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ARARA
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emissários -- Mas que resposta daremos ao Tibiriçá ?
"âpai-Crande — Olhem, digam-lhe que eu vou dormir um pouco sobre 6 caso, e depois
AieiW-s^Los-
ARARA
ANNO II ARARA Num. 57
SABBADO, 17 DE MARÇO DE 1906
EXPEDIENTE
PUBLICA-SE NOS SABBADOS SSIGNATURAS: Capital, anno, IO$000 Inlerior, 15$000
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O sr. Rodrigues Alves, presidente da Republica, paulis" ta e fazendeiro apatacado em Guaratinguetá, saiu muito melhor
do que a encommenda. Com aquelle ar de mosquinha mor" ta, com aquelle sorriso de contentamento a brincar-lhe nos lá- bios, com aquellas falas mansas, quasi unctuosas e beatificas, o conselheiro é um perigo, um verdadeiro perigo.
Andam ahi a aterrorisar a gente com os projectos de desmedida ambição da Alie manha, com o imperialismo norte- americano, disfarçado na famosa formula do manhoso Monroe. Nos jornaes e nas revistas, nos livros e nas conferências das sociedades sabias, trava-se rija discussão acerca do provável predomínio das raças amarellas sobre as outras raças da Euro- pa e demais partes do mundo.
E, comtudo, jornalistas e sábios e literatos andam todos enganados. Não é o perigo allemão, nem o perigo yankee, nem o perigo amarello, nem outros quaesquer perigos imaginá- rios que ameaçam a humanidade.
O único, o real, o perigo por excellencia, o perigo dos perigos, está alli na Capital Federal, abrigado no palácio do Cattete, encolhido atraz dos srs. J. J. Seabra e Leopoldo Bu- lhões, acocorado em cima do sr. Custodio Coelho. Ecco d pe- ricolo, como diria o sr. Leopoldo de Freitas numa expansão bravia de amor pelas linguas slavas.
E, effectivamente, assim é. Para conseguir desnortear a Commissão Central, para embrulhar o sr. Rubião Júnior e mais o sr. Olavo Egydio e mais o sr. Albuquerque Lins, é neces- sário acreditar que o sr. Rodrigues Alves é um homem exce- pcionalmente perigoso. Na escolha do seu suecessor, já elle deu^provas duma superioridade de manha, de alto lá com ella. Tinha, porém, uma desculpa toda a ronha posta em pratica para fazer eleger o sr. Affonso Penna : tratava-se dura compa- nheiro da monarchia, dura conselheiro araigo, dura medalhão decorativo, duma espécie de alter-ego.
E os paulistas, resignando-se a perder a hegemonia polí-
tica na União, perdoaram ao sr. Rodrigues Alves a negra e dura traição. Depois, o presidente da Republica collocado entre a amizade e a mararaata, decidira-se por aquella sera despre- zar a outra.
Acceitando o sr. Affonso Penna, arriscava-se a corapro- raetter a sua posição política no Estado, a cortar o futuro dos seus. E, diga-se a verdade, elle sabe em todas as linguas o conhecido rifão: Matheus, primeiro os teus...
Comtudo, fez eleger o sr. Affonso Penna e não perdeu a estima e consideração dos seus amigos de S. Paulo que excla- maram : E' um perigo, mas ura perigo necessário.
Acalmados os ânimos, feita a paz e restabelecida a con- córdia, surge o gigantesco plano da valorisação do café. Man- dou-se apalpar o sr. Rodrigues Alves, que na oceasião dormia a sorano solto. S. exa. abriu ura olho, deu um bocejo e vi- rou-se para o outro lado. E toda a gente se convenceu que eram estes os inequívocos signaes duma tácita approvação.
Faz-se o convênio e ostenta-se á luz crua e quente do sol dos trópicos o magnífico plano da valorisação do café que, afinal, se reduz a um empréstimo endossado pela União. Ban- quetes, hyrnnos triumphaes, telegramraas de enthusiastícas ad- hesões, coroas artísticas de loiro, medalhas cornraeraorativas e tudo o mais que a fértil imaginação dos engrossas inventa para oceasiões destas.
