INVENTARIAMENTO DA FAUNA DE ARTRÓPODES … · O ciclo de desenvolvimento do arroz pode ser...

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RITA DE CÁSSIA DE MELO MACHADO INVENTARIAMENTO DA FAUNA DE ARTRÓPODES OCORRENTE EM LAVOURA DE ARROZ NO MUNICÍPIO DE CACHOEIRINHA, RIO GRANDE DO SUL CANOAS, 2008

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RITA DE CÁSSIA DE MELO MACHADO

INVENTARIAMENTO DA FAUNA DE ARTRÓPODES OCORRENTE EM LAVOURA DE ARROZ NO MUNICÍPIO DE CACHOEIRINHA, RIO

GRANDE DO SUL

CANOAS, 2008

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RITA DE CÁSSIA DE MELO MACHADO

INVENTARIAMENTO DA FAUNA DE ARTRÓPODES OCORRENTE EM LAVOURA DE ARROZ NO MUNICÍPIO DE CACHOEIRINHA, RIO

GRANDE DO SUL

Trabalho de conclusão apresentado à banca examinadora do curso de Ciências Biológicas do UNILASALLE – Centro Universitário La Salle – como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Biologia, sob a orientação do Prof. Dr. Flávio Roberto Mello Garcia.

CANOAS, 2008

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AGRADECIMENTOS

Ao longo destes cinco anos de graduação obtive conhecimentos que carregarei para a vida toda, não me refiro

apenas aos conteúdos aprendidos nas disciplinas, mas também às inúmeras lições de vida, lições que me ensinaram que

na vida tudo é possível para quem persegue seus objetivos, nenhum obstáculo é grande o bastante para impedir que um

grande sonho se realize, e para todas as pessoas responsáveis pela concretização deste sonho é que faço esses

agradecimentos.

Em primeiro lugar agradeço ao criador, Deus que é o grande responsável por tudo de bom que aconteceu na

minha vida, não poderia nunca deixar de agradecê-lo destacando que esta é a minha fé e nada pode mudá-la.

Agradeço aos meus pais Elisabete e Lealci, com certeza sem o apoio deles eu jamais estaria aqui, e não me refiro

somente durante a vida acadêmica, mas sim por toda a minha educação, me ensinado princípios de ética e honestidade,

certamente eles são meus exemplos, e sempre imitarei o modo como eles agem nas diversas situações.

Agradeço também aos meus irmãos, cunhados e sobrinhos, que de alguma maneira contribuiram para a

concretização deste momento.

E é claro que não poderia deixar de agradecer meu fiel companheiro e amado esposo Diego, que sempre me apoiou,

mesmo que às vezes não soubesse exatamente em que, mas sempre me apoiou inclusive nas coletas para este trabalho, e

até mesmo tolerando o meu mau humor pelos mais variados motivos.

Agradeço à grande amiga para a vida toda Roberta Rohr, pelo apoio incondicional, pelos inúmeros trabalhos que

fizemos juntas e pela compreensão que ela sempre teve comigo, tolerando meus momentos de insensatez.

Agradeço também a todos os colegas que me acompanharam durante o curso, ao Dr. Jaime Vargas de Oliveira e

à grande amiga Thaís Freitas pelo espaço cedido no IRGA para a relização deste trabalho e pelo apoio que sempre me

deram, emprestando bibliografia e sanando minhas dúvidas.

E não poderia deixar de agradecer aos professores do Centro Universitário La Salle, estes são os grandes

responsáveis pela minha formação, inclusive aqueles que já não estão mais na instituição, como a insubstituível Lílian

Timm, a Isabel Junqueira e Ingrid Heydrich, e finalmente aos exemplares Cristina Cadermatori, Eduardo Forneck,

Giovani Piva, Flávio Garcia, meu orientador e ao querido Sergio Bordignon, confio na minha formação graças ao caráter

e competência de todos voces, muito obrigada pelos ensinamentos.

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RESUMO

Este trabalho tem como finalidade principal contribuir para o conhecimento da fauna de artrópodes em lavoura de arroz. A área utilizada tem 900m2, localizada nas dependências do Instituto Riograndense do Arroz – IRGA, onde são realizadas pesquisas relacionadas à produção de arroz (Oryza sativa). As coletas foram feitas sempre pela manhã, quinzenalmente, de fevereiro de 2008 a abril de 2008, a metodologia utilizada foi rede de varredura com 0,5m de diâmetro, sendo cada coleta composta de quatro amostras e cada amostra composta de quarenta redadas. Os exemplares coletados foram acondicionados em sacos plásticos contendo algodão embebido em acetato, então, após a triagem, foram acondicionados em vidros com álcool 70%. A identificação foi realizada no laboratório até o nível taxônomico de família, alguns exemplares até ordem. Foram coletados 847 indivíduos distribuídos em 8 ordens e 18 famílias. A maioria dos indivíduos coletados pertence à Classe Insecta, ocorrendo também 57 indivíduos da Classe Aracnídea, pertencentes à Ordem Araneae. A família mais abundante foi Tettigonidae, totalizando 196 indivíduos, representando 23,14% dos indivíduos coletados, seguida de Pentatomidae com 145 indivíduos, ou seja, 17,11% do total de indivíduos coletados, a terceira família mais abundante foi Curculionidae com 137 indivíduos, sendo 16,17% do total coletado. Os táxons coletados foram divididos em Entomófagos, representando 12% do total coletado, Fitófagos que representam 71% do total, e Outros Artrópodes representando 17%, neste grupo foram incluídos os táxons que não representam nenhum tipo de importância para a lavoura analisada. Palavras-chave: Artrópodes, Oriza sativa, pragas e inimigos naturais.

