INTRODUCAO E CORPO DO TRABALHO TCC[1]

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1 INTRODUCÃO O brincar na Educação Infantil, possui um papel fundamental na conquista da autonomia e aprendizagem da criança. É por meio das brincadeiras que ela cria um mundo imaginário repleto de significados, podendo expressar suas angústias e desejos, compreendendo um pouco mais sobre o meio em que está inserida. O interesse pelo tema do grupo surgiu por meio de leituras de autores que tratam dessa problematização onde se discute “O brincar educa na educação infantil”. Citamos vários autores como Piaget, Vygotisky e Kishimoto. Na sociedade medieval a criança era vista como um adulto em miniatura, ela convivia igualmente com os adultos, suas vestes e suas atividades eram semelhantes, a criança era vista como um ser inocente, inacabado e incompleto. Atualmente a concepção de brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento e a educação das crianças, incorporando valores morais e culturais. Brincar é importante porque incentiva a utilização de brincadeiras e jogos, brincar é indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança, é uma arte, um dom natural que, quando bem cultivado, irá contribuir no futuro para a eficiência e o equilíbrio do adulto. Ao brincar, uma criança explora e reflete a realidade, a cultura na qual vive, e incorpora ao mesmo tempo, discutindo regras reais na sociedade em que vive, no o qual existem o brincar dirigido e o brincar livre.

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INTRODUCÃO

O brincar na Educação Infantil, possui um papel fundamental na conquista da

autonomia e aprendizagem da criança. É por meio das brincadeiras que ela cria um mundo

imaginário repleto de significados, podendo expressar suas angústias e desejos,

compreendendo um pouco mais sobre o meio em que está inserida.

O interesse pelo tema do grupo surgiu por meio de leituras de autores que tratam dessa

problematização onde se discute  “O brincar educa na educação infantil”. Citamos vários

autores como Piaget, Vygotisky e Kishimoto. Na sociedade medieval a criança era vista como

um adulto em miniatura, ela convivia igualmente com os adultos, suas vestes e suas atividades

eram semelhantes, a  criança era vista como um ser inocente, inacabado e

incompleto. Atualmente a concepção de brincar é uma das atividades fundamentais para o

desenvolvimento e a educação das crianças, incorporando valores morais e culturais. Brincar

é importante porque incentiva a utilização de brincadeiras e jogos, brincar é indispensável à

saúde física, emocional e intelectual da criança, é uma arte, um dom natural que, quando bem

cultivado, irá contribuir no futuro para a eficiência e o equilíbrio do adulto.  Ao brincar, uma

criança explora e reflete a realidade, a cultura na qual vive, e incorpora ao mesmo tempo,

discutindo regras reais na sociedade em que vive, no o qual existem o brincar dirigido e o

brincar livre.       

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998),

brincar é fundamental para o pleno desenvolvimento da autonomia e identidade da criança.

As concepções sobre jogo, brinquedo e brincadeira são opostas e contraditórias em

suas significações.  Mas o que sempre vemos é que jogo, brinquedo e brincadeira vêm sendo

sempre utilizados com o mesmo significado.

Brincadeiras e jogos não são meros passatempos divertidos, exercem um papel

fundamental no desenvolvimento da criança. Há quem acredite em “hora de aprender” e “hora

de brincar”, como se essas duas ações fossem desassociadas. Brincar, porém, é uma ótima

forma de aprender. Brincando a criança desenvolve três pilares fundamentais, que lhe

garantirá um desenvolvimento sadio: o psíquico, o motor e o cognitivo.

O brinquedo para  a criança permite à ação intencional (afetividade), a construção de

representações mentais (cognição), a manipulação de objetos e o desempenho de ações

sensório-motoras (físico) e as trocas nas interações (social). O brinquedo estimula a

inteligência porque faz com que a criança solte sua imaginação e desenvolva a criatividade

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possibilitando o exercício de concentração, de atenção e de engajamento. É um convite à

brincadeira, proporcionando desafios e motivações.

A brincadeira para a criança é a melhor maneira de se comunicar, um meio para

perguntar e explicar, um instrumento que ela tem para se relacionar com outras crianças.

Brincando, a criança aprende muito sobre o mundo que a cerca e têm a oportunidade de

procurar a melhor forma de se integrar a esse mundo, pois é na brincadeira que a criança tem

possibilidade de se relacionar com outras crianças, conhecer novas culturas  sendo um

exercício de decisões e criações.

Através das atividades lúdicas desenvolvemos várias capacidades, exploramos e

refletimos sobre a realidade, a cultura na qual vivemos, incorporamos e, ao mesmo tempo,

questionamos regras e papéis sociais. Podemos dizer que nas atividades lúdicas ultrapassamos

a realidade, transformando-a através da imaginação. A incorporação de brincadeiras, jogos e

brinquedos na prática pedagógica, podem desenvolver diferentes atividades que contribuem

para inúmeras aprendizagens e para a ampliação da rede de significados construtivos para a

criança.

 Referindo-se ao educador nessas atividades, o mesmo deve envolver-se no mundo

mágico infantil, ter conhecimento teórico, prático, observação, amor e vontade de ser parceiro

da criança e também valorizar as atividades colocadas em prática, interessando-se por elas,

animando-as pelo esforço, evitando a competição, pois em jogos não competitivos não

existem ganhadores ou perdedores. A atitude mais produtiva do professor é conseguir que as

crianças procurem resolver esses conflitos, ensinando-lhes a chegar a acordos, negociar e

compartilhar, o objetivo é oportunizar ao educador a compreensão do significado e da

importância das atividades lúdicas na educação infantil, é dever do educador defender o

brincar como um acontecimento relevante para o pleno desenvolvimento da criança.

