Investigação Educacional no âmbito MEAV
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Introduo
A escolha das abordagens sexualidade nas disciplinas de carcter
artstico como tema prende-se ao facto de estar a assistir a uma escalar
erotizao da sociedade, que actualmente bombardeada de clichs visuais,
estticos e comportamentais com forte cariz sexual e sexista. Factores estes
que reduzem a temtica da sexualidade ao sexo e negam toda a amplitude e
vastido que lhe poderia ser concedida. Ser que este facto faz aumentar
uma postura crtica? Ou, pelo contrrio, vai-se normalizando, contaminando
os programas de televiso, as revistas, os cartazes e as atitudes, passando a
ser a atitude social face sexualidade?
Torna-se pertinente e emergente problematizar esta situao, ao nvel
de uma abordagem mais ampla e holstica da sexualidade, mais crtica e
menos objectual, analisando as consequncias quer sociais quer individuais
e traar uma estratgia para agir. A meu ver, toda esta situao torna-se
mais problemtica quando nesta realidade que se nasce e se vive, sendo a
nica que se conhece.
necessria a conscincia de que a escola, para todos a primeira
oportunidade de integrao, e porm, para muitos poder constituir-se como
a ltima e derradeira. Igualmente pertinente a conscincia de que um
indivduo que carece de informaes precisas, abrangentes e relevantes
um ser muito mais vulnervel. Neste sentido considero que existe uma lacuna
na forma como a sexualidade abordada no contexto escolar, limitando-se
muitas vezes a abordagens fisiolgicas, doenas sexualmente transmissveis
e gravidez.
A sexualidade constitui-se enquanto um tema amplo pertencente
formao integral de um indivduo, um bem essencial para o seu
desenvolvimento e para a sua identidade.
No entanto nos contactos dirios que tenho com os meus alunos, sinto
que, de uma forma genrica, eles vivem a sua sexualidade num limbo entre
uma sociedade tabu e os mdia explcitos. Ao mesmo tempo que as suas
referncias so estrelas estilizadas e exageradamente sexualizadas da MTV,
das telenovelas, do futebol, dos programas aos quais assistem, a sua
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realidade em casa, com a famlia outra. Observo a forma como se vestem,
como lidam e como se relacionam com o seu corpo e com os seus pares.
Assumem as posturas dos seus cones de referncia de uma forma
descontextualizada. Faz-se notar por parte deles um grande afastamento
entre as matrias leccionadas na escola e a sua realidade, encaram os
assuntos com distncia e tecnicismo. Ao abordar determinadas temticas da
sexualidade, ao falar por exemplo do preservativo ou do amor, fazem-se
notar atitudes de reticncia, desconforto e inibio. Trocam olhares, sorrisos,
a sua linguagem corporal muda e s vezes adoptam mesmo uma atitude
mais defensiva e agressiva.
Apesar de viverem no explcito as suas atitudes so de embarao,
vergonha e pudor mas sobretudo de grande desconhecimento.
No que concerne abordagem deste tema faz-se sentir uma
bipolaridade; ora excessivamente explorado pelos meios sociais, ora
encarado como tabu ou assunto demasiado delicado.
Como que um tema que suscita tantas atitudes contraditrias pode
ser reduzido a abordagens meramente cientficas, biolgicas ou de carcter
preventivo se, em si, so deveras redutoras?
Encarando a escola como principal catalizador da experincia social,
nela que devem ser abordados temas emergentes de forma ampla, holstica
e num plano de concordncia com aqueles que esto a aprender.
A questo : como tornar a sexualidade num assunto mais transversal,
agilizando os campos de aco com instrumentos realmente teis e efectivos
para uma educao mais integrada nas necessidades e na construo do
indivduo?
Primeiro necessrio entender a sexualidade de uma forma global
para depois elaborar propostas que permitam a sua introduo nos
contedos das disciplinas de educao artstica.
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Objectivos
Com o trabalho a desenvolver pretendo:
. estruturar uma forma de aco nas minhas aulas, sempre com o intuito de
colmatar o que considero falhas graves no sistema, como por exemplo a falta
de paralelismo entre os contedos leccionados e a vida quotidiana dos
alunos;
. perceber quais as temticas da sexualidade a integrar de forma a tornar a
educao num bem transversal realidade dos meus alunos;
. compreender qual a melhor forma de estruturar abordagens a este tema to
vasto e sensvel de uma forma profissional, til e correcta.
