linhas vão te ajudar. Nós seremos um time unido, se eu disser amim mesmo. Você deve ser o suficiente pra nos empurrar para o topo esse ano.”Zane contraiu sua face em um esforço para não rir.“Vamos colocar os Zumbis nos seus devidos lugares!” Norrick anunciou impetuosamente deuma cadeira ali perto.Jazmine, a bastante corpulenta Veela, sentou ao seu lado. “Er, na melhor maneira possível,claro,” ela disse, e riu timidamente para Zane.“É necessário mais do que um vôo excelente para ganhar no Engate,” Zane dissealegremente, sem encontrar os olhos de Norrick. “O jogo mágico dos Zumbis irá serespecialmente forte esse ano. O que vocês Pé-grandes planejaram nesse departamento?”“Mas você pode gostar de saber!” disse o pequeno garoto, Wentworth, intervindo de suacadeira, sentando-se direito nela e estufando seu peito estreito.“É claro que eu gostaria,” Zane concordou com um sorriso. “ E aposto que você tambémgostaria!”“Chega, Sr. Walker,” Wood suspirou. ”Vamos continuar com a conversa a toa. A Casa Pégrandese orgulha do jogo honesto, puro e simples. Bons fundamentos são nossa estratégiaprimaria.”206Zane encolheu os ombros e se afundou no sofá até que apenas o topo da sua cabeça fossevisível. “ Até agora essa estratégia fez maravilhas,” ele disse com uma voz abafada.“Amanha é Sábado,” Wood anunciou, ignorando Zane. “ Vamos nos encontrar no ginásioPepperpock Down depois do café da manha, pode ser? Nós vamos lhe dar uma idéia dobásico do jogo antes que os treinos oficiais comecem. Você estará pronto rapidamente.”“ Eu irei também,” Ralph deu um sorriso torto. “ E eu levarei minha varinha. Nunca se sabequando será útil.”James balançou a cabeça pesarosamente, mas não pode evitar de rir para o grandão. Tantascoisas para seu sábado, ele pensou, mas era realmente bom ser recompensado sendo ummembro do time. Ele determinou que iria fazer tudo que pudesse pra dominar o

Engateclava no menor tempo possível. Com sua ajuda, talvez o time poderia até vencer otorneio e depor o reinado dos campeões Lobisomens. Aquilo certamente colocaria Alvo emseu lugar, já que nada mais o fazia.“Tudo é justo no amor e na guerra,” ele murmurou para si mesmo enquanto ele subia osdegraus para seu dormitório, com o livro de regras do Engateclava em mãos. “Vamos vercomo você se sente sobre isso quando as mesas virarem pra você, maninho.”A medida que o tempo ia passando e James participava dos treinamentos de Engate com oresto de time Pé-grande, ele de fato começava a se sentir mais confiante e que ele poderiaajudar a impulsionar o time a vitoria com decorrer do ano.“Agora você sabe sobre as três posições no Engateclava,” Wood explicou a ele enquanto elesvoltavam de um treinamento em uma tarde fria de outono. “Cortadores, Intimidadores eDefensores. Cortadores são ofensivos, Intimidadores e Defensores são defensivos. Você vainotar, entretanto, que você ainda não foi designado a nenhuma dessas posições.”“Sim, eu notei isso,” James concordou, caminhando com a brisa cinza em sua face. “Tenhojogado de tudo em cada treino. Mas todos também tem feito isso. Mesmo Mukthatch é tiradode Defensor de vez em quando, o que eu não entendo mesmo, já que seus braços são tãograndes quanto cabos de vassouras e fortes como troncos de arvores. Qual o motivo?”“ O motivo é, no time Pé-grande, todo mundo é treinado pra jogar em todas as posições,”Wood assentiu, olhando de lado para James. “ Assim não tempos nenhum elo fraco. Nos207outros times, se o Cortador estrela deles ficar de fora por conta de uma lesão ou por umfeitiço bem mandado, o time inteiro sofre a perda. Um time só é tão forte quanto seujogador mais forte, você sabe. Na Casa Pé-grande cada jogador é tão forte quanto os outros.”James franziu a testa enquanto ele lembrava das habilidades de seus colegas. “Quão forteexatamente?”“Bem,” Wood respondeu, pego de surpresa, “forte o suficiente, pelo menos. Bem sólido, se éo que você quer saber. A questão é, se perdermos um membro do time, qualquer outro

membro do time está preparado para assumir seu lugar. Até Mukthatch no gol. HaroldGobbins é quase tão bom quanto ele, e Jazmine Jade tem a força de dois garotos qualquer deseu tamanho, apesar que ela odiaria se alguém soubesse. Francamente, entretanto, eu seriapressionado a achar alguém tão bom quanto você no skrim, meu garoto. Você deixa seuvelho orgulhoso. Até por que aposto que você o derrotaria, de skrim pra vassoura!”Wood bateu cordialmente nos ombros de James enquanto eles andavam e James sorriu como rosto corado. Os dois caminharam em silencio por um tempo, passando por váriosestudantes enquanto eles atravessavam o campus. Finalmente, James encarou o professor.“Então você conheceu meu pai quando ele era uma criança?”Wood riu. “Eu o conheci sim. O ensinei a jogar Quadribol, do mesmo jeito que estouensinando você a jogar o Engate. Roda sobre roda é como isso tudo é, certo? O destino temsenso de humor.”James estava pensativo. “Como ele era quando ele era criança?”Wood olhou para James. “ Ele tinha o seu jeito, eu acho. Mas se parecia mais com seu irmão,entretanto.”“Isso é o que todo mundo diz,” James replicou, balançando sua cabeça.“ E eu também imagino que você estar cansado de ficar ouvindo isso,” Wood concordouseriamente. “Mas na verdade, eu vejo muito mais dele em você, de acordo com o tipo dehomem que você esta se tornando. Ele era um tanto extremo, mas não se pode realmenteculpá-lo, não depois de tudo que ele passou, e com a situação de sua família.”“Os Dursleys,” James suspirou. “ Eu ouvi sobre eles. Um pouco, pelo menos.”“Você nunca os viu?”James balançou a cabeça. “Nem sequer uma vez. O tio do papai, Valter, morreu poucos anosatrás, e papai e mamãe foram ao funeral. Eu ouvi que a Petunia Dursley mal disse umapalavra para qualquer um deles, entretanto seu primo, Duda, foi decente o suficiente. Ele208convidou mamãe e papai para um chá em sua casa após o enterro. Duda agora um adultocom suas próprias crianças. Mamãe disse que seria uma justiça poética se um dos filhos de

Duda fosse uma bruxa ou um bruxo, mas nada desse tipo, aparentemente. Sua esposa é umaboa pessoa, entretanto ela nunca soube de nada sobre mamãe e papai ser magos. Ela achaque são vendedores de seguros ou algo do tipo. Foi o que Duda disse a ela.”“Não deveriam ser tão duros com eles,” Wood disse emocionado. “Já é uma tanto difícil paraos Trouxas lidarem com nós magos. Isso vira o mundo deles de ponta cabeça, se é que vocême entende.”James encolheu os ombros. A medida que eles iam se aproximando da Mansão Apolo, elefalou de novo. “ Mas o que o trouxe aqui, Professor?” ele perguntou. “Aos Estados Unidos,quer dizer. Se não for problema perguntar.”Wood extraiu um profundo suspiro e olhou pra cima, para o céu acinzentado. “Meus pais, naverdade,” ele respondeu ao soltar o ar.James estava curioso. “Mas por que?”Wood olhou para James, ponderando como deveria responder. Depois de um tempo elesuspirou de novo e olhou para outra direção. “É um pouco complicado na verdade, eu acho.Superficialmente, eles acharam que se eles me trouxessem para cá, eu poderia adquirir umbom diploma avançando da graduação da escola, expandir meu aprendizado, e me tornarum professor, como eles sempre quiseram. Mas essa não foi a razão principal da viagem, naverdade.”James esperou, mas Wood não parecia ter algo mais a dizer sobre o assunto. Juntos, eles seaproximaram da Mansão Apolo que parecia um imenso tijolo sob o baixo céu. O ventosoprava fazendo barulho sob a beira do telhado e carregava as folhas mortas. Depois de umtempo, James percebeu que o Professor Wood havia parado de caminhar. Curioso, ele olhoupara trás para ver o homem em pé no meio do caminho estreito, sorrindo muitoligeiramente.“Meus pais estavam com medo,” Wood disse quietamente, abaixando seus olhos paraencontrar os de James. “ Eu acho que é tão simples quanto isso. Você provavelmente nãoentenderia isso, mas era um tempo em que ser um bruxo e uma bruxa era perigoso, atémesmo um Trouxa, entretanto muitos poucos sabiam disso.”

Wood parou de novo e olhou para outro lado, além do campus. Ele mastigou suas palavraspor um momento, e então continuou. “Afinal, era o tempo da volta de Voldemort. Ninguémsabia o que iria acontecer. O Ministério estava sendo tomado pelos Comensais da Morte, eaté mesmo Hogwarts estava sob o controle de Voldemort. Ninguém se sentia seguro.Enquanto ia passando, as linhas de batalha cresciam mais ousadas e definidas.209“Meus pais... eles não eram combatentes. Eles sabiam que o que estava acontecendo eramaligno, mas eles estavam com medo. Eles não sabiam o que fazer. A medida que as coisasficaram piores, eles planejaram fazer a única coisa que eles achavam ser o melhor. Elesplanejaram ir embora, escapar. Eu não queria ir com eles entretanto. Eu queria ficar e lutar.Eles me imploraram para ir com eles, mas eu recusei. Eu era reserva do Puddlemere Unitednaquela época, apesar de tudo, mas ainda mais importante do que isso, eu estavacomprometido a ser parte da resistência junto com seu pai e o resto dos meus antigoscolegas de escola. Quando a Batalha aconteceu, eu estava lá. Eu vi Remo ser cortado porDolohov. Eu me lembro de ver Fred Weasley lutando com um homem selvagem, entretantoeu não vi a explosão que o matou.“Quando tudo acabou, eu estava feliz de ter estado lá e de ter feito minha parte, mas eusentia falta de meus pais. Eu comecei a sentir que eu os tinha abandonado. Assim que eupude, eu os segui até aqui, intencionado a fazer o que eles planejaram originalmente paramim, entrar na universidade e me tornar um professor. Eu os encontrei aqui, mas elespareciam... mais velhos. Esgotados, quase isso. Eles haviam lido sobre a Batalha deHogwarts na imprensa bruxa Americana, mas nenhum dos seus novos amigos aqui entendiaalgo sobre isso. Muito poucos vizinhos comemoraram o fim dos Comensais da Morte. No fimdas contas, nenhum deles esteve lá. Eles não sabiam o que havia realmente acontecido...”Wood parou na medida que sua voz se esvaia, perdida na crescente e fria brisa.James deu um passo para mais perto do professor. “Mas... por que você continuou aqui,

então?”Wood o encarou de novo pensativo. Ele balançou sua cabeça. “Eu não sei realmente. Eu defato fui à universidade, é claro, bem aqui, boa e velha Alma Aleron. Mas quando tinhaterminado, eu simplesmente não podia voltar pra Inglaterra. Meus pais estavam com medode me perder de novo. E o que é mais estranho, é que eu acho que eles estavaenvergonhados do que eu fiz. Eles nunca falaram sobre isso, mas havia uma postura aquinos Estados Unidos, uma postura meio confusa sobre quem estava realmente certo e erradodurante a Batalha. Meus pais começaram a pensar os mesmos tipos de coisas. Elesesqueceram como havia realmente sido. Eles nunca falaram sobre a minha parte na luta, ese alguma vez trazia a tona o assunto, eles me advertiam com os olhos, como se eu houvessedito algum tipo de tabu. Eu fiquei porque...eu queria que eles soubessem a verdade.”James não entendia direito as palavras de Wood o que realmente aconteceu com seus pais.Ele perguntou, “Qual era a verdade?”Wood piscou para ele. “Que o que eu fiz estava certo. Aquela era uma luta que valia a penaser lutada. Que eu fiz a coisa certa”210James concordou com a cabeça vagarosamente. “Eles sabem disso agora?”Wood olhou em outra direção de novo. “Ambos meus pais morreram anos atrás,” ele dissecom suavidade. “Seja lá qual for a verdade que há para saber, eles sabem dela agora, euacho.”James queria perguntar por que Wood ainda escolheu ficar agora que seus pais estavammortos, mas o treinador parecia estar cansado de conversa. Ele sorriu rigidamente paraJames e deu um tapinha nos seus ombros, menos entusiasmado dessa vez. “Vamos, James.Bom treino. Eu devo deixar você descer logo pro refeitório enquanto ainda tem algumjantar.”James concordou e seguiu Wood pela sombra da Mansão Apolo. No fundo, ele achava queele de fato entendia porque o treinador escolheu ficar nos Estados Unidos mesmo agora queseus pais estavam mortos. James não conseguia colocar em palavras ( pelo menos não

facilmente) mas ainda assim a forma disso estava clara o suficiente em sua cabeça. Os paisde Wood podem ter morrido, mas a missão de Wood não. De alguma forma, James entendiaque a questão não era se os pais de Wood acreditaram que ele fez a coisa certo ao ficar elutar na Batalha. A questão era se ele, Oliver Wood, acreditou em si mesmo.No dia da primeira partida da temporada de Engateclava, James, Ralph, e Zane tiveram umaaula de Poções mais cedo. Ela havia sido marcada para ser logo depois do almoço, um poucoantes do horário normal que era uma hora depois, por motivos que não haviam sidoexplicados. O Mestre de Poções de Alma Aleron era muito alto, um homem de pele muitonegra e com um sorriso onipresente que tendia ter um tipo de efeito inquietante nos alunosque sentavam embaixo dele. Seu nome era Fenyeng Baruti e ele era aparentemente da ilhado Haiti. Ele tinha uma voz muito profunda e um leve e hipnótico sotaque francês. O queparecia orgulhoso e arrogante na Tia Fleur, entretanto, soava fuliginoso e profundamentemisterioso no Professor Baruti. James gostara do professor, mesmo que fosse um poucodifícil distinguir se o homem era tecnicamente bom, exatamente.“Isso é só o que você de fato gosta dele,” Rose bufou do Caco de espelho Mágico algumastardes antes, sentada no sofá enfrente a lareira da Grifinória milhares de milhas distantes.“Me parece aqueles tipos de que deixam sua fidelidade em segredo propositalmente, paraevitar ser classificado em qualquer um das divisões óbvias da vida. Pessoas desse tipo nãosão daqueles que se pode confiar quando as coisas chegam a um beco sem saída.”211“Talvez,” Zane concordou do lado americano do Caco de espelho. “Mas eles são muito maislegais do que os caras certinhos. E eles tendem a pegar todas garotas também.” Ele sorriusabiamente no Caco de espelho Mágico.“É verdade,” Ralph concordou com um balançar de cabeça sério. “Baruti pegou a Petra. Ela éa assistente do professor.”Rose estreitou os olhos. “Eu não acho que é exatamente o que ele quis dizer,” ela disse,olhando furtivamente de Zane para Scorpius, que sentava numa cadeira ali perto no lado de

Hogwarts do Caco de espelho.Diferente das aulas de poções em Hogwarts, a versão da Alma Aleron consistia em uma salaclara e arejada na metade do caminho até a Torre de Artes. A sala era delimitado por janelasque levava a uma torta varanda muito enfeitada mas precária. Em dias bons, ProfessorBaruti era conhecido por levar a turma a varanda com seus caldeirões, vasos e pilões emmão, para fazer suas tarefas enquanto se sentava e cruzava as pernas no sol. Isso, segundoele, o lembrava de sua infância no Haiti, quando seu pai e sua mãe o ensinaram a arte demisturar as poções no telhado de sua pequena casa cercada pelo sibilar do vento e do piardos pássaros. A varanda era tão inclinada que se derrubassem um pilão, o mesmo estavapropicio a rolar todo o caminho através do piso torto e cair cem metros até o chão abaixo, oque dava as tardes à luz do sol um certo deslocar excitado. James tinha certeza de quequanto o vento soprava, ele podia sentir a varanda tremer ligeiramente embaixo dele.Hoje, entretanto, um outono rigoroso e uma longa chuva impediu a classe de ir à varanda, eJames estava um tanto feliz por isso. À medida que ele, Ralph, e Zane se aproximavam dasprateleiras para pegarem seus suprimentos, o Professor Baruti entre pela a porta de seuescritório no canto da sala. Petra o seguia, carregando uma pilha de pergaminhos e usandouma grande mochila de couro pendurada sobre seu ombro.“Vocês não irão precisar de caldeirões hoje, alunos,” Baruti anunciou em seu sotaquefuliginoso, sorrindo ainda mais indulgente do que o normal. “Hoje, nós iremos em umapequena jornada para ver o fazer de poções em uma de suas mais puras e mais essenciaisformas. Vocês devem deixar suas mochilas aqui e as pegarão após retornarem, mas sentemseenquanto a Sra. Morganstern entrega suas tarefas escritas. No geral, eu achei os trabalhosde vocês toleráveis, se não sem inspiração. Não é culpa de vocês, entretanto, mas sim do exprofessores de Poções, cuja falta de paixão pelo assunto, é claro, o deixou igualmentetedioso. Isso vai com certeza mudar agora que estão em minha aula.”“Ele provavelmente está certo sobre isso,” Zane sussurrou. “Ano passado, eu estava na

Introdução a Poções do Professor Fugue. Não era só que ele era chato. Ele nos obrigava ausar óculos de proteção até para cortar limões. É muito difícil tirar a diversão de dissecar deuma Acromantula seu saco de veneno, mas ele conseguia.”212Petra passou em frente à mesa deles e colocou o trabalho de James a sua frente. Na nota notopo do pergaminho estava gravado em tinta vermelha: M+. “Levemente melhor do que um‘Monótono -’,” ela explicou calmamente. “Nada mal, considerando que a média da sala éMedíocre Menos. A Isa mandou um oi, a propósito.”James sorriu para ela, mas não conseguia pensar em nada a se dizer. Ela passou por ele,continuando a entregar os trabalhos. Quando ela terminou, Baruti instruiu a turma a seguilopelo corredor. Cochichando curiosamente, os alunos começaram a descer vários andaresna escada espiral da torre de Artes. Pelo caminho, eles passaram pelas aulas de musicas,artes mágicas, e até mesmo uma aula de dança bruxa muito popular pelos alunos Duendesem calças justinhas de malha amarela e rosa. A professora ao piano parou de tocar eencarou impacientemente os alunos de Poções que desciam as escadas no canto de seuestúdio fazendo muito barulho. Um notável e bonito garoto Duende ficou na ponta dos pés,levitando seu parceiro a cima de sua cabeça em uma meia-pirueta durante a pausa damusica.“Então, onde estamos indo?” James perguntou a Zane.“Não sei,” Zane respondeu feliz. “Mas qualquer coisa que nos tire da sala de aula é uma coisaboa no meu livro”Ralph olhou de lado para James quando eles passaram pelo estúdio de dança. “Você estapreocupado com o jogo dessa tarde?”“Na verdade não,” James disse, com a voz traindo sua própria surpresa. “Talvez eu fiquenervoso depois, mas agora, eu só estou ansioso por isso. Tenho praticado quase a semanatoda. Estou pronto para finalmente ver uma partida em ação.”“Estarei torcendo por você dessa vez,” Zane disse estimulantemente. “Você está apenasjogando contra os Igors. Na próxima semana vai ser contra a casa dos Zumbis, entretanto.Eu vou ter de por o amarelo e preto por isso. Sem ressentimentos.”

“Em que posição você joga, então?” Ralph curioso perguntou a Zane, mas o garoto loiro riu ebalançou sua cabeça.“Eu sou um ordinário na arquibancada de primeira-linha,” ele replicou. “Vocês não acharamrealmente que eu estava no time Engate Zumbi , acharam?”Ralph e James estavam surpresos. “Sim?” James respondeu, piscando.Zane riu de novo. “Vocês me lisonjeiam, os dois. Nunca consegui me sustentar em umaSkrim. Me chame de purista, mas quando estou a cem pés do chão, eu quero ambas asminhas duas mãos em torno de algo solido. Vocês surfistas de ar são totalmente malucos, sequerem saber. Eu joguei pelo time de Quadribol e de Malhaporco, mas ninguém se importa213sobre eles de verdade. Foi mais por diversão, não que não tentamos matar uns aos outrosfora do campo. A verdadeira rivalidade por aqui em Aleron está no Engate.”À medida que a turma chegava ao sala principal da Torre de Artes com a margem curva deportas de vidro manchadas, o Professor Baruti parou e esperou os alunos se reunirem.Murmurando para si mesmo, ele enfiou a mão no bolso de suas coloridas e complicadavestes. Quando ele retirou sua mão, ele estava segurando um pequeno envelope.“Senhorita Worrel,” ele balançou a cabeça para uma garota na frente. “Talvez estejadisposta a fazer as honras. Eu mesmo faria, mas ai de mim, mas isso só funciona com osopro de uma jovem dama. Várias poções em pó são complicadas desse jeito.”Emily Worrel, uma garota magra da Igor com óculos muito grossos e cabelo castanho, deuum passo à frente. “O que eu preciso fazer?” ela perguntou timidamente.“Quando eu der o sinal,” Baruti disse gravemente, com o dedo levantado, “sopre o mais forteque puder, como se estivesse soprando as velas de seu bolo de aniversário. Pode fazerisso?”Emily encolheu os ombros e deu uma olhada em volta, nervosa. “Acho que sim.”Baruti sorriu de novo. Hábilmente, ele levantou o envelope e derramou um pó fino e brancona palma de sua mão direita. Segurando cuidadosamente, ele empurrou um das portas de

vidro manchado que estava aberta, deixando entrar o som da chuva que batia nos degrausdo lado de fora. Mantendo a porta aberta, ele piscou para a garota da casa Igor.“Agora, senhorita Worrel.”A garota pegou folego, se inclinou pra frente, e soprou o mais forte que podia. A poção empó rodou com um redomoinho pra fora da mão de Baruti e voou através da porta, formandoturbilhões complicados no ar úmido. Quando se fundiu na chuva, entretando, o pó mudou.Ele soltou faíscas e brilhou fracamente, se espalhando, mas não diminuindo, formando umtipo de cúpula de luz, levemente cercada de alguns arco-iris.“ Um coisa à toa,” Baruti admitiu com um sorriso, “mas bem útil. Pó de trovão misturadocom uma pitada de pó de ouro de leprechauns. Você mesmos podem mistura-los, usando asinstruções da página 51 de seus livros.” Ele deu uma passo pra fora, pra debaixo no fracobrilho movél e olhou pra cima. Nenhuma gota de chuva caiu em cima dele, mesmo com aforte tempestade. Um momento depois ele olhou de volta para os alunos reunidos dentro dasala. “Venham, venham!” ele os brandiu para que fosse pra frente com um sorriso em suavoz.Zane encolheu os ombros. “O professor Fugue nunca fez aquilo,” ele anunciou cordialmente,e depois saiu para chuva. James e Ralph o seguiu, logo a classe inteira estava espalhada pelo214campus molhado, completamente secos, apesar da chuva. Alguns alunos mais velhos,atrasados para suas próprias aulas, passaram com suas mochilas sobre suas cabeças, seuspés fazendo tristes splashes no caminho. Baruti caminhou serenamente, murmurando pra simesmo de novo, enquanto o brilho cheio de arco-íris o seguia em cima de sua cabeça,,absorvendo a chuva com um pouco de chiar de espuma. A classe balbuciava feliz e em voltade Emily Worrel, que sorriu timidamente e encolhia os ombros.“Eu não sabia que tinha isso em mim,” James a ouviu dizer.James se encontrou a deriva da parte de trás do grupo, onde Petra caminhava sozinha, suamochila de couro ainda pendurada sobre seu ombro. Ela carregava um grande livro pretosob seu braço direito.“Você sabe aonde estamos indo?” ele a perguntou.

Ela balançou a cabeça. “O professor Baruti nunca discute sobre suas aulas antecipadamente.Ele mal segue algum programa de aula. Ele não disse, e eu nunca sei o que ele vai ensinar nopróximo dia. Ele só foi arrumar essa aula ontem a noite.”James balançou a cabeça, pensando no anuncio sobre a aula, feito durante o café da manhadaquele mesmo dia. “E como é trabalhar com ele?” ele perguntou. “Você está gostando deser uma assistente de professor?”“Para o professor Baruti sim, estou,” Petra balançou a cabeça. “Ele é incomum, mas sabe dascoisas, e está mais do que disposto a me ensinar. Poções nunca foi meu forte, sabe. Outrasmágicas... bem, meio que veio naturalmente, então foi fácil depender só dela. Agora,entretanto, estou começando a entender quão valioso é o fazer de poções.”“O professor está te ensinando?” James perguntou, olhando de lado para ela. “Tipo, fora dohorário de aula?”Petra balançou a cabeça. “Eles está me ensinando um monte de coisa, não só poções.”James sentiu uma agitação de ciúmes. Ele sabia que aquilo era completamente inútil, masisso não fez com que o sentimento passasse. “O quê mais ele está te ensinando?”Petra sorriu torto para ele, como se estivesse relutante a admitir. “Bem, ele está meensinando Francês.”“Françês?” James piscou, surpreso. “Você quer dizer, o idioma?”“É claro, bobinho!” Petra riu. “É sua língua nativa. Eu mesma sempre quis aprender. É umalíngua muito bonita e... eu não sei. Eu sempre achei que seria elegante aprende-la. Pode serútil algum dia. Você nunca achou que pode ser útil aprender alguma outra língua?”215“Er, sim, claro,” James mentiu, olhando em volta e passando a mão em seus cabelos.Petra suspirou e avaliou o peso do livro que carregava sob seu braço. “Ele tem lido isso paramim. É em Francês, mas já que eu sou familiarizada com a maioria das histórias, torna-sebem mais fácil de entender. Ele diz que foi como ele aprendeu o Ingles, quando ainda era sóuma jovem rapaz.”“O que é isso?” James perguntou, olhando para o imenso livro de capa de couro.

“É uma Bíblia,” Petra respondeu, abaixando sua voz. “Les Saintes Écritures. Quando era bempequena, minha avó lia para mim de sua grande Bíblia da família. Eu me lembro dashistórias até mesmo melhor do que das histórias de dormir que meu avô Warren mecontava a noite. De alguma forma, as histórias da vovó eram ainda mais mágicas. Jonas e abaleia, Daniel na cova dos leões, até mesmo Adão e Eva no Jardim do Éden. Ou jardind’Éden, como é chamado em Françês.”James balançou a cabeça. “Minha tia Fleur fala Francês,” ele disse, sem saber o que maisdizer. “E também meu tio Gui agora. Ele meio que teve que aprender, para poder entender oque Fleur e Victoire ficavam dizendo às suas costas.”Petra colocou o grande livro debaixo do braço de novo a medida que passavam em frente asala de arquivos. James olho de lado e viu que ainda havia alguns guardas, estudantes maisvelhos dos Lobisomens em capas de chuvas, e capeis de três lados, posicionados em volta daentrada. Eles estavam lá desde o ataque à Cúpula dos Destinos, entretanto James nãoconseguia imaginar o que eles estavam protegendo, considerando o que já havia sido feito.Havia o rumor de que zelador da sala de Arquivos, Sr. Henredon, havia sido transferido parauma ala secreta do campus da escola médica, onde ele ainda estava congelado apesar dosmaiores esforços dos Curandeiros. James olhou de volta para Petra, curioso para saber oque ela achava dos guardas da sala de Arquivos, mas ela não estava olhando para eles.Depois de um tempo, com uma voz muito baixa, James perguntou, “Petra, você ainda estátendo sonhos?”Petra piscou e o olhou de lado. Pensativa, ela respondeu, “Eu estou tendo sonhos diferentesagora.”James franziu a testa. “Não é o sonho que você escreveu sobre?”“Não,” ela disse de forma simples.James caminhou por um momento. A sua frente, Professor Baruti parecia estar conduzindoa turma pela ruína da mansão de Robert, em volta do Salgueiro Torto bem no fim docampus. James olhou de lado para Petra de novo. “Há algum castelo em seu sonho?” ele216

perguntou, sua voz era quase um sussurro. “Um grande castelo negro? Saindo de umpenhasco?”Petra olhou bruscamente para James, franzindo sua testa. “Como você sabe disso?”James balançou sua cabeça, sem saber o que responder. “Eu... acho que eu vi... parte dele.Acidentalmente. Quando eu toquei na história do seu sonho.” Ele parou e recolheu seuspensamentos por um momento antes de continuar. “Eu acho que ainda estamos...conectados, de alguma forma. Você se lembra daquela linha cinza que apareceu quandovocê caiu da parte detrás do Gwyndewere?”Petra apertou os olhos. “Sim,” ela respondeu em voz baixa.James engoliu em seco. “Bem, eu acho que ainda está lá, mas invisível. Eu não sei de ondeisso veio, ou o porquê, mas é... poderoso. É como se eu tivesse aberto algo maior do que eu,de alguma forma, mas eu não sei o que. E agora... isso não vai embora.”“Eu a sinto,” ela sussurrou, sisuda. “Mas não sabia que você também podia.”“Eu não sentia,” ele replicou. “Pelo menos não até eu roçar na história do seu sonho nofundo da minha mochila de viagem. Foi só uma rápida visão, mas eu vi algo tipo umgigantesco e feio castelo, todo negro e pontudo. Estava situado numa espécie de penhasco,saindo bem da borda, quase como se estivesse segurando o penhasco, e não o contrário. Eusó pude compreender isso porque era muito forte... muito, meio que, pesado. É isso que estános seus sonhos?”Petra ainda estava estudando James enquanto ela caminhava, com os olhos apertados.Finalmente, ela tomou um longo fôlego. “É só um sonho,” ela respondeu, retornando seuolhar aos alunos que seguiam a sua frente. “Não como era antes. Não como eu escrevi. Odiretor Merlin me disse para esquecer, e foi o que eu fiz. Eu não tenho o sonho sobre a noiteno lago mais, onde a Isa morreu. Eu não tenho tido aquele sonho desde o ataque à sala deArquivos, na verdade. É como se algo tivesse quebrado o feitiço, ou mudado. Esse sonho... euposso agüentar.”James assistia Petra enquanto ela falava. Sua voz era calma, mas havia algo debaixo de suaspalavras, algo cauteloso e secreto.

“Petra?” ele perguntou quase em um sussurro. “Era você aquela noite? Quando a Cúpula dosDestinos foi atacada? Vocês estaria... talvez... sonâmbula?““Eu estava em meu quarto a noite inteira,” ela respondeu de forma suave. “Isa estavacomigo. Nós estávamos dormindo. Exatamente como eu disse a Merlin.”“Mas...” James parou e balançou a cabeça. “Eu poderia jurar que era você. Você olhou paramim. E havia uma outra mulher... alguém que eu acho que reconheci do trem...”217A voz de Petra estava estranhamente monótona. “Estava escuro, James. Seus olhosprovavelmente estavam pregando peças em você.”“talvez,” James concordou fracamente. “Mas... quem você acha que era, então?” Vocêrealmente acha que foram aqueles malucos dos W.U.L.F. ?”Petra levantou uma sobrancelha ligeiramente, e então o olhou de lado, com um sorriso tortono canto de sua boca. Ignorando seu pergunta, ela disse, “Você sabia que esse livro conta ahistória do começo do mundo mágico?” Ela mais uma vez avaliou o peso do livro em suasmãos.James olhou para a Bíblia de capa de couro. “Ele conta?”“Sim, ele conta. A Bíblia diz que quando Deus criou as pessoas, seres celestiais descerampara a terra e se apaixonaram por mulheres humanas. Eles as tomaram como esposas, equando elas deram à luz às crianças, elas eram diferentes dos outros bebes. Algunscresceram e se tornaram gigantes. Outros tinham poderes especiais. Eles eram chamados deNefilins. Foi ai que tudo começou.” Ela deu uma batidinha no grande livro.“Wow,” James comentou. “Eu nuca ouvi essa história.”“Está bem aqui, no livro de Genesis, claro como o dia. Mas você sabe o que mais está emGenesis? A história do jardin d’Éden. Você sabe a história de Adão e Eva, James?” ela seemparelhou a ele.“Mais ou menos,” ele respondeu. “Eles foram as primeiras pessoas que Deus criou, certo?”Ela balançou a cabeça. “Deus os fez e os colocou em um jardim perfeito. Eles tinham tudoque precisavam, e havia apenas uma regra. Eles não deveriam comer de uma única eespecial árvore.”“Eu me lembro,” James disse, relembrando os tempos em que sua própria Vovó Weasley o

havia contado historinhas da Bíblia enquanto criança. “A Árvore do Conhecimento. Certo?”“Certo,” Petra replicou calmamente. “A Árvore do Conhecimento.” Ela ficou em silencio porum longo momento, pensando.“Mas,” James prosseguiu, “eles não escutaram, se me lembro.”“Não,” Petra concordou, sua voz ainda suave, distante. “Eles não escutaram. Eva comeu afruta, e então deu para Adão. Eu tenho pensado muito naquilo ultimamente. Havia apenasuma coisa que eles não deveriam fazer, e ela fez de qualquer jeito. Ela fez pelos dois, e nadatem sido o mesmo desde então.”218James sentiu um acalmar gelado sobre ele. Ele assistiu para Petra, esperando ela continuar.Quando viu que ela não iria, ele perguntou, “Então... por que você acha que Eva fez isso?”Petra suspirou de novo e olhou para o céu acinzentado, além do reflexo fraco dos arco-írisque continuavam a deslocar sobre suas cabeças. “Ela o fez porque ela acreditou em seucoração que era a escolha certa. Não apenas para ela, mas para todo mundo. É por isso queela comeu a fruta, e porque ela a deu para seu marido, e o resto de nós através das geraçõesque se seguiram. Ela não era má. Ela só era... desinformada. Ela estava fazendo que elasentiu ser melhor.”James balançou sua cabeça. “E o que isso tudo significa para nós?”Petra colocou o livro debaixo de seu braço de novo e o tocou nos ombros do garoto. “Issosignifica que não podemos confiar no que sentimos, James. Nós não podemos confiarsempre em nossos corações. Às vezes, por mais difícil que seja... o coração é um mentiroso.”James estava prestes a perguntar a Petra o que aquilo tinha a ver com o sonho que elaestava tendo, o que ele teve o deslumbre quando acidentalmente tocou na história de seusonho, mas naquele momento, a voz do Professor Baruti atravessou a chuva, interrompendoseus pensamentos.“Todos se reúnam embaixo da Árvore,” ele disse, gesticulando para o Salgueiro Torto. “Seestreitem, embaixo dos galhos. Finjam que são uma grande e feliz família, indo a umaspequenas férias. É desse jeito.”“Onde estamos indo Professor?” Norrick perguntou, amontoado atrás de Emily Worrel.

“Não precisamos de permissões para esse tipo de coisa?”“Não iremos longe, não iremos longe,” Baruti respondeu, entrando debaixo dos galhos. “Apolítica da escola consta que permissões dos pais devem ser adquiridas para viagens demais de 20 milhas. Nós, entretanto, mal deixaremos o campus. Espere e verá, espere e verá.”James se comprimiu embaixo da sombra da árvore, se movendo ao lado de Ralph e Zane.Quando ele se virou, ele se encontrou cara a cara com Petra. A essa proximidade, ele notouque tinham quase a mesma altura. Ela sorriu para ele, tirou um cacho de cabelo de seurosto, e então se virou para olhar o campus.Ainda murmurando, Professor Baruti deu de ombros ao grosso tronco retorcido doSalgueiro Torto. Ali, ele pegou um pequeno pedaço de um pergaminho e uma pena de suasveste. Vesgo, ele espiou o céu, checou a posição do sol, e então escreveu algo nopergaminho. Finalmente, ele levantou o pergaminho entre seu dedão e seu dedo indicadore, em uma melodia cadenciada, e voz de cantoria, disse, “Salgueiro Torto, nos dê asas apartir desse momento, dia ou ano ou nenhum ou todos, nos leve desse tempo presente, nós219que somos passageiros.” Quando ele terminou, Baruti virou e, quase casualmente, jogou opergaminho dentro de um buraco no tronco do Salgueiro.No momento após a chegada de James, a Árvore começou a se mexer sutilmente sobre suascabeças, como se uma brisa de outro mundo a estivesse empurrando. Os galhos comochicote sussurraram e a luz começou a mudar no céu acima.“Olhe,” Zane disse de repente, apontando pra trás do ombro de Ralph. “A chuva! Está caindopara cima!”Na frente de James, Petra engasgou, e então sorriu satisfeita. Com toda certeza, por todo ocinzento campus, gotas de chuvas pareciam pular do chão, para o céu como se fossem sejuntar as nuvens novamente. Acima de suas cabeças, a Árvore sussurrava e se mexia, e achuva ao contrário aumentava rapidamente, se tornando um borrão. Em segundos, Jamessentiu o movimento das nuvens, e então o do sol que estava atrás das nuvens enquanto queele retornava para o amanhecer. A escuridão tomou conta do campus à medida que o tempo

começou a andar para trás fora da cobertura feita pela Árvore.“Eu nunca me canso disso,” Zane comentou sem fôlego. Próximo a ele, James concordou coma cabeça.Petra permaneceu diretamente em frente a James, olhando para fora enquanto dias e mesescomeçaram a andar para o passado. Sua cabeça se movia ligeiramente enquanto ela assistiao sol se tornar uma camada dourada e as folhar retornarem as árvores, ficando verdes esuculentas. Estações se passaram e ela suspirou profundamente. James a observavaenquanto ela olhava a paisagem. Ela estava tão perto dele, e ainda de costas para ele. Estátudo bem entretanto. Sem nem mesmo pensar, ele levantou a mão e quase passou seusdedos em uma negra mecha de cabelo. Mas ao invés disso, ele abaixou a mão para seuombro e a deixou, como se fosse apenas para apoio ou um gesto de familiaridade. Bem deleve, ela inclinou contra a sua , e ele ficou feliz.O tempo voou além dos galhos da Árvore e finalmente começou a dar voltas através deestações, e então semanas, e então finalmente dias. O sol desacelerou o seu arco e seescondeu mais um vez em um céu antigo e cheio de nuvens. Uma brisa quente soprou sobreo toldo do Salgueiro Torto, trazendo um aroma de grama selvagem e, inesperadamente,esterco. Com uma espécie de um profundo suspiro, a Árvore ficou imóvel e o ProfessorBaruti bateu suas mãos.“Desse modo, então, alunos,” ele exclamou. “nós só temos apenas uma hora e meia antes deretornamos, então vamos usar esse tempo sabiamente. Boa tarde, Sr. Flintlock.”Petra saiu para a luz do sol e James a seguiu, piscando no repentino calor. O campus daUniversidade Alma Aleron tinha sumido, tomado por um pequeno quintal cercado por um220muro de pedra coberto de grama. Seja lá o tempo em que eles estavam, pareciam estar nomeio de um verão sufocante. Por todo lado, alunos começaram a retirar seus blazers esuéteres e a se ventilarem no ar imóvel. James podia vagamente ouvir de longe, um baixoestrondo.“O que é aquilo?” Zane perguntou zombeteiro, tentando enxergar em volta e se ventilando

com sua gravata. “Tráfego?”“Um avião?” Ralph sugeriu, olhando pra cima no intocável céu azul.“Bom dia, Professor Baruti,” Flintock o troll disse em sua vagarosa e grave voz destrancandoos cadeados do portão. As plantas em volta do portão estavam ainda mais grossas agora doque quando James a tinha visto pela primeira vez. A agitação de folhas e videiras turvoucompletamente a visão de além do portão. “Indo visitar a Senhoria Amadahy, eu presumo?”“Você está certo, meu amigo do coração de pedra,” Baruti respondeu jovialmente.Flintock sorriu, tirando o cadeado enquanto Baruti se voltava para os alunos.“Atenção, turma,” ele anunciou. “Hoje, vocês deverão aprender mais sobre a arte avançadade fazer poções do que qualquer livro poderá ensiná-los através do resto de semestre.Estamos prestes a visitar a comunidade que tem produzido elixires mágicos por centenasde anos e ainda o faz hoje da mesma maneiras que seus antepassados faziam umaeternidade atrás.” Nesse momento, Baruti parou e sorriu para si mesmo. “É claro, que euquero dizer hoje com o sentido puramente retórico.”“Quando exatamente nós estamos, Professo?” Norrick bradou, esfregando sua testa com suamanga. “Desde quando fazedores de poções moram na Filadélfia dos Trouxas?”Baruti levantou um dedo no ar, como se dissesse espere e verá. Então ele se virou para otroll. “Abra o portão, s’il vou plaît, se puder, Sr. Flintlock.”Com uma imensa mão de pedra, Flintlock apertou o portão e então o puxou. Houve um somcontinuo de rasgo enquanto anos de videiras e arbustos eram despedaçados, metade damassa verde dentro do portão enquanto Flintlock o abria. James esperava ver a ruaresidencial da Filadélfia do outro lado do portão, mas assim como o campus daUniversidade Alma Aleron, a rua parecia ter sumido. No seu lugar estava uma vasta econtínua pradaria, cheia de árvores e campos floridos com um gramado alto e silencioso.Uma multidão de vultos marrons pareciam estar nadando através da grama bem ao longe.“Não pode ser,” Zane disse com um imenso sorriso espalhado pelo seu rosto. Junto com oresto da turma, os três garotos se apertaram pelo portão, ansiosos parar ver a vista inteira

além daquilo. Quando James passou pelo portão, ele se encontrou parado no alto de umabaixa colina que dava pra ver milhas de vale ensolarado. O rio brilhava ao longe,221serpenteando pelo horizonte. James agora reconhecia os vultos marrons na grama, erambúfalos. Uma enorme manada deles seguiam as curvas do rio, agitando suas grandescabeças cabeludas e fazendo uma nuvem de poeira que pairava em volta da manada.“Bem,” James disse, cutucando Zane, ”você disse que achava que barulho estrondoso eratráfego. Você foi longe.”“Incrível!” Ralph disse de repente, se virando. Ambos James e Zane seguiram seu olhar. Alimais perto, espalhado pela base da colina onde ficava o portão da Alma Aleron, estava umaabundante vila Nativa Americana. Centenas de tentas cônicas de couro de búfalo coloridofincadas no chão, cada uma pintada com símbolos e formas. Vestígios de fumaças brancassubiam para o céu de dúzias de pequenas fogueiras, a maioria guardada por homens de peleescura com o peito nu e cabelos negros, longos e trançados elegantemente. Crianças emulheres faziam farinhas através do campo e também estirando peles de búfalos,misturando grãos em tigelas de madeira, ou simplesmente sentados de pernas cruzadas emvolta das fogueiras, conduzindo seus conselhos. Uma mulher estava subindo a colina parade encontrar com a classe, seu negro cabelo desgrenhado brilhando no sol, sua curta túnicade camurça açoitavam sua pernas fortes.“Bom dia para você, Ayasha.” Baruti gritou para ela, acenando.“Realmente é,” a mulher respondeu. “Vejo que você recebeu meu recado sobre a aula dehoje.”Baruti concordou e estendeu as mãos. “Apenas ontem à noite. As pinturas rupestres ficamdifíceis de ler depois de tantos séculos.”“Que bom que tenha conseguido. A Raiz-fantasma está madura e pronta para colheita.Venha, os potes já estão fervendo em espera.”“Professor,” uma garota dos Vampiros gritou de perto do portão. “Ela é uma... ? Eles são... ?”“Bem vinda a Filadélfia,” Professor Baruti anunciou para todos, se virando para a classe e

sorrindo, “antes de ser a Filadélfia. Essa é a Shackamaxon, a maior reserva Indígenaimpossível de se mapear e extra-temporal da América do Norte.”Próximo a James, Ralph deixou escapar um longo e baixo assovio. “Wow,” ele disse devagar,com a voz preenchida de admiração. “Rose Weasley vai ficar tão brava.”222Capítulo 12JOGO MÁGICONaquela noite, no Salão Principal todos falavam sobre a antecipação do jogo de Engateclava. Jamesestava na fila com sua bandeja, olhou para as mesas e viu que a maior parte dos estudantes estavavestindo um suéter ou cachecol tendo as suas cores de casa, alguns estavam até com as caraspintadas. Mais visível ainda era o verde ácido dos Igors e a laranja e azul dos Pés Grande. Para asurpresa de James os Igors foram considerados como a equipe mais forte, então, a maioria dasoutras casas tinha vestido azul e laranja para torcer pelos Pés Grande, pois eles acreditavam navitória certa quando chegasse o momento.Alguns veteranos transfiguraram a cafeteria num espaço para a preparação dos jogadores para apartida da noite, mostrando que os alunos de Alma Aleron estavam levando o esporte muito a sério.Percebendo isso, James estava agitado e nervoso. Ele comeu um pouco e correu de volta para aMansão Apollo para pegar o suéter e os óculos.Ele odiava usar os óculos de armação preta, mas naquela noite os óculos seriam essenciais para queele pudesse ver a distancia enquanto navega na figura oito. Uma coisa que ele havia aprendido nasaulas práticas sobre a velocidade skrim é que as coisas que estavam muito longe podem chegarperto rapidamente. Isso foi especialmente verdadeiro quando ele viu dois jogadores vindo dedireções opostas passarem em velocidade relâmpago.A Mansão Apollo estava completamente deserta e quando James deixou o prédio e ouviu a portabater atrás dele, sentiu um momento de pânico. Ele estava atrasado? Será que o jogo já havia223começado? Ele olhou para a torre do relógio e suspirou em alívio. Ainda faltavam 30 minutos. Aomesmo tempo nervoso e animado, ele correu pelos terrenos dirigindo-se ao campo e ouvindo orugido da multidão que aumentava a cada instante.Tinha parado de chover, mas era uma noite escura e estava ventando um pouco. Os terrenosestavam estranhamente quietos. Quando James virou e viu uma fileira de professores, ele parousurpreso ao ver o estádio Pepperpock Down.

Os parapeitos do campo brilhavam coloridos contra o céu roxo, quase transbordando com um marde estudantes, acenando bandeiras, e no alto bandeiras esvoaçando. James engoliu em seco. No queele tinha se metido? Mas se ele tinha jogado no time de Quadribol da Grifinória, ele poderia estarpreparado para isso. Agora, a visão de todos aqueles rostos ansiosos, aquelas bandeiras feitas à mão,sinais, e a agitação dos pom-pons, encheram James com uma espécie de terror de chumbo. Estavamtodos esperando para vê-lo andar no skrim, para vê-lo marcar gols, e sempre havia a possibilidadede ele falhar miseravelmente e talvez até mesmo se meter em algum desastre. Era como a primeiravez que tentou entrar no time de Quadribol da Grifinória, mas desta vez com a escola inteiraassistindo. E se ele não conseguisse desta vez, como tinha acontecido durante seu primeiro ano emHogwarts?Engoliu o passado com um nó garganta. Ouviu a multidão cantando e pensou em abandonar tudo.Ele poderia correr de volta para a Mansão Apollo e fingir estar doente. Seria fácil. A verdade era queele se sentiu bastante doente só olhando para os parapeitos iluminados e os rostos animados datorcida.Ele pensou em sua mãe e seu pai. Não importando o que acontecesse hoje à noite, Harry e Gina iriamse orgulhar dele. Especialmente Harry, que tinha sido o mais jovem apanhador da história deHogwarts. Mesmo que James só conseguisse ficar em seu skrim durante todo o jogo, Harry Potter,seu pai, ficaria orgulhoso dele. Pensando nisso, James respirou fundo, sentindo como se estivessecaminhando para sua própria condenação, cortou em direção ao brilho do estádio. Menos de umminuto depois, ele foi engolido no estrondo e dinâmica do evento e não havia como voltar atrás.Depois disso, quase tudo era um borrão."Eu pensei que você estivesse com medo da coisa toda", disse Zane a James durante a reunião naporta na base do pórtico designado para os Pés Grandes. "Eu estava preparado para encontrá-loescondido debaixo de sua cama no dormitório. Ralf e eu estávamos prontos para entrar e arrastá-loaqui”."Eu te disse hoje que eu não estava nervoso", James protestou fracamente.O resto do time se arrumava, colocava os cintos e suas luvas de couro no punho e almofadas nosombros, cuspindo em seus óculos e limpando-os com as caudas de seus uniformes.224Ralf respondeu em voz alta, seguindo James para a luz e ruído do campo. "Quando você deixou amesa do café, você parecia muito aborrecido."

Zane acenou com a cabeça sério. "É normal. Engateclava é um esporte brutal. No ano passado, Pixies,o melhor Cortador foi batido fora de sua skrim com 12 segundos do primeiro jogo! Ele foi atingidotão duro que suas botas foram parar com o locutor. Então, ninguém pode culpá-lo por estarpreocupado.”"Não está ajudando, Zane!" James comentou, sentando em um banco e colocando sua caneleira."Eu sei", respondeu Zane, ao lado de James no banco. "É por isso que eu queria lhe contar uma idéiaque eu tive hoje cedo. Para por sua cabeça no lugar. ""Ele já me contou sobre a ideia," Ralf concordou. "É ... interessante."Do outro lado da sala, Olivio Wood disse, "Usem óculos hoje à noite, todos! O vento está feroz e nósnão queremos que ninguém fique cego pela neblina. Eu vou realizar encantos Impervius nas lentesuma vez que chegarmos todos na plataforma. Vamos fazer algumas voltas por cinco minutos! "Ele sevirou e subiu os degraus seguido por vários membros da equipe, que começou a cantar o hino dosPés Grande em voz rouca."Diga", disse James, calçando botas. "Qual é a sua idéia?""Tudo bem", Zane disse, inclinando-se para trás e estudando o teto baixo. "No ano passado, Jacksondeu aulas de Tecnomancia dois-zero-dois, que é a classe intermediária entre Introdução àTecnomancia e Tecnomancia Avançada, que temos este ano.""Diga algo que faça sentido," Ralf pediu."Calma Ralfidilo. Tudo bem, então no ano passado, Jackson contou que existem cachos de outrasdimensões, todos embalados em conjunto próximo com a nossa dimensão, como camadas de umbolo gigante. O ataque ao Cofre dos Destinos me fez pensar sobre isso, porque, aparentemente, anossa realidade foi trocada com uma dimensão de algun vizinho, que é muito parecida com a nossa,mas não exatamente igual.""O que isso tem a ver com Engateclava?" James perguntou, vendo Ralf dar de ombros."Nada", Zane disse, sorrindo. "Esse é o ponto! Agora preste atenção. Voltando à Tecnomancia doiszero-dois, Jackson falou sobre a teoria de uma coisa chamada Cortina de Nexus. Ele disse que,teoricamente, cada dimensão tem um portão em uma espécie de meio mundo, onde todas asdimensões se interligam e mantem-se juntas. Como o jeito que os raios de uma roda se reúnem nocentro. Esse lugar do meio é chamado de Mundo Entre os Mundos. Segundo a teoria, a Cortina deNexus só pode ser encontrada e aberta por alguém que tem uma chave especial: algo de uma dessasdimensões alternativas. Esses tipos de coisas são extremamente difíceis de obter, no entanto, é por

isso que a Cortina de Nexus é em grande parte apenas uma teoria e uma lenda até agora.""Interessante." James interrompeu dando um salto, "Eu simplesmente não vejo o ponto. Por quealguém iria querer ir para outra dimensão? E como isso vai me ajudar a sobreviver a esta partida deEngateclava no escuro durante uma ventania? Onde está o meu skrim? "Ele perguntou nervoso.225"Bem aqui", Ralf disse entregando a James o skrim azul com chamas pintadas."Três minutos, Potter!" Norrick disse subindo os degraus de madeira."Aqui está o ponto", disse Zane às pressas, para encerrar o assunto e James poder seguir em direçãoaos degraus. "De acordo com Jackson, alguém encontrou e abriu a cortina Nexus uma vez, alguémdesta escola, embora tenha sido há muito tempo. Seu nome era Professor Magnussen e eleaparentemente passou e nunca mais voltou. "James puxou os óculos que usaria no jogo por conta da neblina de cima da cabeça e colocoudesajeitadamente por cima dos óculos normais. "Fascinante", disse ele. "Bom para ele. Queria estarlá com ele agora. "Zane revirou os olhos. "Você não está prestando atenção!", Disse ele, dando um soco no ombro deJames. "Quem atacou o Cofre dos Destinos roubou um fio de tear de outra dimensão! Você não vê?Ele poderia ser usado para abrir a cortina de Nexus!"James parou nas escadas e olhou para Zane por cima do ombro, com o cenho franzido. "Então, quemquer que fosse... essa pessoa poderia ter usado o fio que faltava como uma chave e seguiu este tal deProfessor Magnussen para... onde quer que ele tenha ido? Essa pessoa poderia estar... escondida?".Zane assentiu. "E se alguém não roubou, então, o que mais poderia explicar como o fio vermelhodesapareceu sem deixar qualquer rastro! Ninguém foi capaz de rastreá-lo ou até mesmo sentir omenor indício da sua presença desde a noite que o Cofre foi atacado. Essa loucura mágica não faznenhum sentido, a menos que a pessoa que roubou o fio tenha fugido para outro mundo! E se é issoque ela fez, então ninguém jamais vai encontrá-lo, porque ninguém mais tem qualquer forma depassar da Cortina de Nexus! Ninguém, exceto a gente! ""Zane tem uma idéia!" Ralf disse, sorrindo torto.James olhou de um menino para o outro. "Vocês dois são completamente idiotas", disse ele. "Do quevocê está falando?", perguntou a Zane."Aventura!" Zane disse alegremente. "Honra, Malícia e, e outras coisas realmente selvagens! E,talvez, salvar o universo, enquanto estamos aqui!""Você não pode estar falando sério!" James disse balançando a cabeça. "Minha mãe tinha razão!

Vocês dois estão sofrem de mania de grandeza! Meu pai, e seu pai, Ralph, e Merlin e todo o resto dosmelhores bruxos e bruxas de dois países estão trabalhando nesse mistério, e vocês dois pensam queeles precisam de um trio de garotos de escola se metendo? ".Zane deu de ombros. "Não seria a primeira vez", ele respondeu."Se você lembra", disse James impacientemente, "nós três falhamos muitas vezes! Nós deveríamosevitar retorno de Merlin durante a Travessia dos Titãs, e em vez disso, caímos na armadilha deMadame Delacroix! Nós apenas tivemos sorte porque Merlin acabou sendo bom! Mais ou menos. Omundo provavelmente seria muito melhor se tivéssemos deixado tudo ocorrer sozinho! "Ralf olhou pensativo, mas Zane foi irredutível. "Pelo menos funcionou, não é?""O que funcionou?" James perguntou, exasperado.226Zane sorriu. "Você não está mais preocupado com o Engateclava. Agora vai! Você vai se sair bem."James revirou os olhos, virou-se e subiu correndo os degraus, seguindo o último de seuscompanheiros de equipe.O resto da noite passou tão rapidamente, que James mal percebeu. Suas lembranças mais clarasforam as dele em pé na escuridão da plataforma, olhando para as arquibancadas iluminadas e deouvir o rugido da multidão reunida. Bandeiras tremulavam no vento e uma chuva fina começou acair novamente, tornando a plataforma brilhante como se estivesse revestida com óleo."Pra cima equipe," Wood gritou por cima do vento úmido. "É o primeiro jogo da temporada, por issovamos ter calma lá fora. Eu quero ver um jogo sólido, como temos praticado. Comecem com aformação de engolir, Intimidadores na frente. Mukthatch, você vai começar como Defensor, masesteja preparado para trocar com Gobbins. Entendeu? "A equipe grunhiu em entendimento. Ao lado de James, o Pé Grande Mukthatch acenou com a cabeçadesgrenhada e latiu em acordo. Wood olhou para os rostos reunidos, sua expressão era tensa, edepois estendeu a mão direita com a palma para baixo. Como um só, o resto da equipe empilhou asmãos em cima dele, Mukthatch foi o ultimo com seus dedos tão grandes como bananas."VAAaaiii PÉ!" A equipe gritou em uníssono, e depois se separaram, agarrando suas skrims. Naliderança, Jade Jazmine deixou cair o skrim, pulou nele com facilidade, e caiu fora para dentro daescuridão.O resto da equipe começou a segui-la, formando a cadeia de 1-2 da formação de engolir.James apertou os lábios com força, varreu seu cabelo úmido fora de sua face, e então caminhou em

direção à borda da plataforma. Seu coração estava batendo forte quando ele derrubou o skrim nochão ao lado. Ele havia feito isso dezenas de vezes, mas nunca numa noite escura e chuvosa, e nuncacom tanta gente assistindo. A multidão aplaudiu ruidosamente, ecoando no nevoeiro todo, masJames ignorou. Ele assentiu para si mesmo, plantou seu pé direito sobre a plana e lisa de seu skrim, ese mandou.A equipe circulou serenamente através de duas voltas do curso figura oito, fundindo-segradualmente com os membros da equipe de Igor, cujas capas verdes batiam ao vento."Hey Cornélio," um garoto Igor mais velho chamou, balançando confortavelmente ao lado de Jamessobre sua skrim longa e prateada. James tinha aprendido, depois de várias confusões, que "Cornélio"era um termo genérico, para qualquer americano com sotaque Inglês, com base nos discursos feitospelo ex-Ministro da Magia Cornélio Fudge algumas décadas antes."Eu espero que você não esteja muito ligado a seu skrim", disse o menino, sorrindomesquinhamente. "Estou pensando em dividi-lo em dois antes do fim da noite.""Você vai ter que me pegar primeiro", James respondeu sem muita convicção, evitando os olhos domenino."Você vai querer manter um olho em mim quando estiver no cruzamento," o menino assentiupresunçosamente. "Eu vou me encontrar com você lá, e eu não quero jogar bem."James fez uma careta, olhando para o campo escuro lá embaixo.227"Eu vou manter isso em mente."Com a volta final de aquecimento, concluída, ambas as equipes tinham se espalhado por todos osanéis de curso, misturando suas formações inícialmente. Mukthatch pairou em seu skrim sobre oanel do meio, agachado e pronto com seu bastão, protegendo o anel objetivo, que brilhavafracamente na escuridão. A Defensora dos Igors era uma menina com rosto esguio, redondo esardento. Ela flexionou os joelhos em seu skrim, observando Mukthatch pelo canto do olho.Voando em uma vassoura fora do padrão de curso, o árbitro, Professor Sanuye com uma túnicalistrada, levantou um apito à boca. Como Jazmine era a capitã da equipe dos Igors, atravessou o anelcentral. Sanuye soprou seu apito, anunciando o início da partida. Três bolas de couro, os Engatessaíram em espiral para três direções diferentes, e as equipes de imediato, cairam sobre eles em umaexplosão de movimento. James estava começando o jogo na posição deCortador, mas pelo tempo

que ele impulsionou seu skrim através do anel central, todas os três Engates já haviam sido pegos.Ele olhou em volta, agachado sobre seu skrim, e viu que Norrick havia pegado um dos Engates. Osoutros dois haviam sido capturados pelos Igors. James acelerou para acançar os Cortadores dosIgors e fez seu melhor para batê-los para fora da toca, assim, forçá-los a abandonar os Engates. Elenão estava mais nervoso ou preocupado, nem estava com medo de cair fora de seu skrim ou de fazeralgo embaraçoso ou se matar. Agora, tudo o que importava era a partida. James ficou perdido focadonos anéis, no vento forte e nas pancadas ao passar pelos outros jogadores, deu uma pancada contraum dos Igors e ambos giraram para dentro da escuridão.O cruzamento parecia terrivelmente assustador, mas James antecipou-se, lançando um olhar emdireção ao fluxo de passagem, enquanto ele se preparava para esquivar ou dissimular em torno docruzamento. Eventualmente, de fato, viu como ele poderia usar o cruzamento para a sua vantagem,usando sua velocidade e a perícia em manobras de uma forma estratégica. Como o jogo progredia,James começou a jogar um pouco de manobras falsas para enganar o adversário ofensivamente,voando fora do curso ou levando-os uns contra os outros. Vagamente, ele sentiu que aplausos damultidão ecoavam enquanto ele executava esses movimentos, mas pareciam distantes e semimportância.No terceiro tempo, James estava confiante o suficiente para passar à ofensiva. Durante umapassagem, ele inclinou-se duro em seu skrim, para realizar uma derrapada perfeita, de modo quequando ele atravessou, estava completamente de cabeça para baixo. Um jogador dos Igors estavatão atordoado com o movimento que James foi capaz de executar tão facilmente, que nem percebeuque ele havia pegado o Engate de debaixo do seu braço e o atirou para o ar do outro lado. A multidãoaplaudiu freneticamente, pulando e batendo ruidosamente.Protegendo o Engate com os dois braços, James varreu facilmente através do curso, o requisito detrês vezes, evitando os Intimidadores dos Igors, e, finalmente, arremessou o Engate em direção aoanel de meta. A Defensora dos Igors avançou para ele com seu bastão, faltando apenas um pouco, eJames jogou as duas mãos no ar, comemorando seu primeiro gol, juntamente com as arquibancadasao redor. No quarto tempo, no entanto, James percebeu que os Pé Grandes estavam perdendo dosIgors por um placar de 46 a 29. Não porque os Igors jogaram melhor, mas por causa da mesma coisaque Zane tinha avisado. Magia era permitida no Engateclava e os Igors usaram isso a seu favor.

James viu feitiços defensivos, tais como poços de turbulência e poços de gravidade, e magiasofensivas, como aumento de velocidade, feitiços e precisão no vôo. Os Pés Grandes, por outro lado,quase não usavam magia. James tinha sua varinha com ele, enrolada numa manga de couro que eracosturada no forro de sua luva, mas não tinha idéia do que fazer com ela, sem saber qualquer umdos feitiços que viu os Igors executarem.Finalmente, como o jogo se aproximava do fim, James estava desesperado o suficiente para realizaruma das magias que ele tinha aprendido durante seus anos escolares anteriores.228Como ele circulou o campo, ele notou um Intimidador dos Igors se preparando para lançar umfeitiço sobre Jade Jazmine, pretendendo usá-lo para arrancar um dos Engates de suas mãos. Jamesacelerou, sobre seu skrim, e sacou sua varinha da bainha da luva."Expelliarmus!", Ele gritou, apontando para o menino que estava com a varinha em sua mão.Instantaneamente, a varinha saltou da mão do menino e caiu na noite enevoada. A multidãorespondeu com uma expressão chocada e um apito perfurou o ar nas proximidades."Pênalti!" Professor Sanuye disse em sua vassoura. "Feitiços para desarmar são proibidos. Doisminutos no banco. "Balançando a cabeça em confusão, James circulou fora do curso e voou em direção à plataforma.Olívio Wood estava de cara amarrada."O que foi aquilo?" Olívio exigiu quando James pulou fora de seu skrim."Mágica" James exclamou com raiva. "A outra equipe pode usá-la! Por que não podemos?"Wood pegou o skrim de James, uma vez que esse pairava no ar. "Nós não jogamos esse tipo de jogo,James!", Disse ele severamente. "Somos uma equipe de fundamentos sólidos e de boa índole. Nadaantidesportivo. Nós não podemos ganhar sempre, mas perdemos sabendo que jogamos um jogojusto. Além disso, foi um feitiço de duelo, para desarmar. Não pode usar magias de duelo noEngateclava! Você tem sorte de não ter sido expulso da partida, e me expulsado junto com você!"“Foi apenas um feitiço para desarmar"Wood suspirou, olhando para o jogo como ele acelerou através de seus momentos finais. "Você voamuito bem James, mas você precisa aprender o que é auto-controle. Nós nos orgulhamos dos PéGrandes manterem um jogo limpo. Se você não consegue respeitar as regras por ser impulsivo,então, nenhuma habilidade de vôo vai compensar isso."James simplesmente olhou de lado para o professor, sem palavras. Menos de um minuto depois, o

apito final soou e Sanuye levantou sua varinha, convocando as Engates. Os Pé Grandes haviamperdido o jogo por um placar de 48 a 30. Ambas as equipes foram em direção a suas respectivasplataformas enquanto a multidão aplaudiu e vaiou amigavelmente das arquibancadas ao redor.James se aproximou, tomou o seu skrim do professor Wood, e sem esperar por seus companheirosde equipe, começou a descer as escadas para o vestiário abaixo."Mas a magia é permitida no Engateclava!" James exclamou algumas horas mais tarde, sentado àmesa nu dos cantos do Pipa e Chave junto com Ralf, Zane, e vários de seus companheiros de time. "Oque o Wood ganha, proibindo a gente de usar algo que é legal?""Feitiços Expelliarmus não são legais", Jade Jazmine falou, seu queixo apoiado nos antebraços."Sim”, Norrick completou. "E nós usamos um pouco de magia. Wood utiliza em nossos óculos ofeitiço Impervius, por exemplo.""Estamos autorizados a usar o feitiço luva-pegajosa quando estamos carregando o Engate," HaroldGobbins acrescentou. "E Feitiços de Correção para manter os nossos skrims constantes no curso."229"Esses não contam", James insistiu. "Os Igors estavam usando feitiços sérios lá fora hoje à noite!Algumas das coisas que eu nem sequer tinha ouvido falar!"Jazmine sentou-se. "Faz sentido. Eles têm o seu treinador e magias próprias, cujo trabalho é vir paracima com tudo e ganhar no Engateclava. Eles têm de obter aprovação do árbitro, mas quase sempreconseguem, desde que não machuquem ninguém. ""É verdade", disse Zane. "Eles tinham um técnico zumbi no ano passado que congelou o skrim de umjogador em pleno ar. Ficou impune. O jogador obviamente caiu uma vez que seu skrim deu umsolavanco e parou debaixo dele, mas isso não foi culpa da magia. A metade dos jogadores de ambasas equipes entraram em um acidente de engavetamento com o skrim congelado. Foi hilário!"James estreitou os olhos em descrença. "Espere um pouco. Você quer dizer que se eu tivesse faladocom Sanuye antes do jogo que eu queria usar um feitiço Expelliarmus para a defesa, ele deixaria?"Wentworth Paddington franziu a testa e empurrou os óculos grandes até no nariz. "A comissãooficial de Engateclavas não gosta de jogadores que usam magias de duelo durante as partidas", disseele com uma fungada. "Mas há maneiras de contorná-la. Há o Articular, por exemplo.""Faz o adversário ter um espasmo na mão e soltar qualquer coisa que está segurando", Jazmineexplicou. "Funciona em varinhas, Engates, qualquer coisa."

Zane assentiu com entusiasmo. "E não se esqueça do Feitiço do Osso Preso. Funciona comoPetrificus Totalus, mas somente em áreas selecionadas do corpo. Aponte para o braço do outro carae ele não será capaz de fazer nada com ele por cinco minutos, pelo menos."James estava balançando a cabeça, exasperado. "Então, basicamente, há uma versão Engateclavasque aprova alguns tipos de magia, e que está constantemente sendo criada. É isso?"Jazmine apertou os lábios e assentiu."Sim, isso é muito legal." James inclinou-se para trás no banco. "Então, quem é o responsável pelasmagias dos Pé Grandes? Eu quero ter uma conversa com ele.""Wood, eu acho", respondeu Wentworth com incerteza. "Alguém quer o resto da minha cervejaamanteigada? Eu só posso beber metade ou então fico com soluços a noite toda.""Me dê aqui, Went", anunciou Gobbins, sentado na sua cadeira e estendendo a mão para a garrafa domenino menor. "Eu vou ensiná-lo a tomar uma bebida."Wentworth olhou ofendido. "Eu posso tomar uma bebida. Só que é amanteigada. Eu não possotomar muito. Estou em uma dieta especial, você sabe.""Sim," Norrick suspirou, revirando os olhos. "Nós sabemos tudo sobre a sua dieta especial. Acho quenão cozinharam uma cebola na mansão desde que você chegou. Faz noite de fígado parecer patética.É por isso que todo mundo come no café às sextas-feiras, até mesmo as classes altas.""Não posso fazer nada", Wentworth resmungou, cruzando os braços. "Odeio cebolas. O alho é aindapior. Não posso nem esfregá-lo em mim""Talvez esfregando curaria você", sugeriu Ralf, erguendo a cabeça. "Alguma vez você jáexperimentou? Passe um pouco de cebola e alho em você, como um tipo de vacina!"230"Aí você adiciona um pouco de manteiga e obtém uma nova opção de jantar para sexta-feira à noite,"Zane caçoou. "Paddington grelhado para todos!""Haha", Wentworth disse amargamente. "É uma condição médica séria. Você nem imagina."James terminou sua cerveja amanteigada e levantou-se, anunciando sua intenção de ir ter umaconversa com Wood sobre a falta lamentável da equipe no Engateclavas. Em seu caminho emdireção à porta, viu Alvo e Lucia sentados em uma mesa próxima, observando um grupo de alunosmais velhos jogando um jogo de tabuleiro incompreensível chamado Totó Mágico. Minúsculoshomens de cerâmica girando em hastes de metal embutidos, nas laterais da mesa e operado por umpedaço de couro embrulhado em alças. Uma pequena bola branca saltou e estalava sobre o campo,

passando pelas figuras. Quando James passava pela mesa, um dos jogadores girou a varaviolentamente e a bola pulou para fora da mesa. James pegou-a com destreza."Muito bom Cornélio," um dos jogadores veteranos disse. "Ainda está em forma, hein?"James olhou para eles e viu os jovens sorrindo para ele amigavelmente. Balançou a cabeça comoalgo parecido com a aprovação relutante."Dá a bola de volta!" Um dos jogadores minúsculos de cerâmica gritou com uma voz estridente. Osoutros se juntaram a ele zombando. James jogou a bola de volta para o homem que tinha falado comele. O homem pegou a bola facilmente, mas não se afastou. "Você foi bem lá fora esta noite, Potter,"disse o homem. James percebeu que ele estava usando o suéter laranja e azul listrado de umestudante universitário dos Pés Grandes. "Não deixe Wood segurar você de volta, hein?"James inclinou a cabeça para os meninos mais velhos. "Qualquer um de vocês sabe por que Woodnão usa nenhuma magia grave nos jogos de Engateclavas com os Pé Grandes?"Os estudantes universitários trocaram olhares, sorrindo torto. Finalmente, uma menina com umacamisola dos Pés Grandes disse, "Wood é um cara decente, não me interpretem mal. Palavra é, eledeixou a sua coragem para trás no campo de Quadribol na velha Inglaterra, isso é tudo."Os outros homens riram e balançaram a cabeça. Um momento depois, eles voltaram para o seu jogo."Tenho certeza de que não é verdade", uma voz disse suavemente nas proximidades. James olhoupara o lado e viu Lucy e Alvo se movendo ao lado dele. "Você chegou perto de ganhar hoje à noite,mesmo sem toda a magia.""Você voou bem James", Alvo concordou relutantemente. "Eu tentei na equipe Lobisomens, mas elesapenas riram de mim. Disseram que só verdadeiros americanos jogam em nome da CasaLobisomen.”"Isso é horrível", Lucy franziu o cenho. "E contra a política da escola"."Não quando se trata de Engateclavas”, Alvo encolheu os ombros. "Cada casa começa a fazer suaspróprias regras sobre quem pode entrar na equipe, a frequência com que praticam, o que eles usamde equipamentos e todas essas coisas. Eu fugi para o campo e experimentei um desses skrims.Digamos apenas que eu não vou estar puxando esse assunto com meus colegas. Eu faria o time dequadribol Lobisomem, mas um homem é pouco e o melhor batedor se formou no ano passado. Euvou enfrentar o seu companheiro Zane na próxima quinta-feira. Mamãe, papai, e Lílian estavamaqui hoje a noite."James olhou para o irmão e disse "Você viu eles hoje à noite?"

"Sim" Alvo respondeu. "Sentaram-se comigo na arquibancada Lobisomem. Mamãe cobriu os olhosna maioria das vezes, dizendo que ela não podia olhar. Papai ficou com varinha em sua mão durante231toda a partida, contraindo-se que cada vez que você atravessava o cruzamento, como se eleestivesse pronto para saltar e levitá-lo a qualquer momento, se você caísse da sua skrim. Ele estavasorrindo, aquele sorriso que ele fica quando ele assiste partidas de Quadribol. Você sabe. Comoparte dele quer se levantar, pegar uma vassoura, e saltar para fora com a equipe."James não pôde deixar de sorrir com o pensamento. "Eu sei o que você quer dizer. Eles ainda estãoaqui?"Lucy sacudiu a cabeça. "Seu pai recebeu algum tipo de mensagem através daquele caco de espelho.Ele o mantém embrulhado em suas vestes o tempo todo, só assim ele nunca perde nada. Depois queele entendeu o recado, ele, tia Gina e Lílian sairam imediatamente. Pediram para dizer-lhe Olá e queeles estão orgulhosos de você.""Pediram a mim para dizer-lhe que..." Alvo disse, mais foi cortado por Lucy, que começou a falar denovo. "Não tem uma coisa chamada redundância dupla?", explicou ela com cuidado. "Eles achavamque você iria esquecer."Alvo revirou os olhos. "Eu não esqueci. Eu só não lembro até você falar no assunto. Ninguém podeme culpar por isso.""Estou voltando para minha casa", James anunciou, abrindo a pesada porta de madeira. "Estoucompletamente cansado."Lucy seguiu-o nas trevas enevoadas. "Eu vou com você para o primeiro", disse ela. "Estou voltandopara o castelo. Tenho História da Magia Americana de manhã, e eu ainda tenho algumas leitura parafazer."James resmungou amigavelmente e cortou ao longo do passeio ao lado de Lucy. Depois de ummomento, ela falou de novo."Para um gigante, Professor Bunyan é um cara legal, não é?"James deu de ombros. "Eu acho. Parece que ele vem de uma tribo completamente diferente degigantes, não é?”"Ele diz que não faz parte de uma tribo. Ele diz que só se tornou grande porque quando ele erajovem ele comia vinte galinhas e quinze dúzias de ovos por dia.""E bebeu o leite de dez vacas e nadou voltas em torno do lago Erie para o exercício até que todo olago se transformou em um redemoinho gigante", James balançou a cabeça, sorrindo. "Você acreditarealmente nisso?"

Lucy sacudiu a cabeça. "Acho que esses são o que os americanos chamam de "contos populares".Eles são como uma espécie de mistura entre um mito e uma lenda.""Eu engoli aquela sobre o nevoeiro mágico que surgiu em torno de George Washington e seupequeno exército de agricultores e filhos durante a guerra da independência e aquele em que ele seescondeu de todos os navios de guerra britânicos enormes que foram procurá-lo.""Eu acho que um era verdade", sugeriu Lucy incerteza. "Embora seja difícil saber o que é mito everdade sobre os norte-americanos da história. Assim, muito do que parece tão... irreal."James ergueu as sobrancelhas na escuridão enquanto caminhavam. "Eu não sei sobre a história,você parece muito irreal para mim, mesmo agora."232Lucy riu, mas havia algo de estranho na risada. James olhou de lado para ela."O que há com você, Lu?”, Perguntou ele.Ela olhou para ele, e depois olhou rapidamente para longe. "Nada. O que você quer dizer?"James olhou para o campus. "Passamos a trilha para Castelo Erebus de volta lá pela Octosfera, vocêsabe." Lucy olhava para trás a medida que eles seguiam. "Você está certo", ela concordou. “Er, achoque vou voltar então. Boa noite James.”James observou como Lucy sorriu para ele na escuridão, e então se virou e correu de volta ao longoda calçada molhada. Seu cabelo preto saltou em volta dos ombros e brilhou à luz de um poste nasproximidades. Quando ela chegou, ela olhou para trás, viu James assistindo, e parou."Você fez muito bem esta noite", ela gritou, após um momento de pausa. "Fiquei orgulhosa de vocêpor tentar usar a magia mesmo que fizesse você ter problemas."James piscou para ela. Ele abriu a boca para lhe agradecer, mas antes que ele pudesse, ela girousobre os calcanhares e correu para a escuridão, seguindo o caminho estreito para o Castelo Erebus.James fechou a boca outra vez e assistiu silhueta Lucy desaparecer na sombra das árvores. O quehavia de errado com ela? Balançando a cabeça, ele se virou e andou o resto do caminho para aMansão Apollo. Ele estava exausto e um pouco frustrado, mas ele também foi preenchido com umacerta satisfação vertiginosa. Ele havia feito bem esta noite. Sua mãe e pai estavam orgulhosos dele. Eele conseguiu jogar por sua equipe de Engateclavas enquanto Alvo não tinha jogado. Esta última foiuma satisfação mesquinha, mas foi uma satisfação, no entanto. Tudo o que restava era o mistériodesconcertante de relutância do Professor Wood em usar magia de duelo em partidas deEngateclavas, mas James pensou que poderia provavelmente trabalhar nisso. Mesmo agora,

lembrando da conversa que tivera com o professor alguns dias antes, ele pensou que poderiacomeçar a conversar com ele sobre o assunto. Ainda era nebuloso, mas tinha algo a ver com ganharo respeito de seus pais mortos, e talvez até dele mesmo.Foi complicado, e um pouco louco, mas fez sentido. Se Wood tivesse ganhado um jogo usando amagia tinha ganhado a vergonha de seus pais, então talvez ele sentiu que evitar magia agora, mesmoem algo tão básico como um jogo de Engateclavas, iria ajudá-lo a recuperar aprovaçãofantasmagórica de seus pais. James balançou a cabeça. Ser um adulto era louco e complicado. Eleestava feliz que ele ainda era, tecnicamente pelo menos, uma criança.Ao longo das semanas seguintes, James não falou com o Professor Wood sobre magia na Equipe PéGrande no jogo de Engateclavas. Em vez disso, ele estudou o pequeno livro de regras que Woodhavia lhe dado, particularmente o capítulo intitulado Fundamentos de Feitiços Ofensivos eDefensivos. Lá, ele aprendeu uma magia essencial associada ao jogo, reconhecendo muitas que elemesmo tinha visto durante a primeira partida do ano contra os Igors.No decorrer da temporada, James estudou as magias das equipes de outras casas e descobriu quecada casa aperfeiçoou a sua própria magia no jogo de Engateclavas de maneira distinta e diferente.O time Igors, por exemplo, usou feitiços convencionais na maior parte do tempo, masocasionalmente surpreendeu a todos com um esforço espetacularmente criativo de mágica, muitasvezes envolvendo vários jogadores trabalhando em conjunto. Tais tentativas não eram usadas233freqüentemente, mas era sempre emocionante para assistir e a multidão aplaudia sempre agrandiosidade dos Igors com seus feitiços. A equipe Duende por outro lado, contou com variaçõesinfinitas de magias totalmente originais, grande parte concebida por Newt. A magia Duende quasesempre era bonita, brilhante, devastadora e eficaz, como quando a capitã da equipe, uma meninachamada Ofélia Wright, encantou a cauda de sua skrim para produzir um fluxo de minúsculasborboletas. As borboletas foram reconhecidamente belas, e quando as borboletas batiam nosjogadores, elas explodiam em colisões coloridas, deixando seus uniformes totalmentedesorganizados e colando sobre os seus óculos.James passou uma enorme quantidade de tempo na biblioteca do campus, olhando as estratégiasclássicas do Engateclavas mágico, muitas vezes com Zane e Ralf ao lado dele. No início, Jamescomeçou a praticar secretamente os feitiços ofensivos e defensivos que estava aprendendo,

utilizando o busto de Sir Pepperpock em seu dormitório como um alvo. Muitas vezes, Rosa,Escórpio, e até Damian Damasco e Sabrina Hildegard iam assistir os esforços de James através docaco."Você ainda está enfatizando a segunda sílaba do Charme Colhedor," Rosa disse criticamente emuma ocasião. "E fazendo com que ele puxe muito cedo.""Torça mais o pulso," Damian acrescentou, imitando o movimento com a sua própria varinha dooutro lado do caco. "Está vendo? Você está procurando por uma espiral agradável. Fica mais fácil demanter o seu verdadeiro objetivo."James passou o antebraço pela testa. "Vocês não tem nada melhor para fazer?""É que está tarde", Rosa torceu o nariz. "E estamos aqui até porque você é muito divertido. É melhordo que televisão. ""Faça a gravidade novamente", Sabrina sugeriu brilhantemente, a pena flutuando em seu cabelo. "Euli que pessoas que são realmente boas nisso podem fazer uma gravidade tão forte que nem a luzconsegue escapar dela! É como um buraco negro em miniatura!"Ralf estava deitado em sua cama cercado por uma coleção de penas, pergaminhos e biscoitos.Olhando por cima de seu livro de História da Magia americana, ele perguntou: "Como todos vocêssabem tanto sobre Engateclavas afinal?""Biblioteca", Rosa disse dando de ombros. "Não tem uma enciclopédia inteira lá, mas nósencontramos algumas revistas antigas que falam sobre isso. Aparentemente, existe uma liga deEngateclavas na Inglaterra, embora quase ninguém ouça falar muito dela. Eu li uma entrevista com ohomem que dirige a liga. Ele é muito... intenso. Mas tinha uma boa discussão sobre se a magia básicapode ou não ser usada no Engateclavas.”“Você tem que praticar Feitiço do Assobio”, sugeriu Damian."Eu lhe falei," James disse, baixando a varinha, "não estamos autorizados a usar feitiços queprejudicam os outros. Fazer o árbitro engolir o apito não é o que Wood chamaria de honesto."“O juiz não pode dar uma falta se não tiver apito", ponderou Zane. "Certo? Se uma falta é cometida,mas o juiz não tem apito para marcá-la, não é realmente uma falta, é?""É isso que eu estou tentando dizer!" Damian exclamou do outro lado do caco.”234"Esqueça isso", James anunciou com firmeza. "Eu não vou arriscar ser colocado no banco dos réusnovamente."“Você se importaria se eu fizesse o Feitiço do Assobio, então?" Zane perguntou brilhantemente."Aposto que Warrington poderia colocá-lo em bom uso."James revirou os olhos. Do outro lado do caco, Damian Damasco apontou um dedo. "Eu tenhopatente sobre ele Walker! Você não vai roubá-lo e chamá-lo seu próprio!"

"Você não confia em mim", Zane disse em uma voz ferida.No terceiro jogo da temporada, James finalmente estava confiante o suficiente para tentar algumamágica real durante o jogo de Engateclavas. Ele esperou até o quarto tempo do jogo contra osVampiros e, quando ele tinha certeza de que o Professor Wood estava ocupado chamandoformações, tentou mandar uma no Cortador dos Vampiros pela frente. Funcionou perfeitamente. AEngate estalou imediatamente por baixo do braço do rapaz e sacudiu para trás no ar. James pegou-acontra o peito, surpreso e encantado com a simplicidade que tinha sido.A multidão respondeu com um elogio bastante surpreendido e, quando James estava ao redor daplataforma dos Pé Grandes, viu Wood olhando em volta, curiosamente, tentando descobrir o que amultidão aplaudia. A medida que James se aproximava do fim de seu requisito de três voltas, viu quedois dos Intimidadores Vampiros estavam na sua frente, se preparando para cair em cima dele eforçá-lo para fora da rota. James estreitou os olhos e ergueu a varinha."Cresco Gravitatis!" Ele disse, apontando para um ponto abaixo dos Vampiros Intimidadores.Houve um barulho muito satisfatório, como um som de estalo, e os dois foram para baixo, sugados,para fora do curso. Eles colidiram uns com os outros no ponto de gravidade e James ficou satisfeitoao perceber que eles mergulhavam, o ar parecia ligeiramente mais escuro ao redor do centro dofeitiço. O poço desmoronou sobre si mesmo rapidamente, mas não havia chance dos Vampirospegarem James agora. Ele margeou o último loop, acelerado e agachado sobre sua skrim.James arremessou a Engate facilmente através do gol, mantendo-a bem fora do alcance da Clava doDefensor Vampiro.A multidão respondeu com um rugido ensurdecedor e aplausos, estavam tão surpresos quantoimpressionados. James tinha esperanças de que Wood não tivesse visto ele usar mágica no jogo, masessa esperança foi perfeitamente frustrada pela voz do locutor da partida, uma menina chamadaCheshire Chatterly. "E os Pé Grandes dão um salto bastante chocante para o século XXI com o feitiçohábil de número 22, James Sirius Potter!", Ela gritou, sua voz amplificada sobre o rugido damultidão. "Será que este esta é uma nova era de competitividade para os Pé Grandes? Só o tempodirá. Nesse meio tempo, três vivas, para o professor Olívio Wood e seu treinamento muito eficaz!"James estava com raiva olhando para a caixa de locutor, franzindo a testa. Ele não ficou surpreso dever Zane sentado na caixa ao lado de Cheshire Chatterly. O menino loiro sorriu e acenou para b

James embaixo, piscando, o gesto tão sutil como um gigante. James tentou evitar o olhar de Wood,mas não ajudou muito olhar de lado conforme ele rodava a plataforma. Wood estava sorrindo,enquanto a multidão o aplaudia."Muito bom James!" Norrick disse, passando por James em seu skrim. "Fique de olho, os vampirosvão, provavelmente, emboscar você agora que eles acham que você é o único com quem eles devemse importar no jogo."235James suspirou quando ele se agachou sobre a sua skrim, acelerando para o cruzamento. Comcerteza, os jogadores Vampiros olharam pra ele com ar sombrio à medida que mergulhou parafrente."Por que você não tenta um pouco de magia, então, Norrick?" James sugeriu, levantando a vozcontra o vento correndo. "Não é ilegal, você sabe!""Eu não sei os feitiços!" Norrick respondeu. "O que você fez foi incrível e é realmente muito difícil!"James estava prestes a dizer Norrick que não era tão difícil, mas então ele perdeu Norrick de vista.James não usou mais magia durante esse jogo, que eles perderam por um placar de 57-50. Quandoacabou, ele esperou na adega armário abaixo do pórtico de madeira para ver se Wood pretendiacastigá-lo. O resto da equipe felicitou-o calorosamente, mas quando Wood desceu as escadas, elesacalmaram-se imediatamente, para ver o que ele diria. Wood observou os jogadores, quieto por umlongo momento, varrendo os jogadores com o olhar.Finalmente, ele limpou a garganta e disse: "Bom jogo hoje, todo mundo. Bem jogado. Nós nãoperdíamos por tão pouco a muito tempo. Continuem assim".James observou o professor fazer seu caminho em direção à saída. Quando bateu a porta de madeirafechada, ele soltou o ar de seus pulmões em profundo de alívio. Por qualquer motivo, Wood tinha,obviamente, optado por não treinar a equipe para realizar qualquer tipo de magia em jogos sérios,mas ele estava aparentemente disposto a permitir que James, pelo menos, tomasse a iniciativa por simesmo. James sentiu um grande peso em seus ombros."Ei James," disse Wentworth, ao lado dele no banco, "acho que você poderia me ensinar algumas dascoisas iguais as que você fez hoje?""Sim", concordou Gobbins, mantendo a voz baixa. "A mim também. Eu não sei sobre o resto do time,mas eu gostei do que você fez lá fora hoje. Quero enfeitiçar algumas cabeças. ""Uou, uou, uou," James disse, erguendo as mãos. "Eu aprendi esse feitiço num livro. Wood podedeixar passar se eu fizer magia, mas se ele descobrir que eu estou ensinando o resto da equipe para

fazê-la ... " "Não é o resto da equipe", Wentworth cortou, limpando seus óculos em sua camisa. "SóGobbins e eu". "E eu," Jade Jazmine acrescentou, sentando-se no outro lado de James."Woof," outra voz grunhiu. James olhou para cima para ver Mukthatch acenando para ele, com osolhos brilhando pretos.James passou as duas mãos pelos cabelos em frustração. "Olha, eu não sou professor. Eu malconheço os feitiços pra mim mesmo! Acabei de ler em um livro, e tenho praticado no meu quarto atéestar pronto para experimentá-lo!""E você fez tudo isso sem nos dizer?" Wentworth disse censurando."Não, não, é melhor assim", disse Gobbins com entusiasmo. "Nos salva de todos os problemas! Agoraele pode apenas nos ensinar o que sabe!""Eu não posso ensinar nada a ninguém!" James disse rispidamente, tentando manter a voz baixa."Por que não?" Jazmine perguntou razoavelmente.James balançou a cabeça e apertou os lábios, não sabendo como responder."Rharrf whubfle", Mukthatch disse, dando um incentivo a James, quase saltando sobre sua cabeça."É direito de Muk", Wentworth disse. "Somos seus companheiros de equipe e seus amigos. Não vai236ser como você estar tomando o trabalho de Wood ou qualquer coisa assim. Pense nisso como... sevocê tivesse nos ajudando com o nosso dever de casa.""Sim", Gobbins sorriu. "Lição de casa! Um trabalho sobre os feitiços usados no Engateclavas".Jazmine acenou com a cabeça a sério. "Nós ajudamos com sua lição de casa, James.""Você não estava lá na outra noite!" James balbuciou. "Quando eu lhe pedi para me ajudar com meutrabalho Engenharia Precognitiva!""Você não queria ajuda com isso", Jazmine respondeu, revirando os olhos. “Você queria comprar omeu trabalho do ano passado”.“Isso é quase a mesma coisa.” Gobbins disse balançando a cabeça. "Eu disse que ela não te venderiapor menos de vinte Jacks".Wentworth estava preso teimosamente à questão. "Então, você vai nos ajudar a aprender magiapara os jogos de Engateclavas, James? Apenas nós quatro?"James olhou de cara a cara e, finalmente, soltou um longo suspiro assentindo."Uhuul!" Gobbins anunciou, lançando seus punhos no ar. "Quando começamos?""Que tal agora", Jazmine sugeriu. "Ainda é cedo. Podemos nos encontrar no sótão comum. Ninguémo usa desde que o Poltergeist se mudou para lá. Ele não vai nos incomodar, embora, quando alguémestá por perto ele lança alguns livros contra eles. Pode até ajudar. Vai ser uma forma de nos avisar".James inclinou-se e tirou suas botas de Engateclavas, deixando rolar conversa sem ele.

Secretamente, ele não estava chateado que com a perspectiva de ensinar o que ele aprendeu aalguns jogadores, contanto que não fosse toda a equipe. Ele ainda poderia ganhar a ira do ProfessorWood, mas para o momento, a aversão James para se meter em encrencas foi ligeiramente superadopor seu desejo de vencer pelo menos uma partida de Engateclavas nesta temporada. No momentoem que ele e seus companheiros de equipe deixaram o porão e cortaram para o sótão daPepperpock Down, ele já estava planejando o que ele ensinar-lhes em primeiro lugar."Desculpe gente," James disse a Ralph e Zane quando eles se encontraram com ele. "Sem cervejasamanteigadas no Pipa e Chave esta noite. Eu fui sequestrado.""Nós percebemos," Zane acenou com a cabeça, suspirando. "Você vai ensinar à sua equipe amágica?""Shh!" James sussurrou, olhando ao redor. "Nem toda a equipe. Apenas alguns companheiros.Mantenha isso em segredo, tudo bem?""Tudo bem", Zane concordou, erguendo as mãos quando Mukthatch assomou ameaçadoramentesobre ele. "Seu segredo está seguro comigo. Mas lembre-se, na próxima semana, no jogo contra osZumbis. Magia é o seu nome do meio.""Sim?" Wentworth interrompeu. "Bem, o nome do meio da equipe Pés Grandes é ... er ..."“Grandes?" Jazmine sugeriu."Grande mágica", Gobbins disse. "Graças ao James aqui. O nosso treinador de magias."237O resto do time concordou calorosamente, gritando e batendo palmas e dando tapinhas nas costasde James. Zane balançou a cabeça e revirou os olhos, sorrindo tristemente. "Meu herói", disse ele,cutucando James com seu cotovelo. James sorriu timidamente.238CapítulCapítulo 13A Octosfera e o ÁrbitroO semestre se desenrolou como um tapete.James passou algumas noites por semana ensinando Engateclavas mágico para seus amigosnovos sob o teto inclinado do sótão comum. Bump, o poltergeist da casa, foi bastantediferente do que James tinha esperado. Ao contrário de Pirraça, cuja alegria, malícia eaparência diabólica eram uma lenda em Hogwarts, Bump era apenas um fio de fumaça emforma humana e um cheiro vago de mofo. Seu principal método de comunicação era umasérie de espirros, sibilos, irritados gemidos e tosse ocasional.

