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Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 24(4) :234-239, julho.agosto, 1982 oBSERVAçóES SOBRE AÇÃO DO FUNGO METARRHTZTUM ANtSOpLtAE METSCHNIKOFF SOBRE ALGUMAS ESPÉCIES DE TRIATOMINAE (HEMIPTERA, REDUVIIDAE) Ítalo A, SHERLOCK (1) e Neide cUrfK)N (t) RES UMO Esporos do fundo Metarrhizium anisopliae (Metsch) em meio de arroz cozido forarn suspensos em água destitada e aspergidos sobre ninfas e ad.ultos de Tri¿to- ma infestans, Panstrongylus megistus, Triatoma brasiliensis e Rhodnius neglectus. Durante seis meses de observações, apenas dois exemplares se mostraram discre- tamente infectados pelo fungo. A rhortalidade dos triatomíneos testes foi seme- lhante a dos controles. Esporos de M. anisopliae no próprio meio de cultura foram mantidos junto a exemplares de T. infesúans e T. brasiliensis em fases de ninfas e adultos. Após 20 dias iniciou se a mortalidade dos triatomíneos testes, B07o dos quais se apresentaram altamente infectados pelo fungo, enquanto que nos eon- troles nada de anormal se verificou. Exemplares mortos de T. infestans altamente infectados na experiência anterior, foram colocad.os junto a exemplares sadios de T. infestans e T. brasiliensis, mantendo se outro grupo para controle. Vinte dias após, iniciou-se a mortalidade dos triatomíneos, mostrando-se a maioria infectatta peLo fungo. Concluiu-se que M. anisoplia"e quando utilizado em strspensão aquosa apresenta baixa infectividade para os triatomíneos. Entretanto, quando utilizado em culturas puras, é altamente infectante, demonstrando possuir também ação letal para esse reduvídeo. cDa 576.8 616.937 .3 O fato de alguns fungos parasitarem natu- ralmente insetos, tem sido aproveitado por di- versos p€squisadore,s para utilizá-los no com- bate a certas pragas, principalmente nos meios agrícolas (BUCHER, 1; CAMERONz; DE BACHs; FRANZz; JENKINST; VISHABA & col.e; VEI- G.A & AQUINO ro). campo dos vectores de doenças ou pa- rasitas do homem, COCKBAIM3 observou o pa- rasitismo do percevejo Cimex lectularius pelo Aspergillus flavus e DIAS & LEÃO ó infectaram T. infestans, T. vitúiceps e P. megistus com o fungo Beauveria bassiana, não constatando en- tretanto, índices significativos de mortalidade nos lotes de triatomíneos observados. Recente- mente, (COSTA4) fez a infecção experimental de Rhodnius prolixus com o fu,ngo Metarrhizium INTRODUçÃO (1) centro de Pesquisas conçalo Moniz, da Fundação osl\raldo cruz. salvador, Bahia, Brasil 244 anisopliae, tendo-o reisolado desse triatomíneo e observado grande número de insetos mortos, o que julgou devido à ação do fungo. Em nosso trabalho apresentamos os resul- tados de observações que realiza^rnos relativas à ação do M. anisopliae sobre algumas espécies de triatomíneos. em laboratório. MATERIAL E METODOS Usamos triatomíneos das colônias mantidas pelo Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, ali- mentados com sangue de aves, em fases de nin- fas de 4.' e 5.' estrígios e adultos, das seguintes espécies: Triatoma brasiliensis, lriatoma infes. tans, Panstrongylus megisúus e Rhodnius ne. glecúus. A cepa inicial do fungo foi fornecida

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Rev. Inst. Med. trop. São Paulo24(4) :234-239, julho.agosto, 1982

oBSERVAçóES SOBRE AÇÃO DO FUNGO METARRHTZTUM ANtSOpLtAEMETSCHNIKOFF SOBRE ALGUMAS ESPÉCIES DE TRIATOMINAE

(HEMIPTERA, REDUVIIDAE)

