IVÄNIA MARIA DE ARRUDA SALDANHA - Universidade Federal … · Nas escolas a prática do handebol...
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Universidade de Brasília
IVÄNIA MARIA DE ARRUDA SALDANHA
HANDEBOL – ADAPTAÇÕES PEDAGÕGICAS E
METODOLÓGICAS NO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO
Recife
2007
IVÂNIA MARIA DE ARRUDA SALDANHA
HANDEBOL – ADAPTAÇÕES PEDAGÓGICAS E METODOLÓGICAS NO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO
Relato de Experiência apresentado ao
Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte pela obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar.Orientador : Professor Ms. Luiz Fernando Pinto Maia
IVÂNIA MARIA DE ARRUDA SALDANHA
HANDEBOL – ADAPTAÇÕES PEDAGÓGICAS E METODOLÓGICAS NO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO
Relato de Experiência apresentado ao
Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte pela obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientador : Professor Ms. Luiz Fernando Maia
Aprovado em __/__/____
BANCA EXAMINADORA _________________________________________ Professora Ms. Lucila Souto Mayor Rondon Mestre em Psicologia Comunitária UNB _________________________________________ Professor Ms. Luiz Fernando Maia Mestre em Administração UPE
A Deus que é Verdade, Vida e
Luz para meu caminho. Ao meu esposo e minhas filhas que são fonte de inspiração.
AGRADECIMENTOS Aos colegas que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão do trabalho Ao Ministério dos Esportes pela oportunidade de participar de um Curso de Especialização A todo corpo docente da UNB que estiveram presentes nesta jornada Ao Prof. º Ms. Luís Fernando Maia, da UPE, que orientou todo o trabalho
SUMÁRIO
1. Introdução ...........................................................................................................06 2. Leitura da Realidade Geral .................................................................................07
3. Leitura da Realidade Específica .........................................................................12
4. Aspectos Relevantes, positivos e negativos dos trabalhos desenvolvidos do PST
na localidade........................................................................................................16
5. Análises, Críticas e Sugestões ............................................................................18
6. Conclusão ...........................................................................................................22
7. Referëncias Bibliográficas..................................................................................24
8. Anexos ................................................................................................................25
1- INTRODUÇÃO
Segundo Bento, (1991) o esporte se figura hoje como fenômeno antropológico
que apresenta, promove e disponibiliza formas muito distinta, mas todas
especificamente sócio-culturais e historicamente dotadas para lidar com a corporalidade.
A educação no Brasil e um direito de todos, mas do que isso, uma necessidade
na construção de um cidadão ético, promovendo uma sociedade democrática e sem
exclusão.
Com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB,1996) responsável por
grandes mudanças no setor educacional brasileiro, começa-se a vislumbrar uma
perspectiva que dá direito ao cidadão a uma melhor educação.
A educação física por sua vez fazendo parte dessa estrutura apresenta o esporte
como fator também de mudança social.
O handebol vem tendo uma prática cultural bastante divulgada nas escolas
privadas do nosso Estado e também na maioria das escolas públicas, essa atividade
cresceu, especialmente no interior do Estado.
Esse esporte foi iniciado com o nome de Hazena (Tchecoslováquia) em 1892,
com sete jogadores de cada lado e por essa razão, este é o mais parecido com o jogo de
handebol atual, na origem da modalidade foi ele quem adaptou o Torball para o
handebol forçando assim a popularização do jogo em toda Europa.
No Brasil começou a ser praticado após a 1ª Guerra Mundial como handebol de
campo e após a 2ª guerra como handebol de salão.
Nas escolas a prática do handebol tem sido desenvolvida durante as aulas de
educação física e nos jogos escolares promovido pela secretaria de educação.
O esporte handebol, como prática, deve ser analisado nos seus vários aspectos
pedagógicos e metodológicos no ensino aprendizagem, dando o sentido a uma visão de
inclusão,de um esporte voltado para um desenvolvimento afetivo e cognitivo integrando
o aluno no seu meio social.
Do contrário, vivemos características de uma sociedade capitalista que atribui
valores, como a do rendimento máximo, ganhar a qualquer custo, e a necessidade de
aplicar as regras rígidas e modelos já existentes para o conhecimento do handebol.
