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  • ISSN 0006-52 18

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    Digitalizado pelo Arquivo Histórico José Fereira da Silva - Blumenau - SC

  • ISSN 0006-5218

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    UI.l '1",1\\1 1" 1 ( ',\n"HNOS - TClllo XXXIX - '>I O:! ィ Z |G 」 イセjイ ッ@ I9'JK

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  • Fundação Cultural de Blumcnau Braulio Maria Schlocgcl

    Presidente

    Diretoria Administrativo-Financeira Maria Teresinha Hcimann

    Diretoria Histórico-Muscológica Sueli Maria Vallzuita Pctry

    Dado ... Internacionais de Cmalogação n[l Puhlicação 8ihlioleca Pública "Dr. Frit: Mima"

    Blull1cnau em Cadernos. (Pulldação Cultural de Blumenau) Blulllcnau. se. I ( 11 ) 1957-il. Mensal

    Re,i, l" B ijl uセ ien au@ i 」 セQ@ CA DERNOS" fundada em 1957 por José Ferreira da Sil\'3.

    iuHGiiGGGG|iiGGGエ ᄋ |lIセiGGHIG@ . T I>IIIIlXXXI X t\' 02 h.'h"rt;lrollJ'IS

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  • FUNDAÇÃO CULTURAL DE BLUMENAU

    Arquivo Histórico "José Ferreira da Silva"

    BLUMENAU

    111.11)1.1 t.N.\U t;" c ·\Il t;!C\OS _ T omo XXXIX - N O:! - F..:",re iro 1998 3

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  • COPYR IGIIT © 1997 by Fundação Cultural de Blulllcnau

    CAPA Projeto Gráfico: S il vio Roberto de Braga

    Acervo: Arquivo Histórico "José Ferreira da Silva" Pessoas que construíram a hi stória de Blumcnau.

    Foto não ident ificada. Obs.: CU\(} \'ocê c(}//IIt'(ll lllgtltm ャi・セOサェヲHスOッN@

    informe-lUIs pelQ fOlle (0·0) 326-6990.

    OIREÇ,i.O Sueli M . V. PClry

    CONSELHO EOITORIAL Alda Niemeyer, Cristina Ferreira, \Jiels Dcckc, Sálvio Alexandre Müller, Tadeu C. Mikowsk i

    APOIO TÉCNICO Maria Tcresinha '-Icimann , Gilberto da Silva Santos

    OIGITAÇ,i.O Edelbcrto Hart mann Júnior

    OIAGRAMAÇ,i.O/EOITORAÇ,i.O Cristina Ferreira

    PROOUÇ,i.O GRÁFICA Nov.l Let ra Edi toração e iャQャーイ ・ウセ ̄ッ@ Llda.

    Av. Bra!o>il , 742 - Ponta Aguda - FonclFax (O·H) 326-0600 Ccp 89050-000 - Blume nau - se

    III.U,\IEJIIA U lO" C,\\)ERNOS • Tomo XXXIX - N 02 - fセ|」イ\Gャイッ@ IÇ9R .4

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  • SUMÁRIO

    Tudo está depositado na bênção do Senhor Padre Estanislau Schaene (OFM) ........ ..... .. .... ..... ... .... ...... ...... ............ 07

    Relatóri o à DirelOria da Co lônia Blu rncnau (29/3/ 1878) Frederico Deeke .......................................... ........ ....... ........ ...... ............... 26

    o lntegrnlismo no Vale do j i\ セ。 ■@Siegfried Ct/r/o.\' Wah/e .. .................... .... ... .. ... .. ...... ... .. ...... .... .. ............ . 33

    No "'Oa>parc"' - Cal"la de João 5ch"",,,, ( 19 11) Tradllçl7o: Frei EI:.e!Ír io D. ScJul/iu (OFM) .......................................... 38

    o Autor CaUlri l1 a d iz que cx i!)!c Tllco/Jaldo COSIO Jalll llJldtí .................................................... , ............... 52

    o Sonho Ame ric ano I Corrupção te m jeito? I Vari ;ld a!3 ElléllS Arlulluízio ....... ..................................... .......................................... 56

    iii N ャ ャ G i セ N s L |u@ n l C \OIrR" OS _ Tomo XXX IX N 02 Ft:"nclfo 1998 5

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  • 1I1.1I' IENA I. 1' \1 ( ' \lWM NOS • Turno XXX IX N 02 N i [G[セセ ョZャイッ@ 1'.1

  • Documentos Originais

    Alm.anaques

    TUDO ESTÁ DEPOSITADO NA BÊNÇÃO DOSENHOR*

    Padre ERtanislau Se/meUe IOFM)

    o texto li seguir foi escrito pelo Padre Estal/islllll Sc:JllleIle, da Ordem Frlll/Ciscllllll Me-1101'. Foi duranle "'lIiro,I' 1II1O,Ç professor 1/0 Colé-gio SUIHO Antônio, além de (;rolliSflI e ー・セGアャャゥウャiᆳdor que deüolI iIlIl'n's,wlIlfes artigos publicado!J 11m periódicos "Vita Fnml'i.fC(tl/{l", "L,,:.eiro Marian o" e "O Vali' do ltajtlÍ".

    O preselltl' /('UO foi publicado 110 aliO de 1932, 110 periódico /{erz J esu Kalemler e edilll-do pela /)I/ick e Vnl(lg, (/(1 cidade de Bmsque.

    Tm/lhfe de 11111 artigo que /0('(/1;:,(/ os prillleim,\ fl'III[JO,\' do catolicisl/lo IIlI Coliillia B 1/(111('1/(111.

    Com muilll propriedadl! e cOl/hecimento o autor escrel'e sohrt, aspectos da co/rmi:.açüo, as dificuldades, vel/lr /ras, d esl'('IIIUrllS e realiza-ç(}es do im;Kl'llllte.

    Hcrz · }csu-K(llcndcr

    1932. 2.. Jahrgang M セ M M.... , Nセ@ ...

    LGjBBBGGGエGGGGセ@-1: .. w .. セ ᄋ\LLLN@....... Nセ@ ... セM ..

    Folha de Rosto do Herz-.Iesll kセャャ・ョ、・イ@

    *) Trudu"i\o de Méri fイッャ セ」ィ」 イ@ - Mcslrundn cm HiSlória n:t UFSC.

    IIU}\IEN \l I \1 C \ll1"H'OS _ Tomo XXX IX - N m - Fc\crclW l'I'JK 7

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  • Documentos Originais - Correspondênciu-:c,"'s _______ _

    "Oer Segt::n gッ ャエ ・Nセ@ slroml wic CII1 FluB; die 7 U ihm wac hen, werden ihn findclI ." So j cセc iQ@ wir im SlIchc Girach.

    Gou vencilt se ine Scgcn,>gabcn nach セ」 ゥョ 」 ョ@ heiligcn Abs ich len. Manchmal fühlt sich die arme, klcinc m ・ ョ セ」 ィ ・ョウ・」ャ」@ von der Gcwah dcr gottli-chen Gnadc hmgerisscn. wie der Schachcr am Kreuzc oder wic der wuhdnall-bendc Saulus auf dcm Wege nach Dama.!.kus. Beide wu rden plülzlith ein Schwicgersohn. da cr die iilteslc Toch le ais Gattin heimfíihrll!.

    Z lI diesel' Zeit hegte 1ll3n in der neuell An3icdcl un g schüne. berechl ig-te lIoffnungen. Sei! Anfang 1860 halle di e "Rcgic run g d ic Ko lonie iibernOIl1-men u!ld den Gríindc r a is Direklor eingeselzl. Sic bcwilligle Ge lder í'lllll Wegc-bau. Ge rne griffe n d lr Ko lonisren zu. um, du rch diesc Arbl!it ihr gekaufes Land ab7lll.ahlcn und Banllllle l ins Haus zu 3chaffen. Die heran wac hscnden Sohne halfen ze ll wcise mlt be in Roden de.!. Urwa\de3 uml bei der Errichtung der be'icllCldenen Wohnunge n und Schuppcn. Aber Illonalchlllg konn len SIC 。オセキHゥイャャァHG@ b 」\[」 ィ セ イャャ ァャエ ョ ァ@ annchmcn. Es wa r ihll l!1l c inl! Frl!ll(lt!, ih .. c rworbclll!s Gdd dcn Eltcrn ab71diefcrn und so di e l・「 ・ ョ セカ」イ ィ uャエョ ゥ NNLセ」@ der セ 。 ャャャゥャゥ ・@ lU bes-sern.

    Der nnc hbarltchc Yerkehr war d:'lIllab Hng\!/lchm, Hochmlll kannte mall IIIchl. !-lir a lie wm Qゥ オ ウウ」イセ ャ 」@ Einraehheil Lebcllsrcgcl. f)ic fre ie Zcit um Sonntagnac hmill ag vcrn og gcwõ hnli ch im trauten BC'iuch bci Frcundcn obc r Vcrwl.l ndtc n. Dic Ulllc rhaltung ci l1 c ofl 7.u riick zur alten lIei mal. Bricrc lInd

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  • Documentos Originais - Correspondências

    nA bênção de Deus nui como um rio; os que esperam 1'01' Ele, irão cl1conlrá- lo". Ass im le mos el11 Isaías. Deus di funde a セ オ。@ graça

  • Docume ntos Orig inais - CorresjJondências'-______ _

    Bücher \'011 dor! wurdcn !\OrgsHm uufbcwahn. oft durchgelcsen und haufig be-!\prochen. Auch die Briefe, die l.1I1ll altcn Valcrland gc-,chi ckt wurdcn, flilllcn

    manc he SOtln1agsstundc aus. Sic VOIl dcm lle tlCIl Erleben in sャゥ、「イ。セゥャゥ・ョL@von Arbei l, Freud lInd Leid des An'liedlcrs .

    DEI{ BRI EF AUS BRASILl EN UNO SEINE WIRKUNG

    In den Dõrfern Wiescnlahl. Kmlach. Langerbruckcn. Obcrõwbhcim. Kronull lInd Ollcnall warlele man mil Ungcduld auf di !.! erslc Nachrichl 。オセ@sゥャ、「イ。セゥャゥ・ョN@ Die 。ャャ セァ・キ。 ョ、 ・ イャ ・ョ@ Verwílncllen und FrclInde hallen das Ver!o.prechcn gegeben. all,.rOhrlic h und w

    Qii NQiセ iエM[nal@ lo. \! CADERNOS· Tomo XXX IX N 02 1'':\CIClro 19% 10

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  • Documentos Originais - Correspondências

    CARTAS VINDAS DO BRASIL E SEUS EFEITOS

    Nas vilas ele Wiesentha1. Kirrlach, Langcrbrücli.en, o「」 イ |vゥセィ・ ゥャQャ L@Kronau e Ottcnau se ・セー」イ。カ。@ com impaciênc ia pelas primeiras notíc ias do セャiャ@ do Bm ... i1. Os ー。イ」ョエ・セ@ c amigos cmi grados haviam prometido rc1atn r mi-nuciosa c fidedignamente tudo o quc iィ」セ@ ッ」ッイョAセウ・@ no 110VO país. Final -I11Cllle chegaram carta., divenia., uma., das outra..,. Glas traziam imagem, ex-tn:mamcnte exageradas. A ... cartas eram deixada ... em cima da mesa familiar. ou tralidas ao pároco. quI.!

  • Documentos Originais • Correspondências

    der PClcr'!...

  • Documentos Originais - Correspondências

    nhccidas. Uma felicidade gra tificante tomou conta de cada um. Aquela mis-sa tornou-se uma i'ell sível substituta da saudade da pátria. Isto muitas vezes acalmava seus corações!

    O gentil padre Gattone logo notou os novos fiéi s que aten tamente assistiam à missa. Os "Baclc ll scr" 」セー」ョュャQョ@ peJo padre no fim da santa mis-sa para se apresentarem a ele. A cada um O padre dirigiu urna pa lavra amiga e convidou-lhes para visitarem !>ua casa, que fi cava nas proximidades. Eles o acompanharam . A ca'ia do pndre ficava nas imediações da grande figueira. Era ex tremamente simples, local onde imperava a ordem e a pobreza. O vi-zinho Niko laus Deschalllps teve que pôr a mesa c 10m ar parte na refe ição.