       Brincar é sinônimo de aprender, pois o brincar e o jogar geram um espaço para pensar,

ou seja, o brincar é mais do que uma atividade sem conseqüência para a criança, brincando ela

não apenas se diverte, mas recria e interpreta o mundo em que vive, relaciona-se com o

mundo, ou seja,   brincar educa.

Este trabalho organiza-se com a apresentação dos seguintes temas: concepção de

infância, as atividades lúdicas na visão de alguns pensadores, a influencia e importância do

brincar, destacando as contribuições do educador nos aspectos cognitivo, afetivo e social,

concluindo com a valorização da prática pedagógica no processo de desenvolvimento da

criança.

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CAPÍTULO 1 - CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA

Para podermos compreender a importância do brincar na educação infantil e como ele

contribui para o desenvolvimento e a aprendizagem, bem como educar através do lúdico,

temos que descrever o conceito de infância e como essa concepção foi se constituindo no

decorrer do tempo.

A concepção de infância é uma noção historicamente construída e suas modificações

ocorrem ao longo dos tempos por determinações culturais e mudanças estruturais em uma

sociedade.

Na sociedade medieval a criança era vista como miniatura do adulto, ela convivia

igualmente com os adultos, suas vestes e suas atividades eram semelhantes. A criança era

vista como um ser inocente, inacabado e incompleto, sem haver respeito às características e

peculiaridades infantis. Caracterizava-se infância como um “vir a ser”, essa concepção

perdurou ao longo dos séculos e deixou marcas profundas no modo de pensar a infância.

O sentimento de infância corresponde a uma consciência de particularidade infantil,

que distingui essencialmente a criança do adulto.

Segundo Ariès (1981), “por volta do século XII, à arte medieval desconhecia a

infância ou não tentava representá-la”. É difícil crer que essa ausência se devesse à

incompetência ou à falta de habilidade, é mais provável que não houvesse lugar para infância

neste mundo.

Foi preciso que houvesse uma profunda mudança da imagem da criança na sociedade

para que se pudesse associar uma visão positiva a suas atividades espontâneas, surgindo como

decorrência à valorização dos jogos e brinquedos.

Foi a partir do século XVIII que se começou a estudar a particularidade da criança e a

se identificar as formas de introduzi-las, desde então foi sendo construída uma concepção

especifica de criança, o que levou a uma visão contemporânea do sentimento moderno da

infância, distinguindo assim a categoria adulta da categoria criança, onde a infância começa a

ser considerada uma condição do ser criança, sendo importante respeitá-la e considerar seu

universo de representações, pois é um sujeito participante das relações sociais, fazendo parte

de um processo histórico, social, cultural e psicológico.

No século XIX, surgem pensadores como Froebel, que valorizava as histórias, mitos,

lendas e contos de fada. Percebendo que as crianças usam símbolos em suas brincadeiras,

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introduziu o brincar para educar, sendo responsável pelo uso do brinquedo e do brincar no

Jardim de Infância.

Na idade moderna as definições de infância se revelam como um período distinto da

vida adulta e também abre as portas para uma análise de novo lugar assumido pela criança e

pela família, nas sociedades modernas.

Froebel sendo o precursor do jardim da infância defendia que a educação deve se

basear na evolução natural da criança e que os currículos escolares devem se basear nas

atividades e interesses de cada fase da vida, as atividades de caráter lúdicas são fatores

determinantes na aprendizagem da criança.

Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), “a criança

como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar

que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado

momento histórico”.

A infância é a idade das brincadeiras e por meio delas a criança se satisfaz, em grande

parte, seus interesses, necessidades e desejos particulares, sendo um meio privilegiado de

inserção na realidade, pois expressa a maneira como a criança reflete, ordena, desorganiza,

destrói e reconstrói o mundo. O lúdico é uma das maneiras mais eficazes de envolver o aluno

nas atividades, pois a brincadeira é algo inerente na criança, é sua forma de trabalhar, refletir e

descobrir o mundo que a cerca.

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CAPÍTULO 2 - AS ATIVIDADES LÚDICAS NA VISÃO DE ALGUNS

PENSADORES

Desde que a criança nasce está presente em sua vida a atividade lúdica, por isso

enfatizaremos a importância do lúdico como instrumento que favorece o processo educativo

no desenvolvimento infantil.

Abordaremos a seguir as diferentes concepções de atividades lúdicas na visão de

alguns teóricos, cujas contribuições foram significativas para as atividades lúdicas na

educação infantil.

2.1. Froebel

Froebel foi o primeiro a reconhecer verdadeiramente, a importância do lúdico, sendo o

criador e fundador do jardim de infância. Ele concebia a criança como uma planta, a qual

precisa de carinho e cuidados especiais desde a mais tenra idade, para tornar-se um adulto

equilibrado. Dessa forma, a criança teria mais condições de viver melhor por meio da relação

que mantinha com os brinquedos e jogos direcionados, livres ou espontâneos.

Ele privilegia a atividade lúdica por perceber o significado e a função da brincadeira

para o desenvolvimento sensório-motor, e ainda cria métodos para ampliar a capacidade

intelectual através da relação com objetos, transformando-os de acordo com a imaginação e

vivência.

Kishimoto (2002) comenta que Froebel defendia o valor do lúdico na infância e a

expressão de liberdade como um meio para o ensino. E a proposta de Froebel se caracterizava

no caráter lúdico, pois esse era o fator determinante da aprendizagem das crianças.