ABSTRACT This work aims to contribute to the main knowledge of the fauna of arthropods in rice farming. The area is used 900m2, located in premisxes of the Institute of Riograndense Rice - IRGA, which are conducted research related to the production of rice (Oryza sativa). The samples were always in the morning, fortnightly, February 2008 to April 2008, the methodology was scanning system with 0.5 m in diameter, each composed of four collecting samples and each sample consisting of forty redadas. They collected were packed in plastic bags containing cotton soaked in acetate, then, after sorting, were packed in glass with 70% alcohol. The identification was done in the laboratory until the level of taxônomico family, some copies to order. We collected 847 individuals distributed in 8 orders and 18 families. Most individuals collected belongs to the class Insecta, occurring also Aracnídea Class of 57 individuals, belonging to the Order Araneae. The family was most abundant Tettigonidae, totaling 196 individuals, representing 23.14% of individuals collected, followed by Pentatomidae with 145 individuals, or 17.11% of all individuals collected, the third most abundant family was Curculionidae with 137 individuals , And 16.17% of the total collected. The taxa collected were divided into Entomófagos, representing 12% of the total collected, Fitófagos representing 71% of the total, and Other Arthropods representing 17% in this group were included the taxa that do not represent any kind of importance for crop examined. Keywords: Arthropods, Oriza sativa, pests and natural enemies.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................5

3 CONTROLE DE PRAGAS ................................................................................................13

3.1 Métodos de controle .........................................................................................................13

3.2 Pesticidas ...........................................................................................................................15

4 MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................................17

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................19

CONCLUSÃO.........................................................................................................................31

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................33

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1 INTRODUÇÃO

O arroz (Oryza sativa) é uma gramínea anual, classificada no grupo de plantas

C-3, adaptada a ambientes aquáticos, esta adaptação é devida à presença de

aerênquima no colmo e nas raízes das plantas, possibilitando a passagem de

oxigênio do ar para a camada da rizosfera (SOSBAI, 2005). É uma cultura de

importância agrícola, sendo o Rio Grande do sul o maior produtor do Brasil,

responsável por 58,9% da produção nacional (IBGE, 2006). Considerado o alimento

básico para cerca de 2,4 bilhões de pessoas, e segundo estimativas, até 2050

haverá uma demanda para atender ao dobro desta população (ALONÇO et al,2006).

A maioria dos países produtores não dispõe de área agriculturável necessária para

expansão da produção, portanto, a maior demanda deve ser atendida pelo aumento

da produtividade (FREITAS, 2007).

O ciclo de desenvolvimento do arroz pode ser dividido em três fases: a fase de

plântula que vai da semeadura até a emergência; a fase vegetativa que vai da

emergência até o aparecimento do colar da última folha (folha bandeira) no colmo

principal e a fase reprodutiva que vai da diferenciação da panícula até a maturação

fisiológica (COUNCE apud STRECK et al., 2007). A duração de cada fase depende

da cultivar utilizada, época de semeadura, região de cultivo e das condições da

fertilidade do solo, a duração do ciclo varia entre 100 e 140 dias para a maioria das

cultivares utilizadas (SOSBAI, 2005).

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A agricultura é uma atividade que causa grandes impactos ambientais,

decorrentes da substituição de uma vegetação naturalmente adaptada por outra que

exige a contenção do processo de sucessão natural, visando ganhos econômicos, a

solução para este problema seria buscar sistemas de produção agrícola adaptados

ao ambiente de tal forma que a dependência de recursos naturais não renováveis

seja mínima (ASSAD; ALMEIDA, 2004).

Dentre os pesticidas liberados anualmente nos corpos d’água em decorrência

do plantio de arroz, encontram-se de maneira extensiva os inseticidas, que ainda

são largamente utilizados no controle às pragas da cultura. Os insetos são

responsáveis por danos significativos à produtividade, por isso devem realmente ser

controlados, porém existe a necessidade do conhecimento dos mesmos a fim de

estudar alternativas de controle que garantam a preservação do ambiente (RAMOS

et al., 2005). Esses artrópodes são importantes no funcionamento dos ecossistemas

naturais, atuando como predadores, parasitas, fitófagos, saprófagos, polinizadores,

entre outros (ROSENBERG et al., 1986; SCHOEREDER, 1997).

As pragas que atacam a cultura do arroz irrigado são classificadas de acordo

com a parte da planta que atacam. Sementes e raízes são atacadas por larvas e

adultos de coleópteros antes e/ou depois da inundação, colmos e folhas sofrem o

ataque de insetos mastigadores, sugadores e raspadores, sendo os dois primeiros

grupos mais importantes, e os grãos são atacados por um complexo de insetos

sugadores que afetam diretamente a quantidade e a qualidade do produto (SOSBAI,

2005).

Atualmente o controle de insetos-praga ainda é feito basicamente com a

utilização de produtos químicos, entretanto, também podem ser empregadas

práticas culturais, mecânicas, físicas e biológicas. A integração desses métodos,

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além de preservar o agroecossistema, torna mais racional o programa de manejo

integrado de pragas (MIP) (SOSBAI, 2005). Os insetos são muito bem sucedidos,

habitam praticamente todos os ambientes e se adaptam muito facilmente, possuem

grande importância para a agricultura, sendo esta positiva, como na polinização, e

negativa, como em perdas consideráveis da produção. A

A ocorrência de insetos-praga em níveis populacionais elevados é um dos

fatores responsáveis por grande perda na produtividade, segundo Gallo et. al (2002),

cerca de 28% do total. Atualmente se gasta grandes quantias para controlar as

pragas que podem reduzir grandemente as produções agrícolas necessárias para

sustentar as grandes populações humanas, no entanto, o uso exagerado de

pesticidas pode ser perigoso para o ambiente e para a saúde humana

(RUPPERT;BARNES, 1996).

A importância de trabalhos com este objetivo é evidenciada quando se

considera os impactos causados pelo cultivo do arroz irrigado, tendo em vista a

necessidade de estudos para o manejo sustentável da agricultura. Segundo

Menezes (2006), após a ECO-92, a humanidade tem-se mostrado preocupada com

os problemas de conservação da qualidade do meio ambiente, inclusive no que diz

respeito à exploração agropecuária, essa preocupação tem refletido em buscas de

alternativas que garantam uma agricultura sustentável. A identificação e

conhecimento de inimigos naturais abrem perspectivas para outros estudos neste

sentido, que podem ser utilizados futuramente na aplicação do controle biológico,

diminuindo o impacto causado pelos pesticidas lançados no ambiente. No Brasil,

existem poucos estudos sobre inimigos naturais em lavoura de arroz, segundo Costa

(2005), a maioria obtém a identificação até o nível de família, e poucas identificações

até o nível de espécie.

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2 PRAGAS

Qualquer animal que de alguma maneira possa competir com o homem pelo

alimento é considerado uma praga, portanto, os animais são considerados pragas

quando sua densidade populacional acarreta perdas econômicas ao homem

(GARCIA, 2002). A classe Insecta é um grupo é muito importante para o

ecossistema, é o principal grupo de herbívoros no ambiente terrestre (HARTLEY;

JONES, 2005). Os danos causados pelos insetos são um grande problema

econômico afetando a todas as plantas cultivadas. O enfoque deste trabalho é a

cultura do arroz, portanto, os dados apresentados são referentes ao mesmo.

