Introdução - O Cinema e a Invenção Da Vida Moderna (Leo Charney e Vanessa R. Schwartz)1
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n t r o u
eo
harney e
Vanessa
R Schwartz
Triunfante, exultante, pincelado, afixado, arrancad o em poucas horas e conti
nuamente solapando o corac;:ao e a alma com sua futilidade vibrante, o cartaz
e de fato a arte
..
d
es
sa era de
agitac;:ao
e riso, de violencia, decadencia, eletri
cidade e esquecimento:'
1
A torrente de adjetivos usados
por
esse comentarista
social frances em 1896 para descrever o cartaz
como um produto da
era
moderna exempli
fica
o modo pelo qual a modernidade trouxe a ona discur
sos vigorosos que procuraram construi-la, defini-la,caracteriza-la, analisa-la
e entende-la.
2
A modernidade':
como
expressao de mudanc;:as
na
chamada
experiencia subjetiva ou
como
uma f6rmula abreviada para amplas transfor
mac;:oes
sociais, economicas e culturais, tern sido em geral compreendida
por
meio da hist6ria de algumas
inovac;:oes
talismanicas: o telegrafo e o telefone,
a
es
trada de ferro e o automovel, a fotografia e o c
in
ema . Desses emblemas
da modernidad
e
nenhum personificou e ao mesmo tempo transcendeu esse
periodo inicial com mais sucesso do que o cinema.
Os
treze ensaios deste volume aprese
ntam
o
cinema
e a
modernid
ade
co
mo ponto
s
de
retlexao e convergencia. Todos os ensaios origina
m-se
da premissa de que o cinema, tal como se desenvolveu no fim do seculo
xrx, tornou-se a expressao e a combinac;:ao mais completa dos atributos
da
modernidade. Embora alguns ensaios
abordem
os vfnculos entre o cine-
ma e outros meios da
modernidad
e mais diretamente do que outros, todos 17
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3
presumem
que a c
ultur
a moderna foi
cinema
tognifica"
antes do
c
inem
a.
Este
foi
apenas urn elemento de uma variedade de novas formas de tecnolo
gia, representac,:ao, espetaculo, distrac,:ao,consumis
mo
, efemeridade, mobili
dad e e entretenimento- e, em muitos aspectos, nao foi nem o mais convin
cente nem o mais promissor.
Estes ensaios argumentarn que o
surgimento do
cinema
pode
ser carac
terizado como inevitavel e redu
nd
ante. A cultura da modernidade tornou
inevitavel alga
como
o cinema,
uma
vez que as suas caracteristicas desenvol
veram-se a
parti
r dos
tr
ac,:os que definiram a vida
moderna
ern geral. Ao mes
mo tempo, o cinema formou um cadinho para ideias , tecnicas e estrategias
de
representac,:ao ja presentes em outros lugares. Estes ensaios identificam
um
a cultura historicamente especifica da cinematografia que surgiu de outras
transformac,:6es associadas a
modernidade
-
embora
tambem tenha corrido
para)eJa a tais transformac,:oe 110 fim
do
secu)o
XIX
e inicio do
XX
em paises
como a
Franc,:a,
Ale
manha
, Inglaterra, Suecia e Estados Unidos.
Esta coletfmea
justa
p6e o
trabalho
de especialistas em
uma
variedade
de
disciplinas
na
esperanc,:a
de
un ir a divisao frequente entre a hist6ria do
cine
ma
e a hist6ria
da
vida
moderna.
R
eco
rrendo a academi cos
de
diver
sos campos, esperamos enriquec
er
as areas
de
Estudos Culturais, Estudos de
Cin ema, Literatura, Hist6ria da Arte e Hist6r ia d'a Cultura insistindo que os
estudos da vida
moderna podem
ser enriquecidos
quando
lidos
por
interme
dio do surgimento
do
cinema e
em
comparac,:ao a ele. De fato, estes ensaios
irao a
pre
sent
ar
a ideia
de
que a
mod
ernidade
pod
e ser me
lhor compree
ndida
como
inerentemente cinematognifica.
Apesar das multiplas
con
ex6es e pontos
de
conf uencia que ligam estes
ensaios, nos os agrupamos em
qu
atro amplas areas conceituais: Corpos
e sensac,:
ao ,
A ci rculac;:ao e o desejo
do consumidor
': "A
efemeridade
e o
insta nte" e "Espetaculos e espectadores': Esses titulos nao
pretendem
ofere
cer uma es
trutur
a exclusiva ou restritiva, mas acentuar os encadeamentos
comuns ent re os t6picos considerados
por
esses au
tor
es.
Em "Corpos e sensac,:ao:
os
ensaios de Tom G
unnin
g, Jonathan C
rary
e
Ben Sing
er
abordam novas respostas corporais para a estimulac,:ao, a superes
timulac,:ao e
OS
problemas rel
at
ivos
a
aten
c;:a
o e
a
distra
c;:iio. Da
persp
ec
tiva
dessas analises, a percepc,:ao na v ida moderna tornou-se uma at ividade ins
tavel e o corpo
do
individuo
moderno, um
tema tanto de exper ime
ntac,:ao
quanta
de novas discursos.
