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Introdução ao Livro de Oséias Um casamento sem Aliança Oséias viveu no século VIII a.C. e foi provavelmente o único profeta literário do Reino do Norte, Israel. Neste período, Israel vivia sua era de ouro com o reinado de Jeroboão II. O nome Oséias tem a mesma raiz de Josué, que significa salvação. Seu ministério começou cerca de 10 anos depois de Amós ter saído de Judá levando seus oráculos proféticos ao Reino do Norte, e durou no mínimo 25 anos, já que o primeiro verso do livro diz que Oséias profetizou entre os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias de Judá e Jeroboão II de Israel. Seus escritos estão entre os mais antigos oráculos proféticos registrados e sua obra inicia a seção da Bíblia Hebraica chamada O livro dos Doze, embora Amós anteceda Oséias. O livro de Oséias abrange o período Assírio (de meados ao final do século VIII a.C.) junto com os livros de Amós, Jonas e Miquéias. O livro é centralizado numa circunstância curiosa, pois Deus mandara Oséias casar com uma prostituta chamada Gômer, resultando numa união trágica. O casamento de Oséias é de importância fundamental para seu ministério, uma vez que a atitude adúltera de Gômer simbolizava o comportamento adúltero de Israel ao se afastar de Javé. Deste casamento saíram três filhos, Jezreel, Lo-Ruama e Lo-Ami. A mensagem de Oséias, anunciada durante estes muitos anos transmitia o julgamento e a graça de Javé para um povo rebelde e adúltero. Oséias foi um profeta do Reino do Norte que pregou para seu próprio povo, Israel. Porém, mesmo com a incumbência de profetizar entre seus compatriotas não se furtou de denunciar o Reino do Sul, Judá. Este destaque é importante pois há estudos afirmando que as citações sobre Judá nos escritos de Oséias tratam-se de adições posteriores ao texto original com o fim de engrandecer Judá, porém esta conclusão não se sustenta, visto que a maioria dessas citações tem um forte teor de reprovação. O ministério de Oséias foi exercido principalmente em virtude de dois fatores: a quebra da Aliança deuteronômica por parte do povo a ameaça de invasão da Assíria em Israel O trabalho de Oséias provavelmente começou após a morte de Jeroboão II em 753 a.C. e terminou quando houve a invasão Assíria por Salmaneser V em 722 a.C. (2 Rs. 17:1-34). A mensagem escrita de Oséias provavelmente foi escrita no período entre o pagamento de tributo do rei Menaém a Tiglate-Pileser da Assíria (739 a.C.; Os. 5:13; 8:9; 12:1) e um pouco antes da queda de Samaria (722 a.C.) já que ele não menciona este fato. A

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Introdução ao Livro de Oséias – Um casamento sem Aliança

Oséias viveu no século VIII a.C. e foi provavelmente o único profeta literário do Reino do Norte, Israel. Neste período, Israel vivia sua era de ouro com o reinado de Jeroboão II. O nome Oséias tem a mesma raiz de Josué, que significa salvação. Seu ministério começou cerca de 10 anos depois de Amós ter saído de Judá levando seus oráculos proféticos ao Reino do Norte, e durou no mínimo 25 anos, já que o primeiro verso do livro diz que Oséias profetizou entre os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias de Judá e Jeroboão II de Israel.

Seus escritos estão entre os mais antigos oráculos proféticos registrados e sua obra inicia a seção da Bíblia Hebraica chamada O livro dos Doze, embora Amós anteceda Oséias. O livro de Oséias abrange o período Assírio (de meados ao final do século VIII a.C.) junto com os livros de Amós, Jonas e Miquéias.

O livro é centralizado numa circunstância curiosa, pois Deus mandara Oséias casar com uma prostituta chamada Gômer, resultando numa união trágica. O casamento de Oséias é de importância fundamental para seu ministério, uma vez que a atitude adúltera de Gômer simbolizava o comportamento adúltero de Israel ao se afastar de Javé. Deste casamento saíram três filhos, Jezreel, Lo-Ruama e Lo-Ami. A mensagem de Oséias, anunciada durante estes muitos anos transmitia o julgamento e a graça de Javé para um povo rebelde e adúltero.