Com o objectivo de :
. tornar acessvel aos meus alunos um conceito mais vasto, mais completo
do que a sexualidade;
. criar oportunidade para a expresso da sexualidade enquanto bem integral
e intrnseco do ser humano, ao mesmo tempo que estimulo a criatividade e
expresses individuais;
. abordar a sexualidade de uma forma holstica, que permita desenvolver
uma atitude mais crtica por parte dos meus alunos;
. potenciar a produo de trabalhos que revelem a sua atitude crtica,
catalizando nas disciplinas de carcter artstico uma fonte de expresso
individual ao mesmo tempo que de percepo social;
. fomentar a ideia de que uma boa relao com a sexualidade um factor
potenciador de bem estar e sade;
. agudizar o auto-conhecimento e a expresso, aproveitando o carcter da
liberdade expressiva destas disciplinas para relacionar e estabelecer ligaes
entre os universos pessoais e ntimos com os expressivos;
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O Conceito de Sexualidade
No sentido de entender o conceito de sexualidade, procurei primeiro
as definies que fossem o mais acessveis possvel, as mais imediatas, e,
com este intuito, procurei em primeiro lugar na Wikipdia e esta foi a
definio: A sexualidade de um indivduo define-se como sendo as suas
preferncias, predisposies ou experincias sexuais, na
experimentao e descoberta da sua identidade e actividade
sexual, num determinado perodo da sua existncia. Apesar de
a considerar redutora, ela no se resume exclusivamente ao
acto sexual.
J a Organizao Mundial de Sade (OMS) organizou uma pesquisa
na qual participaram vrios tcnicos especialistas, no sentido de
conceptualizar o termo, desenvolvendo a seguinte definio: A sexualidade um aspecto central do ser humano ao longo
da vida e inclui o sexo, o gnero, identidades e papis,
orientao sexual, erotismo, prazer, intimidade e reproduo.
A sexualidade experienciada e expressa atravs de
pensamentos, fantasias, desejos, crenas, atitudes, valores,
comportamentos, prticas, papis e relaes.
Embora a sexualidade possa incluir todas estas
dimenses , nem sempre elas so todas experienciadas ou
expressas. A sexualidade influenciada pela interaco de
factores biolgicos, psicolgicos, sociais, econmicos,
polticos, culturais, ticos, legais, histricos, religiosos e
espirituais.
No entanto a definio adoptada e mais divulgada pela OMS bem
menos abrangente e mais etrea: A sexualidade uma energia que nos motiva a procurar amor,
contacto, ternura, intimidade; que se integra no modo como nos
sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; ser-se
sensual e ao mesmo tempo sexual; a sexualidade influencia
pensamentos, sentimentos, aces e interaces, e por isso
influencia tambm a nossa sade fsica e mental.
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O que se conclui que estas definies tendem a ir muito para alm
das questes fsicas e no resumem de forma alguma a sexualidade ao acto
sexual.
Torna-se necessrio integrar esta noo mais abrangente e holstica
nas abordagens sexualidade, de preferncia de uma forma positiva e
natural.
Vejamos a afirmao de Machado (1994):
O ideal seria se ns recebssemos, desde criana, uma
educao sexual mais livre de preconceitos, mais verdadeira, e
que nos ajudasse a vivenciar a sexualidade de modo que o
nosso ser experimentasse bem estar e alegria, que os nossos
relacionamentos fossem mais abertos e comunicativos, enfim,
que a vida adquirisse mais gosto e sentido.
Apresentando-se esta situao como a ideal e no a real,
necessria a integrao e propagao destas noes, sedimentando-as na
fase da adolescncia, uma vez que, como diz Heidemann (2006): segundo a Organizao Mundial de Sade, a adolescncia
constitui um processo fundamentalmente biolgico de vivncias
orgnicas, no qual se aceleram o desenvolvimento cognitivo e
a estruturao da personalidade.
A autora afirma ainda que a adolescncia caracterizada por um perodo de
vulnerabilidade fsica, psicolgica e social que modifica as estruturas fsicas,
mentais e emocionais do indivduo em consecutivo e que todas estas
modificaes originam comportamentos e emoes no antes vividos pelo
adolescente.
nesta altura de vulnerabilidade, que to necessrio proporcionar
oportunidades de dilogo, procurar ajudar nas angstias, facultar informaes
correctas e criar oportunidades para que o adolescente possa construir e
repensar os seus valores pessoais e sociais, e com isso estabelecer e
perceber o seu estar na sociedade.
