INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL E NUMÉRICA SOBRE O …

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ TAMIRES MARIA DE SOUZA MARTINS INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL E NUMÉRICA SOBRE O FENÔMENO DE IMPACTO EM BARRAS CAMPO MOURÃO 2019

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

TAMIRES MARIA DE SOUZA MARTINS

INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL E NUMÉRICA SOBRE O FENÔMENO DE IMPACTO EM BARRAS

CAMPO MOURÃO

2019

TAMIRES MARIA DE SOUZA MARTINS

INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL E NUMÉRICA SOBRE O FENÔMENO DE IMPACTO EM BARRAS

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado à Disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso 2, do Curso Superior em Engenharia Civil do Departamento Acadêmico de Construção Civil – DACOC - da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, para obtenção do título de bacharel em engenharia civil. Orientador: Prof. Jeferson Rafael Bueno, Dr. Eng.

CAMPO MOURÃO

2019

TERMO DE APROVAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL E NUMÉRICA SOBRE O FENÔMENO DE

IMPACTO EM BARRAS por

Tamires Maria de Souza Martins

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado às 10h20min do dia 19 de junho de

2019 como requisito parcial para a obtenção do título de ENGENHEIRO CIVIL, pela

Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Após deliberação, a Banca Examinadora

considerou o trabalho aprovado.

Prof. Dr. Leandro Waidemam Prof. Dr. Marcelo Rodrigo Carreira (UTFPR) (UTFPR)

Prof. Dr. Jeferson Rafael Bueno

(UTFPR) Orientador

Responsável pelo TCC: Prof. Me. Valdomiro Lubachevski Kurta Coordenador do Curso de Engenharia Civil: Prof. Dr(a). Paula Cristina de Souza

A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso.

Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Câmpus Campo Mourão Diretoria de Graduação e Educação Profissional Departamento Acadêmico de Construção Civil

Coordenação de Engenharia Civil

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus por ter me abençoado até aqui

e me permitido concluir meus estudos em uma universidade tão importante quanto a

UTFPR.

Á minha mãe Sonia Souza, ao meu pai Jovenir Martins e ao meu irmão

Gabriel Martins, só tenho a agradecer por acreditarem em mim, me dando carinho e

incentivo o tempo todo, sempre lutando e torcendo pelo meu sucesso. Amo muito

vocês.

Agradeço a minha avó Maria Inêz, a minha tia Fátima e a minha prima

Daniele, por não me deixarem desistir, me dando apoio e me permitindo finalizar

esta etapa.

Agradeço os amigos que fiz durante a graduação, por terem se tornado minha

família em Campo Mourão, compartilhando essa caminhada comigo e

transformando esses anos na universidade em mais felizes, com certeza vou levar

essas amizades por toda a vida.

Agradeço aos que de alguma forma me ajudaram direta ou indiretamente, e a

todos os professores da UTFPR que contribuíram para minha formação.

Agradeço ao professor Dr. Jeferson Rafael Bueno por toda atenção e

paciência em todos os momentos, pelo conhecimento a mim transmitido, por todo

empenho dedicado neste trabalho juntamente comigo e por acreditar em minha

capacidade.

Devo este título a todos vocês, obrigada.

RESUMO

Em projetos de pilares de edifícios, a NBR 6118:2014 não dá indicações sobre o

procedimento para projetar pilares submetidos às cargas de impacto. Por outro lado,

a NBR 7188:2013, referente a projetos de pontes, recomenda o uso de alguns

coeficientes de impacto sem considerar a massa e a velocidade do veículo. Neste

contexto, este trabalho visa à investigação experimental e numérica sobre o

fenômeno de impacto em barras. No ensaio experimental realizado, uma esfera de

aço foi lançada em queda livre, a partir de diferentes alturas, em uma barra de aço

engastada. Essa situação foi reproduzida computacionalmente no software ANSYS

Autodyn®, via método dos elementos finitos, com foco nos deslocamentos. Ao se

fazer um comparativo entre os ensaios experimentais e numéricos, pôde-se

perceber que houve boa convergência entre os resultados apresentados. Por meio

desses resultados, teve-se embasamento para a determinação do coeficiente de

impacto, que é dado pela razão entre a força estática equivalente e a força estática

dada pela força peso. O coeficiente de impacto busca multiplicar as cargas estáticas

para reproduzir o deslocamento devido à ação da análise dinâmica. Com os

coeficientes encontrados, um ábaco foi elaborado em função da velocidade e da

massa do objeto de impacto. Portanto, o método para encontrar os coeficientes de

impacto, por ter sido validado, pode ser usado para aplicação em diversos projetos e

possibilita a simplificação dos cálculos numéricos.

Palavras-chave: Impacto; ANSYS; Coeficiente de impacto; Força estática.

ABSTRACT

In building`s columns design, the NBR 6118:2014 gives no indications about the

procedure for column design subjected to impact loads. On the other hand, the NBR

7188:2013 standard, referring to bridges design, recommends the use of some

impact coefficients without considering the mass and speed of the vehicle. In this

context, this undergraduate final work looks for an experimental and numerical

research about the phenomenon of impact in bars. In the experimental test carried

out, a steel ball was launched in free fall, from different heights, in a steel bar set in a

fixed support. This situation was reproduced computationally in the ANSYS

Autodyn® software, using the finite element method, focusing on displacements.

When comparing the experimental tests and the numerical tests, it could be seen that

there was a good convergence between the presented results. By means of these

results, it was based on the determination of the impact coefficient, which is given by

the ratio between the equivalent static force and the static force given by the force

weight. The coefficient of impact seeks to multiply the static loads to reproduce the

displacement due to the action of the dynamic analysis. With the coefficients found,

an abacus was elaborated according to the velocity and masses of the object of

impact. Therefore, the method to discovery the dynamic impact coefficients, for being

validated, could be used for application in several projects and allows the

simplification of numerical calculations.

Keywords: Impact; ANSYS; Impact`s coefficient; Static force.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema da estrutura do trabalho. .............................................................. 6 Figura 2: Número de acidentes por tipo e gravidade. .................................................. 7 Figura 3: Número de postes abalrroados por ano. ...................................................... 8 Figura 4: Danos financeiros devido à colisão de veículos em postes por ano. ........... 8 Figura 5: Força Impulsiva. ......................................................................................... 12 Figura 6: Sistema massa-mola-amortecedor. ............................................................ 14 Figura 7: Força com variação arbitrária no tempo. .................................................... 15 Figura 8: Excitação representada por segmentos de reta. ........................................ 16 Figura 9: Tipos de forma do Impulso. ........................................................................ 18 Figura 10: Espectro de resposta em deslocamento para impulso senoidal, retangular e triangular. ............................................................................................................... 19 Figura 11: Modelo computacional de CFST. ............................................................. 20 Figura 12: Esquema de dissipação da força de impacto na seção transversal circular do pilar de concreto. .................................................................................................. 22 Figura 13: Barreira de proteção. ................................................................................ 25 Figura 14: Barreira de proteção como elemento de decoração................................. 26 Figura 15: Colisão frontal: ensaio experimental e simulação numérica. .................... 27 Figura 16: Colisão: ensaio experimental e simulação numérica. ............................... 27 Figura 17: Detalhes do ensaio de Ferrer et al.(2010). ............................................... 28 Figura 18: Condição final do carro após os experimentos. ....................................... 28 Figura 19: Detalhe da vagoneta metálica e da monovia projetada para ensaio. ....... 30 Figura 20: Veículo composto com 1500 Kgf de carga total. ...................................... 30 Figura 21: Detalhes do ensaio de Guimarães Jr (2013). ........................................... 31 Figura 22: Disposição das armaduras durante ensaio. ............................................. 32 Figura 23: Barreiras de proteção pré-montada.......................................................... 33 Figura 24: Representação de um pilar de ponte. ...................................................... 40 Figura 25: Diagrama de distribuição da força do impacto em relação ao ponto de contato entre veículo (caminhão) e o pilar de concreto de ponte. ............................. 41 Figura 26: Modelo de elementos finitos para análise da colisão de dois veículos. .... 44 Figura 27: Tipos e formas de elementos. .................................................................. 44 Figura 28: Estrutura do pilar de concreto fraturado pela força do impacto veicular, sem acessório de proteção. ...................................................................................... 48 Figura 29: Sistema montado para ensaio experimental. ........................................... 51 Figura 30: Detalhes do ensaio experimental. ............................................................ 52 Figura 31: Esquema para ensaio do módulo de elasticidade longitudinal. ................ 53 Figura 32: Medidas apresentadas antes e depois da aplicação do carregamento. ... 53 Figura 33: Validação do modelo computacional – modelo para análise estática. ..... 56 Figura 34: Validação do modelo computacional – resultados da análise estática. .... 56 Figura 35: Menu da análise dinâmica. ....................................................................... 59 Figura 36: Propriedades do aço estrutural. ............................................................... 60 Figura 37: Propriedades da esfera de aço. ............................................................... 61 Figura 38: Detalhes da esfera e da extremidade da barra. ....................................... 62 Figura 39: Geometria para simulação computacional, com esfera na extremidade. . 62 Figura 40: Geometria para simulação computacional com esfera no centro do vão da barra. ....................................................................................................................... 63 Figura 41: Painel “Mechanical”. ................................................................................. 64 Figura 42: Detalhes das configurações de cada objeto. ............................................ 64

Figura 43: Detalhe da discretização da malha gerada automaticamente. ................. 65 Figura 44: Detalhe da discretização da malha após alterações. ............................... 66 Figura 45: Velocidade aplicada à esfera. .................................................................. 67 Figura 46: Engaste aplicado à barra. ........................................................................ 67 Figura 47: Detalhe do eixo de coordenadas fixo na extremidade da barra. .............. 69 Figura 48: Esquema montado para análise no Tracker. ............................................ 69 Figura 49: Ponto marcado quando barra atinge o máximo deslocamento. ............... 70 Figura 50: Coordenada do ponto de máximo deslocamento. .................................... 70 Figura 51: Resultados do Deslocamento Total do conjunto para impacto na extremidade da barra. ............................................................................................... 71 Figura 52: Sucessão de imagens do deslocamento e suas respectivas ampliações para o tempo de 0 a 0,01842 segundos. ................................................................... 72 Figura 53: Sucessão de imagens do deslocamento e suas respectivas ampliações para o tempo de 0,03315 a 0,07 segundo. ................................................................ 73 Figura 55: Resultado do deslocamento máximo da barra com impacto na extremidade. .............................................................................................................. 74 Figura 56: Resultados do deslocamento total do conjunto para impacto no centro do vão da barra. ............................................................................................................. 75 Figura 57: Resultado do máximo deslocamento, específico na barra, com impacto no centro do vão. ............................................................................................................ 75 Figura 58: Gráfico do coeficiente de impacto em função da velocidade. .................. 80 Figura 59: Representação da força de impacto a 60 cm em pilar de 3m. ................. 81 Figura 60: Ábaco para pilares metálicos de 3m engastados na base e livre no topo, com seção I e impacto a 60 cm da base (análise elástica-linear). ............................ 83 Figura 61: Exemplo de veículo prestes a colidir em pilar metálico. ........................... 84 Figura 62: Modelo computacional para análise estática de pilar com Fiat Mobi a 50 km/h. ......................................................................................................................... 85 Figura 63: Resultado da análise estática para impacto de Fiat Mobi a 50 km/h. ...... 86 Figura 64: Exemplo de veículo Hilux prestes a colidir em pilar metálico. .................. 86 Figura 65: Resultado da análise estática para impacto de Hilux a 30 km/h .............. 87

LISTA DE TABELAS Tabela 1: Resultados dos ensaios experimentais e computacionais (ANSYS). ........ 76 Tabela 2: Resultados do coeficiente de impacto na posição da extremidade. .......... 78 Tabela 3: Resultados do coeficiente de impacto na posição central. ........................ 79 Tabela 4: Resultados do coeficiente de impacto para pilares de 3 m de aço estrutural. .................................................................................................................. 82

LISTA DE SIGLAS

ASSHTO

CFST

DNIT

DT

FEMA

MEF

NBR

PRFV

UTFPR

American Association of State Highway and Transportation Officials

Concrete Filled Steel Tube

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

Duplo T

Federation of European Motorcyclists' Associations

Método dos Elementos Finitos

Norma Brasileira

Poliéster reforçado com fios de fibra de vidro

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................3

1.1 OBJETIVOS ......................................................................................................4

1.1.1 Objetivo Geral.................................................................................................4

1.1.2 Objetivos Específicos .....................................................................................4

1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................4

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ..........................................................................5

2 FENÔMENOS DE MECÂNICA EM ESTRUTURAS SUBMETIDAS À CARGA DE IMPACTO ................................................................................................................7

2.1 CONCEITOS ELEMENTARES DA FÍSICA .......................................................9

2.2 TEORIA SOBRE CARGAS IMPULSIVAS .........................................................11

2.3 COMPORTAMENTO MECÂNICO DO CONCRETO AO IMPACTO .................20

3 INVESTIGAÇÕES EXPERIMENTAIS ENVOLVENDO IMPACTO EM BARRAS .................................................................................................................24

3.1 MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CARGAS DE IMPACTO ................................24

3.2 ENSAIOS DE COLISÃO ....................................................................................27

4 QUESTÕES RELACIONADAS A PROJETOS DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS SUBMETIDOS A CARGAS IMPULSIVAS..............................................................34

4.1 COEFICIENTES DE IMPACTO .........................................................................34

4.2 MODELOS PARA IMPACTO ............................................................................37

5 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DE COLISÃO EM ELEMENTOS ESTRUTURAIS .......................................................................................................43

5.1 ANÁLISE PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS. ................................43

6 MÉTODO E MATERIAIS ......................................................................................50

6.1 FASE EXPERIMENTAL ....................................................................................50

6.1.1 Ensaio para Análise Impulsiva .......................................................................50

6.1.2 Determinação do Módulo de Elasticidade Longitudinal ..................................52

6.1.3 Considerações................................................................................................56

6.2 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL .....................................................................57

6.2.1 Descrição da Modelagem Computacional ......................................................59

6.2.1.1 Características do material ..........................................................................60

6.2.1.2 Geometria ....................................................................................................61

6.2.1.3 Modelo .........................................................................................................63

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...........................................................................69

7.1 FASE EXPERIMENTAL ....................................................................................69

7.2 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL .....................................................................71

7.2.1 Impacto na Extremidade da Barra ..................................................................71

7.2.2 Impacto no Centro da Barra ...........................................................................74

7.3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ...........................................................76

7.4 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE IMPACTO .......................................77

7.5 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE IMPACTO PARA PILARES ............80

7.5.1 Exemplo de Utilização do Ábaco e Verificação da Carga Estática

Equivalente..............................................................................................................84

8 CONCLUSÃO .......................................................................................................89

REFERÊNCIAS .......................................................................................................91

3

1 INTRODUÇÃO

Estima-se que nos Estados Unidos da América ocorram cerca de 60 colisões

de veículos em edíficios por dia, que resultam ao ano em mais de 4.000 pessoas

feridas e cerca de 500 mortes por ano. Os dados são da Storefront Safety Council

(2018), que é um conselho formado por voluntários de diversas áreas e que possui o

objetivo de reduzir os acidentes de veículos em edíficios.

No Brasil não se tem dados conclusivos a respeito do número de colisões de

veículos em edifícios por dia ou ao ano. No entanto, o DNIT (2011) classificou os

acidentes ocorridos nas rodovias federais de todo o Brasil em 14 categorias,

indicando em 5° lugar a categoria de choque contra objeto fixo.

Apesar do grande número de acidentes, não há muitos trabalhos acadêmicos

que tratam do assunto tendo como propósito de investigação os efeitos nos edifícios.

Muitos dos trabalhos que tratam de problemas com impacto, estão preocupados

com o que ocorre com o objeto que colide (veículo) e não com o objeto ou estrutura

impactada (ALEKSANDROWICZ; KOSTEK, 2015).

Deste modo, questionou-se a importância de estudos mais aprofundados

sobre a relação das colisões com a reação causada nas estruturas. Alcançar o seu

melhor desempenho é importante para reduzir os prejuízos financeiros causados

pelo impacto e os transtornos gerados pelos danos à estrutura.

Neste contexto, esse Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) teve como

principal objetivo realizar uma investigação experimental e numérica sobre o

fenômeno de impacto em barras metálicas engastadas na base e livres no topo.

Para orientar as ações em direção a este objetivo foi realizada uma simulação

computacional da colisão em elementos estruturais, foram estudadas as questões

relacionadas a projetos de elementos estruturais submetidos a cargas impulsivas, os

fenômenos de mecânica em estruturas submetidas a impacto, além de investigações

experimentais envolvendo o impacto em barras.