“Parece o fantasma de alguém que morreu de resfriados” comentou Ralf, observandoo espectro vaguear, irritadiço. “É uma boa teoria” disse Wentworth concordando. “Nóspensamos a mesma coisa, então tivemos que testar. Uma senhora pequenina da Faculdadede Medicina veio e levou uma ecto-amostra dele. Segundo elas, ele é um poltergeist, total ecompletamente.”“Ela era pequenina mesmo, não era?” Jazmini concordou. “Seus óculos eram maiores do quea cabeça. Eu acho que ela tinha algum anão em algum lugar na árvore genealógica.”Gobbins apontou a varinha na direção de Bump, que gemeu, irritado e serpenteou emdireção à estante. “Ela disse que não havia muito sentido em verificar realmente,” eleadicionou. “Disse que não havia um fantasma real e genuíno na Aleron por décadas.”“Sério?” James perguntou, curioso. “Hogwarts está cheio deles. Um deles era nossoprofessor de História da Magia. Por que não há algum aqui?”Wentworth encolheu os ombros onde ele estava sentado perto, numa cadeira de espaldaralto, velha e confortável. “Ninguém sabe. Talvez por causa do tempo ser trancado aqui.Talvez os fantasmas não podem manter-se aqui com sua forma, pois o campus vagueia aolongo dos séculos a cada dia.”239“Mas já se usaram para ser fantasmas” disse Gobbins contrariando-o. “Há muito tempoatrás. Já ouvi histórias sobre eles. Percival Pepperpock foi um dos primeiros. E aquele velhofaxineiro, Freddie alguma coisa, eu acho. Ele estava sempre tentando assustar as pessoas,mas ele insistiu em usar uma camisola esfarrapada velha e um chapéu de feltro, que ébastante difícil de retirar, mesmo se você não está tentando ser assustador.“Então o que aconteceu com todos os fantasmas? “Ralf perguntou.Jazmine abanou a cabeça. “Como foi dito, ninguém sabe ao certo. Talvez elessimplesmente não fazem fantasmas como antigamente, né? Mukthatch grunhiu e latiu,ansioso para começar a aula. As coisas correram bastante bem e as preocupaçõesiniciais de James começaram a desaparecer. A terceira vez que o grupo se reuniu, no

entanto, Norrick apareceu no sótão comunal, tendo ouvido sobre as práticas deEngateclavas mágico que estavam secretamente acontecendo lá. A contragosto, Jamespermitiu que ele permanecesse, enquanto ele mantinha as lições em segredo. Na semanaseguinte, no entanto, mais dois membros da equipe tinham aparecido no sofá junto à janelalonga do quarto, sorrindo ansiosamente, com suas varinhas nas mãos.“Eu não contei a ninguém!” Norrick disse defensivamente quando James olhou para ele . “Épara o time todo agora. Você não pode manter segredos por muito tempo por aqui. Eu atéouvi Hackle e Jackle discutindo sobre isso lá embaixo. Heckle acha que deveríamos estaraprendendo alguns truques também, a propósito, só para misturar um pouco.” Jamessuspirou. A verdade é que eles realmente não estavam mentindo. O time de Engateclavasmágico Pé-Grande estava indo lento, mas seguramente, mesmo que tenha sido o materialpadrão. James percebeu que o professor Wood ainda estava um pouco desconfortável comele, mas ele ainda não tinha dito nada sobre isso. Talvez porque a equipe ainda não venceuuma partida, embora os resultados finais fossem ficando cada vez mais pertos da vitória. Oúltimo, na verdade, havia terminado em empate. James tinha se decepcionado ao saber que,de acordo com as regras do Engate, um empate resulta uma vitória para a equipe que tem omelhor registro ao entrar no jogo dando assim a vitória da equipe Duende. Tinha sido umavitória moral para a Pé Grande ainda assim, e tinha havido celebração estridente na adegado vestiário após o jogo. A equipe carregou consigo seu bom humor de volta paraMansão de Apolo, James recordou histórias de seu pai sobre Quadribol em Hogwarts esentiu, pela primeira vez, um profundo sentimento de orgulho de que ele estava vivendo deacordo com a imagem de seu pai. De fato, de acordo com as velhas histórias, Olivio Woodtinha sido um jogador formidável e foi loucamente apaixonado por vencer. Talvez arelutância de Wood para o uso defensivo magico ou não, se baseava em suas insegurançassobre seus pais falecidos a desaprovação deles de sua participação na Batalha de Hogwarts,

realizou-se em xeque pelo amor muito mais velho do esporte à vitória. James esperava quesim. Ele ainda tinha mais coisas que queria tentar.“Tudo bem, todos vocês” disse ele, falando agora a pouco com mais da metade de todaequipe de Engateclavas Pé Grande, abarrotados desconfortavelmente no sótão comunal.“Isso é tudo que eu sei. Tempo agora para obtermos um pouco de criatividade. Seu dever decasa para no fim de semana é a investigação de algo novo, algo que os outros times nuncaesperem que a gente saiba, e voltaremos na segunda-feira, prontos para ensinar para oresto de nós. Entendido?” Houve um burburinho de excitação ansioso por todo o espaçoapertado.240Do outro lado do campus, as folhas tinham finalmente caído das árvores, os gramadospareciam carpetes laranja e amarelo. As árvores agitavam seus ramos nus para o céu, como inverno chegando lentamente ao longo do campus, trazendo fortes ventos e um friocrescente. James separou seu manto pesado e começou a usa-lo para as aulas, devidamenteabotoado sob o queixo, o seu colarinho duro apontando para cima em torno das suasorelhas. “Muito arrojado,” Lucia tinha dito em um dia cinzento, sorrindo torto para seuprimo quando eles fizeram o caminho em direção a Administração Municipal para o almoço.“Você poderia se encaixar bem na casa dos vampiros. Capas estão sempre na moda por lá.”“Junto com as presas de plástico e tintura de cabelo preto” Alvo disse ao lado dela,caminhando com as mãos nos bolsos .Lucia estalou a língua “Você está louco, porque perdeu o torneio de quadribol para nós.”"O torneio ainda não acabou", rebateu Alvo estridente. "E eu estou torcendo por Zanee seus zumbis para vencer todos vocês na final!" Lucia deu de ombros, como se ela não seimportasse. "Que ganhe a melhor equipe, é claro.”Alvo ficou eriçado, mas não rebateu mais. James sabia que as experiências de seuirmão com a Casa Lobisomem foram agitadas e isso estava contribuindo para o mau humornatural. Às vezes, Alvo falava muito bem e orgulhoso de sua vida na Mansão de Ares. Outras

vezes, ele parecia sombrio e abatido, esgueirando para se sentar com James, Zane e Ralf nacabine no canto do Pipa & Chave , ao invés de aderir à longa mesa perto da lareira, onde oresto dos lobisomens, muitas vezes se reunia. Uma ou duas vezes, James tentou questionarAlvo sobre seus companheiros novos, mas sempre Alvo respondia na defensiva, alegandoque nada estava errado, ele amava sua casa, e não poderia vir e sentar com seu irmão a cadamomento e, em seguida, sem ser reservado sobre sua vida pessoal? Eventualmente, Jamesperguntava sobre isso.Petra continuou a aparecer regularmente nas aulas de Poções do Professor Baruti e Jamesficou feliz ao ver que ela geralmente parecia estar de bom humor. Aparentemente, Isaestava se adaptando bem na escola do campus para o grau menor, que era mais frequentadapor crianças de outros professores e administradores. As duas viviam em um pequenoapartamento no último andar de uma das casas na Linha da Faculdade. James a viaocasionalmente durante o jantar na cantina e ela sentou-se com eles, sempre que podia.Estranhamente, esses foram os momentos em que ele mais sentiu saudades deHogwarts, mais até do que quando ele falou com Rosa, Escórpio, e o restante através docaco de espelho. Sentar-se com Petra e Isa, Ralf e Zane, rindo e falando, quasedolorosamente lembrou de seus dias no salão e na sala comunal da Grifinória. Às vezes,nessas ocasiões, ele sentiu a estranha sensação de perda e preocupação, como se ele nuncapoderia voltar novamente para os corredores, nunca mais poder ver todas aquelas pessoasque conhecem e os lugares. Era bobagem, claro. Ele estaria voltando em breve. Ainda assim,o sentimento permaneceu e, às vezes, especialmente tarde da noite, ele se veria forçado apensar em sua última conversa com a Professora Trelawney. Ele recordava meiovagamente, os olhos assombrados, e suas palavras assustadoras: O destino tem alinhado. Anoite vai cair, e a partir dela, não haverá amanhecer...Ocasionalmente, James viu sua mãe e seu pai e sua irmã Lilian. Eles assistiram aalgumas de suas partidas de Engateclavas, embora não tantas como eles queriam, de acordo

com seu pai. Os trabalhos de Harry Potter foram se tornando mais e mais agitados, ele disse,e James podia ver isso em ambas as faces de seus pais. Houve uma tensão silenciosa lá, euma preocupação não dita. Sem notícias dos jornais de fora, seguiram seu caminho para o241campus da Alma Aleron, mas James percebeu que as coisas não estavam nada bem nomundo exterior."Não se preocupe com isso", disse ele, quando James perguntou. Ele sorriu para seufilho, James, mas poderia dizer que era um sorriso fino, principalmente colocado para lhetranquilizar. "Você só fica na sua escola e no seu engates. Fique de olho no seu irmãotambém. Sua mãe e eu estamos um pouco preocupado sobre ele e os novos amigos de suacasa".James deu de ombros e concordou. Seu pai estava mascarando suas preocupaçõesmaiores com preocupações sobre como a Al poderia estar brigando com seus companheiroslobisomens. Foi um pouco perturbador, mas James determinou-se a não tornar isso seuproblema. Ele tinha feito o suficiente nos últimos dois anos."Já ouvi falar deste cara, Professor Magnussen", disse James a Ralf e Zane no fim desemana seguinte, andando na calçada de laje fria e chutando montes de folhas mortas."Voltem a memória durante nosso primeiro ano. Lembram quando eu contei sobre comome esgueirei com a capa de invisibilidade, e segui meu pai e o chanceler Franklyn durante asua reunião em torno da meia-noite? Franklyn disse algo sobre Magnussen, fez soar comose ele fosse um fabricante de problemas real. Comparado aquele bruxa Umbridge que meupai nos falou que tinha em seu dias "."Isso é muito ruim", Ralf considerou, franzindo ligeiramente a testa. "Lembro-medessas histórias. ""Mas Magnussen é a chave para a coisa toda!" Zane insistiu. "Ele é o único queencontrou a chave para a Cortina de Nexus. Nós poderíamos procurá-lo no Arquivo, talvezdescobrir como ele fez isso! Se fizéssemos isso, então talvez pudéssemos segui-lo através nolugar entre os mundos e descobrir quem foi que atacou aCúpula dos Destinos! " os olhos de Zane o confundiam com entusiasmo,

mas James suspirou."Você é um completo maluco", disse ele austero. "Nós somos feitos com esse tipo de coisa,certo? Ralf e eu, colocamos tudo para fora do nosso sistema no ano passado, perseguindoaquela coisa horrível a Travessia dos Titãs. Rosa também. Se ela estivesse aqui, elaprovavelmente iria algemá-lo na orelha, e pendurá-lo. ""Ah", Zane respondeu, imperturbável. "Eu falei com Rosa sobre isso já, pelo espelho.Ela acha que vale a pena verificar, pelo menos.Ralf falou hesitante. "Ela diz que devemos apenas falar para o pai de James sobre oassunto e deixar que ele cuide. É o trabalho dele, afinal. ""O Sr. Potter tem as mãos muito cheias já ", Zane respondeu jovialmente. "Eu ouvique ele está recebendo cargas de críticas das autoridades locais, especialmente o Bureau deIntegração Mágica. Eles estão fazendo as coisas muito difíceis para ele, mantendo-o fora dolaço "."O quê?” James exclamou com raiva. "Onde você ouviu isso?""Eu ouvi seu pai falando com o chanceler Franklyn no Pipa & Chave e depois dapartida de quadribol de Al. Alguns de nós não precisam de nenhuma Capa de Invisibilidadepara ficar invisível."James ficou irritado. "Mas por que as autoridades locais o excluiriam? Ele foi enviadoaqui para ajudá-los, não é?"“Parece que eles estão suspeitando dele", respondeu Zane. "Lembre-se que aqui nosEstados Unidos, o elemento progressivo está em todo lugar. Nem todo mundo acredita que242todas as asneiras de Voldy sobre como era apenas um pensador revolucionário e umcampeão do povo, colocado para baixo pelos poderes dominantes mágicos da época, mastem idiotas o bastante para criar problema com seu pai. Eles pensam que ele própriopoderia até mesmo ser responsável por alguns materiais do WULF. Aparentemente, eles oquestionaram sobre o desaparecimento de um político dos trouxas e o edifício Chrysler.Eles ainda acham que ele poderia ter sido responsável no ataque à Cúpula dos Destinos,especialmente desde que o segmento ausente conseguiu desaparecer sem deixar rastros e

eles não tiveram a sorte de rastreamento, mesmo porque ele iria deixar um rastro mágicode uma milha de largura. Eles pensam que seu pai não encontrou a trama ainda porquetalvez ele realmente não pretenda. Como talvez ele esteja trabalhando para seus próprioscomparsas ou algo assim. ""Isso é idiota!" James esbravejou. "Ele está ali para vencer a quadrilha que fez isso eenfiá-los todos em Azkaban!”Ralf estava pensativo. "Bem", ele disse lentamente, "Eu não estou dizendo que elesestão certos, é claro, mas se ele estava envolvido com um grupo como o WULF, queprovavelmente seria o disfarce perfeito para ele estar na equipe que foi supostamentedestinada a investigá-los. Se você pensar sobre isso do ponto de vista do ElementoProgressivo... "Zane ficou impressionado. ”Todo o tempo que você gastou na equipe de debate daCórsica realmente o fez simpatizar com eles, não foi Ralfidilo? Você pode pensar como elesquando precisar!"“Isso é idiota", disse James mais uma vez, chutando uma pilha de folhasparticularmente grande."O Elemento Progressivo é idiota", respondeu Zane. "Uma vez que você acreditanesse tipo de coisas, coisas estúpidas se tornam muito mais fáceis de engolir.""Mas por que eles acham que meu pai iria aderir a esse bando de gente ruim? ""Ah", Zane disse, sorrindo tristemente. "Isso é fácil. Um monte de americanospensam que o W.U.L.F. é apenas uma organização fantoche, gerida pelo Ministério da Magiae, especificamente, o Departamento de Aurores em si. Eles pensam que é apenas uma táticade susto grande, destinado a manter as pessoas com medo e dispostos a continuar a vivercom as antigas leis de separação dos trouxas-mágica e tudo mais. "Ralf sacudiu a cabeça. "Eles devem pensar que pessoas como o pai de James são umbando de espiões realmente malévolos então."Zane assentiu.Os três meninos pararam ao se aproximar da Octosfera. O grande astro negroflutuando em seu leito aquoso, que agora estava colado com folhas mortas. Um maçante, equase inaudível som vinha da pedra girando lentamente.

"Segundo a lenda, o Professor Magnussen inventou essa coisa",comentou Zane, descansando seu pé sobre o muro baixo de pedra que rodeava a piscina."Sabe o que é?""Como se inventa uma grande bola preta?" Ralf perguntou intrigado."Não é apenas uma bola preta grande, seu idiota", respondeu Zane."É uma máquina de respostas. Você pergunta qualquer coisa que vocêquiser e ele vai lhe dizer a resposta "."Isso é um pouco de magia muito grave", admitiu James de contragosto."As respostas sempre tem razão?"243"Sempre", Zane assentiu. "Mas elas nunca são úteis. Provavelmente é por isso que elaestá bem aqui no aberto, para qualquer um usar. Se as respostas fossem úteis, issoprovavelmente seria a ferramenta mais valiosa em todo o mundo mágico. Você podeapostar que é isso que o velho professor Magnussen está fazendo para que ela seja útil, paraque as lendas sobre ela sejam verdadeiras"."Por que as respostas não são uteis?" Ralf perguntou,olhando atentamente para a esfera de pedra a girar lentamente.Zane encolheu os ombros. "É tudo quântica. Magnussen foi presidente da Casa Igor,um século ou mais atrás, e ele aparentemente era um super gênio sobre tecnomancia. Eleera um grande crente em uma coisa chamada Grande Unificação Bruxa ou algo assim. ""Sim", disse James. "Franklyn falou sobre isso quando ele nos levou na turnê pelo Arquivo. Échamado de Teoria da Grande Unificação Bruxa. Ela diz que as pessoas costumavamacreditar que se você pudesse medir tudo por toda parte, então você seria capaz de prever ofuturo. E se você pudesse prever o futuro, então basicamente ... ""Você poderia controlar ele", Zane completou. "Sim, é assim que eu ouvi também.Aparentemente, Magnussen era louco por isso. Ele passou sua vida inteira de refinando ateoria, tentando fazê-la funcionar. A lenda é que ele usou alguns métodos realmentehorríveis, mas ninguém parece saber o que eram exatamente. De qualquer forma, esta éuma das coisas que ele inventou ao longo do caminho. Ela usa a Grande Unificação paradizer a resposta à sua pergunta. Houve alguma grande falha no projeto entretanto, de modoque, embora a resposta que obtém é tecnicamente correta,é quase sempre completamenteinútil. Veja. "

Zane voltou-se para a esfera de pedra que girava lentamente. Em voz alta ecuidadosamente enunciando, ele disse, "Oh grande Octosfera mística, vai a Casa Zumbivencer o torneio de Quadribol este ano?"James e Ralf se inclinaram por cima do muro baixo que cercava a piscina, observandoa esfera. Após alguns segundos, a esfera deciciu dar uma parada, e alguma coisa pareciamover-se dentro dela. Formas embaçadas brancas nadaram das profundezas escuras daorbe, solidificando até atingirem a superfície, tornando-se palavras. Os três rapazesolharam para elas, pensativos. Eles leram:“COMO AS LUAS DE KTHULL ALINHAM-SE COM O GRANDE CHIFRE DE IPSO”Depois de um momento, Ralf perguntou, "Então é um sim ... ou não?""Ninguém sabe", disse Zane brilhantemente. "Esse é o ponto. Meu palpite é queKTHULL um planeta em uma galáxia desconhecida. IPSO, é provavelmente uma constelaçãoou algo assim. Ou talvez seja mesmo um animal real com um chifre na vida real. De qualquermaneira, é impossível para nós saber se há ou não um alinhamento de linha de algumplaneta louco, por isso mesmo que a resposta esteja correta, ainda é completamente inútilpara nós."Ralf perguntou, "Então, como você sabe que é correta, então?"James pensou que era uma pergunta muito razoável.Zane assentiu. "Veja esta." Virou-se novamente para o Octosfera. "Ei, você, quemganhou o jogo de Engateclavas semana passada entre Zumbi x Igors?”James e Ralf viram como as letras desbotadas da superfície da Octosfera afundaram eela começou a girar novamente, retumbando fracamente.244"Você realmente não tem que dizer, oh grande Octósfera místico", Zane diziaenquanto eles esperavam. "Eu apenas pensei que seria um som mais, você sabe, dessaforma impressionante."No centro da piscina, o astro negro parou de girar novamente. Duas palavrasdesbotadas acima de suas profundezas apareceram:“Casa Zumbi”"Vêem?" Zane disse, gesticulando em direção a esfera flutuante. "Se é uma respostaque você já sabe, então ele só dá para você assim. E é sempre certo. "

"Entendi o que você quer dizer," Ralf franziu o cenho. "Isso não é muito útil a todos."Zane assentiu. "Ouvi dizer que isso levou o professor Magnussen a quase ficar loucotentando descobrir qual era o problema com ela. Dizem que é o que o levou a procurar eabrir a cortina de Nexus, embora ninguémsaiba porquê. Talvez se a gente pudesse refazer seus passos, poderíamos encontrar aresposta para esse mistério também! "."De jeito nenhum", disse James resolutamente, suspirando. "Minha mãe estava certa.Nós temos o suficiente em nossas mãos, com a escola, engateclavas e tudo mais. Quem foieste Magnussen, e se há alguma coisa lá para saber, eu aposto que o meu pai já estátrabalhando nisso. Ele vai encontrar esta cortina de Nexus e perseguir todos os queatacaram a Cúpula dos Destinos. Você vai ver."Zane parecia relutante em deixar o assunto ir, mas ele não disse mais nada sobre issonaquela tarde, ou mesmo o resto do fim de semana.Na manhã de segunda-feira, o professor Bunyan levou a turma ao museu no topo daTorre de arte, onde ele mostrou-lhes os retratos de muitas das figuras históricas que alitinham estudado. Agachado sob arcadas do museu, o professor gigante indicava pinturasdas famosas batalhas americanas, mostrando como era o contingente mágico do exércitodos Estados Unidos, liderado por um bruxo americano chamado Quenton Harrow, que tinhaajudado na luta. Quando James passou um retrato do general George Washington, elecomentou com Ralf, que era uma vergonha o retrato não poder falar."Quem disse que eu não posso falar?" o retrato perguntou, ofendido.James, Zane e Ralf viraram-se, surpresos. Zane respondeu primeiro."Mas ... você foi um trouxa, né?""O que, em nome de Deus, é um trouxa, jovem?"Washington perguntou com firmeza."Er," James disse, gaguejando. "Alguém que não é mágico?Como você pode ...?", ele apontou para frame do retrato dourado."Você é uma pintura mágica!"."E daí?" Washington respondeu, levantando o queixo.Ralf sacudiu a cabeça. "Estou confuso".Só então, o professor Bunyan colocado uma de suas grandes mãos sobre os ombrosdos rapazes, levou-os para longe do retrato."Nós não tentamos falar com os retratos de figuras históricas dos trouxas", ele disse

calmamente. "Alguém pensou que seria uma boa ideia para magicamente preservá-los paraa posteridade, mas sendo apenas vagamente conscientes do mundo mágico, muitos delesconsideram a experiência um pouco ... Estranha".James assentiu, olhando para trás para o retrato de Washington. O presidente oobservou. James sabia que o valor era de apenas tinta sobre tela, mas ele se sentia um pouco245triste por ele, no entanto. Ele decidiu voltar mais tarde e fazer um pouco de companhia apintura, apesar palavras do professor de Bunyan.Naquela noite, James, Zane e Ralf entraram na lanchonete ao descobrir que ele tinhasido decorado para o Halloween. Flutuando sobre as longas mesas estavam dezenas delanternas de cabeça de abóbora, sorrindo, maliciosas e, ocasionalmente descendo paramorder uma fatia de pizza de mão um cliente incauto. O esqueleto da sala de feitiços daMãe Newt tinha sido sequestrado, e enfeitiçado com luz verde, ficou um pouco medonho,foi instalado perto da entrada principal, onde distribuía bandejas para os alunos assim queeles se enfileiravam para o jantar. Professor Cloverhoof, o fauno Presidente da Casa Zumbi,ficou no fundo da sala, dirigindo um par de meninas que estavam ocupados pendurado fitaslaranja no teto baixo."Olá professor!" Zane cumprimentou quando os três garotos sentaram-se embaixodas abóboras flutuantes. "Como vai o baile à fantasia?""Sem dificuldades", Cloverhoof respondeu distraidamente."Um pouco mais alto, Srta. Worrel. Não há nada tão deprimente quanto uma fita torta. Lávamos nós.""O Demônio de Jersey está levando muito a sério as suas funções este ano", Zanedisse em um sussurro, voltando-se para James e Ralf. "Ele é presidente da comissão para oBaile Halloween este ano. No ano passado, Mãe Newt fez isso, e todos nós fomos afogado emtoalhinhas e rendas."Ralf olhou para uma flutuante lanterna de abóbora que parecia estar de olho em seuprato. "Eles têm um baile à fantasia na cafeteria?"Zane balançou a cabeça. "Não, não, isso é exatamente onde eles têm todas as bebidas

e refrigerantes. É sempre muito propagado. A dança ocorre em cima no salão principal. Éenorme, com candelabros do tamanho do Foguetim e um grande palco em umaextremidade. Não diga a ninguém ", acrescentou ele, inclinando-se secretamente, " masdizem que Rig Mortis e Stifftones vão fazer o show! Será assassino!”"Eu nunca ouvi falar deles", disse James, pegando uma fatia de pizza e mordendo ofim."Sim", Ralf acrescentou, "eles são algo como Os Irmãos Papão? Eu gosto muito deles.”"Não", respondeu Zane secamente, claramente irritado."O Stifftones são apenas como a banda mais popular na comunicação sem fio mágicoamericano. Vocês dois me fazem querer chorar, eu juro. ""Eu ouvi falar deles", a voz de uma menina disse.James olhou para o lado e viu Isa sentando-se junto de Zane, olhando a bandeja sobre amesa à sua frente. "Eu gosto deles. 'Enfeitiçando Meu Coração "é minha música favoritaatualmente.""Finalmente, alguém com alguma classe", Zane suspirou."Como você está indo, Isa?" James perguntou à menina."Estamos bem", Isa respondeu, apontando para Petra, que se aproximava com umabandeja própria. "Minha professora disse que eu já estou lendo em nível de quarto grau, ouseja lá o que isso significa. É muito bom, aparentemente, considerando que eu nunca tinhaidopara a escola antes. "Zane quase se engasgou com um pedaço de crosta. "Você nunca foi à escola? Vocêestá falando sério? Por que não? "246"Minha mãe", Isa responderam estoicamente. "Ela não achava que eu era inteligenteo suficiente para ir. Ela disse que seria um desperdício de tempo para mim e para todos osoutros. "Petra se estabeleceu próximo a James. "Diga a eles o que a Sra. Quandary disse hoje,Isa", ela cutucou.Isa deu um sorriso torto. "Eu vou começar a jogar A Princesa Neve, no show de Nataldeste ano.""Legal! " Zane sorriu com entusiasmo. "Você já tem suas asas e auréola?""Temos bastante tempo para isso", disse Petra, irradiando

para baixo em sua irmã. "Ela só está se acostumando com sua varinha, para agora.""Sua varinha?" James piscou. "Mas ... Isa não er ..."."Como estão as coisas na Casa Pé Grande?" Petraperguntou, olhando de lado para James e sorrindo."James esta ensinando magia para a equipe de quadribol americano do Pé Grande,"Ralf interrompeu orgulhosamente."Parece que o Pé Grande pode ganhar uma partida pela primeira vez em ... Eu não sei.Nunca, talvez. "James quis menosprezar esse detalhe, mas depois percebeu que a maneira Petraolhou para ele, obviamente impressionada."Isso é excelente, James," ela disse, cutucando. "Eu notei como o Time do Pé Grandetem jogado ultimamente. Muito mais confiante do que quando a temporada começou. Vocêé realmente responsável por isso? "James deu de ombros e desviou o olhar, seu rosto ficando vermelho. "Bem ... vocêsabe. Eu ... sim. Não é nada, realmente. ""'Nada', diz ele," Zane sorriu. "O status de James na equipe foi de zero a herói por‘nada’.""Nós nem sequer ganhamos um jogo ainda", disse James,tentando reprimir um sorriso de orgulho. "Mas nós tivemos umempate.""Você vê", Zane insistiu, ignorando os protestos de James. "Havia um cara no ano passado,um Lobisomemchamado Stubb, que foi destacado pelos Duendes de Hoboken.Aposto que James é ainda melhor do que ele! ""Pare! " James exclamou, corando o rosto. "Olha, não é nada, certo? Eu só lhes ensineialguns truques básicos, isso é tudo. Por alguma razão, o Prof. Wood não quer fazer um jogomágico. Nós apenas estamos tentando jogar com magia agora.”"Ele é tão humilde, não é?" Zane disse vagamente, acenando com a cabeça para Petra."Ora, isso parte meu coração. Ele realmente é. "James revirou os olhos.Quinze minutos depois, os cinco fizeram o seu caminho em direção às portas dalanchonete, conversando animadamentesobre o próximo Baile de Halloween, e James foi preparando-se para algo. Ele sentia mavergonha muito grande de que todo mundo fosse vê-lo, como se ele estivesse fisicamente

vibrando. Havia um grupo de pessoas perto da porta, moendo em torno de algumacuriosidade que não dava pra ver, e James tocou o cotovelo de Petra e eles pararam paraassistir.247"Petra", disse ele, tentando não corar, "Eu estava imaginando ..."Ela se virou para ele e alisou o cabelo do rosto com a mão. "Sim?""Er," começou ele, furioso consigo mesmo por saber como ele soava estranho. Eletomou uma respiração profunda. "Você sabe que o baile à fantasia está chegando?"Ela lhe sorriu com ironia. "O que estávamos falando agora? Claro que sim. O quetem?"James passou a mão pelo cabelo. "Sim. Bem, eu sei que você não é realmente umaestudante, como, mas nós já nos conhecemos há algum tempo, e ... Eu pensei que talvezpudéssemos... "A multidão perto da porta saiu naquele momento e alguém apoiadoem Petra, bateu contra ela."Fazer o quarto, todo mundo", uma voz anunciou. Foi ProfessorCloverhoof, com as mãos levantadas no ar.James deu mais um passo em direção a Petra, tentando chamar sua atençãonovamente. "Enfim, eu estava pensando, talvez eu e vocêpoderíamos""Afaste-se, Sr. Potter,"Cloverhoof disse, tocando no ombro de James. James levantouos olhos, irritado, e depois juntou-se a Petra, uma vez mais."Vamos, James," Petra disse, sorrindo ligeiramente, seu olhos brilhando. "Estououvindo".James sorriu para ela, sentindo-se perseguido, mas incentivado. Ele abriu a boca parafalar, mas uma outra voz cortou, perfurando o ar, como unhas em um quadro-negro."Você!"a voz gritou, tão alto e chocante que silenciou a sala inteira de uma vez. Jamesassustou-se e virou-se para o dono da voz estridente. Um velho magro, com pele muitobranca e cabelos pretos e calvos estava no centro da porta da cafeteria, apoiado entre duasbruxas em robes verde pálido. James o reconheceu vagamente, mas não conseguia lembrarsede onde poderia tê-lo visto antes."Vooocêêê!" o homem gritou novamente, puxando para fora a palavra como umgrito, sua voz desaparecendo como sua

respiração saiu correndo. James sentiu um arrepio de pânico, o homem levantou a mãotrêmula, o dedo indicador estendido. Ele estava apontando para Petra."Sr. Henredon ", uma das bruxas vestida de verde disse, firmando sua pegada nobraço do homem. "Tente não se esforçar muito. Você ainda está muito fraco. Você só foidescongelado o suficiente para caminhar por algumas horas. ""Foi ela!" Henredon gritou, cambaleando sobre as pernas. "foi ela!"James pegou a mão de Petra, tentou afastá-la, mas ela estava enraizada no lugar,franzindo os olhos estreitos."Eu sonhei com você", ela disse, com a voz quase num sussurro.Todos os olhares na sala repleta de gente tinha se virado para olhar para ela."Você está confuso, Sr. Henredon", a segunda bruxa de vestido verde o acalmou,obviamente abalada. "Você já passou por uma provação terrível. Talvez devêssemos leva-lode volta para o centro médico. ""Ela ... ME CONGELOU!" Henredon gritou, a voz embargada, os olhos arregalados norosto pálido. "Foi ela na Cúpula dos Destinos! Ela e outra mulher horrível, mas ela é a únicaque fez isso! Sua! ”Ele caiu então, e as enfermeiras de verde se esforçaram para segura-lo.Outros correram para248ajudar, e o pandemônio irrompeu. Vozes balbuciavam quando os estudantes se afastaramda Petra e James, formando um círculo crescente de olhares e rostos assustados."Ela me congelou", Henredon continuou, chorando, sua voz cada vez mais perdida na turbacrescente. "Ela saiu da Cúpula, sorrindo como um demônio ... e me congelou..."Há uma hora, Harry Potter tinha chegado ao campus e um encontro foi formado em umasala da faculdade no piso principal do Corredor de Administração. Estiveram presentesHarry, o chanceler Franklyn, Professor Cloverhoof, Petra, James, e um homem James nuncatinham visto antes, que havia chegado ao campus só alguns minutos antes de Harry Potter.O estranho usava todas as roupas pretas, luvas e um chapéu preto com uma borda muitolarga e plana. Ele tinha um rosto agradável, embora James achasse que havia algovagamente perturbador sobre isso. Quando o homem se sentou no banco perto da janela

escura, James percebeu que ele parecia ser quase completamente careca. Seu rosto era rosae liso como de um bebê, com seu chapéu pressionado em seu couro cabeludo nu tãofirmemente que repousava sobre seus ouvidos. Ele sorriu para James enquanto retirava osobretudo, James desviou o olhar."Desnecessário será dizer," chanceler Franklyn começou a falar, de pé e atiçando ofogo com um atiçador de lareira longo “que esta é uma acusação muito grave e chocante".James olhou para o pai, mas o rosto de Harry Potter era tão impenetrável quanto obastão na mão de Franklyn. O homem do chapéu de abas largas estava olhando para Harry,sorrindo com um pequeno sorriso agradável. Franklyn pendurou o atiçador em seu ganchoe se virou."Sr. Henredon é um de nossos administradores mais antigos e confiáveis. Seu serviçopara a escola sempre foi totalmente impecável. Assim, sua alegação não pode sersubestimada. Se o confronto não tivesse tido lugar na frente de toda a escola, isso seria umpouco mais simples de resolver. Como está, uma ação direta e decisiva deve ser tomada. ""Mas não poderia ter sido eu que congelou o pobre homem", disse Petra. "Eu nãoestava nem perto do Arquivo quando o ataque ocorreu. Eu estava dormindo no meu quarto!""Você estava no campus" o homem do chapéu de aba larga disse com vontade deesclarecer uniformemente, “o que coloca você nas proximidades do crime,independentemente da sua localização específica. E estar dormindo não é o que se tende achamar de um álibi incontestável. "“Com licença” Harry exclamou, voltando-se para o estrangeiro. "Eu não recebi o seunome, senhor.""Eu não o dei", respondeu o homem, ainda sorrindo agradavelmente. "Eu assumi queera a honra do chanceler. Eu odeio a ultrapassar os meus limites. ""Perdoe-me," Franklyn disse com um tom de impaciência em sua voz. "Sr. Potter,este é o ilustre Albert Keynes, Árbitro Geral para o Tribunal Mágico dos Estados Unidos.Mr.Keynes, Harry Potter é um representante do Ministério da Magia Europeia, e veio

visitar-nos em função de seus deveres como líder dos Aurores."249"Muito prazer", Keynes assentiu presunçosamente, ocultando seu rosto por ummomento, por trás da aba do chapéu preto."Estou impressionado que você fosse capaz de estar aqui em tão pouco tempo,"Harry respondeu, sério. "Árbitro Geral soa como um posto bastante exigente e importante."O homem riu levemente. "O título soa mais grandioso do que é, estou assustado. Há,de fato, muitos de nós, posicionados por todo o país, realizando nossos deveres dando omelhor de nossa capacidade. Minha estação abrange apenas Pensilvânia, mas admito que aárea metropolitana de Pittsburgh e Filadélfia ocupam a maior parte do meu tempo. Euestava nas proximidades quando recebi a mensagem do Chanceler Franklyn".Harry perguntou, "Você representa a Corte Mágica Americana, então?" Antes que ohomem pudesse responder, no entanto, o chanceler Franklyn falou."Nós temos um pouco mais à mão a proximidade sobre a abordagem de assuntoslegais do mundo mágico americano, Sr. Potter. Um resquício de um tempo quando osindivíduos mágicos estavam espalhados finamente em todo o país, tornando-se necessáriopara se exercer a lei, ir até eles, ao invés do contrário. Mr. Keynes, na verdade, é a CorteMágica Americana. ""Juiz, júri e carrasco", brincou o professor Cloverhoof sombriamente,lustrando as unhas na lapela.Keynes assentiu. "Bastante rude, mas preciso, professor",disse ele, e então se virou para Harry. "Eu sou um juiz, Sr. Potter. Meu trabalho é fazerjulgamentos imparciais com base no exame das provas e entrevistas de todos os envolvidosem cada caso específico. É por isso que eu solicitei que seu filho se juntasse a nós. Euentendo que ele tem observado muito do que tem ocorrido em conexão com o ataque a Salade Arquivos. Você não precisa temer pelo envolvimento. Eu sou treinado para sertotalmente justo e objetivo "."Estou satisfeito em ouvir isso", respondeu Harry. "Podemosesperar um fim rápido para essa questão, então?"Keynes estalou sua língua. "A função do árbitro é simples, Sr. Potter, mas nós somos

treinados para ser extremamente minuciosos. Este é um caso particularmente difícil, pois setrata da palavra da Srta. Morganstern contra a do Sr. Henredon. Decisões em tais casos sãoconhecidas por levar meses ou até anos para se alcançar.""Mas isto é estupidez!" James interrompeu, seu rosto corando. "Petra estava com Isaquando o arquivo foi atacado! Isso prova que não foi realmente ela que congelou o Sr.Henredon "."A prova é um conceito delicado, meu garoto", disse Keynes, balançando a cabeçatristemente. "A moçinha em questão é irmã da acusada,tornando-a suspeita para testemunhar, no mínimo. Para complicar ainda mais, eu sou dadoa entender que este não é o seu primeiro encontro com a lei, é, Srta. Morganstern? "A expressão de Petra esfriou um pouco quando ela olhou para o homem dechapéu preto. "Eu não sei do que você está falando.""Pode ter fugido da sua memória", Keynes admitiu com um aceno de cabeça. "Foi apolícia Trouxa, afinal. Eu entendo que essas autoridades mundanas não podem conquistar orespeito de alguém como você. Como eu mencionei, no entanto, os árbitros são muitocompletos. No caminho para cá, eu li o relatório da polícia sobre o que ocorreu por ocasiãodo seu último dia na fazenda de seu avô. Reconheço, que eu tinha que ler nas entrelinhasum pouco, mas não há dúvida de que os acontecimentos daquela manhã resultaram em pelo250menos uma morte, e possivelmente duas, embora a segunda, eu admito, é pura conjecturada minha parte. Você se lembra agora, Srta. Morganstern? "Petra olhou para o homem, os lábios apertados numa linha fina. Depois de ummomento, ela acenou com a cabeça uma vez, secamente."Este é a primeira vez que ouço estas coisas", disse Franklin, olhando Petra e, emseguida, Harry. "Posso perguntar por que motivo a uma conhecida criminosa foi permitidoser oferecido um cargo nesta escola?”Harry não retirou o olhar do homem de chapéu preto. "Petra não é uma conhecidacriminosa", ele respondeu calmamente. "O Departamento de Aurores conduziu uminquérito sobre os acontecimentos na Fazenda Morganstern, e não havia nenhuma

indicação de crime. Warren Morganstern tirou a própria vida, como até mesmo o relatórioda polícia Trouxa deve mostrar. Sua esposa, Fillis Morganstern, anteriormente Blanchefleur,de fato, desapareceu, mas desde que ela já era procurada para ser interrogada sobre asmortes de ambos os maridos, primeiro e segundo, isso não é grande surpresa."Keynes alisou suas vestes de novo e disse, "sua própria investigação, apesar de tudo,Sr. Potter, esses fatores devem ser considerados na prestação de julgamento sobre esteassunto tão delicado. Estarei analisando muitos recursos e entrevistando qualquerquantidade de indivíduos, quer como testemunhas ou como referências morais. Posso atéter necessidade de recorrer a viúva do Sr. Morganstern, se, como você diz, ela ainda estáentre nós. Pode levar meses antes de eu chegar ao meu veredito."James não gostou nem um pouco de Keynes e sentiu-se bastante confiante de que,independentemente de quanto tempo levasse para chegar ao veredito, o homem achariaPetra culpada no final. "O que vai acontecer com Petra se você decidir que ela fez o que o Sr.Henredon diz?"Keynes se inclinou para trás e entrelaçou os dedos sobre o peito. "A lei é muito claranesses casos, infelizmente", disse ele com entusiasmo indisfarçável. "Tentativa de homicídiopode significar algo entre 20 anos à prisão perpétua. Adicione a isso o uso de magia negra, oataque à Cúpula dos Destinos, e o roubo de uma relíquia de valor inestimável na forma deum fio vermelho desaparecido, e sim, eu sei dessas coisas, como um membro do TribunalMágico Americano de Justiça, nada foge à minha atenção, então, parece inevitável que aSrta. Morganstern vai passar o resto de seus dias na Fort Bedlam prisão de segurançamáxima mágica. Sua irmã, Isabella, ficará sob a guarda do Estado. Como uma Trouxa,caberá ao Birô de Integração Mágica encontrar uma nova casa na comunidade não-mágica.Ela é menor de idade, felizmente, o que significa que as autoridades na Montanha de Cristalprovavelmente apagarão sua memoria. Isto provavelmente seria o melhor para todos osenvolvidos."

"Que tipo de pessoa horrível é você?" James exclamou com raiva. "Você age como senão houvesse nada mais de importante que você precisasse ver!""James!" Harry Potter disse severamente, colocando uma mão firme no ombro dofilho.Keynes sorriu de novo para James e inclinou a cabeça tristemente. "É verdade,jovem. Não há nada que eu precise ver mais para que seja feita justiça. É uma gentilezaequivocada para mimar os culpados. Algum dia eu espero que você venha a ver a verdadedisto. Embora eu tenha minhas dúvidas. "Ele olhou para Harry e suspirou. James viu que o lábio superior de Keynes estavasuando levemente.251Petra falou em seguida, sua voz estranhamente calma. "O que será de mim e Isadurante a sua investigação?"Keynes animou um pouco. "É comum que o réu deva ser entregue ao árbitroencarregado de seu caso até que um julgamento possa ser realizado. Portanto, de agora atéeu chegar ao meu veredicto, você deve ficar sob minha custódia. Sua irmã, no entanto, seráenviada para o orfanato de bruxos em Pittsburgh.""Minha irmã," Petra disse friamente, "vai ficar comigo.""Eu temo que você não esteja em posição para fazer esse tipo de pedido", disseKeynes, com seu sorriso abrindo-se. "É uma tradição americana Trouxa de considerar o réuinocente até prova em contrário. É um conceito obsoleto, que não tem lugar no TribunalBruxo. Até ao momento em que eu possa encontrá-la inocente, você é uma suspeita de umcrime capital, assim você é considerada potencialmente perigosa e em risco de fuga. Vocêserá feliz em cumprir com a regra da lei. " Franklyn pigarreou. "Não vamos ser tãoapressados", começou ele, mas Petra retirou-lhe o olhar e manteve os olhos fechados nadireção de Keynes."Onde quer que eu vá, Isa vai", disse ela. "Não é um pedido." Sua voz estava tão calmaque era quase surreal, e aindaJames sentiu um calafrio súbito na sala, fazendo-o tremer. Ondas de frio pareciam estarvindo da própria Petra, que estava sentada ao lado dele.

"Essa obstinação não lhe fará bem, eu sou o procurador do seu caso, Srta.Morganstern",dizia Keynes, seu sorriso crescendo igualmente gelado. "Você pode quereralterar o seu tom, para que eu decida que você é mesmo mais do que o risco que eu tinhaimaginado até então.""Eu duvido que seria um erro", disse Petra. James estava quase certo que ele via suarespiração sair em lufadas de neblina quando ela falou.A tensão no ar parecia dura e James sentiu um medo inexplicável de que algo terrívelestava para acontecer. Imagens cintilaram por trás de seus olhos: um castelo negro, enormee morto, empoleirado no topo de um penhasco, olhando os olhos escondidos na sombra,uma mão branca segurando um punhal singularmente feio com sangue pingando da lâmina.Estas foram as visões dos sonhos de Petra. Elas vieram com ele agora, piscando como umrelâmpago, frio como gelo. De alguma maneira, ela estava transmitindo a ele,aparentemente sem intenção, no invisível cordão de prata que ainda o ligava a ela. Era comose ela estivesse jogando para cima, como uma espécie de gerador mágico. Ele sentiu isso efoi terrível, terrível. Como ela poderia ser tão misteriosamente poderosa? James olhou paraa sala, para Albert Keynes, e de repente ele queria gritar para o homem se calar, deixar dehostilizar Petra. Não só porque James a amava, mas porque ele tinha medo dela.Mas então, surpreendentemente, o pai de James falou."Eu compreendo completamente sua situação, o Sr. Keynes", disse ele, e seu tom devoz pareceu enfraquecer a tensão da sala. "Afinal, eu mesmo sou um homem da lei. Eu souresponsável pela estadia da Srta. Morganstern aqui. Como seria se eu assumisse aresponsabilidade por ela, e sua irmã Isabella, no decurso da sua investigação?"James se virou para olhar para seu pai, de olhos arregalados, como o fez Petra."É uma gentil oferta, Sr. Potter," Keynes disse duramente, sentando-se em linha retaem seu lugar. "Mas eu tenho o dever de recusar. A lei, como já mencionada, é bastante clara."252

"Como eu já disse, Sr. Keynes", disse Harry um pouco mais alto: "Eu também sou umhomem da lei. E eu gostaria de lembrá-lo que a lei internacional mágica prevê subsídio paraos detidos estrangeiros, que sejam entregues à guarda do representante de sua próprianação durante o curso de qualquer processo jurídico necessário."Keynes olhou duramente para Harry, seus olhos se estreitaram. O suor no lábiosuperior brilhou. James percebeu que a expressão de seu pai, no entanto, era perfeitamenteneutra, calmo como uma pedra de rio."Você está absolutamente certo, Sr. Potter," Keynes disse suavemente, "que este é ocurso de ação que você verdadeiramente deseja fazer?""Não vejo outra opção," Harry respondeu, "para um homem da lei."Keynes sorriu de novo, devagar. "Que assim seja, então. Como representante daCorte Mágica Interamericana, eu libero Petra e Isabella Morganstern à sua custódia. Saiba,porém, que isto significa que tanto a autoridade mágica jurídica quanto o Birô de IntegraçãoMágica estarão observando você de perto. Haverá sentinelas postadas perto de sua casa otempo todo. ""Então, eles podem se juntar aos que já estão lá," Harry respondeu com um suspiro."Minha esposa tem sido conhecida por convidá-los para o chá, embora eles não tenhamaceitado a oferta.""Sr. Potter, "Petra murmurou, inclinando-se perto dele. "Você não precisa...""Existe alguma outra opção então? " Harry interrompeu, olhando rapidamente derosto em rosto. "Não? Então sugiro que eu escolte a Srta. Morganstern e sua irmã a seuapartamento onde podem recolher tudo o que elas precisam. "A reunião terminou e houve um arrastar de pés e um rangido quando a porta seabriu. Professor Cloverhoof permaneceu perto da entrada, permitindo que os outrossaissem antes dele. Seu rosto estava impenetrável quando ele olhou para James e piscou.James seguiu seu pai para o corredor principal que correu em linha reta pelo centro doCorredor de Administração. Petra voltou à irmã, que estava esperando perto das escadas doátrio, com Zane e Ralf. Quando James e seu pai chegaram a entrada principal, Albert Keynesaproximou-se de Harry, seu jeito simpático, um pouco condescendente.

"Eu estou ciente, Sr. Potter", disse ele em voz baixa ", que forneceu abrigo a Srta.Morganstern e sua irmã uma vez antes. Foi, de fato, imediatamente após os acontecimentosinfelizes do seu último dia na Fazenda Morganstern. Será que você sabe um pouco maissobre os eventos que você está arrendando?"Asseguro-lhe, Sr. Keynes," Harry respondeu: "Você sabe tanto quanto eu sobre essascoisas, e talvez mais. Sua informação parece não conhecer limites, absolutamente."Keynes riu, como se Harry e ele fossem amigos antigos. "Ah, se só fosse esse o caso.Eu só pergunto, no entanto, porque eu irei descobrir. Se há algum segredo que você podequerer divulgar agora, poderia nos guardar de ter alguns problemas mais tarde. Temo queas coisas possam ficar um pouco menos ... civilizadas."Harry fez uma pausa longa, e James olhou para ele, observando-o. Por um momento,James pensou que seu pai diria a Keynes que ele sabia que Petra havia, de fato, sido vistavindo da Câmara dos arquivos na noite em que ela foi atacada, e talvez até mesmo queMerlino Ambrósio encobriu se preocupando com o estado mental de Petra, e até mesmo suabondade geral. No fim, no entanto, Harry apenas balançou a cabeça.253"Sinta-se livre para me entrevistar e à minha família, Sr. Keynes", disse Harry,olhando para James. "Nós temos o hábito de dizer a verdade. Às vezes, porém, você tem quefazer as perguntas certas."Keynes balançou a cabeça, como se isso fosse exatamente o tipo de resposta que eleesperava. "Muito bom. Vou começar a minha investigação nesta mesma noite, e se fornecessário, vou precisar desta oferta. Por hora, dou-lhe boa noite. E boa sorte, er, bom. Eususpeito que você vai precisar."Com isso, Keynes abriu as pesadas portas dianteiras edesapareceu na escuridão além, cantarolando felizmente para si mesmo."Homem odioso," Franklyn disse com um suspiro. "Mas essas pessoas são,indiscutivelmente, a graxa que lubrifica o eixo da civilização."O professor Cloverhoof assentiu. "E deve sr por isso, que sente a necessidade delimpar as mãos depois de entrar em contato com eles."Murmurando de acordo, o grupo fez seu caminho na escuridão gelada.

Andando entre James e seu pai, Petra perguntou: "Tem certeza que você realmentequer fazer isso, Sr. Potter? Ele só vai dificultar as coisas para você e sua família. Eu posso mecuidar, se eu precisar.""Não é nada," Harry respondeu rapidamente, mas então olhou para ela enquanto semoviam através do vento do campus. Em voz baixa, ele disse, "Mas, perdoe-me por pedirisso Petra, e sei que vou fazê-lo apenas uma vez: você fez o que o Sr. Henredon alega? Esteveenvolvida, por algum motivo, no ataque aCúpula? Porque o Sr.Keynes, desagradável como ele é, é totalmente correto.A verdade será conhecida. É melhor falar agora do que ser encontrado mais tarde.Você é culpada?"Petra olhou para Harry, e depois para James. "Eu não sou. Eu juro. Reconheço queum monte de coisas estranhas tem acontecido em torno de mim, mas eu estou tão confusacom isso como todos os outros. Eu quero saber a verdade, tanto como o Sr. Keynes faz. Porfavor, acredite em mim."James falou. "Eu acredito em você, Petra", disse ele, olhando para ela. Ela sorriu delado para ele, um pouco triste.Harry Potter, no entanto, não disse nada.254CapítulCapítulo 14Os Mistérios de Magnussen— Eu pensei que você havia me dito — falou Zane no dia seguinte — que se havia algumaligação entre a história desse velho Professor Magnussen e o ataque na Cúpula, seu pai,Merlin e todo o resto já estaria tudo resolvido.James sacudiu a cabeça.— Vamos — impeliu. — Já faltam dez minutos para as duas. As horas de expediente deFranklyn estão quase acabando.— É — falou Ralf, interessando-se no assunto. — O que foi que aconteceu com aquela coisatoda sobre a gente ser um grupo de estudantes com muito a fazer para se envolver emquaisquer grandes aventuras?James pegou a manga de Ralf e puxou o garoto maior com iminência para um grandecorredor alinhado com portas parcialmente abertos.

— Aquilo foi naquela hora, isso é agora, certo? Papai está cheio com seus própriosproblemas, especialmente agora que tem Petra e Isa sob a proteção dele enquanto aqueleKeynes idiota faz sua investigação. Não estamos tomando o cargo por ele, estamos sóajudando. Se há algo nessa coisa toda sobre o Professor Magnussen e a Cortina de Nexus,vamos dar um jeito nisso.— Entendo como é — disse Zane com um sorriso. — Agora que o destino de PetraMorganstern está na balança, você está querendo quebrar a velha Primeira Diretiva, não é?— Eu nem sei o que isso significa — suspirou James impaciente. — Depressa. A porta doescritório de Franklyn ainda está aberta.Todos os três garotos pararam abruptamente no lado de fora da alta parede de madeira eolharam de espreita o interior. O escritório era incrivelmente pequeno, dominado por umamesa de carvalho muito grande, um conjunto de cadeiras para visitantes e uma estante delivros abarrotada de livros enormes e o ocasional dispositivo de relógio automático.Franklyn estava sentado na mesa encarando a porta, um livro grosso nas mãos. Ele olhouquando os três garotos tropeçaram e pararam.— Garotos — ele disse de boas-vindas. — O que posso fazer por vocês?255— Oi, Reitor — James disse, entrando na pequena sala e olhando em volta. — Hum, esse é oseu escritório?— Um deles, pelo menos — sorriu Franklyn. — Esse é o que serve para me encontrar comestudantes e o corpo docente. Por que perguntam?James encolheu os ombros enquanto movia-se para ficar atrás de uma das cadeiras dosvisitantes.— Nenhum motivo. Eu só esperava algo um pouco... maior.— Pensamos que conseguiríamos ver o seu Aparelho de Captura da Luz do Sol de novo —acrescentou Ralf.— Ah, sim, aquele — respondeu Franlyn, fechando seu livro com um baque. — Mantenhoele na minha sala pessoal de estudos. É demasiado grande e complexo para deixar nogabinete do corpo docente. Afinal, ainda somos vítimas dos ocasionais logros escolares,embora tais coisas sejam um pouco mais raras hoje em dia, graças à Madame Laosa.

— Você quer dizer a Velha Laosa? — perguntou Zane, seus olhos se arregalando. — Entãoela é real mesmo? Alguns dos Zumbis estavam dizendo que ela foi só inventada paraassustar a gente para não explorarmos os alicerces.— Como posso ajudar vocês, garotos? — perguntou Franklyn, dando um sorriso poucocurvo, obviamente evitando a pergunta de Zane.— Er — começou James, apertando a parte traseira da cadeira na frente dele —, nós sótemos uma rápida pergunta. É sobre a história da escola. Achamos que você seria a pessoacerta a perguntar.Franklyn assentiu, aprovando.— É sempre um prazer ver alunos tomando interesse na universidade. E suponho que euseja unicamente qualificado para discutir sua história já que estive vivo na maioria da suaexistência. Qual é a sua pergunta?James olhou de volta para Ralf e Zane, subitamente relutante.— É... er... sobre um dos professores.— De muito tempo atrás — acrescentou Ralf.A cadeira de Franklyn rangeu quando ele se encostou nela.— Tivemos uma lista demasiada impressionante de professores durante os anos,continuando até o presente. O Sr. Bunyan, o gigante, é um dos nossos mais recentesacréscimos, e creio eu, não foi nada fácil convencê-lo a assumir o posto. Ele prefere osespaços enormes e abertos, com o seu grande boi azul, Babe.— É sobre o Professor Magnussen — soltou Zane, passando á frente.A expressão de Franklyn congelou no rosto. Ele parou, fitando os três garotos.— Você lembra-se dele? — estimulou James como tentativa. — Procuramos por ele nabiblioteca, mas não havia quase nada. O nome inteiro dele era Ignátio Karloff Magnussen, eele era o diretor da Casa Igor há cento e cinquenta anos aproximadamente.Franklyn continuava a estudar os meninos, seus olhos subitamente acautelados. Eleinclinou para frente lentamente outra vez, produzindo outro longo rangido da cadeira.Ralf disse:— Havia lendas sobre esse sujeito Magnussen. Dizem que ele abriu alguma coisa chamadaCortina de...— Garotos — interrompeu Franklyn —, temo que o Professor Magnussen é um nome de um

período de tempo que esta escola acharia melhor esquecer. Seria conveniente se vocês nãose informassem sobre ele nem mais um pouco.256— Bem — respondeu Zane lentamente, olhando de lado para os amigos —, tanto quanto eugostaria de concordar com isso, suspeito que estamos umas dez vezes mais curiosos agora.Franklyn suspirou imensamente.— Suponho que vocês descobriram sobre isso na aula de Tecnomancia do ProfessorJackson, sim? — Ele assentiu para si mesmo, sem esperar uma resposta. — O professor e euconversamos vagamente do assunto. Temos pontos de vista demasiado contráriosconsiderando os valores de segurança versus descoberta. Talvez eu simplesmente queiradeixar o meu dever de Reitor um pouco mais fácil. Certamente o bom professorconcordaria.James arriscou pressionar a questão um pouco mais.— O que você pode nos contar, reitor? É verdade que Magnussen abriu a Cortina de Nexus eabriu caminho para dentro do Mundo Entre os Mundos?Franklyn se levantou e alisou o colete. Ele virou-se em direção á janela e inclinou-se paraolhar o campus de espreita.— Ele costumava viver na moradia de corpo docente mais proeminente de Alma Aleron, amoradia que originalmente pertenceu a John Roberts, um dos fundadores da escola. Ele eraum homem brilhante, Magnussen, e sim, eu o conheci. Ele era, na verdade, uma raridade dehomem: ele era um cientista e amante de histórias. Sua mente calculista era igual aosmelhores tecnomancistas que já viveram, mas o seu amor à história o permitiu pensar emmodos criativos e engenhosos que nenhum dos seus colegas jamais puderam sonhar. Ascaracterísticas que o tornaram incrível, porém, também levaram ele a... obsessões. Foramelas, infelizmente, que o dirigiram a cometer atos que eram horripilantes e, no fim dascontas, insensíveis.Franklyn hesitou, aparentemente determinando quanto ele deveria dizer. Finalmente, elecontinuou, ainda olhando pela janela de espreita.— Foi um tempo de grande interesse na exploração mágica e experimentação. Escolas como

a Alma Aleron permitiam uma quantidade de autonomia e recursos virtualmente ilimitadaaos seus professores, tudo em nome do progresso. Já era tarde demais quando aprendemosque às vezes progresso significa decadência. O Professor Ignátio Magnussen foi permitido aconduzir os seus experimentos e seguir seus objetivos, mesmo que os custos fossem muitomais altos do que os que conhecíamos na época, e os perigos eram... incalculáveis. Quandoele foi descoberto, era tarde demais para pará-lo. No fim, ele caiu como vítima dos seuspróprios projetos, e esse, infelizmente, é o fim da história dele.— O que ele fez, senhor? — persistiu James.Franklyn estava pensativo. Depois de um momento, ele olhou de volta para os garotos, seusolhos estreitos.— Por que, digam-me por favor, vocês três estão tão interessados nisso?— Er — começou James, mas Zane o interrompeu.— Estamos só curiosos, senhor. É a nossa natureza. Você sabe como os jovens são.Franklyn estudou Zane por um longo momento.— De fato eu sei. Curiosidade é uma coisa boa, meus jovens amigos. Ela é o combustívelpara o motor da invenção. Mas como qualquer combustível, pode ser perigoso. Podequeimar vocês se não tiverem o devido cuidado.James perguntou:— Foi isso o que aconteceu ao Professor Magnussen?257O rosto de Franklyn permaneceu calmo quando ele tornou a atenção para James. Depois deum longo tempo, falou:— Magnussen viveu na casa que uma vez pertenceu a um dos três fundadores da escola,como eu disse. É a casa que agora se ergue em ruínas no lado oposto da alameda. — Eleassentiu para a janela. — O Professor Magnussen é o motivo pelo qual aquele prédio foireduzido a entulho. O laboratório dele era lá e foi o cenário de coisas terríveis. Quando essascoisas vieram á tona, um tumulto explodiu no campus. Centenas de pessoas correram compressa para a mansão, pretendendo arrastar Magnussen para fora e trazê-lo à justiça. Éclaro, um juiz já havia sido designado a Magnussen: a justiça já havia sido posta emmovimento. Mas por causa da posição de Magnussen, lhe foi concedido o privilégio de

manter o seu posto e sua casa durante a investigação. Isso enfureceu a escola, incluindo,sinto dizer, a maioria dos professores. Durante a balbúrdia que se seguiu, Magnussenescapou da mansão. Como resultado, a mansão foi queimada quase até o chão. Desse dia emdiante, ninguém sabe se o incêndio foi acidental ou proposital. Alguns dizem que o próprioMagnussen o provocou, para distrair todos da sua fuga. De qualquer jeito, o incêndio não sódestruiu a mansão como também pôs fim em todos os vestígios do que Magnussen haviafeito. E, francamente, talvez isso tenha sido o melhor.Zane estava impressionado.— Então o que aconteceu com ele depois disso? Ele passou os restos dos suas dias emalguma ilha sul-americana em algum lugar?— Ignátio Magnussen nunca mais foi visto ou ouvido novamente — respondeu Franklynbruscamente, sentando-se mais uma vez na sua mesa. — A explicação mais provável é queele fugiu pela fenda que criou em alguma realidade que nenhum de nós jamais pôdeimaginar.— Então ele conseguiu abrir a Cortina de Nexus! — exclamou Ralf.Franklyn alfinetou Ralf com um olhar severo.— Ele conseguiu abrir alguma coisa, Sr. Deedle. Infelizmente, não tivemos tempo nenhumvirtualmente para questioná-lo antes da sua fuga, e o incêndio arruinou as pistas, queteríamos conquistado na sua ausência. Portanto, ninguém sabe ao certo o que ele fez ouonde ele pode ter ido. Tudo que sabemos é que o “sucesso” dele veio a grande custo eacabou com muitas vidas. Sugiro que vocês deixem isso assim.James queria perguntar mais, mas a expressão de Franklyn deixou claro que ele nãodiscutiria mais o assunto. Os três garotos agradeceram ao Reitor e se desculparam tãorapidamente quanto possível.— Bem — disse Ralf quando saíram da Residência da Administração —, aquilo foi umverdadeiro golpe.James puxava sua capa em torno dele quando o vento batia.— Pelo menos descobrimos que Magnussen realmente abriu a Cortina de Nexus —respondeu. — Isso quer dizer que pode haver algo relevante na teoria de Zane. Talvez,quem quer que tenha mesmo roubado o fio vermelho, usou-o para abrir a Cortina de novo, e

ainda está se escondendo por aí, no Mundo Entre os Mundos. Se pudermos descobrir comoMagnussen atravessou, então talvez possamos fazer isso também.Zane aparentou estar surpreso quando disse:— Eu pensei que íamos só verificar isso tudo para o grande Harry Potter e o seu esquadrãode aurores super-legais?258— Ah, cala a boca, você não consegue? — resmungou James rabugento. — Papai já está commuito trabalho. Não há nenhum mal em seguir algumas pistas, não é mesmo? Vai dar algumtempo a ele. Além disso, já estamos bem aqui no campus. Podemos fazer todo o trabalhopresencial mais facilmente do que ele pode. Eu só espero que Franklyn não seja de tãopoucas palavras sobre tudo. Ele não nos deu quase nada para continuar.Zane suspirou vastamente e parou de andar. Um momento depois, Ralf e James tambémpararam e viraram-se para olhar para ele.— Talvez — o garoto loiro disse com um sorriso torto — possamos tentar do meu jeitoagora?James tinha muito curiosidade acerca do que era realmente o jeito de Zane, mas como issopassou, os dias seguintes foram muito ocupados para os garotos tentarem alguma coisa.Na noite de sexta-feira, James se juntou a Zane, Alvo, Lúcia e Ralf no Ginásio Pepperpockpara assistir a partida de Engateclavas dos Vampiros contra os Lobisomens. Alvo torciaentusiasmado pelo seu próprio time enquanto Lúcia liderava uma animação suada ebalançava um estandarte vermelho e preto nas mãos com luvas. James, Ralf e Zane,entretanto, não gostavam de nenhum dos times, aplaudiam só quando havia pênaltis ouferimentos, conquistando alguns olhares repreensivos das pessoas nas tribunas principaisem volta deles. No fim, a Casa Lobisomem derrotou os Vampiros por um placar de oitenta eoito a sessenta e cinco, deixando Lúcia num estado irritado que perseverou bem no seusegundo refrigerante de alcaçuz no Pipa & Chave.James passou a maioria do sábado à tarde no sótão da Casa Hermes, acompanhado porZane, na procura de alguma fantasia para o Baile de Halloween daquela noite. Juntos, elespegaram uma fantasia de múmia que consistia na maioria de trapos de lençóis velhos, que

havia, por algum motivo esquecido, sido tingida nas cores do arco-íris.— Vamos chamar você de Febre do Sábado à Noite — anunciou Zane alegremente,examinando James na fantasia. — A Múmia Disco! Você vai ser um sucesso total.Francamente, estou com um pouco de ciúmes.Depois de ter falhado desastrosamente na sua tentativa de convidar Petra para o Baile,James procurou e pediu a Lúcia para ir com ele, calculando que eles poderiam ter maisdiversão juntos que separados. Ela aceitou instantaneamente e com muito mais entusiasmodo que James esperava. Quando ele chegou à Mansão Érebo naquela noite para levá-la aobaile, ela desceu a escadaria principal vestida de princesa vampira, deslumbrante numvestido preto demasiado impressionante, botas, e um frasco de sangue posto numa fitapreta em volta do seu pescoço.— O sangue não é de verdade — sorriu timidamente, mostrando os dentes caninos, quehaviam sido enfeitiçados com longas pontas para a noite. — É só suco de fruta vermelha,então eu realmente posso bebê-lo se quiser. Peguei as botas emprestadas da ProfessoraRemora. Dá pra acreditar que os pés dela são tão pequenos quanto os meus?James disse a ela que não dava para acreditar e que ele francamente preferia pensar nos pésda Professora Remora tão absolutamente pequenos quanto o possível. Durante o caminhopara a Residência da Administração, eles encontraram Ralf, que estava vestido como umfantasma com um lençol tristemente roído por traças sobre a cabeça. Juntos, os três abriram259caminho para a cafeteria para pegar bebidas e então rumaram ao salão principal do baile,onde a banda Rigor Mortis e os Stifftones, estava bem posta no primeiro cenário.Confirmou-se ser uma noite encantadoramente estridente. A música estava bastante alta edepois de algumas tentativas mal sucedidas, Lúcia finalmente persuadiu James a juntar-se aela na pista de dança. Zane já estava lá, girando e saltando alegremente, vestido,naturalmente, como um zumbi. Ele havia pintado o rosto de verde, acrescentou algumascosturas com marcador negro mágico, e vestiu um casaco a rigor azul-pálido mofado e com

aparência doente. Ao seu lado, Cheshire Chatterly parecia um pouco atraente como a suaparceira zumbi do baile, completa com um vestido rosa tafetá manchado de sangue e cadacentímetro de pele exposta estava encantada com uma mancha mortal triste.— Que festa, hein? — Zane gritou quando passou dançando.— É! — James gritou de volta, sorrindo. Na frente dele, Lúcia dançava alegremente,parecendo incrivelmente bonita com seu cabelo penteado numa complexa colmeia. Elefalava com ela tanto quanto as luzes reluziam e rodopiavam por toda volta. Mesmo naobscuridade tremeluzente, ele via o sangue subir às suas bochechas pálidas e ela sorriupara ele, obviamente satisfeita.Foi só na quarta-feira à tarde seguinte que Zane finalmente reuniu James e Ralf e osinformou para se prepararem a uma pequena “missão de pesquisa”, uma vez que as aulashaviam acabado naquele dia. Às cinco horas, todos os três garotos se encontraram naMansão Apolo para um rápido jantar.A comida foi preparada pelo mordomo da casa, um bruxo careca, encurvado edolorosamente magro, cujo comportamento geralmente pairava em algum lugar entreesquisitice disfarçada e hostilidade total. Conhecido somente como Yeats, o mordomoaparentemente havia sido um pertence da Mansão Apolo por quase setenta anos e nãoparecia ter nenhuma intenção de se retirar, nunca. Ele era tão velho que parecia estar nanecessidade de um bom espanador, mas ele se mexia com um tipo de economia maliciosaque envolvia que se algum dia a necessidade ocorresse, ele poderia provavelmente atacarqualquer membro da Casa Pé Grande com uma das suas grandes mãos articuladas enquantoarremessava crepes com a outra.— Espero que isso estava ao gosto do jovem senhor — ele disse entre dentes rangidosenquanto empurrava os pratos deles para a frente. — Hambúrgueres de queijo e batatasfritas caseiras. A base de qualquer jantar nutritivo.— Valeu, Yeats — disse Ralf, sentando-se.— Qual é a desse cara? — perguntou Zane discretamente quando Yeats batia em retirada devolta ao fogão. — Toda vez que pedimos alguma coisa para ele, tenho a impressão que ele

está se contendo de enfeitiçar a gente para virarmos sal e vasos de pimenta.James deu de ombros e mastigou uma batata frita. Elas ainda estavam quentes e seespalhavam com algum tipo de queixo azul crocante.— ‘Tá tudo bem com o Yeats — disse. — Me faz lembrar de casa. Ele é como uma versãohumana mais velha do Monstro.— Ele é! — concordou Ralf de boca cheia. — Eu sabia que ele parecia familiar. Você temrazão. Ele me faz lembrar do bom e velho número doze do Largo Grimmauld.Vinte minutos depois, os três garotos caminharam para a noite escura, Zane na frente.James notou que eles estavam rumando para o Arquivo.260— Só dando uma rápida pesquisada, colegas — Zane disse aos estudantes Lobisomem queainda serviam de guarda nos degraus do Arquivo. — Ou precisamos de um papel depermissão com uma assinatura tríplice do próprio Reitor?— Apenas seja rápido, Walker — um dos garotos Lobisomem rosnou. — O Arquivo étrancado às oito em ponto, mesmo se lá dentro tiver algum tonto.— Ei — Zane sorriu quando subiu trotando as escadas na direção das imensas portas —,isso rimou! Você esteve praticando essa, não foi? Vocês Lobisomens são tão fedorentamenteinteligentes!— Sorria enquanto pode, Walker — outro garoto disse. — Veremos se você ainda vai estarsorrindo na sexta-feira à noite depois do seu time jogar com o nosso no Engate.— Bem, essa não rimou de jeito nenhum — avisou Zane. — Voltem à casinha de cachorro devocês.Os garotos Lobisomem pareciam prontos para brigar, mas eles estavam aparentementemuito empenhados nos deveres de guarda deles para abandonar os postos. James e Ralfsubiram de lado as escadas atrás de Zane, evitando contato visual com os garotos maisvelhos em cada lado.— Então o que vamos fazer aqui? — perguntou James enquanto eles entravam na salacircular e escura do Desgravador. — Mesmo se existam relíquias do tempo de Magnussen,elas estariam na seção reservada do Arquivo. Não podemos entrar lá, não importa quantosLobisomens você insultar.

— Ao contrário — anunciou Zane, sacando uma fina chave dourada do bolso. James areconheceu.— É uma chave esqueleto do Arquivo — disse, impressionado. — Assim como a chave queFranklyn usou quando nós descemos para a Cúpula dos Destinos. Como você a conseguiu?Zane deu de ombros.— Estive planejando as coisas há algum tempo. Calculei que vocês no fim ansiariam em teruma pequena aventura extracurricular. Por que vocês acham que eu concordei em ir com aCheshire Chatterly para o baile a fantasia?Ralf sugeriu:— Porque ela parece perfeita num vestido rosa de tafetá?— Bem, sim, tem isso — respondeu Zane pensativo —, mas isso não é tudo que há. Ela estáno grupo de manutenção que trabalha aqui no Arquivo, e ela sempre foi o braço direito deHenredon.— Posso ver o porquê — concordou Ralf.James sacudiu a cabeça espantado.— Você roubou a chave dela?— Não! — exclamou Zane, ofendido. — Eu só pedi para ela. Que tipo de malcriado vocêsacham que eu sou?— Desculpe — respondeu James, piscando.— Eu falei para ela que precisava pesquisar algum famoso dançarino velho para praticar osmeus passos para o baile. Ela quase se dividiu em duas. Me deu a chave naquele mesmosegundo.Ralf assobiou, impressionado.— Você dançou com uma garota só para pôr as mãos naquela chave?— Qualquer coisa pela causa — suspirou Zane. — Vamos lá.261Usando a chave, os garotos abriram a porta para o arquivo interno. Depois de alguns passosfurtivos e nervosos em volta, eles finalmente encontraram uma seção com um portão presocom uma grande corrente e cadeado. Entretanto, um rápido gesto da chave esqueleto e umtoque da varinha de Zane abriram o cadeado, e os três rastejaram lentamente para a câmeraescura além.— É muito escuro e empoeirado — comentou Ralf, mantendo sua voz inconscientementesilenciosa. — Como a gente vai encontrar o que viemos procurar no meio disso tudo?

— Cheshire me disse como eles catalogam as coisas aqui — respondeu Zane, segurando avarinha iluminada sobre a cabeça. — Primeiro coloca-se a data, depois o nome do evento ouda pessoa. Olhem para o topo das galerias. Magnussen ensinou entre 1830 e 1859.— Por aqui — chamou James, olhando para o topo das estantes. Os outros dois se juntarama ele e começaram a esquivar-se furtivamente pelas prateleiras, examinando a quantidadeincontável de objetos estranhos e soprando a poeira das etiquetas amareladas.Um som de arrastar de pés surpreendeu os garotos. Eles congelaram onde estavam, olhosarregalados, olhando um ao outro.— Isso foi um de vocês? — sussurrou James.Ralf engoliu em seco.— Não fui eu. Veio da galeria atrás de nós.— Não deve ser nada — sussurrou Zane, olhando em volta. Quase que de imediato, umapancada soou perto. Os três garotos sobressaltaram-se. Lentamente, James virou na direçãodo som, levantando a varinha. Ele mal estava respirando. Como um só, os três garotos seinclinaram no lado da galeria, observando com atenção a escuridão adiante.Alguma coisa foi empurrada para fora da prateleira imediatamente ao lado do rosto deJames, passando tocando a bochecha dele e fazendo um barulho como uma minúsculalancha. Ele gritou e saltou no ar, deixando cair sua varinha e coçando a bochecha.— Patches! — irritou-se Zane, seus olhos se sobressaltando.James se virou, o coração martelando, e olhou. O gato Patches estava em pé na prateleira,ronronando ruidosamente, sua cabeça redonda sacudindo. Havia teias de aranha presas nosbigodes dele.— Patches, seu patife! — declarou Zane, estendendo a mão para coçar o gato entre asorelhas. — O que você está fazendo aqui embaixo? Você quase deu um ataque do coraçãoem James! — Ele riu animado.— Parece-me que você é quem deveria ser repreendido também — irritou-se James,estendendo-se para levantar a varinha caída. — Tente você sentir uma grande cabeçapeluda e nariz molhado empurrado contra a sua cara na escuridão e vai ver o que é.

— O que ele está fazendo aqui embaixo? — perguntou Ralf, andando á frente para acariciaro gato ele mesmo. — Pensei que ele sempre vagava pela Sala da Administração.Zane assentiu.— Ele vaga. Eu nunca o vi em outro lugar.— É só eu — disse Ralf, olhando timidamente entre Zane e James —, ou isso parece meioque uma má sorte? Talvez devêssemos cancelar essa coisa toda, não é?James esperava que Zane zombasse daquela sugestão, mas quando virou-se para o garotoloiro, ele o viu estudando o gato criticamente.— E aí, Patches? — perguntou ao gato quando este ainda estava em pé ronronando naprateleira. — Você está aqui para conceder-nos sua bênção? Ou vai nos denunciar comoratos para as cabeleiras na Residência da Administração?262O gato parou de ronronar quase que de imediato. Ele agachou-se baixo e perscrutou sobre aborda da prateleira. Um momento depois, ele saltou vivamente para o chão e começou aandar silenciosamente pela galeria, o pelo do seu rabo eriçado.— Bem — pestanejou Zane —, me perdoe por viver.Ralf disse:— Talvez ele tenha se ofendido com a palavra “rato”.— Vamos — sugeriu james, virando de volta ás prateleiras. — Esqueçam ele. Ele é só umgato. Se vocês não se lembram, ele achou que devíamos estar na Casa Igor.Zane olhou para James.— Você se perguntou se talvez ele não tenha razão?James encontrou o olhar do amigo e franziu a testa.— O que você quer dizer? A Casa Pé Grande cabe para a gente muito bem. O que é que umgato velho sabe que nós não?— Estou só dizendo — respondeu Zane. — Ele está aqui por um motivo. Talvez valha a penapensar nisso.James estava impaciente. Ele parou e levantou o olhar para o teto escuro por um momento.— Ali — falou, levando o olhar de volta para Zane e Ralf. — Irei pensar sobre isso. Podemosacabar logo? Esse lugar me assusta.Zane deu de ombros. Dispensando o gato, os três retomaram a procura nas prateleiras.Alguns minutos depois, Zane os chamou. James e Ralf correram pela galeria para sejuntarem a ele.

— É... — começou Ralf, e então engoliu em seco densamente. — É... um crânio.James segurou sua varinha mais perto. Dois estavam colocados num pequeno cubículo, eum deles era de fato um crânio humano, mas sem o osso maxilar. O outro era a botafeminina, muito antiga e gasta, feita de couro preto. Na etiqueta fixada na frente daprateleira, lia-se: 1859, 5 DE OUTUBRO, I. K. MAGNUSSEN INTERROGAÇÃO 1.— Talvez não seja real — sugeriu James, observando atentamente o crânio amarelado.— Claramente parece real — disse Ralf, estremecendo.— É só um osso velho — disse Zane, revirando os olhos e pegando o crânio. — Vou carregarele. Peguem a bota e vamos acabar logo com isso.Com tanta rapidez quanto puderam, os três garotos carregaram seus itens de volta para asala do Desgravador. James soltou um suspiro de alívio enquanto andava sob as grossas eminúsculas janelas embutidas no teto abobadado. Agora o exterior estava escuro, mas eralegal ver o fraco brilho azul do céu noturno acima.— Quem quer fazer as honras? — perguntou Zane, segurando o crânio no alto e fitando-ocom atenção. — Que acha, Sr. Osso? — Ele moveu o crânio como uma marionete erespondeu numa voz mais alta: — Acho que você deveria, oh sábio Zane, já que você é tãolegal e elegante. E essa ideia foi sua, afinal.James suspirou, cansado.— Pare com isso. Você está adoidando o Ralf.— Eu não ‘tô adoidado — objetou Ralf, seu rosto pálido. — Digo, sim, estou. Mas só umpouco.— Vamos começar com isso então — guinchou Zane, fazendo o crânio de fantochenovamente. —Vamos bebê.Com um pequeno golpe, Zane colocou o crânio no recipiente côncavo do Desgravador.263Instantaneamente, a sala mudou. Ela ficou mais clara e muito menor. James, Ralf e Zaneviraram-se no lugar e se encontraram num canto escuro, olhando para um tipo de gabineteapertado. Fogo crepitava na lareira de tijolos e escuridão se forçava contra as altas janelas.Três homens estavam sentados em uma mesa, dois em um lado, encarando o terceiro. James

não estava inteiramente surpreso em ver que o Reitor Franklyn era um dos homenssentados na mesa. Ele só parecia levemente mais novo, com uma cintura um pouco menosgorda. O homem ao lado dele usava os robes pretos e chapéu de um juiz, contudo sua peleera escura e ele tinha uma barba fina. No centro da mesa, parecendo uma decoração de diadas bruxas, havia o crânio amarelado e sem maxilar. O homem escuro acabara de tocar nelecom sua varinha.— Douglas Treete, Juiz Principal da Corte dos Bruxos dos Estados Unidos da América, Postoda Filadélfia — falou brandamente. — Inspecionando a interrogação preliminar de IgnátioKarloff Magnussenn, detido por várias acusações, incluindo furto e abuso de cadaveres,tortura e suspeita de assassinato. Escolhi usar esse crânio como a relíquia para esteinterrogatório já que ele serve como Exibição A para o caso em questão. Estouacompanhado por Benjamin Amadeus Franklyn, Diretor do Departamento de Tecnomanciade Alma Aleron, e superior imediato do acusado. Professor Magnussen, se você puderdeclarar o seu nome para a gravação.James virou a atenção para o homem sentado ao lado de Franklyn e do juiz. Magnussen eralargo, com um tórax de barril e uma cabeça quadrada adornada com uma franja de curtocabelo cinza.— Eu sou Professor Ignátio Karloff Magnussen Terceiro — disse, e James se surpreendeupela voz civilizada e calma do homem. Ao contrário da maioria dos americanos, Magnussenfalava com um acento britânico diferente.Zane se inclinou na direção de James e Ralf e sussurrou:— Ouvi falar que ele nunca aprovou a ruptura da América com a Inglaterra. Em protesto, elesempre falou no que ele chamou de “o Inglês do Rei”.James franziu o cenho e ouviu quando Treete, o juiz, falou novamente.— Você está ciente das acusações contra você, Professor Magnussen?Magnussen não respondeu. Ele simplesmente olhou através da mesa, seus olhos comoesculturas de mármore rígidas. Treete pigarreou.— Para a gravação, Professor, você é acusado, no mínimo, de intromissão em práticasproibidas que ameaçam a estabilidade da hierarquia dimensional. É verdade que você

buscou controlar o futuro ao explorar a Teoria Bruxa da Grande Unificação?Magnussen continuou totalmente impassível. James podia dizer que o homem estavaouvindo, já que ele olhava para os homens no outro lado da mesa como se pretendesseprendê-los com um alfinete em um quadro de cortiça como borboletas. Ele simplesmentenão sentia a necessidade de responder as perguntas. Franklyn, no seu próprio estilo,parecia completamente miserável. Seu rosto estava pálido por trás dos óculos quadrados.— Então que assim seja — disse Treete, ajustando seus próprios óculos e olhando parabaixo, no pergaminho na frente deles. — Você ainda é acusado de abrir uma fenda entredimensões, alguma coisa lendariamente referido como Cortina de Nexus, sem nenhumaconsideração às consequências. Como você responde a essa acusação?Magnussen não se mexeu. Ele também poderia ter sido uma estátua extremamente natural.Treete aparentemente se resignara ao silêncio de Magnussen.264— Adicionalmente, você é acusado de roubar corpos do cemitério do campus e conduzirdissecações ilegais com eles. Este crânio, como eu mencionei, é Exibição A em consideraçãoa essa acusação. Foi encontrado no porão desta mesma casa, assim com tipos deferramentas que poderiam ser esperadas para uso nestes propósitos. Além disso, você ésuspeito da captura e tortura de aproximadamente oito cidadãos trouxas da cidade daFiladélfia. Há uma evidência de uso ligeiro do Obliviate que apenas prosperou em destruir acapacidade dessas vítimas em identificar seu atormentador, mas deixou traços de memóriadesta escola e do mundo mágico em seu todo.Treete tirou seus óculos e olhou firme para Magnussen.— Tais atos, caso se prove que são verdadeiros, quebram um grande número de leisbastante sérias, Professor, sem mencionar a lei da comum decência humana a qual todosnós fazemos votos de nos designarmos. Nenhum desses, entretanto, são tão sérios quanto aacusação final. Como você está certamente ciente, o cadáver de uma jovem mulher trouxa,uma pobre costureira local pelo nome de Fredericka Staples, foi recentemente encontrado

num beco próximo à entrada desta escola. Seu corpo foi mutilado quase além dereconhecimento e ela estava sem uma das botas. Esta bota perdida, senhor, foi encontradaduas noites atrás no porão desta casa. Devo perguntá-lo novamente: como você responde aessas acusações?Magnussen se mexeu pela primeira vez, mas quando falou, dirigiu-se a Franklyn.— Foi você que chamou as autoridades? — perguntou, sua voz meramente coloquial.— Você não me deu muitas escolhas — respondeu Franklyn calmamente. — Pesquisa é umacoisa, Ignátio. Isso... — Ele sacudiu a cabeça.Magnussen sorriu rijamente.— Você sempre foi fraco demais para apreciar os riscos associados com qualquer grandediligência. Você, Benjamin, é um acadêmico. Você não é como eu. Você não é um explorador.— O seu não é um sonho de exploração — respondeu Franklyn, seu rosto escurecendo. — Éuma obsessão de poder. Esta não é uma das suas histórias imaginosas da exilada lutaheroica contra adversários ignorantes. Os seus atos afetaram pessoas reais. Eu deveria terinterferido meses atrás, quando descobri que você estava fazendo experiências com aTeoria Bruxa da Grande Unificação. A octosfera foi suficientemente mal, mas pelo menos elaacabou sendo inofensiva. Tentar observar e medir todas as coisas de vez, em nome dadominação, é a fantasia de um louco.— Eu errei, concordo — respondeu Magnussen, como se ele e Franklyn estivessemeramente discutindo a questão como amigos. — Eu estava preocupado com omicroscópico. Eu caí na convicção de que observar todas as coisas significava sucumbir omundo a pedaços cada vez menores, gravando as ações até dos detalhes mais infinitésimos:o movimento de glóbulos sanguíneos através dos caminhos das artérias, o aquecimento deneurônios nos cérebros de indivíduos humanos. Estudei essas coisas em grande detalhe,aprendendo o que me era capaz dos mortos, ganhando ainda mais conhecimento nos meusestudos sistemáticos dos vivos. Você escolhe chamar isso de tortura, naturalmente, e sim,até assassinato, porque você falha em compreender a natureza monumental do objetivo

final. O que é o mero infligir de dor diante de um perfeito entendimento? O que é uma vidainsignificante em nome da unificação completa dos cosmos?— Ignátio — interrompeu Franklyn. — Pare! Você está só deixando as coisas piores pro seulado.265— Consequentemente — continuou Magnussen, agora inclinando-se levemente sobre amesa com os olhos vivazes —, determinei que eu estava pensando muito como os meuscolegas, falhando onde todos aqueles anteriores a mim falharam. Com esta compreensão,lembrei-me do meu Heraldium; “Aquele que falha em ver a montanha cai de cabeça nasrochas.” Não estão vendo? O segredo não estava de forma alguma no microscópico,Benjamin. O segredo, é claro, estava no macroscópico! Não no minúsculo, mas sim nomonumental! A totalidade de medida poderia ser só realizada quando alguém pudesse ver atotalidade de realidades! Assim, eu soube o que tinha que fazer. Tive que irromper dosconfinamentos desta dimensão e encontrar um lugar onde eu seria capaz de observar todasas dimensões ao mesmo tempo. O que vocês chamam de mera lenda, andei sobre isso commeus próprios pés. Eu atravessei a Cortina de Nexus. Marchei pelo Mundo Entre os Mundose presenciei os caminhos para cada outra dimensão.Treete sacudiu a cabeça, seus olhos estreitos.— Estou a entender então, Professor, que você está admitindo que todas as acusaçõesdirecionadas a você são verdadeiras?— Por favor, Ignátio — disse Franklyn, quase contestando com o grande homem diantedele. — Suas obsessões lhe levaram à loucura. O que quer que você tenha feito, o que querque você tenha visto, isso obviamente afetou-lhe de algum jeito terrível. Há ajuda para vocêaqui, caso escolha procurá-la. Tenha cuidado com o que diz, para que não perca esta opção.Magnussen riu secamente.— Você acha que eu deveria me importar com o que este homenzinho pode fazer contramim? Deixe-o tentar parar-me. Estou além dos limites dele agora, Benjamin. Estou além doseventos do horizonte do destino, incapaz de voltar mesmo se esta fosse a minha vontade. E

esta não é a minha vontade. Abraço a minha missão. Segui-la-ei com grande prazer.Treete arrastou a cadeira em que estava sentado para trás e se levantou.— Temo que não tenha escolha então, senhores. Em respeito à sua posição, ProfessorMagnussen, e à sua solicitação pessoal, Professor Franklyn, deixo-os agora enquantopreparo o meu veredito. Vocês podem esperar o meu retorno ainda nesta semana, assimcomo um agente da polícia bruxa, para escoltar o acusado à Montanha de Crystal paraprocessamento. Professor Franklyn, neste intervalo, você manterá sua pretensão de totalresponsabilidade pela guarda do acusado?Os olhos de Franklyn continuaram presos sobre Magnussen.— Eu assumo total responsabilidade pelo acusado.— Então está feito — declarou Treete, alegre. Ele apanhou a varinha da manga, estendeu-ae deu um tapinha no crânio amarelado que descansava na mesa perante a ele.Instantaneamente, o quarto sumiu, deixando James, Zane e Ralf piscando na escuridão dosalão do Desgravador.— Nossa — Zane tomou fôlego, olhando para o crânio amarelado abaixo.Ralf balançou a cabeça lentamente.— Franklyn não estava brincando quando ele disse que aquele cara era alguém que a escolagostaria de esquecer.— Bem, pelo menos agora sabemos porque Magnussen atravessou a Cortina de Nexus —suspirou James. — Ele estava convencido de que tinha que medir tudo em cada dimensão afim de saber o futuro e controlá-lo. Não foi isso que pareceu para vocês?Zane assentiu.266— Magnussen era um louco com um trabalho maluco. Entendo porque ele foi diretor daCasa Igor. Mas enquanto a maioria dessas pessoas só falam de brincadeira sobre querercomandar o mundo, ele realmente saiu e fez algo a respeito.— Mas a gente ainda não sabe como ele passou pela Cortina de Nexus — comentou Ralf. —E é essa a parte que precisamos mesmo saber, certo? De que outro jeito a gente vai passarpara o Mundo Entre os Mundos e ver se os nossos verdadeiros inimigos estão seescondendo lá?Zane pegou o crânio devagar do recepiente do Desgravador.

— Segundo o Professor Jackson, a Cortina de Nexus pode apenas ser aberta com uma chavede outra dimensão. Quem quer que tenha atacado a Cúpula dos Destinos, este tem o fiovermelho do Tear, que serviria para o truque já que ele veio de alguma realidade vizinha. Oque Magnussen poderia ter usado como chave?James deu de ombros e assentiu para Ralf, que estava segurando a segunda relíquia, a velhabota.— Vamos tentar essa. Quem sabe ela nos conte o que precisamos saber.Ralf abaixou o olhar para a bota nas suas mãos.— Vocês acham que é essa bota que eles falaram a respeito na visão? A bota que pertenceuàquela mulher trouxa que Magnussen, er...— Apenas coloque ela na coisa, Ralf — disse Zane, sacudindo a cabeça lentamente.Ralf passou para frente e depositou a pequena bota sobre o pedestal de pedra adiante. Emresposta, o salão do Desgravador escureceu, mas continuou relativamente intocado. Por ummomento, James pensou que havia algo de errado com a relíquia, mas então ele ouviu umavoz, ecoando calmamente. Ele seguiu o som, virando para olhar em volta do salão, e viu umaúnica chama queimando numa pequena lamparina de mesa. Ao lado dela estava BenjaminFranklyn, sentado numa cadeira com tampo para escrita, escrevendo. Ao contrário da visãoanterior, que havia sido clara e sólida, a imagem de Franklyn parecia quase uma projeçãosobre fumaça. A pena espectral de Franklyn arranhava o pergaminho enquanto ele falava aspalavras em voz alta, ditando para ele mesmo. A voz dele parecia vir de um lugar muitodistante.— Estas são as notas do Professor Benjamin Amadeus Franklyn — proclamou com lentidão,curvado sobre o pergaminho —, destacando os registros finais dos eventos desta noite, oitode outubro de mil oitocentos e cinquenta e nove, a última noite do Professor IgnátioMagnussen, outrora um professor valioso nesta instituição, e um amigo...Franklyn parou e olhou para cima, quase como se tivesse ouvido os passos tumultuados dosgarotos. James congelou no lugar, mas então ele percebeu que a visão de Franklyn estavameramente parando para pensar. Os olhos dele eram claros debaixo dos óculos quadrados.