Os
ensaios focalizam tecnicas como a fotografia,
a ficc,:ao policial, a psicologia cientifica, a pintura impressionista, a
im
prensa
de massa e os entretenimentos "emocionantes·: todas elas empe
nh
adas
em
regular e controlar um ator social recem-m obiliza
do
da epoca.
Tanto a
reprodU<;:ao
mecanica
quanta
a rnobilidade de produtos, consumi
dores e nacionalidades caracterizaram formas de cultura comercial na virada
do
seculo. Os ensaios de Marcus Verhagen, Erika Rappaport, Alexandra Keller
e Richard Abel em A circulac;:ao e o desejo do consumidor" elaboram
um
a
cultura de mecanismos de mercado que desafiou as fronteiras ent re as esfe
ras privada e publica e reconstituiu identidades nacionais e de genero. Esses
ensaios tambem deixam
claro
que o cinema nao criou mas participou de
um
a
cultura urbana de lazer que dependeu
da
participac;:ao ativa das mulheres.
Em
A
ef
em
eridade e o insta
nte ,
Margaret Cohen, J
eann
ene
Pr
zyblyski
e Leo
Charney dizem que a modernidade residiu em uma imersao
no
coti
diano;
ainda qu
e o cotidiano fosse,
po
r definic,:ao, efemero. Em resposta a
esse proble
ma
, for
ma
s
como
a literatura panoramica, a fotografia e o c ine
ma te
ntar
am fixar distr
ac;:
6es fugazes e sensac;:oes evanescentes identificando
momentos
isolados da experi
encia
presen
te .
Nesses
discursos
literarios,
arti
sticos e filos6ficos, a negociac,:iio
entre
a efemeridade e a s
uspen
sao
do
movimento surgiu como uma caracteristica definidora
da
modernidade.
Em "Espetaculos e espectadores': os ensaios de Vanessa
R
Schwartz, Mark
Sandberg e Miriam Bratu Hansen investigam a fascinac;:ao de fenomenos diver
sos como os
mu
seus de cera, os museus de fo lclore, os parques de diversao e o
cinema no desenvolvimento de um publicode massa. Enquanto os dois primei
ros ensaios centram-se no fim de seculo, Hansen avan
c :a no
seculo xx. Cada
ensaio elabo
ra de uma perspectiva diferente o que Hansen chama de "apelo
libertador do moderno' para um publico de massa -
um
publico que era, em si
mesmo, tanto um produto quanta uma vitima do processo de modernizac,:ao".
Como urn todo, os ensaios deste volume mapeiam um terreno comum de
problemas e
fe
nomenos que define o "moderno': No restante desta int
roduc,:ao,
identificamos seis elementos destes ensaios que se mostram centrais para a his
t6ria cultural da modernidade e para a sua relac,:ao como cinema: o surgimento
de uma cultura urbana metropo litana que levou a novas formas de entreten i
mento e atividade de lazer; a centralidade correspo
nd
ente do corpo como o
local de visao,
atenc,:ao
e es
timulac;:a
o; o reco
nh
ecime
nt
o de
um
publico, multi
ciao ou audiencia de massa que subordinou a resposta individual
a
oletividade;
0
impulso para definir, fixar e representar instantes isolados em face das distra
c,:oes e
sensac;:6es
da modernidade,
um
anseio que perpassou o impressionismo
e a fotografia e chegou ate o cinema; a indistin
c,:ao
cada vez maior da linha entre
a realidade e suas representac;:oes; e o salto havido na cultura comercial e nos
desejos do consumidor que estimulou e produziu novas formas de diversao.
A modernidade nao pode ser ente
nd
da fora
do contexte
da cidade,
qu
e
proporcionou
uma
arena
para
a cir
cu
la
c,:ao
de corpos e mercadorias, a troca
19
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de olhares e o exercicio
do
consumismo. A vida moderna pareceria urbana
por definic;ao, contudo as transformac;oes sociais e economicas cr iadas pela
modernidade remodelaram a imagem da cidade
em
plena erup'rao do capita
lismo industrial na segunda metade
do
seculo xrx. Como observou o soci6-
logo alemao Georg Simmel em seu excepcional estudo de 1903,
A
m
et
r6pole
e a vida mental , a cidade moderna ocasionou
a
nipida convergencia de ima
gens em mud an'ra, a descontinuidade acentuada
no
alcance
de
urn simples
o
lhar
e a imprevisibilidade de impress6es subitas':
3
Nao e por acaso que as palavras de Simmel
podem
servir como
uma
descrir,:ao do cinema,
uma
vez que a experiencia da cidade definiu os termos
para a experiencia dos outros elementos da modernidade. Numa tradic;ao
que come'YOU com o trabalho
do
poeta frances Charles Baudelaire, esta cida
de
moderna
tern sido com mais frequencia associada aParis p6s-1850, que
Walter Benjamin chamou de capital do seculo xix':
4
0
redesenho da cidade
em meados do seculo, movimento conhecido hoje como haussmannizac;ao ,
foi idealizado
por
Napoleao e seu entao prefeito
do
Sena, Badio Georges
Haussmann, para modernizar a infraestrutura da cidade, criando bulevares
majestosos,
um
novo sistema de esgoto e um mercado central reconstruido.