Para a solução numérica, foi empregado o software ANSYS, com licença

estudantil, que tem como principais características o emprego do método dos

elementos finitos para a discretização e solução das condições analisadas. Para

entender o processo de colisão e compreender seus efeitos sobre a estrutura,

experimentos de impacto foram realizados em ambiente controlado (laboratório),

utilizando uma esfera de aço e uma barra metálica delgada.

4

Como mencionado acima, o tema é de interesse para aplicação em projetos e

para a área acadêmica. Entretanto, a natureza do fenômeno é muito abrangente e

com muitas variáveis de difícil mensuração. Dessa forma, esta pesquisa limitou-se

apenas à uma situação restrita: barra metálica engastada na base e livre no topo,

com consideração de comportamento elástico-linear.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Investigar experimentalmente e numericamente o fenômeno de impacto em

barra metálica engastada-livre.

1.1.2 Objetivos Específicos

Descrever sobre o fenômeno de impacto de veículos em estruturas de

acordo com a Mecânica das Estruturas;

Desenvolver um procedimento de ensaio experimental para análise de

impacto em uma barra metálica engastada livre;

Sugerir coeficientes de impacto para aplicação em projetos, com

consideração da massa e velocidade do objeto;

Analisar numericamente, via método dos elementos finitos, o fenômeno de

impacto em barras metálicas.

1.2 Justificativa

É importante entender o processo de colisão e analisar os seus efeitos sobre

a estrutura, pois podem acontecer nas mais diversas formas no cotidiano. Existe

uma maior probabilidade da ocorrência de impactos horizontais, por exemplo, em

estacionamentos dentro de edifícios, contra postes de iluminação pública, pilares de

outdoors, placas de sinalização, pilares de pontes, em vias próximas às construções,

entre outros.

5

As estruturas de concreto armado geralmente não são dimensionadas para

resistir às cargas de impacto, pois os choques de veiculos são ações excepcionais.

Essas ações possuem duração curta e tem baixa probabilidade de ocorrência

durante a vida útil da construção, o que torna o fenômeno pouco estudado ou

especificado nas normas de dimensionamento.

O aumento progressivo da densidade de tráfego, em todas as regiões do

mundo, aumenta a probabilidade de colisão. Isso ocorre devido ao fato de haver

uma maior quantidade de veiculos circulantes nas vias. O desenvolvimento de novas

tecnologias como estruturas com melhor desempenho mecânico em relação aos

danos causados em eventos de colisão veicular são demandas reais com potencial

para produzir benefícios à população.

Em função dos altos custos para recuperação das estruturas danificadas pelo

impacto de veículos, o investimento para melhorar o desempenho destas estruturas

deve ser considerado. Além disso, esses trabalhos de recuperação podem deixar

inoperantes não somente a estrutura afetada, mas também as outras áreas no

entorno.

1.3 Estrutura do Trabalho

Conforme mostra a Figura 1, a partir de um objetivo geral, 4 objetivos

específicos foram traçados, em que, cada um gerou um capítulo de revisão

bibliográfica. A partir disso, teve-se embasamento para desenvolver e descrever o

método e materiais que foram utilizados na pesquisa.

A seguir segue a descrição resumida de cada um dos capítulos:

Capítulo 1 – Introdução: Foram apresentados os objetivos, gerais e

específicos, do tema proposto, além das justificativas que apontam a importância da

pesquisa.

Capítulo 2 – Fenômenos de mecânica em estruturas submetidas à impacto:

Análise do comportamento mecânico dos materiais, estudo da física como impulso e

quantidade de movimento, além da dinâmica das estruturas e introdução à

modelagem numérica.

Capítulo 3 – Investigações experimentais envolvendo impacto em barras:

Revisões bibliográficas de artigos técnicos publicados sobre ensaios de impacto.

6

Capítulo 4 – Questões relacionadas a projetos de elementos estruturais

submetidos a cargas impulsivas: Levantamento de algumas normas publicadas

correlacionadas ao tema, como norma de pontes brasileira e questões relacionadas

a recomendações para projetos.

Figura 1: Esquema da estrutura do trabalho.

Fonte: Autoria própria (2019).

Capítulo 5 – Simulação computacional de colisão em elementos estruturais:

Estudo aprofundado da modelagem numérica, simulação de impacto em veículos, e

método dos elementos finitos.

Capítulo 6 – Método e Materiais: Apresentam-se os meios, técnicas e

procedimentos empregados na coleta dos dados para criação do modelo

experimental e do modelo computacional.

Capítulo 7 – Resultados e Discussão: Refere-se aos resultados obtidos

através dos ensaios experimentais e das simulações computacionais realizadas.

Também apresenta as discussões sobre os resultados obtidos.

Capítulo 8 – Conclusão: Apresentam-se as principais considerações e a

conclusão desta pesquisa.

Referências: Apresentam-se as referências bibliográficas utilizadas ao longo

da pesquisa.

7

2 FENÔMENOS DE MECÂNICA EM ESTRUTURAS SUBMETIDAS À CARGA DE IMPACTO

Com o aumento da densidade demográfica e acréscimo de veículos

circulantes nas ruas, o número de veiculos envolvidos em acidentes se torna um

fator preocupante. Na Figura 2 estão representadas as categorias de acidentes

classificados segundo o tipo e gravidade que ocorreram nas rodovias federais em

2011.

Figura 2: Número de acidentes por tipo e gravidade.

Fonte: Modificado de DNIT (2011). Não há maiores informações sobre quais as características do objeto fixo

descrito na Figura 2. Estão inclusos apenas os acidentes ocorridos em rodovias

federais sob jurisdição do DNIT, e não os acidentes nas vias municipais de centros

urbanos, que possuem maior chance de colisão devido a um maior número de

veículos circulantes próximo às estruturas fixas nas bordas das vias.

Como citado anteriormente, no Brasil não se tem dados conclusivos a

respeito do número de colisões de veículos em edifícios por dia. No entanto, foi

possivel obter a quantidade de postes abalrroados no município de Campo Mourão e

Ubiratã nos últimos anos (Figura 3) e os danos financeiros gerados (Figura 4).

0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000

Outros tiposQueda de veículo

Atropelamento e fugaSaída de pistaTombamento

Abalroamento transversalAbalroamento em sentido oposto

Colisão frontalAbalroamento no mesmo sentido

Colisão traseiraChoque com veiculo estacionado

Atropelamento de animalAtropelamento

CapotagemChoque com objeto fixo

S/vítimas C/feridos C/mortos Não inf.

8

Figura 3: Número de postes abalrroados por ano.

Fonte: Dados obtidos em contato com Companhia de Distribuição de Energia Copel (2018). Figura 4: Danos financeiros devido à colisão de veículos em postes por ano.

Fonte: Dados obtidos em contato com Companhia de Distribuição de Energia Copel (2018).

Na Figura 3 e Figura 4 é possivel observar que a cada ano o número de

acidentes em postes aumentou substancialmente, gerando significativos danos

financeiros. Desse modo é possivel observar a importância de se melhorar o

desempenho das estruturas para reduzir os prejuizos financeiros às concessionárias

de energia e trazer segurança a população ao evitar a queda de postes devido à

colisão de veículos.

De acordo com a NBR 7187:2003, ações são as causas que provocam o

aparecimento de esforços ou deformações nas estruturas. Classificam-se, segundo

a referida norma, em: permanentes, variáveis e excepcionais. As ações

permanentes são as ações cujas intensidades podem ser consideradas como

constantes ao longo da vida útil da construção. Também são consideradas

0

5

10

15

20

25

2015 2016 2017

3 4

11

17 18

21

Nº d

e O

corr

ênci

as

Ano Ubiratã Campo Mourão

R$0,0

R$10.000,0

R$20.000,0

R$30.000,0

R$40.000,0

R$50.000,0

R$60.000,0

2015 2016 2017Ubiratã R$4.651,64 R$7.088,71 R$9.352,85Campo Mourão R$30.417,10 R$32.418,18 R$59.308,97

9

permanentes as que crescem no tempo, tendendo a um valor limite constantes. Já

as ações variáveis são as ações de caráter transitório.

As ações excepcionais, o principal objeto deste estudo, são aquelas cuja

ocorrência se dá em circunstâncias anormais. Como os choques de objetos móveis,

as explosões e os fenômenos naturais, pouco frequentes, como ventos ou

enchentes catastróficas, sismos, entre outros.

Geralmente os edifícios convencionais não são projetados contra os efeitos

de ações excepcionais, pois não se pode definir o risco ou quantificar a

ameaça. Explosões produzidas por um carro-bomba, por exemplo, são de ordens de

grandeza maiores do que as produzidas por gravidade e cargas de vento.

2.1 Conceitos Elementares da Física

Segundo Dusenberry (2010), o cálculo mais básico da velocidade de um

veículo ao colidir é baseado em um caminho reto e em nível entre o ponto de partida

e a barreira. A velocidade para tal abordagem pode ser calculada usando a seguinte

equação básica (1): 𝑉 ² = 𝑉 ² + 2𝑎𝑠 (1)

em que: 𝑉 = Velocidade final do veículo; 𝑉 = Velocidade inicial do veículo; 𝑎 = Taxa de aceleração constante; 𝑠 = Distância percorrida.

Os valores de velocidade inicial do veículo e a distância percorrida são fáceis

de serem encontrados. No entanto, a taxa de aceleração é mais difícil de ser

determinado, devido ao fato de que a aceleração é dependente do peso e da

potência do veículo além de não ser um valor contante.

Morgan e Ivey (1986)1 apud Guimarães Jr (2013), relacionavam a velocidade

de pré-impacto em colisões contra árvores a partir de dois métodos. No primeiro, era

feito a observação da geometria do esmagamento obtendo a velocidade a partir da

energia gerada com a colisão. No segundo método, o valor da velocidade de colisão 1 MORGAM, J.R. and IVEY, D. L. Analysis of Utility Pole Impacts. Texas Institute and Civil Engineering Research Board. DEPTO TEXAS A&M University System College Station, Texas (1996) http://tti.tamu.edu/publications/

10

era encontrado a partir da avaliação da máxima deformação obtida na estrutura do

veículo em função do seu peso.

O cálculo da velocidade de impacto segundo Morgan e Ivey (1986) pode ser

representado pela equação (2):

𝑉 = 𝐷. (395 − 0,062𝑊) (2)

em que: 𝑉: velocidade de impacto (pés/seg.) → SI = km/h; 𝐷: deformação máxima residual no veículo (pés) → SI = cm; 𝑊: peso do veículo (lb) → SI = N.

Já Nystrom e Kost (1992)2 apud Guimarães Jr (2013), definiram um fator de

correção (CRM = 6,7 mph) para determinação da velocidade de colisão. Assim a

partir da equação (2), corrigindo esse fator CRM, pode-se calcular então as

equações (3) e (4) de velocidade final da colisão. 𝑉 = 𝐵𝑃𝑂 + 𝐵𝑃1 . 𝐶𝑅𝑀 (3) 𝐵𝑃1 = 1,53 − 2,74𝐸. 𝑊 (4)

sendo: 𝑉: velocidade de pré-impacto (km/h); 𝐶𝑅𝑀: 1,8 o fator de correção para deformação máxima sobre o veículo; 𝐵𝑃𝑂: velocidade observada que não provoca esmagamento de 8,0 km/h; 𝐵𝑃1: relação entre velocidade e esmagamento (km/h x cm); 𝑊: peso do veículo.

De acordo com Bangash (2009), quando dois corpos sólidos entram em

contato, eles exercem forças iguais e opostas ou impulsos um sobre o outro. É

conhecido como o princípio da conservação do momento linear, quando o momento

total na direção específica permanecer constante se nenhuma força externa afetar o

movimento. 𝐹 (𝑡) = 𝑚 (𝑣 𝑢 ) = 𝐹 𝑑𝑡

(5)

2 NYSTROM, G.; KOST, G. Application of NHTSA Crash Database to Pole Impact Prediction. SAE Technical Paper 920605, doi:10.4271 / 920605. SAE Inc., Warren dale, PA, (1992). http://papers.sae.org/920605/

11

𝐹 (𝑡) = 𝑚 (𝑣 𝑢 ) = 𝐹 𝑑𝑡

(6)

𝐹 𝑑𝑡 + 𝐹 𝑑𝑡 = 0 (7)

Quando dois corpos de massa, m1 e m2, colidem, as razões de massa são

então calculadas a partir das equações (5), (6), (7). Assim, tem-se a equação (8):

𝑚𝑚 = (𝑣 − 𝑢 )−(𝑣 − 𝑢 ) (8)

Embora o momento seja conservado, durante o processo de colisão há uma

perda de energia, que é determinada usando o conceito do coeficiente de restituição 𝑒 dado pela equação (9). 𝑒 = (𝑣 − 𝑣 )−(𝑢 − 𝑢 ) = 0 (9)

Esse coeficiente é definido como a velocidade relativa das duas massas após

o impacto dividido pela velocidade relativa das duas massas antes do impacto.

(BANGASH, 2009).

2.2 Teoria sobre Cargas Impulsivas

Explosões, impactos e sismos são exemplos de solicitações que apresentam

distribuição no tempo absolutamente arbitrária. Estes casos de carregamentos

podem ser estudados, de forma inicial, a partir do equacionamento de um problema

básico com carregamento impulsivo. Por definição, forças impulsivas são àquelas

que possuem tempo de duração extremamente curto. A Figura 5 apresenta o caso

típico de uma força impulsiva com duração de tempo Ɛ. A intensidade do impulso é

igual, numericamente, à área sombreada da figura, e, pode ser obtida ao integrar a

equação do movimento de ponto material de massa m, como mostra a equação

(10).

12

Figura 5: Força Impulsiva.

Fonte: Autoria própria (2019).

t

dxF mx m

dt (10)

Sendo m constante e a aceleração (x) e velocidade (x) medidos em relação

a um referencial inercial. Assim, têm-se:

tF dt mdx (11)

Em seguida faz-se a integração de ambos os lados da equação.

2

1

2

1

xt

tt x

F dt m dx (12)

2

2 11

t

tt

F dt m x x (13)

O impulso da força I , é, então, dado pela equação (14).

2

1

t

tt

I F dt (14)

A equação (13) traduz o Princípio do Impulso e Quantidade de Movimento e,

com a equação (14), verifica-se que o impulso é uma quantidade vetorial que mede

o efeito da força durante o intervalo de tempo de sua ação. A quantidade de

movimento linear trata-se da parte à direita da equação (13). Linear é devido ao fato

de referir-se à velocidade linear.

0

1

2

3

0 3 4

F(t)

t

←IF/ε

← τ → ε ←

13

Substituindo (14) em (13), pode-se escrever a equação do impulso linear e

quantidade de movimento linear. Verifica-se, na equação (16), que para massa

constante a impulsão linear resulta em uma variação súbita na velocidade.

2 1I m x x (15)

2 1I

x xm

(16)

A impulsão linear pode ser definida matematicamente, pela função Delta de

Dirac. No caso, para um impulso linear unitário da força, com duração tendendo a

zero se tem:

0,........t t (17)

0

1,........0t dt

(18)

0

,........0t t tF dt F

(19)

Sendo tF uma função qualquer de t , desde que definida no intervalo

considerado. Assim, para um impulso unitário, a equação (16) pode ser reescrita

como:

2 11

x xm

(20)

A equação (20) permite verificar que para a ação de uma impulsão linear

unitária, a estrutura pode ser analisada em vibração livre com condições iniciais,

referentes a deslocamento e velocidade. Estas condições iniciais serão

deslocamento inicial e velocidade inicial, dados pela equação (21).

0 0x (21)

01

xm

Devido ao fato de o tempo de atuação da força ser infinitesimal, pode-se

admitir que a estrutura começasse a responder apenas após a força ter atuado. Por

14

exemplo, para o sistema massa-mola da Figura 6 com um grau de liberdade (1 gdl),

sujeito a ação de uma força impulsiva F(t) com tempo de atuação Ɛ infinitesimal,

considera-se que a mola e o amortecedor apenas começam a responder quando a

força tenha se anulado. Dessa forma, a análise pode ser realizada em vibração livre,

com condições iniciais dadas pela equação (21).

Figura 6: Sistema massa-mola-amortecedor.

Fonte: Adaptado de Clough e Penzien (2003).

A equação de equilíbrio dinâmico para o sistema é obtida pelo Princípio de

d’Alembert e dada pela equação (22), já a resposta desta equação diferencial é

apresentada em (23), em que se considera o amortecimento do tipo viscoso .

0m x C x k x (22)

0 0

0 cos sinnt nt d d

d

x xx e x t t

(23)

Substituindo as condições iniciais de (21) em (23) obtém-se a resposta de um

sistema amortecido submetido a uma impulsão unitária.

sin ,...nt

t dd

ex t t

m

(24)

Em relação ao amortecimento estrutural, este é muito menos importante para

carregamentos impulsivos, na obtenção da máxima resposta da estrutura, do que

para carregamentos harmônicos e periódicos. A máxima resposta para um

carregamento impulsivo será alcançada em um curto espaço de tempo, antes que as

forças de amortecimento possam absorver muita energia da estrutura (ou serem

15

“despertadas”). O que justifica, em muitos casos, a não consideração do

amortecimento.