E em meio deste delírio cahe como uma bomba a res- posta do sr. Rodrigues Alves : Valorisem, meus amigos, va- lorisem sempre: quanto ao endosso do empréstimo... talvez lhes escreva cora tinta roxa I
Ora, o plano de valorisação era o empréstimo com o contrapeso da caixa de conversão.
E lá vae tudo pela água abaixo. E digam-nos ainda que o único, o real, o perigo por excellencia, o perigo dos perigos não é o sr. Rodrigues Alves, presidente da Republica, paulista e fazendeiro apatacado era Guaratinguetá !
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Pacifico Guerra possue uma velha jarra de procellana, que tem uma pequena racha no fundo. Todos os dias, passa horas esqueci- das enchendo a jarra e assistindo muito attento ao seu esvasiamento.
Um amigo, a quem elle contava este passatempo, perguntou-lhe: - Mas que achas tu de interessante em encher a jarra e vel-a
esvasiar pouco e pouco ? — E' que procuro descobrir por onde sahe a água, respondeu
Pacifico. Sahe pelo fundo, meu pateta Também julguei isso a principio; mas depois verifiquei que
era impossível. Se fosse assim, a água começaria a diminuir em bai- xo; e é o contrario que se dá : a água diminuo em cima !
E Pacifico affastou-se triste e pensativo.
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p©liticando Os dois chefes beneméritos do partido republicano, cada
qual mais prestigioso do que o outro, preparara-se para entrar era lueta. Decerto são idéas, prograraraas, princípios que se- parara esses patriotas. Mas, como não convera declarar o motivo intellectual da divergência, elles guardara severo, impe- netrável segredo. Nós bem prevemos as difficuldades que hão de ter, cora este triste facto, os nossos briosos correligionários. E' que elles não sabem com quem ficarão, se cora o distineto general Glicerio, se com o não menos distineto sr. Bernardino de Campos. Um é homem de guerra, outro homem de paz; ta.nto que o primeiro é general e o segundo não.
Nós podíamos, se fossemos mau, deixar os correligioná- rios a sós com essas difficuldades. Mas o coração compassivo, esse maldito coração que tanto nos prejudica, obriga-nos a vir, cora os nossos conselhos, era auxilio dos companheiros de to- dos os dias. E' necessário que elles se pronunciem por um ou por outro, quando romper a lueta.
Para que não se corapromettam, prestem attenção ao que vamos dizer, muita attenção, attenção profunda.
Evitem, era quanto é tempo, defender o sr. Glicerio ou aceusar este patriota, aceusar o seu eraulo ou defendel-o. Que haja circurhspecção ! Mas não queremos dizer que fiquem mu- dos. Nem tanto.
Quando estiverem com outros correligionários, chamem a conversação para o assurapto, levantem os horabros cora tris-
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ARARA
teza, com ar de magua entranhada. Depois de um silencio gra- ve, arranquem do peito estas palavras :
—A família republicana continuará unida. O Glicerio é bom, é trabalhador, é honesto, é democrata. O Bcrnardino, por sua vez, é amigo do trabalho, é dedicado ao partido, é ci- dadão honrado, é democrata.
Um momento de pausa. Em seguida prosigam : — O Rubião, chefe prestigioso, já disse que o Bernar-
dino era sublime e divino. Eu peço licença para accrescentar que o Glicerio é também sublime e divino. Em conclusão, a sublimidade e a divindade são para os dois.
Se, porém, alguém da roda interromper, dizendo que esses predicaios celestiaes são só para um, o correligionário, fechando-se num silencio digno, conclua assim o discurso:
— A minha opinião é esta. Em todo o caso vou refle- ctir. Que infallivel eu não sou.
E nem mais uma palavra. Quando o correligionário se achar sósinho com o illustre
Herculano de Freitas ou com o não menos illustre Carlitos de Campos, p rocure ter juizo.
Ao Herculano diga esta phrase, piscando os ollos, com ar de quem é amigo fiel até a morte :
— Esta política... esta política! Emquanto o Glicerio não se mexer, as coisas não índíreitam.