No que respeita ao papel que a escola tem neste processo Suplicy et
al. (2000) afirmam: funo da escola contribuir para uma viso positiva da
sexualidade, como fonte de prazer e realizao do ser humano,
assim como aumentar a conscincia das responsabilidades. Ao
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promover o intenso debate entre os jovens e fornecer
informaes correctas, a Orientao Educacional na escola d
oportunidade ao adolescente de repensar seus valores
pessoais e sociais, bem como partilhar suas preocupaes e
emoes.
A sexualidade deve ser portanto, encarada como algo pertencente
formao integral do ser humano e como uma parte fundamental no seu
desenvolvimento e na sua identidade.
A abordagem no contexto escolar
Aquino (1997) refere que em contexto escolar: a ideia da sexualidade vinculada funo reprodutiva, (...),
no havendo reflexos no plano da espiritualidade (...) fazendo
da sexualidade uma norma difcil de ser discernida na vida
quotidiana e , da escola, um campo de batalha contra a
sexualidade infantil e adolescente.
e sustenta: Em primeiro lugar a escola est certamente filiada a uma
tradio iluminista que se fundamenta na ideia de que o
conhecimento cientfico tem um potencial libertador. No que
tange sexualidade a escola no herdeira da ars ertica,
mas da scientia sexualis. A psicanlise foi, em parte,
responsvel pelo facto de se levantar, nas escolas, o tabu
sobre o sexo e de se dar criana informaes sobre
sexualidade, pela afirmao de que a criana tem direito
verdade. Entretanto a informao sobre sexo destinada
criana, por meio dos manuais de educao sexual, se apoia
na fisiologia do aparelho genital, de forma que qualquer criana
percebe que o livro educativo explica tudo, menos (felizmente)
o prazer (ou a angstia) do exerccio da sexualidade.
fulcral assumir uma responsabilidade colectiva no que respeita
abordagem e forma como abordada a sexualidade, no negando nunca a
sua existncia nas diferentes fases da vida. Optando sempre por ter como
princpio uma actuao de forma positiva com o objectivo de promover uma
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vivncia saudvel e satisfatria da sexualidade ao invs de a restringir
apenas s questes relativas reproduo e doenas sexualmente
transmissveis, se bem que, por vezes, podero ser os temas prioritrios,
sempre dependendo do nvel de maturidade do adolescente, ou do objectivo
concreto a atingir.
Com isto, no pretendo, de forma alguma negar a extrema importncia
do conhecimento cientfico. Obviamente as questes biolgicas e fisiolgicas
so essenciais, simplesmente no so suficientes para problematizar e
entender toda a amplitude da sexualidade. Segundo Lorenci Jnior (1997): A educao sexual, como um processo social no mbito
escolar, poder ser considerada como um processo de
transformao e mudana, que parte de um projecto colectivo e
atinge os indivduos, cada qual com a sua busca particular
do(s) sentido(s) da sexualidade. A sala de aula pode ser uma
espcie de laboratrio de possibilidades de expresso da
liberdade, permitindo que os alunos pensem e reflictam sobre si
prprios. Essa atitude crtica promove a autonomia pessoal
com confiana e auto-estima, qualidades fundamentais para
traduzir e transformar a deciso em aco. A tomada de
deciso passa por uma dimenso tica: liberdade de agir para
dar sentido sexualidade no pode interferir na liberdade e na
ressignificao da sexualidade do outro.(p.95)
Como? Torna-se pertinente entender o processo da adolescncia para
sobre os adolescentes agir, para alm da necessidade de constante
actualizao, h tambm a bvia necessidade de estar consciente da
realidade escolar.
A abordagem sexualidade dever ser uma temtica tratada por
professores de vrias reas, complementando informaes, aces, fazendo
deste assunto um tema transversal e interdisciplinar. Com o objectivo de
permitir aos alunos encontrar um paralelismo entre aquilo que ensinado, e o
que respeita ao seu corpo, as suas angstias e preocupaes. Penso que s
assim a educao ser efectiva.