O caráter desafiador torna-se permanente na medida em que ainda convivemos
com a estrutura desportiva hierárquica e centralizadora (Sadi, 2004).
*Corporalidade: algo que se realiza por intermédio da experiência complexa do corpo na sua relação como mundo interior e exterior
Na escola resgatamos valores que privilegiam o coletivo sobre o individual, o
compromisso solidário e o respeito mútuo, ter compreensão de que no esporte existe
uma relação respeitosa, é fundamental para se fazer o handebol na escola.
Segundo Pires (1992) o esporte escolar não deve estar somente integrado ao
sistema desportivo, mas também fazer parte do sistema educativo esportivo. Isso quer
dizer que o desporto escolar é um subsistema autônomo do sistema desportivo e um
instrumento de intervenção pedagógico do sistema educativo.
No esporte escolar além de ensinar as técnicas e as regras para prática do
handebol, por exemplo, o professor precisa entender e discutir com os alunos o sentido
cultural desse esporte, em qual momento histórico ele foi criado, quando chegaram ao
Brasil, o sentido de suas regras, as dificuldades que ele gera nos alunos, as exigências
para sua prática. Mais, que isso, o professor deve incentivar os alunos a descobrir
movimentos espontâneos que poderão ser úteis para prática deste esporte. Portanto, o
trabalho do professor deve ser muito mais efetivo e consistente do que a simples
transmissão técnica dos fundamentos do jogo. O jogo por sua vez sendo um instrumento
pedagógico preparatório na aprendizagem do esporte, é um conteúdo de ensino
fundamental nessas adaptações pedagógicas e metodológicas.
A escola deve ser local de educação, em que o aluno possa construir um espaço,
em que o processo ensino-aprendizagem do handebol flua diante das adaptações
pedagógicas e metodológicas, produzindo efeitos significativos da apreensão do
conhecimento na aprendizagem do jogo e do esporte, absorvendo valores como a ética,
a cooperação e a sensibilidade, desenvolvendo a personalidade e o crescimento nas
relações sociais. Portanto, diante do exposto, o estudo experimental desse relato de
experiência que tem como temática as adaptações pedagógicas e metodológicas do
ensino-aprendizagem do handebol, tem como objetivo geral:
- Analisar e vivenciar atividades no ensino-aprendizagem do handebol, buscando
adaptar atitudes pedagógicas e metodológicas na prática desse esporte no âmbito da
Escola Estadual Professor Mardônio de Andrade Lima Coelho.
E como objetivos específicos:
- Identificar atividades pedagógicas que tenham efeitos significativos no ensino-
aprendizagem.
- Desenvolver a criatividade e conhecimento do jogo e do esporte handebol.
- Aplicar novas praticas pedagógicas e metodológicas do ensino handebol na
escola.
- Motivar os alunos para prática do handebol no sentido da busca de maior
conhecimento sobre essa prática.
- Avaliar a prática coletiva, lúdica e criativa do handebol.
2- LEITURA DA REALIDADE GERAL-descrição geral do contexto-aspecto
geográfico, econômicos, cultural, sociais e políticos da localidade.
Para se conhecer um pouco de Pernambuco, é necessário, principalmente,
localiza-lo no Brasil e na região Nordeste. O Nordeste é uma das cinco regiões
geográficas brasileiras, onde por sua vez localiza-se o Estado de Pernambuco tendo
como capital a cidade do Recife que é composta por vários bairros. A unidade de ensino
a qual se desenvolveu o Projeto Segundo Tempo na Escola Estadual Professor
Mardônio de Andrade Lima Coelho, fica em um dos bairros do Recife, chamado Bomba
do Hemetério. Localiza-se na região norte da cidade do Recife, bairro de classe social e
economicamente carente, junto a outras comunidades, cercada de alguns morros,
quando em épocas de chuvas existem os riscos de desmoronamentos, falta de
saneamento básico, com dificuldades também na área de saúde e educação por ser uma
comunidade populosa. Existe um número pequeno de escolas que não conseguem
atender a demanda existente de alunos do bairro.
Todos nós sabemos que as crianças e os adolescentes tem prioridade e merecem
um primeiro e qualificado atendimento, por estarem em pleno desenvolvimento e são
mais vulneráveis do que os adultos para qualquer situação de enfermidades ou perigo,
portanto os governos ou os mais velhos e experientes devem oportunizar os mais jovens
a uma vida melhor, nada melhor do que lhes dar a prática de uma modalidade esportiva,
manifestação esta que faz aparecer à fraternidade, a alegria, o prazer, o respeito e a
camaradagem.