Segundo Gallo et al. (2002) as perdas de produção causada por pragas para o arroz

são de 28%, sendo as doenças responsáveis por 9% e as plantas daninhas

responsáveis por 10% do total das perdas.

O surgimento de pragas pode decorrer principalmente da implantação da

monocultura, como alternativa de exploração agrícola, que favoreceu o desequilíbrio

do ambiente, propiciando a explosão populacional de pragas (NEGREIRO et

al.,2004 apud RAMOS, 1996). Quando uma espécie fitófaga (que se alimenta de

plantas) encontra as condições ideais para seu desenvolvimento, isto é, grande

disponibilidade de alimento, sincronismo fenológico e ausência de inimigos naturais,

esta tende a se desenvolver de maneira desordenada no ambiente, tornando-se

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assim uma praga. A manutenção dos inimigos naturais é de fundamental

importância para o equilíbrio biológico nos agroecossistemas, e pode evitar que os

insetos fitófagos alcancem níveis populacionais capazes de causar danos

econômicos (BERTI FILHO; CIOCIOLA apud COSTA, 2005).

A cultura do arroz possui uma fauna muito diversificada, com base em

diagnóstico sobre a ocorrência de pragas da cultura no Estado do Rio Grande do

Sul, constatou-se que algumas espécies são freqüentemente encontradas em níveis

populacionais elevados (SOSBAI, 2005). Dentre as espécies citadas estão:

Cascudo preto (Eutheola humilis): é um inseto de ocorrência cíclica, causa

danos às raízes antes da inundação da lavoura. Na fase larval, alimentam-se das

raízes e na fase adulta danificam a base da planta. O inseto adulto após a

hibernação favorecido pelo aumento da temperatura e irrigação entra na lavoura

(OLIVEIRA et al.,2007).

Pulgão da raiz (Rhopalosiphum rufiabdominal): é um inseto-praga de grande

importância para a agricultura, provoca alguns danos diretos ao se alimentar e injeta

toxinas e suga a seiva, causando o amarelecimento das folhas, paralisando o

crescimento da planta (FEAKIN, 1976; REISSINGVE et al.1986; GALLO et al.2002

apud MAZIERO et al.,2007). A utilização de plantas daninhas como hospedeiras

alternativas durante a entressafra é um dos fatores que pode explicar o rápido

crescimento populacional desse inseto, após a implantação da cultura, pois muitas

vezes a praga está dentro da área cultivada (MAZIERO et al.,2007).

Pulga do arroz (Chaetocinema sp.): de ocorrência cíclica, prejudica e causa

danos às plantas desde a emergência até o perfilhamento (emissão de hastes

laterais), raspa as folhas reduzindo a população de plantas.

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Lagarta da folha (Spodoptera frugiperda): alimentam-se das folhas e cortam os

colmos (caule) novos rentes ao solo. O ataque vai desde a emergência até a

inundação da lavoura, os colmos são cortados acima do nível do solo, pois as

lagartas se mantêm em baixo de torrões, próximo às plantas, em conseqüência das

altas temperaturas e solo seco na época de sua ocorrência. Nessa situação as

lagartas abrigam-se durante o dia, atacando as plantas no crepúsculo e a noite

(GRÜTZMACHER et al., 1999).

Lagarta boiadeira (Nymphula indomitalis): corta as folhas das plantas novas

coincidindo com as inundações, utilizam as folhas cortadas para enrolar-se

formando cartuchos que flutuam na água espalhando-se por toda a lavoura.

Bicheira da raiz (Orizophagus oryzae): é a mais importante praga da cultura no

RS, causando redução no rendimento dos grãos pelo ataque de larvas. Estas ao

cortarem as raízes diminuem a absorção dos nutrientes (AMIBILIA; OLIVEIRA,

2006). A denominação “Bicheira da raiz” é dada devido às larvas danificarem o

sistema radicular. Os adultos atacam as folhas e as larvas atacam as raízes.

Segundo Carbonari et al. (2000) quanto mais tardio o ciclo da cultivar maior será a

capacidade de recuperar os tecidos das raízes danificadas pela larva. Cunha et al.

(2006) diz que há ocorrência de maiores perdas de produtividade em cultivares com

menor capacidade de absorção de nitrogênio infestadas de O. oryzae.

Broca do colmo (Ochetina uniformis): ocorre na fase vegetativa e perfura a

base dos colmos, as larvas se alimentam no interior do colmo em formação

provocando redução na população das plantas.

Percevejo do colmo (Tibraca limbativentris): pode ser encontrado nas fases

vegetativa e reprodutiva da cultura. Este inseto ocorre em dois períodos de

desenvolvimento das plantas, no primeiro após a emergência, ao atacar a bainha

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das folhas, causa a morte da folha central, causando o “coração morto” e no

segundo após o florescimento ataca o colmo, formando a panícula branca

(OLIVEIRA et al., 2005). Esta praga é de difícil controle devido à sua ampla

distribuição pela lavoura, segundo Oliveira et al. (2005) no período da hibernação

nos meses de abril a outubro, os adultos encontram-se abrigados nas plantas

daninhas, dentro ou próximos à lavoura facilitando o controle.

Broca do colmo (Diatrea saccharalis e Rupela albinella): ocorrem na fase

vegetativa e reprodutiva da planta, causa a morte da folha central e ataca o colmo

após o florescimento. É comum ocorrer em arrozais próximos à lavouras cultivadas

com milho e sorgo (SOSBAI,2005).

Percevejo do grão (Oebalus poecilus e Oebalus ypsilongriseus): ocorre na

fase reprodutiva da plantas, possui vários hospedeiros alternativos, nos quais,

durante a primavera, se alimenta, acasala e permanece até a fase de emissão de

panículas nos arrozais para onde migram em enxames (FERREIRA; BARRIGOSSI,

2006).

