IPAIIMUP - U. Porto - Universidade do Porto...lonial, que ainda recebe visita dos descendentes de...
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IPAIIMUPacelera diagnósticode cancro hereditário
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Novo equipamentoiniciou agora análisesao cancro da mama.A velocidade é a
grande vantagem
Alexandra [email protected]
Em doenças como cancroda mama ou miocardiopa-tia, a rapidez de diagnósti-co faz a diferença. OIPATTMUP já está a traba-lhar com máquina que"corta" o tempo de respos-ta de meses para semanas.
Aparelhosequenciadorde nova
geração jáfunciona, no
IPATIMUP do
Porto. Na
fotografia,a máquinaestá situada
entre o
patologistaFernandoSchmitteJosé Carlos
Machado
Saberse uma patolo-
gia tem caráter he-reditário pode terimplicações pro-
fundas no tratamento, quevai desde a toma de medica-
ção até à cirurgia. "Há fre-quentemente urgência nodiagnóstico, o tempo pode fa-zer toda a diferença", assegu-
ra José Carlos Machado, res-
ponsável pelo laboratório de
diagnóstico genético do IPA-TIMUP - Instituto de Patolo-
gia e Imunologia Molecularda Universidade do Porto.
No cancro da mama, porexemplo, um procedimentocomum é a mastectomia,para retirar o tecido cancerí-
geno, uma cirurgia feita omais depressa possível. Reti-rar apenas a mama afetada outambém a outra é, contudo,uma decisão que um teste ge-nético pode ajudar a tomar."Se o cancro tiver origem he-reditária, "pode ser equacio-nada a remoção das duas ma-mas, evitando uma cirurgiaposterior", explica.
A cada dia que passa, emPortugal, quatro mulheresmorrem devido a esta pato-logia, apesar de nove emcada dez casos terem cura, se
detetados a tempo. Por isso,
realça o responsável, saberem tempo útil que umadoença é provocada por umamutação genética transmis-sível de pais para filhos "temum impacto enorme" navida dos familiares (são ra-ros os casos de cancro damama em homens, mas pos-síveis). Se a origem for gené-tica, "a mastectomia pode
ser feita também às portado-ras de mutações, ainda quenão tenham sinais de can-cro", diz.
A urgência é também com-
preensível em patologias,como a miocardiopatia hi-pertrófica hereditária, em
que o risco de transmissão de
pais para filhos é de 50% .
Atinge uma em cada 500 pes-soas e é a principal causa demorte súbita entre jovens e
desportistas - matou MiklósFehér, o jogador do Benfica
que morreu aos 24 anos de
idade, durante um jogo con-tra o Vitória de Guimarães.
Sequenciador já trabalhaEm análises genéticas com-plexas é comum o diagnósti-co demorar três ou mais me-ses (chega aos 12 meses, emcertos laboratórios) . Para cor-tar no tempo de espera, noVerão passado, o IPATTMUP
comprou um sequenciadorgenético de nova geração,por 200 mil euros. Os meses
seguintes foram passados a
otimizar a utilização do equi-pamento. "Estamos agora a
começar a trabalhar os pri-meiros casos de cancro damama hereditário", afirmaJosé Carlos Machado.
O aparelho permite anali-sar, em paralelo e rapidamen-te, um grande número de se-
quências de ADN, quer se tra-te de um gene em particularou de um genoma inteiro.Além de ser mais rápido,também torna possível o dia-
gnóstico genético de doençasque a tecnologia atual não
abrange. •
3 milEm 2011, o laboratório fez três mil análises ge-néticas, mas nem são complexas o suficiente
para justificar o uso do novo equipamento.
Rapidez aumentará procura0 IPATIMUP acredita que muitos médicosnão pediam análises porque podiam não es-tar concluídas em tempo útil. Com uma res-
posta mais rápida, antecipa maior procura.
Um dos melhores do Mundo no forenseÉ uma das 10 instituições que mais influen-ciaram os seus pares na área da medicina
legal e ciência forense na última década.
Valências do IPATIMUPAnatomia patológica, genética moleculare forense, paternidade e ancestralidade.