Com a solução para o sistema submetido ao impulso unitário, pode-se obter a

solução para a ação de uma força com variação arbitrária no tempo, como

terremotos, vento, colisões, entre outros. Para isso, considera-se que a força, com

variação arbitrária, possa ser representada por uma sucessão contínua de forças

impulsivas, como mostra a Figura 7, sendo então representada por uma sucessão de

segmentos de reta.

Figura 7: Força com variação arbitrária no tempo.

Fonte: Autoria própria (2019).

A resposta, para sistemas não conservativos, é obtida somando-se as

contribuições de todos os impulsos até o tempo em análise e é apresentada na

equação (25). Essa equação é chamada de Integral de Duhamel, a qual nem

sempre pode ser resolvida de modo analítico.

0

1sinn

tt

t dd

x F e t dm

(25)

Isso resulta do fato que, em muitos casos, os valores da excitação, ao longo

do tempo, são obtidos por dados experimentais e/ou medições de campo, e os

mesmos não podem ser definidos por uma função. Uma alternativa, então, para a

resolução, trata-se da avaliação numérica da mesma.

Para a solução numérica, pode-se assumir que a excitação possa ser

representada por um conjunto de segmentos de reta, como mostra a Figura 8. Dessa

forma, a Integral de Duhamel pode ser resolvida de maneira aproximada, sendo a

única aproximação, para a análise, a representação da excitação por segmentos de

reta.

0

1

2

3

1 1,5 2 3 4 5 6 7 8 9 10

F(t)

t

← I = F(t)dτ

← τ →dτ←

16

Figura 8: Excitação representada por segmentos de reta.

Fonte: Autoria própria (2019).

Para fazer essa análise, a equação (25) deve ser modificada, ao substituir o

termo:

sin d t (26)

por,

sin cos cos sind d d dt t t t (27)

Logo, a equação (25) é reescrita como:

sin cosnt

t t d t dd

ex A t B t

m

(28)

em que,

0

cosn

tt

t dA F e d (29)

0

sinn

tt

t dB F e d (30)

Agora, considerando a Figura 8 tem-se:

1

1 1 11

i i

i

t tt i i i

i i

F FF F t t t

t t

(31)

E para as equações (29) e (30) tem-se:

1

1

cosi

n

i

i

t

t t dt

A A F e d

(32)

0

2

4

6

8

10

12

0 2 4 6 8 10

F(t)

tt(i-1) τ ti t(i+1)

F(i+1)

Fi

F(i-1)

17

1

1

sini

n

i

i

t

t t dt

B B F e d

(33)

Substituindo a equação (31) em (32) e (33), e realizando as integrações

obtém-se:

1 1

1 1 1 1 41 1

i i i i

i i i

t t t tt t t i

i i i i

F F F FA A F t I I

t t t t

(34)

1 1

1 1 1 2 31 1

i i i i

i i i

t t t tt t t i

i i i i

F F F FB B F t I I

t t t t

(35)

em que,

11 2 2

cos sinn

i

i

tn d d d t

n d

eI

(36)

12 2 2

sin cosn

i

i

tn d d d t

n d

eI

(37)

1

' '3 2 12 22 2

i

i

t

n d

n d n d t

I I I

(38)

1

' '4 1 22 22 2

i

i

t

n d

n d n d t

I I I

(39)

Os símbolos '

1I e '2I nas equações (38) e (39) referem-se, respectivamente,

às equações (36) e (37), antes de serem avaliadas nos limites indicados.

Para alguns casos, os carregamentos impulsivos podem assumir uma forma

de pulso senoidal, retangular ou triangular, conforme mostrado na Figura 9, e

denomina-se 1t o tempo de aplicação (duração) da carga ou impulso f t . Para

esses casos, a solução do problema dinâmico pode ser obtida pela equação (25),

que é a Integral de Duhamel.

Para os casos da Figura 9, a resposta da equação de movimento do sistema

pode ser dividida em duas etapas:

i) Primeira etapa: 1t t ;

ii) Segunda etapa: 1t t .

18

A primeira etapa trata-se de uma vibração forçada, em que se utiliza o

carregamento impulsivo e, a segunda etapa trata-se de uma vibração livre, no qual

se tem 0tf . Como se verifica nas equações (16), (20) e (21) as condições iniciais

de deslocamento e velocidade são dadas pelos valores de deslocamento e

velocidade obtidos da solução da primeira etapa no instante final, t = t1. Para

impulsos de duração muito curta a resposta máxima ocorrerá na segunda etapa.

Figura 9: Tipos de forma do Impulso.

(a) Senoidal

(b) Retangular

(c) Triangular

Fonte: Autoria própria (2019).

Se o objetivo da análise for obter apenas a resposta máxima (em módulo) aos

carregamentos impulsivos, podem-se utilizar os espectros de resposta da Figura 10,

que fornece o fator de multiplicação para a resposta máxima maxR , em função do

tipo de impulso e da razão entre os valores da duração do impulso e do período

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

F(t)

t

F(t) = Po*sin(ωt)

← t1 →|→t-t1

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1 2 3 4

F(t)

t

Po

← t1 →|→ t-t1

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1 2 3

F(t)

t

Po

← t1 →|→ t-t1

19

natural do sistema estrutural. A equação (40) expressa essa relação, em que maxu é

o deslocamento máximo e 0f a amplitude do impulso (CLOUGH; PENZIEN, 2003).

max

max max0 0

ukR u

f f

k

(40)

Figura 10: Espectro de resposta em deslocamento para impulso senoidal, retangular e triangular.

maxR

1

t Duração do impulsoT Período natural

Fonte: Modificado de Clough e Penzien (2003).

Este espectro de resposta também serve para indicar a resposta da estrutura

para um impulso de aceleração aplicado em sua base, que nesse caso se utiliza a

equação (41), em que gu t é a aceleração (ação) aplicada na base da estrutura e

efff t a carga impulsiva efetiva.

eff gf t mu t (41)

O espectro apresentado é muito útil para os casos em que se o tipo de

impacto é conhecido, o que em muitos casos reais é difícil acontecer. Portanto, sua

utilização em projetos civis é restrita.

20

2.3 Comportamento Mecânico do Concreto ao Impacto

O comportamento de CFST (Tubos de aço preenchidos com concreto), sob

cargas de impacto, foi amplamente estudado por Ding et al. (2016), sob métodos

experimentais e analíticos. Um modelo de CFST é representado na Figura 11. Eles

têm vários benefícios, como boa resistência à flexão, ductilidade, dureza, além de

poder suportar muitos tipos de cargas, isto é, as cargas estáticas e dinâmicas. São

amplamente utilizadas na construção, mineração e indústrias de segurança.

Figura 11: Modelo computacional de CFST.

Fonte: Adaptado de Ding et al. (2016).

Para esse estudo consideraram a premissa de que o concreto e o aço são

materiais elásticos lineares, e que o deslocamento e a tensão na interface entre o

tubo de aço e o concreto são contínuos. Foram estabelecidas equações de onda em

três dimensões, para considerar o deslocamento vertical. Para as condições iniciais

e de contorno, a solução analítica para o domínio de frequência foi obtida através da

transformação de Laplace e método da separação de variáveis. O domínio de tempo

foi obtido por transformação numérica inversa de Fourier.

Os resultados de Ding et al. (2016), indicaram que a solução analítica

proposta, mostra boa consistência com as soluções já existentes, calculadas pela

teoria considerando ondas unidimensionais.

Aço

Concreto

Carga de impacto axial

21

Um modelo unidimensional simplificado para estimar forças de impacto

resultantes de detritos com massa não estrutural não uniforme foi proposto por Aghl,

Naito, Riggs (2017). Isso ocorreu pelo fato de que as forças de impacto resultantes

dos golpes de detritos durante os eventos de tsunami e inundação podem levar a

danos extremos nas estruturas.

A onda de tensão propagada na barra unidimensional, o impulso e momento

obtidos foram utilizados para estimar a força máxima de impacto e duração do

impacto, respectivamente. Foram realizadas por Aghl, Naito, Riggs (2017), uma série

de experimentos em um tubo de aço de 6,1 m com diferentes configurações de

massa não estrutural. Um modelo tridimensional do tubo de aço com massa não

estrutural também foi desenvolvido por eles e validado com os resultados das

experiências. As simulações de impacto consistiram de impactos elásticos e

inelásticos do tubo.

Foi então verificado que o modelo simplificado unidimensional pode ser usado

para caracterizar as demandas de impacto de detritos com massa uniforme não

estrutural e não uniformes, pois teve boa consistência com os resultados em três

dimensões.

Já Zhang, Hao e Li (2018), estudaram a melhoria da capacidade de

resistência de uma coluna de concreto pré-moldada segmentada com um envoltório

de polímero reforçado com fibras de basalto. Uma coluna de 80 cm foi montada com

5 segmentos de concreto pré-moldado com seção de 10cmx10cm. O segmento

inferior foi conectado a um suporte de concreto com duas barras de arranque de 6

mm. Acima do pilar foi colocado um cubo de concreto e uma série de placas de aço

empilhadas no topo com massa de 288 kg.

Um sistema de impacto pendular foi usado para o teste de impacto. O

impactador foi feito de 300 kg de bloco de aço sólido articulado com um braço de

pêndulo de 2,8 m de comprimento. Cada coluna foi submetida a múltiplos impactos

com o aumento gradual velocidades de impacto até falha total da coluna. As colunas

sem reforço foram impactadas no meio do vão, na articulação segmentar inferior e

no centro do segmento inferior. Além disso, a coluna com reforço possuía duas

camadas do polímero reforçado com fibras de basalto e também foram impactadas

nesses três pontos (ZHANG; HAO; LI, 2018).

Os resultados do ensaio de Zhang, Hao e Li (2018), apontaram que a coluna

revestida fornece confinamento aos segmentos de concreto. Dessa forma, reduz os

22

danos do segmento de concreto por compressão a flexão, além de melhorar a

resistência ao cisalhamento do concreto. A coluna exibiu melhor desempenho

quando submetido a impacto no meio do vão do que quando submetida a impacto

nos segmentos inferiores. Já com o impacto diretamente na articulação do segmento

inferior de concreto, tanto a coluna revestida quanto a não adaptada sofreram danos

significativos, apontando a importância de fortalecer esses elementos.

Na Figura 12 está representada a aplicação da força de impacto pontual sobre

um pilar de concreto, formando um plano de cisalhamento estrutural. A propagação

da onda se desenvolve a partir de um ângulo de 45º em relação à seção transversal

da coluna, a partir do ponto de impacto.

Figura 12: Esquema de dissipação da força de impacto na seção transversal circular do pilar de concreto.

Fonte: Retirado de Guimarães Jr (2013).

O concreto tem a capacidade para dissipar a energia gerada pela força de

colisão, pois tem baixa resistência à força cortante, pouca deformação instantânea

além do choque ocorrer em um curto intervalo de tempo. Consequentemente, o

concreto suportaria a ação da colisão, devido à elevada resistência à compressão,

mas não teria a capacidade de absorver o impacto se deformando e dissipando essa

energia (GUIMARÃES JR, 2013).

23

Em resumo, no capítulo 2 foram abordados temas como, choques de objetos

móveis são ações excepcionais, pois provocam o aparecimento de esforços ou

deformações nas estruturas em circunstâncias anormais. Por isso, geralmente não é

comum projetar edifícios convencionais contra os efeitos dessas ações.

Equações para o cálculo básico da velocidade foram demostradas, houve o

estudo da quantidade de movimento e, consequentemente, do impacto que

dependem da massa e da velocidade do objeto que irá colidir com a estrutura. Além

disso, foi analisado que a velocidade de pré-impacto em colisões pode ser obtida a

partir da observação da geometria do esmagamento e da avaliação da máxima

deformação obtida na estrutura do veículo em função do seu peso.

O concreto quando submetido a cargas de impacto, devido a baixa resistência

a força cortante, tende a criar um plano de cisalhamento à 45º do ponto onde

ocorreu a colisão, dissipando a energia gerada. Já devido à alta resistência a

compressão, o concreto poderia suportar a ação da colisão, mas não teria a

capacidade de absorver o impacto. Uma maneira de melhorar a resistência de uma

coluna de concreto pré-moldada segmentada é utilizando um envoltório de polímero

reforçado com fibras de basalto.

24

3 INVESTIGAÇÕES EXPERIMENTAIS ENVOLVENDO IMPACTO EM BARRAS

A realização de ensaios experimentais e simulações computacionais são

importantes para a verificação de uma hipótese formulada, que pode ser uma nova

ideia, ou partiu de algum conceito já existente. Mas primeiramente é necessário

fazer um levantamento de alguns ensaios já realizados correlacionados ao tema

para que assim sejam identificados possíveis problemas, e sejam dadas novas

formulações e procedimentos para se atingir novos resultados.

3.1 Métodos para Análise de Cargas de Impacto

Um estudo numérico sobre impacto, sem atrito, entre sólidos bidimensionais e

anteparos rígidos é apresentado em Marques e Coda (2008). No estudo, o impacto é

tratado de maneira numérica por meio de uma simplificação, que consiste na

limitação de posições dos nós impactantes da estrutura. Os autores chamam a

atenção para utilização do algoritmo de integração temporal da regra trapezoidal,

que pode gerar respostas instáveis quando utilizado o algoritmo de Newmark

clássico 0,5 e 0,25 , em problemas com consideração de impacto. A solução

para esse problema também é dada pelos autores.

Para situações em que há necessidade de proteger uma estrutura de colisões

de veículos, pode-se adotar a fórmula da equação (42) (BANGASH; BANGASH,

2006). Esta equação foi obtida por meio de testes de impacto de carros e pode ser

utilizada para dimensionar ou verificar barreiras de veículos. A estrutura que

receberá o impacto do veículo deverá ser projetada para resistir a esta energia

cinética.

3 233, 44 10KE Wv (42)

em que,

KE : energia cinética ft lb ,

W : peso do veículo lb , v : velocidade em mph (milhas por hora).

Por conveniência a equação (42) pode ser modificada para unidades do

Sistema Internacional (SI) e ser escrita como mostra à equação(43).

25

2

2

mvT

(43)

sendo,

:T Energia cinética kN m ,

:m Massa do veículo kg ,

:v Velocidade do veículo /km h , 57, 72 10 (coeficiente de multiplicação).

De acordo com Dusenberry (2010) pode-se utilizar a equação (43) sem o

coeficiente (ou com 1 ), ou seja, a equação clássica da mecânica

newtoniana para cálculo da energia cinética. Neste caso, a massa deve estar em

“kg” e a velocidade em “m/s”. Alguns exemplos de barreira de proteção podem ser

vistos na Figura 13 e na Figura 14 apresentando-se uma alternativa para as

tradicionais barreiras. Essas, além da função de proteção, possuem função

decorativa, que deixam o ambiente mais agradável.

Figura 13: Barreira de proteção.

Fonte: Retirado de Dusenberry (2010).

26

Figura 14: Barreira de proteção como elemento de decoração.

Fonte: Retirado de Dusenberry (2010).

Em Dusenberry (2010) apresenta-se um comparativo entre um ensaio

experimental de colisão em barreira e a simulação numérica em elementos finitos,

realizadas por Applied Research Associates, Inc. As sequências de imagens da

Figura 15 e Figura 16 permitem verificar que o modelo numérico está em pleno acordo

com os dados experimentais. Entretanto, por mais que as análises numéricas

consigam representar os fenômenos durante a colisão, o governo dos EUA exige

que as barreiras sejam classificadas de acordo com testes experimentais de

laboratório.

Para esses testes, em geral, é utilizada a norma SD-STD-02.1 (Specification

for Vehicle Crash Test of Perimeter Barriers and Gates), que classifica as barreiras

em três categorias K4, K8 e K12. O número após a letra “K” corresponde à

quantidade de energia cinética do veículo no momento do impacto. Outra norma

que, também, é utilizada para testes é a ASTM F 2656 (2007), que está sendo aceita

pelo Departamento de Defesa e Departamento de Estado dos EUA. Conhecer a

classificação das barreiras é importante para selecionar barreiras apropriadas para

as condições específicas do local e em torno de uma instalação.

Entretanto, ambas as normas não fornecem equações para serem utilizadas

na investigação do problema. Algumas formulações analíticas podem ser obtidas

pela aplicação dos princípios da mecânica e, em geral, apresentam muitas

simplificações e suposições para o problema. Em Hirsch (1978) apresenta-se uma

formulação simplificada para predição das forças de impacto em barreiras de

proteção em rodovias.

27

Figura 15: Colisão frontal: ensaio experimental e simulação numérica.

Fonte: Retirado de Dusenberry (2010). Figura 16: Colisão: ensaio experimental e simulação numérica.

Fonte: Retirado de Dusenberry (2010).