Ao Carlitos diga assim : — Como está o nosso velho ? A coisa vae ou não vae?
Eu estou aqui, para o que dér e vier. Declarada a lucta, volvam os amigos os olhos para o
Tibiriçá e estejam com quem elle estiver. Será fácil justificarem a adhesão ao chefe victorioso:
— O Bernardino queria derrubar o Glicerio? Nunca! Ou, então: — O Glicerio queria derrubar o Bernardino ? Nunca ! E rematem a questão : — Eu fico com os verdadeiros republicanos. E, levantando altivamente os hombros, fulminem os ven-
Jdoscom estas palavras severas : — Arre! Olhem que é tempo de consolidar a republica
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Na corda O Jornal do Oommercio, do Rio de Janeiro, publicando o resu.
mo das impressões duma viagem a S. Paulo do illustre medico Fran cisco Fajardo, lamenta com este a disseminação, na população agrí- cola do nosso Estado, do trachoma on dor d'olhos como lhe chama a caipirada. ,
E num movimento de sympathia commovente cham^ a atten- ção das autoridades sanitárias e do governo do Estado pára o caso.
Um jornal da.manhã respondeu á noticia do decano da - im- prensa carioca, agradecendo os extremosos cuidados que lhe inspira a saúde da nossa população agrícola e lembrou-lhe que as autoridades sanitárias ha mais de quatro annos estudaram a doença e propuzeram um systema completo de medidas prophylacticas. O governo, honra lhe seja feita, á excepção do sr. Carlos Botelho, não as pôz em pra- tica, allegando a conhecida e nunca assás decantada falta de verba... para serviços de reconhecida utilidade.
Mas, o Jornal do Commercio, ou melhor, o illustre dr. Fran- cisco Fajardo não se contentou com a resposta.
Quer a todo o transe passar por ter sidc o primeiro a ter-se etubrado de dar o signal de alarma. E vai dahi, agarra-se ao seu col- lega, não menos illustre, o dr. Abreu Fialho, professor '3e ophüalino- logia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro..-
O cathedratieo acudiu logo ao chamado e sentenôíosamente expoz o problema, nada de novo adiantando ao que os médicos sani- tários de S. Paulo escreveram e tornaram publico.
Ha, porém, entre ás medidas propostas pelo sábio cathedrati- eo, uma que merece especial menção : a da creação duma liga contra o trachoma, organisada â guiza do anachronico cordão sanitário.
Em primeiro logar, tanto ff dr. Fajardo como o dr. Abreu Fia- lho exaggeram consideravelmente a extensão d» epidemia. O tracho- ma ataca apenas a zona do oeste e mesmo assim é nas fazendas que o mal dos olhos lavra com mais intensidade. Para o debellar pouco valem ainda os meios prophylacticos propostos, porque a hygíene pu- blica ainda não conseguiu modificar o regimem da construcção das casas do's colonos, nem .obrigar estes aos preceitos dos princípios da
, mais rudimentar asseio. Sào os fazendeiros que hão de operar essa transfortnaçãp gra-
dual 9, por emquanto, elles não o podem fazer. Em segundo logar, o numero de crianças atacadas annualmen-
e^e, relativamente, pequeno e de anno para anno vae diminuindo.
graças aos conselhos dos médicos sanitários, que não sào de todo o ponto inúteis como se affigura ao illustre cathedratieo.
Por ultimo o trachoma, dil-o o dr. Guilherme Álvaro, um dos médicos citados pelo dr. Abreu Fialho, é uma doença que se pode curar de modo a não deixar vestígios, na maior parte dos casos, po- dendo o paciento voltar ás suas oceupaçòes numa quinzena de dias.
Ora, que o saibamos, ainda os nossos médicos não pediram a formação de cordões sanitários e de ligas contra a febre amarelia, ea- demica no Rio, e que na estação calmosa leva desta para melhor vi- da alguns milhares de pessoas; nem contra a peste bubônica, nem con tra os tuberculosos que os collegas dos drs. Fajardo e Abreu Fialho nos enviam todo o anno.
