Biomorfos Richard Dawkins Apresentado por Mafalda Goulart Nº 27876.
ISSN 2177-6725 Folha Biológica€¦ · O biólogo Richard Dawkins, no livro “O relojoeiro...
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Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Araponga, MG. Foto: Jaqueline Dias Pereira.
estudar a evolução dos diferentes grupos, estimar as épocas em que os organismos vive-ram, estabelecer as relações ecológicas entre estes, reconstruir o seu meio ambiente, as possíveis causas da sua extinção, etc.
Este trabalho não é fácil, já que o regis-tro fóssil é muito incompleto, ou seja, os a-chados fósseis representam apenas uma pe-quena parte das formas de vida que existiram na Terra. Muitas espécies extinguiram-se sem deixar rastro algum, por terem existido em um período de tempo muito curto ou por terem habitado em ambientes que não facili-tavam a sua preservação.
A história da Terra é como um livro ao qual faltam muitas páginas e às vezes capítu-los inteiros, principalmente no início deste. No entanto, com ajuda do método científico é possível preencher esse livro, pelo menos em parte, para que todos o possam ler.
Os fósseis, que nada mais são que restos de formas antigas, são conhecidos pela hu-manidade desde tempos remotos. O homem pré-histórico usava ossos fósseis como maté-ria prima para criar ferramentas e arte. E isto ainda é feito por algumas culturas primitivas.
A ciência que estuda os fósseis é a Pale-ontologia (do grego palaios=antigo, onto=ser, logos=conhecimento; "conhecimento de seres antigos"). A Paleontologia é uma ciên-cia que se situa em uma interface entre a Biologia e a Geologia, usando conhecimentos de ambas.
Poucos ramos do conhecimento têm fornecido tantas evidências em favor da evo-lução das espécies como a Paleontologia. É difícil não aceitar que as aves descendem dos répteis, após observar com atenção os restos da ave primitiva Archaeopteryx. É difícil não reconhecer o parentesco tão próximo entre o ser humano e os outros primatas, após ob-servar o esqueleto de algum hominídeo pri-mitivo.
É muito provável que os ossos e as pe-gadas de grandes animais pré-históricos te-nham dado origem às lendas sobre vários seres mitológicos. Na China os restos de di-nossauros são ainda conhecidos na lingua-gem popular dos camponeses como "ossos de dragão".
O mito do Grifo, que, segundo a narra-ção de Heródoto habitava entre a Mongólia e a China, seguramente originou-se pela obser-vação de restos de Protoceraptops (dinossauro do mesmo grupo de Triceratops), comuns nessa região.
Na Europa, algumas narrações sobre dragões como a de Siegfried e a de São Jorge, podem ter se originado pela observação das pegadas de grandes répteis do período Triás-sico, tais como Chirotherium, cujos registros são comuns na Alemanha e na Grã Bretanha.
No início do século XIX, em Connecticut, EUA, uma criança camponesa descobriu uma série de pegadas de dinossauros. A ciência ainda não conhecia a existência dos dinossau-ros naquela época e os habitantes da região atribuíram estas pegadas a "aves gigantes".
O estudo dos fósseis tem despertado a curiosidade e o fascínio desde a Antiguidade, embora atualmente a paleontologia seja uma ciência bastante desenvolvida e ampla.
Na Grécia, os sábios Anaximandro, Pitá-goras, Xenófanes e Heródoto afirmaram cor-retamente que os fósseis marinhos encontra-dos em terra firme pertenceram a animais que viveram no oceano e, consequentemente, o que agora era terra firme teria sido fundo de mar.
Esta ideia foi esquecida por séculos e só após o fim da Idade Média, retomar-se-ia a este conceito. Durante o Renascimento, Leo-nardo da Vinci estudou moluscos marinhos fósseis encontrados nas montanhas do interi-or da Itália. A explicação tradicional dizia que estas conchas teriam sido depositadas no alto das montanhas ao serem levadas pelo dilúvio relatado na Bíblia.