Depois de um longo momento, ele tomou fôlego e se inclinou sobre o pergaminhonovamente.— As chamas ainda queimam na fundação da casa que Ignátio Magnussen uma vez chamoude lar. Como o incêndio começou, ninguém sabe ao certo. Falando por mim mesmo, suspeitode um caso proposital, talvez até iniciado pelo próprio professor. A multidão que antecedeuo incêndio enfureceu-se sem motivo e não fez nada para extinguir as chamas quando elas setornaram presentes. Estou consternado em anunciar que havia vários indivíduos na reuniãodesta mesma noite que desejavam ver o defunto de Magnussen removido das chamasmortais, morto com tanta certeza quanto o incêndio destruiu sua casa. Um examepreliminar das ruínas, entrementes, não revelaram traços do corpo do professor. Eu não267tenho dúvidas de que mais procuras nos próximos dias irão se provar igualmente malsucedidas. Magnussen não encontra-se aqui. Ele escapou, provavelmente durante a grandeelevação do fogo, enquanto a multidão, desejando vingança, estava em total exaltação.Franklyn parou de escrever mais uma vez. Ele abaixou a pena e colocou a mão sob osóculos, esfregando os olhos exaustivamente. Ele não parecia querer continuar, mas depoisde um momento, retomou a pena e começou novamente, falando as palavras em voz altaenquanto as escrevia.— Em que lugar Ignátio Magnussen foi, não posso começar a supor. Certamente, ele agorarealizou o que jurou que era o seu destino: ele retornou os seus passos através da Cortinade Nexus, para outra região irreconhecível que jaz além. Creio que seja provável que destaregião ele nunca voltará, assim desejo registrar o que agora conheço dos seus empenhosmais recentes. Infortunadamente, minhas entrevistas com o professor nestes dois diaspassados revelaram informações muito pouco úteis. Existem apenas dois detalhes em quevalem a pena lembrar. O primeiro foi o seu mistério considerando como ele aprendeu aabrir a Cortina de Nexus. Ele me contou, e eu cito...Franklyn parou novamente e puxou outro pergaminho da mesa perto dele. Ele o estudou de

perto, ajeitando os óculos. James notou que a bota da mulher estava na escuridão debaixoda mesa, encostando em uma das pernas altas e finas da cadeira.— E eu cito — continuou Franklyn, colocando sua pena no pergaminho em frente a ele —,“A verdade caminhava pelos corredores do Castelo Érebo. Ela esteve lá por todo o tempo,para quem quisesse ver.” Eu mesmo caminhei por aqueles corredores por certamente maisde um século, e não encontrei nada e ninguém que falasse sobre os rumos da Cortina deNexus. Se há alguma verdade na afirmação de Magnussen, então ela está cuidadosamenteescondida e requererá estudos ademais.James virou para Zane com os olhos arregalados.— O Castelo Érebo é o lar da Casa Vampiro, certo? — sussurrou.Zane assentiu.— Nós podemos ir lá e explorar um pouco se Lúcia deixar.— Shh — sibilou Ralf, inclinando-se para mais perto da visão espectral de BenjaminFranklyn.— O segundo detalhe é, receio eu, um mistério ainda mais obscuro. Quando lhe eraquestionado onde estava a Cortina de Nexus, Magnussen apenas sorria e não dizia nada.Este, naturalmente, é o detalhe que mais aflige a mim é que se o que o professor alega sejaverdade, então ele triunfou em abrir uma brecha na divisão para o Mundo Entre os Mundos.Receio menos as instabilidades dimensionais que podem ser criadas com tal rachadura. Ereceio mais o que pode atravessar para a nossa própria dimensão daquelas além. Minhassúplicas a Magnussen caíram inteiramente sobre ouvidos surdos: que os limites entre osmundos estão ali por um bom motivo, para estabelecer barreiras entre realidadeincompatíveis. Finalmente, entretanto, tarde na noite passada, o Professor Magnussen deumeuma resposta à minha pergunta, contudo suspeito que ela é tão inútil quanto qualquercoisa que possa ser provida pela maldita octosfera. Quando foi pressionado sobre alocalização da Cortina de Nexus, ele finalmente sorriu e me contou: — agora, Franklyn fezuma imitação cansada, porém aceitável do acento de Magnussen — “Ela encontra-se dentrodos olhos de Rowbitz.”Ele parou mais uma vez, relendo o que escreveu. Com um suspiro, ele começou a escrever

novamente.268— O mistério é internacionalmente desencaminhador e provavelmente desamparadamenteobscuro, e mesmo assim eu conheço o professor bem o bastante para saber que ele não iriameramente mentir. Ele é arrogante demais para não ter oferecido uma pista válida, mesmose fosse impossível de resolver. No tempo, estudarei essas duas citações, nas esperanças deencontrar a Cortina de Nexus e fechá-la para sempre. Por enquanto, porém, penso que osmeus deveres devem se revolver em volta dos assuntos mais imediatos de acalmar a escolae explicar-me ao Juiz Douglas Treete. Falhei nos meus deveres... mais de uma vez.Franklyn suspirou profundamente, abaixou a pena e cuidadosamente dobrou o pergaminhoem que escrevera. Quando acabou, pegou a pequena bota do chão ao lado dele, deslizou opergaminho dobrado para dentro dela e depois tocou na bota com a varinha.Imediatamente, Zane enfiou o crânio debaixo do braço, virou-se, e pegou a velha bota queencontrava-se sobre o pedestal de pedra. Ele olhou dentro dela.— Ainda está aqui! — disse com um sorriso. — A nota antiga de Franklyn! Embora pareçaque esse pergaminho vai esmigalhar em pedaços se eu tirá-lo. Cheshire e o grupo decatalogação provavelmente teriam preservado ele de algum jeito se soubessem daexistência.— A Cortina de Nexus encontra-se dentro dos olhos de Rowbitz — falou Ralf, pensativo. —Quem é esse tal de Rowbitz?Zane franziu o rosto em concentração.— Já ouvi esse nome em algum lugar, na verdade. Vou ver o que posso descobrir.— E nós podemos pedir a Lúcia para nos deixar dar uma olhada no Castelo Érebo —acrescentou James. — Temos duas pistas para continuar. Nada mal.— Esperem um minuto — interpôs Ralf, sacudindo a cabeça. — Se é possível resolver essaspistas, vocês não acham que o Reitor Franklyn já as teria decifrado?Zane olhou para Ralf de relance, pensando.— Como a gente sabe se ele não decifrou?— Que você quer dizer? — perguntou James.— Bem, não seria a primeira vez que alguém descobriu algum terrível segredo e depois só

sentou em cima dele. Você ouviu ele na visão. Mesmo se ele descobrisse os segredos daCortina de Nexus, não seria algo que ele quisesse sair e compartilhá-los com o mundo. Elesó queria fechar ou guardá-la para que ninguém pudesse atravessar de cada lado.— Incluindo a gente, talvez? — disse Ralf, erguendo as sobrancelhas.James sacudiu a cabeça.— Talvez, mas eu duvido. Se Franklyn decifrou a verdade da Cortina de Nexus, acho que eleteria contado para a gente quando o perguntamos. Quero dizer, ele obviamente não queriaalguém bisbilhotando por aí procurando ela, certo? Se encontrou e fechou-a, ele teriasimplesmente dito isso.Ralf franziu a testa.— Por quê?— Porque — respondeu Zane — nós somos só um grupo de crianças curiosas, certo? Se elepudesse ter acabado com o mistério para a gente dizendo que já encontrou a Cortina deNexus e fechou-a para sempre, então não haveria mais nada para nos deixar curiosos. Seriatiro e queda. Muito bom, James.Ralf levantou a bota outra vez.— Vamos levar as relíquias de volta para baixo na seção reservada e sair daqui. Já tenhomistérios assustadores o suficiente por ora.269Zane assentiu.— Vamos lá, então. Ainda temos tempo para pesquisar sobre esse cara Rowbitz hoje à noite.— Vou só esperar aqui em cima, se não se importam — anunciou James, arrastando umpouco os pés.Zane olhou para trás, uma sobrancelha erguida.— Certo, tudo bem. Qual é o problema? Você ainda tem suspeitas do Patches se escondendonas prateleiras?James sacudiu a cabeça.— Não. Eu só... só tem duas relíquias. Vocês não realmente precisam de mim. Voltem logo,certo?Ralf assentiu.— Quanto mais cedo, melhor. Vamos.Um momento depois, a porta que levava aos níveis inferiores do Arquivo se fecharam,deixando James sozinho no salão do Desgravador.Ele esperou por um momento, escutando atentamente, e depois, quando teve certeza que

Ralf e Zane começaram a descer à área reservada, ele colocou a mão no bolso traseiro dojeans.Ele estivera carregando a história do sonho de Petra no bolso há dias, dobrado no seupacote sem costura e envolto num saco plástico que ele encontrara na cozinha da MansãoApolo. Ele não sabia ao certo o porquê de começar a manter aquilo com ele, exceto queparecia mais seguro, de algum jeito. Ele segurou o saco plástico devagar entre o polegar e odedo indicador e virou-se na direção do Desgravador.A ideia ocorreu a ele enquanto eles assistiam a visão de Franklyn. O Desgravador só deveriafuncionar em objetos que haviam sido especialmente encantados, naturalmente, mas Jamesnão pôde deixar de pensar no assunto. Desde que ele salvara a vida de Petra noGwyndemere, a história do sonho havia se tornado mágica demais para ele tocá-ladiretamente. Talvez, contudo, fosse justamente mágica o suficiente para provocar algumacoisa no Desgravador, algo que James pudesse ver o sentido. James não podia supor oporquê de Petra e a história do seu sonho parecerem possuir uma intensidade de magiamuito estranha, mas ele pretendia descobrir. Mesmo se isso significasse que ele estava,essencialmente, espiando os seus sonhos. Devagar, ele derrubou o saco plástico de cabeçapara baixo sobre o recipiente de pedra.O embrulho do pergaminho tombou para fora e caiu dentro do recipiente com um baqueminúsculo.Uma rajada de ar seco foi empurrada sobre James subitamente, açoitando o cabelo dele eforçando-o a piscar os olhos. Ele virou no lugar onde estava e uma claridade nubladaencheu a sua visão. Ele estava na luz do dia, de pé sobre um platô coberto de grama. O salãodo Arquivo sumiu por completo. Até o pedestal de pedra do Desgravador haviadesaparecido. Essa, percebeu James, era uma visão nada nebulosa; parecia totalmentesólida, e mesmo assim surreal, como se cada folha de grama morta estivesse observando-o ecada nuvem no baixo céu olhasse furiosamente para ele, friamente irritada. A grama semtraços característicos do platô se espalhava em todas as direções e James percebeu que o

platô era na verdade uma ilha, cercada por íngremes despenhadeiros. Ondas cinza batiamcontra os rochedos, salpicando água no ar tempestuoso.E naturalmente, havia o castelo, projetando-se numa distância próxima. Era feito de pedranegra, pequeno, porém tão alto, tão incrustado de torres grandes e pequenas, que parecia270rasgar o céu cheio de nuvens. A estrutura se erguia sobre a borda do despenhadeiro, comose as rochas tivessem corroído debaixo dele, e mesmo assim o castelo ainda estava de pé,segurado por determinação completamente cruel.Alguém estava observando da escuridão do castelo. James sentiu o peso dos seus olharescomo pedras quentes na sua pele. Ele olhou atentamente para o castelo, sombreando osolhos contra a luz cinza. Uma figura estava em pé numa alta sacada, obscurecida emsombras.Eu vim, uma voz disse. As palavras ecoaram sobre o platô coberto de grama como umtrovão. Eu observo e espero. Minha hora está muito próxima. Eu sou a Rainha Feiticeira. Eusou a Princesa do Caos.James forçou os olhos, tentando olhar através da obscuridade sombria da sacada. Ele malpodia distinguir a figura, exceto que parecia ser uma mulher. Seu cabelo se esvoaçavasombriamente no vento. Quando ela falou novamente, um lento calafrio passou sobreJames, congelando-o no lugar. Seus olhos se alargaram e a visão começou a se intensificar, asangrar e a pulsar, a se rasgar em pedaços, mas as palavras voltaram, ecoando cada vezmais altas, martelando os ouvidos de James a ponto de doer.Eu observo e espero, a voz repetiu. Meu nome será conhecido em todos os destinos. Meunome... é Morgan. Aquela que marcha entre os mundos.A visão se despedaçou e voou e pedaços. A escuridão redemoinhou, comprimiu-se, e sumiunum único ponto escuro, que pairou sobre o pedestal do Desgravador como um buraco noespaço. Um momento depois, até isso tremulou de vista.James permaneceu plantado no chão do salão com o cabelo em pé e o coração martelando.É só um sonho, falou para si mesmo, repetindo as palavras repetidamente. É só aquela parteda mente de Petra — a parte Morgan — querendo sair. Petra trancou ela, aprisionou-a, sob

controle. Isso é tudo. Deve ser tudo...James estremeceu violentamente, lembrando o tom desamparado da voz no sonho.Passos ficaram próximos, acompanhados por vozes ecoantes; Zane e Ralf estavam voltando.Rapidamente, James deu um passo à frente para recolher a história do sonho, mas entãoparou de olhos arregalados.O recipiente do Desgravador estava vazio. A história do sonho de Petra havia sumidocompletamente.271Capítulo 15A Estrela da ConvergênciaAgora que o Baile de Halloween de Alma Aleron tinha vindo e ido oficialmente, ocampus tinha que desenrolar seus assuntos sérios para as férias de inverno.Mal as abóboras flutuantes no refeitório foram retiradas, uma coleção de perus depapel mache e estranhos chapéus anelados tinham sido postos em seu lugar. O dia de Açãode Graças, feriado que, segundo o professor Sanuye, comemorou o sucesso da colheita dosprimeiros americanos peregrinos (com a ajuda e colaboração dos nativos americanos quese conheceram lá) parecia ser algo grandioso e surpreendente entre os alunos de AlmaAleron e corpo docente. A maioria deles estava fazendo planos para ir para casa no fim desemana prolongado, aonde iriam, aparentemente, comer lotes de peru assado, purê debatatas e torta de abóbora e ouvir ou assistir a uma série de eventos desportivoscomemorativos, incluindo um campeonato profissional de Engateclavas, jogo conhecidocomo o Superbriga.Curiosos sobre os detalhes de como seria um feriado na quintessência da América,James e Ralf descaradamente convidaram-se para o jantar de Ação de Graças na casa dafamília de Zane perto de Saint Louis, Missouri. O pai de Zane, respondendo através da corujade James, Nobby, de bom grado concordou em receber os meninos.272Assim, na última semana de novembro, os três rapazes viajaram de trem para umapequena estação velha na cidadezinha pitoresca de Kirkwood, que Zane orgulhosamente

proclamou como a primeira a funcionar no subúrbio de Saint Louis. Este comentário foilamentavelmente perdido por James e Ralf, no entanto, que estavam inquietos com oestreito de neve polvilhada nas ruas e o brilho das decorações de Natal que adornavam ospostes da cidade. Como os três rapazes esperavam no fim de tarde os pais de Zane irembuscá-los, observaram toda a rua onde um bando de trouxas alegremente vestidosbrincavam em torno de uma floresta artificial de pinheiros de corte arrumadinho eorganizado. Ocasionalmente, uma minivan ou automóvel saía para a rua com uma dasárvores, presa ao teto por um fio comprido."As pessoas aqui começam cedo com o seu Natal, não é?" Ralf disse com um sorrisofeliz. "Eu poderia me acostumar com isso, eu aposto"."Isso não é nada", respondeu Zane. "Há uma família no bloco ao lado de minha casa,que deixa a sua árvore de Natal o ano inteiro. É uma história verídica."James fez uma careta. "São pessoas mágicas?""Não," Zane respondeu facilmente. "Eles são apenas estranhos. Aí vem a minha mãe!"Os meninos acenaram, recolhidos em seus casacos, para um carro brancoestacionando no pátio da estação de trem. James teve uma sensação estranha quando viualguém dirigindo do lado esquerdo do carro, mas Zane, é claro, não se preocupou com isso.Ele sentou no banco da frente com sua mãe, uma mulher atraente loira usando óculos dedescanso com aro tartaruga. Ela sorriu para James e Ralf quando eles sentaram na partetraseira.“ Oi meninos ", ela cumprimentou, oferecendo a cada um cookie de um saco de papel."Bem vindos à Kirkwood. Espero que vocês estejam com fome. ""Eu estou", confirmou Ralf ansiosamente. "Mmm! Cookies de chocolate. E têm aquelespedaços de cereja?""Ainda estão quentes!" Zane assentiu com a cabeça, a boca cheia."Só saiu do forno dez minutos atrás", a mãe de Zane informou, dirigindo o carro devolta para a rua. "Greer ficou em casa com o pai, vendo a última fornada, mas ele está tãoanimado como todos nós por vocês terem vindo para as férias. "James viu a pequena cidade passando pelas janelas do carro, até que chegou a um

bairro de casinhas e quintais limpos, ao contrário da área em torno do portão de AlmaAleron. A mãe de Zane desacelerou e manobrou o carro em direção a uma casa de pedrasimples empoleirada numa colina."Lar doce lar!" Zane anunciou com entusiasmo, já abrindo a porta. "Papai acendeu ofogo, eu aposto!""Isso não é muito difícil", comentou a mãe. "É uma lareira a gás. Mas eu tenho certezaque você está certo."Quando os quatro saíram do carro, perto da porta dos fundos da casa uma cabeça decabelos loiros encaracolados olhou para fora, brilhantemente iluminada pela luz em cima."Papai está cortando o peru", a menina gritou: "mas eu não consigo fazê-lo parar decomer. É melhor você entrar aqui imediatamente."A mãe de Zane suspirou com carinho cansado.273"Ei Greer!" Zane chamou sua irmã mais nova, acenando, e em seguida virou-se paraJames e Ralf, sacudindo a cabeça alegremente. "Algumas coisas nunca mudam. Venham paradentro, eu vou lhes mostrar o meu quarto!"A Ação de Graças na casa da família Walker não parecia ser diferente de qualquerreunião de família que James conhecia em Marble Arch. A sala de jantar era pequena, e coma chegada da tia e tio de Zane, com seus dois filhos mais novos, a casa vibrou com umacacofonia de sobreposição de sons: risos e conversas, o barulho de pratos, a borbulhar demúsicas natalinas no rádio da cozinha, o jeito desajeitado dos passos dos primos Zane e suairmã reverberou sobre a pequena casa. Zane e Ralf gastaram uma quantidade considerávelde tempo jogando videogames na televisão da família, embora James nunca tenhaconseguido pegar o jeito deles. A comida era excelente e aparentemente interminável, demodo que à noite de Ação de Graças, James sentiu-se completamente recheado. A famíliareunida em volta da mesa com divertidos jogos de tabuleiro, James juntou-se a eles, apesarde ele nunca ter ouvido falar de qualquer um dos jogos, e não tinha idéia de como jogá-los."Desculpe James," Zane anunciou alegremente quando James posicionou seu

marcador em torno de uma placa. "Você me deve duzentos dólares. Aproveite o seu trajeto,e obrigado pela escritura da ferrovia"."Ele é implacável com aquelas ferrovias", comentou Ralf com James contado opassado de suas peças de dinheiro, brilhantemente coloridas. "Se eu soubesse quantodinheiro elas poderiam fazer, eu não teria desperdiçado todo o meu sobre esses utilitáriosestúpidos."James não tinha idéia do significado da maioria daquelas coisas, mas ele não seimportava. Foi um excelente momento, não importa o porquê. Ele sorriu enquantoentregava o dinheiro do jogo para Zane jogar, e pegou mais um biscoito ao passar por outraplaca, mais uma mordida não poderia machucar. Ele decidiu que qualquer dia desses jogariade novo aquele negocio de dinheiro falso, comendo biscoitos de chocolate com cereja.Ao longo do feriado, James e Ralf dividiram o quarto de hóspedes dos Walker,dormindo em um par de camas velhas. No domingo à tarde, enquanto Ralf, Zane e Greerjogavam videogames, James explorou a pequena casa sozinho. Em um pequeno escritório,ele encontrou o Sr. Walker debruçado sobre sua mesa, digitando furiosamente em umlaptop. Seu rosto estava tenso e carrancudo, como se estivesse lutando com as teclasminúsculas."Em que você esta trabalhando?" James perguntou, inclinando-se na porta.O Sr. Walker levantou a cabeça, os olhos arregalados e surpresos, e James percebeuque o homem não tinha notado a sua proximidade."Ah!", Disse ele, sorrindo. "Desculpe. Fico muito envolvido no trabalho às vezes. OláJames.""Eu não quis interrompê-lo ou qualquer coisa", disse James rapidamente. "Eu estavaapenas curioso."O Sr. Walker suspirou e recostou-se na cadeira, esticando-se. "Tudo bem. Preciso queas pessoas me lembrem de fazer uma pausa às vezes. A Sra. Walker diz que quando estouescrevendo, é como se estivesse a cem metros de profundidade. Leva um tempo para chegaraté lá, e há muito mais a nadar de volta à superfície, então quando eu estou lá, é fácil

esquecer todo o resto. ""Mas você não faz cinema?" James perguntou, franzindo o cenho.274O Sr. Walker deu de ombros e balançou a cabeça. "Faço coisas", disse ele. "Às vezes eufaço as coisas de filmes, às vezes tiro fotos, às vezes escrevo histórias."James estava curioso. "As pessoas lêem o que você escreve? As suas histórias estãoem livrarias e outras coisas?"O Sr. Walker riu e sacudiu a cabeça. "Não, meus livros não estão em qualquerprateleira das lojas. Felizmente, porém, eu sou pago pelas as outras coisas que eu faço. Bem,na verdade, eu tenho a liberdade de fazer algumas coisas apenas para me divertir. Isso é oque a escrita é para mim. "James franziu a testa interrogativamente. "Você escreve para se divertir?""Melhor que nada", suspirou Walker, flexionando os dedos."Então o que você está escrevendo agora?"O Sr. Walker franziu os lábios e sacudiu a cabeça. "Uma história um pouco verídica."James estreitou os olhos para o homem. Por alguma razão, ele suspeitava que o Sr.Walker evitou propositadamente qualquer explicação adicional. James olhou para a tela dolaptop. Sem os óculos, a imagem era apenas um borrão de linhas, mas ele pensou o quealgumas palavras grandes em negrito poderiam ser o título, talvez. Por um momento, elepensou ter visto seu nome lá. Ele balançou a cabeça e piscou. Isso foi ridículo, é claro.Sr. Walker mexeu no computador um pouco, clicando em um botão. O texto na teladesapareceu.James percebeu um pequeno volume empoleirado no final da mesa. Ele fez um gestoem direção a ela. "É algum de seus livros?"O Sr. Walker observou o livro por um instante. "Isto? Não. Este é um clássico. Euestava usando para a pesquisa. Chama-se “Dr. Jekyll e Mr. Hyde ". Já ouviu falar dele?"James balançou a cabeça."É uma velha história", disse o Sr. Walker, deixando cair o livro aberto na palma damão. "Uma história de terror, mas psicológica. Isso é o que o torna tão assustador, deverdade.""O que você quer dizer?" James perguntou, olhando fixamente o livro.

O Sr. Walker virou as páginas até chegar a uma ilustração. Nele, um homem de casacode peles e uma cartola estava em pé diante de um espelho grande no chão. Olhavaaterrorizado a forma de seu próprio reflexo, não foi preciso questionar: o reflexo no espelhoera um homem completamente diferente. A figura do espelho o fitou, sorrindo, com as mãosem garras e um vício incompreensível, com olhos amalucados."Porque", respondeu Walker ponderadamente, "isto não é apenas uma história sobreum louco fazendo estragos em inocentes. Esta é uma história onde o vilão e o herói nãopodem lutar fisicamente um com o outro, onde não há um momento de confronto real entreeles, onde um pode prevalecer sobre o outro. "James olhou para a imagem na página e sentiu uma nuvem de mal-estar pairar sobreele. "Por que não?", perguntou em voz baixa."Bem, é muito simples", disse o Sr. Walker, olhando sério para James. "É porque ovilão e o herói ... são a mesma pessoa."James balançou a cabeça lentamente, sem conseguir tirar os olhos da ilustração napágina. Nele, duas personalidades diferentes se entreolhavam de dentro de um mesmocorpo, separados apenas pelo vidro do espelho.No calor do pequeno escritório, James estremeceu.275Um momento depois saiu da sala e foi procurar Zane e Ralf. De repente, ele não querianada mais do que ficar em torno de seus amigos, para ouvir as suas gargalhadas, e deixarpra trás aquela ilustração estranha.A viagem de regresso a Alma Aleron, como todo regresso de ferias, foi melancólico esilencioso. Zane passou o passeio de trem com o nariz enterrado em um grosso livrochamado O Guia Varney de Quem é Quem no Mundo Mágico. James tentou ler sobre oombro do amigo algum ponto, mas quase imediatamente achou o livro imperdoavelmentechato. Ao invés disso, ele desafiou Ralf para um jogo de xadrez de bruxo, usando uma caixacom o conjunto em miniatura de peças de xadrez que Ralf tinha ganho e levava com eleaonde quer que fosse. Odiava jogar xadrez com Ralf já que quase sempre perdia para ograndão, mas mesmo perdendo era melhor do que simplesmente ficar olhando a paisagem

pela janela, cidades tristes e céu chuvoso.No dia seguinte, Zane Ralf e James encontraram-se no corredor fora da sala de Estudoda Magia."Eu sei quem é Rowbitz", disse ele, com olhos arregalados."O quê?" Ralf franziu a testa. "Pensei que você disse que não estava em qualquerlivro?""Ele não estava", Zane concordou. "Foi uma completa perda de tempo. Agora, minhacabeça está toda recheada de nomes inúteis e trivialidades, e tudo por nada. Por exemplo,você sabia que o assistente que inventou o skrim foi algum cara louco chamado Vimrich queestava apenas procurando uma maneira de tirar um cochilo enquanto ele estava pilotandosua vassoura? Ele nunca conseguiu trabalhar achatado numa vassoura, sabia apenascapotar e cair no chão, mas depois que ele morreu, alguns de seus sobrinhos encontraramas vassouras artesanais em sua oficina e tentaram levantar-se sobre elas. E o resto éhistória. ""Fascinante", disse James, impaciente. "Pegue a parte sobre o Rowbitz"."Ei, se eu não tivesse aprendido isso, você teria que aturar falação sobre isso",proclamou Zane, cutucando James no peito. "Mas de qualquer maneira, quando eu peguei olivro na biblioteca, esta manhã, notei algo pendurado na parede. Você sabe como asmeninas Vampiro estão sempre fazendo a desenhos em grafite das lápides do cemitério daescola? Bem, um monte delas está pendurado pela mesa do bibliotecário, deve ter sidoalgum tipo de projeto da aula de arte ou algo assim. O ponto é, adivinhe qual nome apareceujustamente do lado de um carrinho de mão? ""Rowbitz?" Ralf piscou os olhos, surpreso.Zane assentiu com ansiedade. "Bem ali, claro como o dia! Foi escrito um poucodiferente do que eu esperava -ROE bitz, mas próximo o suficiente para Engatar, assim comonós Zumbis dizemos. Ele era apenas um cara velho de do passado , viveu e trabalhou aquino campus, aparentemente. Provavelmente ele era algum servo do Magnussen oujardineiro ou algo assim! ""A Cortina de Nexus está dentro dos olhos de Roebitz", "James citou, balançando acabeça." Talvez a chave para a cortina esteja enterrada com o cara! "

"Oh não," Ralf levantou as palmas das mãos para fora. "Eu não vou escavar túmulosantigos."Zane colocou um braço em volta dos ombros de Ralf, de pé na ponta dos pés paraalcançar. "Não se preocupe, Ralf", disse ele suavemente. "Nós não precisaremos queninguém cave, certo?"276"Nós não vamos?" O maior garoto respondeu com ceticismo.Zane sacudiu a cabeça. "Nah. Eu poderia dizer pelo desenho que era de um mausoléu.Nós não precisamos que ninguém cave. Precisamos apenas abrir a porta com um pé decabra"."Oh," Ralf suspirou sarcasticamente. "Bem, isso soa ser melhor."Nos dias seguintes, James, Ralf, e Zane exploraram o cemitério do campus, que erasurpreendentemente grande, encolhido no canto noroeste do campus e rodeado por umacerca alta de ferro forjado. Felizmente, o portão principal era quase sempre deixado aberto,mesmo à noite, o que significava que não teriam de subir o muro se tivessem que esgueirarsena luz do luar. Depois de algumas tentativas, os três finalmente encontraram o mausoléupertencente a um mago chamado Leopold Cromwel Roebitz, que havia sido erguido em umacolina, à sombra de um carvalho antigo. A porta do mausoléu era feita de cobre, com umamaçaneta verde pálido. Zane segurou o punho e tentou força-la, mas a porta não se moveu."Bem, já era o Plano A", disse ele, balançando a cabeça. "a porta está trancada. Alguémquer tentar uma feitiço de Desbloqueio? Você, Ralfidilo? Você é o feiticeiro mestre dogrupo."Ralf fez uma careta, mas apanhou sua varinha. Ele encostou sua ponta verde limão naporta. "Alohomora", disse ele timidamente.Houve um flash dourado, mas a porta permaneceu firmemente fechada. Zane puxou aalça, mais uma vez sem sucesso."Acho que isso significa Plano de C, né?", Disse James.Ralf perguntou esperançosamente, "Podemos tentar ele agora?""Há o risco de sermos arrastados para o escritório como vândalos?" Zane respondeugolpeando Ralf sobre o ombro. "Confie em mim, Uma coisa é ser pego escrevendo seu nome

em uma estátua. Brincar com os mortos é um tipo muito diferente de problema . Você viuquão sério eles ficaram quando souberam que Magnussen estava roubando corpos paradissecá-los. "Ralf suspirou. "Ótimo. Mas se tivermos de fazer isso à noite, eu não vou entrar. Euestarei esperando bem aqui ao lado desta velha árvore, enquanto vocês dois vão esbarrarpor aí com os esqueletos. Entenderam?"James concordou. "Não teria nenhuma outra maneira, Ralf."Era o fim de semana seguinte, antes dos três meninos poderem reunir coragem parafazer a caminhada noturna até o cemitério. Mesmo Zane, cuja audácia normalmente parecianão ter limites, pareceu nervoso sobre o empreendimento. Na noite de sábado, James e Ralfficaram até tarde no o quarto de jogos da Casa Apollo, jogando pingue-pongue e suportandoas críticas constantes de Heckle e Jeckle. Finalmente, quando o antigo relógio no cantobateu meia-noite, os meninos rastejaram até as escadas e abriram a porta da frente. Eles seentreolharam , situando-se entre a frieza da noite e o calor da sala por arás deles.277"Está pronto para isso, Ralf?" James perguntou em um sussurro."Não", Ralf admitiu. "Mas vamos fazer de qualquer jeito, né?"James balançou a cabeça e engoliu em seco. "Lembre-se por que estamos fazendo isso.É por uma boa causa. Não podemos deixar Petra levar a culpa por algo que ela não fez.Temos de encontrar a pessoa que realmente entrou nos Arquivos e atacou a Cúpula dosDestinos ".Ralf sacudiu a cabeça. "Mas ... nós vimos ela, James. O que te faz estar tão certo de quenão era realmente ela?"No passado, James teria ficado irritado com essa pergunta, mas ele conhecia Ralfmelhor agora. Ele sabia que Ralf era um pragmático. Além disso, Ralf não sentia a mesmacoisa que James pela Petra. Ele não sabia o que James sabia."Porque ela me disse", disse James, simplesmente, olhando seu amigo nos olhos.Depois de um momento, acrescentou, "Quando estávamos no navio, meu pai disse-me que amelhor coisa que eu poderia fazer para Petra era ser seu amigo. Amigos confiam um nooutro, e isso é o que estou fazendo por ela. Você confia em mim? "

Ralf deu de ombros. "Às vezes", ele respondeu sério. "Mas principalmente eu jogoseus jogos. Essa é a melhor maneira que eu sei ser um amigo. Isso é sobre o que esta noite é.Espero que seja bom o suficiente."James sorriu, apesar do frio e da quietude da noite. Lentamente, ele puxou a porta daMansão Apollo, que se fechou atrás deles. "Isso é mais do que suficiente, Ralf. Vamos".Assim que James e Ralf entraram na escuridão da noite, eles encontraram o campusestranhamente silencioso, coberto de pequenas ondas de neblina. O ar estava tão frio queJames imediatamente começou a tremer. Por cima de suas cabeças, a meia-lua brilhavaintensamente, cobrindo os gramados e trilhas com a sua luz óssea."Por ali", Ralf sussurrou, sua respiração fazendo nuvens de neblina no ar. "Aquele éZane abaixado por trás da Octosfera?"Em resposta, uma imitação pobre de coruja ecoou por todo o gramado escuro. Jamesrevirou os olhos."Você não fez a contra-senha", Zane rixou com James e Ralf e correu para se juntar aeles. "Eu grito, vocês uivam como lobos. Praticamos esta tarde.""E então eu lhe disse ," James murmurou, olhando em volta, no campus vazio,"estamos em uma bolha de tempo no meio da maior cidade americana. Não existem lobospor quilômetros e séculos, em todas as direções!""Não teria sido assim se você tivesse feito a contra-senha", lamentava Zane."Você trouxe a Grint?" James perguntou, olhando para o garoto loiro.Zane abraçou-se, tremendo. "Você quer dizer a ferramenta Zumbi padrão paramagicamente abrir fechaduras que qualquer respeitável Zumbi carrega com ele toda vezque ele sai em uma noite? Isso é a Grint? Não, eu deixei na gaveta de meias do seu avô. Queburro eu sou. "James assentiu com a cabeça. "Tudo bem, então. Parece que a encosta está clara.Vamos".Juntos, os três rapazes correram ao longo de uma linha de folhas de olmo, andandoabaixados e mantendo-se tanto quanto possível na sombra. Eles contornaram a frente doteatro, atravessaram a alameda em frente da Sala de Administração, e mergulharam no

labirinto de caminhos que corria através de um bloco de apartamentos de estudantesuniversitários. Finalmente, seus pulmões já oprimidos do ar frio da noite, James olhou para278cima e viu os portões do cemitério do campus escancarados à sua frente. Tentáculos denévoa penetraram como fantasmas preguiçosos entre os túmulos mais próximos, além dalia escuridão era impenetrável."Por que é que tem de ter tantos salgueiros e arbustos e coisas grandes?" Ralfsussurrou enquanto ia na ponta dos pés para portões. "Quero dizer, é um cemitério, não éum labirinto de cerca-viva.""A culpa é do velho jardineiro, Balpine Bludgeny," James respondeu, seus dentesbatendo. "Ele é o que você chama um tradicionalista. Garante que todas as portas ranjam,todas as árvores estão cobertas de musgo espanhol, e as lápides também. Tenho de amarum cara que tem esse tipo de empenho no seu trabalho. "Os três meninos amontoados, de qualquer maneira, em conjunto, seguiram o caminhosinuoso através dos morros do cemitério. Logo, uma curva arredondava-se e encontravamsefora da vista da entrada principal. Cobertas de musgo as estátuas e obeliscos apareceramna silhueta das sombras nebulosas . Nenhum sopro de vento mudou as árvores e o terrenoapresentava a neblina de sempre."Eu acho que está ali", Ralf sussurrou, apontando para uma colina próxima. "Nãopodemos acender a luz das varinhas?"Zane sacudiu a cabeça. "Alguém vai nos ver. Seus olhos devem se habituar logo àobscuridade."James liderou o caminho até o morro, contornando as lápides inclinadas.Repentinamente, ele se lembrou das raras histórias do seu pai, sobre os últimos dias antesda Batalha de Hogwarts, quando ele e o diretor Dumbledore tinha ido a uma caverna ondeVoldemort escondeu uma de suas Horcruxes. Especificamente, James encontrou-sepensando nos mortos amaldiçoados que ocupavam a profundidade do lago da caverna eque, se jogavam à superfície como bestas, pareciam peixes de boca escancarada: Inferi.James estremeceu e tentou não imaginar mãos brancas mortas surgindo do chão e

segurando em seus tornozelos. Na verdade, ele encontrou-se na esperança de ver algumbom e antiquado fantasma, só para quebrar a tensão. Infelizmente, por qualquer motivo,Alma Aleron aparentemente não tinha nenhum fantasma. Ele respirou fundo e estremeceuquando soltou o ar."Aí está", Zane assentiu, dobrando em direção ao topo da colina ". Roebitz. Eu sóposso lê-lo à luz da lua. Venham".James observou quando Zane retirou uma pequena ferramenta complicada de umbolso no recesso do seu casaco. O menino loiro examinou a fechadura da porta do mausoléusob a alça e, em seguida, olhou para baixo, para mexer com a Grint."Como é que funciona?" Ralf perguntou, inclinando-se."Tem um serralheiro duende que sabe um pouco disso", respondeu Zane. "Ela fareja otipo de bloqueio com que ele está lidando e diz qual é a melhor ferramenta para abri-la."Ralf franziu a testa e olhou para James. "Ele está fazendo isso?""Você nunca diria, não é?" James respondeu, balançando a cabeça.Zane inclinou-se perto da porta, olhava para o buraco da fechadura e, em seguidapressionou a orelha contra o metal frio, ouvindo. "Ninguém se movendo por dentro", disseele, olhando trás para James e Ralf. "É sempre bom sinal."James estava impaciente. "Você pode abri-la?"279"Sem problema", Zane balançou a cabeça. "Nada de especial aqui. Parece um padrãoRosa da Manhã de língua giratória dupla. Olhei-los esta tarde na biblioteca. É umhomúnculo mortuário básico de bloqueio. A chave é uma lágrima.""Como? Um de nós tem que chorar?" James perguntou, piscando.Ralf franziu a testa. "Como você chora no teatro? Talvez você devesse tentar, James.Você é o ator, não é?""Eu só nunca sei como faço", James protestou. "E isso não requer qualquerdistribuição de água. Eu não sei como me fazer chorar."Ralf falou arregalando os olhos de inspiração. "Você tem que pensar sobre a coisamais triste que já aconteceu com você! Como, quando o seu primeiro animal de estimaçãomorreu ou algo assim! É fácil!""Eu nunca tive nenhum animal de estimação morrendo ainda," James respondeu. "Seé tão fácil, você pode fazer isso, então."

"Vocês vão entrar ou o que?" Zane perguntou, empurrando a porta de cobre aberta. Aporta rangeu, revelando a escuridão além.James hesitou. "Como você fez isso?""Eu só forcei ela", Zane encolheu os ombros, embolsando a Grint. "Achei que seriamais rápido do que esperar você obter todas as visões tristes. Eu acho que quebrei afechadura um pouco, mas podemos consertá-la na volta, né? Venham"."Eu, er, vou vigiar", sussurrou Ralf nervosamente, se afastando. James balançou acabeça, suspirou, e depois seguiu Zane na escuridão bolorenta do mausoléu.Estava muito frio lá dentro, com um teto baixo e um chão arenoso que esfarelavaquando caminhavam sobre ele. Zane levantou sua varinha lentamente."Lumos", ele sussurrou asperamente. A varinha surgiu acesa, enchendo o espaçominúsculo com seu brilho forte. O interior do mausoléu estava completamente semevidencia. Teias de aranha preenchiam os cantos, flutuando com os movimentos da varinhade Zane. Os únicos objetos no espaço apertado eram um antigo braseiro com uma vela e umresto de prateleiras de pedra no piso baixo, sobre a qual estava o inconfundível formato deum caixão de madeira."Eu abri a porta da frente", Zane disse em voz baixa, os olhos arregalados. "Agora queestamos dentro, você pode fazer as honras da casa."James engoliu em seco e deu um passo adiante. O caixão estava frio ao toque.Lentamente, ele fechou os dedos ao redor do metal da alça da tampa do caixão e começou alevantá-lo. Ele rangeu alto quando se abriu, e James perguntou-se por um momento seBalpine Bludgeny estivera ali também, havia um feitiço nas dobradiças do caixão a fim deque fizesse um profundo gemido quando aberto, na calada da noite. James inclinou-se parao lado e olhou para a estreita abertura que havia criado. Uma onda de alívio inundou-lhe ."Está vazio", ele respirou. "Apenas escuridão. Deve ser um túmulo falso, criado comoum esconderijo para..."James interrompeu-se com um gritinho quando Zane avançou, trazendo sua varinhailuminada com ele. O caixão não estava vazio, afinal, o interior só tinha sido obscurecido

pela sombra. Um esqueleto bolorento estava dentro, vestido com um traje à moda antigacom um laço de corda e um cravo desidratado deitado na lapela. As mãos do esqueletoforam cruzados nitidamente sobre o peito magro. Um dente de ouro brilhava no sorrisomalicioso do crânio."Ugh!" James disse, quase deixando cair a tampa do caixão". Eca!"280Zane sacudiu a cabeça com impaciência. "É apenas um corpo morto, James, shhh. Eupensei que você já tinha visto um desses criando vida uma vez na caverna de esconderijo doMerlin, não?"James engoliu em seco novamente. "Aquilo foi diferente, de alguma forma. Estavaapenas lá fora, ao ar livre, etc. Você não acha que este vai ... você sabe ...?""Cair vivo sobre nós?" Zane perguntou, sorrindo. "Nah. A não ser que você o façaenlouquecer, de qualquer maneira. Vamos continuar. Acho que Magnussen disse que aCortina de Nexus está dentro dos olhos de Roebitz. Vamos dar uma olhada nisso. "James empurrou o que faltava da tampa do caixão deixando-o bem aberto e Zane seinclinou por cima dela, trazendo abaixada sua varinha. O crânio sorria para a luz. Um maçode cabelos grisalhos ainda estava emaranhado no crânio, caprichosamente penteados paratrás da têmpora."Nada nos buracos dos olhos", Zane disse, inclinando-se. "Apenas poeira e as teias dearanha um pouco. Acho que alguém vai nos bater por isso.""O enigma dizia que a Cortina de Nexus estava nos olhos de Rowbitz", ponderouJames. "Talvez isso signifique que ela está em algum lugar onde o esqueleto poderia vê-la?"Zane encolheu os ombros. "Esqueletos não pode ver nada, tecnicamente."James ignorou Zane e olhou para a seda acolchoada do interior da tampa do caixão.Ele tocou timidamente, sentindo para tentar achar alguma forma oculta."Ei!" Zane anunciou de repente, inclinando-se sobre o caixão novamente. Jamessuspirou e se inclinou-se sobre o esqueleto, olhando na direção apontada pelo amigo. Zaneapontou para a mão esquerda do esqueleto."Formou-se em 1810. Olhe! Está ali mesmo em seu anel de formatura. Ele estava no

Nível de Afrodite. Uau, eu não teria imaginado ele um Duende."James suspirou e endireitou novamente. "Ótimo. Bem, isto parece como um outrobeco sem saída.""Hah hah", Zane sorriu, empurrando James com seu cotovelo."Vamos. Eu estou congelando", disse James, baixando a tampa do caixão de com outrolongo rangido. "Talvez não haja nada aqui depois de tudo. Talvez Magnussen estivesseapenas brincando com Franklyn, dando-lhe dicas sem sentido".Zane encolheu os ombros e apagou sua varinha. Ambos os meninos viraram-se erastejaram para fora na noite."Ralf"? Zane falou alto, olhando ao redor."Onde ele está?" James perguntou, olhando ao redor também. "Pensei que ele ia estarsentado aqui debaixo desta..." Ele parou, percebendo uma forma escura achatada no chãogelado sob o olmo. Era a capa de Ralf . Zane também viu e olhou para James, os seus olhosarregalando-se."Ralf?" James murmurou, olhando em volta para os túmulos sombrios.Repentinamente, o cemitério parecia estar cheio de esconderijos e trevas, onde qualquercoisa terrível poderia estar os observando, se preparando para atacar. Nervoso, Jamesgritou " Isso não é engraçado, Ralf!Um barulho veio das proximidades do olmo: um baque pesado. Ambos os meninospularam e agarraram.se um ao outro."Ralf"? Zane perguntou, com a voz trêmula.281Outro baque soou, mais forte. James e Zane começaram a recuar, olhando em voltapara a fonte de ruídos estranhos. O cemitério permanecia perfeitamente imóvel, como se aobservá-los. Uma coruja piou, de repente, um som muito alto e terrivelmente triste. Jamesolhou em volta freneticamente, seus cabelos se arrepiaram."Ralf?" Zane sussurrou, mais uma vez, ainda segurando James pelo cotovelo. "É você?"De repente, os dois rapazes apoiaram-se em um sólido e grande objeto. Eles pararam,com os olhos esbugalhados. Lentamente, aterrorizados, se viraram e olharam para cima.Uma muito alta e vaga forma humana, pairava alto sobre eles. A pele do seu rostoparecia de papel, parcialmente rasgado, revelando o crânio manchado por baixo. Duas mãos

ossudas e grandes levantaram lentamente no ar, curvadas como garras, e uma chacoalhantevoz profunda emanava da garganta da coisa."Caiam fora ... ... do ... meu ...túúúúúúúmulo!", Disse ameaçadoramente.James e Zane quase entraram em colapso de terror, lutando longe da figura terrível.Só então, uma outra voz falou a alguma distância."Ele me disse isso no início, também," disse a voz, falando como se estivesse com aboca cheia de biscoito. James desviou o olhar da figura que pairava sobre ele, buscando afonte da segunda voz. Ralf estava na porta aberta de outro mausoléu, feliz, mastigando umbolinho de açúcar rosa grande. Ele deu de ombros. "Ele é realmente apenas um grandemolenga. Straidthwait é o nome. Dizem que ele foi presidente de sua casa, Zane."Charles Straidthwait", o zumbi se apresentou, uma vez que os três rapazes estavamsentados no seu mausoléu. Apesar de sua aparência mórbida, a figura do discurso tinha umsotaque de Charleston, na Carolina do Sul, que Zane identificou mais tarde, devido ao sommelodioso. "Antigo Presidente da Casa de Hermes, professor de Aritmancia aposentado, aseu serviço. Vocês vão ter que me desculpar por todas as que se arrastam e batem e arabugice. Vem com o território, estou com medo. ""Ele é o que eu disse a vocês " Zane disse entusiasmado e feliz, aceitando uma xícarade café quente oferecida pela figura cambaleante. "Ele é o presidente da casa zumbi, queviajou para as escuras selvas e se transformou na coisa real!""Uma palavra de aconselhamento", assentiu Straidthwait, largando-se em umacadeira, "nunca aceite qualquer fumo de cachimbo da paz de um feiticeiro cuja cabana vocêacidentalmente queimou até o chão. Longa história. Basta dizer, aqui eu estou morto eamado. ""Eu tinha visto o seu mausoléu várias vezes", Zane disse, sorrindo, "mas a portaestava sempre fechada e tudo estava tranquilo. Todos nós apenas supomos que vocêgastava todo o seu tempo dormindo ou algo assim. Como um zumbi na vida real adoramumas sonecas longas, tipo hibernação.""Se tivesse sido assim," lamentou o professor morto vivo. "Eu tive problemas em

dormir durante a última década ou mais. Eu não tenho nenhum problema para dormir,sério, eu acordo cedo, geralmente depois de apenas três ou quatro meses. A idade cobra seu282preço. Er, eu me desculpo ", Straidthwait disse, inclinando-se para a frente e arrancandoalguma coisa da borda do pires de Zane." Dedo rosa ", disse ele se desculpando, segurando odedo para cima." Continuem vindo depois . Talvez os meninos fizessem a gentileza de metrazer um encanador e vidraceiro se vocês decidirem passar por aqui novamente? "Ralf concordou. "Lugar legal você tem aqui, eu tenho que dizer. Estou surpreso"."Não há razão para tanto," Straidthwait respondeu, olhando para o espaço apertado.Era, aliás, bastante bem definido, com quatro estofados, (ligeiramente mofados) cadeiras,uma pequena mesa de café ornada, e duas lâmpadas de querosene, todos dispostos em cimade um tapete puído.” O caixão de Straidthwait estava aberto em sua prateleira, nitidamenteservindo de cama. No canto mais próximo da porta estava um fogão minúsculo, suportandouma chaleira e um coador de latinha. Era quase insuportavelmente quente no interior domausoléu, mas nenhum dos meninos reclamou."Eu disse exatamente como eu queria ser enterrado", Straidthwait falou com orgulho."Incluindo o fornecimento de biscoitos perecíveis congelados, café, chá e leite condensado.A comida passa direto através de mim nestes dias, mas eu não me importo. É dura aexperiência de uma indigestão, se já não ostenta um estômago. Bom desembaraço, eu digo.Então, quem, posso perguntar, são vocês três e o que os traz para a minha alcova a essahora? "Durante os poucos minutos seguintes, os meninos apresentaram-se e explicarampacientemente a sua missão para o decrépito cadáver do professor Straidthwait,descrevendo o ataque ao Salão dos Arquivos, o alegado envolvimento de Petra e suastentativas de encontrar os verdadeiros culpados. Quando James tinha terminadorelacionando as visões do professor Magnussen e seus dois enigmas,” Straidthwait assentiupara si mesmo significativamente.

"Eu me lembro bem, na verdade," ele disse, olhando para o teto com seu único olhorestante. "Eu ainda era estudante quando o tumulto com Magnussen ocorreu. Meus amigose eu, assim como a maioria dos estudantes, ficou completamente enlouquecido com isso.Era uma coisa para quebrar o código de sigilo e torturar pessoas. Mas, para matar umamulher indefesa trouxa, e uma jovem como Fredericka Staples ... "Straidthwait balançou acabeça lentamente." Abominável. Imperdoável".James perguntou, "Você o conheceu?""Não, não", Straidthwait admitiu. "Só depois que acabou, quando seu nome apareceuem todos os jornais de trouxas e bruxos. Depois de Magnussen escapar, houve uma longainvestigação da Integração Mágica, meses e meses de muitas delicadas interações entre ostrouxas e os poderes mágicos. Ao final, nenhum de nós jamais esqueceu a pobre mulher e onome de seu assassino psicopata, Inácio Magnussen.Zane balançava pra frente na sua cadeira. "Então, o que sabe sobre todo este enigmade Roebitz? Você acha que há qualquer coisa ligada a ele?"Straidthwait soltou um suspiro cansado e bateu no copo de café com um dedo ossudo."Eu conhecia o professor Magnussen como nada mais do que um professor bastante temido,e depois como um assassino famoso, mas eu não acho que ele deixaria pistas nesse sentido.Ele era muito arrogante pra isso. Ainda assim, eu teria dificuldade em acreditar que o pobrevelho Leo Roebitz tinha algo a ver com isso. Ele não tinha morrido ainda quando Magnussendesapareceu. Não, eu temo que vocês meninos estejam perseguindo um pássaro selvagem".James soltou um suspiro desapontado. "Agora, nós nunca vamos descobrir onde fica aCortina de Nexus," ele murmurou.283Straidthwait se animou um pouco com isso. "Será que você realmente acha", disse ele,olhando para James ", que a Cortina de Nexus seria encontrada dentro do caixão de umprofessor assistente de literatura morto?"James pestanejou um pouco. "Bem, é mágico, não é? Poderia ser em qualquer lugar.Estávamos apenas seguindo as pistas.""Sim", Straidthwait riu secamente. "Suponho que é uma maneira de ir em busca disso.

Seguindo as pistas. Claro que, se fosse comigo, eu seguiria Magnussen, em vez disso.""Como vamos fazer isso?" Zane perguntou, inclinando a cabeça. "Ele só estádesaparecido por cento e cinqüenta anos.""Sim", acrescentou Ralf. "E ninguém viu para onde ele foi de qualquer maneira.Estavam todos ocupados demais vendo a sua casa queimar"."Não era a sua casa", respondeu Straidthwait, levantando um dedo esquelético. "Era acasa de John Danforth Roberts, um dos três fundadores da escola, que Deus o tenha. E eunão seria tão precipitado sobre o que vi naquela noite em particular. "James estreitou os olhos para o professor. "O que você quer dizer?""Eu imagino que serei bastante óbvio neste ponto", disse Straidthwait, sorrindomedonhamente. "Testemunhei a escapada de Magnussen.”"Mas", Ralf começou, apertando os olhos, pensativo. "Mas, Franklyn, disse, na visão,que ninguém viu Magnussen escapar. Ele disse que eles estavam todos muito distraídospelo fogo.""Ai de mim! Eu tinha minhas próprias razões para manter as minhas observações emsegredo", admitiu Straidthwait, recostado na cadeira. "Não que fizesse bem a ninguém, eususpeito."Zane perguntou: "Existe uma história que se passa com isso?""Não mais que uma, eu tinha medo", Straidthwait suspirou. "Você vê, eu tinharecentemente me encantado com uma jovem moça que atendia pelo nome de Charlotte. Elamorava na Mansão Erebus e tinha uma mente deliciosamente perversa. Ocupava me pormuitas horas durante o outono, horas que teriam sido muito mais responsavelmente gastasem meus estudos. Como resultado, eu estava com as notas de Estudo da Magia bastantedesastrosas. Meu professor, o professor Howard Styrnwether, confrontou-me sobre asminhas notas baixas, exigindo que eu não jogasse fora o meu futuro por nenhuma ‘vadia’,como ele chamou."Ele estava certo, é claro, mas eu estava furioso. Em fúria, eu abandonei o ensaio deEstudo da Magia que eu mal tinha começado e escrevi um novo ensaio inteiramentecomposto por exatamente cinco palavras, que brilhavam verde sobre o pergaminho e li oseguinte:" Caríssimo Professor Styrnwether – Exploda-se! ".

Zane morreu de rir. "Isso é excelente! Vejo por que foi presidente da Casa Zumbi".Straidthwait acenou, sorrindo de si mesmo. "Sim, bem, eu nunca poderia teralcançado tal posição se não fossem os eventos que se seguiram. Você vê, eu entreguei oensaio depois de uma noite afrontado pela raiva, estimulado pela própria Charlotte e nãopor um pouco de Hidromel de Dragão no Pipa & Chave. Quase que instantaneamente,porém, lamentei o ato. Se Styrnwether lesse meu ensaio de Estudo da Magia, as chanceseram de que eu nunca iria obter aceitação para a pós-graduação, e se eu não fosse aceito naescola, eu nunca receberia meu doutorado em Aritmancia Avançada, o que significava queeu nunca poderia me tornar um professor e crescer para ser o Morto vivo e reverenciadodistinto professor que você está vendo agora.284"Assim, eu bolei um meio para recuperar o ensaio antes que fosse tarde demais.Infelizmente, o professor Styrnwether já tinha começado a ler os ensaios de classificação.Me encontrava perto de sua porta do escritório, olhando pra dentro, à procura de qualqueroportunidade de esgueirar-me e roubar o ensaio insultante. Styrnwether, infelizmente, nãofez uma pausa para tanto como uma ida ao banheiro, e eu comecei a temer o pior."Logo, porém, ouvi o barulho crescente no gramado lá fora. Eu olhei para fora poruma janela próxima e vi a multidão reunida, vi as chamas começarem a lamber a partir dasjanelas inferiores da residência Magnussen. Eu tinha ouvido falar sobre a farsa dos crimesde Magnussen , é claro, e sabia que as tensões tinham sido crescentes, desde a decisão quelhe permitiu manter o seu cargo durante o inquérito."Eu corri imediatamente para me juntar a multidão, louco de curiosidade, malícia, eembora, admito, havia alguma maldade em meus próprios pensamentos também. A noiteatraiu as chamas crescentes e mais brilhantes e quentes, envolvendo a infeliz antiga casa deJohn Roberts, avistei, no meio da multidão de moagem, as feições do professor malhumoradoStyrnwether. Ele estava assistindo a uma certa distância, braços cruzados emdesaprovação.

"Talvez seja um testemunho para o meu próprio senso de auto-preservação, mas euencontrei-me imediatamente inspirado. Imediatamente, eu corri longe das chamas, nosescritórios do corpo docente nas proximidades. As salas estavam completamente desertas,é claro, e eu respirei um grande suspiro de alívio quando eu recuperei o meu ensaio, entreos que ainda não estavam classificados, numa pilha na mesa do professor Styrnwether."Eu imediatamente acenei minha varinha e apaguei o pergaminho condenatório. Oprofessor encontrou um pergaminho novo na mesa, em que eu rapidamente rabisquei umadesculpa para o fato de que meu ensaio ser entregue com um dia de atraso e prometi aceitarde bom grado qualquer pena que ele considera-se compatível com o atraso. Eu coloquei issode volta na pilha de ensaios e, sentindo-me uma centena de quilos mais leve, fiz meucaminho de volta para fora na noite escura."Foi então que, como eu estava contornando os prédios, a alguma distância daconflagração, eu vi. O professor Magnussen era uma figura inconfundível, alto e sólido, comcaracterísticas de pedra e uma coroa de cabelos grisalhos muito curtos. Temi por ummomento que ele me visse e abaixei-me no mato próximo à casa de hóspedes. O professorcaminhou, porém, sem diminuir a sua rápida marcha, e eu soltei um suspiro de alívio.Temia-o, você sabe, naquela noite mais que qualquer outro. Considerei bravura, mas apenaspor um momento. Eu era apenas um estudante, é claro, e Magnussen foi um temidofeiticeiro, muito antes de ser conhecido como um torturador e assassino. Assim, euobservei. "James estava fascinado. "Onde ele foi? Você o viu abrir a Cortina de Nexus?Straidthwait sacudiu a cabeça. "Não vi. A verdade é que, se de fato Magnussenescapou através da Cortina de Nexus, então ele não o fez imediatamente. Saiu primeiro docampus. Eu o observei, até mesmo o ouvi, pois meu esconderijo era muito próximo doSalgueiro Torto. Esse é o lugar onde ele foi. Quando ele estava sob seus ramos, ele só falouuma palavra. Um momento depois, ele desapareceu. Tanto quanto eu sei , nenhum bruxo ou

bruxa nunca mais o viu. "Houve um momento de silêncio tenso com os meninos pensando sobre isso.Finalmente, James disse: "Qual foi a palavra?"285"A palavra era" Abitus ", Straidthwait respondeu sombriamente." É uma magiasimples, que evoca uma saída para a data e hora correntes - o agora. Magnussen saiu docampus naquela noite e fugiu para perto dos trouxas, na Filadélfia. Não sei onde ele estavaindo, mas se todas as suspeitas sobre ele são verdadeiras, tenho minhas idéias. ""Você acha que ele estava indo para a Cortina de Nexus?" James perguntou, de olhosarregalados. "Você acha que talvez ela não estava no campus afinal?""Talvez", Straidthwait encolheu os ombros lentamente, e então se inclinou para afrente. Em um sussurro rascante, ele acrescentou, "... Ou talvez ele estava indo pegar achave.""A chave ..." Ralf repetiu lentamente. "Bem, talvez fosse o que fosse, era demasiadoperigoso para ele manter no campus?""Porque o que quer que fosse," Zane continuou, tentando manter a razão com ele,"seria demasiado mágico para deixar em seu escritório! As pessoas teriam sentido algo tãopoderoso, especialmente se veio de outra dimensão!"Straidthwait recostou-se novamente, usando o dedo indicador para tocar o lado deseu nariz, ou onde costumava ser o nariz. "Precisamente eu penso," ele concordou. "Que háuma coisa que é certa: qualquer coisa que seja esta alegada chave pan-dimensional,Magnussen não a estava carregando consigo naquela noite. Se assim fosse, ele nuncaprecisaria ter escapado sorrateiraente. Ele pode muito bem ter seguido seu caminho para aCortina de Nexus, se tal coisa existe verdadeiramente, mas se ele foi ... então ele teve queirara recuperar a chave primeiro. ""Então," Ralf anunciou depois de uma pausa significativa ", se é que podemos dealguma forma encontrar um caminho para seguir Magnussen... podemos encontrar a chave.""Encontre a chave", ponderou Straidthwait ", e acho que a Cortina de Nexus irárevelar-se por si mesma."

Zane sacudiu a cabeça. "Mas como é que vamos seguir alguém que desapareceu a umséculo e meio?""Por favor, rapaz, você diz que um membro da Casa Zumbi", Straidthwait disse,acenando para Zane. "Estou surpreso que você ainda não tenha adivinhado a resposta paraessa pergunta.""Dê-me um segundo, já", Zane respondeu, irritado. "Eu só tinha um minuto parapensar sobre isso.""E aí reside a solução, meu amigo"."Como é isso?" James perguntou, um pouco frustrado. "Tempo é exatamente o nossoproblema. Bem, cento e cinquenta anos no mínimo."Straidthwait suspirou cansado. "Não, rapaz. Tempo é a sua solução. Esqueceu-se",disse ele, inclinando-se ligeiramente para a frente, piscando o olho remanescente ", que estaescola é, em essência, uma gigantesca máquina do tempo?"Chocados, os três meninos se entreolharam, os olhos alargando lentamente. No calorescuro do mausoléu, Straidthwait riu ocamente.286Depois da entrevista com Charles Straidthwait, James tinha conseguido uma vagaidéia do que eles precisavam fazer a seguir. Infelizmente, com o Natal se aproximando,trazendo consigo uma onda de exames intercalares, havia pouca liberdade para planejaruma aventura de travessia no tempo perseguindo Inácio Magnussen."Diga-me novamente porque, exatamente, você está planejando fazer isso?" Rosapediu desaprovando duramente enquanto James e Ralf praticavam Feitiços Defensivos parao próximo exame. "Perdoem-me por dizer que tudo parece um pouco complicado eridículo"."É simples", Ralf disse, seu tom de voz indicava que ele não entendeu muito bem oplano. "Quem arrombou a Cúpula dos Destinos roubou um fio carmesim de alguma versãodo tear de outra dimensão. Normalmente, algo que possuísse tanta mágica seria fácil derastrear uma vez que estaria enviando ondas de poder como uma espécie de sirene. Poralguma razão, porém, ninguém pegou o menor vestígio dela, nem o pai de James e atémesmo a polícia local. Zane pensa que isso é porque as pessoas que roubaram o fio o

utilizam como uma chave para abrir a cortina Nexus o esconderam no mundo entre osmundos, que é como uma espécie de núcleo que liga todas as dimensões. ""Certo," James concordou. "Essa é a única maneira de os ladrões poderem escaparsem ser rastreados. Precisamos seguir Magnussen ao passado para pegar a sua chave para aCortina de Nexus. Se pudermos descobrir como chegar até o mundo entre os Mundos, entãopodemos tentar ver quem roubou e provar que Petra não está realmente envolvida. ""E o que você fará se isso tudo for asneira e Morganstern realmente for culpada?"Escórpio fez uma careta do seu lado. James tinha se preparado para essa questão."Ela não é, mas mesmo se ela for, é isso que amigos fazem. Ela diz que é inocente, enós estamos fazendo o possível para provar seu caso".Escórpio apertou os olhos e sorriu levemente. "Então você está fazendo isso poramizade?""Você não pode apenas se envolver em algo assim de qualquer maneira", Rosainterrompeu. "Viajem no tempo é um negócio extremamente perigoso. Você poderia fazermuito mais mal do que bem."James suspirou e revirou os olhos. Ele não quis meter Rosa e Escórpio em tudo isto,mas Ralf, sendo a sua reação típica, tinha sido incapaz de resistir a dizer-lhes tudo sobre aconversa à meia-noite com o Professor Straidthwait morto vivo."Nós sabemos Rosa," James proclamou, puxando os cabelos. "É Tecnomancia passo-apasso,tudo bem? Acidentalmente pisar sobre um erro no passado e mudar o presente todo.Blá, blá, blá."287"Mas, realmente, o quão ruim pode ser?" Ralf comentou, sentando-se em sua cama."Quero dizer, James lançou-se uns mil anos no passado e bateu cabeça com SalazarSonserina. Ele mudou muitas coisas, mas tudo ainda parece muito bem aqui nos dias dehoje. "Rosa balançou a cabeça em aborrecimento. "Um ", disse ela, espetando um dedo no ar,"nós não sabemos se James não mudou o presente, tudo o que sabemos é baseado na

história que ele afetou. Pode ser que houve mudanças, mas elas não foram terrivelmenteimportante. Dois ", ela enfiou um segundo dedo no ar", apenas porque James teve sorte umavez, não significa que vocês três não vão bagunçar as coisas daqui por diante. ""Vamos ter cuidado, Rosa,” James insistiu, abaixando a varinha e voltando-semaldosamente." Eu sei que você está com ciúmes porque você não pode vir junto com agente e tudo, mas isso não significa que você tem que tentar assustar-nos de fazê-lo.""Isso não é tudo", Rosa bufou, cruzando os braços e batendo contra o sofá da salacomunal da Grifinória. Próximo a ela, Escórpio sorriu um pouco torto, aparentemente vendoa verdade nas 'palavras de James. "Eu sou mais esperta do que você ", Rosa afirmou mauhumorada." Eu sei o quanto de dano você pode fazer, tentando consertar a história. E eu seique você vai abertamente não pensar em nada disso antes de fazer. "James balançou a cabeça. "Também somos inteligentes. Nós pensamos sobre o quepode acarretar.""Oh?" Rosa respondeu, erguendo as sobrancelhas. "É isso mesmo? Bem, então eupresumo que você já percebeu que não há nenhum ponto em sua tentativa, absolutamentenada que lhe faça saber, o que precisamente, esta chave pan-dimensional realmente é? "James revirou os olhos dramaticamente e estendeu as mãos, como se diz,está bemclaro que já percebi o que é muito, mas o efeito foi arruinado pela impertinente resposta deRalf."Er, não", disse ele, franzindo a testa, e James caiu. "Nós apenas pensamos em viajarde volta ao dia em que Magnussen escapou e tentar segui-lo entre os trouxas da Filadélfia.Isso irá simplesmente nos levar até a chave, não? ""É bom saber que você pensou algo de útil", disse Rosa cansada. "Você já se perguntoucomo você reconhecerá a chave?"James Ralf olhou por um momento, e depois olhou para o chão. "Bem, eu quero dizer,é uma chave. Vai ser óbvio, er... não é?"Escórpio falou desta vez. "Poderia ser qualquer coisa, Potter. Por exemplo, se suateoria é exata, e eu não estou totalmente certo de que ela seja, então o “verdadeiro ladrão",

como você lhe chama, têm acessado esta Cortina de Nexus usando um pedaço de fiovermelho. Não é exatamente o mais óbvio artefato pan-dimensional do mundo. Para A288chave de Magnussen pode vir em qualquer forma ou aparência. Talvez vocês estejampensando em apenas andar até ele e dizer: oi, Sr. Assassino, você poderia nos fazer agentileza de nos dar esta chave pan-dimensional, e não importa que nós não sabemos adiferença se você também nos entregar um pedaço de barbante que pode acontecer de terno seu bolso? "Escórpio sorriu apreciando a sua sagacidade."Bem", James começou, mas não conseguiu pensar em mais nada a dizer. Ele olhoupara Ralf pedindo ajuda."Temos uma outra pista", disse Ralf, empertigando-se. "Algo sobre o Castelo deErebus. Magnussen, disse que o segredo da chave andava nos corredores do Castelo deErebus, ou algo parecido. Precisamos apenas pedir para ir junto com Lucy em uma turnê. Sepudermos descobrir o enigma, então talvez nós saberemos o que é a chave. ""Como isto pode ser difícil?" James assentiu, sorrindo timidamente.Escórpio olhou significativamente para Rosa que perguntou a James, "Por que vocêprecisa de permissão da Lucy para entrar no Castelo de Erebus?""Aquela é a Casa dos Vampiros", respondeu Ralf. "Eles são totalmente precisos sobrequem eles deixam entrar para batermos por lá. Você tem que ter um membro da CasaVampiro para acompanhá-lo ao redor o tempo todo.""Ou você tem que ser um vampiro na vida real", acrescentou James, revirando osolhos. "A presidente da casa, Professora Remora, diz que Castelo de Erebus é um ‘ santuáriopara qualquer companheiro errante, Criança da Noite '. Como se houvesse qualquer dessesna América. "Rosa parecia vagamente com nojo. "Será que ela realmente disse isso? Criança daNoite?”"Ela diz um monte de coisas como essa", disse James balançando a cabeça. "Ela écompletamente maluca.""Hah hah!" Ralf acrescentou, cutucando James com seu cotovelo. James gemeu.

À medida que os últimos dias do final do semestre de outono se aproximavam, Jamespassou a maior parte do seu tempo acumulando (como Zane disse), para as semifinais. Seuscolegas Pé-grandes foram de grande ajuda nesse esforço, formando grupos de estudo289espontâneo na sala de jogos da Mansão Apolo. Lá, Jazmine Jade, Gobbins, Wentworth,Norrick, Mukthatch, e qualquer outra pessoa que passou a ser incluída nas mesmas aulasque produzem todas as mesmas notas e faziam perguntas um ao outro por horas a fio, todosconsumindo grandes quantidades de soda e lanches da cozinha da Apolo.Ocasionalmente, Yeats andava pela sala com um saco de lixo, coletando latas, copos eembalagens de doces, o tempo todo resmungando desculpas sinceras por entre os dentescerrados pela interrupção do estudo dos alunos. Heckle e Jeckle pendurados perto na adegae na geladeira dando as respostas erradas a todas as perguntas do questionário que ouviam.James aprendeu que Heckle, o cabeça de cervo, respondia erradamente de propósito, naesperança de iniciar discussões com os transeuntes. Jekyll, o cabeça de alce, no entanto,tinha as respostas erradas, porque ele era, essencialmente , uma cabeça de alce.Foi graças a essas sessões de estudo, que muitas vezes durou até a noite, que Jamesterminou a sua última semana de escola antes das férias de Natal com algum senso deconvicção. Seu teste final, três páginas práticas de Engenharia Precognitiva, foi possívelgraças a todos terem dado duro. Pelo período de duas horas do exame, a James e ao restodos alunos foram dadas três diferentes ferramentas de adivinhação - uma bola de cristalpequena, uma xícara de folhas de chá, e uma seleção aleatória de Octocartas e foraminstruídos a contar em pergaminho suas previsões, tendo o cuidado de assegurar que elasestavam: a) exatas, b) mensuráveis, e c), essencialmente em acordo.Isso significava, James sabia, que a segunda metade da prova, que deveria ocorrer emalgum momento durante o semestre da primavera, seria um detalhamento rigoroso decomo as previsões vieram ou não a se tornar realidade. Se isso tivesse sido na aula da

Professora Trelawney, James teria menos preocupações com a segunda parte, as previsõespara sua classe sempre deveria ser propositalmente vaga e um pouco cômica e desastrosa.O professor de Adivinhação norte-americano, entretanto, Professor Thackery Ham, era umpouco agitado com uma abordagem muito diferente para a "ciência da adivinhação ", comoele chamou. Ele desaprovava o desastroso, profecias principais, preferindo em vez disso asmenores, e mais mensuráveis, sobre coisas como a cor do pássaro que pode voar próximoou passar por uma janela específica, ou o número de balas em uma caixa de Feijõezinhos deTodos os Sabores, ou que os pratos a lanchonete pode optar por servir para o jantar emqualquer noite.Como resultado, os estudantes tinham que gastar enorme quantidade de energiatentando roubar cópias antecipadas do menu da cabeça do cozinheiro da Sala deAdministração. James haviam se juntado a Jazmine, Gobbins e Wentworth em uma escapadatal e conseguiu talhar um completo plano de menu para todo o mês de dezembro, até àsopções de sobremesa. Infelizmente, eles negligenciaram em perceber o quão longe ocozinheiro planejava. Foi só depois de terem feito a sua notável previsão detalhada para aclasse de Wentworth, que ele veio avisar que o plano era para o menu de Dezembro do anoseguinte."Fácil," Gobbins tinha proclamado, cheio de inspiração. "Acabamos de dizer proThackery que nossas previsões são super avançadas e não se tornarão realidade até opróximo ano a esta hora!"Contra todas as probabilidades, o plano era efetivamente trabalhoso. Thackery tinhacolocado as previsões do alunos em uma parede do cofre que ele tinha instalado apenas290para tal finalidade, explicando que ele teria as atribuições da classe, precisamente em ano,quando as previsões poderiam ser medidas.Por enquanto, porém, James ainda tinha um tempo de vinte minutos até o exame daesquerda. Sonolento e vagamente com fome para o almoço, ele colocou a bola de cristal de

lado e pegou um punhado de Octocartas. Estava muito quieto na sala de aula deAdivinhação, que era totalmente empoeirada, iluminada por um banco de janelas altas quevariavam ao longo do lado esquerdo da sala. As janelas estavam quase opacas, com ondasde frio, reduzindo-os à cegueira brilhante. Os únicos barulhos na sala eram feitos pelorabiscar das penas em pergaminho e um frustrado suspiro ocasional e lamentos deestudantes embaralhados com seus objetos de adivinhação sobre a sua mesa de trabalho.James olhou ao redor. Duas mesas à sua direita, Zane se inclinou sobre o seupergaminho, escrevendo furiosamente. O rabinho de sua pena balançavadescontroladamente sobre seu ombro, como se ele estivesse estrangulando-a pela ponta.James suspirou baixinho e virou a primeira Octocarta em sua mesa. Ele olhou para ela.a DAMA do MISTÉRIOJames piscou para a carta. Por um momento, a face dançante e sorridente da mulherno cartão parecia familiar. Ela parecia, de fato, com Petra Morganstern. James franziu a testae se inclinou sobre a carta. Já não parecia Petra e, no entanto, ainda lhe parecia familiar.Agora, parecia com a estranha mulher que tinha visto nos corredores da meia-noite emAquápolis e mais tarde a bordo do Zephyr que se atirou feitiços pra fora da janela, semvarinha visível. Quem era?James, de repente arrepiou-se. Foi ela, pensou. Ela era a outra mulher que saiu daCâmara dos Arquivos logo depois este foi atacado! Como poderia ter esquecido? Mas quemé ela? Ele olhou para baixo no cartão concentrando-se furiosamente. A mulher do cartãonão se moveu, e ainda assim ela quase parecia estar sorrindo para ele. Pela primeira vez,James sentiu uma profunda sensação de desânimo sobre o que tinha visto naquela noite.Seria possível que esta mulher e Petra realmente tinham feito isso? A mulher de algumaforma controlava Petra? De onde ela tinha vindo, e qual foi a fonte de seu poder? Seria omesmo misterioso poder que Petra parecia demonstrar? No calor da sala de aula, Jamesestremeceu.Lentamente, ele virou uma outra carta.

o HOMEM dos DESTINOS MISTURADOSJames arregalou os olhos quando olhou para o cartão. Nunca tinha visto isso antes,teria jurado, na verdade, que não havia esta carta em um baralho de Octocartas. Pior, noentanto, ele pensou que reconheceu o rosto nesta carta muito bem: era o seu. A figura nocartão era magra, vestido com um terno preto de cauda e uma gravata laranja.Perturbadoramente, porém, a cabeça tinha duas faces, uma olhando bem e sorrindo, o outroolhando para a esquerda carrancudo. Enquanto James via, os rostos pareciam mudar delugar, mudar sem se mover. Isto fez seus olhos lacrimejarem e ele piscou. Com um arrepio,virou outra carta, cobrindo as duas primeiras.a ESTRELA de CONVERGÊNCIAJames tinha visto isso antes, é claro, a estrela de quatro pontas, dourada. Ele haviadesenhado uma vez ano passado, na classe da Professora Trelawney. Naquela época, nãoparecia particularmente significativo. Agora, a visão dele sobre as outras duas cartas fez seuestômago afundar lentamente, como se ele estivesse em uma borda alta, balançandoperigosamente. As pontas da estrela eram como os caminhos, que se fundem, formando algo291novo e desconhecido. Ele tinha um estranho pressentimento de que ele era uma das quatropontas. A mulher estranha, com seu sorriso enigmático e fonte de mágica, era outro. Masquem eram os outros dois?Petra, pensou ele. Claro, ela é um deles.Mas não se sentia exatamente correto. James inclinou-se baixo sobre a estrela,olhando-a, concentrando-se. A estrela quase parecia pulsar, e um toque maçante veio comela, bloqueando os outros ruídos no quarto.Petra não é um dos outros dois pontos, ele agora percebia, e a sensação deafundamento em seu estômago piorava, congelando-o. Petra não é um deles. Ela é ambos.Petra ... e Morgan.Ela franziu o cenho para si. Isso não faz nenhum sentido, não é? Petra e Morgan erama mesma pessoa, assim como duas partes da mesma mente, como Jekyll e Hyde nopersonagem do livro do Sr. Walker. O lado de Morgan foi a parte que foi influenciada pelo

fragmento de alma amaldiçoada que pertenceu a Lord Voldemort. A outra parte foi a Petraque sempre soube: inteligente, honesta, curiosa, e peculiar. A Petra dominou boa parte desua personalidade Morgan uma vez na Câmara dos Segredos, e novamente na FazendaMorganstern, quando ela tinha quase (mas não completamente) sacrificado a sua própriairmã para o lago.Mas o que dizer dos misteriosos sonhos de Petra? Isso significa que Petra tinha sidoatormentada por visões de sua irmã morrendo naquele lago? Esteva o lado Morgan de Petracrescendo na mente dela cada vez mais poderoso? Era o balanço entre poderosas forças? Euobservo e eu espero , a voz de Morgan disse, ecoando da torre escura no novo sonho dePetra, o oceano bloqueando o castelo estranho. Meu tempo está muito próximo. Eu sou arainha feiticeira. Eu sou a Princesa do Caos ...James olhou para a octocarta uma última vez, a estrela, com quatro pontos de fusãoem direção ao centro, como o encontro de caminhos, forjando um novo destino. Quatro denós estão convergindo de algum modo, pensava ele, e mesmo que ele parecesse vagamentelouco, ele sabia que era verdade. Petra e Morgan, a misteriosa mulher, e eu, tudo levando aalguma coisa. Mas isso é algo bom ou ruim? É algo que deve ser interrompido? É um destinoou uma escolha?James não sabia a resposta à primeira parte desta questão, mas na segunda parte foitudo muito claro. Destino, como o professor Jackson já havia dito, é simplesmente o nomeque damos para a soma total de todas as nossas escolhas de vida. James estava fazendo asescolhas certas? As octocartas lhe deram a confirmação de suas decisões recentes ... ou umaviso?"James", uma voz disse, assustando-o. Olhou para cima e viu o professor Thackery depé na frente dele, estendendo sua mão. "O período de análise é longo, James. O teste, porfavor."James ficou chocado. Como é que os últimos vinte minutos se passaram tãorapidamente? Ele olhou em volta e viu que o resto da sala estava vazia. Todo o mundo tinhaacabado e saiu para almoçar.

"Uh, com certeza, professor," James gaguejou, olhando para seu pergaminho. Para suasurpresa completa, viu que a última página fora coberta com sua própria caligrafia. Ele nãotinha nenhuma recordação de escrever alguma coisa. Sem nenhuma chance de ler suaprópria previsão, ele entregou o pergaminho ao professor.292"Muito bom", disse Thackery, olhando através de seus óculos para o pergaminho."Muito, er, completo."James assentiu incerto. "Obrigado, professor."Sentindo-se inseguro e um pouco assustado, ele praticamente fugiu da sala de aula,seguindo os seus amigos para almoçar.293Capítulo 16Natal em FiladélfiaNa sexta-feira antes do Natal, James, Ralf, Alvo e Lúcia fizeram seu caminho para o SalgueiroTorto, com mochilas nos ombros e a respiração ofegante na névoa do ar gelado. A primeiranevada da estação tinha caído naquela manhã, e cobria o campo com um lençol branco ecapaz esconder todos os caminhos de laje, de modo que os quatro deixaram trilhas sinuosasem todo o caminho.Uma vez que se reuniam sob a árvore, Lucy disse o encantamento que James tinha ouvidopela primeira vez do Professor morto-vivo Straidthwait sobre a noite que Inácio Magnussentinha escapado."Abitus", disse ela, batendo no tronco coberto de neve com a ponta de sua varinha. Ela sevirou para James quando a árvore começou a se mover sutilmente ao redor deles."Professora Remora me ensinou isso."James concordou, não explicando que, ele mesmo já tinha ouvido de um professor diferente.Lucy aproximou-se dele, ombro a ombro, e os dedos da mão enluvada entrelaçados com osdele. O rosto de James corou um pouco e ele desviou o olhar, vendo como o campo ficarescondido atrás do deslocamento estranho dos galhos do Salgueiro TortoA transição para o exterior foi mais rápida do que a que ocorreu quando o Professor Barutios levou da classe de poções para visitar Senhora Ayasha na parte antiga da cidade indiana

de Shackamaxon. Dentro de poucos segundos, um impulso de ar frio tremeu nos galhos daárvore e James viu a minúscula murada além do pátio. A neve ainda estava gelada no chão,transformando o quintal cheio de lixo espalhado em algo quase tão mágico como auniversidade que tinham acabado de sair."Feliz Natal, amigos”, uma voz profunda disse quando os quatro entraram na tediosa luz do294dia. Flintlock estava perto do portão, com o rosto de rochas esculpidas em um sorrisotorto. Seus olhos de diamante brilhavam felizes."Ei, Flintlock!" Alvo gritou, dando um passo para dar um tapinha no cotovelo enorme dotroll de pedra bruta, que era tão alto quanto o menino podia alcançar. "Você não está comfrio? Parece que está cinquenta graus abaixo de zero aqui fora!”"Frio?" O troll repetiu lentamente. "Acho que a temperatura caiu um pouquinho, não? Euquase não percebi”."Quase não percebeu?" Alvo zombou. "Da última vez que te vi, era o fim do verão. E eupoderia ter fritado um verme-cego em sua testa ao meio-dia”.O troll encolheu os ombros, fazendo um som como pedras rolando no cascalho. “Eu descobrique os seres humanos são muito mais afetados pelas pequenas mudanças no clima do queeu sou. Você pode não estar ciente de que eu nasci no meio do núcleo da terra, onde hálagos de lava em praias de pedra-pomes”. Lembro-me vagamente, mas comcarinho. “Quando a temperatura chegar a cinco mil graus, então vou comentar sobre oclima, como você fez”.Alvo balançou a cabeça. "Você não vai comentar isso para mim, tenho certeza”.O troll assentiu e riu. Com um movimento lânguido, ele chegou no portão. O portão rangeuruidosamente até que parou aberto. Um carro longo marrom estava esperando ao lado domeio-fio além, com a fumaça saindo do escape e serpeando atrás dele. A janela dopassageiro, abaixada, em parte, permitiu que James avistasse seu tio Percy no banco domotorista."Vamos todos, vocês", ele chamou. “O porta-malas está aberto. Joguem suas mochilas ládentro e empilhem. Olá querida Lucy! Feliz Natal a todos vocês!”

"Feliz Natal, papai", disse Lucy, finalmente soltando os dedos da mão de James quando elaentrou no carro. James deu um suspiro de emoções completamente misturadas.Estava muito quente dentro do carro quando o tio Percy navegou pelas ruas estreitas elamacentas, resmungando para si mesmo com irritação sobre a lentidão do tráfego dostrouxas e, ocasionalmente, tocando a buzina, fazendo poucos agitados bips. James tirou ogorro e olhou para fora das janelas, vendo a cidade passar.O caminho durou um pouco mais do que James tinha esperado, e ele reconheceuvagamente que eles estavam passando pela parte histórica da cidade. Ele desejou que Zanetivesse vindo junto com eles para o Natal, para que ele pudesse lhe contar as historias sobreos edifícios que iam passando, com seu entusiasmo e contagiante brilho por que, pelo jeito,aquele seria um caminho bastante chato. Mas o menino loiro tinha deixado a escola no diaanterior, pegando o trem de volta para a casa de seus pais em Kirkwood, Missouri. Antes deZane ter partido, no entanto, James finalmente decidiu partilhar com ele e Ralph algumas295das coisas que ele até agora mantinha em segredo.Ele começou por dizer-lhes sobre a estranha previsão que havia ocorrido durante a sua aulaintercalada de Engenharia Precognitiva, quando ele tinha imaginado a convergência, entre adama misteriosa, ele mesmo, e as duas entidades Petra e Morgan, de alguma formaseparadas, embora ambas fossem apenas partes de uma mesma pessoa.Então, porque as duas pareciam vagamente conectadas, ele descreveu seu último encontrocom a professora Trelawney nos corredores escuros de Hogwarts no dia em que começousua jornada. Zane e Ralf ouviram com os olhos arregalados, obviamente, compreendendo aimportância de tal profecia amaldiçoada vinda dos lábios da professora idosa e às vezescômica.Finalmente, James também lembrou do que tinha acontecido na popa do Gwyndemere,quando ele tinha milagrosamente conjurado o fio de prata brilhante que salvou a vida dePetra. Ele explicou que o fio ainda estava lá, de alguma forma conectando ele com ela, e queera como se ele soubesse que ela era confiável.

"Eu posso ver seus sonhos e sentir seus pensamentos, às vezes”, ele disse, embora ele nãotenha nada dito sobre o sonho escrito, e o que tinha evocado na visão assustadora da ilha, eo pesadelo e o castelo negro, antes de desaparecer inteiramente. Ele havia prometido aPetra não contar a ninguém sobre a história do sonho e ele queria manter essa promessa.“Eu sei que ela está dizendo a verdade sobre não estar envolvida com o ataque à Cúpula dosDestinos, não importa o que vimos naquela noite. Não poderia ter sido ela, porque quandoela diz que não estava lá, eu posso sentir que ela está dizendo a verdade. Eu não acho queela poderia mentir para mim mesmo que ela quisesse”.James não sabia se isso era verdade ou não, mas ele sabia que ela acreditava sinceramenteque ela era inocente. Isso foi o que ele mais queria fazer Zane e Ralph acreditar, porquetinha crença no fato de que ia ser essencial para o sucesso de suas tentativas de limpar onome dela."Vamos resolver tudo depois do Natal", Zane disse ansiosamente. “Você passa algum tempotrabalhando com sua prima Lucy. Afinal, a Rose tem razão: se não sabemos o que a chavedimensional é, não vamos reconhecê-lo quando seguirmos Magnussen ao passado. Lucy sótem olhos para você, por isso não deve ser problema convencê-la a deixar-nos vasculhar oCastelo Erebus atrás de pistas".As bochechas de James tinham rosado um pouco nisso. "Ela não só tem olhos para mim. Elaé minha prima, se você se lembra”."Você deu uma boa olhada nela ultimamente?" Zane pediu, inclinando a cabeça e apontandopara seu rosto. "Não é bem uma semelhança de família. Eu acho que o único sangue quevocês compartilham é o pudim de sangue que todos comeram no último piquenique dafamília Weasley”.296"Cale a boca", James protestou. "Você está maluco”.Ralph encolheu os ombros. "Eu acho que ele está certo, James. Mesmo porque Rose eEscórpio dizem também. Rose diz que Lucy tem sido muito doce com você desde o anopassado”.James não tinha sido capaz de argumentar mais nada. Ele sabia que era verdade, mesmo

estando tão desconfortável quanto ele estava. Ele ficou, no entanto, um pouco irritado como fato de que ele tinha sido, aparentemente, a última pessoa a saber disso.Silenciosamente, James se amaldiçoou por ter convidado Lucy para ir ao Bailede Halloween com ele. Por que Zane e Ralf não avisaram? Pois aparentemente os doissabiam exatamente o que Lucy sentia sobre ele."Estamos quase lá", disse Lucy do assento dianteiro do carro, voltando-se para sorrir devolta para James. "Vamos todos ficar em cima do apartamento de seus pais apartamentono Natal. Não vai serdivertido? " James assentiu e forçou um sorriso. "Claro, Lu."Próximo a ele, Alvo começou a fazer ruídos desagradáveis de beijos. James o empurrou comforça suficiente para derrubar seu chapéu.O tio Percy estacionou o carro em um estacionamento subterrâneo e levou a tropa para asportas de um grande elevador prateado.“Condomínios trouxas", disse ele com desdém, ao pressionar o botão para cima."Readaptado para ocupação do mundo mágico, felizmente, pelo menos até o décimoterceiro andar." As portas abriram e o grupo entrou. Não haviam o botão treze onde osbotões estavam iluminados, mas Percy não pareceu se importar. Usando sua varinha,ele apertou os botões do andar um e três. Imediatamente, as portas fecharam novamente, eo elevador balançou, indo para cima muito mais rápido do que qualquer elevador queJames já tinha entrado antes. Seus pés deixaram o chão por uma fração de segundo,quando o elevador estremeceu numa parada brusca."Aqui estamos nós," disse vivamente Percy, observando como as portas golpeadas abriammais uma vez. James esperava que aparecesse um corredor, e se surpreendeu quando asportas se abriram direto no apartamento de seus pais. Era muito grande e aberto, com oteto alto, decoração de madeira pesada, e um lustre barroco que ficava sobre a entrada. Doponto de vista do elevador, tudo parecia estar junto, formando uma mistura de cozinhaarejada, sala de jantar e sala de estar. Lilian, a irmã de James, estava sentada na mesa dasala de jantar atrás de Isa, com uma coleção de biscoitos de açúcar decorados e glacês

coloridos espalhados entre elas."Eles estão aqui!" disse Lilian, olhando para cima e sorrindo.Atrás de James, Percy suspirou. "Ser chefe dos Aurores," ele murmurou, entrando no salãode entrada, "certamente tem suas vantagens."297Logo após sua chegada, o tio Percy novamente saiu, para pegar Molly perto da escola demagia fundamental e, em seguida, recolher Audrey em seu apartamento. Ralf se juntou aLily e Isa nos trabalhos de gelo, usando sua varinha para o recolorir pedaços de gelo comlistras, brilhos, e as vezes fazer o nariz da rena Rudolph piscar vermelho. Isa gargalhava, oque não era o tipo de coisa que as meninas costumavam fazer em torno de Ralph. Eleparecia bastante satisfeito consigo mesmo e James estava feliz. Lucy e Alvo subiram paraexplorar os quartos e escolher as melhores camas para si, enquanto James subiu numbanquinho perto da cozinha e pegou um prato de tortas de carne picada para si."Seu pai ainda está no trabalho", Gina, mãe de James, disse com uma pitada de preocupaçãoem sua voz. Ela estava na cozinha, a cozinhar loucamente, como estava acostumada a fazersempre que estava inquieta. De volta ao Arco de Mármore, Alvo tinha um apelido carinhosopara a sua mãe quando ela ficava assim. "Olhe", ele dizia enquanto batia a porta do quartoatrás dele, "furacão Gina em fúria. Amarre tudo antes que ela sopre aqui e dê uma boalimpeza. ""Isso é uma enorme quantidade de pudins, não?", comentou James, espiando por cima dabancada. "Estamos esperando os Harrys para jantar?"Gina suspirou e limpou as mãos no avental. Ela levou um momento para olhar em volta paraa bancada lotada. "Você sabe", respondeu ela, "sempre que o Natal chega, parece queesqueço que eu não sou mais uma criança morando na Toca, com a mamãe e eu embaixo dosol cozinhando tudo e meus irmãos comendo tudo enquanto nós retiramos do forno. Algunshábitos são duros de quebrar. "James desejou que eles estivessem tendo o Natal na Toca como sempre. Ele perguntou:"Será que vamos ver a vovó, o tio Ron, tia Hermione e toda a gente?""Nós provavelmente vamos falar com eles pelo Flu", Gina respondeu, usando sua varinha

para parar uma grande colher de pau que mexia em uma tigela de massa. "Mas não atéamanhã depois do almoço. É sempre tão difícil de lembrar a mudança de horário e tudo.Temos sorte que estamos todos ligados à rede internacional de Flu. Se não fosse necessáriopara o trabalho de seu pai ... "Sua voz arrastou para longe, distraída. Ela puxou a porta dageladeira tão rapidamente que as garrafas de leite balançaram, e depois ficou olhando paraelas, como se tivesse esquecido o que estava procurando."Onde está meu pai, afinal?" James perguntou, franzindo a testa. "E Petra também?"Gina deixou a porta da geladeira fechar sozinha novamente e olhou para James, com o rostotenso. "Ele está trabalhando", disse ela, e então deu um grande suspiro. "Eu não disseisto aseu irmão ou irmã, James, então se você falar uma palavra sobre isso com eles, eu juro quevou misturar baratas em sua gemada. Se eu não contar a alguém, no entanto, acho que vouexplodir. O fato é: o seu pai está em uma incursão ".298"Ah", disse James, balançando a cabeça. "E você está preocupada com ele.""Bobagem", ela mentiu pouco convincente. "Seu pai pode cuidar de si mesmo. Com algumasorte, ele estará em casa dentro de uma hora. É uma grande noite para ele. Se tudo correrbem ... ""Quem ele ele está invadindo?" James perguntou em voz baixa e ansiosa. "Ele estárastreando os idiotas do W.U.L.F.? ""Shh!" Gina o silenciou asperamente e, em seguida visivelmente se acalmou. "Desculpe. Sim."Ela veio para perto de James na pequena bancada do café da manha. "Estou muito nervosaultimamente. Já basta aqueles homens do Birô de Integração Magica, à espreita em seuscarros pretos no canto, observando nossas janelas, seguindo seu pai por perto, até quandoele vai comprar leite e pão. Agora, há pessoas do governo norte-americano, pairando sobrenós como morcegos em suas capas pretas e chapéus. Eles são piores, pois você nunca sabeonde eles estão. Se esta noite correr bem para o seu pai, então ... ""O que ele encontrou? "James pronunciou, de olhos arregalados. "Ele rastreou as pessoasque nos atacaram no trem?"

Gina abanou a cabeça, mais admiração do que negação. "É grande", ela sussurrou: "EsseMovimento Unido de Libertação Bruxa. Não foi apenas o ataque ao Zephyr. Foram eles quecontrataram os piratas para o ataque surpresa durante nossa viagem. Eles foram contra nósestarmos aqui em tudo, e por boas razões. Tito Hardcastle e seu pai tem seguido eles pormeses, pedindo alguns favores com Draco Malfoy no Gringotes. Estou maravilhada queDraco ajudou em tudo, considerando quantos problemas podia ter se seus chefes duendesdescobrissem. Há apoio financeiro vindo de todo o mundo para o WULF, mas a base estábem aqui nos Estados Unidos. Tito e seu pai, seguiram o dinheiro e, finalmente,encontraram o quartel general submerso. Um grupo da policia bruxa americana estáajudando o seu pai agora. Com alguma sorte, eles já desceram sob o local e prenderam oslíderes. ""Uau", James respirava, impressionado. "Eu gostaria de poder ver isso!"Gina estremeceu. "Ugh, eu não. Eu mal posso suportar pensar nisso. Todas essas pessoashorríveis, e seu pai lá bem no meio deles. ""Papai pode cuidar de si mesmo," James sorriu, imitando as palavras de sua mãe. "Lembrase?Ninguém tirou ele dos Aurores. Coitados daqueles problemáticos W.U.L.F., vão acabarpassando o Natal em Azkaban. "Gina assentiu. "Tenho certeza que você está certo. Mas duvido que eles mandem eles devolta para casa por isso. Eles vão fazer sua lei aqui nos Estados Unidos. Só espero que elesachem aquele pobre senador trouxa e consigam resgatá-lo. Quem sabe do que elesencheram sua cabeça agora, assumindo que ele é, eh, ah ... "299"Ele ainda está vivo?" James perguntou."Não fale assim," sua mãe estremeceu novamente. "Vá la dizer Oi a Petra, por que você nãovai? Ela está em seu quarto. Primeira porta à direita. "James concordou e saiu apressado de seu banco. Subiu as escadas, ouviu Alvo e Lucyconversando nas proximidades, e suas vozes ecoavam no salão. A segunda porta à direitaestava destrancada, mas o quarto estava às escuras. James bateu levemente na porta."Ei Petra", ele chamou baixinho, não querendo acordá-la se ela estivesse dormindo. "Feliz

Natal. Vamos descer e me ajudar a comer algumas dessas sobremesas, hein? "A porta se abriu um pouco quando James bateu. Ele olhou para dentro com um olho. Napenumbra, ele podia ver duas camas estreitas e uma cômoda. Uma das camas estavaamarrotada, as almofadas arrumadas juntas por acaso."Petra"? James chamou novamente, empurrando a porta ainda aberta. O cômodo estavavazio, apesar de que a cama certamente parecia ter sido ocupada recentemente. Ele franziuo cenho para o quarto, e então virou-se e recuou para o corredor. Ele seguiu as vozes Alvo eLucy, até que ele os encontrou em um quarto perto do fim, ajoelhados no chão ao lado deuma pilha de presentes embrulhados."Oh," disse Alvo, olhando para James e abaixando sua fronte. "É apenas você. Nós pensamosque mamãe nos tinha pego. "James franziu a testa, observando seu irmão apontando sua varinha em um dos maiorespresentes. "O que você está fazendo?""O que é que isto parece," Albus respondeu. "Dando uma espiada. Volte se você não quersaber se você está ganhando uma nova skrim ou uma caixa de cuecas ".James balançou a cabeça. "Algum de vocês viu Petra?"Lucy olhou para cima. "Não", disse ela, inclinando a cabeça. "Porquê?""Tá Bom. Eu só queria dizer Oi. Só isso. "Lucy deu de ombros e sacudiu a cabeça, os olhos ainda sobre James."Tudo bem", respondeu ele. "Tanto faz. Continuem, então. ""Não diga a mamãe", advertiu Alvo para James e virou-se. "Eu vou enfeitiçar você se você ofizer."No caminho pelo corredor, James olhou para o quarto de Petra e Isa novamente. Ainda300estava escuro e vazio, embora a cama desarrumada deu a estranha impressão de quealguém estava deitado sobre ela alguns momentos antes. James balançou a cabeçanovamente e desceu as escadas.O jantar veio e se foi e o pai de James ainda não tinha chegado em casa.O resto dos adultos tentaram manter uma atmosfera festiva, mas James percebeu que haviamuita tensão no ar. Audrey e Percy se sentaram perto da lareira e assaram castanhasenquando Gina e Denniston Dolohov limpavam a cozinha, falando à toa em voz baixa. Petranão tinha aparecido para jantar até agora, o que James achava que era um pouco estranho.

