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AS IDÉIAS CASCUDIANAS SOBRE EDUCAÇÃO Antonia Núbia de Oliveira Alves 1 Vânia de Vasconcelos Gico 2 INTRODUÇÃO Só trabalho no que amo, no que acredito, no que estou fazendo. (...) comecei logo a ensinar história, geografia, história da música. A minha vivência (...) me levava à investigação, a nota a respeito de modismos (...) específicos que estavam nos dicionários, gestos, técnicas de (...) estudar. Isto tudo me envolvia, eu nasci para ser um professor... (CASCUDO apud LYRA, 1999, p. 41). As reflexões de Luís da Câmara Cascudo (1898 - 1986) estão inseridas num cenário amplo de temas e idéias distribuídas em seus artigos, crônicas, livros, enfim, na sua obra em geral. Tal pensamento vem sendo apreendido através de estudos já realizados por pesquisadores, literatos, historiadores, sociólogos e jornalistas, dentre os quais podemos destacar os desenvolvidos por GICO (1996, 1998, 2000), que analisou em sua tese “Luís da Câmara Cascudo: itinerário de um pensador” as idéias cascudianas sobre folclore, história e memória. O trabalho surgiu como um viés das pesquisas citadas acima, em especial daquela desenvolvida na Base de Pesquisa “Educação e Sociedade” – CCHLA/UFRN, intitulada 1 Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais (Habilitação em Antropologia). Pesquisadora da Base de Pesquisa Cultura, Política e Educação – CCHLA/UFRN. E-mail: [email protected] 2 Profa. Dra. do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Coordenadora Adjunta da Base de Pesquisa Cultura, Política e Educação – CCHLA/UFRN. E-mail: [email protected]

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AS IDÉIAS CASCUDIANAS SOBRE EDUCAÇÃO

Antonia Núbia de Oliveira Alves1

Vânia de Vasconcelos Gico2

INTRODUÇÃO

Só trabalho no que amo, no que acredito, no que estou fazendo. (...) comecei logo a ensinar história, geografia, história da música. A minha vivência (...) me levava à investigação, a nota a respeito de modismos (...) específicos que estavam nos dicionários, gestos, técnicas de (...) estudar. Isto tudo me envolvia, eu nasci para ser um professor... (CASCUDO apud LYRA, 1999, p. 41).

As reflexões de Luís da Câmara Cascudo (1898 - 1986) estão inseridas

num cenário amplo de temas e idéias distribuídas em seus artigos, crônicas, livros,

enfim, na sua obra em geral. Tal pensamento vem sendo apreendido através de estudos

já realizados por pesquisadores, literatos, historiadores, sociólogos e jornalistas, dentre

os quais podemos destacar os desenvolvidos por GICO (1996, 1998, 2000), que

analisou em sua tese “Luís da Câmara Cascudo: itinerário de um pensador” as idéias

cascudianas sobre folclore, história e memória.

O trabalho surgiu como um viés das pesquisas citadas acima, em especial

daquela desenvolvida na Base de Pesquisa “Educação e Sociedade” – CCHLA/UFRN,

intitulada “Câmara Cascudo, cultura e o conhecimento da tradição,” e das discussões

sobre a temática da educação, além do questionamento que vinha sendo construído a

respeito do que representava a imprensa, principalmente o jornal, na produção

intelectual de Luís da Câmara Cascudo.

Pretendemos identificar a concepção de Educação para Luís da Câmara

Cascudo, sistematizando e discutindo suas argumentações sobre o assunto, tendo como

referência básica os artigos publicados na coluna Acta Diurna3 dos jornais “A

1 Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais (Habilitação em Antropologia). Pesquisadora da Base de Pesquisa Cultura, Política e Educação – CCHLA/UFRN. E-mail: [email protected]

2 Profa. Dra. do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Coordenadora Adjunta da Base de Pesquisa Cultura, Política e Educação – CCHLA/UFRN. E-mail: [email protected]

3 O nome Acta Diurna vem de uma espécie de jornal diário, uma folha onde se registravam os acontecimentos do dia e era afixada pelas autoridades romanas para o conhecimento do povo e já existia no ano 131 antes de cristo. Júlio César oficializou-a 59 anos antes do nascimento de Cristo.

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República” e o “Diário de Natal”, compilados na coletânea “O Livro das Velhas

Figuras”.

A partir da análise das categorias centrais dos artigos selecionados, foi

elaborada uma cartografia das idéias cascudianas sobre educação, como uma das

nuances da sua obra, pois há pistas do seu interesse pelo assunto, como aquela publicada

no “Diário de Natal”, quando afirma que “se educar é etimologicamente dirigir, ensinar

a dirigir-se, há muito (...) que fazer (...). Educar é tarefa de família e de ambiente e não

há escola neste mundo que substitua o exemplo doméstico” (CASCUDO, 1998, p. 06).

