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Ítalo Oliveira Poesia Reflexiva
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INTRODUÇÃO
Olá, queridos amigos e leitores. É com imensa
satisfação e comoção, que os convido a participarem
de minha insensatez poética e de meus versos
inversos. Este é o meu segundo livro, intitulado de:
POESIA REFLEXIVA. O mesmo têm este título
devido seu conteúdo ser de pura e simples reflexão,
abordando é claro, vários temas e alguns dilemas
recorrentes nas vidas de cada um de nós.
Neste livro, lhes trago trinta e oito versos autênticos,
como sempre, pois quem já leu o primeiro livro que
escrevi (em PDF), sabe bem que não sou adepto de
plágios.
Poesia reflexiva tem o intuito de aflorar nosso lado
reflexivo e quem sabe até mesmo, a pretensão de nos
tornar mais humanos. Eu mesmo quando estava a
escrever cada verso, senti uma imensa necessidade de
ser o mais humano possível e, até mesmo mais réu
do que juiz.
ÍTALO OLIVEIRA (UmSimplesAutor)
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ÍNDICE
A CASA SEM ALICERCE
A ESPONJA
FOLHAS AO VENTO
FOLHAS EM BRANCO
PADRÕES
ABSTRATO
DESPINDO A COR
ANTES DO PREÇO
PRECIPÍCIO
VERSOS
O INDIVIDUALISMO
POESIA REFLEXIVA
FACA DE DOIS GUMES
CICLO VICIOSO
RESPECTIVIDADE
A SAUDADE QUE NÃO SE MATA, MATA SEM LIVRE COMÉRCIO MENTIRAS DE FRAMBOESAS FLAGELO DA HUMANIDADE QUE PAÍS É ESSE? NAS LATAS DE LIXO IMCOMPREENSÍVEL DESDE O BERÇO SERES RACIONAIS? NADA É NATURAL INEXPLICÁVEL POESIA COMÉRCIO DO ÓDIO VENENO LETAL FALTA DE FLEXIBILIDADE PARA VOCÊ QUE TAMBÉM ESCREVE
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ÂMAGO CORRUPÇÃO, UMA ARTE PARA ONDE FORAM? PÉTALAS PEQUENOS INDIVÍDUOS ÉISME AQUI UM CONSUMIDOR MATA MENTIRAS TRAVESTIDAS DE VERDADES DESTILANDO SUICÍDIOS HERÓIS VILÕES, VILÕES HERÓIS CHAVES E CORRENTES
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A CASA SEM ALICERCE
“Toda casa, seja ela grande ou pequena, de um
rei ou de um plebeu, precisa de alicerces. Assim
também, é a nossa vida. Sem um alicerce, não
importa quanto tempo leve, um dia ela irá
desmoronar. ”
Eu mesmo me encarreguei de construir minha casa.
Eu mesmo levantei cada parede e as pintei.
Cada cor, cada decoração e mobília, foram escolhidas
a dedo por mim mesmo.
Minha casa sempre teve muito conforto. Eram 10
cômodos partilhados em: 4 quartos, 1 cozinha, 1 sala
de visitas, 2 banheiros, 1 salão de jogos e 1 área de
serviços. Eu sei, eu sei, é muito espaço.
Tinha uma piscina; lazer sempre foi fundamental para
mim. Gostava que minhas visitas se sentissem bem, e
adorava mais ainda fazer-lhes crer que eu era muito
bem de vida.
Sempre fui o tipo de pessoa que se importava
demasiadamente com as aparências. Me importava
demais com o que os outros pensavam ou poderiam
pensar da minha imagem.
Gostava que dissessem quão magnífica era a minha
casa, e o quão “doce” era a minha vida.
Me lembro remotamente, que uma vez ao observar
meu pai construir, ele me alertou o quão importante
era, para uma casa e para a vida ter alicerces bem
formados e firmes.
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Pois o alicerce era a base da casa, assim como também
é da vida. E sem ele com certeza, mais cedo ou mais
tarde ela viria á desmoronar.
Francamente, eu não dei ouvido a isto enquanto
construía a minha. Nunca me importei com a parte de
baixo ou que sustentam as coisas na vida. Nunca as dei
valor algum.
Para mim, elas sempre foram fracas e desnecessárias.
Eu sempre pensei: Quem, em sã consciência, poderia
olhar para o chão e o elogiar? Quem poderia valorizar
algo, ou alguém, que somente sustenta todo o resto e
é pisado literalmente segundo á segundo?
