Isabel Lhano

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Exposição de pintura de Isabel Lhano Se estas telas falassem…

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Catalogo exposição pintura de Isabel Lhano, AMIarte

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Exposição de pintura de Isabel Lhano

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Organização:

Núcleo:

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Inauguração:

sexta-feira 25-V-2012 às 21h30

galeria AMIarte

Encerramento: 29-VI-2012

Rua da Lomba, 153-159 4300-301 Porto

(perto da Estação da CP e do Metro de Campanhã)

Exposição de pintura de Isabel Lhano

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EXPOSIÇÃO DE ARTES PLÁSTICAS DO NORTE

A Arte e a Acção Humanitária têm como objectivo comum: valorizar, unir e dignificar o Homem, partilhando e transmitindo o sentido e a no-ção do belo e da solidariedade. Tanto na Arte como na Acção Huma-nitária, exige a preocupação primeira de partilhar com o outro algo que nos transcende a todos: o Amor à Vida.

É o amor pela vida que leva o Homem tanto a ser Artista como a ser Humanista. Por isso, essas duas manifestações de interesse pela Vida acabam por estar unidas na mesma luta essencial para o futuro da Humanidade: luta pelo direito à diferença no sentir, no manifestar e no ser; luta pela tolerância dos gostos e das opiniões.

É na luta contra a indiferença e a intolerância - quanto a mim, as duas maiores doenças do mundo - que os artistas/humanistas se en-contram e se realizam.

Só entendo o artista como humanista, e o humanista como amante do belo e, por isso, apreciador da arte. É só porque o amor à vida e ao belo morreu em certas partes do mundo que a acção humanitária se justifica e é imperiosa nos dias de hoje. Foi essa percepção que nos levou a criar a Fundação - AMI - por essência uma instituição hu-manitária sem fronteiras - e a AMIARTE, um departamento cuja finali-dade é a aproximação, nem sempre evidente embora natural, entre humanitário e os artistas.

Eis uma forma bela, positiva e generosa, de apoiar o esforço da Fun-dação AMI há mais de 20 anos para minorar o sofrimento, a solidão e a miséria dos povos, levando-lhes uma mensagem e uma acção concreta de solidariedade.

Isso só tem sido possível com apoios como este.Obrigado.

Fernando Nobre Presidente da AMI – Fundação de Assistência Médica Internacional

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Elogio aos Outros

É raro acontecer uma exposição assim, onde o retrato se impõe de modo mais que assumido, impõe-se de modo essencial. Depois de assinalar 20 anos de actividade plástica com uma importante expo-sição na Cooperativa Árvore, no Porto, Isabel Lhano regressa ao tra-balho revelando o que nunca mostrou: o rosto da sua tribo de afectos. A pintora dá a ver, pela primeira vez, o rosto de quantos, ao logo de anos, poderão ter estado subjacentes ao seu imaginário, conhecido por apresentar os corpos intensamente sensuais, mas sem lhes revelar a identidade.

Trata-se da colecção de dezenas de pessoas pintadas, que enca-ram ou não o espectador, e que farão com que este sinta que, ao invés de visitar a exposição, a exposição o visita a si, se tantos olhares pa-recem convergir sobre a sua presença. Mas estes olhares não são simplesmente decalque do real, eles têm uma componente interna fundadora, por tanto que, pela perspicácia da artista, eles procuram revelar a essência de cada pessoa. O Elogio do Essencial será, por outras palavras, homenagem a cada retratado que, na autonomia da arte, representa o ser humano na sua diversidade e, por isso, funciona como referência universal; o que está aqui em causa é o afecto como postura vertical, modo de vida, aceitação incondicional do outro.

Dotada de uma invulgar capacidade técnica, Isabel Lhano alia a exímia representatividade à sensibilidade, conseguindo objectos extremamente delicados, ou não fossem as suas criações regidas exactamente por aquele princípio dos afectos. As cores distinguem--se umas das outras para se ligarem; apaixonam-se entre si como se fossem, de facto, pessoas que se aproximam por empatias diversas. A diversidade é vital - o elogio da diversidade também poderia ser um título - e é naquela policromia que cada um se esconde e se define.