Os estudos em biodiversidade, atualmente, têm assumido um enfoque

relacionado com problemas de diminuição da diversidade biológica e,

principalmente, com alterações graves em ecossistemas naturais (RODRIGUES,

2006). Para que se possam conhecer métodos de controle de pragas, é necessária

a realização de estudos relacionados à biologia e ecologia dos grupos de interesse,

sendo o primeiro passo a realização de levantamentos populacionais para então

estudar as espécies ocorrentes em um determinado ambiente. Embora os insetos

sejam considerados o maior grupo de animais sobre o planeta, perfazendo mais da

metade dos organismos vivos descritos, o conhecimento sobre os mesmos ainda é

muito pequeno quando comparado a outros grupos (CORSEUIL; TESTON, 2004). O

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conhecimento da fauna entomológica, ocorrente na cultura do arroz irrigado de uma

região, é fundamental em qualquer programa de manejo de pragas que for instalado

na cultura (RAMOS, 2005).

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3 CONTROLE DE PRAGAS

A primeira etapa para a solução de qualquer problema entomológico na

agricultura está diretamente relacionada à identificação da praga (ZUCCHI et al.,

1993). Para garantir a eficiência do controle de pragas existe a necessidade de uma

diversificação dos métodos de controle, chamada MIP, Manejo Integrado de Pragas.

MIP é o conjunto de técnicas adotadas para manter as populações de pragas abaixo

do nível de dano econômico (MARTINS et al., 2000). A metodologia ideal a ser

utilizada é aquela que mantém o equilíbrio do agroecossistema, no caso, lavoura de

arroz, e devem ser considerados os fatores de mortalidade natural das pragas,

porém quando há a necessidade, devem-se aplicar as medidas de controle

disponíveis, em diferentes graus, incluindo a utilização de inseticidas. No Rio Grande

do Sul, a importância dos insetos para a cultura do arroz irrigado, ainda é

erroneamente associada a gastos com inseticidas químicos (MARTINS et al., 2000).

A utilização de inseticidas deve ser realizada de forma racional e sempre

mantendo a diversificação com outros métodos de controle, este manejo garante

uma maior eficiência no combate às pragas, pois diminui as chances de que as

mesmas se tornem resistentes e diminui o impacto ambiental.

3.1 Métodos de controle

Os métodos de controle de pragas são divididos em:

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Controle legislativo: refere-se à inspeção a portos, aeroportos e fronteiras, com

o objetivo de impedir a entrada de novas pragas no país através de vegetais

atacados mantendo a quarentena. É obrigatório o controle de determinadas

espécies, assim como a fiscalização da comercialização de defensivos (GARCIA,

2002).

Controle mecânico: consiste na coleta e destruição dos animais em suas

diversas fases do desenvolvimento, incluindo a catação, esmagamento, enterrio de

partes vegetais atacadas, além do uso de barreiras e armadilhas (GARCIA, 2002).

Controle cultural: consiste no emprego de certas práticas culturais para

controle, baseando-se em conhecimentos ecológicos e biológicos das pragas. Os

mais comuns são, rotação de culturas, aração do solo, época de plantio e colheita,

destruição dos restos de cultura, plantio no limpo, podas, adubação e irrigação,

plantio direto e outros sistemas de cultivo (GALLO et al., 2002).

Controle por resistência: é a utilização de plantas melhoradas geneticamente

que possuam resistência a determinadas pragas. É considerado o método ideal de

controle pela possibilidade de permitir a manutenção da praga em níveis inferiores

ao de dano econômico, sem causar prejuízos ao ambiente e sem gastos maiores

aos produtores (GALLO et al., 2002).

Controle por comportamento: utiliza conhecimentos referentes à fisiologia das

pragas, com utilização de hormônios que interferem, principalmente, na reprodução

dos insetos. Este método não apresenta risco de intoxicação para o homem e

animas, não deixa resíduos tóxicos e evita desequilíbrios biológicos (GALLO et al.,

2002).

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Controle físico: consiste em barreiras físicas para diminuição dos níveis

populacionais de certa praga, inclui técnicas como fogo, drenagem, inundação ou

alteração na temperatura, entre outras (GARCIA, 2002).

Controle biológico: consiste na eliminação de populações de pragas por ação

direta de outros seres vivos, denominados inimigos naturais (GARCIA, 2002). A

utilização deste método pode diminuir a utilização de pesticidas, e por conseqüência

o impacto no ambiente em questão. Entre os inimigos naturais, predominam as

aranhas e micro himenópteros (COSTA, 2005). Existem poucos trabalhos em

relação a levantamentos dos inimigos naturais ocorrentes na cultura do arroz, dentre

esses se destacam as aranhas, que mesmo ocorrendo em altas populações têm

sido pouco estudadas (OLIVEIRA et al., 2007). Podem-se encontrar também alguns

coleópteros predadores, parasitóides e algumas espécies de Odonata, porém a

importância desses para o controle biológico no caso estudado ainda não é bem

evidenciada.

Controle químico: é o mais utilizado, consiste na aplicação de defensivos

agrícolas, como inseticidas, acaricidas, moluscicidas, nematicidas e raticidas. A

otimização da relação custo-benefício será um dos subsídios para melhor decisão

de aplicar ou não o controle químico (GARCIA, 2002).

3.2 Pesticidas

Pesticidas são substâncias que podem matar diretamente um organismo

indesejável ou controlá-lo de alguma maneira (BAIRD, 2002). Conforme a utilização

se dividem em: inseticidas, fungicidas, herbicidas, acaricidas, entre outros. São

produtos sintéticos e causam sérios impactos ambientais, o maior problema

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encontrado é a bioacumulação ou magnificação trófica, que consiste no processo de

captação e retenção de uma substância (contaminante) por um organismo a partir

de qualquer fonte (água, sedimento, outro organismo), via qualquer rota (dieta, pele),

e se constitui em efeito nocivo quando induz resposta biológica adversa, podendo

ficar acumulado nos tecidos (VIDOTTI ; ROLLEMBERG, 2008).

Os inseticidas são um tipo de pesticida que tem por finalidade o controle de

insetos, um dos agravantes na sua utilização é que pode ser tóxico não só para os

ecossistemas, mas também para a saúde humana. Podem ter ação fisiológica sobre

os organismos vivos, e a importância de seu uso deve ser equilibrada pela

informação dos efeitos que eles podem causar em pessoas que os manipulam nas

fábricas e nos campos, nos consumidores de alimentos eventualmente

contaminados com seus resíduos, nos animais silvestres e domésticos, bem como

nos organismos aquáticos e no meio ambiente (GALLO et al., 2002).