E é por este motivo, pelo fato de não ter construído
alicerces em minha casa, e nem tampouco em minha
vida, que eu estou nesta calçada te relatando a minha
história.
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A ESPONJA
“Mesmo os mais fortes homens e seres que
habitam este mundo, derretem-se em lágrimas
não poucas, mas muitas vezes em determinadas
ocasiões. Não somente duro e cruel é o ser
humano, também habita em cada ser vivente, um
doce e pequeno anjo. ”
Veja a esponja e a observe bem. Perceba que a mesma
possui dois lados, um deles é tão áspero que nem
mesmo nos estimula em tocar-lhe; já o outro, é tão
macio quanto uma pluma e nos oferece uma sensação
de conforto imensa.
Agora, veja as pessoas que nos rodeiam, e as observe
bem. Elas também são como esponjas, possuem seus
dois lados. Há os que possuem mais sutileza, carinho
e transmitem mais emoções positivas que negativas;
porém, isso não significa que o mesmo não possua seu
lado “áspero”.
Nossa parte áspera nos serve em determinados
momentos. Eu mesmo seria um hipócrita se dissesse
o contrário. Toda via, é preciso aprender a lidar com
este nosso lado, pois o uso excessivo do mesmo pode
nos trazer efeitos colaterais irreversíveis.
Um deles é a falta de sensibilidade para com o seu
próximo; seja ele um parente ou um desconhecido,
seja ele seu amigo ou inimigo.
Da mesma forma o uso demasiado da nossa parte
“macia” e acolhedora, pode nos transformar em
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marionetes ambulantes, de fácil manipulação e acima
de tudo, de fácil auto depreciação. Devemos,
contudo, saber lidar com esta parte de nosso ser tão
exuberante e magnífica.
Devemos ser como as esponjas. Devemos aprender a
absorver tudo que nos ocorre, entretanto, devemos
nos comprometer em absorver o que nos nutre e nos
motiva, devemos deixar de lado as rejeições e emoções
negativas; pois a vida é bem mais que uma questão de
adaptação como Darwin descreveu, o mais forte nem
sempre tem vez.
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FOLHAS AO VENTO
“A folha está seca, porém não está morta. Sua
coloração despigmentada é a prova de que sua
experiência vai além dos galhos e ramas de sua
mãe; e seu amor pela vida se espalha pelas
infinitas dimensões. ”
Sou como uma folha seca que com o tempo deixou
sua residência e seus parentes.
No início da liberdade o medo me deteve; mas hoje
tudo o que eu desejo é que os ventos me leve.
Deixo que o vento me sopre em qualquer direção. Sem
direção, sem previsão, de chegada ou partida.
Sou uma folha seca na estrada da vida. Sou sem dúvida
uma folha de sorte, pois o vento do Norte acaba de
me arrebatar para longe.
Sigo em frente observando o horizonte. As
montanhas, os montes onde se escondem os segredos
de amar, sonhar, e dentre alguns devaneios eu me
encontro a pensar e percebo que mais viva estou do
que antes.
Sou uma folha seca que ama a imensidão, que anda
pela contramão em busca de novos ares; que fez do
mundo sua nova morada.
O retrocesso é interno, não externo. Nem todos que
se encontram vagando de fato estão perdidos; até
mesmo onde menos se imagina há uma fagulha de
vida.
Sou uma folha seca que certa manhã se soltou de seu
galho, sou uma folha seca que fez da tristeza alegria;
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sou uma folha seca que aceitou a dádiva da vida e fez
da morte uma dádiva distinta.
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FOLHAS EM BRANCO
“As folhas em branco devem ser escritas e
reescritas se preciso for. Assim como também a
vida em cada amanhecer, em cada novo romper
da aurora em seu ser.”
A vida é uma folha em branco que deve ser escrita
linha por linha.
Deve ser preenchida com o que nós mais amamos e
odiamos: Amigos, amores, sonhos e inimigos.
Pois o que seria de nós se na plateia da vida, apenas os
mais queridos habitassem?
Certamente os aplausos a cada vitória seriam na sua
maior escala falsos; e os conselhos recebidos nas
derrotas não passariam de migalhas.
Folhas em branco me atiçam a escrever, olhos que
lacrimejam durante a noite me levam a crer que não há
história escrita sem sofrimento.
