Irrigação e fertirrigação na cultura da macieira na região dos ...

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CAMILA CARGNINO IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURA DA MACIEIRA NA REGIÃO DOS CAMPOS DE CIMA DA SERRA-RS Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Manejo do Solo, da Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Manejo do Solo. Orientador: Paulo Roberto Ernani, Ph.D. Co-orientador: Cassandro V. T. Amarante, Ph. D. LAGES-SC 2013

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  • CAMILA CARGNINO

    IRRIGAO E FERTIRRIGAO NA CULTURA DA MACIEIRA NA REGIO DOS CAMPOS DE CIMA DA SERRA-RS

    Dissertao apresentada ao Curso de Ps-Graduao em Manejo do Solo, da Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC, como requisito parcial para obteno do grau de Mestre em Manejo do Solo. Orientador: Paulo Roberto Ernani, Ph.D. Co-orientador: Cassandro V. T. Amarante, Ph. D.

    LAGES-SC 2013

  • C276i

    Cargnino, Camila

    Irrigao e fertirrigao na cultura da macieira na regio dos Campos de Cima da Serra-RS. / Camila Cargnino. 2013.

    84 p. : il. ; 21 cm

    Orientador: Paulo Roberto Ernani Coorientador: Cassandro V. T. Amarante Bibliografia: p. 81-86 Dissertao (mestrado) Universidade do

    Estado de Santa Catarina, Centro de Cincias Agroveteinrias, Programa de Ps-Graduao em Manejo do Solo, Lages, 2013.

    1. Ma. 2. Produo de frutos. 3. Dficit hdrico.

    I. Cargnino, Camila. II. Ernani, Paulo Roberto. III. Universidade do Estado de Santa Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Setorial do CAV/ UDESC

  • CAMILA CARGNINO

    IRRIGAO E FERTIRRIGAO NA CULTURA DA MACIEIRA NA REGIO DOS CAMPOS DE CIMA DA SERRA-RS

    Dissertao apresentada como requisito parcial para obteno do ttulo de mestre no curso de Ps-graduao em Manejo do Solo da Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC Banca Examinadora: Orientador: ___________________________

    Eng. Agr. Paulo Roberto Ernani, PhD. Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Cincias Agroveterinrias (CAV-UDESC).

    Co-orientador:__________________________

    Eng. Agr. Cassandro V.T. Amarante, PhD. Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Cincias Agroveterinrias (CAV-UDESC).

    Membro: __________________________ Eng. Agr. Dr. Gilmar Ribeiro Nachtigall Embrapa Uva e Vinho

    Lages-SC, 22/03/2013

  • Dedico a meus queridos pais, Geraldo e Helena, ao meu noivo Luis Claudio, a meus irmos Claudia, Andr e Jlio e ao meu sobrinho Lorenzo.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus por iluminar meus caminhos e acompanhar-me nesta caminhada.

    Agradeo UDESC pelo ensino publico, gratuito e de qualidade, CAPES pela concesso da bolsa de mestrado e Embrapa Uva e Vinho pela disponibilidade das reas experimentais.

    minha famlia pelo apoio e carinho sempre dispensados.

    A meu noivo, Luis Claudio Benedeti de Lucena, pelo auxlio, apoio, companheirismo, pacincia e carinho que sempre dedicou.

    Aos meus grandes mestres na Cincia do Solo, Gilmar Ribeiro Nachtigall e Elaine Damiani Conte, por despertarem em mim o amor por esse ramo agronmico.

    Ao meu orientador, professor Paulo Roberto Ernani, pelo apoio, auxlio e confiana dispensados.

    Aos colegas da Embrapa Uva e Vinho, Charle Kramer Borges de Macedo, Pmella Soldatelli, Christiano Mignoni de Lima, Murilo Damiani, Aline Rosa, Eder Piardi, Ketlin Abreu, Maurcio Talamini, Mauricio Andriguetti, Karina Dutra, Gustavo Klamer de Almeida, Giulian, Bruno Carra e Douglas Bueno, pelo auxlio na execuo do trabalho.

    Aos funcionrios da Embrapa Uva e Vinho, Joo Paulo, Claudio, Jorge, Joo Audi, Joo Carlos, Tiago, Celestino, Ari, Paula e Volmir pelo apoio na execuo dos trabalhos.

    Ao pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Dr. Gilmar Ribeiro Nachtigall, pela orientao, confiana e amizade. pesquisadora, Dra. Lucimara Rogria Antoniolli, pela orientao quanto s avaliaes de antocianinas, realizadas em seu laboratrio. Ao pesquisador, Dr. Henrique Pessoa dos Santos, pela orientao e apoio nas avaliaes fisiolgicas. pesquisadora, Dra. Andrea de Rossi Rufato bem como ao professor Cassandro Talamini do Amarante pela orientao na execuo das anlises estatsticas.

    Universidade de Caxias do Sul, na pessoa da professora Elaine Damiani Conte, pela disponibilidade no

  • emprstimo de material e laboratrio para a realizao de algumas anlises bem como s funcionarias Diorvnia Giaretta e Slvia Lancini pelo apoio.

    Aos colegas da UDESC, Marta Moura Madeira, Alessandra Aparecida de S, Ksia Silva Loureno, Ana Paula de Lima, Luciana Ferro, Geraldine Andrade Meyer, Ana Paula Oliveira.

    minha famlia lageana, Ivete, Adelar e Diogo, pela amizade e carinho.

    minha querida amiga e companheira de viagem Marlia Scopel Andriguetti pelo apoio, amizade, e carinho.

  • Talvez no tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. No sou o que deveria ser, mas Graas a Deus, no sou o que era antes.

    Marthin Luther King

  • RESUMO CARGNINO, Camila. Irrigao e fertirrigao na cultura da macieira na regio dos Campos de Cima da Serra-RS. 2013. 84f. Dissertao (Mestrado em Manejo do Solo) Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Ps-Graduao em Cincias Agrrias, Lages, SC. 2013

    Perodos de dficit hdrico tornaram-se frequentes nos ltimos anos na regio sul do Brasil. A cultura da macieira tambm sofre as consequncias desses perodos de prolongados de estiagem. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a influencia da forma de aplicao dos fertilizantes e do suprimento ou no de gua via irrigao na diferenciao floral, crescimento de frutos, produo, atributos ps-colheita e teores de nutrientes em macieiras Maxigala e Fuji Suprema. O experimento foi desenvolvido em um pomar com as cv. Maxigala e Fuji Suprema, sobre porta enxerto M9, implantado em 2009, na rea da Embrapa, em Vacaria, RS. Utilizaram-se quatro tratamentos: adubao slida (AS) sem irrigao, AS + irrigao (I), fertirrigao (F; contendo as quantidades aplicadas na AS), F + I. As oito repeties foram distribudas no delineamento experimental de blocos ao acaso. A irrigao e a fertirrigao foi realizada pelo sistema de gotejamento, com a distribuio de duas mangueiras ao longo da fila das plantas. A fertirrigao foi realizada semanalmente, utilizando monofosfato de amnio e KNO3. O monitoramento hdrico foi realizado diariamente, utilizando-se tensimetros de puno, instalados a 0,1 e a 0,3 m de profundidade. Os dados foram coletados durante a safra 2011-2012. Os resultados obtidos foram submetidos a anlise de varincia e em caso de significncia a diferena entre as mdias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significncia. Na Maxigala, o tratamento I + F apresentou frutos com tamanho maior do que os do tratamento AS; na Fuji Suprema, o tratamento I + F foi superior aos demais. Na Fuji suprema, a produo total de frutos foi maior no tratamento AS +I, o qual no diferindo do I + F. Na Maxigala, os tratamentos que proporcionaram o maior rendimento de frutos foram AS + I, AS, e I + F, sendo que estes dois ltimos no diferiram do tratamento

  • s com fertiiirigao, por sua vez, o menos produtivo. A cor vermelha de fundo da epiderme foi mais intensa nos tratamentos I + F e F na Maxigala, sendo estes superiores ao tratamento AS, na avaliao realizada na colheita; depois de 120 de armazenamento, os tratamentos AS + I, I + F e F mostraram colorao vermelha mais intensa do que o tratamento AS. Na Fuji Suprema, a colorao vermelha de epiderme foi mais intensa nos tratamentos AS + I, I + F e F, em comparao ao tratamento AS, porm somente aps 120 dias de armazenagem. Na Maxigala, os teores de antocianinas nos tratamentos I + F e F apresentaram-se superiores comparados ao tratamento AS . Em anos de dficit hdrico, o suprimento de gua por meio da irrigao ou da fertirrigao proporciona aumento no tamanho, produo e colorao dos frutos em macieiras adequadamente adubadas.

    Palavras-chave: Ma. Produo de frutos. Dficit hdrico.

  • ABSTRACT CARGNINO, Camila. Irrigation and fertigation in apple orchards in the region of the "Campos de Cima da Serra"-RS. 2013. 84f. Dissertation (Mestrado em Manejo do Solo) Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Ps-Graduao em Cincias Agrrias, Lages, SC. 2013.

