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ISSN 2175-2214 Volume 9 - n˚, p. 113 – 124.
Janeiro a Março de 2016 113
Desempenho produtivo do trigo em função da adubação nitrogenada em cobertura
Wilson Wagner Ribeiro Teixeira1, Luís César Cassol
2 e João Augusto Lopes Pascoalino
1
Resumo: O objetivo do trabalho foi avaliar genótipos de trigo em função de doses de N. Foi
realizado experimento em Pato Branco–PR e um solo classificado como LATOSSOLO
VERMELHO Eutrófico típico. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, no
esquema 3 x 5 (genótipos x doses de N), com três repetições. Os genótipos foram: CD 108,
CD 115 e BRS 220, e as doses de N: zero; 20; 40; 80 e 120 kg de N ha-1
, aplicado no início do
perfilhamento. Após colheita avaliou número de espiga (NE), comprimento de espiga (CE),
grãos por espiga (GE), massa de mil grãos (MMG), rendimento de grãos (R) e peso hectolitro
(PH). Aplicação de N aumentou o NE e o R, no entanto, diminuiu a MMG. Os genótipos
diferiram entre si, caracterizando melhor desempenho do NE o BRS 220, CE o CD115 e R o
CD108. Houve correlações positivas entre as doses de N com o NE e R e entre o NE com o R
e correlação negativa entre doses de N com a MMG. Conclui-se que o NE é o principal fator
que afeta o R com fornecimento de N.
Palavras-chave: Triticum aestivum, rendimento de grãos, nitrogênio.
Yield performance of wheat depending on nitrogen topdressing
Abstract: The objective was to evaluate wheat genotypes as affected by doses of N.
experiment was conducted in Pato Branco, Paraná and soil classified as Typic typical
eutrophic. The experimental design was randomized blocks, the 3 x 5 (genotype x N rates),
with three replications. Genotypes were: CD 108, CD 115 and BRS 220, and N rates: zero;
20; 40; 80 and 120 kg N ha-1, applied at the beginning of tillering. After harvest assessed
number of spike (NE), ear length (EC), grains per spike (GE), thousand grain weight (MMG),
grain yield (R) and hectolitre weight (PH). Application of NE and increased the N R,
however, decreased the MMG. Genotypes differed, featuring better performance NE BRS
220, CD115 and the EC R the CD108. There were positive correlations between the levels of
N and R to the NE between NE and with the negative correlation between R and N doses with
MMG. We conclude that NE is the main factor that affects the supply of R with N.
key words: Triticum aestivum, grain yield, nitrogen.
Introdução
O trigo (Triticum aestivum L.) está entre os cereais mais produzidos e consumidos no
mundo, sendo cultivado em 218 milhões de hectares e com produção de aproximadamente
713 milhões de toneladas (FAO, 2013). A nível nacional, o Paraná responde por grande parte
da produção nacional de trigo, representando uma área cultivada de aproximadamente 782 mil
hectares e produção de 2,1 toneladas, o que significa 41% da área nacional cultivada e 48%
do total produzido em território brasileiro (SEAB, 2014).
1 Engenheiro Agrônomo, Doutorando em Ciência do Solo (PPGCS/UFPR) Curitiba-PR.
[email protected], [email protected]
2
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência do Solo (UFRS). Professor da UTFPR Campus Pato Branco PR.
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A importância desse cereal na segurança alimentar e nutricional (KOEHLER et al.
2007) aliado à crescente demanda de alimentos, que de acordo com Graham et al. (2001)
haverá necessidade de duplicar a produção agrícola mundial, faz com que as pesquisas se
voltem para melhorar o potencial produtivo de plantas cultivadas, utilizando de artifícios,
como: melhoramento genético e adoção de práticas e/ou técnicas de manejo de cultivo.
Dentre as práticas, o fornecimento adequado de nutrientes através da adubação está
inserida entre as de maior relevância na expressão do potencial produtivo da cultura, em
especial o fornecimento de nitrogênio (N). Nesse contexto, ao longo do tempo vários estudos
com adubação nitrogenada foram relatados na literatura, como os de Silva e Goto (1991);
Ehdaie e Waines, (2001); Acorssi e Ferreira, (2009); Rongli et al. (2010); Barraclough et al.
(2010); Teixeira Filho et al. (2010) que observaram aumentos do rendimento do trigo em
função da aplicação do N, por outro lado, Mielniczuk, (1982); Silva, (1992); Freitas et al.