E que não existem vitórias sem lutas, noite sem dia, e
nem tampouco o preguiçoso alcança seus objetivos.
Folhas em branco são como pássaros sem asas. Folhas
em branco são como correntes invisíveis que nos
prendem a mesmice.
Escreva letra por letra, palavra por palavra, pois a
fraqueza do homem não está nas linhas escritas nem
nas palavras pronunciadas; mais sim na falta de
coragem para mudar seus pensamentos e buscar seus
sonhos.
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Utopia não é escrever o livro de sua vida. Utopia é
acreditar que é impossível ser feliz de verdade, sonhar
todas as noites e viver no dia seguinte a realidade.
Utópico mesmo é você acreditar que por estar em
branco esta folha não pode se comunicar. Utópico é
saber que mesmo ao ler, você corre o risco de não me
compreender.
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PADRÕES
“Nem toda maçã que é bela por fora, é bela por
dentro. ”
Vejo os padrões e eles também me veem.
Porém me excluem frequentemente.
Não faço parte do seu meio.
Não sou alta e nem magra o suficiente.
Minha bulimia é algo estarrecedor; no entanto,
Corriqueira para as minhas amigas.
Elas querem de qualquer forma, entra em forma.
Na forma das modelos vítimas da forma padronizada,
Vítimas da “beleza” classificada.
“Antes de ver o negro a sua frente, enxergue o
homem que a cor da pele esconde. ”
Sou negro. Sou negro assim como o meu pai.
Não tenho vergonha, e sim, respeito por minha cor.
Sou negro, minha pele é queimada pelo sol
constantemente, e nada sente. Quem dera fosse um
branco, assim tão resistente, como os de minha raça,
Como a minha doce e gentil gente.
Sou negro, e por isso me dão as tais cotas em
universidades.
Muitos dizem que é para suprirem e amenizar as
mazelas do passado;
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Eu não creio neste mito. Pois, como poderão suprir as
incontáveis perdas,
De centenas de gerações? Como poderiam eles
amenizar uma dor que não sentem?
“Qualquer que seja o padrão inserido, não nos
serve. Ele deve ser ignorado, contrariado e
esquecido na imensidão do universo. ”
Os padrões são o verdadeiro ópio da humanidade.
Muitos morrem e tantos outros matam para terem
liberdade,
Entretanto, os padrões os aprisiona em suas próprias
mentes e limitações;
Os padrões são como vulcões, sempre de prontidão
para entrarem em erupção.
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ABSTRATO
Corri para me perder, me perdi para encontrar tudo o
que desejava.
Andei só por andar, por entre pessoas que pensam
ainda estarem vivas. Sucumbi ao bem para me tornar
mal de corpo, alma e coração;
Sofri para sorrir e acabar deitado no chão.
Despi-me de tudo para que assim o nada pudesse me
completar.
Fiz de mim mesmo morada da tristeza e do caos, para
desta forma ser mais um imortal
Que morre com facilidade;
Triste do homem que conhece a verdade.
Os templos vagam pelas ruas de terra onde as pedras
ficam sempre nos sapatos. Sou bipolar e não nego,
faço do céu inferno e na água não navego;
Prefiro os versos, estes sim são sinceros e acima de
tudo, eternos.
Do homem ou da mulher nada espero, do matrimônio
sou réu e quem sabe até refém.
Os animais falam as línguas incomunicáveis de fato, os
saltos tampouco são altos;
Mas a saúde dos seres vivos é escassa como as latas da
dignidade.
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Os papos estão sempre cheios, mesmo que de
arrogância e ignorância;
As lanchas andam nas ruas e os ônibus nas lagoas.
As pessoas vão quase sempre sobre rodas, pouca gente
se incomoda com a moda
Mesmo quando ela é retrógrada.
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DESPINDO A COR
Sou mais que negro, sou a própria África!
Sou Zumbi, sou Dandara.
Sou Mandela, sou Solomon;
O negro que nasceu livre e foi inserido no ritual
macabro da escravidão!
Sou mais que negro!
Sou eu mesmo.
Sou quem devia ser, e não penso em deixar de ser. Sou
antes de tudo, ser humano como você!
Despindo a cor, mostro minha real essência.
Não a dispo para autenticar as falácias das raças,
Superiores e inferiores.
Dispo-a para explicitar os meus valores antes das
cores!
Despindo a cor, destroços paradigmas e pulverizo
estereótipos. Despindo a cor, faço das fábulas
realidade; dos sonhos, ações palpáveis.