    Periods of drought have been common in recent years in southern Brazil. The apple crop is also suffering the consequences of prolonged periods of drought. This study aimed to evaluate the influence of the form of fertilizer application and water supply through irrigation on flower differentiation, growth, fruit production, post-harvest attributes and nutrient content of two apple cultivars. The experiment was conducted in an orchard with cv. Maxigala and Fuji Suprema, on M9 rootstock, planted in 2009, in the area of Embrapa, in Vacaria, RS. Four treatments were used: conventional fertilizer (CF) without irrigation, CF + irrigation (I), fertigation (containing the same amounts of nutrients used in CF), and irrigation + fertigation (F). The eight repetitions were distributed in a randomized complete block design. Irrigation and fertigation was performed by a drip system, by distributing two hoses along the row of plants. Fertigation was conducted weekly, using ammonium monophosphate and KNO3. The water monitoring was performed daily, using tensiometers, installed at 0.1 and 0.3 m deep. Data were collected during the 2011-2012 growing season. Results were subjected to analysis of variance; when there was significant difference between the treatment means, they were compared by Tukey test at 5% level. quanto growth of fruit in Maxigala, treatment R & F presented with fruit size larger than the fruits of AS treatment, since the Supreme Fuji F + I treatment was superior to the other treatments. In Fuji supreme, the total yield shows that the treatment was more productive AS + I, which did not differ R + F in Maxigala, treatments that gave a higher yield of fruits were I + AS, AS, and I + F, whereas the two latter treatment did not differ from F, in turn, less productive. The background color of the epidermis, the

  • parameter "a", refers to red color, was positively influenced in groups I + F and F in Maxigala, these being higher than in assessing treatment the collection and storage after 120 treatments AS + I, I + F and F showed red coloration of upper epidermis treatment AS. In Fuji Supreme red staining of epidermis was superior in treatments AS + I, I + F and F, compared to treatment AS, only after 120 days of storage. In Maxigala, levels of anthocyanins showed themselves superior to treatment in AS treatments I + F and F. In years of drought, the water supply through irrigation or fertigation provides an increase in fruit size, color and production of apple trees properly fertilized.

    Keywords: Apple. Fruit production. Drought.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Coeficiente da cultura (Kc) mensal para macieira. Vacaria, RS. ................................................................................ 26 Figura 2 - Valores de precipitao pluviomtrica (mm) verificados em Vacaria RS, no perodo de janeiro a dezembro de 2011. . 27 Figura 3 - Valores de precipitao pluviomtrica (mm) verificados em Vacaria RS, no perodo de janeiro a dezembro de 2012. . 28 Figura 4 - Visualizao do tensmetro realizando monitoramento hdrico do solo. ............................................................................ 37 Figura 5 - Visualizao do sistema de aplicao da fertirrigao. ..................................................................................................... 38 Figura 6 Visualizao dos frutos das cultivares Maxigala (esq.) e Fuji Suprema (dir.) com as devidas marcaes para avaliao de crescimento. ................................................................................ 40 Figura 7 Monitoramento hdrico do solo na profundidade de 0 a 40 cm e precipitao pluviomtrica, Maxigala na safra 2011-2012. ............................................................................................ 44 Figura 8- Monitoramento hdrico do solo na profundidade de 0 a 40 cm e precipitao pluviomtrica, Fuji suprema na safra 2011-2012. ............................................................................................ 45 Figura 9 Produo de diferentes categorias de frutos de macieira Fuji Suprema influenciado pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Letras maisculas dentro de cada tamanho de fruto mostram diferenas entre os tratamentos, ns: no significativo pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. ............................................... 55 Figura 10 Peso de diferentes categorias de frutos de macieira Maxigala influenciado pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Letras maisculas diferem pelo teste Tukey a 5% de probabilidade, ns: no significativo. ............................................................................. 5656 Figura 11 Produo total de macieiras Fuji Suprema e Maxigala influenciado pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Letras maisculas diferem pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao. ............................... 57 Figura 12 Acrscimo de produo de frutos em relao ao tratamento AS, de macieiras Fuji Suprema (direira) e Maxigala

  • (esquerda) influenciado pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao. ................................................................................ 59 Figura 13 Frutos de macieira Fuji Suprema influenciados pela forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. ....................................................................... 70 Figura 14 Frutos de macieira Maxigala influenciados pela forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. ................................................................................ 71 Figura 15 Concentraes de nutrientes na polpa de mas cv. Maxigala,influenciada pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Letras maisculas mostram diferenas entre os tratamentos pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. NS: no significativo pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao. ............................................................................ 7373 Figura 16 Relaes entre os teores de nutrientes na polpa de mas Fuji Suprema, influenciado pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Letras maisculas dentro de cada tamanho de fruto mostram diferenas entre os tratamentos pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. ns: no significativo pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao. ................................................................................ 74 Figura 17 Concentraes de nutrientes na polpa de mas cv. Maxigala,influenciada pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Letras maisculas mostram diferenas entre os tratamentos pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. NS: no significativo pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao. ................................................................................ 76 Figura 18 Relaes entre os teores de nutrientes na polpa de mas Fuji Suprema, influenciado pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Letras maisculas dentro de cada tamanho de fruto mostram diferenas entre os tratamentos pelo teste Tukey a 5% de

  • probabilidade. ns: no significativo pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao. ...........................................................................77

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela-1 Fenologia de macieiras Maxigala e Fuji Suprema nas safras 2011/12 e 2012/13. ........................................................... 46 Tabela-2. Frutificao efetiva (%) em duas safras em macieiras Maxigala e Fuji Suprema influenciada pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Mdia de 8 repeties. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao + fertirrigao; F = fertiirrigao......................................................................... 477 Tabela-3 Dimetros horizontal e vertical (mm) de frutos em macieiras Maxigala influenciada pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Mdia de oito repeties em seis datas de avaliao. ns= no significativo a 5% de probabilidade. Letras maisculas indicam significncia pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao...............................................................................50 Tabela-4 ndice de crescimento de frutos de macieira Maxigala, influenciada pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Mdia de oito repeties em seis datas de avaliao. ns= no significativo a 5% de probabilidade. Letras maisculas indicam significncia pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao....................................................51 Tabela-5 Dimetros horizontal e vertical (mm) de frutos em macieiras Fuji Suprema influenciada pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Mdia de oito repeties em seis datas de avaliao. ns= no significativo a 5% de probabilidade. Letras maisculas indicam significncia pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao...............................................................................52 Tabela-6 ndice de crescimento de frutos de macieira Fuji Suprema, influenciada pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Mdia de oito repeties em seis datas de avaliao. ns= no significativo a 5%

  • de probabilidade. Letras maisculas indicam significncia pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao....................................................53 Tabela-7 Mdia geral de trs avaliaes ps-colheita em macieiras Maxigala e Fuji Suprema influenciada pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Mdia de 8 repeties por tratamento. Letras maisculas diferentes dentro de cada coluna significa existncia de diferena estatstica entre os tratamentos dentro de cada atributo e de cada cultivar pelo teste Tukey a 5% de significncia. NS: no significativo. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao. ........................................................................... 601 Tabela-8 Avaliaes ps-colheita em macieiras Maxigala influenciada pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Mdia de 8 repeties por tratamento, minsculas comparam os tratamentos de avaliao na coluna, pelo teste Tukey a 5% de significncia. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao........ 64 Tabela-9 Avaliaes Ps-Colheita em macieiras Fuji Suprema influenciada pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Mdia de 8 repeties por tratamento, minsculas comparam os tratamentos de avaliao na coluna, pelo teste Tukey a 5% de significncia. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao........ 65 Tabela-10 Colorao de frutos de macieiras Maxigala e Fuji Suprema, na colheita e 120 DAC (dias aps a colheita), influenciada pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Mdia de 8 repeties por tratamento. Letras maisculas diferentes dentro de cada coluna significa existncia de diferena estatstica entre os tratamentos dentro de cada atributo e de cada cultivar pelo teste Tukey a 5% de significncia. NS: no significativo. L: Luminosidade, a: intensidade de cor vermelha e b: intensidade de cor amarela. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao. ................................................................................ 67

  • Tabela-11 Teores de antocianinas (g/100g) em epiderme de mas Maxigala e Fuji Suprema, influenciada pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Mdia de 8 repeties por tratamento. Letras maisculas diferentes dentro de cada coluna significa existncia de diferena estratstica entre os tratamentos dentro de cada atributo e de cada cultivar pelo teste Tukey a 5% de significncia. ns: no significativo. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao........................................................................... 69

  • LISTA DE ABREVIATURAS

    a: Coordenada "a" do colormetro Minolta CR 400/410

    AC: Adubao Convencional

    AC + I: Adubao Convencional + Irrigao

    AGAPOMI: Associao Gacha dos Produtores de Ma

    Apr: Abril

    AT: Acidez Titulvel

    b: Coordenada "b" do colormetro Minolta CR 400/410

    Ca: Clcio

    CC: Capacidade de Campo

    cm: Centmetros

    cv: Cultivar

    cv(%): Coeficiente de Variao

    DAC: Dias aps a colheita

    dir: direita

    Dec: Dezembro

    Esq: esquerda

    etc: etcetera

    ETc: Evapotranspirao da Cultura

    F: Fertirrigao

    FP: Firmeza de polpa

    Feb: Fevereiro

  • gms: Gramas de matria seca

    ha: hectares

    HCl: cido Clordrico

    IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    I + F: Irrigao + Fertirrigao