Assim, a autora afirma:

[...] Froebel acreditou na criança, enalteceu sua perfeição, valorizou sua liberdade e desejou a expressão da natureza infantil por meio de brincadeiras livres e espontâneas. Instituiu uma Pedagogia tendo a representação simbólica como eixo do trabalho educativo, sendo reconhecido por isso como psicológico da infância. (KISHIMOTO. 2002, p. 57).

Ao valorizar uma educação através de jogos, como ressalta a autora, mesmo que não

tenha sido Froebel o primeiro experimentador, mas foi ele que elevou o jogo como parte

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primordial da prática pedagógica, ao fundar o “jardim da infância com o uso de jogos e

brinquedos”. (KISHIMOTO. 2002, p. 61)

Froebel concebe o brincar como atividade livre e espontânea, responsável pelo

desenvolvimento físico, moral, cognitivo, e os dons ou brinquedos que são pequenos objetos

geométricos como: bolas, cilindros, cubos, papéis recortados, anéis, argila, desenhos, ervilhas,

palitos de madeira pelos quais se realizam atividades orientadas, as ocupações, geralmente

intercaladas por movimentos e músicas, nessa relação à criança necessita de orientação para

seu desenvolvimento.

2.2. Piaget

A teoria de Jean Piaget trouxe contribuições para a educação, com uma nova

concepção de criança. Demonstrou que estas são diferentes dos adultos em sua lógica de

funcionamento mental, ou melhor, possuem lógica própria.

Para Piaget o desenvolvimento é um período contínuo de trocas entre o organismo

vivo e o meio ambiente. E esse processo contínuo de desenvolvimento se dá através de

constantes desequilíbrios e equilíbrios, obedecendo às etapas de desenvolvimento cognitivo.

Na visão de Piaget (1988), “as brincadeiras e os jogos favorecem o desenvolvimento

da criança a qual tem necessidade de brincar para crescer em equilíbrio com o mundo. Sua

maneira de assimilar (transformar o meio para que este se adapte às necessidades) e de

acomodar (mudar a si mesma para adaptar-se ao meio) deverá ser sempre por meio do jogo”.

É pela brincadeira e pela imitação que se dará o desenvolvimento natural, cognitivo e

social da criança. Dessa maneira a brincadeira é concebida como conteúdo da inteligência,

tida como conduta livre, espontânea, que a criança expressa por vontade própria e pelo prazer

que proporciona. Assim, como conduta lúdica, demonstra o nível de estágio cognitivo que a

criança está, devido ao predomínio de um tipo de jogo diferenciado: jogo de exercício, jogo

simbólico (faz-de-conta) e jogo de regra.

Por meio das atividades lúdicas, a criança age ativamente, questiona, reflete, descobre,

torna-se social e respeita regras, reproduz muitas situações vividas em seu cotidiano, as quais,

pela imaginação e pelo faz-de-conta, são reelaboradas. Com isso, ela está, buscando novos

conhecimentos, visto que a representação do cotidiano se dá por meio da combinação entre

experiências passadas e novas possibilidades de interpretações e reproduções do real, de

acordo com suas afeições, necessidades, desejos e paixões.

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Para Piaget (1973), tanto a brincadeira como o jogo é essencial para contribuir no

processo de aprendizagem. Sendo assim, essas atividades se tornam indispensáveis a prática

educativa, pois, contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.

Piaget explica:

O jogo é, portanto, sob suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente a fim de que jogando, elas cheguem a assimilar às realidades intelectuais que, sem isso permanecem exteriores a inteligência infantil. (PIAGET. 1973, p.160).

Conforme esclarece Piaget (1988, p.59): “os jogos não são apenas uma forma de

entretenimento para gastar energias da criança, mas meios que contribuem e enriquecem o

desenvolvimento intelectual”.

Segundo a teoria de Piaget, existem três formas básicas de atividade lúdica que

caracterizam a evolução do jogo na criança de acordo com a fase do desenvolvimento em que

aparecem.

O Jogo de Exercício Sensório-Motor caracteriza a etapa que vai do nascimento até o

aparecimento da linguagem, constitui-se pela satisfação das necessidades básicas. O jogo

consiste em rituais ou manipulações de objetos em função dos desejos e hábitos motores da

própria criança. Aos poucos a criança vai ampliando seus esquemas, adquirindo cada vez mais

prazer através de suas ações. Os exercícios caracterizam-se pela repetição de gestos e de

movimentos simples, e têm valor exploratório. O prazer é que traz significado para as suas

ações. Dentro desta categoria podemos destacar os seguintes jogos: sonoro, visual, tátil,

olfativo, gustativo, motor e de manipulação.

O Jogo Simbólico que se instala a partir dos dois e os seis anos permite o início da

representação, ou seja, a possibilidade de alterar a realidade subordinando-a as suas próprias

necessidades. Nesta categoria o jogo pode ser de ficção ou de imitação, tanta no que diz

respeito à transformação de objetos quanto ao desempenho de papéis. A função do jogo

simbólico consiste em assimilar a realidade. É a fase do faz-de-conta, surge o uso de

símbolos, da representação, do teatro, onde uma coisa simboliza outra.

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A criança tem a possibilidade de experimentar papéis, dramatizar, representar e recriar

situações. Uma vassoura pode virar um cavalo, e ao brincar com as bonecas pode representar

o papel de mãe, pai, imitando assim situações da vida real. Dentro desta categoria destacam-se

os jogos de faz-de-conta, de papéis e de representação.