(1995) não observaram efeito do N no rendimento do trigo. Os resultados copilados
demonstram a não concordância entre os mesmos, apesar de que para maioria dos resultados
evidencia que a aplicação do N é benéfica (VIEIRA et al. 1995)
Contudo, quando trata-se de adubação nitrogenada associasse a instabilidade e
consequentemente sua permanência no sistema produtivo, causando então, o que se chama de
variação de resposta, assim todos os fatores, como: clima, solo, manejo da cultura, tecnologia
de aplicação, dose e fonte do adubo, que de alguma forma influenciam em sua dinâmica
devem ser considerados, uma vez, que o N é um dos nutrientes mais caros fornecidos para as
culturas em geral, representando significativo custo na produção (GARNETT et al. 2009).
Concomitantemente os ambientes e genótipos também exercem grande influência, seja
na dinâmica do nutriente e na eficiência de aproveitamento e resposta ao nutriente aplicado
respectivamente. Dessa forma, o objetivo do trabalho foi avaliar genótipos de trigo em função
de doses de N em cobertura.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido na área experimental da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, em Pato Branco - PR (26º41’S e 56º07’O e altitude de 716 m) no período
de julho a setembro de 2009. O clima da região, conforme classificação de Koppen é
subtropical úmido mesotérmico (Cfb), com temperaturas médias de 20,4ºC no verão e 12,7ºC
no inverno (MAACK, 1968). A precipitação média situa-se entre 1.400 a 1.600 mm ano-1
,
com ocorrências de geada e granizo. Os dados de precipitação pluvial e de temperaturas
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relativas ao período de condução do experimento foram obtidos junto à Estação
Meteorológica do Simepar em Pato Branco - PR (Figura 1).
Figura 1 – Dados de precipitação e temperatura mínima, média e máxima no período de
junho a outubro de 2009 no município de Pato Branco – PR.
O local de instalação do experimento constituía de um LATOSSOLO VERMELHO
Eutrófico típico (EMBRAPA, 2013), cujas características químicas na camada de 0-0,20 m
eram: pH (CaCl2 0,01 mol L-1
) = 5,20; M.O = 56,29 g dm-3
; P (Mehlich-1) = 5,89 mg dm-3
; K
= 0,30 cmolc dm-3
; Ca = 5,52 cmolc dm-3
; Mg = 3,19 cmolc dm
-3; H+Al
= 4,20 cmolc dm
-3, o
que significa uma saturação de bases de 68,21%. A área utilizada para implantação do
experimento era representativa da região, cujo histórico baseava no cultivo de soja (verão) e
trigo (inverno).
Antes da semeadura do trigo, a área foi dessecada com o herbicida glifosato (1,44 kg
ha-1
do i.a.). Os genótipos foram semeados mecanicamente, obtendo uma densidade de 350
sementes aptas m-2
. As parcelas foram compostas de seis linhas de 5,0 m de comprimento,
espaçadas de 0,20 m; consideraram-se como área útil as quatro linhas centrais. O controle de
plantas daninhas, pragas e doenças foram efetuados conforme as recomendações técnicas da
cultura (REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO, 2008).
A adubação de base foi realizada conforme os resultados da análise de solo e as
recomendações utilizadas no Estado do Paraná (COMISSÃO DE QUÍMICA E
FERTILIDADE DO SOLO - RS/SC, 2004), sendo: 20 kg ha-1
de N, 60 kg ha-1
de P2O5 e 60
kg ha-1
de K2O utilizando-se o formulado N(8)-P2O5(20)-K2O(20).
O delineamento experimental foi em blocos completos casualizados, no esquema
fatorial 3 x 5 (genótipos x doses de N), com três repetições. Os genótipos de trigo escolhidos
0
5
10
15
20
25
30
35
0
50
100
150
200
250
300
Junho Julho Agosto Setembro Outubro
Tem
peratu
ra (0C
)Pre
cip
itaç
ão (
mm
)
Precipitação T. Mínima T. Média T. Máxima
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foram: CD 108 (ciclo precoce), CD 115 (ciclo médio) e BRS 220 (ciclo médio), e cada
genótipo foi submetido a doses de N: zero; 20; 40; 80 e 120 kg de N ha-1
, aplicado no início
do perfilhamento, utilizando-se como fonte de N a ureia (45 %N).
A colheita das plantas foi realizada manualmente após os grãos atingirem a maturação
(estádio fenológico 11.4, escala de Feekes). Após colheita foram realizadas as seguintes
avaliações: número de espiga (NE), comprimento de espiga (CE), grãos por espiga (GE),
massa de mil grãos (MMG), rendimento de grãos (R) com umidade corrigida para 13% e peso
hectolitro (PH).