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Como gente que invade a sala de exposições, esta nova colecção da pintora vilacondense comprova a merecida ovação à artista, ocu-pada desde sempre com embelezar o mundo a partir da exactidão dos seus pincéis e da fortuna da sua paleta.

Valter Hugo Mãe

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Gente com luz própria

Já sabíamos que Isabel Lhano é uma das mais exímias artistas do novo realismo português, dotada de uma capacidade técnica invul-gar. Agora, notamos essencialmente a pesquisa que vem fazendo em torno da cor.

Depois de uma espantosa e extensa colecção de retratos, a pintora regressa ao gosto do corpo, visto sempre a partir da relação com o outro, marcado pela escolha de uma só cor por cada quadro. A monocromia ágil por que opta é essencialmente vibrante, e abrilhan-ta-se por nunca perigar aquele efeito volumétrico do qual sempre conseguiu dotar as suas figuras. De facto, estar perante as figuras de Isabel Lhano é convocar, na mais elementar essência da pintura, a escultura, por ser tão eficaz o jogo de luz que confere volume ao que se vê. Trabalhando apenas a uma cor, o esforço tem de ser redo-brado no cuidado colocado com a luz, sendo importante o sucesso de todo um degradé pacientemente construído para cada nuance da representação.

As cores de Isabel Lhano são encantatórias e buscam perpassar por estados de espírito sempre aludindo à miríade de emoções que estão em causa numa relação, sobretudo amorosa. A cada quadro atribui uma cor como se lhe vaticinasse um destino, imprimindo um estigma que, antes ainda de ser aferido pela situação representada, é induzido pela questão cromática. Passa-se como se criasse dois planos diferentes de interpretação perfeitamente distintos e que só depois se ligam; não correspondendo a cor usada à natural, a inter-venção no momento da opção acarreta toda uma codificação que, numa primeira instância, sugere ao espectador as primeiras ilações; após essa visão inicial, sem dúvida imediata, num segundo plano, estará a própria situação retratada, que corroborará mais ou menos a impressão causada pela cor que ostenta.

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A cor, na verdade, neste trabalho pode ser vista como um tema, um assunto específico que estará subjacente à tensão do quadro. Quer nos identifiquemos mais ou menos com a simbiose entre a cor/tema e a situação retratada, o que Isabel Lhano faz é uma im-posição que nos obriga, a todo o custo, a filtrar a imagem a partir de um determinado prisma. A cor, neste sentido, é um enfoque, um modo de olhar, como nos impondo uma leitura determinada por mais que, pela natureza individual de cada espectador, outras leituras se fizessem, ou se façam, ainda assim. Esta relação entre a imposição de um estado de espírito, como algo prévio, e a interpretação da narrativa em causa na tela, é muito interessante por tudo quanto tem de subjectivo. A cor pode, em última análise, ser menosprezada e encarada como algo meramente estético, quase decorativo, como pode servir para problematizar as situações e, neste aspecto, cada espectador travará um maior ou menor combate para fazer corres-ponder as suas impressões dentro daquele estigma fundamental.

Num outro sentido, o trabalho de Isabel Lhano assenta nesse domínio perspicaz da luz, transformando as suas figuras, à força de uma só cor, em seres com uma espantosa luz própria. Muitas vezes optando por tons apelativos, quase fosforescentes, a pintora parece procurar a individualidade máxima de cada tela, fazendo com que, versando todas sobre a questão amorosa e suas bonanças ou crises, se auto-nomizem acentuadamente, não permitindo que se confundam, por mais que, ao nível da situação representada, se possam sintonizar. Nesta esteira, Isabel Lhano terá aqui uma panóplia de propostas que proporcionam ambiências distintas e até antagónicas, da mais sóbria e discreta tonalidade, à mais gritante ou mesmo kitsch. Essa evidência transforma a exposição num percurso por modos de estar com os outros completamente diversos, que se equivalem a modos

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de fazer arte completamente diversos também. Assim, uma mesma proposta artística, claramente identificada e amadurecida, pode re-sultar em telas de atitude muito diferente pela simples razão de se utilizarem cores diferentes.