Segundo Tonatto e Sapiro (2002) a abordagem deve ser
interdisciplinar, contribuir para a construo de um raciocnio crtico e para o
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conhecimento da problematizao da sexualidade por parte dos jovens, de
um modo integrado e no alienado do contexto em que vivem.
No que respeita aos contedos, Vieira e Volkind (2002) afirmam que a
relao com contedos do quotidiano fundamental, que os problemas
contextuais devem ser predominantes, fazendo a aproximao da sala de
aula vida e dando sentido ao conhecimento construdo. As autoras
sustentam ainda a ideia de que o conhecimento deve ser algo construdo
colectivamente, promovendo a investigao, a aco e a reflexo,
combinando a tarefa individual com a socializao, numa unio de teoria e
prtica. Criando assim um processo activo de transformao recproca entre
o sujeito e o objecto, integrando aces como: o pensar, o sentir, o
intercmbio de ideias, a problematizao, o jogo, a descoberta, a
investigao e a cooperao.
Derivante de uma crtica ao sistema de educao para a sade,
Merchn-Hamann (1999) estrutura um processo de ensino e de
aprendizagem, que a meu ver poder e dever ser transversal a outras
matrias. Baseado em dez nveis de integrao de dimenses mltiplas do
ser humano, so elas: a interdisciplinaridade; a concepo holstica; a
integrao da percepo (vivncia) com a expresso (aco); a insero da
prtica de modo contextualizado; o continnum indivduo-colectivo; a
educao diagonal e activa; a integrao dos processos cognitivos e
afectivos; a considerao dos riscos enquanto vulnerabilidades; a viso
ldica; e a contemplao do outro e da diversidade.
Trata-se de uma humanizao no ensino, que visa o indivduo como
um todo e que, ao contrrio de uma formatao massiva e desmedida, tem
em conta a dimenso total do ser, do aprender, do integrar e do interiorizar.
No processo de ensino, os objectivos devem estar sempre claros e
presentes, bem como a planificao dos contedos ou os mtodos pelos
quais vo ser abordados; no entanto, quando se trata desta temtica difcil
ser mantida a rigidez e inflexibilidade. Segundo Silva (2002): trabalhar o tema da sexualidade facilita o contacto com as
diferenas, pois as pessoas pensam, vivem e reagem de
formas diferentes, o que remete aos valores de cada um.
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Aceitar isso, modifica de certa forma o desejo fantasioso que
todos temos que encontrar uma verdade nica e absoluta.
E, por isso, Silva lembra ainda que a metodologia deve ser construda passo
a passo, ao ritmo a que o processo de aco acontece, e que no h
possibilidade de realizar esse trabalho com rigidez ou exactido. Frisa porm
que o planeamento do trabalho essencial pois predispe o profissional a
uma postura aberta para compreender o processo que ser desencadeado,
planeando uma participao una e conjunta e atendendo sempre ao grupo e
s suas necessidades.
O professor apresenta-se, neste sentido, enquanto um educador
motivador, capaz de articular e de criar condies para a construo de
solues, criando oportunidades de explorao da criatividade, do
envolvimento e das indagaes de cada um, mantendo sempre uma postura
de abertura para abordar ou responder a qualquer assunto com
naturalidade. Quanto s propostas de trabalho e de abordagem, estas devem partir
da viso e da percepo dos alunos, potenciando assim interesse e
motivao por parte dos ltimos de forma a fomentar um envolvimento mais
intenso nas actividades.
As actividades devem ser caracterizadas com persistente criatividade
e diversificao, equilibrando sempre as de natureza mais expositiva e as
mais dinmicas. Nas actividades expositivas o material a apresentar dever
ser altamente atractivo, e, porque no dotado de algum humor?
Deve, no entanto, haver rigor na abordagem da sexualidade, bem
como constante utilizao de linguagem adequada e de abordagem a
situaes quotidianas, permitindo um maior encaixe no que respeita a
terminologias correctas e a situaes com as quais eles se identifiquem e
percebam.
Segundo os autores Oakley et al. (1995) as abordagens sexualidade
nos programas de educao sexual, tendem a aumentar o conhecimento
sobre questes afectas ao tema. Concluem ainda, que a transmisso de
informao prtica sobre questes sexuais ou at mesmo a distribuio de
contraceptivos no levaram a comportamentos de risco, porm uma
promoo da abstinncia sexual poder encorajar a experimentao sexual.