Oséias foi um profeta do Reino do Norte que pregou para seu próprio povo, Israel. Porém, mesmo com a incumbência de profetizar entre seus compatriotas não se furtou de denunciar o Reino do Sul, Judá. Este destaque é importante pois há estudos afirmando que as citações sobre Judá nos escritos de Oséias tratam-se de adições posteriores ao texto original com o fim de engrandecer Judá, porém esta conclusão não se sustenta, visto que a maioria dessas citações tem um forte teor de reprovação.

O ministério de Oséias foi exercido principalmente em virtude de dois fatores:

a quebra da Aliança deuteronômica por parte do povo

a ameaça de invasão da Assíria em Israel

O trabalho de Oséias provavelmente começou após a morte de Jeroboão II em 753 a.C. e terminou quando houve a invasão Assíria por Salmaneser V em 722 a.C. (2 Rs. 17:1-34). A mensagem escrita de Oséias provavelmente foi escrita no período entre o pagamento de tributo do rei Menaém a Tiglate-Pileser da Assíria (739 a.C.; Os. 5:13; 8:9; 12:1) e um pouco antes da queda de Samaria (722 a.C.) já que ele não menciona este fato. A

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cronologia dos escritos de Oséias podem ser identificados devido às menções que ele faz da guerra siro-efraimita em 735 a 734 a.C. (Os. 5:8 - 6:6).

Israel vivia nesta época um renascimento político e econômico graças às campanhas empreendidas pelo pai de Jeroboão II, Jeoás (2 Rs. 13:25). Jeroboão II continuou com a política expansionista de seu pai e chegou a reconquistar os territórios de Israel tornando-os semelhantes ao período de Davi e Salomão (2 Rs. 14:25-28). A estabilidade conseguida criou uma série de comerciantes ricos e prósperos em Israel, havia muito luxo e pompa na corte do Reino do Norte, além de muita fartura de gêneros agrícolas.

Porém, este reinado de prosperidade ganhou dos profetas outra avaliação bem diferente. Amós, profetizando para Israel, algum tempo antes de Oséias, denunciou as práticas abusivas contra os pobres, a política corrupta, opressiva e injusta do governo de Jeroboão II (Am. 2:6-16). O resultado foi a expulsão de Amós (Am. 7:10-17).

A prosperidade gerou corrupção moral e social (Os. 9:9), cujos frutos foram a ganância e orgulho. A apostasia e a idolatria foram outros problemas que Israel enfrentou. Javé recorre ao grande episódio de redenção do Antigo Testamento, o Êxodo do Egito, para criticar sua postura religiosa (Os. 11:2; 13:1-2) e sua política externa, ao chamá-la de "vento oriental" (Os. 12:1).

A história subsequente de Israel comprovou a veracidade dos oráculos de Oséias (Os. 10:7), pois, após a morte de Jeroboão II, uma série de golpes políticos para a tomada do trono de Israel foram sepultando cada vez mais o Reino do Norte. Quatro dos seis últimos reis de Israel em 30 anos foram assassinados, e seu último rei, Oséias (não confundir com o profeta), foi levado cativo para a Assíria (2 Rs. 17:6).

A política interna de Israel desestabilizou a diplomacia com as demais nações (Os. 7:11). A tabela abaixo ilustra a sequência dos erros políticos de Israel.

Decisão política Referência

Para evitar a invasão assíria, o rei Menaém tornou Israel vassalo da Assíria ao pagar tributo para Tiglate-Pileser (740 a.C.)

2 Reis 15:9

O rei Peca, de Israel, ataca Judá em virtude da sua rejeição à coligação contra a Assíria. Acaz, rei de Judá, pede ajuda a Tiglate-Pileser, da Assíria, oferecendo-lhe um pesado tributo. Isto tornou Judá vassalo da Assíria (735 a.C.). A Assíria derrotou esta oposição e tomaram todo território de Samaria, o Reino do Norte, e levaram

2 Reis 16:5-9;

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cativos uma grande quantidade de israelitas para a Assíria.

O rei Oséias, do Reino do Norte, buscou a ajuda do Egito para derrotar a Assíria. Entretanto esta aliança falhou, e, por ter sonegado o tributo devido a Tiglate-Pileser, Oséias tornou-se o responsável direto pela destruição de Samaria (722 a.C.).

