Investimento em arte: Folha de SP, Paciência e risco subjetivo desafiam colecionadores.

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PAULA AOKI

RAFAEL AUGUSTO DA SILVA

FOLHA DE SÃO PAULO, PACIÊNCIA E RISCO SUBJETIVO

DESAFIAM COLECIONADORES. CADERNO MERCADO

B1, 12 DE SETEMBRO DE 2010.

Apresentação à disciplina

Introdução à Microeconomia da

Faculdade de Economia,

Administração e Contabilidade de

Ribeirão Preto.

Coordenador: Prof. Dr. Edgar

Monforte Melo.

Ribeirão Preto

2010

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Este artigo, publicado pelo jornal “Folha de São Paulo”, trouxe certas

características sobre colecionadores de arte que fogem do senso comum de que gente

que coleciona arte precisava ser necessariamente pessoas com níveis altíssimos de

renda.

Apesar de arte ainda ser um artigo de luxo, ultimamente apareceram

colecionadores que não se enquadram necessariamente a classe social A+++. Como diz

o próprio texto: “Estão longe de serem pobres -afinal, arte é luxo. Mas tampouco são

banqueiros bilionários que podem pagar sem olhar o preço.” Alguns desses novos

colecionadores pertencem a classe A, possuem um bom poder de compra, porém pagam

as obras adquiridas em prestações, grande parte do fator que motiva essa compra é o

prazer de adquirir um bem desses: um item diferenciado capaz de revelar seus modos de

vida. Alguns deles trabalham e convivem com artistas.

Alguns consideram arte como um investimento: “Quinderé ouve muito a opinião

de galeristas, curadores e amigos. „Arte pra mim é um investimento. Tem um capital ali

que eu sei que, se eu precisar, um dia posso vender’, diz”. Outros como “José Olympio,

um dos maiores colecionadores do país, com mais de mil obras, não recomenda arte

como investimento” devido à complexidade desse mercado.

Um fato que se sobressai é que todos esses jovens colecionadores de classe

média-alta dizem comprar obras de artistas jovens, ainda vivos, de sua própria geração.

São artistas que possuem obras mais baratas comparadas àqueles que já são

consagrados, tanto vivos como mortos. As obras desses artistas jovens apesar de serem

mais baratas são mais suscetíveis a incertezas e riscos: “quanto mais jovem e mais

acessível o artista, maior o risco. Afinal, nem todos os artistas que hoje atuam no

mercado vão se valorizar. Alguns vão desistir no caminho. Outros não saberão

administrar a carreira.

‘Você corre um monte de riscos subjetivos. Há um número enorme de jovens artistas

produzindo, mas na seleção só cabem 11. Um número muito reduzido vai atingir uma

enorme valorização daqui a uns dez anos’, diz Pedro Barbosa, colecionador e ex-

executivo do mercado financeiro”.

Mas esse público de consumidores de arte parecem não se importar tanto com os

riscos dos investimentos que eles fazem ao adquirir uma obra. Muitos são como o Fabio

Szwarcwald, 38, executivo do banco Votorantim, que começaram a comprar obras de

arte com fins decorativos; sem pensar nas possibilidades de rentabilidade das mesmas.

Como segue dizendo Pedro Barbosa “as boas compras são feitas com os olhos”, em

contraposição ao que ele chama de “compra feita pelos ouvidos”, ou seja, compras de

determinadas obras de determinados artistas somente por uma questão de moda.

Um dos maiores colecionadores do país, José Olympio, afirma: “Quando as

pessoas compram carro, barco etc., não se preocupam se vai se valorizar ou não. A

motivação deve ser o prazer. Com a possibilidade de que aquilo vá ser valorizar”. Fábio

Szwarcwald partilha do mesmo pensamento: “arte dificilmente é um mau negócio. Se

você não ganha no lado financeiro, você ganha no lado espiritual, de conviver com

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aquilo que te dá prazer”. O prazer de se colecionar, a diferenciação social ao se adquirir

tal bem, a identificação desse consumidor com a obra de arte adquirida e com o estilo de

vida engajado de estar próximo ao ambiente artístico, pode suplantar os ganhos do lado

financeiro da compra, tornando-os assim, indiferentes aos riscos de desvalorização

desses bens.

São Paulo, domingo, 12 de setembro de 2010

Paciência e risco subjetivo desafiam colecionadores

Investidor faz permuta, paga obras em parcelas e prefere artistas jovens

Conhecedor diz que artista pode levar muito tempo para se valorizar e que "só

alguns poucos chegarão à seleção" DE SÃO PAULO

Maior colecionador de arte brasileira, dono de um acervo de mais de 7.000

obras, Gilberto Chateaubriand, 85, tem uma resposta para quem lhe pergunta o que é

preciso para ser um grande colecionador: "Dinheiro". Mas, assim como a nova classe

média que ascendeu ao mercado consumidor via crédito, está surgindo uma nova

geração de colecionadores que compra arte em suaves prestações.

Estão longe de serem pobres -afinal, arte é luxo. Mas tampouco são banqueiros

bilionários que podem pagar sem olhar o preço.