    Jan: Janeiro

    K: Potssio

    k: quilograma

    KC: Coeficiente da cultura

    kPa: quilopascal

    K2O: xido de Potssio

    L: Luminosidade

    Lb: Libras

    M: metros

    Mar: maro

    Mg: Magnsio

    mm: milmetros

    Mn: Mangans

    N: Nitrognio

    N: Normalidade

    Nm: nanmetros

    NaOH: Hidrxido de sdio

  • Nov: Novembro

    Oct: Outubro

    P: Fsforo

    PA: puro

    PMP: Ponto de Murcha Permanente

    PROFIT: Programa de Fruticultura de Clima Temperado

    P2O5: Pentxido de Fsforo

    RS: Rio Grande do Sul

    S: Enxofre

    S: Sul

    SC: Santa Catarina

    SI: Solo Inicial

    SS: Slido Solveis

    TRAT: Tratamento

    UR: Umidade Relativa do Ar

    Zn: Zinco

    W: oeste

    C: Graus Celsius

  • SUMRIO

    1 INTRODUO 22 1.1HIPTESES 24

    1.2 OBJETIVOS 24

    2 REFERENCIAL TERICO 25 2.1 IRRIGAO E FERTIRRIGAO 25

    2.3 ASPECTOS FISIOLGICOS 30

    2.3.1 Desenvolvimento floral e foliar 30 2.3.2 Nutrio Mineral da Macieira 31 2.3.3 Crescimento de frutos 32 2.3.4 Atributos Ps-Colheita 33 3.1 LOCALIZAO E DESCRIO DO EXPERIMENTO 35

    3.2 MONITORAMENTO HDRICO DO SOLO 36

    3.3 ASPECTOS FENOLGICOS 39

    3.3 CRESCIMENTO DE FRUTOS 39

    3.4 COLHEITA DOS FRUTOS 41

    3.5 ATRIBUTOS PS-COLHEITA 41

    3.6 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL 42

    4.1 MONITORAMENTO HDRICO 43

    4.2 ASPECTOS FISIOLGICOS 46

    4.3 CRESCIMENTO DE FRUTOS 48

    4.4 PRODUO DE FRUTOS 55

    4.5 ATRIBUTOS PS-COLHEITA 59

    4.5.1 Firmeza de polpa (FP), acidez titulvel (AT) e slidos solveis (SS) 604.5.2 Cor dos frutos e teores de antocianinas 65

  • 4.6 NUTRIENTES EM POLPA FRESCA 72

    5 CONSIDERAES FINAIS 78 6 REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS 79

  • 22

    1 INTRODUO

    A macieira pertence famlia Rosaceae, ordem Rosales e subfamlia Pomoidae. Ao longo do seu perodo de domesticao, a macieira recebeu vrias denominaes, porm, a partir de 1803, foi denominada Malus domestica Borkh.

    A ma foi introduzida no Brasil em meados de 1960, por colonizadores europeus que a cultivavam em pomares domsticos. A partir de 1970, com uma poltica de incentivos fiscais denominada Profit (Programa de Fruticultura de Clima Temperado), o governo do estado de Santa Catarina incentivou o cultivo da macieira (EPAGRI, 2006). Esta poltica de incentivos fiscais foi posteriormente estendida para os estados do Rio Grande do Sul e Paran.

    Os primeiros pomares comerciais foram implantados em Fraiburgo, SC, em 1969 e posteriormente estenderam-se at as regies mais frias dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paran. Em 1980, a rea plantada no Brasil era de 18.941 ha, atingindo, atualmente, 37.784 ha (AGAPOMI, 2012). A regio sul concentra as maiores reas de produo, principalmente por atender as caractersticas edafoclimticas da cultura. Atualmente, Santa Catarina possui a maior rea plantada de mas, com 18.414 ha, seguida pelo Rio Grande do Sul, com 17.874 ha, e Paran, com 2.100 ha (IBGE, 2012).

    Em Santa Catarina, dois municpios destacam-se na produo desta fruta, Fraiburgo e So Joaquim, com polos distintos quanto ao tipo de produtor envolvido. Em So Joaquim concentram-se pequenos e mdios produtores, enquanto em Fraiburgo h predomnio de grandes empresas. No Rio Grande do Sul, os dois principais municpios produtores so Vacaria e Caxias do Sul, que concentram a produo principalmente em grandes empresas.

    Atualmente a ma brasileira, alm de atender o mercado nacional, tambm exportada tendo como principal destino pases europeus.

    Como em toda cultura, a produtividade e qualidade de produo da macieira depende de diversos fatores, tanto aqueles relacionados ao manejo da planta e do solo, como de fatores

  • 23 ambientais, como acmulo de frio hibernal, insolao e disponibilidade de gua. A distribuio da precipitao pluviomtrica importante em todo o ciclo da cultura da macieira. Os pomares brasileiros, na sua maioria, no dispem de sistemas de irrigao em virtude de que o histrico de precipitaes pluviomtricas nas regies produtoras adequado para atender a demanda hdrica da cultura. Alm disso, a dormncia serve como um mecanismo de segurana para que as gemas no sofram as consequncias de condies climticas inadequadas ao seu desenvolvimento.

    O acmulo de horas de frio abaixo de 7,2 C tem sido atribudo como o principal fator que influencia a dormncia e o incio da brotao. Segundo Ryugo (1993), a simples soma das horas de frio no estima completamente as exigncias de frio das plantas, devido ao efeito de outros fatores climticos, como precipitao, neblina e luminosidade. Perodos com maiores precipitaes normalmente coincidem com o perodo de brotao, podendo assim encurtar o perodo de repouso da macieira

    A macieira uma planta de grande porte, com abundante vegetao, logo a evapotranspirao (ETc) da cultura alta, causando grande exigncia de gua. A demanda hdrica da cultura varia muito quanto s condies meteorolgicas locais, porta-enxerto, entre outros, normalmente as maiores exigncias hdricas ocorrem no perodo entre o final do crescimento dos ramos at a colheita (BEUKES e WEBER, 1982).

    Variaes climticas tornam-se motivo de preocupaes em todos os setores da agricultura mundial. A irregularidade e m distribuio das chuvas tm causado problemas tanto no que se refere qualidade quanto produtividade de macieiras. Estes perodos de dficit hdrico ocorrem principalmente nas etapas do ciclo produtivo da ma em que a demanda hdrica maior, fato que tem aumentado o interesse dos produtores pela instalao de sistemas de irrigao em suas reas. Caso estas mudanas nas condies climticas da regio confirmem a tendncia de reduo na disponibilidade hdrica dos solos, acredita-se que a instalao de sistemas de irrigao e/ou fertirrigao nos pomares seja uma tcnica vivel para manter a qualidade e a produtividade dos pomares.

  • 24

    No caso da macieira, perodos de dficit hdrico causam efeitos negativos significativos, principalmente no que se refere ao crescimento de frutos, na diferenciao das gemas da safra seguinte e na absoro de nutrientes (NACHTIGALL et al., 2010). A partir deste problema, cresce o interesse por sistemas de irrigao capazes de suprir a demanda hdrica das plantas durante esses perodos. Sistemas de irrigao por gotejamento adaptam-se bem s condies de produo de macieiras e demais pomceas, por direcionar a aplicao de gua diretamente no sistema radicular, minimizando perdas por evaporao, alm de no alterar o microclima do pomar acima do solo, evitando, com isso, condies ambientais favorveis para o desenvolvimento de algumas doenas.

    1.1HIPTESES

    A m distribuio da precipitao pluviomtrica no perdo de desenvolvimento vegetativo da macieira na regio dos Campos de Cima da Serra RS, promove dficit hdrico no solo, afetando a cultura da macieira;

    A aplicao de gua via irrigao, em pomares de macieiras, principalmente em perodos de dficit hdrico, aumentar a produtividade e a qualidade dos frutos;

    A fertirrigao disponibilizar s macieiras nutrientes essenciais de forma direcionada, aumentando a concentrao de macro e micronutrientes nos tecidos foliares e na polpa dos frutos, diminuindo, com isso, a ocorrncia de distrbios fisiolgicos ocasionados pela deficincia de determinados nutrientes.

    1.2 OBJETIVOS

    Avaliar o efeito da utilizao do sistema de irrigao e fertirrigao por gotejamento em pomares na qualidade e produtividade dos frutos de duas cultivares de macieira na regio dos Campos de Cima da Serra RS.

  • 25 2 REFERENCIAL TERICO

    2.1 IRRIGAO E FERTIRRIGAO

    A disponibilidade de gua no solo para a manuteno das culturas varia conforme as caractersticas intrnsecas de cada solo. A capacidade de campo (CC) a quantidade de gua que um solo bem drenado deve reter contra as foras gravitacionais. A faixa de absoro de gua pelas plantas, teoricamente, estende-se da CC at o ponto de murcha permanente (PMP), porm os efeitos negativos do dficit hdrico so observados bem antes do PMP ser atingido.

    O espao livre do solo ocupado principalmente por ar e gua. medida que a umidade no solo se distancia da CC, a gua remanescente tem papel de manter a umidade do solo, ocupando esses espaos. A absoro de gua e nutrientes facilitada quando mais prxima umidade do solo encontra-se da CC. Em situaes de deficincia hdrica, a gua contida no solo atua na manuteno da estrutura do solo e torna-se, assim, fortemente aderida s partculas de solo. Logo, a energia gasta pelo sistema radicular a fim de absorver gua e nutrientes muito maior, o que dificulta a manuteno da turgescncia celular (COELHO FILHO et. al, 2012).

