INVESTIGAÇÃO SOBRE A ÉPOCA MEDIEVAL

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Por Jorge Lopes, nº 9978 A época medieval poderá ser considerada como sendo uma época bastante vasta, rica e ampla no que toca ao conhecimento e à literatura. A literatura medieval é, por sua vez, um tema muito diversificado que é composto essencialmente por escritos religiosos, obras seculares e poesia de natureza romântica (que passam por poemas de cariz trovadora e palaciana). A época medieval de literatura que se pode falar neste pequeno trabalho estende-se entre os séculos XII a XV. Numa altura em que frades de grandes mosteiros faziam manuscritos de grande dimensão e também numa altura em que começam a aparecer as primeiras universidades que nós conhecemo-las hoje em dia (como é o caso da Universidade de Coimbra), a literatura que começou a ser regularizada a partir do século XII surge num contexto histórico que pretende renovar os espíritos críticos e científicos da época (como estimular o pensamento intelectual, por exemplo, a partir de obras de filosofia e teologia publicadas a partir do século XI). Foi neste contexto que surgiu, nas cortes da nobreza, as culturas de cavalaria e de amor cortês expressas em línguas vernaculares (por detrimento do latim considerada, na altura, a língua mais predominante a nível cultural) e materializadas em poemas, contos, lendas e canções populares divulgadas por trovadores e, mais tarde, por poetas palacianos. Também surge, nesta época, a literatura de género escrita para pessoas inseridas fora do universo académico da altura (sobretudo na forma de crónicas como as crónicas escritas por Fernão Lopes que relatam os grandes feitos dos reis D. Pedro, D. Fernando e D. João I e de grandes narrativas com temas seculares e religiosos). Nota-se então, nesta época, a didática religiosa da própria ordem moral, por um lado, e, por outro lado, a superação das limitações impostas pela ordem religiosa da altura através da criação de obras imortais no tempo e no espaço. Também é de destacar o fato de grande parte da literatura medieval ter sido feita por autores no anonimato. Em Portugal, a literatura portuguesa (entretanto criada no século XII) acompanha rigorosamente tudo que acontece na sociedade, na arte e na literatura europeias da época. A primeira época de literatura medieval portuguesa centra-se mais na poesia trovadora que era materializada por cantigas de amigo, cantigas de amor e cantigas de escárnio e maldizer. Um dos principais trovadores desta época foi o próprio rei D. Dinis cujas algumas obras com notação musical estão conservadas num documento chamado Pergaminho Sharrer (descoberto em 1990 nos arquivos da Torre do Tombo em Lisboa pelo pesquisador Harvey Sharrer da Universidade da Califórnia). Porém, trovador não era considerado como sendo uma profissão universal de todo: a palavra “trovador” era atribuída aos autores do género de origem nobre enquanto os autores do género de origem vilã eram-lhe atribuídos a palavra “jogral”. Ainda que seja coerente a tese de que quem tocava e cantava poesia eram os jograis, é muito provável e afirmativo que grande parte dos trovadores da época interpretasse igualmente as suas próprias composições. Já a segunda época da literatura medieval portuguesa está muito concentrada na chamada poesia palaciana que era feita sobretudo por nobres e para nobres em palácios da época (sobretudo quando estava a ocorrer um sarau em que esse tal tipo de poesia era admirado pela aristocracia daquele

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Trabalho individual feito no âmbito da unidade curricular de Língua e Cultura Portuguesa I. Realizado em Dezembro de 2012 (1º Semestre do 1º Ano do Curso de Licenciatura em Comunicação Social na Escola Superior de Educação de Viseu). ESTE TRABALHO NÃO É UM ARTIGO CIENTÍFICO.

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Por Jorge Lopes, nº 9978

A época medieval poderá ser considerada como sendo uma época bastante vasta, rica e

ampla no que toca ao conhecimento e à literatura. A literatura medieval é, por sua vez, um

tema muito diversificado que é composto essencialmente por escritos religiosos, obras

seculares e poesia de natureza romântica (que passam por poemas de cariz trovadora e

palaciana). A época medieval de literatura que se pode falar neste pequeno trabalho

estende-se entre os séculos XII a XV.

Numa altura em que frades de grandes mosteiros faziam manuscritos de grande dimensão e

também numa altura em que começam a aparecer as primeiras universidades que nós

conhecemo-las hoje em dia (como é o caso da Universidade de Coimbra), a literatura que

começou a ser regularizada a partir do século XII surge num contexto histórico que pretende

renovar os espíritos críticos e científicos da época (como estimular o pensamento

intelectual, por exemplo, a partir de obras de filosofia e teologia publicadas a partir do

século XI). Foi neste contexto que surgiu, nas cortes da nobreza, as culturas de cavalaria e de

amor cortês expressas em línguas vernaculares (por detrimento do latim – considerada, na

altura, a língua mais predominante a nível cultural) e materializadas em poemas, contos,

lendas e canções populares divulgadas por trovadores e, mais tarde, por poetas palacianos.