A análise de elementos finitos é uma ferramenta poderosa, e pode ser

complementada com testes de colisão para verificar os resultados da análise. As

técnicas de análise de elementos finitos não lineares podem ser um meio eficaz para

desenvolver novos sistemas de barreiras.

3.2 Ensaios de Colisão

Para entender o processo de colisão e analisar seus efeitos sobre a estrutura,

Ferrer et al. (2010), realizou uma série de experimentos de colisão em carros de

tamanho real e pilares de concreto armado. O pilar foi comprimido para simular o

peso das estruturas que estariam acima, com esta carga sendo estimada em 70 t.

Cinco diferentes carros foram usados e todas as experiências foram feitas

com uma velocidade de impacto de 20 km/h. Para fornecer essa velocidade final em

carros sem motorista, uma rampa foi construída com inclinação de 8,3% e 30 m de

comprimento. O fato de nenhum motorista controlar o veículo tornou necessário

projetar um trilho específico para manter a direção. Detalhes do ensaio são

apresentados na Figura 17 e Figura 18.

28

Durante o impacto, a aceleração, deslocamento e deformação de vários

pontos do pilar foram registrados e analisados. O pilar utilizado em todos os

experimentos foi feito com concreto armado de 25 MPa, com seção retangular de

25x35 cm e 2,75 m de altura.

Figura 17: Detalhes do ensaio de Ferrer et al.(2010).

a) Estrutura de teste. b) Construção da fundação com quatro

ancoragens.

c) Rampa com guia metálica. d) Roda metálica para manter a direção do carro.

Fonte: Retirado de Ferrer et al.(2010). Figura 18: Condição final do carro após os experimentos.

Fonte: Retirado de Ferrer et al.(2010).

29

Após os experimentos, com uma velocidade de 20 km / h, foi comprovado que

o carro sofre deformações plásticas importantes e por isso o uso de carro real foi

definitivamente necessário. Além disso, o desempenho dos experimentos mostrou

que para um impacto de 20 km/h contra um pilar, a duração do carregamento é de

cerca de 120 ms e foi obtido um máximo deslocamento em torno de 2 mm em todos

os experimentos.

A partir dos estudos de Thilakarathna et al.(2010), foi elaborado um protótipo

para carregamento de pilares de concreto circular de diâmetros de 300 a 600 mm,

com carregamento constante de compressão sujeito a um pulso de compressão

instantânea que representava a força de colisão. Estas observações o induziram a

afirmar que melhoria na vulnerabilidade estrutural ao impacto independe da

concentração de cargas de compressão, pois com o confinamento das cargas de

compressão se admite a distribuição de tensões como uniforme em todas as seções.

Dessa forma, segundo Thilakarathana et al. (2010), para pilares com

carregamento de compressão axial confinado equivalente ao peso de 05 pavimentos

de um prédio residencial, a estrutura de concreto armado de um pilar com diâmetro

inferior a 340 mm, dificilmente resistiria ao impacto veicular para velocidades

superiores a 40 km/h. A força gerada pelo impacto veicular pode ser teoricamente

comparada a uma espécie de carregamento quase estático, onde a resposta ao

impacto aparece com a sensação de um impulso intenso e muito rápido.

Já na Universidade Federal do Paraná em Curitiba, Guimarães Jr (2013)

propôs a execução de ensaios de “crash-test” simulando a colisão de um veículo de

passeio com carga de 1000 kgf que colide contra postes de concreto nas redes de

energia. O objetivo principal foi simular o impacto sobre os postes de concreto

armado DT e em materiais alternativos composto de PRFV.

A velocidade definida foi de 45 km/h, por ser a velocidade a partir da qual as

estruturas de concreto similares aos postes da rede de energia não suportariam a

força do impacto. Foi projetada uma via férrea para deslocamento de vagonete que

trafegará sobre os trilhos até atingir velocidade suficiente para reproduzir o efeito de

impacto veicular como na Figura 19.

30

Figura 19: Detalhe da vagoneta metálica e da monovia projetada para ensaio.

Fonte: Retirado de Guimarães Jr (2013).

A quantidade de energia cinética 𝐸 , dada pela equação (44), foi calculada

para uma força provocada por um veículo com peso de 1000 kgf com uma

velocidade de 45 km/h. Resultando desse modo em uma equivalente de 78.125J. 𝐸 = 𝑚. 𝑣2

(44)

No entanto após 60 m em declive de 9°(graus), a velocidade foi de

aproximadamente 38,48 km/h, segundo a equação (44). Desse modo, foi realizada a

correção do valor do peso para se aproximar mais da energia cinética proposta de

78.125 J. A carga de 1000 kgf foi aumentada para 1500 kgf, composta por 20 sacos

com areia de massa unitária de 25 kg como representado na Figura 20.

Figura 20: Veículo composto com 1500 Kgf de carga total.

Fonte: Retirado de Guimarães Jr (2013).

31

Na Figura 21, está representado uma luva de proteção, constituída por

materiais com propriedades amortecedoras com a função de dissipar a energia

gerada. Para melhor interpretação dos resultados, o monitoramento do

deslocamento se deu através de sensores instalados.

Figura 21: Detalhes do ensaio de Guimarães Jr (2013).

a) Luva de proteção em PRFV. b) Instalação de sensores para captar o movimento.

Fonte: Retirado de Guimarães Jr (2013). A luva de PRFV do sistema de proteção foi testada em 07 arranjos diferentes

na composição dos materiais amortecedores e na configuração de instalação, sendo

02(dois) com postes de seção circular de PRFV e 05 (cinco) com seção DT de

concreto armado.

De acordo com Guimarães Jr (2013), as condições do experimento foram

mais exigentes do que a colisão em vias públicas, pois não houve redução de

velocidade provocada pelo instinto natural de proteção, não houve a pré-colisão com

outros anteparos como, por exemplo, o meio fio. Além do fato da vagoneta não

sofrer deformação plástica, sem perda de energia cinética. Os sistemas de proteção com luva de PRFV, em conjunto com os materiais

de enchimento, teriam a capacidade para absorver e dissipar energia através da

deformação dos materiais, antes de atingir a estrutura de concreto. Já os resultados

para sistemas de emendas em postes de seção DT apresentaram elevadas tensões

na borda inferior sujeita a compressão da seção (GUIMARÃES JR, 2013).

32

Já em ensaios realizados por Camillo Popp3 apud Thomaz (2003), após o

impacto, aproximadamente 10 cm de concreto e armadura foram destruídos e

segundo o autor, não devem ser considerados na seção resistente. Na Figura 22

estão representadas as duas configurações de armadura que resistiram ao impacto. Figura 22: Disposição das armaduras durante ensaio.

Fonte: Retirado de Thomaz (2003).

Para proteger o pilar contra o impacto de veículos, e consequentemente toda

a construção, uma alternativa é fornecer barreiras de proteção para edifícios

existentes em áreas urbanas ou comerciais, em que o risco de colisão é grande. Um

edifício com uma boa proteção no perímetro é mais bem protegido do que aqueles

em que um carro pode estar estacionado diretamente ao lado da estrutura.

Dessa forma, a Karagozian and Case (2015), desenvolveu um sistema de

barreiras que requer pouca ou nenhuma escavação para a base. Esse sistema está

representado na Figura 23 pode ser parcial ou totalmente pré-montado e prontamente

entregue ao local de instalação para colocação e montagem final.

3 Camillo Popp – Untersuchungen über den Stossverlauf beim Aufprall von Kraftfahrzeugen aufStützen und Rahmenstiele aus Stahlbeton (tradução: Ensaios sobre a variação do Impacto durante a colisão de caminhões com pilares e colunas de concreto armado).

33

Figura 23: Barreiras de proteção pré-montada.

Fonte: Retirado de Karagozian and Case (2015).

Seus principais benefícios são a redução dos custos de até 60% em

comparação com a instalação padrão. Necessita de escavação mínima e restringe o

acesso de veículos, mas permite o fluxo de pedestres.

Em resumo, no capítulo 3 é possível verificar que modelos numéricos em

elementos finitos são adequados para reproduzir ensaios experimentais. Uma série

de experimentos de impacto de carros em pilares foram estudados, para se entender

o processo de colisão e analisar seus efeitos sobre a estrutura. Em testes com

carros reais foi comprovado que o carro sofre deformações plásticas importantes e

após o impacto, aproximadamente 10 cm de concreto e armadura são destruídos e

não devem ser considerados na seção resistente. Além disso, os sistemas de

proteção com luva de PRFV teriam a capacidade para absorver e dissipar energia

gerada por meio da deformação dos materiais, antes de atingir a estrutura de

concreto.

A velocidade a partir da qual as estruturas de concreto similares aos postes

da rede de energia não suportariam a força do impacto seria de 45 km/h

(GUIMARÃES JR, 2013). Já pilares de concreto armado, com diâmetro inferior a 340

mm, dificilmente resistiriam a velocidades de impacto superiores a 40 km/h.

Considerando um carregamento de compressão axial confinado, equivalente ao

peso de 05 pavimentos de um prédio residencial, nas mesmas condições citadas por

Thilakarathana et al.(2010).

Uma das alternativas encontradas para proteção do perímetro contra o

choque de veículos é fornecer barreiras de proteção para edifícios. Essas barreiras

são classificadas em categorias corresponde à quantidade de energia cinética do

veículo no momento do impacto, para selecionar as mais apropriadas nas condições

específicas do local.

34

4 QUESTÕES RELACIONADAS A PROJETOS DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS SUBMETIDOS A CARGAS IMPULSIVAS

Além de pouco estudo na área de impacto em estruturas, ocorre uma grande

divergência entre as informações recomendadas em várias obras presentas na

literatura. É importante fazer um levantamento dos dados existentes para posterior

comparação e filtragem das informações mais relevantes.

4.1 Coeficientes de Impacto

Como mencionado na introdução, no Brasil não se tem dados conclusivos a

respeito do número de colisões em edifícios e tampouco estudos aprofundados na

área. No entanto, questões relacionadas à obtenção de coeficientes de impacto

começam a ser tratadas no Brasil, pela NBR 7188:2013 sobre cargas móveis em

projetos de pontes.

Em muitos problemas de engenharia é necessário trabalhar com cargas

móveis, como por exemplo, no projeto de pontes. Estas cargas possuem

características dinâmicas e, consequentemente, a resposta do elemento estrutural

também será dinâmica. Via de regra, a análise utilizada deveria ser dinâmica, no

entanto, em muitos casos uma análise estática equivalente pode ser utilizada.

Logo, em muitos casos de projeto se faz uso do chamado Coeficiente de

Impacto o qual busca multiplicar as cargas para poder-se, então, realizar a

análise estática. Esse procedimento é recomendado por alguns códigos normativos

e por muitos profissionais e a equação (45) mostra esse procedimento.

,estática equivalente estáticaf f (45)

A norma brasileira simplificou demasiadamente a obtenção do coeficiente de

impacto. Na NBR 7188:2013, são utilizados dois coeficientes, o CIV, que é o

coeficiente de impacto vertical, e o CIA, que é o coeficiente de impacto adicional.

O CIV é um coeficiente que amplifica a ação da carga estática, para assim,

simular o efeito dinâmico da carga em movimento e a suspensão dos veículos

automotores. A norma chama a atenção de que o CIV não simula e/ou elimina a

35

necessidade de análise dinâmica nas estruturas sensíveis e/ou de baixa rigidez, em

especial estruturas de aço e estruturas estaiadas.

Já o CIA, é destinado à majoração da carga móvel característica devido à

imperfeição e/ou descontinuidade da pista de rolamento, no caso de juntas de

dilatação e nas extremidades das obras, estruturas de transição e acessos. Seu

valor é de 1,25 para obras de concreto ou mistas e 1,15 para obras em aço. Deve

ser utilizado em qualquer seção de elemento estrutural que esteja a menos de 5m

de distância da descontinuidade estrutural.

O cálculo do CIV depende do vão da estrutura. Logo, para estruturas com vão

menor que 10 m, o CIV é dado por:

1, 35 10CIV vão m (46)

Para estruturas com vão entre 10 m e 200 m, o CIV é calculado da seguinte

forma.

201 1, 06 10 200

50CIV vão m

LIV

(47)

Em que, LIV é o comprimento do vão em metros para o cálculo do CIV, onde

para estruturas de vãos contínuos o LIV será a média aritmética dos vãos. Para

estruturas em balanço será igual ao comprimento do próprio balanço.

A forma de calcular o coeficiente de impacto se diferencia de acordo com

cada código normativo. A norma francesa de pontes utiliza a relação entre carga

permanente e acidental máxima, a norma sueca considera a velocidade do trem e,

outras, consideram a espessura do pavimento.

Já a abordagem da norma sueca apresenta-se como uma alternativa mais

atrativa para a análise estática equivalente. O que se deve ao fato de que a

quantidade de movimento e, consequentemente, o impacto dependem da massa e

da velocidade do objeto que irá colidir com a estrutura. Assim, é coerente relacionar

o coeficiente de impacto com o tipo de veículo e sua velocidade.

De acordo com Kozoman, Draganic, Varevac (2015), a norma EN 1991-1-7

divide o impacto em duas classes: forte e suave.

Impacto Forte: é uma colisão na qual a energia se dissipa principalmente no

corpo em colisão.

36

Impacto Suave: é uma colisão na qual a estrutura se deforma e absorve a

energia do impacto.

Com a rigidez e a massa do veículo, determina-se a força de impacto

usando a equação (48): 𝐹 = 𝑣 𝑘 . 𝑀 (48)

em que: 𝑣 : velocidade do veículo no impacto; 𝑘 : rigidez elástica equivalente do veículo (para impactos fortes) ou a da estrutura

impactada (para impacto suave); 𝑀: massa do veículo impactante.

Para calcular a duração do impulso utiliza-se a equação (49):

∆𝒕 = 𝑴𝒌𝒆 (49)

sendo: 𝑘 : rigidez elástica equivalente do veículo (para impactos fortes) ou a da estrutura

impactada (para impacto suave); 𝑀: massa do veículo impactante.

Estudos realizados por Abdelkarim e Elgawady (2016), consistiram em

análises de 13 parâmetros diferentes os quais as colunas poderiam estar

submetidas, como: diâmetro de coluna, nível de carga axial, profundidade do solo,

entre outros. Foi realizada a análise de 33 colunas através do método dos elementos

finitos pelo software LS-DYNA. De todos os parâmetros analisados, a velocidade e a

massa do veículo foram os mais influentes na colisão contra a coluna.

Através dessas investigações numéricas, foi apresentada a equação (50) que

calcula a força estática equivalente de projeto em função da massa e da velocidade

do veículo. A equação estima a energia cinética baseada em uma força estática

equivalente (𝐾𝐸𝐵 ):

𝐾𝐸𝐵 = 33 𝑚. 𝑣 = 46√𝐾𝐸

(50)

em que: 𝑚 = Massa do veículo em toneladas; 𝑣 = Velocidade do veículo em m/s;

37

𝐾𝐸 = Energia cinética do veículo em KN.m.

Com os resultados do estudo paramétrico foi desenvolvida uma nova

equação simplificada, equação (51), para estimar a quantidade de movimento

baseada na força estática equivalente (𝑀𝐵 ):

𝑀𝐵 = 130 𝑚. 𝑣 = 130 𝑃

(51)

sendo: 𝑚 = Massa do veículo em toneladas; 𝑣 = Velocidade do veículo em m/s; 𝑃 = Momento do veículo em ton*m/s.

Baseada na massa e velocidade do veículo, essa nova equação, para estimar

a força estática equivalente, possui precisão de mais de 90%. Isso permitirá que os

departamentos de transporte projetem diferentes colunas de pontes para diferentes

cargas de impacto (ABDELKARIM; ELGAWADY, 2016).

4.2 Modelos para Impacto

De acordo com Dusenberry (2010) não há como criar uma regra “um-para-

um” para relacionar a energia cinética e a carga estática equivalente, como a norma

brasileira adota. Isso se deve ao fato de que as forças de impacto variam

significativamente com o tempo e, também, por ser função dos mecanismos de

deformação e absorção de energia do veículo, bem como da resistência e rigidez da

barreira.

Uma alternativa, para a análise da resposta da barreira, seria equacionar a

energia cinética do veículo com o trabalho realizado na barreira e no veículo, como

propõe Dusenberry (2010). A equação (52) apresenta esse equacionamento.

vbKE W W (52)

b bW F x dx (53)

v vW F x dx (54)

em que,

KE : é a energia cinética;

38

bW : trabalho realizado na barreira;

vW : trabalho realizado no veículo; F : força generalizada entre a barreira e veículo;

bx : deslocamentos generalizados da barreira;

vx : deslocamentos generalizados do veículo.

Para análises conservadoras pode-se utilizar um sistema simplificado para a

barreira, visto as complexas interações que podem ocorrer entre a barreira e o

veículo em deformação durante o impacto. Essa análise simplificada pode ser

construída a partir de um sistema de um grau de liberdade.