Ítalo A, SHERLOCK (1) e Neide cUrfK)N (t)

RES UMO

Esporos do fundo Metarrhizium anisopliae (Metsch) em meio de arroz cozidoforarn suspensos em água destitada e aspergidos sobre ninfas e ad.ultos de Tri¿to-ma infestans, Panstrongylus megistus, Triatoma brasiliensis e Rhodnius neglectus.Durante seis meses de observações, apenas dois exemplares se mostraram discre-tamente infectados pelo fungo. A rhortalidade dos triatomíneos testes foi seme-lhante a dos controles. Esporos de M. anisopliae no próprio meio de cultura forammantidos junto a exemplares de T. infesúans e T. brasiliensis em fases de ninfase adultos. Após 20 dias iniciou se a mortalidade dos triatomíneos testes, B07o dosquais se apresentaram altamente infectados pelo fungo, enquanto que nos eon-troles nada de anormal se verificou. Exemplares mortos de T. infestans altamenteinfectados na experiência anterior, foram colocad.os junto a exemplares sadios deT. infestans e T. brasiliensis, mantendo se outro grupo para controle. Vinte diasapós, iniciou-se a mortalidade dos triatomíneos, mostrando-se a maioria infectattapeLo fungo. Concluiu-se que M. anisoplia"e quando utilizado em strspensão aquosaapresenta baixa infectividade para os triatomíneos. Entretanto, quando utilizadoem culturas puras, é altamente infectante, demonstrando possuir também açãoletal para esse reduvídeo.

cDa 576.8616.937 .3

O fato de alguns fungos parasitarem natu-ralmente insetos, tem sido aproveitado por di-versos p€squisadore,s para utilizá-los no com-bate a certas pragas, principalmente nos meiosagrícolas (BUCHER, 1; CAMERONz; DE BACHs;FRANZz; JENKINST; VISHABA & col.e; VEI-G.A & AQUINO ro).

Nô campo dos vectores de doenças ou pa-rasitas do homem, COCKBAIM3 observou o pa-rasitismo do percevejo Cimex lectularius peloAspergillus flavus e DIAS & LEÃO ó infectaramT. infestans, T. vitúiceps e P. megistus com ofungo Beauveria bassiana, não constatando en-tretanto, índices significativos de mortalidadenos lotes de triatomíneos observados. Recente-mente, (COSTA4) fez a infecção experimental deRhodnius prolixus com o fu,ngo Metarrhizium

INTRODUçÃO

(1) centro de Pesquisas conçalo Moniz, da Fundação osl\raldo cruz. salvador, Bahia, Brasil

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anisopliae, tendo-o reisolado desse triatomíneoe observado grande número de insetos mortos,o que julgou devido à ação do fungo.

Em nosso trabalho apresentamos os resul-tados de observações que realiza^rnos relativasà ação do M. anisopliae sobre algumas espéciesde triatomíneos. em laboratório.

MATERIAL E METODOS

Usamos triatomíneos das colônias mantidaspelo Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, ali-mentados com sangue de aves, em fases de nin-fas de 4.' e 5.' estrígios e adultos, das seguintesespécies: Triatoma brasiliensis, lriatoma infes.tans, Panstrongylus megisúus e Rhodnius ne.glecúus. A cepa inicial do fungo foi fornecida

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SHERLOoK, I. A. & GUITToN, N. - observagões sob¡e ação do fungo Meterrhizium enisoplia.e METSoHNIKoFF sobrealgumas espécies de Tri¡tomlnae (Hemiptera, Reituviidac)- Rev. Inst. Med. tropi São PrÍulo ?.4t2g4-Z}g, LggZ.

pelo Instituto Biológico, da Bahia e era man-tida, em meio de cultura de arroz cozido emsacos de plástico, na geladeira.