5
Essas mudan'ras controversas tornaram mais legivel
uma
geografia ate entao
labirintica, conduzindo Paris a
uma
maior visibilidade.
Como
observou T J
Clark, Paris tornou-se, para seus habitantes, simplesmente uma imagem,
algo ocasional e informalmente consumido':
6
Paris foi
depo
is aclamada como a fonte da vida
moderna
por criticos
como Benjamin e Siegfried Kracauer,
que
a relacionaram aos fenomenos que
os rodearam nos anos 1920 e 1930 em
Bedim.'
0 ensaio de Miriam Hansen
neste vo
lum
e faz uma analise abrangente da evolur,:ao de Kracauer, de um
discurso pessimista da modernidade antes
de 1925
para
uma
visao de cultura
de massa como alegoria e sintoma das mudanyas que estavam transformando
a sociedade a ema. Kracauer comeyou
aver que
as formas culturais de massa,
como
amostras da modernidade, davam aos espectadores a possibilidade
de
entender
as condic;o
es
nas quais estavam vivendo e, portanto, adquirir a
capacidade de autorreflexao (no minimo) ou de emancipayao esclarecida (na
melhor das hip6teses).
A partir do contraste
entre
a posiyao de Kracauer ante fenomenos con
temporaneos
do
secu(O XX C a visao benjaminiana da modernidade que toma
como referenda a Paris
do
seculo xrx, Hansen estabelece
uma
distinc;ao entre
a modernidade oitocentista, essencialmente associada acultura de Paris, e a
modernidade do seculo
xx,
esta
da
produyao em massa, do consumo em
massa e da aniquilac;ao em massa; da racionalizac;ao, da padronizac;ao e dos
ptlblicos de midia identificada com os Estados Unidos e tipificada pela inter
dependencia entre cultura de massae produc;ao industrial.
Se Paris iniciou a transformar,:ao da cidadc moderna em urn local de exi
bi<;:ao de visualidade e distrayao, a congestionada Nova York da virada do
seculo deu o tom para o frenesi e para a superestimulac;ao. Como escreve Ben
Singer neste volume,
As cidades [ .. ] sempr e foram movimentadas, mas
nunca
haviam sido tao
movi-
mentadas
quanto
se tornaram logo antes
da
virada
do
seculo. 0 subito aumento
da popula<;:iio urbana, [ .. ] a prolifera<;:ao dos sinais e a nova densidade e com-
plexidade
do
triinsito das ruas [ .. ] tornaram a cidade um ambiente
muito
mais
abarrotado, ca6tico e estimulante
do
que jamais havia sido no passado.
As
fotografias e os cartuns de jornais e revistas de grande circular,:ao, que
acompanham o ensaio de Singer, comprovam essa visao
da
cidade como um
caldeirao transbordante
de
distrayao, e n s ~ o e estimulo. A cidade tornou
se expressao e local da enfase mo derna na multidao. Quer o objetivo fosse
domina-la, satisfaze-la ou juntar-se a cia, a multidao,
na
forma das massas,
tornou-se urn ator central da modernidade. 0 surgimento da vida moderna
acompanhou o nascimento de
uma
sociedade de massa que resultou,em
parte, do crescimento do capitaJismo industrial.Alem disso, na Europa e nos
Estados Unidos, a segunda metade do seculo XIX testemunhou o nascimen
to de urn nacionalismo e de um imperialismo fervorosos, amedida que
as
democracias burguesas liberais dominadas pelas elites
deram
Iugar a socie
dades nas quais a vasta maioria da populac;ao lentamente adquiriu direito de
voto.
As
massas passaram a ser reconhecidas como urn eleitorado decisivo,
imaginadas e descritas como urn ag
rup
amento quase sempre indiferenciado,
com desejos e aspirac;oes supostamente comuns.
A possibilidade de uma audiencia de massa, juntamente com a atmosfera
de excitac;ao visual e sensorial, abriu as port as para novas formas de entre
tenimento,que surgiram tanto como
part
e da cultura de sensar,:oes quanto
como um esforc;o para atenwi-la. surgimento de Coney Island na virada do
seculo, por exemplo, ironicamente recriou as
sensac;:oes
estafantes o ritmo
frenetico da cidade em uma atmosfera aparentemente mais calma.
8
A aura
da caminhada abeira
mar
possibilitou aos produtores de diversoes de Coney
Island tirar proveito do maior interesse por sensac;oes vari<\veis e cineticas, ao
mesmo tempo em que vendiam suas
atrac;:oes
justamente como a oportuni
dade
de uma
pausa dessas sensac;oes. Do mesmo modo, nos seus primeiros
anos como um fenomeno urbano, o cinema teve multiplas func;6es: como
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parte
da paisagem
da
cidade, uma breve pausa para o t rabalha
dor
a cami
nho de casa, uma forma de escape
do
trabalho domestico para as mulheres e
pedra
de toque cultural para os imigrantes.