Caso haja intenção de simplificar ainda mais a análise, pode-se optar por uma

análise estática equivalente. De acordo com a NBR 7188:2013, os pilares de pontes

próximos a rodovias e ferrovias devem ser verificados para uma carga horizontal de

colisão de 1000 kN na direção do tráfego e de 500 kN na direção perpendicular ao

tráfego, porém não concomitantes entre si. Essas cargas devem ser aplicadas a

uma altura de 1,25 m do terreno ou pavimento. Já os pilares existentes junto a

circulação de veículos em estruturas de garagem, devem ser verificados para uma

força horizontal de colisão de 100 kN na direção do tráfego e 50 kN perpendicular ao

tráfego aplicadas a uma altura de 1,0m do pavimento.

Essa recomendação da NBR 7188: 2013 não elimina o colapso parcial ou

total da estrutura em função da magnitude da colisão, além de não estar relacionada

com a massa e velocidade do veículo.

Estudos realizados por Kozoman, Draganic, Varevac, (2015), compararam os

códigos atuais europeus e norte-americanos estabelecendo modelos estáticos

equivalentes para descrever com precisão a ação dinâmica da colisão. Foi

desenvolvido um modelo numérico no software SAP2000 de um viaduto croata

típico, carregado com uma carga estática equivalente de acordo com as provisões

EN1991-7 e ASSHTO LRFD. Assumindo - se que o viaduto estava em uma rodovia

e dessa maneira o veículo se moveria com uma velocidade máxima de 130 km/h.

Os resultados mostraram que as forças dinâmicas de impacto são

significativamente maiores que as forças estáticas por causa da alta massa de

veículo proposta pelas provisões. A massa do caminhão foi de 30 toneladas para

EN1991-1-7 e 36 toneladas para AASHTO LRFD, produzindo um impacto dinâmico

de 5,3 e 3,3 vezes maiores, respectivamente, do que as forças de impacto estático

39

propostos. Já as forças obtidas por análise dinâmica para carros populares foram

muito semelhantes aos obtidos pela análise estática (KOŽOMAN; DRAGANIĆ;

VAREVAC, 2015).

O impacto de caminhões ou de ônibus em pilares de concreto armado de

prédios situados junto a ruas, estradas ou avenidas com tráfego de veículos

pesados pode causar a destruição de pilares. O que pode provocar a queda de uma

parte do prédio ou o todo, devido ao fato dos pilares não serem dimensionados para

resistir às forças de impacto.

De acordo com Thomaz (2003), para esses casos a norma alemã para projeto

de pontes recomenda que o pilar seja dimensionado para uma carga horizontal

estática H de 100 tonf (1000 kN) a 1,20m do chão, na direção do tráfego e uma

carga horizontal de 50 tonf, transversal à direção do tráfego, a 1,20m do chão.

Os pilares passíveis de serem atingidos por veículos rodoviários ou

embarcações em movimento devem ter sua segurança verificada quanto aos

choques assim provocados. Dispensa-se essa verificação se no projeto forem

incluídos dispositivos capazes de proteger a estrutura contra este tipo de acidente,

segundo a NBR 7187:2003. As forças de impacto em uma ponte durante a colisão de acordo com

Kamaitis (1997), dependem de parâmetros tais como: tipo, tamanho, massa e

velocidade, bem como a circunferência, posturas do acidente (excentricidade do

impacto, tamanho e forma das estruturas, etc).

Dependem também da deformação do veículo e da parte da estrutura

diretamente afetada, além da direção do impacto. A análise de um acidente de

colisão de veículo também pode ser baseada no pressuposto de que energia

cinética será transformada em deformação plástica no veículo, bem como a

deformação por danos estruturais da ponte (KAMAITIS, 1997).

No entanto, alguns parâmetros têm diferentes influências na força de impacto.

Testes realizados por Abdelkarim; Elgawady (2016) apontaram que o pico da força

dinâmica aumentou quando a relação de armadura longitudinal, diâmetro de coluna,

nível de carga axial, velocidade de veículo e massa de veículo aumentaram. Já força

diminuiu quando as distâncias da zona livre entre veículo e coluna aumentaram e

não foi afetado pela mudança da resistência do concreto, altura da coluna ou

profundidade cravada no solo.

40

Um estudo do efeito do impacto na infraestrutura de pontes é feito por Mason

(1967), o qual aponta que pontes também estariam sujeitas a um impacto vertical.

Segundo ele, um pilar de ponte é engastado na base e sujeito a solicitação variável

em seu topo, conforme ilustra a Figura 24. Essa solicitação pode ser causada por

choques ocasionais ou por uma força periódica.

O problema para pilares esbeltos seria regido pela equação diferencial (55):

𝜕²𝒖𝜕𝒕² = 𝒂² 𝜕²𝒖𝜕𝒙² 𝒂² = 𝑬𝒈𝜸 (55)

sendo: 𝒖: Deslocamento longitudinal; 𝑎: Velocidade de propagação da onda; 𝐸: Módulo de elasticidade; 𝛾 : Peso específico.

Figura 24: Representação de um pilar de ponte.

Fonte: Retirado de Mason (1967).

41

Essa velocidade da onda pode chegar a 5 km/s no concreto e até 20 km/s no

aço. As propagações das ondas sonoras nada mais são do que ondas elásticas de

choque, podendo ser consideradas instantâneas. A equação (55) é amplamente

estudada nos tratados de física e representa que em qualquer instante do

movimento, as forças elásticas do pilar estão em equilíbrio com as forças de inércia

em consequência do deslocamento longitudinal.

O pilar pode ser associado a uma mola externamente rígida, onde nesses

casos, a força aplicada em um extremo é transmitida sem majoração ou decréscimo

ao outro lado. Por isso não é feito qualquer redução de impacto e um choque

realizado no topo é transmitido integralmente à base. Já no caso de pilares maciços

a equação (55) deveria ser escrita para um espaço tridimensional. Dificilmente

chegaria a base, os impulsos do topo, sendo mais eficiente então não prever o

impacto (MASON, 1967).

Segundo Buth et al. (2010), para a mesma velocidade de deslocamento,

quanto maior o diâmetro do pilar menor a reação ao impacto. Ou seja, as estruturas

robustas de concreto, apresentam maior poder de absorção de energia.

Na Figura 25, de acordo com Guimarães Jr (2013) é possível visualizar a

distribuição da força de impacto em várias seções do pilar. Os pontos mais

afastados do centro de aplicação da força de colisão são os que absorvem menor

intensidade. Já à medida que se aproxima do centro de gravidade do caminhão,

onde ocorreu o contato principal com a estrutura do pilar de concreto aumenta o

valor da força. Neste ponto a força de impacto atingiu a intensidade máxima.

Figura 25: Diagrama de distribuição da força do impacto em relação ao ponto de contato entre veículo (caminhão) e o pilar de concreto de ponte.

Fonte: Retirado de Guimarães Jr (2013).

42

A estrutura de concreto será solicitada à compressão máxima e ao

cisalhamento em uma única seção, correspondente ao ponto de contato principal.

Nesse ponto ocorre a transferência de toda a força do impacto para a estrutura de

concreto do pilar (GUIMARÃES JR, 2013).

De acordo com testes realizados em software LS-DYNA a primeira força de

pico ocorreu quando o para-choque do veículo colidiu com a coluna. O segundo pico

de força, que foi o maior, era sobre a coluna e foi produzido pelo motor do veículo. O

terceiro pico ocorreu quando a carga do veículo atingiu a cabine, enquanto o quarto

pico foi produzido quando as rodas traseiras deixaram o chão (ABDELKARIM;

ELGAWADY, 2016).

Não é economicamente viável projetar e construir uma ponte com requisitos

muito rigorosos de nível de segurança, pois os acidentes de colisão de veículos em

estruturas de pontes são relativamente raros. Desse modo são mais comuns as

tomadas de medidas de prevenção como: medidas de regulação de tráfego,

medidas de proteção de pontes e introdução de avisos em pontes (KAMAITIS,

1997).

O capítulo 4 mostra que os cálculos para o coeficiente de impacto se

diferenciam de acordo com o código normativo. A norma francesa de pontes utiliza a

relação entre carga permanente e acidental máxima, a norma sueca considera a

velocidade do trem e, outras, consideram a espessura do pavimento.

A norma brasileira para cargas móveis em projetos de pontes simplificou a

obtenção do coeficiente de impacto classificando-os em vertical e adicional. Estes

estavam relacionados à energia cinética e a carga estática equivalente e não

consideravam a massa e velocidade do veículo. Essa norma brasileira se assemelha

com a norma alemã nas recomendações do dimensionamento de pilares de pontes.

Na distribuição da força da colisão no pilar, os pontos mais afastados do

centro de aplicação da força são os que absorvem menor intensidade. Já onde

ocorre o contato principal com a estrutura, a força de impacto atinge a intensidade

máxima.

As forças de impacto durante a colisão dependem de: tipo, tamanho, massa e

velocidade, bem como a circunferência, excentricidade do impacto, tamanho e forma

das estruturas. Além da deformação do veículo, da parte da estrutura diretamente

afetada, e da direção do impacto. No entanto, a velocidade e a massa do veículo

são os fatores que mais influenciam na força de impacto.

43

5 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DE COLISÃO EM ELEMENTOS ESTRUTURAIS

Simulações numéricas têm sido utilizadas com sucesso para determinar os

efeitos de dano de explosivos ou cargas de impacto de alta velocidade em materiais

à base de concreto. Modelos de materiais apropriados para concreto, concreto

reforçado e aço são necessárias para representar esses fenômenos.

Para determinar as influências dos parâmetros de carga e parâmetros de

resistência na quantidade de dano de um elemento estrutural, é preciso avaliar nos

parâmetros de carga os tipos, a forma e a massa do explosivo usado. Já os

parâmetros de resistência são a espessura do elemento estrutural, as características

do concreto armado (resistência e densidade), a distância da barra, o diâmetro da

barra e a espessura de concreto (GREULICH; GEBBEKEN, 2004).

Segundo Borovins’ek et al. (2007)4 apud Guimarães Jr (2013), quando os

parâmetros são monitorados, variações de até 10% dos ensaios experimentais em

relação aos resultados da simulação computacional podem ser consideradas

aceitáveis. Isso ocorre pelo falto de algumas variáveis não serem parametrizadas

como, a eficiência do sistema de amortecimento do veículo, temperatura, umidade e

ventos no instante da realização do ensaio. Todos esses fatos podem interferir na

velocidade de deslocamento e na condição de atrito entre os pneus e o terreno.

5.1 Análise pelo Método dos Elementos Finitos.

A modelagem numérica por meio do modelo de elementos finitos permite

obter um modelo completo para o estudo dos problemas de impacto sem a

necessidade de experimentos com carros reais. Na Figura 26 é representado um

modelo de colisão de veículos usando elementos finitos.

Como destacado por Sánchez (2001), esse é um método que considera a

região de solução do problema formada por pequenos elementos interligados entre

si. A região em estudo é modelada por um conjunto de elementos pré-definidos que

ao serem colocados juntos podem modelar formas geométricas bastante complexas.

4 BOROVINS’EK, M.; VESENJAK, M.; ULBIN, M.; REN, M. Simulation of crash tests for high containment levels of road safety barriers. Engineering Failure Analysis, v.14. 2007. ELSEVIER. www.sciencedirect.com.

44

A análise numérica resolve separadamente cada componente e depois os une para

obter o resultado final.

Figura 26: Modelo de elementos finitos para análise da colisão de dois veículos.

Fonte: Retirado de Sánchez (2001).

Na Figura 27 estão apresentados alguns tipos e formas de elementos finitos

que podem ser utilizados nas análises. Os programas baseados no MEF possuem

bibliotecas com centenas de elementos que podem ser empregados em simulações

numéricas.

Figura 27: Tipos e formas de elementos.

Fonte: Modificado de Silva (2009).

Elementos Unidimensionais

Elementos Bidimensionais

Elementos Tridimensionais

45

No caso de problemas unidimensionais, as barras possuem eixo reto ou

curvo. Em situações bidimensionais, os elementos são frequentemente aproximados

em quadriláteros ou triângulos. Em analises tridimensionais estes são geralmente

hexaedros, tetraedros ou pentaedro.

A ideia básica do MEF é dividir o domínio de integração da estrutura em um

conjunto de pequenas regiões, chamadas de elementos finitos. Esta divisão do

domínio é conhecida como malha, que é formada de elementos compostos de faces

e nós, que são pontos de intersecção e ligação entre os elementos. Buscando,

dessa forma, as soluções para cada elemento separadamente. Aplicando as

condições de contorno, tem-se um sistema de equações algébricas lineares. A

solução desse sistema de equações fornece os valores dos parâmetros nodais que

podem estar associados a deslocamentos, forças, tensões, entre outros (SILVA,

2009).

Segundo La Rovere (2002), o MEF sob o enfoque matemático pode ser

considerado como um método para solução de equações diferenciais parciais,

Problemas de Valor de Contorno ou Método das Diferenças Finitas. Sob o enfoque

físico é um método de discretização, em que uma infinidade de pontos em um

sistema contínuo são convertidos em um número finito de pontos de um sistema

discreto. Já sob o enfoque variacional, é uma modificação do método de Rayleigh-

Ritz, em que o domínio de integração é dividido em regiões.

A malha pode ser formada por elementos que se conectam através de nós,

de acordo com Silva (2009), permitindo assim que esta seja devidamente

entrelaçada entre os elementos adjacentes. A estrutura pode possuir uma malha

com múltiplos tamanhos de discretização. Em regiões onde se necessita de maior

detalhamento, uma malha mais refinada levará a uma maior aproximação da

solução exata. Já em regiões onde não se tem muito interesse pode se usar malhas

mais grosseiras.

De acordo com Clough; Penzien (2003), as funções de deslocamento são

chamadas de funções de interpolação, pois definem as formas produzidas pelos

deslocamentos nodais especificados. Essa variação dos deslocamentos dentro do

elemento que controlam as propriedades de rigidez.

O MEF é muito utilizado em análises estruturais, por possibilitar a flexibilidade

na aplicação de cargas e condições de contorno. A determinação da matriz de

rigidez e as propriedades físicas dos materiais usados são a base para determinar a

46

influência dos carregamentos. Com elas é possível determinar os deslocamentos e

tensões através da Lei de Hooke, segundo a qual, as tensões 𝜎 são proporcionais

às deformações 𝜀 como representado na equação (56).

𝜎 = 𝐸. 𝜀 (56)

sendo: 𝐸 : Módulo de elasticidade longitudinal (módulo de Young); 𝜎 : Tensão normal; 𝜀 = Deformação específica na direção da tensão normal.

A lei só é valida enquanto a deformação estiver na zona elástica linear do

material. Na zona plástica, por não ter comportamento linear a Lei de Hooke não

pode ser aplicada por apresentar valores de deformação abaixo das reais. Nas

simulações computacionais, quando se tem uma análise não linear, o programa

realiza inúmeras análises lineares em sequência através do diagrama de

tensão/deformação.

De acordo com Teixeira-Dias et al.(2010), as abordagens numéricas são

necessárias, pois na maioria das situações, os métodos analíticos não conseguem

dar resposta satisfatória a resolução de problemas reais complexos. Por exemplo,

existem abordagens analíticas como análise do comportamento de uma viga de

concreto armado, mas não é possível utilizar essa mesma análise para o

comportamento como em um edifício de concreto armado.

Para esses modelos, como o de impacto de veiculos em estruturas é

necessário recorrer a métodos numéricos. Sendo o método dos elementos finitos um

método computacional com o qual é possível analisar não o sistema real físico, mas

sim o modelo virtual criado. Segundo Azevedo (2003), a facilidade do MEF está no

uso do computador, devido a grande quantidade de cálculos necessários para se

resolver grandes sistemas de equações lineares.

Conforme Teixeira-Dias et al. (2010), para um modelo bidimensional, o

deslocamento de cada nó pode ser decomposto em duas componentes

perpendiculares no plano xy, referente aos possíveis movimentos no espaço

bidimensional, chamados de graus de liberdade. Nesse caso, cada nó tem dois

graus de liberdade, definidos como as variáveis de deslocamento. Em situações

47

tridimensionais, como em barras de treliças, cada nó têm três graus de liberdade,

relacionados com os deslocamentos desses pontos em três direções espaciais

ortogonais. No entanto, a definição dos graus de liberdade, quando aplicados a

outros problemas (com elementos finitos de viga, pórtico, placa e casca), podem

considerar os movimentos de translação e de rotação.