Da Vinci provou que isso era falso, já que as conchas encontravam-se em posição de vida, ou seja, elas viveram no próprio local em que se encontravam, e, por tanto, não foram transportadas por acidente. Ele também mos-trou que estes moluscos não poderiam ter migrado por seus próprios meios desde o litoral até o alto das montanhas durante o dilúvio universal, já que o tempo de duração do dilúvio era muito reduzido para que eles percorressem as dezenas de quilômetros que separam estas montanhas da costa. Assim, da Vinci mostrou que essas montanhas foram uma vez leito marinho permanente.
Parte do trabalho dos biólogos paleontó-logos consiste em descrever novas espécies,
Entender o presente olhando o passado
J a n e i r o / F e v e r e i r o — 2 0 1 1 V o l u m e 2 , n ú m e r o 1
Distribuição gratuita
Universidade Federal de Viçosa Campus de Rio Paranaíba
Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
ISSN 2177-6725
Folha Biológica
Nesta edição:
Qual o papel do acaso na Evolução? Pag. 2
Entenda o porquê da polêmica sobre a conservação de Matas Ciliares
Pag.3
Descubra a importância Das Unidades de Conservação para a preser-
vação da biodiversidade Pag. 4
E confira ainda as notícias que mudaram a biologia no país e no mun-
do! Pags. 2 e 3
Juan Carlos Cisneros é biólogo, mestre e doutor em Paleontologia. Atualmente é pro-fessor da UFPI e pesquisa tetrápodes do Gonduana.
Fóssil de Archaeopteryx. Foto: world wide web.
P á g i n a 2
Acontece no Brasil...
Seleção x Sorteio
Definitivamente, evolução não ocorre ao acaso. Mas afinal, o que torna a evolução biológica não aleatória?
Sem mesmo cunhar o termo “Evolução”, Darwin nos explica que as espécies sofrem mudanças ao longo das gerações, e que um processo chamado de “seleção natu-ra” atua escolhendo os indivíduos que trans-mitirão suas características aos descendentes. Em outras palavras, a seleção natural determi-na quem viverá o tempo suficiente para se reproduzir, através do instinto básico de per-petuação da espécie.
Ora, se há uma seleção, não pode haver aleatoriedade. Não existe seleção "ao acaso". Tomemos um exemplo: toda semana, inúme-ras pessoas escolhem seis números que imagi-nam (e esperam) que sejam escolhidos dentre 50 em um determinado jogo da loteria. Caso acertem, recebem uma soma em dinheiro. Em um local apropriado, há uma urna conten-do 50 bolas que representam os 50 números do jogo. Dessa urna retiram-se seis bolas, completamente ao acaso. Nenhum fator espe-cífico força a saída de um número da ur-na em detrimento de outro. Ou seja, os núme-ros são sorteados, tirados da urna aleatoria-mente, um a um. Jamais diríamos que seis números selecionados, mas sim, que foram sorteados.
Compare agora com o próximo exemplo: um determinado produtor planta feijão e retira de sua produção as sementes que utili-zará na lavoura no próximo ano. Para isso, escolhe para o próximo plantio sempre as maiores sementes. As sementes menores são enviadas à Cooperativa. Não se pode di-zer que as sementes que ele utilizará na próxi-ma safra foram escolhidas ao acaso. O produ-tor utilizou um critério que selecionou deter-minadas sementes em detrimento de outras, ou seja, selecionou uma característica. Se tal escolha lhe garantirá maior produção na próxima safra ou não, depende qua-se exclusivamente da característica em ques-
tão ser hereditária ou não. É importante ficar claro a diferença entre
sorteio e seleção. No sorteio nenhuma carac-terística em si é levada em consideração nas escolhas, tudo é ao acaso, aleatório. Em uma seleção, por outro lado, pelo menos uma ca-racterística é utilizada para separar ou esco-lher alguns membros dentro de um grupo.
Pode-se pensar que assim como no exem-plo citado, a seleção precisa de um Seleciona-dor. Definitivamente isso está correto. É ne-cessário um selecionador. No entanto, tal selecionador não precisa de inteligência, não precisa saber o que está fazendo. Volte-mos ao exemplo anterior: o agricultor sabia o que queria: queria selecionar os maio-res grãos para plantar na próxima safra. Es-te processo seletivo realizado pelo ser huma-no é conhecido como “seleção artificial” e ilustra bem o processo análogo que ocorre na natureza. Notamos claramente que o agente selecionador tem intencionalidade, pois tem um objetivo em mente; racionalidade, pois é capaz de planejar a seleção e ideali-zar um objetivo concretizado. Será en-tão que todo processo de seleção envolve intencionalidade e racionalidade?