"Ela começou a aparecer em horas estranhas desde o desastre com o Sr. Henredon", Ginatinha admitido a James. "Acho que ela está preocupada e com medo, coitada. Eu não possoculpá-la. Um novo país e, de repente, ela está com problemas legais, todo um caso deidentidade equivocada. Quer dizer, eu tenho pena do pobre homem que foi atacado, masacusar uma adolescente de tal coisa ... ""Mas", disse James, franzindo a testa, "ela não estava lá em cima quando eu fui la para dizeroi. O quarto dela estava vazio. "Gina deu de ombros. "Ela provavelmente estava no banheiro, bobo."James fez uma careta. Era quase certo que o banheiro estava vazio quando ele passou, masele não disse nada. Pouco tempo depois, Petra tinha, de fato, descido as escadas, sonolenta,sorrindo e estava cumprimentando a todos."Oi James," ela disse, vindo a se juntar a ele no sofá. "Desculpe. Eu estava cochilando. Eutenho feito muito isso ultimamente. Eu acho que é por falta de coisa melhor para fazer. "James piscou para ela, perplexo. "É ...", começou, mas parou. Ele sacudiu a cabeçaligeiramente. "Não se preocupe. Como você tem estado? ""To bem", respondeu ela, olhando para o fogo. "Lendo, principalmente. Professor Barutivem por vezes à noite e me ajuda com o meu francês. Ele é muito gentil e compreensivosobre tudo isso. "James pensou por um momento. Finalmente, em voz baixa, disse: "Eu acho que nósdescobrimos uma maneira de limpar seu nome, Petra".Ela se virou para ele, franzindo as sobrancelhas ligeiramente. "Como?"James balançou a cabeça para trás e para frente, inseguro quanto a dizer. "É complicado.Mas Zane e Ralf estão ajudando. Eu acho que nós podemos estar em algo. Se der certo,vamos encontrar as pessoas que realmente atacaram a Cúpula dos Destinos e roubaram o301fio vermelho. Então você vai estar com o nome limpo. "Para surpresa de James, Petra estava olhando para ele desconfiada. "Você tem certeza que éuma boa idéia, James? Quer dizer, parece ... ", ela fez uma pausa, como se estivesseescolhendo as palavras com muito cuidado," ... er, perigoso. ""Talvez", admitiu James. "Mas vale a pena, não é? Quero dizer, Petra, você está com

problemas realmente sérios. Se esse árbitro, Keynes, diz que você é culpada de atacar ocofre e de congelar o Sr. Henredon, você poderia ir para a prisão por um longo, longo tempo.Se há algo que eu possa fazer para impedir que isso aconteça "Petra sorriu para James como se ele fosse bastante tolo. "Eu não irei para a prisão, James.Isa e eu vamos ficar bem. Nós já passamos por coisas bem piores. ""Você ja?" James franziu o cenho, incrédulo. "Petra, aquele idiota do Keynes estava sério.Mamãe diz que há mais da espécie dele pairando pelas ruas afora, mantendo um olho noapartamento, certificando-se que você não faz uma pausa para ele ou algo assim. Você nãopode simplesmente fugir disso. Isa precisa de você. E... er, tambem outras pessoas. Se você émandada para a prisão de bruxos ... "Petra suspirou profundamente. "Eu não estou fugindo, James. Eu só ... Eu não posso mepreocupar com isso. Agora não. Existem outras coisas. Coisas mais importantes. ""Petra", James exclamou, exasperado. "O que é mais importante do que ser acusado detentativa de homicídio e roubo de algum artefato dimensional maluco?"Em resposta, Petra olhou para James e sorriu um pouco torto. "Diga-me, James. Aindaestamos ligados, não estamos? Esse cordão de prata que você conjurou, ele ainda está lá,mesmo agora. Você não sente isso? "James olhou para a mão direita. Ele abriu a palma para cima em seu colo. Ele podia sentir alinha, agora que ela tinha mencionado isso. Ele poderia até mesmo (embora possa ter sido asua imaginação) vê-la muito fraca."Não," ele mentiu. "Eu acho que agora desapareceu. Eu não consigo ver seus sonhos. "Petra ergueu a própria mão. James olhou para ela à luz da lareira. "Você não pode mentirpara mim, James, mesmo se você quiser", disse Petra, sua voz baixa, divertida. Lentamente,ela baixou a própria mão sobre a dele. Quando eles se tocaram, James sentiu uma pequenaexplosão de calor e frio se misturando. Espalhou-se pelo seu braço, fazendo-o tremer, e eleainda não retirou a mão. Debaixo da energia vibrando do cordão mágico, ele podia sentir aemoção de ter a mão de Petra ainda descansando em cima de sua, seus dedos legais eesbeltos, ondulando em torno da curva da mão. Ele olhou para ela, sem palavras.

"O cabo ainda está aqui", disse ela baixinho. "Ele nos liga, provavelmente para sempre,porque você estava disposto a morrer por mim. Sei agora, James. Mas em vez de fazer uma302troca da sua vida pela minha, como as leis da magia profunda mandam, sei que tocou emalgo ainda mais profundo. Algo além da magia normal. Você sabe o que é isso? "James não tinha considerado realmente, não desde aquela noite na popa do Gwyndemere,mas agora, olhando nos olhos de Petra, ele achava que sabia a resposta, afinal. Eleconcordou."Ele veio de você, de alguma forma", disse ele, com nada de duvida em sua voz. "Eu pegueiseu poder, o mesmo poder que você usou para restabelecer a corrente da âncora do navio,mesmo sem usar a varinha. O poder que você quase usou em Keynes, quando ele estavatentando separá-la de Isa naquele dia no Salão da Administração Municipal. "Petra assentiu, seu rosto solene. "Você pegou meu poder, sim. Eu não sei como. Talvez porcausa de como você se sente por mim e por causa do que nós passamos juntos, e talvez atémesmo só por causa da intensidade do momento. Você estava disposto a trocar sua vidapela minha, mas a magia era maior do que isso. A magia salvou nós dois. Mas, James, coisasassim não acontecem sem um preço. Temo que um dia ... ", ela balançou a cabeça e desviou oolhar novamente, em direção as chamas cintilando à lareira", um dia você pode searrepender. "James ficou chocado. "De jeito nenhum!", Ele sussurrou asperamente, percebendo o olharque sua tia Audrey estava dando a eles do outro lado da sala. Ele baixou a voz e continuou."Petra, para de idiotice. Eu faria isso de novo agora. E eu farei o que puder para encontrar aspessoas que realmente amaldiçoaram o Sr. Henredon para que você possa ser livre de novo.Mas Petra " Ele parou e coçou a testa. Quase sussurrando, ele prosseguiu: "Como pode sertudo isso? O que te fez tão poderosa ... de repente? "Petra deu um suspiro longo e profundo, pensando. Finalmente, ela encontrou os olhos denovo. "Eu sempre tive esse poder", admitiu ela. "Eu não entendo, e nem ninguém,

especialmente meus avós. Eles tinham medo de mim porque minha magia era muito maiorque a deles. Eles acreditavam que eu gostaria de saber como usá-lo, que eu ia crescer paraser uma coisa terrível e cruel. Mas o medo me envergonhou. Como resultado, eu tenhotreinado para não usar os meus poderes. Eu aprendi sozinha a usar uma varinha, em vez deapenas as minhas mãos. A varinha era como um funil, fazendo a magia menor, mais fraca,como de todos os outros. Eventualmente, pelo tempo que você me conheceu, eu estava tãoacostumada com a varinha que eu tinha esquecido como era fazer magia sem ela. "A testa de James estava enrugada quando ele a ouvia, mas ela estava olhando para opassado agora, seus olhos desfocados, com a mão ainda na sua."Agora, porém, ambos os meus avós estão mortos", disse ela baixinho. "Não há nenhumarazão para esconder mais. Eu quebrei minha varinha na minha última noite na fazenda doPapa Warren. Eu não fiz de propósito. Apenas deixei passar por ela toda a força do meupoder. Ela quebrou bem no meio, dividida como se tivesse sido atingida por um raio, assimcomo a minha primeira varinha, quando eu era uma criança e ainda não tinha aprendido acontrolá-la. Agora eu não preciso de uma varinha . Agora estou aprendendo a usar o poder303da maneira que eu deveria fazer. Isso é o que você encontrou James, "ela disse, focandoJames novamente. "Para melhor ou pior, você nos trancou num conjunto. Quando vocêconjurou este cordão de prata, você nos ligou, talvez para sempre. De alma para alma. Eisso, James, você pode muito bem um dia se arrepender. Algum dia, você pode amaldiçoar asi mesmo por isso, e eu também. "Os pensamentos de James nadaram quando ele olhou para a menina delicada ao lado dele.Tudo parecia perfeitamente idiota para ele, e ele ainda podia sentir a sinceridade de suaspalavras. Ela acreditava em tudo que ela disse. Se ela não tivesse ido tocá-lo, sua mão sobrea dele, fazendo pulsar o cordão de prata como um dínamo, ele poderia ter sido capaz deduvidar dela. Agora, porém, pequenos fragmentos de memórias entraram em sua cabeça,diretamente do próprio pensamento de Petra.

Ele a viu como uma jovem garota, fechando um conjunto de cortinas de janela com umaceno de sua mão pequena. Outra lembrança mostrou-a num bosque iluminado pelo sol,movendo pedras pelo ar com um dedo indicador, formando uma construção cuidadosa detorres misteriosamente tristes. Finalmente, ele a viu como uma menina de dez anos deidade, assustada na escuridão de um porão, varios ratos mortos a seus pés. Ela levava osratos à morte, simplesmente pensando em seus corações batendo e então bastava espremêlos,estourando os pequenos órgãos como balões. Ela odiava os ratos e os temia, masdeitados mortos a seus pés, seus pés enrolados e seus olhos negros olhando como gotas deóleo, Petra se sentiu terrível sobre o que ela tinha feito. Tentou pensar de volta à vida, masera ali o lugar onde seus poderes, misteriosos e prodigios, terminavam. Ela pode matar, masela não poderia retornar à vida. A jovem Petra chorou no escuro do porão, gritou para osratos que ela tinha temia inicialmente, e depois, quando ela percebeu que era tarde demais,só restou a pena. Ela chorou por sua própria inocência perdida. Ela sabia que agora era umaassassina de ratos.E então, enterrado sob todas essas visões secretas, ondulando por baixo e por meio delascomo uma cobra, tinha uma lembrança de uma voz de mulher, gritando de terror e umaespécie de rancor, raiva vingativa. Eu sempre soube que você seria a minha morte, vocêgarota horrível, a voz gritou. E eu estava certa! Eu estava ceeerta!James se chocou. Involuntariamente, ele puxou sua mão de Petra. As visões e a voz, gritandoloucamente, parou de uma vez. Petra piscou para ele e, em seguida, timidamente, ela puxousua própria mão para trás."Petra", James sussurrou. "Como é isto possível? Que ... que tipo de bruxa você é? "Petra suspirou mais uma vez e sacudiu a cabeça. "Eu não sou uma bruxa, James."No calor da sala, James sentiu subitamente um frio. Lembrou-se da visão do castelo negro eda estranha ilha morta. Como as visões que ele tinha visto quando havia tocado Petraapenas momentos antes, e o que havia sentido quando espiou os sonhos e pensamentos de

Petra. E naquela visão, que Morgan parte da mente de Petra, de alguma forma separada epresa, tinha falado em voz alta: Eu sou a princesa do Caos, ela havia dito. Eu sou a rainha304feiticeira.A rainha feiticeira.James abriu a boca, não certo do que ele estava prestes a dizer, quando Lilian, Molly, e Isa,de repente passaram correndo, os pés batendo freneticamente, suas vozes rindo como umbando de pássaros."Pega!" Isa disse, batendo no ombro de James. "Ta pego!"Com uma onda de gritos e risadas, as três meninas correram para longe. James olhou, eentão voltou para Petra."Vai você foi pego", ela sorriu, encolhendo um ombro. "É melhor ir buscá-las.""Petra", James começou, mas ela balançou a cabeça."Não há mais por agora, James," ela disse, e James podia sentir que ela falava sério. "Alémdisso, acho que elas correram para o escritório de seu pai. É melhor você traze-las de voltaantes que elas aprontem qualquer coisa. "James mal podia levar-se a interromper a sua conversa tranquila com Petra, especialmentequando ele se sentiu tão perto de uma revelação importante, mas ele não parecia terqualquer escolha. Petra já tinha virado de costas, parada e movimento em direção ao fogo.Com um grande suspiro, James estava bem."Tudo bem, todas vocês", ele começou quabdo entrou na porta do escritório. "Vocês sabemque você não deveria estar aqui. Especialmente você, Lilian "Ele foi ofuscado pelo som de risadas e gritos de todas as três meninas saindo de trás decadeiras e debaixo das mesas. Elas correram por ele, obviamente esperando que elecomeçasse persegui-las. James balançou a cabeça, mostrando irritação e cansaço,maravilhado com a forma como a irmã pareceu se jogar para baixo ao nível do filho maisnovo, e então olhou ao redor do escritório para garantir que nada tivesse sido perturbado.O quarto era um pouco como uma pequena biblioteca, repleto de cadeiras, mesas de finais, eas lâmpadas. O extremo era dominado por uma grande mesa e uma cadeira giratória decouro com um encosto muito grande. A cadeira era obviamente uma coisa não-Harry-Potter

diferente de qualquer coisa que James tinha visto. Era alta, os ombros pontudos eramadornados com rebites de prata, fazendo com que parecesse, em geral, como algo quepertencia ao porão da mansão Erebus. Obviamente, o apartamento já havia vindomobiliado. James sabia que seu pai nunca iria escolher uma coisa desta para si.Movendo-se em direção à mesa, James chegou em cima e deu um empurrão de teste nacadeira. Ela virou em silêncio, girando um pouco malévola em sua base oleada. Atrás dacadeira, apoiados em uma prateleira baixa próxima da janela, estava o pequeno caco do305Amsera Certh que Merlin tinha dado a seu pai. Seu rosto estava prateado como uma espessafumaça, sem foco. James sabia que ele estava conectado, com poderes magicos, aosescritórios de Aurores atras do Ministério da Magia. Usando o caco, seu pai manteve contatodireto com Tito Hardcastle e os outros aurores.Abaixo do Caco, à sombra da prateleira, tinha um cofre de ferro brilhando. Os olhos deJames se arregalaram. Isso, ele sabia, era o cofre que seu pai tinha tomado para manter asua capa de invisibilidade e o Mapa do Maroto, desde o ano passado, quando haviam sidoroubadas de seu bau por Escorpio Malfoy. James moveu-se rapidamente ao redor da mesa, asua curiosidade levando a melhor sobre ele. Parando a grande cadeira de couro de girar, elesentou sobre ela, de frente para a janela. Ele bateu no cofre com a varinha."Alohomora", ele sussurrou rapidamente.Houve um clarão de luz dourada, e por um momento, James pensou que seu feitiço básicode Desbloqueio havia funcionado. O flash não diminuiu, no entanto. Ele girou em torno docofre, como se fosse repelido pela forma de ferro. Finalmente, com um crepitar de energiamágica, o raio foi cuspido de volta em James, golpeando-o no peito e empurrando tanto elequanto a cadeira para trás. A cadeira bateu contra a mesa, produzindo um baquebarulhento.James agitou-se, alarmado, e guardou rapidamente sua varinha de volta em seu bolso,lutando para se levantar. Ele deveria saber que seu pai sabia de contra-feitiços que

repeliriam qualquer coisa que ele, James, pudesse usar para abrir o cofre.Havia passos fora do escritório. Uma sombra moveu-se sobre a porta parcialmente aberta.Sem pensar, James afundou-se na cadeira enorme. A cadeira começou a girar novamente eele enfiou seus pés no chão, parando seu movimento. Ele olhou furiosamente para a janelaescura na frente dele e prendeu a respiração.A porta estava aberta por detrás dele, James percebeu, com algum espanto, que ele podiaver a sala inteira refletida na janela elevada do escritório. A forma da cadeira de asa demorcego bloqueava uma boa parte do reflexo, é claro, mas ele podia ver a parte superior daporta e sombras indistintas nas estantes próximas, alguém entrou na sala, deixando a portaaberta atrás deles."O que o Dumbledore disse?" A figura murmurou baixinho, e James percebeu, com umamistura de alívio e apreensão, que era seu pai. Harry Potter finalmente retornou de suaincursão. Ele suspirou baixinho para si mesmo: "Pense, Potter. O que Dumbledore disse? Oumesmo Snape? "E então, em voz alta," Por aqui, senhores. Fechem a porta atrás de vocês, sequiserem. "Lentamente, James se endireitou melhor na cadeira preta, mantendo os pés firmementeplantados no chão para impedir a cadeira de girar e revela-lo. Mais passos se aproximarame na reflexão da janela, James viu que mais dois homens entraram no quarto. Eles usavamos ternos pretos e gravatas do Birô de Integração Magica.306"Achei melhor", disse Harry, movendo-se na mesa e inclinando-se sobre ela, de frente paraos homens "deliberamos imediatamente. Obrigado por ter vindo para cá. ""Nós não teríamos outra escolha," um dos homens disse duramente. A imagem no reflexo dajanela estava um pouco distorcida, mas James reconheceu o homem. Ele foi aquele que eleencontrou primeiro fora do Zephyr após o ataque pelas ruas da Nova York Trouxa. Seunome, James lembrou, era Price."Bem, então," Harry começou apressadamente, "parece que a nossa informação erasuficientemente precisa. Isso é uma coisa boa que podemos tirar do exercício desta noite. O

W.U.L.F. está fugindo. Podemos esperar que eles estejam muito desorganizados agora,tendo sidos seguidos até seu quartel general. ""E esta parece ser uma coisa boa para você?" Price disse uniformemente. "Eu não sei quantoa vocês, mas eu prefiro acabar com todo o ninho de aranhas em vez de tentar persegui-lasuma por uma para as sombras. Você não, Espinosa?"Tenho certeza que não chamaria esta noite uma vitória para os mocinhos," respondeuEspinosa friamente. "Eles sabem que nós estamos para pegá-los agora. Eles vão estarobservando. Não haverá mais um elemento surpresa. ""Temos olhos por toda a cidade", disse Harry. "Agora que os agentes de Tarrantus estão nafugindo, certamente saberemos de seus movimentos. Se temos de encontrá-los um por um,então é assim que vamos fazê-lo. Não seria a primeira vez que o Departamento de Auroresdesmonta uma rede de bruxos das trevas um tijolo de cada vez. "Espinosa comentou: "Poderia ter sido muito mais fácil se tivéssemos sido capaz de pegarTarrantus vivo. ""Claro que sim," Price concordou, e James pôde ver que ele estava observando Harryatentamente. "Eu suponho que você não tem algum tipo de habilidade mágica para extrairinformações dos mortos, não é? Não? Isso é uma vergonha. E aqui nós 'trouxas' achávamosque vocês eram muito mais avançados do que isso. ""Necromancia é uma arte proibida," Harry respondeu. "Não que fosse particularmentesempre precisa, mesmo para aqueles que se destacavam nela. ""Muito conveniente," Price rebateu. "Tarrantus sendo encontrado assassinado em sua sede,recentemente abandonado e não sermos capazes de interrogar o falecido para descobrir paraonde seus capangas possam ter escapado ou quais eram os seus planos.""Nenhum sinal do senador desaparecido, também", acrescentou Espinosa razoável. "Muitoconveniente.""Conveniente para quem, exatamente?" Harry disse, e James ouviu um pouco de raiva mal307contida na voz dele. "Desde que eu estive à frente da busca internacional para esses vilões, euposso dizer que a falta de qualquer liderança leva proeminentes e o aparente assassinato de

seu líder é decididamente inconveniente. Eu tinha grandes esperanças de que toda essaconfusão seria concluída esta noite, como você sabe bem. ""Então você continua dizendo," Price rebateu. "E ja não há duvidas que alguém alertou oW.U.L.F. de nossa invasão apenas alguns minutos antes da nossa chegada, dando-lhes temposuficiente para escapar. Sem mencionar o fato muito condenável de que seu nome, Sr. Potter,estava escrito na a parede com o próprio sangue da vítima. ""Uma advertência", disse Harry secamente. "Eles me querem fora, precisamente porqueestamos tão perto de capturá-los. Eles vêm tentando frustrar nossas tentativas, desde quecontrataram uma frota de piratas para nos afundar na viagem aqui. Tarrantus próprio liderouo ataque ao trem e entregou pessoalmente o aviso, dizendo-nos para sair imediatamente ouenfrentar as conseqüências. ""E agora, Tarrantus está deitado no frio em um necrotério de bruxos na cidade de NovaAmsterdã ", Espinosa concordou. "Quero dizer, pode ser que o nome escrito em sangue naparede era um aviso de que você deve desistir e voltar para casa, Sr. Potter. Mas não podemosdescartar que ele possa, de fato, ter sido a maneira vítima de identificar o assassino. ""Isso é ridículo, Sr. Espinosa, você vai me perdoar por ter sido bruto" Harry disse friamente,"até mesmo porque há o fato de que eu estava com você no momento em que o homem foimorto. Eu vi Maldições de Morte em ação durante minha vida. A maldição que acabou com avida Tarrantus não era apenas brutal, foi instantânea. Ele não foi apenas morto. Ele foidestruído. Eu juro a você, não houve momentos finais, durante o qual o homem poderia terrabiscado o nome de seu assassino na parede com seu próprio sangue. Tarrantus estavamorto antes de ele bater no chão e alguém escreveu o meu nome na parede com o seusangue. "Espinosa perguntou: "E por que o W.U.L.F. teria assassinado seu proprio líder momentosantes de sua fuga do nosso ataque? ""Talvez por ser descuidado", Harry sugeriu secamente. "Afinal de contas, foi sua própria trilhaque nos levou a eles. Organizações como a W.U.L.F. não perdoam facilmente tal descuido. "

"Pode ser," Price concordou com relutância. "Então, novamente, poderia ser que Tarrantusestava pronto para falar. Talvez ele estivesse recebendo a pior parte sobre as táticas daorganização e estava pensando em dizer-nos tudo o que sabia. Talvez alguém decidiu que eleera uma ameaça e planejaram derrubá-lo como líder. Eles não têm escolha senão matar ele,claro. Quem alertou-os sobre o ataque iminente, parece para mim que essa é provavelmentea mesma pessoa que é responsável agora. O que você acha, Espinosa?"Até que faz sentido", Espinosa concordou. "Encontrar o informante, encontrar o assassino.Encontrar o assassino, encontrar o novo chefe da WULF "308"E você acha que essa pessoa sou eu", Harry disse com um suspiro.Price balançou a cabeça. "Somos pagos para desconfiar, Sr. Potter. Não se ofenda. Setivéssemos alguma evidência real de seu envolvimento, então não estariamos aqui em seuescritório tendo esta conversa. Mas eu vou ser honesto com você. Há montes de provascircunstanciais acumulando contra você. O nome de sangue na parede não ajuda."A voz de Harry não era mais contida. "Isso é loucura", ele proclamou sombriamente."Muitas coisas são loucuras, Sr. Potter," Price concordou. "Querer manter o poder sobre opovo não-mágico por não compartilhar o seu mundo com eles, parece um pouco de loucurapara alguns de nós. Conjurando vilões sombrios como o W.U.L.F. para assustar o seu própriopovo em vida por leis de sigilo ultrapassadas, também parece bastante loucura. Naturalmente,tudo isso parece apenas conjectura neste ponto, eu admito. Mas se isso sempre terminasendo conjectura, bem ... ""O W.U.L.F. não é uma criação do Departamento de Aurores " Harry disse com ênfase frio. "Jáocorreu a você que poderia ter sido um de seus homens que os avisaram sobre a nossainvasão iminente? Francamente, se a Frente de Libertação Unida dos Bruxos acredita no queeles dizem, então o seu próprio povo é muito mais simpático com eles do que é oDepartamento de Aurores. ""Francamente, Sr. Potter" Price censurou. "Isso é um pouco infantil, não? Você percebe queestamos acusando você, então você acusa-nos em resposta. Eu esperava mais de você."

"Alguém os avisou que estávamos chegando", Harry insistiu. "Em meu lado, as únicas pessoasque sabiam do ataque foram Tito Hardcastle e eu mesmo. ""E nós temos a sua palavra de que só", disse Price, efetuando um tom apologético na voz."Seja razoável, Sr. Potter. Vai dizer que você não disse a ninguém no Ministério da Magia? Ouaté mesmo sua esposa e família? ""Eu quero dizer que aqueles do meu lado que sabiam da invasão de hoje,"Harry resmungou,"são pessoas que eu confio totalmente. Qualquer membro do nosso bando de ataque, inclusiveeu, poderia ter chegado morto hoje se a W.U.L.F. tivesse escolhido enfrentar-nos nós em vezde correr. Por que arriscaria o meu próprio povo a isso? ""Se o seu povo e a W.U.L.F. são uma e a mesma coisa ", Espinosa sugeriu, "então não seria umrisco em tudo, não é?"Harry respirou fundo, compondo-se. "Senhores, se aqui é onde nós estamos, então não vejocomo podemos continuar a trabalhar juntos. Ou me prendem por conspiração ou deixe-me eos meus colegas trabalharmos sozinhos. ""Agora não vamos ficar ofendidos, Harry", disse Price, amenizando o tom e levantando asmãos em um gesto conciliatório. "Espinosa e eu estamos apenas fazendo nosso trabalho. A309tarefa do Birô de Integração Magica é proteger as interações entre o mundo mágico e omundo não-mágico e tentar fazer com que eles coexistam com a maior harmonia possível. Seseu povo optou por esconder-se e viver entre nós, em segredo, que sempre atacou o Birôcomo suspeito na maioria das vezes. Você não pode culpar-nos da realização de nossosdeveres com um grau de saudável ceticismo, não é? Olha, se você é inocente, então você nãotem porque ter medo do nosso envolvimento. Se você é culpado, então é claro que nãopodemos apenas lhes permitir operar sem a nossa supervisão. De qualquer forma, Harry,você está preso conosco. Vamos tentar tornar esse fato tão agradável quanto for possível,certo? "Houve uma pausa enquanto Harry pareceu considerar isso. No reflexo da janela, James podiaver Price de lado e de pé, a sua cara endurecida, esperando. Ao contrário dele, Espinosa

parecia vagamente entediado. Ele olhou para o teto escuro, as sobrancelhas levantadasimpenetráveis."Assim seja," Harry disse finalmente. "Mas se eu suspeitar que suas desconfianças, estão aminar as nossas investigações, ou pior, colocando todos nós em perigo, em seguida, pode ter acerteza de que vou abandonar esta missão, independentemente das conseqüências.Entenderam? ""Anotado", disse Price, com um sorriso. "Fico feliz que todos nós podemos dispensarquaisquer pretextos. Está tudo em aberto. Esse é o jeito que eu gosto. Certo, Espinosa?"Você está certo, Price", concordou o outro homem sobriamente."Eu suponho que vocês podem encontrar a porta por conta propria," Harry respondeu. "FelizNatal, meus senhores, e boa noite."James ouviu passos arrastados e viu a reflexão da porta que abriu de novo. Alguns instantesdepois, as portas do elevador soaram no corredor. Price e Espinosa, aparentemente, estavamem seu caminho de volta até a garagem. Sem virar a cadeira de volta, James perguntoubaixinho: "Você sabe eu estou aqui, não é? "Harry, ainda encostado à frente da mesa, deu uma risadinha secamente. "Nunca deixo minhacadeira de frente para a janela. Achei que era você ou Alvo. Francamente, eu estava apostandono último. ""Bom contra-feitiço no cofre", disse James, girando a cadeira para encarar seu pai. "Eu nãoestava tentando roubar a capa e o mapa, você sabe. Eu só estava ... verificando-os. "Harry assentiu com a cabeça, olhando para seu filho sobre seu ombro. Com um suspiro, elese virou e pulou em uma das cadeiras do visitante."Então, o que você acha, James?", Perguntou ele. "Será que toda esta investigação é uma causaperdida? "310"Por que eles acham que você estava envolvido com o mesmo pessoal mau que você estátentando pegar?" James exclamou, incrédulo. "Eu quero dizer, não faz qualquer sentido! ""Não faz sentido a partir de sua perspectiva," Harry disse com tristeza. "Você estava naassembleia de Neville, assim você ouviu como um monte de gente por aqui pensa. Muitos

deles acreditam verdadeiramente que o Ministério da Magia esta de fato criando vilões dassombras, de Voldemort ao Wulf, apenas para manter o mundo mágico sob seu controle. Seisso fosse verdade, então faria todo o sentido que eu estaria nele, e poderia até ser um doscabeças do esquema "."Isso é o que Ralph disse, também," James admitiu com relutância. "Mas nada disso é verdade!Como podem eles acreditar em tal monte de besteiras? "Harry franziu a testa, pensativo. "Depois de abandonar o conceito de verdade, James, tudo setorna simplesmente uma questão de perspectiva. Para o Elemento Progressivo, não há certoou errado, existem apenas lados. Quando um dos lados derrota o outro, eles não o vêem comoum triunfo do bem sobre o mal ou para o mal sobre o bem. Eles vêem isso como um lado aexercer o poder sobre o outro. Sem verdade, sem qualquer crença em certo e errado, e omelhor que se pode esperar da vida é uma espécie de conceito de balança, onde ambos oslados tem toda a luta simplesmente no conceito de viver e deixar viver. Eles pensam que o quechamamos de "bom" deve apenas aprender a tolerar o que chamamos de "mal" já que o bem eo mal são apenas igualmente válidas filosofias de vida. ""Mas", James começou, apertando o rosto em um esforço para entender. "Mas, obviamente,isso é loucura. Isto não é como uma discussão sobre se os tapetes voadores devem serlegalizados ou não. Voldemort foi um vilão sanguinário, que matava as pessoas só por causade sua própria alimentação. Impedi-lo foi a única maneira de salvar muitas vidas, não foi? ""Não de acordo com o Elemento Progressivo," Harry respondeu balançando a cabeça. "Elespensam que se a gente tivesse parado de lutar contra ele, abandonado as nossas armas, e lhedesse o direito de viver do jeito que ele queria, em seguida, todos nós teríamos vivido em paz,de alguma forma. "James considerou isso por um momento, seus olhos se estreitaram, e em seguida encolheu osombros. "Mas então ele teria acabado de matar até o último de vocês."Harry assentiu. "Provavelmente. Voldemort não era um "viva e deixe viver” de um modoespecial, especialmente considerando a profecia. Um de nós tinha que morrer para o outro

poder sobreviver. Mas realmente, com profecia ou não, é assim que está em cada canto domundo, em cada luta entre o bem e o mal, entre poder e amor. Os dois não podemcomprometer-se, porque eles cancelam uns aos outros. Haverá sempre uma luta entre eles,até que um prevaleça sobre o outro. Não há alternativa. ""Então, todos esses do Elemento Progressivo são malucos completos, não? "James disse,erguendo as mãos.311"Nem todos eles," Harry respondeu com um suspiro. "Eles estão certos que um monte decoisas horríveis que têm sido feitos ao longo dos tempos, em nome do bem. Merlin mesmofala de batalhas que ocorreram entre os povos mágicos e não-mágicos em seus dias, e nãosobre o certo e o errado, como fingiam ser, mas com o mero preconceito, medo, intolerância eódio. Estas são as coisas que devemos estar sempre alerta a qualquer custo. E, no entanto,negar que algumas lutas são, na verdade, a luta que o bem e o mal estão sempre vivos e eminimizade contra o outro, como fogo e água, é transformar uma verdade pragmática em umaperigosa ilusão. Disto, James, é do que o Elemento Progressivo é culpado. A maioria deles nãosão ruins, e a maioria deles são muito bem-intencionados. Mas isso não significa que suafilosofia não é, no final, bem mortal ".James pensou sobre isso por um longo momento. Finalmente, ele perguntou: "Então quemvocê acha que delatou todos vocês? "Harry sacudiu a cabeça novamente, seu rosto ficando escuro novamente. "Eu não sei. Quaseninguém sabia da invasão. Mas eu suspeito que Espinosa e Price estão certos. Quem avisousobre nós também matou seu líder, Tarrantus, e deixou seu corpo para que nósencontrássemos. O W.U.L.F. tem agora um novo líder, alguém que pode muito bem sabermuito mais sobre nós e como nós planejamos detê-los mais que Tarrantus já sabia. Eususpeito que nossa prioridade é descobrir quem é essa pessoa. Então, talvez saberemos comoproceder. ""Mas quem poderia ter sido, papai?" James pediu encarecidamente, inclinando-se para afrente sobre a mesa. "Quero dizer, mamãe sabia, e talvez Lil ..."

"Mesmo se alguém dissesse," Harry respondeu, estreitando seus olhos, "ninguém mandouqualquer mensagem fora do apartamento, seja através de Flu ou mesmo através do pedaço doAmsera. Eu configurei feitiços para alertar-me sempre que houver qualquer comunicaçãoentre o apartamento e o mundo exterior, apenas para ter certeza de que ninguém nos estáespiando. Se alguma mensagem tivesse saído, eu teria sabido sobre ela. "De repente, Harryolhou para seu filho, seus olhos penetrantes. "James, algum de vocês saiu ou chegou aqui nasúltimas horas? Além de Percy, digo. Após o tempo que você chegou, alguém saiu? Mesmo paraum pequeno passeio pela vizinhança?"Não, papai", disse James, mas depois parou. Espontaneamente, ele encontrou-se pensandoem Petra e na cama vazia quando ele tinha ido procurar por ela. Ele procurou em todos osquartos no andar de cima, mas não tinha visto qualquer sinal dela. E, no entanto, algum tempodepois, ela veio para baixo, como se ela tivesse estado em seu quarto o tempo todo. Jamesainda estava remexendo seus pensamentos em sua cabeça, mas quanto mais seuspensamentos seguiam para a frente, mais viravam frio e medo. Petra saberia do ataque. Mascertamente ela não teria avisado os vilões, mesmo que ela pudesse ter desaparatado doapartamento sem que ninguém percebesse. Ou teria?"Bem, eu não sei, então," Harry disse, recostando-se na cadeira novamente. "Mas eu voudescobrir. Quem foi que vazou a informação sobre a invasão e matou Tarrantus, eu vouencontrar. E quando o fizer, eles vão se arrepender de se juntar a eles. E eu vou fazer eles312terem certeza disso. "James concordou, mas por dentro ele estava paralisado e profundamente assustado.Eu sou a princesa do Caos, ele pensou, lembrando do sonho-visão de Morgan, a figura sombriaque tinha falado com a voz de Petra.... Eu sou a rainha feiticeira ...O natal no apartamento pareceu passar em uma corrida bastante agitada, no curtíssimoferiado do Alma Aleron, Percy e Harry demandavam trabalho constantemente, ospensamentos de James pairavam sobre Petra, a W.U.L.F, o Professor Inacio Magnussen e

sobre o Birô de Integração Magica.Dia de Natal foi o único dia relaxante do período, durante o dia cada membro da família abriuseus presentes e conversou com a vovó Weasley, o tio Rony, a tia Hermione, e o resto atravésda rede de Flu. De sua mãe, James realmente, ganhou uma caixa de cuecas novas, bem comouma nova capa de Inverno. Seu pai, entretanto, tinha comprado para James um par de umanova marca de luvas de manopla de Engateclavas de uma loja de artigos esportivos bruxos emNova Amsterdã. As luvas eram de couro, de cor laranja e azul dos pé grande, com um espaçopara a varinha na luva do pulso esquerdo. Denniston Dolohov deu para Ralph uma coleçao dexadrez bruxo, que se desejassem jogavam sozinhas. As peças foram especialmenteenfeitiçadas por um assistente de campeão de xadrez famoso de forma que Ralph poderiapraticar jogando sozinho sempre que ele não encontrasse um adversário adequado. Petra,para a surpresa de James, conseguiu adquirir uma casa de bonecas nova para Isa e umaboneca de porcelana, que Isa tinha imediatamente batizado Victoria Penélope."Mas nunca Vicky Penny", alertou, olhando severamente para James, e James assentiusolenemente de acordo.Petra, naturalmente, não tendo os pais ou avós sobreviventes, não recebeu qualquerpresente. Gina disse para James que a menina insistiu para que eles não lhe comprassemnada."Ela diz que é mais do que suficiente nós deixarmos ela morar conosco durante a investigação", disse ela enquanto secava os pratos próximo da pia da cozinha. "Eu respeitei seus desejos,mas ela parece tão deprimente não tendo presentes para abrir no Natal. Especialmente desdeque ela perdeu o broche dela na viagem. Ela diz que não é nada, mas acho que aquele brocheteve um significado especial para ela. Ela diz que foi um presente do pai dela no seu primeiroNatal. Você sabia disso? "313James não sabia, e admitiu que ele nunca tinha visto ela usá-lo até o início daquele verão. Eleassumiu que o broche tinha chegado na caixa das coisas do pai de Petra , enviado a ela peloMinistério da Magia por causa da sua maioridade.

Não tendo feito nenhum acordo de Natal com Petra, James saiu na noite de Natal e encontrouum monte de mato seco enraizado por trás de alguns arbustos. Ele os transfigurou em um emum buque de rosas e tulipas, que se mostrou muito satisfatório, e ele envolveu-os em umsimples feitiço temporal, impedindo-os de murchar. Ele levou as flores de volta até oapartamento e os prendeu com sobras de uma fita com uma saudação de Natal. Finalmente,quando todos estavam reunidos em volta do fogo no andar de baixo, ele furtivamente entrouno quarto de Petra e deixou o buquê em sua cômoda, juntamente com uma pequena nota quedizia, simplesmente, 'Feliz Natal Petra'.Contente com sua obra, James foi para a cama naquela noite e caiu quase que imediatamenteno sono. Ele sonhou com as suas novas manoplas de Engateclavas e com a risada oca doProfessor Straidthwait, e os enigma misterioso das salas do Castelo de Erebus, completandocom um fantasmagórica figura do professor Magnussen espreitando na penumbra, com osolhos brilhantes. Por fim, no mais profundo abismo da noite, James sonhou com a ilha planacercada por terra de areia e de ferro, com nuvens baixas. Ele sonhava com o castelo negro,antigo e constante, e a figura olhando a partir da varanda, o seu olhar pesado e quente,observando, esperando. Foi ela que alertou os membros da W.U.L.F. da invasão iminente?Morgan tinha de alguma forma matado Tarrantus, deixando Petra, sua outra face, para levar aculpa? No poço da noite, envolvido na confusa lucidez dos sonhos, James pensou que eraperfeitamente possível.Ele não lembrava de nada no dia seguinte, mas o seu sonho tentou enviar a mensagemautomaticamente, tentou advertir seu subconsciente do que estava por vir. Meu trabalho nãoé salvar Petra de Keynes, o árbitro, ele percebeu enquanto ele flutuava pelos sonhos, atravésda visão da ilha, contemplando até a varanda sombria. Meu trabalho é salvar Petra de Morgan.Meu trabalho, pensou das profundezas do sono, é salvar Petra de si mesma.314Capítulo1Capítulo17A balada do cavaleiro

Assim como os períodos de férias pareciam ir e vir rápidos como relâmpagos; o semestre daprimavera se desenrolou diante de James como um tapete sem fim. Alvo particularmente,parecia retornar à escola com uma disposição bastante amarga.“Pensei que íamos estar fora desse lixo por enquanto”, ele murmurava como se estivessemsendo perseguidos enquanto cruzavam o campus para as aulas matinais. Havia nuvenspesadas, e um vento gélido soprava pela alameda, fazendo as vestes dos meninos seinflarem como velas de barco.“Ei” disse Zane, com sua disposição alegre levemente umedecida pelo clima ártico. “Vocêestá falando da Aleron, eu entendo que você deteste todos os seus amigos lupinos que estãoem torno de Mansão de Ares, mas isso é só deles. Odeie o jogador, não odeie o jogo.”“Eu vou odiar qualquer um que eu queira fazer sangrar”, murmurou Alvo sombriamente.“Estou surpreso”, comentou Ralf “Pensei que você estaria se dando muito bem com osLobisomens; eles não parecem muito diferentes dos nossos companheiros da Sonserina.”315Alvo zombou sem graça “Ah, vou colocar Tabita Corsica contra Olivia Jones qualquer dia.Tabita pode ter se tornado um pouco menor sem sua vassoura no fim das contas, mas pelomenos ela odiava as pessoas em princípio. Essa em sentido geral só odeia pessoas quetenham tatatatatataravós que não tiveram a boa sorte de estar num barco estúpido queaportou na Pedra Sangrenta de Plymouth.”James se surpreendeu com a abertura repentina de seu irmão. Ele sabia que iria evaporarprovavelmente, já que conseguiu a chance de se adaptar à rotina da escola novamente, masagora ele se aproveitou disso.“Você quer dizer”, ele disse o mais formalmente possível “que lhe dão sufoco só porque vocênão é americano?”Alvo comprimiu os lábios com força e apertou a cabeça, “Eles estão bem com o fato de eunão ser americano, contanto que eu não queira jogar Engates, ou tomar parte no Grupo dePreparação Calistênica matinal, ou entrar para a sua preciosa Milícia Livre Salém-Durgus.Não que eu queira fazer alguma dessas coisas, saibam, mas fica um pouco obsoleto ter que

ser lembrado constantemente que eu sou excluído quer queira quer não”.“O que o velho Stonewall diz sobre isso?” perguntou Zane, erguendo sua mochila contra ovento gelado.“Oh, ele fala de um grande esquema, de como a Casa dos Lobisomens, como a América emgeral é a grande vasilha de fusão, ‘Sejam todos bem vindos ao exército da liberdade,vigilância e serviço civil’, mas os estudantes são outro caldeirão de completos tritões.Suponho que se eu pressionasse a questão com Jackson, ele com certeza me faria entrar emqualquer equipe ou clube que eu quisesse, mas então eu só teria que viver com Lobisomensque, pra começar, tinham tentado me congelar. É mais fácil ficar calado e esperar voltarpara a Sonserina.“Caramba” comentou Ralf “depois da sua performance na torre do relógio durante aescapada com a bandeira, eu pensei que você seria o ‘garoto de ouro’ para os Lobisomens”“Sim”, concordou Alvo amargamente, “isso os impressionou bastante. Eles disseram que eumostrei um monte de promessas ‘para um Cornélio’.“Hmm” concordou James reticente em dizer qualquer coisa mais, Uma pequena parte de siestava mesquinhamente feliz pelo fato de Alvo estar tendo problemas em sua casa. Elesempre merecia por ficar do lado de qualquer grupo que parece ser o mais desonesto e mal,pensou. Primeiro, os alunos da Sonserina, e agora estes Lobisomens, nacionalistas cabeçasde-bagre. Ainda assim, vendo o quão infeliz Alvo aparentemente estava, uma parte de Jamesestava sensibilizada por ele."Talvez você possa vir com a gente na Mansão Apolo", ele ofereceu. "Temos uma sala dejogo bastante legal e Yeats faz uma pizza relativamente boa, se você puder convencê-lo.”316"Sim, isso é exatamente o que eu quero", Alvo respondeu, virando os olhos. "Começar a saircom o clube dos perdedores do campus. Obrigado, mas não, obrigado. A Casa dosLobisomens pode ser um bando de bitolados grunhidores, mas eles são uma Casa que temorgulho. E lá, pelo menos, eu posso olhar para frente e ver um troféu de Engateclavas esteano. Vocês vão ter sorte se conseguirem uma única vitória."

"Ele te pegou, James," Zane concordou inutilmente. James estava sentindo frio demais paradiscutir a questão e os meninos se arrastaram no resto do caminho para a classe emsilêncio.Dentro da primeira semana de escola, James percebeu que tinha esquecido completamentede perguntar a Lúcia sobre levar ele, Ralph e Zane em uma excursão ao Castelo de Érebus demodo que eles poderiam tentar resolver o enigma da chave dimensional de Magnussen.Zane virou os olhos para os três rapazes reunidos em torno de uma mesa na bibliotecaperto do topo da Torre de Artes. "É fácil", ele sussurrou. "É só você pedir a Lúcia para serseu acompanhante na dança do Dias dos Namorados. Então, ela vai ter que dizer simquando você disser que você quer que ela nos mostre em o Castelo dos Vampiros."James balançou a cabeça. "Ela é a Lúcia", disse ele. "Eu não preciso enganá-la ou qualquercoisa. Eu só vou perguntar a ela. Claro que ela vai dizer sim."Zane deu de ombros e encostou-se à cadeira. "Faça como quiser. Por mim, eu gostaria deestar um pouco mais seguro. Ouvi dizer que ela estava muito zangada por todos aquelesmomentos que aconteceram entre você e Petra durante o Natal."O rosto de James corou com uma mistura de vergonha e surpresa. "O quê? Isso é ridículo!Nada aconteceu entre nós!”Ralph fez uma careta, desconfortável. “Eu vi vocês dois de mãos dadas na sala de visitas”,admitiu. “Assim como Lúcia. Ela fingiu não estar incomodada, mas ela se trancou no quartodepois por algum tempo.”"Não foi assim que aconteceu." James suspirou. "Nós estávamos apenas conversando. Naverdade, nós estávamos falando sobre como nós íamos tentar limpar seu nome.""Parece-me que você deve falar com a Lúcia sobre isso", Zane repreendeu. "Ela é a únicacujo aval é preciso para entrar no Castelo de Érebus.""Olha, Lúcia não é como Cheshire Chatterly e eu não sou você", disse James, lançando umolhar para Zane. "Eu não posso enganá-la assim.""Não houve truques envolvidos comigo e Cheshire," Zane respondeu um poucodefensivamente. "Eu consegui para nós a chave do Arquivo e Cheshire quis dançar comigono Baile de Halloween. Todos saíram ganhando."

James cruzou os braços sobre a mesa da biblioteca e descansou o queixo sobre eles. "Édiferente para você. Cheshire não era... delicada com você, para começar."317Zane franziu a testa, pensativo. "Ela era madura", ele respondeu com um encolher deombros."Talvez Ralph possa fazer isso", James ofereceu, sentando-se novamente. "Como alguémpoderia dizer não a ele?"Ralph olhou de Zane para James, franzindo a testa.Zane balançou a cabeça. "É a bola da vez, James. A menos que você saiba sobre vampiros deverdade, Lúcia é a única que pode nos fazer entrar. Faça como quiser, mas é melhor vocêfazer isso rápido. Esse cara Keynes não vai demorar uma eternidade para fazer o seujulgamento sobre Petra."James sabia que Zane estava certo. Ele também sabia que provavelmente eles estavamfazendo algo muito maior do que deviam. Lúcia era sua prima, afinal de contas. Ainda assim,sua aparente paixão por ele, tendia a complicar as coisas de maneira que ele não podiaprever. Para garantir, ele resolveu que iria pedir a ela após a próxima partida deEngateclavas. A equipe dos Pés Grandes foi programada para enfrentar a Casa dos Vampirosde novo e apesar dos melhores esforços de James, os Vamps venceriam facilmente. Istodeixaria Lúcia de bom humor, tornando-a mais receptiva ao pedido de James. Tendodecidido isso, James deixou de lado o assunto por algum tempo.Sexta-feira à tarde, como sempre, James foi a caminho para o ginásio Pepperpock Down. Lá,ele vestiu seu material de Engateclavas ao lado de Jazmine, Gobbins, Wentworth, e o restoda equipe dos Pés-Grandes."Belas luvas novas," disse Jazmine apreciativa. "Presente de Natal?"James assentiu com a cabeça orgulhosamente. "Sim, do meu pai.""Tudo o que eu consegui foi um monte de poções para cabelo e um box horrível das novelascompletas de Remora", Jazmine disse, franzindo a testa. "Minha mãe é louca por eles. Elaestava esperando que eu fosse acabar na Casa dos Vampiros, ou mesmo na Pixie. Ela diz queos Pés-Grandes não são muito o estilo Veela.”James não sabia como responder a isso. "Uma das minhas tias é parte Veela", arriscou. "Para

ser sincero, eu prefiro você do que ela na maior parte do dia.”Jazmine sorriu para ele."Vamos, equipe," chamou Wood de certa distância nas escadas rolantes. "Espero que todosestejam usando roupas quentes por baixo. Está muito frio lá em cima esta noite."James pegou sua skrim e seguiu a equipe já que eles caminhavam para a tarde ventosa. Océu sobre os pórticos estava sem nuvens, escurecendo em direção ao pôr-do-sol comapenas algumas estrelas começando a cintilar no alto. Em volta, as arquibancadas estavamcheias de estudantes aplaudindo e zombando no parapeito, a maioria acenando asbandeiras vermelhas e pretas da Casa dos Vampiros.318"Nós somos os bodes do jogo desta noite," Wood falou sob o ruído, entrincheirando-se nocentro dos jogadores amontoados. "Se os vampiros vencerem esta noite, eles nos tiram dasfinais. A maioria das pessoas aqui esta noite querem ver um jogo de final de campeonatoLobisomem-Vampiro, por isso vai ser um jogo muito pesado para nós. Vocês jogaram muitobem este ano, equipe, apesar de que tem havido muito mais magia ofensiva do que eu,francamente, me sentiria confortável. Não importa como, nós podemos sair do jogo destanoite com a cabeça erguida. Como sempre, vamos jogar limpo lá e fazer nosso melhor. Tudobem?"A equipe gritou em acordo e empilharam as mãos em cima do punho estendido de Woodpara o grito de guerra tradicional. "Vaaaaiiii PÉ-GRANDES!” gritaram em uníssono, e depoisse separaram, se alinhando ao longo da borda da plataforma."Eu não sei sobre você", Norrick murmurou para James, "mas eu não pretendo deixar osVampiros ganharem essa sem uma luta.”James assentiu. "Você praticou um pouco mais com aquele Feitiço de Reflexão Solar que oWentworth conjurou?""Passei metade do Natal nele," Norrick respondeu com um sorriso triste. "Na escuridão, elevai cegar qualquer um que tentar me emboscar por trás e talvez forçar um ou dois deles aderrubar a Engates, se tentarem me passar.""Legal", James concordou. "Pelo menos nós já conseguimos um empate apertado este ano,

hein? Se não fosse por isso, eu aposto que metade dessas pessoas teriam ficado em casa estanoite. Agora eles sabem que nós estaremos fazendo esses Vampiros trabalharem duro."No ar entre os pórticos, Professor Sanuye movimentava-se como louco em sua vassouraoficial. Ele soprou forte o seu apito e James viu Jazmine pular fora da plataforma, dobrandoem direção ao anel central. O restante da equipe a seguiu, indo para suas posições."Por aqui não passa nada", Norrick sorriu. "Para a abertura!"Um momento depois, os dois rapazes lançaram-se de suas plataformas, inclinando-se contrao vento frio e agachando sobre seus skrims.Sessenta segundos depois, após uma única volta de aquecimento tenso, Sanuye soprou umanota longa em seu apito. James avançou em sua skrim, lançando-se como foguete, eimediatamente passou por dois Vampiros. Ele arremessou através do anel central e, antesque ele percebesse, tinha capturado uma das Engates. Ele enfiou-a debaixo do braçoesquerdo e tirou sua varinha da bainha."Potter!" Gobbins chamou de trás dele. "Dois valentões às doze horas, caindo rápido!"James abaixou em sua skrim e puxou-a para trás, desacelerando tão rapidamente que aEngates tentou escapar de debaixo do seu braço. Quase instantaneamente, dois jogadoresdos Vampiros caíram para fora na escuridão à sua frente, colidindo um com o outro e319saltaram para fora do curso. James saltou para cima, puxando sua skrim com ele, dandocambalhotas sobre os valentões, mal passando pelo anel mais próximo.Artis Decerto, ele pensou com um sorriso. Quem teria pensado que isto viria a calhar nocaminho do Engate? Vou ter que começar a ensinar isso à equipe também.Ainda acelerando, James se esquivou ao longo da pista, completando suas voltas necessáriasantes de arremessar a Engates através do anel principal. Assim que ele lançou a Engates, noentanto, ele apontou a varinha para o objeto."Diplicitous!", ele gritou, e houve uma luz roxa. Fora da luz, três Engates pareciam girar emdireção ao anel, em vez de um. O goleiro dos Vampiros hesitou por apenas um momento, e,

em seguida, golpeou seu porrete no meio das três bolas. O bastão passou à direita atravésda Clutch fantasma, porém, permitindo que a Clutch real passasse através do anel principalpor trás dela. Um rugido da multidão irrompeu assim que James voou, o seu cabelochicoteando no vento frio, e ele não poderia dizer se os espectadores estavam torcendo ouvaiando, não que ele se importasse.Ao intervalo, James ficou surpreso ao perceber que os Vampiros estavam liderando o jogopor apenas quatro pontos. Os Pés-Grandes ficaram muito animados com este fato eentraram na segunda metade do jogo com uma firme determinação de que, pelo menospodiam terminar o jogo com um empate. Seria ainda uma vitória para a Casa dos Vampiros,mas pelo menos os Pés-Grandes poderiam sair do jogo como se houvessem conseguido umavitória simbólica, se nada mais acontecesse.Foi muito difícil manter o controle da pontuação enquanto a partida estava em andamento,uma vez que havia, em um dado momento, três Engates em jogo. James olhou para o placar,ocasionalmente, e viu que no último quarto, os Pés-Grandes tinham, de fato, empatado comos Vampiros quase exatamente na segunda metade do jogo. A pontuação ficou em 46-45,com a equipe dos Vampiros conseguindo uma liderança muito frágil."Jazmine está com uma Engate!" Norrick chamou, mergulhando ao lado de James.“Certifique-se pra que ela vá para o gol” O resto de nós vai cair em nos Atacantes como umatonelada de tijolos, tudo bem?""Entendi!" James falou com um breve aceno de cabeça. Ele olhou para o lado e viu Jazmineabaixando através do caminho atrás dele, sua capa laranja piscando sob as luzes do estádio.James ficou com um joelho apoiado em seu skrim, agarrando o nariz com as mãos já que ochão estava bem abaixo dele. Jazmine circulou em volta e viu-o esperando. Ela acenou com acompreensão."Hora de cortar a grama," James anunciou, lançando a toda velocidade novamente e semovendo em frente à Jazmine. Ele tirou sua varinha e mirou nos Vampiros Valentões na suafrente. Uma força de gravidade sugou ambos rapidamente fora do campo, permitindo que

James e Jazmine voassem tranquilamente, precisando somente de um mergulho em seuscaminhos. Os anéis brilharam e James lançou-se, usando um Feitiço Charm na parte traseira320de um skrim de um outro Vampiro, o que o fez perder o controle e virar para fora do campo.James levantou os olhos a tempo de ver que Norrick tinha conseguido forçar um dosAtacantes Vampiro para fora do curso usando o seu Feitiço de Reflexão Solar. Explosões deluz deslumbrantes ainda brilhavam atrás dele quando ele ergueu o punho no ar triunfante."Estamos quase lá, Jazmine!" James chamou de volta. "Aguente firme e nós podemos dar umnó neste jogo!"James circulou por todo o comprimento da figura oito do campo e preparou para sair docaminho, dando espaço para Jazmine apontar. Assim que ele desceu, no entanto, umasombra cintilou sobre o fim de sua skrim. Olhando para cima, viu que o segundo AtacanteVampiro tinha chegado até Jazmine. O Atacante levantou a Engate sobre a própria cabeça,preparando-se para atirar para o gol, exatamente ao mesmo tempo que Jazmine. Sempensar, James ergueu a varinha mais uma vez, lançando a sua magia, exatamente no mesmomomento em que ambos os Atacantes lançaram suas Engates.O que aconteceu depois foi rápido demais para assistir, e ainda, na mente de James, pareceulevar horas. Ele viu a Engate de Jazmine passar no arco, seguida ao lado pelo tiro doAtacante Vampiro, mas o lançamento de Jazmine foi muito baixo, sua Engate ia perder o golinteiramente. O Feitiço de Travamento de James, no entanto, capturou perfeitamente aEngate do Vampiro. Com um movimento de sua varinha, James se contorceu para baixo daEngate do oponente, forçando-a a mergulhar e, em seguida, subir de novo rapidamente. AEngate do Vampiro colidiu no ar com a de Jazmine, alterando o seu curso. Uma fração desegundo depois, ambas as Engates subiram através do anel principal, passaram os doisgoleiros, que haviam se colocado de lado, se esforçando para não bloquear acidentalmente olançamento da sua própria equipe.

James disparou abaixo do anel principal em um silêncio repentino. Ele olhou para trás, viu oolhar de descrença de Jazmine, que estava atordoada e, em seguida, as arquibancadasexplodiram em aplausos selvagens ensurdecedores."Marcamos um Ponto-duplo!" Jazmine gritou de espanto, aproximando-se de James e lhebatendo nos ombros. "Um Ponto-Duplo, James! Eu nem me lembro a última vez que issoaconteceu!""O que é um Ponto-duplo?" James perguntou. O resto da equipe se aproximou deles agora,formando uma massa em torno."Você bateu a nossa Engates contra a deles e as colocou no gol!" Jazmine gritou, rindo. "Issofaz com que ambas sejam pontos nossos! Ficamos com dupla pontuação, James!"“Você quer dizer”, disse James, corando já que a equipe caiu em torno dele e de Jazmine,“que nós ganhamos?"321"Nós vencemos!" Norrick gritou, rindo. "Santos hipogrifos! Nós vencemos!"O restante da equipe juntou-se ao grito, proclamando a sua vitória e empurrando para cimaJames e Jazmine entre eles. Como um bando selvagem balançando, a equipe foi para a suaplataforma e se jogou em cima dela, rugindo com alegria triunfante."E é chocante", a voz de Cheshire Chatterly gritou, ecoando da cabine do locutor, "A Equipedos Pés-Grandes consegue a sua primeira vitória em quase 12 anos com um incrível Ponto-Duplo que garantiu a vitória deste jogo, pelos esforços combinados do capitão da equipe,Jazmine Jade, e o estreante James Sirius Potter! Com isso, as esperanças da Equipe dosVampiros estão mantidas por pelo menos mais um jogo enquanto que a Equipe dos Pés-Grandes se recusam a ser expulsos da temporada. Que jogo, minha gente! Que... Jogo!"Fora da escuridão da plataforma, uma figura quase rolou sobre James, chamando seu nome."James! Você é um gênio, cara! Uma vitória por Ponto-Duplo! Como você faz isso?""Zane!" James riu, lutando para se manter em pé. "Eu não sei! Eu nem sabia o que era umPonto-Duplo até que aconteceu! Como você chegou até aqui?""Ralph e eu viemos dez minutos atrás, quando pensei que você estava indo só para amarraro jogo", respondeu animadamente Zane.

"Wood disse que poderíamos ver o resto do jogo aqui de cima", Ralph acrescentou,sorrindo. "Que festa, hein?""Primeira vitória em mais de uma década", Gobbins anunciou, batendo nas ombreiras deJames. "Graças ao nosso novo treinador mágico, James Potter! Vamos, todos! Festa davitória no Pipa & Chave em vinte minutos! Vamos ver se ainda lembro como fazer isso,hein? "Com gritos estridentes de prazer e um grande tropel de pés, a Equipe dos Pés-Grandesdesceram os degraus da plataforma, cantando o hino da Casa dos Pés-Grandes epraticamente levando James e Jazmine sobre seus ombros.Só depois de uma hora e meia mais tarde, que James se lembrou da sua intenção de pedir aLucia sobre a obtenção de uma turnê no Castelo de Érebus. Ele estava saindo do Pipa &Chave, quando a viu em uma mesa povoada por um bando de estudantes sombrios comaparência de vampiros. Ele não pensou em nada sobre isso, afinal de contas, os alunosVampiros sempre faziam o estilo anti-social em quase todos os momentos, até que ela selevantou e o encontrou perto da porta."Parabéns primo,", ela disse um pouco rígida. "Você queria falar comigo sobre algumacoisa?"322"Sim," James concordou, lembrando que ele tinha pedido para ela encontrá-lo depois dapartida. "Err, você está voltando para o castelo agora? Poderíamos caminhar juntos."Lucy o estudou por um momento, e então balançou a cabeça melancolicamente. James abriua porta do Pipa & Chave, deixando entrar uma lufada de ar frio e cristais de neve que eramfinos com areia."Err," ele disse enquanto os dois caminhavam na escuridão do campus, "isso é um poucoestranho. Eu não tinha exatamente esperado vencer esta noite, você sabe.""Você fez muito bem," Lucia disse friamente. "Um Ponto-Duplo. Os Vampiros disseram queisso não acontece sempre. Dizem que você apenas teve sorte, mas eu os convenci. Eu disse aeles que você é muito talentoso em muitas maneiras."James estava feliz por eles estarem andando na escuridão. Ele se sentiu extremamente

desconfortável, de repente."Obrigado, Lu", disse ele. "Eu queria lhe pedir um favor, mais ou menos."Lucy parou de andar e olhou para ele, seus olhos se estreitaram suspeitosamente. "O quê?""Eu-" James começou e em seguida, engoliu em seco. "Err, eu estava pensando. Ralph, Zane eeu, estamos muito interessados em verificar o Castelo de Érebus. Nós ouvimos algumascoisas sobre isso e achamos que seria legal dar uma olhada, sabe? Mas de acordo com asregras da casa, não podemos entrar a menos estando acompanhados por um estudanteVampiro ou um vampiro na vida real. Então, você está na Casa dos Vampiros e tudo...""Por que vocês estão tão interessados de repente no Castelo de Érebus?" Lucy perguntou,com seus olhos ainda estreitados na escuridão, assistindo James criticamente."Não é nada, realmente. Quero dizer..." Ele parou, engoliu em seco novamente, e entãodecidiu, no calor do momento, mudar sua tática. "Eu pensei que você gostaria de ir para aDança do Dias dos Namorados comigo?"O rosto de Lúcia olhou triste por um momento muito breve, mas ela rapidamente oescondeu. "Isso tem algo a ver com Petra Morganstern, não é?"James piscou os olhos, atordoado. "O que...?", Ele gaguejou. "Quero dizer, como...? Não, não éclaro, não seja boba.""Eu vi vocês dois conversando no Natal, James," Lúcia disse, olhando para longe. "Eu não seio que é que você está pensando ou o que isso tem a ver com o Castelo, mas você poderia aomenos ter sido honesto." Ela balançou a cabeça um pouco, e quando ela olhou para ele323novamente, havia lágrimas nos seus olhos. "Realmente, James? A Dança do Dias dosNamorados? Como se eu quisesse ir com você de qualquer maneira."Ela desviou o olhar novamente, passando a mão com raiva em seu rosto."Olha, Lu", disse James, dando um passo mais perto. "Desculpe. Foi idéia de Zane. Eu vou tedizer a verdade, se você realmente quer saber. Não é o que você pensa que é. Realmente.""Eu não acho nada, seu grande idiota." disse Lúcia, sua voz grossa. "E eu não quero saber, dequalquer forma. Seja o que for que você está procurando no Castelo de Érebus, você podeencontrar outra pessoa para ser seu bilhete para dentro do Castelo.”

Ela se virou e afastou-se antes que James pudesse responder. Depois de uma dúzia depassos, ela se virou, uma forma sombria na escuridão."E só para constar", ela chamou, "há um monte de pessoas que querem me levar para aDança dos Dias dos Namorados. O que você acha, que eu só estava esperando você chegar eperguntar? Você é meu primo, James. Não seja um idiota."Depois de dizer isso, ela girou nos calcanhares de novo e quase correu para as árvores,fazendo arranhões pretos na calçada com neve.James assistiu ela ir, sentindo-se totalmente tolo e miseravelmente com raiva de si mesmo.Ele considerou ir atrás dela, mas uma voz interior profunda e sábia disse-lhe que isso só iriapiorar as coisas.Com um suspiro desconsolado, James virou-se. Muito mais lentamente, ele se arrastava naescuridão, em direção à forma distante da Mansão Apolo.Ao longo da semana seguinte, um calor repentino desceu sobre o campus, derretendo o geloe a neve dos trilhos e reduzindo a carga de pingentes de cristal do campus, queconstantemente pingavam nos alunos. James, Ralph e Zane passaram a maior parte de seutempo livre tentando pensar em outra maneira de entrar no Castelo de Érebus, mas nãoencontraram sucesso algum. Seu último esforço tinha sido depois da aula de Maldiçõesquinta-feira à tarde, que foi realizada em uma torre com vidro fumê no castelo. Isso falhouquase que imediatamente quando um pequeno retrato de um assistente muito severo comum cavanhaque pontudo tinha os encurralado no patamar da escadaria principal.324"Parados aí, senhores," o retrato pronunciou já que eles passaram rastejando. "Onde vocêspensam que estão indo?""Shh," Zane sussurrou, voltando-se. "Estamos apenas olhando ao redor um pouco. Nãocomece o seu discurso chato.”O retrato sorriu um pouco desconcertado. "Somente aos moradores do Castelo de Érebus épermitido andar aqui em cima, meus amigos," ele disse com uma voz sedosa, de repente."Mas o que posso fazer sobre isso? Eu, uma mera pintura. Façam como quiserem, masconsiderem-se avisados."

"É mais do que isso", Zane murmurou, voltando-se para as escadas. Os rapazes andaram atémetade do segundo patamar, quando os degraus de repente tremeram sob seus pés. Comum alto barulho, o degrau acima dos pés de James imediatamente retraiu lateralmente naparede, deixando um buraco negro em seu lugar. O próximo degrau também se retraiu,quase lançando James para frente na escuridão sob os passos. Ele se pôs para trás, batendoem Zane e Ralph, e as escadas começaram a se retrair mais rapidamente, conduzindo-s paratrás por onde eles tinham vindo. Os três garotos tropeçaram violentamente para trás nasescadas, caindo uns sobre os outros, até que chegaram ao patamar principal, mais uma vez ecaíram ofegantes, no chão de madeira."O que foi aquilo?" Zane exclamou com raiva, lutando para se levantar"Você foi avisado", o retrato disse levemente."Avisado nada!" Disse James. "Você podia ter nos dito que estávamos prestes a ser lançadosà nossa morte!"O retrato estalou a língua, indignado. "A queda não teria matado você", disse. "Os ratostalvez tivessem. Eles podem ter se tornado um grupo sinistro lá embaixo, depois de viveremtantos anos em um castelo mágico."James olhou para a escuridão abaixo das escadas. Ele imaginava que pudesse ouvir osguinchos e até mesmo o clique de dentes pequenos."Uau", Ralph estremeceu. "Isso não foi legal."Com um estrondo alto, os degraus de repente voltaram ao lugar original, cobrindo o buracoque tinham deixado ao serem retraídos."Talvez da próxima vez, vocês três vão considerar respeitar as regras", o retrato comentoucom severidade. "E respeitar os mais velhos, pintados ou não. Agora vão, antes que eu alerteo Presidente da Casa."325Os meninos se moveram, já que a última coisa que queriam eram momentos embaraçososcom a professora Remora."Eu não posso acreditar que não conheço ninguém na Casa dos Vampiros", Zane gemeuquando eles fizeram o seu caminho em direção ao refeitório para o almoço. "Quero dizer,vamos falar: eu sou um cara adorável. Todo mundo se dá bem comigo.""Talvez devêssemos tentar seguir Magnussen no passado sem saber o que é a chave

dimensional", James sugeriu. "Talvez, se nós simplesmente voltássemos e o víssemos,seríamos capazes de descobrir isso, certo?""Talvez", disse Ralph, encolhendo os ombros. "Mas, eu odiaria pegar o cara errado. Nós sótemos uma chance. Rosa diz que viagem no tempo é realmente irritante.""O que quer dizer?" Zane perguntou quando eles abriram as portas para o Salão deAdministração, seguindo um bando de alunos mais velhos em direção ao refeitório. "Eu nãoacho que eu estava lá para essa conversa. Não que eu não ame todas as intimidadorasprevisões da Rosa sobre como podemos destruir o tecido do universo e tudo mais."James suspirou. "Ela diz que é a razão pela qual os Vira-Tempos foram proibidos. Caras quesabem de Tecnomancia como Jackson descobriram que é super perigoso para uma pessoaocupar o mesmo período mais de uma vez. Algo sobre matéria idêntica acidentalmente seunindo e fazendo “pluralidades catastróficas” ou algo quântico assim. O difícil é que se nãocapturarmos a chave dimensional de Magnussen na primeira vez, não teremos outra chancesem potencialmente causar muito mais problemas do que esperamos evitar.""Então, quão certo você acha que está, de que nós realmente temos que fazer isso dequalquer maneira?" Ralph perguntou, entrando na fila e pegando uma bandeja. "Você aindaacha que os caras realmente maus, se escondem no Mundo Entre os Mundos?""Não há dúvida em minha mente," James respondeu, com um pouco mais de convicção doque ele realmente sentia. "Esse fio vermelho faltando é demasiado poderoso parasimplesmente desaparecer sem deixar vestígios. Se estivesse no nosso mundo, alguém emalgum lugar teria percebido sua trilha. O único lugar que poderia ser escondido está fora danossa dimensão. Faz sentido.""Bem, então eu acho que estamos de volta à estaca zero", Zane disse, pegando duas taças depudim verde e enfiando-as em sua bandeja já bem cheia. "Para entrar no Mundo Entre osMundos, é preciso obter a chave dimensional de Magnussen, que significa que precisamosde alguma forma entrar no Castelo de Érebus, para que possamos descobrir o enigma do

que a chave realmente é." Ele suspirou rapidamente. "Talvez devêssemos apenas enfeitiçaros dentes de Ralph com pontas e tentar fazê-lo entrar como Conde Ralphula, o Empalador. Oque você diz, Ralfidilo? Vale a pena tentar? "326"Nem sequer começe", disse Ralph, balançando a cabeça.Os meninos encontraram um lugar em uma das mesas compridas, enfiando na frente deWentworth, que estava distraído com uma série de espirros."O que há com você, Went?" James perguntou, cutucando seu guisado com um garfo."Alho", Wentworth respondeu, limpando o nariz. "É a minha dieta especial. Eu não estounem comendo as coisas, mas eu ainda posso cheirar em todo lugar que as pessoas almoçam.Me deixa todo acabado."Zane agitou sua própria tigela. "Sim, este esta comida é muito forte mesmo. É demasiadoruim para você. É camarão ao molho de alho.”Wentworth fungou. "Sim, bem, você poderia mostrar um pouco mais de sensibilidade. Nãoposso ajudar sendo deste jeito, você sabe. Está nos meus genes, todo o caminho de voltapara o que os meus pais chamam de ‘velho país’." Ele revirou os olhos e balançou a cabeça.James observou o pequeno menino alcançar uma grande caneca. Wentworth tampou seunariz e bebeu cuidadosamente."Só por curiosidade", disse Zane, de repente, franzindo a testa para Wentworth, "onde,exatamente, é o ‘velho país’?"Wentworth olhou sobre sua caneca para Zane um pouco desconfiado. "Em algum lugar naEuropa", respondeu ele. "Uma pequena região na Romênia, se você quer saber.""Sério?" Zane disse, ainda franzindo a testa. "Será que começa com 'T', talvez?""Eu não deveria falar sobre isso", Wentworth anunciou, baixando a caneca, mas segurandoaperto de seu peito. "Minha mãe diz que não somos mais assim. Ela diz que quanto menosfalar sobre isso, melhor.""O que você está bebendo, Went?" James perguntou, olhando por cima da mesa."Não é nada", disse Went. "É para a minha dieta especial. Não é que eu queira beber, vocêsabe. Dez gramas por dia é tudo."“Isto é suco de tomate?” Ralph disse, usando sua altura para se intrometer na caneca de

Wentworth." Olha... Muito escuro, de qualquer jeito.""É só suco!" Wentworth proclamou, cobrindo o cálice com a mão. "Er, mais ou menos. Isso étudo que vocês precisam saber! Por quê?"327Zane olhou de Ralph para James. "Wentworth, faça-me um pequeno favor", disse ele semproblemas, um traço de percepção aparecendo no seu rosto astuto de repente. "Nos dê umdaqueles grandes sorrisos do ‘mundo antigo’, hein?""Sim, Went" James acrescentou curiosamente. "Vamos ver esses dentes.""Passando!" Zane gritou, empurrando Wentworth pela porta da frente da Mansão de Érebuscomo se estivesse com um aríete. "Vampiro aqui! Você tem que deixar-nos entrar!""Pare", Wentworth insistiu, corando furiosamente. "Não era para ninguém saber!""Está tudo bem", James acalmou, seguindo de perto. "Você está entre os seus companheiros‘criaturas da noite’ aqui.""O que está acontecendo?" Um garoto alto exigiu em uma voz imperiosa, movendo-se parabloquear os quatro intrusos no átrio. "Você não pode simplesmente entrar aqui. Esta casa éapenas para os membros da Casa dos Vampiros e seus convidados.""E vampiros de verdade," Zane acrescentou, batendo no topo da cabeça de Wentworth. "É oque diz na sua carta de casa. ‘Qualquer vampiro ambulante que procura asilo ou socorro sãobem-vindos nessas salas.’ Eu olhei para cima para ter certeza. Eu pensei, 'socorro' era umbom jogo de palavras. Isso é tudo que Remora tem escrito, não é? ""Esse garoto não é nenhum vampiro", zombou o rapaz, olhando para baixo do nariz deWentworth. "Saia daqui antes que eu chame o professor.""Vá em frente e chame", James balançou a cabeça. "Went tem os dentes e a raça. Ele é overdadeiro negócio, até a sua ração de sangue de dez onças por dia e uma alergia naturalpara alho e relacionados. Diga a ele, Went.""Eu realmente sinto muito", disse Wentworth, as bochechas queimando. "Eu não tive nada aver com isso. Ninguém deveria saber, realmente. Meus pais fizeram acordos especiais com aescola...""Oh, deixe-os entrar, Harding", disse uma menina de um sofá próximo. "Quem se importa?Remora não está aqui mesmo."

"Esse garoto não é vampiro, não importa o que esses cretinos digam," o menino, Harding,declarou, estreitando os olhos, as narinas queimando. "Sem vampiro, sem entrada."328"Mas olhe para os seus dentes", Ralph insistiu, levando Went sob o mais próximo lustre."Eles podem não ser os tipos de dentes que você lê nos livros da professora Remora, maseles são muito pontudos, se você olhar para eles com a luz certa. Mostre-lhes, Went. Vê?""Qualquer um pode enfeitiçar um par de presas", Harding respondeu, revirando os olhos."Deixe-me dar uma olhada no garoto", disse outra voz, seu tom educado, mas imponente.James olhou ao redor. O retrato do homem de rosto severo, com a barba pontuda estavaolhando para eles do patamar mais baixo. Harding olhou do retrato para Wentworth,pensando bem. Finalmente, a contragosto, o rapaz mais alto apontou."Façam isso rápido e depois sumam, entenderam?", Ele rosnou.James, Zane, e Ralph seguiram de perto Wentworth, aglomerando-se no patamar. O retratoestreitou os olhos para o menino pequeno. James olhou para a placa de latão pouco afixadana parte inferior do quadro em torno do retrato. Ele dizia, 'Niles Covington Érebus III'."Os caninos são apenas moderadamente desenvolvidos," o retrato, disse, pensativo. "Masreal o suficiente, eu suspeito. Hmm. Há apenas uma maneira de saber ao certo. Mr. Harding,se você me virasse, por favor."Obediente, o menino sarcástico subiu no patamar e se esgueirou para a pintura. Com osolhos ainda estreitados em Wentworth, ele levantou a pintura de Niles Erebus da parede.Quando ele virou, James foi surpreendido ao ver que a parte traseira da pintura era umespelho."Olhe para você, meu jovem", disse Érebus, aparentemente falando à Wentworth.Comicamente, todos no patamar se inclinaram para o espelho."SA-ntos HIPO-grifos!" Zane respirava com espanto. "Went! Onde você está?"Ainda olhando para o espelho, James tocou ao lado com a mão direita. Seus dedos afagaramo rosto de Wentworth, batendo torto nos óculos do rapaz. No espelho, no entanto, os dedosde James tocaram o espaço vazio."Hey", Wentworth disse, irritado, ajeitando os óculos. "Pare com isso."

"Ele não está lá!" Ralph exclamou. "Ele é invisível no espelho!""Eu não vejo o que é a grande coisa", Wentworth anunciou cansado. "Não é como umaespécie de super-poder, nem nada. Você tem alguma idéia de como é difícil pentear o cabelose você não pode se ver em um espelho? "329"Bem, Sr. Harding," o retrato de Érebus disse do reverso do espelho, "parece que este jovemé, de fato, o artigo real. De acordo com as regras da casa, a ele e seus convidados deve sergarantida a entrada.""Mas", disse Harding, revoltado, "olha para ele! Não é deste jeito que um vampiro deveriaparecer!”"E você é um especialista nestas coisas, é claro," Érebus suspirou. "Não tenha medo. Vouacompanhar os nossos hóspedes durante a sua visita e assegurar que eles não se desviempara onde não são bem-vindos. Afinal de contas, sendo garantida a entrada não equivaleriaà carta branca, acesso a qualquer lugar que desejarem, não é?""Com certeza não", Harding assentiu severamente. Ele sorriu para Zane novamente e então,um tanto rigidamente, entregou-lhe o pequeno retrato. "Aproveite a sua estadia, senhores.""Obrigado, Harding," Zane sorriu, pegando o retrato. "Sua vigilância é inspiradora. Voucolocá-lo em boas palavras para todos os outros vampiros que eu conheço. "Ele piscou parao menino mais velho."Bem, então, meus amigos," Érebus disse rapidamente quando Harding se escondeu devolta na sala, "agora que vocês alcançaram algo parecido com uma entrada legítima, euacredito que você estava no seu caminho para o corredor superior. Vamos continuar juntos,desta vez com mais sorte?"Ao longo da hora seguinte, James, Ralph, Wentworth, e Zane vagaram pelos corredoresinfinitos através dos andares, as escadas secretas, câmaras ocultas, tocas, banheiros, evários espaços comuns do castelo, todo o tempo ouvindo um informativo, um poucopedante, um monólogo do retrato Érebus, sobre os detalhes de cada espaço. Além deficarem um pouco espantados com o grande número de salas lotadas do castelo, os meninosnão encontraram nada que iluminou o enigma da chave dimensional de Inácio Magnussen.

"Eu não entendo", Zane finalmente disse, xingando para uma cadeira no corredor doterceiro andar. "Como era a citação? ‘A verdade andou pelos corredores do Castelo deÉrebus’, certo? Bem, nós já andamos por mais salas que eu posso contar e eu não encontreiverdade alguma. Você achou?"James balançou a cabeça. "Eu não sabia que seria tão difícil. Eu pensei que uma vez queestivéssemos dentro, ela faria sentido, de alguma forma.""Posso perguntar", o retrato de Niles Érebus disse com uma impaciente fungada, "do que ossenhores estão falando?""Você me pegou", Wentworth anunciou, balançando a cabeça e revirando os olhos. "Eu souapenas o ticket vampiro. Decidi que estes três eram totalmente loucos três andares atrás."330"É este o enigma que ouvimos," Ralph admitiu, inclinando-se para o retrato de uma janelapara que ele pudesse olhar para ele. "Algum velho professor de muito tempo atrás disse: ‘averdade andou pelos corredores do Castelo de Érebus’. Você parece saber muito sobre estelugar. Alguma ideia sobre o que pode significar?""Eu construí este castelo", disse Érebus, eriçado. "Acho que eu gostaria de saber tudo o quepoderia ser conhecido sobre o assunto. O seu enigma, porém, é bastante irremediavelmenteobtuso. Sem qualquer tipo de contexto, pode significar qualquer coisa.”James suspirou. "Que desperdício de tempo completo. Provavelmente era apenas algo queMagnussen fez depois de tudo, só para jogar todos fora de seu caminho.""Magnussen, você diz?" O retrato perguntou, levantando uma sobrancelha. "InácioMagnussen?""Sim", respondeu Ralph, um pouco animado. "Você sabe alguma coisa sobre ele?""Quase nada", Érebus respondeu com desdém. "Ele era de um tempo um pouco depois domeu, como vocês aparentemente não perceberam. No meu estado atual, no entanto, eu melembro de vê-lo visitar o castelo de vez em quando. O homem parecia ter um pouco defascínio,.""Como ele entrou?" James perguntou. "Ele não era um vampiro também, era?"Érebus revirou os olhos impaciente. "Obviamente as regras de entrada não se aplicam ao

corpo docente e administração, jovem. Cada casa é regularmente frequentada porprofessores de diferentes sociedades, tanto por razões sociais quanto acadêmicas.”"Então, onde Magnussen foi quando ele estava aqui?" Zane perguntou impaciente."Eu não tinha acompanhado ele durante as suas visitas", Érebus respondeu com desdém."Mas eu me lembro que ele tomou anotações sobre algumas das tapeçarias."Zane olhou duro para James, as sobrancelhas levantadas. "Tapeçarias", repetiu ele."Podemos, talvez, ver essas tapeçarias?"Erebus suspirou dramaticamente. "Segundo andar", ele disse com a voz arrastada."Corredor Norte. E tente não levar o meu quadro deste jeito, rapaz. Pode haver opiniõesmenos agradáveis no mundo do que sua axila, mas tenho dificuldade em pensar nomomento.""Desculpe", Ralph murmurou, tomando o quadro debaixo do braço.Quando finalmente chegaram ao corredor do segundo andar, James ficou surpreso aodescobrir que eles não tinham ido nesta área durante sua turnê anterior. O corredor era331bastante alto, alinhado com as janelas de um lado e muitas tapeçarias antigas do outro lado.As janelas estavam cobertas com espessas cortinas douradas, precisamente fechadas."É muito escuro", disse Ralph, arrastando-se lentamente para o corredor. "Eu mal posso veraqui.""Luminos," o retrato de Érebus disse em voz baixa. Em resposta, uma série de lustres decristal começou a brilhar, as chamas crescendo silenciosamente de suas velas apagadasanteriormente."As tapeçarias são bastante antigas," Érebus explicou quando os rapazes caminharam aolongo do corredor, observando como a luz de velas tremulava sobre as imagens tecidas."Tesouros da família Érebus, na verdade, passaram através de muitas gerações. A luz do solas fazia descolorir ao longo dos séculos, assim elas são mantidas agora isoladas naescuridão, preservadas, assim como podem ser."James deu um passo mais perto da primeira das tapeçarias enormes. O trabalho com os fios

era muito bem feito, lembrando-o da pura tecelagem da Cúpula dos Destinos. Ao contráriodo tear, no entanto, as imagens apresentadas aqui não eram abstratas. Cada ilustração foihabilmente rendada, muito realista. James quase esperava que elas começassem a se mover."Parece que eles contam uma história", Wentworth comentou, sua voz abafadainconscientemente."Uma observação perspicaz, meu amigo", respondeu Érebus. "Estes são, de fato, uma sériecompleta, contando um conto milenar conhecido como A balada do Cavaleiro"."Eu nunca ouvi falar disso", comentou Zane.Érebus riu sem graça. "Também não estou surpreso. Não é o tipo de conto que o mundobruxo tende a repetir. É uma tragédia, na verdade, e muito terrível."James olhou para cima na próxima tapeçaria novamente. Nela, um homem sério, alto e comuma barba preta sentou em cima de um cavalo. Em uma inspeção mais próxima, Jamespercebeu que o cavalo era, na verdade, um unicórnio cinza, malhado, com pernas fortes euma juba de ouro cintilante. Cada linha e fio da imagem implicavam que o cavaleiro e ounicórnio eram suntuosos, solenes, quase gloriosos. Atrás deles, uma estrela muito coloridae ornamentada se esticava de uma extremidade da tapeçaria para a outra. Na parte inferiorhavia dezenas de mãos e rostos, todos olhando de soslaio na direção do cavaleiro,apontando, gritando, chorando, lágrimas azuis cuidadosamente tecidas, de prazer ou deterror.“O que está acontecendo nesta aqui? "James perguntou, um pouco sem fôlego.332"Isso" entoou solenemente Érebus, "é a chegada do Cavaleiro. De acordo com o Conto, suavinda foi marcada por uma cortina de luz ofuscante, como se uma das próprias estrelastivesse descido do céu noturno e estabelecida, por um momento, em um morro. O Cavaleiroapareceu de dentro da luz, que desapareceu atrás dele. Isto foi na Idade das Trevas daEuropa, e como você pode imaginar, a sua chegada causou grande temor entre aqueles quea presenciaram. O Cavaleiro explicou-se, no entanto, descrevendo sua casa, em uma

realidade diferente, semelhante à nossa, mas totalmente pacífica e avançada tanto na curaquanto nas artes mágicas. Para provar suas afirmações, ele descreveu o processo pelo qualas bruxas mais importantes do seu mundo e assistentes haviam descoberto a existência deoutras realidades e aprendeu como foram todos unidos por um núcleo central: o Nexus.Usando as suas artes, eles criaram um portal para o Nexus com esperanças de chegar aoutras dimensões. Seu objetivo, segundo ele, foi se aventurar em realidades menosafortunadas e compartilhar a riqueza de seu aprendizado.""O Nexus", sussurrou Zane, balançando a cabeça. "Isso se encaixa perfeitamente com tudo oque ouvimos sobre a Cortina de Nexus e o Mundo Entre os Mundos."Juntos, os quatro rapazes se desviaram para a próxima tapeçaria. Esta mostrou o Cavaleirobarbudo em pé na cabeceira de uma mesa, rodeada por bruxas e bruxos sentados. A posturado cavaleiro implicava que ele estava falando, o braço levantado num gesto de conjuração.Pairou sobre a mesa uma representação fantasiosa de um globo, coberto com florestas,montanhas, cachoeiras e oceanos calmos. Os continentes do globo foram pontilhados commagníficas cidades, seus oceanos listrados com navios com brilhantes velas azuisnavegando. A visão era planejada para parecer como se estivesse espalhando feixes de luzem todo o quarto, mas os ouvintes na mesa pareciam não notar. Seus rostos eramcaricaturas de maldade: suínas e inchadas, sorridentes e com os olhos estreitados, algunscom a cabeça curvada em óbvia conspiração."Ohhh", disse Ralph, assentindo com a realização. "Ele está descrevendo sua dimensão atodos.""Todavia parece que eles não estão ouvindo," James acrescentou.Érebus franziu a testa dentro de sua moldura. "Na verdade não. O Cavaleiro caiu noconselho de bruxas e magos gananciosos, que estavam muito menos interessados nos donsde sua iluminação do que na magia negra que acreditava que poderia ser adquirida a partirdele e de seu unicórnio. Até então, não havia tais bestas em nosso mundo, você vê, essasbruxas e magos astutos, instintivamente, compreenderam que esta era uma criatura de

poder fabuloso. Assim, esperaram sua vez, fingindo escutar, o tempo todo planejando comoroubar a magia do homem e usá-la contra ele. Na verdade, as suas intenções, horrivelmente,eram aprender a usar o portal do Cavaleiro e invadir a sua realidade, levando o quequisessem pela força e dominação."333"Algum comitê de recepção", Wentworth disse acidamente.Zane perguntou: "Então eles foram capazes de fazê-lo?""Felizmente para nós, não.” Respondeu Érebus. "Se o seu esquema tivesse sucesso, a nossaprópria realidade certamente teria sofrido em horrores, talvez até mesmo a destruição. Obalanço dos destinos prevaleceu, detendo seus planos malignos, mas não sem um custo."O grupo parou diante da terceira tapeçaria agora. Nela, os homens estavam em vestesescuras cercando o unicórnio, que estava levantado em seus cascos traseiros, arranhando oar, os seus dentes à mostra em desespero. Em torno de seu pescoço e conectado aos punhosde seus adversários havia uma coleção de cordas de restrição. Pior, um punhal torto foilevantado na mão de um dos bruxos das trevas, apontando para o chifre do unicórnio. Emprimeiro plano, o Cavaleiro parecia estar em um duelo com vários dos bruxos das trevas,com o rosto nobre ainda conformado, já que ele estava irremediavelmente superado emnúmero pelos seus inimigos.Érebus falou, continuando sua recitação do Conto. "Uma vez que o plano horrível foicolocado em ação, o Cavaleiro foi preso. Seu unicórnio foi experimentado para montar eforçado a cruzar com cavalos comuns, tudo em uma tentativa de criar mais um de suaespécie. Isto, naturalmente, é a origem dos unicórnios poucos que ainda percorrem asflorestas mais profundas do nosso tempo, menos potentes do que seu ancestral nobre, masainda gloriosos. No final, o Cavaleiro conseguiu reunir suas forças para escapar. Por serpacífico, ele tentou poupar as vidas de seus captores, mas viram a sua misericórdia comofraqueza. No final, eles perseguiram seu unicórnio e ele, subjugando-os. Incapazes dearrancar o segredo do Nexus dele, eles o mataram e feriram irremediavelmente o seuunicórnio ao mesmo tempo."

James balançou a cabeça. "Isso é cruelmente bestial", disse ele em voz baixa."E fica ainda pior", admitiu Érebus estoicamente.O grupo se moveu para a última tapeçaria. Ela brilhava à luz das velas, de alguma maneiraum tanto mais brilhante do que as outras. A cena mostrou uma floresta enluarada,dominada por um monte de bruxas e feiticeiros de vestes negras. Pareciam estar inclinadossobre algo, obscurecendo-o.“O que eles estão fazendo?” Perguntou Ralf timidamente, franzindo a testa para a imagemalta. “O que é toda essa coisa prateada correndo pelo chão?“Pobre de mim” respondeu Érebus sombriamente “de acordo com a Balada, os bruxos ebruxas do mal perceberam que seu plano havia se frustrado. Eles assassinaram sua únicaesperança de conquistar outras dimensões, e feriram mortalmente a criatura que poderia334ter-lhes concedido poderes além de seus sonhos. No fim, numa tentativa medonha deaproveitar a magia daquele reino oculto, eles se lançaram sobre o unicórnio ferido econsumiram o sangue ainda quente de seu coração fraco. Como se deleitaram copiosamentesobre ele, o pobre animal morreu.”“Não se abalaram pelo extremo de seus crimes, e crescendo cruelmente em poder, por esteplano do sangue de unicórnio, esses bruxos e bruxas se tornaram em lendas do horror nasdécadas que se seguiram. Tornaram-se praticamente imbatíveis, como podem ver,sombriamente mágicos e desumanamente fortes. Eram conhecidos por lançar o terror aoscorações de todos que encontravam, uma vez que em seus olhos e bocas brilhava umapálida luz prateada, para sempre manchada pelo sangue de suas presas. Para esconder isso,eles fizeram máscaras de metal ainda mais horríveis que seus rostos humanos, e usavamcomo símbolo de sua fraternidade. Por quase um século, estes monstros em forma humana,governaram com a desordem, tortura e homicídio, conhecidos universalmente pelo nomeque haviam escolhido para si, um nome que explica tanto a origem de seus poderes quantoa profundidade de sua depravação. ‘Comensais da Morte’ eles se chamaram, um nome que

se tornou sinônimo de ambição das trevas, desumanidade e poder a qualquer custo.”“Estes foram os Comensais da Morte originais?” perguntou James baixinho, olhando para aterrível imagem. “Mas... Voldemort...?”“O maligno não pode criar” disse Erebus solenemente “ele só pode ser pervertido. O vilãoem seu tempo soube como Voldemort adotou as políticas destes, seus irmãos espirituais, elereclamou o nome para si, mas não o inventou.”Tremendo, Wentworth perguntou “Então, o que aconteceu com esses caras?”“Ao longo de décadas, heróis de coração nobre e grande coragem, os caçaram” respondeuÉrebus, mexendo-se gravemente em seu quadro “muitos cavaleiros morreram ao tentar,mas, um a um, os comensais da morte foram erradicados, com a cabeça cortada de seusombros e enterrada, enquanto seus corpos eram queimados até serem reduzidos a pó. Nofim restou apenas uma mulher, uma mulher chamada Prosérpine. Ela foi no fim encurraladaem sua cidadela secreta, no fundo de uma floresta selvagem, lá, ao invés de se entregar aseus perseguidores, ela tirou a própria vida, deixando sua própria cabeça cortada sorrindoaos pés da porta, seus olhos ainda brilhando com a malevolência mortal. Seu corpo, dizemas lendas, nunca foi encontrado.”Ralf estremeceu “Oláaa pesadelos”, ele guinchou.“Mas, e o corpo do unicórnio?” perguntou Wentworth, balançando a cabeça. “Eles nãotentaram preservá-lo de alguma forma?”335Érebus levemente zombou “Os Comensais da Morte não cuidam de preservar os cadáveresde suas vítimas; no entanto, segundo a lenda, os exploradores conseguiram encontrar oesqueleto da pobre criatura, completo, com seu chifre mágico. Em vez de enterrá-lo outrazê-lo consigo, eles decidiram deixá-lo como um memorial, escondido dentro de uma capade invisibilidade, descansando em paz. Eles decidiram trazer uma coisa consigo, comoprova de sua descoberta: uma ferradura de prata, que afirmaram que estava no cascodireito dianteiro do animal, brilhante e não deteriorada. Durante séculos a ferradura foi umsímbolo de humildade e regresso, guardada por um conselho de cavaleiros, cuja única

função era observar o aparecimento de quaisquer delegados da dimensão além. Se algumdelegado aparecesse, a ferradura deveria ser devolvida, como uma homenagem e pedido dedesculpas, humilde e insuficiente contra o crime que foi cometido contra o seu povo.”“Uau” disse Zane suavemente, perguntando em tom sombrio “Então esses cavaleiros aindaestão lá fora, em algum lugar, guardando a ferradura e vigiando a chegada de alguém deoutra dimensão?”“Ai de mim, não” suspirou Érebus “Minha família foi a última dessa ordem, e eu fui o últimode minha família. Vim para esta nova terra na esperança de encontrar um esconderijopermanente para a relíquia. Como resultado, a ferradura foi concedida a esta escola, umarelíquia de família e um dever sagrado. Infelizmente seu significado, que tinha sidotamanho, veio a se perder totalmente. Por anos ela foi guardada no topo da Torre de Arte,bem guardada, porém esquecida. Agora suspeito que ninguém mais se lembre que elaesteve sempre ali.”“Por quê?” perguntou James, piscando de repente “O que aconteceu com ela, onde estáagora?”Érebus riu tristemente “Isso, como se dizia no meu tempo, era a milionésima questão deDrummel. Parece que em algum momento depois da minha morte, a ferradura foi tomadaemprestada do museu, e nunca retornou. Obviamente não sei muito sobre os detalhes – nósretratos temos muita dificuldade de absorver o que acontece depois de nossas própriasmortes – mas eu acredito que a ferradura entrou para o acervo particular da biblioteca deum colecionador de confiança. Suponho que eu deveria ter me ocupado mais dele, já que euera o último de uma longa linhagem daqueles cujo dever era proteger a relíquia. Mas, comoeu disse, a morte oferece uma perspectiva própria, uma faceta dela e que se tornaextremamente fácil não dar a mínima. Só espero que a ferradura tenha sido bem cuidada.Ou no mínimo que tenha sido lançada em um poço muito, muito profundo.”Os olhos de James se arregalaram enquanto ouvia. Silenciosamente ele olhou para Ralf eZane, ambos lhe deram um olhar de compreensão, sem palavras.