Os resultados foram submetidos à análise de variância, pelo teste F. Quando
significativos, as médias foram comparados por meio do teste de Tukey, ao nível de 1% e 5%
de probabilidade (PIMENTEL GOMES E GARCIA, 2002). As doses de N foram avaliadas
através da análise de regressão. Para determinação do grau de associação/dependência entre as
variáveis foi efetuada a análise multivariada e correlação de Pearson (PIMENTEL GOMES E
GARCIA, 2002).
Resultados e Discussão
Conforme análise de variância, as variáveis: NE, CE, GE, MMG, R e PH, apresentaram
diferença estatística (Tabela 1). Dessa forma, as doses de N possibilitaram efeitos diferentes
sobre as variáveis respostas, com ênfase para o NE e R, assim como, também constatou
comportamento diferente dos cultivares em relação as mesmas variáveis. Ocorreu interação
significativa, indicando que o fator cultivar e doses agem de modo dependente sobre o NE,
MMG e R (Tabela 1).
Tabela 1 - Resumo da análise das variáveis: número de espiga (NE), comprimento de espiga
(CE), grãos por espiga (GE), massa de 1.000 grãos (MMG), rendimento (R) e
peso hectolitro (PH) de cultivares de trigo em função de doses de nitrogênio (N).
Fator variação GL NE CE GE MMG R PH
- m2 cm espigas/m
2 g kg ha
-1 kg hl
-1
Bloco 2 440,03 0,45 8,63 10,65 7880,71 11,72
Cultivar 2
2973,78*
*
4,94**
288,02**
4,53ns
1127052,16
**
249,54**
Doses N 3
28833,2*
*
0,29ns
2,92ns
9,26* 721840,87
** 42,97
ns
Cultivar*Doses
N 6 1424,89
* 0,06
ns 29,61
ns 8,94
** 65149,47
** 3,55
ns
Erro 22 468,36 0,29 14,27 2,22 12926,04 15,32
Total 35 - - - - - -
CV (%) - 5,81 7,35 10,86 4,57 5,27 5,41 **
, * e
ns: significativo a 1, 5% e não significativo pelo teste de Tukey, respectivamente; GL: Grau de liberdade;
CV: Coeficiente de variação.
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A adubação nitrogenada proporcionou aumentos do NE e R para os três genótipos
avaliados (Figura 2a e 2b). A maior dose proporcionou aumentos de 53, 41 e 28%, para o NE
e de 63, 40 e 12% para o R nos cultivares BRS 220, CD 115 e CD 108 respectivamente,
quando comparado à dose 0 kg de N ha-1
. Ambas as variáveis e genótipos comportaram em
função da adubação nitrogenada de forma quadrática (Figura 2a e 2b), não atingindo o nível
de máxima eficiência técnica dentro da faixa de adubação adotada. Corroborando com os
resultados de Teixeira Filho et al. (2007) que obtiveram aumentos quadráticos para o CE e R
quando submetido a adubação nitrogenada. Outros aumentos de R para o trigo também foram
relatados por Sobh et al. (2000); Saudy et al. (2008) e Duan et al. (2014).
Figura 2 - Número de espiga (NE) (a) e rendimento (R) (b) de cultivares de trigo em função
de doses de nitrogênio (N). n.s
e * não significativo e significativo a 5%
respectivamente
(a)
(b)
Doses de N (kg ha-1
)
0 40 80 120
NE
(es
pig
as/m
2))
0
300
350
400
450
500
550
BRS 220 y = 324,66 - 0,091x + 0,012x2 R
2 = 0,98**
CD 115 y = 314,67 + 0,45x + 0,0052x2 R
2 = 0,99**
CD 108 y = 315,47 + 0,628x + 0,0008x2 R
2 = 0,99**
Doses de N (kg ha-1
)
0 40 80 120
R (
mil
kg h
a-1)
0,0
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
BRS 220 y = 1,52 + 0,0003x + 6E-05x2 R² = 0,98**
CD 115 y = 1,78 + 0,0038x + 2E05x2 R² = 0,99**
CD 108 y = 2,4 + 0,0022x + 4E-05x2 R² = 0,99**
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O baixo rendimento da cultura no presente está associado à alta precipitação durante o
final do ciclo da cultura (Figura 1). López-Bellido et al. (2004), observaram em estudos de
longa duração que o e excesso de chuva diminuiu a produtividade do trigo e a eficiência do
aproveitamento do N (LÓPEZ-BELLIDO E LÓPEZ-BELLIDO, 2001).