    Na implantao de um sistema de irrigao indispensvel o conhecimento das caractersticas de cada tipo de solo bem como a curva de reteno de gua, tendo em vista a eficincia do sistema.

  • 26

    Os solos da regio de Vacaria nas reas onde se cultiva macieira so predominantemente Latossolos, com textura argilosa. Esta textura apresenta alta capacidade de retrao com a perda de umidade, evidenciada pelo fendilhamento acentuado em cortes de barrancos expostos ao sol por curto espao de tempo (SANTOS, 2006). um solo que, em condies meteorolgicas de dficit hdrico, perde umidade com facilidade.

    Conceio et al. (2011) determinaram o coeficiente da cultura da macieira (ver figura 1) para a regio dos Campos de Cima da Serra, que se apresentou maior nos meses de janeiro, fevereiro e maro, com um gasto mdio de 2,0 a 3,0 mm/dia, ou seja, entre 20 000 e 30 000L/ha.

    Figura 1 - Coeficiente da cultura (Kc) mensal para macieira. Vacaria, RS.

    Fonte: Conceio et al (2011).

  • 27

    Anos de dficit hdrico tornam-se cada vez mais frequentes, principalmente nos perodos onde a macieira mais necessita de umidade do solo. Segundo dados fornecidos pela Estao Experimental de Fruticultura de Clima Temperado, da Embrapa Uva e Vinho, a precipitao no perodo de desenvolvimento vegetativo da cultura, na safra 2011, foi menor do que a mdia histrica de 29 anos na regio de Vacaria (ver figuras 2 e 3).

    Figura 2 - Valores de precipitao pluviomtrica (mm) verificados em Vacaria RS, no perodo de janeiro a dezembro de 2011.

    Fonte: Embrapa Uva e Vinho EFCT (2012).

  • 28 Figura 3 - Valores de precipitao pluviomtrica (mm) verificados

    em Vacaria RS, no perodo de janeiro a dezembro de 2012.

    Fonte: Embrapa Uva e Vinho EFCT (2012).

    O consumo de gua pela macieira influenciado principalmente pela temperatura, radiao solar global, dficit de presso de vapor e umidade relativa do ar (PEREIRA et al., 1999). A absoro de nutrientes dificultada em anos com baixos teores de umidade no solo, uma vez que estes devem se encontrar na soluo do solo para que se movimentem at as razes e sejam absorvidos.

    Para a macieira, o sistema de irrigao que melhor se adapta o de gotejamento que, por ser localizado, no altera o microclima do pomar, direciona a aplicao de gua no sistema radicular, no favorece a incidncia de patgenos que possam se favorecer de um ambiente mais mido, alm de proporcionar a utilizao da fertirrigao como meio de aplicao de nutrientes lquidos e de forma gradual.

    So poucos os produtores de ma no Brasil que utilizam sistemas de irrigao para manter a umidade do solo nos

  • 29 pomares. Tendo em vista a exigncia de aumentar a produtividade da cultura e melhorar a qualidade das frutas produzidas, cresce o interesse pela implantao de sistemas de irrigao em macieiras em vrios pases.

    O dficit hdrico em perodos crticos pode influenciar a induo e diferenciao floral. A poca de induo floral na macieira ocorre no inicio do crescimento vegetativo, em torno de 45 a 60 dias aps a plena florao. Aps a induo ocorre a diferenciao floral, que se estende durante o restante do ciclo vegetativo at a prxima florao. O processo de induo floral influenciado por fatores climticos, nutricionais, culturais, fisiolgicos e genticos (PETRI et al., 2011).

    A macieira, por ser uma planta perene de clima temperado, necessita de um repouso no inverno e apresenta desenvolvimento vegetativo e reprodutivo na primavera e vero. O acmulo de carboidratos na safra anterior de fundamental importncia para que os processos de florao e brotao ocorram de forma eficiente. No perodo posterior colheita, os teores de umidade no solo ainda devem ser mantidos prximos CC, para que ocorra manuteno da umidade nas folhas (BOLLAND et al., 2002), a fim de que no ocorram prejuzos na acumulao de carboidratos para a safra seguinte.

  • 30 2.3 ASPECTOS FISIOLGICOS 2.3.1 Desenvolvimento floral e foliar

    A induo e a diferenciao floral na macieira iniciam aps o perodo de florao do ano anterior. A diferenciao de gemas vegetativas em gemas florais ocorre durante o perodo vegetativo, sendo que fatores climticos e culturais atuando durante este perodo podem influenciar a diferenciao floral do prximo ciclo (PETRI et al., 2011).

    O decrscimo na rea foliar pode diminuir a interceptao da radiao fotossinteticamente ativa que, por sua vez, pode reduzir a assimilao de carbono total e a produo de massa seca (BEHBOUDIAN e MILS, 1997). A florao o momento em que a planta necessita utilizar as reservas acumuladas em todo o perodo vegetativo. Por isso, o crescimento vegetativo no mesmo perodo pode atuar como competidor pelos carboidratos acumulados, influenciando diretamente a frutificao efetiva.

    A rea foliar fotossinteticamente ativa de extrema importncia, por sua colaborao direta com a fotossntese. No entanto, folhas localizadas em posies inadequadas interceptao solar sofrem sombreamento pelas folhas mais externas no dossel da planta e, alm de no realizarem o processo fotossinttico de forma eficiente, se comportam como um dreno de gua e nutrientes.

  • 31 2.3.2 Nutrio Mineral da Macieira

    Adubaes de correo so realizadas na ocasio do plantio do pomar visando adequar o solo exigncia da cultura. A maior parte dos produtores realizam adubaes de manuteno anualmente com o objetivo de repor os nutrientes absorvidos pela planta e exportados do pomar durante o ciclo produtivo.

    Em pomares com sistemas de irrigao por gotejamento implantado possvel a utilizao da fertirrigao como tcnica de aplicao de nutrientes. Segundo Vieira e Ramos (1999), a aplicao da fertirrigao deve ser iniciada depois que todas as linhas estiverem cheias de gua e os emissores atingirem vazo constante. A fertirrigao possibilita a reposio de nutrientes de forma gradual em diferentes etapas do ciclo produtivo onde a demanda nutricional distinta. No caso de plantas perenes, como a macieira, a fertirrigao surge como uma ferramenta capaz de fornecer nutrientes sob forma de adubao de manuteno em complemento a adubao de plantio.

    A garantia de produtividade das culturas est diretamente ligada disponibilidade de gua no solo. Na macieira, a absoro de nutrientes e gua ocorre tanto pelas razes finas como pelas razes grossas (EPAGRI, 2006), porm as mais jovens so as mais eficientes.

    A irrigao localizada possibilita a aplicao racional de fertilizantes de forma otimizada. Atualmente estima-se que a superfcie fertirrigada no mundo ultrapasse 500.000 ha (CADAHIA, 2005). A utilizao da fertirrigao tem demandado a necessidade de aprofundar as pesquisas envolvendo a nutrio vegetal, visto que avanos relacionados a todas as reas esto ocorrendo rapidamente.

  • 32 2.3.3 Crescimento de frutos

    A dinmica de crescimento de frutos resulta da combinao de processos de diviso e expanso celular. A diviso celular determina o nmero de clulas por fruto, enquanto a expanso celular determina o volume destas clulas (TAIZ, ZEIGER, 2006). O nmero de clulas por fruto o que determina o tamanho final do mesmo. Fatores endgenos e exgenos que aumentem a durao do perodo de diviso celular promovem o alargamento da clula e, com isso, o crescimento de frutos (RYUGO, 1993).

    Na macieira, o perodo de diviso celular ocorre de trs a cinco semanas aps a plena florao, dependendo das condies climticas. A expanso celular inicia na diviso celular, em velocidade que se eleva at a colheita (DOMINGOS, 2009). Diferentes comportamentos so descritos acerca do crescimento de frutos de macieira. Westwood (1982) observou que o crescimento da ma apresenta uma curva sigmoidal simples, enquanto Lakso et al. (1995) observaram que o padro de crescimento de frutos de macieira apresentou comportamento expolinear.

    Behboudian e Mills (1997) observaram que pomares submetidos a regimes de dficit hdrico, mesmo que este ococora no final do perodo de crescimento dos frutos, podem reduzir a produo. Ryugo (1993) relata que quando as macieiras so irrigadas aps um perodo de longo estresse hdrico podem apresentar um rompimento da epiderme, principalmente no lado do fruto exposto radiao solar, em especial em ramos com folhagem escassa. Estas rachaduras so atribudas ao estresse devido ao calor que ocasiona a perda de elasticidade celular e consequente absoro rpida de gua pelas clulas dos frutos aps a irrigao.

  • 33 2.3.4 Atributos Ps-Colheita

    A qualidade dos frutos no momento em que estes chegam mesa do consumidor motivo de preocupaes entre os produtores. O consumidor busca, cada vez mais, frutos provenientes de produo com rastreabilidae, onde possam obter informaes da forma como foram produzidos e principalmente dos impactos que a produo dos mesmos causou ao meio ambiente. Muitos trabalhos avaliaram atributos ps-colheita em mas sob regimes de dficit hdrico. A maior parte relata a influncia positiva da manuteno da umidade do solo na qualidade dos frutos em ps-colheita, mostrando a importncia do fornecimento de gua no manejo da qualidade das frutas (DRAKE e EVANS, 1997).