O Jogo de Regra manifesta-se entre os quatros e sete anos e se desenvolve entre os

sete e os doze anos. Ao sete anos a criança deixa o jogo egocêntrico, substituindo-o por uma

atividade mais socializada, onde as regras têm uma aplicação efetiva e na qual as relações de

cooperação entre os jogadores são fundamentais. O jogo de regras é necessário para que as

convenções sociais e os valores morais de uma cultura sejam transmitidos. Por meio desses

jogos, a criança pode construir inventar regras para as suas brincadeiras, e com isso, descobrir

e conhecer o outro. Dentro desta categoria destacam-se os jogos sensório-motores (corridas,

jogos de bola, queimada, amarelinha) e intelectuais (cartas, xadrez).

A teoria de Piaget enfatiza muito a importância de estimular a brincadeira. É

fundamental para a criança brincar, pois a atividade lúdica é essencial na vida da criança,

onde se constitui, em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, já que, quando a

criança joga assimila e transforma a realidade.

2.3. Vygotsky

A teoria de Vygotsky tem como base uma abordagem sócio-interacionista e atribui

importância ao outro, no desenvolvimento infantil. O brinquedo não pode ser conceituado só

como uma atividade que proporciona prazer à criança. Por meio do brinquedo, a criança

satisfaz certas necessidades de agir em relação não apenas ao mundo dos objetos, mas

também em relação ao mundo mais amplo dos adultos.

A aquisição da linguagem vai contribuir qualitativamente para o desenvolvimento

infantil, e os conceitos relativos à linguagem vão depender de como a sociedade em que está

inserida a criança, construiu esses conceitos.

Segundo Vygotsky (1984, p.134-135), ”o brinquedo cria uma Zona de

Desenvolvimento Proximal1 (ZDP) da criança. No brinquedo, a criança se comporta além do

comportamento diário, no brinquedo, é como se ela fosse maior do que é na realidade.

1ZDP é a distância entre o nível real de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro mais capaz. (VYGOTSKY, 1988:133).

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A relação da criança com a brincadeira aparece ligada diretamente com a zona de

desenvolvimento proximal, uma vez que é a partir do que conhece das oportunidades do meio

em que vive e em função das necessidades e preferências, ela cria a aprende interagindo com

o adulto, tendo assim sucesso nas suas habilidades. A criança transforma as atitudes do

cotidiano em brincadeiras e, ao mesmo tempo, aproxima-se de sua realidade para

compreendê-la.

Vygotsky (1991) destaca a importância do papel do brinquedo, mais especificamente a

brincadeira do “faz-de-conta”, para o desenvolvimento da criança, pois essa atividade cria a

zona de desenvolvimento proximal, onde, assim a criança estará em constante processo de

transformação interna.

O brinquedo faz com que a criança aprenda a agir numa esfera cognitiva, pois a

criação de uma situação imaginária pode ser considerada como um meio para desenvolver o

pensamento abstrato. Os jogos de faz-de-conta e os brinquedos didáticos, além de

desenvolverem os movimentos amplos e finos do corpo, levam a criança a vivenciar inúmeras

funções intelectuais, tais como cálculo, posição, velocidade e equilíbrio, bem como normas de

cooperação de tempo e espaço, tendo como origem as regras do coletivo que, por sua vez,

também estão presentes nas situações imaginárias.

Para Vygotsky (1991), a brincadeira, o jogo são atividades específicas da infância, nas

quais a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. É uma atividade social, com

contexto cultural e social.

Nessa perspectiva afirmamos que é enorme a influência do brinquedo no

desenvolvimento da criança. É no brinquedo e no jogo que a criança aprende a agir numa

esfera cognitiva.

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CAPÍTULO 3 - A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

Neste capítulo, objetiva-se compreender, através da visão de alguns autores, o

significado do brincar e o que esse brincar representa no mundo imaginário da criança, como

ele favorece no processo educativo, como se projeta nas atividades de sua cultura e como está

presente nos futuros papéis e valores.

O brincar é uma das formas mais comuns do comportamento humano, principalmente

durante a infância. Mas nem sempre foi assim, antigamente o brincar era desvalorizado e

menosprezado, não tinha nenhum valor a nível educativo.

Atualmente a concepção de brincar é uma das atividades fundamentais para o

desenvolvimento e a educação da criança, incorporando valores morais e culturais.

Quando a criança brinca, ela exercita – se de diferentes maneiras, desenvolve

importantes capacidades, torna-se criativa e atenciosa, imita, memoriza, imagina e amadurece

também, algumas capacidades de socialização por meio da interação e da utilização e

experimentação de regras e papéis sociais, dessa maneira o brincar torna-se fundamental no

processo de ensino-aprendizagem na educação infantil.

É importante ressaltarmos que o brincar é uma ação motivada, ou seja, a criança

motiva-se para brincar, e para que isto aconteça é preciso haver vontade, pois o brincar é uma

ação espontânea: a criança escolhe se vai brincar ou não, ela pode escolher seus brinquedos e

parceiros, transformar o espaço da brincadeira.

Segundo Winnicott (1991, p.63), o brincar é o fazer em si, um fazer que se requeira

tempo e espaço próprio, um fazer que se constitua de experiências culturais, que é universal e

próprio da saúde, porque facilita o crescimento, conduz aos relacionamentos grupais, podendo

ser uma forma de comunicação consigo mesmo e com os outros.

Podemos dizer que as brincadeiras é uma das atividades fundamentais para o

desenvolvimento das crianças pequenas. Através das brincadeiras, a criança descobre varias

alternativas importantes para desempenhar suas capacidades na vida cotidiana, pode

ultrapassar a realidade transformando-a através da imaginação. Ao brincar, uma criança

explora e reflete a realidade, a cultura na qual vive, e incorpora ao mesmo tempo, discutindo

regras reais na sociedade em que vive.

