Itaoca (SP) : histórico de acidentes e desastres relacionados a perigos geológicos. -...
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ITAOCA (SP) : HISTÓRICO DE ACIDENTES E DESASTRES RELACIONADOS A PERIGOS
GEOLÓGICOS
Maria José BROLLO,
Jair SANTORO, Denise ROSSINI
PENTEADO, Paulo César
FERNANDES DA SILVA,
Rogério Rodrigues RIBEIRO
- deflagrados por chuvas concentradas, de alta intensidade e em um curto período de tempo.
- escoamento intenso de água superficial decorrente de precipitações excepcionais que mobiliza grande quantidade de blocos, fragmentos de rocha e massas de solos em encostas e canais de drenagem (VARNES, 1978; COSTA, 1984).
INTRODUÇÃO
CORRIDAS DE MASSA (debris flows) - tipo de movimento
gravitacional de massa rápido, caracterizado pela mobilização de grande quantidade de material e com grande raio de alcance (até alguns quilômetros) que se desenvolvem na forma de escoamentos concentrados em canais de drenagem, com grande potencial destrutivo (INFANTI JR & FORNAZARI, 1998).
- Nos últimos anos - Aumento no número de ocorrências de movimentos de massa (CORRIDAS DE MASSA e processos correlatos)
- Danos - grande número de pessoas afetadas, impactos sociais, prejuízos econômicos e perdas de vidas
Este artigo visa mostrar o histórico de eventos críticos ocorridos no município
- Santa Catarina (2008), - Rio de Janeiro (2011 e 2013), - porções da Serra do Mar –
Cubatão, São Sebastião (2013 e 2014)
- Itaoca (2014)
O MUNICÍPIO DE ITAOCA (SP)
Área = 183 km2
Altitude = 155mPopulação = 3.195hab.
Baixo índice de desenvolvimento e tímido desempenho econômico
Empregos formais:61,7% = serviços 16,7% = construção 11,6% = atividades
agropecuárias
Apiai
Adrianópolis (PR)
Ribeira Centro
Rio Palmital
Cór.Guarda
Mão
Rio Ribeira de Iguape
Lajeado
Iporanga
Depósitos aluvionares: areia, areia quartzosa, casacalheira, silte, argila e localmente turfa
Granito Itaoca: granitoides calcioalcalinos monzoniticos de K, tipo I
Formação Serra da Boa Vista: metrarenito com estratificação cruzada cavalgante, intercalações de metassiltito e filito
Formação Mina de Furnas: metacalcarenito com estratificações cruzadas, metacalcilutito calcítico, metabrecha carbonática
Formação Betari, unidade pelítica: ardósia e filito (metassiltito/metargilito rítmicos gradando para metarenito
Hornfels
- relevo é fortemente ondulado a montanhoso,
- vertentes de formas convexo-côncavas e retilíneo-côncavas,
- amplitudes de 100-300m (por vezes superior)
- declividades médias de 20-35%.
- alta densidade de drenagem, com vales estreitos e profundos, na maior parte desprovidos de planície de deposição.
CLIMA
Tipo Cfa : clima tropical, com verão quente, sem estação seca de inverno, temperatura média do mês mais frio entre 18°C e -3°C
Total pluviométrico anual médio em torno de 1.340mm (série histórica de jan2011-dez2014, de CEPAGRI, 2015)
Meses de verão com médias pluviométricas mensais de:136,85 mm(dez), 185,6 mm(jan), 106,6 mm(fev), 119,7 mm(mar).
5 eventos críticos nos últimos 23 anos em Itaoca: 1991, janeiro/1997, março/1998, janeiro/2011, janeiro/2014
HISTÓRICO DE ACIDENTES EM ÁREAS DE RISCO EM ITAOCA
Evento de 1991Apenas relatado por moradores e não há informações sobre possíveis impactos.
- cheia do Rio Ribeira de Iguape
- inundação atingindo a área urbana, provocando remanso das águas do rio Palmital e seus afluentes pela margem esquerda, onde está Itaoca.
- área crítica de inundação = várzea, na confluência entre os rios Palmital e Ribeira do Iguape.
Evento de janeiro de 1997
- a área atingida por inundação = 1ha, nas moradias entre o rio e a via de acesso à cidade. A água não chegou aos pontos centrais de Itaoca.
- Não se tem informações sobre volume de chuva e danos.
- a área atingida por inundação =1ha, nas moradias entre o rio e a via de acesso à cidade. A água não chegou aos pontos centrais de Itaoca.
- - Não se tem informações sobre volume de chuva e danos.
- cheia do Rio Ribeira de Iguape - inundação atingindo a área
urbana, provocando remanso das águas do rio Palmital e seus afluentes pela margem esquerda, onde está Itaoca.
- área crítica de inundação = várzea, na confluência entre os rios Palmital e Ribeira do Iguape.
Simulação
Evento de janeiro de 1997
- chuvas fortes em 10 de março de 1998,
- registro de queda de barreiras e de desabrigados devido ao transbordamento de rios e de córregos (IPMET, 2015).
Evento de março de 1998
- Não se tem informações sobre volume de chuva e danos.