Se não se tratasse, pois, de dois nomes de reputação feita na medicina nacional, iríamos jurar que todo este açodamento e piedade que 8 população agrícola da zona oeste de S. Paulo inspirou aos dois luminares da medicina carioca eram devidos unicamente ao pru- rido do reclamo e do putf. Mas a explicação não nos parece cabível
o caso. a
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Sahiu da Secretaria da Justiça o sr. Cardoso de Almei- da e entrou, em seu logar, o deputado sr. W.ishington Luiz Pereira de Souza.
O Arara já teve oceasião de se referir ao actual secre- tario, commentando-lhe um discurso proferido na Câmara acer- ca da historia das constituições no tempo e no espaço. Não é pois, um desconhecido o sr. Washington Luiz.
E, se não tivesse sido bastante a vulgarisação dos seus méritos pela propaganda que o /4/-í2ra lhe fez, sel-o-ia já pela serie de artigos que S. S. publicou, relativos a pontos obscuros e complicados das velhas tradições paulistas.
Não foram, porém, esses artigos que decidiram o sr. Jorge Iibinça a ir arrancar da câmara, onde dormia tranquillamente o seu novo auxiliar. Ainda menos os estudos especiaes d, administração judiciaria, a que o sr. Washington Luiz não dee dicou, por emquanto, um minuto sequer da sua preciosa quão utihsima existência. Nem se comprehenderia que a política ou" outra qualquer influencia menos nefasta, permittisse ao presi- dente do Estado ir buscar entre os especialistas os auxiliares da sua administração.
O sr. Jorge Tibiriçá, e com elle todos os regulos que nos governam, louva-se na conhecida anedocta do bohemio, improvisado professor de grego, e que sabia tanto da língua de Homero como o coronel José Piedade entende de tactica militar e de balística. Alguém, admirado, lembrou ao bohemio que elle não conhecia patavina do que ensinava, ao que aquel- le respondeu promptamente :
— Também os alumnos não sabem, fica uma coisa peia outra.
Ora, a população percebe tanto da'nossa justiça embru- lhada e de contradictoria interpretação, como os que a legislam e codificam; fica assim uma coisa.peia outra.
O futuro nos dirá se á escolha do novel secretario da justiça presidiu o mesmo critério de sempre. O que desde já se pôde dizer é que elle iniciou o seu secretariato, rompendo com as praxes do seu antecessor.
Na cerimonia da posse, não houve discurseiras dos di- versos funecionarios, nem congratulações bajulatorias dos demais subordinados, nem secção da banda da brigada policial tocan do os mais requebrados maxixes e tangos do seu variado re._
pertorio. Apenas as apresentações do pessoal velho e cançado de
guerra ao novo secretario, :e os cumprimentos do estylo redu- zidos a sua -mais simples expressão do—"Adeus, meu caro se- nhor, passe muito bem e assim não me venha ver „ !
Um homem que consegue pôr um dique a; verborrhagia official e conter dentro dos limites da decência ai força indo- mita do engrossamento dos abyssinios ; um homem, que faz tu- do isto sem apparentar, ao sahir, o menor vestígio de ter sof- frido violências physicas, este homem é já alguém !
Pacifico Guerra é um bocadiuho exaggerado, ás vezes. Ha dias, contava elle numa roda do Castellões .que tinha pos-
suído uma corrente de ouro, que pesava um kilogrammO. ' • J— ãVIas isso é um peso enorme para uma corrente, disse um
da roda. ■■■..'■ .E Pacifico,; feprehensivo e triumphante:'
- Note o amigo que a corrente era ^ca !
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ARARA
Annunciaram os jornaes que S. Paulo vae ter mais uma folha vespertina. Se o numero de publicações diárias que pos- suímos correspondesse á instrucção que desfructamos, dir-se-ia que a capital attestava aos olhos do mundo a civilisação e o progresso do seu Estado.