O biólogo Richard Dawkins, no livro “O relojoeiro cego”, cita um exemplo simples de como a ordem pode surgir do caos. Ao ver-mos a deposição de pedregulhos numa praia, percebemos uma ordem. As pedras menores localizam-se na região superior, aumentando gradativamente de tamanho conforme avan-çam para o mar, muitas vezes de um modo tão meticuloso e organizado que nossa men-te poderia nos trair e nos levar a acreditar que devem ter sido intencional e racionalmente organizadas daquela maneira. Um breve re-torno à realidade nos mostra a verdade. Nas marés altas, a força das ondas empurra os pedregulhos para fora, praia acima. Entretan-to, sabe-se que os obstáculos diminuem gra-dativamente a força das ondas. Assim, en-quanto em regiões mais próximas da maré a
força das ondas é suficiente para empurrar pedregulhos maiores, quanto mais para fora, menor será a força da onda e menores serão os pedregulhos que ela pode carregar. Como a força das ondas decresce gradativamente, vemos como resultado a gradativa ordem de tamanhos nos pedregulhos. Os pedregulhos não foram espalhados lá por sorteio, ao aca-so. Foram selecionados. No entanto, não há intencionalidade nem racionalidade nesta seleção. O agente selecionador (a força das ondas) não precisa de inteligência.
Nenhum organismo vivo é alheio ao que lhe cerca. Todos interagem com o ambi-ente onde vivem, com outros integrantes de sua família, grupo, população ou espécie, com outros seres vivos, sejam eles predado-res, presas, hospedeiros, parasitas simbiontes, alimento, decompositores. Enfim, su-a vida afeta tudo ao seu redor e por tudo é afetada. Da mesma forma que os pedregu-lhos são afetados pelas ondas (entre outros fatores), os fatores que afetam um determi-nado ser vido podem agir sozinhos ou em conjunto, como agentes selecionadores, ou o que o jargão biológico chamaria de “pressões seletivas”.
Rubens Pazza é biólogo, mestre em Biologia
Celular e doutor em Genética e Evolução. Atualmen-te é professor da Universidade Federal de Viçosa, campus de Rio Paranaíba e atua na área de Genéti-ca Ecológica e Evolutiva.
F o l h a B i o l ó g i c a
Arma contra o câncer
Uma proteína descoberta m 1995 e conhecida como
TRAIL é considerada um dos mais poderosos recursos para
deter o câncer, devido a sua capacidade de aniquilar
células tumorais sem prejudicar células saudáveis. Entre-
tanto, em certos tipos de câncer, acontece uma inibição
da expressão dessa proteína e o aumento da expressão de
outra proteína, chamada PRAME, o que faz com que o
tumor se desenvolva. Ou seja, em tecidos com câncer
quase não se encontra a proteína TRAIL, e seu aumento
nas células, através da inibição da proteína PRAME, ajuda
a eliminar o tumor.
Cientistas brasileiros descobriram um mecanismo
molecular que controla essa expressão na Leucemia Mie-
loide Crônica, o que abre caminhos para novas pesquisas
de alternativas terapêuticas para outros tipos de cânceres.
Menos chuva na Amazônia
Em 2005 a Amazônia passou por uma seca muito
severa, considerada até então a pior do século. O fenô-
meno é raro e se acreditava que não seria visto por um
bom tempo. Entretanto, apenas cinco anos depois ocor-
reu uma seca ainda mais intensa. Esta seca causou eleva-
das perdas na floresta, aumentou a emissão de dióxido
de carbono com a queima da biomassa em queimadas e
diminuiu o seu consumo com a redução do processo de
fotossíntese.
O ciclo do carbono estará ameaçado se as secas na
Amazônia continuarem repetidamente. Estima-se que o
papel que a floresta tem na manutenção do equilíbrio
natural das emissões de carbono feitas pelo homem
possa chegar ao fim. Isso teria efeito devastador nas
condições climáticas mundiais.