UNIVERSIDADE DO PORTO
Investigação jovem
¦A5 edição da Investiga-ção Jovem da Universidadedo Porto, que se realiza en-tre quarta e sexta-feira vai
ser o palco da apresentaçãode 500 projectos científi-
cos.
As candidaturas à 20^ Edição do PEJENE - Pro-
grama de Estágios de Jovens Estudantes do Ensi-
no Superior nas Empresas já se encontram aber-tas. O PEJENE é um programa de estágios em
empresas/organizações para estudantes a fre-
quentarem o último e penúltimo ano do ensino
superior. Mais info. para [email protected]
PROGRAMA
Estágios para estudantes doensino superior em várias áreas
¦ O Tribunal Administrativode Lisboa decretou uma
providência cautelar queobriga o Governo a negociarcom o Sindicato Nacional
do Ensino Superior altera-
ções na lei laborai.
Legislação laboraiENSINO SUPERIOR
PROTESTO ¦ FENPROFJUNTA PROFESSORES CONTRA A PRECARIEDADE
20 mil docentes em risco¦ A principal frente sindical dos professores realiza na próxima sexta-feira uma vigília de 24 horas à portado Ministério da Educa-ção. Em causa, sublinha o sindicato, estão o desemprego e as condições cada vez mais precárias do ensino em Portugal
MINISTÉRIO ALTERA CONCURSOS
SUBSTITUIÇÃODE DOCENTESMAIS RÁPIDA• BERNARDO ESTEVES
OMinistério da Educação e Ciência apre-sentou aos sindicatos uma proposta de
alteração à colocação de professores, quepode reduzir o tempo que os alunos esperampela substituição de um docente de baixa. Asescolas passam a poder atribuir as turmas quefiquem sem professor a docentes contratados
que leccionem no próprio estabelecimento e te -nham horário incom-pleto, podendo estesacumular até 22 horaslectivas semanais. Hoje,em caso de baixa, é pre -ciso pôr o lugar a con-curso e os alunos che-gam a estar semanassem aulas.Nas contratações feitaspelas escolas, a classifi-
cação profissional e o tempo de serviço passa acontar 50 % - os outros 50%, a escola pode op-tar entre entrevista ou análise curricular. Atéaqui, a escola fixava critérios, o que gerou acu-sações de concursos viciados. O Governo pro-põe outras mudanças e começa a negociar comos sindicatos no dia 27 (mais inf . pág. 51).
Professoresde baixarendidos porcolegas damesma escola
A Caveiraque envenenao ecossistemaPoluição. Há cinco anos que existe um projeto de reabilitação ambiental da mina deCaveira, em Grândola. Poluentes resultantes da extração mineira estão a dispersar- se
SÔNIA SIMÕES
O portão principal da herdade de 146 hectarestem uma placa a proibir a passagem a estranhos.Mas são várias as vezes que se abre, após autori-
zação da empresa proprietária, a SAPEC, para vi-sitas e estudos da mina cuja exploração come-çou na época romana e atingiu o auge na déca-da de 1950 com a extração de pirite.
Localizada naFaixaPiritosalbérica, acerca de9 quilómetros do Lousal, a exploração de pratana mina de Caveira, em Grândola, foi muito in-tensa entre o séc. I e IV Assim o mostram os nu-merosos poços e galerias dispersos pela herda-de.Aprimeira concessão mineira, supõe-se que
para a extração de cobre, foi concedida em 1 623.Mas foi na década de 50, já depois de adquiridapela SAPEC, que atingiu o seu auge com o boomda pirite como matéria-prima para a produçãode ácido sulfúrico/adubos fosfatados, e as suas"cinzas" como matéria-prima para mineral deferro, cobre, zinco e chumbo.