Embora a incursão nessas categorias escolhidas não pretenda exaurir a obra, e o texto

esteja aberto a múltiplos pontos de vista, podemos assegurar a respeito do pensamento

de Luís da Câmara Cascudo que ele foi um educador em sentido lato.

Por outro lado, a diversidade de assuntos trabalhados pelo autor, como já

foi frisado, reúne temáticas múltiplas, sendo seu pensamento um “verdadeiro

caleidoscópio textual”; entretanto, faz-se necessário enfatizar a exclusividade aferida a

este trabalho, pois, na dimensão em que comporta as vertentes da obra cascudiana, ainda

não foi constatada nenhuma pesquisa específica sobre esta temática, a qual privilegiará

a intercambialidade de conceitos referendados por pesquisadores de diferentes vertentes.

No exercício da profissão, mesmo com o título de advogado, Cascudo

foi, com avidez, professor do Atheneu Norte-Riograndense, da Escola Normal, do

Colégio D. Pedro II, do Colégio Marista, do Colégio Nossa Senhora das Neves, de

cursos particulares e, por último, de outras instituições como o Instituto de Música do

Rio Grande do Norte, em 1930. Ministrou, ainda, a cadeira de Etnografia Geral na

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e a de Direito Público Internacional na

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em 1951. Foi nesta instituição, que

ajudou a ‘construir’, que recebeu o título de Professor Emérito e aposentou-se em 1966

(GICO, 1998).

Preocupando-se sempre com o registro das manifestações culturais para

enaltecer as constantes e permanentes da cultura e da tradição, punha a vida nas idéias e

as idéias na vida, afirmando que escrever era sua diversão predileta, ler sua segunda

respiração e pesquisar sua extrema curiosidade. Foi professor de várias gerações, e

ensinou transmitindo conhecimentos e sentimentos, reconhecendo o exercício da

docência como sua principal atividade, pois sempre que alguém lhe perguntava a

profissão, respondia firmemente: “Sou um professor”. Tal convicção faz lembrar Platão

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quando declarava ser fundamental para o educador ter eros, “isto é, ter amor (...) com a

matéria que ensina e com as pessoas a quem se ensina” (apud MORIN, 1999, p. 27).

Não resta dúvida que, todavia, dedicou-se também ao jornalismo,

colaborando nos jornais de Natal, mantendo colunas diárias. No jornal “A Imprensa”,

fundado em 1914, começou a trabalhar como jornalista em 1915 na coluna Bric-à-

Brac4, ocupando-se de notícias de cunho literário e artigos. Sua primeira colaboração foi

uma crítica literária sobre os livros “Bosque Sagrado” e “A mulher na poesia brasileira”,

de Leal de Souza, publicada em 18 de outubro de 19185. Esta coluna estava sempre no

“rumo da pesquisa e do esclarecimento sobre a cultura nacional e o interesse pelo

cotidiano. Poucos ‘amavios’ pelo político, pelo econômico e mais pela atividade

popular”, sendo, entretanto, curta sua colaboração, pois o jornal fecharia sua redação em

1927 (CASCUDO, 1965, v. 1, p. 07).

Na secção Acta Diurna do jornal “A República”, mantida a partir de

19286, tratava da literatura, assuntos de história e pesquisas, além de recordar o

pensamento que havia presidido o seu dia. “Destacam-se, portanto, resenhas literárias,

genealogias e personagens da história e populares, notícias sobre as comarcas, as ruas,

os governantes – ouvidores – nascimento das cidades e provinciais, biografias e História

do Rio Grande do Norte. Além dos jornais locais, Cascudo colaborou em jornais do

interior e das capitais do Brasil, como o Diário de Notícias do Rio de Janeiro e o Estado

de São Paulo, com uma série de artigos de etnografia/folclore; vários jornais

estrangeiros, como o United Press International, do qual era correspondente telegráfico

na época dos primeiros raids aviatórios, registrando os efeitos pioneiros da aviação,

revistas e jornais literários e culturais, históricos e geográficos. Em 1972, havia registro

de 156 títulos de revista e 88 de jornais, dos quais era colaborador. Cascudo deixou de

escrever crônicas nos jornais desde 1966 e, nesta altura, tinha mais ou menos uns 3.000

artigos publicados. Daí para frente só escreveria artigos especializados. A partir de

então, deu entrevistas que foram publicadas por outros jornalistas” (GICO, 1998, p. 55).