A Escola Estadual Professor Mardônio de Andrade Lima Coelho, acolhe cerca
de dois mil alunos, as famílias são de baixa renda e sobrevivem com pouco mais do que
o salário mínimo, pesquisa já realizada pela prefeitura da Cidade do Recife, ficando
evidente que essas condições mínimas de sobrevivência não consigam atender as
necessidades das famílias, e por isso há uma busca incessante do apoio da escola
relacionada à merenda escolar, que diariamente a maioria dos alunos usufruem. A
escola funciona em três turnos de quinta ao terceiro médio, com turmas também de
supletivo.
Mesmo diante das dificuldades a comunidade apresenta na área cultural, um
destaque significativo na cidade do Recife. A orquestra de frevo da bomba do
hemetério, o grupo teatral, as rodas de coco e o grupo de cabocolinhos são sempre
solicitados para apresentações folclóricas. Existe também um envolvimento político
através da associação comunitária e associação dos pais, que buscam realizar atividades
em benefício da comunidade.
As intenções, as relações, entre as pessoas estão estruturadas nos processos
sociais, que trazem incluindo valores que têm sido fomentados pela cultura. Dentre os
vários processos sociais básicos salienta-se a competição, o conflito e a cooperação.
Cada um deles se relaciona um com o outro, e na maioria das vezes, as situações sociais
incluem mais os alunos, do que um desses processos. No entanto, se reveste da maior
importância conhecer cada um deles. Tani, (1988).
A área cultural e política e um destaque na escola, e de forma brilhante, sendo
um dos maiores espaços da comunidade, visto que existe um apoio da direção e da
comunidade discente em colaborar com as ações dessa associação.
No aspecto social o Projeto Segundo Tempo enquanto esteve atuante no nosso
núcleo escolar, foi um canal fluente, absorvendo a necessidade sócio-esportiva dos
nossos alunos, diante da ociosidade em que eles se encontravam após o horário escolar,
estes, estavam sempre envolvidos no trabalho infantil, procurando gerar uma pequena
renda como complemento para ajudar os pais. Outros mesmo com pequena idade,
exercem tarefas domiciliar e ajudam a tomar conta dos irmãos mais novo, para as mães
poderem trabalhar. Muitas dessas crianças passaram a ocupar esse tempo livre,
freqüentando o Projeto Segundo Tempo e sua dedicação chegava a impressionar.
Nos finais de semana a escola oferece aos alunos atividades dentro do projeto
escola aberta, campeonatos de bairro e aulas de computação. Segundo Caldas, (2006) o
esporte que praticamos no dia-a-dia é o resultado de vários fatores de ordem política,
social e econômica, e muito se tem feito para concluir no que diz respeito as diferentes
facetas desse fenômeno.
Para melhor entender a condição de vida da comunidade, gostaria de relatar
alguns casos de destaque, a cooperação social dos nossos alunos, eles nos deram
bastante orgulho com os trabalhos desenvolvidos. Tivemos uma aluna que começou
conosco no grupo de dança da nossa escola e hoje faz parte de um grupo de balé
importante na cidade do Recife. Não poderia também deixar de falar dos grupos
folclóricos que durante nosso carnaval engrandecem a nossa cultura pernambucana de
maneira brilhante.
O Projeto Segundo Tempo veio somar com toda nossa comunidade trazendo
bastante benefício e prazer na prática esportiva, é surpreendente o desempenho com que
nossos alunos participavam das atividades num momento tão particular que é o
participar da atividade escolhida por eles, onde nós professores pudemos mostrar
caminhos positivos de vida, onde poderemos mostrar ferramentas valiosas para uma
inclusão e não discriminação, cooperar e não somente competir, buscando dentro do
projeto formar cidadãos críticos dentro de uma sociedade excludente das competições
da vida.
3- LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA – o contexto do Projeto Segundo Tempo
em si – estrutura, organização e funcionamento dos trabalhos, aspectos didáticos e
pedagógicos.