Sou negro e não macaco!
Mas caso fosse o caso, todos que comem banana
também o seriam? Ou somente os que não
"combinam" com a baixa, fria e mesquinha;
Criatividade qualificativa da zona educativa!?
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ANTES DO PREÇO
Antigamente se amava antes do tempo, todo o tempo;
até mesmo quando a falta de tempo impedia que o
tempo fosse usufruído.
Sendo assim, os filhos amavam seus pais e os pais
amavam seus filhos mutuamente.
Hoje em dia é preciso que a propaganda invada as
casas via internet, rádio ou televisão para que o amor
seja levado em consideração.
Amor? Será mesmo amor? Ou seria apenas uma
forma de se desculpar pela falta de tempo que
assombra toda a humanidade!?
Não sei ao certo. O que sei ao certo é que hoje os pais
compram seus filhos e seus filhos os compram com
muita facilidade; é um tablete, PC ou celular do ano.
É o engano em forma de consumo, em forma de
segundo plano; onde o mais importante se encontra
jogado ao léu e os olhos não mais contemplam
sorrisos verídicos, apenas sínicos e omissos derivados
de sorrisos.
Antes que o preço seja taxado, antes que a data
comemorada pela indústria do consumo se faça
presente, presentei quem você ama com o mais belo e
singelo dos versos; o autor nem sempre almeja
sucesso, apenas que um de seus leitores lembre-se de
um de seus versos.
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Antes que o preço seja estabelecido pelo comércio e a
economia atinja seu ponto mais alto; se desfaça das
amarras que o prende a falta de tempo. Faça do pouco
tempo tão extenso quanto o próprio tempo que ainda
não foi usado; é como cuidar de velhos sapatos e
nunca os deixá-los desprezados.
Nas datas comemorativas como dia das mães e dos
pais, os filhos perdem seu lado canibal e passam a ser
de certa forma mais presentes (pelo menos naquele
dia). Porém, ao soar do gongo, eles somem assim
como surgiram, e nada além da saudade sobra para
quem vive em um asilo.
Antes que o preço seja verificado nas canecas ou
etiquetas, que eles sejam esfarelados e virem pó nas
mãos de quem ainda acredita no verdadeiro
sentimento. Antes que o corpo seja enterrado em
qualquer cemitério da cidade, que os filhos e filhas
amem
suas mães e pais; que os mesmos saibam que o preço
não importa, que nem mesmo importa o presente
físico; tudo o que de fato importa é a forma como os
sorrisos mantém o seu brilho.
Antes do preço, o amor era verdadeiro. Depois dele,
nada é de verdade e nem o amor é sincero.
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PRECIPÍCIO
O maior precipício em que podemos cair, é a falta de
união.
Sem esta, nada é possível; e o pouco possível nada
mais será que um benefício mínimo.
Quando não se divide o pão, não se divide a riqueza.
Quando não se divide de forma igual, a desigualdade
brota com ferocidade e certeza.
Em um mundo onde até os abutres dividem o
alimento; o que será da humanidade se apenas dividir
os seus lamentos?
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VERSOS
Plantei cerejas, elas nasceram.
Plantei café, ele nasceu e fiz um pouco.
Plantei laranjas, elas nasceram e fiz um suco.
Reguei ás flores, elas cresceram e sorriram para mim.
Pesquei um peixe quando isto se fez preciso; mas tem
gente que mata por puro vício.
Criei um gato e ele miava sempre;
Eu descontente comprei um cachorro.
Ele latia sem parar; eu sei entender o porquê o dei de
presente para uma criança. Prendi um pássaro para o
ouvir cantar, pois seu canto era belo e entusiasmante;
Ele cantou, mais não como antes.
Seu canto mais parecia um pranto, seu encanto ficou
de canto.
Não para o meu espanto, pois ninguém tem motivos
para sorrir ou transmitir felicidade,
Estando numa cela fria privado de sua própria
liberdade.
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O INDIVIDUALISMO
“Eu, eu, eu. Ninguém mais! Na era do
individualismo somente um poderá obter o real
êxito. Entre conceitos e preconceitos, as
diretrizes infelizmente são as mesmas. ”
Era moderna, eles dizem. Era medieval, eu afirmo.
Com a atenção voltada apenas para o próprio umbigo,
O individualismo impera. Prolifera, escalpela.