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4 MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi desenvolvido na Estação Experimental do Arroz (EEA), do Instituto

Riograndense do Arroz (IRGA), na safra de 2007/2008, em uma área de 900m2

dividida em 4 parcelas de 225m2, semeadas em linha com a cultivar IRGA- 424. Com

espaçamento entre linhas de 0,20m, os tratos culturais seguiram as recomendações

de pesquisa para o arroz irrigado (SOSBAI, 2005). A semeadura foi efetuada na

primeira quinzena de novembro de 2007, e o estabelecimento da lâmina de água

ocorreu 15 dias após a emergência das plântulas.

As amostragens foram realizadas com rede de varredura, com 0,5m de

diâmetro com tecido de coloração branca para melhor visualização dos indivíduos

coletados (Figura 1). Esta técnica é denominada coleta direta, onde ocorre ação

intensa do coletor, utilizando um equipamento para captura dos exemplares

(SAMPAIO FILHO; PRATES JÚNIOR, 2005). A utilização de armadilhas não é

recomendada para este estudo, pois podem ocasionar uma coleta muito grande de

insetos, mesmo aqueles que não possuem relação com o ambiente estudado, em

função de poderem ser atraídos a longas distâncias. A rede de varredura deve ser

utilizada de forma a “varrer” toda a fauna de insetos que se encontra na vegetação

(ALMEIDA et al.,1998).

Cada amostra foi obtida com 40 redadas em movimentos horizontais e

individualizada em sacos plásticos contendo algodão embebido em acetato (Figura

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2), e a triagem foi realizada posteriormente no laboratório, os indivíduos foram

fixados em álcool 70%. As amostras foram obtidas traçando um transecto diagonal

na parcela de 225m2, totalizando quatro parcelas, portanto, quatro amostras. Os

exemplares coletados foram divididos em insetos fitófagos, inimigos naturais e

outros artrópodes. As coletas foram realizadas sempre pela manhã, quinzenalmente,

nos dias 02/02/2008, 16/02/2008, 02/03/2008, 15/03/2008 e 29/03/2008. Durante a

fase de plântula não foi realizada coleta para evitar danos às plantas, visto que nesta

fase ainda são muito pequenas, as duas primeiras coletas ocorreram na fase

vegetativa e as últimas na fase reprodutiva. A identificação dos indivíduos coletados

foi até o nível taxonômico de família, sendo que em alguns casos foi possível a

identificação somente até ordem.

Figura 1: Rede de varredura utilizada durante as coletas, com 0,5 m de diâmetro e coloração branca para melhor visualização dos exemplares coletados. Fonte: Autoria Própria, 2008

Figura 2: Acondicionamento dos exemplares coletados em saco plástico contendo algodão embebido em acetato para posterior triagem no laboratório. Fonte: Autoria Própria, 2008

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao longo do trabalho foram coletados 847 indivíduos distribuídos em 8 ordens e

18 famílias (Gráfico 1). A maioria dos indivíduos coletados pertence à Classe

Insecta, ocorrendo também 57 indivíduos da Classe Aracnídea, pertencentes à

Ordem Araneae (Tabela 1). A família mais abundante foi Tettigonidae, totalizando

196 indivíduos, representando 23% dos indivíduos coletados, seguida de

Pentatomidae com 145 indivíduos, ou seja, 17% do total de indivíduos coletados, a

terceira família mais abundante foi Curculionidae com 137 indivíduos, sendo 16% do

total coletado. Zucchi et al. (1993) descreve as famílias Acridae e Gryllidae como

ocorrentes na cultura do arroz, porém Tettigonidae que também pertencente à

ordem Orthoptera não é citada para a cultura. A segunda família mais abundante foi

Pentatomidae, sendo que os maiores picos populacionais ocorreram na fase

reprodutiva, porém Zucchi et al. (1993) destaca o percevejo Tibraca limbativentris,

pertencente à esta família, como ocorrente na fase vegetativa e reprodutiva, porém,

a grande incidência de Oebalus poecilus, também pertencente à família

Pentatomidae, foi responsável pelo maior número de indivíduos coletados, sendo

estes associados à fase reprodutiva, causando danos aos grãos (ZUCCHI et

al.,1993). A terceira família mais abundante foi Curculionidae, sendo que

Orizophagus oryzae representou o maior número de indivíduos, este inseto pode

causar prejuízos de 20 – 30% na produção, os danos são causados tanto pelas

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larvas que ocorrem logo após a germinação, quanto na fase adulta, ocorrendo no

estádio vegetativo da cultura (ZUCCHI et al.,1993). Os táxons coletados foram

agrupados em Entomófagos (parasitóides e predadores), representando 12% do

total coletado (Gráfico 3), Fitófagos que representam 71% do total, e Outros

Artrópodes representando 17%, sendo que neste grupo foram incluídos os táxons

que não representam nenhum tipo de importância para a lavoura analisada (Gráfico

2).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Crisom

elid

ae

Cu

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nid

ae

Cara

bid

ae

Niti

dulid

ae

Dasytidae

Esta

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Cera

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fitófa

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Tettig

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Acridid

ae

Grilid

ae

Tachn

idae

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ae

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ae

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tera

para

sític

a

Apid

ae

Chalc

ido

idea

Lepdopte

ra

Ara

ne

ae

Odon

ata

Coleoptera Hemiptera Ortoptera Diptera Himenoptera

1° Coleta

2° Coleta

3° Coleta

4° Coleta

5° Coleta

Gráfico 1: Famílias encontradas durante cada coleta, indicando os picos populacionais de cada uma, evidenciando o pico de Curculionidae nas três primeiras coletas, e Pentatatomidae nas três últimas coletas. Fonte: Autoria Própria, 2008

Gráfico 2: Representando o hábito dos indivíduos coletados, sendo que 71 % são fitófagos, 12 % inimigos naturais e 17 % de outros artrópodes. Fonte: Autoria Própria, 2008

2%

2%

53%

38%

5% Carabidae

Braconidae

Araneae

Odonata

Outros

Gráfico 3: Total de inimigos naturais distribuidos de acordo com as famílias, 53 % dos inimigos naturais são Araneae, 38 % de Odonata, 2% Carabidae e Braconidae e outras famílias com 5 %. Fonte: Autoria Própria, 2008

Fitófagos71%

Inimigos Naturais

12%

Outros Artrópodes

17%

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Os inimigos naturais representaram 12% do total coletado neste trabalho,

porém ainda existe a necessidade de outros estudos evidenciando a importância das

espécies de inimigos naturais na cultura do arroz, conforme Gallo et al. (2002), estes

são fundamentais para a utilização do controle biológico na regulação do número de

pragas pela ação desses indivíduos. Entre os inimigos naturais coletados, o grupo