A variável MMG apresentou comportamento inverso ao R, onde, os cultivares BRS 220
e CD 115 apresentaram maiores valores quando não aplicou N, correspondendo a 12 e 11%
em relação à dose de 120 kg de N ha-1
, respectivamente (Figura 3). Isto pode ser justificado
pelo aumento do NE proporcionado pela adubação nitrogenada, variável essa que está
relacionada diretamente com número de afilhos (DAVIDSON E CHEVALIER, 1990), por
sua vez, os afilhos influenciam diretamente em aspectos fisiológicos das plantas, como por
exemplo, a relação fonte/dreno. Desta forma, possivelmente, ocorreu maior partição e/ou
competição de fotoassimilados nas plantas dos genótipos que apresentaram os maiores valores
de NE, e por consequência, um menor enchimento de grãos. Resultados semelhantes foram
obtidos por Valério et al. (2008), quando observou diminuição da MMG na espiga em
genótipos de trigo com maior número de afilhos. Para MMG, o comportamento foi linear e
decrescente com aumento da dose de N, para os cultivares BRS 220 e CD 115, e não diferiu
estatisticamente para CD 108 (Figura 3).
Figura 3 - Massa de 1.000 grãos (MMG) de cultivares de trigo em função de doses de
nitrogênio (N). n.s
e * não significativo e significativo a 5% respectivamente.
Doses de N (kg ha-1
)
0 40 80 120
MM
G (
g)
0
28
29
30
31
32
33
34
35
36
BRS 220 y = 33,87 - 0,037x R2 = 0,77**
CD 115 y = 33,79 - 0,026x R2 = 0,78**
CD 108 x = 34ns
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Para as demais variáveis CE, GE e PH, não houve diferença quanto à adubação
nitrogenada. Entretanto, houve diferença entre genótipos, na qual, o cultivar BRS 220
destacou-se quanto ao GE, enquanto o cultivar CD 115 apresentou maior CE e o CD 108 o
maior PH (Tabela 2). Cabe ressaltar também, que o cultivar BRS 220 apresentou maior NE
(Figura 2a) e CD 108 maior R (Figura 2b). Esses comportamentos, estão associados a
variação genética entre os genótipos, que também podem influenciar na eficiência de
utilização e de resposta do N (ORTIZ-MONASTERIO et al., 1997). Conforme Trindade et al.
(2006) os componentes de rendimento do trigo apresentam caráter complexo, na qual, são
condicionados por vários fatores de origem genética e ambiental, caracterizando variação
entre as respostas dos genótipos. Somando a isso, Gao et al. (2012), relatam que os fatores
ambientais exercem forte influência na resposta dos genótipos de trigo, quanto aos aspectos
de rendimento, além dos fisiológicos.
Tabela 2 - Comprimento de espiga (CE), grãos por espiga (GE) e peso hectolitro (PH) de
cultivares de trigo em função de doses de nitrogênio.
Cultivar CE (cm) GE (espigas/m2) PH (kg hl
-1)
BRS 220 7,2 ab(1)
38,3 a 74,2 ab
CD 115 7,9 a 36,8 ab 67,0 b
CD 108 6,7 b 29,2 b 75,5 a
Media 7,2 34,7 75,2 (1)
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Para compreender melhor a resposta dos cultivares em função da adubação nitrogenada
realizou-se análise de componentes principais (ACP), que explicou 63,6 do conjunto
analisado, sendo 33,2% da PC1 e 30,4% da PC2 (Figura 3). Conforme os resultados, o
fornecimento de N, principalmente na dose de 120 kg de N ha-1
, proporciona os melhores
índices de R em todos os genótipos estudados. Ressalta-se que o R está relacionado
diretamente com NE, ou seja, segundo os resultados desse estudo a variável NE é o principal
fator que afeta o R com fornecimento de N. A exemplo tem-se o cultivar BRS 220, que apesar
de apresentar menor R dentre os cultivares avaliados, exibiu maior NE com fornecimento de
N (aumento de 53% na dose 120 kg de N ha-1
) e consequentemente maiores aumentos de R
(63% na dose 120 kg de N ha-1
). As demais variáveis avaliadas não apresentam nenhum
comportamento tão preponderante em relação ao fornecimento das doses de N.
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Figura 3 - Análise de componentes principais (ACP) dos cultivares de trigo BRS 220, CD
115 e CD 108 em função de doses de nitrogênio (N) (0, 40, 80 e 120 kg ha-1
)
(MMG: massa de 1.000 grãos, PH: peso hectolitro, R: rendimento, NE: número de
espigas, CE: comprimento de espigas, GE: número de grãos por espiga).