Segundo Azevedo (2003), em um ponto do espaço tridimensional pertencente

a um corpo sujeito a deslocamentos e deformações, são considerados seis graus de

liberdade. Neste caso, três se se referem aos deslocamentos no plano e três se

referem à rotação em torno de cada eixo. Após determinar os deslocamentos nodais, pode-se calcular as deformações

e em seguida as tensões. Essas resoluções se dão por equações diferenciais

parciais que são convertidas em equações diferenciais ordinárias, e integradas por

métodos convencionais. Ou seja, o principal objetivo do software é resolver um

sistema de equações simultâneas com a mesma quantidade do número total de

graus de liberdade e dessa forma determinar o vetor de deslocamentos nodais

(TEIXEIRA-DIAS et al., 2010).

Segundo Silva (2009), as etapas da solução de um problema através do MEF

podem ser divididas em etapas que ocorrem de forma simultânea e não

necessariamente nessa ordem:

Desenvolvimento das equações do elemento;

Discretização do domínio de solução em uma malha;

Montagem das equações do elemento;

Inserção das condições de contorno;

Resolução dos nós desconhecidos;

Cálculo da solução e das grandezas de cada elemento.

De acordo com Dornelles, Pereira (2006), no método dos elementos finitos,

assim como no método dos deslocamentos, existe uma matriz de rigidez e um

sistema de equações a ser resolvido para encontrar os deslocamentos dos nós e,

consequentemente os esforços correspondentes. Já para a montagem da matriz é

necessário envolver métodos energéticos.

O MEF em muitos casos emprega em sua formulação o uso e a manipulação

de matrizes. Muitos destas são triviais, como cálculo de determinante, mínimo de

48

uma matriz, cofatores, etc. Outros são mais avançados, como por exemplo, técnicas

para inversão de matrizes visando solucionar sistemas lineares de grande dimensão.

Normalmente as estruturas civis são baseadas em elementos simples, como

barra, viga e placa e dessa forma podem ser descritos por equações diferenciais

parciais (problema de valor de contorno). No entanto, também podem ser

solucionados através do método de Lagrange sem necessariamente resolver as

equações diferenciais (SILVA, 2009).

Segundo Malaguti (2013), os polinômios de Lagrange conseguem descrever

formas curvas, porém apresentam oscilações em situações de descontinuidade. A

resolução numérica de problemas descritos por equações pode ser feita de modo

que a resolução da equação seja obtida em sua forma diferencial, ou de forma que

as equações diferenciais sejam representadas por integrais ponderadas.

Em um exemplo de simulação matemática realizado por Francisco e Da Silva

(2010)5 apud Guimarães Jr (2013), foi possível estimar que a partir da velocidade 50

Km/h, a força de colisão tem poder destrutivo para desagregar a estrutura de

concreto. Esse fato ilustrado na Figura 28 ocorre em estruturas com 30 mm de

espessura e 30 MPa de resistência a compressão axial, deixando exposta a

armadura de aço.

Figura 28: Estrutura do pilar de concreto fraturado pela força do impacto veicular, sem acessório de proteção.

Fonte: Retirado de Guimarães Jr (2013).

5 FRANCISCO, E. P.; SILVA, I. N. L.; TORESAN JUNIOR, W.; BECK, J. C. P. Impacto deu um automóvel contra um poste de concreto: Uma simulação numérica. Revista brasileira de ciências criminais, São Paulo, 2010. 21p. http://www.ibccrim.org.br/site/revista/edicoesAnteriores.php

49

A estrutura de concreto não suportaria a ação destrutiva do impacto. Somente

aumentando a espessura do concreto, é que seria absorvida a parte da força do

impacto, quando passaria a ser verificada a ação do efeito inércia do concreto

(GUIMARÃES JR, 2013).

A plataforma ANSYS Autodyn é uma ferramenta para modelagens dinâmicas

não lineares de sólidos, fluidos, gases. O software permite a configuração e pós-

processamento de problemas através de solucionadores de elementos finitos para

dinâmica estrutural computacional (ANSYS INC., 2013a).

Em resumo, no capítulo 5 é possivel perceber que o MEF é muito utilizado em

análises estruturais, por possibilitar a flexibilidade na aplicação de cargas e

condições de contorno. Essas abordagens numéricas são necessárias, pois os

métodos analíticos não conseguem resolver problemas reais complexos em algumas

situações. Usando a plataforma de simulação ANSYS, é possivel executar várias

simulações em um mesmo modelo, testando uma maior quantidade de variações do

que seria possível com protótipos físicos. O uso de simulação não só está a favor da

economia de dinheiro e tempo, mas também reduzindo a exposição a situações

perigosas.

50

6 MÉTODO E MATERIAIS

Para a investigação do fenômeno de impacto, em barra metálica engastada

livre, a pesquisa foi dividida basicamente em uma fase experimental, descrita no

item 6.1, e uma fase de análise computacional, descrita no item 6.2.

De acordo com os objetivos apresentados, este trabalho pode ser classificado

como pesquisa experimental e exploratória. Segundo Fregoneze et al. (2014), uma

pesquisa experimental visa recriar em laboratório um modelo com certas

simplificações de uma porção da realidade e avaliando seus efeitos. Se necessário,

repetindo o procedimento com as modificações necessárias. Portanto, a

experimentação permite ao pesquisador estudar um fenômeno modificado, na

tentativa de descobrir algo não revelado.

A pesquisa experimental pode ser aplicada em laboratórios ou em campo. De

acordo com Fregoneze et al. (2014), na pesquisa em laboratórios, que é o objeto de

interesse, cria-se um cenário desejado, onde variáveis são controladas e

manipuladas de forma independente e dependente.

Já a pesquisa exploratória tem o objetivo de desenvolver, esclarecer e

modificar conceitos e ideias para a elaboração de problemas mais exatos para

pesquisas posteriores. É recomendado quando o tema escolhido não seja muito

explorado, dificultando a formulação de hipóteses precisas (FREGONEZE et al.,

2014), que é o caso dos estudos sobre impacto em estruturas.

6.1 Fase Experimental

6.1.1 Ensaio para análise impulsiva

O ensaio experimental, representado na Figura 29, consistiu em lançar através

de um aparelho de queda livre, uma esfera de aço com massa de 150,65 g e

diâmetro de 33,35 mm. Esse aparelho é composto por uma bobina que gera um

campo eletromagnético ao passar a corrente elétrica, mantendo assim a esfera em

sua posição inicial. Quando se desliga a corrente elétrica, a esfera é abandonada

em queda livre de uma altura h. Após certo tempo, a esfera colide com a barra

delgada de aço fixa horizontalmente, engastada em uma extremidade e livre na

outra, a partir da qual foram medidos os deslocamentos. A esfera atinge a barra na

51

direção vertical, a uma velocidade v. Este ensaio não é normatizado, pois foi

idealizado com base nos objetivos desta pesquisa.

Figura 29: Sistema montado para ensaio experimental.

Fonte: Autoria própria (2019).

A barra delgada possuía seção transversal de 30 mm x 5 mm com

comprimento de 1200 mm. Para representar o engastamento da barra foi utilizado 2

grampos sargento, e após fixada, a barra ficou com 1000 mm em balanço. Para

conhecer as medidas da seção transversal da barra, e diâmetro da esfera, foi

utilizado o paquímetro. Já para maiores distâncias como comprimento da barra e

altura do lançamento foi utilizada a trena. O prumo de centro também foi necessário

para garantir que a ponta do aparelho de queda livre estivesse na vertical com a

extremidade da barra. Mais detalhes do ensaio estão representados na Figura 30.

Para encontrar o deslocamento máximo, devido à deflexão da haste, foi

realizada a filmagem do ensaio utilizando a câmera GoPro (modelo Hero5 Black).

Para análise do vídeo, que é uma sequência de imagens denominadas frames,

utilizou-se o software Tracker que apresenta um frame por vez, permitindo assim se

fazer a análise da posição de um determinado objeto em diferentes instantes de

tempo (UFRGS, 2018). Para que as imagens do vídeo tivessem uma referência para

a escala, uma régua foi fixada no aparelho para queda de corpos. O vídeo foi

gravado em resolução 1080p, com taxa de 120 quadros por segundo e resolução da

tela de 1920x1080.

52

Figura 30: Detalhes do ensaio experimental.

a) Esfera de aço. b) Barra engastada de aço. c) Conjunto para queda de corpos.

Fonte: Autoria própria (2019).

Alternativas foram testadas, primeiramente com um carrinho sendo lançado

de uma pequena rampa de madeira, no entanto a velocidade alcançada não era

suficiente para deslocar a barra. Após a alteração da metodologia, foi utilizada uma

caneta fixa na extremidade da barra para marcar uma folha de papel e indicar o

deslocamento. Porém, a caneta perdia o contato com a folha e o atrito poderia

modificar os resultados. Portanto, o corpo lançado em queda livre e a utilização de

filmagens se mostraram como a alternativa mais viável para obter o deslocamento

máximo.

6.1.2 Determinação do módulo de elasticidade longitudinal

Antes do início dos ensaios de interesse, foi necessário fazer um ensaio

preliminar para determinar o módulo de elasticidade longitudinal da barra, como

mostra a Figura 31. Para isso a barra foi fixada horizontalmente por grampos

sargento representando o engastamento. A barra ficou em balanço com vão de 1003

mm, e ao lado foi posicionada uma trena para medição dos deslocamentos. Para a

trena permanecer na vertical, a mesma foi fixada em uma barra de aço presa em um

suporte de madeira.

53

Figura 31: Esquema para ensaio do módulo de elasticidade longitudinal.

Fonte: Autoria própria (2019).

Antes do ensaio, a parte inferior da barra marcava 3 cm (posição de equilíbrio

estático). Após colocar um corpo com massa de 5 Kg em sua extremidade, a barra

passou a marcar 18 cm. Desse modo, o deslocamento total foi de 15 cm. Detalhes

do ensaio estão representados na Figura 32. Figura 32: Medidas apresentadas antes e depois da aplicação do carregamento.

Fonte: Autoria própria (2019).

54

Após o ensaio, calculou-se o momento de inércia de uma seção transversal

retangular através da equação (57): 𝐼 = 𝑏. ℎ12 (57)

em que: 𝐼 : Momento de inércia em relação ao eixo horizontal que passa pelo centroíde da

seção transversal, na direção da base (largura - eixo x); 𝑏: base da seção transversal; ℎ: altura da seção transversal. A barra estudada tem seção retangular de (30 mm x 5 mm), desse modo tem-

se: 𝐼 = 30. 512 = 312,5 𝑚𝑚

(58)

Para o cálculo da flecha em barras engastadas em uma extremidade e

submetida a carregamento em outra, pode-se utilizar a teoria de flexão de vigas

conforme Beer et al. (2011). Logo, a flecha pode ser obtida pela equação (59):

𝛿 = 𝑃. 𝐿3 𝐸𝐼 (59)

sendo: 𝛿 = Flecha (deslocamento máximo); 𝐿 = Comprimento da barra; 𝑃 = Carga aplicada; 𝐸 = Módulo de elasticidade longitudinal (ou módulo de Young); 𝐼 = Momento de inércia da seção transversal.

Considerando o valor da aceleração da gravidade como g = 9,81 m/s², e a

massa do corpo sendo de 5 Kg, o cálculo da força peso aplicada se deu atráves da

equação (60): 𝑃 = 𝑚. 𝑔 (60)

assim, 𝑃 = 5 𝑥 9,81 = 49,05 𝑁 (61)

55

Para o ensaio estático, a barra possuía 100,3 cm em balanço, no entanto

deve-se considerar que o centroíde do corpo de 5 kg estava a uma distância de 3,65

cm. Desse modo, para o cálculo do valor total do comprimento do balanço,

considerou-se a distância de 96,65 cm, que representa a distância entre o engaste e

o centro da massa que foi utilizada para a força aplicada. Assim, pôde-se calcular a

flecha, substituindo os valores na equação (59):

𝛿 = 49,05 . 96,653 𝐸. 0,03125

15 = 472360213,7𝐸

(62) 𝐸 = 31490680,9 𝑁/𝑐𝑚

𝐸 = 314,90 𝐺𝑃𝑎

Portanto, pode-se verificar que, a barra em análise possui módulo de

elasticidade longitudinal de 314,9 GPa. Informação importante para posterior

insersão de dados na simulação computacional via software ANSYS.

Para validação desses resultados foi feita a análise estática com o software

ANSYS, com emprego do método dos elementos finitos. Desse modo, para uma

barra com módulo de Young de 314,9 GPa e comprimento de 1003 mm em balanço,

foi aplicada uma força de 49,05 N (Figura 33), obtendo assim os mesmos 15 cm de

deslocamento (Figura 34).

56

Figura 33: Validação do modelo computacional – modelo para análise estática.

Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 34: Validação do modelo computacional – resultados da análise estática.

Fonte: Autoria própria (2019).

Pode-se verificar que o resultado da simulação numérica foi equivalente ao

resultado do ensaio experimental. Garantindo assim, a confiabilidade da modelagem

computacional, utilização e interpretação ao utilizar o software Ansys.

6.1.3 Considerações

Para análise do impacto é necessário ter o conhecimento da velocidade do

corpo que entrará em colisão. Para esse ensaio, a determinação da velocidade se

deu através da equação (1), que depende da altura de lançamento da esfera de aço.

57

Nesta equação, a variável s representa a distância percorrida que foi

substituida pela altura h de lançamento da esfera. Como o corpo inicialmente estava

em repouso, deve-se considerar 𝑉 =0. Posteriormente, caiu em queda livre

submetido à aceleração da gravidade. Assim para a equação simplificada (63), tem-

se: 𝑉 ² = 0² + 2𝑔ℎ (63) 𝑉 = 2. 𝑔. ℎ

Os materiais utilizados nos ensaios foram:

Grampos Sargento;

Barras de aço;

Conjunto para queda de corpos;

Esferas de aço;

Câmera GoPro (modelo Hero5 Black);

Computador com software Traker;

Trena;

Paquímetro;

Régua;

Prumo de centro;

Corpo de massa de 5 Kg;

Suporte de madeira.

6.2 Simulação Computacional

A simulação computacional de impacto foi realizada via software ANSYS

Autodyn®, que utiliza o método dos elementos finitos em suas análises. Esse método

foi elaborado para resolver equações diferenciais parciais, ou seja, equações que

modelam problemas que envolvem funções de várias variáveis.

Basicamente os elementos finitos são o domínio de integração do problema,

divididos em um número discreto de regiões com dimensões finitas. A malha é

definida como o conjunto dessas regiões. Ao aumentar o número de elementos,

refinando a malha, a solução tende para a solução exata, ou seja, o método é dito

58

convergente. Os elementos estão interligados entre si por nós. As incógnitas do

problema estão em função de valores nodais relacionadas através de funções de

interpolação para cada elemento (LA ROVERE, 2002).

Para problemas unidimensionais os elementos finitos possuem forma de

segmentos. No caso de bidimensionais, são frequentemente quadriláteros ou

triângulos. E em analises tridimensionais são geralmente hexaedros, tetraedros ou

pentaedros (TEIXEIRA-DIAS et al., 2010).

O ANSYS pode realizar vários tipos de análises estruturais, como a estática,

modal, harmônica, espectral dinâmica transiente, flambagem e dinâmica explicita.

Os graus de liberdade nodais calculados em uma análise de estruturas são

deslocamentos e rotações. Outras como deformações, tensões e força de reação,

são derivadas dos deslocamentos nodais (MARINHO, 2002).

O método dos elementos finitos possibilita a simulação computacional de

problemas de impacto sem a necessidade de experimentos com carros reais. As

abordagens numéricas são necessárias, pois na maioria das situações, utilizar

métodos analíticos não é viável para obter a resolução de problemas reais

complexos. Por exemplo, ao usar o software ANSYS para modelos de impacto, de

veiculos em estruturas, não é possível analisar o sistema físico real, mas sim o

modelo virtual criado, alterando vários parâmetros, como massa e velocidade, o que

seria mais difícil utilizando prototipos fisicos.

A análise dinâmica explícita é utilizada para modelar eventos dinâmicos

transitórios, como testes de queda, além de eventos envolvendo rápida mudança

das condições de contato, falhas ou danos em materiais sofisticados ou severos

deslocamentos e rotações nas estruturas (ANSYS INC., 2009).

O método de Lagrange é o mais comumente usado pelo software e o mais

rápido computacionalmente para representar estruturas. É compatível para rastrear

ondas de choque e picos de pressão. Neste método busca-se a localização do

material do modelo discretizado, em seguida, suas deformações e como as forças

são aplicadas, resultando em elementos distorcidos. Já no método de Euler segue o

fluxo de materiais em toda a região representada por uma malha fixa. É ideal para

modelar deformações severas de sólidos, bem como o fluxo de líquidos e gases

(ANSYS INC., 2013).

O ANSYS divide o procedimento em três etapas para a análise de uma

estrutura:

59

Pré–processamento: condições determinadas antes do processamento

como a modelagem da geometria, tipo da malha, características do

material e condições iniciais;

Solução: definição do tipo de solução desejada;

Pós-processamento: apresentação dos resultados das análises.