9
Como resultado
de
toda essa estimulacyao, comenta Singer, observadores
sociais das decadas pr6ximas da vi rada do seculo fixa ram-se
na
ideia de que
a m odernidade havia causado um aumento radical na estimulac;:ao nervosa
e no risco corporal': Nesse ambiente, o
corpo
tornou-se urn
ponto
cada vez
mais importante
da
modernid
ade, fosse
como
espectador, veiculo de atenc;:ao,
icone de circulacyao
ou
local de desejo insaciavel. Essa experiencia
se
nsual
da
cidade foi expres
sa na
figura
do
flaneur,
o perso
na
ge
m
emb
lematico da
Paris
do
seculo
XIX, qu
e perambulava pelas ruas, olhos e sentidos ligados nas
di
strac;:6es que o cercavam. A atividade d o
flimeur,
ao
mesmo tempo
corpo
ral e visual, estabeleceu os termos para 6 publico do cinema e para as outras
formas de audiencia
qu
e dominaram as novas experiencias e entretenimentos
do
periodo}°
Como
um tipo parisiense, o
flaneur
exemplificava o
pri
vilegio
masculine da vida publica moderna. Na formul
ac;:a
o de Janet Wolff, Inven
tar
aflaneuse
esta fora de
qu
estao: [ ..] tal personagem tornou-se impossivel
pelas divisoes sexuais
do
seculo x1x': Outros argumentaram que a prostituta,
que dividia a calc;:ada
como
flitneur,
representava sua contraparte feminina.
1
2
Diversos ensaios deste volume abordam a
flimerie
e a
condic;:ao
do mascu
lino e do feminino na vida publica. Ao tratar dos cartazes de Jules Cheret no
fim
do
seculo
XIX,
Marcus Verhagen mostr a como o personagem extravagante
do
artista, a che
rette,
foi retratada como uma prostituta e como, desse modo, a
representac;:ao da sexualidade femi
nin
a
foi
mobilizada a
servicyo
do consumo.
Por sua vez, o ensaio de Erika Rappaport sobre as lojas de departamentos indi
ca como,
por
razoes comerciais, novas formas
de
cultura para o consumid
or
atrairam as mulh
er
es para o espac;:o urbano e cultivaram o desejo feminino.
E
na
analise de Alexandra Keller, dos catalogos
de
venda por correspondencia
da virada do seculo, as mulheres de
modo
seme
lh
ante tornam-s e tanto objeto
quanto sujeito dessa nova forma de atividade de consumo.
Co
mo exemplificado pela
jlimerie,
a atenc;:ao moderna foi concebida nao
so mente como visual e m6vel, mas tambem fugaz e efemera.A
atenc;:ao
moder
na era visao em movimento. As form as
mod
ernas de experiencia
dep
endiam
n
ao
apenas
do
movimento, mas dessa junc;:ao
de
movimento e visao:
ima
gens e m movimento. Urn
pr
ecursor 6bvio dessas imagens foi a estrada de
fe rro,
que
eliminou as barreiras tradicionais
de espac;:o
e distancia
a
medida
que forjou
uma
intimidade fisica com o t
empo
, o
espacyo
e o movimentoY
A viagem feita na estra
da de
ferro antecipou mais explicitamente
do que
qual
qu
er outra tecnologia
uma fa
ceta importante
da
experiencia do cinema: uma
pessoa
em
uma
poltrona observa vistas
em
movimento
atra
ves de
um
quadro
que nao
muda
de
posic;:ao.
14
Nesse
se
ntido, os estimulos e as distrac;:oes da mo
dernidade tornam
a concentrac;:ao
da atenc;:ao
mais vital, ai
nda
que
menos
provavel. Na ava
liac;:ao
de Jonathan
Crary o
es t
e vo
lum
e, a atenc;:ao moderna
bas
eo u
-se
explicitamente em seu potencial
para
o fracasso, resultando em desate
nc;:a
o
ou
distrac;:ao. A aten
c;:ao ,
escreve Crary a uz
da
psicologia cientifica desse
periodo, foi descrita como aquilo
que
impede a nossa percepc;:ao de ser urn
fluxo ca6t ico
de
sensa
c;:oes, contudo
a pesquisa
mo
s
trou-a
como
um
a defesa
incerta
cont
ra tal caos .. A atenc;:ao sempre conteve
em
si as condic;:oes para
sua propria desintegra
c;:ao .
Desse modo, a atenc;:ao e a distrac;:ao nao eram
do
is es
tados
essencial
ment
e difere
nt
es,
mas
existiam em urn (mico
conti-
nuum :
Cr
ary
trac;:a es
sa
ambiguidade
por
meio
do
di
scurso
da psicologia
cientifica e
do quadro Na estufa
[Dans
Ia
serreJ de
1879,
no qual Claude
Manet
esforc;:ou
-se para tornar visivel o
po
tencial
do
espectador tanto para a
a t e n ~ a o
quanto ~ r a
a
i s t r a ~ a o
A ten
sa
o entre foco e distrac;:ao estabeleceu os termos para urn intercam
bio mais amplo entre mobilidade e estase, entre a efemeridade das sensac;:6es
da modernidade e o consequente desejo de congelar essas sensac;:6e s em urn
momenta
fixo de r e p r e s e n t a ~ a o 0 ensaio de Leo
Charney
investiga a tenta
tiva de resgatar a possibilidade da experiencia sensorial
em
face da efemeri
dade
do moderno
, que vincula trabalhos filos6ficos e cri ticos sobre moder
nidade
desde Walter Pater, nos
anos 1870,
ate
Martin
He
id
egger, nos
ano
s
1920
e Walter Benjamin nos
anos 193 0 .