    Alegre ía a conve rsa até o momento em que Sulter comentou : "Hoje nós percebemos que nossa Igrej a Ca tóli ca é rea lmen te uma mãe. Nó!> aqui nos sent imos em casa". "Este pensamento lhes deve servir de consolo por um bom tempo", di sse padre Gallone.

    À noitinha os fi éis re tornaram para os セ・ オ ウN@ Eles estavam com muito sono, mas ainda podiam falar e o fi zeram até o cair da no ite. d・セ、 」@ es te do-mingo um grupo de parentes セ・ ュー イ・@ fazia a penosa caminhada para assistir i.'l santa missa.

    Estas claras descri ções e nviadas por carta não deixaram de dar re-su ltados. Em Oberowi:-heim, Sebastian Zoz foi ao pároco Goldschmitt e di s-セ・Z@ "Senhor Padre, eu quero cmigrí,lr para BlumenutI com minha família. Muito me agradou o que meus irmãos Andreas e Joseph me escreveram. Acred ito que lá na América cio Sul meus filhos poderão adquirir mai s facil -me nte uma propriedade do que aqui!" .

    "Você tem razão", replicou o pároco. Para vocês o início não será t50 difícil. Vocês têm o apoio de seus parentes".

    "Eu posso contar com eles", comentou Sebaslian Z07.. "Nós sem-pre nos ente ndemos muito bem e num país estranho com certeL

  • Docurne n tos Originais . Co=-r=-r.::e.::s">"o:.:',,,d=êc:."::c::,:.:' a::s'--_______ _

    Im frt:mden Landc wird da7u dic Gdcgcnhcit nicht so günstig scin ," Freudi g slimmte s」 「 。セ エ ゥ。ャャ@ 7U, Dic Kindcr gingcn rcgelmass ig zum

    Untcrri cht und der Pfarrer zeigte セ ゥ」ィ@ dabei ab c in ゥ ゥuG セB」 イ@ ... t klu ger Mann. Er \'c nnittcltc se inen junge n Zuhore rn nicht nur die nOI\ ... cndlgc n Kennlni

  • Docum entos Origina is - Correspondên cia s

    Contente, Scbil ... tian concordou. As 」 イゥ。ョ 。セ@ freqi.ie nla va m 。セセゥ、ャャᆳumcl1 tc a ... 。オ ャ 。セL@ e ne-.ta tarda o p;íroco mOMnwa-sc competente. Ele e ns i-na va 。 ッセ@ BG・ オ セ@ jovens ouvintes não セッ ャャQ ・ ョエ ・@ os conhec imentos mais necessá-rio!'>, mas també m lhes cnsinavu a prática. para que pensa!'>scll1 constan te-me nt e.! c dcvotadamente.! nll pre ... ença de Deus c !'>empre se lembrassem do anjo da glwrda, lodí.l vez em que vissem as Oores. as frutas. o \01, as cstre las. as água!'> c toda., as 」ッ ゥ セェウ@ boas que () Criador lhes Illostra".e.

    Magistralmente lhc!> contava oportunas liçõcs da Bíb lia . que deve-ri:un scr rcpetidas tolal ou parc ialme nte pc l:l'" criança!'> . Para ler. dava às cri-anças csl6rias infantis. como por exemplo. os contos de.! Ch ri stoph von Schlll itt. c perguntava-lhes em se.!g uida o conteúdo. Num "íhio parecer fal ou o padre:

    "Esta s crianças teriio, dentro em breve. que Illanter c cultivar seu espírito rcl igioso praticamente s07 inhas e conscicnh.:mt:ntc. Por ゥNLセッ@ Bッ」↑セ@devcm Interiorizar ne la. ... mui to ânimo. A alegria dI! hoa, leitllf3'\ deverá ser !>ell セ」ァオョ 、 ッ@ anjo da guarda."

    I-hsi m, chegou a hor .. da IXlrtida . Em 30 de março dc 1862 o páro-co condamou os emigrant cs à ュゥ セウ 。@ de despedida. Ele lhe ... admin istrou ッセ@sagrado ... sZャ」イ。 ュ ・ ョエ ッセL@ proferiu lima emocionante prédica. consagrou-lhes a セ 。ョエ 。@ mi ...... a c o ... prcse nteou com duas casu las (vestimenta Sllcercota l que se põe sobre a al va e a c\lu la ) e UI11 estandarte para proç i ... セヲャッL@ que lhe セ」 イ カゥイ ゥ。@para a futura cape la na Colô nia .

    Com fé na ajuda di vina , a famflia part iu .

    V IDA E ATIVIDA DES eセ i@ b luセienau@

    Em 12 de 。ァッセエッ@ o grupo de imigrantes paniu do Ri o de Janci ro, c no ュ ・セiャャo@ mês chcgaram na Colô nia Blumenall . Alegre foi o reencontro com 0\ parente ... c amigo .... Logo algun !> dos イ 」セ ュ M」 ィ ・ァ 。、 ッ@ ... fi/eram a longa caminhada até a capela de São Pedro cm Gaspar. Cumprimentara m o padre Gatlonc c lhes disseram: 'Nós lambémlrouxclllos dua' e.!a ... ul a\."

    "Então consmmlll tão cedo quanto possível uma çapcla", aconse-lhou ele. "Eu irei vi ... ilar-vo ... com pnller".

    III.U'I b'l,u eセi@ CADERNOS· -1\l1l10 XXXIX N U2 I'clcrcmlI9')1! 15

    Digitalizado pelo Arquivo Histórico José Fereira da Silva - Blumenau - SC

  • Documentos Originais - Correspondências -----

    li chc BcslIch wurde \'011 den KUlholikel1 gUI all ... gClllllll. Die Batlcllscr vcr-pnanllcn dorth in die Gebcte lInd Gebrliuche ihrcr alte n Heirnal. Die kleinc Kir-chhof ... kupdlc wurde bald erselzl durch e m ョ・オ ・セ@ lIaus in unmitlclbllrcr Nlihc. we1chcs der Ko lo ni

  • Docume ntos Originais· Correspondências

    E,ta') ー。ィャ|t。セ@ ッセ@ toca ram prorundamente. Não duro u muito c a pequena e modesta casa de Deu ... eSlava pronta. Foi con!'>truída pe rto do ce-mitério do Alto Garcia. A:-'!o.illl, no ano dt.! 1863 o pad re Gauone profl.!ri u a primt.:ira missa no interi or de Bllllllcnau. A cada エイgセ@ ャャャ cセcAG^@ cle vinha e (ica-va aí trG .... 、 ゥ 。セN@ A vbi ta do pad rl.! era bt:1ll aprovei tada. O ... "Badenscr" culti -vavam ali as ora ções e rituai ... de ,U:l \'clha pátria. A pequena capela do cc-Qャャhセイゥッ@ logo :-.t.:ria ... オ「セエゥャャャ■、。@ por lima nova ca ... a da" imediações. cOll!o.truída volUIlIaria1llente pelo co lono l3c:ill:r. Ele não pôde habit;í-Ia pois lima doença o arrebatou.

    O padre Gall()nc cu lti \'ou uma relação t;10 3migá\'cl que. os "Badt.:n ... e r" do Garcia não ralla\'am a nenhuma fe ... 1a de São Pedro de セオ。@paróquia. Em 29 de ahl il de 186 .. eh.: ... t.: ... tavam I:í novamente hem represen-tado!'>. Na conversa. Jo:-.eph Vogd perguntou ao padrr.!: "Quando!'>e comemo-rarú em IJ lulllcnau n primeira rt.:sw do pat rono? O dia da conve rsão de São Puulo !'>cria o dia certo".

    "hto depende de você .... hlulllelllluen ... t.:,,", replicou o padre. "Se vo-cês con ... truírelll uma capda no centro de Blumenau, em 25 de janciro cu farei a inauguração".

    TrGs エ」イイ・ョッセ@ e ... tavalll iI 、ゥセーッウゥjッZ@ os dt.! Franz Bader, Jo ... cph e Xa\cr Bugmann. Imcdiatamente 、ャセウ」@ Bader: "SCll padre, di; a QQ PA^セos@ ami -go:-. e vi7i nho ... lima boa palavra ou falc com ek!> para que nos aj udem. A .. -セゥ イョ@ ti obra tcrá êxi to".

    Augu\to Sultcr di .... "c li rcspcilo: "Se IH.h>;O padre 。AIセゥュ@ O qui ... cr, nós ajudaremos".

    "Sim". 、ゥセ@ ... e o padre Gattonc, ··com i ...... o |Gッ」gセ@ real i/ariam um dc -sejo antigo, pois o cen tro de Blulllcnau não pode ficar ... em lima capela'"

    tntrío Joscph Vogd tomou a decisão: "Nó" vamo:-. di .. cutir i ... to com oセ@ moradores da cidadc c a pa rtir daí 」ッ ョ セエイオ ゥ イ・イョッB@ a capela".

    Franz 8 ader t.: X:l\cr Bugmann conferenciaram com o Dr. Blume-nllU , qUI! ficou de acordo com tudo.

    Conforme combinado. veio um grupo de ェッカ・ョセ@ c homens do Garcia e ajudaram 11 construir o caminho para O morro do 」」ュゥ エ セイゥッN@ cortaram dt.:-エャNAイュゥョ。、。セ@ úr\'ores e (i7eral1l dela ... tora ... de madeira . Em st.:guida. serraram vigih c táhua .... O tcmpo pa!'>sa\a r;ípido. Finalmente. no ... últimos I" dia ... tcvc-se quc trabalhar arduamente. Mas a obra te vc ê" ito. Em 2 .. de janeiro de 1865 a .. Illulhcre!o. cató lica , do eentro da cidade e nfeitaram a nova capela e. bem cedo. na munhfi do dia 25, cobriram o altar. aーVセ@ i ... to. o padre

    1111 \IH .. \1 H I ( · ,[)flP

  • Docume ntos Originais セ@ Corre_spondêncius

    und du! Badcn'tcr セ エゥ ュュH」ョ@ 11m.: gcwohlltc ll Gc:-oi.inge une! GcbclC ano Das war Cür dic wcru gcn Katho liken in Blutllcnau elll セ 、エ 」 ョ 」 イ@ Frcudcntag . Sie fiihlten, 、オ セセ@ :-o re in dcl' ncucn Ileimat Wurzc l ァ、。セセエ@ haucn.

    EIN WIlNIG FAMILlENGESCIIIGITE

    Au ... Kindem werdcn Lcutc. sagt das Spnchworl. Zwci Sohne der Jo-セ・ーィ@ Yogd erwiihlte n ais Lcbemgcfiihninnen T&:hlcr eles Scba.

  • Documentos Ori inais - ッイイ・セャANNPョ、↑ョ」ゥ。ウ@

    Gattol1c celcbrou a primeira mi""a. Os irmãos Scllral1lm vienlln de g。セー。イ@ e 」ッ ョ セHゥエオ■イ。ュ@ o coro da capei ... fUidigcr. o conh.!cido rnú!o.ico do Garcia, apa-receu com seus músIcos.

    Apó), a missa. ),eguiu a primdra procissão do pál io da igreja até o porto. Sebastião Z07 trazia a bandeira que trouxe da pátria e os "Badenser" entoaralll ),1t:IS co),tul11ciras cançõcs c orações. Para os pouco., católicos de Blulllcnau i"'to foi um dia raro de alegria. Eles finalmente sentiram-se enrai-zados na nova pátria.

    UM POUCO OA IIISTÓRIA OE UMA faセャ■lャa@

    "Crianças um dia tomanH,e adulta!oo". diz o ditado. Dois filho., de Joscph Vogcl e:-.col hl.!ra m como 」PQャャー。 ョィ ・ゥイ。セ@ as filha' de Scbastian 20z; Augmt casou com 8árb'lTse a mobiliá-Ia. port:ln. !:!obrevcio rl.!pcnti-Illltllentl.! n trágica l! llchen te. A mulhcr c ッセ@ !ilhas esta vam ocupados na casa, ma!'> não podiam ali permanecer, Como 11luitO'i oulros. l!I1Conl raram aloja-mento junto ao padre Jacob!o.. li a escola ou na igreja.