De acordo com Teixeira-Dias et al. (2010) a fase de pré-processamento diz

respeito à construção do modelo geométrico e a definição dos carregamentos e das

condições a que este será submetido. Na análise todos os cálculos são efetuados e

as informações dos dados de entrada são verificadas. Não existindo erros, ficheiros

de saída são criados contendo toda a informação e os resultados requeridos pelo

utilizador. O pós-processamento encarrega-se da tarefa de apresentar os resultados

de diferentes formas gráficas e/ ou tabulares.

6.2.1 Descrição da modelagem computacional

Para a simulação computacional, foi instalado o software ANSYS Autodyn®,

licença estudantil, versão 19.1. Para iniciar o programa, deve-se abrir o ANSYS

Workbench 19.1.

Na página principal, tem-se uma caixa de ferramentas que permite selecionar

o tipo de análise estrutural de interesse. Para situações de análise dinâmica,

selecionar “Explicit Dynamics”, a partir do qual se inicia o menu da Figura 35.

Figura 35: Menu da análise dinâmica.

Fonte: Autoria própria (2019).

60

A partir deste menu, começa a determinação das variáveis do problema,

como a indicação das características do material, desenho da geometria, detalhes

da malha, condições iniciais como: velocidade, determinação do apoio, entre outros.

6.2.1.1 Características do Material

Em “Engineering Data”, se inicia a determinação das características do

material. O programa já contém uma biblioteca com alguns materiais definidos, mas

pode-se criar um material diferente dos existentes. Para a barra de aço do ensaio

deve-se atribuir “Structural Steel”, alterando somente o módulo de elasticidade

longitudinal (módulo de Young) de 200 GPa para 314,9 GPa ou 3,149.1011 Pa, como

representado na Figura 36. As outras características do material foram mantidas.

Figura 36: Propriedades do aço estrutural.

Fonte: Autoria própria (2019).

Para a esfera de aço foi criado um novo material, com nome de “Esfera”,

deixando outras características genéricas, alterando somente a densidade (64). Uma

vez que não havia interesse nas deformações da esfera.

𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 = 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎43 . 𝜋. 𝑅³

(64)

Como a esfera de aço tem massa de 150,65 gramas e diâmetro de 33 mm

pôde-se calcular assim a densidade da esfera. O resultado encontrado, dado pela

equação (65), foi posteriormente inserido no programa, como mostra a Figura 37.

61

𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 150,6543 . 𝜋. 16,5 = 150,6518816,6

(65) 𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 0,0080061 𝑔𝑚𝑚 𝑜𝑢 8006,1 𝐾𝑔𝑚

Figura 37: Propriedades da esfera de aço.

Fonte: Autoria própria (2019).

6.2.1.2 Geometria

Ao abrir “Geometry”, o programa redireciona o usuário para o “Design

Modeler”, uma plataforma para criar e modificar a estrutura em análise, ou seja,

desenhar as peças da estrutura.

Inicialmente, foi criada uma linha de 1000 mm com seção transversal

retangular de 30 mm x 5 mm. Na extremidade da barra foi colocada uma esfera de

33 mm de diâmetro, com centro de 16, 5 mm afastado da borda da barra, como

apresenta a Figura 38 e Figura 39.

62

Figura 38: Detalhes da esfera e da extremidade da barra.

Fonte: Autoria própria (2019). Figura 39: Geometria para simulação computacional, com esfera na extremidade.

Fonte: Autoria própria (2019).

Como alguns ensaios foram realizados com o impacto no centro do vão da

barra, a geometria para essa situação também foi criada, Figura 40.

63

Figura 40: Geometria para simulação computacional com esfera no centro do vão da barra.

Fonte: Autoria própria (2019).

Sendo essa, com centro da esfera posiciona a 500 mm de distância da

extremidade da barra.

6.2.1.3 Modelo

Em “Model”, o programa redireciona o usuário para o “Mechanical”,

plataforma que permite a simulação do impacto da esfera na estrutura. Em sua

página principal, tem-se o painel, Figura 41 que fornece as opções para inserção dos

dados para a análise.

64

Figura 41: Painel “Mechanical”.

Fonte: Autoria própria (2019).

“Geometry” - Nessa opção, atribuiu-se o material já predefinido nas etapas

anteriores a seu respectivo objeto. Para a esfera, “Solid”, atribui-se o material

“Esfera” e para a barra de aço, “Line body”, definiu-se o material como aço

estrutural, “Structural Steel”. Definiu-se o comportamento à rigidez como flexível,

Figura 42.

Figura 42: Detalhes das configurações de cada objeto.

Fonte: Autoria própria (2019).

65

“Mesh” - Nesta etapa, pôde-se gerar a malha automaticamente (Figura 43), o

que resultou em 65931 elementos e 12513 nós para serem calculados. A barra foi

discretizada com elementos de aproximadamente 0,032 m (3,2 cm), na direção do

eixo da barra. Figura 43: Detalhe da discretização da malha gerada automaticamente.

Fonte: Autoria própria (2019).

A barra, o objeto do estudo, possuía malha grosseira, enquanto a esfera

possuía malha extremamente refinada. Portanto foi necessário fazer uma análise de

convergência para definir a nova malha. Desse modo, a dimensão do elemento finito

da barra foi alterada para 0,01 m (1 cm) e da esfera para 0,003 m (3 mm). Fazendo

com que o novo modelo tivesse 2633 elementos (100 elementos referentes à barra e

2533 à esfera) e 732 nós (201 referentes à barra a barra e 531 à esfera), Figura 44.

66

Figura 44: Detalhe da discretização da malha após alterações.

Fonte: Autoria própria (2019).

A esfera foi discretizada com elementos tetraédricos, pois estes se adaptam

facilmente a qualquer tipo de contorno. Já a barra foi configurada para hexaedros.

“Explicit Dynamics”: Deve-se inserir a velocidade desejada nas condições

iniciais, “Initial conditions”. Para cada ensaio, tem-se um valor de velocidade

diferente, dado pela equação (63), em função da altura de lançamento da esfera.

Devido aos eixos adotados, a componente velocidade deve ser aplicada na esfera,

com sinal negativo, no eixo z. Na Figura 45, está um exemplo da velocidade de 2,9

m/s aplicada à esfera.

67

Figura 45: Velocidade aplicada à esfera.

Fonte: Autoria própria (2019).

Ainda em “Explicit Dynamics”, deve-se inserir o engastamento da barra,

“Fixed Support”, como representado na Figura 46 e em configurações, “Analysis

Settings”, colocar o tempo de análise de 0,07 segundos. Através de alguns testes foi

verificado que esse é o tempo suficiente para que a barra atinja seu máximo

deslocamento.

Figura 46: Engaste aplicado à barra.

Fonte: Autoria própria (2019).

68

“Solution” - Seleciona quais os resultados são de interesse para a análise.

Nesta etapa, foi inserido “Total Deformation” que forneceu o máximo deslocamento

do conjunto e “Deformation Probe”, que forneceu o máximo deslocamento da barra.

Apesar de no software estar “Deformation”, o termo equivalente não é deformação,

mas sim o deslocamento da estrutura.

Após definidas as condições de contorno, materiais e os resultados

desejados, foi selecionado “Solve”. O ANSYS após verificar as condições, cria a

malha, resolve o que foi solicitado e exibe os resultados em uma janela gráfica.

Para cada análise com as características descritas acima, o programa

demorava cerca de 25 minutos para o processamento dos resultados. Esse tempo

foi considerado para um notebook com processador Intel Core i5, 4GB de memória

RAM, sistema operacional de 64 bits e Windows 10.

69

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.1 Fase Experimental

Para encontrar o máximo deslocamento da barra, foi feita a análise do vídeo

através do software Tracker (programa gratuito). Inicialmente, foi adotado o eixo das

coordenadas, na extremidade da barra, como na Figura 47. Posteriormente o vídeo foi

colocado em escala, ao utilizar a régua presa ao conjunto de queda livre, atribuindo-

lhe os seus 20 cm. Após montado o esquema para análise, Figura 48, deve-se

reproduzir o vídeo 1 frame por vez, até encontrar a posição do deslocamento

máximo na barra.

Figura 47: Detalhe do eixo de coordenadas fixo na extremidade da barra.

Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 48: Esquema montado para análise no Tracker.

Fonte: Autoria própria (2019).

70

Para o ensaio no qual a distância H entre o conjunto para queda de corpos e

a barra foi de 40 cm, o deslocamento encontrado foi de 3,613 cm. Para encontrar

esse resultado, ao atingir o máximo deslocamento, um ponto foi marcado na

extremidade da barra, Figura 49. Através de sua coordenada, temos o máximo

deslocamento, como na Figura 50.

Figura 49: Ponto marcado quando barra atinge o máximo deslocamento.

Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 50: Coordenada do ponto de máximo deslocamento.

Fonte: Autoria própria (2019). As mesmas etapas foram seguidas, para encontrar o máximo deslocamento

dos próximos 15 ensaios realizados.

71

7.2 Simulação Computacional

Em um dos ensaios realizados, no qual o impacto foi na extremidade da

barra, a distância H entre o conjunto para queda de corpos e a barra, era de 40 cm.

Foi necessário descontar o diâmetro de 33 mm da esfera, para encontrar a altura h

de queda livre, que foi de 36,7 cm. Essa altura, após convertida para metros, foi

inserida na equação (63), encontrando assim a velocidade de queda livre da esfera.

Deve-se considerar a aceleração da gravidade como 9,81 m/s². Assim tem-se:

𝑉 = 2 .9,81. 0,367 = 2,683 𝑚/𝑠

(66)

Na simulação computacional, o único dado que variou para cada ensaio foi o

valor da velocidade. Esse valor foi inserido no ANSYS, nas condições iniciais.

7.2.1 Impacto na extremidade da barra

Após o software ter encontrado os resultados, ao selecionar “Total

Deformation” tem-se os deslocamentos do conjunto (barra + esfera). Na Figura 51,

pode- se observar que esse máximo ocorre na esfera representada por “Solid”.

Figura 51: Resultados do Deslocamento Total do conjunto para impacto na extremidade da barra.

Fonte: Autoria própria (2019).

72

O programa também fornece os resultados na forma de animação,

possibilitando analisar os deslocamentos em função do tempo. O que está

representado na Figura 52, Figura 53 e Erro! Fonte de referência não encontrada..

Figura 52: Sucessão de imagens do deslocamento e suas respectivas ampliações para o tempo de 0 a 0,01842 segundos.

Fonte: Autoria própria (2019).

73

Figura 53: Sucessão de imagens do deslocamento e suas respectivas ampliações para o tempo de 0,03315 a 0,07 segundo.

Fonte: Autoria própria (2019).

74

Como o interesse é no deslocamento da barra, deve-se selecionar

“Deformation Probe”. Além de indicar o máximo valor de deslocamento da barra,

tem-se o gráfico de deslocamento em função do tempo, Figura 54.

Figura 54: Resultado do deslocamento máximo da barra com impacto na extremidade.

Fonte: Autoria própria (2019).

Pode-se observar então que para uma velocidade de 2,683 m/s de queda

livre da esfera, o máximo deslocamento da barra foi 36,87 mm.

7.2.2 Impacto no centro do vão da barra

Para ensaios com impacto no centro do vão da barra, a única variação foi na

geometria da estrutura, Figura 55. A obtenção dos resultados se deu através das

mesmas etapas explicadas anteriormente. Por exemplo, para a mesma velocidade

de 2,683 m/s, agora aplicada no centro da estrutura, tem–se o deslocamento de

1,887 cm (Figura 56).

75

Figura 55: Resultados do deslocamento total do conjunto para impacto no centro do vão da barra.

Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 56: Resultado do máximo deslocamento, específico na barra, com impacto no centro do vão.

Fonte: Autoria própria (2019).

Todos esses resultados foram comparados com os valores dados pelo

software Tracker, para verificar a se há boa equivalência entre os valores obtidos

experimentalmente e os resultantes da simulação computacional.

76

7.3 Apresentação dos Resultados

Os resultados do ensaio experimental e do software ANSYS, foram inseridos

em uma planilha (Tabela 1) para facilitar a comparação dos resultados.

Tabela 1: Resultados dos ensaios experimentais e computacionais (ANSYS).

Nº ensaio Posição do impacto

H total (cm)

h (mm) v (m/s²)

Deslocamento (mm) Diferença

(mm) Experimental ANSYS

1 Extremidade 90 867 4,124 57,99 59,15 -1,16 2 Extremidade 80 767 3,879 55,92 57,47 -1,55 3 Extremidade 70 667 3,618 47,32 52,50 -5,18 4 Extremidade 64 607 3,451 49,32 51,07 -1,75 5 Extremidade 60 567 3,335 45,18 47,46 -2,28 6 Extremidade 59 557 3,306 44,81 47,07 -2,26 7 Extremidade 50 467 3,027 37,29 43,14 -5,85 8 Extremidade 46 427 2,894 41,91 42,06 -0,15

9 Extremidade 40 367 2,683 36,13 36,87 -0,74 10 Extremidade 30 267 2,289 32,35 31,69 0,66 11 Extremidade 20 167 1,810 26,67 26,16 0,51 12 Extremidade 15 117 1,515 23,87 21,06 2,81 13 Centro do vão 70 667 3,618 27,06 24,72 2,34 14 Centro do vão 60 567 3,335 23,32 23,05 0,27 15 Centro do vão 50 467 3,027 18,87 21,15 -2,28 16 Centro do vão 40 367 2,683 17,1 18,87 -1,77

Fonte: Autoria própria (2019).

De acordo com os dados apresentados pode-se observar que a máxima

diferença entre os resultados foi de 5,85 mm, que ocorreu para o impacto na

extremidade da barra. Essa diferença se deve ao ângulo de inclinação para

gravação das filmagens, marcação do ponto para análise das coordenadas no

software, além da posição do impacto na barra que não podia ser totalmente

controlado.

No entanto, houve boa consistência entre os deslocamentos obtidos por

ensaios experimentais, e os obtidos pelo método dos elementos finitos do software

ANSYS. Os resultados foram próximos, pois primeiramente foi determinado o

módulo de elasticidade da barra através do ensaio experimental, e os ensaios de

impacto e simulação computacional foram executados com rigor. Por exemplo, o

77

modelo real foi executado cuidando de vários detalhes como, utilizando um prumo

de centro para definir os pontos de impacto desejado. Já na simulação

computacional, foram realizados estudos de convergência dos resultados para

definir a malha e tempo de análise.

Portanto o software é uma importante ferramenta, mas é essencial que o

usuário tenha conhecimento de aspectos como dados de entrada, características

mecânicas dos materiais e o tipo de análise que procura para assim solicitar as

respostas adequadas. Através desses resultados tem-se embasamento para a

determinação do coeficiente de impacto.

7.4 Determinação do Coeficiente de Impacto

Como a equação (45) estabelece, o coeficiente de impacto é dado pela razão

entre a força estática equivalente e a força estática que é devido ao produto da

massa pela aceleração da gravidade. Para a determinação da força estática foi

utilizada a equação (60), obtendo-se assim a equação (67):

𝑓 á = 𝑚. 𝑔 (67)

Considerando o valor da aceleração da gravidade como g = 9,81 m/s², e a

massa da esfera de aço de 0,15065 kg, o cálculo da força estática se deu atráves da

equação (68):

𝑓 á = 0,15065.9,81 = 1,477 𝑁 (68)

Já a força estática equivalente foi calculada através da equação (59), para

impactos na extremidade da barra, agora representada pela equação (69):

𝛿 = 𝑓 á , . 𝐿3 𝐸𝐼 (69)

Devem-se substituir os valores conhecidos (comprimento, momento de inércia

e módulo de elasticidade) e deixar os deslocamentos em função da 𝐹 á , , para assim encontrar uma nova equação simplificada (70). Do

78

comprimento da barra de 100 cm, deve-se descontar 1,65 cm da aplicação da carga,

resultando desse modo em um balanço de 98,35 cm. 𝛿 = 𝐹𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑎,𝑒𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑒. 98,353. 314,9. 10 . 0,03125 (70)

𝐹 á , = 𝛿0,322.

Para a determinação do coeficiente de impacto, considerou-se que o

deslocamento provocado pela carga equivalente, equação (70) será o mesmo obtido

quando a força estática da equação (68) for multiplicada por um coeficiente de

amplificação. Essa consideração é possível, uma vez que todas as análises foram

feitas no regime elástico, considerando a teoria de vigas de Euler-Bernoulli.

Portanto, a partir da razão entre 𝐹 á , e a 𝐹 á tem-se os

coeficientes de impacto, apresentado na Tabela 2 para as respectivas velocidades de

ensaio, com esfera de massa 150,65 g e impacto na extremidade da barra.

Tabela 2: Resultados do coeficiente de impacto na posição da extremidade.