No cinema, essa
p r e o c u p a ~ a o
surgiu
no conceito de fotogenia de Jean Epstein - instantes evanescentes de praz
er
cinematogn\fico - e nos estudos de movimentos pre-cinematrograficos
de
Eadweard Muybridge e Etien ne-Jules Marey, que analisaram movimentos
continuos em seus momentos constituintes. Esses escritores e artistas crista
Uzaram a efemeridade nao apenas
como
urn con ce ito abstrato, mas como urn
pr
oblema ativo de sensac;:ao, cog
nic;:ao
e perce
pc;:
ao fisica. 0 momento presen
te podia exist ir apenas
com
o o local
on
de passado e futuro colid
em , um
a
vez que a efemeridade iria sempre ultrapassar o
esf
orc;:o para estabiliza-la, e a
consciencia cognitiva do corpo
ant
e suas sensac;:oes presentes nao
poder
ia
nunca coincidir
como momenta
inicial da sen
sac;:ao
.
Na P
ar is
do seculo XIX os impulsos para conge lar o momenta e representar
o presente logo tomaram forma
no
desenvolvimento da fotografia e na este
ti
ca
correspondente do impressionismo.
5
Os ensaios de Tom
Gunn
ing e Jeannene
Przyblyski sugerem alguns dos usos complexos da fotografia nesse periodo.
Gunning coloca a fotografia como urn cruzamento multiplamente determinado
23
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4
de novas preocupas;oes modcrnas. A fotogralia auxiliou a investigas;ao policial
ao identificar pessoas
no
meio da circulas;ao e do anonimato, o que sob outro
aspecto marcou a vida moderna. Ao reapresentar a aparencia
do
individuo
supostamente unico, a fotografia desestabilizou conceps;oes tradicionais de
identidade pessoal ao fazer
do
corpo uma imagem transportavel e totalmente
adaptavel aos sistemas
de
i r c u a ~ a o e mobilidade que a modern idade exigia':
Como deixa claro o ensaio de Gunning, essas novas tecnicas de represen
t ~ o
nao reproduziram simplesmente
uma
realidade autonoma e presente.
No caso da fotogralia policial, decompoe-se o corpo do individuo
em
partes
constituintes que depois sao processadas por novas formas de organizac;:ao
da
informac;:ao. Mais importante, a indistinc;:ao entre representac;:ao e reali
dade
conduziu a urn aspecto crucial da
modernidade
- a crescente tenden
cia de entender o real somente como 'suas re-apresentac;:6es.
6
Ao analisar
fotografias
da
insurreta
Comuna de
Paris,
de 1871,
Jeannene Przyblyski
comenta a tendencia crescente durante as decadas de 186o e 1870 de voltar a
camera para eventos contemporaneos·: A discussao de Przyblyski indica qu e
amedida que a fotogralia comec;:ou a captar o real, o real tornou-se inconce
bivel e inimaginavel sem a
presenc;:a
verificadorada fotografia.
0
que era apa
rentemente esperado das
ctu lites
fotograficas
em
1871': escreve Przyblyski,
era [ ..
I
que exibissem pedac;:os
do
real: que operassem de m
odo
fragmentario
e
como
reliquias, com
uma
reivindicac;:ao metonimica de autenticidade. Em
sua condic;:ao quase mumificada a meio camin ho entre o artefato hist6rico e a
rec
riac;:ao
simulada,h i alguma coisa [ ..] particularmente moderna':
Muitos ensaios deste volume fazem eco
a
firmac;:ao de-Przyblyski, de que
a represe
ntac;:ao como
reapresentac;:ao do real marcou a forma definidora
da modernidade; ou, mais exatamente,
de
que com
o advento de
uma
cul
tura urbana ca6tica e difusa, o rea l p6de
ser
cada vez mais compreendido
apenas
por
meio de tais representac;:oes. Alem das exposic;:oes qu e
Gunning
e Przyblyski fazem
dos
usos da fotografia, os ensaios de Margaret Cohen,
Vanessa
R.
Schwartz e
Mark
Sandberg exploram casos dessa nova forma de
reapresentac;:ao.
Cohen
analisa a lit
erat
ura panoramica francesa da Monar
quia de Julho (1830-1848), urn genero que visou fornecer um panorama visual
e verbal
da
vida contemporanea. Essa literatura era
um
genero cotidiano
para representar o cotidiano: um genero
com
minimas pretensoes esteticas
transcendentes [ ..] a atenc;:ao muito proxima a detalhes exteriores, sobretudo
visiveis [ ..] franqueiam ao leitor acesso vivido a materialidade sensorial da
realidade parisiense da epoca·:
Cohen
chama essa zona entre representac;:ao e r ealidade de lusco-fusco
cpistemol6gico ,
uma
frasc notavel que capta a ambiguidade
da
interac;:ao
entre
uma
rcalidade que
pode
ser compreendida apenas
em
suas represen
tac;:oes
e as representac;:oes que
incorporam
e fazem parte daquela realidade
em
andamento. 0 cnsaio de Schwartz indica diversos fenomenos da cultura
parisiense
do
fim
do
secu iO XIX
que
eram
pOpulareS porqu e transl iguravam
e reapresentavam uma visao da realidade :
mu
seus
de
cera, panoramas, a
imprensa de massa e a
exibic;:ao
publica de cadaveres no necroterio de Paris.