    August Sutter 」セエ。vZG Q@ ocupado na !'> Uil colônia no Garc ia. Por causa da enchente ficou 111uito preocupado com ウ・ オ セ@ familian.:s. À noite de!-occu o G'lrcia c foi até o centro da cidade. encontrando à frente de !-oua casa so-Illl!lltc a parte supe ri or do tdhado fora da corrcntc/a 、。セ@ águas. Então diri-giu-se ia Igreja, e para .,ua alegre Sllrprcsa. sua mulher e filhos o receberam

    IIl .. l lf'>I I':N ,\ll 1:\1

  • Documentos Ori inais - Corres londências

    denful1 war die nlichste, elwa IH km. entfem t, zu m Stad lpl atz ka mcn noch 10 kl11 . hin zu .

    AIs 1875 P. b ッ ・ァ・ イ ウ ィ 。オ セ・ ョ@ den Bau der Boni fatiu skapcl le

  • Documentos Originais · Corres ondên cias

    na escadaria du ュ ・セ ュ。 N@ Elc tinha que agora permanecer al i com eles c espe-rar pelo fim da inundação.

    Sua casa de comércio foi ー ッセ エ ・ イゥ ッ ョ ャQ 」 ョエ ・@ o ponto de encontro dos católicos que vinham para o centro da cidade. Muitos ensaios de hinos e n:uniõcs ali se reali t aram. Eh! mesmo foi o ajuda nte de confi ança do padre Jacobs até sua lílt imíl doença. Faleceu em 02 de agos to de 1895.

    Valcntin Vogel ュ オ 、 ッ オ Mセ・@ el11 1869 para o alto rio Encuno. comprou uma colônia qllC se locali zava a 12 qui lômetros da sua foz e compromcleu-se a construir até lá lima estrada pública. Seu irmão HicronyJTIlI s c セ・ ャャ@ cu-nhado Zoz logo vieram セ i エ イ £ウN@ Scu caminho para ir il igreja era longo. A ca-pela de Santa Mari a do Badcnfll rt cra a mai s pr6xima. 、 ゥ セ エ 。 ャャエ ・@ t.:crca de 18 ア ャャゥャ ャャャ ・ エイ ッセN@ 'le ndo que além di sso. para chegar ao centro da cidade, hav ia mais 10 ア ャャ ゥ ャ ャQQ ・ ャイ ッセN@

    A;;s ;11l que em 1875 o pndre Boegerslm usen !;ugeriu a cOJl !;lrução da c

  • Docum entos Origina is - Corre:.:s"'p,,o::.n=d:.:ê:.:,.::,c=i a=s ______ _

    warf fOrlwtihrcnd c in/clnc Glicdcr der Famil ic 。オヲ セ@ Krankenbctt, dcshalb 70g cr 1892 zum hoc hgclcgcllcll PClropoli ... Die mcistcn Sühne und TOchtcr w:m!11 sc hon slark und groso;. alie bra\'c , brauchb,lre Menschen. die immer Bcselüifti -gu ng fanden. So konlllc Augu ... 1 Vogel bahJ bei der Sladt auf dem Pre'>ldenda-bcrg

  • Documentos Originais - Corre!!l!."o"I .. , .. d",ê"n .. c,,· ' .. ' a""'s _______ _

    A'l 」ウーッウセウ@ de Valentin Vogcl e de Ilein ri ch Reuter vinham a pé do Encano Alto 。エセ@ Blulllcnau para tra?er sua ... crianças para o batismo. Os pa-drinho.) eram encaminhados à igreja ao sábado de meio-dia, pois neste horá-ri o era mais seguro encontrarem o padre. À 110ilC jil CSl

  • Documentos Originais - Correspondências

    tagte Familienviiter. Sic freutcn セゥ」 ィ@ innig. da ... s !l ic und ihre Nachkommcn ohlle grosse Mi.ihe monatli ch cinmal dem Sonntagsgonesdi ensl bc iwohnen und die h. Sakramenle empfangen konnlen. Auch der Sau der Schulc wurde gcplanl und ausgcfiihrt.

    Am 10. Mai 1909 slarb der Hauptgrli ndcr Va lclllin Vogcl. Dic Gc-I11cindc bcreitelc ihm dic IClzlC Ruhcsltillc rechls vo m Eingung der Kapcllc. Al Ie Beler セッ ャャエ ・ ョ@ sich sei ner erinnern . Seine Frau lcbte noch 18 Jahre. freme ... ir.;h de:; n.: ligioscn Fortschrittcs durch Kirche und Schule, .!.n h t;igl ich ih rc Enkcl 4.lm Untcrri chlc Ici lnch mcn lInd war fOr alle Leule eine gÜlige und kluge Bcrawril1. Manchell Roscnkranz hat ... ie l'ür die Ihrigcn 。オヲァ」ッーヲセョN@ bcsondcrs fi]r den Enkcl, der dcn Pri c"' lcrberuf im Fr:.Illzi ... kancmrdcn crw[ihlt hallC. Sic hat ihn im sei nem braunen I-Iabit gcsehcn. Ocr Tod raffle sie hinweg

  • Documentos Originais - Co,.,.espondências

    o terreno pHr

  • Buroc racia &

    Gove rno

    Re latório à Dire toria d a Colônia Blume na u* (29/3/1878)

    FREDERICO DEEKE**

    flú cem {/IIOJ' p(/ssados o cUIJ/l/I/{!c,llfe da Guarda de Bafet!(}((,S do MMo 1/lI CoIÔíl;(/ Olllllle-

    I/all , Frederico Deekt', {/1'1"l',H'1I101I (lO seu dire/ol' Dr. I-I ermmlll 8ntll0 QflO I3Il/1l1el/(ll/, o relatório

    ljl/e publicl/I llOS alU/ixo:

    "Colônia BluI1lCIl3U, 29 dc março de 187&. A ExmJ, Di reção da Colônia Blumcnau. RererelHe à Ilo,sa última expedição em persegui-ção aos bugres, que no 'dia 24 de revereiro do an-dantc prat icaram um assalto no Cmninho cios Ti -rolcscs. pcrmito-mc razer 。 セ@ セ」ァ オゥョエ ・ウ@ observa-ções. Durante a pri mcira semana o llIeu empreen-dimcnto não progred iu ウ 。エゥ セ ヲ。エ ッイゥ 。iQャ c ャャエ 」 N@ cm partc devido aos fo rtcs aguaceiros que ocorrernm, como também pelo ra la de terem os bugres. continua-mente, mudado o curso de sua viagem, e ainda por terem 、ゥカ」イセッセ@ 、ッセ@ mcus homens, アャャセ オ ャ、ッ@ si-mu laram doenças. perdido o ・ョ|liセ ゥ [ ャ ウ ャQQ ッ@ e a von-tade de part icipar da excursão. Por isso me vi for-çado à cOlllingência ele substituí- los, prcc i,ando

    OI B ri Li サOヲH■イゥHjNセGB@ 'I"e Fret/I'ril'(/ J)l'l'k. l' (lirigtll ri Oi/"('1'170 (/(1 Colônia IJIl1mel1(1l1. 10/"(1111 Ol" .1·eglliIlfI'J :

    I) Rl'lmârio til! J' I"I'l/el"ico f)1'f.'kl' à lJ il"('f()l"io da Cnli'mio IJ II/lllt'//O//, limado til! 2·1.7.1877· lJ illIlI (' IWII em ("adem os, TOl/lo /11, fJ. 48 .. 49, sob () tilll/O .. 0.1 ["dias tia 8ada do Ilajai'". 2) Relatório de Frl't/('/"ico J)('{'ke à J)ir('(orÜI da Co/til/in 1JI/lIIH'IIfI/l. t/tlllIt/O til' 5. J J. 1877 - 111,1llU!1I(1II em Cflllen w .\', fomo 1/, {I. 61-66. SO/) () lilll10 .. ím!i8e1ws da ()(leia do l/(l -ja;" 3) Rd(l/(hio de FI"t'daim Dake ri l)i1"l.'lOnt/ da Colânia RI"nll'f1tlll. (/(//(ulo dl' 29.3.1878: .... AI'Ugo compilado e orga ni zlldo pOI' Nipls Deeke.

    UI.l' \IFN\l11'\1 C\DFR/'iOS _ Tomo XXX IX · N ().! - Fc\

  • Burocracia & Governo

    sair à procura de outros indivíduos capacitados e assim somente nu se-gu nda semana teve início a excursão propriamente dita . Sabendo, eu, por experiênc ia , que para haver alguma ・セー・ イ。ョ 。@ de alcançar os bugres após qualquer de seus ass .. ,llos. não convi ria segui - los imediatilmente, e m vir-tude de costumarem deixar um grupo na retaguarda a fim de obse rva r os pe rseguidores e despistá-los, decidi c ntrar no mato somente após ultra-passar a moradi a do último colono cio Rio dos Cedros. Visei alcançá-los, por deu'ás das montanhas que consti tue lll O divisor das águas do Rio Be-nedi to, em direção norte, pa ra depois desviar para oeste, prclCndendo. desse modo, escapar às scmi nclas dos bugrcs e aos engodos de seus ru-mos di,sirnulados, para assim barrar- lhes a fuga. na hipótese de que ti -vcssem ti audácia de acampar ll

  • Burocracia & Governo

    plMaltos, com terra pobre, barrenta e lurfosa. A se is ou oito palmos no subsolo já ocorrem camadas dc rocha クゥウエッセ。N@ Os puredões das serras cir-cunvizinhas são de Pedra Lioz (Tonschicfer - : Liol -diz-se de pedra cal -cúria bmllCi.1 e dur,1 u:" ld'l em c'U1laria. eSlaluária, etc,) lH1S regiões monta-nhosas ; ョ。 セ@ colinas, a terra é mel hor c há diversas made iras boas, e por vezes encontre i canelas de grande espessura. Os bugrcs, ao que mc pare-ceu, dural1le a セ ャi。@ c::.tada no :lcarnpamellto alimentaram-se quase que cx-dusivamcntc de cocos, tendo derrubado quase lodos os coqueirais ( Jcri -vás) dos arredores. Pe las minhas observações pude constatar que não s6 aproveitaram os frutos e a parte comestível das palmas. ou seja os co lmas de pa lmito. como também a seiva. Em quase todos os coqueiros derruba-dos havia ori fícios abaixo da copa, nos quais podiam ser ・ ョ 」ッ ョエイ。、 ッセ@pauzinhos em forma de calha. Após saborearem a polpa, juntariam os co-quinhos cm ー ・ アオ ・ ョッ セ@ montes. para, mais tarde quebrarem a casca com o socador. Havia brinquedos de c riança, cesti nhos e uma imitação de um pasto com cercado de bambuzillhos. no interior cio qual idealizaram um curral redondo com um animal, reproduzido em xaxim, representando uma anta ou vaca. Partindo destc acampamento , seguia UI11 terceiro eam i-nl10 em direção oeste, pelo qua l os bugres, presumi ve lmente. haviam chegado, e através do qua l reso lvi seguir. P OllCO ante::. de at ingirmos o dito acampamento. vimo-nos obrigados a nos desfazer da nossa bagagem. pela ョ・」・セウ ゥ 、。、・@ de, naquele ponto, deixar outro doente, que hav ia pe rfu -rado seu pé, pois não poderíamos transpon á- lo adiante. Lampouco lcv;Í-lo de vo lta. Como cu ainda manti vesse a esperança de encontrar os índios nas prox imidades, mandei transpon ar somente os utensílios mais neces-sá rios. além de alimentos para três d ias. Determinei a preparação de pão de ヲ。イゥョィセャ@ de mandioca C assados de churrascos, para adiamc, ti partir da-quele ponto, não tornar a fazer fogo. A marcha prosseguiu com a maior cautela, sem a pron{mcia de qua lquer palavra ou produzi r as t50 costu -meiras pancadas com O fac50. A passagem foi forçada , conando o mato com todo O cuidado. afastando, sem fazer ruído, os galhos ca ídos e bara-ços que barravam o caminho, como aliás lambém já procedêramos nos dias precedentes. aー・セ。イ@ de loda nossa diss imulação, li ve um "ob:serv aclor" que sutilmente permaneceu nos acompanhando, aliás, j,i vinha fazendo isso há dias. Não sei se o bugre nos descobriu pela fumaça