    Os principais atributos que sofrem alteraes quando as plantas so submetidas a perodos de dficit hdrico so a firmeza de polpa, a cor da epiderme, a concentrao de slidos solveis e a acidez titulvel dos frutos. As pesquisas relacionadas ao efeito do manejo da irrigao na qualidade dos frutos vem sendo realizadas h muitos anos. HALLER E HARDING (1937) j observaram que a firmeza dos frutos decrescia com a restrio nos nveis de irrigao, e isto tambm foi constatado por Gueltat-Reich et al. (1974) e Assaf et al. (1975). As variaes na firmeza da polpa acontecem pela elongao celular e, principalmente pela degradao de carboidratos complexos, como substncias pcticas, celulose e hemicelulose, o que resulta em alteraes nas paredes celulares, que causam o abrandamento da polpa. Conforme ocorre a maturao da fruta, h o amolecimento dos tecidos (CANTILLANO et al., 2006). A firmeza um atributo muito importante de qualidade de frutos, principalmente no tocante conservao dos mesmos.

    A acidez um importante indicativo de qualidade interna da fruta durante o armazenamento (ARGENTA, 2006). A acidez diminui com a maturao e tambm durante o armazenamento.

    A cor do fruto um atributo importante de qualidade, constituindo-se em um grande problema da produo mundial de mas. O mercado consumidor prefere frutas de colorao vermelha-rajada. A casca da ma concentra importantes compostos benficos sade humana que atuam como

  • 34 antioxidantes, anti-inflamatrios, agentes anticancergenos, entre outros. Pearson et al. (1999) demonstraram que os fenis presentes no suco comercial de mas (casca e polpa) inibiram, in vitro, a oxidao do colesterol benfico sade humana. A colorao da epiderme da ma est diretamente relacionada estruturalmente com os flavonoides, mais conhecidos como antocianinas (GONGRA et al., 2012). A propriedade mais descrita das antocianinas o potencial antioxidante, uma vez que elas atuam como carreadores diretos dos radicais livres e previnem, assim, doenas cardiovasculares.

    As clulas humanas esto constantemente sofrendo agresses causadas pelos radicais livres e espcies reativas do oxignio (VOLP et al., 2008), os quais so produzidos durante o metabolismo normal do oxignio ou induzidos por danos exgenos. As antocianinas aumentam a funo dos antioxidantes endgenos (NIJVELDT et al., 2001) e estabilizam as espcies reativas de oxignio atravs de suas reaes com o componente reativo do radical (VOLP et al., 2007).

    Vrios trabalhos (WAN ZALIHA e SINGH, 2010; DRAKE e EVANS, 1997) sugerem que macieiras mantidas sob regimes hdricos satisfatrios produzem frutos com maior pigmentao vermelha, aumentando tambm os ndices de antocianinas. Por outro lado, Wan Zaliha e Singh (2010) constataram que o dficit hdrico incrementa a produo de etileno e, consequentemente, aumenta a expresso gnica da biossntese das antocianinas. Informaes sobre o uso da gua pelas plantas, especialmente em relao a avaliao da gua no solo, so necessrias para adoo de estratgias prprias para a manuteno de sistemas de irrigao tendo em vista a sustentabilidade ambiental ( PELASOKA et al., 2001).

  • 35 3 MATERIAL E MTODOS 3.1 LOCALIZAO E DESCRIO DO EXPERIMENTO

    O trabalho foi realizado na regio produtora de ma

    dos Campos de Cima da Serra, no Rio Grande do Sul, em pomar instalado em 2009, na Estao Experimental de Clima Temperado, da Embrapa Uva e Vinho, em Vacaria, RS (283049 S; 505258 W), a 981 m de altitude, cujo solo predominante o Latossolo Bruno alumnico cmbico. As avaliaes experimentais foram realizadas na safra 2011/12.

    Utilizou-se as cultivares de macieira Maxigala e Fuji Suprema, sobre o porta-enxerto M9, plantadas no espaamento de 1,2 e 1,0 m entre plantas respectivamente, e de 4,0 m entre as filas, conduzidas no sistema de lder central. Para a conduo das plantas e o manejo fitossanitrios, foram utilizadas as recomendaes tcnicas da cultura para a regio.

    Para a avaliao do efeito da irrigao e da fertirrigao na cultura da macieira, foi instalado na rea um sistema de irrigao localizada, por gotejamento, sendo utilizadas duas mangueiras para o experimento, uma para aplicao da gua de irrigao e uma para a aplicao da soluo fertirrigante.

    Os tratamentos utilizados foram: Adubao de solo sem irrigao (AS), Adubao Slida + Irrigao (AS + I), Irrigao + Fertirrigao (I + F) e Fertirrigao (F). A quantidade de nutrientes aplicada na safra 2011/2012 foi de 60 kg ha-1 de K2O, 20 kg ha-1 de P2O5 e 20 kg ha-1 de N. Foram aplicadas as mesmas quantidades de nutrientes em todos tratamentos, porm, a forma de aplicao foi distinta. Nos tratamentos AS e AS + I, a aplicao dos fertilizantes ocorreu de uma s vez, no perodo ps-brotao; nos tratamentos I + F e F, a adubao foi realizada via fertirrigao, semanalmente durante o perdo de crescimento vegetativo das plantas, nas mesmas quantidades de nutrientes dos demais tratamentos.

  • 36 3.2 MONITORAMENTO HDRICO DO SOLO

    Foram instalados dois pares de tensimetros por repetio, um a 0,10 m e outro a 0,30 m de profundidade, representando a faixa de maior concentrao radicular da macieira (GREEN e CLOTHIER, 1999; HOFFMANN e BERNARDI, 2004). O monitoramento hdrico foi realizado diariamente durante todo o perodo vegetativo da cultura. Utilizou-se um tensmetro de digital para a realizao das leituras (ver figura 4).

    As irrigaes foram realizadas quando a tenso mdia da gua no solo apresentava-se abaixo a capacidade de campo (CC) (-10 kPa). Os tratamentos AS + I e I + F receberam regimes hdricos visando manter a tenso em 10 kPa.

    As irrigaes tiveram incio em 17/10/2011 e as fertirrigaes em 21/10/2011.

    O tratamento AS foi submetido a um regime de dficit hdrico, visto que este recebeu somente gua de precipitao pluviomtrica, o tratamento fertirrigao, recebeu alm da gua da precipitao um regime hdrico semanal de 3 horas de irrigao, equivalente a 8 mm de lmina de gua ha-1 semana-1.

  • 37 Figura 4 - Visualizao do tensmetro realizando monitoramento

    hdrico do solo.

    Fonte: Camila Cargnino, (2012)

    A soluo nutritiva (ver figura 5) aplicada nos tratamentos com fertirrigao foi balanceada para que os tratamentos fertirrigados recebessem as mesmas quantidades de nutrientes que os tratamentos adubados convencionalmente. Foram realizadas 20 aplicaes de soluo nutritiva, que distribuiu 20 kg ha-1 de N, 20 kg ha-1 de P2O5 e 60 kg ha-1 de K2O.

  • 38 Figura 5 - Visualizao do sistema de aplicao da fertirrigao.

    Fonte: Camila Cargnino (2012).

    A demanda hdrica da cultura foi determinada considerando os resultados dirios do monitoramento dos tensimetros utilizando tensmetro digital, bem como dos resultados meteorolgicos obtidos na Estao Meteorolgica da Estao Experimental de Fruticultura Temperada Embrapa Uva e Vinho, Vacaria, RS.

  • 39

    3.3 ASPECTOS FENOLGICOS

    Quanto aos aspectos fenolgicos, objetivou-se avaliar a influncia de tratamentos de Irrigao e Fertirrigao no perodo vegetativo da cultura e na brotao das duas cultivares de macieira, Maxigala e Fuji Suprema. Foram realizadas as seguintes avaliaes: poca de brotao (incio, plena, final), durao da florao e poca de colheita (incio e final da maturao).

    Para determinao da frutificao efetiva foi realizada a contagem de cachos florais em plena florao e no estdio de fruit set, bem como a contagem dos frutos remanescentes. A frutificao efetiva foi calculada dividindo-se o nmero dos frutos fixados pelo nmero de cachos florais.

    3.3 CRESCIMENTO DE FRUTOS

    As avaliaes de crescimento de frutos tiveram incio em novembro de 2011, quando os frutos encontravam-se em estgio de frui set, e estenderam-se at o perodo de colheita dos mesmos, tendo sido feitas quinzenalmente. Por meio de um paqumetro, mediam-se os dimetros horizontal e vertical de quinze frutos, previamente marcados (ver figuras 6) nas trs plantas centrais de cada parcela de cada uma das cultivares Maxigala e Fuji Suprema.

  • 40 Figura 6 Visualizao dos frutos das cultivares Maxigala (esq.) e Fuji Suprema (dir.) com as devidas marcaes para avaliao de

    crescimento.

    Fonte: Camila Cargnino, (2012)

  • 41

    3.4 COLHEITA DOS FRUTOS

    O ponto de colheita foi determinado cortando-se transversalmente frutos de uma amostra representativa da rea, os quais foram imersos durante 1 minuto em soluo de iodo. Dez minutos aps procedeu-se a leitura observando-se a rea do fruto que reagiu com o iodo.O ponto de colheita para as cultivares do grupo Gala acontece entre valores 2,0 e 3,0 e para as cultivares do grupo Fuji entre 2,5 e 3,5. Em uma escala de 1 a 5. A colheita dos frutos foi realizada quando eles se encontravam em ponto de colheita. Os frutos foram colhidos individualmente nas cinco plantas de cada parcela, na mesma data.Foi avaliado o nmero e o peso, conforme as seguintes categorias comerciais: extra (acima de 70 mm), especial (de 65 a 70 mm), comercial (de 55 a 65 mm) e refugo (at 55 mm).