336“O que foi?” disse Wentworth “vocês três parecem que receberam um feitiço deCongelamento Encantado na cueca.”“Vocês estão pensando o que eu estou pensando?” perguntou James devagar.Zane assentiu “Eu estou pensando que sei quem é o patrono misterioso que ‘pegouemprestada’ a velha ferradura da sorte.”“Mas como é que Magnussen teria calculado tudo isto?” Perguntou Ralf “Temos o retratopara explicar tudo, mas Magnussen não recebeu nada dele aparentemente”“Magnussem não precisaria de ninguém para explicar!” sussurrou James, vibrando comentusiasmo “Lembram do que Franklin nos disse? Magnussen era um cara que adoravahistórias, e provavelmente já leu tudo sobre A Balada do Cavaleiro!”Zane assentiu “Então, mais tarde, quando ele ficou rondando pelo castelo, ele consultouessas tapeçarias e começou a juntar tudo. Ele ligou as tapeçarias com a ferradura de pratana Torre de Arte e bum! Ele tem a chave dimensional, com a qual sonhou todo tempo!”“Uau” Ralf riu um pouco, nervosamente. “Então o enigma estava certo, afinal. A verdadeandou pelos corredores do Castelo de Erebus, bem aqui. A verdade era Magnussem e astapeçarias juntos!”Houve uma longa pausa significativa, em que os três meninos olharam atentamente uns aosoutros, extraindo a gravidade do que acabavam de descobrir. Finalmente, Wentworth falou,quebrando o silêncio.“Bem, tudo isto é maravilhoso”, ele suspirou, virando os olhos e puxando James pelocotovelo. “Eu não sei o que nada disso significa ou porque eu deveria me importar, mascoragem para vocês três. Agora, posso por acaso voltar e terminar meu almoço?”337Capítulo 18A CHAVE DIMENSIONALOs primeiros sinais da primavera no campus de Alma Aleron eram marcados poruma série de dias de muito vento. O vento morno derretia o que ainda restava de neve eentão secava os gramados, então até a semana anterior ao dia dos namorados, grupos de

estudantes podiam ser vistos praticando skrim ou jogando Engate nos jardins, pela alamedae canteiros vazios. Após algumas semanas de dias cinzentos, o sol finalmente apareceu portrás de nuvens teimosas, banhando o prédio da administração com feixes de luz dourada.Nos dias após a revelação das tapeçarias do Castelo Erebus, James, Ralf, e Zanecomeçaram a planejar o próximo passo de sua aventura, que seria em como fazer a viagemno tempo da escola até a data da fuga do professor Magnussen e seguí-lo até pelo Timelock,até a Filadélfia Trouxa. Então, eles pretendiam roubar a chave dimensional – a ferraduraprateada do unicórnio – do professor vilão antes que ele pudesse sumir para sempreatravés da Cortina de Nexus.“Se tivermos sorte”, sussurrou Zane um dia na aula de Mecânica de Relógios,enquanto o professor Cloverhoof ajudava outro estudante com seu relógio cuco mágico,“nós vamos conseguir a ferradura E ver onde está a Cortina de Nexus ao mesmo tempo”.James balançou repentinamente para trás enquanto seu próprio relógio cuco pulavapelas pequenas portas do quase acabado relógio. O pássaro se estendia numa complicada338sanfona de suportes de madeira, começou a recolher de volta, e então balançou a umaparada rangendo, balançando para trás e para frente sobre o ombro de James“Não tem cera de abelha suficiente nas juntas”, o pássaro trinou irritado. “E suasmedidas estão por todo lado”.“Calado, pássaro”, disse James irritado, tentando forçá-lo a entrar de volta nocompartimento do relógio. Virou-se para Zane e sussurrou: “Você quer dizer que se apenasseguirmos Magnussen, sem sermos vistos, podemos esperar que ele nos leve até a Cortinado Nexo e então tentar roubar a ferradura do unicórnio antes que ele realmente a use?”“Parece simples demais”, admitiu Ralf.“É”, seu próprio pássaro cuco cantou de onde ele estava na mesa próxima, rodeadopor várias engrenagens, ferramentas e mecanismos de madeira. “E educação não parece sero forte de vocês”.“Calado, pássaro!!”, os três garotos disseram ao mesmo tempo.

Para confirmar a informação, James sugeriu que eles fossem ao museu no topo daTorre da Arte para aprender o que eles pudessem sobre a ferradura do unicórnio. Noperíodo livre, quarta de manhã, subiram as centenas de degraus até o topo da Torre eficaram algum tempo admirando os corredores do museu, procurando por qualquerinformação sobre a, aparentemente, desaparecida ferradura do unicórnio. Infelizmente acuradora não estava em sua mesa e uma olhada rápida não revelou nenhuma misteriosacapa oca ou espaço vazio entre os livros onde a ferradura poderia estar originalmente.“Parece que se foi há muito tempo”, Zane insistiu, chateado. “O retrato disse que nemsabem a importância dessa coisa, lembram? E até onde a curadora sabe, era somente umaferradura prateada da coleção da família do Érebus. Uma antiguidade, mas ainda assim, sóuma ferradura. Uma vez perdida, eles provavelmente fecharam a moldura com uma novacoleção de escaravelhos dourados. Vamos voltar e olhar de novo, agora que lembrei disso.Ainda tenho algumas moedas de cobre e eles gostam de comer”.“Precisamos ter certeza”, James disse. “O próprio Érebus disse que ficava bemconfuso sobre qualquer coisa que aconteceu depois da sua morte. Quero ter certeza de quea ferradura esteve aqui e que desapareceu na época de Magnussen. Esperem...”“Quê?” Ralf perguntou a James puxando-o repentinamente para um lado do corredor.“Você está vendo algo?”“São apenas mais retratos!”, disse Zane. “Você está querendo juntar uma conversaauto-criada de uma pintura com outra?”“Se suas histórias coincidirem, então, sim” respondeu James. “Além disso, ouvi queum desses caras ficou conhecido por nunca mentir”.“Uma frase que perdeu seu contexto”, choramingou um dos retratos. “Na verdade, foidita diretamente à Sra. Washington, por conta de uma fatia de torta de maçã desaparecida.E, devo acrescentar, a intenção era ser sarcástico”.“George Washington?” perguntou Ralf, espreitando o enorme retrato na parede docorredor. “O que ele saberia sobre uma ferradura mágica de unicórnio?”339

“Nada com uma atitude como essa, rapaz ", respondeu Washington, visivelmenteofendido. “Estive observando vocês três caminhando pelo museu. Não imagino porqueainda não perguntaram a nenhum de nós, retratos, sobre o que quer que estejamprocurando, especialmente agora que a curadora não se encontra. Não que sua ausênciaseja de todo incomum”.“Com certeza”, concordou outro retrato. James olhou para cima e viu a pintura de umhomem de rosto um pouco redondo com tufos de cabelo cinza saltando dos lados da suacabeça. ‘John Adams’, dizia a placa ao pé do retrato. “Nossa digníssima curadora gastamuito do seu tempo como vigia noturno da Virgínia”.“Comentários desse tipo me ofendem”, comentou um retrato pendurado maisadiante no corredor.“Nós sabemos, Thomas”, disse Washington rolando os olhos. “É por isso que Adamsinsiste neles. Ele vem tentando te pegar por séculos. Não consigo entender porque vocêcontinua facilitando tanto para ele”.“Como atirar peixes num barril”, zombou Adams, sorrindo.“Alguns preferem concursos mais esportivos” disse o retrato mais adiante nocorredor. James inclinou-se para o lado e leu o nome: ‘Thomas Jefferson’. “Nós Virginianosprocuramos ter por hobby desafios melhores que meros insultos coloquiais”.“Note bem, John”, Washington explicou, “que eu também era um Virginiano”.“Sim, mas você pode entender como quiser, George”, respondeu Adams jovialmente“Afinal, você tem senso de humor”.“Espere um minuto”, interrompeu Ralf. “George Washington. Você é o cara queinventou a manteiga de amendoim, não é?”“Ãham”, tossiu levemente outra voz. “Você está pensando em George WashingtonCarver, meu jovem. Um engano bastante comum, eu presumo”.“Oh”, disse Ralf, corando enquanto olhava para o retrato de um homem elegante depele negra e cabelos grisalhos. “Ãããããmm... desculpe, Sr. Carver.”“Não foi nada”, disse o retrato sorrindo. “Apesar de não espalhar, se me desculpa apiada, inventei mais de quatrocentos usos para o amendoim comum. Sendo principalmentelembrado por criar o lanche, que tende a ser o tipo de legado matador”.

Ralf concordou. “Eu vou, hmmm, tentar lembrar disso, senhor”.“Então”, disse Adams, recostando-se em sua cadeira na pintura, “o que podemosfazer por vocês, gentis cavalheiros?”Zane deu um passo à frente. “Certo”, disse, olhando os retratos a sua volta,“Procuramos por informação sobre algo que possa ter estado aqui no museu há muitotempo. Alguém de vocês lembra de uma ferradura prateada?”“Ferradura prateada”, Washington ponderou cuidadosamente. "Toca uma campainhamuito fraca, ouso dizer, embora a própria idéia pareça um pouco inviável".340“Talvez vocês queiram perguntar a srta. Sacajawea”, sugeriu Jefferson, “Ela tem amelhor vista de todo o resto do museu, estando no fim, perto da entrada”.James caminhou pela longa linha de retratos até chegar a uma enorme pintura deuma nativa norte-americana, alta, vestindo uma túnica colorida e com franjas. Seus cabeloscompridos e negros caíam sobre um dos ombros, brilhando na luz do pôr do sol na floresta.“Mmm”, começou James, “olá, srta. O sr. Jefferson disse que você poderia saber algosobre uma velha ferradura que costumava ficar aqui no museu. Você lembra de algo assim?”A mulher no retrato não se moveu por vários segundos. Finalmente, suas pálpebrastremeram levemente, como se ela estivesse acordando de algum tipo de sono. Ela olhourápida e solenemente para James e então apontou com a cabeça a entrada do corredor logoatrás dele. “O talismã do monte Rider”, disse calmamente. “Eu lembro. A voz dele uma vezcantou no corredor atrás de você, de seu lugar perto da janela”.Zane franziu as sobrancelhas. “Ãmmm, acho que não estamos falando da mesmacoisa”, disse respeitosamente. “Estou falando sobre uma ferradura prateada. Sabe... não é otipo de coisa que normalmente ‘canta’”.“Não era uma relíquia comum”, disse o retrato, havia tristeza em sua voz. “Sua casanão era neste mundo e a pata a que pertencia, não era de um animal qualquer. Sua voz eraminúscula, quase feita para o silêncio, mas tamanho era o encantamento de sua origem queainda se fala sobre sua triste lenda, mesmo depois de tantas estações passadas. Eu sozinha

ouvi sua música e marquei sua passagem”.Temeroso James perguntou, “A srta lembra o que aconteceu com a ferradura?”Sacajawea concordou lentamente. “Foi levada pelo homem com a bengala de aço”,ela disse. “Ele enfeitiçou a mulher que era curadora naquela época, fazendo ela acreditarque ela tinha ganhado privilégios especiais. Ela o ajudou a destrancar o estojo do talismã.Quando o homem tocou o talismã, ele cantou, fraco como era, e finalmente parou. O homemlevou o talismã, e está desaparecido desde então”.“O homem com a bengala de aço”, sussurrou Zane, James concordou: “Magnussen?”James respondeu, “Quem mais poderia ser?”“Ignatius Magnussen,” ecoou a voz de Jefferson pelo corredor. “Eu lembro dele — ede sua bengala”.James olhou para trás. “Você também o viu?”“Ele não é o tipo de homem fácil de esquecer”, respondeu Jefferson. “Seu rostoparecia esculpido em granito e a língua como uma espada de fio duplo”.“Nós o observamos com seus alunos, na ocasião” acrescentou Washington. “Thomasestá certo. O professor Magnussen tinha um jeito cruel que era quase uma forma de arte.Conheci homens como ele no meu tempo, homens cujas palavras podem tanto construir asmais fortes convicções ou fazer os mais profundos cortes”.“E sua bengala de aço, devo dizer”, começou o retrato de George Washington Carver,“não era uma bengala comum. Seu poder estava oculto, mas não era secreto. Onde os outros341parecem contar com varinhas mágicas, o professor Magnussen empunhava sua horrívelbengala, e foi reverenciado com muito medo".“Eu lembro de ver essa bengala”, lembrou James. “na visão no desgravador. Estavaencostada numa mesa, bem perto dele. A cabeça da bengala era um tipo de falcão ougárgula”.“Realmente, era companhia constante do homem”, concordou o retrato de Adams.“Alegrem-se, senhores, porque os dias dele se foram e vocês não precisam sentar sob seuolhar gélido”.“É”, disse Ralf enquanto eles voltavam pelo corredor, para saída. “Vivas para nós”.

Era véspera do dia dos namorados quando os três garotos finalmente estavamprontos para fazer a viagem no tempo em perseguição do infame Professor Magnussen.Descobrir a data que o professor desapareceu foi a parte mais fácil, afinal, coincidia com oincêndio que destruiu sua casa. Descobrir como fazer o Salgueiro Torto os levar para a dataexata, entretanto, provou ser um pouco mais difícil. No fim, Zane chamou seus amigosZumbis, incluindo Warrington, para ajudar a escrever o verso apropriado que iria, com umpouco de sorte, mandá-los de volta a noite de oito de outubro de 1859.O dia do começo da aventura foi extremamente lento. James achou difícil prestaratenção na aula de Magizoologia de Geórgia Burke, ainda que estivessem estudandoVelocípedes vivos, que requerem constante observação e reflexos extremamente rápidos.Na metade da aula, James estava curvado sobre um dos insetos gigantes de cem patas e,como resultado, a criatura tinha se contorcido alegremente em sua volta num vigorosoabraço, lambendo-lhe o rosto várias vezes com a sua longa língua pegajosa.“Você ficará bem”, disse o professor Burke saindo da poça de lama. “Na verdade, elessão como grandes filhotes. Apenas relaxe e ela vai se entediar de você em um minuto. Nãohá motivo para tentar libertar-se, confie em mim".James caiu para trás e examinou com os olhos semi-serrados enquanto o velocípederespirava animadamente em seu rosto, sua língua como um chicote de borracha emminiatura.Assim que as aulas da tarde terminaram, James teve que correr pelo campus para oestádio Pepperpock Down mastigando um sanduíche pelo caminho e arrastando suaEngates. O jogo da tarde era contra casa dos Duendes e, surpreendentemente, o time PéGrande dependia do resultado do jogo contra os Duendes. Francamente, James estava muitopreocupado com a aventura da noite que se aproximava para se preocupar muito com ojogo, mas o resto do time Pé Grande vinha estado descontroladamente animado com suarecente vitória sobre o time Vampiro. Como resultado, eles entraram no jogo daquela tarde

com uma determinação implacável, que foi, apesar da distração de James, muito inspirador.342Não foi muito surpreendente quando os Pé Grandes prevaleceram durante todo o jogo eterminaram com uma vitória muito magra, mas emocionante e empolgada sobre osDuendes. As arquibancadas lotadas rugiram ruidosamente quando soou o apito final, Jamespercebeu com algum grau de surpresa que o time Pé Grande tinha ido de depreciáveisperdedores para admiráveis oprimidos. Toda a escola (com a óbvia exceção de qualquercasa que jogasse contra eles), de repente parecia estar torcendo por eles, como se fossemuma novidade.Deixando de lado sua Engates e se encaminhando para o Salão de Administraçãopara jantar, James encontrou com Zane e Ralf. Foi só no caminho para a lanchonete queJames lembrou que era a noite do baile do Dia dos Namorados. Corações de papel e cupidosvoavam pelo teto dos salões, atacando ocasionalmente estudantes desavisados eperseguindo-os, produzindo súbitas explosões de gargalhadas e gritos felizes.“O que é tudo isto?” perguntou James a uma garota que passou, rindo e espantandoum cupido de papel que voava ao redor de sua cabeça.“É o dia dos namorados”, Zane deu de ombros, “Você não tem dia dos namorados emHoggies?”“Sim...”, concordou Ralf, “Acho que sim. Mas é bem menos... ãhn... ‘gritante’.Zane revirou os olhos enquanto adentrava na lanchonete. "É realmente simples. Seum dos cupidos ou corações pousar em você, você tem que encontrar uma garota que temcorações ou cupidos preso nela. Vocês se beijam e em seguida, os cupidos e coraçõesdeixam você ir”.“Ah”, disse Ralf desconfortável. “Talvez nós devêssemos jantar na Mansão Apolo”.“Anime-se, Ralf," James sorriu, empurrando o garoto maior. "Se você jogar as cartascertas, você pode ganhar um beijo da Jazmine".Ralf se encolheu com o rosto avermelhado. "Você acha? Não. Isso é ..." Ele parouenquanto uma idéia começou a enraizar-se em sua mente. Seus olhos começaram a

procurar ao redor da sala, observando os símbolos de papel esvoaçando."É uma questão de tempo", Zane assentiu, abraçando os ombros de Ralf. "Mantenhasua cabeça baixa até que um deles prenda Jazmine. Então você aparece. Óbvio, mas nãomuito óbvio, sabe? Esses cupidos podem farejar um oportunista, então você tem que jogarcom calma”.James parou de ouvir, enquanto enchia a bandeja. Meio minuto depois, os trêsmeninos encontraram um assento em uma das longas mesas lotadas. A lanchonete zumbiacom o barulho do pós-Engrenagem e da multidão pré-baile, criando uma atmosfera deexcitação que quase vibrava nas paredes."Está tudo pronto para hoje à noite?" Zane perguntou a James enquanto comia umsanduíche de queijo grelhado."Acho que sim," James deu de ombros. "Estive repassando isso o dia todo. Quantomais cedo conseguirmos acabar com isso, melhor”.343“Eu saí para ver o velho Straidthwait no cemitério de novo", disse Zane calmamente."Só para ter certeza de que tinha ouvido tudo certo. Ele disse que viu Magnussen sair porvolta das oito horas na noite do incêndio. Se fizermos certo, vamos chegar ao portão cercade meia hora antes dele. Então, nos escondemos e vamos seguí-lo quando ele aparecer”.“E o Flintlock?” perguntou James repentinamente. "Ele não vai perceber que nãosomos estudantes daquela época? E se ele pensar que nós somos intrusos ou algo assim?"."O engraçado sobre trolls de pedra", Zane sorriu, tocando seu nariz. "Eles nãohabitam o tempo da mesma forma que nós. Você sabia que quando eles nascem, na verdade,a idade deles avança para trás? Eles ficam mais jovens, enquanto o tempo passa! É verdade.Rosa pesquisou para mim na biblioteca de Hogwarts. Ela é como o nosso própriodepartamento de investigação, sabe?“O que você quer dizer com a idade avança para trás?" James franziu a testa. "Vocêquer dizer que Flintlock é mais jovem agora do que quando ele veio pela primeira vez aAmérica centenas de anos atrás?”Zane deu de ombros e balançou a cabeça. "É difícil dizer. Um monte de trolls tenta

aprender a idade para frente no tempo como nós, especialmente se eles vivem e trabalhamcom humanos. ‘Quando em Roma’, sabe? O ponto é que a compreensão de Flintlock sobre otempo é muito incerto. Mesmo em 1859, ele tem algum tipo de lembrança de nós da épocade hoje”.“Totalmente bizarro”, disse Ralf com a boca cheia de gelatina."É", concordou Zane. "Mas o resultado é que, mesmo se ele, eventualmente, perceberque não deveríamos estar naquela época, nós provavelmente já teremos ido há muitotempo, perseguindo velho o Iggy Magnussen”.James respirou para responder quando algo vibrou freneticamente em sua orelha,assustando-o. "O que é isso!?” Gritou, batendo na lateral da cabeça. "Tira isso daqui!!”.“Acalme-se” riu Zane. “É um cupido vermelho. Você foi marcado, James. Melhorprocurar alguém para beijar”.James parou. O cupido de papel atirou uma corrente de papel vermelho e rosa emvolta de seu pescoço e segurou firme.“O quê?!" exclamou James, tentando olhar a figura em seu ombro. "De jeito nenhum.Eu não tenho uma namorada ou algo assim”.“Exatamente”, insistiu Zane, empurrando-o para cima da mesa. "É assim que vocêconsegue uma namorada".O rosto de James ficou vermelho. "Mas eu não preciso de qualquer ajuda nessa área!"Ralf deu de ombros e sorriu. "O Cupido discorda.""O que acontece se eu rasgá-lo de mim?".344Zane balançou a cabeça em advertência. "Você não pode quebrar o encanto dessa forma,cara. Eles podem ser de papel, mas eles são teimosos. Em cinco minutos, ele vai começara puxar seu cabelo um fio de cada vez. Depois disso, as coisas vão ficar feias”.James balançou a cabeça irritado e constrangido, permitindo que Zane fizesse elesentar outra vez. Olhando ao redor da sala, ele viu várias meninas com corações rosa ecupidos diversos agarrados aos seus cabelos, colares e pescoços. Ele imediatamente desviouo olhar delas, recusando-se a fazer contato visual."Ohh", incentivou Zane. "Julie Margoliss tem um coração rosa! Ela é uma veterana!Ela poderia te ensinar uma coisa ou duas sobre beijar. Vai lá!"

"Não!" James assobiou. Ele saiu do meio das mesas, mantendo os olhos baixos. Elepuxou o cupido, mas ele só renovou o seu controle sobre a cadeia de papel em volta dopescoço. “Vamos ver o quanto você gostaria de um pouco de água quente na sua corrente,seu diabinho”, alertou, indo em direção ao vestiário de cabeça baixa. "Tente me agarrarenquanto estiver encharcado como um – “Ele parou repentinamente quando bateu em alguém, quase derrubando os dois nochão."James!" uma voz de menina disse, surpresa, e James gemeu interiormente."Er, oi Lu", disse ele, o rosto mais ainda mais corado, do rosa ao vermelho tijolo."Desculpe. Não te vi""Nem eu", admitiu ela, olhando para longe e puxando seu ombro. Um coraçãovermelho estava preso lá, aparentemente por algum tipo de magnetismo mágico. "Eu estavaa caminho de, ãmmm ..."James viu o olhar miseravelmente envergonhado na cara de sua prima, viu os olhos eque ela se recusou a olhar para ele.“Ei Lu", disse ele calmamente, e ela finalmente olhou para ele. Ele tomou fôlego econtinuou. "Desculpe o outro dia. Foi totalmente idiota. Eu deveria ter perguntadodiretamente sobre o que eu precisava. Você pode me perdoar?”.Ela estudou seus olhos por um instante e depois relaxou. "Te perdoei naquela mesmanoite", admitiu timidamente. "Eu não consigo ficar chateada com você, não importa oquanto eu queira. E eu realmente queria”.James olhou ao redor para se certificar de que ninguém estava prestando atenção e,em seguida, chegou mais perto da menina. "Eu não estava tentando te enganar quando pedipara ir ao baile do Halloween comigo, Lu", disse ele sinceramente. "Eu te convidei porqueeu sabia que eu ia me divertir com você, e eu me diverti. Você se divertiu também, né? Eunão queria que ficasse... er ... confuso”.Lucy sacudiu a cabeça e baixou os olhos. "Não diga mais nada, James. Eu já estoumortificada. Apenas me deixe escapar para o banheiro das meninas e ver se consigoensopar esse coração estúpido fora de mim”.

James sorriu timidamente. "Eu estava indo fazer a mesma coisa", admitiu. "Querodizer, não no banheiro das meninas, é claro. Eu estava indo para... hmm..." Ele fez uma345pausa, olhando para ela como uma idéia completamente inesperada para ele.Provavelmente era estupidez, mas de repente isso não parece importar muito."Ãhmm..." começou, e ela olhou para ele. Seus olhos estavam enormes e muitoescuros, cautelosamente curiosos. "Ahmm..." disse outra vez, e engoliu em seco. "Quer dizer,eu sei que nós somos primos e tudo, mas não somos realmente de sangue ou qualquer coisaassim. Poderíamos talvez apenas...”Mas, de repente Lucy foi empurrada por uma massa de estudantes, que gritavam eriam."Você perdeu sua chance com esta Vampirinha, Potter", Gobbins sorriu, abraçando oombro de Lucy. “Dormiu no ponto, perdeu!!”Com um rápido beijo desajeitado, ele beijou Lucy no canto da boca. Imediatamente, ocoração de papel voou do seu ombro e disparou para a lanchonete. Lucy tocou no canto daboca, ao mesmo tempo irritada e divertida."Feliz dia dos Namorados, Lucy!" disse Gobbins sorrindo enquanto se afastava. Lucycorou e sorriu, um pouco confusa.James suspirou profundamente, seu rosto queimando. "É", ele concordousombriamente. "Feliz Dia dos Namorados".Antes de Lucy pudesse responder, ele abaixou-se no banheiro dos meninos, puxandoo cupido que ainda se agarrava ao seu pescoço."Eu disse que você não pode simplesmente rasga-lo", murmurou Zane algumas horasdepois, enquanto os três rapazes caminhavam através da escuridão em direção ao SalgueiroTorto."Nem me lembre!" respondeu James. "Vamos esquecer que isso tudo aconteceu, tudobem?""Foi bom que a Mãe Newt viu você no corredor e sabia como chamar um coração depapel para ela", Zane disse, concordando com a cabeça. "Caso contrário, vocêprovavelmente estaria careca agora. Então, ela beija bem?”James ficou quieto.

"Ouvi dizer que ela era bem bonita há alguns anos”, disse Ralf.Zane pensou, “Há muuuuuitos anos, talvez”.“Vocês querem calar a boca??" James exclamou com um “shhh” alto. "Nós estamosquase lá. Você tem a nota?".“Bem aqui", disse Zane, tirando um pedaço de pergaminho dobrado do bolso. "Estáaqui, esperando para funcionar”.346Silenciosamente, os meninos rastejaram por baixo dos cipós do Salgueiro Torto. Asua volta, o campus estava escuro e silencioso, iluminado por uma lua enorme e algumasestrelas brilhantes."Eu acho que você deveria lê-lo primeiro", disse Ralf, cutucando Zane. "E, em seguida,soltá-lo no buraco do tronco”.“Eu sei, eu sei”, resmungou Zane. “Ta bem, aqui vai”.O menino loiro abriu o bilhete e olhou para ele na penumbra da lua. Ele tomou fôlegoe leu em voz alta: “Salgueiro Tecedor, leve nós três... para uma data bem cortês... no séculodezenove ... oito de outubro de cinqüenta e nove."Revirando os olhos, Zane amassou o bilhete e jogou dentro do buraco no tronco doSalgueiro."Bem cortês???" Ralf perguntava de novo e de novo."Ei, tente encontrar uma rima para três", respondeu Zane. "Vejamos como você sesai”.“Você acha que vai funcionar?” perguntou James, olhando em volta.Como em resposta, os galhos da Árvore começaram a balançar e sussurrar.Lentamente, as estrelas além da copa da árvore começaram a mover-se como pontospintados em uma monstruosa e preta cúpula.“Nós estamos indo a algum lugar, pelo menos", disse Zane. "Vamos esperar que nóstenhamos feito tudo certo e não acabemos na Idade da Pedra ou algo assim”.“Você está brincando, certo?” perguntou Ralf muito nervoso. Nem Zane nem Jamesresponderam.Acompanhado pelo movimento silencioso dos galhos do Salgueiro, o tempo começoua se desfazer por toda a volta. A noite rastejou para trás, transformando-se em dia apenaspara ser seguido rapidamente pela noite, mais uma vez. O sol e a lua perseguiam um ao

outro cada vez mais rápido pelo céu, tornando-se linhas como o dia se tornou um borrãocintilante. O inverno chegou e saiu de novo e, em seguida, as folhas surgiram para asárvores ao redor, mudando de laranja outono para um vibrante verde verão. Estaçõesmisturaram-se como anos se aceleraram em décadas, em espiral constantemente para trás.Por último, os ramos de cipó do Salgueiro Torto começaram a relaxar. O barulho das folhasse acalmou para um sussurro enquanto o sol voltou a ser uma esfera individual de novo,caindo no horizonte, transformando o dia em uma noite fria. A Lua rastejou ao alto do céu,na forma de uma fina foice agora, e parou.“Bem”, disse Zane, sussurrando sem querer, “aqui estamos. Espero”.“Como sabemos em que ano estamos?” perguntou James enquanto eles seesgueiravam por baixo da árvore até o quintal murado que formava a entrada da FiladélfiaTrouxa. "Apenas esperamos e torcemos ter acertado?"Ralf concordou. “Eu não acho que temos muitas opções. Você tem certeza sobre o feitiçoque nos leva de volta a escola?”.347"Esse é fácil", Zane sussurrou. "Eu ouvi umas mil vezes e nunca muda muito,contanto que você saiba o prazo que a Aleron ocupa em um determinado dia. Warringtontrabalhou nisso comigo, então isso não é problema”."Shh!" James murmurou de repente, empurrando Ralf e Zane atrás dele. Ele balançoua cabeça em direção ao portão e sussurrou: "Olhem!".Os meninos olharam e viram a forma de Flintlock. Ele estava em sua forma dedescanso, parecendo nada mais do que um monte de grandes pedras cheias de musgo pertodo portão fechado. Enquanto observavam, um barulho de cascos sobre pedras pôde serouvido além do portão. Uma sombra passou por sobre a rua, seguida pelo barulho de rodas.“Bem”, sussurrou Ralf, “cavalos e carruagens. É um bom sinal, eu acho”.James concordou. Juntos, os três rapazes agacharam-se nos arbustos para perto docanto mais escondido do quintal.Enquanto esperavam, os sons da cidade dos trouxas encheu o pequeno quintal,ecoando nas paredes de pedra. James ouviu vozes indistintas e risos, e mais distante o fole

dos homens trabalhando, provavelmente perto do rio. Batidas e apitos marcaram apassagem de navios no rio escuro. A brisa fresca trazia o cheiro de fumo, esterco de cavalo epeixe podre. Depois de alguns minutos, um sino começou a soar a hora, soando claramentena escuridão. Sinos repicaram oito vezes, diminuindo lentamente até o silêncio.“A qualquer momento agora”, sussurrou Zane, olhando o Salgueiro Tortocuidadosamente.“Espero que ele venha rápido" disse Ralf calmamente. "Meu traseiro está dormente".Mais alguns minutos se arrastaram, cada um parecendo uma hora. James começou ase preocupar que eles tivessem, de alguma maneira, perdido a data-alvo. Ele abriu a bocapara dizer isso, quando a árvore começou a farfalhar levemente na frente deles.“É agora”, Zane se preparou, olhos arregalados em antecipação. "Fiquem abaixadospara que ele não nos veja!"James se escondeu nos arbustos, esperando que a escuridão e a abundância fossemsuficientes para ocultá-los. Logo, o movimento da árvore aumentou, escondendo o espaçoabaixo dela. James prendeu a respiração, observando. Com um arrepio e uma espécie desuspiro, os galhos relaxaram, e uma figura saiu de debaixo do salgueiro.Não havia dúvida de quem era. Mesmo no escuro, a figura de cabelos grisalhos curtose as características de Inácio Magnussen eram claramente visíveis. Além disso, para dissiparqualquer dúvida, o homem bateu no chão com sua bengala e James viu o luar brilhando nocabo de aço em seu punho."Desperta, meu amigo", Magnussen anunciou em seu inconfundível sotaquebritânico, falando com Flintlock. "Eu tenho uma última tarefa para realizar esta noite, eentão você não vai me ver mais."Lentamente Flintlock se mexeu, seus movimentos, como um deslizamento de terraem miniatura em sentido inverso. "Professor", disse o troll, espiando o homem diante dele,348"receio que eu não possa permitir que você passe. Tenho ordens diretas do própriochanceler Franklyn”.

Magnussen abaixou a cabeça e avançou de forma amigável. "Tenho certeza disso,meu amigo", disse ele. "Mas veja bem..."Com isso, Magnussen levantou o bastão, segurando o cabo de aço no alto, quase aonível dos olhos do troll. Um clarão verde iluminou o rosto dele, cintilando nos olhos dediamante de Flintlock, que parou de se mover."Abra o portão", Magnussen ordenou, e toda a simpatia havia sumido de sua voz. "Oueu vou destruir você e faze-lo voltar para as entranhas da terra, como um milhão de pedrassem a mínima memória do que você já foi um dia”.Desajeitadamente, quase como se ele estivesse sendo operado por um descuidadomestre de marionete, Flintlock chegou ao portão. Ele arrancou a grade com um movimentorápido, arrancando as videiras que haviam crescido ali."Obrigado, meu amigo", Magnussen disse facilmente, baixando a bengala. Com ummovimento de seu manto, ele caminhou através da entrada e desapareceu na escura ruaalém."Isso foi uma maldição Imperius", Zane respirava preocupado. "Ele ImperiouFlintlock!""Vamos!" James sussurrou, lutando para seus pés se moverem."Mas e Flintlock?" Ralf perguntou. "E se ele tentar nos parar?"Zane aproximou-se do grande troll de pedra com cuidado e, em seguida, tocou seujoelho. "Eu não acho que ele vai perceber algo por algum tempo", disse com umestremecimento.James olhou para o troll enquanto passava. Os olhos de Flintlock encaravam o nada,cintilando à luz do luar. Mais do que qualquer coisa, ele parecia uma máquina que tinha sidotemporariamente desligada."Vamos", assentiu Zane. "Mags foi para a direita. Temos de nos apressar ou vamosperde-lo de vista".Com um renovado sentido de urgência, os três rapazes correram pelo portão abertopara as ruas do século XIX na Filadélfia trouxa.Aos olhos de James, a Filadelfia trouxa não pareceu muito diferente apesar damudança de aproximadamente dois séculos.As ruas eram estreitas e mais calçadas do que pavimentadas e as calçadas eram

feitas de lajes irregulares de pedra, inclinando-se um pouco para a parte revestida de tijolo.Havia candeeiros cintilando com chamas de gás em vez de incandescência brilhante das349luzes modernas. As casas a beira das ruas, no entanto, parecia quase inalterada, além dafalta de televisores piscando atrás das janelas. Ocasionalmente, uma carruagem preta ou umtáxi passavam carregados por grandes cavalos, os olhos escondidos atrás de viseiras negras,os seus arreios rangendo e batendo."Seria muito mais fácil se houvesse mais pessoas na rua”, Ralf sussurrou enquantoseguiam Magnussen. "Se ele olhar para trás, vai nos ver imediatamente".“Apenas caminhe casualmente”, murmurou Zane, “e mantenha-se nas sombras”.Magnussen caminhava rapidamente, sua capa estendida para trás, como asas demorcego na brisa fria. Ocasionalmente, os três rapazes tinham que apertar o passo paramantê-lo em vista enquanto ele ziguezagueava pelas ruas estreitas. Obviamente, Magnussensabia exatamente onde estava indo, e não poupava tempo para chegar lá. Logo, os rapazesseguiram o grande homem por um bairro de casas muito maiores, mais cercadas por murosde pedra e portões de ferro forjado. Os postes de iluminação a gás eram mais proeminentesaqui e as janelas das casas brilhavam intensamente, tornando mais difícil para os trêsrapazes se esconderem nas sombras. Magnussen não olhou para trás nem uma única vez,nem mesmo quando se virou bruscamente e desceu em um beco estreito."Estamos indo em direção ao rio", sussurrou Zane enquanto se escondia no beco."Lado-errado-dos-trilhos-da-cidade”."O que isso significa?" perguntou Ralf. "Eu não vi nenhum trilho"."Significa manter o olho aberto, Ralfinator", disse Zane ameaçador. "Esta área ébastante decadente em nossos dias. Eu não espero que seja muito melhor nesta época.Cuide da sua retaguarda”.Felizmente, foi muito mais fácil para os rapazes seguirem Magnussen aqui, pois asruas eram muito estreitas e cheias de carrinhos e carroças, até mesmo pilhas irregulares de

caixas e barris, e carruagens estacionadas. Escondendo-se nos cantos escuros das portas ouao longo da rua de paralelepípedos, os pés nas poças que escorriam ladeira abaixo emdireção ao rio. James percebeu que tinham chegado perto o suficiente para ouvir os saltosdas botas de Magnussen batendo nas pedras.“Até onde ele vai?” sussurrou Zane, enquanto se escondia entre uma fila de carroçasvazias. "Estamos quase à beira-mar. Ali na frente fica o cais. Depois disso, não há nada alémdo rio".De repente, Magnussen parou e virou-se. James se abaixou atrás da carroça maispróxima, seu coração pulando em sua garganta. Ralf e Zane agacharam-se ao lado dele.Depois de um longo momento muito tenso, os três arriscaram espiar por debaixo dacarroça, o queixo quase tocando a rua molhada.Magnussen dedilhava sua bengala enquanto olhava pelo cruzamento lotado, seusolhos se estreitaram. Finalmente, aparentemente satisfeito, ele se virou e seguiu em umbeco ainda mais estreito.“Aquilo parece uma rua sem saída”, sussurrou James. “Não parece?”Zane concordou. “Vamos, nós podemos ficar ainda mais perto se nos escondermosatrás da pilha de carroças quebradas”.350O mais silenciosamente possível, os três rapazes se arrastaram ao longo da rua paraa sombra da pilha irregular. Pedaços de madeira quebrados faziam barulho sob seus pésenquanto os três se reuniram no canto da parede do armazém.“É uma rua sem saída”, disse Ralf, espiando cautelosamente ao virar da esquina. "Mastem uma pequena escada no final e uma porta. Parece um pequeno apartamento barato oualgo assim".Zane espiou pela esquina, olhando na escuridão. "Algum sinal do velho Mags?"."Não", Ralf sacudiu a cabeça. "Ele deve ter ido para dentro. Você acha que talvez sejao seu apartamento? Tipo, ele alugou algo especial só para ter um lugar fora da escola?”.James concordou. “Ele precisava de um local para esconder a ferradura, ondenenhum ser mágico teria sentido seu poder. Enquanto estava no museu, provavelmente

tenha ficado perdido no ruído de fundo de todas as outras relíquias mágicas. Porém, umavez que a tirou de lá ele precisava mantê-la escondida. E este talvez seja o lugar perfeito”."Então", sussurrou Ralf, voltando-se e encostando-s na parede de tijolos encardidos,“como é que vamos pegar a ferradura?”.Zane esfregou as mãos contra o frio. "Certo. Qual é o plano, James?"."EU?" perguntou James. "Pensei que você estivesse encarregado desse detalhe!"."Eu tenho o verso para nos levar através do Salgueiro Torto!", defendeu-se Zane.Ralf olhou preocupado para Zane e James. "E, hmm, fui eu quem encontrou o velhozumbi Professor Straidthwait. Sem ele, não teríamos chegado a lugar nenhum!".“Esperem”, disse James com o dedo no ar. “Viemos até aqui sem que nenhum de nóstivesse um plano de como realmente pegar a ferradura de unicórnio de Magnussen?”.“Bem”, Zane deu de ombros, “nós podemos mandar Ralf lá com sua varinha godzila.Eu poria a sua varinha contra a bengala malévola a qualquer hora, Ralfinator”.“De jeito nenhum eu vou duelar contra aquele tipo de sujeito”, respondeu Ralf,sacudindo a cabeça com força. “Não depois da maneira como todos aqueles retratos falaramdele. Não podemos esquecer que o homem é um maldito assassino!”.James concordou. “É verdade. Temos que ser mortalmente cautelosos”.“Ou simplesmente mortos”, Zane engoliu em seco."Não se assustem agora", disse James. "Nós ainda precisamos segui-lo até a Cortinade Nexus. Podemos pensar em algo ao longo do caminho"."É", assentiu Zane. "Pensar em coisas ao longo do caminho, isso sempre funcionoumuito bem para nós no passado"."Shh!" fez Ralf, olhando para o beco. "Lá vem ele!".Uma porta fechou na escuridão e foi seguido pelo barulho estridente de botas nasescadas. James espiou da esquina, seguido por Zane. Juntos, os três meninos viram o vultodo Professor Magnussen enquanto ele vinha ao longo do beco, espirrando a água das poçasa cada passo e sua bengala brilhando na escuridão.351"Hey," uma voz masculina gritou de repente. James se assustou, assim como Zane eRalf. Magnussen parou, desconfiado como um chacal. Depois de alguns tensos segundos, a

voz falou de novo, timidamente, mas com uma resolução teimosa."Ela sabia que você ia voltar", disse, e havia uma sugestão de um sorriso descrentenele. "Eu disse que ela era louca. Você nunca mais voltaria aqui, não depois do queaconteceu. Mas aqui está você audaz como bronze, grande como a vida".Magnussen não tinha se movido. Sua voz saiu da escuridão. "Eu estou emdesvantagem, amigo", disse ele. "Venha para a luz para que eu possa vê-lo”.“Para você poder fazer comigo o mesmo que fez com ela?" A voz zombounervosamente. Apesar de suas palavras, no entanto, uma figura moveu-se na entrada dobeco. Ele era um homem jovem, quase vinte anos, muito magro e usando um chapéu-coco.Os suspensórios sobre seus ombros seguravam um par de calças de flanela mal ajustadas.Ele estava a menos de cinco metros de distância de onde James, Zane, e Ralf se esconderam,na sombra das grades quebradas.“Nos conhecemos, bom senhor?”, perguntou calmamente Magnussen, dando umpasso a frente."Oh sim, nós já nos conhecemos", cuspiu o homem. "Embora eu duvide que você selembre dela. A própria Fredericka falou com você sobre mim. Ela estava preocupada quevocê pudesse ter idéias erradas sobre ela, um grande homem como você vindo da altasociedade, descendo aqui para contratar os serviços de uma costureira comum. Eu ouvitudo sobre como você olhou para ela quando ela entregou seus casacos e capasremendadas, como você olhou como se a estivesse medindo com os olhos, como se ela fosseapenas um pedaço de carne e você fosse um açougueiro. Ela disse que tinha um noivo, sópara você saber como se portar com ela. Ela disse para não me preocupar, que ela poderialidar com você e que precisava do dinheiro que você estava pagando. Mas acontece que elaestava certa sobre você, não é? Pobre Fredericka que nunca teria machucado uma mosca.No fim das contas, você era um açougueiro. Você a matou, mutilando-a, e deixou-a na ruapara que nós a encontrássemos. E agora aqui está você, de volta ao mesmo lugar, tãoatrevido quanto possível".

“Isto é um mal-entendido, meu bom homem”, disse Magnussen tranqüilizador, aindacaminhando à frente. Para James ele parecia um gato chegando lentamente à sua presa.Silenciosamente, James tirou sua varinha do bolso. Próximo a ele, ele sentiu Ralf e Zanefazerem o mesmo."Helen disse que você voltaria", disse o homem, e então ele riu um poucohistericamente. Ao seu lado, ele mantinha um pedaço de ferro, um pé de cabra. "Helen é airmã de Fredericka, sabe. Ela tem um sentido sobre essas coisas. Eu não acreditei nela, pelomenos não completamente. Mas sabe o quê? Eu acreditei o suficiente para manter vigilânciasobre este beco. Quando eu vi chegar aqui hoje à noite, vi você ficar aqui neste lugar,olhando em volta como se fosse dono do lugar, eu mal acreditei nos meus próprios olhos.Mas Helen estava certa. Você voltou".352O homem começou a caminhar em direção a Magnussen, levantando o braço. Parecia queele mal sabia o que ele pretendia fazer.Magnussen não se mexeu. "Agora, olha aqui, meu bom homem", disse ele com umsorriso na voz.De repente, o homem magro voou da calçada, batendo freneticamente no ar esoltando a barra de aço, que tiniu alto no calçamento, girando para longe em uma poça. Umminuto depois, o próprio homem caiu em uma pilha de barris na parte traseira do beco. Osbarris, caindo uns sobre os outros, enterrando o homem."Tanta feiúra", Magnussen suspirou para si mesmo, virando-se para o fundo do beco."Quando essas pessoas vão aprender..."Um barril caiu ruidosamente enquanto o homem magro ficou de pé novamente, seurosto pálido, mas determinado na penumbra. "Eu não sei quem ou o que você é, seudemônio", ele respirou, “mas você não estará deixando este beco. Por Fredericka..."."Sabe", disse Magnussen magnanimamente “a moça falou de você, agora que vocêmencionou. Seu nome é William, não é? Sim. De fato, ela gritou o seu nome perto do fim desua vida. Eu não tinha pensado que ela fosse capaz de algo tão intenso naquele momento,

mas isso só mostra a diferença entre a teoria e realidade. Foi muito instrutivo, na verdade.Eu vou te dizer. Como agradecimento, vou conceder-lhe seu maior desejo. Vou te mandarpara junto da sua falecida Fredericka. Talvez você grite o nome dela também".O homem magro mal parecia ouvir Magnussen. Ele arrastou seus pés, mancandopateticamente, e começou a andar mais rápido em direção ao homem mais velho, suas mãoscrispadas como garras. Na escuridão, Magnussen ergueu a bengala, sorrindo malignamente."Não!" James gritou, pulando para fora do beco e brandindo sua varinha. Sua voz,porém, foi abafada por um estalo alto, ecoando, quase ensurdecedor, no espaço confinadodo beco.Tarde demais! James pensava freneticamente, ainda brandindo sua varinhadescontroladamente às costas de Magnussen. Ele o matou! O homem magro, William, noentanto não caiu. James piscou na escuridão da rua, à espera do efeito do feitiço maligno deMagnussen. Em vez disso, Magnussen abaixou a bengala e depois deixou-a cair. Ela tiniu nobeco. Um momento depois, o próprio Magnussen caiu de joelhos.“Como...”, ele perguntou, olhando para William. Lentamente, quase ponderadamente,Magnussen caiu para frente, de cara no chão do beco. Morto.“Por Fredericka”, uma voz feminina disse debilmente. James olhou para o lado. Umajovem, quase da mesma idade do próprio James, estava parada perto dele. Ela encarou ocorpo de Magnussen, seu rosto era uma mascara pálida de resignação. Em sua mãoestendida, uma pequena pistola fumegava lentamente.“Por Fredericka”, ela repetiu fracamente, “pelo seu noivo, William. E pro mim, suairmã, Helen”.353Helen já tinha visto os três rapazes, mas não pareceu particularmente interessadaneles. Zane, sendo sábio o suficiente para optar pela verdade quando era mais apropriado,simplesmente disse a ela que o homem morto no beco tinha roubado algo de sua escola,assim ele e seus amigos o haviam seguido com a esperança de consegui-lo de volta.William, ainda mancando, ficou surpreso ao ver Helen e sua pistola, mas só um

pouco. Ajoelhando-se sobre o corpo de Magnussen, ele tinha agarrado sua bengala maligna.Com um movimento rápido e decisivo, ele quebrou o bastão no joelho. A parte maiscomprida William jogou na valeta, mas o cabo em sua mão, estudando o brilho do luar naface do metal. Ele estremeceu."Seu bem roubado não poderia ser o tipo de coisa que caberia em um saco de veludo,poderia?", perguntou severamente, olhando para o corpo.James concordou. “Poderia”, respondeu, caminhando cautelosamente. Enquanto elese aproximava da figura inclinada de Magnussen, ele viu o cordão de um saco caído ao ladodo corpo, ainda pendurado no seu pulso esquerdo.Sentindo uma onda de repulsa, James puxou o laço da corda em torno do pulso dohomem morto. A mão bateu de volta para a rua com um leve tapa.“Vocês três...”, disse William fracamente, olhando para os rapazes. “Vocês são comoele, não são?”James engoliu em seco e balançou a cabeça, mas Ralf, surpreendentemente, foi oúnico a falar. "Lamentamos o que aconteceu com Fredericka", disse ele solenemente. "Estehomem pode ter feito parte do nosso mundo... mas nós não somos como ele."William encarou Ralf, os olhos arregalados e brilhando na escuridão. Lentamente, eleconcordou. Helen passou para o lado dele e colocou um braço sobre seus ombros, aindaolhando para o corpo de Magnussen, como se hipnotizada por ele. Seu rosto estava muitopálido e James suspeitou que a menina havia vomitado momentos antes, provavelmenteatrás das mesmas grades quebradas onde ele, Zane, e Ralf haviam se escondido.“Eu não sei o que há no saco de veludo”, disse William, tremendo, “e tenho certeza denão quero saber. Acabou. Vocês sigam seu caminho. Helen e eu tentaremos seguir o nosso.Justo o suficiente?”.James concordou. Ele podia sentir o peso gelado da ferradura através do saco develudo. Lentamente, ele se afastou do corpo de Magnussen. Zane e Ralf o seguiram e, noinstante seguinte, os três rapazes voltaram correndo pelo beco. Eles correram quase o todocaminho até o portão de Alma Aleron onde Flintlock estava recém começando a sair do

transe de Magnussen. O troll de pedra lembrou deles daquele jeito obscuro, de vida aocontrário, que Zane tinha explicado e deixou-os se aproximar do Salgueiro Torto. Zanerecitou o encantamento que os faria retornar a escola e a árvore começou a tremer na volta354deles. A lua e as estrelas começaram a rodar para frente, levando-os de volta à escola e à suaépoca.Durante a viagem de volta, James segurou o saco de veludo, tocando a forma dentrodele. Nem ele, Zane ou Ralf disseram uma palavra.Eles não precisaram.355Capítulo 19Revelações Indesejadas— Eles o mataram? — Rose perguntou-se no dia seguinte, falando através do Caco logoatrás da porta do dormitório. — Mataram-no à tiros bem ali na rua?— Isto mais parece um filme — assentiu Ralf firmemente — Mas é só na vida real que nãotem graça nenhuma. Foi tão... triste, terrível. E... terminou assim. Isso não ajuda muito com oque tem acontecido. Só impediu outras coisas ruins de acontecerem.— Coitadinha — disse Rosa mecolicamente, balançando a cabeça — TalvezMagnussen tenha merecido, mas ela terá que conviver com isso pelo resto da vida. É paraisso que tribunais servem.— Nossa! — zombou Escórpio, sentando-se na outra ponta do sofá da Sala Comunalda Grifinória. — Você acha que algum tribunal trouxa seria capaz de capturar e condenaralguém como Magnussen? Não seja infantil. Estou mais interessado na ferradura. Vamos vêla,você não quer?James engoliu em seco e voltou para seu beliche. Logo depois, retirou a bolsa pretade veludo de debaixo do colchão.— Ainda não encontramos um lugar decente para escondê-la. — disse ele,afrouxando a alça da bolsa e deslizando a fria forma de metal para a mão direita. — Se eratão mágica para Magnussen pegá-la nos terrenos da escola, então o mesmo aconteceráconosco. Alguém irá sentir seu poder e vir verificar o que é.Ele ficou diante do Caco e segurou a ferradura diante de si, embrulhando-a

cautelosamente com sua mão. O metal estava baço e coberto por inumeráveis arranhões,mas seu formato era inconfundível. Uma luz arroxeada brilhava ao longo de suas bordascurvas.— É maior do que eu imaginava — comentou Rosa, aproximando-se do espelho dolado de Hogwarts do Caco. — E parece meio... pesada.— E é! — admitiu James — Como se viesse de um lugar onde a gravidade é poucoimportante. E também brilha um pouco. Dá pra ver mesmo que todas as luzes estejam356apagadas e esteja num lugar totalmente escuro, mas aí se vê um brilho, um tanto quantoroxo, como o último pôr do sol.— Eu quase consigo sentir a magia aqui. — disse Rosa calmamente. — É verdade,você definitivamente precisa arrumar um esconderijo seguro para isso.— Pelo menos até encontrarmos um jeito de usá-la para chegar até o Mundo Entre osMundos — assentiu Ralf.— Mas esse é o nosso principal problema agora. — alegou James, dando meia-volta,carregando a ferradura até a cama.No outro lado do Caco, Escórpio suspirou:— Pois é, até agora todos acreditaram que seu professor Magnussen fugiu para oNexus com a ajuda de sua chave dimensional. Agora que você sabe que o homem foi, naverdade, morto por um trouxa, não tem como acharmos a Cortina de Nexus.— Essa deveria ser a parte mais fácil. — agradeceu Ralf, desabando pesadamente emsua cama. — Pensávamos que bastava segui-lo até a Cortina. Tirar a ferradura dele deveriaser a parte difícil.James terminou a frase enfiando a ferradura embaixo do colchão e voltando a ficarem pé. — Ainda não estamos totalmente perdidos. — disse ele obstinadamente. — Aindatemos o outro enigma do Magnussen. Aquela sobre a Cortina de Nexus estar em cima dosolhos de Roebitz. Zane está trabalhando nesse enigma de novo, embora pareça bastantesombrio. Não há muitos Roebitzes no mundo.— Pense comigo — disse Rosa cintilando —, talvez não seja uma pessoa. Você nuncasabe.

— Obrigado, Rosa. — respondeu James aos suspiros. — Agradecemos a sua ajuda.Petra também.— Eu faço isso para ajudar você e o tio Harry a descobrir a verdade, James. — alegouRosa, encontrando o olhar de James através do vidro do Caco. — E se isso ajuda Petra, é omelhor para todos. No entanto, não estou tão confiante como você sobre ela. Desculpe.James suspirou novamente e assentiu. Atrás de Rosa, Escórpio observava James, eseus olhos afiados estreitaram-se. James percebeu a insegurança de Escórpio a respeito dainocência de Petra. Escórpio estava completamente desconfiado com ela.No fundo, apesar de seus sentimentos não concordarem, James não pôde culpá-lo.Enquanto a primavera chegava à escola, tulipas, narcisos e bocas-de-lobocomeçavam a preencher os canteiros que ladeavam a alameda. As bocas-de-lobo, sendo deuma variedade mágica, ocasionalmente inclinavam ociosamente e ferruavam abelhõesrobustos que patrulhavam os canteiros. O dia começava a esquentar, e James finalmentehavia posto em sua mala a capa de inverno, feliz por enfim retirá-la do armário, juntamentecom sua beca e seu par de óculos de reserva que sua mãe insistou para levar, e que naverdade, foram rejeitados por seu pai.357As partidas de Engateclavas passaram de embaraços sombrios e gélidos atraquinagens estimulantes durante as amenas tardes iluminadas pelos raios dourados doúltimo pôr-do-sol. A equipe Pé-Grande continuou a sua recusa obstinada em participar daspartidas finais de desempate do torneio, ganhando alguns jogos, e sujeitando-se cada vezmais. Finalmente, uma vez que suas posições tinham melhorado gradualmente ao longo datemporada, os jogos muitas vezes significavam empate técnico entre as equipes laranja eazul. Ninguém esperava que os jogadores do Pé-Grande realmente entrariam no torneiofinal, mas é certo que ninguém esperava ser nocauteado facilmente. James estavadiscretamente orgulhoso da equipe e de seu próprio desempenho nela. E mesmo se eles

terminassem em último lugar na classificação geral, seria por muito pouco. Ou maisimportante ainda, as outras equipes respeitariam-na. Ou, pelo menos, não zombariam delatão abertamente.Olívio Wood ainda mostrava uma certa relutância para incentivar alguma coisasenão a mais básica das magias durante as partidas. Ele, no entanto, permitiu a continuaçãodo time nos encontros de jogadores mágicos e James começou mostrando a seuscompanheiros de time alguns dos truques de Artis Decerto que ele aprendeu durante seuúltimo ano nas aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas com o professor QuêndricoDebellows.— Não se trata apenas de usar a magia de um indivíduo contra ele mesmo. — tentouexplicar — Trata-se de usar sua magia contra sua mente, sabendo o que ele vai fazer antesmesmo que ele esteja pronto para fazer.— Leitura da mente — disse Gobbins franzindo a testa incrédulo. —, eu nuncaentendi essas coisas de vodu.— Não é vodu — disse Ralf, sacudindo a cabeça. —, é só saber como as pessoas agemnaturalmente e adivinhar o que vão fazer antes que ele faça. É mais fácil que você pensa. Aspessoas são muito menos imprevisíveis do que se pensa.James assentiu com entusiasmo.— Olhe para os Igors. — disse ele, levantando-se. — Digamos que já estamos noterceiro trimestre e eles estão para baixo há uns dez. Dá pra ver três dos Atacantes fazendofila em torno do segundo turno. O que eles estão tramando?Jasmine deu uma risada e sacudiu a cabeça.— Eles estão armando uma manobra bate-estaca. Eles cobrem o Atacante com aEngate, e se ele o perder de alguma forma, ele vai arremessar a bola para o jogador atrásdele. Dessa forma, eles têm dois homens seguros de que vão marcar um ponto.— É disso que estou falando — assentiu James, apontando para ela. — Não temosque esperar para saber o que eles farão nessa situação. Nós já sabemos que esse é oprocedimento padrão deles, então nós agimos primeiro, mandando alguns valentões paraatrapalhá-los antes mesmo de fazerem fila. Isso é Artis Decerto.

— Mas não é só isso... — disse Wentworth, inclinando a cabeça. — É também aquelasacrobacias loucas que você faz lá fora, na grade. Você parece um daqueles caras do Cirquede Blasé.— Minha mãe me levou lá no ano passado. — interveio Norrick.Wentworth virou-se para ele.— Você gostou?— Olha... — disse Norrick encolhendo os ombros. — Quando eu penso em circo, mevêm à cabeça caras andando em cordas bambas, domando tigres e dazendo pirâmides com358dezenas de elefantes e outras coisas. Eu não costumo pensar em um monte de caras usandocalças e balançando ao redor de cordas de veludo ou fazendo ioga em tapetes voadores.— Me pareceu bastante interessante — admitiu Jasmine.Norrick revirou os olhos.— Isso é porque você é uma menina.— Obrigada por reparar. — respondeu Jasmine amargamente. — Pelo menos, quando Ralffala isso, parece ser uma coisa boa. — ela sorriu para Ralf no outro lado do quarto e suasbochechas enrubesceram. Ele tossiu de leve e olhou para James, impotente.— Sim — assentiu James, lutando para continuar o assunto. — Artis Decerto é também umtipo de acrobacias. É apenas questão de usar seu corpo inteiro como uma ferramenta, umaarma ou um torpedo, o que melhor se adequa à situação. Você junta as duas ideias, e não sósaberá o que o outro cara está prestes a fazer, mas também estará em uma posição paraderrotá-lo.— Como quando você ficou entre o Atacante Zumbi e o Intimidador na última partida. —exclamou Wentworth, sentando-se mais à frente. — E você fingiu ter uma Engate embaixode seu braço, e o Intimidador quis diminuir a gravidade em torno de você, mas vocêestuporou o outro cara na hora certa e o Intimidador mandou um feitiço contra o próprioAtacante e deixou-o fora de rumo, e então correu em sua direção porque ele estava tãosurpreso que nem sequer viu o cara atrás de você até você virar de cabeça pra baixo e osdois se trombaram na arena como um casal de espremedores cegos. — seus olhos

arregalaram-se de animação quando lembrou-se; em seguida, suspirou profundamente,inclinando-se novamente. — Isso foi muito bom!— Zane com certeza não gostou nem um pouquinho. — murmurou Ralf. — Apesar deadmitir que foi um lance muito bem feito.— Pois é. — concordou James, assentindo para Wentworth. — Assim.— Mas como vamos praticar coisas assim? — perguntou Luca Fiorello, outro jogador, de umcanto perto da janela.James balançou a cabeça resoluto.— Boa pergunta — admitiu. — E você não vai gostar da resposta, mas... bem, eu, Ralfe, Zanee o professor Cloverhoof decidimos uma coisa no quintal. Não é em qualquer lugar aquiperto tão bom quanto ao redor de Hogwarts e Zane e o professor Cloverhoof só nosajudaram a construir porque concordamos em deixar o Time Zumbi usá-lo também, masacredite em nós, é a melhor maneira de aprender Artis Decerto. Dê uma olhada aqui.James levou o time até o patamar do terceiro andar, onde todos aglomeraram-se em tornoda janela que dava para o jardim cercado em volta da mansão. Houve um momento de tensoe perplexo silêncio. Jasmine finalmente falou:— O que é isso? — perguntou ela, franzindo a sobrancelha.James suspirou com toda essa ironia. No quintal abaixo, por acaso havia um monstruosorelógio, esteiras, maçanetas, pêndulos balançando, e barris de varinhas de caibro.— Isso se chama Circuito da Morte — explicou ele. — E ele está prestes a ser seu piorinimigo.359As aulas em Alma Aleron, que ao princípio tinham parecido exóticas e estranhas, já tinhamcaído na rotina e se tornado entediantes.As matérias preferidas de James eram Artigos Mecânicos, Transmutação ElementarAvançada (equivalente à Transfiguração nos Estados Unidos), Gravidade Teórica (que aindaera lecionada por Olívio Wood), e História da Magia Americana com o Professor PaulBunyan. Tendo vivido uma vida longa e maravilhosa de um gigante na fronteira do país, oprofessor os ensinou bastante por meio de histórias em primeira mão. Algumas delas, naverdade, eram adornadas com contos evidentemente inventados, tais como os detalhes que

cercam a origem das Montanhas Pedregosas (supostamente montículos de rochasdeslizadas das botas do gigante com um tronco de sequóia) e a criação dos Grandes Lagos(afirmava que haviam sido escavados pelas botas do gigante quando lutava com o Babe, ogigante boi azul pelo último biscoito de um café-da-manhã particularmente delicioso). Umjovem vampiro se atreveu, em certa ocasião, a pôr em dúvida as fábulas do professorBunyan, enfrentando-o com a desculpa de que, enquanto ele era certamente muito grande,não possuia pés bastante grandes para deixar pegadas do tamanho do Lago Superior.— Então, você era maior do que é agora, talvez? — perguntou o menino, com um sorrisoque curvava o canto da boca.O professor Bunyan limitou-se a zombar e fazer um aceno com a mão.— Eu sempre tive o mesmo tamanho — disse ele com os olhos retinindo. —, mas o mundoera muito menor. Todos sabem disso. Pergunte ao professor Wimwrinkle.James tinha a suspeita de que Bunyan sabia que, na verdade, ninguém faria nada, a maioriadeles tinha medo do professor de mageografia, cujas alegações eram, normalmente,seguras.Mageografia estava, de fato, perto do topo da lista das matérias que James menos gostava.Só o que havia de pior, não obstante, eram Práticas Proibidas e Cursologia com a intolerávelPerséfone Remora. Remora desenvolveu, ou pelo menos foi o que pareceu, uma leve fixaçãocom James e seu conhecido pai. Como consequência, sua atitude com ele parecia oscilarentre um favoritismo excessivamente amoroso e os ciúmes rancorosos. James nunca soube,a cada tarde de quinta-feira, se a professora faria gestos para que ele sentasse perto dela naprimeira fila —onde o favorecia com piscadelas conspiradoras e palmadas ultrajantes nacabeça dele — ou iria olhar para ele misteriosamente, irritada e impaciente por suaaparente falta de temor perante suas habilidades e suas auto-proclamadas “artimanhasobscuras”. O último exercício de James havia retornado para ele mesmo com aincompreensível nota “INSÍPIDO +” rabiscada na parte de cima em vermelho, seguido pelo

comentário escrito à mão: “Demonstra fortes poderes se receber a tutela correta. Você sabea que horas fico no escritório. Venha me ver.”— Ou ela está a fim de você ou quer envenelá-lo. — sussurrou Zane, fitando a nota na partesuperior do exercício de James. — Nunca se sabe. Com ela, poderia ser os dois.— Não estou em busca da “tutela correta” dela. — assobiou James por trás de suas mãos. —Se for preciso, eu fico com “INSÍPIDO +” pelo resto do ano.À frente da sala, os olhos de Remora estreitaram-se, com seus lábios vermelhos forçandouma carranca feia.O restante das aulas do semestre arrastou-se com diferentes graus de aborrecimento,desafios e casuais estranhezas. O Estudo das Atividades dos Trouxas, por exemplo, parecia aversão da Alma Aleron dos Estudos dos Trouxas, mas com especial ênfase em conhecer ascarreiras trouxas e suas condições de trabalho. A maioria das aulas consistiu de debates360sobre diferentes conceitos como “pausa para bebida” ou “hora do cafezinho”, “cubículos”contra “escritórios de esquinas”, comportamento em elevadores, uso ilegal de magia emambiente trouxa, e como conversar sobre várias coisas em que trouxas parecem estarinteressados, como esportes trouxas, televisão e meteorologia. James não entendeu muitobem o objetivo da turma, uma vez que ele mesmo pretendia tornar-se um auror como seupai, mas a professora, uma mulher muito gorda com o nome de Heather Wocziak (que, poralguma razão, quase sempre usava uma roupa rosa de fazer cooper) insistia que essafamiliaridade com as atividades trouxas era “de extrema necessidade para todos os bruxose bruxas no atual clima social de diversificação mágico-trouxa”. James aceitou isso com umsuspiro, prometendo secretamente esquecer tudo que aprendesse, tão logo os exames finaisfossem entregues.As aulas de Preparo de Poções continuaram sendo um desafio intrigante apesar daperceptível falta de Petra como ajudante do professor Baruti. Além de ensinar astradicionais formas nativo-americanas de preparo de poções por visitas à antiga cidade de

Shackamaxon, Baruti gastou muito tempo demonstrando técnicas de poções de váriasculturas mágicas do mundo, incluindo encantamentos orientais, espectros africanos, etônicos russos para sopa fria, no qual a maioria era feita de um potente líquido conhecidocomo Stortch, conhecido por derreter caldeirões se não estivessem completamentecobertos com uma espessa camada de muco de enguias.James uma vez se aproximou do professor Baruti depois da aula e perguntou como as coisasestavam com Petra.— A Srta. Morganstern está muito bem — Baruti respondeu facilmente, mostrando um dosseus formidáveis e vivos sorrisos — Eu vejo-a uma vez por semana, na maioria das vezes.Ela está sem liberdade, mas seu francês está trés magnifique (muito bonito).James assentiu.— Alguma palavra sobre a investigação com aquele sujeito Keynes? Não ouvi nadasobre isso dos meus pais. Acho que eles estão tentando me livrar de preocupações, mas euposso lidar com isso.Baruti mordeu a língua e negou com a cabeça desdenhosamente.— Não se preocupe com isso, jovem James. A senhorita Morganstern não estápreocupada! Por que você deveria estar? Se o amanhã trouxer problemas, trará a soluçãotambém. — Baruti bateu de leve no ombro de James com a sua grande mão calorosa e Jamesassentiu inconsolado.A única matéria que James não estava indo particularmente bem era Aritmética.Ensinada pelo jovem professor Plumvole que tinha mais entusiasmo pelo assunto do quehabilidade para ensinar, James simplesmente não pôde se esconder das grandes e densasfórmulas e símbolos escritos no quadro-negro mágico. Como resultado, ele estavapressionado para prestar atenção de vez em quando às sessões tutoriais com o professorPlumvole no seu escritório no quinto andar do Corredor da Administração. O professorestava completamente paciente com James, explicando as concepções mais e mais nopergaminho enquanto James curvava-se na mesa e encostava a testa desamparadamentenas mãos. Ele ainda não entendia as equações, mas Plumvole estava tão apaixonado com as

próprias explicações que ele não notou a total falta de envolvimento de James.No fim, Plumvole completou todos os deveres de casa de James enquanto o próprioJames simplesmente assistia. Quando acabou a última sessão, Plumvole bateu no ombro de361James cordialmente, assegurando-o que estavam tendo um excelente progresso.Timidamente, James assentiu, deu de ombros e deu ‘boa-noite’ ao professor.Estava um breu do lado de fora da alta janela do Corredor da Administraçãoenquanto James descia ao térreo. Atravessando as portas abertas do auditório, contudo, eleouviu uma voz familiar. Era o professor Wood dando uma palestra para uma audiência deestudantes universitários. James lembrou que Wood ensinava uma matéria chamada Éticada Magia, que Zane alertou ser “chato de matar”. Mesmo assim, James estava curioso. Eleparou para ouvir, permanecendo junto das portas.— Então — Wood estava dizendo, virando para um grande quadro-negro eapontando a varinha para ele —, a questão da intervenção recorre a essas três questõesiniciais: motivo, benefício e repercussão.“Antes de levar em conta qualquer interferência nos negócios dos nossos amigostrouxas, precisamos honestamente perguntar a nós mesmos: 1) Por que estamos fazendoisso? É realmente para o bem dos trouxas? Ou por outra razão mais egoísta? 2) Qual é a realrecompensa que poderia ser ganha por tal intervenção? Ela vale os riscos envolvidos? Nãopodemos julgar isso só pelos sentimentos; devemos responder imparcialmente ehonestamente. Finalmente, quais são as possíveis repercussões de uma ação? Como noexemplo, se um companheiro bruxo está sendo atacado por assaltantes trouxas num beco enós aturdimos o líder na frente da quadrilha dele, o prejuízo daquela revelação mágicavaleria o dinheiro que eles poderiam ter roubado? Esse é um exemplo seguro pois envolvedinheiro e portanto é mais fácil de considerar. Mas a igualdade poderia muito bem envolvervidas ao invés de dinheiro. É eticamente incumbente a nós considerar: se salvamos uma

vida mas prejudicamos a integridade dos mundos trouxa e bruxo para milhões de outros,isso é uma interferência benéfica?“Não há conclusões óbvias, mas como vimos nos exemplos, qualquer interação entreos trouxas e o mundo mágico que falhe em um dessas considerações ameaçam, no mínimo,a integridade dos envolvidos, e potencialmente, a estabilidade das nossas culturas gêmeas.As respostas fáceis são tentadoras, como todos nós sabemos — respostas que confiam naemoção e afeição e conceitos básicos da justiça imediata — mas respostas fáceis podemlevar para horríveis consequências. Esse é o peso da responsabilidade que nós, ao contráriodos nossos irmãos trouxas, carregamos. Não é uma carga leve, mas também não nos dá umadesculpa para desconsiderar. Necessitamos considerar o fato de que, apesar do quepossamos sentir, ás vezes é melhor — e mais fortemente responsável — não fazer nada. Àsvezes não podemos confiar só nos nossos sentimentos. Às vezes, o coração é um mentiroso.”James não entendeu tudo o que Wood estava dizendo, mas a última parte ficou presanele: às vezes o coração é um mentiroso. Petra Morganstern tinha, na verdade, dito algoquase igual a isso, James lembrou. Meses mais cedo, quando eles conversaram, estranho obastante, sobre a história da bíblia de Adão e Eva. Eva nasceu na obrigação do mesmo tipode responsabilidade que Wood estava falando — a responsabilidade de considerar quealgumas vezes o que achava-se certo era, na verdade, exatamente o errado a fazer. Ela nãoera má, Petra disse naquele dia enquanto eles iam para o Salgueiro Torto em baixo dotrêmulo guarda-chuva de arco-íris do professor Baruti. Ela só estava... desinformada. Elaestava fazendo o que sentia que era o melhor.Ás vezes... o coração é um mentiroso, Petra tinha contado-o naquele dia, os olhossérios. Na memória de James, contudo, Petra não soava como alguém que tivesse certeza362daquilo. Ela soou mais como se ela estivesse provando o conceito, do mesmo jeito quealguém provaria um tênis ou um chapéu só para ver se iria caber.Por alguma razão, o pensamento fez James tremer. Sem esperar pelo professor Wood

acabar o palestra, ele virou e seguiu o corredor em direção ás escadas no fim dele,balançando a cabeça aflitamente.Estava totalmente escuro no lado de fora quando James atravessou o campus,dirigindo-se à Mansão Apolo. A alameda estava quase deserta, iluminada pelo ocasionalposte e o brilho das luzes das outras casas. Luzes cintilavam uma grande esfera escuraquando James passou uma piscina. Parando, ele viu que era a Octosfera. Ela giravalentamente, refletindo o brilho da luz e fazendo seu suave e quase inaudível barulho. Jamesfranziu na escuridão, pensando.O professor Magnussen criou a Octosfera, sua primeira tentativa de ler todas ascoisas do universo de uma vez, e então predizer — e controlar — o futuro. Todosacreditaram que Magnussen obteve sucesso, de um jeito: eles acreditaram que ele escapouno Mundo Entre os Mundos, partindo dessa dimensão para sempre. Porém, James sabia averdade. Magnussen havia sido abatido em vingança aos atos que ele cometeu seguindo oseu terrível plano. Ele pode ter uma vez pisado no Mundo Entre os Mundos, como foi dito navisão do Desgravador, mas ele certamente não havia terminado ali. Como KendrickDebellows uma vez disse durante as aulas do ano passado, o guerreiro que confia só nagrandeza da sua magia tropeçará na menor pedra. Magnussen era extremamente arrogante,e ele havia tropeçado na menor pedra imaginável — uma do tamanho de uma bala trouxa.De repente, James lembrou que ele, o próprio, havia estado muito perto de interferirnaquela realidade. Ele havia saído do seu lugar secreto na rua, varinha na mão, preparadopara duelar com Magnussen mais do que assisti-lo matar o trouxa, William. Se ele intervissesó um segundo antes, ele provavelmente teria interrompido Helen no ato de apontar apistola. O que aconteceria? Magnussen teria defendido-se de todos? Poderiam James, Ralf eZane ter, de algum modo, prevalecido na frente do professor e salvado Helen de atirar nele?Como aquilo afetaria a história e as vidas de todos aqueles envolvidos?James balançou a cabeça e sentiu um calafrio. Wood estava certo: era assustador

considerar as repercussões de algo assim. James por pouco não mudou a história, e de umjeito muito dramático. De algum jeito, ele sabia que o melhor é que ele não tivesse — quesua interferência tivesse sido um segundo mais tarde. Talvez não fosse a melhor e possívelrealidade que Helen tivesse atirado e matado Magnussen, mas James estava secretamentecerto que se as coisas tivessem sido de algum outro jeito, poderia ter sido pior no final.Mas e agora? Estava ele, James, interferindo novamente? Sua própria mãe e paitinham avisado-o para não se envolver em mais nenhuma grandiosa aventura. Até mesmoPatches, o gato, parecia oferecer alertas, primeiro sugerindo que eles fossem para a CasaIgor e posteriormente aparecendo no Arquivo, aparentemente advertindo-os de não ver asvisões do professor Magnussen no Desgravador. James deveria ter dado atenção àquelesavisos? No príncipio, ele tentou. E ainda como ele poderia aceitar Petra ir para a prisão poralgo que ela não poderia ter feito? Não era a sua responsabilidade ajudá-la? Ou, no mínimo,fazer o que podia para revelar a verdade do que realmente aconteceu naquela noite, quandoa Cúpula dos Destinos foi atacada?Não existem respostas fáceis, Wood disse. James sacudiu a cabeça lentamente,sabendo que o professor tinha razão. Ele tomou um longo fôlego e apoiou-se na baixa363parede, que beirava o tanque da Octosfera. A grande esfera negra virou hipnoticamente,fazendo um fraco barulho.— Me diga, Octosfera — James sussurou, fitando a grande forma de pedra —, estoufazendo a coisa errada? Eu deveria ficar sozinho?A esfera continuou a girar, como se não entendesse a pergunta, só uma vaga questão.Então, de algum jeito, começou a girar de forma mais lenta. Letras embaçadas aparecendono escuro profundo da esfera. James chegou mais perto e ficou olhando enquanto aspalavras se formavam, brilhando vagamente na luz da lua.MELHOR NÃO TE CONTAR AGORA.James franziu o cenho. Ele sabia que havia o boato de que a Octosfera nunca dárespostas úteis, mas sempre parecia dar uma resposta certa, não importa quanto

indecifrável seja. Ele decidiu tentar novamente, sendo mais específico.— Muito bem. — disse — Eu farei algo ruim acontecer por tentar ajudar Petra?Imediatamente, as palavras brancas apareceram sobre a superfície da esfera.Começou a girar novamente, primeiro era lento, mas depois ficou tão rápido que a água seaproximou dos lados da esfera, voltando em gotas. Finalmente, depois de quase um minuto,a bola foi ficando mais lenta de novo. Formas escuras aparecendo profundamente nela eesclarecendo-se lentamente. James chegou perto, vendo as letras voarem da superfície,como se fosse um poço escuro e extenso.VOCÊ NÃO FARÁ.James leu as palavras várias vezes e então respirou, aliviado. Talvez as lendas sobre aOctosfera estivessem erradas. Além de tudo, aquela era uma resposta clara, útil e direta.Contanto que fosse verdadeira, não havia nada para se preocupar. E de acordo com Zane, asrespostas da Octosfera eram sempre verdadeiras, mesmo se não fossem óbvias.James tremeu novamente, sentindo uma sensação fria agitar-se no campus esilenciar-se nas árvores próximas. Ele levantou-se novamente e continuou o caminho até aMansão Apolo, renovado na sua missão mesmo se ele não soubesse exatamente o que fariadepois. Nem ele, Ralf, ou Zane sabiam a localização da Cortina de Nexus ou o significado doenigma restante de Magnussen. Mesmo assim, pelo menos ele pôde sentir alguma confiançaque eles não iriam arruinar tudo mesmo se calculassem tudo.Na escuridão atrás dele, as palavras brilhantes começaram a se esvair lentamentenas profundezas da Octosfera que começou a girar novamente, lentamente, recomeçando oseu baixo zumbido. Não tinha ninguém ali para ver, mas a palavra “Você” continuou visívelpor aproximadamente mais um minuto depois que as outras já tinham sumido, quase comose houvesse alguma ênfase especial, secreta.E no final, a Octosfera sempre dizia a verdade. Mas nunca era útil.364No terceiro sábado de Abril, James, Zane e Ralf subiram até a biblioteca na Torre deArte, ostensivamente para fazer os deveres de casa, mas também na esperança de pesquisaruma nova pista no enigma de Roebitz.

365Capítulo 20A História de AlvoAlvo não odiava Alma Aleron apesar de suas zombarias superficiais e reclamações. Ele nemnecessariamente desgostava da vida na Mansão Ares com seus companheiros Lobisomens. De váriasmaneiras, eles eram confortavelmente similares aos seus colegas na Casa Sonserina. Havia umacrueldade familiar neles, uma sensação misturada de orgulho e ambição que Alvo compartilhava detodo coração. Tinha amigos entre os Lobisomens e até alguns fora de sua própria sociedade. ComoZane, Alvo era um companheiro agradável. As pessoas precipitavam-se a ele e eram apreendidos nasua órbita, atraídos pela sua contagiante (embora penetrante) destreza e cínica compreensão. Haviatempos em que Alvo se sentia perfeitamente em casa com seus novos colegas e até essa esquisitanova escola, que era tão diferente de Hogwarts.Além disso, havia uma animadora integridade nos Lobisomens — uma franquezadistintamente americana que era um pouco chocante às suas sensibilidades inglesas. Onde ossonserinos (pelo menos nos tempos modernos) eram mais políticos e sutis em suas táticas, osLobisomens eram totalmente evidentes a respeito dos seus objetivos. Eles eram combativos, ávidospor poder, arrogantes e impiedosos, e eram absolutamente impassíveis sobre isso. Alvo apreciava aobjetividade completamente sanguinária de Clay Altaire, Olívia Jones e o resto dos Lobisomensterceiranistas, mesmo se o zelo de olhos insensíveis deles às vezes o deixasse um pouco frio.O que arruinava isso tudo, naturalmente, era o senso dos Lobisomens de patriotismobeirando o absurdo. Alvo entendia patriotismo — para começar, ele mesmo havia expressado na suairritação em vir para os Estados Unidos —, mas o estigma de nacionalismo praticado por vários dosestudantes Lobisomem mais velhos estava desconcertando-o no mínimo. Começou com o apelido“Cornélio”, aparentemente um termo americano para qualquer pessoa com um acento britânico366derivado de algum discurso famoso dado a décadas atrás por algum Ministro da Magia. Alvo achavaque poderia aguentar aquilo. Ele próprio já passara por alguns apelidos zombeteiros nos seustempos, e sabia que o melhor jeito de suportar tal coisa era aceitar o apelido ao invés de evitá-lo.Consequentemente, respondia ao apelido como se fosse uma fonte de orgulho. Afinal, ele era

britânico e esse sujeito Cornélio havia sido Ministro da Magia. Essas eram dificilmente coisas paraenvergonhar-se.Os Lobisomens, entretanto, pareciam imunes à ironia da vontade de aceitação de Alvo aonome irônico deles. Eles viam isso mais como uma fraqueza do que algum tipo de audácia insincera.Os Lobisomens, Alvo descobriu, não apreciavam astúcia ou sutileza, pelo menos fora do campo debatalha. O que eles queriam ver dos seus companheiros Lobisomens era ferocidade. Eles queriamque Alvo mostrasse seus metafóricos dentes para eles, queriam que provasse a sua valentia (e o seu“americanismo” adotado) rosnando à frente de suas zombarias e até golpeando-os um pouco. Nahora que descobriu isso, contudo, era tarde demais para fazer algo a respeito. Como qualquermatilha de lobos, os alfas mantinham as posições pisando nos pescoços dos animais menores.Agindo fria e sutilmente, Alvo os permitira a decidir — erroneamente — que ele não era um alfa. Ofato de que ele se apegava à sua “britanidade” (e talvez ainda mais, sua “sonserinidade”) apenasconcretizava a opinião de que ele era um intruso.Como resultado, o inicial entusiasmo extremamente radical de Alvo para com sua casa e seuscolegas esfriara para uma tolerância frágil e relutante. Ele sentia falta da Sonserina, onde ele eraapreciado e (tinha que admitir, pelo menos para si próprio) um pouco reverenciado. Afinal decontas, ele era um filho de Harry Potter e fora selecionado para a casa do inimigo mortal de HarryPotter. Se aquela não era uma ironia deleitável, então não era nada. Os sonserinos, políticos comopoderiam ser, entendiam ironia. Eles a apreciavam.Assim, conforme cada dia passava, trazendo para Alvo um passo mais perto de ir para casacom os seus colegas, ele se tornou cada vez mais descontente e impaciente.Falou um pouco com James a respeito, mas James não pôde realmente entender. James tinhaa Ralf e, de brinde, aquele insuportável Zane Walker para se exibir como sempre. Além disso, Jamesestava obviamente obcecado com algum projeto ou outro, como ele sempre parecia estar. Alvo nãosabia nada sobre aquilo — meramente notava o irmão e seu pequeno círculo de colegas enterradosem conversas silenciosas e olhando de espreita o campus como um grupo de imbecis convencidos—, mas ele achava que, o que quer que fosse, tinha algo a ver com Petra Morganstern.Alvo supôs que tinha um leve ciúme dele. Afinal de contas, Petra também era amiga dele,pelo menos um pouco. Ela e sua irmã viveram na casa dos Potter por várias semanas no verão, e

Petra e Alvo desenvolveram uma espécie de camaradagem afiada. Havia, decididamente, algo denão-Grifinória em Petra, apesar da sua casa de origem. Ela conseguia ser surpreendentementeobscura ás vezes, nas suas atitudes e no seu humor, e Alvo havia, para a sua própria grandesurpresa, gostado verdadeiramente dela. Ele não sentia o mesmo que James pela garota mais velha,naturalmente. Todos sabiam que James estava completamente encharcado de “amor deadolescente” por Petra. Alvo, por outro lado, a via como uma versão feminina mais nova do seu367recentemente casado tio Jorge. Para ele, Petra era um tipo de camarada, um espírito parente ecéptico, mesmo se ela tendesse a esconder isso tudo sob um exterior pouco doce de garota legal.Alvo não sabia se Petra tinha realmente culpa por amaldiçoar o velho Sr. Henredon ou não.Do seu próprio jeito, ele achou que a conhecia ainda melhor do que James, já que a opinião de Jamessobre ela era mais torcida inutilmente pelos óculos rosa da suposição. Alvo entendia que Petrapoderia ter sido bem aquela a romper o Salão de Arquivos. Ele realmente não conhecia todo otumulto a respeito daquilo. E daí se ela houvesse amaldiçoado algum velho curador trouxa e perdidotempo por aí com alguma relíquia misteriosa do fundo do Arquivo? Mesmo se tivesse feito isso, Alvocalculou que ela teria tido um bom motivo para isso.Ele também entendia — instintivamente, nada mais — que se as autoridades americanasbruxas tentassem prender Petra, teriam mais dificuldade em segurá-la do que esperavam. Alvotinha alguma experiência lidando com indivíduos mágicos excepcionalmente únicos. Seu pai, afinal,era o grande Harry Potter. Alvo sabia que havia algo de anormal em Petra, algo que eradiscretamente poderoso e (talvez mais importante ainda) profundamente feroz. Não importa o quetenha acontecido a ela e aquele juiz imprestável, Keynes, Alvo tinha uma sensação de que Petraconseguiria ficar encarregada com seu próprio destino. E com o de Isa também.— Ei, Cornélio — chamou Altaire enquanto Alvo voltava à Mansão Ares uma noite,interrompendo-o justamente quando começou a subir a imensa escadaria. — O seu irmão e o amigochato dele passaram para ver você.Alvo parou, surpreso. Ele olhou por cima do balaústre para Altaire, que vagava no salãoprincipal com uns estudantes Lobisomem mais velhos fingindo estudar, bebericando uísque de fogode uma garrafa que mantinham escondida debaixo do sofá.— James veio aqui? O que ele disse?

Altaire deu de ombros indulgentemente.— Quem sabe? Ele e o pequeno cúmplice Pé-Grande sacudiram as capas quando os encontreina porta e falei para eles que você não estava aqui. Sugeri que dessem meia-volta antes que euensinasse a eles um pouco de respeito. Desculpe se eu arruinei a hora do chá ou coisa parecida. —Ele sorriu maliciosamente e cutucou a garota ao lado dele. Ela deu um sorriso afetado e torto.Alvo revirou os olhos e virou-se, marchando pelo resto dos degraus.Ele ouviu sobre os recados de James pelo campus naquele dia. Lúcia certificara os boatos nahora do almoço. Aparentemente, James e Ralf Deedle estavam rondando por todas as outrassociedades, pedindo alguma ajuda com a futura partida do torneio. Ele sacudiu a cabeça enquantoandava para o segundo andar e abriu a porta do quarto do dormitório do segundo andar. Era bem acara de James, vagueando por todo o campus com a mão estendida, mendigando ajuda, tornando oproblema dele o problema de todo o mundo. Tão irritantes como os Lobisomens poderiam ser, pelomenos eles entendiam o conceito de respeito próprio. Eles iriam ganhar ou perder nos seuspróprios dois pés, e fariam isso com orgulho, não importa o que aconteça.368É claro, na experiência de Alvo, os Lobisomens sempre ganhavam, então ele não poderia tertotal certeza como reagiriam se algum dia perdessem. Assumiu que eles aceitariam isso com amesma amargura austera que exibiam em quase todos os outros casos.Alvo estatelou a mochila sobre a cama e se jogou próximo a ela. Ele apoiou o queixo nasmãos e olhou para além da alta janela.O fato era que aquilo o inflamava um pouco, que James não tivesse tentado com maisresistência pedir ajuda a ele. Sinceramente, Alvo sabia que ele não dera a James qualquer indicaçãoque ele, Alvo, estaria querendo oferecer ajuda, mas mesmo assim. Eles eram irmãos, não eram?No fundo, apesar de todo o seu desafio e aparente lealdade á sociedade, Alvo meio quequeria ver os Pé-Grandes ganharem o torneio. Não só porque James fazia parte do time, mas nomínimo porque os Pés eram os célebres coitados. Alvo não era do tipo de garotos a serem mexidospela situação dos coitados. O fato era que Alvo estava preocupado com a natureza aparentementeincontrolável do Time Lobisomem.Havia começado a alguns meses atrás, justo antes do Natal.Alvo estava se agasalhando para seguir o time até o Pepperpock Down para uma partidacontra a Casa Igor, quando Altaire o parou.— Opa, opa, opa, onde você acha que está indo? — o garoto maior exigira, pondo uma mão

no meio do peito de Alvo e empurrando levemente de volta para o salão.— Eu vou para a partida — respondeu Alvo, resistindo (com alguma dificuldade) a ânsia desacar a varinha e dar um empurrão do seu próprio modo em Altaire.Altaire sacudiu a cabeça impacientemente.— Não, você não vai — ele o contrariou. — Você tem um trabalho a fazer. Não me diga que jáesqueceu.Alvo franziu o cenho, cansado.— Você está brincando? Eu tenho que fazê-lo agora? Mas a partida...!— Presumo que conseguiremos jogar o primeiro tempo muito bem sem você naarquibancada sacudindo sua bandeirinha Lobisomem — Olívia Jones sorriu afetadamente,passando-os enquanto batia as luvas nas mãos.— Todos têm que fazer a sua parte — acrescentou Altaire, condescendente. — Nossa parte éir e chutar a bunda esquelética do Time Igor. A sua parte é polir a prataria para que tenhamos algobom para comer quando voltarmos. Pode não parecer muito importante para você, Cornélio, masteremos muita fome quando voltarmos. Mereceremos um pouco de prataria brilhante e refinada.Certo? O que aconteceria se você fugisse para a partida e faltasse com seus deveres? Ora,voltaríamos aqui e não encontraríamos nada a não ser prataria suja, manchada e velha! Isso nãoseria terrível?369— Responda-o, cadete — o Guarda Lobisomem, um sênior bruto chamado Dunckel, ordenouenquanto passava, batendo em Alvo com o ombro.— Seria terrível ao extremo — murmurou Alvo, tentando não soar muito sarcástico.Altaire assentiu.— Certamente seria. Agora vá fazê-lo. Se conseguir terminá-lo em meio tempo, você podeainda chegar para o segundo tempo do jogo. E se chegar lá mais cedo que isso, saberei que vocêtrapaceou e usou magia. Sem magia para as tarefas da casa! Você conhece as regras.— É — disse Alvo tenebroso, retirando o seu lenço e jogando-o no gancho da porta. — Euconheço as regras.Entrementes, Altaire já dispensara Alvo. Ele deu um tapa nos seus ombros almofadados,primeiro o direito e depois o esquerdo, soltou um clamor rouco de entusiasmo parecido com o deum animal (que foi respondido pelo resto do time enquanto andavam através da imensa porta dafrente), e trotaram para baixo da escada principal na direção da tarde fria.Ao contrário do resto das casas, o Time Lobisomem vivia tão perto do ginásio PepperpockDown que eles se preparavam para as partidas na sua própria casa, ignorando a adega armário

abaixo do terraço até o final da partida. Alvo observou inflexivelmente enquanto o grupo corria emfila única para baixo da escada e atravessava o caminho, emitindo sons agudos e tagarelando na luaamarela próxima. Quando passaram a estátua de bronze do lobisomem curvado, eles a acariciaram,como se aquilo fosse dar boa sorte. Era uma tradição que por pouco não era uma obrigação. Alvosacudiu a cabeça. Ele não era tão supersticioso para acreditar em sorte. Ele acreditava em fazer suaprópria sorte.Ou não.Ainda franzindo o cenho para si mesmo, ele virou para o salão principal da Mansão Ares ecaminhou até a sala de jantar e a caixa de prataria dentro.Ele usou magia para limpar a prataria, naturalmente, apesar das regras da Casa Lobisomem.Levou três minutos para fazer tudo. Os poucos minutos seguintes ele gastaria sujando alguns traposvelhos com o polimento de prata e os deixaria sobre a mesa simplesmente para enganá-los.Havia uma televisão na Mansão Ares. Isso ofendeu muito Alvo a princípio — a ideia de umatevê em Hogwarts era completamente ilógica, é claro —, mas Alma Aleron não era Hogwarts, e emtempos como aquele, ele estava muito feliz, secretamente, pela diversão. Usou a varinha paraapertar o receptor e desabou estirado no sofá.Havia canais de televisão dedicados aos bruxos nos Estados Unidos e Alvo assistiu um delesinconsolavelmente, esperando o momento em que ele sentiria que poderia rumar à partida semlevantar suspeitas. O programa era um daqueles de entrevistas. O apresentador, um bruxo comterno risca-de-giz laranja, estava entrevistando algum homem da Montanha de Crystal sobre odesaparecimento duradouro do senador trouxa. A teoria em andamento, aparentemente, era que o370senador, cujo nome era Filmore, ainda estava vivo, e estava sendo mantido pela Frente de LiberaçãoUnida dos Bruxos numa localização secreta. O homem da Montanha de Crystal era impressivamenteengenhoso e frio, vestindo um terno cinza e casaco da Borgonha. Ex-membro da Casa Lobisomem,Alvo pensou com uma mistura de orgulho e aborrecimento.— Segundo alguns especialistas, o novo diretor da W.U.L.F. é uma mulher — o homem dizia,em tom grave. — Ela substitui o ex-diretor, Edgar Tarrantus, que preferiu ser mais uma figurapública apesar da natureza clandestina do seu grupo. Essa nova diretora, entretanto, manteve umperfil notavelmente baixo, e não sabemos de quase nada sobre ela. Ela simplesmente parece ter

aparecido do meio do ar, lutando pelo controle do grupo contra os seus fundadores e tomando-o,alguns dizem, para perigosas novas direções.— E o que isso pressagia ao senador trouxa Filmore — o apresentador perguntousignificativamente, inclinando-se levemente para frente na sua cadeira.O homem de terno cinza deu de ombros.— Se ele ainda está vivo, então temos que assumir que o plano vai ser lançar o FeitiçoObliviate e a Maldição Imperius nele. Ele poderá então ser lançado de volta à estrutura de poder dostrouxas, provavelmente com alguma história inventada para explicar a sua ausência. Assumindo queisso prospere, devemos esperar que ele vá então agir sob a vontade dos seus ex-captores.— E o que isso poderia ser? — perguntou o apresentador, levantando a cabeça.— Os objetivos do W.U.L.F. são realmente bem conhecidos — o homem de terno cinzarespondeu, sossegado. — Igualdade completa entre os mundos bruxo e trouxa. O primeiro passoseria provavelmente uma divulgação do mundo mágico, pelo menos de um jeito relativamentepequeno, simplesmente para preparar o público trouxa às mudanças que estão por vir.Naturalmente, essa parte é apenas suposição.O apresentador assentiu rigidamente.— Objetivos nobres realmente, mesmo se seus métodos forem um pouco questionáveis.Pesquisas de opinião recentes revelam que quase cinquenta e dois por cento dos bruxos e bruxasamericanos são a favor de completa revelação mágica ao mundo trouxa. Tem ideias do porquê que oW.U.L.F. e sua misteriosa nova líder esperaram tanto tempo para agir? Afinal, contando de agora, osenador está desaparecido há meses.— Pode ser que elas estejam em andamento — o entrevistado respondeu jovialmente. — Asautoridades internacionais estão trabalhando com o Departamento de Integração Mágica paralocalizá-los, e há rumores que as agências internacionais envolvidas agiram com imprudência,permitindo ao W.U.L.F. tempo para se reassentarem. Existem ainda suspeitas que alguns da políciainternacional estão secretamente envolvidos com o W.U.L.F., trabalhando para eles ou, maisprovavelmente, tentando tomar o comando do grupo pelos seus próprios motivos abomináveis.— Cocô de explosivim — resmungou Alvo, aborrecido, sentando-se no sofá e chicoteando avarinha para a tevê. A tela ficou preta com um curto som agudo. — Infames descontentes e ingratos.371Seria muito bom e útil se papai simplesmente desistisse e fosse para casa. Deixar vocês todos emapuros com seu estúpido W.U.L.F. e suas pesquisas de opinião malditas.

