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RESBCAL, São Paulo, v.1 n.2, p. 155-162, abr./maio/jun. 2012 155 ISSN 2238-1589 RESUMO 1 Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental FMUSP – LIM 26 2 Laboratório de Patologia Cardíaca – INCOR- HCFMUSP * Autor para correspondência: Sueli B. Damy E-mail: [email protected] Data de recebimento: 10/10/2011 Aceito para publicação: 02/04/2012 ARTIGO ORIGINAL RATOS ISOGÊNICOS F344: MODELO BIOLÓGICO PARA ACESSO EM ABDÔMEN INFECTADO Nagamassa Yamaguchi 1 ; Sueli Blanes Damy 1 *; Márcia M. Reis 2 ; Sergio Murilo M. Borges 1 ; Maria de Lourdes Higuchi 2 ; Junko Takano Osaka 1 ; José Otoch Pinhata 1 Objetivo: Desenvolvimento de um modelo biológico para acesso cirúrgico em abdômen infectado, em ratos isogênicos F344, com 10-11 meses de idade, submetidos à peri- tonite por E.coli (Escherichia coli) e anastomose de cólon ascendente, estudando as e baço. Material e Método: Foram formados 4 grupos de machos e 4 grupos de fêmeas: G1 inoculado com uma suspensão contendo 1-8 x 10 6 UFC (Unidade formadoras de colônias)/mL de E.coli; G2 submetido a anastomose de cólon ascendente; G3 inoculado com a suspensão de E.coli e submetido à anastomose de cólon ascendente 24 horas após a infecção; G4 controle. Decorridas 48 horas da infecção e 24 da cirurgia os ratos Resultados: 6,67±2,04 µm 6,16±2,39 µm respectivamente, e maiores quando comparadas com os grupos inoculado e controle (2,48±1,36 µm e 3,83±2,19 µm). Conclusão: As lesões meses de idade, inoculados por E.coli, são modelos biológicos adequados para estudos Palavras-chave: 1 INTRODUÇÃO Na clínica médica, em algumas circunstâncias, há necessidade de intervenções cirúrgicas em abdômen infectado, como em trauma abdominal, - gridade de uma víscera permitindo a passagem de microorganismo do lúmen, sendo a cicatrização destas cirurgias afetadas pela presença de bacté- rias 1,2 . A resposta sistêmica a sepse caracteriza-se por aumento da temperatura, aumento dos bati- mentos cardíacos, aumento da taxa respiratória, leucocitose com 10% de células imaturas, hipoten- são e anormalidade na perfusão dos órgãos. Este quadro pode levar a múltipla falência dos órgãos, em que o paciente não recupera a homeostase sem intervenção terapêutica intensiva 3 . Os estudos experimentais da patogênese e evolução da sepse foram baseados em pesquisas realizadas com modelo animal que mimetiza al- guns aspectos da doença humana 4,5,6,7 . Em muitos

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RESBCAL, São Paulo, v.1 n.2, p. 155-162, abr./maio/jun. 2012 155

ISSN 2238-1589

RESU

MO1 Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental FMUSP – LIM 26

2 Laboratório de Patologia Cardíaca – INCOR-HCFMUSP

* Autor para correspondência: Sueli B. Damy

E-mail: [email protected]

Data de recebimento: 10/10/2011Aceito para publicação: 02/04/2012

artIgo orIgINal

RATOS ISOGÊNICOS F344: MODELO BIOLÓGICO PARA ACESSO EM ABDÔMEN INFECTADO

Nagamassa Yamaguchi1; Sueli Blanes Damy1*; Márcia M. reis2; Sergio Murilo M. Borges1; Maria de lourdes Higuchi2; Junko takano osaka1; José otoch Pinhata1

objetivo: Desenvolvimento de um modelo biológico para acesso cirúrgico em abdômen infectado, em ratos isogênicos F344, com 10-11 meses de idade, submetidos à peri-tonite por E.coli (Escherichia coli) e anastomose de cólon ascendente, estudando as

e baço. Material e Método: Foram formados 4 grupos de machos e 4 grupos de fêmeas: G1 inoculado com uma suspensão contendo 1-8 x 106 UFC (Unidade formadoras de colônias)/mL de E.coli; G2 submetido a anastomose de cólon ascendente; G3 inoculado com a suspensão de E.coli e submetido à anastomose de cólon ascendente 24 horas após a infecção; G4 controle. Decorridas 48 horas da infecção e 24 da cirurgia os ratos

resultados:

6,67±2,04 µm 6,16±2,39 µm respectivamente, e maiores quando comparadas com os grupos inoculado e controle (2,48±1,36 µm e 3,83±2,19 µm). Conclusão: As lesões

meses de idade, inoculados por E.coli, são modelos biológicos adequados para estudos