Hoje, por ordem dos proprietários, é precisoabrir vários portões para passar pelo palácio co-lonial, que ainda recebe visita dos descendentesde Velges, família que adquiriu a mina nos anos1940. Hávedaçõesno caminho que conduz aoarmazém em ruínas, onde se guardavam os ma-teriais, e aos poços já protegidos para evitar aci-dentes. E para, por fim, alcançar a grande crate-
ra, vulgo escombreira, onde eram armazenadosos minérios extraídos e onde está o foco dos pro-blemas ambientais deixados nestas áreas. "As
águas da chuva que escorrem aqui são tão áci-das que, se molhar as calças de ganga, elas ras-
gam-se. São ácido sulfúrico", conta ManuelFrancisco Simões, o caseiro daherdade.
É aqui que vive, numa pequena casa, e traba-lha há já cinco anos, obrigado a dar quatro vol-tas por dia, de carro, para perceber se há intru-sos, evitar acidentes e manter as espécies. "Há
quem acredite que estas águas curam. Trazem
para aqui as ovelhas quando têm feridas nas pa-tas e elas saem daqui curadas." E não são só
doenças nos animais. Tanto Manuel Francisco,como o anterior caseiro Manuel João, já teste-munharam verdadeiras "excursões" de pessoasque procuram aquelas águas para curarem "ma-les da pele". "Uma vez abordei umas pessoas queestavam ali a tomar banho e elas disseram-me
que tinham vindo de Fátima de propósito! Dis-se-lhes que lá é que se faziam milagres", recorda.
'A acidez da água é tal que provoca um verda-deiro peeling', ironiza o professor e investigadorda Universidade de Évora, António Candeias,que também presenciou os "banhos" quandoestava ali a fazer uma investigação sobre plantasque resistem aos metais libertados. Peeling pre-judicial. Estudos feitos por este professor naque-la mina revelam forte concentração de substân-cias prejudiciais à saúde, como o cobre, o zinco,
o chumbo, ferro e manganês. E é esse o proble-ma desta e de grande parte das minas abando-nadas em Portugal. "Estes elementos colocadosà superfície da terra em contacto com a hidros-fera e atmosfera entram em profunda deteriora-
ção e libertam metais que ficam disponíveis pa-ra abiosfera", revela o estudo assinado pelos pro-fessores António Candeias e José Mirão. O
problema, referem, é que as minas desativadase os resíduos deixados pela exploração ocupamgrandes áreas e estão continuamente expostosà chuva, sendo depois transportados contami-nando águas, solos e todo o ecossistema.
AEmpresa de Desenvolvimento Mineiro, en-tidade pública responsável pela recuperaçãoambiental das minas abandonadas, desenvol-veu há cinco anos um projeto de recuperaçãoambiental na área, depois de a ter consideradouma mina cuja intervenção devia ser prioritáriapela contaminação provocada.
A mina de Caveira chegou a ser encerrada nopós-Primeira Guerra Mundial, em 1921, conse-quência da crise económica. Duas décadas de-
pois foi comprada por Antoine Velge, presiden-te da SAPEC de Setúbal, que também comproua mina do Lousal. Foi durante o seu auge que se
construíram habitações para os trabalhadores ese desenvolveu o povoado, hoje conhecido co-mo paragem obrigatória para o tradicional Co-zido à Portuguesa, por quem opta pelo ICI nopercurso Lisboa/Algarve. Encerrou nos anos 60.
milhões de euros é Os tons do solo denunciam ao orçamento previsto concentração de enxofre, ferro e cobre,para executar o projeto metais que expostos ao ar precipitam-de recuperação ambiental / se e dissolvem-se nas águas da chuva,
<e da mina de Caveira / contaminando os solos
•ÁREA
142 hectares
• LOCALIZAÇÃO
Faixa Piritosa Ibérica de sulfuretos
maciços poLimetáLicos, Grândola
• EXPLORAÇÃO
Desde a época romana até aos anos 60
•PROPRIEDADE
SAPEC (desde 1940)
•PROBLEMAA mina de Caveira é uma das 175
abandonadas no País, segundo
um Levantamento da empresa
pública responsável pela recuperaçãoambiental das minas, a Empresade Desenvolvimento Mineiro.
Em causa está a concentraçãode metais em zonas onde antes
eram depositados os minérios
extraídos. Estes metais são
transportados pela chuva ou pelovento e contaminam águas
e plantas. A partir daqui todo
o ecossistema é afetado.
