Ionosfera e Termosfera Py5aal Leithold Angelo
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ÂNGELO ANTÔNIO LEITHOLD
TERMOSFERA E IONOSFERA, EVENTOS DE 2008 E 2009
CURITIBA, 2010
RESUMO
A concentração de Dióxido de carbono na Atmosfera da Terra
provavelmente está causando alterações não somente na baixa atmosfera,
mas, e inclusive na alta atmosfera. Além das alterações na temperatura média
do planeta com aumento de 0,8º C em comparação com níveis anteriores à
Revolução Industrial. Os cientistas espaciais estão percebendo algumas
alterações drásticas no comportamento iônico da alta atmosfera, na região da
termosfera. Na região da Anomalia Magnética do Atlântico Sul, percebe-se que
a propagação das ondas de rádio e que a duração de contactos entre
estações, está sofrendo fortes alterações. Analisando a dinâmica físico-química
da termosfera-ionosfera, é possível ter uma vaga idéia do porquê de tais
alterações nos anos de 2008 e 2009.
1. O mínimo solar e a dinâmica da Termosfera
Atualmente, em 2010 o Sol está em seu mínimo de atividade, o Sul do
Brasil está sob a região da Anomalia Magnética do Atlântico Sul, que gera
alterações interessantes na baixa ionosfera, sobretudo nas camadas C e D, as
mais baixas, mas, não se pode deixar de observar as regiões mais altas da
Ionosfera, E, F1, F2 e F3, esta em latitudes maiores. Nas camadas mais baixas
da ionosfera, a ionização é responsável pela absorção das ondas de rádio que
se propagam, além de aumentar os ruídos de fundo devidos aos fenômenos de
ionização.
Quando ocorrem variações extremas de radiações e de partículas
provindas do Sol, a ionosfera é fortemente ionizada e também ocorre um
incremento de temperatura na termosfera, região onde as camadas iônicas
estão inseridas conforme demonstra a figura 1. A Ionosfera, por conseqüência
dilata e ocorre um afastamento das camadas iônicas da superfície, fazendo
assim a propagação em HF mudar substancialmente seu alcance, ângulo e
qualidade de sinal transmitido.
FIGURA 1: A Físico-Química da Termosfera-Ionosfera (Fonte: NASA)
Uma vez que as configurações do campo geomagnético, dentro da
região da AMAS, também são anômalas, a propagação de rádio na região
sofre de uma forte variação, ao mesmo tempo, devidas as variações
geomagnéticas, o ângulo de declinação magnética e sua intensidade do campo
também variam. Assim, presume-se que a variação de propagação em HF
sofra fortes alterações devida a abrupta alteração tanto da densidade iônica da
região, quanto sua expansão, ou contração.
Num experimento realizado na faixa de 7,00 MHz em 08/11/2008,
percebeu-se um fechamento total de propagação na faixa de 40 metros
causado por uma tempestade geomagnética.
Sabe-se que as tempestades que ocorrem no mínimo solar produzem
efeitos fortemente sentidos sobre a ionosfera, pois quando ocorrem as
tormentas em época de máximo solar, sua detecção se dá com menor
intensidade. A magnitude das variações de vento solar e de alterações na
Termosfera é maior nas médias latitudes, e a região da AMAS está
compreendida cerca de 30° S.
Assim, é percebido que as perturbações nas correntes aéreas na
Termosfera induzem fortes e repentinas mudanças na Ionosfera durante a
propagação latitudinal e longitudinal dos distúrbios, causados por mudanças na
composição da atmosfera neutra, as reduções de Oxigênio e Nitrogênio podem
chegar até cerca de 80%. [1]
Ocorre que no atual ciclo solar, um importante evento está
acontecendo na Termosfera, ela está com uma contração muito além do
esperado, e isto tem acontecido gradualmente a cada mínimo solar. Segundo o
NOAA, esta é a maior contração da termosfera dos últimos 43 anos. O colapso
ocorreu nos anos de 2008 e 2009, quando o mínimo do Ciclo Solar 23/24
esteve num vale profundo de numa mínima atividade atípica.
É sabido que a termosfera da Terra se esfria quando a atividade solar
diminui, mas no atual mínimo houve uma redução de magnitude entre duas a
três vezes menores que o esperado.
A termosfera se localiza entre 90 km e acima dos 600 km do solo, nela
está inserida a Ionosfera (figura1). É nela onde ocorrem as auroras, orbitam
artefatos espaciais de baixa altitude (Satélites, Ônibus Espacial, etc) e a
radiação solar faz o primeiro contacto com a Terra. Na região, a radiação
ultravioleta extrema (EUV) é ''filtrada'' em sua interação com as moléculas e
íons presentes, esta variação de ionização é o que faz variar a propagação de
ondas rádio. Quando a atividade solar é alta, os fótons de Radiação Ultravioleta
Extrema aquecem a termosfera e esta dilata, fazendo assim se dilatar a
ionosfera, caso a atividade solar diminua, a termosfera contrai, por
conseqüência, a ionosfera também. Uma vez que a atividade solar tem sido
muito baixa entre 2008 e 2009, com manchas solares escassas, a radiação
também chegou a limites mínimos, logo a ionização também.