Arquiteta a orquestra, E torna-se o maestro.
Canhoto, destro ou ambidestro,
Não importa! A porta da ambição está sempre aberta.
Enquanto a porta da fraternidade encontra-se
trancafiada a sete chaves.
Desastre, desastre. É o que resta para nossa sociedade,
“moderna”.
Individualismo. Obra prima da pirataria.
Obra prima de quem não compartilha.
O seu individualismo é tão doce quanto o mel, mas só
para você.
Para mim é mais cruel que o amargo do fel. Céu,
carrossel e favos de mel.
Para o juiz que preside a sessão, o individualismo é a
salvação.
Quem sabe até a opção, lógica; em meio a toda esta
falta de lógica,
As rotas são apenas probabilidades e nada mais.
Enquanto no banco dos réus estão eles, os
presidiários,
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Da falta de humanidade, falta de bondade, da falta de
simplicidade.
Objetividade hoje em dia é a palavra-chave, mas esta
chave não abre as portas das grades.
E quantas grades, diga-se de passagem.
A arte não faz mais parte das paisagens e nem as
paisagens estão nas artes.
O individualismo é o que vale. E vale, vale mesmo.
Vale mais que as lágrimas da saudade.
Pois saudade é para quem sabe o preço a se pagar.
O individualismo a falar e o homem a acatar.
Seguindo toda essa linha de raciocínio a conclusão é a
mesma: se tem fartura em minha mesa, não me
importam as demais.
Se não sou eu quem vive em alcatraz, para mim tanto
faz.
O individualismo por muitos é tido como um porto
seguro, enquanto muitos o veem como eu: o poço
mais fundo para se cair.
Ser individualista é como ser uma andorinha solitária;
o alimento pode até durar mais. Porém, sozinha jamais
será capaz de fazer verão como o seu bando faz.
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POESIA REFLEXIVA
Se o homem fosse mais sentimento que razão, seria o
mundo um lugar bom e o coração mais humano que a
própria humanidade?
Se o homem fosse mais acolhedor que dispersão, seria
ele mesmo mais amigo seu próprio coração?
Se oi homem fosse mais raízes que andanças, seria a
aliança uma real esperança de mudança?
Se eu não fosse o próprio verso e você não fosse o
inverso de cada verso que verso, seríamos nós mesmos
mais distintos ou ainda mais próximos?
Se para cada pergunta uma resposta fosse aplicada e
para cada resposta uma nova pergunta fosse feita,
seríamos então razão, emoção ou apenas feras?
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FACAS DE DOIS GUMES
As serpentes falam as línguas dos homens.
Não é à toa, que se compreende a hora do bote, A
hora da evasão.
As serpentes falam as línguas dos homens, e os
homens não são homens; São serpentes.
Igual o lobo travestido de ovelha.
Igual o pastor corrupto que angaria a fé alheia para
vender nas "santas ceias".
O verbo é a faca de dois gumes.
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CICLO VICIOSO
O ciclo vicioso que corrói o pensamento, é chamado
de tempo!
Dono de tudo e refém dele mesmo.
Imerso neste ciclo, o homem nasce, cresce e floresce;
Reproduz, amadurece e envelhece; para que antes
mesmo do fim, possa fazer parte novamente deste
ciclo sem fim.
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RESPECTIVIDADE
Rosas portam seus respectivos espinhos.
O amor, sua respectiva ousadia.
Gaiolas jamais foram lindas, nem mesmas banhadas de
ouro;
O homem além de ambicioso, é extremamente tolo!
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A SAUDADE QUE NÃO SE MATA, MATA
A saudade é uma pedra presa ao pescoço; o
desmantelo é certo, mesmo sem haver poço.
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SEM LIVRE COMÉRCIO
O amor é o comércio.
Ervas são remédios.
Medicamentos são venenos;
Médicos são complacentes com às receitas prescritas.
Leia a bula atentamente, mas sempre com um
dicionário presente!
Então verás que as causas são simples e as soluções
mais que plausíveis.
Entorpecentes nas drogarias; saúde nas barracas das
feiras.
Contratos milionários com grandes empresas, me
proíbem de vender sem receita.
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MENTIRAS DE FRAMBOESAS
Mentiras de framboesas, doces como ameixas.
Verdades sabor borra de manteiga, azeda como limão;
Na contramão do espetáculo chamado vida, desunião
como refeição matinal,
Almoço abafado em marmitas de contemplação
teatral;
Jantares pagos com sorrisos sofrimentos alheios,
Saudade como sobremesa, inveja sobre a mesa e,
Mentiras sabor cereja.