2 Reis 17:1-6

Estrutura de Oséias

O livro de Oséias pode ser dividido da seguinte forma:

Cabeçalho - 1:1

O casamento de Oseias com Gômer, a prostituta - 1:2 - 3:5

Os oráculos de Oséias - 4:1 - 14:9

Os capítulos 1 a 3 narram a biografia de Oséias e seu relacionamento com a prostituta Gômer. Esta narrativa serve de pano de fundo para os oráculos contra Israel e fundamentam as profecias dos capítulos 4 a 14. Estas profecias relatam o relacionamento de Javé com Israel e são espelhadas no relacionamento de Oséias com Gômer.

A mensagem profética (caps 4 a 14) de Oséias pode ser estruturada em quatro pontos:

Acusação, com denúncias sobre a quebra da aliança (4:1-11) Julgamento, com destruição e cativeiro (5:1 - 8:14) Instrução, com um convite ao arrependimento (6:1-3) Consequências, com a restauração dos justos (14:1-8)

Oséias utiliza uma linguagem jurídica para enfatizar a quebra da Aliança por parte de Israel. Alguns termos são: acusação (4;1); culpada e juro (4:15); sentença (5:1); testifica (5:5).

Oséias também usa o nome poético Efraim para referir-se ao Reino do Norte, Israel, e demonstra conhecimento dos termos da Aliança ao citar termos como "voltemos" (6:1), "conheçamos" (6:3), "redimi-los" (7:13), "quebraram", "aliança" e "Lei" (8:1), "amei" (11:1), "acusação" (12:2).

Propósito e conteúdo

O livro de Oséias aborda os seguintes temas:

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O amor constante amor de Javé por Israel O justo juízo executado por Javé

O empenho de Javé pela Aliança

A restauração do remanescente por Javé

O casamento de Oséias com Gômer retratava o relacionamento de Israel com Javé. Da mesma maneira que Gômer havia sido infiel com Oséias, Israel fora com Javé, o Deus da Aliança. Sei amor rejeitado e restaurado foi o fundamento da sua pregação para o povo que havia quebrado a aliança (4:15). A pregação do profeta estava profundamente influenciada por sua própria experiência de vida conjugal. Portanto, o objetivo principal não era demonstrar o amor de Javé por Israel, mas enfatizar o quanto Israel havia se afastado dos princípios estabelecidos por Deus com a Lei da Aliança.

Os três filhos deste casamento representam características do relacionamento do povo com Javé conforme o quadro abaixo:

Nome Significado Explicação

Jezreel Deus semeará.

O julgamento é anunciado, porém a restauração também é prevista (Os. 2:22ss)

Profecia contra a família do rei Jeú. A ameaça em Os. 1:5 foi provavelmente cumprida com o assassinato de Zacarias, filho de Jeroboão II, o último da linhagem de Jeú (2 Rs. 15:8-12)

Lo'-ruhamâ

Desfavorecida.

Reversão da atitude de Deus para com o povo de Israel.

A confiança no livramento e misericórdia de Javé é substituída pela tomada em armas e alianças políticas com outras nações. Deus retira sua misericórdia e deixa israel sofrer as consequências da sua infidelidade. (Os 1:6).

Lo'- 'ammî

Não meu povo.

Aliança foi quebrada.

Javé não rejeitou Israel, antes Israel rejeitou a Deus, recusando-se ser o seu povo (Os. 1:8).

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Oséias recorre constantemente ao passado da nação de Israel e do cuidado de Javé para com seu povo, que estava baseado na Aliança (11:1-4; 12:9; 13:4). Oséias demonstra que o amor de Javé por Israel foi a causa do cumprimento de suas promessas, e da mesma maneira traria a restauração.

Os temas da esperança futura (2:14-23) e da destruição iminente (5:8-9) foram temas que Oséias abordou de acordo com o fundamento da Aliança da lei, que previa bençãos e maldições (Lv. 26:1-39).

Oséias foi firme ao questionar a liderança política e religiosa de Israel (5:1; 6:9; 13:10), mas também estava com seu coração apertado, pois ele sabia o que Javé estava sentindo ao castigar o filho que tanto amava (11:8).

Oséias foi o último profeta escritor a declarar juízo (6:5) ao reino do Norte antes da invasão da Assíria e pedir para que o povo voltasse ao conhecimento de Deus (2:5-8; 4:1,6; 5:4, 6:3-6) com arrependimento e regeneração da aliança (6:1; 14:1).