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Brasil há mais de 30 anos,
com registro profissional e
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de atuação.
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Ameaçada de Extinção
Uma tartaruga-de-couro, conhecida também como
tartaruga gigante por ser a maior dentre todas as espécies
de tartarugas, foi encontrada com sérios ferimentos no
litoral de São Paulo. Ela se recuperou parcialmente no
Aquário Municipal de Santos, mas foi devolvida à natureza
rapidamente por se alimentar de águas marinhas, o que
torna difícil sua manutenção em cativeiro.
Estima-se que a tartaruga, pertence à espécie Dermo-
chelys coriacea, possa viver cerca de 300 anos e atingir até
3 metros de comprimento e 700 kg (marcas do maior
animal já estudado). Entretanto, os biólogos estimam que
este exemplar tenha entre 60 e 90 anos e que, portanto,
seja um indivíduo jovem. Como a espécie encontra-se em
perigo crítico de extinção, ações como a coordenada pelo
Aquário de Santos são primoridais.
Biólogo
P á g i n a 3 V o l u m e 2 , n ú m e r o 1
A vegetação marginal aos cursos de água tem classificação diversificada no Brasil em decorrência, principalmente, da sua ampla distribuição e dos diferentes ambientes em que ocorre. É tratada na literatura com uma nomenclatura variada e confusa, dentre elas, floresta (ou mata) ciliar, de galeria, de várzea, ribeirinha, ripária (ripícola) ou aluvial estão entre as denominações mais comu-mente utilizadas, das quais mata ciliar é a mais popular.
Em relação aos termos, ciliar é derivado de cílio, referindo-se a proteção; ripária significa próximo ao corpo de água; zona ripária é definida como um espaço tridimen-sional que abrange vegetação, solo e rio e ecossistema ripário quando se inclui siste-mas, processos e mecanismos. Essa vegeta-ção às margens dos cursos de água, na inter-face entre os ambientes aquáticos e terres-tres, é denominada ecótono ripário. Alguns autores utilizam o termo vegetação ripária, aplicando-o a toda e qualquer vegetação da margem, pois o termo ripário permite a-brangência não apenas da vegetação rela-cionada ao corpo de água, mas também aquela localizada nas suas margens.
A importância da vegetação ripária está relacionada às suas funções, dentre elas:
estabilidade das margens pela manuten-ção e desenvolvimento de um emaranha-do de raízes, evitando a erosão;
armazenamento e qualidade da água da microbacia por meio da filtragem de nutri-entes, sedimentos e agrotóxicos;
através de suas copas, intercepta e absor-ve a radiação solar, contribuindo para a estabilidade térmica dos pequenos cursos de água;
mantém a biodiversidade do ecossistema aquático e terrestre;
atua como corredores ecológicos que interligam diferentes unidades fitogoegrá-ficas e permitem o deslocamento de ani-mais e a dispersão de plantas;
promove o aumento da complexidade dos habitats, que constituem abrigo e fonte alimentar para as faunas terrestre e aquá-tica.
Apesar de sua inquestionável importância ambiental e social, as matas ciliares foram fragmentadas e devastadas em benefício do processo de ocupação do Brasil, para dar lugar às cidades, culturas agrícolas e pasta-gens, o que resultou na destruição dos re-cursos naturais. Além da falta de planeja-mento inicial, esse fato também ocorreu devido ao não cumprimento da lei, a falta de fiscalização e ao descaso às questões ambi-entais.
A faixa marginal aos corpos de água tem sua proteção assegurada no âmbito Federal por meio de Leis, Decretos de Regulamenta-ção, Medidas Provisórias e Resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), além de legislações estaduais. A primeira lei que estabeleceu proteção das áreas marginais dos cursos de água foi o Código Florestal (Decreto no. 23.793, de 23 de Janeiro de 1934) revogado pelo Novo Código Florestal (Lei no. 4.771, de 15 de Setembro de 1965 e suas alterações, 1986 e
1989). De acordo com o artigo 2o, as matas ciliares abrangem, como área de preserva-ção permanente, as florestas e demais vege-tações existentes ao redor dos rios, nascen-tes, lagoas e reservatórios, especificando a dimensão mínima da faixa marginal a ser preservada (30-500m). Esta lei também im-pôs a necessidade de florestamento ou re-florestamento em áreas de preservação permanente. Pelo rigor de suas restrições, atualmente o Novo Código Florestal está sendo amplamente discutido entre os vários setores da sociedade.