A verificação da infecção do triatomíneoapós ser extrrosto ao contacto com o fungo erafeita quando esse inseto já estava morto, parao que era colocado em câmara úmida, permi-tindo, assim, o desenvolvimento dos esporos.

Realizamos três tipos distintos de experi-mentos com alguma,s o.spécies de triatomíneos,expondo-os ao contacto com o fungo e obser-vando-os durante um ano, conforme a seguirrelatamos.

Experiência I - Esporos de fungo M. ani-sopliae fora.m susp€nsos em água destilada e

aspergidos sobre 10 ninfas e 10 adultos de cadauma das seguintes espécies de triatomineo:Triatoma brasiliensis, Triatom¿ infestans,Panstrongylus megistus e Rhodnius neglêctus,utilizando-se para controle 10 exemplares adul-tos e ninfas de cada uma das espécies men-cionadas. Os triatomíneos após aspergidos coma suspensão do fungo, foram mantidos em co-pos de plástico forrados com papel filtro e ve-dados com tecido de nylon, à temperatura dolaboratório (26 a 30"C). Semanalmeurte os tria-tomÍneos eram postos para se alimentar emgalos, Oq controles foram apenas aspergid"os comágua dectilada e mântidos ern condições seme-thantes.

Experiência II - Esporos de M. anisopliae,no próprio meio da cultura de arroz cozido, fo-ram colocados em copos de plástico, juntamen-te com 10 exemplares adultos e ninfas de cadauma das espécies T. brasiliensis e T. infestans.Estes copos eram mantidos na temperaturaarnbiental (26 a 3()"C) dentro de cristalizadoresforrados com algodáo úmido, de maneira aproporcionar elevadâ umidade no interior dosvasos, Em condições semelhantes foram man-tidos exemplares para controle.

Sernanalmente os triatomíneos eram pos-tos para se alimentar em galos.

Experiência III - Exemplares mortos deT, infestans altamente infectados por M. ani-sopliae nas experiências anteriores, foram co-locados junto a 10 exemplares adultos de cadauma das espécies: T. infestans e T. brasiliensis,rnantendo-se controles em condições seme.lhantes. Semanalmente os triatomíneos erampo,stos para se alimentar em galos"

RESULTADOS

Experiência I (Tabelas I e IV) - Durantesei,s meses de observações, aperlas dois exem-plares de triatomíneo se mostraram discreta-mente infectados pelo fungo. A mortalidadedos triatomíneos testes foi semelhante a d.oscontroles, sendo respectivamente SO e Abqo (\a-bela IV). Durante um ano de observações,exemplares de todas as espécies dos triatomÍ-neos, tanto as 'ntestes" como n,controles',, puse-ram ovos, dos quais nascerarn ninfas que ,se

desenvolvenarn normalmente e após sacrifica-das e colocadas em câmara úmida, jamais mos-traram a infecção pelo fungo. por outro lado,algunrs dos exemplares contarninados em fasede ninfas se desenvolveram normalmente eapós atingirem a fase de adultos, pt¡seram ovosque estava.m viáveis. Deve-se salienüar que, até50 dias de observação, apenas 5% d,os exempla-res morreram, Índice igual a.o ob,servado noscontroles, e que é comum em colônias manti-das normalrnente em laboratório. Após 50 diase até o final da observação, morreram b0,%do total dos exemplares ,.te,stes,, e 45% dos"controles". Com essa diferença estatisticamen-te insignificante, somos levados a admitir aquase nula açáo do fungo quando usado emsuspensão aquosa.

Experiência II - Com exceção d.e umexemplar de T. brasiliensis que morreu nomesmo dia de exposto ao fungo e que não seapresentou infectado, após 19 dia,s em que osinsetcs foram colocados junto a cultura deM. anisopliae, iniciou-se a mortalid,ade dos tria-tomíneos, 80% dos quais, após colocados emcâmara úmida, ,se aprese,ntaram infectados pe-1o fungo. Os períodos em que se verificarammortes de triatomíneos foi de 19 a 75 dias paraT. infesúans e de 17 a 56 dias para T. brasilien-sis, enquanto que nos controles, durante 5 me-ses, náo houve significantemente mortes e nãohouve infecçã,o de triatomíneos (Tabelas II erv).