Inicialmente houve um encontro realizado pela comissão organizadora para os
professores com o objetivo de fundamentar o projeto e repassar todos os
encaminhamentos necessários para que o projeto pudesse fluir dentro de cada unidade
escolar.
Diante das orientações passadas pela comissão do Projeto Segundo Tempo viu-
se a necessidade de vivenciar a atividade handebol como esporte no interior da escola,
tendo o jogo como processo pedagógico necessário para aquisição do conhecimento
integral da atividade sendo também um canal próprio de mudanças sócio-político
inerente ao meio em que os alunos estão inseridos. A partir desse ponto de vista busquei
diante do espaço geográfico existente na escola, adaptações pedagógicas e
metodológicas nas quais foi possível realizar atividades que tivesse haver com a
necessidade dos alunos.
Outro caminho seguido foi buscar através de coletas de dados a necessidade e as
dificuldades do grupo de alunos participantes dessa experiência. Foi necessário que nas
aulas houvesse orientação verbal sobre os objetivos de cada momento vivenciado.
Percebi a necessidade de realizar trabalho em pequenos e grandes grupos, procurando
variar a formação dos grupos em algumas atividades, diversificando ao máximo o uso
de materiais, como por exemplo: bola de frescobol, bastões de tamanhos variados,
cones, cordas elásticas.
Durante o primeiro mês tivemos o apoio de dois estagiários trabalhando em
turnos variados, a partir do segundo mês contamos somente com um estagiário nos
acompanhando até o término do projeto no período da tarde.
Durante as atividades houve momentos de reflexão sobre as possibilidades de
ação do fundamento do jogo handebol, observando a característica da turma a qual os
alunos apresentavam facilidades diante das atividades programadas, já que a maioria
vivenciara tipos de experiências motoras trazidas do seu dia-a-dia. Sendo assim durante
as aulas abria-se espaço para que os mesmos pudessem criar atividades que atendessem
aos objetivos, tendo o professor o cuidado de intervir na problematização junto aos
alunos visando à criatividade individual e de grupo fazendo uma reorganização e
sistematização as atividades propostas.
Segundo (Coletivo de Autores), o esporte como prática social deve ser analisado
nos seus vários aspectos, para determinar a forma em que deve ser abordado
pedagogicamente o sentido de esporte na escola.
É certo que falar de esporte escolar, deve visualizar uma perspectiva social, ou
seja, o esporte “da escola”, esse esporte vai desencadear uma postura pedagógica que
tenha relação direta com o fazer pedagógico em todo contexto escolar inclusive do
projeto pedagógico da unidade.
Ao desenvolver uma proposta para o ensino do esporte o jogo é um pressuposto
importante, estabelecendo novas relações, novo sentido, no ensino do handebol.
A experiência do jogo tem esse caráter de ter a possibilidade de uma prática
pedagógica, aberta para a consideração das opiniões e decisões dos alunos, para
construção coletiva do conhecimento e para avaliação crítica do processo ensino-
aprendizagem, além das atividades já conhecida, como é o caso do queimado e a
brincadeira de estafeta.
Os alunos terão a sua aprendizagem enriquecida, quando colocamos o conteúdo
jogo ligado não somente ao movimento, mas a prática com a pesquisa escolar. Observar
e investigar jogos que tenham conhecimentos úteis para aprendizagem do handebol e
aprendizagem para vida. Nessa relação apresenta-se um processo de ensino capaz de
mudar o sentido institucionalizado do esporte, na explicação dos objetivos, informes
procedimentos e a avaliação.
Um outro procedimento didático-pedagógico são as informações do professor,
no início das aulas visando sobre questões inerentes ao conteúdo das mesmas e do
cotidiano dos alunos, as quais contribuem para a vida dos alunos fora da escola.
Neste sentido os nossos alunos ampliam o mundo de informações existentes em
seu mundo, não ficando limitado somente à questão do esporte em si ou simplesmente
preocupado com o desenvolvimento motor.
O professor que busca trazer o conhecimento da vida dos alunos, para dentro das
aulas, estará respeitando o que é inerente à cultura vivida destes alunos, permitindo
surgir nas aulas novas idéias, novas opiniões, além de consequentemente possibilitar
uma maior, participação do grupo-classe nesta fase do planejamento (Tavares, 2003).