    3.5 ATRIBUTOS PS-COLHEITA

    A firmeza de polpa (FP), a acidez titulvel (AT) e o o teor de slidos solveis (SS; brix) foram determinados na colheita, aos 60 e aos 120 dias aps a colheita, para ambas as cultivares. Foram selecionados 10 frutos por parcela. A FP foi quantificada com penetrmetro, o teor de SS com refratmetro digital, e AT atravs de titulometria de neutralizao com soluo de NaOH 1,0 N (titulao at pH 8,1). Os frutos submetidos s avaliaes aos 60 e 120 DAC foram mantidos em atmosfera convencional, a 0C e UR 95%.

    Foram realizadas duas avaliaes de cor, sendo a primeira na colheita (02/02/2012 na Maxigala e 28/02/2012 na Fuji Suprema) e a segunda no final do perodo de armazenamento dos frutos (26/07/2012). A cor da pelcula foi avaliada com colormetro Konica Minolta CR 400/410, tendo sido caracterizada com base nas coordenadas cromticas de Luminosidade (L), a e b. Separaram-se 10 frutos por repetio e avaliaram-se os parmetros L, a e b. A primeira leitura correspondeu superfcie da fruta com maior colorao vermelha e a segunda leitura superfcie oposta primeira.

  • 42

    Os teores de antocianinas foram determinados utilizando 10 frutos por repetio. Para isso, foram retirados dois discos de 15 mm da epiderme dos frutos, na regio equatorial dos mesmos, em faces opostas da epiderme, compondo a amostra. As amostras foram envolvidas em papel alumnio e congeladas em nitrognio lquido a -196C. Subsequentemente, as amostras foram maceradas em moinho para obteno de uma amostra em forma de p. Desse p, pesou-se 1,0 g, em erlenmeyer, e adicionaram-se 50 mL de uma soluo de etanol + HCl 1,5 N (85 mL de etanol P.A. + 15 mL de HCl 1,5 N). Os frascos forma cobertos com papel alumnio e deixados durante 17 horas em geladeira. Aps esse perodo a soluo foi filtrada e foi determinada a absorbncia da soluo no comprimento de onda de 535 nm, com um espectrofotmetro.

    Para a avaliao das concentraes de nutrientes na polpa fresca dos frutos, foram separados na colheita, 10 frutos por parcela. A casca foi retirada da regio equatorial dos frutos, e com um trado calador, com espessura de 10 mm, foram coletados 10 discos da polpa, que foram posteriormente congelados. A anlise foi realizada seguindo a metodologia descrita por Freire (1998).

    Para determinao dos teores de nutrientes no solo foram coletadas amostras nas profundidades de 0 a 5 cm, 5 a 10 cm e 10 a 20 cm, a 30 cm de distncia da linha de plantio, entre as duas plantas centrais de cada tratamento. Foram determinados os teores de P e K, pelo mtodo de Mehlich-1 (TEDESCO et al.,1995). 3.6 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

    Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e oito repeties. Cada cultivar foi analisada separadamente. Os dados foram submetidos anlise de varincia e em caso de significncia foi aplicado o teste Tukey a 5% de probabilidade. Para isto, foi utilizado o programa estatstico SAS 9.13. (SAS Institute, 2002).

  • 43 4 RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1 MONITORAMENTO HDRICO

    Na cultivar Maxigala, o potencial matricial do solo no incio do perodo vegetativo da cultura (02/09/2011 a 04/11/2011) manteve-se dentro dos limites estabelecidos, ou seja, entre 0 e -10 kPa (ver figura 7). Nestes dois meses, as precipitaes pluviomtricas foram regulares, mantendo o potencial matricial do solo dentro dos limites estabelecidos para o estudo, em todos tratamentos. At quatro semanas aps a plena florao da macieira fundamental que o potencial matricial do solo mantenha-se prximo CC, pois este perodo crtico para o crescimento radicular, frutificao efetiva e diviso celular do fruto (COMBRET, 2012).

    A partir de 04/11/2011 o solo dos tratamentos AS, I + F e F apresentou potencial matricial < -10 kPa, pois neste perodo o ndice pluviomtrico foi mais baixo do que no perodo seguinte, nas duas profundidades (0 a 20 e 20 a 40 cm) (ver figuras 7 e 8). A partir da segunda quinzena de dezembro de 2011 conseguiu-se estabilizar o potencial matricial do solo no tratamento AS + I, que juntamente com o tratamento I + F, manteve o potencial matricial do solo mdias abaixo de -10 kPa at o perodo posterior colheita. Os tratamentos que no receberam irrigao (AS e F) apresentaram tenses mdias superiores a -10 kPa, mesmo em perodos aps precipitaes pluviomtricas maiores que 50 mm. Isso mostra a importncia da irrigao na manuteno da umidade do solo, pois neste perodo as plantas necessitam de quantidades de gua suficientes para suprir a demanda evapotranspirativa. Segundo Conceio et al, (2011), a evapotranspirao da cultura (ETc) da macieira para a regio de Vacaria oscila de 0,3 a 3,0 mm dia-1, sendo que nos meses de janeiro, fevereiro e maro ocorrem os maiores valores.

    Na Fuji Suprema (ver figura 8), observou-se que os tratamentos AS e F apresentaram tenses acima de -10 kPa a partir de 04/11/2011, valores estes que se mantiveram at o final do perodo avaliado. O solo dos tratamentos AS + I e I + F, na camada de 0 a 0,40 m, manteve-se na maior parte do perodo avaliado abaixo da CC.

  • 44

  • 45

  • 46 4.2 ASPECTOS FISIOLGICOS

    Na safra 2011/12 a ocorrncia das variveis fenolgicas das cultivares Maxigala e Fuji Suprema tiveram o mesmo comportamento (ver tabela 1). No perodo anterior ao incio das aplicaes de irrigao e fertirrigao, no foram observadas diferenas significativas quanto frutificao efetiva em nenhum tratamento, tanto para a Maxigala quanto para a Fuji Suprema (ver tabela 2). Na safra 2012/13, aps o primeiro ano de experimento, a fenologia foi um pouco distinta entre as cultivares (ver tabela 2), porm no houve diferenas entre os tratamentos (dados no apresentados).

    Tabela-1 Fenologia de macieiras Maxigala e Fuji Suprema nas safras 2011/12 e 2012/13.

    Estdios Fenolgicos

    SAFRA 2011/12 SAFRA 2012/13

    Maxigala Fuji Suprema

    Maxigala Fuji Suprema

    Ponta Verde 20/09/2011 20/09/2011 15/09/2012 15/09/2012 Incio Florao 30/09/2011 30/09/2011 24/09/2012 27/09/2012 Plena Florao 06/10/2011 06/10/2011 02/10/2012 08/10/2012

    Final Florao 18/10/2011 18/10/2011 15/10/2012 15/10/2012

    Fonte: Camila Cargnino, (2012)

    No segundo ano do experimento, no foram observadas diferenas significativas quanto frutificao efetiva entre os tratamentos, tanto para a Maxigala quanto para a Fuji Suprema (ver tabela 2). Segundo Wielgolaski (2001), os estdios fenolgicos esto correlacionados com diferentes condies climticas, incluindo fatores como temperatura do ar, temperatura do solo, precipitao, radiao solar, evapotranspirao e comprimento do dia. Segundo Caprio (1966), a interferncia das condies de solo sobre a fenologia da planta geralmente menor do que a influncia do clima.

  • 47 Tabela-2. Frutificao efetiva (%) em duas safras em macieiras Maxigala e Fuji Suprema influenciada pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Mdia de 8 repeties. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao + fertirrigao; F = fertiirrigao.

    TRAT. Safra 2011-12 Safra 2012-13

    Maxigala Fuji Suprema Maxigala Fuji Suprema

    AS 40,1 ns 114,3 ns 98,3 ns 117,7 ns AS+I 42,1 100,8 128,7 111,7 I+F 39,8 130 113 89,7 F 33,5 95,3 112,7 116,3

    C.V.(%) 33,5 24,7 17,1 24,4 Fonte: Camila Cargnino, (2012)

  • 48

    4.3 CRESCIMENTO DE FRUTOS

    O dimetro horizontal dos frutos da cultivar Maxigala, a partir da terceira data de avaliao, foi maior nos tratamentos AS + I e I + F do que nos demais (ver tabela 3); na colheita, porm, somente o tratamento I + F diferiu significativamente do tratamento AS para esta varivel. O mesmo comportamento foi observado quanto ao crescimento de frutos. O dimetro vertical dos frutos da cultivar Maxigala somente diferiu entre os tratamentos AS + I e I + F, sendo maior que os demais tratamentos. No decorrer do ciclo de desenvolvimento, esta diferena no foi mais observada, inclusive na colheita. No perodo de avaliao entre 15/11/2011 a 29/01/2012, a precipitao pluviomtrica na rea experimental foi de 230 mm, valor considerado adequado para o crescimento dos frutos (EMBRAPA UVA E VINHO, 2013).