Palavras-chave:

1 INTRODUçãO

Na clínica médica, em algumas circunstâncias, há necessidade de intervenções cirúrgicas em abdômen infectado, como em trauma abdominal,

-gridade de uma víscera permitindo a passagem de microorganismo do lúmen, sendo a cicatrização destas cirurgias afetadas pela presença de bacté-rias1,2. A resposta sistêmica a sepse caracteriza-se

por aumento da temperatura, aumento dos bati-mentos cardíacos, aumento da taxa respiratória, leucocitose com 10% de células imaturas, hipoten-são e anormalidade na perfusão dos órgãos. Este quadro pode levar a múltipla falência dos órgãos, em que o paciente não recupera a homeostase sem intervenção terapêutica intensiva3.

Os estudos experimentais da patogênese e evolução da sepse foram baseados em pesquisas realizadas com modelo animal que mimetiza al-guns aspectos da doença humana4,5,6,7. Em muitos

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desses trabalhos foi utilizado o mais numeroso e conhecido dos microorganismos aeróbios faculta-

Escherichia coli (E. coli), por apresentar impor--

gicas normais do intestino do hospedeiro, porém tornando-se patógeno oportunista quando fora de seu habitat natural4,8,9.

-fagos, mastócitos, células endoteliais e células natural killer, tem sua síntese estimulada por agentes infecciosos, incluindo as bactérias e seus lipopolissacárides, exotoxinas bacterianas, protozoários, fungos e partículas virais. Trata--se de um pirogênio endógeno com claras ações

partir da medula óssea; induz a marginação de

incluindo a desgranulação e produção de radicais superóxidos; promove a diferenciação de células precursoras mielóides em monócitos e macrófa-gos; induz a ativação dos macrófagos. Além de modular a função imune é um potente efetor de funções metabólicas nos tecidos somáticos: au-menta o transporte de glicose na membrana plas-

de lactato; aumenta a degradação de proteínas na musculatura esquelética estriada; em contraste a essa função catabólica anteriormente descrita, o

-tos, aumentando a expressão de proteinas de fase aguda e estimulando a captação de amino ácidos, estimula a liberação direta de triglicérides a partir dos adipócitos e estimula a lipogênese hepática, promovendo a diminuição do tecido gorduroso corporal e a hipertrigliceridemia vistos em diver-sos estados catabólicos. Outra ação importante

cicatricial e no remodelamento das feridas; produz aumento da permeabilidade vascular; estimula

outro lado, sua secreção exagerada ou crônica pode estar associada a duas situações clínicas par-ticulares e graves, a primeira associada a doenças malignas e síndromes paraneoplásicas e a segunda

ao colapso cardiovascular associado à infecção severa e endotoxemia: caquexia e choque10,11.

2 OBjETIvO

Desenvolvimento de um modelo biológico para acesso cirúrgico em abdômen infectado, em ratos isogênicos F344, com 10-11 meses de idade, submetidos à peritonite por E.coli e anastomose de cólon ascendente, avaliando as alterações clínicas e histopatológicas na área perianastomótica, fíga-

nestes órgãos.

3 MATERIAL E MÉTODOS

Animais

Foram utilizados 32 ratos isogênicos F344 com 10-11 meses de idade, 16 machos e 16 fêmeas, convencionais, oriundos do Biotério Central da Faculdade de Ciências Farmacêuticas/Instituto de

durante todo o período experimental em ambiente convencional, recebendo água e ração (Nuvital

ad libitum. Todos os procedimentos descritos para manipulação dos animais estão de acordo com as normas éticas indi-cadas internacionalmente12 e foram aprovados pela

Bactéria

Foi utilizada a bactéria Escherichia coli, cepa ATCC 11775, H7:01:K1, adquirida do Instituto Adolfo Lutz, cultivada em Ágar cérebro-coração

preparo da solução as bactérias foram coletadas na fase exponencial de crescimento e diluídas em

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Nagamassa Yamaguchi; Sueli Blanes Damy; Márcia M. Reis; Sergio Murilo M. Borges; Maria de Lourdes Higuchi; junko Takano Osaka; josé Otoch Pinhata

absorbância em comprimento de onda de 540 nm, comparando-se com a Escala de Mac Farlands13 para obtenção da unidade formadora de colônia

formadoras de colônias foi realizado pela semea-

horas de incubação a 37ºC.6

UFC/ml, por via intraperitoneal, correspondendo a 1 DL50, baseada em estudos anteriores14.