Para
entender
o
modo da
recepc;:ao cinematognHica
como
uma
pnitica his
t6rica ,
argumenta
Schwartz, e essenciallocalizar o
cinema no
campo
das
formas e praticas culturais associadas a florescente
cu
ltura de massa
do
lim
do
seculo x1x':
Co
mo o cinema, essas novas divers6es compeliram o espec
tador a transpor o espetaculo e a narrativa para obter
um
efeito-realidade
.
De modo
semelhante, o ensaio de Mark Sandberg situa
os
museus de fol
clore escandinavos da virada
do
seculo
como
parte
de um
patrocinio ativo
da cultura visual mais amplo. Esses museus apresentavam dioramas nostal
gicos
como
maneira de compensar as perdas ameac;:adoras de uma moderni
dade que chegou relativamente tarde
a
Escandinavia.
No
museu do folclore, a
exposic;:ao de momentos congelados do passado e a consequente confianc;:a
de que o espectador preencheria
os
vazios do espetaculo antecipou o cinema,
ao indicar
como
a narrativa
pod
ia cumprir
uma
fun
c;:ao
estabilizante
em
face
da dissipac;:ao moderna. Pode muito bern ser': prop
oe
Sandberg
no
lim
de
seu ensaio, que a narrati va fosse mais
importante para
o publico
na
vira
da
do
seculo do que sempre se sup6s, servindo
como
a rede
de
seguranc;:a
nao obstrutiva que tornou possivel e prazeroso o desprendimento
do
olho
na
modernidade
[ ..
] A
narrativa aju
dou
a
tornar
a
modernidade
atraente,
transformando
uma
sensac;:ao de estar deslocado' em 'mobilidade' e
uma
sen
sac;:ao
de desenraizamento'
em
liberac;:ao' .
A narrativa e a visualidade esforc;:aram-se para canalizar a
atenc;:iio
osci
lante do sujeito,
nao
apenas como espectador mas tambem como consumidor.
As formas analisadas
por
Gunning, Przyblyski, Cohen, Schwartz e Sandberg
foram
todas
iniciativas
come
rciais,
como
foram a
estrada
de ferro, o tele
grafo e praticamente todo icone
da
modernidad
e.
0
papel
do
consumismo
como
motor
da modernidade esta presente nos ensaios
de
Marcus Verhagen,
Richard Abel, Erika Rappaport e Alexandra Keller. Para Verhagen, a explosiio
do
cartaz
na
paisag
em
parisiense do fim
do
seculo XIX revolucionou o neg6-
cio
do
entretenimento parisiense tanto como uma expressao
da
emergencia
da
cultura
de massa [ .. ]
quanto como um
catalisador
no
desenvolvimen
to de novas formas desta cultura':
Na
analise de Verhagen, respostas
mora-
listas a popularidade do
cartaz
ecoaram as primeiras objec;:oes ao cinema e
as reac;:oes,
em
geral, receosas as novas formas de
uma
cu ltura voltada para 25
8/20/2019 Introdução - O Cinema e a Invenção Da Vida Moderna (Leo Charney e Vanessa R. Schwartz)1
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5
o consumidor cujos "mecanismos de mercado [
..
] estavam desgastando o
alicerce sob o qual a sociedade de classes estava construida':
No ensaio de Abel, o desenvolvimento do cinema norte-americano nos
prirneiros anos do seculo xx nao pode ser entendido fora das pressoes do
mercado que impeliram os esrudios a diferenciar seu produto dos filmes fran
ceses potencial mente mais populares do esrudio Pathe. Em resposta a atura
do mercado norte-americana pelo"galo vermelho frances"e a urn publico
de imigrantes recem-chegados que precisava "americanizar-se':
OS
estudios
americanos caracterizaram a Pathe
como
suspeita e
como
o "outro" desmo
ralizador,
uma
o r m ~ o que entrelac;:ava identidades nacionais e comerciais.
A discussiio de Abel sublinha a interdependencia
entre
capitalismo e naciona
lismo, medida que a industria capitalista (simbolizada no estudio de cine
ma) podia tanto distribuir seus produt6s internacionalmente
quanto
inter
ceder em seus pr6prios mercados nacionais. Nesse sentido, escreve Abel,
o
cinema como um fato especi
fico
da modernidade [
..
] foi inscrito nos discur
sos do imperialismo e do nacionalismo e de suas
r e i v i n d i c ~ o e s
conflitantes,
respectivamente, d e supremacia economica e cultural':
De modo
similar, Rappaport e Keller investigam como os desejos dos
consumidores
eram
mediados pelos textos escritos que
os
cercavam e inci
tavam. Rappaport
demonstra
como, na Londres do inicio do
secu
lo
xx
a
irnprensa produziu a cultura comercial eduardiana em parceria com homens
como Gordon Selfridge': Este, dono de
uma
loja de departarnentos
que
trazia
seu nome, sagazmente utilizava publicidade e art igos de jornal para promo
ver a si pr6prio, sua loja e a visao das mulheres
como
consumidoras, e
de
Londres como uma metr6pole comercial
que
as i
ria
apoiar. Ao transferir o
foco das lojas para as ma n ipula<;:6es de discurso que as cercavam, Rappa
port ilustra
como
os fenomenos sociaisda modernidade somente
podem
ser
entendidos por meio das representa<;:6es
que
os construiram.