Ele se levantou, guardou a varinha no bolso e andou silenciosamente para a porta, sem sepreocupar se chegaria à partida cedo ou não. Naquele momento, Alvo calculou que Altaire poderiase empanturrar com a prataria onde os narguilés não mordessem. Ele agarrou seu lenço e fechoucom força a porta frontal no seu caminho para fora.Estava virtualmente escuro agora e Alvo pôde ouvir os gritos e berros do próximo cair danoite no Pepperpock Down enquanto caminhava pelo caminho frontal. Ele passou pela estátua debronze reluzente do Lobisomem agachado. A placa incrustada na base da estátua era apenas legívelpela luz da lua cheia:VITÓRIA AOS LOBISOMENS!Presente do Sr. Stafford N. Havershift, Presidente da Tropa Comandante dos Lobos, Classe de1992— Dane-se, Havershift — murmurou Alvo. — Você e a sua estátua imbecil.Um momento depois, ele parou de dar passadas quando uma sensação de surpresa correupelas suas costas. Lentamente, com os olhos esbugalhados, ele virou-se para a forma de bronze quemostrava os dentes.Não havia se movido. E, ainda assim, Alvo tinha total certeza que ela havia acabado de rosnarpara ele. Ele franziu a testa para a forma agachada. Seus dentes nus reluziam na luz da lua. Seusolhos cor de âmbar capturavam a luz fraca e pareciam brilhar fracamente. Alvo estava prestes aseguir o seu caminho quando o som tornou a vir — um tipo de rosnado minúsculo e latido. Eraquase tão silencioso para notar, mas vinha definitivamente da estátua. O barulho do PepperpockDown próximo, ecoou pelo Morro do Triunfo. Uma alegria entrou em erupção repentinamente dastribunas principais. Alvo se concentrou na estátua de bronze, resistindo a um medo irracional deque a forma congelada subitamente pularia à vida e lançaria-se sobre ele, estalando as presas, seusolhos cor de âmbar brilhando.Estava fazendo barulhos.Eles eram tão quietos, tão fracos, que Alvo teve que apontar sua orelha diretamente para afrente do focinho exposto, concentrando-se para ouvir, mas não havia nenhuma dúvida a respeito.Mais dos fracos rosnados latidos soaram e Alvo de repente os reconheceu. Ele ouvira os mesmossons há menos de uma hora atrás enquanto o Time Lobisomem se encaminhavam para a partida.Era o seu próprio time, latindo em vitória por um gol marcado. Ele os ouviu pela boca da estátua debronze, como se estivesse numa secreta frequência mágica sem fio. E então, muito baixas porémreconhecíveis, ele ouviu suas vozes.

372Belo tiro, Lantz!Derrubou ela com habilidade do skrim!Muito bem time, formação de pinça! Vamos ganhar deles de novo!Roubar aquela Engate deles! É mais do que isso!Alvo reconheceu as vozes: Altaire, Jones e todo o resto. Enquanto escutava, ele tambémouviu a euforia da torcida, vindo da boca de dentes expostos da estátua e do alto ar acima. Não haviadúvidas: ele estava ouvindo a partida enquanto ela acontecia — ouvindo tudo que os seuscompanheiros de time diziam uns aos outros como um walkie talkie mágico.Ele deu alguns passos para trás e fitou a estátua. Os olhos cor de âmbar brilhavamfracamente e Alvo ficou imaginando se talvez não fosse a luz capturada da lua cheia que ele viareluzindo naquelas órbitas amarelas. Talvez elas estivessem brilhando por conta própria, ligadaspela mesma magia secreta que conectava a estátua à partida mesmo enquanto ela acontecia a cercade noventa metros de distância.E se ela estava conectada à partida, a partida estava de algum jeito conectada a ela? Alvosabia muito bem que enquanto jogo mágico era permitido dentro do Engateclavas, fora dele a magiaera estritamente proibida. Nada do lado de fora dos limites do circuito era permitido parainfluenciar a partida de jeito algum.E mesmo assim...Alvo sacudiu a cabeça lentamente, ainda franzindo a testa para a estátua de bronze. A placana sua base lia-se: “VITÓRIA AOS LOBISOMENS”. Alvo não pode deixar de se perguntar.Aquilo era meramente um slogan? Ou, talvez — só talvez — era um encantamento?Ele não sabia. Mas ele iria descobrir.Por ora, virou e correu o resto do caminho para as tribunas principais próximas, suarespiração amontoando-se atrás dele no ar frio e escuro.Levou menos de uma semana para Alvo desvendar o mistério da estátua Lobisomem.Sem dúvida, James ficaria pasmo por aquilo (e mais tarde ficou, quando Alvo o contou arespeito), mas sua prima Rosa não ficaria surpresa de modo algum. Enquanto Alvo eraprincipalmente conhecido na família mais como um tratante de língua afiada e um pouco373descontente, ele também era, bem no fundo, um garoto bastante ávido com excelentes instintos.Rosa reconhecia essas qualidades, pois ela própria as tinha. Na verdade, a principal diferença entreos dois era que Rosa, como a mãe, adorava ler e, portanto complementava sua vivacidade natural

com uma fartura de conhecimento. Alvo, infelizmente, odiava ler, assim sua inteligência natural foimais faminta de estímulo e precisou prosperar. Por esse motivo, era fácil para aqueles que oconheciam (incluindo o próprio Alvo) concluir que ele era um pouco mais obtuso que seu irmão eirmã, apesar do seu juízo verbal. A verdade, contudo, era mais o inverso.A primeira coisa que Alvo fez foi pesquisar um certo Sr. Stafford Havershift, cujagenerosidade foi aparentemente a responsável pela estátua que se alçava na frente da Mansão deAres.Aquilo provou ser muito mais fácil do que Alvo poderia ter esperado. O salão do lado de forada sala de jantar da Mansão Ares era dominado por uma grande vitrine de troféu com um acúmulode placas, fotos, recortes de jornal e objetos valiosos diversos. Uma seção inteira da vitrine haviasido dedicada ao Sr. Havershift, cujo rosto sorria de modo malicioso e curvo numa grande fotoemoldurada no centro.Ele era um homem de aparência absurdamente boa, com um saliente queixo dividido, cabelogrosso e oleoso, um nariz bem delineado e vivos olhos verdes. Um olhar de relance apressado pelasprateleiras próximas informou muito para Alvo. O homem jogara de Cortador no Time Lobisomemdurante toda a sua carreira escolar, uns vinte anos atrás, e levou o time a uma série de campeonatos.De acordo com os recortes de jornal, Havershift havia sido um excelente atleta e um estudantededicado, tendo excelência no Preparo de Poções e Engenharia Pré-Cognitiva.Alvo ficou imaginando por um momento se o homem havia partido para jogar Engateclavasprofissional, mas então seus olhos caíram sobre outro recorte de jornal perto do lado superiordireito da vitrine: “Acidente Transversal com a Estrela Lobisomem”. A foto em preto e branco que semexia que acompanhava o artigo mostrava dois jogadores de Engateclavas colidindo forte no meiodo ar, rodopiando para fora do anel central com suas almofadas e óculos de proteção voando. Alvoexaminou as primeiras linhas do artigo, vislumbrando apenas o suficiente para descobrir que opulso direito de Havershift havia sido despedaçado na colisão, acertado pelo skrim do outro jogador.Aparentemente, havia suposições de que o outro jogador, um garoto chamado Benoit, da CasaVampiro, havia deliberadamente acertado Havershift numa tentativa de retirá-lo da partida.Deliberado ou não, o resultado foi o mesmo: o pulso de Havershift fora curado do melhorjeito possível, mas ele sustentou dano permanente nos tendões da mão, dramaticamente reduzindo

sua habilidade de usar uma varinha. De uma tacada só, sua carreira como atleta de Engateclavas foraarruinada.Indiferente, o time aparentemente conquistou a vitória e concedeu a Havershift o prêmio deJogador Mais Valioso, apesar das bandagens que ainda se enrolavam no seu pulso.Enquanto Alvo examinava o resto da vitrine procurando por mais pistas, uma sombra caiusobre ele. Levantando o olhar, ele viu o Professor Jackson, Presidente da Casa Lobisomem, paradoao lado dele, sua expressão obscura rígida como sempre.374— É bom ver que você está se interessando na história da casa, Sr. Potter — o homem altodisse calmamente.Alvo assentiu.— É, er, passei direto por essa vitrine por quase um ano inteiro e nunca realmente paroupara olhar pra ela. — Ele lançou os olhos de volta para as prateleiras de vidro e apontou para a largafoto emoldurada. — Você sabe de alguma coisa sobre essa pessoa?— Stafford Havershift? — perguntou Jackson, sorrindo um pouco incrédulo. Ele sorriudisfarçado e sacudiu a cabeça. — Naturalmente, sendo da Inglaterra, para você ele pode não sermuito familiar como para o resto de nós. O Sr. Havershift é o fundador da Poções Pandora, a maiorfábrica preparadora de elixir e poções do país. Seus produtos são distribuídos de navio para todo omundo, de tônicos para colorir o cabelo até ácidos mágicos usados pelo exército. Ouso dizer que éprovável que você tenha alguns de seus produtos no próprio banheiro.Alvo deu de ombros.— Talvez. Então ele é meio que venerado aqui na Casa Lobisomem, hein? Ele sendo um ex-Lobisomem e tudo.— De fato, é — concordou Jackson, ficando sério. — Sua perseverança à frente daadversidade é um exemplo para todos nós. Como um Cortador para o Time Lobisomem, ele noslevou à nossa primeira sequência de vitórias em torneios por vários anos. Eu era Presidente da CasaLobisomem naquele tempo também, e lembro-me com bastante nitidez. Depois do seu infelizacidente, ele jurou que devotaria-se ao suporte do time pela sua vida inteira, indiferente da suaimpossibilidade de jogar. Ele se formou, fundou a Poções Pandora com a ajuda do pai e tornou-seum sucesso mundial. E ainda assim, apesar de sua prosperidade e obrigações com negóciosinternacionais, ele ainda arranja tempo para ficar envolvido aqui na Alma Aleron. Ele foi presidenteda Tropa Comandante dos Lobos por vários anos. Há só uma década atrás, ele doou a estátua de

bronze de lobisomem que você viu parada na frente desta mesma casa.— É isso? — disse Alvo com calma.— Ele veio para a sua inauguração — acrescentou Jackson, ficando ereto e assentindoorgulhoso. — Foi um dia glorioso, presenciado por ex-alunos de décadas passadas. Devia ter umastrezentas pessoas no cume do Morro do Triunfo, que só tornamos a alcançar esse número depois deuma incrível vitória num torneio sobre o Time Duende. O Sr. Havershift pediu ao time deEngateclavas atual para vir à frente para que ele pudesse sair na foto com eles e a estátua. “Bata nofocinho”, ele falou para eles enquanto se reuniam em volta da estátua, e eu ainda posso lembrar dasatisfação no sorriso dele, o brilho nos olhos. “Bata nele e vejam se ele traz a vocês a vitória”, disse.Foi o começo da tradição que você mesmo testemunhou certamente. Estou certo, Sr. Potter?Alvo assentiu lentamente, virando para o homem sorridente na fotografia. A foto se mexia, éclaro. Nela, o sorriso de Havershift era convencido, confiante, até um pouco médio.375Os instintos de Alvo estavam estalando asseadamente no lugar. Ele não sabia tantas coisasquanto Rosa, mas era rápido.Aqui estava um homem, Stafford Havershift, cuja chance de uma vitória de torneio numaidade sênior foi roubada dele, assim como a maioria do uso da sua mão esquerda — a mão davarinha. Entrementes, isso não o fez parar. Isso nem mesmo fez ele ficar menos ativo. No modoclássico da Casa Lobisomem, o homem aparentemente abandonou a varinha mágica e imergiu-se noseu segundo amor: preparo de poções. Compulsivo e provavelmente desapiedado, ele prosperoufantasticamente, o tempo todo fervendo de raiva sobre o que lhe foi tomado, sobre aquela últimavitória de torneio que ele não foi capaz de sentir o gosto. Em resposta, jurou dar suporte ao TimeLobisomem até o dia em que morresse — para ajudá-los a conquistar o maior número de vitóriaspossível — e como prova daquele suporte, ele doou uma grande estátua de bronze com misteriososolhos cor de âmbar.Seria possível que ninguém mais houvesse percebido aquilo? Ou eles sabiam — pelo menosuma parte — e só fingiam que não? Para Alvo, parecia muito óbvio: o partidário de um time rico queapenas ocorria ser um especialista internacional em preparo de poções dá ao time um talismã paraeles esfregarem antes de cada jogo e daquele dia em diante... eles nunca perdiam. Coincidência?— Você só pode estar brincando — murmurou Alvo num tom baixo, olhando para além da

janela frontal na direção da estátua no relvado, cintilando na luz da lua. — Digo... sério. Ninguém ébom assim.Há alguns dias atrás, enquanto ele estava voltando das aulas para casa, Alvo virou para aestátua. Ele olhou furtivamente em volta e então fitou de perto os olhos cor de âmbar postos nacabeça da estátua, logo sobre o focinho rosnante. Ele viu seu próprio reflexo neles, obscuro, porémclaro, tingido de ouro. Tentativamente, ele estendeu a mão e tocou o metal frio do nariz do lobo. Erahabilmente rígido, sobre a ponta dos dedos era macio e duro, fatigado e vivo nas mãos que asapertavam através dos anos. Sentindo o leve estremecimento, Alvo alisou sua mão pelo focinhoesculpido do lobo. Um momento depois, ele refugiou-se para a casa, virtualmente subindo correndoas escadas na direção do seu dormitório.Uma vez dentro, ele bateu a porta e apressou-se para sua cama. Ele abaixou sua mochilasobre a cama, abriu o seu zíper e vistoriou o lado de dentro até encontrar uma folha de pergaminhorosa e leve, quase tão fino quanto lenço de papel. Ele tinha acabado de voltar da aula de Preparo dePoções com o Professor Baruti e secretamente roubou o pedaço delgado de pergaminho escondidono armário das Poções. Entre os estudantes de Poções, as folhas de pergaminho rosa eramconhecidas como “Impostores-do-ensino” por causa do jeito que o Professor Baruti as usava paramedir os ingredientes dos projetos em classe. Ele meramente mergulhava uma ponta nos seuscaldeirões, examinava-as criticamente, e depois sugeria mais salamandras ou um pouco menos debile em pó de aranha.Com cautela, Alvo deitou o fino pergaminho na sua mão direita, que ainda estava fria com otoque no metal da estátua de bronze. Com a mão esquerda, ele pressionou o Impostor-do-Ensinofirme contra a palma. Esperou dez segundos, contando lentamente em voz baixa, e depois separou376as mãos novamente. Ele carregou a folha de pergaminho rosa para a janela para que pudesseexaminá-lo na luz do sol.Lenta e fracamente, uma caligrafia cursiva começou a se espalhar no papel, como se fosseescrita por uma mão invisível. Alvo leu as palavras assim que uma ficou clara.Óleo de hortelã (tirante)Unha do dedão do pé pulverizadas com banha de barriga (133 partículas)Essência de enguia (minúscula)Raiz de Wreakramble (degradada; 0 de potência)

Alvo inclinou-se sobre o pergaminho, franzindo a testa para as palavras. Ele podia traçar asorigens de todos esses ingredientes. A maioria deles era restos da sua recente aula de Poções e oalmoço anterior a ela. A raiz de Wreakramble era da semana passada, quando o Professor Barutilevou a classe a Shackamaxon para uma aula especial com a mulher nativa, Madame Ayasha. Alvorecordou-se que deveria provavelmente lavar as mãos com um pouco mais de frequência. Suspirou.O Impostor-do-Ensino não parecia ter apanhado nada da estátua de bronze no lado de fora.Mas então, com muita fraqueza e lentidão, outra linha começou a escrever-se no pergaminhoparecido com lenço de papel. Alvo inclinou-se novamente, forçando a vista para distinguir aspalavras manchadas.Composto: Felix Felicis (derivado híbrido; memória)Alvo por pouco não ofegou. Seus olhos se esbugalharam enquanto ele olhava para opergaminho e suas fracas palavras. Ele sabia o que “memória” queria dizer em termos de poções.Significava que não havia nenhum indício detectável do ingrediente listado, mas um tipo de halo ouaura disto que restava, carimbado no pergaminho como um eco.— Felix Felicis — sussurrou para si, admirado. Um momento depois, um sorriso torto abriuselentamente no seu rosto e ele sacudiu a cabeça lentamente. Era familiar com a substância, emboranunca tivesse encontrado nada disso na vida real.— É isto que está nos olhos cor de âmbar, provavelmente — refletiu em voz alta. — Afinal decontas, é um líquido, não é? Pode ser infundido no metal também, mas deveria ter uma reserva emalgum lugar no interior, senão a poção de memória seria inútil.377Alvo estreitou os olhos. Ele recolheu o Impostor-do-Ensino usado, dobrou e guardou-o nobolso interior da sua jaqueta cinza. Ele não estava inteiramente certo do que faria com o queaprendeu, mas ele estava feliz por isso, entretanto. Talvez ele contasse a James sobre aquilo. Nãoque aquilo não fosse fazer nada de bom, é claro, mas seria bom poder revelar tal fofoca interessanteem casa.Felix Felicis, pensou, sorrindo tristemente. Mais conhecida como Sorte Líquida.Alvo poderia ter dito a James naquela mesma noite se não fosse pela detenção de PetraMorganstern.Em retrospecto, James e Alvo entendiam que aquilo foi o evento que colocou tudocompletamente em movimento, como uma alavanca sendo puxada e iniciando meio que um

carrossel mágico, um que começa lentamente, mas gradualmente gira cada vez mais rápido,tornando-se um borrão incontrolável.Eles estavam andando para a livraria depois do jantar na cafeteria, Alvo, James, Ralf, Zane eLúcia, na terça-feira antes da partida final de Engateclavas do torneio, quando a palavra caiu. Umemaranhado de vozes lançavam-se no ar cedo do verão, distraindo Alvo da goles que ele e Ralfestavam lançando em volta. O lance de Ralf acertou Alvo no peito e saltou no chão, fora de vista,enquanto o grupo se virava para o barulho crescente.— É aquela garota! — alguém gritou num tipo de berro quieto. — Aquela que amaldiçoou oSr. Henredon! Eles finalmente se convenceram dela!— Mas por que eles estão trazendo ela aqui? — um garoto Vampiro perguntou, passandotrotando por Alvo, rumando para se juntar à multidão que se reunia.— Petra? — perguntou Ralf, virando para olhar James e Zane. — Vocês ouviram algo assim?James sacudiu a cabeça, seu rosto ficando alarmado.— Não. Coisa alguma! Vamos lá!Como se fosse um, o grupo rompeu numa corrida, Alvo e Lúcia seguindo na retaguarda. Nahora que alcançaram a multidão de estudantes, uma voz comandante ecoou do centro, dominando atagarelice.— Todos, por favor, afastem-se — a voz disse, seu tom com inquestionável autoridade. Alvoviu um homem bastante severo numa escura túnica cinza e vestes curtas, suas mãos erguidas. —378Para sua própria segurança e para a segurança do campus, retornem imediatamente às suas casas esalas de aula. Qualquer um que for pego interferindo nos negócios da Corte Bruxa, mesmo poracidente, será processado. Fui claro?A última não foi realmente uma pergunta, e o conjunto de rostos dos homens tornaramaquele fato bastante óbvio. Estudantes começaram a recuar, embora ninguém parecesse ter pressapara voltar para suas casas e salas de aula. Enquanto a multidão se dissolvia em partes, Alvo viuuma firme comissão de homem e mulheres vestidos em mais túnicas cinzas e capas, todos os seusrostos quase sem expressão. O juiz, Albert Keynes, estava entre eles, sorrindo fracamente, seuchapéu puxado rijamente para baixo, na sua cabeça careca. O grupo começou a andar lentamentepara uma grande construção — a escola médica do campus — levitando algo cuidadosamente entreeles. Alvo percebeu o que era no mesmo momento em que James e resto também perceberam.— Petra! — exclamou James, quase gemendo. Ele começou a avançar novamente, pondo a

mão na própria varinha, mas Ralf e Zane agarraram seu ombro e o contiveram, seus rostos pálidos egraves.Petra Morganstern flutuava suspensa no centro dos bruxos e bruxas reunidos, sua cabeçaabaixada, seu cabelo pendurado como uma cortina obscura sobre o rosto. Alvo supôs pela solturados braços e o torcimento folgado dos dedos que ela estava inconsciente e sentiu sua própriapontada de pena misturada com medo. Seus pés descalços balançavam quinze centímetros sobresua sombra enquanto ela flutuava pela trilha, suspensa no centro por nada menos que oito varinhasapontando.— Petra! — James chamou-a novamente, como se estivesse determinado a acordá-la. Alvosabia que era um esforço fútil. Ela nem estava meramente desacordada. Tinha sido forçada àinconsciência. Provavelmente foi o único jeito que os oficiais da corte tiveram para conseguiremapreendê-la. Ainda assim, doía o coração um pouco em ver. Era meio como ver um dragão nobre quelhe foi arrancada as garras e presas, ou uma princesa guerreira capturada com todo o seu cabelocortado. Havia algo vergonhoso naquilo e algo mais profundamente assustador. Não só porque Petraestava tão silenciosa na sua inconsciência, mas porque Alvo sabia que eles não seriam capazes demantê-la inconsciente para sempre. No fim, ela acordaria.Lenta e cautelosamente, a corte reunida de policiais homens e mulheres, manobraram ocorpo de Petra para as largas portas da frente da Faculdade de Medicina. Keynes manteve uma dasportas abertas para eles, dando aquele sorriso exasperador e presunçoso. No interior, Alvo sabia,havia poções que podiam pôr alguém num profundo sono, virtualmente sem sonhos.Mas eles não seriam capazes de mantê-la inconsciente para sempre, Alvo pensou novamente,e estremeceu levemente. No fim, Petra acordaria. Talvez Isa partiria até então, disposta pela suanova casa no mundo trouxa, sua memória da Alma Aleron, o mundo bruxo e a própria Petracompletamente apagados. Talvez eles prosperariam em aprisionar Petra dali em diante, por todo obem que aquilo poderia (ou não) fazer. Ao contrário de James, Alvo não sabia que Petra era umafeiticeira, mas ele sentia que ela não era uma bruxa típica. Eventualmente, em algum dia, Petracertamente acordaria. Era inevitável.379E quando fizesse isso, Alvo tinha total certeza de uma coisa: quando acordasse, ela estariamuito, muito zangada.380

Capítulo 21Improváveis Alianças“Petra!” James chamou, nem mesmo sentindo as mãos de Ralph e Zane nos seus ombros, osegurando. Distante, ele estava consciente de estar tirando a varinha de suas vestes. Foi elevando-acomo se quisesse atacar Albert Keynes e sua tropa de oficiais da justiça. Era um absurdo, é claro,mas para o momento, ele estava além do absurdo. Eles tinham pego ela, haviam a paralisado edeixado inconsciente como uma espécie de animal selvagem, e estavam arrastando-a para a prisão.As Portas da faculdade de medicina balançaram lentamente se fechando, tirando de vista apateticamente flutuante jovem e seu quadro de guardas. Keynes observou James pelas portas quese fechavam suavemente, sua expressão tristemente paternalista. Você realmente acha que eu nãoiria saber a verdade? Seu olhar parecia dizer. E então, com um clique suave, as portas fecharam. !"Não", James gemeu. "Não era pra acontecer dessa maneira. Eles não deveriam condená-laainda! Nós estamos tão perto.”"Não acabou ainda", Zane disse calmamente, a sério, finalmente liberando o ombro deJames. "Nós ainda podemos colocar as coisas em ordem."Ralph concordou. "Sim, ainda não acabou."381James mal podia ouvi-los, entretanto. Ele podia sentir o fio de prata invisível que ligava ele aPetra. Fazia frio, e ele descia pelo centro de seu braço como uma veia de gelo, enchendo a cabeçacom visões obscuras e fragmentos de sonhos, transmitido diretamente da mente inconsciente dePetra. Ela estava sonhando com sua captura, repetindo-a varias vezes. James captou vislumbres dosfantasmas de seus próprios pais na rua fora do seu apartamento, impotente e com raiva. Lilianestava lá, em pé na calçada ao lado de Isa. Eles estavam de mãos dadas. Ambos pareciam chocados,descrentes. No centro da rua, Keynes e sua tripulação chamaram Petra, fizeram um circulo em tornodela, levantando suas varinhas na direção dela. Ele ouviu a própria voz de Petra em sua memória,confuso e consternado, dizendo que ela viria em silêncio, que foi tudo um engano ...Não é um engano, Keynes disse suavemente, sua própria varinha com firmeza apontada paraela. E você certamente vai vir tranquilamente.Houveram flashes depois, vindo de várias direções ao mesmo tempo. Petra tentou lutar contra aforça deles, mas ela não estava preparada. Foi tudo muito rápido, e tinha muitos deles. A escuridão

tinha tomado ela então, em sua mente inconsciente, o cenário começou a se repetir outra vez, comouma agulha pulando em um antigo tocador de musica.A raiva crescia no peito de James, esmagando-o. Antes que ele percebesse, ele estava correndo,correndo em direção ao centro médico, sua varinha ainda em sua mão, apertou forte o suficientepara emitir faíscas vermelhas de sua ponta. Ele ouviu Zane e Ralph chamá-lo de novo seguido pelosgritos alarmado de ambos Alvo e Lucia, mas essas coisas não importavam. Ele seguiu o fio invisívelprateado, perseguindo-o como um farol.Ele irrompeu pelas portas da Faculdade de Medicina e rapidamente atravessou a entrada, seuspassos ecoando alto no chão de mármore. Ele fez isso apenas por alguns passos antes que umaexplosão de luz o acertasse. Sua varinha saltou de sua mão, bateu no chão, e saiu rolando pelo salão."Deixe-a" uma voz mandou rapidamente, mesmo que James tivesse se mexido depois. Jamesparou e virou-se, ofegante. Albert Keynes estava em uma esquina, dentro das portas principais, suaprópria varinha levantada confortavelmente, como se tivesse apenas esperando por James."Boa escolha", disse Keynes, sério. "Eu não culpo você por estar chateado, jovem, mas eu odiariaver você fazer algo precipitadamente. Você realmente precisa aprender a controlar suas emoções. ""Ela não é culpada!" James disse, quase gritando de raiva e frustração. "Você deve saber disso!"Keynes inclinou a cabeça com pena. "Eu aconselho-o a sair agora, Sr. Potter. Vou levar suavarinha para o chanceler, de quem você pode ir para buscá-la mais tarde, assim que você tiver seacalmado. ""Ela não fez isso!" James repetiu, avançando sobre Keynes, as mãos abrindo e fechando a seulado, irremediavelmente vazias."A senhorita Morganstern é culpada, Sr. Potter, "Keynes disse calmamente, a voz quaseirritantemente agradável e tranquila. "Eu esgotei todas as possibilidades de sua inocência. É o meutrabalho. A justiça deve ser feita "."Com quem você conversou?" James exigiu, balançando a cabeça em fúria. "Quem quer queeles sejam, eles mentiram!"382Keynes levantou o queixo levemente, o rosto pálido se tornando uma pedra. "Cuidado com asperguntas que você faz, meu jovem amigo", disse ele friamente. "Você pode obter respostas que vocênão quer ouvir.""Você não sabe nada!" rebateu James, parado no centro do salão. Lágrimas de frustração

saindo nos cantos dos olhos, mas ele desejou que elas voltassem. "Você não sabe de nada. Tudo oque você ouviu, é tudo mentira! ""Eu temo", disse Keynes, sua voz tão baixa e calma que James teve de se esforçar para ouvi-lo", que você é que foi enganado, Sr. Potter. A Srta Morganstern mentiu para você. "O rosto de James estava quente em um vermelho de raiva, quase como se soubesse queKeynes estava certo. "Eu não sei do que você está falando", disse ele, abaixando a sua própria voz."Eu sei o que aconteceu na fazenda Morganstern ", Keynes disse devagar, fixando os olhos nosde James. "E você sabe?""Eu sei o suficiente", disse James, seu rosto ainda estava queimando. "Eu sei que ela escapoude uma vida horrível com sua madrasta. Sua irmã também. "Keynes foi sacudindo a cabeça gravemente. "Você sabe o que a Srta. Morganstern deseja quevocê saiba. Mas ela escondeu o pior de você. ""E qual é o pior" James exigiu, mas Keynes já estava respondendo, interrompendo-o, suaspalavras calculadas para cortar como uma navalha."A Srta. Morganstern matou a madrasta ", disse Keynes cuidadosamente, se assegurando queJames ouviu cada palavra. James encarou silenciosamente, e Keynes continuou, puxando um suspirotriste. "Ela era uma mulher trouxa, impotente e incapaz de lutar contra tal ferocidade. A Srta.Morganstern matou a mulher com uma magia que era ao mesmo tempo impressionante einexplicável. Ela usou uma árvore para fazê-lo. Isto soa um pouco incrível, não é? Aparentemente, aSrta. Morganstern trouxe a árvore a vida, obrigou-a à recolher a madrasta e, em seguida comandou aà afogá-la em um lago nas proximidades. O pior, ela ainda o fez enquanto à filha da própria mulherassistia, Izabella Morganstern. Eu mal acreditei, mas as evidências da cena do crime corroboram ahistória tornando-a bastante convincente. A cratera onde ficava a árvore ainda está lá. E, claro, atestemunha é muito convincente. "Quando James tentou falar, sua voz saiu num seco coaxar. "Qual testemunha?"Keynes apertou os lábios, pensativo, e James assumiu que não iria responder, mas, emseguida, Keynes encontrou seu olhar novamente. "A bruxa", ele respondeu calmamente. "Você nãopoderia conhecê-la. Ela morava na região, na época, e costumava fazer caminhadas matinais aoredor do lago em questão. Ela é uma amante da natureza, você vê, e da água em particular. Ela seesforçou para permanecer escondida durante aquela manhã, ao fazer seus passeios com medo deser presa por invadir o lago que era uma parte da fazenda Morganstern. Ainda assim, sua

consciência mandou que ela me contasse o que ela testemunhou. Ela me procurou, na verdade. Senão fosse por ela, e pela veracidade de sua história, a Srta. Morganstern poderia muito bem terescapado do crime que ela cometeu naquela manhã. E como você pode imaginar, este encargoapenas me convenceu mais da veracidade das alegações do Sr. Henredon sobre o que aconteceu noSalão dos Arquivos. Porque, sem o testemunho desta mulher nobre, a Srta. Morganstern poderia terficado impune."383James se sentiu preso no chão, frio e sólido como uma estátua. "Quem era ela?", perguntou ele,novamente, sem esperar uma resposta, e ainda temendo no entanto que ele soubesse a resposta. Éclaro que ele sabia. Ele podia imaginá-la agora mesmo em sua memória, longos cabelos ruivos,principalmente escondido sob um capuz escuro, olhos verdes brilhantes, estranhamente perfeitos,pele pálida. “As pessoas tendem a não reparar em mim”, ela havia dito na noite que James aconheceu nos corredores do Aquapolis. A menos que eles queiram reparar. Ou que eu os faça."Você não a conhece", Keynes disse, sorrindo com condescendência para James. "Ela é umamulher bastante reservada, talvez até mesmo reclusa, apesar de muito atraente, em sua própriamaneira.""Ela nem sequer deu-lhe seu nome, não é?" James sussurrou, balançando a cabeça. "Ela foireservada, não foi? Ela estava mentindo para você. Ela tinha que estar."Ela não estava mentindo", Keynes afirmou friamente, os seus olhos se estreitando. "E elacertamente me deu o seu nome, Sr. Potter. Não que isso importe para você. O nome dela ... "Eleparou, aparentemente considerando se ele deveria ir em frente. Finalmente, ele baixou a voz paraum murmúrio perto e continuou. "Seu primeiro nome é Judith. Isso é tudo que você precisasaber. Agora, vá embora. Rapidamente, antes que eu fique impaciente. "James permaneceu no local, no entanto, os seus olhos estavam arregalados, sua testafranzida em consternação. Judith. Ele tinha ouvido esse nome antes. Mas onde? Seus pensamentoscorriam enquanto tentava organizá-los.""Vá!" Keynes ordenou, sacudindo sua varinha novamente. James tropeçou para trás como seuma força suave o empurrasse, batendo nele como um vento quente. Ele virou-se, ignorando asinstruções anteriores de Keynes, e pegou sua varinha no chão. Um momento depois, ele penetrou noar quente da noite de verão. Zane, Ralph e Lucy estavam esperando por ele, de olhos bem abertos e

preocupados. James balançou a cabeça e se dirigiu a eles atravessando todo o campus, fazendo o seucaminho para Mansão Apollo."O que aconteceu?" Zane exigiu, trotando para alcança-lo. "Você viu ela?""Não", respondeu James, andando rápido, sua mente girando. "Precisa ir até a biblioteca. Eu...er, preciso pegar mais alguns livros. Eu vou te encontrar lá em poucos minutos. Nós podemos falarsobre isso depois. "Ralph, Zane e Lucy concordaram, embora com relutância.James realmente não precisa de nenhum livro, no entanto. O que ele realmente precisavaera de alguns minutos para pensar. Foi muito difícil. As palavras de Keynes ressoavam como pesosde chumbo na memória de James, apagando seus próprios pensamentos.Algo daquilo havia sidoverdade? Aquilo Mudava alguma coisa? Era tarde demais para ajudar Petra agora? Será que Petrarealmente merecia a sua ajuda? Haviam tantas perguntas e tão poucas respostas. James se sentiaperseguido ao longo de uma espécie de fuga entorpecida, mal vendo o campus que se desenrolavaem torno dele. Ele estava na calçada que levaria a Mansão Apollo, finalmente, quandoinesperadamente, lembrou onde tinha ouvido o nome de Judith antes. Ele parou, com a testafranzida, perplexo.Judith tinha sido o nome da noiva de Merlin que ele tanto amou, no passado distante, milanos atrás. James lembrou Rosa dizendo-lhe tudo o ano passado sobre isso. Merlin nunca havia se384casado com Judith, é claro, devido a uma série de eventos trágicos que tinha terminado, finalmente,com sua morte nas mãos do próprio Merlin sem que ele soubesse. Poderia haver algum tipo deligação?James pensou na mulher que ele havia conhecido nos corredores de Aquapolis, e depois aviu no Zephyr, e depois, mais tarde ainda, testemunhou a sair da Câmara dos arquivos na noite doataque, aparentemente na companhia de Petra . Ela poderia realmente ser a mesma mulher quetinha procurado Keynes e disse-lhe o conto terrível do que tinha acontecido na fazendaMorganstern? Por que ela faria uma coisa dessas? Como ela poderia saber ? Pior, era seutestemunho verdadeiro? Petra havia realmente matado a madrasta? E, finalmente, de alguma formamais irritante de todos, havia uma estranha ligação entre esta mulher misteriosa e a Judith dopassado trágico de Merlin?Era impossível, é claro. E ainda assim James não conseguia se livrar de suas suspeitas. Aquilozumbia em torno de sua cabeça como uma nuvem de mosquitos, persistente e

importunadora. Afinal, o nome não era particularmente comum, Judith.E então, do nada, James lembrou mais uma coisa que Rosa lhe tinha dito: como osMorgansterns, A Judith do Merlin tinha um lago em sua fazenda. Na verdade, ele formou a origem deseu apelido entre os moradores locais."Judith", James murmurou para si mesmo, meditando. "A Dama do Lago".Ao som das suas próprias palavras, um arrepio percorreu as costas de James. Apesar do calor danoite de verão, o frio percorreu todo o seu corpo até os dedos dos pés.Os dias finais do ano letivo começaram a passar rapidamente, escorrendo como grãos deareia numa ampulheta gigante. Os alunos mais velhos eram vistos mais frequentemente enterradoem seus livros estudando ou em círculos tensos em todo o campus. Os exames Finais foram fixadospara a ultima semana do calendário, estavam em todos os lugares como abutres. James ficouimpressionado que o ano se passou tão depressa. Enquanto caminhava para a sua aula, ele olhoupara trás e viu o Salgueiro Torto, posicionado próximo ao canto sudoeste do shopping na sombra dacasa de hóspedes, e lembrou-se de que logo teria que usá-lo para voltar para casa. Ele estavacontente com isso, mas ainda assim tudo parecia tão distante e remoto, a casa da família Potter, noArco de Mármore, Monstro, mesmo Hogwarts, apesar de ter visto a sala comunal da Grifinóriamuitas vezes ao longo do ano letivo, através do Caco.Às vezes parecia para James que tinham se passado apenas alguns dias desde a sua chegadaem Alma Aleron. Lembrou-se de sua primeira noite no campus, dormindo no dormitório comumcom o seu relógio assustador de macaco carregador de malas. Lembrou-se (com uma pontada devergonha) o fracasso da Escapada na Grande Troca de Bandeira, que tinha destruído as suaschances e as de Ralph de ingressar Casa Zumbi. O gato Patches havia advertido sobre o modo decomprometer a Casa Zumbi, e ele aparentemente estava certo. O gato tinha sugerido que deveriamse apressar para a Casa Igor. Em retrospectiva, talvez ele estivesse envolvido em alguma385coisa. James era bastante bom em Tecnomancia apesar da sua hesitação em admiti-lo. Estranho ounão, Patches, aparentemente, sabia das coisas.Como os exames do final de semana se aproximavam, uma densa onda de calor de verãodesceu sobre a escola, aumentando o calor e a luminosidade dos caminhos e fazendo as novas folhasde agarrarem a seus galhos. Os estudantes afrouxavam as gravatas e levavam os seus blazersdesconsolados debaixo do braço ou sobre seus ombros. Ventiladores mágicos fora de moda eram

colocados em muitas entradas dos edifícios, suas lâminas enormes giravam chiando alto,empurrando o ar quente ao redor do salão e embolorando os documentos anexados aos quadros deavisos. Os alunos agrupados em frente a esses ventiladores, mantendo conversas sem brio ouestudando folhas de anotações de última hora, furiosamente para os seus exames iminentes.Apesar das distrações de James, ele sentiu-se confiante de que ele estava fazendo muito bemcom seus exames de fim de prazo. Através do Caco, Rose tinha se oferecido, embora cansada, paraajudar ele, Ralph, e Zane para estudar já que o ano letivo de Hogwarts durou um pouco mais que ode Alma Aleron."Peço-lhe para retornar o favor dessa ajuda nas próximas semanas", disse ela, revirando osolhos. "Mas acredito que isso seria um pouco como pedir sangue para uma rocha.""É provável que isto caia no exame?" Ralph perguntou, de repente, olhando por cima de suacama, onde ele tinha sido debruçado sobre seu livro Transmutação Elemental Avançada. "Nósfizemos borboletas com pedras já. Não me lembro de sangue de uma pedra. "Ele virou algumaspáginas enquanto Rosa suspirou, desanimada.Após ter estudado até tarde na quinta-feira, James explicou tudo para Rosa. Escorpio nãoestava presente, felizmente, caso contrário ele poderia não gostar."Então o que você vai fazer?" Rose perguntou séria, agora de pé ao lado da lareira na salacomunal da Grifinória, para que pudessem manter todas as suas vozes baixas. "Quero dizer, se ela éculpada, ela é culpada. Você não pode ficar no caminho da justiça. "James suspirou profundamente. Ele perguntou a sua prima, "Você realmente acredita que elaé culpada?"Rose deu de ombros, como se a pergunta era grande demais para responder. "Eu não sei",respondeu ela sombriamente. "Escorpio pensa que ela fez. Damien e Sabrina também acreditam.Quero dizer, todos nós gostamos de Petra e tudo, mas tudo que aconteceu não parece muito bom,não é? Aquele sujeito o árbitro falou com eles, você sabe, e Ted também. Via Flú. Ele descobriu quetodos eles estavam lá quando, er... tudo veio abaixo na fazenda dos avós de Petra. Eles contaram aele até o feitiço que havia ocorrido, em tantas palavras, mas ele já parecia saber tudo. Eu me escondiatrás do sofá durante a entrevista. Ele era um ser arrogante, eu vou te dizer. ""Você o julgou certo", comentou Zane da cama de James, onde ele descansava em meio auma pilha de livros e anotações. "Ninguém deve apreciar a 'justiça', tanto quanto ele. Ele é apenasum valentão com um crachá, se você quer saber. "

386"Então o que eles pretendem fazer com a Petra?" Rose perguntou em voz baixa.Zane encolheu bruscamente. "Ela ainda está na ala de detenção da faculdade de Medicina,apenas algumas portas para baixo da velha Madame Delacroix, pelo que eu ouvi. Lucia é voluntárialá algumas vezes, então ela tem nos tem mantido informados. Quase ninguém é permitido chegarmais perto que cinqüenta metros da porta de Petra. Eles têm guardas postados em todo o lugar,mesmo ela estando inconsciente enquanto a levavam. Deram-lhe o tratamento maçã envenenada. ""Maçã envenenada?" Rose piscou os olhos, franzindo a testa. "Isso é uma piada?""Não", disse Zane sério. "Mãe tritão que as fez. Uma mordida e você está fora por bem ou,pelo menos até que alguém diga a palavra mágica para o acordar. Eles tiveram que dar a força paraPetra quando a levaram para dentro uma vez que ela já não estava mais paralisada, Até que elessabem como lidar com ela, trancaram-na onde ela vai ficar, dormindo sob feitiço. Ela pode serpoderosa, mas ninguém acorda da maçã envenenada por conta própria. ""E a Isa?" Rosa perguntou. "Não é possível o tio Harry e tia Gina apenas adotá-la? Por que éque o tribunal diz que ela tem de ser Obliviada? ""É a lei", disse James sombrio. "Isa é uma trouxa, lembram? Enquanto ela tinha uma parentelivre viva e mágica, ela seria autorizada a viver no mundo mágico. Mas agora Petra sendocondenada por um crime, Isa está sozinha. Se ela fosse maior de idade, seria uma história diferente,mas desde que ela não é, a lei diz que ela tem de ser enviada de volta ao mundo dos trouxas. ""Isso é horrível", disse Rosa, abraçando-se. Então, com uma voz diferente, ela perguntou:"Você ainda planeja ir adiante com seus planos a respeito do Mundo entre os Mundos?"James assentiu. "Sim", disse teimosamente. "Se conseguirmos vencer o torneio na próximasegunda. E se pudermos realmente abrir a Cortina de Nexus, enquanto a Mansão Apollo se movepara a Colina da Vitória e os pilares se encontrarão. "Rose balançou a cabeça lentamente, observando o rosto de seu primo através do vidro docaco. "Você tem certeza que é uma boa idéia? E se você encontrar um caminho para este lugar, nestemundo entre os mundos, só para descobrir que Petra realmente fez aquilo? "O rosto de James endureceu um pouco. "Se era realmente Petra, então, ela estava sendoenganada ou usada de alguma forma. Nós vamos provar isso. "Rose era persistente. "Mas como você pode saber isso?" Perguntou encarecidamente, quasesussurrando.

"Por causa do fio de prata", ele respondeu, encontrando seus olhos. Depois de ummomento, ele olhou para Zane e Ralph. "Você se lembra que eu lhe disse muito sobre isso? A partirde quando Petra estava sobre a parte traseira do Gwyndemere e quase caiu no oceano? "Ralph concordou, lembrando-se. "Sim, você disse que esse fio de prata mágico apareceuligado a vocês dois. É o que a salvou. "387"Sim," James concordou gravemente. "Bem, meu pai falou comigo sobre isso mais tarde. Nãome lembro de tudo o que ele disse, mas eu lembro o seguinte: ele disse que o que aconteceu entremim e Petra era como o que aconteceu entre ele e a mãe dele, quando ela estava disposta a morrerpor ele. Ele criou uma espécie realmente profunda de magia, protegendo-o, mas tambémconectando ele a Voldemort. Quando Petra caiu do navio ... "Ele fez uma pausa, procurando aspalavras. Depois de um momento, ele respirou fundo. "Eu estava disposto a fazer ... o que eu tinhaque fazer para salvá-la. Eu estava mesmo disposto a ir em seu lugar, embora eu mal tenha pensandonisso no momento. Tudo aconteceu muito rápido, sem pensar. Meu pai diz que foi porque eu estavadisposto a negociar com o destino de Petra, fiz essa mágica profunda acontecer, assim como ele fezentre sua mãe e ele. Apenas ... diferente. ""Isso aconteceu porque você não morreu", disse Rose, inclinando-se ligeiramente. "E aindaassim, você conseguiu de alguma forma salvar ela. ""Isso muda o acordo, não é?" Ralph perguntou. "Quero dizer, é um pouco como trapacear,não é?"James olhou para o amigo. "Talvez seja. Eu não sei. A mágica foi tão forte, tão ... irreal. Mas acoisa é, onde a magia profunda havia ligado meu pai a Voldemort, quando ele era um bebê e sua mãemorreu para salva-lo, com Petra e Eu, ela aconteceu de forma diferente. E nos conectou, de algumaforma. Esse fio de prata, aquele que apareceu e salvou ela, ligando-nos para que eu pudesse puxarela para cima ... ele ainda está lá. Quando estou perto dela ... e às vezes até mesmo quando eu nãoestou ... Eu posso sentir ela na outra extremidade do fio. Eu posso, tipo, sentir ecos de seuspensamentos e sonhos. Não é como se eu conseguisse ler sua mente ou qualquer coisa. Mas eu possosentir a forma de seus pensamentos. E, provavelmente, vice-versa também. Uma coisa eu sei comcerteza é que, independentemente do que Keynes e todos os demais dizem, Petra acredita que ela éinocente. Ela está real e verdadeiramente convencida de que ela não adentrou no Salão dos

Arquivos ou que amaldiçoou o Sr. Henredon. Em sua mente, ela é totalmente inocente. "Fez umapausa e franziu a testa, pensativo. "Pelo menos, ela acredita que é inocente disso."Rose olhou muito séria pelo outro lado do caco. Sua sobrancelha estava baixa, em suatesta."James", disse ela baixinho. "Eu tenho medo de dizer isso, mas ... Isso é um pouco louco."James piscou para ela. "Bem", ele rebateu defensivamente, “talvez. Mas é a verdade! ""Fio de prata ou não", anunciou Zane, se levantando. "Eu só quero ver como este Acordofunciona. Nós já fomos muito longe para parar agora. ""Isso é quase uma boa razão", disse Rose, mas Zane aproximou-se do caco e afagou-o, comose ele quisesse acariciá-la na cabeça."Rose, amor, você é uma menina. Você não entenderia. Há uma espécie de inércia para estascoisas. Temos a ferradura mágica. Descobrimos o enigma de onde a Cortina de Nexus está. Não hánenhuma maneira que nós podermos parar agora. O peso da nossa própria curiosidade que nosesmaga. É isso que você quer? Que sejamos esmagados por nossas própria curiosidade? "388"Isso é perigoso", insistiu Rose, seu olhar endurecido. "Pelo menos podia dizer ao seu pai,James."James balançou a cabeça. "Papai é completamente cauteloso”, respondeu ele. "Desde quePetra foi presa, ele ficou imerso em algum grande plano secreto. Titus Hardcastle veio para ele, emesmo Viktor Krum e os Harriers. Papai não confia muito nos moradores, e os moradores nãoconfiam nele, então ele pensou que seria melhor trazer o seu próprio grupo para esta últimaincursão, seja ela qual for. De jeito nenhum eu vou jogar isso para ele também. ""Isto é o W.U.L.F.?" Rose perguntou com interesse próprio. "O tio Harry os encontrou? Eaquele político trouxa desaparecido? "James balançou a cabeça e encolheu os ombros. "Tudo que eu sei com certeza é que está tudoa vir abaixo nos próximos dias. Papai nem mesmo pode vir para o meu torneio de Engateclavas. Elee Tito Hardcastle vão estar em Nova Amsterdã, fazendo alguns reconhecimentos de última hora" é oque ele me disse. Vai haver um grande desfile trouxa naquela noite, é um feriado americano ou outracomemoração. ""Dia Memorial" é um dia de comemorações, Zane saltou, balançando a cabeça."Sim," James concordou. "Papai diz que vai ser o momento perfeito para fazer arranjos deúltima hora, uma vez que todos estarão distraídos com o desfile e todas as festividades. A última vez

que ele tentou atacá-los, os bandidos sentiram o vento de algum modo, e foram embora apenasalgumas horas antes. Papai não quer que isso aconteça desta vez. "Rosa suspirou. "Bem", ela admitiu: "Eu me sinto um pouco melhor, sabendo que isso tudopode acabar mais cedo. Você vai voltar para casa depois de tudo isso estiver terminado? Supondoque ataque do tio de Harry corra bem? ""Oh, ele vai ter sucesso", Zane assentiu com confiança. "Quero dizer, ele é Harry Potter,certo? O Garoto que Sobreviveu! E ele tem sua equipe-A com ele! Hardcastle, Krum, gente!AquelesW.U.L.F. mergulhadores e sua nova líder maluca estarão quebrando pedras em Fort Bedlam essahora na próxima semana. É esperar para ver. "Rosa aceitou isso impassível. "Bem, então. Lamentamos que o seu pai não vai estar lá paravê-lo jogar no seu torneio, James ", disse um pouco dura. "E eu desejo que corra tudo bem, nãoimporta o quê vier."James deu de ombros, como se ele realmente não se importasse de seu pai não estar lá,apesar dele se importar."Está tudo bem", disse ele. "Mamãe diz que Viktor Krum poderia vir juntocom ela desde que seu pai realmente não precisasse dele para sua pequena incursão dereconhecimento ao redor de Nova Amsterdã naquele dia. Além disso, Lily vai estar lá também,juntamente com Isa, tio Percy e todos os outros. Isso vai ser muito legal. Quero dizer, quantosjogadores tem a chance de ter um ex-jogador profissional de Quadribol e do Torneio Tribruxo aapoiá-los das arquibancadas?389"Não são muitos, eu acho", admitiu Rose. "Estranho que seu pai não queira Viktor para irem sua missão de reconhecimento já que ele veio de tão longe para ajudar. Mas de qualquermaneira, não importa como tudo vai terminar, prometam-me, todos os três, que vocês serãocautelosos. ""Vamos ser cautelosos", disse Zane calmamente. "Vamos prestar atenção uns nos outros,Rosa. Eu não vou deixar nada acontecer com o seu primo. "Rosa suspirou e sacudiu a cabeça. "Estou menos preocupado com vocês três", disse elatristemente, "E mais preocupada com o universo em geral."Quando o dia do torneio de Engateclavas finalmente chegou, a escola ficou toda repleta deemoção e expectativa. A ironia da década, a pior equipe enfrentando os campeões há muito tempoinvictos, o corpo docente em geral havia no mínimo esquecido a ultima vez que issoaconteceu. Bandeiras haviam aparecido nas varandas das várias mansões e casas geminadas,

proclamando o apoio para a equipe Pé-grande na cara dos adversários assustados. "PISEM OSLOBOS!" Declarava o cartaz da Mansão Hermes, em letras verdes, acompanhado de uma pinturabagunçada (uma animação) o desenho de um pé gigante esmagando a cabeça de um lobisomemchoramingando. Em todo o campus, os membros da Equipe Pé Grande foram recebidos comaplausos encorajadores e pancadas nas costas, reduzindo a timidez dos jogadores, sorrindo felizes.James fez o seu caminho ao longo do dia da última prova, criou relógios Mecânicos, com oprofessor Cloverhoof em um estado de euforia nervosa. Por um lado, ele manteve uma confiança emsegredo, que a equipe Pé Grande poderia realmente conseguir vencer o torneio, com a ajuda dasoutras quatro casas, cujos ressentimentos contra equipe Lobisomem tinha feito muitos ansiosospara ajudar em tudo o que podiam. Por outro lado, James estava dolorosamente ciente de que seperdessem, havia muito mais em jogo do que o orgulho da casa simplesmente e do que um lugar naColina da Vitória." Boa sorte hoje à noite, Sr. Potter," O Professor Cloverhoof comentou enquanto eleexaminava a atribuição de James 'O desafio de criar um relógio, com um alimentador de coruja comenergia vindo da magia’. " Vocês estão preparados?"James assentiu. " Estamos preparados como nunca mais vamos estar, eu acho.""Eu aprecio quando meus alunos ensinam a sua equipe algumas das nossas melhorestáticas", disse Cloverhoof, derrubando um punhado de alpiste no funil do relógio minúsculo. asengrenagens da máquina de bronze começaram a girar e clicar, processando. "Eu confio que você vaimanter essas coisas para vocês, hein?"James assentiu com a cabeça novamente, com mais rapidez. "Absolutamente, senhor!"390"Excelente", o professor sorriu. "Mas, para esta noite, meu jovem ...", aqui, Cloverhoofinclinou-se ligeiramente sobre a mesa, o seu sorriso transformou-se no de uma predador ", use osbem, e envie esses lobos pro canil. Com a nossa bênção. ""Faremos isso, senhor!" James concordou, dando um passo para trás do sorriso melancólicodo professor. Um som baixinho teve inicio e logo o relógio começou a funcionar a partir doalimentador da coruja Mecânica. Depois de um momento, ele depositou uma pequena oferta desementes em um prato de cobre e soltou um alegre ding."Excelente trabalho, Sr. Potter", disse Cloverhoof sorrindo, recostando-se na sua mesa. "Emtodos os aspectos."

Assim que James saiu caminhando para fora no calor do campus, indo para um almoço tardiona Mansão Apollo, pensou sobre o que Cloverhoof tinha dito. A verdade era que ele estava apenasum pouco nervoso com algumas das coisas que as outras casas tinham oferecido para ajudálos.Algumas delas, como a magia da ninhada de Zumbis, James achou bastante arriscado eexperimental, o tipo de coisas que as equipes poderiam ter usado durante toda a temporada, masnunca tiveram coragem (ou a ousadia) para se tentar. O Igors, por exemplo, tinha instalado relógiosminúsculo nas costas de alguns integrantes da equipe Pé Grande. James sabia o que eles fizeram,eles tinham tido parcialmente a sua ideia, embora não tivesse sido totalmente a sério e ainda assimele estava preocupado que isso não fosse tecnicamente legal. Talvez ainda pior, a equipe Vampirotinha oferecido aos Pé Grandes o uso de algumas maldições pouco covardes e poções do ar."Totalmente desportivo", disse o treinador da equipe Vampiro, um menino chamado EllisAlekzander, insistiu sério. Seus olhos se estreitaram e o sorriso apertado parecia dizer exatamente ooposto, no entanto. "Eu os embalei em saquinhos convenientemente. Sua equipe pode usar cada umem torno de seu pescoço. Quando chega a hora certa, basta puxar a corda presa no topo aqui. Ovento vai fazer o resto. "Norrick tinha estado especialmente satisfeito pelo curso de tática de jogos dos Vampiros ."Lição doze no manual da equipe dos próprios Lobisomens", declarou ele, segurando a bolsaminúscula."Tudo é justo no amor e na guerra". Temos o direito de revidar, rapazes!" Ainda assim, apesar das preocupações de James sobre a natureza dúbia dealgumas das táticas sugeridas pelas outras equipes ", o plano global parece ter funcionadoaté melhor do que ele poderia ter esperado. Os membros da Equipe Pé Grande, de JazmineJade a Mukthatch, pareciam totalmente convencidos de que poderiam vencer o torneio edesbancar a atual campeã Lobisomem. Eles até começaram a falar sobre o que seria a vidana Colina da Vitória."Ouvi dizer que a Mansão Apollo não esteve na Colina por mais de cem anos!" Ummenino sênior da equipe Pé Grande chamado Troy Covington disse a James quando ele foiencontrar a equipe na cozinha para o almoço. "Foi o Yeats que me contou ele disse. Ele

estava aqui naquela época, fazendo sanduíches de queijo grelhado com pickles, como hoje. "391"Nós teremos que mover todas as coisas sala de jogos nós mesmos, após as mansõestrocarem de lugar", comentou Wentworth com a boca cheia de sanduíche. "As adegas não semovem, é claro, e temos certeza que não queremos deixar aqueles capangas Lobisomenscom a nossa mesa de ping pong.""Ou o disarmadillo", Jazmine acrescentou. "Ou, Heckle e Jeckle"."Wraagh Arbphle!" Mukthatch concordou, balançando a cabeça.Norrick franziu a testa. "Ele está certo. Esse frigorífico é muito pesado. Teremos quelevitá-lo. ""Não vamos ficar pensando no futuro agora", James os interrompeu, levantando asmãos. "Vamos concentrar em vencer esta noite, hein? O resto se resolverá sozinho. "Quando James terminou o seu almoço e se preparava para se dirigir para fora da suaúltima aula, ele encontrou o professor Wood no corredor."James", disse o Professor e James poderia dizer pelo seu tom de voz que o professorestava olhando para ele. "Venha comigo até o meu escritório por um momento, vocêpoderia? Eu quero falar com você sobre algo. "James engoliu em seco. "Er, com certeza, professor", ele respondeu, e seguiu emdireção à escada de madeira.O professor não falou nada até que ele estivesse sentado em sua mesa no canto davazia sala de jogo no meio-dia. James sentou em uma das cadeiras reclináveis antigas queficava fácil ver através da mesa torta do professor. Ele afundou em sua cadeira suspensa,mas não se inclinou para trás. Heckle e Jeckle estavam pendurados de cada lado dageladeira por perto, aparentemente dormindo. O disarmadillo conseguiu subir ao canto damesa de madeira, onde ela estava enrolada em uma espécie de esfera blindada, seu narizestreito sobre as patas dianteiras. James esperou o Professor Wood começar. Depois de umapausa pensativa, o professor deu um suspiro e olhou para o teto baixo."A equipe de Engateclavas Pé Grande fez muito bem esta temporada, não é?",Perguntou ele de modo desinteressado.James assentiu. "Sim senhor."

"Excepcionalmente bem, muitos diriam," Wood continuou, ainda olhando para o teto,as mãos cruzadas sobre o peito. Ele balançou a cabeça lentamente, pensativo, e depoisbaixou o olhar para o rapaz na frente dele. Com um pequeno sorriso, ele disse: "Você sabe,James, eu fui Presidente da Mansão Apollo por vários anos. Assumi o cargo do anteriorPresidente dos Pé Grande, Maxwell Greenfield, quando me tornei professor titular e ele392decidiu se aposentar. Eu me lembro como se fosse ontem. O Chanceler Franklyn me chamouao seu gabinete, e Greenfield estava lá quando cheguei. Juntos, eles me contaram sobre ahistória da Casa Pé Grande, sobre como, apesar do que muitos acreditavam, era averdadeira coluna vertebral de toda a escola. Casa Pé Grande, segundo eles, é o verdadeirocaldeirão de Alma Aleron. Naquela época, você vê, a Mansão Apollo foi o lar de dois Pés-Grandes Árticos, uma lobisomem, um meio duende, dois xamãs indígenas americanos deShackamaxon, e um tritão Atlânte que tinha que dormir em uma banheira gigante e usar umcapacete de água para classes. Como você já sabe, a Casa Pé Grande gosta da diversidadehoje do mesmo modo como era naquela época, não como um slogan ou um truque, mascomo um fato básico da vida. Assim como Franklyn me disse, naquele dia, anos atrás, nós, osPé Grandes, representamos o verdadeiro ideal americano ".James assentiu com a cabeça novamente, não tenho muita certeza que nada dissotinha a ver com a equipe Pé grande de Engateclavas. "Claro, professor. Quero dizer, nóstemos Jazmine, que é meio-veela, embora quase nunca haja como se fosse uma. EMukthatch, e Went, que é um ... er ... ""Está tudo bem", disse Wood, sorrindo um pouco mais fácil. "Eu sei sobre o Sr.Paddington. Os pais de Wentworth fizeram acordos com a administração da escola paramanter o seu, er... patrimonio, um segredo. Eles próprios são parte do abstêmios CrimsonLeague. Isso significa que eles já treinaram para não exigir sangue em tudo. Eles estãoextremamente dedicados à sua nova vida, por isso, eles sentiram que era importante para

Wentworth receber uma educação normal de magia. Alguém poderia pensar que ele teriaterminado na Casa Vampiro, é claro, mas como você pode imaginar, Mansão Apollo é umajuste muito melhor para ele. "James assentiu significativamente. "Sim, passamos algum tempo na Casa Vampiro. Elesacham que os vampiros reais tem que ser como os do livro estúpido da Remora , todosincrivelmente bonitos, tragicamente românticos e lixos como aquele. ""Com toda a justiça", disse Wood, como se sentisse que era seu dever. "Alguns vampiros sãoassim." Aqui, ele fez uma pausa e balançou a cabeça, pensativo. "Embora não sejam muitos, é claro.Você entende então, por que tantos vampiros reais, lobisomens e até mesmo as fadasocasionalmente vem a viver com a equipe Pés Grandes. Não entende? ""Porque aqui, eles podem ser quem são, e não apenas o que são." James parou e franziu atesta. "Er, certo?"Wood acenou cordialmente. "Bem dito, James. Isso, é exatamente isso. Mas há mais umacoisa que o ex-presidente e o chanceler dos Pé Grande Franklyn me orientou quando eu assumi estecargo. "Ele se inclinou e cruzou os braços sobre a mesa, colocou os cotovelos. Ele estudou Jamessério. "Disseram-me que realmente A Casa Pé Grande é o núcleo moral de todas as sociedades docampus. E como tal, é conduzida em um nível muito mais elevado de conduta. Imparcialidade,393honestidade, respeito, coragem, essas são as coisas que são exemplificados pela bandeira Pé Grande,e estes devem ser aplicados a todas as áreas da vida. Mais especificamente, pelo menos tanto quantovocê e eu estamos envolvidos, essas qualidades são destinadas a ser demonstrada no campodesportivo. Chanceler Franklyn foi muito claro sobre isso quando ele me pediu para assumir o postode presidente da Casa. Ele sabia que eu tinha jogado Quadribol profissional, você vê, e preocupadoque eu possa permitir que o meu amor pela vitória atrapalhasse meu juízo, a este respeito. Vencer,ele me disse, deve vir sempre depois do auto-respeito e a coragem de suas convicções. Prometi-lhesque estou completamente de acordo com essa filosofia. Nos anos desde então, tenho tentado muito etem sido difícil, James, para manter esse registro não um registo de vitórias e derrotas, você vê, masum registro de honrosas partidas, bem jogadas e extenuantes, com um olho no jogo e o outrosempre na justiça e respeito. "Wood estava parado, e James percebeu que os olhos do professor tinha crescido um pouco

apesar de estarem desfocados. Ele não estava olhando para James, mas a escuridão da sala de jogo.James esperou, temendo o pior, que Wood estava indo proibir Equipe Pé de usar a recentementeadquirida mágica de jogo na noite da partida final do torneio."Perdemos a cada ano", disse Wood, finalmente, a piscar e voltar seu olhar para James. "Nãoé apenas o torneio, mas quase todo jogo único. Nós sempre tivemos uma boa equipe, uma equipesólida, mas nunca ganhou. Estávamos construção do caráter, no entanto. Pelo menos, é isso que eudisse a mim mesmo. E o caráter do edifício é importante, sem dúvida. "Wood fez uma pausa novamente, como se estivesse lutando consigo mesmo."Caráter é importante", James começou, mas Wood acenou-lhe em silêncio."Eu lhe permiti ensinar à Equipe magicas de jogo, James", disse ele a sério. "Foi contra aminha consciência, mas permiti. Porque eu vi que quando você estava ensinando o time a jogar deuma forma que era decididamente ao contrário das equipes anteriores, voltando mais de um século,ainda estava conseguindo jogar cada jogo com respeito, honra e principalmente lealdade. E então,você apresenta o conceitos mágico das artes marciais, Artis Decerto. Você construiu aquelageringonça relógio no quintal, com a ajuda do professor Cloverhoof e alguns dos alunos da CasaZumbi. Isso, novamente, era contrária ao meu melhor juízo. E ainda assim permiti. Talvez tivessesido um erro. E, no entanto, vi que poderia haver algo de bom nele. Artis Decerto é uma disciplinarespeitada, afinal, se usado com sabedoria e auto-controle. "Wood estava balançando um pouco, pensativo. James estava com medo de falar, medo de o"boom" que ele tinha certeza estava prestes a cair. Ele prendeu a respiração. Wood conheceu seuolhar mais uma vez, desta vez seriamente."Eu recebi a visita do chanceler, esta manhã, James", ele disse com um pouco de cuidado."Ele está preocupado. Ele foi ver o progresso da equipe Pé de muito perto, e enquanto ele não estáafirmando que fizemos algo errado, precisamente, ele fez reconhecer alguma inquietação crescentesobre os nossos próprios métodos não tradicionais. Chegou a ele o fato de que você tem vindo afazer rondas às outras casas, mas até a Casa Lobisomen? É claro, que vocês buscam assistência paraderrotar a outra equipe no jogo desta noite. James, mas é correto buscar isso na Casa Lobisomen? "394James sentiu preso à cadeira. Ele apertou os lábios com tanta força que eles se tornaram umafina linha branca no rosto. Ele balançou a cabeça, uma vez.Wood suspirou e recostou-se na cadeira novamente. "Chanceler Franklyn deixou a sua

vontade bastante clara, James. Ele não esta mais só preocupado com a integridade da Casa PéGrande, mas de toda a escola em geral. Ele sente que tem quebrado o código tácito da Mansão Apolo,e invertido o padrão moral que se destinam a defender para o bem do resto do campus. ""Mas!" James começou, só para ser acenado a ficar em silêncio novamente pelo professorWood."Ele não me disse o que fazer, James," o professor continuou. "Ele deixou a decisão para mim,e eu estive pensando sobre isso o dia todo."Wood parou mais uma vez. Ele parecia estar estudando James, com o rosto muito sério esolene. Cerca de trinta segundos se passaram. O disarmadillo aspirou, agitado e se levantou. Ele foibalançando até Wood, que o acariciou na cabeça chapeando, sem tirar os olhos de James."Eu fiz a minha decisão", disse o professor finalmente, calmamente e enfaticamente. "Vocêvê, estou consciente das coisas que as pessoas dizem sobre mim em todo o campus. Estou ciente deque eles acreditam que eu não tenho coração para ganhar mais, que eu deixei a minha paixão pelavitória no campo de Quadribol ao voltar para a Inglaterra. Talvez eles estejam mesmo parcialmentecertos. Após a batalha, era difícil pensar em usar a magia daquele jeito de novo, mesmo em um jogoesportivo. E ainda assim, acredito na missão mais profunda da Casa Pé Grande. Comprometo-mecom ela, não importa o quê. E assim, Tiago, depois da minha conversa com o chanceler Franklyn estamanhã, eu fiz a minha decisão. Eu decidi fazer ... nada. "James piscou. Ele balançou a cabeça levemente, como se a limpá-la e, em seguida esticou acabeça para o homem por trás da grande mesa torta. "Desculpe-me, senhor?""Eu não vou fazer nada", disse Wood, simplesmente, erguendo as sobrancelhas e girando aspalmas das mãos para cima sobre a mesa. "Eu tenho observado você muito, James. Eu vi exatamentea mesma coisa que o chanceler tem visto, e ainda assim, ele as interpretou de forma inteiramentediferente. Você aprendeu a jogar o jogo muito bem, todos vocês, e de lutar por excelência, tudo semsacrificar a sua integridade ou a dignidade de seus oponentes. Tem-se treinados para se tornaremsuperiores baseadas exclusivamente em suas habilidades e disciplina. Você tem procurado sercriativo e inteligente sobre o curso de Engates enquanto ainda joga com honra. Agora, você temconseguido mobilizar quase toda a escola para o seu lado, chegando mesmo a ganhar o seu apoiointeiramente justa e legal. Onde o chanceler Franklyn vê potencial deboche, que acontecerá a ver

uma equipe que jogou tão bem e tão justa, que mesmo aqueles que foram derrotados desejam ajudálosà vitória ainda. Se isso por si só, não exemplificam o tipo de padrão moral que a Pé Grandesempre se esforçou para manter, então eu não diria nada. "Assim que Wood falou, um sorriso de realização apareceu e cresceu no rosto de James. Woodnão estava indo para proibi-los de utilizar a magia no novo jogo. Wood quase parecia, de fato, aincentivá-los a continuar exatamente como o planejado.395"Realmente, Professor?" James perguntou, mal conseguindo se conter. Ele agarrou os braçosde sua gorda poltrona reclinável, puxando-se ereto."Realmente, James," Wood concordou, encontrou o sorriso de James. "Sob uma condição.""O que é isso, senhor?" James perguntou, um tanto desconfiado."Chanceler Franklyn não me disse o que fazer", disse Wood a sério. "Ele simplesmentecompartilhou suas preocupações, assumindo que eu iria cumprir. Eu não vou. No entanto, estoucompartilhando os mesmos interesses com você, e conceder-lhe a mesma responsabilidade.Quaisquer que sejam os métodos que as outras casas têm oferecido a Equipe Pé Grande por meio deajuda, James, use-os bem. Use-os com honra e integridade, ou não os use. Eu poderia aplicar estaregra a mim mesmo, como você sabe, mas se eu tiver aprendido alguma coisa ao longo deste ano, éque uma lição aprendida por si próprio é muito mais enraizada do que uma lição forçada pelasregras. Você pode ser sábio com o que você sabe? Você e a equipe em geral? "James assentiu. "Eu, professor", disse ele. "Mas e a capitã Jazmine da equipe. Você não teráessa conversa com ela também? "Wood sorriu torto. "Eu já tive", ele concordou. "E ela disse a mesma coisa que você fez. Euestou contente. Obrigado, James. Tenho certeza que você tem o que fazer para fazer os preparativosdo grande evento desta noite. Você está dispensado. "James sorriu e acenou com a cabeça. Saltando para cima, ele correu de volta para a escada,enfiando o seu caminho através dos leitos montados, mesas e lâmpadas do assoalho incompatíveis.Assim como ele começou a subir as escadas aos tropeções, Wood chamou o seu nome mais uma vez."Sim, senhor?" James respondeu, parando e olhando para o outro lado da sala de jogo.Wood ainda estava sorrindo, mas era diferente de qualquer outro sorriso James já tinhavisto no rosto do homem. Ele era grande, apertado, e muito pouco assustador."Eu não esqueci o que significa vencer, James", disse ele, sua voz calma, mas enfático na salavazia. "Mas eu tinha esquecido como se sente realmente excelente. Se a equipe Pé vai ganhar o

torneio, esta noite, então nós temos que dar absolutamente tudo o que temos, e vamos fazê-lo commuito coração, coragem e orgulho e eu sei que podemos. ""Sim, senhor," James concordou, sorrindo ansiosamente. Pela primeira vez, ele achou queestava vendo Oliver Wood do mesmo modo que o seu pai o tinha visto, quando ele tinha sido ocapitão estudante do time de quadribol da Grifinória, orientado para a excelência e com fome devitória.Wood acenou com a cabeça e apertou os olhos. "Vá em frente, então," ele disse com fervorcontido. "E vamos colocar esses lobos em seu lugar."James correu o resto do caminho até as escadas, o coração quase explodindo de excitação e prazer.396Foi só no final da tarde, quando ele foi recolher seu equipamento de Engates de debaixo dacama em seu quarto do dormitório, que lhe ocorreu que o chanceler Franklyn poderia ter tidomotivos ulteriores para falar com Wood sobre o estilo de jogo da equipa dos Pé Grande. Talvez,apenas talvez, Franklyn tenha descoberto o segredo do enigma de Magnussen sobre os olhos deRoberts. Franklyn foi, afinal, incrivelmente inteligente. Talvez ele soubesse que se a Mansão Apollomais uma vez se assentasse no Monte da Vitória, que completaria a pedra angular, poderiam ativar aCortina de Nexus. Se assim for, ele provavelmente tinha feito tudo que podia para garantir que issonunca iria acontecer, mesmo indo tão longe a ponto de inventar um estratagema que desencorajariaqualquer Presidente Pé Grande da Câmara levando sua equipe à vitória no Engates.Se fosse esse objetivo de Franklyn, então James teve que dar crédito ao homem: tinha quasefuncionado.Se o presidente da Casa Pé Grande tivesse sido Alguém além de Oliver Wood, ainda poderiater acontecido.Pensando isso, James agarrou seu pulso luvas, camisa e ombreiras. Um minuto depois, eleencontrou o resto da equipe Pé Grande, juntamente com Ralph e Zane nos degraus da MansãoApollo. Ruidosamente, animadamente acompanhado pelo incentivo de muitos elogios ao longo docaminho, a tropa começou a fazer seu caminho através do campus, em direção ao Pepperpock Down,e à história do Engateclavas.397Capítulo 22Destinos TecidosCom o jogo chegando no Pepperpock Down, uma grande sequência de alunos de

outras casas se acumulou, formando algo parecido com uma escolta. No momento em queeles passaram pelo Salão de Administração, havia mais de uma centena de pessoascaminhando junto com o time de Engates Pé Grande, gritando alegremente, aplaudindo eacenando bandeiras. James estava quase explodindo de emoção misturada com apreensão.O encorajamento das outras casas (todas, menos a Casa Lobisomem , é claro) era ao mesmotempo emocionante e um pouco assustadora desde que James sabia que se o time PéGrande não se estabilizasse rapidamente, de imediato a sua própria casa estaria no rolocompressor dos Lobisomens.Ao passarem pela Faculdade de Medicina, James ficou surpreso ao ver tio Percy de péperto das portas, o rosto tenso e distraído. Lucia estava ao seu lado, assim como umpequeno grupo de enfermeiros, médicos e (James notou, com algum espanto) oficiais doTribunal Mágico. Ele reconheceu-os em segundos, em suas túnicas cinza ardósia eexpressões severas."O que está acontecendo lá?", ele perguntou, cutucando Ralf e apontando.Ralf olhou e balançou a cabeça. "Eu não sei. Talvez eles estejam aqui para ver ojogo?"398"O tio Percy, talvez," disse James em dúvida, erguendo a voz sobre a multidão que oacompanhava, "mas não os caras da Corte Interamericana Mágica".Zane olhou para a multidão em direção às portas da Faculdade de Medicina. "Eu nãovejo Keynes, pelo menos".James assentiu com a cabeça, franzindo a testa. "Não. Mas ainda assim ... "Ele fez umapausa, esticando o pescoço para olhar, enquanto a multidão o empurrava para a frente, apóso complexo médico. Uma menina loira se moveu ao lado de Lucia no centro do bando deagentes judiciais. Foi Isa, o rosto pálido e preocupado, olhando com uma expressão gravepara todos aqueles ao seu redor. James sentiu uma sensação de afundamento repentino naboca do estômago."Isa está com eles", disse Ralf, percebendo a mesma coisa. "Você não acha que ...""Eles não querem", disse Zane, não muito convincente. "Não enquanto o

jogo está acontecendo. Keynes e seus capangas podem ter planos para ObliviarIsa e enviá-la para ser adotada no mundo dos trouxas, mas eles não iriam fazê-lo agora. Er ...eu acho."James não estava tão certo. Enquanto a multidão forçou a equipe a frente em direçãoao Pepperpock Down, ele perdeu de vista a coleta de dados sobre as etapas da Faculdade deMedicina. Só porque Keynes não era visível, não quer dizer que ele não estava lá. Elepoderia muito bem estar no interior, fazendo arranjos. O árbitro não aparentava a Jamescomo o tipo de homem que permitiria que um evento esportivo interrompesse seus planos.Ainda assim, não havia nada que James pudesse fazer sobre isso no momento. Ele sentiu umprofundo sentimento de desconfiança, no entanto. Pelo menos o tio Percy estava lá, e Lucia.Eles não iriam deixar nada de ruim acontecer com Isa.Se eles pudessem ajudá-la, pelo menos.James balançou a cabeça, limpando seus pensamentos. Ele tinha outras dificuldadesno momento.O Pepperpock Down apareceu em vista com a equipe posicionada em torno do Salãode Administração. Já estava quase cheio, vibrando com o rugido da multidão, vivo, combandeiras e fogos de artifício estourando rajadas de feitiços. O coração de James deu umpulo e então correu para alcançá-los. Ele sorriu, enquanto a multidão acompanhava aequipe na sombra das arquibancadas protegidas. Um grito de apoio ecoou aos Pé Grandesque se aproximavam. Ele vibrava no ar, apagando todos os outros ruídos, e James não podiadeixar de voltar-se para olhar para trás, para seus companheiros jogadores, exultando coma excitação nervosa.399"Vai Pés!" Jasmine Jade gritou de repente, erguendo a voz, apenas, sobre o rugido datorcida."Vai Pés!" o resto da equipe ecoou, erguendo os punhos no ar. Mukthatchsoltou um urro surpreendentemente alto, e então sorriu um pouco acanhado com todosolhando com censura para ele.Um momento depois, a equipe atravessou o campo e desapareceu no vestiário, onde

os seus skrims e Professor Wood os aguardava."É isso aí, time!", ele gritou, batendo as mãos ansiosamente. "Fiquem orientados evamos nos encontrar na plataforma para o aquecimento em dez minutos!"Wood olhou James nos olhos, quando ele virou para subir os degraus. Ele piscou esorriu torto, quase maliciosamente. James sorriu para o professor e então começou acolocar no pulso suas manoplas novas.Até o último momento da equipe agregada para cima da plataforma, o sol já tinhabaixado para uma bola de bronze enorme no horizonte, lançando seus últimos raios sobre atorcida agitando bandeiras e estandartes nas arquibancadas. A multidão estavaextremamente ansiosa, produzindo um barulho quase constante de alegria. James piscou osolhos no brilho da tarde e tocou seu skrim.Somente minutos antes, enquanto o time ainda estava reunido no vestiário , James oschamou em uma aproximação rápida. Lá, ele anunciou uma mudança para o jogo de Engatesmágico desta noite."Sem maldições", ele disse com firmeza, produzindo um coro de acusações entre osmembros da equipe que estavam reunidos."Por que não?" Norrick perguntou estridente. "Nós precisamos usar tudo o quetemos contra os lobos!""Sem maldições", James repetiu. "Deixem as poções aqui em seus armários. Elaspodem ser legais ou não, mas isso não é realmente o ponto, não é? Os Pés jogam um jogolimpo. Nada sujo, certo? Nós vamos ganhar este jogo, mas vamos fazê-lo com a cabeçaerguida como sempre! Entendido?"James está certo", Jasmine acrescentou resolutamente, removendo a bolsa de poçãoem seu pescoço. "Nós vamos ganhar este jogo para cima! Nós não precisamos recorrer àsmaldições dos vampiros. Esse tipo de coisa é para times que não jogam, diferente dos PésGrandes! Estou certa?"400Para surpresa e prazer de James, a equipe tinha respondido com uma alegriaentusiasmada. Todos ao redor, tinham retirado a bolsas de poção em torno de seuspescoços e empilhado na prateleira ao lado de seus skrims.

Agora, de pé, à luz do sol e olhando através dos anéis para a plataforma doslobisomens, James sentiu uma pontada de dúvida. As maldições em pó poderiam ter sidosorrateiras e um pouco diabólicas, mas de repente James concordou com Norrick: eles iriamprecisar de tudo em seu arsenal para derrotar os Lobos.Com as costas para o pôr do sol, o time Lobisomem parecia estar vestido com ouroderretido. Clayton Altaire ficou na frente, sorrindo malevolamente, seu skrim ao lado dele,decorado com o rosto de um lobo rosnando. Ao seu lado estavam Olivia Jones e JeremiasDunckel. Todos eles olharam através do espaço sublime aberto do campo, sorrindo comconfiança perfeita."Não os deixem assustar vocês," o Prof. Wood disse, convocando a equipe em umamontoado. "O Time Lobisomem é uma boa equipe, uma excelente equipe, mas muitos sãotão qualificados que tem um grande excesso de confiança. Seu excesso será sua ruína! Elesesperam ganhar este jogo facilmente com quase nenhum esforço. Eles pensam que o Morrodo Triunfo é patrimônio deles. Eles estão certos?”"Não!" o Time do Pé Grande gritou em uníssono turbulento."Vocês vão deitar e deixá-los ganhar só porque eles são lobisomens?""Não!" a equipe berrou outra vez, mais alto.Wood sobre a multidão gritava: "Vocês vão levar o jogo para eles e mostrar-lhes quea sua arrogância é a sua maior fraqueza?!"Desta vez, o time explodiu num grito tão alto que a multidão ao redor podia ouvi-los."SIM!""Quem somos nós?" Wood exigiu."Os Pé Grandes!"Wood perguntou novamente, "Quem somos nós?""Os Pé Grandes!" Dessa vez, a mensagem se dissolveu em um coro ensurdecedor coma multidão ao redor a cantar: "PÉ-GRANDE!PÉ-GRANDE! PÉ-GRANDE! " fogos de artificioestalando das arquibancadas em volta e banners acenando freneticamente contra o céuroxo.401"Linha de entrada!" Wood gritou, sorrindo tristemente. "Prática de voltas! O capitãoda equipe? ""A formação da Víbora", Jasmine comandou, largando a skrim e pulando sobre ela.

"Vai Pés!"O restante da equipe voltou a gritar e seguiu em direção aos anéis, com Jasminedeslizando facilmente em formação. James foi um dos últimos a decolar. Por um instante,sentiu uma pontada de preocupação mortal. Isso não vai funcionar, ele pensou, o pânicosubiu em sua cabeça como um maremoto. Nós não podemos fazer isso! Eles vão nos matar!Por uma fração de segundos, ele estava convencido de que tinha esquecido tudo, toda amagia do jogo que eles haviam praticado, todas as formações e manobras, tudo o que osoutros times lhes haviam ensinado, mesmo como pilotar uma skrim. Ele olhou para avassoura estranha que flutuava ao lado dele, um de seus pés plantados no meio, segurandoafirme. Sentia-se congelado no lugar.Uma mão bateu-lhe suavemente no ombro. Quando James olhou para cima, foiProfessor Wood."Não se preocupe com isso, Wood sugeriu a James, balançando a cabeçaencorajadoramente. "Só vai divertir, né? Você foi feito para isto".James olhou para o professor, esperando que ele estivesse certo. Ele balançou acabeça, engoliu em seco, e então balançou seu outro pé sobre seu skrim. Um momentodepois, a plataforma foi, substituída pelo espaço aberto.James lembrou-se de tudo.Menos de um minuto depois, o professor Sanuye soprou seu apito. Daquele ponto emdiante, não houve mais nenhum olhar para trás.A partida foi um borrão de movimento selvagem, pontuada apenas pelos anéis, obarulho de jogadores passando, e os baques ocasionais e choro com Intimidadorescolidindo com Atacantes. Magias chiavam através do ar em todas as direções e Jamespensou que nunca tinha experimentado tal ferocidade, intensa e instantânea. Era como seos lobos estivessem retirando todos os batentes, desde o momento do apito, ou seja, paraesmagar o espírito da equipe Pé Grande, mesmo antes de ter a oportunidade de criar raízes.Quando James passou pelo anel central em perseguição de um Atacante Lobisomem, ele foiatingido de cima pelo que parecia como um trem de carga que passava. Ele girou fora de seuskrim, agarrou-o quando ele caiu, e então virou-se para trás, por outro lado, uma manobra

que ele havia praticado tantas vezes com os Pés que era quase uma segunda natureza.Quando ele se reorientou, ele olhou para o lado. Pentz, o rapaz que tentou derrubá-lo para402fora de seu skrim assim que ele, James, tinha tentado voar, passou voando para longe,sorrindo por cima do ombro.James balançou a cabeça, furioso, e voou de volta para o círculo, juntando-se o fluxodo jogo.Foi difícil manter o controle da partida, uma vez que estava em andamento. Jamestentou estar ciente do que o resto de sua equipe estava fazendo, mas a agressividade evelocidade das táticas dos lobisomens tornou um desafio simplesmente ficar em seu skrim.James tinha certeza que ele nunca tinha voado tão rápido por tanto tempo, e ele aindaestava apenas começando. Em um ponto durante o primeiro tempo, viu Jasmine e Gobbinsexecutando uma das magias ofensivas de dupla que os Duendes tinham ensinado, comalgum sucesso aparente. Mais tarde, ele seguiu Wentworth na formação Atacante e viu opequeno garoto ativar uma das engenhocas dos Igors da parte traseira de sua skrim. Umapequena caixa abriu e um bicho-papão ejetou a partir dela, imediatamente tomando a formade um palhaço medonho voando. Clayton Altaire, estava ganhando posição sobreWentworth como Intimidador, quase caiu da skrim quando o palhaço apareceu sobre ele.James passou e usou o feitiço Riddikulus que seu pai havia lhe ensinado para transformar opalhaço em uma nuvem de bolas de pingue-pongue, que caiu para a escuridão abaixo.No geral, a equipe parecia estar colocando tudo o que sabia usar bem, e ainda como ojogo se aproximava do intervalo, James notou com espanto que o Time Lobisomem estavaliderando por um placar de 52-44.E então, quinze segundos antes do final do segundo tempo, James ouviu um barulhodoentio e um grito de dor. A multidão gritava ensurdecedoramente, seja de raiva ouincentivo, e James olhou ao redor, buscando a origem do choro. Seu coração bateu em suagarganta quando viu Norrick cair na escuridão do campo, seus braços e pernas batendo no

ar vazio. Longe dele, sua skrim girava preguiçosamente, tecendo uma trilha espiral ao longode uma das arquibancadas. Professor Sanuye ergueu varinha em um flash."Wingardium Leviosa!", gritou ele, com sua voz fina com a distância.Norrick foi levantado acima, sobre o campo gramado abaixo em menos de dezmetros. Ele pairava sobre sua sombra, seu braço direito balançando molemente.A multidão, que tinha ficado em silêncio por alguns segundos, explodiu em aplausose vaias que se misturavam. Da cabine do locutor, a voz de Cheshire Chatterly se ouvia:"Pé Grande número seis, Willem Norrick, parece ter se machucado após umadevastadora batida de lado pelo Lobisomem número nove, Parker Pentz," ela disse,obviamente irritada. "O Oficial de Competição Sanuye está escoltando Norrick para a403plataforma Pé Grande. A menos que ouvimos errado, parece que o Sr. Norrick estará forapelo resto da partida, deixando a equipe Pé Grande com um jogador a menos! "James gritou para Norrick quando Sanuye levitou-o para plataforma -"Norrick! Como você está?""Suficientemente mau!" Norrick gritou de volta com os dentes cerrados. "Mas eu voucontinuar a jogar! Esse punk não pode se livrar de mim tão facilmente! "James olhou para o 'punk' em questão. Pentz voou em um arco de preguiçosos emtorno da plataforma Lobisomem, sorrindo torto."Não temos nenhum jogador reserva?" Gobbins perguntou, flutuando até se juntar aJames perto do anel central."Arrg!" Mukthatch respondeu tristemente do seu lugar pelo anel central."Nós só tivemos o Kleinschmidt, disse James. "Mas está na enfermaria por comermuitos ovos de fada mordente para ganhar uma aposta"."Ele teria sido inútil de qualquer maneira", observou Gobbins melancolicamente."Ele voa um skrim como um peixe voa um papagaio.""Então o que vamos fazer?" James perguntou.Gobbins encolheu os ombros. "Nós jogaremos com um homem a menos, se nãoconseguirmos encontrar um substituto. Você não consegue pensar em ninguém que possaadequar-se no lugar do Norrick?"James balançou a cabeça tristemente.

A partir da plataforma Pé Grande, Professor Sanuye afastou Norricke soprou seu apito."Pênalti, Time Lobisomem", ele gritou, usando sua varinha para amplificar sua voz."suspeito de bater na lateral. Três minutos no banco dos réus."James olhou para trás para a plataforma Lobisomem a tempo de ver Pentz cairfacilmente sobre o chão. O treinador Lobisomem, um estudante de nível universitário, comuma cabeça quadrada e uma escovinha, coletou o skrim de Pentz e sorriu com força."Eles planejaram isso", comentou Gobbins admirado. "Pentz fez isso de propósito!Veja como é fácil o jeito que eles estão levando a pena? "404James suspirou com raiva. "Bem, pelo menos, os nossos números serão iguais aindanos próximos três minutos.""Três minutos nada!" Gobbins disse, olhando para ele. "É apenas 13 segundo dointervalo! Todas as penalidades são canceladas neste ponto! Porque você acha que elesesperaram a fazer isso agora? No próximo tempo, eles vão ter uma equipe completa evamos ter um a menos! A menos que Norrick possa continuar jogando."Como se na sugestão, Cheshire Chatterly falou novamente, sua voz ecoando dacabine do locutor."E Willem Norrick é escoltado do campo pela equipe médica, aparentementesofrendo um ombro deslocado nas mãos da equipe Lobisomem. Assim, sem reservas, aequipe Pé Grande encontra-se com um jogador a menos de seu esquadrão completo.Probabilidade de fato assustadora para os azarões perenes."O rosto de James ficou quente, de raiva e frustração. Quando Sanuye apitou mais umavez, anunciando o reinício da partida, sentiu-se desajeitado em seu skrim. Os jogadoresLobisomens trovejaram passando, rapidamente coletando todas as três bolas. Até omomento que a buzina soou intervalo, duas dessas bolas tinham sido transformadas emgols. A equipe Lobisomem circuloucomo vespas, latindo alegremente passando por sua plataforma em triunfo."Como está Norrick?" Jasmine desanimada perguntou quando ela pousou naplataforma Pé Grande.