Desenho experimental

Foram formados 4 grupos de machos e 4 grupos de fêmeas: G1 inoculado com uma suspensão de E.coli; G2 submetido a anastomose de cólon as-cendente; G3 inoculado com a suspensão de E.coli e submetido à anastomose de cólon ascendente 24 horas após a infecção; G4 controle. Decorridas 48 horas da infecção e 24 da cirurgia os ratos foram eutanasiados e a alça anastomosada, o fígado, o rim e o baço foram submetidos à análise histo-

imuno-histoquímica.

Dieta pré e pós-operatória

Os ratos de todos os grupos receberam 48 horas antes da data prevista para a cirurgia e durante o pós-operatório, uma dieta líquida composta de: 10% de albumina, 10% de sacarose, dissolvidos em

ad libitum em bebedouros.

Inoculação da suspensão bacteriana

Os animais foram imobilizados por apreensão digital dorsal, cervical e lombar. Após antissepsia da parede abdominal ventral, com gaze embebida em álcool iodado a 2%, foram submetidos à pun-ção percutânea com agulha hipodérmica.

Anestesia e finalização humanitária

-

--

gado o triplo da dose da mesma associação de anestésico15.

Procedimento Cirúrgico

Após a anestesia, foi feita uma tricotomia, assepsia com iodo-povidine, incisão mediana xifóide-pubiana, os ratos foram submetidos a láparo-enterectomia, com secção de fragmento do cólon ascendente e posterior anastomose, utilizando-se: sutura contínua extra-mucosa, su-tura separada extra-mucosa, total e dois planos,

4.0. No pós-operatório os ratos foram mantidos em ambiente aquecido, aproximadamente 35ºC nas primeiras horas, em gaiolas individuais. Não foram submetidos a antibioticoterapia e analgesia, para evitar interferência na resposta, uma vez

Coleta de materiais

submetidos à necropsia, coletando-se fragmentos do cólon anastamosado, fígado, baço e rim di-reito, mantidos em solução tamponada de formol a 10%.

Processamento histológico

As amostras foram submetidas às técnicas histológicas tradicionais, cortadas a 5 µm por um

secções foram colocadas em lâminas silanizadas

pura, resultando em maior aderência do corte. A seguir foram coradas pela técnica de hematoxilina--eosina.

Detecção de TNF- por imuno-histoquímica

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centrações decrescentes de etanol até água. A peroxidase endógena foi bloqueada em peróxido de hidrogênio a 3%, em duas incubações de 10 minutos a temperatura ambiente. O antígeno foi

-pão Tris-EDTA com Tween, pH 9,0. A biotina, a avidina e as proteínas, foram bloqueadas por 20 minutos cada, a temperatura ambiente. As lâminas foram incubadas por 40 minutos, a 37ºC, com o anticorpo primário biotinilado, policlonal, anti-rat-

de imunoperoxidase, as lâminas foram cobertas por 1 minuto com a solução contendo 40 mg de

com hematoxilina de Harris.

Análise histológica

A análise foi realizada em microscópio ótico

na alça anastomosada, rim e fígado, corados por hematoxilina-eosina: edema, congestão vascular,

hemorragia focal e esteatose. No baço foi analisa--

los e tumefação de células reticulares. Os cortes histológicos tratados por imuno-

Análise estatística

Todos os resultados obtidos na análise das secções das amostras dos quatro grupos foram comparados pelo programa Sigma Stat para Win-dows, versão 1,0 (Sigma Chemical, Co, St Louis,

4 RESULTADOS

No período de observação os ratos inocu-lados com E.coli apresentaram, 6 horas após a infecção, pelos eriçados, encurvamento da região dorsal, diminuição de atividade motora; os que foram submetidos a anastomose, sem infecção, apresentavam-se com os pelos lisos, a postura e atividades motoras próprias da espécie. Foram registrados 3 óbitos: uma fêmea de G1 e uma de G3; um macho de G2.

Os aspectos microscópicos da secção do baço, rim, fígado e alças anastomosadas foram: esple-nite aguda com maior aumento de tamanho dos

as alterações apresentavam-se maiores tanto no fígado, com tumefação dos hepatócitos (degene-

tabela 1: Grupos de ratos isogênicos F344, com 10-11 meses de idade, submetidos a peritonite e anastomose de cólon ascendente.

grupo tratamento Machos(n)

Fêmeas(n)

Mortos(n)

G1 E.coli 4G2 Anastomose de cólon ascendente 4 4G3 E.coli e submetidos a anastomose 4 4G4 Controle 3 4

E.coli contendo 1-8 x 106 UFC/ml.

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proximais e distais, focos de necrose celular e nas alças anastomosadas com presença abundante de

-sa; em algumas regiões necrose da parede com

correspondeu a leitura de m=3535 ± 2347 µm/

da alça anastomosada e ausente nos demais órgãos -

na Tabela 2. Os grupos submetidos a anastomose e inoculados com E.coli e submetidos a anastomose

apresentaram médias próximas de expressão do antígeno, em ambos os grupos maiores que os grupos inoculado e controle.