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No existe, portanto o risco real de, com informao, estarmos a encorajar
ningum a comportamentos sexuais, existe sim, a tomada de conscincia e
informao que permite decises ponderadas e assertivas por parte dos
adolescentes.
Como efectivar o sucesso de uma aco?
No sentido de perceber quais as caractersticas dos programas de
preveno de hiv/sida que garantiam o sucesso, a UNESCO e a FRESH
analisaram um nmero de programas de preveno de hiv/sida e concluram
que os programas eficazes tinham algumas caractersticas comuns das quais
destaco algumas, no obstante da importncia das outras:
- Centravam-se em poucos objectivos comportamentais especficos,
que requerem conhecimento, atitude e capacitao especfica (por exemplo o
uso do preservativo);
- Envolviam o treino das competncias de conversao e negociao
em casos particulares bem como no quotidiano;
- Tinham como base terica as Teorias de Aprendizagem Social;
- Estavam conscientes das influncias sociais sobre o comportamento
sexual, reconhecendo o importante papel dos meios de comunicao e dos
pares;
- Utilizavam actividades participativas, como por exemplo: jogos, role-
playing e discusses de grupo, no sentido de alcanar os objectivos de
personalizar a informao e de explorar atitudes e valores, bem como de
praticar competncias ;
- Eram apropriados para a idade dos destinatrios, tendo como alvos
diferentes grupos de diferentes faixas etrias e em diferentes estgios de
desenvolvimento, adaptando a mensagem a passar ao que era relevante
para o grupo;
- Eram sensveis no que diz respeito ao gnero.
Apesar da essencial abertura e flexibilidade na abordagem dos temas
afectos sexualidade, h segundo Suplicy (1983), valores basilares a serem
passados, nomeadamente:
- O respeito por si prprio e pela sua dignidade como pessoa;
- O respeito ao outro. A ningum permitido ver o outro
somente como meio para satisfazer suas necessidades;
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- O acesso informao. Responder o que a criana quer
saber de forma honesta e no preconceituosa;
- Ajudar a criana a desenvolver o esprito de crtica. Atravs
da no supresso da curiosidade e do estmulo do
questionamento a criana desenvolve a capacidade de
raciocnio, adquirindo condies para reflectir sobre o que a
cerca e escolher o que lhe convm.
Segundo Oliveira (1998) devem ser tambm abordados temas como o
contexto social, o preconceito, as desigualdades entre sexos, as
determinaes culturais que definem os papis sexuais, as relaes de
gnero e o prazer. Contribuindo assim para a percepo da sexualidade num
sentido mais vasto, no qual todos estamos integrados e temos um papel
activo.
de salientar a importncia de abordar a sexualidade de uma forma
contnua e sistemtica, integrada em contextos especficos ou mais
abrangentes e encarada como algo natural e intrnseco ao ser humano.
Em Portugal, o Grupo de Trabalho de Educao Sexual (GTES -
Ministrio da Educao) aponta contedos mnimos a serem abordados nos
vrios ciclos do ensino, contedos estes, adaptados s faixas etrias e s
necessidades dos alunos bem como sua maturidade. Relativamente aos
temas e forma de abordagem destaco: Do ponto de vista qualitativo, estes objectivos no devem
constituir uma abordagem excessivamente preventiva,
abstracta e sanitarista, desligada da realidade social concreta e
da reflexo sobre atitudes e comportamentos sexuais nas e nos
adolescentes. (GTES, 2007)
Com isto, reforada, uma vez mais a importncia de ir muito para alm dos
factos de natureza fisionmica, fisiolgica ou de preveno, integrando
noes de carcter social, relacional e afectivo.
ainda destacada pelo GTES a importncia da participao e
colaborao entre professores, alunos, pais e profissionais de sade com o
objectivo de realizao de um trabalho uno, integrado e efectivo.