Experiência III - Dez dias após terem si.do colocados os exemplares de T. brasiliensisnão infectados junto a espécimes infectadospelo fungo, iniciou-se a mortalidade dos tria.tomíneos, e a maioria dos exemplares morto,s,após colocada em câmara úmida, se mostrouinfectada,. A mortalidade continuou até 3 mesesapós. Os exemplares controles permanecerarnvivos por mais tempo.

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À3có

MortaJidade de qu¿tro espécies de tria,tomÍneos â,pós aspergidos

TABELA Icom suspensão aquosa de Metarrhizium anlsopllae, de âÆordo com o passar dos dias

T. lnfestans (*) T. braslliensis (*) P. negistus (*) R, neglectu (*)

Dias após aspersãodos triatomfneos

Teste Controle Teste Controle Teste Controle Teste Controle Teste ("*)

vi- o/o to-vos tal

mor-tos

mor- vi- mor- vi- .mor. vi- mor- vi: mor- vi-tos vos tos vos tos vos tos vos tos vos

o/o to-tal

mor- vi- mor- vi- mor. vi- mor- vi-tos vos tos vds tos vos tos vos

0-10 119 100200 020010020010 1,2

217 100200 0200r00200102t-30 017 90200 20 19 z[}01031-40 01? 90200 2009 200104l-50 116 90200 2009 ?0"010 1,2

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ã ååååå

106 3911 3 927 L+D51Imais de 50

(") Foram utilizados 20 exemplares para testes e 10 exemplares para controles, de cada espécie(*-) Prova do qui-quadrado X¿ _- 0,104 p > 0,05

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T¡,BEL.A IIMortalidade de T' lnfestsß e T' braslltensis após colocados Junto a culturas de Met¿rrhlzlum enlsoplla€

Dias após a

eq)osiçáo dostriatomÍnoos

0-10

11-20

21-30

31-40

41-50

mofios

Teste

T. ¡nfestans (*) T. braslliensis (*)

Mais de51até120 2 O Z 2 z

(*) Foram usados l0 exemplares para teste e 5 pare controle ate ceda esFÉcie(**) Prova de Fisher, P - 0,00001

vivos

T.ABELA IIIMofialidade de T. lnlestans e T.. brasiliensls sadios após colocados Junto a espécimes experimentalmente infesta.dos

por Meúarrhlzlum enlsopllae

t0

Controle

mortos

N,o de dias apósexpostos

0-10 0 10 0 5 0

11-20 0 10 0 4 2

Teste(. -)

mortos

21-30 2 I 0 4 2

31-40 I 7 0 4 0

mortos vivos mortos vivos mortos vivos

Teste(..)

41-50 2 5 0 4 0

T. infestÐns (*)

vivos

maisdeSo 5 0 Z 2 6

(") Fo¡am usados 10 exemÞlares para teste e 5 para controle de cadâ espécie(**) P¡ova de Fisher, P * 0,00001

TABELå, IVMortalidade de algumas espécies de triatomfneos contaminad.as peto fungo Metarrhizlum anisoplla€ em três ctiferentes

expe!iências

controle

mortos

Controle

vivcis

Tipo de e*periência

I - aspersão .de suspensãoaquosa de cultura defungo em meio de arroz (")

II - fungo em cultura dô meiode arroz em contactodireto com os triatomlneos

Teste(.*)

T. brasillensls (*)

UI - tdatomíneos infectadoscom o fungo, postos emcontacto com os sadios

Espécies detriatomÍneos usadas

(.) Até 50 dias, apenas 50/o dos testes e dos controles morreÌarn; os restantes morrelarn após ess€ perfodo(**) Prova do Qui-quadrado, X2 = 0,104 P > 0,05(***) P¡ova de Fisher, P - 0,00001