0 ensaio de Keller sobre os primeiros catalogos de venda por corres
pondencia da Sears Roebuck expande essa interdependencia entre texto e
consumismo para sugerir que o cata ogo de venda por correspondencia ofe
recia o texto ilustrado, apenas, como a base para o desejo, amedida que suas
imagens evocavam
os
produtos ausentes desejados pelo consumidor . Essas
imagens fantasmaticas, como a dissemina<;:ao em massa do catalogo, fizeram
dele urn fenomeno simil
ar
ao cinema. Keller continua,
para
indicar que o
catalogo de venda "produziu um tipo dejltm ri rural para aqueles que folhea
varn suas paginas': 0 lei tor rural podia passear pelos produtos como o vadio
perambulava pela cidade.
Tal
qual a cidade moderna, o "mundo, tal como
foi
levado para o lar rural pelo catalogo de venda por correspondencia, era um
Iugar abundante e concorrido, apinhado de mercadorias, a representac;:ao de
um mercado cuja materializac;:ao seria igualmente apinhada de vendedores,
consumidores e espectadores':
0 cinema, en ao, marcou o cruzamento sem precedentes desses fen6me
nos da modernidade. Tratava-se de urn produto comercial que era tambem
uma
tecnica
de
mobilidade e efemeridade. Foi uma consequencia e
uma
par
te vital da cultura urbana que se dirigia a seus espectadores como membros
de urn publico de massa coletivo e potencial mente indiferenciado. Era
uma
forma de representa<;:ao que foi alem
do
impressionismo e da fotografia, ence
nando movimentos reais, embora estes nunca pudessem ser (e ainda hoje nao
sao) mais
do
que a progressao serial de fotogramas fixos. Era uma tecnologia
destinada a provocar respostas visuais, sensuais e cognitivas nos espectadores
que estavam
come<;:ando
a se acostu mar aos ataques da estimulac;:ao.
Mais importante, o cinema nao forneceu simplesmente urn novo meio no
qual os elementos da modernidade podiam se acotovelar. Ao contrario, ele foi
produto e parte componente das variaveis interconectadas da modernidade: tec
nologia mediada por estimulac; ao visual e cognit
iva;
a reapresentac;:ao da reali
dade possibilitada pela tecnologia; e um procedimento urbano, comercial, pro
duzido em massa e definido como a captura do movimento continuo. 0 cinema
forc;:ou
esses elementos da vida moderna a uma sintese ativa; ou, de um outro
modo, tais elementos criaram suficiente pressao epistemol6gicapara produzi-lo.
0
cinema
portanto, nao pode ser concebido simplesmente
como
o
resultado de formas tais como o teatro melodramatico, a prosa narrativa
e o
romance
realista
do seculo
XIX
embo
ra
todos
esses meios tenham
influenciado sua forma. Tampouco as hist6rias da tecnologia podem expli
car de modo satisfat6rio o surgimento do cinema. Ao contrario, ele deve ser
repensado
como
um componente vital de
uma
cultura mais ampla da vida
moderna
que
abran geu transforma<;:oes politicas, sociais, economicas e cultu
rais. Essa cultura
nao
"criou" o cinema
em
um sentido simples, nem tampou
co o cinema desenvolveu quaisquer formas, conceitos ou tecnicas novas que
ja
nao estivessem disponiveis
em
outros caminhos. Ao fornecer urn cadinho
para elementos
ja
evidentes
em
outros aspectos da cultura moderna, o cine
ma acabou por se ad antar a essas outras formas, e acabou sendo muito mais
do que simplesmente uma nova
invenc;:ao
entre outras.
Estes ensaios,
por
fim,
nos
ajudam a reconsiderar a linhagem
da
moder
nidade a p6s-modernidade , bern como as tecnologias, entretenimentos e
representac;:oes
da
nossa pr6pria virada de seculo. Ao especificar uma cul
tura particular da vida
moderna
este volume ira iniciar idealmente uma
interroga<;:ao mais rigorosa dos contrastcs e semelhanc;:as entre o "moderno"
27
8/20/2019 Introdução - O Cinema e a Invenção Da Vida Moderna (Leo Charney e Vanessa R. Schwartz)1
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eo
supostamenre "p6s-
moderno':
Embora o p6s -modernismo tenha sempre
sido concebido como o sucessor
do
modernismo
como movimento
artistico,
estes ensaios criam urn contexto para reimaginar a p6s -modernidade como o
resultado da modernidade,
tm1a
transforma<yao social, politica e cultural mais
ampla,
da
qual o modernismo foi apenas um aspecto. Embora as implica
<;:6es
dessa
distin<yao
ainda tenharn que
se
r melhor exploradas, a estrutura da
modernidade articulada nestes ensaios encoraja outros estudiosos a come<yar
a partir
do
cinema e a retornar a ele
como um denominador
comum
unindo
os seculos XIX, xx e
XXI
(potencialmente), a
um
s6 tempo um reposit6r io
est
ranho
e familiar de tempos passados e
um onkulo
prescie
nt
e do porvir.