Foram tambm editadas linhas orientadoras para a Educao Sexual
em Meio Escolar num trabalho conjunto entre o Ministrio da Educao e o
Ministrio da Sade (Marques e Prazeres, 2000), que sintetizam valores
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essenciais a integrar nas abordagens. Dessas linhas orientadoras saliento
algumas, mas nunca em detrimento das restantes: o reconhecimento de que a autonomia, a liberdade de
escolha e uma informao adequada so aspectos essenciais
para a estruturao de atitudes e comportamentos
responsveis no relacionamento sexual;
o reconhecimento de que a sexualidade uma fonte
potencial de vida, prazer e de comunicao, e uma
componente da realizao pessoal e das relaes
interpessoais;
o reconhecimento da importncia da comunicao e do
envolvimento afectivo e amoroso na vivncia da sexualidade;
o respeito pelo direito diferena e pela pessoa do outro,
nomeadamente os seus valores, a sua orientao sexual e as
suas caractersticas fsicas;
a promoo da igualdade de direitos e oportunidades entre
homens e mulheres;
a promoo da sade dos indivduos e dos casais, nas
esferas sexual e reprodutiva;
o reconhecimento do direito maternidade e paternidade
livres, conscientes e responsveis;
o reconhecimento das diferentes expresses da sexualidade
ao longo do ciclo de vida;
a recusa de expresses da sexualidade que envolvam
violncia ou coaco, ou relaes pessoais de dominao e de
explorao.
No que respeita aos conhecimentos, mais e melhores sobre:
- as vrias dimenses da sexualidade;
- a diversidade de comportamentos sexuais ao longo do ciclo
de vida e das caractersticas individuais;
- os mecanismos da resposta sexual, da reproduo, da
contracepo e da prtica de sexo seguro;
- as ideias e valores com que as diversas sociedades foram
encarando a sexualidade, o amor, a reproduo e as relaes
entre os sexos ao longo da histria e nas diferentes culturas;
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- os problemas de sade ligados sexualidade e sua
preveno, especialmente as gravidezes no desejadas, as
DST, os abusos e a violncia sexuais;
As linhas orientadoras referidas tm o intuito de contribuir ao nvel das
atitudes para:
- uma aceitao positiva e confortvel do corpo sexuado, do
prazer e da afectividade;
- uma atitude no sexista;
- uma atitude no discriminatria face s diferentes expresses
e orientaes sexuais;
E ao nvel das competncias para: - o desenvolvimento das competncias para tomar decises
responsveis;
- o desenvolvimento das competncias para recusar
comportamentos no desejados ou que violem a dignidade e os
direitos das pessoas;
- o desenvolvimento das competncias de comunicao;
- a aquisio e utilizao de um vocabulrio adequado;
- a utilizao, quando necessrio, de meios seguros e eficazes
de contracepo e de preveno do contgio de DST;
- o desenvolvimento das competncias para pedir ajuda e saber
recorrer a apoios, quando necessrio. (Marques e Prazeres,
2000)
A abordagem da sexualidade um tema amplo de contornos no
meramente fsicos ou biolgicos. Deve contemplar a criao de competncias
e estruturas que permitam a boa relao do indivduo consigo e com o social,
sempre numa perspectiva de realizao e desenvolvimento pessoal.
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Hipteses de trabalho
Partindo do princpio que se aprende fazendo, a integrao de abordagens
no biolgicas sexualidade numa disciplina de carcter artstico aumenta a
consciencializao das vrias dimenses da sexualidade.
Uma vez que na disciplina h o potencial para a abordagem da sexualidade
de uma forma no biolgica, devero ser estas abordagens uma constante
durante o ano lectivo?
As disciplinas de carcter artstico, e a sua explorao da expressividade,
so catalizadores de processos cognitivos e afectivos nos alunos que vo
potenciar a problematizao de conceitos mais vastos da sexualidade.
Partindo do princpio que as disciplinas de carcter artstico so em si uma
disciplina com potencial laboratorial expressivo, esto reunidas as condies
para a procura por parte do aluno para a expresso da liberdade no que
respeita sexualidade.
Nas disciplinas de expresso artstica, ao educar o corpo a responder
mente, e ao educar a mente s limitaes do corpo, h uma propenso para
a educao no sentido do auto-conhecimento.
Como metodologia vou elaborar um estudo quasi experimental de
observao directa e experimentao que envolver como amostra as turmas
que me sero atribudas (ano de escolaridade, nmero de alunos e idades a
definir) da Escola Secundria de Amora, Concelho do Seixal.
Primeiramente delinearei social e cultural e fisicamente o contexto da
amostra de estudo, atravs de dados estatsticos, recolha de outros dados
que se mostrarem relevantes e de questionrios.
Posteriormente sero ministrados exerccios prticos devidamente
estruturados e adaptados ao programa de forma a abordarem s temticas
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do ano lectivo e da disciplina bem como as abordagens no biolgicas
sexualidade adequadas ao seu grau da maturidade.