- inundação do Córrego da Laje, tributário do Rio Palmital, que atravessa a área central de Itaoca, provocada por barramento e refluxo na sua foz junto ao rio Palmital, após aumento de seu nível.
- Relato de moradores e informações de CBH-RB (2012)
- Não se tem informações sobre volume de chuva e danos.
Simulação
Evento de janeiro de 2011
Desastre de janeiro de 2014 – características físicas
Em janeiro/2014 o município foi atingido por processo de inundação súbita, devido a chuvas excepcionais em áreas de cabeceira de drenagem, concentradas nas nascentes da bacia do Rio Guarda Mão e em outras sub-bacias do Rio Palmital, na região da Serra da Boa Vista, e nas cabeceiras da bacia do Rio Gurutuba, à jusante da área urbana de Itaoca.
Desastre de janeiro de 2014 – características físicas
- início da chuva = 19:30h de 12/01/2014, estendendo-se até a manhã do dia 13/01/2014.
- Estima-se que o processo tenha sido deflagrado pela ocorrência de um acumulado de cerca de 150mm de chuva em um período de 6 horas, concentrado nas cabeceiras das drenagens, o que gerou a elevação súbita (entre 4 a 5m) do nível do rio Palmital.
Total pluviométrico anual médio = 1.340mm
Médias mensais no verão:136,85mm (dez), 185,6mm(jan), 106,6mm(fev), 119,7mm(mar)
Obs: na área Central de Itaoca choveu apenas 18,6mm em 12/01/2014 (Est. Met. Autom. CEPAGRI, situada na extremidade leste da zona urbana do município).
A chuva intensa ocorrida nas cabeceiras em curto espaço de tempo, associada aos escorregamentos que ocorreram nas encostas, deflagrou um processo de enxurrada e corrida de detritos, com forte potencial de arrasto e destruição, gerando grande aporte de materiais (sedimentos, blocos rochosos e seixos de tamanhos variados, entulhos, árvores e vegetação ciliar).
Desastre de janeiro de 2014 – características físicas
O material transportado neste processo gerou assoreamento, entulhamento e barramento do fluxo de água ao longo da drenagem, com consequente transbordamento e inundação no entorno dos rios, além da alteração do curso dos rios em alguns pontos.
Em consequência, uma extensa faixa do entorno dos rios foi devastada, incluindo mata ciliar, arraste de árvores de grande porte e de edificações (moradias e pontes).
Rio Palmital
Rio Gurutuba
Córre
go G
uard
a Mão
Rio Palmital
Rio Palmital
Rio Gurutuba
Córre
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a Mão
Rio Palmital
Serra da Boa Vista Bacia do Rio Gurutuba
Bacia do Cór. Guarda Mão
Vista do Vale do Rio Palmital, ao norte do município de Itaoca, mostrando no quadrante superior direito as vertentes da Serra da Boa Vista e inúmeras cicatrizes de escorregamento originadas no evento chuvoso de janeiro de 2014. Fonte: Google Earth, de 10/09/2014.
Cicatrizes de escorregamento na Serra da Boa Vista, nas cabeceiras da bacia do Rio Palmital, próximo à divisa do município de Apiaí. O material proveniente destes escorregamentos alimentou enxurradas e corridas de massa que atingiram o Rio Palmital. Foto: acervo IG, 09.09.2014
Rio Gurutuba
Bacia do Rio Gurutuba, mostrando suas cabeceiras e as três drenagens afluentes afetadas e inúmeras cicatrizes de escorregamento originadas no evento chuvoso de janeiro de 2014. Fonte: Google Earth, de 10/09/2014
Cicatrizes de escorregamento na Serra de Gurutuba, nas cabeceiras da bacia do Rio Gurutuba, no extremo nordeste do município de Itaoca. O material oriundo destes escorregamentos alimentou as enxurradas e corridas de massa que atingiram o Rio Gurutuba. Fotos: acervo IG, 13.02.2014.
Bacia do Rio Gurutuba Bacia do Cór. Guarda Mão
Bacia do Córrego Guarda Mão, afluente do Rio Palmital, mostrando: cicatrizes de escorregamento originadas no evento chuvoso de janeiro/2014; efeitos dos processos de corrida de massa e enxurradas ao longo das linhas de drenagem principais. Fonte: Google Earth, de 10/09/2014
ETA-SABESP, no Bairro de Guarda Mão, afetada pelos processos. Observa-se grande quantidade de troncos de árvores e de sedimentos transportados e depositados, obstruindo o canal de drenagem e, ao fundo cicatriz de escorregamento na cabeceira da Bacia do Ribeirão Guarda Mão. Foto: acervo IG, 14.01.2014
- município decretou estado de calamidade pública,
- 25 óbitos (0,8%), - 3 desaparecidos, - 203 pessoas afetadas (6,4%) -
desabrigados e desalojados. - Vários núcleos urbanos
afetados, - Atingidos = 100 moradias e
estabelecimentos comerciais. - 19 moradias foram
integralmente destruídas e arrastadas pelas águas,
Desastre de janeiro de 2014 – danos
- danos estruturais em pontes, - interrupção da rede de
transmissão de energia elétrica e telefone,
- destruição da estação de tratamento de água da SABESP-Guarda Mão,
- deposição de espessa camada de sedimentos e entulhos nas ruas e nas frentes e quintais das moradias.