    ョャャャmセ N ZB L |ャ@ 10"\1 (·\I)I-I(/'.'os • Tomo XXXIX · N II:! . r.:vcrclro QYLIセ@ 28

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  • Burocracia & Governo

    do nosso acampamcnto geral na rctaguardn, ou se foi por mero aCilSO. Quando. após percorrcrmos um curto trecho em rumo errado, vohamos para Irói,>, encolllrei a picada fechada, entrelaçada com fo lhagcm e taqua-ras. e Olllras ve7CS percebi a presença daquele bugrc na nossa dianteira. Numa daquelas ocasiões, depob de tcr ーイ・ーセュ|、ッ@ UTll acampamento para repouso noturno. ordenei a retirada daquele ponto -c retornando i\ picada, perccbi quc o bugre igualmente im itava os Illcsmos pa.ssos, movcndo·sc na I11C!o.11la direção tomada pcb minha turma. O "observador", durame a noite, rondava o nosso pouso c na manhã seguinte podíamos percebê-lo novamente. quando tomava a noç,sa diantclra. A picada acusava sinais de demorado uso. Il aviam pontes sobre pequenos alagados e nascentes, e nos tronco!:! de obre o caminho, escavaram degraus, ta-lhados a machado. para evitar quedas. Depoi:-. do primeiro dia de marcha nessa picnda. cruzei o caminho dos bugres que empreenderam o assalto. Partia do sul e seguia ao encontro ela trilha da picada principal. em dire-ção oeste. Era perceptível que andnvam carregados .1 transportar pesada carga. c disto era uma indicem va lor, ao passo que o primeiro d'lqueles nbrigos. eneontrava-se dani-ficado, contendo os ce .... lO!ot bem C0l110 as vasi lhas de barro para água ainda na condição de novos. Depois de pros!'!eguir por mai!' um dia de marcha. lOpei COI11 outro acampamento - de construção rcccnle, dotado de cinco イ。ョ 」ィッセN@ onde seria possível avaliar como scndo o número de trinta. parn ", pcs:-.oas, que wlvc.l neles houveslic acampado. Como pou-co antes encolltrei lima pegada recente, além de ter ouvido o barulho de machados c t:unbém o '>0111 de uma voz humana, supus ali poder topar os bugres. DclCrminei quc fossem cumpridos os procedimentos de apro-ximação sorraleirn. porém demos com o aCHlllpamento abandonado e o fogo apagado. oセ@ bugres Lcriam deixado es te rancho hti uns quatro ou cinco dias, e os nlfdos que ouvi mos certamente deveriam tcr sido produ-

    111.1 \l t'''UE\l C,\llFR'o;OS • Tomo XXXIX N (l2 Fc\crel ro 19911 29

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  • Burocracia & Governo

    7ido!'. por um clemento re tardatário com a função de sentinela ou in-cumbido de ・ョァセ ャiQ GャイM ョ ッウN@ Ne.!!tc rancho achei a dentadura de um c

  • BU1'ocr acia & Governo

    ciamos conversação, repctiu-sc a nítida pcrcepção da aproximação de cautelosas passadas, mas ao nos quedarmos cm profundo s ilêncio, o mesmo repetiu-se lá fora. Final mente os sil vícolas se convenceram de nossa vig ilância e as passadas humanas se afastaram, tomando direções variadas. Não posso est imar se pretenderam, exclusivamente, observar-nos ou se eram os componemes da retaguarda do bando de 「オァ イ ・セ@ as-saltantes, que pretendendo juntar-se ao seu grupo maior, uhrapassando-nos durante a noite, カ ゥイ 。ャャャMセ・@ ゥ セッ ャ 。、ッウ@ entre si pela in terpos ição de nossa ILlrma de batedores no seu cilIninho. Durante o relorno. percorri ainda outras picadas. alcançando também um acampamento abandonado que certamente ocuparam durante o verão. Toei" a região estava cosllInlda por Vi.lsta tfama de picadas. cuja malha seguia. in variavelmente. em direção oeste. Da mesma forma corno sempre ocorreu Jnteriormente. O que muito tornou a diriculw.r es ta minha expedição, foi a faha de barracas, porque na mata de fax inal não há folhagens para recobrir um rancho. Estivelllo:-, セ オェ 」 ゥャ oZMG@ a Illu itas afliçõc!\. suportando a ex posição direta às chuvas que caíram todas as noites, fazen do com que nossas roupas pennanecesselll continuamente encharcadas. Embora meu firme propósi to fosse o cl e não tornar a acender fogo, fui. a vis ta das circunstâncias, com pelido a aUlOri -zar que ateassem lima fogueira para enxugar as vestimentas. Além da lenda indi spensável, エッイョ。イMセ・ M ゥ。@ neccssária para o último avanço. até próxi mo do acampamento geral dos índios. lima pequena reserva de gê-neros alimentícios que n5.o precisassem ser cozidos, como pães em con-serva, lingüiças defumadas e um pouco de cachaça, pois uma foguei ra prontamente dCllunciaria a nossa presença aos índios. Igualmentc o deli-mitado praL.o de um mês é mu ito exíguo para a conclusão de semelhante tarefa, além do número de dezessei" homens. compondo um contingente de batedores, ser, com toda certeza, insuficiente para o sucessO de um empreendimento com tal finalidade. Será necess.lrio ャ ・カセ ャイ@ em COlHa que gcrahnclllc acon tecem casOs de alguns homens fic

  • Burocracia & Governo

    mento principal, deva localizar-se entre as bacias do Benedito, Rio Preto e Itajaí do Norte, pois as picadas que vi nesta empreitada, como também as da região serrana, todas estão igualmente conformes com o que me disse o "Jeremia Gonçalves", rumando todas naquela direção, sinalizan-do portanto para a citada região. A continuidade da excursão ter-me-ia, sem dúvida, levado às proximidades do acampamento central dos selva-gens. Os bugres, como receassem que alcançássemos o assim considera-do pouso grande, isto presumo eu, improvisaram um assalto na Itoupava, para despistar-nos da região do Benedito. É minha opinião que, caso se pretenda tomar medidas eficientes contra os bugres, será necessária a construção de um caminho, com desfiladeiro para mulas de carga, a fim de galgar o alto divisor das águas que confronta com o Rio Preto, possi-bilitando desta forma o transporte, a qualquer hora, num desses assaltos , de gêneros para a manutenção de um maior grupo de homens. A via, mediante tal desfiladeiro, por sua vez encurtaria o tempo que demanda o transporte e com isto o gasto de gêneros, pois a movimentação da baga-gem pelas picadas existentes levaria meses , e por um varadouro adequa-do em poucos dias seria alcançada toda a região. O custo de tal vereda que avançasse até vinte mil braças mata a dentro (2,20 metros x 20.000 = 44 km), incluindo a despesa com pequenos pontilhões etc., como a cons-trução de ranchos seguros, distantes um do outro pela jornada de um dia de viagem com mula de carga, montaria num dispêndio, para realização de tal empreendimento, valor que eu orçaria em três contos. Uma expedi-ção com a duração de dois meses, aprovisionada com trinta homens, in-clusive transporte e aquisição de mantimentos, calculo eu, absorveria cinco contos.

    Colônia Blumenau, 29.3.1878.

    Assinado: Frederico Deeke.

    BLU;\IENAU E;\I CADERNOS - T omo XXXIX - N. 02 - Fevereiro 1998 32

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  • Memórias

    o Integralismo no Vale do Itajaí

    Texto:

    SIEGFRIED CARLOS WAHLE*

    Os habitantes alemães de Blumenau e muitos dos seus descendentes, em primeira gera-ção, não conseguiam esquecer-se de suas raízes. Foi o Pangermanismo antes da primeira guerra mundial que, com o apoio do jornal "Der Urwaldsbote" através de seu proprietário e do re-dator chefe procurava influenciar os alemães e seus descendentes I .

    Este movimento causou muitos dissabo-res e antipatias junto aos demais habitantes. O mo-vimento do pangermanismo foi extinto pelas auto-ridades brasileiras durante a primeira guerra mun-dial.

    Mais tarde, com o aparecimento de parti-dos nacionalistas e totalitários na Alemanha, pro-jetou-se o NSDAP (nazista) . Era um partido de atividades violentas , chegando a usar armas de fogo.

    A Rússia foi dominada pelo partido co-muni sta, não só violento como sanguinário.

    Na Itália o partido fascista tomou conta do governo de cunho totalitário.

    Quando o presidente da Alemanha, von flindenburg, elevou o chefe do NSDAP a chance-ler, este partido em pouco tempo dominou a políti-ca alemã.

    Em todo o mundo, onde havia alemães e descendente de alemães, houve simpatias pelos nazistas. Em Blumenau não foi diferente. Fundou-se o partido nazista, chefiado pelo SI'. Nietsche, dono de uma papelaria e gráfica. E em breve este

    * ) Colaborador da Revista "Blumenau em Cadernos". 1 W AHLE, S.e. Carl Wahle: um nome ligado à história de Blumenau (I). Blumenau em Cadernos, Tomo XXXVI, Agosto de 1995 (8) , p . 242-244.

    BLUl\IENAU El\I CADERNOS - Tomo XXXIX - N. 02 - Fevereiro 1998 33

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  • Memórias - Curiosidades de uma Época

    partido começou a se tornar incômodo. Praticava ameaças veladas e ame-. ?

    aças realÇo O sucesso inicial na Alemanha, alargou as simpatias em todo o

    mundo pelo partido nazista. Na Rússia dominava o partido comunista, fundado por Lênin e

    depois chefiado por Joseph Stalin. Este partido custou' à Rússia 40 mi-lhões de vítimas. Na Itália o partido fascista no poder, com Benito Mus-solini, seu fundador, atirou-se em guerras de conquistas. Dominou a Etiópia e a Eritréia, e em outras aventuras deu-se mal.

    Acontece que estes partidos obedecem a uma doutrina totalita-rista e os chefes dos partidos totalitários não possuem caraterísticas de liderança e o seu carisma é negativo.

    No Brasil apareceu Plínio Salgado, fundando o partido integra-lista chamado também de camisas verdes, pela cor das camisas, com um símbolo representando a letra grega L (sigma), que em matemática quer dizer somatório. No dicionário Caldas Aulete encontramos a definição para a revolução como um funesto somatório de revoltas e motins, de violências e extermínios. O partido integralista teve uma grande aceitação pela simpatia oculta que os seus militantes tinham para com o nazismo.

    Em Blumenau foi fundador Alberto Stein, juntamente com José Ferreira da Silva e Érico Müller.O afluxo de blumenauenses ao partido integralista teve como causa a disfarçada simpatia por ser um partido to-talitário. Embora o integralismo fosse uma organização com atrativos, era uma organização paramilitar, pois possuía uma hierarquia e organização de milícia, diretamente subordinada ao chefe nacional, Plínio Salgado. Nesta organização não constava a existência da policia interna do inte-gralismo. Os responsáveis destas polícias estavam diretamente subordi-nados ao chefe nacional, através de militantes intermediários.