Os metais entram na cadeia
alimentar, por via das plantase dos animais, e uma vez consumidos
pelo homem são tóxicos, por
não se diluírem no organismo.Há já projetos de recuperaçãoambiental para cerca de 60 áreas
mineiras consideradas mais graves,mas só em 2020 este problemaambiental poderá ter um fim à vista
minas-abandonadas
2,3 milhõesde euros depoisa água continuacontaminadaLousal. O DN pediu análises à água que circula pela estação de tra-tamento instalada na Mina do Lousal e descobriu que a ribeira deCorona, um afluente do rio Sado, continua a receber metais da mina
Dos 4,7 milhões de euros previstos para a recupera-ção ambiental da mina do Lousal, em Grândola, já fo-ram gastos 2,3 milhões, mas o sistema está longe daperfeição. A mina, conhecida pelo Museu Mineiro eo Centro de Ciência Viva aí instalados, é uma das 1 75abandonadas do País (ver mapa). O DN pediu análi-ses à água que sai da estação de tratamento ali insta-lada e o resultado não deixa dúvidas: a acidez é tãoelevada que extravasa os parâmetros definidos porlei para a água de rega. Parâmetros estes que permi-tem na rega a presença de metais como o cobre e o
zinco, não aceitáveis na água de consumo pela toxi-cidade que provocam no corpo humano.
"A percentagem de ferro diminuiu muito, mas o
pH [potencial hidrogeniónico; índice de acidez] ain-da não está na percentagem que queremos. As con-sequências não são muito grandes, mas queremoscorrigir. Até porque detetámos ao longo da ribeira [de
Corona] outro ponto que estava a escorrer e a conta-minar", reconhece ao DN o responsável pela Empre-sa de Desenvolvimento Mineiro (EDM) , José Nero.
O DN recolheu uma amostra numa concentraçãode água contaminada pelos minerais, num local on-de antes passavam os camiões carregados de miné-rios para o caminho de ferro. Uma outra análise reti-rada no final do processo de tratamento revela que oíndice da acidez da água permanece exatamenteigual (ver infografia). A concentração de zinco tam-bém se mantém e apenas há redução de cobre e deferro. "Estes resultados estão acima dos parâmetrosdefinidos pela lei para água de rega, menos exigentesque os definidos para a água de consumo", explica aoDN o professor e investigador da Universidade deÉvora António Candeias, já com trabalho desenvol-vido nalgumas minas do País.
Manueljoão Vaz, 55 anos, nascido e criado no Lou-sal com uma passagem pelas minas de S. Domingos,conhece a mina como a palma das suas mãos. Foi lá
que trabalhou como eletricista, seguindo os passosdo pai e da família. Chegou a fazer parte do sindica-to e a exigir indemnizações à proprietária SAPEC pa-
ra os funcionários feridos em serviço. Hoje é um dos20 mineiros que ainda ali vivem e luta por manter amemória e a cultura de então. "Quando morrermos,a nossa história morre connosco."
Há dois anos, aquando das obras de reabilitação,disseram -lhe que a ribeira de Corona por esta alturajá teria peixes para pescar. "Nem um", atira. A conta-minação da água é quase semelhante à registada háuma década, quando se distraía com o gado e via ascabras definhar por terem ingerido água contamina-da. "Nunca mais engordavam, percebíamos logo o
que se tinha passado".A mina do Lousal fica localizada na Faixa Piritosa
Ibérica e atingiu o seu auge na década de 1950, quan-do se tornou a mina de pirite mais moderna de Por-
tugal. Hoje, onde era o armazém há um restaurantecom o mesmo nome, a clínica médica é uma associa-
ção de reformados, a loja de artesanato e o café subs-tituem antigos escritórios. E na zona de extração fun-ciona um museu. Obra da Fundação Frédéric Velge.
A mina do Lousal é uma das 175 abandonadas noPaís, segundo um levantamento feito pela EDM - 6 1
de minérios radioativos e 1 14 de sulfuretos polime-tálicos. De acordo com o engenheiro José Nero, quesó a partir de 2007 conseguiu pôr a andar alguns pro-jetos, numa primeira fase foi feita uma hierarquiza-ção das minas com maiores perigos ambientais, nu-ma relação custo/benefício.