Essa nova geração de colecionadores é apaixonada por arte, convive com artistas e

frequenta exposições. Mas não despreza o aspecto de investimento.

Arquiteto e iluminador, Maneco Quinderé, 47, começou a colecionar há quatro anos.

"Compro mais artistas jovens, que são mais acessíveis. Pago parcelado ou até fazendo

permuta com o meu trabalho."

Para tentar minimizar os riscos em meio a tantos jovens artistas, Quinderé ouve

muito a opinião de galeristas, curadores e amigos. "Arte pra mim é um investimento.

Tem um capital ali que eu sei que, se eu precisar, um dia posso vender", diz.

"Mas, a cada nova obra, minha mulher brinca que é uma viagem para Nova York que a

gente está deixando de fazer, a piscina que a gente está deixando de construir."

PACIÊNCIA O colecionador Fabio Szwarcwald, 38, executivo do banco Votorantim, é outro que foi

picado pela "mosquinha do colecionismo". "Comecei comprando obras para decorar

meu apartamento há oito anos. Aí passei a frequentar galerias, acabei casando com

uma artista [a Gabriela, da dupla PaulaGabriela] e não parei mais."

Com mais de 200 obras, Szwarcwald investe em artistas da sua geração -"que

vivenciam o que eu vivo"- e são mais acessíveis. Para ele, arte dificilmente é um mau

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negócio. "Se você não ganha no lado financeiro, você ganha no lado espiritual, de

conviver com aquilo que te dá prazer", diz ele. "Mas o risco é muito grande. As

pessoas veem o mercado fervendo e acham que é simples. Mas a Beatriz Milhazes

levou 17 anos para passar a valer US$ 1 milhão." Ele acredita que só verá retorno

quem tiver paciência pra ficar com um trabalho por mais de 10, 15, 20 anos.

VIVENDO DE ARTE

São tantos colecionadores de arte contemporânea que a atual geração de artistas

é a primeira a viver exclusivamente de arte. Mas, ao contrário dos artistas do pós-

Guerra, como Mira Schendel e Lygia Clark, ou a geração dos anos 70 (como Carmela

Gross), que ainda estão subvalorizados em relação a artistas internacionais

equivalentes, a nova geração está igual ou até mais cara que artistas europeus ou norte-

americanos.

O problema desse mercado para quem quer começar uma coleção e não tem dinheiro

sobrando é que quanto mais jovem e mais acessível o artista, maior o risco.

Afinal, nem todos os artistas que hoje atuam no mercado vão se valorizar. Alguns vão

desistir no caminho. Outros não saberão administrar a carreira.

"Você corre um monte de riscos subjetivos. Há um número enorme de jovens artistas

produzindo, mas na seleção só cabem 11. Um número muito reduzido vai atingir uma

enorme valorização daqui a uns dez anos", diz Pedro Barbosa, colecionador e ex-

executivo do mercado financeiro. "As boas compras são feitas com os olhos. Quando o

mercado está aquecido demais, muita gente começa a comprar de ouvido", afirma

Barbosa.

Diretor do Credit Suisse, José Olympio, um dos maiores colecionadores do

país, com mais de mil obras, não recomenda arte como investimento. "É mercado

muito complexo, não é todo Vik Muniz que se valoriza", diz.

"Quando as pessoas compram carro, barco etc., não se preocupam se vai se valorizar

ou não. A motivação deve ser o prazer. Com a possibilidade de que aquilo vá ser

valorizar."

(MARIANA BARBOSA)

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Maior colecionador de arte brasileira, Gilberto Chateaubriand, 85, tem uma resposta para quem lhe pergunta o que é preciso para ser um grande colecionador: “Dinheiro”

Maneco Quinderé, 47, começou a colecionar há quatro anos. "Compro mais artistas jovens, que são mais acessíveis. Pago parcelado ou até fazendo permuta com o meu trabalho.”

"Você corre um monte de riscos subjetivos. Há um número enorme de jovens artistas produzindo, mas na seleção só cabem 11. Um número muito reduzido vai atingir uma enorme valorização daqui a uns dez anos", diz Pedro Barbosa

José Olympio, um dos maiorescolecionadores do Brasil afirma a respeito decomprar arte: “Quando as pessoas compramcarro, barco etc., não se preocupam se vai sevalorizar ou não. A motivação deve ser oprazer. Com a possibilidade de que aquilo váser valorizar”.

Fábio Szwarcwald: “arte dificilmente é ummau negócio. Se você não ganha no ladofinanceiro, você ganha no lado espiritual, deconviver com aquilo que te dá prazer”

O prazer de se colecionar, a identificaçãodesse consumidor com a obra de arteadquirida pode suplantar os ganhos do ladofinanceiro da compra, tornando-os assim,indiferentes aos riscos de desvalorizaçãodesses bens.

Desvio Padrão daRenda

RendaEsperada

U1

U2

U3

Pouca Aversão a Risco: Um grandeaumento no desvio padrão requerapenas um pequeno aumento darenda esperada para manter asatisfação constante.