Também surge, nesta época, a literatura de género escrita para pessoas inseridas fora do

universo académico da altura (sobretudo na forma de crónicas – como as crónicas escritas

por Fernão Lopes que relatam os grandes feitos dos reis D. Pedro, D. Fernando e D. João I – e

de grandes narrativas com temas seculares e religiosos). Nota-se então, nesta época, a

didática religiosa da própria ordem moral, por um lado, e, por outro lado, a superação das

limitações impostas pela ordem religiosa da altura através da criação de obras imortais no

tempo e no espaço. Também é de destacar o fato de grande parte da literatura medieval ter

sido feita por autores no anonimato.

Em Portugal, a literatura portuguesa (entretanto criada no século XII) acompanha

rigorosamente tudo que acontece na sociedade, na arte e na literatura europeias da época.

A primeira época de literatura medieval portuguesa centra-se mais na poesia trovadora que

era materializada por cantigas de amigo, cantigas de amor e cantigas de escárnio e maldizer.

Um dos principais trovadores desta época foi o próprio rei D. Dinis cujas algumas obras com

notação musical estão conservadas num documento chamado Pergaminho Sharrer

(descoberto em 1990 nos arquivos da Torre do Tombo em Lisboa pelo pesquisador Harvey

Sharrer da Universidade da Califórnia). Porém, trovador não era considerado como sendo

uma profissão universal de todo: a palavra “trovador” era atribuída aos autores do género

de origem nobre enquanto os autores do género de origem vilã eram-lhe atribuídos a

palavra “jogral”. Ainda que seja coerente a tese de que quem tocava e cantava poesia eram

os jograis, é muito provável e afirmativo que grande parte dos trovadores da época

interpretasse igualmente as suas próprias composições. Já a segunda época da literatura

medieval portuguesa está muito concentrada na chamada poesia palaciana que era feita

sobretudo por nobres e para nobres em palácios da época (sobretudo quando estava a

ocorrer um sarau em que esse tal tipo de poesia era admirado pela aristocracia daquele

tempo). A poesia palaciana contrastava-se muito da poesia trovadora: enquanto a poesia

trovadora era associada à música, já a poesia palaciana era associada à leitura e à

declamação nas cortes. A poesia palaciana em Portugal está muito ligada ao Cancioneiro

Geral de Garcia de Resende, que foi publicada pela primeira vez em 1516, uma vez que a

própria poesia do género existente na época em Portugal contém poemas que legam o

conteúdo incluído no Cancioneiro Geral. Os poemas palacianos assumiam uma função lúdica

e de convívio social e primam pela variedade de temas e géneros. Para além de Garcia de

Resende, os poetas palacianos da época que mais marcaram foram, entre outros, Sá de

Miranda e Duarte de Brito.

Não é de esquecer contudo que ambas as épocas referentes à literatura medieval

portuguesa também tinham prosa que, normalmente, era de caráter épico e ligado muito à

cultura de cavalaria. A prosa medieval da época estava assim dividida em quatro tipos de

narrativa:

Cronicões: Narrativas de fatos históricos importantes colocados em ordem

cronológica, entremeados de histórias fictícias;

Hagiografias: Narrativas que contam a vida e a história de santos;

Nobiliários: Histórias que contam a vida de uma pessoa ligada à nobreza com recurso

a árvores genealógicas e/ou títulos de nobreza;

Novelas de Cavalaria: Narrativas literárias que contam os grandes feitos de uma

pessoa que se revela herói e dos cavaleiros que o acompanham, entremeados de

histórias de amor.

Basta só referir que grande parte das novelas de cavalaria escritas em língua portuguesa são,

basicamente, traduções ou adaptações de novelas francesas ou inglesas.

Para concluir, basta só salientar que a literatura medieval poderá e deverá ter sido elemento

essencial para o progresso que existiu na época medieval a nível cultural. Quem contribuiu

muito para esse fato foi obviamente o conteúdo incluído nas suas obras que terão levado

muitas pessoas a apreciar e outras pessoas a legarem aquilo o que foi escrito através de

novos poemas, contos e outras obras literárias da época. Portanto, não vale a pena espalhar

comentários críticos sobre o simples fato de a literatura medieval ter levado a um reforço

maior da divulgação e expansão de grandes costumes que levarão a um ritmo adequado

para a aculturação de uma sociedade que se marcava muito por momentos políticos e de

guerrilha, pelo teocentrismo predominante e pelo pensamento filosófico de natureza

sincretista (com conflitos constantes entre o conhecimento clássico e as crenças religiosas).