4 Coluna criada por Luís da Câmara Cascudo que significava expressão francesa. Numa tradução popular correspondia a baú de coisas novas e velhas.

5 Neste mesmo ano entra para a Faculdade de Medicina na Bahia. De 1920 a 1922 mora no Rio de Janeiro, dando continuidade ao curso de Medicina, o qual é abandonado em 1924, época em que ingressa na Faculdade de Direito do Recife, onde se formou em 1928 (GICO, 1998).

6 Conforme afirma no artigo “Era uma vez um livro...” que publicou em novembro de 1965, v. 1, p. 07, está grafado 1938, ano do qual divergimos pela história pessoal de Câmara Cascudo. Na orelha do v. 6, Vicente Serejo reafirma o ano de 1928.

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O propósito cascudiano de divulgar nas Actas Diurnas as pesquisas e

lembranças da História do Rio Grande do Norte, compactuado com o projeto do

Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, culminou efetivado na

publicação, a partir de 1974, da obra “O Livro das Velhas Figuras”, de Luís da Câmara

Cascudo. Divulgando tais “Actas”, o Instituto estava disseminando os “cinqüenta anos

de dedicação indagadora nos cartórios, arquivos e tombos paroquiais, sobretudo

anotando e conservando a informação preciosa dos Antigos, testemunhas do episódio

que se tornou capítulo histórico. Esse critério fundamentou a História da República do

Rio Grande do Norte” (PETROVICH, 1976, p. 6), História da Cidade do Natal,

História do Rio Grande do Norte e tantos outros livros que discutem a história, uma das

idéias nucleares da sua obra. As crônicas dedicadas à história da cidade de Mossoró/RN,

por exemplo, foram publicadas no livro organizado por Raimundo Soares de Brito,

intitulado: Luis da Câmara Cascudo e a batalha da cultura.

A coletânea “O Livro das Velhas Figuras” surgiu por meio de uma

proposta sugerida pelo então governador do Estado, Aluízio Alves, em 1965. A idéia

chegou a surpreender Luís da Câmara Cascudo, já que as condições financeiras não

eram favoráveis à elaboração de um livro com artigos de jornais. Com que intuito

haveria de lançar uma obra que tratava dos acontecimentos diários de uma cidade? Qual

seria sua contribuição? E quem iria se interessar por fatos muitas vezes verídicos, mas

em outros casos pouco pesquisados? Indagava Cascudo. O governo se propôs a

financiar a publicação de 150 artigos que já haviam sido expostos nos jornais “A

República” e o “Diário de Natal”. O primeiro volume foi publicado em 19747, contendo

setenta e um artigos e deixando espaços para outras publicações. A contribuição de

Enélio Lima Petrovich8, na seleção e organização do material compilado dos jornais,

deu origem a mais cinco volumes, cada um divulgado com os próprios recursos do

Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Desse modo, o volume 2 foi

publicado em 1976, compondo-se de oitenta artigos; do volume 3, publicado em 1977,

constam sessenta e três artigos; o volume 4, editado em 1978, foi composto de setenta e

um artigos; o volume 5, publicado em 1981, contava quarenta e nove artigos e, por fim,

o volume 6, editado em 1989, compunha-se de sessenta e um artigos.

7 Atualmente, julho 2001, está em preparação no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte os volumes 7 a 10 que serão publicados pela EDUFRN.

8 Presidente permanente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.

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Tais artigos, como se fossem “fragmentos despercebidos, porém

extraordinários da realidade”, como afirma Carlo Ginzburg ao deparar-se com os dados

do seu moleiro da pesquisa O queijo e os vermes , revelam icebergs da história da

educação no Estado através de personagens “vivos” do seu cenário, do financiamento

do governo a figuras selecionadas, que se comprometem a voltar formados e prestar

serviços ao Estado, ou de filhos da burguesia que foram estudar na França/Paris,

Estados Unidos/ New York, na tradicional Coimbra ou ainda por via das personagens da

história do Estado que desempenharam funções de professores, principalmente, no

Colégio Atheneu Norte-Riograndense, lentes das línguas do latim, do francês e da

história das escolas do Estado e municípios.

A identificação da concepção cascudiana de educação dar-se-á, portanto,

pela possibilidade da reconstrução da história das personagens do cotidiano da cidade,

pois, ao coletar e registrar essas informações, o próprio Cascudo possibilitou,

sobremodo, o encontro de fontes para estudos atuais e a compreensão da educação e da

sociedade do presente através da nossa herança cultural, mostrando que, ao cultuarem o

passado, as sociedades se preservam.