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Piaget (1998), diz que, a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades

intelectuais da criança sendo por isso, indispensável à prática educativa (Aguiar, 1977, 58).

O brincar é a melhor maneira da criança se comunicar, um meio para perguntar e

explicar, um instrumento que ela tem para se relacionar com outras crianças. Brincando a

criança aprende muito sobre o mundo que a cerca e tem a oportunidade de procurar a melhor

forma de se integrar a esse mundo, agindo de maneira cooperativa, fazendo imitações,

disputando objetos, vivenciando espaço, experiências e expressando suas emoções,

estabelecendo assim sua interação.

Por meio do brincar dirigido, as crianças têm outra dimensão e uma nova variedade de

possibilidades estendendo-se a um relativo domínio dentro daquela área ou atividade. Por

meio do brincar livre, exploratório, as crianças aprendem alguma coisa sobre situações,

pessoas, atitudes e respostas, materiais, propriedades, texturas, estruturas, atributos visuais,

auditivos e cinestésicos. (MOYLES 2002, P.33).

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998),

“brincar é fundamental para o pleno desenvolvimento da autonomia e identidade da criança.

O fato de o ser humano poder comunicar-se desde muito cedo por meio de sons, gestos e logo

após, poder representar um papel na brincadeira, ajudam a desenvolver sua imaginação”.

Ainda de acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil

(1998), “por intermédio do brincar, podemos observar a coordenação das experiências prévias

das crianças e das reações tomadas por elas frente a diversas situações que surgem no decorrer

das brincadeiras”.

No brincar, a criança ocupa o papel do sujeito, interpretando, muitas vezes, situações

reais que já presenciou e marcaram o momento. A imaginação é um instrumento que permite

a criança relacionar seus interesses e suas necessidades com a realidade, onde ela pode

expressar de modo simbólico suas fantasias, seu desejos, sentimentos, baseado na realidade

externa, mas predominando a realidade interna, sua imaginação.

Piaget (1971) afirma: “quando brinca, a criança assimila o mundo a sua maneira, sem

compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende da natureza do

objeto, mas da função que a criança lhe atribui”.

Relembrando que brincar é um direito fundamental de todas as crianças no mundo

inteiro, cada criança deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas

voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem.

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Educar não é somente transmitir conhecimentos, e sim construí-los através de jogos e

brincadeiras. É necessário para o crescimento pessoal, auto-estima. Os jogos devem

demonstrar cooperação, engajamento, aceitação e divertimento. Os materiais utilizados desde

recursos humanos até a adaptação destes recursos à sua necessidade trazem resultados

surpreendentes no campo motor, afetivo, social e cognitivo.

3.1. Jogo, brinquedo e brincadeira: o lúdico para a criança

Ao falarmos de ludicidade deparamos com o conceito de ludo educação.

Ludo Educação é quando nos utilizamos dos jogos, brinquedos e brincadeiras visando

possibilitar um ambiente de aprendizagem mais enriquecedor e prazeroso, tanto para as

crianças quanto para os professores.

Kishimoto (1999) ressalta que, a formação lúdica possibilita ao educador conhecer-se

como pessoa, saber de suas possibilidades, desbloquear resistências e ter uma visão clara

sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do jovem e do adulto.

A palavra lúdico significa brincar e vem do latim ludus e neste brincar estão incluídos

os jogos, brinquedos e divertimentos e é relativa também à conduta daquele que joga, que

brinca e se diverte.   

A definição segundo o dicionário Larousse (1982):

Jogo - ação de jogar; folguedo, brinco, divertimento. Seguem- se alguns exemplos:

jogo de futebol; jogos olímpicos; jogo de damas; jogos de azar; jogo de palavras; jogo de

empurra;

Brinquedo - objeto destinado a divertir uma criança, suporte da brincadeira;

Brincadeira - ação de brincar, divertimento. gracejo, zombaria. Festinha entre amigos

ou parentes. Qualquer coisa que se faz por imprudência ou leviandade e que custa mais do que

se esperava: aquela brincadeira custou-me caro.

As concepções sobre jogo, brinquedo e brincadeira são opostas e contraditórias em

suas significações. Mas o que sempre vemos é que jogo, brinquedo e brincadeira vêm sendo

sempre utilizados com o mesmo significado. Pois segundo o dicionário Aurélio (Holanda,

1983, p.228), o termo brinquedo significa objeto que serve para a criança brincar; jogo de

crianças e brincadeiras.

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Jogo

Nos tempos passados o jogo era visto como inútil, ou seja, algo não sério. Já no

Renascimento o jogo aparece como associado tanto ao objeto brinquedo quanto a brincadeira,

é uma atividade mais estruturada e organizada por um sistema de regras mais explícitas.

Exemplos clássicos seriam: jogo de mímica, de construção, de faz-de-conta etc.

Segundo Kishimoto (1998), “o jogo, o brinquedo e as brincadeiras são termos que

acabam se misturando. A variedade de jogos de faz-de-conta, jogos simbólicos, motores,

sensórios-motores, intelectuais, individuais, coletivos, dentre outros, mostra a multiplicidade

da categoria de jogos”.

Portanto, denomina-se então jogo, situações envolvendo regras, competição e prazer.

No entanto, para que se possa compreender o jogo, é necessário identificar situações

entendidas como jogo, nessa grande diversidade.

O jogo, compreendido sob a ótica do brinquedo e da criatividade, deverá encontrar

maior espaço para ser entendido como educação, na medida em que os professores

compreendam melhor toda sua capacidade potencial de construir para o desenvolvimento da

criança.