- moradias situadas ao longo das margens esquerda e direita do rio Palmital foram afetadas com diferentes graus de intensidade e de danos aos bens e propriedades,
- barramento do canal de drenagem por material retido na altura da ponte Centro-Vila Ribas e consequente refluxo, turbilhonamento e desvio do escoamento das águas fluviais em direção às moradias da Vila Ribas.
- À jusante da ponte, na margem esquerda, também foram registrados atingimentos de moradias, porém com menor intensidade.
Desastre de janeiro de 2014 – danos na área central de Itaoca
- Os maiores níveis de atingimento das águas de enxurrada e inundação, medidos em campo, foram de 2,13m e 2,21m respectivamente no Centro e na Vila Ribas.
Área central de Itaoca, com vista parcial da ponte que obstruiu o material carreado pela enxurrada de 12 e 13/012014, elevando-se a uma altura de 2 a 3m acima do nível da ponte. Foto: acervo IG, 14.01.2014
Área central de Itaoca. Entorno da ponte que obstruiu o material carreado pela enxurrada de 12 e 13/01/2014. Os maiores níveis de atingimento das águas, medidos em campo, foram de 2,13 m. Foto: acervo IG, 14.01.2014
Vila Ribas, Centro - Vista geral do local onde havia moradias que foram arrastadas pelas águas. Os maiores níveis de atingimento das águas de enxurrada e inundação, medidos em campo, foram de 2,21m.
- às margens do Rio Palmital, - bastante atingido,
especialmente no entorno de uma ponte de concreto, que provocou o barramento de detritos e refluxo de água à montante, destruindo moradias e provocando 2 óbitos.
- Posteriormente, a ponte foi arrastada a uma distância de 500m rio abaixo.
Desastre de janeiro de 2014 – danos nos Bairro de Lajeado
- Neste núcleo urbano o maior nível de atingimento das águas de enxurrada e inundação foi de 1,80m, conforme medições em campo.
Vista da porção posterior das moradias, mais próximas ao Rio Palmital, onde se observa as marcas de água de inundação e de enxurrada. Em primeiro plano a marca de água atingiu 1,56m. Em segundo plano atingiu 1,38m. (Fonte: acervo IG, foto de setembro de 2014).
Ponte de concreto destruída, no Bairro Lajeado, tendo sido arrastada 500m rio abaixo, após provocar o barramento dos detritos e refluxo da água e inundação. Fonte: acervo IG, 07.10.2014
- Bacia do Guarda-Mão (entre o bairro Lajeado e a área central de Itaoca), foram registradas as chuvas mais intensas e concentradas.
- quase todas as moradias foram afetadas e arrastadas pela enxurrada, provocando a morte de 23 moradores.
- Toda a enxurrada, bem como os detritos foram carreados à jusante, somando-se à contribuição do Rio Palmital, afetando a área central de Itaoca.
Desastre de janeiro de 2014 – danos nos Bairro de Guarda-Mão
- Gurutubinha de Cima (nível máximo de atingimento de 1,40m),
- Gurutubinha de Baixo (nível máximo de atingimento de 1,90m),
- Gurutuba do Martins (nível máximo de atingimento de 2,60m).
- Não houve registro da quantidade de chuva que caiu ao longo desta bacia.
Desastre de janeiro de 2014 – danos em bairros rurais ao longo do Rio Gurutuba
Gurutubinha de Baixo. Edificação com marca de atingimento de inundação em 1,83m de altura. (Fonte: acervo IG, out2014)
Gurutuba dos Martins. À esquerda, moradias afetadas. À direita o Rio Gurutuba, muito próximo da casa e com inúmeros blocos rochosos em seu leito. Fundos da moradia, com marca d’água em 2,60m (Fonte: acervo IG, set2014) .
- o município não estava preparado para enfrentar qualquer situação de risco de desastre,
- iniciou-se o apoio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC) visando instrumentalizar o poder público municipal no enfrentamento deste tipo de situação.
- elaborada uma avaliação de riscos (IG-SMA, 2015), contendo o diagnóstico de perigos e riscos em escala regional e local.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
- Dentre as recomendações sugeridas:- monitoramento climático
e pluviométrico, - treinamento da população
em percepção de riscos e - implantação de Sistemas
de Alerta, conforme indicado no Programa Estadual de Prevenção de Desastres Naturais e Redução de Riscos Geológicos (Decr. Est. nº 57.512, de 11/11/2011).
http://www.sidec.sp.gov.br/producao/map_risco/pesqpdf3.php?id=417
CONSIDERAÇÕES FINAIS
- Dentre as recomendações sugeridas:- monitoramento climático
e pluviométrico, - treinamento da população
em percepção de riscos e - implantação de Sistemas
de Alerta, conforme indicado no Programa Estadual de Prevenção de Desastres Naturais e Redução de Riscos Geológicos (Decr. Est. nº 57.512, de 11/11/2011).