Notas
Maurice Talme)
r, "L:
Age de J'affiche'; La
Revue des
Deux Mo11des, t
'
set. 1896, p. 216; citado
por
Verhagen nestc volume.
2 Tri's trabalhos que ofe rccem um
e s b o ~ o
da modernidade e
da
vida moderna sao: Stephen
Kern,
The
Culture
of
Time and
Space
1880-
1918.
Cambridge: Harvard University Press, 1983;
Marshall Berman, Al/11wt ls Solid Melts into Air: The Experienceof Modernity. Nova York:
Penguin
Books, 1988
(1i
1do
o que
e
olido desmancha no
ar:
a aventura
da
modemidad
e,
trad. Carlos Felipe Moises e Ana Maria L.lorialli.Sao Paulo: Companhia das Letras, 1986);
c
Christoph
Asendorf, Batteries of Life: 11 the History of Things fllld Their Perception in
Modernidade, trad. para o ingles de Don Reneau. Berkeley, Los Angeles, Londres: Univer
s ity of California Press. 1993.
3
Georg
Simmel, The Metropolis
and
Mental Life'; in Kurt Wolff (eel.). Sociologyof Georg
Sitmnel, trad. H. H.
Gerth,
(1903), reimpr. Nova York: Free Press, 1950,
p.
410 ("A metr6pole
e a vida m e n t a l ~ in Otavio
Guilherme
Velho
(o
rg.),
0
fen6meno urbana,
ed.
Rio de Janei
ro: Zahar Editores, 1976].
4 Charles Baudelair
e,
The Painter of Modem Life and Other
Essays,
org. e trad.
para
o inglcs
Jonathan Mayne. Londres: Phaidon, 1965; Walter .Benjamin, Char
l
es Baudelaire:
A
Lyric
Poet
in the Ert1 of High Capitalism, trad. para o inglcs Harry Zohn. Londres: Verso, 1983
(Charles Baudelaire: urn lirico no auge
do
capitalismo.Obms escolhidas, v.
111. Sao
Paulo:
Hrasiliense,1995),e Paris. Capitale du xix '"' sii Cle,
org. RolfTiedmann,
trad. Jean Lacoste,
Paris: Editions
du
Cerf, 1989.
5 Ver, em especial, o estudo chissico de David Pinkney, Napoleon 111 and the Rebuilding
of
Paris (Princeton: Princeton University Press, 1958). A h a u s s m a n n i z a c ; ~ o tambem foi
um
a o
importante
de
con
trolc social;
os
bulevarcs dividiam encraves da classc open ia, impediam
a construc;ao de barricadase facilitavarn a disposic;iiode tropas em
caso
de insurrei,.:iio.
6 T. J. Clark, 111e Painting
of
Modem Life. Princeton: Princeton University Press. 1984, p. 36.
7 Trabalhos dee sobre Kracauer e Benjamin
sao
citados nos ensaios deste volume, em especial
nos
de
Hansen
e Charney.
Sobre
Kracauer, Benjamin e a
modernidade.
ver David Frisby,
Fragments
of Modemity: Theories of Modemity in
the Work of
Simmd, Kracauer, and Benja
min. Cambridge: MIT Press, 1986; Martin Jay, The Dialectica/Jmagination: A History of he
Frankfurt
School
a/1(//hc
Institute for Social R
esearch,
1923-1950. Boston: Little, Brown, 1973.
urbana
na virada
do
seculo e e Kathy Peiss, Cheap
8 0
trabalho
central sobre lazer e
cultura
. 7 r
tl
-Century New York. Filadclfia:
k
d Leisure ll IITII
·O r le
Amusements: Wor mg omen an
b. J h Kasson
Amusing
tire
Million: Coney
. 't P ess 1986 Ver
tam
em o n '
Temple
Umverst
y r ' . . . ' y, k· Hill Wang, t978;
e
David Nasaw, Going
Out:
Island at tile Tum
of
he Cent,ay. No\ a
or
. . .
The Rise and Fall of Public
A l ~ w s e m e n t . Nova ~ o ~ k : ~ : s ~ i l : : ~ ~ s ~ ~ ~ ~ · n , Babel
and Babylon:
e
trc
mUttas fontes potenctms,'
9 Sobre esses pontos, n . . C b 'd .
Harvard
University Press, 199•; Charles
Spectatorship in Americau S:leut
Flit •·
A
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1907. Nova York: Scribner's, 1990;
Musser,
Tile
E m e ~ ~ e u c e o f C m e m a ; o ~ , ; ~ ; ; ~ ; : ~ : : ' 1 9 0 7 1 9 1 5 Nova York: Scribner's, 1990·
e Eileen Bowser,
I
he
Trausformat
if
A F
'edberg
Wiudow
Slwpping:
Cinema
.
c
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10
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Streetwalkmg
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Elvira
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a modernidade,ver Bruno,
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entre
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op. cit.; Hansen, op. ct t., e a
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Tracks·
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Cine-
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29