10

T. lnfestens, T. br¡sil¡ensis,P. megistus, R. neglectus

Controle

mor[os

T. infestans, T. brasillensls

vrvos

ResultadosCondição dos N,o detríatomÍneos triatomfneos Mortos Infectedos

utilizados

T. infestans, T. braslllensls

Teste (**)

Controle

Teste (***)

Controle

80

Teste (***)

Controle

40

402(5oo/o) (2,50/o)

180(450/o )

20

10

20 15

(1000ó) (750k)

20(200,6)

20

10

20 16

(1000/o) (800/o)

20(200/ø')

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SHERLOCK, I' A. & GUITTON, N, - Obse'rvâções sobre ¿ção do fungo Metarrhizium anisopliae METSCHNIKOFF sobiealgumas espécies de TÌiatominae (Hemiptera, Reduviidae). R¿v. Inst, Med, trop. ,São Paulo 24t23+-Zgg, tgg?,

balho que ,apresentou ao VI Congresso Brasi-leiro de Microbiologia. Tivemos a oportunida-de de assistir pessoalmente a apresentação des-se trabalho e na oca,sião discutimos sobre ométodo de trabalho empregado por esse Autorque não determinou sequer qual o número deexemplarcs observados, assim como não utili-zou exemplares para controlers e nem alimen-tou os exemplares da experiência, os quais po-deriam ter morrido de fome. Portanto, apesarde ter o trabalho de COSTA+ o mérito de de.monstrar a capacidade do fungo de infectaro triatomíneo, não pôde comprovar a ação le-tal do fungo para o inseto e nem informou so-bre a localização do parasita nos tecidos molesdo inseto. Pelo seu trabalho tem-se a impres.são de que o fungo implantava-se nas p,ertesquitinizadas do corpo do inseto. Finalizando,desejamos salientar que, apesar de termos con-firmado a, infecção e demonstrado a açáo letalde M. anisopliae pela primeira vez sobre qua-tro espécies de triatomineos, julgamos neces-sária a realizaçãa de mais observações a res.peito, inclusive sobre a possibilidade de exis.tência de patogenicidade para os vertebrados,assim, como o melhor método de fazer a contaminação dos triatomÍneos em a natureza, oque talvez poderia ser feito por meio da libe-ração' de machos propositalmente infectados,ou ainda o polvilhamento do fungo nos ecóto-pos onde se encontram os vectores da doençade Chagas.

SUMMAEY

Observations on úhe action of the fungus Me-tarrhizium anisopliae METSCHNIKOFF on so-me species of Triatominae (Hemiptera, Ileduvii-

dae)

Adults and nymphs of Panstrongylus me"gistus, Triatoma infestans, Triatoma brasilien-sis and Rhol¡lnius neglectus were sprA5/ed withwater suspension of spores of the fungusMetarrhizium anisopliae (Metsch.). During sixmonths two single snrqyed triatomines werelightly infected with the fungus and mortalityamong triatomines were similar both in thetest and control groups. 1) Adults and nymphsof T. infestans and T. brasiliensis were main-tained together with cultures of M. a,nisopliae.After twenty days, the mortality started in thetest group reaching B0% of. the specimens \ühich

were securely infected with the fungus, whÍIeanly 20Vo of the controls (non-infected) died.2) Adults and nyrnphs of T. infesúans and T.brasiliensis were maintained together with deadspecimens of T. infesúans infected. with M.anisopliae. Twenty d,ays later the mortality ofthe tested specimens started, most of themwere seen infected by the fungus. The controlgroup remained normal. 3) The Authors con.cluded that M. anisopliae used in water sus-pension has lo¡v infectivity but when in purestate it is highly infective for triatomines,when it also seems to have leth,a,l effect forthe vectors of Chagas disease.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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1972.

Recebido pam publicação em U/5/1981.

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