Pesquisar sobre a concepção de educação na obra de Luís da Câmara

Cascudo parecia, na primeira instância, algo fácil e simples de fazer. Mas, o interesse e

o aprofundamento do conhecimento fizeram com que surgissem outros caminhos no

decorrer do levantamento dos dados. Muitos desses caminhos sem saída, havendo

apenas a possibilidade de retornar ao ponto inicial da pesquisa.

Essas incertezas, mesmo concordando com MORIN (1999), quando

afirma que é preciso pensar com e na incerteza, permearam e dificultaram a descoberta

do eixo principal da pesquisa, empecilho que fez com que houvesse a necessidade de

procurar, de fato, o que se tinha como propósito. Isto mostrou a necessidade de se

insistir no objetivo da pesquisa, fazendo com que, só assim, fosse possível encontrar

uma bússola para o caminho das investigações. Ao enveredarmos por caminhos

embaraçosos, foi preciso retornar aos indícios da descoberta do tema.

Este foi o ponto crucial e mais trabalhoso da investigação, pois já

havíamos caminhado bastante noutra direção e seria neste momento que teríamos de

privilegiar o tema que pretendíamos estudar e em seguida obter subsídio nas

argumentações e silêncios que surgiriam no decorrer do desenvolvimento do trabalho. O

tema a ser pesquisado muitas vezes se apresenta claramente aos nossos olhos, mas a

incapacidade de observação faz com que não façamos nenhuma diferenciação entre o

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que vemos e o que estamos procurando. Começamos, porém, a observar que estamos

andando em círculo todo o tempo, à procura de um questionamento presente no

processo de desconstrução do que já se encontra construído.

Neste sentido, o fio condutor da pesquisa apresentou-se como um raio

que aparece na escuridão, do nada. Nas persistentes noites de procura apareceu o

verdadeiro eixo do trabalho, pois este passeava livremente pelos nossos olhos e não era

visto. Teimávamos em não querer enxergar o que, na verdade, já se encontrava dado.

Desse modo, foi preciso compreender o todo para em seguida entender as partes e

nestas descobrir qual a importância de cada uma em particular. Na acepção de Morin,

para conscientizar-se de que sem as partes não se compreende o todo, é preciso lembrar

as palavras de Blaise Pascal quando reafirma a necessidade da reforma do pensamento:

“Eu considero impossível conhecer o todo se eu não conheço particularmente as partes,

como conhecer as partes se eu não conheço o todo, isto é, ter um conhecimento que

religue as partes ao todo e, evidentemente, o todo às partes” (1999, p. 22).

A necessidade de compreender as partes para poder entender o todo foi-

se construindo na própria organização da pesquisa quando começamos a privilegiar a

história dos personagens cascudianos sobre educação, quando entendemos que era

possível fazer a reconstrução da história da educação a partir dos registros cascudianos

da coluna Acta Diurna selecionados n’O Livro das Velhas Figuras, que, embora

parecessem fragmentos isolados, compunham o eixo da investigação. A partir de então,

começaram a aparecer as categorias que comporiam a cartografia da pesquisa,

selecionada a partir do universo geral da catalogação dos artigos que tratavam das

comarcas, ruas, governantes, ouvidores, nascimento das cidades e províncias, além de

pesquisa, cotidiano, genealogia, personagens populares e da história, biografias,

folclore, cultura popular, professores, ensino, etnografia, literatura, intelectuais,

recordações (reminiscências) e personagens religiosos.

Nessa catalogação identificaram-se as fontes dos artigos, ou seja, em qual

volume estava localizado e a respectiva página deste tomo. A partir dessa identificação,

foram sendo descobertos os assuntos tratados em cada artigo. Aí então, foram sendo

criados cabeçalhos de assuntos que compuseram uma lista e mais adiante constituíram-

se nas categorias da cartografia das idéias cascudianas sobre educação. Chamamos de

referência o título atribuído por Cascudo aos artigos, momento no qual percebemos,

algumas vezes, a inadequação do título ao conteúdo do trabalho, ou a publicação do

mesmo artigo em volumes diversos. Quando isto ocorreu foi anotado uma observação

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(ver também – ver tb.) de um artigo ao outro. Por último, foi procurada a

argumentação/reflexão que o autor dava à escritura do seu tema. A partir desses

argumentos reflexivos, foi elaborado um resumo informativo do artigo, o qual expunha

o pensamento cascudiano a respeito do assunto.

Com o conhecimento desse universo referencial, foi possível selecionar e

agrupar as categorias da história da educação, privilegiando temáticas que guardassem

estreita relação com os objetivos do trabalho, qual seja, buscar a concepção de educação

para Luís da Câmara Cascudo, enfatizada nos artigos publicados nos jornais “A

República” e o “Diário de Natal”, organizados e divulgados na coletânea “O Livro das

Velhas Figuras”.