A mais urgente, e já intervencionada em 2008, foia mina de urânio da Urgeiriça. Um estudo concluídosete anos antes, com o apoio do Instituto Ricardo Jor-
ge e do Observatório Nacional de Saúde, referia umamaior taxa de mortalidade por "neoplasias da tra-queia, dos brônquios e do pulmão" em concelhos on-de estavam localizadas minas de urânio.
"Os tratamentos são diferentes em cada uma das
minas, desde confinamento de solos, aspetos paisa-gísticos, culturais, de transformação para aproveita-mento dos solos ou aspetos de segurança", enumeraJosé Nero. Em abril deverão ser disponibilizados 65milhões de euros (verbas comunitárias) para avan-çar com mais obras. A Herança das Minas Abandona-das, como a EDM lhe chama, só estará resolvida em2020. Para já, gastaram-se 42, 3 milhões de euros.
SÔNIA SIMÕES
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As consequências do fecho de uma exploração mineiraAgua e vento. São estes os principais meiosde transporte dos resíduos da mineraçãodeixados nas minas abandonadas e quecontaminam águas e solos afetando plan-tas, animais e, por fim, o homem.
"A concentração mais elevada de metaiscomo o zinco, o cobre e o ferro podem alte-rar o metabolismo e o desenvolvimento das
células, resultando em toxicidade. Isto por-que estes metais vão-se acumulando no
corpo humano que nunca os liberta", expli-ca ao DN o investigador da Universidade deÉvora José Mirão.
Num estudo que publicou em coautoriacom António Candeias, os investigadoresexplicam que o facto de as minas desativa-das ocuparem grandes áreas e estarem con-tinuamente expostas à chuva leva à erosãoe à oxidação de sulfuretos, causando umagrande acidez nas águas.
Em Portugal foram detetadas 175 minasabandonadas, 1 14 de sulfuretos polimetá-licos e 61 de minérios radioativos, como porexemplo urânio. Pelo menos 60 exigem in-tervenção prioritária. As obras de remedia-ção, como lhe chama José Nero, presidente
da EDM, visam a limpeza das águas que es-
correm das escombreiras - onde eram de-positados os minérios - ou a resolução do
problema da dispersão de resíduos pelovento. Por fim, no caso das minas radioati-vas, visa reduzir as radiações que causamgraves problemas de saúde.
Atualmente a lei obriga as empresas de
exploração mineira a elaborarem planosformais de encerramento, muitas vezes co-mo condição prévia para obtenção de li-
cença. Uma novidade que não abrangeu os
operadores que laboraram até à década de
80. De acordo com a EDM, há sempre umlado bom e um mau numa mina. De positi-vo, realça- se as "propriedades únicas" dasmatérias exploradas "que têm permitidoque a maior parte das tecnologias moder-nas se desenvolvam", como explica o livroHerança das Minas Abandonadas, publica-do no final de 20 1 1 por aquela empresa. Noentanto, para além de todos os postos detrabalho e do crescimento industrial quepromove, o fecho de uma mina pode signi-ficar o fim de uma comunidade, uma con-tração económica e um local poluído, s.s.
//BREVES
HÉLDER MIGUEL PEREIRA GANHA PRÉ-MIO. Hélder Miguel Pereira, investigador do
3B's (Universidade do Minho), recebeu estasemana a principal distinção atribuída pelaSociedade de Ortopedia e Traumatologia,pelo trabalho "Regeneração do Menisco Hu-mano por Engenharia de Tecidos: Nova abor-
dagem celular e acelular", que versa a utiliza-ção de biomateriais. p.v.e.
Debate A ortografia da língua portuguesa
Acordo Ortográfico: prós e contras
HelenaTopaProfessorado ensinosuperior,FCSH,UniversidadeNova deLisboa,presentementecomlicença semvencimento.Professora dePortuguês,tradutora erevisora detexto
Orecente episódio da proibição de seguir a novanorma ortográfica por parte do novo diretordo CCB, Vasco Graça Moura, veio relançar, e
incendiar, o debate sobre o Acordo Ortográfi-co (AO). Debate esse, em boa verdade, escas-
so, dado que, com honrosas exceções, apenas ouvimosas vozes dos detratores.