Com mais de vinte anos de carreira, a arte de Isabel Lhano surge agora depurada e consciente de si mesma. Muito firme nos seus in-tentos, mais uma vez procura o belo como meio de evidenciar a sua ideia particular do humano. O homem, para a pintora, é sobretudo fonte benigna, pelo que é compreensível que nos deleitemos com os seus trabalhos no sentido mais elementar do termo e que perante nós estes pareçam ostentar gente com luz própria, gente saliente, tangente quase, pelo milagre e perícia da luz.

Valter Hugo Mãe

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O lugar do acolhimento

O trabalho de Isabel Lhano tem sido sempre o de franco acolhimento do seu interlocutor, procurando criar empatias e afectos que se fun-dem numa visão positiva e libertadora da vida. A benignidade que inspira a maioria das suas telas é sobretudo uma atitude ética que procura no homem uma redenção - embora muito pragmática, ter-rena e não mística -, claramente resultando numa estética do belo, como anteriormente já escrevemos. Acompanhar o trabalho desta pintora tem sido um exercício de crescente entusiasmo, que advém do facto de a encontrarmos em constante procura de um novo modo de expor as suas magníficas capacidades técnicas no encalço de complexas representações da figura humana, sempre presente, sempre entronizada, seja a partir da sua robustez, seja a partir da sua delicadeza.A recondução do processo aos extractos do corpo, como diria

Bernard Noël, intensificando presenças, ainda que numa lógica de recorte muito específico, tem levado esta pintora a uma preciosa e invulgar pesquisa do figurativo. Tendo, no passado, abordado os troncos e os braços, as pernas ou os rostos (uma das suas séries mais profícuas terá sido a enorme colecção de retratos que nos últi-mos anos produziu), agora Isabel Lhano encontra nas mãos o tema suficiente para o seu discurso de nuances da sensibilidade. O desenho da mão é talvez o mais temido do corpo humano. A máqui-

na privilegiada que este é, encontra na mão um dos seus pontos mais elaborados que, indubitavelmente, resulta num desafio consi-derável à capacidade de representação de qualquer artista. A cora-josa opção por ampliar e criar expressão bastante a partir deste complexo elemento, mostra-nos Isabel Lhano no seu melhor. Ainda mais porque, não contente com uma abordagem apenas linear do tema, a artista supera, em várias telas, o pendor unicamente realista

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da imagem para, encontrando a realidade - e isso é que é espan-toso -, chegar à abstracção, pela impressionante profusão de dedos e suas difíceis correspondências. Para isto, a pintora representa o jogo entre quatro mãos que, baralhadas e entrelaçadas nessa quase delirante permissividade mecânica que advém das múltiplas articu-lações, acabam manifestando um lado labiríntico do toque.

As mãos que se vêem nestas telas são como entidades comple-tas, bastam-se a si mesmas para o que importa no discurso desta exposição. Ficam como seres inteiros que se recebem mutuamente e se relacionam produzindo no espectador um efeito imediato de conforto, ansiedade, rejeição, paixão, cumplicidade, etc.. A mestria assim conseguida é assinalável, ainda aliada a uma gestão curiosa das cores que, exclusivas para cada quadro, revelam a oficina de precisão da pintora. Em cada imagem encontramos uma sugestão narrativa, e não apenas a inerte captação do tema. Estamos longe de intenções meramente decorativas, e o mais que se vê tende a transmudar as mãos aos nossos olhos, apenas pelo efeito macros-cópico e pelo cromatismo. As mãos acabam por parecer ninhos ou nós, plantas carnívoras ou flores abertas, bichos tentaculados, ca-belo gigante, e o que mais a imaginação de cada um quiser ver. Ao contrário do que se esperaria, esta também é a arte da fantasia e, rigorosamente, a arte do sonho.