Coletas

Ordem Família Hábito 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª

Coleoptera Crisomelidae Fitófago 2 2

Curculionidae Fitófago 73 21 37 6

Carabidae Inimigo Natural 1 1

Nitidulidae Detritívoro 4

Dasytidae Inimigo Natural 1

Estafilinidae Inimigo Natural 1

Cerambycidae Acidental 1

Coccinellidae Inimigo Natural 1

Hemiptera Pentatomidae Fitófago 5 4 29 67 40

Cicadellidae Fitófago 3 2 5 6 3

Outros fitófagos Fitófago 1 4 10 2 2

Ortoptera Tettigonidae Fitófago 51 91 36 15 3

Acrididae Fitófago 1 11 43 11 4

Grilidae Fitófago 2 2

Diptera Tachnidae Inimigo Natural 1

Outros Acidental 16 51 29 24 7

Himenoptera Formicidae Acidental 8

Braconidae Parasitóide 2

Himenoptera parasítica Parasitóide 1

Apidae Acidental 1

Chalcidoidea Acidental 1

Lepdoptera Fitófago 4 1

Araneae Inimigo Natural 25 24 8

Odonata Inimigo Natural 7 15 13 5

Total 203 207 227 149 61

Tabela 1: Relação das ordens e famílias encontradas determinando o hábito de cada uma e o total de indivíduos, com destaque para a terceira coleta com o maior número de indivíduos, a quinta coleta já no final do ciclo apresentou menor número de indivíduos.

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que obteve um maior destaque foi Araneae, conforme Oliveira et al. (2007), as

aranhas são de grande importância no controle de pragas agrícolas, como

predadoras, apresentando diversas vantagens na redução de pragas, pois não

danificam as plantas, possuem capacidade de aumentar rapidamente o número de

exemplares e não há riscos de aumentos desenfreados da população devido as

características de territoriedade e canibalismo.

O segundo grupo de Inimigos Naturais encontrado foi a ordem Odonata, esta

ordem é representada por insetos com corpo alongado, e levemente cilíndrico,

cabeça grande com olhos salientes, asas estreitas e alongadas, membranosas e

delicadas, geralmente são coloridos, brilhantes e com reflexos metálicos, são

potenciais predadores (MARANHÃO, 1976). Apesar de este grupo ser representado

por predadores ativos de insetos (CARVALHO, s/d), ainda existem poucos estudos

de sua importância no controle biológico de pragas para a cultura do arroz.

As demais famílias de inimigos naturais encontradas apresentaram números

pouco representativos, sendo, Carabidae e Braconidae com 2 indivíduos coletados

cada, e Dasytidae, Estafilinidae, Coccinellidae e Tachnidae com 1 indivíduo cada,

ocorreu ainda um indivíduo de Himenóptero parasitóide. Sujii et al. (2007) cita a

família Coccinelidae como um importante agente de controle biológico para a cultura

do algodoeiro. A família Carabidae é representada por muitas espécies com hábito

predador, e são freqüentes em áreas com culturas anuais (CIVIDANES;CIVIDANES,

2008). Para a família Braconidae Arouca (2005) indica que a maior parte das

espécies é parasitóide primária de outros insetos, porém existem alguns registros de

espécies fitófagas. Em estudo realizado em algodoeiro, Fonseca et al. (2006)

registram que a maior incidência de inseticidas acarreta em diminuição da população

de inimigos naturais.

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A primeira coleta foi realizada no dia dois de fevereiro de dois mil e oito,

durante a fase vegetativa das plantas, por volta das dez horas da manhã, com dia

nublado e temperatura em torno de 20C°, a precipitação registrada no dia foi de 4

mm. Nesta ocasião foi coletado um total de 203 indivíduos distribuídos em oito

ordens e quatorze famílias (Gráfico 4). Dos indivíduos coletados, 75 pertencem à

ordem Coleoptera, sendo 73 da família Curculionidae e 2 da família Crisomelidae, 9

pertencem à ordem Hemiptera, sendo 5 pertencentes à família Pentatomidae, 3

Cicadelidae, e 1 classificado como outros hemípteros fitófagos. A ordem Orthoptera

apresentou 54 indivíduos, sendo, 51 pertencentes à família Tettigonidae, 1 Acrididae

e 2 Grilidae, 17 indivíduos coletados pertencem à ordem Diptera, sendo que deste 1

pertence à família Tachnidae. A ordem Himenoptera foi representada por 12

indivíduos, sendo, 8 pertencentes à família Formicidae, 2 Braconidae, 1 Apidae e 1

Chalcidoidea. Foram coletados ainda 7 indivíduos pertencentes à ordem Odonata e

25 indivíduos aracnídeos pertencentes à ordem Araneae.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1° Coleta Crisomelidae

Curculionidae

Pentatomidae

Cicadellidae

Outros fitófagos

Tettigonidae

Acrididae

Grilidae

Tachnidae

Outros

Formicidae

Braconidae

Apidae

Chalcidoidea

Lepdoptera

Araneae

Odonata

Gráfico 4: Representação da abundância das famílias na primeira coleta, a família mais abundante foi curculionidae com 73 indivíduos, seguida de Tettigonidae com 51 indivíduos.

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Nesta coleta a família mais abundante foi Curculionidae, representando 36% do

total de indivíduos, seguida de Tettigonidae representando 25% e de Araneae com

12%. A predominância de Curculionidae indica que nesta fase vegetativa há uma

incidência significativa deste grupo representado principalmente por Orizophagus

oryzae, que conforme Martins et al.(2004), o inseto adulto, conhecido por gorgulho-

aquático, invade os arrozais, principalmente na época da irrigação por inundação,

alimenta-se de folhas de arroz, acasala e oviposita em partes submersas das

plantas. Segundo Cunha et al. (2001), Orizophagus oryzae ocorre na lavoura de

arroz em duas gerações, sendo a primeira mais prejudicial pois além de a densidade

populacional ser maior, ocorre mais cedo quando o sistema radicular ainda não está

bem desenvolvido, a segunda geração ocorre na fase vegetativa quando a planta já

apresenta um sistema radicular mais desenvolvido, portanto, mais resistente, esta

segunda geração coincide com a amostragem obtida nesta coleta, que ocorreu

quando a lavoura já estava com 70 dias. A família Curculionidae é representada por

coleópteros providos de rostro na cabeça, onde se encontra o aparelho bucal

mastigador, é a família mais numerosa do Reino Animal (Gallo et al.,1988).