Infelizmente, porém, o numero dos habitantes está em disparidade com o numero de folhas que diariamente são ven- didas por essas ruas e mal se calculam os sacrifícios de cer- tas emprezas jornalísticas para se manterem no balanço diário da publicidade.
Verdade seja que capitães menos importantes de paizes que não o nosso sustentam e amparam com as suas sympattias maior numero de publicações diárias. Mas lá o vendedor de jornaes e um factor importante na venda do jornal e tem um interesse que augumenta na razão direita dos seus lucros ; ao passo que em S. Paulo não ha vendedor de jornaes.
O que hi é o pequeno italiano que diariamente aufere entre um e dois mil réis e não quer saber de mais nada, des- de que elle conseguiu vender o necessário para o ganho do dia que em casa lhe exigem.
Em S. Paulo, o vendedor de jornaes, não sae, por que não é de regra, do centro da cidade.
E' nas artérias centia?s que elle, péssimo arauto, annun- cia o titulo da folha que vende. O facto emocionante, um dra- ma passional, um grande desastre ou um grande roubo não são coisas que lhe despertem interesse e o façam sair um pouco do estreito circulo da sua venda.
A's 8 horas da manhã de cada dia de Deus, nesta ca- pital artística compram-se três jornaes differentes por duzentos réis. Ninguém, de fora da família da imprensa, conhece esta conta de divisão de lucros : //Tí jornaes por dois tostões. Mas o pequenito de jornaes concebeu-a, pol-a em pratica e achou resultado em a usar a essa hora.
Este facto' demonstra bem ,que o ital.ianíto não tem es- tímulo para o negocio.de jornaes. E', raro vel-o num bairro distante. Sem ser illustrado, elle gosta do centro da capital e dallí não sae, porque é nelle que elle. encontra os, dez tostões ou os dois mil reis da venda que tem de entregar á insacie- dade dos pães. * O resto do dia elle o passa a esmurrar o nariz do com- panheiro ou a ser por este esmurrado; a pôr em pratica uma variedade interminável de jogos e a entregar-se- a uma infini- dade de vícios que elle nãò. conhecia e que o deslumbram.
O apparecimento, pois, de mais um jornal vae ser uma désillusão para quem pense1-l^var de %ncid'a o gosto-da opi- nião.
Em S. Paulo lê-se pouco. Accrescentç-se a isto a -me- cfiocrídade do factor de venda e ter-se-á uma; idéia de quahto njos enganamos com o batalhão, dos nossos jornaes e estamos enganados com a nossa presümpção de Estado que quer ser ua União o primeiro e o único que sabe ot)de tem o nariz.
PASCHOAL.
♦♦»♦♦♦»♦♦♦♦»♦♦»♦♦♦♦♦♦♦♦ ♦♦♦♦♦»♦♦♦♦ ♦♦»♦»♦♦» Pacifico Guerra, que ha uns tempos a esta parte andava um
tanto menos burro, sahiu-se ultimamente com uma das suas. Tem elle o defeito de ser um tanto ou quanto mexeriqüeiro. Ha dias encontrou-se na rua com um sujeito, destes que não
têm papas na Ungua, e que lhe chamou alto e bpmi som, vehicúlo da maledioencia ! , ■■
Pacifico depois de ouvir a reprimenda com a sua Habitual bur-
ice, dirigia-se para casa, quando, ao voltar uma esquina, viu alli cra- vado um poste com o seguinte dístico : — E' prohihido o transito de vehiculos.
Nada, nada ! disse elle de si para consigo; já apanhei uma descompostura, não vá eu ainda por cima apanhar agora alguma multa !
E, dizendo isto, voltou para traz o mudou do rumo.
LETRAS E TRETAS
fnfo (Tahi... vamos embora! O' Auiceto ! Jesus, que homem tu estás ! Primeiro que te
vistas e arranjes, é um anno !... s — Sabes que mais, Miquelina ? Eu não nasci para ieto... Eu ou partidário do descanço ao domingo...
— Mas alguém mauda-te trabalhar, Auiceto ? — Não... tu só queres que eu mo vista a vapor para sahir de
manhã de casa para ouvir missa, a correr essas ruas, a andar pelos jardins de bocca aberta a olhar para os outros e os outros a olhar para nòs...