A proposta de trabalho ser sempre no mbito da expresso de vrios
conceitos por parte da amostra (exemplo que abaixo identifico).
A minha posio de observadora activa e interveniente no sentido
que serei eu que proporcionarei os estmulos e as perturbaes que iro
gerar as aces por parte da amostra em estudo.
Sero utilizadas grelhas de observao, os registos grficos e orais
dos alunos como material de apoio investigao, eventualmente
questionrios de pergunta aberta e fechada.
Como base terica utilizarei a bibliografia de base que movimento
neste trabalho e outra que se mostrar pertinente sobre a sexualidade, a
expresso, as artes visuais e a biologia do conhecimento.
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Ideias prticas de trabalho
Elaborei tambm algumas ideias embrionrias para trabalhos a aplicar com
os alunos durante o ano lectivo.
. Por exemplo aquando da abordagem da expressividade do ponto, da linha
ou da mancha pedir aos alunos para exprimir as suas ideias dos seguintes
conceitos atravs desses elementos:
- de amor
- de sexo
- de homossexualidade
- de heterossexualidade
- de como se sente quando olha ao espelho
- o que fazer amor
- o que fazer sexo
- o que atraco
- o que uma mulher
- o que um homem
Primeiro h um sorteio onde so atribudos os conceitos que os alunos
devem manter em segredo, o trabalho elaborado e posteriormente a turma
ter que adivinhar qual o conceito inerente ao desenho. Seguidamente o
autor do desenho justificar perante a turma o que o levou a exprimir-se de
tal forma.
Falo do ponto, da linha e da mancha a ttulo exemplificativo este exerccio
pode ser adaptado a outras temticas, a h sempre que ter em ateno o ano
de escolaridade e o respectivo programa.
. Abordagens aos ideais/modelos de beleza femininos e masculinos ao longo
da histria aquilo que define a beleza e as suas tendncias algo
subjectivo e mutvel, os parmetros vo-se alterando no so estanque,
muito menos definitivos ou nicos.
O trabalho ser efectivado de uma forma terico-prtica que passar
primeiramente pela pesquisa e posteriormente pela ilustrao dos ideais de
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beleza, utilizando vrias tcnicas de desenho e/ou pintura e enfatizando
aquilo que para eles mais significativo ou expressivo.
. Abordagens aos ideais/modelos de beleza femininos e masculinos no
mundo contemporneo: fragmentar a percepo do mundo unicamente
ocidentalizada. Despertar a conscincia de que os modelos de beleza
ocidentais no so nicos.
O trabalho ser efectivado de uma forma terico-prtica que passar
primeiramente pela pesquisa e posteriormente pela ilustrao dos ideais de
beleza, utilizando vrias tcnicas de desenho e/ou pintura e enfatizando
aquilo que para eles mais significativo ou expressivo.
. Elaborao de filmes/curtas que foquem assuntos por eles escolhidos
dentro da temtica da sexualidade, e colocar os alunos como actores e
realizadores da sua histria, permitindo que se posicionem na situao do
outro ou que transponham a sua prpria situao, permitindo assim a sua
expresso.
Uma hiptese de efectivao deste exerccio atravs do
reconhecimento dos esteretipos existentes na turma e da sua explorao no
filme/curta.
. Elaborao de ateliers (exemplo: equipas publicitrias, managers de
imagem)
Criar grupos que abordem vrios aspectos, por exemplo o de um produto a
comercializar dirigido sua faixa etria, ou da caracterizao de uma nova
estrela de cinema/ msica.
De que forma eles promoveriam a imagem do produto ou da pessoa?
Poder potenciar a sua conscincia relativamente ao que procuram,
ao que os motiva e ao que os move.
Os trabalhos devem constituir-se enquanto exerccios de grupo, privilegiando
simultaneamente a individualidade de cada um e permitindo a todos
perceber a validade do seu lugar ao mesmo tempo que procuram a sua
expresso; desenvolvendo competncias no que respeita tomada de
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conscincia, tolerncia, ao auto-conhecimento e incluso na sociedade
enquanto seres individuais com direito expresso e tomada da posio
informada, activa e vlida.
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Bibliografia AQUINO, J. (Org) (1997). Sexualidade na escola alternativas tericas e prticas.
So Paulo: Ed. Vol. 3.
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