Uma característica importante do jogo é a sua utilização tanto por crianças quanto por

adultos, enquanto o brinquedo tem uma associação mais exclusiva com o mundo infantil.

Os jogos podem exercer funções cognitivas, afetivas e sociais. De acordo com a

predominância, pode ser classificado como:

Jogos cognitivos: desenvolvem o raciocínio;

Jogos afetivos: estimulam as emoções;

Jogos sociais: facilitam a aquisição de conhecimentos, atitudes e destrezas próprias de

um determinado meio.

Jogos tradicionais infantis - desde tempos remotos os jogos tradicionais fazem parte da

cultura infantil. Colocados como filho do Folclore, incorpora a mentalidade popular e se

expressa pela oralidade. Ele guarda a produção espiritual de um povo – é uma cultura não

oficial e está sempre em transformação. Os jogos são transmitidos de geração em geração

através de conhecimentos empíricos, provenientes de fragmentos de romance, poesias, mitos e

rituais religiosos. Nesses jogos a concepção de criança é de um ser criativo, imaginativo e

auto-suficiente e a brincadeira é vista como a única forma de expressão livre.

Jogos de construção – esse jogo destina-se ao livre manuseio das peças para que a

criança construa seu mundo.

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Construindo, transformando e destruindo, a criança expressa o seu imaginário e seus

problemas e permite aos terapeutas o diagnóstico de deficiência de adaptação bem como aos

educadores o estímulo da imaginação infantil, o desenvolvimento afetivo e intelectual.

Os jogos de construção são considerados de grande importância por enriquecer a

experiência sensorial – a criança manipula objetos, estimula a criatividade na construção de

algo. Usados como material pedagógico o educador deve certificar se a criança sabe o que

construiu e com o fez.

Kishimoto (2003, p.25) afirma: “o jogo tradicional tem a função de perpetuar a cultura

infantil e desenvolver formas de convivência social; é um jogo livre, espontâneo e a criança

brinca pelo prazer de fazê-lo, com um fim em si mesmo e preenche plenamente a necessidade

de jogar da criança.

Brinquedo

Desde a sua origem, o brinquedo é um objeto do adulto para a criança. Brinquedos

antigos, como a bola, a pipa, e as rodas, permitiam o desenvolvimento das fantasias infantis.

Os brinquedos são sempre suportes das brincadeiras, colocam a criança na presença de

reproduções e substituem objetivos reais para que a criança possa manuseá-los.

Para a autora KISHIMOTO (1994), “brinquedo é compreendido com um “objeto

suporte da brincadeira, ou seja, brinquedo aqui esta representado por objetos como piões,

bonecas, carrinhos etc”. Os brinquedos podem ser considerados: estruturados e não

estruturados. São denominados de brinquedos estruturados aqueles que já são adquiridos

prontos, é o caso dos exemplos acima: piões, bonecas, carrinhos e tantos outros.

Os brinquedos denominados não estruturados são aqueles que não sendo

industrializados, são simples objetos como paus ou pedras, que nas mãos das crianças

adquirem novo significado, passando assim a ser um brinquedo. A pedra se transforma em

comidinha e o pau se transforma em cavalinho. Portanto, vimos que os brinquedos podem ser

estruturados ou não estruturados dependendo das suas origens ou da sua transformação

criativa da criança em cima do objeto.

O brinquedo para  a criança permite a ação intencional (afetividade), a construção de

representações mentais (cognição), à manipulação de objetos e o desempenho de ações

sensório-motoras (físico) e as trocas nas interações (social). Enquanto objeto, é sempre

suporte de brincadeira, para fluir o imaginário infantil.

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Segundo Kishimoto (1996, p.7): “o brinquedo é um suporte da brincadeira. Diferindo

do jogo, o brinquedo supõe uma relação íntima com a criança, ou seja, a ausência de um

sistema de regras que organizam sua utilização. O brinquedo estimula a representação, a

expressão de imagens que enfocam aspectos da realidade”.

O brinquedo estimula a inteligência porque faz com que a criança solte sua

imaginação e desenvolva a criatividade possibilitando o exercício de concentração, de atenção

e de engajamento. É um convite à brincadeira, proporcionando desafios e motivações.

Classificação dos Brinquedos

Brinquedos do faz-de-conta: funcionam como elementos introdutórios e de apoio à

fantasia; e facilitam o processo de simbolização e proporcionam experiências que, além de

aumentarem o repertório de conhecimento da criança, favorecem a compreensão de

atribuições e de papéis. O faz-de-conta dá oportunidades para expressão e elaboração em

forma simbólica de desejos e conflitos; quanto mais rica for fantasia e a imaginação da

criança, maiores serão suas chances de ajustamento do mundo ao seu redor. Como exemplo

pode-se citar as bonecas, os fantoches, as mobílias infantis, os carrinhos, as fantasias, os

teatrinhos e outros.

Brinquedos pedagógicos: costuma-se chamar brinquedo pedagógico ao que foi

fabricado com objetivo de proporcionar determinadas aprendizagens, tais como cores, formas

geométricas, números, letras, etc. Usar o jogo na educação infantil significa transportar para o

campo do ensino-aprendizagem condições para facilitar a construção do conhecimento,

introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer e a capacidade de ação motivadora.

Brinquedos de construção: servem para enriquecer a experiência social, estimulando a

criatividade e desenvolvendo habilidades na criança. Para se compreender a relevância das

construções é necessário considerar tanto a fala como a ação da criança e também considerar

as idéias presentes em tais representações, como elas adquirem tais temas e como o mundo

real contribui para a sua construção.