As medições executadas por satélites e sensores em terra mostraram
que a densidade termosférica na altitude de 400 km diminuiu intensamente,
logo, as regiões F da ionosfera ficaram bastante tênues, o que reduziu a
possibilidade de reflexão das ondas de rádio.[2]
Esta redução vem ocorrendo não somente no atual ciclo, vem
acontecendo desde o Ciclo 20 e tem sido observado também que as emissões
solares no comprimento de ondas de 10,7 cm foram reduzidas. A consequência
imediata é a diminuição da densidade estrutural da Termosfera. Assim, a
Ionosfera também sofre uma grande redução em termos de densidade, ou seja,
a Ionosfera se reduz a níveis jamais alcançados.
Nas observações executadas entre 2008 e 2009, verificou-se as
reduções estão cerca de 28% abaixo das expectativas estabelecidas pelos
mínimos solares anteriores, Figura 2.
FIGURA 2: Densidade termosférica em função da atividade solar. (Fonte: NASA)
A técnica de verificação pela NASA consistiu em medir o arrasto dos
satélites que orbitam na região da termosfera, através da análise de redução
de velocidade de mais de 5.000 aparelhos, em órbitas entre 200 e 600 km com
dados obtidos entre 1967 e 2010. Assim, foi possível verificar as variações de
densidade, temperatura e pressão da termosfera.
O colapso termosférico de 2008 e 2009 foi tão grande que não se pode atribuir
somente à atividade solar, existem outros elementos, dentre este a quantidade
de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, que aquece a sua base e esfria o
seu topo, a termosfera.
Assim, na época do mínimo solar o dióxido de carbono é responsável por 10%
da redução de temperatura na região, 30% é causada pela redução de EUV e
os 60% restantes são de causas ainda desconhecidas. Sabe-se, por exemplo,
que a variação do clima global altera a composição da termosfera, faz variar as
suas propriedades térmicas e as respostas a estímulos externos. Ou seja, a
sensibilidade geral da termosfera à radiação solar pode realmente estar
aumentando, as anomalias de densidade podem significar uma variação do
balanço energético e feedbacks da química da alta atmosfera.
Uma vez que o mínimo solar está chegando ao fim, a radiação EUV está
aumentando, e a termosfera está novamente se recompondo.[3]
2. Conclusão
A dinâmica da atmosfera é modulada por diversos fatores, dentre
estes as variações sazonais e temporais, além do ciclo solar. Contudo, o que
mais interfere nos seus mecanismos é a sua composição e as influências
físicas sobre si, principalmente variações de radiação, temperatura e pressão,
sendo que as últimas são determinadas pelas variações da primeira.
A Termosfera tem sua temperatura fortemente influenciada pela
atividade solar, nela os fenômenos de ionização são modulados pela radiação
solar. Mas, entre 2008 e 2009 foi percebida uma anomalia no comportamento
da termosfera, esta fez variar de forma substancial o comportamento da
ionosfera com fechamentos e aberturas de propagação de rádio
completamente fora do esperado. Numa análise feita pela NOAA e confirmada
por experimentos efetuados nos anos de 2008 e 2009, chegou-se à conclusão
de que não é somente a atividade solar que está interferindo na alta atmosfera,
existe uma componente físico-química que deve ser amplamente investigada,
esta é o aumento da quantidade de dióxido de Carbono na alta atmosfera que
está provavelmente aquecendo a sua base e resfriando o seu topo.
3. Bibliografia
[1] Pincheira, Ximena Andrea Torres Resposta do sistema ionosfera-termosfera a tempestades magnéticas no setor sul-americano. Tese de Doutorado em Geofísica Espacial, orientada pelos Drs. Inez Staciarini Batista e Mangalathayil Ali Abdu, aprovada em 29 de abril de 1998 (INPE/MCT). (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-261X1999000100023)
[2] INPE SIMULAÇÂO COMPUTACIONAL E MEDIDAS EXPERIMENTAIS ( http://www.dae.inpe.br/iono/index.php?page=ionsim)
[3] Phillips,Tony; A PUZZLING COLLAPSE OF EARTH'S UPPER ATMOSPHERE (http://science.nasa.gov/science-news/science-at-nasa/2010/15jul_thermosphere/ )
Ionosfera e Termosfera - eventos de 2008 e 2009 by Leithold, Angelo Antonio is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas 3.0 Unported License.