    Certa ocasião Carl Wahle foi visitado por um ex-aluno, um ci-dadão de classe média, explicando como funcionava a polícia integralista de Blumenau, da qual ele era o responsável, que entre outras atividades fichava todos os cidadãos suspeitos e aqueles que eram contrários à A.I.B. (Ação Integralista Brasileira). Explicou que era um cargo que nem

    2 WAHLE, S. C. Sem Novidade na frente. Blumenau em Cadernos, Tomo XXXV, Maio de 1994 (5), p. 156-157.

    BLUMENAU El\1 CADERNOS - Tomo XXXIX - N. 02 - Fevereiro 1998 34

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  • Memórias - Curiosidades de uma Época

    a cúpula integralista de Blumenau tinha conhecimento. Dado o relacio-namento que tinha com Carl Wahle, pediu-lhe que fizesse segredo desta conversa. Ofereceu-se ainda a mostrar a ficha de Carl Wahle, que ele agradeceu e pediu-lhe que não mais voltasse ao assunto. A fotografia de uma fich a de um cidadão do Rio Grande do Sul , encontra-se publicada no livro "Integralismo , o fascismo brasileiro na década de 30" de autoria de Helgio Trindade, baseado em sua tese de doutoramento defendida em 1971 , na Sorbonne, Universidade de Paris3 .

    Num congresso integralista realizado em Blumenau (1935) des-filaram cerca de 42.000 militantes. Foram trazidos militantes de todos os di stritos. Hum mil e oitocentas mulheres integralistas devidamente farda-das reuniram-se em Blumenau formando um sigma em homenagem ao chefe nacional. Também existia, em Blumenau, uma juventude integra-lista (plinianos) do mesmo estilo da juventude hitlerista4 .

    Nas primeiras eleições municipais , durante a existência integra-lista, foi eleito Alberto Stein como Prefeito Municipal e José Ferreira da Silva como vereador, que por indicação de Alberto Stein , foi eleito Presi-dente da Câmara de Vereadores.

    Na época, os integralistas fizeram circular uma fotografia para efeito promocional , tendo Alberto Stein ao centro, ladeado por José Fer-reira da Silva e por Érico Müller,devidamente uniformizados com a ca-misa verde decorada com o 1: (sigma).

    A prova evidente de que o integralismo tinha intenção de usar a força está na "intentona integralista" (assalto armado ao Palácio Guana-bara) em 11/5/38. Segundo participantes que eu conheci pessoalmente mais tarde, este assalto vinha sendo preparado havia algum tempo.

    O fracasso da intentona integralista gerou a perseguição ao inte-gralismo pelo" Estado Novo" de Getúlio Vargas. Os principais chefes foram presos e exilados. Muitos , porém, rapidamente trocaram de camisa, e os que antes eram integralistas passaram a ser adeptos do Estado Novo. Em Blumenau também não foi diferente. Enquanto Alberto Stein perdeu a prefeitura, José Ferreira da Silva a ganhou.

    3 TRINDADE, Helgio. Inle!!ralismo. o fascismo brasile iro na década de 1930. São Paulo, Ed . Difel , 1979. 4 Idem , ibidem.

    bluセienau@ EM CADERNOS - Tomo XXXIX - N . 02 - Fevereiro 1998 35

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  • Memórias - Curiosidades de uma Época

    Gerda Heuer Cipriani aos 5 anos de idade (1934), com uniforme integralista

    BLUMENAU eセi@ CADERNOS - Tomo XXXIX - N. 02 - Fevereiro 1998 36

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  • Memórias - Curiosidades de uma Época

    Em todo o Brasil foram destruídos os arquivos da polícia interna integralista. Alguns arquivos entretanto caíram nas mãos da polícia do Estado Novo.

    Depois da intentona integralista, Carl Wahle foi procurado no-vamente pelo ex-aluno informando que todo o arquivo da polícia integra-lista de Blumenau fora totalmente destruído. Assim, ninguém ficou sa-bendo da existência desta polícia, e Carl Wahle nunca fez qualquer refe-rência sobre esta pessoa, exceto a mim , porém o nome deste ex-aluno ele o levou para a sepultura.

    Carl Wahle, um dia foi procurado por José Ferreira da Silva e di sse-lhe que esta aventura integrali sta não passara de um movimento político imaturo. Entretanto admirava aqueles que assumiam o passado e reconheciam o erro e, que era melhor estar com o Estado Novo do que com o integralismo. O relacionamento entre Carl Wahle e José Ferreira da Silva nada sofrera.

    Em 1947, um vereador do Rio de Janeiro, tentou fazer uma defe-sa do integralismo, rebatendo as acusações do vereador Carlos Lacerda. Embora esta defesa tenha sido publicada, não foi tomada muito a sérios.

    5 SILVA, Jayme Ferreira da. A Verdade sobre o Integralismo. São Paulo, Edições GRD, 1996.

    BLUI\IENAU EI\I CADERNOS - T omo XXXIX - N . 02 - Fevereiro 1998 37

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  • Artigos

    NO"GASPARE"

    Carta de João Schramm (1911)

    Tradução:

    FREI ELZEARIO DESCHAMPS SCHMITF, OFM*

    Entre os vários Centenários que vai tra-zer consigo o ano 2000, Gaspar tambéln vai evo-car o da centenária fixação definitiva dos fran-ciscanos na paróquia de São Pedro Apóstolo, presença contínua que assinala seu histórico iní-cio no dia 17 de setembro de 1900, festa das Chagas de São Francisco.

    A tão memorável ensejo, cogita-se a pu-blicação duma pequena monografia, que enfoque a presença da Igreja nesta parte do Vale do Ita-jaí desde o início de sua colonização: a gênese de Gaspar como cOlnunidade religiosa e o seu desdobramento até nossos dias. Serão tópicos esparsos, colhidos na lnelhor fonte, que é a fonte local: o importante arquivo dos próprios fiéis franciscanos.

    Existe, entretanto, um documento, que, devido a seu interesse maior para o lugar e para a Igreja, e em obediência a expectativa dos que sabem de sua existência, pede publicação ante-cipada.

    Trata-se de uma carta, escrita em 1911, en1 Gaspar, por João Schranun, 63 anos depois que seu pai, Frederico Guilherme Schramm, ti-nha deixado a Alemanha, vindo diretamente para Gaspar com toda a sua família, em 1848. Aqui tomou-se o patriarca duma grande estirpe de descendentes e líder inconteste da incipiente co-munidade católica. Escrita como uma espécie de testmnento para os filhos e os netos, a carta de João Schramm não entra em detalhes sobre da-dos históricos mais exatos, geralmente procura-dos pelos historiadores contO: datas, localização

    * Colaborador da Revista Blumenau em Cadernos .

    BLUi\IENAU EI\I CADERNOS - Tomo XXXIX - N. 02 - Fevereiro 1998 38

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  • Artigos

    exata do teatro dos acontecbnentos e seqüências cronológicas. É a nar-ração solta de um homem simples, o que aumenta a valiosa espontanei-dade deste documento familiar, escrito à luz do lampião, COln o calor de uma testemunha ocular da história. Era intenção do autor deixar para os seus Uln exemplo escrito e vivo do que esses pioneiros da fé e fundadores da comunidade por ela fizeram" não apenas no plano religioso, o que não seria tudo, mas igualmente no campo ainda virgem da sua organiza-ção social, há exatamente 150 anos atrás.

    Escrita sobre papel almaço pautado, usando o velho alfabeto gótico alemão, com ortografia e sintaxe nem, sempre corretas, a carta, em seu original amarelecido de 86 anos, tem /3 páginas, costuradas. A tradução para o português de um texto sob vários aspectos difícil, res-peita as repetições do autor e procura colocar ordem, na sintaxe por ve-zes emaranhada do docUlnento, que constitui modelar exemplo para os de hoje e os de amanhã, alguns deles esquecidos de sua raiz e do seu chão. A nota mais marcante na carta é a dedicação do seu autor aos in-teresses da comunidade. É a l1'leSma nota que assinala a vida de todos os velhos patriarcas e das matronas veneráveis, que em Gaspar lançaram os fundamentos sólidos da organização familiar que procura resistir aos vendavais que sopram sobre os telhados.

    A CHEGADA E OS PRIMEIROS CONTATOS

    Descrição da viagem de meu pai Frederico Guilherme Schramm e de sua família da Alemanha.

    Nós viajamos no dia 5 de agosto de 1848 da nossa casa, que fi-cava em Kemperdik, até Antuérpia, de trem, durante um dia. Ficamos lá uns cinco ou seis dias. Havia à espera um grande navio de 3 mastros, no qual embarcamos.

    Éramos 10 pessoas. Pai, mãe, e cinco filhos: Germano José, Francisco Bernardo, Liselotte, João e Amália Schramm; o irmão do pai, Ludovico Schramm, com duas sobrinhas: Lisseta e Gertrudes Kemperdik. Havia ainda uma outra família, de sobrenome Korf, com mulher e duas crianças, mais quatro jovens solteiros. A tripulação era de 18 homens, o capitão chamava-se Petersen. Não sei cOlno se chamavam os outros. Zar-

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    pamos de Antuérpia no dia 11 de agosto, pelo Canal da Mancha. Leva-mos 14 dias até alcançarmos o alto mar, tendo passado por uma tempes-tade que durou 24 horas. Em alto mar fomos mais felizes: não tivemos mais tempestades até o Rio de Janeiro. Passamos sete semanas no mar. Chegamos ao Rio de Janeiro no dia 19 de outubro, aniversário do Impe-rador, que se chamava Pedro de Alcântara l . Ficamos mais ou menos treze dias no navio alemão, até que um brigue nos trouxe para Santa Catarina. Levamos dois dias e três noites do Rio até Santa Catarina, onde chega-mos às 3 horas da madrugada. Havia ali um cônsul da Alemanha, na pes-soa de um russo, que muito nos ajudou , pois não precisamos pagar alfân-dega. Chegamos a Santa Catarina no dia 10 de novembr02. Alugamos uma casa, morando então durante cinco ou seis semanas em Santa Cata-rina. Foi durante esse tempo que o pai e a mãe viajaram para Itajaí num pequeno barco à vela. É que naquele tempo ainda não havia tantos navios como hoje. De lá, meus pais navegaram rio Itajaí acima até Velha, onde residia Fernando Hackradt, um companheiro do Dr. Blumenau. Naquele tempo ainda não existia a cidade de Blumenau, e durante dois anos e meio era mata virgem, até Pedro Wagner3. Meus pais não encontraram o Dr. Blumenau. É que em Antuérpia um armador nos indicara como colo-nos, o que fazia de nós os primeiros colonos à disposição do Dr. Blume-nau. Este havia viajado para a Alemanha. Isto obrigou meus pais a se contentarem provisoriamente com outra solução.

    Assim foi a chegada de meu pai e minha mãe. O pai chamava-se Frederico Guilherme Schramm, e minha mãe chamava-se Gertrudes Schramm, nascida Kemperdik. Chegaram com a Família a "Gaspare" no dia 28 de dezembro de 1848. Enquanto o Dr. Blumenau permanecia na Alemanha, meus pais adquiriram uma colônia aqui em baixo no "Gaspare", cedida por um alemão de nome João Kerbach.

    I Nota do tradutor (N. T) - Não era o aniversário do Imperador. Dom Pedro 11 nasceu na madrugada do di a 2 de dezembro de 1825 . O autor da carta confunde o dia do padroeiro do Brasil Império , São Pedro de Alcântara, 19 de outubro, com o nome do Imperador, Pedro de Alcântara, filho de Dom Pedro I. 2 N. T - Quando a carta diz" Santa Catarina" , entende a capital da então Província: Des-terro. 3 N. T - Casa de Pedro Wagner.