— Que grande trabalho 1 — Tu achas que não é trabalho, e eu tambom acho... Mas a
verdade e que estafa uma pessoa como se realineuto trabalhasse... — Nem digas isso, que é uma vergonha ! — Vergonha é eu andar toda a semana a cuidar da vida, che-
gar ao domingo e não poder ficar mais uma hora na cama... — Tu bem sabes que os pequenos também precisam de pas-
sear... — EUes não passeiam toda a semana a ir para1 O collegio ?
Isso não é passeio... Coitaditos dos pobres! toda a sema- na mortificados com as licções, nem ao menos ao domingo hão de, ter uma distracçàosinha ?
— Pede o guloso para o desejoso... Quom quer passear, és tu, não são elles...
— Não digas isso, Aniceto ! Eu sou mãe... sei sacrificar-me por meus filhos !
Pos sim... sacrifica-te tu, mas ao menos não me sacrifiques a mira...
— Que pae, meu Deus, que pae! Vê os filhos a pedir passeip, e não ha quem o arranque da cama!
— Não ha, dizes tu ? Oxalá qiíe não houvesse Mas, o peior é que eu já cá estou fora... Não ha nada peior do que é um homem deixar-se escravisar pela família ... Nem os domingos... os d.omingos que Deus Nosso Senhor deu para descanzar... riem esses nos deixam livres !
— Quando tu eras equeno o que fazias ? O que fazia! Chorava quando levava pancada;., e levava
pancada quando chorava... Meu pae não era para graças, e rainha raãe... sabia ser raãe
E on não séi ? Queres dizer na tua que eu não sei' cum-.: prir os meus devores, não é isso ?
Tu perguntaste-rae, Miquelina; o que eu fazia quando era pequeno e eu respondi-te...
Mas respondeste-me torto, Anieeto Re^poiideste-me com uma oífensa ! .'
— Eu ?! Tu, pois então! Dizes-rae que tua iiiAo sabiá ser mãe...
Isso é o mesrao que dizer-ine que eu não o sei ser « ,' — O' menina, eu quando fallei na rainha',.raãe, não;;.estava a
fallar na minha mulher... Digo-te só que minha mãe, quácjdó queria^ levaí-nos a passeio, deixava dormir meu pae./.' ■ •'-.
—■ Por isso tu sahiste com esse feitio... ; Mas en 'cá não sou assira,.. Caseí-me, tenho o ineu homem e tenho os" meus filhos., é pa- ra saií com elles á rua... Que lindo espectacnlo. U-t Uma, mulher casa- da corti os filhos na rua, sem o marido que a acompanhe;.!;.. Oi seus filhos são filhos sem pae!
Também eu não era, e o meu pae ficava em' casa.., E sabes o que aconteceu uma vez qúe elle sahiu comnosCo, Miquelina ? Nun- ca t'o disse, raas vou-t'o dizer agora... ...
V Pegou-se o fogo á casa, a taes hòríls V! ■' , — Não... não se pegou o fogo á casa.i.i M^s guando recolhe-
mos mais cede uma hora do que era costnw(e£sab'os o-qui^ABonteceu ? — O.que foi? Ú
- Vimos um guarda oivico"em casa, a-Áuichír cora a creada ! — E isso o'que tem.? ,v. L..,.rf ''
Ora essa o. que tera ! Tu hão achas extraordinário este ca- ■ so ? Pois olha que meu pae foi aos ares e íninha raãTé 'deu serio ca- vaco O resultado foi a creada ir para a ruá, e no$ irmos jantar um hotel E ella que era uma creada nova eoino ,esta que nós c6, temos... Por, isso é sempre bom ficar o patrão em caja...
Não sei para quê ' Eu acho que; tanto \ faz a creada daí ?
comer ao guarda cívico de dia como dar-lhe h noite os creseimos jantar... E mal por mal, antes lanche com o guarda civico (j0 °0
cora o patrão... Estás prompto ? Anda dahi, vamos embora f clUe
fidl^Ob 5^ M
ARARA
SanfAmia A companhia do theatro Apotlo, do Rio, entrou com o
pé direito no SanfAnna. As enchentes contam-se pelo nume- ro dos espectaculos.