A PCA mostrou fortes relações entre as doses de N, genótipos e variáveis respostas.
Essas relações foram quantificadas e caracterizadas também através da correlação de Pearson,
onde, foi possível verificar para o genótipo BRS 220, correlações positivas entre: Doses N x
NE (0,91), Doses N x R (0,91) e NE x R (0,92) e correlação negativa entre: Doses N x MMG.
Para o genótipo CD 115, correlações positivas entre: Doses N x NE (0,91), Doses N x R
(0,96) e NE x R (0,87) e correlação negativa entre: Doses N x MMG (-0,64) Já para o
genótipo CD108 correlações positivas entre: Doses N x NE (0,92), Doses N x R (0,72) e NE x
R (0,67) (Tabela 3). Contudo, observa-se de forma geral, que os genótipos responderam
similarmente em relação a doses de N, para NE, MMG e R. Cabe ressaltar também, que essas
informações demonstram a importância de se realizar uma adubação correta de N na cultura
do trigo, pois quando aplicado, seja em quantidades baixas ou elevadas, afeta diretamente a
produtividade.
0 40 80 120 kg ha -1
-1,5 1,5
-1,0
1,5
PH
NE
GE
CE
R
MMG
BRS 220
BRS 220
BRS 220
BRS 220
BRS 220
BRS 220
BRS220
BRS 220
BRS 220
BRS 220
BRS 220
BRS 220
CD 115
CD 115
CD 115
CD 115
CD 115
CD 115
CD 115
CD 115CD 115
CD 115 CD 115
CD 115
CD 108
CD 108CD 108
CD 108
CD 108
CD 108
CD 108
CD 108
CD 108
CD 108
CD 108CD 108
PC1 (33,2%)
PC
2 (3
0,4
%)
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Tabela 3 - Correlação de Pearson entre doses de nitrogênio (Doses N), número de espiga
(NE), comprimento de espiga (CE), grãos por espiga (GE), massa de 1000 grãos
(MMG), rendimento (R) e peso hectolitro (PH) de genótipos de trigo.
Variável Dose N NE CE GE MMG R PH
BRS 220
Dose N 1,00
NE 0,91***
1,00
CE 0,44ns
0,41ns
1,00
GE -0,15ns
0,01ns
-0,11ns 1,00
MMG -0,63**
-0,49ns
-0,30ns
-0,11ns
1,00
R 0,91***
0,92***
0,24ns
0,02ns
-0,54ns
1,00
PH -0,39ns
-0,34ns
-0,65**
0,36ns
-0,20ns
-0,16ns
1,00
CD 115
Dose N 1,00
NE 0,91***
1,00
CE 0,13ns
0,18ns
1,00
GE 0,01ns
0,01ns
0,64**
1,00
MMG -0,64**
-0,48ns
-0,13ns
-0,02ns
1,00
R 0,96***
0,87***
0,19ns
0,01ns
-0,70**
1,00
PH -0,58**
-0,59**
-0,46ns
-0,26ns
0,59**
-0,60**
1,00
CD 108
Dose N 1,00
NE 0,92***
1,00
CE -0,03ns
-0,16ns
1,00
GE -0,11ns
-0,26ns
0,12ns
1,00
MMG 0,47ns
0,46ns
-0,33ns
-0,39ns
1,00
R 0,72***
0,67**
0,11ns
-0,09ns
0,01ns
1,00
PH -0,22ns
-0,19ns
-0,58** 0,03ns
-0,03ns
-0,23ns
1,00 (1) ***
, **
, *,
ns, significativo ao teste de correlação de Pearson a 1%, 5% e 10% de probabilidade e não
significativo, respectivamente.
Conclusão
Adubação com N proporcionou aumentos para o NE e o R e diminuiu a MMG nos
genótipos de trigo. O aumento para NE e R foi quadrático e crescente, enquanto, para a MMG
foi linear e decrescente com oferecimento do N. Os genótipos diferiram entre si, o BRS 220
apresentou maior NE e GE, o CD 115 maior CE e o CD 108 maior R e PH. Houve
correlações positivas entre as Doses de N com o NE e R e entre o NE com o R e correlação
negativa entre Doses de N com a MMG. Contudo, é possível afirmar que o NE é o principal
fator que afeta o R com fornecimento de N e que adubação nitrogenada deve ser ponderada,
uma vez que existem componentes de rendimento com comportamento inversamente
proporcional a aplicação de N.
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Referências
ACORSSI, E.E.; FERREIRA, D.T.L. Resposta produtiva da cultura do trigo na cultivar CD
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