A procura do foco da pesquisa mostrava que a disjunção das idéias

encaminhava-se para uma junção do todo, quando eram privilegiadas as categorias:

professor/ensino, aluno/escola, formação acadêmica, professor/político, educação em

sentido lato, educação informal (coletadores de informação, primeiros pesquisadores),

autodidata, patrocinadores da educação (financiadores, colaboradores, incentivadores),

educação jesuítica (primeiros aldeamentos), professor de música, patronos escolares e

depoimentos orais. A partir de então, foi observada a constante repetição nos assuntos

descritos (coletados), havendo necessidade apenas de reagrupar, rejuntar os cabeçalhos

de assuntos que haviam sido desconstruídos, exibindo-se as temáticas: Autodidata,

Formação Acadêmica, Intelectuais, Professor/ensino, Patrocinadores da educação e

Patronos escolares, que constituíram adiante a CARTOGRAFIA DAS IDÉIAS

CASCUDIANAS SOBRE EDUCAÇÃO, mantendo-se ao máximo a grafia e o sentido

das palavras da época, pois estamos resumindo o pensamento do autor em estudo, sua

época e o seu contexto social.

CARTOGRAFIA DAS IDÉIAS CASCUDIANAS SOBRE EDUCAÇÃO

A cartografia9 foi construída privilegiando as publicações de artigos dos

jornais “A República” e o “Diário de Natal” selecionados e organizados na coletânea “O

Livro das Velhas Figuras”, documentação que rendeu seis volumes. O primeiro volume

foi publicado em 1974 contendo setenta e um artigos; o volume 2, em 1976, compondo-

se de oitenta artigos; no volume 3, publicado em 1977, constam sessenta e três artigos; o 9 Cf. Antonia Núbia de Oliveira ALVES, A concepção de educação para Luís da Câmara Cascudo: uma leitura d’O Livro das Velhas Figuras. Natal/RN, 2000. 73 p. (Monografia) Curso em Ciências Sociais – UFRN.

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volume 4, editado em 1978, foi composto de setenta e um artigos; o volume 5,

publicado em 1981, contava quarenta e nove artigos; e, por fim, o volume 6, editado em

1989, compunha-se de sessenta e um artigos, totalizando, portanto, trezentos e noventa e

cinco artigos.

Após seleção dos dados catalogados por assunto, constatamos que a

categoria Autodidata constituía-se de doze artigos; Formação Acadêmica, de vinte e oito

artigos; Intelectuais, com quarenta e quatro artigos; Patrocinadores da Educação, de

quinze artigos; Patronos Escolares, com quatro artigos; e, por último, Professor/Ensino,

contando quarenta e nove artigos. Assim sendo, obtivemos como resultado um total de

cento e cinqüenta e dois artigos que privilegiou as ocorrências das categorias

selecionadas sobre educação.

A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO PARA LUÍS DA CÂMARA CASCUDO

“Uma verdadeira viagem de descoberta não é a de pesquisar novas terras, mas de ter um novo olhar” (Marcel Proust apud. Morin. 1999, p. 29)

Da bricolagem das idéias cascudianas sobre educação foi emergindo um

conjunto de metapontos de vista do seu olhar, em relação aos valores e idéias reinantes

na sociedade norte-rio-grandense de meados deste século, que se descentra da expressão

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de pensamento de outros intelectuais. Para apreensão desse seu itinerário foi preciso

compreender a educação num sentido abrangente, como a concebe Paulo Freire,

afirmando que ela “é uma situação gnosiológica. É comunicação, é diálogo, é um

encontro de sujeitos interlocutores que procuram a significação dos significados”

(FREIRE apud NOGUEIRA, 1996, p. 720), visão que possibilita, portanto, a construção

do saber no imaginário cultural. Pode-se recorrer, inclusive, ao sentido amplo da palavra

cultura e da educação, admitindo-se que “o educador já não é o que apenas educa, mas o

que, enquanto educa, é educado” (FREIRE, 1987, p. 68), como pode mostrar uma sua

afirmação: “De 1920-1966, quantos tipos de rapazes e ‘meninas’ ensinaram-me muito

mais do que ‘aprenderam’ comigo” (CASCUDO, 1998, p. 29).