Brinquedo educativo: entendido como recurso que ensina, desenvolve e educa de

forma prazerosa, o brinquedo educativo materializa-se no quebra-cabeça, destinado a ensinar

formas ou cores, nos brinquedos de tabuleiro que exigem a compreensão do número e das

operações matemáticas, nos brinquedos de encaixe, que trabalhem noção de seqüência, de

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tamanho e de forma, nos múltiplos brinquedos e brincadeiras, móbiles destinados à percepção

visual, sonora ou motora; carrinhos munidos de pinos que se encaixam para desenvolver a

coordenação motora, parlendas para a expressão da linguagem, brincadeiras envolvendo

música, danças, expressão motora, gráfica e simbólica.

Ao assumir a função lúdica e educativa, o brinquedo educativo merece algumas

considerações:

Função lúdica: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando

escolhido voluntariamente.

Função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o individuo em seu

saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo.

Vygotsky (1989, p.109), ainda afirma que: “é enorme a influência do brinquedo no

desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera

cognitiva, ao invés de agir numa esfera visual externa, dependendo das motivações e

tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos”.

Enfim, o brinquedo não é somente uma forma de gastar energias. É um instrumento

importante e necessário, que contribui para o desenvolvimento da criança.

Brincadeira

Conforme Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, assim define brincadeira:

É uma linguagem infantil que mantém um vinculo essencial com aquilo que é o não - brincar. Se a brincadeira é uma ação que corre no plano da imaginação isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da diferença existente da brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar-se. (1998, p.27),

Para alguns autores o brincar também se apresenta com definições diferentes umas das

outras:

Brincar é a fase mais importante da infância – do desenvolvimento humano neste período - por ser auto-ativa representação do interno – a representação de necessidades e impulsos internos (...) a brincadeira é a atividade espiritual mais pura do homem (...) a criança que brinca sempre, com determinação auto-ativa, perseverando, esquecendo sua fadiga física, pode certamente tornar-se um homem determinado, capaz de auto-sacrifício para apromoção do seu bem e dos outros (...) (FROEBEL, 1912: p. 34).

17

É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu. (WINNICOTT, 1975, p. 80).

Como se observa, de uma forma ou de outra, brincar não é uma coisa banal, é uma

atividade séria e com profundo significado. Toda brincadeira é uma imitação transformada

tanto no plano das emoções como de idéias, através de uma realidade anteriormente

vivenciada.

Quando a criança está na brincadeira, ela fica entretida a ponto de acreditar que

realmente é esta ou aquela coisa, embora não perca inteiramente o sentido de realidade;

transporta-se para um mundo povoado por objetos animados, cheios de intenções, um mundo

onde tudo é possível. Nesse mundo, ela pode relacionar os dois aspectos da sua vida – o

funcionamento do seu corpo e a vivência das suas idéias.

Na brincadeira, a criança encontra um espaço fértil para lidar, através da representação

dramática, não apenas com a realidade social, mas também, e principalmente, com a sua

individualidade física, intelectual e emocional que está em desenvolvimento.

Vygotsky (1984), “afirma a importância da brincadeira do ponto de vista cultural,

social e, principalmente, pedagógico. Por meio do brincar, vê e constrói o seu mundo, bem

como expressa aquilo que tem dificuldade de colocar em palavras”.

Através da fantasia e da imaginação, a criança aprende sobre a relação entre as

pessoas, sobre o eu e sobre o outro. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a

Educação Infantil (BRASIL, 1998): “No faz-de-conta, as crianças aprendem a agir em função

da imagem de uma pessoa, de uma personagem, de um objeto e de situações que não estão

imediatamente presentes e perceptíveis para elas no momento e que evocam emoções,

sentimentos e significados vivenciados em outras circunstâncias”.

Quando está brincando, a criança cria situações imaginárias em que se comporta como

se tivesse agindo no mundo dos adultos. Enquanto brinca, seu conhecimento desse mundo se

amplia, porque, nesta atividade, ela pode fazer de conta que age como os adultos agem,

imaginando realizar coisas que são necessárias para operar com objetos com os quais os

adultos operam, e ela ainda não.

Para Winnicott (1975), “uma criança que não for estimulada para as brincadeiras

simbólicas, poderá apresentar um esquema simbólico empobrecido e em conseqüência disto

poderão surgir problemas no desenvolvimento da linguagem”. Linguagem e brincadeira

simbólica estão interligadas e podem interferir no desenvolvimento uma da outra.

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Quando utilizam a linguagem do faz-de-conta, as crianças enriquecem sua identidade,

porque podem experimentar outras formas de ser e pensar, ampliando suas concepções sobre

as coisas e pessoas ao desempenhar vários papéis sociais ou personagens.

Segundo PIAGET, citado por KISHIMOTO (1997), “quando a criança brinca de faz-

de-conta, ela assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua

interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe

atribui. A brincadeira simbólica começa inicialmente solitária, evoluindo para o estágio

sociodramático, isto é, para a representação de papéis como brincar de médico, de casinha, de

mãe, etc.”.

Ao brincar de faz-de-conta, as crianças buscam imitar, imaginar, representar e

comunicar de uma forma especifica como: uma coisa pode ser outra, uma pessoa pode ser um

personagem, uma criança pode ser um objeto ou um animal, ou até um lugar pode-se fazer de

conta que é outro.

Brincar funciona como um cenário no qual as crianças tornam-se capazes não só de

imitar a vida, como também de transformá-la.                  

Quando Vygotsky discute o papel do brinquedo, refere-se especificamente à

brincadeira de "faz-de-conta", como brincar de casinha, brincar de escolinha, brincar com um

cabo de vassoura como se fosse um cavalo. Faz referência a outros tipos de brinquedo, mas a

brincadeira "faz-de-conta" é privilegiada em sua discussão sobre o papel do brinquedo no

desenvolvimento.