Entretanto, a própria vida de Oséias foi um testemunho eloquente de que Javé queria restaurar o povo de Israel, que havia adulterado. Essa restauração vinha do grande amor de Javé por seu povo (14:4).

O casamento de Oséias

As abordagens interpretativas do casamento de Oséias podem ser sintetizadas de acordo com o quadro abaixo:

Abordagem de interpretação

Explicação

Casamento simbólico Não foi histórico, mas apenas uma alegoria para exemplificar a história.

Casamento verdadeiro: narrativa em sequência

O casamento aconteceu historicamente. O que muda é a abordagem no entendimento de Gômer.

Alguns alegam que Gômer já era uma prostituta quando se casou com Oséias.

Outros afirmar que ela se prostituiu após o casamento, já que seria eticamente impossível Oséias casar com um prostituta

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Alguns sugerem que Gômer era prostituta no sentido espiritual, á que adorava outros deuses

Casamento verdadeiro: narrativa paralela

O casamento foi histórico, porém trata-se de uma narrativa escrita em momentos diferentes da história de Oséias.

Dois casamentos verdadeiros

Oséias casa-se com Gômer ainda virgem no capítulo. E o capítulo 3 retrata o segundo casamento com uma prostituta desconhecida.

O caráter antiético do casamento é questionável, pois a proibição de se casar com prostitutas era aplicada aos sacerdotes, não aos profetas; e Oséias não era sacerdote. Entretanto, nem mesmo a designação de profeta é oficialmente atribuída a Oséias. Portanto, apesar de incomum, o casamento de Oséias não poderia ser considerado antiético.

Além disso, Israel estava à beira de um colapso espiritual, social e moral, e portanto exigiria algo mais além de meras palavras, tal qual Isaías que pregou nu e descalço durante três anos (Is. 20:1-6).

A adoração a baal

De acordo com as estipulações da Aliança, Israel estava proibido de adorar outros deuses (Ex. 20:1-6; Dt. 4:15-31) e havia falhado em expulsar todos os cananeus da Palestina quando da conquista da Terra prometida(Js. 13:1-7; Jz. 1:22-35). Baal era o deus cananeu responsável pela chuva e fertilidade, elementos primordiais para a agricultura, base de sustento destes povos.

A fim de garantir sua sobrevivência na terra, Israel passa a apelar para o sincretismo religioso, adicionando práticas pagãs ao culto monoteísta a Javé, pois não confiavam em sua providência. Por isso o casamento de Oséias foi tão significativo, pois representava a prostituição (infidelidade) de Israel a fim de obter vantagens materiais.

O conhecimento de Deus

Por diversas vezes Oséias toca na tecla do conhecimento de Deus. Este conhecimento não se trata do conhecimento intelectual de Deus, mas em como o povo de Israel deveria se relacionar com Javé. No Antigo Testamento o conhecimento é traduzido por um relacionamento íntimo com alguém, que pode ser traduzido também por comunhão.

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Quando Javé resgatou Israel do Egito houve o compromisso do povo em obedecê-lo de acordo com a revelação da Lei. Quando Israel pecou e recusou-se a obedecer, a aliança foi quebrada e somente o arrependimento poderia renovar o pacto. Por isso, de acordo com Os. 6:6, o ritualismo não poderia restaurar a comunhão.

Ao tratar sobre o conhecimento Oséias abre o caminho que seria percorrido por Jesus quando falou "ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt. 11:27). Jesus chega a comparar a salvação com o conhecimento de Deus (Jo. 17:3).

O ritualismo

Enquanto os aspectos rituais da religião serviam ao seu propósito de adorar a Deus por seus atos grandiosos e lembrar o povo sobre suas obrigações para com Javé, não havia oposição nem denúncia. O problema era que os aspectos cerimoniais estavam sendo cumpridos (2:11,13; 5:6; 6:6). Entretanto essa religiosidade externa escondia a falta de ética e corrupção.

Os sacerdotes eram os alvos principais de Oséias, pois sua função era justamente ajudar o povo e ensinar a lei, justiça e retidão, aspectos totalmente negligenciados por eles. Desta forma se tornaram os responsáveis pela decadência espiritual e moral de Israel (4:4-9; 5:1).

O culto havia degenerado para as práticas do culto à fertilidade dos pagãos e o povo buscava saber do futuro por meio da magia e, além disso, agradecia-se aos baalins a colheita realizada (2:11-13).