Para ele, a cultura significava “o conjunto de técnicas de produção,

doutrinas e atos, transmissível pela convivência e ensino, de geração em geração”

(CASCUDO, 1983, p. 39), o que pode aproximá-lo da visão de educação como forma

de socialização dos homens, como pensava Durkheim (1990), sem dar a esta

socialização, entretanto, “a função fundamental de conservação da sociedade”, na qual

não haverá mudanças, pois, em vários momentos da sua obra, Cascudo via como

complementares a cultura popular e erudita, por exemplo, e a dinâmica social dos

hábitos e costumes que compõem a tradição. Uma outra aproximação possível, sem

reservas, ao pensamento moraniano é quando afirma que cultura é “o capital cognitivo

coletivo dos conhecimentos adquiridos, das aptidões apreendidas, das experiências

vividas, da memória histórica e das crenças míticas de qualquer sociedade” (MORIN,

1992, p. 17), a qual poderá convergir com o pensamento freireano ao afirmar que

cultura “é tudo o que o homem cria e que aparece como resultado da práxis humana

sobre o mundo atual. É tudo que o homem cria e recria. É a aquisição sistemática da

experiência humana” (FREIRE, apud GADOTTI, 1996, p. 719).

Nessa criação e recriação do homem, existem diferentes formas de

exercer a função de intelectuais, como pensa, ainda, Freire, acrescentando que “todos os

homens são intelectuais”. Cascudo amplia bastante o conhecimento que, em geral, se

tem a respeito do papel do intelectual na sociedade, o que foi explicitado na cartografia

das suas idéias e estão evidenciadas como subtemas em quase todas as categorias

nucleares. Para Morin, a noção de intelectual perpassa as categorias socioprofissionais

de escritores, artistas, universitários, cientistas, advogados e demais categorias sociais

que produzem ou reproduzem saber, idéias, concepções, devendo ser pensada em

função do caráter intelectual/espiritual desses representantes da cultura. Com efeito,

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acrescenta ser necessário que os integrantes dessa categoria vejam-se e sejam vistos

como intelectuais, “porque intervêm na vida pública, seja através de um ensaio, de um

artigo para um jornal, seja de um discurso político” (MORIN, 1992, p. 55), imprinting

cultural visto por Cascudo nos intelectuais da sua história da educação e

confortavelmente assumido por ele enquanto tecelão dessa história.

Nessa recorrência de metapontos de vista foram sendo evidenciados nos

artigos catalogados os conhecedores de obras literárias e da documentação cultural da

província, bem como seus leitores da literatura brasileira e portuguesa, na sua maioria

do gênero masculino, seguidos das mulheres letradas, ambos na categoria

AUTODIDATA, pois não possuíam formação sistematizada e muitos nunca haviam

freqüentado uma escola. Malgrado pouco ou nenhum tempo de escolaridade,

destacavam-se “por uma educação precisa”, alguns chegando a publicar livros, versos,

poesias, quadrinhas, possuidores de sabedoria oral, informantes da história e

registradores de costumes, crendices, festas, alimentos e indumentárias, além de

contribuírem em jornais na província e em outros Estados, fundarem revistas, bem como

composição de hinos, ladainhas, versos em latim e português, ou ainda estudiosos da

tradição e pesquisadores de dados da história do Estado e municípios, tornando-se

mesmo comentadores e técnicos em bibliografia, além de professores em latim e

métrica, entre outros assuntos.

Sobressaíram-se ainda as figuras que enveredaram pelo caminho do

ensino superior fora da província ou se fixaram nela e com esta FORMAÇÃO

ACADÊMICA desempenharam sua profissão. Muitos se destacaram dentro e fora do Rio

Grande do Norte, tanto na política, um grande número, quanto nas funções do ensino, na

fundação de escolas, nas reformas do ensino e instalações de cadeiras educacionais,

além de benfeitorias na província. Observa-se, ainda, a presença de figuras religiosas,

representadas pelos padres que percorriam o caminho eclesiástico e fundavam Casas de

Caridade, além de exímios conhecedores do latim e do grego. Envolviam-se no meio

político e nos movimentos revolucionários. Algumas dessas figuras iniciaram seus

cursos mas não o concluíram; entretanto, destacaram-se nos caminhos da literatura,

dramatologia, escreveram para jornais e publicaram livros.

Os norte-rio-grandenses buscavam, em geral, sua formação no

Recife/Olinda-Pernambuco, Rio de Janeiro, Salvador–Bahia e Coimbra/Portugal e, mais

tardiamente, Estados Unidos da América, como fizeram, em geral, os demais filhos da

burguesia brasileira. Aqueles que não pertenciam à elite econômica, mas compunham

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famílias ilustres, muitas vezes, foram financiados pelos PATROCINADORES DA

EDUCAÇÃO, sendo estes pessoas físicas ou jurídicas. Também contribuíram para o

ensino com a criação de “cadeiras de ensino do Latim e do Francês” em municípios do

Rio Grande do Norte, assim como criaram escolas e métodos, cooperaram com reformas

de ensino e “instalações de cadeiras educacionais”, doaram material escolar e

participaram do processo político do seu tempo, além de colaborarem nas benfeitorias

da província. Muitas vezes esses personagens eram figuras que já haviam partido para

estudar noutras paragens, ou eram provindos de outras regiões, e enveredavam,

principalmente, pelo caminho jornalístico, mesmo tendo uma formação acadêmica

concluída noutras especialidades, pois o curso de jornalismo, só viria muito mais tarde.