Procuramos sistematizar todas as informações junto aos alunos, com alguns
procedimentos para organizar os trabalhos em grupos: primeiro escolhemos um aluno
para descrever verbal e por escrito, havendo rodízio para que todos vivenciem esta
função, em segundo lugar os grupos sempre mistos, pois se considera que na sociedade,
homens e mulheres convivem juntos, em terceiro lugar foram formados novos grupos a
cada mudança de atividade, possibilitando-se uma maior convivência com todos os
colegas evitando a centralização daqueles grupos chamados fortes. Foi tomado cuidado
quanto ao trabalho com os grupos mistos, nos ensinos dos jogos visando o esporte
handebol, buscando respeitar a participação de toda a necessidade da mudança de
algumas regras do jogo, atento assim às necessidades de todo o grupo.
“As descriminações presente na escola, hoje quando se ensina o jogo ou o
esporte, é uma decorrência do reflexo da prática do esporte nas instituições esportivas.
O esporte na escola é um braço, prolongado da própria instituição esportiva”,BRACHT
(1992, p.22).
Nesta busca intensiva da relação teoria-prática, procura observar o que poderia
contribuir para a vida dos alunos, na medida em que eles pudessem resgatar o ensino do
jogo e do esporte.
Assim, foram vivenciadas através de atividades lúdicas no sentido de introduzir
movimentos motores como correr, saltar, lançar e trabalhos divididos em grupos em
forma de brincadeiras, resgatando o sentido de percepção, espaço-temporal,
lateralidade, equilíbrio e a multiplicidade de vivências motoras. As atividades
vivenciadas com esse objetivo foram:
Handebol Gigante – Formam-se dois grupos com seis jogadores
(dependendo do espaço disponível) inicia-se o jogo com uma bola durante um
determinado tempo e em seguida inclui-se mais uma bola . A cada gol marcado
ou saída de bola do espaço, o jogo terá continuidade apenas com uma bola. A
segunda bola retornará ao jogo a qualquer momento colocada pelo professor
Ganha a equipe que fizer o maior número de gols.
Queimado – jogadores dispostos em dois grupos com o mesmo número
de participantes, frente a frente distanciado cerca de cinco metros formando um
partido. Deve-se ocupar o espaço da quadra do handebol ou um espaço grande
dividido por uma linha. Ao sinal dado o jogo iniciará com o aluno arremessando
a bola para que a mesma consiga bater no seu adversário sem que ele tenha
condições de segurar. Se conseguir matar o jogador adversário, esse irá para
uma linha atrás da quadra do seu adversário onde ficam os chamados mortos.
Vencerá a partida quem tiver menos número de queimados.
Jogo de Bola Aérea – duas equipes são formadas com seis ou mais
jogadores.Inicia-se o jogo onde o objetivo principal é que a bola permaneça no
ar todo tempo. A bola que tocar o solo será repassada para equipe adversária
para reinicio do jogo. Ganha a equipe que fizer maior número de gols.
Dessa forma percebemos que as atividades vivenciadas devem focar para o jogo
do handebol voltado para uma metodologia consciente e comprometida com a totalidade
do processo educativo, levando o aluno a ser reflexivo, agente atuante do processo na
busca de novos conhecimentos que tenha relação com sua vida escolar e a sua realidade
de vida.
4- ASPECTOS RELEVANTES - positivos e negativos dos trabalhos desenvolvidos do
Projeto Segundo Tempo na localidade.
É importante que a educação esportiva seja realizada com qualidade, o
professor/ educador necessita está sempre capacitado e acompanhando as mudanças
para dá uma melhor qualidade as aulas, beneficiando assim seus alunos.
O Projeto Segundo Tempo veio nos trazer a oportunidade de termos coragem de
aceitar as inovações metodológicas do ensino e desenvolvimento nos esportes. Segundo
o projeto, o ensino do esporte não fica limitado à concepção da educação física, tão
pouco se limita ao ensino da técnica esportiva. Não devemos esquecer que o projeto
também veio trazer oportunidade para os estagiários e os professores de educação física
na rede municipal e na rede estadual para fazer o curso de especialização em Esporte
Escolar.
Dentro da nossa unidade de ensino como já citado em outras oportunidades o
Projeto Segundo Tempo funcionou com algumas dificuldades, o espaço físico onde era
desenvolvido o trabalho não tinha cobertura e o sol escaldante em determinados
momentos chegava a incomodar.