Tudo o que tenho lido e ouvido sobre o Acordo Orto-gráfico revela quase sempre posições extremas, a favorou, mais frequentemente, contra. É claro que todos têm odireito de se sentirem lesados com estas mudanças, afinal
aprenderam a ler e a escrever as palavras da sua língua deuma determinada maneira, e essa maneira de escrever,que se tornou automática, é agora alterada.
Mas o que mais me preocupa não é haver pessoas radi-calmente contra ou a favor, é haver ainda muita ignorân-cia e uma multiplicação de artigos de opinião que poucofazem para esclarecer. Penso que caberia aos meios de
comunicação social um papel pedagógico, expondo os
factos, esclarecendo, chamando linguistas, professores,políticos e cidadãos a pronunciarem-se sobre o AO.
Este acordo é sobretudo político, fazendo com queos aspetos linguísticos, que deveriam estar à frente das
preocupações dos redatores do acordo, quer em Portu-gal quer no Brasil, tivessem sido ou insuficientementeamadurecidos, ou demasiadamente sujeitos à lógica doacordo, o que implicou cedências, uma uniformização,mas não uma unificação. Não há uma norma absoluta-mente comum, não poderia haver.
Mas vamos aos factos. 1) Suprimiram-se as consoan-tes mudas c e p, mantendo-se quando são articuladas. 2)Suprimiram-se alguns acentos, sobretudo nas palavrasgraves. 3) Uniformizaram-se e clarificaram-se as regras da
utilização do hífen. 4) Foram revistas as regras de utilizaçãodas maiúsculas e minúsculas. 5) Foram (re)introduzidastrês novas letras no alfabeto, k, w ey.
Apresentados os factos - não exemplifico por questõesde espaço, mas bastaria uma folha A 4para fazê-lo -, passoa expor a minha perspetiva de falante e escrevente nativada língua portuguesa, também na qualidade de professora
de português e de tradutora. Parecem-me ób-vias as vantagens de muitas das alterações pro-postas pelo AO, sobretudo para quem aprendea escrever: a supressão das consoantes mudas,a uniformização das regras da hifenização e da
acentuação facilitam a tarefa de quem ensina e
aprende a ler e a escrever, sendo as restantesmenos relevantes deste ponto de vista.
De entre todas, parece-me que a supressão das
consoantes mudas, pela percentagem relativa-mente elevada de palavras sobre as quais incide,é especialmente importante. Os dois principaisargumentos contra esta alteração prendem-secom: a) a etimologia e a tradição de uma cer-
Sou uma defensora,
embora crítica,
deste AO. Recuso-me
a rejeitá-lo
liminarmente, e pugno
por uma revisão
dos pontos que
carecem de correção
ta norma gráfica e b) as exceções que esta regra admite.Quanto ao primeiro argumento, os detratores falam de umadescaraterização da língua, do perigo de fechamento das
vogais que precedem as consoantes sacrificadas pelo AO;quanto ao segundo, são apontadas situações de possíveldupla grafia, uma vez que, se se seguir o critério fonológico("escrevo conforme falo"), é possível criar, no limite, regras"individuais" (cx.: se eu disser "característica" escrevo com
C, se disser "caraterística" escrevo sem C).Se em relação ao primeiro argumento, embora seja sen-
sível ao critério etimológico da grafia, me custa aceitá-losem mais, em relação ao segundo, concordo com o risco de
que estas exceções se revestem, sobretudo para quem temde ensinar (e aprender) a ler e a escrever. De facto, comoavaliar a escrita em função da articulação de cada aluno?Como ensinar a noção de norma se ela admite exceções e
"regras facultativas"? Voltando ao primeiro argumento, o
etimológico, posso contra-argumentar de várias formas: 1)
Se a etimologia fosse um valor a preservar a todo o custo,não haveria sequer lugar a reformas ortográficas, comoas de 1911 e 1945, em que se verificou, tanto numa comonoutra, uma aproximação tendencial entre grafia e fonia