Muitos destes tornaram-se tradutores de obras clássicas como as de Júlio Verne.

Algumas dessas figuras norte-rio-grandenses desempenharam funções

policiais e o papel de professores. Muitos, além de contribuírem com o sustento de

alunos, dispensavam as mensalidades e colaboravam no meio educacional. Nesta

categoria de patrocinadores da educação destaca-se a grande presença de figuras

religiosas que ajudaram a educação informal, enquanto educação que se forja e se

constrói na participação em movimentos particulares, nos povoamentos/aldeamentos da

província. Assim, ocupando-se da educação jesuítica, inseriam-se no meio político

escrevendo, publicando e fundando jornais na vida da província. Muitas dessas

personalidades “benfeitoras” receberam, como forma de homenagem, o nome afixado

na denominação de uma escola, tornando-se PATRONOS ESCOLARES.

Os religiosos integravam, portanto, a categoria dos INTELECTUAIS que

vinham de outros lugares como a Bahia, Pernambuco, Sergipe, Canadá, Portugal e

Polônia, a exemplo de outros que se destacaram na música, dominando os idiomas

gregos, latim e hebraico ou dedicaram-se ao ensino musical, “desbravando” os rústicos

conhecimentos da música do Rio Grande do Norte.

Por sua vez, o perfil dos intelectuais norte-rio-grandenses do começo do

século era caracterizado por um curso superior realizado fora do Estado ou para ele

vinham com o curso já realizado. Prestavam, via de regra, concurso no Colégio Atheneu

Norte-Riograndense, fundado em 03 de fevereiro de 1834, e que se tornou Colégio

Estadual no governo de Sylvio Pedrosa, que o inaugurou em março de 195410 , ou em

outros colégios. Constituíam-se em lideranças nos jornais da cidade e na vida política e

cultural. Além disso, muitos se envolviam no meio jurídico e dedicavam-se a

10 Cf. Luís da Câmara Cascudo. Atheneu Norte-RioGrandense. Natal, 1961.

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publicações; eram grandes conhecedores de obras raras e proprietários de bibliotecas

diversificadas. Empenhavam-se ainda no estudo da cultura humanista, revitalizando as

obras do passado, e na divulgação da cultura enquanto um “conjunto cognitivo práxico”,

que abarca os conhecimentos do homem. Alguns, sendo médicos, preocupavam-se em

pesquisar questões étnicas no Seridó do Rio Grande do Norte, outros ainda eram

responsáveis pela elevação das vilas, em que residiam, à categoria de cidades. Ainda

como características do perfil do intelectual da história da educação no Rio Grande do

Norte destacam-se a presença feminina, os patronos escolares e os patrocinadores da

educação.

Nesse jogo de peças que vão tecendo a teia das idéias cascudianas,

PROFESSOR é a categoria de maior incidência nesta investigação, denunciando o olhar

cascudiano, quando aproxima suas idéias da sua própria vida de professor que o

encanta, dando-lhe uma condição de pertença ao conjunto desses intelectuais. Dentre os

personagens de professor, Cascudo privilegia para iniciar “O Livro das Velhas Figuras”

os seus próprios professores e expõe suas “idéias mestras obsessionais que tendem a ser

carregadas de força mítica”,11 haja vista a força que expressa nas palavras, exibindo

sobremodo sua face memorialista. Destaca a vida de professor (a), tanto pela sua

formação acadêmica, quanto pelo domínio dos métodos de ensino, domínio das suas

competências nas várias áreas do conhecimento e na educação jesuítica, que trouxe para

o Brasil o ideário do Marquês de Pombal, pois alguns professores são religiosos.

Recorda os professores por escola, período de atuação, genealogia familiar e vida

política.

Ressalta ainda os professores que se dedicam à música, patrocinam a

educação e são patronos escolares, além de enaltecer o amor pela profissão, a

competência no uso da língua vernácula e as imagens criadas por vários deles na

iniciação intelectual de várias gerações, imprimindo ao professor sua “missão” de

formador de opinião, talvez refletindo-se a si próprio, pois tanto ele quanto seu público

consideravam-no um “sábio de província”.