A segunda família mais abundante foi Tettigonidae que agrupa as esperanças,

segundo Gallo et al. (1988) apresentam geralmente coloração verde assemelhando-

se às folhas e possuem hábitos noturnos, ficando escondidas durante o dia, a

amostragem deste grupo foi significativa, evidenciando a presença destes fitófagos

com aparelho bucal mastigador embora as coletas tenham sido realizadas pela

manhã.

O terceiro grupo mais abundante trata-se da Classe Aracnídea, ordem

Araneae, conforme Battirola et al. (2004), este grupo vem sendo muito estudado

devido ao hábito exclusivamente predador que apresenta, sendo assim um

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importante agente controlador de populçãoes de insetos e outros artrópodes. O fato

de que este grupo teve uma maior incidência na primeira e na terceira coleta pode

estar relacionado com o pleno desenvolvimento da cultura nesta fase, servindo de

substrato para as aranhas, conforme foi observado por Rodrigues (2006).

A segunda coleta ocorreu no dia dezesseis de fevereiro de dois mil e oito, às

dez horas da manhã, em dia de sol, com temperatura média de 20C°, sem

precipitação registrada. Totalizando 207 indivíduos distribuidos em 5 Ordens e 9

famílias (Gráfico 5). Sendo na ordem Coleoptera 27 indivíduos, 21 da família

Curculionidae, 1 indivíduo da família Carabidae, 4 da família Nitidulidae, e um

indivíduo pertencente à família Dasytidae. A ordem Hemiptera foi representada por

10 indivíduos, sendo 4 Pentatomidae, 2 Cicadelidae e 4 indivíduos enquadrados em

outros hemipteros fitófagos. A ordem Orthoptera apresentou 104 indivíduos, sendo

91 pertencentes à família Tettigonidae, 11 Acrididae e 2 Grilidae. Ocorreu ainda, 51

indivíduos da ordem Diptera e 15 pertencentes à ordem Odonata.

01020

304050

607080

90100

2° Coleta

Curculionidae

Carabidae

Nitidulidae

Dasytidae

Pentatomidae

Cicadellidae

Outros fitófagos

Tettigonidae

Acrididae

Grilidae

Outros

Odonata

Gráfico 5: Representação da abundância das famílias na segunda coleta, com Tettigonidae como a família mais abundante com 91 indivíduos, seguida de outros Dipteros com 51 indivíduos.

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A família mais abundante nesta coleta foi Tettigonidae representando 45% do

total de indivíduos coletados, seguida da ordem Diptera que representou 25% do

total, a terceira família mais abundante foi Curculionidae com 10% do total coletado.

Esta coleta ocorreu 90 dias após a semeadura durante a fase vegetativa da cultura,

a família Tettigonidae ocorreu em grande número nesta coleta superando a

expectativa de que a maior incidência fosse de Curculionidae já que nesta fase

existe uma maior incidência de Orizophagus oryzae, na fase vegetativa conforme

relatado por Gallo et al. (1988).

A terceira coleta ocorreu no dia dois de março de dois mil e oito por volta das

dez horas da manhã, com o dia parcialmente nublado e temperatura média por volta

de 18 C°, a precipitação registrada para o dia foi de 10 mm, esta coleta ocorreu no

início da fase reprodutiva com emissão das primeiras hastes florais. Nesta coleta

forma amostrados um total de 227 indivíduos divididos em 6 ordens e 7 famílias

(Gráfico 6).

Gráfico 6: Representação da abundância das famílias na terceira coleta, a família mais abundante foi Acrididae com 43 indivíduos, seguida de Tettigonidae com 36 indivíduos.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

3° Coleta

Curculionidae

Estafilinidae

Pentatomidae

Cicadellidae

Outros f itófagos

Tettigonidae

Acrididae

Outros

Araneae

Odonata

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A ordem Coleoptera apresentou 38 indivíduos, sendo destes 37 pertencentes

à família Curculionidae, e 1 representante da família Estafilinidae, a ordem

Hemiptera apresentou 44 indivíduos, sendo 29 pertencentes à família Pentatomidae,

5 Cicadelidae e 10 incluidos no grupo outros fitófagos. A ordem Orthoptera

apresentou 79 indivíduos sendo 36 pertencentes à família Tettigonidae e 43

Acrididae. Foram amostrados ainda, 29 indivíduos pertencentes à ordem Diptera, 24

Araneae e 13 indivíduos da ordem Odonata. Esta coleta se apresentou de forma

mais homogenea, sem grandes variações no número de indivíduos de cada família

como ocorreu nas coletas anteriores. A família mais abundante nesta coleta foi

Acrididae com 19% de indivíduos coletados, seguida de Tettigonidae e

Curculionidae com 16 % dos indivíduos coletados em cada, e a terceira família mais

abundante foi Pentatomidae com 13 % dos exemplares coletados. A família

Acrididae inclui os gafanhotos, e podem ser divididos em dois grupos de acordo com

seu comportamento, sedentários e migradores, as espécies sedentárias são de

hábitos solitários, causando poucos estragos, as espécies migradoras podem

devastar plantações inteiras, causando enormes prejuízos (GALLO et al., 2002).

Com base nesta afirmação pode-se considerar os indivíduos coletados como

espécies com comportamento sedentário, visto que apesar de ter sido a família mais

abundante desta coleta não representou danos significativos à lavoura. As famílias

Tettigonidae e Curculionidae apresentaram a mesma abundância, porém

apresentaram uma diminuição do número de indivíduos em comparação à primeira

coleta, isto pode estar relacionado ao fato de algumas espécies de Curculionidae

como, por exemplo, Orizophagus oryzae, estar relacionada à fase vegetativa da

cultura, conforme evidenciado por Gallo et al. (1988). Já a família Tettigonidae

apresenta uma diminuição da população em comparação às coletas anteriores,

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podendo estar relacionado também ao fato de nesta fase reprodutiva da cultura

existir uma pequena diminuição das folhas, visto que pertencem à ordem Orthoptera,

há um predomínio do hábito alimentar fitófago (MARANHÃO, 1976). A terceira

família mais representativa foi Pentatomidae, e ao contrário das famílias

anteriormente citadas, esta apresentou um aumento da população em comparação

às coletas anteriores, este resultado está relacionado com o início da fase

reprodutiva e começo da emissão das panículas, corroborando com as afirmaçoes

de Oliveira et al. (2005) ao se referir a Tibraca limbativentris que ocorre em dois

períodos de desenvolvimento das plantas, no primeiro após a emergência, neste

trabalho não foi realizada coleta nesta fase, e segundo após o florescimento

atacando o colmo, formando a panícula branca. Este resultado também está

relacionado com a presença de Oebalus poecilus, pois conforme Ferreira et al.