O material enviado pelo projeto não era de boa qualidade, as bolas eram duras
chegando até a machucar os alunos, e com pouco tempo de uso estouravam. Chegamos
muitas vezes a recorrer ao nosso material que também já não era suficiente, tudo para
não prejudicarmos o andamento das aulas.
A quadra muitas vezes precisava ser dividida para que as aulas do turno normal
da unidade de ensino não chegassem a ser prejudicada e em algumas vezes tínhamos
que fazer rodízio da mesma. Outro ponto que dificultou o nosso trabalho foi à merenda
que deveria ter sido enviada pela comissão do projeto, não acontecendo, com isso
muitas vezes não conseguíamos estender as nossas aulas para não prejudicar os alunos.
Apesar de toda carência existente nossos alunos nos surpreendiam a cada
momento. A bagagem cultural trazida por eles, à diversidade de atividades, a variedade
de experiências motoras, ou seja, a aprendizagem gerada com o jogo criado em
determinados momentos, o controle das progressões das tarefas propostas para que o
aluno aumente o conhecimento e resolvam os problemas mais complexos, esses
conceitos facilitaram a aprendizagem gerando cada vez mais uma motivação pessoal,
uma autonomia, uma consciência coletiva voltada para formação da personalidade dos
mesmos.
Quanto ao grupo de alunos era de faixa etária entre doze e quatorze anos e turma
mista, sendo vinte e oito masculinos e vinte e dois femininos, em determinados
momentos apresentando algumas dificuldades na relação sócio-afetivas por não terem
hábito de trabalharem em conjunto, mesmo assim o trabalho conseguiu fluir de forma
desejada.
Um diagnóstico interessante quanto à participação de alguns alunos que não
conseguiam fazer as aulas de educação física com espontaneidade, e com a mudança
metodológica e pedagógica introduzida no sistema de aula, eles passaram a ganhar
motivação e entusiasmo com maior participação.
Uma visão importante é que os participantes entenderam que é necessário mudar
às vezes a concepção do esporte para poder facilitar o aprendizado do mesmo. Ficou
claro e positivo pelos participantes que jogar não significa ser habilidoso, o que
interessa é a forma como se joga e para que se jogar.
5 – ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES - que podem ser comparados em coleta de
dados.
O trabalho realizado teve como objetivo ampliar a motivação dos alunos em
participar das aulas de educação física tendo com o handebol uma atividade presente na
comunidade escolar, mas necessitando de uma motivação maior para que seja mais
praticada na escola.
A coleta de dados realizada através de questionários indica o interesse maior
pelas atividades e demonstra a necessidade dos alunos em ocupar o seu tempo livre, e
nessas amostras foi realizada uma avaliação a partir das anotações e observações dos
alunos que eram feitas sempre no momento final das aulas.
A pesquisa utilizada conseguir de certa forma provar que o grande número de
atividades vivenciadas, as adaptações tanto nas regras e normas esportivas do handebol
durante as aulas do Programas Segundo Tempo foram benéficas para o
desenvolvimento cognitivo e psicomotor dos alunos.
Para Marques, (2000) se as experiências da prática não se adequarem ao
princípio do primado da escola, na estruturação das atividades haverá, então, que
encontrar condições mais favoráveis da preparação esportiva que, todavia não poderão
passar nunca pelo abandono da escola.
As variadas práticas pedagógicas e metodológicas realizadas atendem a
necessidade de motivação no ato de jogar, contribuindo diretamente no aprendizado
motor e na ampliação do conhecimento do handebol.
Essas práticas como: adaptação às regras do jogo de handebol, o jogo do
queimado, as atividades com bola de meia e as várias formas de fazer o grande jogo
contribuíram para o conhecimento do jogo de handebol com uma maior inclusão,
participação e levando uma maior interação entre os alunos.
O sistema metodológico e pedagógico do ensino pode ser alterado pelo
professor/ educador sempre que achar e perceber em seus alunos atitudes que necessite
alguma alteração.
Mesmo considerando os diversos fatores que interferem no momento da prática,
as diversas faces metodológicas e pedagógicas podem ser exploradas e utilizadas nessa
nova tendência modernista da área do esporte escolar.