Na semana, deu-nos duas vezes o Bico do Papagaio, e de quarta-feira em deante a espectaculosa peça de D'Ennery e Júlio Verne, A volta do mundo em 80 dias, que, naturalmen- te, só sahirá do programma lá para o meio da semana que vem dando logar á Geischa, a lindíssima e delicada operetta de costumes japonezes.
Se o desempenho, aliás discreto, se resente da incorrecção do portuguez das artistas, em compensação a orchestra peque- na, equilibrada e sempre afinada tira un grande partido da musica e a mise-en-scène é luxuosa e de grande effeito. Fica assim explicado o successo da companhia em todas as peças que tem representado.
Polytheama Os espectaculos mixtos continuam a attrahir boa concor-
rência ao Polytheama. Durante a semana, a companhia de dialecto milanez
agarrou-se ainda á chistosa comedia O Sapateiro das senhoras, que agrada sempre, produzindo, como da primeira vez que foi representada, gostosas gargalhadas.
Marzella-Bartholdy com os papagaios amestrados, Bares com os seus instrumentos musicaes grotescos e demais núme- ros, apesar de já um pouco fatigantes, completam o especta- culo de todas as noites.
Para a próxima semana promette a empresa estréas sen- sacionaes.
SPÕRT ~~ TURP
.lockey Club Paulistano Parece que esla veterana e sympathica sociedade quer nova-
mente voltar aos seus tempos áureos, pois, a julgar pelo enthusias- me com que vae crescente dia a dia a animação no jogo das poules é de se prever que teremos um final de estação hippica, como ha muitos aunos nã J nos é permittido obter.
Os progiammas tem estado realmente encantadores e optimos. Infelizmente, mu mal que de ha muito se tem tentado acabar
e que tantos prejuízos acarretam ao turf — 0 tribofe, ainda perdura e, acreditamos que jnmais dosapparecerá de todo ; porém, as directo- rias do nosso velli i prado que não tenham pena dos infractores, e sobre elles carreguem a mão, applicando-lhes multas, e, o que é mais vantajoso, a suspensão, para ver se ao menos assim evitam «m pouco os desvergonhados tribofes.
Outra cousa que, com um pouco de boa vontade, conviria dimi- nuir, são os fatigantes iutervallos de 35 minutos, entre _ um pareô e outro. Esse tempo reduzido a 20 minutos nenhum prejuízo trará para o jogo das poules, ao passo que seria de grande vantagem para o publico.
Se o tempo permittir, realisa amanham esta sociedade mais uma das suas esplendidas reuniões hippicas, com um programma ma- gnífico, como poderão examinar em seguida.
No primeiro pareô estão inscriptos : Bayard, Japoneza, Noel, Te- téa, Euy Blas e o estreante Rigoletto.
Japoneza já venceu folgada a penúltima corrida e a nosso ver será novamente vencedora apesar dos 55 kilos; Bayard, é um
esperançoso cavallinho, e tendo mudado de entraineur, é provável que pregue um tiro, é um bom segundo. Como azar apontamos Noel. Em Tetea e em Ruy Blas não temos fé, e quanto a Rigoletto, não o conhecemos.
O segundo pareô, na milha vão encontrar-se: Pérola, Argélia, Espadilha, Caporal, Castanha e Rio Grande.
Pérola ha dois domingos que deseança e se prepara, será bem provável que amanhan vença, seguida de Castanha que está prepa- rando uma tacada. Espadilha é um bom azar.
O terceiro pareô também na milha reúne Herval, Polônia, Cid, Cravo e Sterlina. Se a raia estiver pesada palpitamos que o velho Cid será o vencedor, pois que em terreno molhado o tordilho é turu- na. Herval tem feito ultimamente boas corridas, apezar disso, po- rém, pensamos que apenas secundará o tordilho.