Contempla-se as mentiras como se contempla o pôr
do sol.
Por detrás das cortinas gente que se esconde quando
a verdade vem à tona. Solidariedade mentirosa
encoberta por mares de rosas...
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FLAGELO DA HUMANIDADE
Sorrisos desprovidos de alegria.
Lágrimas colhidas ao alvorecer do dia.
Mãos calejadas e adormecidas,
Pelo esforço contínuo em busca da refeição.
Pela vontade desenfreada de uma mão, um pai, que
saem todas as madrugadas almejando melhores
condições,
De vida para sua família. De sonhos e realizações.
Semblantes ausentes dos corpos presentes.
Distantes, além dos horizontes.
Semblantes mergulhados em pranto.
Lamentos tão doces quanto açúcar;
Flagelos de esperança ocultam a verdade oculta.
A beleza em suma, é o colírio dos normais.
A beleza em suma, é a fraqueza dos normais.
A beleza em suma, é apenas poeira.
A beleza em suma, jamais portará a nobreza que
ascendo o conhecimento.
A beleza nada é. O louco bem o sabe!
A beleza ´é no máximo, o flagelo da humanidade.
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QUE PAÍS É ESSE?
O penta é nosso.
A propaganda é a alma do negócio.
São vários sócios.
Poucos negócios que deram ou darão certo.
A educação é supérflua. O ensino é ultrajante!
Professores são tidos como meliantes,
Na terra em que o "gigante acorda" mais somente para
fazer uma boquinha. Alunos são menosprezados e
negligenciados; O resultado é mais do claro!
O índice de aprendizado é raso; e sempre vai pelo ralo.
O penta é nosso.
O voto é obrigatório, no país da "democracia".
Democracia, palavra sem sentido, ou melhor, sem
valor algum;
Na terra onde governantes assim chamados,
simplesmente dormem sentados; Enquanto
negligenciam as votações de projetos, é claro!
O penta é nosso.
Pelé também é.
Ronaldo era fenômeno com a bola no pé.
Mas calado ele era fantástico!
Repercutiu no fantástico a "gafe" que o lendário
Ronaldo cometeu.
Meus pêsames a população menos favorecida, que
descobriu de forma nada propícia, que "copa não se
faz com hospital";
E assim sendo, percebo que a vida nada vale se você
não tem o ingresso!
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NAS LATAS DE LIXO
Joga-se nas latas de lixo o ensino verdadeiro;
Trazem do esgoto salários enfermos e regras que
privam a liberdade de ensino de cada profissional da
área.
Segregam a qualidade do ensino e a dividem em dois
tipos: Particular e público.
Os muros não são altos o suficiente e, mesmo que o
fossem, os garotos pulariam da mesma forma; pois o
incentivo em 90% é uma boa bosta!
Por outro lado, não é preciso muros nem arames
farpados (Quando necessário), pois os pais pagam
muito caro para que seus queridos filhos sejam bem
tratados nos colégios privados.
Notas muitas vezes são alteradas, basta que isso seja
preciso, no público as notas nem sempre interessam,
pois, as barrigas "rugem" como leões famintos; assim
sendo, esqueça o hino e espere tocar o "sino"...
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INCOMPREENSÍVEL DSDE O BERÇO
Fiz do passado presente, do presente futuro; O
presente ficou ausente, e o que restou foram muros!
Muros com lembranças pichadas;
Entalhadas e até mesmo grafitadas em minha memória, muros cheios de sentimentos, cheios de anseios. O presente é ausente como o pai que se vai antes do
nascimento;
Sou incompreensível desde o berço;
Quando esboçava no rosto os inúmeros medos;
Quando tinha estampado nos olhos a ausência do tudo
e do nada.
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“SERES RACIONAIS”
O sangue que afasta, é o mesmo que une.
Seres racionais que usam pele de outros animais para
se exibirem;
Quando sofrem mutilações por seres que não
raciocinam, sofrem de depressão e, passam a dizer que
tal "animal" não tem coração.
Daí então, eis a questão:
Se tu pensas e compreendes, porque então que tu
prendes quem somente deseja voar e alcançar o céu de
sublime ar puro?
Se tu pensas, compreendes e se julga superior na escala
predatória; por que diabos, molesta nossa natureza de
forma tão imbecil?