Este processo de eliminação das forma-ções vegetais, dentre elas as matas ciliares, resultou num conjunto de problemas ambi-entais, como extinção de espécies da fauna e da flora, mudanças climáticas locais, ero-são dos solos e assoreamento de rios. Em virtude desse panorama de degradação, aliada às questões legais, tem havido iniciati-vas de restauração da vegetação ripária por meio de pesquisadores vinculados à univer-sidades, centros de pesquisas e órgãos públi-cos e privados, com objetivos de proteção de reservatórios de abastecimento público, de geração de energia, recuperação de áreas degradadas e, mais recentemente, funda-mentadas em questões ecológicas, tais co-mo corredores ecológicos, proteção de po-pulações e/ou comunidades.
Em meio a esse cenário, vale a pena re-fletirmos... No que estão pautadas nossas decisões e atitudes cotidianas em relação à preservação dos recursos naturais? Tenho a real consciência de sua importância e que faço parte desse complexo meio ambiente? Ou apenas estou sendo levado pela recente “enxurrada” de marketing e modismo ambi-ental?
Simone Rodrigues Slusarski é bióloga, mestre
em Botânica e doutora em Ciências Ambientais. Atua na área de monitoramento de vegetação ripária.
Acontece no Mundo...
Flor com cheiro de defunto
Este mês desabrochou no jardim botânico de Meise,
próximo a Bruxelas, na Bélgica, uma das mais exóticas
inflorescências do mundo, a Amorphophallus titanum,
vulgarmente chamada de flor cadáver. Essa flor na verdade
é uma inflorescência (conjunto de flores menores).
A inflorescência do tipo espádice começa sua vida
como um pequeno tubérculo, então solta uma única
coluna afilada que cresce furiosamente, pode atingir três
metros de altura, crescendo até 16,6 centímetros por dia.
Pode pesar 75 kg, e chega a viver 70 anos. Ela floresce duas
ou três vezes por toda a vida e exala um forte odor que
atrai insetos carniceiros.
Radiação nada adaptativa
Quando falamos da grande variedade de formas e Foto: Word wild web.
Para quê servem as matas ciliares?
padrões na natureza, que se reflete em toda a biodiversi-
dade que reconhecemos, dizemos que um dos processos
que formaram tamanha variação foi a radiação adaptativa.
Estamos nos referindo, neste caso, à capacidade que ani-
mais e sementes, principalmente, têm de se dispersar pelo
mundo. Mas este ano outra radiação, que nada tem a ver
com adaptação biológica, está estampada nos noticiários.
Após o terremoto seguido de tsunami que recente-
mente devastou o Japão, a usina nuclear de Fukushima
perdeu seu sistema de refrigeração, fazendo com que três
de seus reatores explodissem e um quarto reator sofresse
pequenas avarias devido ao superaquecimento.
A radiação ionizante liberada se espalhou por uma
grande extensão da ilha, o que potencialmente pode preju-
dicar gravemente a população e também a biota local. Os
efeitos são presentes e futuros, pois os danos podem ser
expressos em futuras gerações.
Ecótono: corresponde a uma gran-
de comunidade de organismos e é
classificado segundo a vegetação
predominante. Sinônimo de bioma.