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    A ORGANIZAÇÃO DA PRIMEIRA COMUNIDADE CATÓLICA

    Quando morávamos aqui mais ou menos umas três ou quatro semanas, o pai e a mãe foram visitar os alemães antigos. Conversaram sobre umas e outras coisas, e quando meu pai perguntou se aos domingos eles se reuniam para o culto, responderam que não tinham igreja, nem livros de reza. Meu pai disse que com livros ele podia ajudar e que se procurasse uma casa, até que fosse possível construir uma capela. En-contramos ali três casas, onde fazíamos nossas devoções em domingos e dias de festa. A primeira casa foi a do João Klocker; a segunda, de Nico-lau Rausch; a terceira, de Nicolau Deschamps. Assim fazíamos nossas rezas . Isto continuou sossegadamente durante algum tempo. Então acon-teceram umas coisas aqui e ali que não foram do nosso agrado. Aí meu pai disse que não podíamos continuar assim: "Nós queremos construir uma capela! Quem vai nos dar o terreno?" Logo recebemos a oferta de quatro lugares. Então meu pai disse que era preciso fazer uma escolha, por votação. O terreno que recebesse mais votos seria o escolhido. Os doadores potenciais eram João Kloeker, Nicolau Rausch , Valentim Theiss e Nicolau Deschamps. Marcamos o dia da votação. Foram convi-dados todos os moradores, desde Pedro Wagner até embaixo no "Real,,4, e até mais longe - não sei mais. Marcada a data, certo domingo, aqui em cima, na propriedade do João Klocker, apareceram os alemães, os brasi-leiros e os belgas. A escolha caiu sobre o terreno do João Klocker, onde reside hoje o Pedro Mueller. Todos concordaram que aquele deveria ser o lugar. Mas a escolha não agradou a certo colono, que morava em frente .

    Construímos uma capela em honra de São Pedro. Todo domingo e dia santo ali nos reuníamos para o culto, e na esperança de que viesse um padre para atender-nos. Veio o padre Francisco de Itajaí, algumas ve-zes. Isto é, ele subia cada três ou quatro meses para celebrar missa, fazer casamentos e batizados, ouvindo confissões em casa do Nicolau Des-champs. Quando a capela ficou pronta, veio o padre Francisco certa ma-nhã e ouviu um sino. Perguntou o que era aquilo. Responderam-lhe que o Klocker estava tocando as Ave-Marias. Ele não disse nada. Fez um ho-mem conduzi-lo à terra e celebrou missa. Isto durou uns anos. Depois,

    4 N. T. - Arraial , afluente do Itajaí.

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    meu pai escreveu ao padre Boergenshausen de "João Villa"s, que ali se encontrava não fazia muito tempo que ele viesse visitar-nos, pois aqui no Brasil nós ainda não tínhamos visto nenhum padre alemão. O padre Bo-ergenshausen apareceu aqui inesperadamente no "Gaspare" certo dia, às três horas da madrugada. Mas não havia paramentos para a missa. Por isso precisamos ir até Itajaí buscar, e realmente trouxemos. Eu e um outro fomos mandados, e nós trouxemos os paramentos. Este foi o primeiro padre alemão que apareceu entre nós.

    PRECÁRIO ATENDIMENTO RELIGIOSO

    Daí em diante, vinha visitar-nos algumas vezes um padre portu-guês, mas o padre Boegershausen também, até que este nos mandou vir o padre Gattone. O padre Alberto (Francisco) Gattone chegou ao "Gaspare" em fevereiro do ano de 1859/1860. Como nós ainda não tínhamos os pa-ramentos para a celebração da sqnta missa, nós o conduzimos na véspera até Itajaí, onde ele celebrou missa no domingo de carnaval. Na quarta-feira de cinzas ele celebrou em nossa capela perto do Pedro Mueller. Daí. em diante sempre, até que o padre Gattone se mudou para Brusque. Ficou entre nos uns 5 ou 6 anos. A partir daí ficamos novamente sem padre. Algumas vezes tivemos a visita do padre Roemer de Blumenau, como também de alguns missionários do Rio Grande do Sul. Veio então o pa-dre Zelinski, que ficou entre nós uns 2 ou 3 anos. Depois, vieram nova-mente alguns missionários, mais o padre Vendelino Lock e um italiano, cujo nome esqueci. Este veio duas vezes. Apareceram também um padre russo e um italiano. Esqueci os nomes. Algumas vezes veio o padre Mertens, um holandês. Depois, um franciscano, de Itajaí. Também de Itajaí, vinha o padre João, junto com o padre Boegershausen. Um padre da Serra vinha também algumas vezes e mais um italiano, de quem não sei o nome. Depois, veio assistir-nos o padre Manoel de Itajaí. Final-mente, chegou o padre Matz. Este ficou entre nos até o fim, durante uns 16 anos , até que Deus o chamou. Que este bom Deus lhe dê o eterno des-

    5 N.T. - Joinvillc .

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    canso, e a luz perpétua o ilumina. Por fim, vieram os padres franciscanos, que até agora continuam entre nós. Espero eu que fiquem ainda durante muito tempo. Mas seja como o bom Deus quiser. São muitos , mas não sei todos os nomes. Sei como se chamavam alguns deles, e quero dizer-lhes o nome: Frei Burcardo, frei Cleto, frei Zeno, frei Osmundo, frei Hercula-no, frei Nicolau, frei Solano, frei Ciríaco, frei Pedro6, frei Rogério e ou-tros mais de quem esqueci os nomes. Conceda o bom Deus que continu-em entre nós ainda durante bastante tempo.

    PREOCUPAÇÕES E PROBLEMAS

    Agora quero escrever mais como as coisas a nosso respeito co-meçaram e terminaram. Quando já nos encontrávamos aqui alguns anos, o Dr. Blumenau começou a colonizar. Durante uns 5 anos, ele nos impôs a incômoda tarefa de toda noite, darmos pousada a dezenas de pessoas, até que não suportamos mais . Meu pai ainda tinha mais ou menos seis contos de réis em ouro, talvez mais , quando começou essa história com o Dr. Blumenau. Posso confessar toda a verdade: nós trabalhávamos dia e noite, e sei o que passamos.

    Veio o padre Gattone, o que nos obrigou a pensar na fundação duma comunidade ou paróquia. Aí entramos nós com o serviço, meu pai e meu irmão Franci sco. Não sei quantas viagens meu irmão precisou fa-zer até "Santa Catarina,,7, para que fosse criada a freguesia. Não era como hoje8. Viajava-se durante quatro ou cinco anos por terra até "Santa Cata-rina". Por isso, nós sofremos muito. Eram nossas despesas de sustento, e o pouco caso que de nós faziam tantas pessoas estranhas. Mas, em paga dos nossos esforços pelo bem comum, nós vimos mais tarde como foram tratados os meus pais, meu irmão e outros da famí lia, até a minha insigni-ficante pessoa. Sobretudo meus queridos pais, que não tiveram paz nem na sepultura. Até bons católicos queriam mexer na propriedade. Arranca-

    6 N. T. - Pedro Sinzig. 7 N. T. - Desterro, a capital. 8 N. T. - Isto é, 1911.

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    ram o pequeno cercado, violaram a sepultura de meus pais. Posso dizer que a pisaram com os pés . Foi esta a gratidão pelo que meus pais e nós todos pagamos com sacrifícios. Dói-nos bastante a todos nós. O que de infame se fez contra meus queridos pais continua um pesar para mim mesmo, meus filhos e todos os familiares. Não foram os protestantes que assim procederam, mas foram os bons católicos, ou que pelo menos o quenam ser.

    Agora tínhamos um vigário. Era uma preocupação a mais. Foi novamente meu pai que se interessou . Aconteceu que o terreno, onde hoje se encontram a igreja e a freguesia, estava à venda, e o homem o ofereceu a meu pai , mas perguntou o que pretendíamos fazer com tanta terra. Meu pai pediu ao Dr. Blumenau que comprasse a terra, pois o Bento Dias queria vender. O Dr. Blumenau respondeu que ainda não sa-bia, mas que ia ver. Depois de algum tempo o Dr. desceu até nos e com-prou o terreno por um conto de réis. Aí, meu pai lhe disse:

    - Doutor, agora o senhor precisa dar-nos um pedaço para cons-truirmos uma igreja.

    - Pois eu vou ver. mセウ@ então eu também preciso reservar um ter-reno para nós.

    Ele era protestante. Meu pai respondeu: - Sem dúvida: isto o senhor pode fazer, pois ainda existe muito

    espaço próprio. - Está bem - respondeu Blumenau - quando eu descer outra vez,

    nós vamos escolher o lugar para a igreja. Faça abrir uma picada. Foi o que eu fiz. Quando o Dr. Blumenau voltou , foi com meu

    pai ver o lugar. Disse a meu pai: - Dou-lhe este morro aqui até o rio para construírem a igreja. Naquele tempo ainda não havia estrada por ali , isto eu posso

    confirmar com juramento, se for necessário. Deu-se também o espaço para a casa paroquial, que ainda lá se encontra. Quando o Dr. Blumenau e meu pai desciam do morro, disse o Dr. a meu pai:

    - Meu desejo seria que a igreja fosse construída ao pé do morro, não por meu interesse, mas por causa das pessoas idosas ; pois eu não sei se um dia elas vão poder subir até aqui.

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    A CRIAÇÃO DA FREGUESIA

    Após havermos marcado o lugar em que iria ficar a igreja, meu pai e meu irmão Francisco pensaram na criação duma freguesia. Por isso meu irmão Francisco fez várias viagens a "Santa Catarina", até que con-seguimos. Foi batizada de "São Pedro Apóstolo" , que assim é hoje e será pela eternidade. Isto foi em 1861, penso eu, embora não tenha certeza. O padre Gattone já estava aqui fazia 1 ou 2 anos. Tivemos ainda um outro colaborador: João Perere9 era seu nome. Aí sofremos muito. Quando es-tiveram aqui o Ministro do Rio de Janeiro, o Presidente de Santa Catari-na, o Chefe de Polícia, assim como outros de quem não sei mais os no-mes, aí nós nos sacrificamos, não para obter lucros, nem grande nome ou honras. Não. Meu pai e o irmão só estavam interessados no bem comum, e disto deram prova. Mas o bom Deus, até os dias de hoje, não deixou meus pais, seus filhos e netos passarem fome ou andarem nus pela vida. Ao bom Deus, a nossa querida santa Mãe Maria e a São José, a nossa gratidão.

    RELIGIÃO E MÚSICA

    Vou contar agora como aconteceram as coisas com nossa canto-ria de igreja. Tínhamos capela, e todo domingo e dia santo fazíamos nos-so culto. Disse meu pai: "Agora podemos misturar cânticos sacros com rezas !"

    Todo mundo achou bom, e assim fizemos. Na Festa do Corpo de Deus também fazíamos procissão com 4 altares, até mesmo sem padre, antes de termos um. Mais tarde meu pai começou a cuidar para que tivés-semos um bom canto na igreja: introduzimos corais a 4 vozes, missas em latim e alemão. Tivemos vários maestros de música sacra. O primeiro deles foi o professor Ostermann, de Blumenau, quando começamos a en-saiar as primeiras músicas em latim. Depois veio Nicolau Malburg, tam-bém professor, com quem tentamos as primeiras missas em alemão e la-

    9 N. T - João Pereira.

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    tim, além de outros cânticos. Veio então o professor Heuer, que nos fez conhecer outras músicas sacras. Veio Guilherme Hautz, outro ótimo pro-fessor de música. Em seguida apareceu Durskin, um polonês, que entre outras músicas nos fez cantar a ladainha de Nossa Senhora em latim. Com Nicolau Malburg ensaiamos um "Magnificat" a 3 vozes, mais uma outra missa a 4 vozes. Por fim, veio Germano Ruediger, que nos fez co-nhecer várias outras músicas e outras missas em latim. Quando da inau-guração da nossa igreja, ele se mostrou particularmente esforçado para que fizéssemos boa figura. Daí em diante, o entusiasmo foi esmorecendo pouco a pouco. Alguns cantores faleceram , outros se retiraram, outros foram excluídos, o que aconteceu comigo. Tais coisas aconteceram a meu querido pai, ao irmão e a nós todos em passados tempos: calúnias e men-tiras , sobretudo da parte dos bons católicos, como se dizia, e não por parte de membros de outras religiões ou de brasileiros. Não! As coisas vinham dos próprios conterrâneos, com o ciúme e a falsidade de alguns. Queira o bom Deus perdoar-lhes, como de todo coração lhes perdôo.