Sterlina como azar não é má. Cravo é um cavallo baleado e Polônia nada tem feito, portanto acreditamos cartas fora do baralho.
No quarto pareô teremos: Seccion, Desleal e Pory. Apezar das grandes esperanças que deposita o proprietário da Coudelaria Pau- lista, no seu pensionista Pery, julgamos que elle ainda é muito ereança para lutar com Seccion e Desleal, tanto mais que a ditferença de pe- so não é lá muito grande. Se Desleal tocar, apezar dos 57 kilos, ven- cerá, e Seccion obterá a segunda collocaçâo. Pery pregará um susto e nada mais.
Quinto pareô — 1.700 : Leão, Orgulhosa, Josephus, Iracema, Tetuan e Coelho. Eis abi um pareô magnífico e duvidoso, pois todos estes arelheiros estão preparados e se dão bem com o terreno mo- lhado (que havemos de ter).
Mas a velha filha de The Money se for mais bem corrida é muito capaz de pregar o tiro secundada por Josephus.
Tetuan é o nosso azar. No sexto pareô em 1.609 metros, apontamos Pérola como ven-
cedora, seguida de Sombra. Castanha damos como um estupendo azar. Dois de Agosto vae muito carregado; Orgulhosa para ajudar a
Josephus; Vinitius e Blue Eye para encher tripa. Resumindo o que acima dissemos resulta o seguinte :
Japoneza — Bayard Pérola — Castanha Cid — Herval Desleal — Seccion Iracema — Josephus Pérola - Sombra
Azares : Noel, Espadilha, Sterlina, Pery, Tetuan e Castanha
POOTBALL Canipeonalo de lí>0<í
Estão muito animados em todos os clubs os preparativos para o campeonato do corrente anuo.
E não só os clubs que preparam seus grounds, se esforçam por obter a filiação de novos e bons jogadores, como também na Li ga, os preparativos correm com actividade e zelo.
Pelo que nos consta, importantes reformas serão introduzidas na parte referente á organisação desta sociedade.
Assim é que, na sua ultima reunião, foi nomeada uma commis- são encarregada da reforma radical de seus estatutos.
A commissão está fazendo um trabalho calcado nos estatuto da Football Association, de Londres, e adoptados pela Liga Argen- tina.
Além disso, com esse trabalho da commissão, serão tamben apresentados á consideração da Liga dois outros de summa importa-. cia: as novas regras de football para 1906 e as instrucçôes para osj-m zes, ambos também approvados pelo conselho da Football Association _
Com essas reformas a Liga entrará em uma phase regular d^ organisação e muito será para felicitar aos actuaes directores da L ga se taes projectos forem convertidos em realidade.
PELOTA Club Atbletieo da Pelota
Na cancha do Frontão Boa Vista, realisa amanham, das 7 horas da manhã e 1 hora da tarde, este Club mais uma das suas aprecia- das funeções.
O programma é variado e attrahente, promettendo chamar boa con correncia.
Frontão Boa Vista Nesta casa de diversões realisam-se todos os dias electrisantes
quinielas simples, duplas e partidos, que são sempre bem animados. O quadro de pelotaris que actualmente trabalha nesta casa é
magnífico e serio, e ó por isso que o publico corre para lá com con- fiança, para apreciar a dispusta das quinielas que se torna cada vez mais renhida.
Hoje, e todos os dias, grandes funcçòes.
CYCLISMO Se o tempo não transtornar outra vez, realisa-se hoje, no Velo-
dromo, a interessante festa promovida por um grupo de cyclistas. O programma compõe-se de corridas em bicycletas para
Juniors e Seniors, promettendo grande successo.
$& mes^u
Engrossamentos.
Washington Luiz — Meus senhores, de hoje em deante estão prohibidas as massadas... engrossativas.
Para o velho B6ino. Sorpresa
Mas onde diabo estarSo os ossos do Pedr'Alvares (.'abral ? Ora! o essencial é trazer uns ossos, e es
.es não faltam!
Que formidável coelho nos pregou n Rodrimiee «'ves...
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