(2002) os insetos localizam-se principalmente nas panículas, durante o período de

desenvolvimento das espiguetas.

A quarta coleta ocorreu no dia quinze de março de dois mil e oito, por volta

das dez horas da manhã, dia de sol, sem precipitação registrada, vento forte e

temperatura por volta de 20 C°. Esta coleta ocorreu na fase reprodutiva da cultura,

totalizando 149 indivíduos distribuidos em 8 ordens e 8 famílias (Gráfico 6).

A ordem Coleoptera apresentou 9 indivíduos, sendo 2 indivíduos da família

Crisomelidae, 6 Curculionidae, e 1 indivíduo da família Cerambycidae, a ordem

Hemiptera apresentou 75 indivíduos, sendo 67 partencentes a família Pentatomidae,

6 Cicadellidae e 2 indivíduos classificados como outros hemipteros fitófagos. A

ordem Orthoptera apresentou 26 indivíduos, sendo 15 pertencentes à família

Tettigonidae e 11 Acrididae, ocorreram ainda, 24 indivíduos da ordem Diptera, 1

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indivíduo classificado como Himenoptera Parasitica, 1 da ordem Lepdoptera, 8 da

ordem Araneae e 5 pertencentes à ordem Odonata.

0

10

20

30

40

50

60

70

4° ColetaCrisomelidae

Curculionidae

Cerambycidae

Pentatomidae

Cicadellidae

Outros fitófagos

Tettigonidae

Acrididae

Outros

Himenoptera parasítica

Lepdoptera

Araneae

Odonata

A família mais abundante desta coleta foi Pentatomidae, representando 46%

dos indivíduos coletados, seguida de Tettigonidae com 10% e Acrididae com 7%. A

abundância da família Pentatomidae, representando a maior incidência entre as

coletas é explicada pela existência de duas espécies de grande importância

econômica para a cultura pertencerem a esta família, como já descrito

anteriormente, Oebalus poecilus e Tibraca limbativentris, estas duas espécies estão

relacionadas com a fase reprodutiva, sendo que os indivíduos da primeira espécie

cobrem totalmente as panículas, sugando continuamente os grãos, os indivíduos da

segunda espécie sugam a haste do arroz, causando o estrangulamento da mesma,

provavelmente devido à toxina que liberam conforme relatado por Gallo et al. (2002).

A quinta e última coleta ocorreu no dia vinte e nove de março de dois mil e

oito, às dez horas da manhã, dia com sol e vento forte, temperatura por volta de

20C° e precipitação registrada de 3 mm. Esta coleta ocorreu no final da fase

Gráfico 6: Representação da abundância das famílias da quarta coleta, com destaque para a família Pentatomidae com 67 indivíduos seguida de Tettigonidae com 15 indivíduos.

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reprodutiva, isto é, no final do ciclo da cultura, pouco antes da colheita. Esta coleta

totalizou 61 indivíduos pertencentes a 4 ordens e 6 famílias (Gráfico 7).

Foram coletados 2 indivíduos do ordem Coleoptera, sendo 1 Carabidae e 1

Coccinelidae, a ordem Hemiptera apresentou 45 indivíduos, com 40 pertencentes à

família Pentatomidae, 3 Cicadelidae e 2 pertencentes a outro hemipteros fitófagos,

Orthoptera obteve 7 indivíduos, 3 Tettigonidae e 4 Acrididae, finalmente houve ainda

a presença de 7 Dipteros não identificados.

A família mais abundante nesta coleta foi Pentatomidae com 65% do total

coletado, sendo que como já descrito anteriormente, este número está relacionado à

fase de desenvolvimento que a cultura se encontra. Nesta coleta é importante

destacar a ausência de indivíduos pertencentes à família Curculionidae, que foi

abundante nas primeiras coletas, isto ocorre, pois a principal espécie desta família

para a cultura do arroz, Orizophagus oryzae se alimenta do parênquima das folhas,

onde deixa orifícios do tamanho de suas mandíbulas conforme relatado por Gallo et

al. (2002), não sendo comum encontrá-la nesta fase da cultura.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

5° Coleta

Carabidae

Coccinellidae

Pentatomidae

Cicadellidae

Outros f itófagos

Tettigonidae

Acrididae

Outros

Gráfico 7: Representação da abundância das famílias da quinta coleta, evidenciando a família Pentatomidae como a mais abundante, seguida de outros Dipteros e Acridae.

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CONCLUSÃO

Este trabalho teve como principal objetivo a identificação das principais

pragas da cultura do arroz, e posterior comparação com a bibliografia especializada,

além de identificar possíveis inimigos naturais para serem usados como parâmetros

em futuros trabalhos relacionados ao controle biológico de pragas.

Os resultados obtidos indicam uma veracidade das informações já publicadas

anteriormente que demonstram uma maior ou menor incidência de algumas famílias

de acordo com o ciclo de desenvolvimento da cultura, porém algumas famílias como,

por exemplo, Tettigonidae, apresentaram indíces populacionais elevados em quase

todas as coletas, porém não encontrei trabalhos que associassem esta família à

referida cultura, houve também um número acentuado de dipteros acidentais

associados à cultura, porém neste caso não foi possível associar a outros trabalhos

devido ao fato de ter sido identificado somente até o nível taxonômico de ordem.

Quanto aos inimigos naturais, o grupo mais expressivo foi Araneae, e foi

possível comparar os resultados com alguns trabalhos que vêm sendo realizados

com este grupo para a cultura, porém ainda há a necessidade de mais estudos para

associar a efetiva predação com as espécies de interesse econômico da cultura. Um

outro ponto a se destacar é o número considerável de indivíduos da ordem Odonata

coletados durante a realização do trabalho, já que a bibliografia indica este grupo

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como um potencial predador, e não existem trabalhos associando a predação de

insetos pragas da cultura por este grupo.

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REFERÊNCIAS

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