    DESCULPAS

    Agora quero desistir de me queixar e resmungar. Se a minha es-crita é imperfeita, não me leve a mal quem chegar a ler estas coisas. Quando na Alemanha eu ia a escola, entre os meus 5 a 10 anos, era um dos melhores estudantes em leitura, escrita e contas . Mas quando viemos para o Brasil morar no mato, aí tudo acabou. Nos primeiros anos a gente ainda se defendia mais ou menos. Mas depois de 4 ou 5 anos vieram as caçadas e as pescarias, e meu pai já não me puxava pelas orelhas para aconselhar-me leitura e escrita. Quando completei 18 anos, tive vontade de ler e escrever novamente, mas então eu quase já não conhecia mais o alfabeto. Tive raiva de mim mesmo. Aí meus pais acharam um professor primário de Colônia, que se chamava Teodoro Mattler. Este me ajudou para que reaprendesse outra vez alguma coisa. Mas já não era como an-tes . Depois dos 40 anos, tinta e caneta já não me eram familiares . Tinta, somente quando precisava assinar o nome. Fora disso escrevia tudo so-mente a lápis. Passados mais 9 ou 10 anos, comecei a usar a caneta outra vez. Naturalmente isto precisa funcionar de novo. Mas qualquer pessoa

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    vê que a letra não é boa, faço erros e até a tinta pouco ajuda. Quem ler precisa ter paciência comigo.

    PRIMEIRA DESPEDIDA

    Agora, queridos filhos , netos e bisnetos, lembrai-vos de vosso pai, vossa mãe, avô, avó ,bisavô, bisavó, aqui e na eternidade. E vós , es-timados parentes e sobrinhos, lembrai-vos de nós, por causa de tudo o que sofremos por vós e por todos. Também vós , amigos, também inimi-gos , se é que os tenho: perdoai-me então, assim como eu vos perdôo. As-sim quero finalmente acabar de me queixar. Mas de verdade. Sou vosso pai e avô fiel, talvez bisavô, tio e amigo Johann Schramm. Isto eu escrevi em 27/28 de abril até 4 de maio de 1911. Quem ler isto e achar que não é verdade, seja parente, amigo ou inimigo - para mim tanto faz. Deveria ter anotado estas coisas antes. O que vai aqui escrito é a pura verdade. E mais haveria para escrever se eu quisesse. Se fosse escrever tudo, não ha-veria no "Gaspare" papel suficiente. Mas alguma brincadeira também pode acompanhar!

    o IRMÃO GERMANO JOSÉ EM BLUMENAU

    Estávamos aqui há mais ou menos 5 ou 6 anos, quando o Dr. Blumenau procurou meu pai e minha mãe, para pedir que minha sobrinha Lisseta Kemperdik fosse liberada para ser governanta na casa dele, em troca de um bom ordenado. Meus pais permitiram durante algum tempo. Mais tarde o Df. Blumenau falou também com meu irmão Germano José para que fosse com ele a fim de assumir uns negócios. Meu irmão acei-tou, indo junto com um outro, de nome Frederico Toegel. Em companhia, começaram a lidar na roça e em outros serviços, plantando bastante cana, fazendo açúcar e cachaça, que na época tinha bom preço. Carneavam al-guns bois, vendendo a carne aos colonos na Garcia. Isto funcionou du-rante algum tempo, tendo o Df. enviado ainda outros para ajudar, pagan-do-lhes mensalidade. Mas eram oficiais, cesteiros, mestres-escolas, co-

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    merciantes e ainda outros, que nada entendiam de lavoura. A estes preci-savam pagar mensalidade de 6 a 8 mil réis. E tais mensalistas ainda exi-giam toda manhã água e sabão, mais uma toalha fina para lhes serem en-tregues no quarto. Isto é, alojamento pago ("Zimmerlohn-Bude"), como era de praxe. Mas o Dr. Blumenau ainda nos empurrava outras pessoas, em visita. Não em visita, mas em férias. Isto durou até que ele não su-portou mais. Ainda por cima, apareceram os bugres.

    OS BUGRES

    Meu irmão veio em visita pelo Natal, junto com a esposa Lisseta Kemperdik, com quem havia casado. Já que estava nos visitando, passou conosco o segundo dia da festa, e achou que no terceiro dia festivo devia deixar em ordem sua espingarda, pois não sabíamos o que podia aconte-cer. Fez realmente uma revisão na espingarda. Toegel , que ainda não ti-nha decidido arrumar sua arma, foi aconselhado por meu irmão: "Homem, arruma tua espingarda de novo! A minha está pronta, e agora os bugres podem vir." Foi procurar um lugar no quarto para pendurar a espingarda. Mas, quando olhou para fora, começou a gritar: "Aí vem os bugres!" E já foi indo ao encontro deles. Toegel, que ainda não estava pronto com a espingarda, carregou pólvora e atirou gritando: "Bugres! Bugres!" Estava fora de si vendo os bugres aproximar-se. Meu irmão continuava indo ao encontro deles. Quando eles notaram que ele vinha vindo, voltaram em direção ao mato. Quando meu irmão viu isto, parou para pensar. Começou a fazer-lhes acenos, pois não era possível. falar-lhes porque não iam entender. Fez-lhes sinal que, deviam largar seus ar-cos e suas flechas, assim como ele estava largando a espingarda. Daí fala-ram entre si, meu irmão largou a arma e foi ao encontro deles. Quando viram que ele tinha largado a espingarda, eles também foram vindo ao encontro dele, mas com arco e flecha. Quando meu irmão percebeu isto, voltou para pegar a espingarda. Vendo-o novamente armado, voltaram para o mato. Mas o chefe deles, parado na entrada para o mato, gritou-lhes que fossem contra meu irmão. Quando meu irmão viu isto, tornou a empunhar sua arma, repetindo o gesto varias vezes, até que eles voltaram

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    para o mato. Pensou: "Vou pegar vocês!" Começou a correr na direção do rio , quando lhe veio ao encontro o companheiro Toegel perguntando: "Germano, por que é que você está correndo?" Ele respondeu: "Corra você também. Lá em baixo no rio vou lhe contar." Quando chegaram ao rio, meu irmão lhe disse: "Quero pegá-los. Agora nós vamos rodeando este barranco até a cozinha, e daí entramos em nossa casa, subimos ao sótão e esperamos até que voltem."

    Nós ainda tínhamos um capanga, que também tinha visto os bu-gres, e se tinha escondido. Meu irmão o chamou, e eles subiram ao sótão à espera dos bugres. Eles eram só 3: meu irmão Germano, Toegel e o ca-panga, de nome Nicolau Bornhofen. Sem muita demora, os selvagens também já vinham descendo com gritaria o Morro dos Bugres - assim o morro foi chamado depois. Cinco deles vinham em direção à casa, um sexto ficou ao pé do morro e dava as ordens. Quando os 5 já estavam mais perto da casa, mais ou menos a 300 ou 400 metros de distância, co-meçaram a atirar flechas por toda a parte contra as portas , que tinham fi-cado abertas. Uma flecha atingiu também a cobertura, no meio dos 3 que estavam ali à espreita. Quando os bugres viram que nada se mexia, desce-ram a galope, e um deles foi logo ao quarto do Dr. Blumenau, procurou o armário e escancarou a porta, que estalou arrebentada por um deles. O outro bugre ficou parado, olhou ao redor, para ver de onde vinha o estalo. Isto despertou a atenção do meu irmão, e ele aproveitou para atirar o bu-gre no estômago e no peito. Este logo foi ao chão, largando arco e flecha. Mas levantou-se outra vez, foi se afastando devagar, mais ou menos ain-da uns 825 metros, ou umas 400 braças. No outro dia ainda o encontra-ram com vida. Meu irmão ainda o batizou. Pouco depois ele morreu. Ti-nha levado duas descargas fortes de uma só vez, pois a espingarda com que meu irmão atirou no bugre era a de Toegel , que com aquele medo pusera carga dupla. Tão logo meu irmão pegou de novo sua própria arma, atirou pela janela num bugre que ele não acertou. Atirou outra vez contra um terceiro, que ele acertou nas costas. E os soldados que lO perseguiram esses bugres disseram havê-lo encontrado junto a uma arvore, entre duas raízes.

    No ano seguinte, os bugres fizeram nova visita, mas com outra

    la N. T. - depois.

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    estratégia. Quando os homens voltaram da roça de meio-dia, havim desa-parecido do rancho todas as ferramentas e utensílios, junto com a espin-garda de cano duplo do meu irmão, mais uma serra grande. Assim os bu-gres tinham chegado de modo diferente, para cobrar o que tinham sofrido no ano anterior. Um dia, meu irmão também encontrou na roça uma onça ("Tiger") malhada preta-e-branca. O animal o assustou mais do que os bugres. O animal de repente saiu pulando detrás de uma árvore ao en-contro dele, e ele estava desarmado. Logo mandou avisar o pessoal na Garcia. Vieram vários homens e mataram a onça. Meu irmão estava sem condições, por causa do susto que tinha levado. A onça não é como o bu-gre. Esses animais são muito falsos e traiçoeiros . Esqueci uma coisa. Quando os bugres tinham aparecido descendo o morro, meu irmão man-dou sua mulher até a Garcia, junto com um capanga; pois tinha se assus-tado muito. Quando chegou lá, logo contou o que estava acontecendo na Velha. Daí, algumas pessoas logo subiram às pressas, pois ainda não ha-via estrada como agora. Quando esses homens chegaram, meu irmão ati-rou na direção dos bugres, e todos os homens fizeram o mesmo. Mas quando se aproximaram do meu irmão, os bugres todos já tinham fugido para o mato. Como já era quase noite, no outro dia os homens foram atrás, e ainda encontraram aquele bugre com vida. Mas ele não sobrevi-veu mais muito tempo.

    o DR. BLUMENAU E GERMANO JOSÉ SCHRAMM

    Agora ainda preciso contar como o Dr. Blumenau tratou meu irmão Germano. Como o meu irmão na Velha tinha trabalhado muito para o Dr. Blumenau, em favor de seus visitantes, amigos e vagabundos que não queriam trabalhar, meu irmão reconheceu que a situação não po-dia continuar assim, do jeito que ele próprio não conseguiria alcançar su-cesso nenhum 11. Declarou que pretendia abandonar tudo. Foi o que fez. Então o Dr. Blumenau enviou um ... e um vadio, pois ele próprio não po-dia vir. É que sua consciência não estava livre do peso das injustiças de

    11 N. T. - Expressão alemã: auf keinen gruenen Zweig kommen.

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    que era culpado. Mandou-lhe um comerciante falido, ignorante nos as-suntos, que nada entendia das coisas. Meu irmão, com todos os seus es-forços, trabalhos e chateações, havia contraído uma dívida de 700 mil réis, e não tinha como pagar. Mas o Dr. Blumenau se tinha prevenido. Foi onde meu pai precisou ajudar, apesar de minha mãe e meu irmão Francis-co não estarem de acordo. Eles diziam que o Dr. Blumenau tinha coloca-do aquela gente nas costas do meu irmão. Então o Dr. se virasse. Mas meu pai não queria deixar de socorrer meu irmão. E foi o que fez. Meu pai ainda tinha algum dinheiro que não queria usar. Então o pai e meu irmão foram a "Santa Catarina" procurar um irmão do pai. Trouxeram de lá 700 mil réis, a juros de 18 ou 24%,para pagar ao Dr. Blumenau. Com estas e ainda outras histórias nós nos arruinamos por causa do Dr. Blu-menau, que tinha o propósito de oprimir ("unterdruecken") os católicos e crentes protestantes também; pois tratava-se de um detestável livre-pensador ("abscheulicher Freigeist"). Foi isto que meu pai e nós todos tivemos que engolir. Aqui coloco ponto final às minhas lamentações. Mas é a verdade, queridos filhos, parentes e amigos, perdoai-me esta letra tão ruim. Sou vosso pai, parente e amigo Johann Schramm.

    Suplelnento: Não se encontra nos arquivos da paróquia de Gaspar o ori-ginal alemão de outra carta, bem l1wis curta do que esta aqui reproduzi-da em tradução. Escrita por João Schral1un em 1900, quando ele estava cOln 72 anos de idade. A carta é como que um esboço de seu longo es-crito de 1911, e não traz nenhwna informação que este escrito 11 anos I1wis tarde, não nos venha dar. A carta de 1900 foi traduzida em, Blume-nau, agosto de 1985, por Edith Sofia Eim,er. Há nos arquivos wna cópia dessa tradução, de 2 páginas, com, o título "Nossa viagem, e nossa vida li.