Folha Biológica
Publicação bimestral do Curso de Ciências Biológicas
Universidade Federal de Viçosa
Campus de Rio Paranaíba
Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
Conselho Editorial: Colegiado do curso de Ciências Bioló-
gicas - UFV/Rio Paranaíba
Editora chefe: Karine Frehner Kavalco
Edição e revisão: Rubens Pazza
Colaboração: Alunos do curso de Ciências Biológicas
Jornalista responsável: Janaína Pazza (MTB/PR 8244)
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perspectiva dos municípios mineiros” - 31/04, às 8:30h, no auditório do Crea/MG, em Belo
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As Unidades de Conservação ou "UCs" dividem-se em várias categorias, dentre elas: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parques, Monumento Natural e Refúgio de Vida Silves-tre. O Estado de Minas Gerais conta com vá-rias UCs e o órgão responsável por essas uni-dades é o Instituto Estadual de Florestas (IEF). Segundo o IEF, as UCs são importantes para a conservação da biodiversidade dos bio-mas brasileiros, pois criam instrumentos le-gais para o estabelecimento de medidas de manejo e fiscalização. Elas contribuem signifi-cativamente à preservação de espécies amea-çadas de extinção, preservação dos recursos hídricos (nascentes, rios, cachoeiras), valores culturais, históricos e arqueológicos, além de promoverem estudos e pesquisas científicas, educação ambiental e turismo ecológico.
Dentre as várias unidades administradas pelo IEF, destacam-se os Parques Estaduais, como o Ibitipoca, Itacolomi, Rio Doce, Nova Baden, Serra do Brigadeiro, Rola-Moca e ou-tros. Destaco aqui o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB), localizado na região da Zona da Mata de Minas Gerais, ocupando uma área de 14.984 hectares no extremo norte da Serra da Mantiqueira, abrangendo os municípios de Araponga, Fervedouro, Mira-douro, Ervália, Sericita, Pedra Bonita, Muriaé
e Divino. Neste local predominam montanhas, vales, chapadas, encostas, além de diversos cursos d’água e da Mata Atlântica.
O PESB é uma das áreas prioritárias para conservação no estado de Minas Gerais. Nele ocorrem extensas áreas cuja flora ainda é pouco conhecida, assim como ocorrem em várias outras áreas do território nacional. Vale destacar, no PESB, a Trilha do Muriqui, conhe-cida por abrigar várias populações destes primatas, pertencentes ao gênero Brachyte-les. Os muriquis são representantes expressi-vos da mastofauna da Mata Atlântica, da qual é um herbívoro endêmico. Atualmente, duas espécies são reconhecidas, Brachyteles hypo-xanthus e Brachyteles arachnoides, sendo encontrada a espécie Brachyteles hypoxan-thus no PESB. Ambas estão incluídas na “Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção”. Além disso, a Trilha do Muriqui apresenta uma grande quantidade de espécies epífitas (plantas que vivem sobre outras sem parasitá-las) que têm papel funda-mental na sobrevivência dos muriquis, visto que eles dependem de muitas delas para se alimentar e, especialmente, das bromélias
que formam “tanques” de onde retiram a água para beber (observação em campo).
A Trilha do Muriqui é utilizada como trilha interpretativa, recebendo costumeiramente estudantes e visitantes de várias regiões do país. Sendo assim, vários trabalhos científicos já foram conduzidos na Trilha, como: Biodiver-sidade de Epífitas da Trilha do Muriqui e Ana-tomia Foliar de Espécies de Epífitas ao Longo da Estratificação Vertical dos Forófitos, da Trilha do Muriqui (Jaqueline Dias Pereira), Ecologia de Florestas Atlânticas com Ocorrên-cia do Muriqui: Diversidade, Sucessão Secun-dária e Estrutura Nutricional (Wilson Marcelo da Silva Júnior), Entre Montanhas e Muriquis (Leandro Santana Moreira), e outros estão em andamento a fim de melhor compreender as epífitas, os muriquis, a vegetação do PESB, etc., sempre com o objetivo principal de con-tribuir à conservação da flora e fauna desta importante UC do Estado de Minas Gerais.
Jaqueline Dias Pereira é bióloga, mestre em Ciências Biológicas e doutora em Botânica. Atual-mente é professora do campus de Rio Paranaíba da UFV e atua na área de Anatomia Vegetal.
Projeto Montanhas dos Muriquis,
destacando o Muriqui se alimentan-
do de folhas, publicado no “Bicho da
Vez”, do Museu de Zoologia João
Moojen, Universidade Federal de
Viçosa. Foto: Leandro Santana.
Conservação da biodiversidade em Minas Gerais
O colegiado do curso de Ciências Biológicas da
UFV, campus de Rio Paranaíba, apóia a publica-
ção do jornal Folha Biológica.