"Ele vai ficar bem", Wood respondeu, suspirando, "até amanhã à tarde. Por agora,estou com medo que ele esteja fora da partida.""Não iremos perde-lo?" Wentworth perguntou, seus olhos enormes e com raiva portrás dos óculos."Legalmente, não", Wood respondeu imediatamente. "Mas estamos em claradesvantagem. Vamos dar-lhe um voto. Você quer muito vencer o jogo? Ou devemos enviá-loao Pipa & Chave para comemorar a ótima temporada?""De jeito nenhum", Gobbins anunciou em voz alta. "Vou pegá-los todos eu mesmo,mesmo que o resto de vocês queiram ir para casa. Esses imundos! Vou ensiná-los um jogosujo como esse!""Eu também!", disse Jasmine, firmando sua mandíbula."Vamos ganhar!" Mukthatch concordou, balançando a cabeça vigorosamente.405"Nós ainda podemos pegá-los", acrescentou James, parecendo muito mais confiantedo que ele sentia. "Este é o nosso jogo, vamos ganhar!""Ok, ok," Wood concordou com resto da equipe que comemoravam o acordo. "Então,vamos ficar e jogar. Você estão indo muito bem, todos vocês. Não tenho mais nada para lhedizer a não ser para manter. Agora que nós estamos com um jogador a menos, no entanto,todos nós vamos ter que ser ainda mais alertas. Concentrem-se no ataque e conseguirão apontuação que quiserem. Vocês vão ter que se habituar a jogar como Atacante eIntimidador ao mesmo tempo sempre que necessário. Nós podemos fazer isso porque todossabem todas as partes, certo?""Certo!" O time Pé Grande respondeu com um pouco menos do fervor original."Certo", concordou Wood. "Agora peguem algo para beber e alonguem-se. Estamosde volta ao ar em três minutos. "Estava quase totalmente escuro, agora com apenas uns poucos tons de rosa que seestendiam pelo horizonte ocidental. James levou um momento para olhar ao redor dasarquibancadas, esperando ver algum sinal de sua família. Com certeza suficiente, ele viu suamãe na arquibancada atrás da plataforma Pé Grande. Ela o viu olhar e acenou para ele, o

rosto pálido e tenso, como se ela estivesse desesperadamente desejando que o jogoestivesse mais do que apenas no intervalo. Ao lado dela estavam Lilian, tia Audrey, a primaMolly, e Vitor Krum, que estava sentado ereto, seu rosto severo com raiva contida.Junte-se ao clube, pensou James dolorosamente. E depois: onde estão os outros?Ele examinou a todos os lugares ao redor de sua mãe. Não havia nenhum sinal deAlvo. Nem viu tio Percy, Lucia, ou Isa. James foi novamente visitado por esse sentimento deafundamento. Eu não posso pensar nisso agora, ele se lembrou. Ganhar primeiro o jogo deEngateclavas. Então, lidar com tudo.Wood convocou a equipe para a borda da plataforma. O intervalo estava quase nofim. James afastou-se de sua família e Vitor Krum, voltando ao assunto em questão.Mas onde estão eles, pensou tristonho, preocupado. O que no mundo poderia ser tãoimportante que Lucia, Isa, e Alvo não estariam aqui para assistir ao jogo?Pouco tempo, suficiente, no entanto, as equipes se lançaram de suas plataformas emergulharam formando um oito. Professor Sanuye apitou mais uma vez e recomeçou ojogo, novamente em movimento, selvagem e feroz.Em meio a isso, James se esqueceu de seu irmão, amiga e prima completamente.406Lucia estava assistindo o jogo, de fato, num modo de falar."Qual é o placar?" Isa perguntou, em sua pequena voz."Eu não sei," Lucia respondeu calmamente. "O placar é muito pequeno para verdaqui."As duas meninas sentaram em uma pequena área de espera no quarto andar daFaculdade de Medicina. Perto delas, uma mesa-redonda estava dominada por umarepresentação fantasmagórica em miniatura do torneio de Engateclavas em andamento. Osjogadores minúsculos e espectrais mergulharam em silêncio através de anéis do tamanhode pratos de jantar. A bruxa que trabalhava em um birô era gorda e pálida, seu cabelovermelho cortado tão curto e encaracolado, que parecia um capacete. Ela estava assistindoo jogo sempre que ela não olhava furtivamente para os funcionários do Tribunal Mágico de

Justiça que se reuniram perto do corredor."Qual é o James?" Isa perguntou pela terceira vez. Ela encostou a cabeça no ombro deLucia."Um dos que estão vestindo azul e laranja," Lucia respondeu pacientemente. "Com ocabelo escuro. É difícil acompanhar as coisas quando estão se movendo tão rápido. "Isa assentiu com a cabeça contra o ombro de Lucia.A partir do próximo corredor, vozes se aproximavam. Lucia olhou para cima,sentindo um abismo de nervosismo em seu estômago. Ela se ofereceu na Faculdade deMedicina, nos últimos dois meses, principalmente para o crédito extra, mas também porquegostava de estar perto dos pacientes em recuperação, gostava de ajudar as pessoas, queforam tão gratas até mesmo da menor coisa. Naquela noite, porém, ela não estavatrabalhando. Ela não teria sido autorizada a estar aqui se seu pai não fosse quem ele é.Como vice-diretor sênior no Ministério da Magia, ele era a coisa mais próxima a umrepresentante oficial do governo da casa de Isa que poderia ser encontrado. Não haviamuito que pudesse fazer além de se observar, mas ele se comprometeu a fazer isso, se nadamais, e Lucia o amava por isso. Ela própria estava lá apenas para fazer companhia a Isa até omomento que os homens a chamariam de volta para a longa sala de portas duplas, além dosalão.Quando Isa saísse daquelas portas novamente, ela não saberia quem Lucia era, ou qualqueroutra pessoa. Nesse ponto, Isa estaria tão sozinha como ninguém na Terra poderia estar.Até que isso acontecesse, Lucia queria ficar ao seu lado.407"O que eles vão fazer comigo?" Isa perguntou, sem levantar a cabeça.Lucia apertou os lábios firmemente e então disse: "Eles vão fazer você esquecer."Isa assentiu com a cabeça novamente. "Há algumas coisas que será bom paraesquecer."Lucia considerava isto enquanto olhava para a mesa redonda grande e os pequenosjogadores fantasmagóricos de Engateclavas."Será que vou esquecer a minha mãe?" Isa perguntou.Lucia começou a responder e então parou. "Na verdade", ela respondeu calmamente:

"você não pode. Ela não era uma bruxa."Houve outra pausa. Ainda havia vozes no corredor, em calma e intensamente. Luciaouviu seu pai entre eles. Ela não saberia dizer o que eles estavam dizendo, mas ela podia veras sombras na parede do corredor, gesticulando animadamente."Será que vou esquecer o lago?" Isa perguntou suavemente. Ela levantou a cabeça eolhou diretamente para Lucia, sua intenção nos olhos. "Será que vou esquecer o mirante e aÁrvore dos Desejos?”Lucia não sabia o que aquilo significava. "Provavelmente", arriscou. "Espero quesim."Isa assentiu. "Ótimo. Isso é bom. Eu não quero lembrar disso. "Lucia suspirou profundamente. Os homens no salão pararam de andar quando elasfalavam, mas agora eles se aproximaram novamente. Lucia sentia que eles estavamfinalmente chegando para Isa. Por seu lado, Isa não estava prestando-lhes qualquer atenção."Quando tudo acabar", ela perguntou, inclinando a cabeça no ombro de Lucianovamente, "Petra e eu vamos poder voltar para casa? De volta ao nosso apartamentopequeno aqui na escola? "Lucia prendeu a respiração, os olhos alargando lentamente. Ela supôs que poderiamentir para Isa. Afinal, em poucos minutos, nada disso teria importância. Isa não lembrariaque ela já teve uma meia-irmã grande, muito menos os detalhes dessa conversa. E, noentanto, Lúcia não conseguia dizer a Isa dizer outra coisa senão a verdade."Não, Is", disse ela baixinho. "Sinto muito. Não.""Para onde iremos, então?" Isa perguntou, e quando ela levantou a cabeça mais umavez, Lúcia viu a primeira nuvem de dúvida passar o rosto da menina.408"Você vai... para outro lugar," Lúcia respondeu, sem tirar o olhar dos olhos de Isa.Isa sussurrou: "Mas o que acontecerá com Petra?Lucia sacudiu a cabeça e tentou sorrir encorajadora. Foi muito difícil. "Vai dar tudocerto, Is", disse ela. "Você não vai se lembrar dela."A face de Isa começou a ficar pálida. Seus lábios puxados para baixo em uma caretalenta e testa nublado. Seus olhos se encheram com lágrimas repentinas. "Eu vou me lembrar

de Petra", disse ela, a certeza e a dúvida se misturando em suas palavras. "Eu nunca poderiaesquecer Petra"."Sinto muito, Is" disse Lucia, amaldiçoando-se por arruinar últimos momentos dememória total da pobre garota."Eu não vou esquecer Petra", Isa disse novamente teimosamente.Uma lágrima transbordou em sua bochecha direita e ela olhou para a porta. Os homensentraram em vista como ela era supôs. Na frente vinha o juiz, Albert Keynes. Atrás dele,parecendo um perfeito miserável, com o rosto comprimido em uma carranca indefesa,estava o pai de Lucia."Isabela", dizia Keynes, inclinando ligeiramente a cabeça e sorrindo, "Venha até aquiagora, querida. Estamos todos prontos para você"."Não", Isa respondeu imediatamente, pressionando para trás sua cadeira. Seu lábioinferior para fora em desafio.Keynes parou na frente de Isa. Ainda sorrindo, ele agachou-se sobre um dos joelhosdiante dela."Temo que eu não posso levar um não como resposta, querida", disse o homem,inclinando a cabeça em direção a ela, como se ele quisesse brincar. "Venha comigo, equando tudo acabar, eu vou lhe dar um pirulito.""Eu não me lembrarei de pirulitos quando tudo acabar", Isa respondeuimediatamente. "E eu não vou lembrar de você. Ou Lucia. Ou a qualquer resto de vocês. E eunão vou... lembrar... de Petra ".Lucia percebeu que Isa estava chorando. As lágrimas corriam pelo seu rosto comoriachos cor de rosa brilhante. Elas não eram lágrimas de tristeza, no entanto, pelo menosnão totalmente. Principalmente, Lucia percebeu, eram lágrimas de raiva."Você não vai esquecer pirulitos, porém," Keynes sorriu, chegando a colocar a mãoem Isa. "Deles você vai se lembrar muito bem."409De repente, inesperadamente, Isa voltou a cabeça para o alto e soltou um grito. Nãoera um grito, era um nome."Petra!" Isa chamou, tão alto que sua voz falhou."Agora escute aqui", dizia Keynes, e agarrou a mão de Isa. Isa torceu fora a mão delee abaixou-se abraçando os joelhos ao peito.

"Dê um momento à menina " Percy bradou com raiva , dirigindo-se para ficar entreIsa e Keynes. Keynes estava muito perto dela, no entanto. Ele estendeu a mão para elanovamente, seu rosto já pálido ficou ainda mais pálido com aborrecimento."PETRA!" Isa chamou novamente. Sua voz soou na sala de espera. A enfermeira atrásda mesa redonda estava de pé agora, com uma mão cobrindo a boca e a outra cobrindo agarganta."Venha agora", Keynes pediu, agarrando Isa. Lucia não aguentou mais. Ela levantouse,nem mesmo consciente do que estava fazendo. Ela estava segurando a mão de Isa na suaprópria e Isa começou a puxar Isa atrás dela."Oh ão, você não..." Keynes choramingou, mas foi cortado quando Isa levantou osdois pés do chão ao mesmo tempo e os bateu contra o peito magro do homem. Ele caiu paratrás, batendo em Percy. Ambos caíram no chão."Parem ela!" Keynes chamou, os joelhos estalando no ar enquanto os guardas dotribunal se esforçavam para ajudá-lo. "Esqueça-me! Obtenham a menina!""Lucia, não!" Percy chamou.Lucia ouviu sua voz, mas não olhou para trás enquanto corria, Isa ao seu lado. Mãosas agarravam enquanto elas se apressavam através da arcada para o corredor principal,mas as meninas eram jovens e rápidas. Elas se abaixaram entre os dois guardas queflanquearam a entrada e correram para a porta do corredor forrado, para subir a escadaadiante.Era completamente impossível, é claro. Elas nunca estariam fora do edifício e mesmoque elas saíssem, para onde iriam? E, no entanto, Lucia não pôde se conter. Ela correu comIsa ao seu lado, até mesmo quando um raio vermelho atingiu o piso de mármore em seuspés, fazendo uma explosão de faíscas."Petra", Isa disse, quase para si mesma, ainda bastante alto. "Temos que encontrarPetra..."410De não muito longe, Alvo continuou seguindo o torneio de Engateclavas,de forma um tanto indireta.Ele ficou lá na Mansão Ares quando o Time Lobisomem se preparava para a partida e

saía, parando apenas para a sua esfregando cerimonial da estátua de um lobisomem debronze no jardim da frente. Ninguém perguntou por que ele ainda estava lá, nem mesmoseus companheiros, e Greunway Shrum, pois tinham saído uma hora mais cedo paraconseguir bons lugares nas arquibancadas. Alvo viu através da janela pequena no centro dasala do terceiro andar até que a equipe estava completamente fora de vista, seus grunhidose latidos perdidos no barulho crescente da multidão. Então, tão pacientemente quantopodia, Alvo havia esperado.Ele ouviu Altaire e Jones conversando na sala mais cedo naquela tarde. Altaire tinhaouvido tudo sobre James procurar nas outras casas, buscando ajuda para a equipe PéGrande na tentativa de derrotar os Lobisomens. Ambos riram maliciosamente disso."Não é exatamente o estilo dos Pés pedir aos perdedores para ajudar a vencer osvencedores", Olivia Jones tinha observado, sacudindo a cabeça. "Eles deveriam ter vindoapenas para nós. Nós lhes daríamos o melhor conselho de todos: ir para casa e se esconderdebaixo da sua cama!".Altaire tinha rido. "Nós devemos lhes ensinar uma lição", ele disse, sua vozendurecimento ", apenas por terem a ousadia de tentar reunir toda a escola contra nós.Devemos bater eles no chão, como estacas, só por tentarem. Alguma ideia de como fazerisso?""Eu tenho uma ideia" Jones tinha acordado e, em seguida, baixou a voz. Meio minutodepois, Altaire tinha dado uma risada de puro despeito.Alvo não tinha gostado do som daquele riso, embora não tivesse ouvido os detalhes doplano de Jones. Não importava, realmente. Táticas da equipe Lobisomem nunca foramparticularmente sutis. Provavelmente, eles queriam sacrificar um pouco de penalidades afavor da retirada de um jogador ou dois dos Pé Grandes. Alvo só esperava que um dosjogadores que seriam eliminados não fosse James.Alvo não sabia ao certo o que ele pretendia fazer, mas naquele momento, ele haviadecidido um plano. Podia não funcionar, mas, novamente, só podia.Além disso, não era como se ele estivesse sabotando sua própria equipe. Ele estaria

apenas com poucas chances.411De seu quarto do dormitório, ele ouviu o ruído vazante e o rugido da multidão, nasproximidades do Pepperpock Down. Ele tinha visto o relógio, impaciente. Finalmente,quando estava escuro o suficiente fora para esconder os seus movimentos, ele se arrastoupara fora da porta da frente da mansão de Ares e se aproximou da estátua do lobisomemrosnando.Como antes, ele podia ouvir os gritos e os comandos do Time do Lobisomem ecoandodo focinho da estátua como se estivesse em uma frequência distante sem fio. Alvo se enfiouna escuridão, esperando por seu momento de agir. As pessoas ainda estavam se movendoao longo dos próximos passeios, os retardatários para o jogo, correndo em direção aoPepperpock Down. Nenhum deles notou um menino escondido na sombra da estatua delobisomem, mas Alvo não quis arriscar. Ele esperou e ouviu, esperando pelo momento emque ninguém iria observar suas ações.Vagamente, através da estátua misteriosa, ele ouviu as instruções de Altaire,gritando aos seus companheiros quando o jogo se aproximava do intervalo. Ele pode atémesmo ouvir as batidas monótonas e exclamações quando os jogadores se chocavam no arou o zumbido das magias do jogo. Alvo poderia dizer que o Time Pé Grande estavasegurando seu próprio jogo contra os Lobos, mas não bem o suficiente para assumir aliderança.Claro que não, Alvo pensou amargamente, eles não têm a Sorte Liquida do seu lado.Ele olhou para a estátua de lobisomem, enquanto ouvia. Seus olhos brilhavam fracamente,acobreado na última luz do sol.Finalmente, assim quando Alvo estava se preparando para agir, ele ouviu Altairechamar um comando dirigido a Parker Pentz.Número nove! Faça isso agora! Fase um, Operação Aquiles!Um momento depois, um baque pesado e um grito de dor emanaram da boca daestátua. Alvo ouviu os Lobisomens rirem quando um Pé Grande infeliz gritou, caindo longede seu agressor.Perto dali, abafando a transmissão fina da estátua, a multidão gritou nas

arquibancadas de Pepperpock Down.Alvo não sabia o que aconteceu depois, mas ele assumiu que o jogador Pé Grandeestava bem, mais ou menos, uma vez que o jogo continuou logo em seguida.Estava quase no meio do jogo. Alvo pensou que isso era provavelmente o melhormomento para agir. Ele esperou a buzina do intervalo, e em seguida, subiu com cuidadocom seus pés, puxando a varinha da bainha em sua manga. Ele ficou na frente dos olhos412brilhantes da estátua, ouvindo os gritos distantes e risadas de sua equipe quando sereuniam para o intervalo e, em seguida levantou sua varinha.Ele abriu a boca para falar o encantamento - Convulsis foi o feitiço que ele tinhaescolhido depois de alguma consideração, mas as palavras haviam parado na garganta,quando a estátua lobisomem piscou. Ela se moveu, balançando seu pescoço desgrenhado debronze e girando muito pouco, como se para encararar Alvo diretamente. Os olhos âmbarestreitados e um rosnado baixo, quase como o ronronar de um gato muito grande, emanavade dentro da garganta da coisa de metal.Alvo congelou. Isso, ele não tinha esperado. Sua boca se moveu, enquadrando aspalavras do feitiço, mas ele não conseguia falar. O medo tinha fechado a sua respiração. Osolhos da estátua estavam queimando brilhantes e Alvo já sentia que ela se preparava paraataca-lo, e esmagá-lo sob seu peso. Ele teve tempo para pensar, Será que Havershift aencantou para reconhecer quando ela estava sendo ameaçada, e para se defender? Isso émesmo possível? Obviamente, ela estava. Na verdade, os lábios enrugados de bronze forampara trás, deixando à mostra os dentes, e começou a rosnar alto, anunciando a sua intenção.E então, de repente, uma mão se fechou no punho de Alvo, empurrando seu braçopara cima."Alto lá, Cornélio," disse um comando de voz estridente. "Solta a varinha. Agora!"Alvo não obedeceu. Ele mal ouviu as palavras. Ele continuou a olhardescontroladamente a estátua de lobo diante dele, mas a maioria da luz de repente pareciater desaparecido de seus olhos. Ela não se movia mais ou rosnava.

"Eu disse para soltar a varinha!" a voz ordenou novamente. A mão segurando Alvopulsou dolorosamente apertando e a mão de Alvo tremeu, largando sua varinha. Ela caiusilenciosamente na grama em frente a estátua. Alvo finalmente olhou para o lado se viuolhando para o rosto de Dayton Englewood, um estudante Lobisomem sênior e sócio empleno gozo da Sala do Professor Jackson. O cabelo de escovinha de Englewood e seu rostolargo e esburacado estava definido com um brilho suado de triunfo.“Parece que peguei um espião", disse com alegria sinistra. "Um espião e sabotador.”Apesar de seu medo e frustração, Alvo revirou os olhos. "Grande", disse ele, cansado."Apenas o que você sempre quis."413"Gobbins!" James gritou com voz rouca. "Por cima! Parede de tijolo! Agora!"Gobbins agiu imediatamente, parando o seu skrim no ar como se ele tivesse atingidouma parede sólida e caindo sobre a sua superfície plana com a bola segurada debaixo dele,protegida. Os Intimidadores Lobisomem se jogaram sobre ele, perdendo a cabeça, como elehavia previsto. Gobbins se levantou instantaneamente, decolando rápido, perseguindo osIntimidadores desta vez, manobrando por trás deles.Eles se espantaram com ele e, em seguida, foram puxados para cima, para fora do curso, soba influência da gravidade de Wentworth.Não houve tempo para comemorar mesmo quando Gobbins varreu em direção aosanéis. Os outras duas Engates estavam com os Lobisomens. James inclinou-se sobre seuskrim, dirigindo-o para frente tão rapidamente que os anéis passavam como postes. Elepegou até um dos Intimidadores Lobisomem, Olivia Jones, e disparou um feitiço Zumbi paraela. De alguma forma, estranhamente, Jones gingou para a esquerda no momento certo,fazendo com que o feitiço se desviasse do anel central enquanto ela passava por ele. Jamesamaldiçoou em voz alta para si mesmo e se abaixou através da confusão do centro do anel,ainda voando atrás de Jones.Estava apenas cinco minutos do segundo tempo, quando James havia passado porClayton Altaires, que soltou um latido gutural de triunfo.

"Número quatro", gritou, aparentemente, a um de seus companheiros de equipe. "Asegunda fase! Agora! "James não sabia o que significava a chamada. Poucos segundos depois, no entanto,um uivo penetrante foi ouvido. James ficou tão surpreso que quase caiu de seu skrim. Elevoou para fora do curso e virou-se em uma espiral apertada. Havia apenas uma pessoa nosanéis que poderia fazer um som como aquele. Estava certo, Mukthatch tinha caído do seuskrim, e segurava o joelho direito em dor. Sua skrim girava preguiçosamente caindo para ocampo abaixo."Oh não!" Jasmine chorou desesperada e com raiva evidente em sua voz. "Não Muk!O que eles fizeram!"“Eles acabaram com ele,” Troy Covington falou a partir do extremo oposto do curso“de propósito!”414James voou até a plataforma e saltou de seu skrim, pousando próximo ao ProfessorWood, cujo rosto foi definido em uma carranca dura."Eles acertaram Muk!" James declarou furiosamente, apontando. "E isso não foi umacidente! Que feitiço eles usaram?""Encantamento Inércia", Wood respondeu laconicamente. "Ótimo para bolaslançadas, terrível para os ossos humanos. Ou ossos de Pé Grande nesse caso. "Professor Sanuye estava rebocando Mukthatch para a plataforma com um feitiço deCorda. Seu apito preso entre os dentes. Em seu skrim, Mukthatch gemia, ainda segurandoseu joelho direito."Faculdade de Medicina, de imediato," Sanuye anunciou quando Woodajudou Mukthatch sair de seu skrim."Eles fizeram isso deliberadamente", disse Wood oficialmente. "Vocêsabe, certo?""Senhorita Brasil diz que foi um acidente", respondeu Sanuye uniformemente."Linton Brasil é uma fraude e uma mentirosa!" James exclamou, mas Wood levantoua mão, silenciando-o."A sua palavra contra as dela", disse Sanuye, sacudindo a cabeça lentamente. "Dequalquer maneira, você está com falta de dois jogadores, professor. Você não pretendeterminar o jogo, certo?"

"Absolutamente! " Gobbins gritou, ficando do outro lado da plataforma. Jasmine e oresto da equipe diminuída vinham logo atrás. Quando eles pousaram, dois estudantes demedicina em túnicas verde apareceram na plataforma para examinar o joelho deMukthatch. Eles balançaram a cabeça gravemente, e começaram a colocar uma tala nojoelho, em preparação para a viagem de volta para a Faculdade de Medicina."Eu recomendo fortemente que vocês desistam", Sanuye disse, ainda falando comWood. "Você pode escolher contestar os resultados em um momento posterior.Francamente, eu atesto que merece um empate. A equipe Lobisomem ainda receberia umavitória técnica, mas você salvaria sua equipe do constrangimento de perdermiseravelmente. Um esquadrão com dois jogadores a menos é uma causa perdida, estoucom medo."Wood considerou este estoicamente. Ele olhou para o restante da equipe.415"De jeito nenhum", declarou James, sacudindo a cabeça. "Nós não podemos desistir!Eles estão tentando forçar-nos para fora, um por um, porque eles sabem que não podem nosvencer em um jogo limpo!""Pode até ser, James," Wood acenou com a cabeça ", mas o professor Sanuye estácerto. Estamos sem dois jogadores. Eu não acho que temos muita escolha. ""Mas não podemos desistir!" James insistiu, olhando para a equipe. "Isso é o que elesquerem que façamos!""Talvez nós devêssemos, pensando bem " Jasmine sugeriu tristemente."Quero dizer, se nós podemos pelo menos terminar o jogo com um empate técnico, como oprofessor Sanuye diz..."Troy Covington assentiu. "É melhor do que ficar completamente destruído na arenano fim das contas. Tenho certeza que não queremos arriscar mais "acidentes" nas mãos dosloucos." Ele atirou um olhar sombrio para a plataforma do outro lado."Encaremos isto", acrescentou Wentworth, tirando a luvas e atirando-as para o chãoda plataforma. "Jogar um jogo limpo, não é apenas para ‘tudo é justo no amor e na guerra’"."Vamos fazer uma votação?" Wood perguntou, erguendo a voz.

"Qual é o ponto?" Gobbins declarou com raiva, olhando em volta para seuscompanheiros. "Vamos apenas sair daqui."Ele fez o seu caminho em direção à escada que descia pelo centro da plataforma e orestante da equipe o seguiu, desanimado em silêncio.Gobbins parou na segunda etapa, porém, com o som de passos subindo a escada.James observou quando Gobbins subiu novamente as escadas, abrindo caminho para oiniciante. Uma cabeça com cabelos escuros muito curtos apareceu na parte de baixo seguidopor um corpo atarracado, com os braços como troncos de árvore. A figura estavacarregando o skrim de Mukthatch e vestindo uma camisa mal ajustada do time Pé Grande."Vocês precisam de um jogador reserva?" a figura perguntou sério, olhando em voltapara os membros com os olhos arregalados da Equipe Pé Grande."Você é Vitor Krum!" Wentworth exclamou de repente, apontando o dedo para ohomem grande. "Eu tenho o seu cartão de Sapo de Chocolate no meu quarto!"Krum sorriu gravemente.416"Vitor", disse Wood, dando um passo à frente e apertando a mão do homem. "É bomver você. Especialmente nestas circunstâncias.""É legal?" James perguntou, impaciente, olhando em volta para Professor Sanuye."Será que ele realmente pode jogar por nós?"Sanuye assentiu depois de considerar. "Cada casa tem suas próprias regras paraquem possa jogar na sua equipe", disse ele. "O livro de regras oficiais de Alma Aleronapenas afirma que a maioria simples de qualquer equipe devem ser alunos da casa e daequipe de origem. O Sr. Krum pode realmente jogar se ele quiser e se vocês quiserem tê-lo.""Mas ele pode jogar?" Covington perguntou. "Eu quero dizer, sem ofensa, Sr. Krum,mas você mesmo sabe como pilotar um skrim?""Você está dizendo cocô?" Wentworth exclamou, quase fora de si. "Ele é Vitor Krumcara! Ele pode fazer qualquer coisa! "Sem uma palavra, Vitor atirou o skrim de Mukthatch para o ar. Quando caiu ao ladodele, o grande homem pulou fácil para cima. Ela sacudiu-se em cima dele o dirigiu em uma

volta rápida na plataforma, terminando em um pouso, com as mãos sem segurar em nada."Uma vez joguei para o time búlgaro de Engateclavas na liga profissional", admitiucom um sorriso. "Não é Quadribol, mas esporte é esporte, sim?""O esporte é definitivamente esporte", concordou Wood, combinando com o sorrisode grande homem. " Professor Sanuye? Parece que os Pé Grandes não estão preparadospara desistir ainda." Todo o Time Pé Grande aplaudiu.Sanuye assentiu. Um momento depois, ele levou sua vassoura para longe daplataforma e varreu todo o anel central. Ele apitou e a multidão ficou em silênciobalbuciando."Penalidade para o Time Lobisomem. O uso descuidado de magia. Cinco minutos nobanco dos réus."A multidão celebrou com aprovação enquanto os membros do Time Lobisomemgritaram com raiva, denunciando a chamada. James sorriu quando pulou de volta para suaskrim. O uso descuidado da magia realizava uma sanção muito mais severa do que umsimples zumbido, que obrigou a apenas dois minutos no banco dos réus. Linton Brasilficaria fora do jogo pelo resto do terceiro tempo, fazendo com que as equipes aindativessem mais uma vez, com o mesmo número de jogadores."E em uma chocante mudança nos acontecimentos", Cheshire Chatterly disse dacabine do locutor, "O time Pé Grande ganhou um jogador reserva surpresa o Sr. Vítor Krum,417Demolidor de renome mundial, o atleta e participante no famoso Torneio Tribruxo! Aequipe Lobisomem enfrenta uma pena dura, mas justa nas mãos do oficial de partidaSanuye, e o jogo recomeça com os lobos liderando o placar de 76-65! "James ouviu o apito da partida novamente em movimento. Ele viu quando VitorKrum imediatamente agarrou uma das bolas soltas e a enfiou debaixo do braço enorme.Este jogo ainda não acabou, pensou, e mergulhou avidamente na briga.Lucia e Isa subiram na escada escura. Vozes soaram atrás delas, mas ecoaram deforma que Lucy não poderia dizer o quão perto os seus perseguidores estavam."Nós não podemos simplesmente continuar correndo, Is!" Lucia disse ofegante, mas

Isa não prestou atenção. As duas meninas se lançaram em uma esquina e empurraram umapesada porta. Não havia janelas aqui e as letras acesas em vermelho diziam: 'MedicinaExperimental e Elixires-Entrada Proibida"Isa correu em diante, seus cachos loiros voando. Lucia a seguiu, olhando para tráspara saber se eles estavam vindo."Petra", Isa gemeu de novo, olhando em volta freneticamente. "Ela está aqui! Sintoela. Ela está sonhando! ""Isa, Petra está em um sono encantado!" Lucia insistiu. "Deram-lhe o veneno damaçã! Nada vai acordar a ela até que eles queiram que ela acorde!"Isa não parecia ouvir Lucia. Ela virou-se e empurrou um conjunto de portas devaivém duplas."Não!” uma voz ecoou por trás de Lucia. Ela olhou para trás e viu dois dos agentesjudiciais passando pelas portas das escadas. Seus rostos brilhavam vermelhos à luz dosdizeres da porta. Um dos homens apontou a varinha e gritou. Uma explosão deslumbrantede feitiços contra a parede de tijolo verde pálido ao lado de Lucia, regou-a com faíscasvermelhas."Lubricus!" Lucia gritou, tirando para fora a própria varinha.418Os dois homens, de repente escorregaram descontroladamente, como se o chão demármore embaixo deles tivesse sido revestido com gelo. Eles deslizaram nas paredes, umde cada lado, e depois caíram para frente, se debatendo no chão do corredor.Lucia girou e voltou a correr, seguindo Isa pelas portas duplas de vaivém.As paredes estavam revestidas de azulejo preto, brilhante nas luzes do teto. A salaem si era baixa e larga, cheia de corredores e prateleiras. Lúcia foi para o Ministério daMagia muitas vezes e se lembrou do Departamento de Mistérios. Aqui, porém, as prateleirasestavam cheias de frascos com rolha de líquido colorido, cada um marcado de tinta verdebrilhante. Isa estava olhando para as prateleiras, impotente."Ela está perto," ela gemeu. Ela olhou para Lucia, os olhos suplicantes. "Eu possosenti-la. Ela está perto. Ela está sonhando. Ela está sonhando com nós duas!"

"Pare, Isa, por favor," Lucia a chamou. "É inútil. Você não pode acordá-la mesmo sevocê encontrá-la. Você entendeu? Talvez possamos falar com as pessoas, uma vez maistentar convencê-los a não tirar a sua memória. Meu pai pode fazer isso!"Uma rajada de vermelho quebrou um dos frascos em uma prateleira próxima,assustando as duas meninas. Elas se abaixaram e subiram para longe dos feitiços e maisperto do aceso de ar. Isa ficou no final de um dos corredores e pegou uma jarra grande. Seurosto foi gravado com o medo e a raiva que ela arremessou-a.A jarra passou sobre a cabeça de Lucy e quebrou no chão de mármore, em frente dosagentes judiciais que se aproximavam. Fogo pulou do conteúdo líquido do frasco e tomouconta do homem. Eles gritavam em uníssono enquanto tentavam apagar, batendo em suasroupas para extinguir as chamas vermelhas. Lucia teve só um momento para perceber queas chamas não eram de fogo, no entanto, eles foram embora. Videiras vermelhas e floresvermelhas brilhantes cresceram com rapidez a partir do líquido lançado, entrelaçando osbraços dos homens e as pernas, acompanhando suas túnicas cinza."Pare! " um dos homens gritou, puxando as videiras. "Parem, em nome da lei bruxados Estados Unidos!""Vão embora!" Lucia gritou de volta. Um momento depois, ela e Isa voltaram pelaporta principal, batendo enquanto os agentes do tribunal dispararam feitiços repelindo avideira vermelha, conseguindo sair."Se você vê-la," Lucia perguntou enquanto eles corriam "se você ver Petra, Isa, vocêvai parar de correr?""Sim! " Isa gritou ansiosamente.419Lucia assentiu. "Eu sei onde ela está", disse ela. "Siga-me."Isa estava certa, afinal. Petra estava muito próxima. Ela estava exatamente um andarabaixo deles, no mais baixo do porão da Faculdade de Medicina.Olhando para trás somente uma vez, as duas meninas encontraram as escadastraseiras e começaram a descer na escuridão abaixo."O que você estava planejando fazer?" Dayton Englewood exigiu,empurrando seu rosto tão perto de Alvo que ele bloqueou completamentea visão do minúsculo calabouço da Mansão Ares.

"Eu disse a você", respondeu Alvo irritado: "Eu estava dando à estatua de Lobo umpequeno corte de cabelo. Isso é tudo. Pelo arrepiado é tão ano passado"."Ria o quanto quiser, Cornélio", Englewood rosnou, estreitando os olhos. "Você nãovai estar rindo quando o professor Jackson chegar aqui. Ele o pregará na parede. Eu já viisso acontecer, você sabe. Ele não é amável com os sabotadores "."Tenho certeza que ele não é", Alvo concordou. "O que você fez com a minhavarinha? "Englewood sorriu levemente. "Eu confisquei. Você provavelmente nunca a veránovamente. Eles não permitem varinhas para onde está indo.""Sério? " disse Alvo, deslocando-se no banco duro no canto do calabouço. "É assimque os americanos têm o hábito de enviar estrangeiros para Forte Bedlam, apenas porapontar as varinhas em estátuas? Soa muito delicado, se você me perguntar. Talvez vocêdeva considerar a deixar crescer um pouco mais e esconder. ""Cale-se, Cornelius", sugeriu Englewood, baixando sua própria varinha um pouco,mas não completamente. "Foi apenas uma coisa boa que eu estava voltando tarde do meuúltimo exame. Quem sabe o que você poderia ter feito?""Agora é muito tarde para um exame, não é?" Alvo respondeu, incapaz de parar. "Aparte pontuda de uma pena vai para baixo, você sabe. E a parte com macia fica para cima. Édifícil de lembrar, certo".420"Cale a boca, eu já disse!" Englewood ordenou, levantando sua varinha novamente."Você acha que eu quero ficar aqui vigiando sua bunda? Eu estou perdendo o jogo dotorneio!"Alvo revirou os olhos e caiu sobre o banco de madeira. "Ah, você não está perdendonada", ele murmurou. "A mesma velha canção e dança."Nesse momento, um baque maçante e uma série de passos pesadossoaram em cima. Englewood olhou para cima e depois mostrou a Alvo umsorriso cheio de dentes."Este é o professor Jackson", disse ele, satisfeito. "Eu mandei para ele uma carta porpombo, eu o interrompi bem no meio da partida. Rapaz, ele vai ficar com raiva de você.""Sim", Alvos assentiu. " um preso perigoso como eu definitivamente não poderia ter

esperado até o torneio acabar. Aposto que ele não vai te dar uma medalha sequer."Os olhos de Englewood piscaram por um momento. Os passos se ouviam alto descendo asescadarias do calabouço enquanto o Professor Jackson descia. Seu sobretudo negroabotoado até o alto em seu peito. Englewood virou-se para olhá-lo, e sorria pom um olhareficiente."Eu capturei um espião, general", gritou, chamando a atenção. "Ele estava envolvidono ato de sabotagem, quando descobri ele eu o prendi. Ele está preso aqui desde então,aguardando instruções."Jackson olhou para Englewood e depois desviou o olhar para Alvo, sua expressãoimutável. Lentamente, ele olhou para Englewood novamente."Este é Alvo Potter, Englewood", disse Jackson, aparentemente lutando para mantera voz calma. "Ele é um membro desta casa.""Senhor! Ele é um espião, senhor! "Englewood latiu, saudando novamente. "Eupeguei ele tentando sabotar a estátua de lobo aqui na frente!"Jackson fechou os olhos e apertou os lábios. Quando os abriu novamente, ele estavaolhando para Alvo."É verdade, Sr. Potter?", perguntou ele, cansado."Sim, senhor" Alvo respondeu honestamente. Não parecia haver qualquer razão paramentir sobre isso. "Eu estava planejando ataca-la bem no meio dos olhos. Ela estava prestesa me atacar."421"Atacá-lo," Jackson repetido. "A estátua, você diz, estava atacando você.""Sim, senhor." Alvo assentiu com facilidade.Jackson deu um suspiro longo e profundo. Quando ele se soltou, ele voltou suaatenção para Englewood. "Será que isso não podia, talvez, ter esperado o final da partida?""O espião apresentou um perigo claro e presente, senhor!" Englewood declarou, orosto ficando vermelho. Ele olhou por cima do ombro para Alvo. "Ele, er, estava envolvidoem atividades secretas!"“ Ele estava fazendo uma brincadeira, " Jackson suspirou. "Na melhor das hipóteses.Eu não posso imaginar por que ele estava fazendo isso, mas eu admito que eu nunca entendi

muito bem os processos de pensamento da família Potter. Frustrante, pois podem ser, massão relativamente inofensivos, garanto-lhe."Englewood estalou os calcanhares unidos e ficou tão reto que parecia que ele queriavirar um foguete e ir até o teto da masmorra. "Senhor! Quais são as suas ordens, senhor?"Jackson fechou os olhos e esfregou-os com o polegar e o indicador da mão esquerda."Eu ordeno que você queira", disse ele pacientemente, "acompanhar-me de volta para oPepperpock Down para o restante da partida. O jogo esta, se você pode estar interessadoem saber, apenas ficando bom.”"Senhor, sim senhor!" Englewood latiu outra vez, tentando ainda saudaro outro."À vontade" Jackson rosnou. Um momento depois, ele acenou para Alvo segui-lo. Emfila indiana, Alvo no meio, os três fizeram o seu caminho de volta até as escadas docalabouço e através do salão principal da mansão."Eu hesito em perguntar isso, Sr. Potter," Jackson disse quando a porta da frentebateu por trás deles", mas porque, você estava apontando sua varinha para a estátua delobisomem?""Como eu disse," Alvo respondeu, ainda não vendo necessidade de mentir: "Euplanejava destruí-la. Pelo menos um pouco."Jackson balançou a cabeça lentamente. "Duvido que tivesse conseguido em todo ocaso" disse ele ironicamente. "Mas por que meu jovem?"Alvo fez uma pausa e parou. Englewood quase bateu atrás dele. Sua varinha aindaestava em sua mão, apontando para o seu prisioneiro, e Alvo sentiu o toque deleinofensivamente nas costas. Englewood caiu e levantou rápido novamente.422Três passos de distância, Jackson parou também. Ele se virou e olhou para trás, seusolhos impacientes, mas curiosos.Alvo inclinou a cabeça em direção à estátua de bronze. Ela estava imóvel ao ladodeles, seu focinho congelado na sua característica de rosnar.“ Você realmente", disse ele, voltando-se para o professor, “quer saber?"Até o final do terceiro turno da partida, o Time Lobisomem conseguiu tirar mais um

jogador Pé Grande. Desta vez, Troy Covington tinha sido atingido com um skrim, no meiodas costas. Covington havia caído do seu skrim, completamente inconsciente, enquanto oIntimidador lobisomem, Pentz, havia recolhido a bola enquanto ela caia e a levou parafrente sem olhar para trás.Sanuye conseguiu levitar Covington exatamente como ele havia feito com Norrick. Apena havia sido de dez minutos a mais no banco dos réus por manobras perigosas e Pentztinha ficado na plataforma lobisomem, já não sorria, mas fazia caretas presunçosamente."O professor Jackson não esta mais nas arquibancadas", disse Gobbins ofegante,mergulhando no lado de James e apontando. "Os lobos sempre jogam sujo, mas mesmo elenão teria permitido algo assim. Eles estão aproveitando o fato de que ele não está aqui! "James amaldiçoou em voz alta e olhou para sua própria plataforma. O que viu alialegrou o seu coração, mesmo o jogo parecendo cada vez mais desesperador. Váriosmembros de outras equipes de Engates estavam na plataforma, em volta do professorWood. Cada um deles usava uma camisa do Pé Grande e traziam suas skrins ao seus lados.Warrington era o primeiro da fila. Com Covington baixado suavemente sobre uma macaesperando, Warrington pulou para o seu skrim e voou para os anéis."É seu entusiasmo grande!" James gritou corajosamente."Bem vindo à selva, Warrington," Jasmine chamou. "Obrigado por vir!""Eu não perderia por nada no mundo", disse Warrington. "Zane mandou um olá. E sevocê me lembrar que eu já estava usando uma camisa Pé Grande, eu vou pintar sua casacom vômito de fadas. Olha que eu faço."James assentiu. "Entendido"."É hora de intervalo?" Vitor Krum disse quando ele passou voando. "Ou tem um jogoacontecendo?"423Warrington franziu o cenho. "Está certo!" ele chamou, e se inclinou sobre o seuskrim, na sequência de Krum. Um minuto depois, James e Gobbins o seguiram. O Pé Grandeainda estava por trás, não importa quantos gols fizessem, os lobisomens sempre,irritantemente, conseguiam manter uma ligeira, mas teimosa vantagem. James recusou-se a

pensar nisso. Como ele tinha pensado alguns minutos antes, o jogo não acabou. Os Pés aindatinham uma chance, não importa o quão pequena fosse.James cortou através do anel central e pegou uma Engates.Ele apontou sua varinha, gritou um dos feitiços de velocidade ao proprietário dos Duendese disparou para a frente em um borrão.Lucia e Isa chegaram ao fundo da escadaria estreita e empurraram a porta pesada.Estava muito escuro no corredor e um par de guardas de pé no final, ladeando a porta.Olharam quando as duas garotas se aproximou."Esta é uma área restrita, docinho", um dos guardas disse a Lucia.Ele era jovem, com um sotaque sulista."Não me chame de docinho", Lucia disse, levantando sua varinha. Seu feitiço atingiuo jovem guarda no ombro e ele caiu como um saco de caldeirões. O outro guarda assistiu aisto com descrença, nem mesmo tinha pensado em alcançar sua própria varinha."Oh não, você não fez isso", disse ele, olhando para Lucia e franzindo a testa. Elefinalmente alcançou sua varinha, mas já era tarde demais."Oh sim, eu fiz", respondeu Lucy. "Desculpe".Ela estremeceu quando seu feitiço atingiu o segundo guarda. Caiu em cima de seucompanheiro, deixando sua varinha no chão. Às vezes, pensou Lucia, ajuda ser uma menina."Eles estão vindo", Isa disse com urgência. "Eu os senti. Petra esta sonhando comeles.""Ela está atrás daquela porta," Lucia deu de ombros, apontando. "Vá em frente, Is. Vávê-la. Faça o que você tem que fazer."424Isa trotou para a frente, escalando mais facilmente os guardas caídos. Lucia pensouque a porta de metal pesado estaria bloqueada, mas quando Isa voltou a segurá-la abertafacilmente, girando silenciosamente em suas dobradiças. Isa desapareceu rapidamente ládentro.Lucy pisou cautelosamente sobre os guardas e ficou fora da porta aberta. Estavaescuro dentro da sala. As paredes eram de pedra em branco, sem janelas. Uma cama estreitade metal estava exatamente no centro do quarto, debaixo de uma lâmpada fraca. Petraestava deitada na cama, descoberta, vestido com o mesmo vestido sem graça, que ela estava

usando no dia em que eles prenderam-na. Isa estava ao lado da cama e apertou uma dasmãos de Petra."Petra", ela disse fervorosamente. "Acorde! Eles estão vindo para me pegar! Eles vãofazer com que eu esqueça você e todos os outros! Eles vão nos enviar para longe uma daoutra! Você tem que acordar e me ajudar!"Lucia observava, raiva e medo frustrantes estavam gravados em sua face. Petraestava deitada na cama imóvel como uma pedra, de olhos fechados pacificamente. Luciapodia ver o formato dos olhos de Petra sob as pálpebras."Petra!" Isa insistiu num sussurro urgente. "Acorde! Por favor! Não deixe eles melevarem! Eles estão chegando! Você está sonhando com eles! Eu posso ver isso em seuspensamentos agora mesmo! ""Isa", Lucy sussurrou, balançando a cabeça. "Ela não pode. Ela iria se pudesse, masnão consegue. Você entendeu? Não é culpa de Petra. ""Não!" Isa gemeu, levantando a voz, mas não tirando os olhos da forma de sua irmã."Ela vai acordar! Ela tem que acordar!"Uma porta bateu no final do corredor escuro. Lucia olhou para trás para o caminhoque tinham vindo, e viu figuras surgindo na penumbra.Keynes estava à frente, com o rosto duro. O pai de Lucia estava logo atrás dele."Lucia" ele chamou, sua voz ecoando do corredor "Abaixe sua varinha, amor! Porfavor, pare!" Então, para os outros, ele disse: "Se algum de vocês levantar uma varinha paraminha filha, eu vou ter seu crachá perante o Tribunal Internacional de Magia, eu juro.""Vem para fora, Isabela," Keynes exigiu. Toda a doçura havia saído de sua voz. "Vocêsó está fazendo isso difícil para si mesma."Lucia voltou para a pequena sala. Isa não tinha tirado os olhos de sua irmã. Petra, éclaro, não se moveu nem um pouco.425"Petra", Isa chorou, ainda agarrada à mão da jovem "não me deixe sozinha com eles!Não deixe que eles me façam esquecer de você!""Saia, mocinha", Keynes pediu, empurrando Lucia para o lado. Seu pai parou ao ladodela e colocou a mão no ombro dela. Ele balançou a cabeça para ela, tanto triste como emadvertência.

"Isabela Morganstern", dizia Keynes, caminhando para a sala, "venha nestemomento. Eu não desejo mal para você."Ele agarrou-a, uma mão em cada ombro. Isa gritou e se contorceu debaixo de seucontrole, mas Keynes não queria mais desperdiçar qualquer esforço. Seu domínio sobre elaera como um vício. Ele a virou até mesmo com Isa ainda se agarrando à mão da irmã."Petra!" Isa ofegava, as lágrimas escorrendo pelo rosto dela novamente. "Não deixeque eles me levem! Petra, por favor! "Lucia observou impotente quando Keynes a empurrou em direção à porta. Ele parouapenas para agarrar os dedos pequenos de Isa e erguê-los para longe da mão de Petra. Amão caiu molemente pendurada ao lado da cama estreita, os dedos levemente ondulados nosono.Isa gritou bem alto desta vez, sem dizer palavras. A face de Keynes estava dura comopedra, quando ele manobrou Isa através da porta, a qual ela se agarrou inutilmente. Luciachegou para consolar a moça, mas Keynes empurrou a mão, dando-lhe um olhar sombrio.Um momento depois, ele arrastou Isa pelo corredor em direção à escada do porão. Osagentes do tribunal seguiram juntos, cortando da vista de Lucia a menina loira. Um delespermaneceu junto à porta, a varinha em sua mão, de pé sobre os guardas atordoados."Eu sinto muito, Lu", disse o pai, a mão ainda no ombro dela. "Não há nada que eupossa fazer.""PETRA!" Isa gritou mais uma vez em meio às lágrimas. O som dela tocou na salacomo um gongo e Lucia percebeu que ela mesma estava chorando. Ela se virou para olharpara trás através da porta aberta do quarto de Petra. A menina estava deitada na camacomo um cadáver, de olhos fechados pacificamente, com a mão pendurada molemente parao lado, pálida sob a luz."PETRA!" A voz de Isa gritou, e então, freneticamente, ecoando enquanto a meninaera levada pela escadaria: "MORGANA! Me ajude! ME AJUDE!"E sobre a cama, os olhos de Petra piscaram. Eles rodaram, abriram, e então virarampara o lado quando Petra revirou a cabeça em direção à porta, encontrando o olhar atônito

de Lucia.426Uma rajada de vento passou fluindo através do cabelo de Lucia e roupas. Luciaengasgou com o sopro gelado e levantou um braço para proteger os olhos de sua força.Quando olhou novamente, a cama estreita no quarto escuro, estava vazia."Você está absolutamente certo disso?" Professor Jackson perguntou sem rodeios,estudando a face de Alvo."O Ensina-Código não mente ", Alvo disse, apontando para o papel rosa nas mãos doprofessor Jackson. Alvo tinha percebido que ele estavacarregando o pequeno papel no bolso do blazer, desde o dia em que ele tinha usado paratestar a estátua. Parecia muito pequeno nos grande dedos de Jackson."Concordo que não", afirmou Jackson gravemente."Isso pode ter vindo de qualquer lugar!" Englewood chorou. "Não há nenhumamaneira de saber se esse material veio da estátua! É um truque! Tem que ser!"Jackson estreitou os olhos para Alvo. Lentamente, ele abaixou o Ensina-Código eempurrou-o no bolso de seu colete. Quando a mão do professor reapareceu, ele estavasegurando sua varinha."Você pode estar certo, Sr. Englewood," Jackson respondeu em voz baixa e suave."Esta é, afinal, uma acusação extremamente grave"."Maldição direta" Englewood concordou, dando um brilho aos olhos redondos deAlvo.Jackson ergueu a varinha. Alvo sentiu um momento de pânico quando a varinhaestava no nível de sua cabeça. Ele olhou em volta, lembrando que sua própria varinha tinhasido confiscada por Englewood. Ele estava indefeso. E então, com uma sensação de alíviomonumental, viu o que o professor estava realmente apontando."Há apenas um caminho para descobrir", disse Jackson, obviamente relutante emfazer o que ele estava prestes a fazer. Ele olhou na direção de sua varinha apontada paracabeça do lobisomem de bronze, apenas passando pelo ombro Alvo.427O lobo rosnou, em voz alta neste momento.Alvo virou, seus olhos indo para o lobo, e se abaixou para o lado. Se a estátua iriaenfrentar seu oponente, Alvo não queria estar entre eles.

Professor Jackson disse sua magia, exatamente no mesmo momento em que olobisomem de bronze o atacou."Expulso!" Jackson trovejou, levantando o braço instintivamente para coincidir como movimento do animal de metal. O feitiço atingiu a estátua no meio do ar, produzindo umclarão roxo que era, estranhamente e perfeitamente silencioso.Alvo caiu no chão e cobriu a cabeça com as mãos. Pedaços da estátua choviam comogranizo, bombardeando-o, nenhum maior do que seu dedo mindinho. Quando a chuva depedaços de bronze acabou, Alvo levantou a cabeça, seus olhar selvagem.A metade traseira da estátua estava quase inteiramente intacta. Ela estava de lado nagrama, a seis pés de sua base. O resto da estátua foi espalhada ao redor do gramado, comouma coroa, milhares de pequenos pedaços brilhando à luz do luar amarelo."Bem, então", disse Jackson, seus próprios olhos arregalados enquanto eleembolsava sua larga varinha, "vamos prosseguir com a partida do torneio, então.Vamos ver o efeito que, se houver, essa sequência de eventos terá sobre o resultado.""Er, e quanto a ele?" Alvo perguntou, se levantando e olhando para trás paraEnglewood.Jackson olhou por cima do ombro para o rapaz. Ele estava deitado de costas nagrama, os braços e as pernas abertas, desmaiado."Deixe ele," Jackson suspirou. "Se ele tivesse sido mais esperto não estaria ai."428James sentiu a mudança imediatamente. Ele não podia saber o que era, mas eraevidente, no entanto.Por um lado, Pentz deixou cair a bola. James tinha ido persegui-lo,no tentando foi só lançar um feitiço de Corda, quando a bola de couro tinhasimplesmente saído de baixo do braço do garoto. James mal podia acreditare quase se esqueceu de pegar a bola quando ele acelerou passando. Uminstante depois, ele abraçou-a contra o peito e inclinou-se sobre o seu skrim,mal acreditando na sua sorte. Ele disparou por Pentz, que estava olhando ao redor confusoe comico."O que aconteceu?" Warrington exigiu, mergulhando no lado de James

para escoltá-lo."Ele errou!" James disse, mergulhando através do anel central eesquivando-se de baixo de um valentão Lobisomem. "Ele até deixou cair! Ele quase mebateu na cara! ""Bem, não desperdice!" Warrington aconselhou, visando um feitiço na formação doLobisomem. "Estamos perdendo apenas por quatro pontos! Nós ainda podemos ter estejogo! "James balançou a cabeça quando ele completou sua segunda volta. Ele deveria tersido derrubado pelos Intimidadores Lobisomens, mas quando ele olhou em volta, ele ficousurpreso ao ver que seu curso estava quase completamente claro. Na verdade, a maioria dosLobisomens parecia ter caído em uma espécie de fuga confusa. Eles tinham desaceleradoem seu caminho através dos anéis. Uma deles, Olivia Jones, estava completamente perdidaem um dos anéis de longe e tinha sido forçada a abandonar sua bola. Ela olhousilenciosamente para baixo em suas próprias mãos e depois para o anel que ela tinhapassado. Não houve intimidações do Pé Grande em torno dela em tudo. Ela simplesmenteatravessou o anel."O que aconteceu com eles?" Warrington disse admirado, olhando ao redor. "Elesagem como se alguém tivesse puxado o tapete debaixo deles!""Não vai durar, seja o que tiver acontecido " James respondeu, erguendoa voz contra o vento "Fique em cima dele! Se tirar mais um Pé Grande, vamos429perder o jogo! "Warrington acenou sombriamente quando James girou em seu skrim,arremessando a bola para o anel central. Dunckel, o Atacante Lobisomem,não estava nem mesmo assistindo. A bola navegou através do gol e Jamesolhou para o placar, enquanto voava sobre seu skrim, observando a mudançade números."Com apenas 90 segundo para o final do jogo, incrível ", Cheshire Chatterly disseexuberante ", a equipe Pé Grande está a três pontos dos campeões! Que jogo! "James correu. Ele sentiu os lobisomens se recuperando da confusão misteriosa que

tinham passado por eles.Altaire mergulhou no lado de James quando eles passaram através do anel central. Ambosagarraram a única bola remanescente, mas o corpo de Altaire alcançou James, derrubandooviolentamente para fora do curso. O capitão olhou para trás com raiva típica doLobisomem quando ele acelerou, segurando a bola debaixo do braço. Mesmo quando eleolhou para trás, no entanto, Jasmine caiu no lado dele. James atirou-se para a frente,tentando alcançá-los."Ei Altaire", Jasmine gritou, dando-lhe voz de uma melodia muito característica.James ficou chocado ao ver o lugar da menina grande uma mão atrás da cabeça e outra nacintura. Ela inclinou seu quadril em direção ao capitão Lobisomem e sorriu para ele,disparando todo o tempo junto ao seu lado, skrim para skrim. "Você é um grande lobo mau",vibrou ela, batendo os olhos em Altaire. "Você gostaria de bufar e soprar a minha casa?"Altaire deu uma boa olhada em Jasmine, aparentemente esquecendo por ummomento onde ele estava. Uma fração de segundo depois, ele bateu de cabeça em um dosanéis de passagem, soltando a bola quando seu skrim esguichou longe na noite. Jasminechamou a bola com facilidade, enfiou-a debaixo do braço e agachou-se sobre seu skrim."Uau! " James disse a ela, os olhos arregalados de descrença."Essa coisa Veela é bastante surpreendente quando você liga! " Ele olhou para trás e viuAltaire pendurado corajosamente no anel que ele colidiu."Se você tem isso", Jasmine respondeu, sorrindo timidamente "tem que usar."Quando Jasmine marcou, James viu que os lobisomens estavam apenas na frente pordois pontos. Dez segundos depois, Vitor Krum arremessou a outra bola com tanta força que430derrubou o bastão limpo fora das mão de Dunckel. A multidão explodiu em aplausosensurdecedores, batendo os pés e agitando bandeiras descontroladamente contra a noite."Dois mais e nós vencemos!" Gobbins gritou, sorrindo com descrença. "Nós vamosfazer isso! "James assentiu. Os lobisomens tinham sido implacáveis no ataque da equipe Pé

Grande e tinham aparentemente se enfurecido com a linha de jogadores de outras casas sereunindo para jogar como time reserva do Pé Grande. Somente minutos antes, tinhamcomeçado, Wentworth forçado em uma colisão com um Intimidador Lobisomem,machucando a maior parte dos dedos da mão direita. Ele gritou em voz alta e ainda mostrouos dentes ao Intimidador Lobisomem antes de ser puxado por Jasmine e Gobbins. Até omomento o capitão dos Duendes, Ofélia Wright substituiu Wentworth, quase metade daequipe tinha-se tornado composta por jogadores de outras casas. Se somente mais umjogador nativo fosse removido do jogo, a equipe Pé Grande teria que perder.James tentou não se preocupar com isso. A última coisa que a equipe devia terrecursos para agora era para ter cuidado.Pensando assim, James bateu através do anel central, a coleta de bolas que Krumtinha acabado de marcar. Atirou-as de lado para Gobbins e caiu atrás dele, ou seja, paraescoltá-lo através de seu caminho. Dois Intimidadores Lobisomens caíram imediatamenteao lado, movendo-se para flanquear Gobbins.Agora é um momento tão bom como sempre, pensou James, pressionando os lábiosfirmemente. Inclinou-se severamente contra o vento, dirigindo seu skrimdescontroladamente para a frente, e apertou o botão que os Igors tinham instalado no finaldo seu skrim.Debaixo de sua skrim, uma pequena caixa abriu. James sabia o que estava na caixa:uma pequena fotografia de um esporo babelthrush e um ramo de Bamboozle que Jamespediu ao Professor Longbottom para enviar para ele. Com a caixa aberta, o Bamboozle foitransformado em uma nuvem de esporos de gordura babelthrush rosa. Os IntimidadoresLobisomem voaram através dos esporos, com seus óculos salpicados e sujos.Imediatamente, os dois sairam fora do curso, deslizando em seus skrins e dissolvendo-seem crises de espirros.Essa foi a última das nossas brincadeiras, James pensou quando Gobbins arremessoua bola através do anel, empatando a partida. De agora em diante, é só nós fazermos um

ponto!A multidão gritava constantemente agora como os segundos finais da partidaassinalando. James ouviu a voz de Cheshire Chatterly ecoando descontroladamente da431cabine do locutor, mas ele não podia entender qualquer uma de suas palavras. Inclinou-secompletamente de lado em sua skrim como ele tivesse alimentado através do curso oito,passando pelos Lobisomens e Pés Grandes em ambos os lados. Quando ele atravessou oanel central, ele conseguiu pegar duas bolas, uma em cada mão. Surpreendentemente, nãohouve Lobisomens para desafiá-lo. Ele enfiou um em cada braço, inclinou-se sobre o seuskrim, e fez uma careta para o vento que se aproximava. Ele completou a primeira volta comfacilidade, quase sem esforço, e estava na metade da segunda, quando uma voz gritou."James!" Krum gritou distante. James mal parou para olhar. Quando o fez, viu Krumacenando freneticamente para ele, apontando. "Atrás de você!"James olhou por cima do ombro. A totalidade do Time do Lobisomem estava atrásdele, seus rostos definidos em linhas sombrias de desafio. A maioria deles tinha suasvarinhas na mão, todas apontadas para ele.Eles vão atirar em mim! James pensou, e o pânico o atravessou. Eles não se importamse a sua equipe inteira ficará penalizada! Se eles me tirarem do jogo, não terá suficientes PésGrandes nativos na equipe e nós vamos ter que perder! A equipe Lobisomem vai ter umavitória técnica!Mesmo com essa percepção formada na mente de James, uma explosão de faíscasvermelhas chiava sobre seu ombro. Não tinha sido um feitiço de Corda ou um poçogravitacional. Os lobisomens estavam usando feitiços de duelo."James, olha só!" Jasmine gritou de algum lugar muito longe, mas foi inútil. Jamesabaixou e mergulhou para frente e para trás, lutando para se manter dentro dos anéis aomesmo tempo evitando ser atingido. Mais feitiços acenderam no ar ao redor. Sanuyesoprava o apito, repetidamente, mas os lobos não queriam parar. Eles estavamdesesperados, e em seu desespero, eles estavam dispostos a fazer qualquer coisa. James

sentiu uma súbita contorção de medo real. Espalhou-se através dele como gelo, congelandoo.Apelou para a varinha, deixando cair uma das bolas.Tirou para fora do eixo de madeira fina do seu bolso, em seguida, sua varinha caiu. Ela girouem direção à escuridão, e ele ficou olhando para ela, petrificado.Algo bateu contra seu peito quando ele se inclinou. Ele ficou preocupado que fosseum encanto de Corda, ou pior. Com alguma surpresa, percebeu que era uma pequena bolsade pano, macia e densa ao toque. Ele percebeu em seu pescoço em um pedaço de corda decouro cru: a Maldição de jogo dos Vampiros! Ele estava tão decidido a conseguir que o restoda equipe retirasse a poção dos vampiros antes do jogo que ele tinha esquecidocompletamente de remover o seu próprio!432Sem pensar, ele agarrou a corda curta e esvoaçante. Ele a puxou, e sentiu o pop dabolsa aberta. Pó preto explodiu a partir dele, espalhando para trás instantaneamente emsua esteira. O pó envolveu os lobisomens à direita, cobrindo-os em contorções e gavinhaspretas. James olhou para trás, lutando para ficar em sua própria skrim enquanto segurava aultima bola.Os tentáculos da pólvora negra solidificaram em todos os Lobisomens, formandouma espécie de rede frouxa. Em seguida, violentamente, a rede se comprimiu. O líquidopreto tensionado, sugando a totalidade do Time do Lobisomem em uma colisãomonstruosa. Se a maldição jogo tinha sido imposta em um único jogador, ele certamenteteria perdido momentaneamente o controle de seu skrim, o enviando fora do curso.Implantado em toda a equipe,no entanto, o efeito foi tanto doentio e divertido eabsolutamente devastador.A equipe caiu imediatamente no ar, puxada junto com a força do líquido mágico preto. Umsegundo depois, o líquido desapareceu em fumaça e os lobisomens caíram fora dele, lutandopara permanecer em suas skrims, agarrando uns ao outros, se afastando em espirais emcada direção.Ofegante, James voltou-se para o curso. De alguma forma, ele conseguiu não perder

um único anel. Ele levantou a ultima bola, segurou-a por cima do ombro, e atirou-afacilmente através do anel objetivo. No qual ninguém estava guardando. A bola navegouatravés do anel tão limpa que James a pegou ele mesmo, do outro lado.A multidão irrompeu em uma alegria única e desenfreada.O placar piscou, refletindo a mudança na pontuação: 97-98. Equipe Pé Grande, incluindo osjogadores reservas de diversas casas, pularam em torno James, rindo descontroladamente eiçando-o sobre eles.A buzina soou, ecoando ensurdecedoramente sobre as arquibancadas.O jogo havia acabado.O time Pé Grande havia ganhado.433Capítulo 23O Início do FimPara os Pé Grande, a maioria das partidas vencidas terminaram numa vitoriosacomemoração à noite no Pipa & Chave, abarrotavam-se por volta de algumas mesas no seu cantonormal, bebendo cerveja amanteigada e refrigerantes de alcaçuz. Contudo, o fim da partida dotorneio iniciou um evento maior que quase o campus inteiro se apresentou para assistir.Graças à recente sequência de vitórias de campeonato dos Lobisomens (devido, não pouco, àagora destruída estátua lobisomem), a Marcha das Casas não fora testemunhada em Alma Aleronpor mais de uma década. Com exceção dos professores, dificilmente alguém já a vira. A Mansão Aresse tornara um pertence do Morro do Triunfo, e várias pessoas começaram a achar que ela nuncamais se moveria. Eles poderiam ter estado certos se Alvo não houvesse descoberto o segredo daestátua lobisomem encantada de Stafford Havershift. Já agora, boatos sobre a estátua de bronzequebrada estavam circulando entre a ralé de estudantes. James ouviu parte deles, embora ele nãohouvesse ouvido a história completa de Alvo até então, durante a viagem para casa. Algunsestudantes estavam sussurrando que a estátua era mágica e viera à vida, forçando o ProfessorJackson a destruí-la. Outros alegavam que havia sido um bom feitiço de sorte que foi dominado peladerrota dos Lobisomens no torneio, resultando na sua espontânea destruição.Indiferente do motivo, enquanto o Time Pé Grande se reunia na base do Morro do Triunfo,James viu que a estátua imponente estava, de fato, destruída. Sua metade traseira estava a váriosmetros da base, e enquanto James não podia ter certeza, parecia a ele como se a pose da metaderestante estivesse mais diferente do que fora da última vez que ele a vira.

434— As pessoas estão dizendo que a estátua simplesmente explodiu assim que os Lobisomensperderam — Ralf disse, apertando-se entre James e Jazmine Jade. — Como se cometesse estatuicídiopor vergonha ou coisa parecida.— Eu não a culpo — comentou Zane do outro lado de James.Detrás dele, Warrington zombava.— Quem se importa com o que aconteceu? Se fosse eu, eu a deixaria lá como um troféu,mesmo depois da Mansão Ares fugir correndo com o rabo entre as pernas. — James notou queWarrington ainda vestia o suéter de lã Pé Grande que vestiu mais cedo a fim de jogar como reserva.Atrás do time, a multidão do Pepperpock Down ainda estava se aglomerava em volta,reunindo-se ruidosamente no quadrado entre a Residência da Administração e o Morro do Triunfo,comprimindo o gramado em animada esperança. O Time Lobisomem estava fora de vista e Jamesassumiu que eles estavam simplesmente esperando na adega armário, se recusando a observar omovimento das casas. Viktor Krum, infelizmente, partiu imediatamente depois da partida, assimcomo a mãe e a irmã de James. Um sinal vazou de volta para James que eles receberam umamensagem urgente através do Caco, que Gina estivera carregando na sua bolsa, na esperança denotícias do marido.O pai de James, naturalmente, estava fora na sua missão de reconhecimento para NovaAmsterdã, acompanhado por Tito Hardcastle, na preparação para a invasão do dia seguinte. Opróprio Viktor queria ir junto, mas Harry foi inflexível na sua recusa — levar mais de dois espiões namissão noturna teria sido notável, ele disse, e não tinha intenção de alertar a nova líder da F.L.U.B.da invasão iminente. James estava bastante feliz que seu pai tivesse insistido que Viktor ficasse paratrás para a noite. Se ele não tivesse, o jogo teria acabado em penalidade antes que mal a metadepassasse.Agora, como resultado da vitória Pé Grande, comemorações ainda soavam do grupo reunidoe estouros de fogos de artifício ressoavam no ar quente da noite, faiscando suas cores sobre o Morroe na fachada feia da Mansão Ares.— Então, como vai acontecer? — perguntou Ralf, olhando de relance a multidão. — Franklynou alguém precisa sair e, tipo, levitar as coisas ou outra coisa parecida?Gobbins sacudiu a cabeça.— Eu acho que não. Acho que a Marcha das Casas é com magia antiga, elevada porPepperpock, Roberts e o resto quando eles primeiro construíram a Alma Aleron. Acho que tudo

acontece sozinho. Só esperamos e observamos.Mesmo enquanto Gobbins falava, um gemido baixo e agourento surgiu. James sentiu o seuestrondo no peito e na sola dos pés. Ele pulsou no ar, encobrindo os outros barulhos mais como umanota básica num gigantesco amplificador mágico. Imediatamente, a multidão se apressou no silênciode olhos alertas. James olhou na direção da Mansão Ares, mas ela estava simplesmente parada ali,imóvel, suas janelas ás escuras e vazias como olhos fixos e resolutos.— É isso? — falou James, levantando a voz sobre o ruído incansável.Zane sacudiu a cabeça, olhando em volta.— Deve ser! Olhem! — Ele apontou. Não para a Mansão Ares, mas para trás, sobre as cabeçasda ralé atrás deles. James e o resto do Time Pé Grande virou e ofegou.Pairando sobre a multidão, projetando sua sombra extremamente larga e maciça sobre osrostos virados para cima, estava a Mansão Apolo. Parecia exatamente a mesma de sempre, exceto435que você poderia ver dentro a escura área de cobertura da sua construção: um quadrado de tijolospesados, cercando o que era, inconfundivelmente, o teto da anterior sala de jogos do porão. Umanuvem de sujeira e argamassa passaram rapidamente sobre a multidão conforme a estruturaflutuava acima, movendo como um gigante balão de desfile. Uma circular forma branca apareceu emuma das janelas superiores e James percebeu que era Geoffrey Kleinschmidt, o jogador reserva PéGrande que estava doente demais para ir à partida. Ele acenou corajosamente, sorrindo, seu cabelose remexendo para cima, espalhado incontrolavelmente.— Nós ganhamos!? — ele gritou para baixo, uma pergunta ao mesmo tempo que era umaafirmação, e a multidão gritou de volta, rindo e dando vivas.Lenta e pesadamente, a Mansão Apolo se aproximou do Morro do Triunfo, passando sobre amultidão e emitindo aquele ruído profundo e palpitante. Quando flutuou sobre a cabeça de James,ele quase pensou que poderia pular e tocar as vigas do teto do porão. Ele riu alto quando viu odisarmillo agachado no topo de uma daquelas vigas, curvado num tipo de bola viva, os olhospiscando à multidão abaixo.Conforme a casa passava sobre o gramado do Morro do Triunfo, projetando sua sombrasobre a quebrada estátua de lobisomem, James se surpreendeu em ver que a Mansão Ares aindaestava ali, parada resolutamente no alicerce do Morro.— Vai! — chamou Zane, sorrindo. — Cai fora, casa!— É! — os membros do Time Pé Grande se uniram, levantando os punhos. Logo, toda amultidão se ajuntou ao grito, se divertindo e zombando roucamente.

Entretanto, a Mansão Ares não saiu do lugar, nem quando a sombra da Mansão Apoloaproximou-se arrastando á sua frente, projetando seu reflexo sobre as altas janelas fixas.Finalmente e com gentileza, a Mansão Apolo cutucou o canto frontal da sua contraparte. O somproduzindo foi de uma suave e forte mastigação. Em resposta, a Mansão Ares estremeceu levementee pareceu quase soltar um suspiro conformado. Um momento depois, ele se ergueu dos alicerces doMorro do Triunfo, produzindo um som longo, esmigalhado e espetacular.A multidão explodiu em diversão novamente enquanto as casas trocavam de lugar,movendo-se como dançarinos pesados. Lentamente, quase timidamente, a Mansão Ares começou asua longa marcha para baixo do Morro do Triunfo e na direção da fundação vazia no lado oposto daalameda. No seu lugar, a Mansão Apolo fixou-se lentamente no topo do Morro do Triunfo, sua áreade cobertura encontrando perfeitamente os alicerces largos abaixo. O chão tremeu quando o pesoda casa acomodou-se e um sopro de poeira de alvenaria levantou-se por todo o redor, lívido na luzda lua.A multidão redobrou o seu ânimo, e os membros do Time Pé Grande olharam uns para osoutros em consternação. Wentworth já estava ali, seus dedos enrolados em bandagens brancas. Aolado dele, também usando várias bandagens e tiras, estavam Norrick, Mukthatch, Troy Covington e oresto dos jogadores inválidos. Geoffrey Kleinschmidt estourou pela porta da frente de pijama, suasmãos alçadas como se a multidão estivesse se divertindo unicamente por ele. Ele avançou parabaixo da passarela e se juntou ao time, onde ficaram sorrindo um para o outro, felizes pelo momentoinexplicável por palavras.— Vamos entrar! — Ofélia Wright bramiu, cutucando James para frente. — Vejam suasnovas paisagens! Vejam como é a vista do Morro do Triunfo!— Vocês também — chamou Jazmine, virando para os jogadores reservas das outras casas.— Todos vocês! Hoje à noite, vocês são todos Pés Grande!436— Olhe o que fala! — respondeu Warrington, franzindo a testa, mas não discutiu quando atumulto o empurrou à trilha que levava à Mansão Apolo.James pensou que o prédio foi transformado de algum jeito. Parecia exatamente o mesmo desempre — simplesmente uma grande mansão maciça, talvez um pouco simétrica demais e maisnecessitada de embelezamento — mas agora, situada no topo do Morro do Triunfo, as coisas queuma vez a deixavam tediosa agora a deixavam magnífica. É o ângulo, pensou, olhando para ela

enquanto se aproximava, sorrindo com orgulho e triunfo. É onde foi originalmente construída,aposto o meu skrim que é isso. É como deveria ser vista...Este pensamento foi interrompido, contudo, quando James pôs o seu pé no primeiro degrauda entrada principal. Um barulho muito alto e estranho caiu sobre todo o campus, chocando amultidão ao silêncio. James olhou para trás, alarmado.— O que é is... — começou Zane, mas o som foi abafado pelo barulho quando soounovamente. Era um tipo de ruído metálico, longo e dentado, seguido por um estrondo e um tinidodistante de vidro se quebrando.— Ainda é a Marcha das Casas? — Ralf franziu a testa, seus olhos arregalados e nervoso.Ao lado dele, Warrington sacudiu a cabeça.— Não. Está vindo dali, atrás da Residência da Administração.— É a Faculdade de Medicina — uma voz bramiu da muvuca. — Tem algo de errado nela.Vejam só!A massa de pessoas começou a virar de um jeito alarmante e lento que só grandes grupos depessoas repentinamente assustadas puderam se mover. Eles empurraram e avançaram, voltaram àponta mais próximo de tijolos bege da Faculdade de Medicina.James olhou, lembrando o que vira mais cedo, o pequeno grupo na frente da entradaprincipal da Faculdade de Medicina — o tio Percy, Lúcia, Isa e o grupo de agentes da Corte Bruxa. Oárbitro, Alberto Keynes, estava fora de vista, mas ele tinha que estar ali em algum lugar.— O que você fez? — perguntou James em voz baixa, seus olhos se alargando. Ele percebeu,sem nenhuma surpresa real, que a pergunta não foi endereçada a Keynes.Enquanto observava, as luzes do prédio bege tremeluziram, faiscaram e então caíram naescuridão. No interior, monstruosamente, aquele barulho horrendo soou novamente, chiando egemendo mais como um animal em dor. E então, sem nenhum aviso, a maioria das janelas no ladomais perto do prédio explodiram.Vidro tiniu e brilhou como confetes, expandindo-se para as árvores próximas. Outro barulhoseguiu — uma espécie de estampido enrugado e sólido, e a fachada da construção alterou-se. Ela sesugou para dentro, distorcendo a forma da estrutura como se tivesse sido socada por um gigantescopunho invisível. Tijolos e alvenaria quebrada choveram nos arbustos.— Está implodindo! — anunciou Zane, assustado e pasmo. — O que é que poderia fazer issoacontecer?A questão não é “o quê”, pensou James sem dizer em voz alta, a questão é “quem”.

Escombros despencaram da face da Faculdade de Medicina, mas o barulho decaiu-se. Oevento parecia ter gastado a si próprio. Um momento depois, James sentiu movimento na distantebeira da multidão, mais perto à construção distorcida. O grupo partiu-se ao meio, afastando-se dealgum núcleo que se movia. James ficou na ponta dos pés, tentando ver quem ou o que era. Do seuponto de vantagem sobre o Morro do Triunfo, ele pôde finalmente ver.437Era, naturalmente, Petra.Ela estava partindo da Faculdade de Medicina, seu rosto pálido e calmo. Acompanhando ela,uma de cada lado, estavam Isa e Lúcia. As garotas mais novas olhavam para a multidão dividida,seus olhos claros na escuridão.James se soltou dos amigos e mexeu-se pela trilha do Morro do Triunfo, encontrando Petraquando ela emergiu da multidão. Ninguém tentou parar ou questioná-la. Um silêncio perfeito pendiasobre a cena enquanto todos observavam, inexplicavelmente sem fôlego.Petra encontrou os olhos de James. Ela parecia cansada e indecisa, mas de outro modo,perfeitamente normal. Ela estava segurando a mão direita de Lúcia e a esquerda de Isa. Lentamente,olhou para o lado, na direção da estátua quebrada onde jazia próxima, cintilando na luz da lua.— Parabéns, James — ela disse, fraca, e lhe ofereceu um pobre sorriso afetuoso. — Vocêganhou.Uma ondulação de agitação moveu-se sobre a multidão conforme a compreensão começavaa se manifestar àqueles mais próximos da frente: aquela era Petra Morganstern, aquela que atacou oArquivo e amaldiçoou o Sr. Henredon, aquela que foi escoltada para a Faculdade de Medicinainconsciente nos preparativos de sua prisão.— Mas eles deram uma maçã envenenada para ela! — alguém sussurrou rudemente. —Como ela acordou?— Ela é uma criminosa — outro murmurou. — Ela é perigosa!E outro:— Olhem o que ela fez na Faculdade de Medicina!Um clamor baixo ergueu-se do tumulto, estendendo até ficar ininteligível. Então, vozes maisaltas gritaram em tons de comando. James ergueu o olhar e não soube se era para estar aliviado ouassustado em ver o Reitor Franklyn se aproximando, abrindo caminho com os ombros pela ralé. OProfessor Jackson e a Tia Newt estavam atrás, perto, seus rostos severos. Inexplicavelmente, Alvoparecia estar seguindo no rastro do Professor Jackson, seus olhos reluzindo com a empolgação detudo.

— Senhorita Morganstern — anunciou Franklyn enquanto abria caminho pela multidão. —O que está fazendo? Retorne à Faculdade de Medicina imediatamente! Onde estão os seussentinelas?— Sinto muito, Reitor — disse Petra, e James ouviu na sua voz que ela realmente sentia. —Sinto muito por tudo que aconteceu. Mas não voltarei. Talvez eu possa consertar tudo. Mas nãoagora. Existem questões mais urgentes.— Não existem questões mais urgentes, senhorita — manifestou-se Jackson, rígido. Jamesviu que o professor estava com a varinha pronta na mão. Alvo olhava de espreita avidamente nocotovelo de Jackson quando ele continuou. — Você é uma criminosa condenada. Você entende quenão podemos permitir-lhe deixar este campus.438— E você entende, acho, que é impossível você me parar — replicou Petra, quase sedesculpando.Jackson levantou a varinha. Franklyn o viu e também levantou a sua, seu rosto cansado. Eleabriu a boca para falar, mas Tia Newt o interrompeu.— O que é isto que você precisa fazer, minha querida? — perguntou, movendo-se à frentedos dois homens e sorrindo curiosamente para Petra.Petra olhou para o lado, na direção de James.— Temos uma viagem a fazer — respondeu. — Não é longe e mesmo assim, acho, é muitolonge mesmo. Você ainda está comigo, James?James assentiu.— Mas como você sabe disso? Eu nunca tive a chance de lhe contar...?— Eu sei porque você sabe — ela falou, e James entendeu: o fio prateado. Corria em ambasas direções. Ela podia não entender o plano antes da sua apreensão, mas agora entendia. Jamespodia ver aquilo nos olhos dela enquanto olhava para ele.— E qual, se eu puder ser tão corajosa — perguntou Tia Newt, ainda sorrindo fracamente —,é o propósito desta viagem?James respondeu desta vez.— Para descobrir a verdade, madame.Franklyn sacudiu a cabeça fracamente.— Não. Eu não posso permitir isso. Professora Newton, você não entende o que elespretendem fazer. Eles pretendem abrir a Cortina de Nexus. Vocês veem que a Mansão Apolo maisuma vez se ergue no topo do Morro do Triunfo. Dada a chave correta, eles podem ter sucesso ematravessar para outra dimensão. A mocinha pretende escapar para um domínio onde ninguémpoderá segui-la!— Isto não é verdade — retrucou James, movimentando-se para ficar na frente de Petra. —

Petra não precisa escapar porque ela não é culpada! — Ele parou e então olhou para trás sobre oombro, sua testa franzida. — Er... você é?Petra encontrou o seu olhar, mas não respondeu. Pelo menos, não com palavras.— Reitor — Tia Newt falou —, como uma questão de fato, estou disposta a não concordarcom você. Não acredito que a senhorita Morganstern pretenda escapar. Creio que ela está dizendo averdade. Sobre tudo.— Tudo evidencia o contrário, professora — disse Jackson, sua varinha ainda levantada eapontando para Petra —, como você possivelmente poderia saber disso?O sorriso de Tia Newt se alargou enquanto continuava a fitar Petra.— Chama-se intuição feminina — disse com uma baixa ênfase. — Além disso, suspeito queela tenha razão sobre mais uma coisa: eu não acredito que possamos pará-la mesmo se quisermos.Ela é... — Tia Newt parou e estreitou os olhos — ... única.— Professora Newton — disse Franklyn, sacudindo a cabeça novamente, fazendo seusóculos quadrados cintilarem na luz lunar —, não podemos simplesmente permitir que essa mulherparta. Ela é uma prisioneira condenada da Corte Bruxa dos Estados Unidos.439— Mas ela não está fugindo, não tecnicamente — respondeu Tia Newt alegremente. — Sevocê estiver certo, reitor, então a senhorita Morganstern estará simplesmente entrando na MansãoApolo. Ainda pode-se dizer que está confinada no campus. Ninguém negaria esse fato. Assim, creioeu, pode-se dizer honestamente que realizamos os nossos deveres tão bem quanto poderia seresperado sob as circunstâncias.— Madame — começou Jackson, mas Tia Newt interrompeu-lhe com um rápido olhar paratrás.— Abaixe sua varinha, Teodoro — disse, sua voz subitamente firme. — Não seja um tolo.Somos professores. Isto é, como eles dizem, bem acima da nossa folha de pagamento.— Ela é uma prisioneira da Corte Bruxa — insistiu Franklyn com urgência, abaixando aprópria varinha.— E não somos juízes — respondeu Tia Newt, suspirando. — Deixe a mocinha fazer o queprecisa fazer. Ela retornará. Você não irá, querida? — perguntou, dirigindo essa última para Petra.— Se eu puder — respondeu Petra. — E me submeterei a quaisquer consequências queexistirem quando voltar. Espero que as coisas pareçam um pouco diferentes neste momento. Paratodos nós.O rosto de Franklyn estava vermelho de tensão. Jackson parecia estar balançado

precariamente entre levantar a varinha novamente e submeter-se à sugestão de Tia Newt.— Obrigada, professora — disse Petra para a mulher velha ao seu lado.— Por favor — disse Newt, sorrindo num estilo de avó —, me chame de Tia Newt.Petra virou para James novamente e então olhou para o lado, na direção de Ralf e Zane, quetambém se aproximaram, seus olhos arregalados e graves.— Acho que vou lá pegar a ferradura de unicórnio — sugeriu Zane numa voz apressada. —Ainda está enterrada sob o Salgueiro Torto...— Não precisa — falou Petra. Ela soltou a mão de Lúcia e pôs a própria num bolso na frentedo seu vestido pardo. James teria jurado que o bolso era pequeno demais para conter algo tãogrande, mas quando Petra retirou a mão, ela segurava a ferradura prateada. Brilhava fracamente eum baixo murmúrio de pavor e medo arranhou pela multidão.— Meu Deus — uma voz fraca disse. James olhou para trás e viu o Reitor Franklyn fitando aferradura, a cor drenada do seu rosto. Ele descobriu tudo, James pensou. Simplesmente. Ele é umcara inteligente...— Eu não esperava que fizéssemos isso na frente da escola inteira — murmurou Ralf,aceitando a ferradura quando Petra a passou para ele.— Não importa — disse Petra, sorrindo palidamente. Ela virou para Lúcia e Isa. — Vocêsficam aqui. Não precisam vir.Isa não fez esforço para soltar a mão de Petra e James entendeu que a sugestão de Petra erameramente superficial. Não havia chance de Isa concordar em ficar para trás.— Eu quero ir — disse Lúcia, olhando de Petra para James. — Eu quero ver. Eu sei nadasobre o que vai acontecer, mas eu estou nessa, não importa o que aconteça.James esperou que Petra proibisse Lúcia, mas a garota mais velha simplesmente assentiu.Ela olhou de volta para Ralf, que ainda segurava a ferradura que brilhava com fraqueza.— Vamos — anunciou Zane calmamente. — Vamos acabar logo com isso.440Juntos, os três garotos e as três garotas viraram e subiram o Morro do Triunfo,aproximando-se da ponta da Mansão Apolo. O restante do Time Pé Grande se reuniusilenciosamente em torno deles, mas a uma cuidadosa distância. Todos eles podiam ver a forma deferradura esculpida na fundação do prédio, dividida pela fenda entre a casa principal e os alicercespermanentes.— Para que isso tudo, James? — perguntou Jazmine discretamente. James virou para olhá-la.— É... uma longa história — respondeu depois de um momento. — Mas não é uma máhistória. Petra é minha amiga. Eu tenho que tentar ajudá-la.

— Você nos contará tudo sobre isso quando voltar, certo? — sugeriu Wentworth, franzindoa testa levemente.— Definitivamente — assentiu Ralf, sacando sua grande varinha. Sua ponta verde-limãobrilhou vagamente ao luar.— Você quer que a gente vá também? — perguntou Gobbins. — Porque poderíamos, sabe. —O resto do time, até os reservas, murmuraram em concordância.— Não — respondeu James, sorrindo —, mas obrigado.— Ufa — inspirou Norrick. — Boa sorte, então. Onde quer que vocês vão, e o que quer quevocês vão fazer quando chegarem lá, boa sorte.Mukthatch soltou um latido encorajador.Ralf virou-se e segurou a ferradura no alto, medindo-a contra a forma gravada na fundaçãoconjunta.— Petra — disse James discretamente, virando para vê-la —, o que aconteceu lá, naFaculdade de Medicina? O que aconteceu com Keynes?Petra encontrou o seu olhar pensativa.— Ele ainda está vivo — respondeu com simplicidade. James sentiu seus pensamentos esentiu que isso era verdade. Não era toda a verdade, ele sabia, mas por ora, bastava.Ele deu um passo mais perto dela para mais ninguém ouvisse.— É verdade, Petra? — sussurrou. — Você é uma... uma feiticeira?Seus olhos não deixaram os dele.— Sim — gesticulou com a boca e deu de ombros com fraqueza. Havia lágrimas nos seusolhos, brilhando estupidamente. Ela tentava sorrir, mas vacilava.James assentiu. Por enquanto, não havia mais nada a ser dito.Com um leve som rangedor, Ralf empurrou a ferradura de unicórnio na forma gravada nafundação. Não houve nenhum barulho chocante ou explosão de luz mágica, e mesmo assim amultidão respondeu. Um gemido de terror correu sobre o quadrângulo. James olhou para cima,como fez o resto. Uma fraca luz rosa brilhava em cada janela da Mansão Apolo. Se deslocavasuavemente, parecendo dar a entender cada cor do arco-íris e ainda algumas cores que James nuncaimaginara.— Suponho que entramos — Lúcia sugeriu, sua voz um oitavo mais alta que o normal. —Não é?James assentiu. Ele começou a andar, pegou a mão de Lúcia na sua direita e a de Petra naesquerda. Lentamente, o grupo começou a caminhar para a entrada principal da Mansão Apolo.441— Garotos! — uma voz chamou subitamente. James parou novamente com um pé noprimeiro degrau. Ele olhou para trás e viu o Reitor Franklyn fitando-o, seu rosto iluminado com a

suave luz rosada.— Se vocês virem Ignatio Magnussen — Franklyn disse com seriedade —, falem para ele...falem para ele para ficar longe. Falem para ele não voltar. Farão isso?Com aquelas palavras, James pensou que finalmente entendia os motivos de Franklyn paraquerer manter a Cortina de Nexus fechada permanentemente. Magnussen, apesar de ser amigo deFranklyn, fora um monstro. Se ele fugisse pela Cortina de Nexus, então talvez — esperançosamente— aquilo teria sido uma viagem de mão única. Talvez o único jeito que o assassino pudesse algumdia retornar seria se a Cortina estivesse aberta novamente deste lado. Franklyn tornara aquilo a suamissão de vida garantir que aquilo nunca acontecesse.— Ele não voltará, Reitor — respondeu Ralf, impassível, levantando a voz só o bastante paraser ouvido. — Pode confiar.Franklyn estudou o rosto de Ralf por um momento e então assentiu lentamente.Um momento depois, Zane alcançou a maçaneta da porta sobre a breve sacada da MansãoApolo. Ele a pegou, pôs o polegar no trinco e empurrou-o. A misteriosa luz pulsante cobria toda asuperfície dentro, alterando hipnoticamente.— Todos nós juntos — disse Petra, apertando a mão de James. — Todos se seguram emalguém. Acho que o momento que cruzarmos a soleira da porta, atravessaremos. Acho que a casainteira é o portal. Prontos?James engoliu em seco. Ralf estremeceu. Zane disse:— Vocês todos vão na frente. Vou só voltar rapidinho pra Casa Hermes pegar minha câmera.Beleza?Ralf pegou a mão do garoto loiro e Zane a apertou, rindo nervosamente.Como um só, eles passaram o vão da porta na direção da fraca luz rosada, e sumiram.O primeiro passo de James no Mundo Entre os Mundos quase o fez tombar de ponta-cabeçanum rochoso despenhadeiro negro. Petra e Lúcia ainda estavam segurando suas mãos em cada ladoe puxaram ele de volta no momento em que o seu pé mergulhou no espaço vazio. Ele ofegouenquanto puxava o pé de volta e cambaleou na borda. Os seis viajantes espreitaram cuidadosamentea distância nevoenta.Eles pareciam estar parados na entrada de uma caverna baixa posta num despenhadeiro depedras negras e afiadas. Uns trinta metros abaixo, ondas monstruosas batiam contra a superfície dodespenhadeiro, lançando explosões de água branca para o alto como se estivesse em câmera lenta.Além disso, um duro oceano cinza estirava-se para o horizonte, içando-se sob um baixo céu branco.James estremeceu.

— Eu quase caí aí — comentou de olhos arregalados.442— Este não é o lugar mais conveniente para se colocar um portal — concordou Zane. —Mesmo se você sobrevivesse à queda, quem sabe que espécies de monstros nadam num oceanocomo esse?— Nenhum, de forma alguma — respondeu Petra, sua voz calma, porém vigorosa. — Não hánada vivo nessa água. Nada, de forma alguma. Vocês podem meio que sentir isso, não podem?Lúcia franziu a testa. Era quase uma careta de náusea.— Sim — respondeu. — É como se isso nem fosse mesmo um verdadeiro lugar. É mais comouma fachada, algo só para ocupar o espaço. Isso não tem... sabor. Nem tem vida ou cores. É comomastigar papelão.— Ou como dar uma espiada atrás da cortina da realidade — assentiu Ralf, seu rosto tenso.— Como se só estivesse aqui porque algo tem que estar, mas a intenção é que não seja visto porninguém.— Acho que faz sentido — disse Isa, ainda segurando a mão de Petra.Petra concordou.— Não é realmente um mundo, afinal de contas — refletiu. — É só o Mundo Entre osMundos.— Olhem — Zane de repente apontou, levantando o braço na direção do distante horizonte.— Tudo não é simplesmente água. Tem alguma coisa ali.James seguiu o dedo de Zane que estava apontando. Muito fraca e longe, uma forma escuraestava no horizonte.— É um barco? — perguntou Lúcia, incerta.Ralf sacudiu a cabeça.— É uma ilha, eu acho. Mas não é uma ilha que eu já tenha visto. Parece quase um gigantescotamborete.— É um platô — disse Petra. — Assim como esse, na minha opinião. Olhem para a direita.Tem outro.— Tem mais desse lado — acrescentou Zane, espiando pelas pedras da borda esquerda dacaverna.James se inclinou cuidadosamente para fora, sobre as rochas da boca da caverna,examinando a extensão do horizonte molhado. As formas eram cinza na bruma oceânica, até entãolivres como se estivessem quase invisíveis, mas uma vez que você começa a olhar para eles, cada vezmais deles parecia aparecer. Eram misteriosamente similares: platôs rochosos, esquisitamenteplanos no topo, alçando-se como pegadas de gigantes para fora do oceano monstruoso.— O que são? — Isa perguntou numa voz apressada.