Nº ensaio v (m/s²)

Deslocamento ANSYS (cm)

Fest, equiv (N)

Coeficiente de Impacto

1 4,12 5,91 18,37 12,44 2 3,87 5,74 17,84 12,08 3 3,61 5,25 16,30 11,04 4 3,45 5,10 15,86 10,74 5 3,33 4,74 14,73 9,98 6 3,30 4,70 14,61 9,90 7 3,02 4,31 13,39 9,07 8 2,89 4,20 13,06 8,84 9 2,68 3,68 11,45 7,75 10 2,28 3,16 9,84 6,66 11 1,81 2,61 8,12 5,50 12 1,51 2,10 6,54 4,43

Fonte: Autoria própria (2019).

Já para os ensaios onde o impacto foi no centro do vão da barra, o cálculo do

deslocamento máximo, conforme Gere (2003), se deu pela equação (71):

79

𝛿 = 𝑃. 𝑎²6. 𝐸. 𝐼 (3. 𝐿 − 𝑎) (71)

𝛿 = Deslocamento máximo; 𝐿 = Comprimento da barra; 𝑎 = Distância do engaste à força aplicada; 𝑃 = Força aplicada; 𝐸 = Módulo de elasticidade longitudinal; 𝐼 = Momento de inércia da seção transversal.

Portanto, para o cálculo da força estática equivalente para impactos na região

central, têm-se a equação (72), onde ocorreu a substituição da força aplicada:

𝛿 = 𝑓 á , . 𝑎²6. 𝐸. 𝐼 (3. 𝐿 − 𝑎) (72)

Desse modo, ao substituir os valores encontrados, pode-se encontrar a

equação simplificada (73):

𝛿 = 𝐹𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑎,𝑒𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑒. 50²6. 314,9. 10 . 0,03125 (3.100 − 50) (73) 𝐹 á , = 𝛿0,105

Logo, ao calcular a razão entre 𝐹 á , e a 𝐹 á , têm-se o coeficiente

de impacto (Tabela 3) para impacto no centro do vão da barra, com suas respectivas

velocidades de ensaio.

Tabela 3: Resultados do coeficiente de impacto na posição central.

Nº ensaio v (m/s²)

Deslocamento ANSYS (cm)

Fest, equiv (N)

Coeficiente de Impacto

13 3,61 2,47 23,54 15,94 14 3,33 2,30 21,95 14,86 15 3,02 2,11 20,14 13,63 16 2,68 1,88 17,97 12,16

Fonte: Autoria própria (2019).

80

Com os resultados encontrados, pôde-se montar um gráfico (Figura 57) para

observar o comportamento do coeficiente de impacto em função da velocidade de

colisão do objeto. Figura 57: Gráfico do coeficiente de impacto em função da velocidade.

Fonte: Autoria própria (2019).

Quando o impacto ocorrer na extremidade da barra, o valor do coeficiente se

reduz de 30% a 36% quando comparado ao valor do coeficiente obtido para impacto

no centro do vão da barra, para uma mesma velocidade. Pode-se, também, observar

que o gráfico do coeficiente de impacto em função da velocidade se aproxima a uma

função linear. O que era esperado, pois as análises consideraram o comportamento

elástico-linear do material.

A partir desses resultados, pode-se fazer simulações computacionais de

situações reais presentes no cotidiano, como a de veículos de diferentes massas

colidindo em pilares e postes a diferentes velocidades.

7.5 Determinação do Coeficiente de Impacto para Pilares

Utilizando o software ANSYS Autodyn, foi feita simulação computacional de

uma situação cotidiana, como a colisão de carros em postes. Para isso, foi

considerada a situação de objetos com diferentes massas colidindo com velocidades

distintas em um pilar de 3 metros de altura, com seção I de aço estrutural, Figura 58.

A seção transversal do pilar possui altura de 20 cm com espessura da alma e da

mesa de 5 cm. O pilar possui massa de 588,75 kg e volume de 75000 cm3. O

momento de inércia, referente à direção do impacto, é de 12083,3 cm4. Foi

considerado o módulo de elasticidade longitudinal de 200 GPa para aço estrutural.

4

6

8

10

12

14

16

18

1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5

Coe

ficie

nte

de Im

pact

o

v (m/s)²

Impacto na ExtremidadeImpacto no centro

81

Em um levantamento realizado por Murray (1988)6 apud Mariolani (2009),

para um estudo que examinou os impactos de carros com caminhões, foram

analisados 49 veiculos sem carga. As alturas de seus para-choques dianteiros

variavam entre 350 mm a 600 mm.

Para esta pesquisa, o ponto de impacto adotado foi a 600 mm da base,

portanto foi escolhido o maior extremo. As simulações foram feitas com velocidades

de 10 km/h, 20 km/h, 30 km/h, 40 km/h e 50 km/h para colisão de objetos com

diferentes massas.

Figura 58: Representação da força de impacto a 60 cm em pilar de 3m.

Fonte: Autoria própria (2019).

A malha utilizada neste exemplo englobava 185 elementos hexagonais e 337

nós. A barra possuía elementos de aproximadamente 5 cm e o sólido de 4 cm.

Nessa situação, o cálculo da força estática equivalente se deu como na

equação (72), mas com o valor da distância entre a força aplicada e o engaste de 60

cm. Substituindo os valores na equação, têm-se a equação simplificada (74), da

força estática equivalente, em função dos deslocamentos.

6 MURRAY, N. W. Study of car-truck impacts and the feasibility of fitting energy-absorbing guards to heavy trucks. Clayton, Australia: Monash University, Dept. of Civil Engineering, 1988.

82

𝛿 = 𝑓 á , . 60²6.200. 10 . 12083,3 (3.300 − 60)

𝑓 á , = 𝛿2,085. 10

(74)

Já para a força estática a equação utilizada foi a (67), onde ocorreu a

substituição das massas por 10 kg, 50 kg, 100 kg, 500 kg, 900 kg, 1000 kg, 1500 e

2000 kg, respectivamente. Após calcular a razão entra a força estática equivalente e

estática, obteve-se os valores de coeficiente de impacto (Tabela 4), para pilares de

aço estrutural de 3 m com impacto a 60 cm da base.

Tabela 4: Resultados do coeficiente de impacto para pilares metálicos com de 3 m de comprimento.

Vel. (km/h)

Desloc. (cm)

Fest, equiv (KN)

Coeficiente de impacto

Vel. (km/h)

Desloc. (cm)

Fest, equiv (KN)

Coeficiente de impacto

Massa = 10 Kg Massa = 50 Kg

10 0,02 11,51 117,33 10 0,09 44,60 90,93 20 0,04 23,02 234,67 20 0,18 89,20 181,87 30 0,07 34,05 347,12 30 0,28 134,77 274,76 40 0,09 45,56 464,46 40 0,37 179,85 366,67 50 0,11 57,07 581,79 50 0,46 224,94 458,59

Massa = 100 Kg Massa = 500 Kg 10 0,20 99,47 101,39 10 0,89 431,17 87,90 20 0,41 198,22 202,06 20 1,80 864,26 176,20 30 0,61 296,30 302,04 30 2,70 1294,96 264,00 40 0,82 394,14 401,78 40 3,59 1726,13 351,91 50 1,02 492,08 501,61 50 4,49 2153,95 439,13

Massa = 900 Kg Massa = 1000 Kg

10 1,45 698,32 79,09 10 1,65 794,72 81,01 20 2,91 1397,12 158,24 20 3,31 1587,53 161,82 30 4,34 2083,93 236,03 30 4,92 2363,07 240,88 40 5,73 2749,64 311,43 40 6,48 3111,75 317,20 50 7,02 3368,34 381,50 50 8,09 3881,05 395,62

Massa = 1500 Kg Massa = 2000 Kg

10 2,42 1162,59 79,00 10 3,25 1560,67 79,54 20 4,81 2308,39 156,87 20 6,51 3122,78 159,16 30 7,19 3451,79 234,57 30 9,79 4698,80 239,50 40 9,67 4640,28 315,34 40 13,22 6340,52 323,16 50 12,26 5881,05 399,66 50 16,62 7975,06 406,47

Fonte: Autoria própria (2019).

83

A partir dos resultados, pôde-se montar um ábaco (Figura 59) que possibilita a

simplificação dos cálculos numéricos. Neste ábaco, o coeficente de impacto está em

função da massa e da velocidade de impacto do veículo. Isso ocorre, pois ao

multiplicar a massa de um veículo pela aceleração da gravidade e posteriormente o

coeficiente de impacto ( ) encontrado pelo ábaco, obtém-se a força estática

equivalente, como na equação (75). 𝑓 á , = 𝑚. 𝑔. (75)

Figura 59: Ábaco para pilares metálicos de 3m engastados na base e livre no topo, com seção I e impacto a 60 cm da base (análise elástica-linear).

Fonte: Autoria própria (2019).

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

550

600

650

0 10 20 30 40 50 60

Coe

ficie

nte

de Im

pact

o

Velocidade (km/h)

M= 10 kg M= 50 kg

M= 100 kg M= 500 kg

M= 900 kg M= 1000 kg

M= 1500 kg M= 2000 kg

84

A força estática equivalente encontrada, quando aplicada nesse pilar de 300

cm a uma altura de 60 cm, deve gerar o mesmo valor de deslocamento dinâmico

encontrado pelo ANSYS.

7.5.1 Exemplo de utilização do ábaco e verificação da carga estática equivalente

Exemplo 1: Supondo que um carro modelo Fiat Mobi de 900 kg colida em um pilar

metálico de 3 metros de altura a 50 km/h, qual a força estática equivalente para se

realizar a análise estática da situação?

Figura 60: Exemplo de veículo prestes a colidir em pilar metálico.

Fonte: Modificado de Webmotors (2019).

Primeiramente deve-se entrar com a massa de 900 kg e a velocidade de 50

km/h no ábaco da Figura 59. Para essa situação encontra-se um valor aproximado do

coeficiente de impacto de 380 (o valor exato seria 381,5). O valor da força estática

equivalente é dado pela equação (75), resultante da multiplicação da força peso do

veículo pelo coeficiente, obtendo-se:

𝑓 á , = 900. 9,81. 380 (76)

85

𝑓 á , = 3.355.020,00 𝑁

Para verificação dos resultados foi feita a análise estática da estrutura. O

resultado encontrado foi aplicado na barra metálica a uma altura de 60 cm da base,

como representado na Figura 61.

Figura 61: Modelo computacional para análise estática de pilar com Fiat Mobi a 50 km/h.

Fonte: Autoria própria (2019). Na análise estática, a malha gerada possuía 1037 elementos tetraédricos

com 2236 nós e dimensão aproximada de 10 cm. Após o processamento, o

programa apresentou o resultado de 7,19 cm (no topo do pilar), como na Figura 62.

86

Figura 62: Resultado da análise estática para impacto de Fiat Mobi a 50 km/h.

Fonte: Autoria própria (2019).

Segundo a Tabela 4, para o impacto de um objeto com massa de 900 kg a 50

km/h, o deslocamento encontrado era de 7,02 cm. Dessa forma a variação entre os

resultados foi de 0,17 cm.

Exemplo 2: Para um veículo Hilux (Figura 63), de aproximadamente 2000 kg

colidindo a 30 km/h em um pilar metálico de 3m, qual a força estática equivalente?

Figura 63: Exemplo de veículo Hilux prestes a colidir em pilar metálico.

Fonte: Modificado de Webmotors (2019).

87

Para essa situação, o ábaco da Figura 59 indica um coeficiente de impacto

aproximado de 240 (o valor exato seria 239,5). Desse modo, a força estática

equivalente é dada pela equação (77): 𝑓 á , = 2000. 9,81. 240 (77) 𝑓 á , = 4.708.800,00 𝑁

Fazendo a análise estática pelo Ansys, essa força aplicada na barra gerou um

deslocamento de 10,09 cm, como representado na Figura 64. Na Tabela 4 o resultado

do deslocamento dado pela análise dinâmica foi de 9,79 cm, resultando assim em

uma variação entre os resultados de 0,3 cm.

Figura 64: Resultado da análise estática para impacto de Hilux a 30 km/h

Fonte: Autoria própria (2019).

Pôde-se verificar que a força estática equivalente resulta em um valor de

deslocamento aproximado ao encontrado através da análise dinâmica pelo ANSYS.

A diferença entre os resultados se deu, pois o coeficiente de impacto adotado foi

através da observação do ábaco, Figura 59, valor que se aproxima do coeficiente

exato encontrado pela Tabela 4. Comprova-se assim, que o os coeficientes de

88

amplificação dinâmica, dados em função da massa e da velocidade, são válidos no

regime elástico-linear e podem ser considerados para uma análise simplificada em

projetos de pilares sujetos a cargas de impacto.

Com a força estática equivalente, resultante da multiplicação da força peso do

veículo pelo coeficiente de impacto encontrado pelo ábaco, pode-se encontrar o

deslocamento da estrutura. Através dessa força é possível criar os diagramas de

força normal, cortante e momento fletor.

Baseado nos diagramas criados pode-se dimensionar novos pilares para

resistir à força de impacto de parte dos veículos, para evitar assim maiores danos no

futuro. Para o estudo englobar diferentes situações basta fazer uma análise dos

materiais e dimensões dos pilares de interesse, e as velocidades do objeto que irão

colidir montando assim um ábaco para novas situações.

89

8 CONCLUSÃO

No Brasil, não se tem muitas informações a respeito do número de colisões

em edifícios, mas através de dados fornecidos pelo DNIT pôde-se perceber que em

rodovias federais a colisão de veículos contra objetos fixos está entre as principais

categorias de acidentes. Em Campo Mourão e Ubiratã o choque de veículos contra

postes da rede de distribuição de energia teve um aumento significativo nos últimos

anos, gerando prejuízos financeiros à concessionária responsável.

Como o impacto de veículos contra estruturas é uma ação excepcional, não é

usual projetar edifícios considerando esse carregamento. No entanto, existem

situações que pilares de edifícios poderão ficar vulneráveis ao impacto de veículos,

como é o caso de pilares em pilotis, garagem e em esquinas com o tráfego intenso.

Como o objetivo principal do presente trabalho foi analisar o comportamento

de barras submetidas a impacto, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre

ensaios de colisão já realizados, além de artigos técnicos publicados

correlacionados ao tema e o levantamento de algumas normas.

O coeficiente de impacto, apresentado nesta pesquisa, busca multiplicar as

cargas estáticas para reproduzir a ação da análise dinâmica. Entretanto, a NBR

7188:2013, sobre cargas móveis em projetos de pontes, não considera a massa e

velocidade do veículo para obter os coeficientes de impacto. Já nos estudos

realizados por Abdelkarim e Elgawady (2016), entre vários parâmetros analisados, a

massa e velocidade do veículo foram os mais influentes na colisão contra o pilar.

Uma vez estabelecida toda a teoria, os ensaios foram realizados, levando essas

variáveis em consideração.

O ensaio experimental consistiu em uma esfera de aço, sendo lançada a

partir de um aparelho para queda de corpos em uma barra de aço engastada. O

deslocamento máximo foi encontrado pelo software Tracker. Inicialmente o módulo

de elasticidade longitudinal da barra foi determinado. A simulação computacional foi

realizada via software ANSYS Autodyn®, que utiliza o método dos elementos finitos.

Através dos resultados obtidos pode-se comprovar a confiabilidade do

software e teve-se embasamento para a determinação do coeficiente de impacto.

Ele é dado pela razão entre a força estática equivalente e a força estática. Em

seguida, foram feitas simulações computacionais de veículos de diferentes massas

colidindo a diferentes velocidades em um pilar metálico de 3 metros com seção I. A

90

partir dos resultados, pôde-se montar um ábaco do coeficiente de impacto em

função da velocidade e das massas.

A força estática equivalente quando aplicada ao pilar gerou um valor de

deslocamento bem aproximado ao resultado do deslocamento dinâmico encontrado

pelo ANSYS. Os coeficientes de impacto encontrados consideram a massa e

velocidade do veículo, e por terem sido validados, podem ser usados para aplicação

em projetos, nas mesmas condições testadas neste trabalho.

Portanto a metodologia desenvolvida pode ser usada para montar ábacos

para pilares de diferentes seções e materiais com diferentes condições de

vinculação e ponto de impacto em diversas situações. No entanto, como a natureza

do fenômeno é muito abrangente e com muitas variáveis de difícil mensuração,

essas considerações para projeto podem ser feitas para uma análise simplificada e

considerando o comportamento elástico-linear dos materiais.

Por exemplo, os departamentos de engenharia das concessionárias de

energia poderão criar ábacos utilizando as dimensões e materiais dos postes da

rede de distribuição de energia em uso. Também é importante fazer análise dos

dados já registrados dos acidentes, para montar esse ábaco utilizando massas de

veículos e velocidades de colisão mais frequentes.

A partir dessas informações, projetistas poderão fazer uma análise

comparativa para obter a solução mais econômica e segura: assumir os altos custos

financeiros gerados pelos danos às estruturas, ou projetar novos pilares já

dimensionados contra o impacto de veículos.

91

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