5 DISCUSSãO

O presente estudo apresentou um modelo de peritonite, representado pelos ratos isogênicos F344 infectados por E.coli, intraperitonealmente, com idade entre 10-11 meses, mimetizando um ser

Figura 1:

Figura 2:hepatócitos apresentando degeneração hidrópica (seta estreira) e focos de necrose celular (seta

Figura 3: Em G3, nas alças anastomosadas presença

necrose da parede com destruição da mucosa caracterizando desarranjo da arquitetura glandular

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humano adulto com abdômen agudo necessitando uma intervenção cirúrgica.

As análises histopatológicas dos órgãos apon-taram para lesões mais graves do fígado, rins e baço no grupo inoculado por E.coli e submetido a anastomose do cólon ascendente. Estes resultados estão de acordo com estudo prévio16 em que foi

fígado, e intestino de ratos F344 inoculados com a mesma cepa de bactéria.

--

tomótico, resultado semelhante ao observado em ratos Wistar, submetidos a isquemia do cólon por ligadura dos vasos mesentéricos, com expressão

17

citocinas local e sua distribuição regional parecem ser de fundamental importância. Acredita-se que a elevação sistêmica de citocinas, observada logo

como um sinal de alarme para o resto do orga-nismo, desencadeando uma cascata de processos

a importância em termos de prognóstico, pois após

antagonistas começam a controlar a resposta pró-

como se os mecanismos antagonistas exercessem a

agudas em processos localizados18.A evidência apresentada no presente estudo

perianastomótica, tanto do grupo anastamosado sem infecção como o infectado, sugere que essa citocina poderia funcionar como um marcador em estudos de tratamentos terapêuticos, como

ativada no processo cicatricial de anastomose de cólon na presença de sepse por ligação cecal e pun-ção, tendo como um dos parâmetros para análise

-tar19. Outro estudo, sobre o papel da talidomina na cicatrização de anastomose de cólon, em ratos, apontou uma baixa formação de aderências20,

TNF da talidomida, na qual indiretamente inibiu a formação de aderências.

Nos resultados aqui discutidos, por se tratar de observação pós operatória de 24 horas, não foram observadas aderências abdominais, no entanto, em pesquisa realizada com modelo semelhante e período pós observatório de 7 dias foi constatada a formação de aderências intraabdominais21.

Um outro fator importante do presente estudo foi a utilização de alimentação líquida contendo albu-mina e sacarose, para evitar-se uma hipoglicemia

tabela 2:

grupos de ratos F344.

grupo(n)

Fração de área com antígeno

m±dpµm

p

I 2,48±1,36II 6,67±2,04 II=III p=0,786III 6,16±2,39

3,83±2,19

E.coli contendo 1-8 x 106 UFC/ml.

Figura 4:

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ABST

RACT

e hipoproteinemia em decorrência de prolongado

dos ratos ou na gravidade da resposta, uma vez que 22 relataram o efeito da

desnutrição protéica na parede intestinal do rato, através da medida da força de ruptura e dosagem de colágeno tecidual do íleo e cólon distal, observaram que a força de ruptura destes segmentos intestinais foi menor nos animais desnutridos; a perda da re-sistência mecânica foi maior no segmento do cólon distal, provavelmente pela menor concentração do colágeno tecidual nesta região do intestino.

6 CONCLUSãO

As lesões associadas à infecção aguda obser-vadas em cólon ascendente anastomosado, fígado, rim e baço, as quais foram acompanhadas pela

-matórias da área perianastomótica, sugerem que ratos isogênicos F344, com 10-11 meses de idade, inoculados por E.coli, são modelos biológicos adequados para estudos de acesso cirúrgico em abdômen com ou sem infecção.

INBRED RATS F344: BIOLOGICAL MODEL FOR ACCESS IN ABDOMEN INFECTED

objective: Development of a biological model for surgical approach to abdominal infec-tion in inbred rats F344, between10 to 11 months of age, subject to Escherichia coli (E.coli

Materials and Methods: We formed groups of four male and four female: G1 inoculated with a suspension containing 8.1 x 106 E. coli, G2 under-went anastomosis of the ascending colon; G3 inoculated with the suspension of E. coli and subjected to the anastomosis of the ascending colon 24 hours after infection, G4

results: In the quan-

and control groups (2.48 ± 1.36 µm and 3.83 ± 2.19 µm). Conclusion: The lesions as-

E. coli, are biological models suitable for studies on surgical approach to

Keywords:

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