Enquanto indivíduo, Cascudo era capaz de exprimir a sua originalidade,

desempenhando um papel social, uma posição relativa ao seu grupo profissional e

correspondia a certas expectativas dos auditores e leitores dos seus discursos, artigos,

crônicas, livros e da sua obra em geral, inclusive dos seus vários prefácios “soltos”,

como ele dizia, os quais poderiam consagrar o autor da obra, se o trabalho fosse

11 Para Edgar Morin (1998, p. 128), estas idéias obsessionais chamam-se Themata.

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aprovado pelo leitor e não porque ele o tinha escrito. Essa relação do escritor com o seu

público, já comentada por Antônio Cândido quando discute literatura e sociedade

(SOUZA, 1985), mostra um efeito virtual dos seus artigos sobre os seus leitores, que

iam decifrando-os, aceitando-os, deformando-os e juntando-os ao autor para configurar

a sociedade, as idéias, o tempo social da memória. Desse modo, esses artigos tanto

podiam ser a representação dos personagens da sua coluna jornalística, como um

sistema vivo do seu pensamento, formalizado através da sua produção intelectual e

tecida a partir dos acontecimentos diários da sua Cidade Natal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A concepção de educação para Luís da Câmara Cascudo foi sendo

revelada a partir da organização/reorganização da história dos personagens do cotidiano

da cidade, exibidos nos seus artigos publicados n’O Livro das Velhas Figuras. Assim,

Cascudo ia expondo esses perfis e possibilitando a compreensão da história da

educação, em especial, aquela construída no Rio Grande do Norte, ensejando um

inventário de idéias sobre educação delineado com limites tênues de demarcação.

Tal inferência, ainda que provisória, pode revelar a “‘desmontagem da

montagem’ efetuada pela cultura dominante expressa quase sempre nos documentos”

(GINZBURG apud GERMANO, 2000, p. 14), proporcionando uma outra leitura a partir

da história evidenciada pelo cotidiano. Pondo a vida nas idéias e as idéias na vida,

Cascudo vai discutindo os cenários desse inventário, deixando entrever a

impossibilidade de uma classificação, um rótulo para sua concepção de educação,

articulando várias dimensões para o assunto que trata, buscando, assim, para cada uma

das categorias nucleares dos seus artigos da Acta Diurna, uma explicação

multidimensional.

Longe de uma interpretação inequívoca, essa inferência inacabada da

investigação está contaminada de pistas que apontam para uma concepção de educação

em sentido lato, uma educação humanista na qual a cultura possibilita a produção do

conhecimento e produz a educação, portanto, educação e conhecimento são produtos da

cultura. Para além da construção da sua trajetória de pesquisa que revela “um verdadeiro

artesanato intelectual”, ensinava transmitindo conhecimentos e sentimentos, como

expressa sua ORAÇÃO DO PROFESSOR, aposta em moldura do Memorial Câmara

Cascudo, Natal/RN.

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“Não havendo um amor, quase carnal, com a sua especialidade, o professor é um carregador de palavras imóveis e não um piloto de memórias vivas. Aula não é filme, reproduzindo indefinidamente atos de Veríssimo implacável, mas representação em palco aberto, onde cada exibição é uma atitude responsável, insusceptível de revisão retificadora. As fisionomias dos ouvintes são o mais sensível radar desenvolvendo a onda impressiva. O segredo não está no tema, mas no processo comunicante. O vocabulário justo, a imagem legítima, o gesto oportuno e sóbrio. Nenhuma desatenção do professor”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CASCUDO, Luís da Câmara. Ontem: maginações e notas de um professor de província. Natal/RN: EDUFRN, 1998. 248 p. Edição comemorativa dos 100 anos (1898 – 1998) Luís da Câmara Cascudo.

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GICO, Vânia; OLIVEIRA, Núbia. Câmara Cascudo, cultura, educação e o conhecimento da tradição. In: Congresso Luso-Brasileiro: História da Educação, 3., 2000, Coimbra/Portugal. Resumos. Coimbra: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação-Universidade de Coimbra, 2000. p. 254.

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GICO, Vânia. Luís da Câmara Cascudo: bibliografia comentada 1968/1995. Natal: EDUFRN – Editora da UFRN, 1996. p. 35-38: Civilização e cultura.

13.GICO, Vânia. Luís da Câmara Cascudo: Itinerário de um pensador. São Paulo, 1998. Tese (Doutorado em Ciências Sociais), Programa de estudos pós-graduados em Ciências Sociais, PUC – São Paulo. p. 21 – 57: O príncipe do Tirol e 229 – 234: Conclusão.

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PETROVICH, Enélio Lima. Prefácio. In: CASCUDO, Luís da Câmara. O Livro das Velhas Figuras. Natal: IHG/RN, 1976. v. 2, p. 6.

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