A resposta? Está dentro do animal dito racional que,
nem por um minuto se sente mal ao deixar jorrar com
esplendor nos olhos, o sangue de outro ser classificado
outrora por mim e por você, incapaz de ser!
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35
NADA É NATURAL
Nada é natural!
Tudo agora é industrializado.
Homens são de ferro contorcido e aço inoxidável!
Os alimentos são radioativos como as usinas de
Hiroshima! Trazem mais caos e destruição que
nitroglicerina.
Nada é natural!
Até os beijos são de múltiplos sabores.
Os lábios quase sempre, não exibem suas reais cores!
Corações são de plásticos e não bombeiam nada além
de fluidos alterados.
Sentimentos são moldados e embalados, para o
comércio nos dias da semana e feriados!
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36
INEXPLICÁVEL POESIA
Poesia é inexplicável.
Não por não ter uma explicação plausível; mas sim,
pelo fato de não se explicar com palavras.
Poesia se sente. É quando a alma fala com a gente...
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37
O COMÉRCIO DO ÓDIO
O ódio é recíproco e já foi enlatado para que pudesse
ser vendido.
Nas ruas, nas escolas, no antro familiar; nos
supermercados você também o encontra, muita gente
da gente o compra por lá.
O ódio é recíproco. O amor, nem tanto.
Enquanto uns vivem mais de 100, outros nem chegam
aos 25 anos.
O ódio é recíproco, e disso eu sei bem.
Também quis ver sangrando os que tiraram a vida de
alguém que amei!
O ódio é recíproco, e a vingança um ciclo vicioso.
Por isso contive o ódio que senti, e o guardei só para
mim.
Deixei que os dias se passassem, que as estações se
dissipassem; o ódio é recíproco e geralmente, mancha
de sangue o asfalto...
Ítalo Oliveira Poesia Reflexiva
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VENENO LETAL
Cortei os pulsos com as lâminas da verdade.
Enforquei-me com as cordas da falsidade.
Degolei meus rivais, com facas bem cegas
Para que pudessem sentir a dor causada pelas setas da
insensatez.
Fiz dardos artesanais com pontas envenenadas.
Sim, eu sei, não fui nada criativo; muitos outros
também fizeram isto, eu imagino.
Porém, estes dardos carregam o veneno mais letal:
ÓDIO TRANSMUTADO EM AMOR
INCONDICIONAL!
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FALTA DE FLEXIBILIDADE
O amor bateu na porta três vezes. Na primeira, o dono
da "casa" não o permitiu entrar.
Na segunda, ele não estava, e na terceira...
O amor veio de forma jamais esperada e por este
motivo, o homem não o reconheceu; faleceu sem
conhecer o significado de amar e ser amado, tudo por
uma falta de flexibilidade em seus atos....
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PARA QUE VOCÊ TAMBÉM ESCREVA
Para que você também escreva,
Antes do título, deve haver sentimento.
Antes do sentimento, deve haver verdade.
Antes da verdade, deve haver humanidade; mas nunca
"superioridade".
O poeta não vive somente de alegrias, nem tampouco
de melancolias.
Assim também é a vida.
Assim também são os versos!
O conjunto da obra é que traz complexidade.
Para você que também escreve,
Aqui vai um pouco de insensatez!
Para você que não acredita em si mesmo, ou em nada;
Saiba que nem tudo é o que de fato reflete no espelho
das casas.
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ÂMAGO
No âmago de meu devaneio, aspiro sensatez.
No âmago de minha solidão, aspiro companheirismo.
No âmago de minha morte, aspiro vida.
No âmago de minha partida, aspiro o sonho do
retorno.
No âmago deste abismo, aspiro a queda sem fim.
No âmago de tudo que desejo, anseio desolação e,
No âmago de minha paixão, aspiro desilusão.
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AQUI, CORRUPÇÃO É UMA ARTE
Grafite é pichação.
Arte mesmo é a corrupção.
RAP é apologia ao crime.
Roubar dos cofres públicos é "direito".
Assim diz o político eleito.
Seja ele vereador, deputado e prefeito.
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PARA ONDE FORAM?
Para onde foram, as lamentações?
Para onde foi, o amor?
Onde se encontram os sublimes sentimentos?
Onde se encontram as verdades esquecidas no
tempo!?
Para onde foram as alegrias?
Para onde foram as melancolias do dia-a-dia?