    Os resultados foram mais evidentes para o dimetro horizontal do que para o vertical, principalmente devido s caractersticas genticas da cultivar Maxigala, que produz frutos de formato redondo-cnico (SILVEIRA, 2011). Segundo Ryugo (1993), os frutos podem variar em forma, e o crescimento no dimetro horizontal nem sempre proporcional ao do dimetro vertical. Os perodos de dficit hdricos ocorridos por ocasio da terceira avaliao (15/12/2011) afetaram tanto o dimetro horizontal quanto o dimetro vertical dos frutos de Maxigala nos tratamentos que no receberam irrigao, ou seja, afetaram o ndice de crescimento das frutas (ver tabela 4). As chuvas que ocorreram posteriormente a este perodo, entretanto, foram suficientes para promover a recuperao do tamanho dos frutos nos demais tratamentos, a ponto de eliminar qualquer diferena entre os tratamentos por ocasio da colheita.

    Na Fuji Suprema, o dimetro vertical dos frutos, na quinta (14/01/2012) e na sexta avaliaes (29/01/2012), foi maior no tratamento I + F do que no tratamento AS (ver tabela 5). Na colheita (15/02/2012), o tratamento I + F apresentou os frutos com o maior dimetro horizontal. Por outro lado, o dimetro vertical dos frutos diferiu entre os tratamentos somente na sexta avaliao (30/01/2012), onde o tratamento I + F apresentou

  • 49 dimetro maior do que os tratamentos AS e F. Observa-se, atravs do monitoramento hdrico do solo (ver figura 6), que neste perodo os tratamentos que no receberam irrigao mostraram tenses de gua no solo abaixo da CC.

    O ndice de crescimento de frutos (ver tabela 6) mostrou superioridade dos tratamentos AS + I e F em relao ao tratamento I + F na ltima avaliao (colheita).

  • 50

  • 51

  • 52

  • 53

  • 54

    O efeito dos tratamentos no dimetro dos frutos variou entre as duas cultivares analisadas. Para a Maxigala, as maiores diferenas foram observadas no dimetro horizontal, j para a Fuji Suprema ocorreram diferenas no crescimento vertical. Este fato se deve principalmente s caractersticas genticas de cada espcie, conforme a diviso celular e a diferenciao dos tecidos do fruto. As plantas do grupo Gala, a exemplo da Maxigala, produzem frutos de formato redondo-cnico, j os frutos do grupo Fuji produzem frutos mais achatados. A cultivar Fuji Suprema possui uma caracterstica especfica, resultante do melhoramento gentico, onde os frutos so mais achatados que os da cultivar Fuji original (EPAGRI, 2006). Segundo Ryugo (1993), a diviso celular em mas continua no tecido cortical do ovrio por aproximadamente oito semanas aps a plena florao. Assim, neste perodo, o dficit hdrico, alm de ocasionar uma menor frutificao efetiva, contribui para a diminuio do nmero de clulas de cada fruto. Aps o trmino do perodo de diviso celular, as clulas possuem pequenos vacolos ricos em material citoplasmtico e, medida que ocorre o crescimento celular, os vacolos aumentam de tamanho, passando a ocupar grande parte do volume celular. O crescimento de frutos inicialmente lento, pois no primeiro estgio, ocorre a diviso celular. A velocidade de incremento de massa no fruto aumenta no segundo estgio de crescimento, mas adquire a velocidade mxima no terceiro estgio, que ocorre da metade de dezembro at a colheita . No perodo final de crescimento dos frutos observam-se efeitos benficos de tratamentos de irrigao em ambas as cultivares. Na Maxigala, o tratamento I + F foi superior ao tratamento AS, j na Fuji Suprema o tratamento I + F foi superior aos demais tratamentos. Observa-se que perodos de dficit hdrico durante o crescimento dos frutos acarretam em prejuzos no seu crescimento e no tamanho final dos frutos no ponto de maturao.

    .

  • 55

    4.4 PRODUO DE FRUTOS

    Na Fuji suprema, o peso de frutos (ver figura 9) s foi influenciado pelos tratamentos na categoria com mais de 70 mm. Nela, os frutos mais pesados foram produzidos nos tratamentos com F, I + F e AS +I , e somente este ltimo tratamento apresentou frutos com maior peso do que o AS.

    Fonte: Camila Cargnino (2013). Na Maxigala o peso de frutos (ver figura 10) na categoria

    acoma de 70 mm, foi maior no tratamento I+F em comparao aos tratamnetos AS e F, no diferindo do tratamento AS+I.

    Figura 9 Produo de diferentes categorias de frutos de macieira Fuji Suprema influenciado pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Letras maisculas dentro de cada tamanho de fruto mostram diferenas entre os tratamentos, ns: no significativo pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.

  • 56

    Fonte: Camila Cargnino(2013).

    A produo total de frutos na safra 2011-2012 (ver figura 11) variou com os tratamentos de adubao e com a forma de aplicao de gua. Na Fuji suprema, o tratamento mais produtivo foi aquele onde a adubao foi feita no solo acompanhado de irrigao, o qual no diferiu daquele com I + F. Os tratamentoF,AS e I+F no diferiram entre si.Na Maxigala, os tratamentos que proporcionaram o maior rendimento de frutos foram AS + I, AS, e I + F, sendo que estes dois ltimos no diferiram do tratamento s com F, que foi o menos produtivo.

    Figura 10 Peso de diferentes categorias de frutos de macieira Maxigala influenciado pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Letras maisculas diferem pelo teste Tukey a 5% de probabilidade, ns: no significativo.

  • 57

    Fonte: Camila Cargnino (2013).

    Quanto ao acrscimo de produo (ver figura 12), comparando-se todos os tratamentos ao tratamento AS na Fuji Suprema, ocorreu acrscimo de produo no total de frutos e nos frutos das categorias > 70 mm e entre 65 e 70 mm, e diminuio nos frutos das categorias de menor interesse comercial (55 a 65 e < 55 mm) no tratamento AS + I. No tratamento I + F, ocorreu acrscimo de produo no total de frutos e nos frutos da categoria > 70 mm. O tratamento F apresentou acrscimo de produo em todos os tratamentos. O mesmo comportamento foi observado por Mpelasoka (2001), onde plantas submetidas a tratamentos com controle de irrigao produziram maior quantidade de frutos de maior tamanho comparados a tratamentos com dficit hdrico. Isto evidencia que a irrigao

    Figura 11 Produo total de macieiras Fuji Suprema e Maxigala influenciado pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Letras maisculas diferem pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao.

  • 58 um fator chave na manuteno da produo de frutos de maior calibre, estes por sua vez, com maior interesse comercial.

    Para a Maxigala, somente o tratamento AS + I e I + F apresentaram acrscimo de produo. No o tratamento AS + I a produo total de frutos e de frutos das categorias >70 mm, entre 65 e 70 mm e entre 55 e 65 mm aumentou. No tratamento I + F houve acrscimo no total de frutos produzidos e nos frutos da categoria de maior interesse comercial (> 70 mm). O tratamento F apresentou decrscimo na produo.

  • 59

  • 60 4.5 ATRIBUTOS PS-COLHEITA 4.5.1 Firmeza de polpa (FP), acidez titulvel (AT) e slidos solveis (SS).

    Na mdia das trs avaliaes ps-colheita (ver tabela 5),

    observa-se que somente na cultivar Fuji Suprema houve diferena significativa quanto firmeza de polpa (Lb), onde o tratamento AS + I mostrou-se significativamente superior ao tratamento AS, no diferindo dos demais.

  • 61

  • 62

    Observando separadamente cada avaliao, para a Maxigala, (ver tabela 6) nota-se que somente na primeira avaliao (07/02/12) o tratamento I + F mostrou-se significativamente superior ao tratamento AS + I, quanto ao teor de slidos solveis (SS), no diferindo dos demais tratamentos. Quanto acidez Titulvel (AT) e Firmeza de Polpa no houve diferena significativa entre os demais tratamentos.

    Ao compararmos a evoluo de cada varivel avaliado no decorrer do perodo de armazenagem, observa-se que o tratamento AS apresentou maiores reduo na firmeza de polpa entre a primeira e a terceira avaliao, apresentando diferena significativa entre as trs avaliaes. Os tratamentos AS + I, F + I e F mostraram significativa reduo na firmeza de polpa da primeira para a segunda avaliao, sendo que ambos no apresentaram diferena significativa da segunda para a terceira avaliao.

    Para as avaliaes de acidez titulvel observou-se resultados iguais aos observados na firmeza de polpa, evidenciando que o tratamento AS apresenta uma reduo significativa desde a colheita at a ultima avaliao enquanto, nos demais tratamentos, essa reduo s significativa entre a primeira e a segunda avaliaes.

    Quanto ao teor de SS, observou-se o mesmo comportamento para todos os tratamentos, sendo que houve aumento significativo dos teores da primeira para a segunda avaliao ps-colheita. Entre a segunda e a terceira avaliaes no se observou diferena significativa para nenhum tratamento.

    Nas avaliaes de firmeza de polpa (FP) da Fuji Suprema (ver tabela 7), observa-se que todos os tratamentos apresentaram diminuio na FP entre os perodos de avaliao. Porm, no tratamento AS + I no houve diferena significativa entre a primeira e a segunda avaliaes ps-colheita, que foram significativamente superiores terceira avaliao. Nos demais tratamentos houve diferena significativa entre as trs avaliaes ps-colheita.