Isabel Lhano está no seu melhor. Claro que já lhe reconhecemos mestria no domínio dos corpos, desde sempre, como nos impres-sionava com os seus panejamentos e todas as transparências (é até com saudades que o dizemos; saudades das suas mulheres clás-sicas metidas em véus e saias esvoaçantes), mas após vinte e cinco anos de carreira encontra uma força admirável que, de exposição para exposição, muda o eixo fundamental do seu trabalho, criando

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enfoques sempre novos no figurativo, impedindo que se esgote e sur-preendendo sem falhar. Esta é mais uma prova disso. A prova de que a pintura estará sempre salva enquanto uma pintora assim trabalhar.

Valter Hugo Mãe

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Policromo Coração do HortoouUma visão da pintura de Isabel Lhano Ofereço ao afago o estame mais secretopara que ascendas da timidez dos gestosao rumoroso sopro da floração. Desnudo nos meus os teus excessosporque só assim percebo a sede queanunciao silente enlevo desta noite Detono a corola e o caulePeço-te que me estreitesna volúpia sem sílabas desse fogo e em asado movimento de sanguee rosto

Hoje querosorver o pólenque nos sustémno policromo coração do horto

João Rios

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Natural de Vila do Conde é licen-ciada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes do Porto. En-tre 1971 e 1972 foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e é professora efectiva de Educa-ção Visual na Escola E. B. 2/3 Frei João, de Vila do Conde. Do seu vastíssimo curriculum cons-tam participações nos mais diversos projectos, quer individual, quer colectivos. É autora do projecto «Mom’arte», co-responsável pela organização e membro do júri de selecção e premiação - Con-vento do Carmo (Vila do Conde,

1998) e ainda do projecto e de-sign da edição «Homenagem a Sónia Delaunay», da Câmara de Vila do Conde. Em 1992 foi res-ponsável pela programação e direcção artística da Galeria do Auditório Municipal de Vila do Conde. Desde 1974 tem intervin-do na área das Artes Gráficas e Comunicação Visual - Murais Ur-banos; cenografia; painéis de interior; design de cartazes; ma-quetagem gráfica de catálogos de exposições; design têxtil e ilustração de livros escolares. Desde 1994 desenvolve forma-

Foto

de

Ana

Per

eira

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ção artística particular a alunos, no seu atelier. Foi directora artís-tica da Galeria Delaunay, Vila do Conde (1996 a 1999). 1º Prémio do Concurso Gráfico da Sarrió, com o catálogo da exposição «Acto do Corpo», na SNBA. Edição de serigrafia pelo Centro Português de Serigrafia, Lisboa, 1999. Está representada no Museu Amadeo de Souza-Cardoso, no Museu de Arte Contemporânea de Vila Nova de Cerveira e por aquisição na Delegação Norte do Ministério da Cultura e na Fundação Eng.º António Almei-da, Porto. Edição em 2000 de serigrafia, a convite da Delegação Norte do Ministério da Cultura. Em 2001, a convite do H. Arte 01, organizou a Exposição Colectiva no Plan-etário do Porto. É também autora de diversas capas de livros e em 2004 par-ticipou no livro de aniversário da Quasi Editora «Afectos e outros afectos», com prefácio de Mário Soares. 2007 - Participação no júri da «Erótica» - Auditório de Gondomar, Porto. Capa e ilus-trações do CD «Maldoror» dos

Mão Morta. Prémio Erótika 2009 - Bienal de Arte Erótica de Gon-domar. São inúmeras as expo-sições que já realizou individual-mente desde 1989; bem como as colectivas onde já participou, conforme se pode verificar con-sultando o site: www.isabel-lhano.com

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Maio 2012

Organização

Fundação AMI - AMIarte Galeria

Presidente da AMI

Fernando Nobre

Delegado Regional

João de Sousa

Núcleo AMIarte

Isabel Damião

Paula Pinto

Graciosa Praça

Design

João Duarte

Impressão

Greca - Artes Gráficas

Tiragem

300 exemplares

Fundação AMI

Delegação Norte

Rua da Lomba 153 - 159

4300 - 301 Porto (perto da Estação

da CP e do Metro de Campanhã)

Tel. 225 100 701

www.ami.org.pt

Sede - [email protected]

delegação norte

[email protected]

amiarte

[email protected]

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