(ainda deveríamos escrever "philosophia", "addição" ou"auctor", etc, se este critério fosse levado à risca); 2) Aortografia, ou forma correia de escrever, é um esforçopara encontrar uma norma, o menos ambígua possível,de registar graficamente os sons da fala; como tal, implicaconvencionalidade e até um certo grau de arbitrariedade.Ora, parece-me ser desejável uma relação tão clara e ine-
quívoca quanto possível entre a(s) letra(s) e os sons quepretendem transcrever, e penso que no caso da supressãodas consoantes mudas se faz um avanço nesse sentido. 3)A análise de algumas palavras que são por certas pessoasarticuladas com c ou p (e por outras não: cx.: característicavs. caraterística, sectorial vs. setorial, corrupção vs. corru-
ção) mostra que estamos perante uma mudança linguís-tica (fonética) ainda em curso, que tem vindo a ocorrerprovavelmente desde o princípio do século XX. A novanorma trazida pelo AO dá conta dessa mudança, que nãoé ainda completa, pelo que admite, com as desvantagensreferidas, a possibilidade de uma dupla grafia (em muito
poucos casos, diga-se, e com tendência a desaparecer).4) O argumento de que a ausência de consoante c ou ppara abrir a vogal precedente não colhe. Quem apresentaeste argumento, cita habitualmente palavras como setor,receção, aspeto, porque poderão vir a ser confundidas,respetivamente com s'tor (abreviatura de Sr. Dr.), recessão
e espeto (o substantivo, não o verbo). E não sabe que este
argumento não é totalmente fiável (por exemplo, nas pa-lavras tactear ou exactidão o c não abre a vogal).
Em síntese: I.° Parece-me que este acordo tem algumasvantagens (haver uma maior aproximação entre fala e
escrita, e uma maior uniformidade de critérios, nome-adamente na hifenização); 2.° Tem, no entanto, muitasinsuficiências e cria problemas novos onde não existiam(as "facultatividades"). 3.° Vai ser mais problemático paraas escolas, para os professores que têm de ensinar a es-
crever e que se vão confrontar com as inconsistências danova norma. 4.° Parece-me que algumas mudanças são
empoladas e dramatizadas (e serão assim tantas e comtantos efeitos? Experimentem ler textos de jornal, aqui noPÚBLICO, por exemplo, onde as duas normas convivem,e não vão notar assim tantas diferenças). Aqui d'El-Rei!,como irá um professor explicar ao pobre aluno que 'Egito'se escreve sem p e 'egípcio' com? Do mesmo modo queterá de explicar, por exemplo, que 'dicção' se escrevecom c e 'dicionário' sem. E outras irregularidades (não só
ortográficas) da língua. 5.° Ninguém é obrigado a escre-ver segundo a nova norma, a não ser que vá ser avaliado
por isso. Fernando Pessoa recusou-se a aceitar a reformaortográfica de 1911 e ninguém o multou por isso, Teixeirade Pascoaes também tinha muitas reservas em deixar deescrever "abysmo" com y porque, segundo ele, escreverabismo com i o convertia numa superfície banal.
Sou uma defensora, embora crítica, deste AO. Recuso-me a rejeitá-lo liminarmente, e pugno por uma revisão dos
pontos que carecem de correção. É importante que surjamcríticas, movimentos de desacordo, mas é importante tam-bém que haja uma discussão informada e serena, em quetodos os lados e protagonistas estejam representados. (Apedido da autora, este texto respeita as normas do AO)
ArteMatosinhosCasa Museu Abel SalazarR. do Di. Abel Salazar T. 229039826
Transições - Honrar o Passado, Seguirem Frente De Joaquim Bravo, FernandoCalhau, José Pedro Croft, Álvaro Lapa,Joel Shapiro. Até 18/3. Quarta a sábadodas 09h30 às 12h30 e das 14h30 às 18h.
Domingo das lOh às 18h. Desenho, Pintura.