    Houve diminuio acentuada na acidez titulvel entre a primeira e a segunda avaliaes ps-colheita nos tratamentos AS e AS + I. Nos tratamentos I + F e F houve diferena significativa somente na terceira avaliao, onde esta se mostrou estatisticamente inferior s demais avaliaes.

  • 63

    O teor de slidos solveis mostrou resultados significativamente diferentes entre as trs avaliaes ps-colheita para os tratamentos AS e F. Nos tratamentos I + F e AS + I observou-se diminuio significativa entre a primeira e a segunda avaliaes ps-colheita, sendo que entre a segunda e a terceira avaliaes no houve diferena significativa.

  • 64

  • 65

  • 66

    4.5.2 Cor dos frutos e teores de antocianinas Na colheita para a cultivar Maxigala (ver tabela 8 e ver

    figura 13) quanto ao parmetro L, o tratamento AS mostrou-se estatisticamente superior aos demais tratamentos, evidenciando que os tratamentos com AS apresentam maior luminosidade do que os tratamentos com F.

    Para o parmetro a, que corresponde cor vermelha, observa-se que o tratamento F apresentou-se significativamente superior ao tratamento AS, porm no diferiu dos demais tratamentos. A cor vermelha o parmetro de maior importncia na avaliao de cor de fundo da epiderme de mas. O mesmo comportamento foi observado por Drake e Evans (1997), que avaliando trs regimes de irrigao, obteve maiores valores de L no tratamento que recebeu irrigao por gotejamento, mantendo os teores de umidade no solo.

    Para o parmetro b, que representa a cor amarela, observou-se que o tratamento AS mostrou-se estatisticamente superior aos demais tratamentos. A Fuji Suprema (ver tabela 8; ver figura 14) somente apresentou diferena significativa no parmetro a, onde o tratamento AS mostrou-se superior ao tratamento I + F.

    A Fuji Suprema, na colheita (ver tabela 8), somente apresentou diferena significativa no parmetro a, onde o tratamento AS mostrou-se superior ao tratamento I + F.

  • 67

  • 68

    Na avaliao de cor da epiderme para a Maxigala (ver figura 15) aos 120 DAC, os resultados evidenciam a diferena entre AS e os demais tratamentos. Para todos os parmetros analisados, o tratamento AS mostra resultados inferiores aos demais tratamentos.

    Na Fuji Suprema, a avaliao ps-armazenamento mostrou para o parmetro L que o tratamento AS mostrou-se significativamente superior aos tratamentos AS + I e I + F, no diferindo do tratamento AS. Para o parmetro a, observou-se que os tratamentos submetidos a AS + I, I + F e F mostraram-se significativamente superiores ao tratamento AS ao contrrio do parmetro b, onde o tratamento AS mostrou-se significativamente superior aos tratamentos AS + I, I + F e F.

    Os teores de antocianinas (ver tabela 9) na Maxigala apresentaram-se significativamente superiores nos tratamentos com fertirrigao, comparados ao tratamento AS.Para a Fuji Suprema no se observou diferena significativa entre tratamentos.

  • 69 Tabela-11 Teores de antocianinas (g/100g) em epiderme de mas Maxigala e Fuji Suprema, influenciada pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Mdia de 8 repeties por tratamento. Letras maisculas diferentes dentro de cada coluna significa existncia de diferena estratstica entre os tratamentos dentro de cada atributo e de cada cultivar pelo teste Tukey a 5% de significncia. ns: no significativo. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao.

    TRAT. Maxigala Fuji Suprema

    AS 8,57 B 12,04 ns AS + I 16,29AB 15,22 I + F 20,21 A 14,08 F 18,80 A 15,50

    Fonte: Camila Cargnino (2013).

  • 70

    Fonte: Camila Cargnino (2013).

    Figura 7 Frutos de macieira Fuji Suprema influenciados pela forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao.

  • 71

    Figura 14 Frutos de macieira Maxigala influenciados pela forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao.

    Fonte: Camila Cargnino (2013).

  • 72 4.6 NUTRIENTES EM POLPA FRESCA Na avaliao de concentrao de nutrientes em polpa fresca de frutos para a Maxigala, observaram-se diferenas significativas somente quanto as concentraes de Mg na polpa dos frutos, onde os tratamentos AS e F apresentaram-se estatisticamente superiores ao tratamento AS + I, no diferindo significativamente do tratamento I + F. Neilsen et al. (2010) observaram aumento na concentrao de Mg em tratamentos que receberam regimes de dficit hdrico.

    Em plantas submetidas a regimes de dficit hdrico, a absoro de Mg pode ser favorecida pois este circula no floema, podendo movimentar-se de um tecido velho para um ponto de crescimento (VITTI et al., 2006) e acumular-se em maior concentrao nos frutos.

    As concentraes de N, P, K e Ca (ver figura 16) em polpa de frutos no apresentaram diferena significativa, bem como as relaes entre (K+Mg)/Ca e N/Ca (ver figura 17).

    A maior produo em funo da irrigao (frutos de maior dimetro), provavelmente tenha diluido a concentrao de K e Ca nos frutos, uma vez que a absoro de K, Ca e Mg, so favorecidas pela disponibilidade de gua, fato que aqui no foi verificado.

  • 73 Figura 15 Concentraes de nutrientes na polpa de mas cv. Maxigala,influenciada pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Letras maisculas mostram diferenas entre os tratamentos pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. NS: no significativo pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao.

    Fonte: Camila Cargnino (2013).

  • 74 Figura 16 Relaes K/Ca, N/Ca e K+Mg/Ca na polpa de mas cv. Maxigala, influenciada pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Letras maisculas mostram diferenas entre os tratamentos pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. NS: no significativo pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao.

    Fonte: Camila Cargnino (2013).

    Na Fuji Suprema, observaram-se diferenas significativas quanto as concentraes de K em polpa fresca onde, o tratamento AS apresentou concentraes de K estatisticamente superiores ao tratamento F, no diferindo dos tratamento adubao AS + I e I + F (Ver figura 18). Os mesmos resultados foram observados quando as relaes (K+Mg)/Ca e K/Ca (ver figura 19).

    A elevada concentrao de alguns nutrientes, como K, Ca e N, podem diminuir as concentraes de Ca na polpa dos frutos. Relaes K/Ca, (K+Mg)/Ca e N/Ca altas resultam em frutos com maior suscetibilidade ao "bitter pit" (NACHTIGALL e FREIRE, 1998).

  • 75

    Os efeitos positivos do Ca na preservao da qualidade ps-colheita resultam da sua associao com substncias pcticas da lamela mdia e com as membranas celulares, conferindo rigidez aos tecidos e preservando as caractersticas de permeabilidade seletiva do sistema de membranas celulares (POOVAIAH et al., 1988).

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    Fonte: Camila Cargnino (2013).

    Figura 17 Teores de nutrientes na polpa de mas Fuji Suprema,influenciado pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Letras maisculas mostram diferenas entre os tratamentos pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. ns: no significativo pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao.

  • 77

    Fonte: Camila Cargnino (2013). Fonte: Camila Cargnino (2013).

    Figura 18 Relaes entre os teores de nutrientes na polpa de mas Fuji Suprema, influenciado pelo forma de aplicao dos fertilizantes e pelo suprimento ou no de gua via irrigao. Letras maisculas dentro de cada tamanho de fruto mostram diferenas entre os tratamentos pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. ns: no significativo pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. AS = adubao de solo sem irrigao; AS + I = adubao slida + irrigao; I + F = irrigao = fertirrigao; F = fertiirrigao.

  • 78

    5 CONSIDERAES FINAIS

    No segundo ano do experimento, no foram observadas diferenas significativas quanto frutificao efetiva entre os tratamentos, tanto para a Maxigala quanto para a Fuji Suprema.

    No perodo final de crescimento dos frutos observam-se efeitos benficos de tratamentos de irrigao em ambas as cultivares. Observa-se que perodos de dficit hdrico durante o crescimento dos frutos acarretam em prejuzos no seu crescimento e no tamanho final dos frutos no ponto de maturao.

    Quanto produo total de frutos na safra 2011/2012 observa-se que na Fuji Suprema, o tratamento mais produtivo foi AS + I, o qual no diferindo de I + F. Na Maxigala, os tratamentos que proporcionaram o maior rendimento de frutos foram AS + I, AS, e I + F, sendo que estes dois ltimos no diferiram do tratamento F, por sua vez, o menos produtivo.

    O peso mdio dos frutos sofreu influncia dos tratamentos somente na Maxigala, quando os tratamentos AS, F, e I + F proporcionaram o maior peso de frutos, sendo que somente I + F diferiu de AS + I, o qual apresentou o menor peso de frutos.

    A cor de fundo da epidermereferente a cor vermelha, foi positivamente influenciada nos tratamentos I + F e F na Maxigala, sendo estes superiores ao tratamento AS na avaliao de colheita, e depois de 120 de armazenamento. Os tratamentos AS + I, I + F e F mostraram colorao vermelha de epiderme superior ao tratamento AS. Na Fuji Suprema a colorao vermelha de epiderme foi superior nos tratamentos AS + I, I + F e F, em comparao ao tratamento AS, somente aps 120 dias de armazenagem.

    Na Maxigala, os teores de antocianinas apresentaram-se superiores ao tratamento AS nos tratamentos I + F e F .

  • 79

    6 REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS

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