Onde se encontram as imperceptíveis, porém
fascinantes; dádivas da vida!? Onde se encontram os
barcos de papel feitos pelas crianças, ou por seus pais
para as alegrar com constância!?
Para onde foram os sorrisos em dias de domingo?
Para onde foram a sabedoria das pessoas antigas?
Onde mora a felicidade?
Quem de fato é feliz?
Se souberes responder tais questões, sereis tu humano
de fato?
Se souberes responder tais questões, sereis tu um ser
sensato?
Se sabes tais respostas, sabes também quem tu és?
E se sabes quem és, precisarias de espelho para atenuar
tua dúvida?
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PÉTALAS
As pétalas caíram e ainda caem frequência.
As dores da alma são sempre tão intensas.
As aves de rapina me querem ao sol.
Os olhos sangram ao não mais contemplarem a vida
que foi outrora dissipada no mar das lamentações;
Os corações são universos simples e complexos.
Os sonhos do poeta se perdem com o passar do
tempo.
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PEQUENOS INDIVÍDUOS
Mãos pequenas batem nos vidros,
Os vidros são fechados na cara dos indivíduos
pequeninos.
Que sonhavam com uma moeda de 5, 10 ou 25
centavos,
Não era para o baseado, para a cola ou para o
mesclado;
Não era para inteirar a pedra nem o pó;
Era apenas para satisfazer o estômago de seus irmãos
menor.
Pés pequeninos, que vagam pelas cidades, pelos
centros, becos e vielas Da passarela conhecida como
periferia, favela.
Pequenos grandes homens e mulheres, que não
conhecem Martin, Malcolm X e nem Mandela;
Não conhecem Guevara, não sabem de nada
agregante, mais que infelizmente conhecem o que é ser
na vida, coadjuvante.
Corpos pequenos que se encontram nas esquinas em
busca de uma renda para a família
Longe dos livros e da escola, perto do crime, das
drogas e da prostituição.
A pátria mãe não foi gentil, ao invés de estudo lhes deu
um fuzil! A pátria mãe não é gentil, ao invés de sorrisos
lhes deu calos nas mãos
Ao não proibir o trabalho escravo na plantação de
cacau, que posteriormente vai virá chocolate;
chocolate este que as crianças só vêm nas
embalagens...
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ÉISME AQUI UM CONSUMIDOR
O consumo me consome, e aos poucos, eis-me aqui
um consumidor.
De futilidades, de frases prontas e pouco raras, pouco
claras, pouco fartas de conhecimento.
O consumo nos consome, e aos poucos gera homens
e mulheres que consomem tudo o que não precisam
para estarem na moda, nas rodas dos que consomem
o consumismo autodepreciativo.
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MENTIRAS TRAVESTIDAS DE VERDADES
Lindas mentiras, travestidas de verdades,
Tornam-se supremacia.
O fel como ingrediente de um pudim,
Assim como a fome é o estopim,
Os sonhos se desfazem como as nuvens.
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DESTILANDO SUICÍDIOS
A nicotina no peito, exalando pelos poros,
A cirrose devastando meu sistema imunológico.
É tão lógico quanto óbvio, que este é o segredo:
Quem anda de Ferrari e lucra com os enfermos, não
ingere uma gota se quer do seu próprio veneno!
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49
HERÓIS VILÕES, VILÕES HERÉOIS
A lança que transpassa o peito já em aberto,
O véu que desce, a cortina que sobe depois do
primeiro ato. Os ratos que fogem do navio antes do
naufrágio, O capitão que insiste em ficar até o fim.
A fome como estopim, os sonhos desintegrados;
A alça do caixão lacrado que foi doado,
Descendo a sete palmos.
Vilões condecorados.
Heróis viram vilões nos livros nada didáticos;
Lebres comem raposas, raposas acuadas
E pisoteadas pelas massas;
És o sonho de quem vos fala.
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50
CHAVES E CORRENTES
Verdades são como lanças: Todos querem arremessar,
mais nem todos suportam o seu peso.
Verdades são como setas sem rumo, ao dispará-las no
escuro puro, O alvo é incerto, e o mais certo é que não
é certo ser verdadeiramente indiscreto.
Verdades são progresso no coliseu de falsidades;
Onde se mata por falar a verdade e se beneficia por ser
verdadeiramente falso e incoerente.
Verdades são chaves e correntes:
Elas te libertam, mais também te prendem.