Em relação às atividades que foram realizadas a maioria dos participantes se
envolveu e apresentaram desejo de continuidade das atividades dentro das aulas de
educação física da escola.
Quanto à preferência das atividades que foram desempenhadas, ficou evidente
que o grande jogo jogado com algumas regras tradicionais foi o mais solicitado, em
segundo lugar foi os jogos pré-desportivos e por último os jogos lúdicos recreativos.
É evidente que o ato de jogar handebol foi maior destaque, pois a prática desse
esporte na escola já tem um grande número de participantes, mas o grande desafio foi
mostrar que as atividades lúdicas e as pré-desportivas são necessárias para a prática do
esporte handebol e a aquisição de conhecimentos que leva ao entendimento melhor da
vivência prática desse esporte, e que jogar o esporte não significa ser ou não ser
habilidoso, o que interessa é a forma com que se joga e para que se jogue o esporte. O
jogo tem várias formas de ser interpretado, depende muito do professor-educador e do
aluno como é que será conduzida essa interpretação.
O esporte deve ser considerado como um todo, sem ser uma manifestação de
forma única, com abertura para outros processos de desenvolvimento humano HUNZ,
(2004, p.60).
O esporte na escola é essencial para os alunos, os mesmos se empenharam
bastante para desenvolver suas habilidades, competências, sentindo a alegria e o prazer
de jogar a cada momento proporcionado na escola. Sendo assim as aulas de educação
física deve dar a continuidade do tema para aprimorar os conhecimentos adquiridos.
A pesquisa realizada através da coleta de dados foi desenvolvida com a turma
mista de 50 alunos no Projeto Segundo Tempo. Nos dados coletados houve a
preocupação em saber a quantidade de aulas que cada aluno participou, a participação
nas aulas teóricas , a atividade de maior interesse, o que sabiam sobre o conhecimento
do handebol e qual a atividade que mais gostariam de vivenciar.
Segue abaixo os resultados obtidos junto aos alunos com suas específicas
perguntas e resultados.
TABELA 1 – Quantas aulas você participou com o tema handebol?
OPÇÕES RESULTADO
Abaixo e cinco 5%
De 6 a 10 10%
De 11 a 16 85%
A tabela 1 demonstra um percentual maior de alunos participantes. É um
indicativo motivacional por parte dos alunos em participar das aulas.
TABELA 2 – Quantas aulas teóricas você participou?
OPÇÕES RESULTADO
Apenas um 10%
De dois a três 10%
De quatro a cinco 80%
Na Tabela 2 demonstra que 40 (quarenta) alunos participaram das aulas
teóricas.Esse resultado indica a necessidade de realizar aulas expositivas para que o
aluno perceba e desperte interesse pela reflexão, debates e trocas sobre o conteúdo
significativo a ser explorado.
TABELA 3 – Que parte de aula você mais gostou?
OPÇÕES RESULTADO
As atividades recreativas 5%
Os jogos pré-desportivos 5%
Grande jogo de handebol 90%
Na Tabela 3 o que apresenta é o desejo de jogar independente de uma base de
aprendizagem através do jogo. Os alunos no seu cotidiano estão sempre jogando,
aplicando as suas próprias regras, por isso é importante a intervenção do professor para
sistematizar o ensino-aprendizagem.
TABELA 4 – Qual seu interesse pelo conhecimento do handebol?
OPÇÕES RESULTADO
Pouco 15%
Muito 70%
Nenhum 5%
Na Tabela 4 o quadro demonstrativo apresenta mais uma vez o interesse dos
alunos na busca ao conhecimento . O handebol é uma atividade do cotidiano do aluno
no âmbito escolar.
TABELA 5 – Qual das atividades você gostaria de vivenciar?
OPÇÕES RESULTADO
Torneio de Handebol 10%
Jogos Amistosos 5%
Jogos de Handebol na Educação Física 85%
Na Tabela 5 se percebe o interesse dos alunos em dar continuidade ao processo
do ensino-aprendizagem novas formas de processos pedagógicos e metodológicos,
levando-os a conhecer e vivenciar o jogo/esporte do handebol.