    João Schranun Faleceu em, Gaspar, no dia 26 de janeiro de 1920,quando os Franciscanos, que ele tanto louva na carta de 1900, já residiam aqui fazia exatamente 20 anos.

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  • Verbetes para a

    História Catarinense

    OAUTOR CATARINA DIZ QUE EXISTE

    Texto:

    THEOBALDO COSTA jAMUNDA *

    o Autor catarina diz que existe

    Somos todos insatisfeitos na insatisfa-ção de não sermos autores lidos como desejamos. Esta insatisfação apareceu em forma plural sendo queixa vestida de reclamação e protesto, exata-mente, no 20 Encontro de Escritores (UBE/SC) nodia 14.11.97.

    Todos queremos leitores e somos igno-rados ...

    Os de vivências e expenencias concei-tuados aqui e nacionalmente: Jorge Áppel, Lin-dolf Bell, Salim Miguel, Enéas Athanázio e ou-tros colocaram ponderações e informações ori-entadoras. E nos inteligentes insatisfeitos salien-taram-se dois: (1) Osmard Andrade Faria, autor de "Eutanásia a !norte COln dignidade - Depoi-mento", disse que livrarias catarinenses não aceitaram vender seu livro (que é uma edição da Editora da UFSC); (2) Abel B. Pereira, que tam-bém editor da revista "A Figueira" que disse já viver a acomodação com os leitores que conse-gue.

    O problema ganhou a solução de ser prioritário e passou à responsabilidade da UBE/SC, que agora tem como presidente o poeta Alcides Buss.

    *) Sócio emérito do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e Cadeira no. 5 da Academia Catarinense de Letras e benemérito da Fundação Cu ltural de Blumenau.

    BLUi\IENAU EI\I CADERNOS - Tomo XXXIX - N. 02 - Fevereiro 1998 52

    Digitalizado pelo Arquivo Histórico José Fereira da Silva - Blumenau - SC

  • Verbetes para a História Catarinense

    Quando a Coleção Cultura Catarinense apareceu e funcionou

    Quem escreve quer ser lido; quem tem original deseja tê-lo edi-tado. Já o governador Antônio Carlos Konder Reis (1975-1979) detectara a insatisfação do escritor nas duas variáveis , e recomendara ao Conselho Estadual de Cultura atuar para atender e solucionar, sem prejudicar o in-vestimento da iniciativa privada.

    Por dever de referência que é homenagem, aqui fica registrado que o livreiro Odilon Lunardelli inscreveu-se na ação do Conselho Esta-dual de Cultura, e foi dos primeiros a instituir nas suas livrarias estantes de livros de autores catarinenses e assegurar a distribuição em nível esta-dual mesmo dos títulos que não editara. Desde a sexta-feira 12 de setem-bro-97, estamos sem a dinamicidade livreira e editorial de Odilon Lunar-delli.

    Não é desinteresse, é desconhecimento

    O livro catarina e os outros dependem de publicidade compe-tente. Um comprador o procurará se for informado. Mesmo que esteja entre outros nas estantes das livrarias, nelas ficarão se não forem procu-rados. O escritor Osmard Andrade Faria, tem a natural ambição de querer o seu livro "Eutanásia a ,norte com dignidade - Depoimento"; também o escritor Cezar Zillig autor de "Dear Mr. Darwin: A intimidade da cor-respondência entre Fritz Müller e Charles Darwin"; também as escrito-ras Marita Deeke Sasse, Otília L. o Martins Heinig, Elenir Roedrs Budag, Iara Jane Wollstein e Silvira Cordeiro de Oliveira, autoras de "A poética do Mito", todos querem leitores porque para leitores escreveram. E se não os têm satisfatoriamente, é por que falta publicidade criadora do leitor para o livro catarina.

    Prova do acima dito são as editoras do "Eixo-Rio-São Paulo" (as financeiramente, estruturadas, é claro!) manipularem canais de grande audiência, assim como fez aquela editora do livro: "De onde vêm as pa-lavras ?" cujo autor é o catarina Deonísio da Silva.

    BLUi\lENAU EM CADERNOS - Tomo XXXIX - N . 02 - Fevereiro 1998 S3

    Digitalizado pelo Arquivo Histórico José Fereira da Silva - Blumenau - SC

  • Verbetes para a História Catarinense

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    Fritz Müller

    100 ,l., Ct&

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    Livro em capa dura, edição de luxo, contendo 241 páginas, no formato 21 cm X 29cl11, comercializado pelo

    Arquivo Histórico "José Ferreira da Silva" (R$ 35,00) Maiores informações pelo fone: (047) 326-6990

    iiluセienau@ eセi@ CADERNOS - Tomo XXXIX - N. 02 - Fevereiro 1998 54

    Digitalizado pelo Arquivo Histórico José Fereira da Silva - Blumenau - SC

  • Verbetes para a História Catarinense

    Q Conselho Estadual de Cultura incluiu na Coleção Cultura Ca-tarinense e editou o livro de Maria Joanna Tonzak, "Lindolf BeU e a Ca-tequese Poética" . Hoje é livro raro e esgotado com o merecimento de se-gunda edição. E se nela não está, é exatamente, porque o leitor não o pro-cura nas li vrarias.

    Alguns dos tantos e tantos autores e livros que são muitos sem a publicidade competente

    Durante tempo que não foi pequeno vi na prateleira de livraria o livro de Rudney Qtto Pfützenreuter, "O Canto do lnhambu" , nela esta-vam livros de Flavio José Cardoso, Glauco Rodrigues Correa, Silveira de Sousa e exemplares de "Saudade e Esperança" , de Valburga Huber, e procurando "Certas Certezas", de Mario Pereira, ouvi da vendedora não ser conhecido. Encontrei sem procurar numa banca de Jornais e Revistas: Raimundo Cm"uso, "Noturno, 1894". Andava pelas livrarias interessado em achar de José Endoença Martins, "Poema Minuto a Poética do Tem,-po" , pedido por amigo que ambicionava ter também "Mulheres Honestas e Mulheres Faladas - uma questão de c/asse" (livro maior) de Joana Ma-ria Pedro; não os achei. No bloco do não existir publicidade conta-se me-recimento de atenção, principalmente, nas fontes editoras seguintes: Editora da UFSC, Caixa Postal 476 - 88010-970 - Florianópolis - SC; Fundação Cultural de Blumenau, Arquivo Histórico José Ferreira da Sil-va, Caixa Postal 425 - 88015-010 - Blumenau - Se. Quem queira livro da Academia Catarinense de Letras, poderá utilizar a Caixa Postal 912 -88010-970 - Florinópolis - Se. Mesmo os livros destacados pela procura como são os dos acadêmicos Leatrice Moelmann e Julio de Queiroz, res-pectivamente, "Depois do Verão" e "As Permutas e outros contos", só são encontrados na sede da referida Academia.

    Mas o problema atual é: o escritor do livro catarina depende de um leitor. Imagina-se com interesse que, a solução consentânea é um projeto inteligente de publicidade competente.

    lILUl\lENAU EI\I CADERNOS " Tomo XXXIX" N . 02 " Fevereiro 1998 ss

    Digitalizado pelo Arquivo Histórico José Fereira da Silva - Blumenau - SC

  • Autores Catarinenses

    - O Sonho Americano

    - Corrupção tem jeito?

    - Variadas

    Texto:

    ENÉAS ATHANÁZIO*

    o -Sonho Americano

    Como não temos crítica, muitos livros são publicados, fazem sua carreira, às vezes re-percutem lá fora e por aqui poucos tomam co-nhecimento. É o caso de "46,11 Street - o Cami-nho Americano", de Luiz Alberto Scotto, profes-sor de jornalismo da UFSC e morador de Floria-nópolis , publicado pela Brasiliense (São Paulo).

    Trata-se de um romance, escrito em lin-guagem jornalística, em que o autor entremeia à ficção as vicissitudes dos brasileiros que procu-ram começar nova vida em Nova York e se aglomeram na rua que dá título ao livro, pela qual todos votam o maior desprezo, no início, mas quando ali caem não encontram mais forma de sair. "Aí a rua se transformava num labirinto, o sujeito entrava e não saía mais" , diz o autor.

    As dificuldades começam com a chega-da ao aeroporto. Como a grande maioria é "ilegal", enfrentar a Imigração e a Alfândega é um teste difícil, para o qual existe uma lista de "macetes" ensinada pelos mais experientes aos novatos. Tudo pode provocar a suspeita fatal que determinará o regresso compulsório, até mesmo a cuia e, principalmente, a erva para o chimarrão.

    Vencida a dupla barreira, com o coração aos pulos, acontece o encontro com a metrópole e a dura realidade que aguarda o estrangeiro em situação irregular, em especial o brasileiro, colo-cado em posição hierárquica inferior aos mexica-nos, porto-riquenhos e hindus. Na disputa com qualquer deles para a mais modesta ocupação, o brasileiro é preterido.

    *) Escritor e advogado.

    BLUJ\IENAU EM CADERNOS " Tomo XXXIX" N. 02 " Fevereiro 1998 56

    Digitalizado pelo Arquivo Histórico José Fereira da Silva - Blumenau - SC

  • Autores Catarinenses

    Vítima do preconceito, o recém-chegado tem que se sub-meter às maiores humilhações; ou se curva, ou volta derrotado. Ao lado dos poucos que vencem e se firmam , aparece a grande maioria dos que lutam e pouco conseguem, muitos deles entrando nos descaminhos das drogas, do tráfico e do crime em geral, acordando cheios de melancolia do acalentado sonho americano.

    Afora esse viés amargo, o livro tem momentos alegres e divertidos , mostrando a engenhosidade do brasileiro nas mais delicadas situações. Nesse meio não faltam os esnobes ("esquecendo" as expres-sões da língua portuguesa para se mostrarem mais "americanos"), os que se impressionam com à proximidade física de figurões como Stallone e Coppola os que se casam de mentira com pessoas americanas para regu-larizar a situação e aqueles que ficam inebriados com os roteiros turísti-cos e se realizam tirando fotos na Estátua da Liberdade para enviar aos amigos ...

    Em suma, é um livro interessante e que vale uma leitura ...

    Corrupção Tem Jeito?

    Raulino Jacó Brüning, Procurador de Justiça, acaba de de-fender perante banca da UFSC tese de doutorado sobre um tema interes-sante e sempre atual: a corrupção. Em longos estudos e pesquisas ele analisou em profundidade um fenômeno tão recorrente em nossos gover-nos e na administração pública em geral com o objetivo de encontrar ex-plicação para esse mal endêmico e as possíveis providências para sua er-radicação.

    Com tal objetivo, mergulhou no passado histórico para desvendar a corrupção desde a Antigüidade, restabelecendo seu conceito de ontem em confronto com o de hoje, focalizando-a sob os aspectos éti-co, político e jurídico. Investigou, em seguida, as causas da corrupção desde a Antigüidade, restabelecendo seu conceito de ontem em confronto com o de hoje, focalizando-a sob os aspectos ético, político e jurídico. Investigou, em seguida, as causas da corrupção (condições culturais, eco-nômicas, sociais, políticas, jurídicas).

    llLUl\lENAU EI\I CADERNOS· Tomo XXXIX· N. 02 · Fevereiro 1998 57

    Digitalizado pelo Arquivo Histórico José Fereira da Silva - Blumenau - SC

  • Autores Catarinenses

    Feito o diagnóstico, enfrentou com coragem o tratamento da corrupção, tarefa das mais árduas e que necessita, antes de mais nada, da própria coerção social, supondo-se que a sociedade se decidisse à prá-tica de rigorosa autocrítica, o que me parece pouco provável. Para preve-nir e reprimir a corrupção, livrando-nos para sempre desse mal, o autor propõe um elenco de medidas sérias, em cujo efeito põe toda sua fé, e que são: medidas culturais (processos educacionais e de mudança de va-lores , hábitos e prática