— São portais — respondeu Petra, e James não duvidou dela. — Como esse. Cada um levapara um diferente universo, dimensão ou realidade. Alguns deles seriam quase exatamente como onosso. Outros seriam tão diferentes, tão estranhos, que mal poderíamos olhar para eles.— São terríveis — Lúcia proclamou com um arrepio, abraçando a si mesma.— Não — opôs-se Petra. — Eles são apenas eles mesmos. Não são bons ou maus.Simplesmente são.Ralf perguntou:443— Vocês acham que esse mundo inteiro é coberto com eles?Petra sacudiu a cabeça.— Não é um mundo. Não é corpulento, e não tem um fim. Mas sim. Acho que tudo aqui éassim. E continua, infinitamente. Se algumas pessoas tivessem um barco, apenas pense nos lugaresque poderiam ir, as coisas que elas poderiam ver.James estremeceu novamente com o pensamento. A ideia de tirar um barco naquele oceanoestranhamente desastroso, anormalmente liso era horrível. Estar alerta sobre toda aquela distânciae aquelas ilhas suaves sem fim, James queria nada mais que rastejar de volta para o baixio dacaverna e se amontoar numa bola. Ele deu meia-volta e ficou assustado e aliviado ao ver uma portaiçando-se nas sombras da caverna. Era feita de madeira e James reconheceu-a imediatamente comoa entrada da frente da Mansão Apolo vista de dentro. Pendeu-se, abrindo, e através dela, Jamesainda pôde ver o cume do Morro do Triunfo, a estátua de bronze quebrada e a multidão reunida noquadrado atrás da Residência da Administração, amontando-se irregularmente.— Suponho que é como voltamos quando estivermos prontos — falou, gesticulando para aporta. Os outros viraram e viram, e houve uma sensação evidente de alívio. A visão do quadradoescuro e o familiar campus era muito confortável depois de toda aquela vastidão clara e vazia.Lúcia finalmente largou a mão de James.— Então, o que fazemos agora?James olhou em volta, nervoso.— Acho que só olhamos por aí — arriscou. — Todo o motivo pelo que viemos aqui é porqueesse é um lugar que alguém poderia esconder algo tão poderoso quanto o fio roubado da Cúpula dosDestinos. Se pudermos encontrar o fio, então talvez possamos descobrir quem realmente invadiu osArquivos e provar a inocência de Petra.— Sem mencionar — Zane acrescentou subitamente, como se a ideia tivesse acabado deocorrer a ele — que se encontrarmos o fio desaparecido, talvez possamos colocá-lo de volta no Tear!

Quem sabe isso coloque tudo de volta ao normal de novo! Afinal, o nosso Tear foi trocado com umde outra dimensão, certo? Ficou preso aqui ao invés de reverter-se de volta ao seu próprio universo,pois quem quer que tenha rompido na Cúpula, roubou o fio vermelho dela! Lembram do que oProfessor Jackson disse? Ele disse que a troca dos teares entre nossa dimensão e alguma outra,mudava tudo, e talvez até quebraria o equilíbrio dos destinos! Ele fez isso parecer que se o cordelnão retornasse, no fim as coisas romperiam em completo caos! Talvez se colocarmos de volta...— Então todos os nossos destinos voltarão ao jeito que estavam antes da interrupçãoacontecer — disse James, completando o pensamento do amigo. — Fico imaginando, isso érealmente possível?— Desse jeito, Petra nunca terá sido presa? — sugeriu Isa, uma pequena linha de esperançailuminando-se na sua testa.— Talvez, se recolocarmos o fio vermelho — respondeu Zane pensativo —, então nada dissoterá acontecido.O grupo ficou em silêncio por um momento enquanto todos consideravam aquilo.Finalmente, James assentiu decisivo.— Tudo bem então — anunciou. — Todos deem uma olhada em volta. Vamos ver sepodemos encontrar qualquer evidência que alguém do nosso mundo esteve aqui recentemente.Ralf pestanejou.444— Tipo, quem sabe, um papel de bala ou coisa parecida?— Por que — perguntou Zane —, você está vendo um?— Não — Ralf sacudiu a cabeça, e depois apontou. — Mas tem uma escada esculpida nasrochas naquela orla. Talvez alguém tenha deixado cair alguma coisa ali...?James espreitou em torno do garoto maior, olhando para o canto direito da boca da caverna.Justamente como Ralf dissera, uma série de degraus estreitos e gastos se curvava em volta de umapedra, levando para o exterior, na luz nublada.Lúcia perguntou:— Para onde vocês acham que leva?Petra deu um passo para a escada.— Para cima — disse com simplicidade. Ela soltou a mão de James, renovou o aperto na deIsa, e moveu-se para a escadaria de pedra quase escondida. O resto seguiu em silêncio.A escada de fato levava para cima. Enquanto James seguia Petra e Isa na luz estranhamentemonótona do Mundo Entre os Mundos, ele viu a escada subindo desigualmente na frente deles,esculpida nos rochedos do despenhadeiro. Os degraus estavam gastos e lisos com o tempo, e

estavam molhados com névoa de forma que James engoliu em seco quando começaram a subirneles. Ele sentiu o puxão do espaço no seu lado esquerdo, ouviu o reverberante estrondo das ondasenquanto elas se erguiam, erguiam, tentando puxar todos. Para compensar, ele se encostou nasuperfície do despenhadeiro na sua direita, quase abraçando-a enquanto ia subindo. Atrás dele,Lúcia, Zane e Ralf seguiam de perto, atirando olhares preocupados para as profundezas famintas.Vários minutos se passaram. O despenhadeiro era notavelmente alto e James sentiu que osdegraus lhes tomaram alguma distância em volta da estranha ilha. Final e inesperadamente, os seisviajantes alcançaram o topo. Petra e Isa deram alguns passos sobre um liso platô e o resto se reuniuem volta delas, agrupando-se inconscientemente no aberto espaço branco em todo o redor.James percebeu onde estavam antes mesmo de ver o castelo negro. Ele se lembrava dosilêncio sibilante da grama amarela e a marcha das nuvens quando o vento as empurravam. Ele viraaquilo tudo nas visões de sonho de Petra e assumiu que só havia sido uma invenção da sua mentesubconsciente. Agora, de pé na rocha sólida daquele lugar, sentindo a névoa salgada no rosto e aforça do vento enquanto passava pelo seu cabelo como dedos, ele sentiu a tênue alteração dedestinos. Aqui, tudo era possível. Os seis estavam parados na base úmida da realidade, onde todas asdimensões surgiam e cresciam. Aqui, cada passo tinha o potencial de sacudir universos. E de algumjeito, fundo, no porão da mente de Petra, ela sabia. Ela sentia que eles acabariam ali, e porque elasoube daquilo, James não tinha ideia. Ele simplesmente não tinha feito a conexão.— Eu com certeza não estava esperando isso — suspirou Ralf, olhando com admiração ocastelo negro. Ele se erguia na beira distante do platô, desafiando a gravidade, incrustado comtorres e telhados coniformes. Suas janelas eram altas e estreitas, sem vidro, negras como a perdição.— É onde precisamos ir — disse James, de jeito nenhum querendo ir ali, mas sabendo queera o destino deles, entretanto. Ao lado dele, Petra assentiu.— Tem alguém ali — disse Lúcia em voz baixa.Zane olhou atentamente o castelo.— Parece vazio para mim — comentou, um pouco esperançoso. — Quase parece... meioque... morto.445— Legal — gemeu Ralf.Petra falou calmamente:— Se tem alguém ali, então eles estão esperando a gente. É para isso que viemos, não é?

Vamos. Mas... fiquem com as varinhas à mão. Nunca se sabe.O grupo começou a abrir caminho pela suave rampa do platô, passando com dificuldade pelagrama amarela sussurrante. Com um baixo solavanco, James lembrou que deixara a varinha delecair durante os últimos segundos do torneio de Engateclavas e completamente esqueceu derecuperá-la depois. Ele xingou a si mesmo silenciosamente, mas lembrou-se que estava caminhandoao lado de uma das pessoas mais poderosas no mundo mágico. Se Petra se provasse incapaz deenfrentar o que quer que estivesse por vir, então de qualquer jeito sua varinha certamente não seriade ajuda alguma.Conforme os minutos passavam, o castelo gradualmente se aproximava mais. Era bastantepequeno, pelo menos comparado a Hogwarts, porém quase fantasticamente alto, unindo suas torresàs nuvens cinza. James notou que justo como nas visões de sonho, o castelo era pousado na orla dodespenhadeiro longínquo, projetando-se parcialmente sobre ele num completo desafio à gravidade.Talvez magia o segurasse no lugar ou talvez ele estivesse simplesmente equilibrado ali por hábito.De qualquer jeito, era bastante desconcertante olhar. James sentia que o mero peso do seu olharpudesse ser o bastante para mandar a estrutura desmoronando para trás nas águas abaixo que lheesperavam.— O que é isso? — Isa perguntou subitamente, parando e apontando. James virou e viu umobjeto ressaltando-se da grama a uma certa distância, na sombra de um baixo afloramento depedras. Silenciosamente, o grupo andou na direção do objeto, cautelosos, porém curiosos.James foi o primeiro a alcançá-lo. Ele fitou-o, tentando dar sentido à forma. Era grandiosa,mas baixa e alinhada, consistido de madeira e metal e coberto com entrelaçamentos de corda fina esedosa. Estava deitado e enrolado com lona sobre o seu lado, quase enterrado na grama.— Parece um barco — Ralf sugeriu, incerto. — Mas como ele chegou aqui em cima?— Não é um barco — Zane gritou, distante. — Olhem para o morro do lado dele. Estão vendotodo esse tecido velho?James olhou. Ao lado da forma de barco havia uma pilha de tecido azul encarquilhado,desbotado até quase ficar branco. Estava agarrado ao morro rochoso como uma pele, esmurrado emum milhão de lugares com tufos de grama.— Era um balão dirigível — disse Lúcia, sua voz preenchida com pavor. — Alguém veio aquipelo ar. Há muito tempo atrás, ao que parece. Talvez haja atrás.

— Talvez séculos — acrescentou Petra. — Não tem jeito de saber ao certo. Não tem nenhumdefeito aqui. Nada para apodrecer o tecido ou a madeira, nada para corroer o metal. Parece quase odia em que pousou, exceto que o balão está nivelado e destruído pela grama que remexeu-se atravésdele.— Viajantes de uma das outras dimensões de ilha, vocês acham? — perguntou James,aproximando-se da fuselagem de madeira e observando-a atentamente. O interior estava quasevazio, com exceção de alguns assentos e um grande leme de direção que se projetava curvo datraseira.— Um viajante, pelo menos — Petra arriscou. — Fico imaginando de que dimensão ele veio.E se ele penetrou no nosso mundo?446James notou uma série de símbolos pintados na fuselagem do dirigível, desbotados quase àobscuridade. Entre eles havia a forma inconfundível de um unicórnio, branco e sisudo, seu chifrepúrpura brilhante. Ralf e Zane se juntaram a James ali e viram a mesma coisa.— O Cavaleiro — James disse com discrição. — Aquele das tapeçarias no Castelo Érebus!Esse era o dirigível dele. Dele e do unicórnio que veio com ele.— Como pode ser? — Ralf indagou em voz baixa. — Quando o Cavaleiro atravessou, elechegou de algum lugar de volta para casa, na Europa, na Idade Média, não foi?James balançou a cabeça.— Esses portais não são como portas normais — respondeu. — Eu não acho que tempo oudistância façam muita diferença com eles. A Cortina de Nexus pode sempre estar lá, conectando-seao nosso mundo, mas é provável que pareça diferente todas as vezes que abre. Ela pode explorar emtempos e lugares inteiramente diferentes no nosso mundo. Não tem como saber.Zane mal estava ouvindo. Ele estava andando ao longo da fuselagem do aeróstatoabandonado, estudando os símbolos pintados nele.— Olhem — ele falou, tocando um dos desenhos. — O unicórnio que atravessou com oCavaleiro não era só um animal normal. Vocês podem ver isso só de olhar para o jeito em que estápintado. Ele era esperto. Ele não era o servo do Cavaleiro.— Eles eram parceiros — concordou Ralf, inclinando-se para espreitar nas pinturas. — Eleseram exploradores.James balançou a cabeça misteriosamente.— É muito ruim que as explorações deles os levassem para cá.Eles conheciam os perigos que enfrentaram, uma voz fina e espectral disse no ouvido deJames.

Os três garotos se assustaram e viraram, seus olhos se alargando. Atrás deles, fitando-os comtriste curiosidade havia uma forma pouco cinza, quase invisível na luz suave do platô. Era a figura deuma mulher, jovem e moderadamente bonita, com largos olhos e uma pequena boca triste.Peço desculpas, falou ela fracamente. Eu não queria assustar vocês.— Você é uma fan... fan... — gaguejou Ralf, seu rosto ficando branco. — Um fantasma?— Ah, quanto medo, Ralf — disse Lúcia, aproximando-se e sacudindo a cabeça. — Você teveum professor fantasma nos últimos dois anos em Hogwarts.— Sim — Ralf admitiu, um pouco defensivo. — Bem, uma coisa é ter uma aula marcada comum. Outra coisa é ter um sussurrando no seu ouvido quando você está explorando alguma estranhailha morta.Peço desculpas, a fantasma disse novamente, recuando. Faz muito tempo que eu não vejoninguém. Esqueço como é lidar com os vivos.— Quem é você, senhorita? — perguntou Petra, inclinando a cabeça pensativamente.Chamo-me Fredericka, a fantasma respondeu, e fez uma referência respeitosa com as mãostransparentes. Fredericka Staples. Estou aqui desde que... Ela parou antes de concluir, como seestivesse embaraçada ou relutante em admitir. Hã, desde que morri.— Fredericka Staples — falou James, seus olhos se alargando. — É você... a mulher queMagnussen...! É!447A fantasma assentiu e pressionou os lábios um contra o outro, obviamente não desejandodiscutir o assunto.— Quem? — perguntou Lúcia, mas James sacudiu a cabeça.— Ela morreu no campus de Alma Aleron — respondeu calmamente. — Ela era uma trouxa efoi confundida com o bruxo das trevas errado. Eu conto o resto depois, se realmente quiser saber.— Não quero — Lúcia disse rapidamente. — Prazer em conhecê-la, Senhorita Staples.Suponho.— Mas eu pensei que não havia fantasmas em Alma Aleron — comentou Ralf.Zane deu de ombros.— Acho que não estamos mais no Kansas, Totó.Ralf revirou os olhos.— Eu não sei o que isso significa.Lúcia disse:— Significa que não estamos mais em Alma Aleron, estamos? As regras comuns não seaplicam.— Talvez — Petra refletiu, como se fosse para si própria. — Talvez este lugar seja o motivo

pelo qual não hajam fantasmas em Alma Aleron. Talvez o portal para entrar no Mundo Entre osMundos seja como um ímã espectral, sugando-os para dentro ou dirigindo-os para longe, ou aindatudo isso ao mesmo tempo.— Mas isto não pode estar certo — disse James. — Ninguém pode atravessar a Cortina deNexus sem a chave certa.— Acho que isso só é verdade para os vivos — comentou Isa, pensativa. — Os mortos podematravessar todos os tipos de portas que foram fechadas enquanto eles estavam vivos.O fantasma de Fredericka Staples assentiu.Quando eu morri, houve uma luz branca enorme. Eu sabia que devia ir até ela, mas nãoqueria. Eu ainda não estava pronta para partir. Estava comprometida a me casar, entendem. Minhavida mal acabou de começar e eu então não realmente sabia que havia morrido. Não mesmo. A luzme puxou até ela, mas resisti. E então, enquanto eu me impulsionava para longe da luz branca... maisalguma coisa começou a puxar-me. Era como o oposto da luz branca... era... um buraco negro, algoassim. Era forte e eu não pude resistir. Ele me puxou para dentro, e então... de repente... eu estavaaqui. A princípio, pensei que esse era o pós-vida, mas não por muito tempo. Não era o céu nem oinferno. Era só... aqui. E havia pessoas aqui, por vezes.James pestanejou.— Você vê pessoas aqui?Fredericka olhou para ele e depois gesticulou na direção do velho dirigível.Mais dirigíveis vieram uma vez, há muito tempo atrás, ela disse na sua voz fina e remota.Eles pareciam exatamente como esse, só que eram maiores. Eles me viram e falaram comigo.Traçaram a viagem daqueles que vieram neste dirigível e perguntaram-me sobre eles. Eu falei paraeles que sentia muito, que eu não sabia nada sobre seus amigos desaparecidos. Então eles usaramsuas ferramentas para descobrir a verdade — que bruxos malignos capturaram o homem e ounicórnio e os matou —, e então eles descobriram que o mesmo havia acontecido a mim. Contudo,448eles aprenderam mais. Eles aprenderam que nem todas as pessoas do nosso mundo são com aspessoas que cometeram aqueles atos. Existem boas pessoas entre nós, sempre batalhando com omal, mas o equilíbrio de poder se altera continuamente. Eles determinaram que o nosso mundo eraperigoso demais para eles explorarem, e construíram o castelo negro como um aviso. Está aqui até

então, vazio e em silêncio. Até muito recentemente.— Você viu mais alguém — Petra disse. Não era uma pergunta, mas Fredericka assentiu dequalquer jeito, virando a atenção para ela.Eu vi, mas não me aproximei. Eu me escondi. Sabia que isso era mais seguro. Ser umfantasma tem seus benefícios. Dificilmente mais alguma coisa pode assustar você. Mas algumascoisas são piores que a morte. Escondi-me e observei.Petra pareceu entender aquilo.— Eles foram para o castelo, não foram?Fredericka assentiu, sem querer ou sem conseguir falar mais.— É para onde vamos — disse James, e engoliu o medo da garganta. — Deveríamoscontinuar andando, antes de escurecer.Aqui nunca escurece, Fredericka informou suavemente. Nada jamais muda aqui, de jeitonenhum. Nem sequer o tempo.— Venha com a gente, senhorita Staples — sugeriu Lúcia. — Quem sabe a gente possa ajudarvocê a voltar ao seu mundo.Fredericka considerou aquilo com desejo óbvio e depois balançou a cabeça.Eu não posso entrar no castelo, falou. Eu tinha medo de entrar antes mesmo de... ela...chegar. Agora eu não consigo nem suportar pensar nisso.Petra falou:— Você sabe onde é a escadaria, Fredericka? A escadaria que leva para o portal na caverna láembaixo? — Quando o fantasma assentiu, Petra sorriu. — Eu acho que você será capaz de voltar serealmente quiser. Contanto que estejamos aqui, o portal ficará aberto e levará você de volta ao seutempo e lugar. Talvez você possa atravessar e ficar lá se tentar com bastante vontade.Fredericka pareceu desgostosamente esperançosa.Você realmente acha que sim?— Eu não sei — respondeu Petra, mas James pensou que ela achava. — De qualquer jeito,não custa tentar. Boa sorte, Fredericka.— Boa sorte — acrescentou James, e os outros fizeram o mesmo.Obrigada, falou Fredericka, fraca. Penso que esteja pronta para seguir agora. Para a luz, se eupuder, e o que quer que esteja depois dela. Talvez eu veja todos vocês de novo no outro lado.— Melhor tarde do que cedo demais — disse Ralf rapidamente, e a fantasma sorriuentendendo. Um momento depois, ela virou e pareceu descolorir de vista enquanto flutuava atravésdo platô.O grupo observou o fantasma de Fredericka Staples desaparecer e então se levantaram nagrama constantemente silenciosa por um longo tempo, silenciosos e pensativos. Finalmente, sem

ainda falar nada, James virou de volta ao castelo. Ele se erguia alto e agourento no horizontepróximo, sem projetar virtualmente sombra nenhum na luz difusa do Mundo Entre os Mundos. Os449outros deram meia-volta também e olharam para a forma severa, pesando os seus própriospensamentos secretos e medos.Com lentidão, porém com certeza, os seis viajantes retomaram a jornada.450Capítulo 24ATRAVÉS DAS CORTINASEnquanto eles se aproximavam do castelo, o silêncio parecia gerar uma estranha inércia.No começo, James apenas sentiu que não havia nada a dizer. E então, enquanto os minutospassavam, ele começou a se sentir como se as palavras de alguma forma iriam estragar o momento,não porque o momento era bonito, é claro, para ele certamente não era, mas porque havia umafragilidade no ar, uma tensão que girava no ambiente como uma teia de aranha, que James estavarelutante em quebrar. Quando eles finalmente se aproximavam da beira sobre a qual ficava oCastelo Negro, James finalmente percebeu a verdade por que todos tinham subido tão quietos:Todos temiam que realmente houvesse alguém dentro do castelo, alguém poderoso e terrível, quepudesse ouvir até mesmo o sussurro mais suave e sair para cumprimentá-los.Quando eles estavam diante dos portões maciços abertos do castelo, no entanto, tornou-senecessário falar.James tocou no portão, e disse: “Será que basta entrar? Devemos bater..., de que modo?”“Vamos apenas entrar”, Petra respondeu, sua voz abafada. “Mas manter um olho afiadopara fora.”“Alguém está nos observando”, Lucia quase gemeu, espiando nas varandas salientes.Petra assentiu. “Eu sei. Eles estão esperando por nós.”James foi para o lado dela, enquanto eles se mudaram para a sombra da porta de entrada.“Você sabe quem é?” Petra balançou a cabeça assentindo e apertando seus lábios.O interior do castelo era quase totalmente vazio. Um salão enorme abriu-se diante dosviajantes, subindo até abóbadas sombrias e se alongando em direção a arcos pilares do outro lado.Os passos do grupo ecoavam alto na escuridão, tornando impossível a discrição. O piso de pedra451estava coberto com décadas de areia soprada e folhas de grama morta. À medida que o grupo foi

entrando no centro do espaço, movendo-se em um amontoado de nervos, James percebeu ummovimento na parede distante. Ele olhou para a escuridão, com seus olhos semicerrados sem seusóculos e viu uma grande forma emoldurada. Ela era muito maior do que um homem e cheia desombras que se moviam: Uma cortina esvoaçando levemente.“Eu tenho um mau pressentimento sobre isso”, murmurou Zane, olhando na mesmadireção de James.Ralph acenou com a cabeça. “Há mais delas. Ao redor da sala. Eu vejo pelo menos umadúzia”.“Eles são rotas de fuga”, Petra disse em voz baixa. “Colocadas aqui por aqueles queconstruíram o castelo para esses aventureiros infelizes que podem acabar abandonados aqui. Cadacortina levará o viajante ocioso para a dimensão de onde eles vieram, embora, aonde e quandopoderia ser um pouco complicado.”Nervosamente, Lucia perguntou: “como você sabe essas coisas, Petra?”Petra deu de ombros. “Eu não sei”.“Assim, elas são todas como mini Cortinas de Nexus”, James disse, olhando em volta para osportais levemente esvoaçando.Ralph parecia animado por esta notícia. “Então algum destes nos levará de volta paranosso mundo?”“Eu teria cuidado com eles”, advertiu Petra. “Eles estão sob a influência daquela que tomoueste castelo. Eles vão fazer o que eles foram feitos para fazer, mas não sem seus truques caprichosos.Você pode encontrar-se no inferior do mar morto, ou perto de um vulcão ativo. Cuidado com estesportais, só use se não houver nenhuma outra esperança”.“Bom conselho, concordo”, uma voz de mulher disse brilhantemente. O som ecoou de todosos lados em volta, deixando-a enorme e sem direção. James assustou-se, assim como o resto dogrupo. Todos os olhos examinavam o espaço escuro, buscando o alto-falante, mas ninguém ficouevidente.“Quem é você?” Petra disse. “E por que você está atacando o nosso mundo?”“Não é essa a pergunta que você realmente quer respondida”, disse a voz, ainda ecoando,em volta da sala cavernosa. “Aqui, tempo pode não significar muito, mas garanto-vos, no mundo deonde vocês vem, ele ainda está andando como sempre e há coisas que nós devemos atender, você eeu. Deixemos de desperdiçar preciosos minutos em trivialidades”.James levantou sua voz e aventurou-se, “Onde está o fio vermelho?”“Uma pergunta melhor”, respondeu a voz da mulher, sorrindo, e um fino feixe de luz entrouem exibição, cortando as alturas da sala e saindo em uma cena previamente despercebida. James

voltou-se para ele e foi surpreendido com o que viu. Uma coleção de mobiliário totalmente prosaicofoi colocado no arranjo inconfundível de um quarto. Havia uma cama estreita e mesa lateral, um baú,uma mesa e uma cadeira de espaldar alto. Virada de modo que ela encarasse de longe os viajantes.A mão de Petra espremeu James de repente, com força o suficiente para machucar.“O fio está lá”, voz da mulher ecoou na resposta.James olhou em direção a luz. Uma caixa de jóias de prata pequena estava aberta sobre amesa. Dentro apenas o que podia se ver era um broche de Opala. Enrolado em volta desta, brilhandona luz, estava um pedaço de fio vermelho brilhante.452Zane boquiaberto. “O fio perdido!”Petra gemeu: “o broche do meu pai!”James saiu do grupo. Se enchendo de força, ele se aproximou da mesa, que estava maispróximo de todos os móveis. Quando ele chegou para pegar o broche, sua mão congelou. Sentiu asveias de seus dedos ficarem frágeis um momento antes, sua carne crepitava tornando branco todo ocaminho até ao seu pulso. Tentáculos de vapor gelado o arrastaram para trás enquanto ele puxou amão e abraçou-a em seu peito, gritando em estado de choque e medo.“Isso foi imprudente”, a voz da mulher disse presunçosamente divertida. “Mas instrutivo,tenho certeza. Somente aquela a quem pertence o broche pode pegá-lo”.“Por que vocês estão fazendo isso?” Petra exigiu, caminhando em direção a James etomando a mão dele nas suas. Depois de um momento, James choramingou novamente conforme acirculação voltava para ele. Ele flexionou os dedos experimentalmente e, em seguida, olhou felizpara Petra.“Eu não estou fazendo nada disso”, respondeu a mulher, e James finalmente pensou que aviu. A figura estava disfarçada nas sombras além do raio de luz. Mesmo na escuridão, ele reconheceua forma dela - a túnica com capuz, emoldurando o rosto bonito, arrogante. Foi a mulher que elehavia conhecido nos corredores de Aquapolis lá no início de sua jornada. Era Judith, a Dama doLago.“Você está certo, James”, disse a mulher, como se lesse seus pensamentos. Ela adiantou-seligeiramente de modo que a luz refletia parcialmente sobre seu rosto. “Tomei a forma da mulher queMerlinus amou uma vez, mas eu também adotei um traço da mulher que sua amiga Petra esperava.Se ela me olhar de perto, ela verá”.Petra olhou passando o feixe de luz em direção à mulher do outro lado. Seu rostoempalideceu. “Mãe?” Ela sussurrou.

“Sou ambas e eu não sou nenhuma, respondeu a mulher de ânimo leve, acenando com umamão. Eu peguei emprestado da forma da Judith de Merlin e sua própria mãe, minha querida, emparte porque me diverte e em parte porque era a condição da negociação.”“A negociação”, Petra disse, ainda sussurrando. “Mas... Eu não matei Isa. Os sonhos que eutinha no início de nossa jornada estavam errados. Isa não morreu no Lago naquela noite. Euinterrompi o chamado. O negócio nunca foi concluído.”“Você não matou Isabela”, a mulher corrigiu, “mas você quis matar. Você enviou suamadrasta no lago no lugar da sua irmã. Fazendo isso, você apenas alterou as condições. O negócio foipropriamente cumprido. Seu destino se deu em cima dele. Assim, ao invés de chamar a sua amadamãe da vida após a morte, você me chamou… Eu surgi a partir do lago na noite que assassinou suamadrasta. Você me chamou das entranhas do mundo inferior, minha cara, no lugar de sua mãe. Eugostaria de poder dizer que fiquei triste, mas infelizmente, não fiquei.”“Quem é você?” Petra perguntou novamente.“Isso ainda não é a pergunta que implora para ser feita, a mulher respondeu comimpaciência, mas se você deve saber, eu sou um destino. Há três de nós, embora não da mesmaforma que você imagina. Os outros dois destinos não sabem sua própria identidade, e por agora issome serve muito. Meu nome verdadeiro seria impronunciável para você, então você podesimplesmente chamar-me Judith ou a Dama do lago. Eu gosto de ambos os títulos.”453“Por que você está fazendo isso?” Desta vez, foi Lucia quem se aproximou. Ela ficoupróxima a James.“Por quê?” Disse a mulher, levantando as sobrancelhas em um sorriso surpreso. “Porque éo meu destino. E porque eu gosto dele. Precisa haver qualquer outro motivo?” Ela riu. “A verdade é,tenho vindo a trabalhar para este fim por quase um ano em seu tempo – quase desde o momento emque surgi da superfície do lago. Me tomou algum tempo para encontrar todos vocês, mas depois queeu fiz, eu sabia que você me levaria para onde eu precisava estar. Eu mesma ajudei quando eraabsolutamente necessário. E claro o suficiente, você levou-me a Alma Aleron e a esse dispositivomaravilhoso conhecido como a Cúpula dos Destinos. O resto foi estranhamente fácil.”James sentiu Zane e Ralph acompanhá-lo agora. O grupo estava mais uma vez completo.A voz de Petra se tornou fria enquanto ela disse: “O que é que você quer?”“Ainda a pergunta errada”, Judith a repreendeu sorrindo levemente. “Logo eu vou ficar

impaciente com você. Pare de desperdiçar nosso precioso tempo. Nós temos trabalho a fazer.”Zane falou então, sua voz tremendo um pouco. “Devolva-nos o fio vermelho!”“Isso é uma exigência, não uma pergunta.” Judith zombou ligeiramente, transformando seurosto bonito por um momento. “E não posso conceder a sua exigência em todo o caso.”Petra tentou chegar ao broche, em volta do qual o fio vermelho tentadoramente estava,mas Judith a advertiu do perigo.“Eu não seria tão ousada, querida. O broche só pode ser tomado por quem o possuir”.“Mas eu o possuo!” Petra exclamou. Foi quase um apelo.James deu mais um passo em frente, colocando-se à frente do grupo, sua mão aindaentrelaçada com a da Petra. “Será que você”, ele perguntou, com grande ênfase, “pode nos devolvero fio vermelho?”“Essa é a pergunta que eu estava esperando!” Judith gritou, batendo palmas com alegria. “Eeu tenho uma resposta para você, James Sirius Potter, você maravilhoso, jovem homem corajoso. Aresposta é não.”“Por que não?” James exigiu, mal se contendo ao chegar perto do fio enrolado no brochenovamente.“Porque este não é o fio vermelho!” Judith exclamou, se deliciando. “E porque o verdadeirofio vermelho não deseja voltar!”Enquanto Judith falava, James percebeu movimento dentro do feixe de luz. Ele voltou-se eviu que havia outra pessoa no castelo com eles, alguém que tinha estado lá o tempo todo, sentado nacadeira de espaldar alto, afastado deles. Uma mão pálida moveu-se no braço da cadeira, colocandoseem pé, ela ficou em sua altura total, então virou-se.“Seus maravilhosos tolos”, Judith respirava triunfantemente, olhando a jovem que agoraestava no feixe de luz. Vocês não conseguiram compreender o verdadeiro significado do tear. Essepedaço de fio que vocês vêem em volta do broche é apenas um símbolo. Ela é o verdadeiro fiovermelho, extraída através da Cúpulda dos Destinos de sua própria dimensão, assim como o fiosimbólico propriamente dito foi retirado do Tear. Enquanto o fio simbólico permanece aqui conosco,então... Produz... ELA.James estava sem palavras. Ele olhou para o raio de luz, incapaz de tirar os olhos da mulherjovem que estava lá, sorrindo levemente. Seu cabelo era longo e escuro, emoldurando um rosto queele conhecia muito bem, exceto pelos olhos. Lá, ele viu somente um oco mortal, à espreita, apenas454

sob um manto de miséria. Exceto pelos olhos, a jovem que permanecia dentro da luz, em casa,naquele estranho quarto, era a própria Petra.“Isa”, a outra Petra disse sua voz quebrando em lágrimas. “Eu sinto muito por ter matadovocê.”“Era com você que eu sonhava”, disse Petra, olhando subitamente para a sua irmã gêmea.“Não eu. Em seu mundo, você foi muito tarde. Você a matou.”A outra Petra assentiu lentamente, não tirando os olhos de Isa que estava fora da luz.“Então esse é o seu broche”, disse James, apontando em direção à caixa de jóias. “Vocênunca foi a viagem sobre o oceano conosco, portanto você nunca o perdeu.”“Esta não é a Petra, James, você sabe”, Judith respondeu finalmente se movendo para a luz.“Em seu mundo, ela nunca chegou a sua casa procurando refúgio. Em vez disso, ela entregou-se aodestino que confirmou ela na noite em que matou sua irmã. Ela abandonou o bom amor e foiabandonada. Ela não tem mais nada, é por isso que ela estava tão disposta a se juntar a mim. Eafinal, por que não ela? Eu sou sua mãe. Ela pagou para mim. Ela pagou muito caro”.A outra Petra respondeu a isso inclinando seu rosto no ombro de Judith.“Petra”, James gritou fortemente, falando para a mulher jovem na luz. “Ela não é realmentesua mãe! Não estava escutando? Ela é algum montro maligno do submundo, empenhada em criarcaos! Petra, ela não é nem humana!”“Não me chame por esse nome mais, James”, disse a jovem à luz tristemente. “Petra não émais meu nome. Agora sou Morgana”.Judith balançou a cabeça lentamente e sorriu. “Minha 'filha' e eu tenho estado muitoocupada desde que me puxou para o seu mundo. Você vê que as regras da Cortina de Nexus não seaplicam a qualquer uma de nós. Ela não é da sua dimensão e eu não sou humana. Podemos passarcomo queremos, apesar de que fazê-lo tem suas conseqüências. Dimensões não respondem bem aduas de uma pessoa ocupando-lhes, ao mesmo tempo. Sempre que a minha Morgana tem passadopara seu mundo, sua Petra adormece. Na verdade, eu suspeito que muitas vezes ela mesmadesaparecia de seu mundo, e dormia aqui, nesta cama, trocando de lugar com Morgana. Suponhoque elas podem existir, ao mesmo tempo no mesmo mundo por um tempo, pelo menos, mas que nãoseria sem as suas próprias consequências estranhas. O tecido da existência rejeitaria essa dualidade,e iria se esforçar para aniquilar um dos gêmeos dimensionais, tudo em nome do equilíbrio. Mas issonão é nem aqui nem lá. O fato é que passamos por dentro da sua realidade, em diversas ocasiões

importantes. Nós, na verdade, tivemos uma quantidade razoável da vida um pouco movimentada emseu mundo.”James pensou de repente que ele entendeu. Ele estreitou os olhos com raiva. “Você!” Eleexclamou, apontando. “Você matou o líder do W.U.L.F. e assumiu! Você é seu novo líder!”“Oh, não”, Judith riu de novo, alegremente. “Não, não, não, você é um garoto bobo. Eu nãosou a líder do WULF Ela fez um gesto carinhosamente em direção a Morgana. Ela é. Ela matou EdgarTarrantus. Francamente, ela estava fazendo um favor ao homem. Ele tinha ficado muito político nasua velhice ele era quase uma piada. Mais importante, ela matou o político trouxa. Eles tinhamoutros planos para ele, é claro, mas Morgana aqui pode ser bastante persuasiva. Na morte, o senadorFilmore vai servir a um propósito muito maior. E, além disso, os políticos americanos são comodizem, um centavo a dúzia”. Ela gargalhou como se tivesse feito uma pequena brincadeira em umafesta.455“Por que você não pode apenas ficar na sua própria dimensão?” Lucia gritou de repentepara Morgana, seu rosto pálido, mas severo. “Sinto muito que você arruinou tudo e matou a suaprópria versão de Isa, mas porque você quer ir espalhar sua miséria em torno de alguém em outradimensão?”“Por que, é simples”, Morgana disse, levantando sua cabeça do ombro de Judith. Elabalançou a cabeça a ela, como se surpreendese que a resposta não fosse completamente óbvia.“Porque em seu mundo, Isa ainda está viva. A mãe me disse isso. Daqui, eu posso leva-la de volta.”E então, com rapidez horrível, Morgana fez um movimento acenando com a mão direita. Isaflutuou para longe de Petra e voou para a luz. Morgana a pegou e imediatamente passou a mão parabaixo sobre o rosto da jovem garota, colocando-a em um sono profundo. Isa caiu.“Sinto muito, Isa, disse Morgana, quase chorando de alívio. Eu nunca vou deixá-la ir agora.Desta vez, eu vou mantê-la segura”.Petra foi correndo de frente para a luz, mas ela estava completamente despreparada para oraio que atingiu ela, emanado da mão esticada da Morgana. Petra voou para trás, fazendo um bolicheem James, Zane e Ralph, que cairam atrás dela.“Pare com isso!” Lucia gritou, correndo para frente com sua varinha na mão, apontandodescontroladamente à sua frente. Ela tinha quase chegado até Isa, foi alcançando a mão frouxa damenina mais nova, quando Judith agiu.

James viu, mas estava incapaz para dete-la. Ele abriu a boca para gritar, mas isso aconteceuantes mesmo que ele tivesse chamado a fôlego para gritar.“Morra, pequenina”, Judith riu e balançou o dedo para Lucia, como se ela fosse apenas umamosca. Um raio verde explodiu contra o lado de Lucia. Sua cabeça sacudiu para o lado e seu corpovoou pelo ar, virando-se quase graciosamente. Lucia voou para fora da luz, morta em pleno ar. Suavarinha caiu de sua mão e tombou no tapete, sem fazer barulho. Houve um baque rolando quando aprópria menina caiu no chão de pedra sombria a quinze metros de distância.Houve uma pausa de horror completamente chocado. Por um momento, muito terrível,James recusou a acreditar o que ele tinha acabado de ver. Então, por fim, a realidade despencousobre ele e ele então gritou, usando o ar que tinha chamado para avisar sua prima agora morta."NÃOOOO!", Ele gritou, gritando a palavra de modo alto e bom som que o suor brotou emsua testa e ele via dobrado. Ele viu Judith rindo de seu horror, viu Morgana embalando Isa aindamais perto dela, ignorando a menina morta no chão nas proximidades. Zane e Ralph estavam selevantando a seus pés, movendo-se como se estivessem em transe. Entre eles, Petra parecia muitoatordoada para falar. Seus olhos estavam tão redondos, sua expressão tão completamenteparalisada com o choque e raiva, que ela olhou como se ela não pudesse se mexer.E então, com Morgana e Judith levando Isa para uma das cortinas à espera, Petra se mexeu.Ela forçou caminho através do quarto improvisado, empurrando móveis de lado quase sem tocá-los,perseguindo as mulheres que partiam."Espere!" James gritou desesperadamente, agarrando o braço de Petra. “E quanto a Lucia?Não podemos simplesmente deixá-la aqui”.Petra parecia não ouvir. Do outro lado da vasta sala, Morgana e Judith passaram por umadas esvoaçantes cortinas portais e desapareceram. Petra começou a correr. Seu vestido esvoaçavaatrás dela e o frio batia nela em ondas.456"Petra" James gritou, transformando seu argumento em uma exigência rouca. “Nãopodemos simplesmente deixar Lucia!”Ele segurou Petra, agarrando seu braço com tanta força que ela finalmente parou e girou.Quando ela voltou o olhar sobre James, ele cambaleou para trás. Seus olhos eram horríveis -piscando como diamantes em um sol de inverno, ainda escuro como túmulos. Ela piscou e pareceureconhecê-lo, embora a expressão não amolecesse.

“Sinto muito, James”, disse ela. “Não há nada que eu possa fazer por Lucia. Ela está morta.Mas Isa ainda está viva e ela precisa de mim. Eu não posso ficar aqui”.James enterrando o rosto em suas mãos, superados com miséria impotente. Ele olhou paratrás e viu Zane e Ralph ajoelhando-se sobre o corpo de Lucia, e tentando levantá-la pelas mãos paraajudá-la. Eles não compreenderam ainda, ou simplesmente recusam-se a acreditar."Mas ela matou Lucia!" James exclamou, gritando com infelicidade ofendido de tal formaque sua voz se desintegrou.“Então, eles devem pagar por isso”, Petra disse, e sua voz soou na câmara alta do quarto,construindo nos seus ecos até que soou como um coro. James olhou para trás novamente e viu Zanee Ralph atravessarem o chão para se juntar a eles. O corpo de Lucia pendurado mole nos braços deRalph. E Ralph, James viu com surpresa, estava chorando. Lágrimas escorriam pelo rosto do meninogrande, fazendo trilhas brilhantes em seu rosto.“Nós fizemos tudo que podíamos James”, disse ele suplicante. “Mas ficamos sem ideias!Mesmo a minha varinha não pôde fazer nada! E eu tentei! Eu realmente tentei!”James encontrou-se concordando com o amigo. "Eu sei, Ralph," ele disse, e lágrimasencheram seus olhos, lágrimas de sofrimento e raiva misturados. "Eu acredito em você."“Vamos pegar essas duas bruxas”, Zane fervilhava em uma voz baixa e feroz. Seu rostotinha ficado tão pálido como uma lápide. "Nenhuma delas são bruxas", disse Petra, voltando-se parao tecido flutuante da cortina portal. Mas isso não vai ajudá-las quando eu encontrá-las.Com um suspiro trêmulo, James passou ao lado de Petra e agarrou a mão dela mais umavez. Estava tão frio que ela quase ferroava. Juntos, com Ralph na retaguarda, ainda carregando ocorpo de Lucia, os quatro caminharam em direção à cortina e desapareceram em suas dobras vastas.Quando a cortina desceu atrás deles, James piscou nas trevas. Ruídos soaram por todoslados - lutas e gritos, o barulho e crepitação de magias, tudo formando um clamor inconfundível deuma luta mágica. Uma linha verde iluminou o espaço e James viu um homem nas proximidades, umabruxa duelando loucamente e sorrindo.“Onde estamos?” Ralph chamou, com sua voz assustada."O Departamento de Mistérios", Petra respondeu sombriamente, caminhando para frente.“Mas não no nosso tempo. Não toque em nada. Nem sequer levantem suas varinhas. Este não é onosso destino. É apenas um truque”.457

James acompanhava o passo de Petra, mas não podia deixar de olhar ao redor. O que eleviu enviou um arrepio fundo em seu coração. O homem que estava duelando era o padrinho de seupai e um dos homônimos de James: Sirius Black. Seu cabelo preto agarrado ao seu rosto ememaranhados de suor enquanto ele manipulava sua varinha."Desista, Bellatrix," Sirius resmungou, apontando para trás com um feitiço de desarmar."Você sempre foi muito melhor com a língua do que com sua varinha."A mulher de olhos arregalados gargalhou ansiosamente, desviando o feitiço e revidandocom outra maldição verde.“Nós não somos reais para eles”, Petra gritou, caminhando diretamente entre Sirius eBellatrix enquanto eles lutavam. “A menos que paremos e tomemos posse dessa realidade, Não vãonos reconhecer. Não vamos interferir! Há outra cortina em frente. É aí que a Dama do Lago eMorgana passaram. Temos de continuar”.James olhou e viu o que quis dizer Petra. Em frente deles, não mais que a quinze passos dedistância, estava outra cortina de Nexus, idêntica à qual eles já tinham passado. Petra caminhou emdireção a ela intencionalmente e James combinava com ela passo a passo.“James!” Zane exclamou, pegando no ombro do amigo e apontando. “Olha ali em cima!Aquela é...?”James conhecia a história de onde eles estavam. Ele sabia em que batalha estava e o queestava para acontecer. Sirius Black ia ser morto, enviado através do véu que flutuava atrás dele atéagora - o véu através do qual, ironicamente, James e seus companheiros tinham acabado de chegar.E ainda, como ele olhou para onde estava apontando Zane, James estava atordoado, quase em umimpasse.Seu pai movimentou-se no perímetro da batalha, envolvido em sua própria luta. Seusóculos estavam tortos no rosto, a cicatriz famosa marcando sua testa. Ele parecia ser quaseexatamente da mesma idade que o próprio James.“Nós poderíamos detê-lo”, disse ele, estendendo a mão para agarrar o braço de Petra.“Poderíamos ficar aqui e parar tudo. Poderíamos salvar Sirius e parar todas as coisas terríveis queaconteceram depois!”“James”, disse Petra, parando apenas por um momento, “você já esteve aqui antes. Esta é anegociação do Guardião, tudo de novo. Nós não podemos mudar o que foi feito, não importa oquanto possamos querer. A história vai encontrar uma maneira de acontecer, não importa como.Nosso destino está em outro lugar. Venha”.

Relutantemente, James concordou. O grupo se moveu através da batalha, incólume einvisível, e entrou nas dobras moles do segundo portal. Enquanto ele ia, no entanto, James não podiadeixar de olhar para trás. Sirius estava provocando Bellatrix pelo seu fracasso em golpeá-lo e elaestava levantando sua varinha, os dentes arreganhados em fúria e satisfação negra. E depois,felizmente, o tecido da cortina mergulhou em torno de James e ele sentiu a realidade cair fora atrásdele.Desta vez, quando a cortina passou sobre os viajantes, eles se mudaram para o ruído ecalor de uma batalha ainda maior. James reconheceu seu entorno imediato: era Hogwarts, emboranão entendesse completamente como ele sabia disso. Bruxos e bruxas lotaram o salão, envolvidosem uma guerra total. Na curta distância, James viu Bellatrix Lestrange novamente, só que desta vezela estava duelando com sua própria avó, Molly Weasley, o rosto quase irreconhecível com uma458ferocidade sombria. Mais rostos se tornaram visíveis na briga: seu tio Fred morto há muito tempo,que ele conhecia apenas de fotos; Tonks, mãe de Ted Lupin, até mesmo uma versão mais jovem deOlivio Wood, lutando ferozmente ao lado de Horace Slughorn. O chão vibrava debaixo dos pés deJames e viu pernas enormes movidas para além das janelas - um gigante estava nos arredores, o seucajado a subir para desferir um golpe no castelo destruindo-o. Uma forma rosnando saltou sobre amultidão em um borrão, e parou junto a James piscando seus dentes sangrentos. Com um choque deterror, James percebeu que era o infame Fenrir Greyback, o lobisomem."Nada disso pode nos prejudicar", Petra chamou, aproximando-se de uma terceira cortinaflutuante. Contanto que você não se envolva no que você vê. Tente não olhar. James ouviu arelutância na própria voz de Petra, no entanto. Se não fosse pelo seqüestro de Isa, ela mesmapoderia ter parado e se juntaria à batalha, independentemente das consequências.O grupo entrou na terceira cortina.Alguém gritando se encontrou com eles neste momento. Era uma voz de mulher e Jamesviu quase que instantaneamente. Ela estava diante de um berço de madeira, segurando um bebê aopeito, protegendo a forma pequena com as mãos e braços. Aos seus pés estava um homem decabelos escuros. Ele olhou despercebido para o limite da sala, e morto, James reconheceu-se nascaracterísticas do homem - que era seu avô, é claro, James Potter o primeiro. A voz aguda e fria

oprimia os gritos da mulher e James encontrou-se caminhando em frente à figura de Tom Riddle,ainda jovem e cheio de força malévola.“Facilite para você, Lilian”, o Lorde das Trevas falava, enquanto levantava sua varinha. “Emum momento, não haverá mais nada para que você viva de qualquer jeito”.“Vá!” James gritou se empurrando em direção a Petra, a cortina seguinte flutuava na portade um armário pequeno do quarto. “Ou o impedi-lo de matá-la ou ir! Vá! Eu não quero ver isso!”Lilian Potter continuou a gritar e James fugiu através da cortina, lágrimas de impotência eraiva embaçavam sua visão. Um flash de luz verde ofuscante seguia breve, mas memorável.E então eles estavam em uma pequena cozinha suja. Uma mulher estava sentada em umamesa bamba em frente a um homem que James reconheceu: Lucius Malfoy, embora muito maisjovem do que James vira pela última vez. Ele estava demonstrando um objeto envolto em tecido,tirado de suas vestes, colocando-o sobre a mesa ao lado de sua xícara de chá vazia.Desembrulhe-o, Sra. Agnellis, ele disse calmamente. É para você.Ela o fez, e era um punhal particularmente feio, sua lâmina manchada quase negra, como setivesse sido esfregada com fuligem.“Não!” Petra gemeu desta vez, fazendo uma pausa. “Não, mãe! Não faça isso! Ele estámentindo!”James tocou seu ombro, puxando-a para trás. “Não vai mudar nada”, insistiu ele baixinho,odiando-se por fazê-lo. “Você estava certa antes. É tudo um truque. Temos que salvar Isa.”Petra assentiu, mas não tirava os olhos de longe da mulher na mesa. James viu asemelhança entre as duasLucius disse calmanente: “Vai machucar só por um momento”.“Vá em frente”, Zane disse, cutucando Petra suavemente. “Tem mais uma cortina. Não hánada que podemos fazer aqui e você não quer assistir”.Petra assentiu com a cabeça novamente, mas ainda assim ela não se moveu. Finalmente,mexeu-se. Ela olhou para Zane, James e Ralph, ainda com o pacote triste do corpo de Lucia nos459braços de Ralph, e então suspirou profundamente. Ela se virou, viu a cortina esvoaçante no canto dacozinha, e caminhou em direção a ela. De alguma forma, James sabia que era o último dos portais.Eles passaram através da cortina. Para melhor ou pior, tudo o que estava prestes a vir, não haveriamais volta.Quando a última cortina de Nexus desenrolou em torno deles eles foram mais uma vez seencontrar com o barulho de uma multidão.

James piscou os olhos, os olhos ofuscados com as luzes piscando e monstruosas estruturasgigantescas. Pessoas pressionando sobre ele de todos os lados, que se amontoavam e empurravam.Demorou alguns segundos para James perceber onde e quando ele estava.“Nova Amsterdam!” Zane gritou, levantando sua voz sobre o barulho. “Por que estamosaqui?”“É hoje?” Ralph perguntou. “Nossos dias atuais?”Ao lado de James, Petra balançou em seus pés por um momento, como se desorientada. Elaagarrou o ombro de James, e ele colocou a mão sobre a dela.“Você está bem?”Ela assentiu com incerteza e, em seguida, pareceu recuperar-se.“Estamos de volta aos nossos dias e tempo, disse ela com confiança. Morgana está aqui. Nósduas estamos aqui juntas.” De repente, ela virou-se e levou o grupo através da multidão, virando nadireção das luzes brilhantes à frente.Ralph olhou para os arranha-céus ao redor e a chuva de confete do desfile. “Mas por queestamos aqui, em Nova Amsterdam?”Petra parada no perímetro da multidão, onde a vista se abria para um ponto da ruafechada fora da cidade. “Porque é aí que ela quer que estejamos”.James foi empurrando para chegar perto da Petra e viu.Eles ficaram à beira do percurso do desfile do Dia do Memorial, que cortava em linha retaatravés da via principal da cidade grande. Vagões planos alinhados, a avenida coberta dedecorações festivas e plataformas de grandes dimensões, decoradas em vermelho, branco e azul. Oscarros alegóricos foram parados agora, interrompidos por um helicóptero da polícia que aterrisouabsurdamente no centro de um cruzamento largo as suas hélices girando lentamente. A multidãoassistia parada com ávido interesse; policiais em tropa de choque movidos em um círculo deurgência, as suas armas levantadas, envolvendo dois homens. Os homens de pé no centro da ruaforam tomados com holofotes, seus braços abertos sobre suas cabeças. James reconheceu ambos.Um deles era Tito Hardcastle. O outro era seu pai, Harry Potter.“São eles!” Uma voz de mulher gritou, se fazendo ouvir por toda a multidão. James olhoudescontroladamente em direção ao som e viu Judith, apontando, com o queixo levantado e os olhosbrilhantes. “Eles mataram o senador Filmore! Eu vi no esconderijo subterrâneo bem atrás de deles!Seu corpo está lá, agora mesmo, ao lado de seus nomes, escrito no sangue do próprio senador.Vejam! Eles são terroristas e assassinos! Prendam-os”.Nas proximidades, Morgana estava na borda da multidão, ainda embalando Isa contra seu

ombro, como se a menina tivesse caído adormecida enquanto aguardava o desfile.A polícia se aproximou de Tito e Harry com cautela, se precavendo um pouco, suas armasapontadas. Perto do helicóptero, dois homens em ternos pretos falaram com urgência em um rádioportátil e James os reconheceu como os homens do Birô de Integração Mágica, Price e Esposito.460Harry e Tito não tentaram fugir de seus captores ou usar feitiços para escapar. Lá existiamobservadores trouxas demais. Câmeras de televisão rodeando o percurso do desfile, instaladassobre suportes altos transmitindo o evento ao vivo para todo o país. James se admirou com ódio naperfeição do plano de Judith.“Significa que ela quer ter seu pai preso. James!” Zane gritou, empurrando James na rua.“Pare elas!”“Eu não posso!” James gritou de volta. "O mundo dos trouxas inteiro está assistindo na TV!O Feitiço da Desilusão gigante que esconde Nova Amesterdam para os trouxas não funcionará commagia que realizar bem na frente deles! Seria quebrar a Lei do Sigilo. Porque você acha que o papai eTito estão apenas indo com eles?”“Olhe!” Ralph gritou de repente, apontando para o ar sobre a rua.James olhou e sentiu como se o mundo inteiro tivesse caído para debaixo dele. Cem pésacima o cruzamento de Nova York, flutuando como uma nuvem de morcegos escondidos dosobservadores trouxas abaixo estavam dezenas de vassouras montadas por bruxos em túnicaspretas. Era a WULF, esperando seu momento para atacar. Eles podiam ser furtivos, James sabia. Elessimplesmente tinham que esperar o helicóptero subir para o ar, tendo seu inimigo, Harry Potter, eeles poderiam atacar-lhe facilmente, talvez o congelamento de suas hélices ou maldição da morte nopiloto em sua cadeira. Para os observadores abaixo, acostumados na cidade grande com feitiço daDesilusão, constantemente renovado, o incidente iria aparecer como um acidente.Judith sabia que Harry Potter e seus Aurores eram seus maiores inimigos na sua busca decaos. Ela não queria só vê-lo preso. Ela queria vê-lo morto.“Não podemos deixar isso acontecer!” insistiu Zane, olhando para os bruxos das trevas aoredor.“Mas nós não podemos usar mágica!” James insistiu."Alguns de nós podem", Petra disse sua voz lisa e fria como o ferro. Com isso, ela saiu paraa rua e ergueu a mão direita, os dedos espalmados. Um estalo de luz explodiu a partir deles, mas

Petra não apontava para o helicóptero. Em vez disso, ela atirou sobre a avenida em direção à moçaque segurava sua irmã dormindo.Desta vez, foi Morgana, que não estava preparada para o ataque. O raio de Petra a atingiuno ombro e atirou-a para trás em um poste, que inclinou ameaçadoramente com a força da explosão.Isa se soltou dos braços de Morgana, mas não caiu. Em vez disso, ela flutuava no ar, levitada porPetra enquanto caminhava para fora da rua.“Acorde Isa”, Petra disse, baixando sua irmã suavemente para o chão. “Volte para mim,amor.”Isa piscou quando seus pés tocavam o chão, e a multidão se afastou todos ao seu redor,assustados com a explosão e a visão da menina flutuando magicamente.“Petra! O helicóptero!” Ralph chamou. Elevando o peso do corpo de Lucia em seus braços.A multidão foi se agitando, progredindo em direção ao pânico puro.“Larguem as armas.” Uma voz amplificada rugiu. James girou em direção a ela e viu umpolicial na tropa de choque apontando um megafone elétrico para seu pai, que tinha sua varinha emsua mão erguida. Atrás do policial estava o agente Price, do Birô de Integração Mágica. Ele estavaapontando a varinha de Harry Potter, instruindo o oficial para tirá-la dele.461“Senhorita Morganstern”, uma voz de homem declarou, de repente, vinda diretamente dolado de James. Ele olhou para cima e ficou chocado ao ver Merlinus Ambrosius. O homem grandeestava na borda da multidão, com os olhos presos em Petra com Isa alegrando ela na rua.“Diretor”, disse Petra, tomando a mão de Isa em sua própria. Estranhamente, ela nãoparecia muito surpresa ao vê-lo ali.“Eu sei o que você está pensando, Srta. Morganstern”, disse Merlin. “E eu entendo. Tenhoseguido o progresso de todos vocês de muito perto. Eu louvei sua ingenuidade e espírito, mas issodeve acabar aqui.”“Seu grande traidor!” Zane exclamou de repente, olhando para Merlin. “Você manteve oterceiro fragmento do Amsera Certh, não é? Você esteve usando ele para espionar todos nós!”Merlin o ignorou. “Petra”, ele chamou, “venha cá, querida. Se junte a nós. Não podemosparar o que está prestes a acontecer, mas não precisamos vê-lo. Todos nós já vimos muitas coisasterríveis”.“Mas temos que parar com isso!” James exclamou alucinante pra cima de Merlin. “Elesquerem matar o meu pai! Você é Merlin, desligue o motor do helicóptero com a sua magia congele-ono chão ou algo assim!”

“A mulher que se chama Judith previu todas as possibilidades”, Merlin respondeu muitoapologeticamente. “Sua magia combinada é como um escudo em volta do helicóptero, impedindo atéa mim mesmo de interferir nele. Ele vai decolar e terá o seu pai dentro, Junto com o senhorHardcastle. O que acontecerá depois disso eu temo que esteja além do nosso controle. LamentoJames.”No cruzamento, as hélices do helicóptero começaram a girar. As hélices giravam maisrápido, enquanto Harry Potter e Tito Hardcastle eram levados para lá, agora cercados pela políciaem sua tropa de choque blindada. Serpentinas e confetes passaram a espiralar para cima a partir docruzamento sob a força das hélices do helicóptero.Petra não se mexeu para ir até Merlin na borda do cruzamento.“Ralph!” James gritou de repente, girando e segurando o ombro do menino maior. “Me dásua varinha!”James esperava perder vários segundos com Ralph pedindo uma explicação, mas ele tinhaa confiança de Ralph, ele simplesmente abraçou o corpo de Lucia com um braço e com ou outromergulhando em seu bolso traseiro sem palavras, ele entregou sua varinha anormalmente grande,para James. Não era a primeira vez que as circunstâncias exigiam tal troca.James agarrou à varinha de Ralph e pulou para a rua. Ele apontou a ponta verde-limão emdireção ao helicóptero de polícia mesmo com as portas fechadas no lado em que, eramtransportados Tito Hardcastle e seu pai.“Protego!” Ele gritou, colocando tanta força para o comando quanto possível. Em vez doraio de luz azulada que ele esperava ver envolvendo o helicóptero com um feitiço de proteção, avarinha de Ralph emitia apenas um lampejo silenciado, pouco mais brilhante do que um flash decâmera trouxa. James olhou para ela furiosamente e, em seguida, apontou ela novamente nohelicóptero.“Congelo!” Era um encanto de congelamento, significava congelar o helicóptero ao chão outravar até seus motores. Em vez disso, veio apenas um sopro de ar frio, que soprou novamente no462rosto de James. Ele tentou novamente, clamando em frustração. “Salvio hexia! Stupefaça!Confundos!”Ele sentiu a magia de cada feitiço acabar na varinha no momento em que eles apareceram.Nas proximidades, os observadores do desfile olhavam James com preocupação e confusão,pensando quem era o menino estranho com uma vara de ponta verde.

"Petra" Merlin advertiu severamente, mas um raio de luz que disparou de sua mão comouma resposta. Ela atirou em direção ao helicóptero, mas o feitiço explodiu em apenas alguns metros,iluminando a rua ao redor de Petra brilhantemente, mas rapidamente. A multidão recuou emalarme, mas a cena em torno do helicóptero permaneceu inalterada."O poder de Morgana é o mesmo que o seu!" Merlin rugiu. “Ela está impedindo você deinterferir! Não há nenhuma maneira de impedir o seu plano! Se houvesse eu teria feito isso eumesmo!”“Não dê ouvidos a ele, minha querida!” Judith gritou, de repente, cobrindo sua boca com asmãos em seu sorriso. “Ele é fraco! Só você sabe o quanto!”James olhou impotente para Judith. Próximo a ela, Morgana tinha se recuperado eestavaem pé. Ela se machucou quando bateu no poste - sangue escorria debaixo dos cabelos, manchandoseu rosto - mas seus olhos eram claros e frios, estudando a cena à sua frente.Petra fixou seus olhos pensativamente em Merlin.“Não deixe que eles machuquem meu pai!” James gritou incapaz de se controlar. “Por favor,Petra!”“Não pretendo”, ela respondeu imediatamente, seus olhos ainda fixados em Merlin.“Não há nada que possa ser feito, Senhorita Morganstern”, o diretor falou levantando suavoz. Ele entrou na rua agora, movendo-se para ficar entre Petra e o helicóptero da polícia. “Por maisterrível que isso possa ser a magia de Morgan é demasiado grande para nós derrotarmos por meiossutis e as consequências seriam desastrosas se você intervisse usando métodos aparentes. Hámuitos observadores. Você deve reconhecer isso.”Quando Petra falou mais uma vez, sua voz era calma ainda e estranhamente alta. “Vocêestá errado ela disse categoricamente.”E então, para surpresa de James e desânimo, elas viraram. Juntas, as duas meninascomeçaram a caminhar do centro da Rua de Nova York, para longe do helicóptero da polícia como assuas hélices resoavam cada vez mais depressa, tornando-se um zumbido."Petra" James chamou novamente, mas sua voz foi abafada pelo barulho crescente. A vozde Merlin, no entanto soou, tão alta como trovão através dos vários observadores na rua.“Petra Morganstern”, ele chamou. “Pare! Volte para mim”.“Eu acho que a Dama tem razão!” Ela declarou sem olhar para trás: “Sua força é grande nasextensões da natureza. Aqui, no coração da cidade, você perde seus poderes. Você fica diminuido,quase que impotente”.“Pode ser um erro supor isso, senhorita Morganstern”, advertiu Merlin, enquanto Petra

caminhava, aumentou seu passo parecendo até que iria pegá-la. Ao seu lado, Isa acompanhava oritmo da irmã, lado a lado.Petra disse: “Eu sou diferente de você, porém eu sou uma feiticeira. Meu poder não vemdos resíduos da natureza. Senti essa verdade a primeira vez que pus os pés em Nova Amsterdã. Meupoder vem da teia da cidade, a partir do nó interconectado da humanidade que vive e luta aqui. O463tamborilar de suas vidas me fortalece. Eu sou um novo tipo de feiticeira e este é o meu elemento.Aqui, você não é páreo para mim. Aqui, vou fazer o que ninguém além de mim pode fazer. Eu vouproteger aqueles que me protegeram usando todos os meios necessários.” Petra levantou a mão eum dos carros alegóricos do desfile parou e foi empurrado de lado, escorregando para fora de seucaminho. Ele bateu em uma linha de lixeiras com um estrondo e sacudindo.A multidão observava isso com crescente alarme. Várias pessoas começaram a sair para asruas, correndo em todas as direções. Alheio a tudo, o helicóptero da polícia pela primeira vezinclinou-se á frente sobre suas rodas, e em seguida, começou levantar voô, seus motores fazendo umrugido estável. Acima dele, os agentes da W.U.L.F. giravam para a posição, levantando suas varinhas.“Você está enganada!” Merlin gritou, começando a seguir Petra para baixo na ampla rua.“Petra! Lembre-se o erro de Eva! Você vai fazer mais mal do que bem!”“Chega de matança”, disse Petra com uma ferocidade calma. “Chega de mortes. Não mais.Não posso permitir isso, não importa o preço.”"Petra" Merlinus chorou, e levantou seu cajado para atacá-la. Um raio de luz branca surgiudele, conectando com a menina, mas não teve efeito sobre ela. Nem Petra nem Isa olharam para trás.Acima do barulho da multidão e do barulho do helicóptero subindo, James ouviu Judith rindotriunfante.“Vão em frente! Minhas irmãs fatais!” Gritou ela estridentemente. “Façam o que vocêsforam feitas para fazer! Juntas, vocês são mais poderosas do que a vida e a morte! Levem adiante ocaos que vocês adquiriram!” Ela riu de novo, e ao seu lado, Morgana piscou. Ela olhou comdesconfiança para Judith e franziu a testa.Sem perceber isso, Petra levantou a mão novamente e um segundo carro alegórico foiarremesado no ar, girando suavemente. Ele caiu em um posto de gasolina, batendo na cobertura eestilhaçando as janelas da pequena loja de conveniência embaixo. Outro carro alegórico voou sobrea multidão e bateu contra as colunas de um banco um pouco abaixo. Os trouxas nova-iorquinos

correram em todas as direções, gritando em pânico.James foi empurrado por todos os lados, enquanto a multidão fugia a sua volta. Ele olhoupara cima, olhando na direção que Petra estava andando. A avenida se estendia diante dele, largacomo um rio, levando a olhar em direção ao brilho do oceano na noite. Enquadrado entre osedifícios, brilhando em uma grade de holofotes, viu que estava a Estátua da Liberdade.De repente, sem razão, James lembrou de seu passeio no Lincoln Zéfiro e sua conversa como Primeiro Ministro Franklyn sobre união das cidades trouxas e mágicas que tinham até entãocaminhado um pouco. O departamento de administração mágica de Nova Amesterdã tinha solicitadoassistência de um aliado estrangeiro Franklyn disse, sob o disfarce de uma muito original etalentosa bruxa…“Petra Morganstern!” Merlin rugiu, parando na rua, seu cajado no ar próximo a ele e suamão esquerda levantada implorando. “Pare! Lembre-se de que o coração às vezes nos engana! Vocênão sabe o que você está prestes a fazer!”E para surpresa de James', Petra parou. Próximo a ela, de mãos dadas, Isa parou também.Elas olharam para a enorme estátua brilhando na distância.Uma bruxa estrangeira excepcionalmente talentosa. James pensou maravilhado, espantado,apesar das circunstâncias, cujo trabalho apenas é manter o encanto de desilusão mais perfeito domundo.464Quando Petra falou, sua voz soou tão alto quanto um ciclone, mas tão clara como sinos deprata. Ela falou na língua da bruxa gigante à sua frente.“Chère Madame”, disse ela, levantando seu queixo para a estátua distante, “baissez votretorche.”3A multidão inteira ouviu, e parou mesmo em seu pânico. Todos os olhos se viraram para aestátua da grande mulher, onde ela estava sobre o oceano, em um brilho esverdeado na sua teia deluzes. Quando se moveu, o gemido metálico e rangeu pelo ar. A Senhora Liberdade, primeiro virou acabeça, olhando por cima do ombro monstruoso na direção da cidade atrás dela. Seus olhos calmosolhando Petra e Isa onde elas estavam no centro da avenida. E então, tão pesadamente que toda aação parecia acontecer em câmera lenta, a estátua levantou o braço direito e começou a abaixar asua tocha dourada.A multidão boquiaberta. Fazia um som longo e terrível, pontuado pelo rangido e gemido da

figura de cobre distante. O braço abaixou, abaixou, e A senhora Liberdade começou a agachar, suasgrandes roupas largas se amontoando abaixo dela. Ela deixou cair o olhar calmo para as ondas dooceano ao seu redor e, em seguida, com a graça, de uma irreversível bailarina, mergulhou a tochapara o oceano, apagando-lhe.Uma explosão, cinza, silenciosa de água surgiu em torno dela. Com isso veio uma espécie deonda de choque invisível e penetrante. Ela se espalhou por toda a cidade, deixando umimpressionante entorpecimento por onde passava.Todos em volta, a multidão, tinha caído em completamento silencio. Cada olho piscou,olhando em volta na cidade como se a vissem pela primeira vez. Próximo a James, um homem comum chapéu olhou pra cima nas proximidades do arranha-céu.“Eles estão...” Ele respirou, sua voz trêmula alta e preocupada. "Eles estão... voando!"James tinha entendido. Toda a cidade dos trouxas estava vendo pela primeira vez a cidademágica que ficava sobreposta a sua, cobrindo-a como um cobertor. Olhos arregalaram-se para asrodovias de vassouras voadoras e as estradas de veiculos mágicos, as estradas até então invisíveis,fachadas e pontes construídas diretamente nas laterais dos arranha-céus trouxas.E ali perto, encantada, a Dama do lago gargalhou.Câmeras de televisão giravam em seus suportes, dando zoom sobre a cidade mágica quesúbitamente apareceu. O helicóptero da polícia mergulhou dramáticamente quando o piloto tornouseconsciente do tráfego aéreo mágico que cercou sua nave. O rangido das hélices aumentou paraum grito angustiado quando máquina balançou voltando para baixo em direção ao cruzamento,lutando para evitar os semáforos nas proximidades e linhas de energia. O trem de pouso tocou ochão e foi arrastado ao longo dele, fazendo um enorme barulho e uma cortina de faíscas. Um poucomais tarde, com o helicóptero no chão parado, as hélices começaram a parar.Portas foram empurradas para abrir no lado do helicóptero e uma rajada de luz vermelhamágica brilhou de dentro. Tito Hardcastle saltou para fora, brandindo sua varinha reserva eapontando imediatamente para os assassinos da W.U.L.F. acima. Eles contra atacaram commaldições vermelhas e verdes, mas de repente foram distraídos por uma rajada de tiros. Felizmente3 “Querida senhora, abaixe sua tocha”.465para Tito, a polícia trouxa abaixo tinha se recuperado o bastante de seu choque para lembrar-se desuas armas. Os oficiais se mexiam atrás de uma linha de veículos nas proximidades, atirando

aleatoriamente para o ar nos inúmeros atacantes encapuzados. Harry Potter seguiu Tito dohelicóptero e propositadamente caminhou em direção a Price, o agente de integração mágica, que seencolheu longe dele. Harry chegou para ele, mas apenas para arrancar sua própria varinha do bolsointerior do homem.O pandemônio eclodiu em toda a rua, ecoando o clamor que se levantou por todos os ladosna cidade inteira.Na Times Square, o tráfego fazia muito barulho, parando desarrumado em volta de dezenasde acidentes. Taxistas saltaram de seus veículos enguiçados e viravam o rosto para cima, para asdezenas de gigantescos sinais mágicos que de repente apareceram, pairando sobre eles.Dominando-os todos, completamente ocultando o anúncio trouxa da Coca-Cola, estava uma mulhersorridente monstruosa como se fosse um relógio trabalhando mecanicamente levantando eabaixando a lataria de um carro , propaganda dos polidores de varinha Wymnot. A cada dezsegundos, seus dentes brilhavam magicamente, parecendo um flash de uma gigantesca lâmpada.No Central Park, cavalos assustaram-se e dispararam antes de seus carros como um jogo deEngateclavas amador, do nada eles foram para o lago, produzindo gritos dos corredores próximos edas pessoas que alimentavam os patos.Ao longo da recém-construída estação elevada do sistema de Metrô de Nova York, umcondutor encontrou a visão chocante de um trêm mágico vindo como cano reto em sua direção aolongo do mesmo comprimento da pista. Apavorado, o condutor trouxa agarrou os freios. Luzespiscavam por todos os compartimentos lotados, como faíscas voaram sobre as rodas travadas. Otrêm guinchou e cambeleou, em seguida descarrilou. Carrinhos de passageiros colidiam emziguezague, sobre os trilhos, ainda sendo levados para frente sob a força de sua inércia. Janelasquebrando e gritos preenchendo os compartimentos, mesmo que o trem mágico antes de baterpulou no ar, girando para os lados e desapareceu sob os trilhos, abrindo passagem à frente.O Túnel Lincoln tornou-se a visão de um amontado de quarenta carros quando osmotoristas subitamente tiveram a visão chocante de um hipogrifo voador e seu cavaleiro, voandobaixo sobre o tráfego, a ponto de que suas asas raspassem os telhados dos carros.No aeroporto de La Guardia, alarmes soaram em cada terminal. Buzinas tocaram sobre aspistas, obrigando aviões a pararem mesmo enquanto eles se alinhavam para a decolagem. Aviões de

repente estacionaram no meio da pista com faróis de alerta piscando para fora, alertando os pilotosdos milhares de objetos voadores não identificados, que de repente apareceram, lotando o espaçoaéreo de Nova York.Ao longo de toda a cidade, trouxas vinham às janelas de seus apartamentos e prédios deescritórios, boquiabertos com as estranhas luzes que piscavam em outdoors alienígenas, e trânsitode vôo mágico. Alguns se alarmaram o suficiente para pegar armas e irem ao seu encontro nas ruas,exigindo respostas das pessoas estranhas que de repente apareceram. Tiros foram disparados,principalmente apontados para o ar, para o tráfego misterioso de vôo, embora, felizmente, muitopoucas balas realmente atingissem seus alvos.Em todo o país, televisores sintonizados no evento. Telespectadores trouxas sentadosboquiabertos, sem acreditar em seus próprios olhos quando as redes interromperam suastransmissões normais, substituindo por imagens ao vivo das cenas incríveis em Nova York.466Cercanias de bares, salas de estar, salas de espera hospitalares e, onde estavam televisoresapareceram telespectadores em silêncio, de queixo caído. CNN mostrou uma imagem ao vivo daEstátua da Liberdade, de repente e surpreendentemente se abaixando em sua base, sua tochamergulhou no mar até o pulso de cobre. O banner correndo ao longo da parte inferior da tela podiaseler “SENADOR DE NY CHARLES FILMORE ENCONTRADO MORTO / INEXPLICÁVEL FENÔMENODE MASSA OPRIME NYC…”E caminhando no centro do desfile do Dia Memorial, Merlin moveu-se através da multidãoe tumultos, reunindo James, Zane e Ralph próximo a ele, olhando para baixo para a patética formade Lucia Weasley, morta nos braços fortes de Ralph. Harry Potter se empurrando em direção a elesatravés da multidão, seu rosto severo. Atrás dele, atirando feitiços impressionantes do círculo deassassinos e saqueadores da W.U.L.F. que tinham aparecido de repente, perseguindo TitoHardcastle.Merlin revistou com os olhos todos eles gravemente e depois virou seu olhar para opandemônio que se desenrolava ao redor."O que aconteceu?" Harry gritou, sobrepondo a multidão de distúrbios.Com compostura sombria, Merlin respondeu: “A Senhorita Morganstern aliviou o mundode sua ignorância”.Assim como Eva, James pensou, franzindo a testa, infelizmente. Ela não é má, apenas estava

equivocada. Ela comeu o fruto proibido da árvore do conhecimento, e então ela deu para o resto domundo. Ele estremeceu quando outro pensamento lhe ocorreu.Merlin olhou para baixo, para ele, e seu rosto de repente parecia muito velho. “O que éJames? O que você sabe?”James suspirou. “Eu só estava pensando sobre Petra e Eva”, ele respondeu e, em seguida,encontrou os olhos do velho homem. Eu estava pensando sobre como as pessoas têm semprechamado esta cidade de 'Grande Maçã'.Merlin acenou com a cabeça. “O fruto do conhecimento”, ele concordou melancolicamente,oferecido para o resto do mundo. A partir daqui, assim como foi com Eva, não haverá mais volta.Tudo ao redor, as multidões dos trouxas gritavam e se revoltavam, sem compreender amágica cidade acima deles. Soaram os alarmes de carros que as pessoas abandonaram nas calçadase subiram em cima dos veículos. Janelas quebradas como também vitrines de lojas foram quebradas,inundadas por pessoas que procuravam abrigo das atrações assustadoras ao redor. Harry Potter eTito Hardcastle continuaram a disparar feitiços de suas varinhas para o ar, contra o restante dosassassinos da WULF ou fazendo-os fugir para seus esconderijos.Mais uma vez falou Merlin: “Você sabe o que mais eles chamam esta cidade?” Perguntou elesem esperar uma resposta, ele continuou. “Eles chamam de... A cidade que nunca dorme”.Com isso, ele levantou seu cajado em ambas às mãos, segurando ele tão firmemente queseus dedos embranqueceram. Ele próprio se contorceu, falou algo incompreensível na sua antigalíngua materna, e abaixou o cajado novamente, até o chão como uma espiga.Um clarão enorme cegou James. Parecia tão grande quanto o sol, mas desprovido de calor esilencioso. Quando James piscou e olhou ao redor novamente, viu o flash ainda, como uma cúpula deluz. Espalhou-se ao longo da garganta da rua, cada vez maior, ondulando silenciosamente ao longodos milhares de trouxas que se reuniram ali. Ao passar por cima deles, iluminando-os por ummomento com o seu brilho ósseo, que os congelou em suas trilhas. Em segundos, o grande barulho,467feito da multidão de trouxas se calou e, ainda, petrificados pela explosão pararam, como dez milestátuas.As câmeras de televisão desligaram. Cada luz elétrica na cidade piscou, zumbiu e apagou.Semáforos piscaram ao longo de cruzamentos e carros rolaram até o meio-fio suavemente, batendopára-choques devidamente nas ruas lotadas. O silêncio caiu sobre a cidade como magia, Nova

Amsterdã examinou o corpo de repente inerte de sua irmã, trouxa Nova York, silencioso e escurocomo uma cripta abaixo dela.James virou-se para Merlin e piscou surpreso. James, Ralph, Zane, Harry Potter, e TitoHardcastle estavam em um círculo em torno do espaço onde Merlin estava de pé apenas ummomento antes, mas o mago mesmo grande não estava à vista. Em seu lugar, ainda vibrandolevemente com o choque de ter sido plantado, estava seu cajado coberto de runas. As runas já nãobrilhavam com sua luz fraca no interior. Agora elas estavam completamente apagadas."Oh não", disse Harry quebrando o silêncio. Ele balançou a cabeça em negação lamentável.James olhou para o enquadramento congelado da humanidade trouxa e depois olhou impotentepara seu pai. Harry não estava olhando para as estátuas humanas que enchiam as ruas, no entanto.Ele estava olhando para a figura de sua sobrinha morta, nos braços de Ralph.“Lucia”, ele disse, sua voz quase um sussurro. Gentilmente, ele pegou seu corpo de Ralph eembalou-o em seus braços.“A mulher se foi”, declarou Tito sombriamente, buscando na multidão petrificada. “E a suaprotegida está morta”.James piscou os olhos e seguiu o olhar de Tito. Uma figura deitada no chão em meio ao marde estátuas humanas. Um nó subiu no peito de James, então ele rompeu com o grupo e se moveupara a figura deitada. Quando chegou, ele ajoelhou-se.O cabelo de Morgana tinha caído sobre o rosto sangrento, obscurecendo-a. James podia verimediatamente que a menina estava morta, assim como Tito havia declarado. Projetando-se de suascostas, o punho de jóias brilhando maliciosamente, estava um punhal de prata. Pela terceira veznaquela noite, os olhos de James borravam de lágrimas. Morgana - é a Petra de alguma dimensãomenos afortunada - apenas tinham sido peões de Judith, afinal. Petra e Isa, irmãs fatais dos destinosinconscientes e involuntários de Judith, o preço real o tempo todo. Uma vez que a Dama do Lagotinha acabado de usar Morgana, tinha descartado ela, rapidamente e sem pensar duas vezes.Os olhos de Morgana estavam abertos, olhando calmamente para o calcanhar de umhomem petrificado que havia congelado no ato de saltar sobre seu corpo. James mordeu os lábios eem seguida. Tão suavemente como ele poderia, ele fechou os olhos de Morgana.“Temos que ir”, disse Tito por trás dele, abordando o grupo. “O feitiço de petrificação deMerlin pode durar apenas algumas horas”.

James se levantou lentamente e virou. Harry puxou uma respiração profunda e, emseguida, ainda embalando o corpo de Lucia contra seu ombro, levantou sua varinha para suagarganta.“Atenção, todos os habitantes mágicos de Nova Amsterdã”, ele chamou, enviando sua vozamplificada ecoando nos cânions formados pelos edifícios. “Vocês devem deixar este lugarimediatamente. Não é mais seguro para vocês aqui. A cidade de Nova Amsterdã é agora uma zonacomprometida. Logo, a cidade trouxa abaixo você vai reanimar. Quando isso acontecer...” Aqui,Harry fez uma pausa e respirou profundo, relutante. “Quando isso acontecer, vai ser perigoso para468vocês ficarem aqui. Para o futuro imediato, vocês devem evacuar tão rapidamente e tão calmamentequanto vocês podem. Levem somente o que vocês precisam, e façam o máximo para ir até demanhã”.Lá em cima, a cidade mágica começou a retumbar nervosamente. As estradas e caminhosde vôo, que tinham parado em alarme durante o grande flash do feitiço de petrificação de Merlin,cairam em frenético movimento.Harry guardou sua varinha e pegou a mão de James na sua.“Eu já enviei uma mensagem a sua mãe”, disse ele. “Ela e seu irmão e irmã vão aparataraqui em breve ao nosso encontro, e sua tia, tio, primo e Molly iráo segui-los em breve”. Ele olhou delado, convidando Ralph e Zane a entrar na conversa também. “Digam-me exatamente o queaconteceu, todos vocês, para que eu possa estar preparado para dar a Percy e Audrey esta notíciaterrível”.James respirou fundo, estremecendo, mas Zane respondeu primeiro.“Ela morreu tentando salvar Isa”, disse ele gravemente. “Há muito mais na história, masisso é a coisa mais importante. Essa é a única parte que realmente importa”.Juntos, o grupo partiu em direção à beira-mar nas proximidades, costurando através damultidão de estátuas trouxas, os três rapazes começaram a contar a sua história.A Dama do Lago tinha ido embora, desapareceu para esconder-se, assim como Petra e Isa.Morgana, a Petra infeliz de outra dimensão, estava morta com o punhal feio aindaprojetando-se de suas costas.Confete ainda caia nas ruas estranhamente congeladas e subitamente escurecidas.E Merlino Ambrósio não mais se encontrava.469Capítulo 25

AQUELES QUE FICARAM PARA TRÁSDêniston Dolohov escolheu permanecer na América, pelo menos por um tempo.Um enviado da Montanha de Cristal encontrara Harry Potter e os outros nas docasnaquela mesma noite — a Noite do Desvendamento, como logo veio a ser chamada.Benjamin Franklyn estava entre os representantes do governo bruxo americano, assimcomo os professores Jackson e, para a surpresa de James, Perséfone Remora, que estavaparecendo decididamente menos tranquila que o normal. Juntos, eles ofereceram seuspêsames oficiais a Percy, Audrey e Molly pela perda. Percy aceitou isso um poucoinexpressivo, como se estivesse em choque. Audrey recusou olhar para os visitantes ou paraqualquer outra pessoa. Seus olhos estavam vermelhos e inchados enquanto ela abraçavaMolly. Molly, James notou, estava chupando os dois primeiros dedos da mão direita, coisaque ela não fazia desde que tinha cinco anos.Em seguida, o enviado admitiu a inocência de Harry e Tito na morte do senador CharlesFilmore, mas alertou que isso seria mais difícil de provar para o Departamento deIntegração Mágica. Franklyn jurou dar o seu melhor como diplomático em nome deles, masnão fez promessas.Finalmente, o enviado voltou a atenção para Dêniston Dolohov, que fizera AparataçãoAcompanhada diretamente para o porto com Percy Weasley. James ficou surpreso com oque disseram. Eles oficialmente solicitaram que Dolohov permanecesse com eles durante ofuturo imediato para ajudar com a segurança e demandas diplomáticas que estavam por vir470nos próximos dias e semanas. Sendo experiente em segurança trouxa e mágica, assim comoera também um crítico que crescera entre trouxas, Dolohov era exatamente o tipo deindivíduo para ajudar na tarefa assustadora à mão — aquela de proteger a cidade de NovaAmsterdã e explicar sua existência aos moradores trouxas de Nova York abaixo dela. Umpouco relutante (apenas não, James suspeitou, tão relutante quando deixou transparecer),Dolohov aceitou.

James gostaria de ter mais tempo para se despedir dos amigos, mas aquela era umasituação de emergência e ele entendia isso.“Tchau, Zane” ele disse, estendendo o braço para sacudir a mão do garoto ondeestavam no pier escuro. “O navio chegará a qualquer momento, então...”Zane jogou um braço em volta dos ombros de James e o puxou num forte abraço. Quandoele soltou o amigo, o rosto de Zane estava pálido e tenso.“Isso muda tudo, não é?”James deu de ombros e depois confirmou com a cabeça.“Foi isso que Merlim disse quando a Cúpula foi assaltada pela primeira vez”.“Você acha que o velho realmente se foi para sempre?”James achava. Ele assentiu.“Até mais, James” suspirou Ralf. “Eu queria não ter que ficar para trás”.“Você voltará logo” tranquilizou-o James. “Apenas tenha cuidado. As coisas parecemser bastante delicadas aqui por um tempo”.Ralf assentiu melancólico.“Eu sei que é provável que aqui não seja muito melhor do que a minha casa, masmesmo assim... é onde tudo começa. Eu realmente adoraria apenas deixar essa bagunçatoda para trás por um tempo”.“Desculpe” disse James, sério. “Eu sei. Tente voltar para casa logo”.Uma buzina ecoou sobre a água escura do porto. James virou e viu a silhueta de um naviobaixo se aproximando, costurando seu caminho através de navios muito maiores ancoradospor perto. Logo, o navio mágico — não era o Gwyndemere desta vez — estaria na doca. Elee a sua família subiriam a prancha até o convés, deixando o resto dos companheiros deviagem para trás. Seu coração batia baixo quando ele virou para os amigos mais uma vez.“Cuidem-se” ele disse. “Podemos manter contato pelo Caco. Vocês têm o meu e euposso usar o do meu pai. Não esqueçam”.“Não esqueceremos” garantiu Ralf. “Diga a Rosa e ao resto que dizemos oi”.James revirou os olhos, receando a tarefa de explicar tudo isso para Rosa, mas eleassentiu de qualquer jeito.O navio balançou lentamente à sua posição, lateralmente ao píer. Cordas caíram na docae eram seguras por postes de amarração próximos. A prancha apareceu.Levou poucos minutos para os Potter e os Weasley subirem a bordo. Com exceção de

algumas malas ligeiramente empacotadas trazidas pela mãe de James, eles deixaram amaioria das coisas para trás, abandonadas, pelo menos por enquanto.471Logo, o navio começara a viagem, deslizando brandamente pelas ondas negras sob onublado céu noturno. As corujas de James e Alvo, Nobby e Flynn, voaram ao encontro delesno píer e agora circulavam o navio como dois papagaios silenciosos, pousandoocasionalmente nos mastros do navio. James se encostou na amurada da popa e observou. Asilhueta de Nova York estava misteriosamente escura, iluminada apenas pelas luzesrelativamente ofuscantes de Nova Amsterdã.“Por que você acha que ela fez aquilo?” James perguntou discretamente. Ao seu lado,também encostado na amurada, Alvo deu de ombros.“Para salvar papai e Tito. Certo?”James sacudiu a cabeça distraidamente.“Eu não sei”. Ele pensou por um longo tempo, e depois disse: “Ela poderia ter feitoisso de algum outro jeito. Não acha? Ela poderia ter... não sei... ter batalhado com Morganabem ali na rua e rompido o feitiço dela sobre o helicóptero. Ou talvez ela poderia ter matadotodos aqueles assassinos da F.L.U.B com o pensamento. Ela pode fazer esse tipo de coisa,sabe. Ela nem precisa de varinha”.Alvo assentiu.“É” ele concordou duvidoso. “Mas eu acho que ela simplesmente tinha o bastantecom mortes. Não acha?”James suspirou profundamente. Ele pensou na viagem que Judith os forçara a fazeratravés das Cortinas de Nexus — todas as mortes e mutilações que ela os fez testemunhar,todos os amados assassinos por causa da luta contra o mal. Até aquilo fora parte do planode Judith, impelindo Petra a tomar sua decisão final e definitiva.“Ela não estava só tentando salvar o nosso pai” James finalmente disse. “Ela estavatentando mudar tudo. Era provavelmente um erro sem tamanho... e provavelmenteterminará com mais morte... mas talvez ela estivesse simplesmente cansada das coisasserem do jeito que eram. Talvez esse fosse apenas o seu ato final de rejeição”.Alvo franziu a testa.“Rejeição ao quê?”

James sacudiu a cabeça.“Tudo” ele disse maliciosamente. “Simplesmente... tudo”.Alvo considerou isso. Depois de um minuto, ele se mexeu e enfiou a mão no bolsotraseiro.“Aqui” ele disse, passando algo a James.“Minha varinha” disse James, pegando a haste de madeira da mão do irmão. “Você aencontrou no campo de jogo?”Alvo deu de ombros e de novo se encostou na amurada.“Achei que você iria querer. Fui procurá-la depois de você pular para outradimensão”.James sacudiu a cabeça lentamente.“Eu nunca vou te entender, irmãozinho” ele disse apreciado.472“Nem tente” respondeu Alvo.James assentiu e se juntou ao irmão, encostando na amurada e observando as ondasnegras como óleo.No convés inferior, James sabia, sua mãe estava pondo Lílian para dormir,provavelmente cantando uma canção de dormir para ela como se estivesse tudo normal. Emalgum outro lugar, possivelmente nos alojamentos do capitão, seu pai e Tito Hardcastleestavam discutindo sobre o futuro. Tio Percy e tia Audrey desceram às cabinesimediatamente, sentenciados a dormir no mesmo navio que carregava a sua filha morta.Naquela hora, Molly já estava dormindo, segurada nos braços da mãe. James supôs que tiaAudrey provavelmente não a soltaria pela noite inteira, mas dormiria sentada na cama,encostada na cabeceira, tomando o máximo de conforto que podia da respiração sonolentade sua filha sobrevivente.Lúcia estava morta. Aquilo, para James, era algo completamente impossível e ridículo.Relutante, ele repassou a memória de seus últimos momentos, recordou-se do horríveldesamparo de observar Judith erguer a mão com assassinato nos olhos. Lúcia estiveratentando salvar Isa, e agira quase sem pensar, se jogando aos dentes de seu próprio destino.Com um estremecimento e um soluço seco, James percebeu duas coisas: que Lúciarealmente se fora e que ele a amava. Não era o mesmo tipo de amor que ele sentia por Petra,mas também não fora meramente um amor de primos.

Ele poderia ter feito algo para salvá-la? Ele deveria ter agido mais cedo? Ou impedido elade algum jeito? Calor subiu até suas bochechas quando ele considerou isso, e sentiu asprimeiras pontadas profundas de lamento.Sinto muito, Lúcia, ele disse nos pensamentos, nas profundezas mais profundas de seucoração, quase como se fosse uma reza. Eu deveria ter feito alguma coisa. Eu devia terimpedido ela de ferir você. Me perdoe...Em resposta, ele lembrou de Lúcia no dia da dança de São Valentim, quando ele quase abeijou pela primeira vez. Eu perdoei você naquela mesma noite, ela admitira timidamente,eu não posso ficar brava com você...Mas era só uma memória. A voz de Lúcia foi silenciada para sempre. Lágrimas arderamos olhos de James, mas ele as refugiou. Ele sabia que, se as deixasse sair, elas não parariampor um longo tempo, e ele estava simplesmente muito cansado para passar por isso agora.Esfregou os olhos com o polegar e o dedo indicador, limpando as lágrimas. Ao seu lado,propositalmente não observando, Alvo suspirou em tristeza.Debaixo deles, o navio cortou um sulco liso no porto, rumando ao oceano e deixando ascidades gêmeas meio escuras para trás.James se sentiu terrivelmente sozinho. Em algum lugar ali fora, ficando cada vez maislonge deles, estavam Petra e Isa. E Judith, a Dama do Lago? Será que ela retornou ao MundoEntre os Mundos? James achou que não. Esse era o seu mundo agora — o seu caos. Ela nãoperderia, independente do que aconteça. James tinha uma sensação forte de declínio quenenhum deles vira o fim dela.473No fim, a escuridão pressionante se tornou demais para James e Alvo. Sem falar nada,eles andaram pelo convés e encontraram a porta que levava para baixo. Seguiram ocorredor até acharem a cabine que pertencia aos pais. Harry agora estava ali, bem comoGina, que de fato estava cantando para Lílian enquanto ela caía no sono.Pelo menos eles ainda estavam unidos. Se aquilo não contava tudo, então contava muito.Naquela noite, os cinco ficaram juntos numa única cabine, amontoadas como gatos nasduas grandes camas.

Na manhã seguinte, James tirou da mala as roupas que tinha. Elas haviam sidoligeiramente reunidas do quarto de dormitório pela mãe antes dela desaparatar paraencontrá-los no píer, e ela esquecera o jeans favorito dele. Ele suspirou, fazendo-se lembrarpara pedir que Ralf ou Zane mandassem para ele, e estava prestes a jogar a mochila debaixoda cama quando notou algo tombando frouxo no fundo da mala. Ele a levantou novamente efitou o seu interior. Na escuridão havia um pequeno rolo de pergaminho, fechado com tantafirmeza que não transparecia uma dobradura sequer. James o reconheceu imediatamente eo coração dele começou a martelar.Ele tocou o rolo brevemente, mas nada aconteceu; nenhuma visão esmagadora ouexplosões telepáticas. Cuidadosamente, ele tirou o rolo e deito-o na pequena mesa ao ladoda cama. Sentindo uma estranha mistura de esperança e temor, ele tocou o rolo com avarinha, sussurrando o feitiço que lhe abriria.O pergaminho se desenrolou, florescendo, como antes, como uma flor de origami, mas aspáginas não estavam mais cobertas com o manuscrito de Petra. Agora, havia apenas umalinha, escrita no centro da primeira página. James se inclinou sobre o pergaminho, a testafranzindo enquanto lia.Lembre-se do fio de prata. Você não o soltou. Por bem ou por mal, nunca esquecerei isso.Ela não o assinou, contudo, não precisava. James fechou o rolo de pergaminho esimplesmente fitou-o. Finalmente, depois de quase um minuto, ele o levantou. Pôs a varinhano bolso direito e o rolo de pergaminho no esquerdo.Ele o carregou dali em diante, até a última vez que a viu.Fim.474