6- CONCLUSÃO
Diante de todas as experiências vivenciadas no que se refere a aprendizagem do
handebol, levando em consideração as práticas pedagógicas e metodológicas é
necessário a constante avaliação desses processos nas atividades do ambiente escolar, é
claro que não só a modalidade handebol, mas outras atividades devem sofrer alterações
no processo de ensino-aprendizagem na escola, adequando-se ao contexto da realidade e
suas variáveis.
A essência das mudanças é para uma procura maior dos alunos nas atividades da
educação física escolar e o conhecimento mais aprofundado do fazer pedagógico, sendo
assim, os alunos terão maiores condições de aprender os esportes de uma forma mais
satisfatória, e ao mesmo tempo melhoria da capacidade individual de criar situações
motoras e/ou atividades no momento da aula e fora dela.
A utilização adequada do esporte é um forte instrumento para socializar e
ensinar a criança valores como a solidariedade, a cooperação, a autonomia e o respeito
que podem fazer dela um grande cidadão.
Os princípios do esporte educacional são as lentes através das quais
visualizamos o esporte como elemento formativo. A percepção clara desses princípios
acredita ser a garantia de utilização das potencialidades educativas do esporte, visando á
formação de um homem e uma sociedade melhor, menos competitiva, mais solidária.
No esporte, mais educação e menos adestramento, mais cooperação e menos
competição. O Programa Segundo Tempo é fundamental, um convite à parceria em que
se consubstancia em princípios claros, em objetivos definidos e em metas a serem
traçadas pelo educador. Acreditamos nas possibilidades educativas do esporte voltadas
para uma perspectiva de formação que o aluno/cidadão, crítico participativo, solidário e
não homem máquina que corre sem saber para onde, que jogue sem prazer ou por uma
noção de prazer que lhe é imposta.
Oportunizar uma prática esportiva que seja um caminho na construção da
cidadania, desenvolver conhecimentos, significados, conceitos de interações variadas,
múltiplas e complexas a partir das quais todo o aluno seja sujeito principal do seu
processo de aprendizagem.
Vale ressaltar que não se deve ministrar o esporte pelo jogo, porém o esporte de
uma forma contextualizada.
O esporte hoje, se não for o maior, é um dos maiores fenômenos de aglutinação
e aproximação dos seres humanos, com valiosos instrumentos, para oferecer
intercâmbio, atividade física e cultural para as pessoas, portanto quem faz esporte
precisa tratá-lo com mais ética.
É conclusivo que houve maior motivação por parte dos alunos, aumentando o
interesse pelas atividades da educação física escolar e a freqüente busca por momentos
como esse, dentro do recinto escolar, para fazer atividade lúdico-recreativa
especialmente no tempo vago existente.
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BENTO, F.O., Novas motivações modelos e concepções desportivas – 1991.
BRACHT. Valter – Educação Física e aprendizagem Social. Porto Alegre Magister
1992.
CALDAS, Iberê (2006) o Desporto na escola. Recife: FASA, 2006.
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KUNZ, E. Didática da Educação Física 2. Ijuí: Unijuí, 2001.
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SADI, R. S. Boletim Brasileiro de Esporte Escolar. www.esporteescolar.org / Pedagogia
do Esporte Vol. 1 nº. 3 Goiás – 2004.
TANI, Go Educação Física Escolar: Fundamentos de uma abordagem
desenvolvimentista. São Paulo. EPU. Editora. USP, 1988.
TAVARES. Machado. O Ensino do Jogo na escola: Recife EDUPE, 2003.
PIRES, G. O Desporto do Século XXI, os Novos Desafios: Portugal, 1992.
COLETA DE DADOS
(ANEXO 1)
A coleta de dados tem a intenção de verificar as necessidades e as dificuldades
dos alunos relacionada às aulas do PST que tem como tema o conhecimento do
handebol.
QUESTÕES
1- Quantas aulas você participou com esse tema?
() abaixo de 5
() de 6 a 10
() de 11 a 16
OBS: Foram realizadas dezoito (18) aulas, durante dois meses com esse tema.
2- Quantas aulas teóricas você participou?
() apenas 1
() de 2 a 3
() de 4 a 5
OBS: Foram realizadas quatro (04) aulas teóricas sobre o tema.
3- Que parte de aula você mais gostou?
() as atividades recreativas
() os jogos pré-desportivos
() o jogo de handebol propriamente dito
4- Qual seu interesse pelo conhecimento do handebol?
() nenhum
() pouco
() muito