Não podemos deixar de mencionar as brinquedotecas no contexto educativo, pois, a

brinquedoteca não é somente uma sala com brinquedos, envolve questões bem mais

complexas e abrangentes. Tem como principal implicação educacional a valorização da

atividade lúdica, é o espaço criado com o objetivo de proporcionar estímulos para que a

criança possa brincar livremente. Ela traz em si uma série de finalidades, que não devem ser

deixadas à margem:

Proporcionar um espaço onde a criança possa brincar sossegada, sem cobranças e sem

sentir que está atrapalhando ou perdendo tempo;

Estimular o desenvolvimento de uma vida interior rica e da capacidade de concentrar

a atenção;

Estimular a operatividade das crianças;

Favorecer o equilíbrio emocional;

Dar oportunidade à expansão de potencialidades;

Desenvolver a inteligência, criatividade e sociabilidade;

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Proporcionar acesso a um número maior de brinquedos, de experiências e de

descobertas;

Dar oportunidade para que aprenda a jogar e a participar;

Incentivar a valorização do brinquedo como atividade geradora de desenvolvimento

intelectual, emocional e social;

Enriquecer o relacionamento entre crianças e suas famílias;

Valorizar os sentimentos afetivos e cultivar a sensibilidade.

(SANTOS 1997, p.14)

A brincadeira para a criança é a melhor maneira de se comunicar, um meio para

perguntar e explicar, um instrumento que ela tem para se relacionar com outras crianças.

Brincando, a criança aprende muito sobre o mundo que a cerca e têm a oportunidade de

procurar a melhor forma de se integrar a esse mundo, pois é na brincadeira que a criança tem

possibilidade de se relacionar com outras crianças, conhecer novas culturas  sendo um

exercício de decisões e criações. Assim, brincando, a criança vai, pouco a pouco, organizando

suas relações emocionais, obtendo condições para desenvolver relações sociais, aprendendo a

se conhecer melhor e a conhecer e aceitar a existência dos outros.

3.2. Brincadeiras tradicionais infantis

As brincadeiras tradicionais infantis são transmitidas de geração em geração,

expressando valores e diferentes concepções, e uma das representações folclóricas baseada na

mentalidade popular, se expressa, sobretudo, pela oralidade, e é considerada como parte da

cultura popular.

Neste sentido, a brincadeira tradicional é uma forma de preservar a produção cultural

de um povo num certo período histórico. No entanto, essa cultura não-oficial, não fica

cristalizada. Pois se é de forma oral que ela vai passando de geração em geração, a brincadeira

está sempre em transformação, incorporando criações anônimas das gerações que vão se

sucedendo. Não se conhece a origem da amarelinha, do pião e das parlendas. Seus criadores

são anônimos. Sabe-se apenas que provêm de práticas abandonadas por adultos, de

fragmentos de romances, poesias, mitos e rituais religiosos.

Segundo Kishimoto, citado por Pereira (2001, p. 1), “enquanto manifestação livre e

espontânea da cultura popular, a brincadeira tradicional tem a função de perpetuar a cultura

infantil, desenvolver formas de convivência social e permitir o prazer de brincar. Por

pertencer à categoria de experiências transmitidas espontaneamente conforme motivações

20

internas da criança, a brincadeira tradicional infantil garante a presença do lúdico, da situação

imaginária”.

Dentro desse contexto, citamos alguns tipos de brincadeiras tradicionais: “Passa anel”,

“Amarelinha”, “Pião”, “Pular corda”, “Corrida de saco”, “Brincadeira de roda”, “Cavalinho

de pau” entre outros.

Assim sendo, a brincadeira tradicional infantil garante a presença do lúdico, da

situação imaginária, sobretudo maneiras de brincar e interagir da criança com o meio.

21

CAPÍTULO 4 - CONTRIBUIÇÃO E O PAPEL DO EDUCADOR NO

BRINCAR

De acordo com Almeida (1981), é muito importante que o professor não se atire a uma

prática com insegurança ou desconhecimento, é necessário investir na própria formação

como: lendo, conversando,pesquisando, buscando alternativas variadas e recriando. Quanto

mais conhecimento tiver sobre o assunto, mais segurança terá na aplicação e execução do

trabalho.

O educador deve envolver-se no mundo mágico infantil, ter conhecimento teórico,

prático, observação, amor e vontade de ser parceiro da criança. É necessário aplicação de

jogos, brincadeiras e brinquedos em diferentes situações educacionais, para que haja um

ambiente estimulador, capaz de avaliar e analisar aprendizagens específicas, competências e

potencionalidades das crianças envolvidas.

O mesmo deve dar o tempo necessário às crianças para que as brincadeiras apareçam,

desenvolvam e se encerrem. Apesar de o jogo ser uma atividade espontânea nas crianças, isso

não significa que o professor não necessite ter uma atitude ativa sobre ela, inclusive, uma

atitude de observação que lhe permitirá conhecer muito sobre as crianças com que trabalha.

A criação de espaços e tempos para os jogos é uma das tarefas mais importantes do

professor, principalmente na escola de educação infantil. Cabe-lhe organizar os espaços de

modo a permitir as diferentes formas de jogos, por exemplo, que as crianças que estejam

realizando um jogo mais sedentário não sejam atrapalhadas por aquelas que realizam uma

atividade que exige mais mobilidade e expansão de movimentos.

O professor precisa estar atento à idade e às capacidades de seus alunos para

selecionar e deixar à disposição materiais adequados. O material deve ser suficiente tanto

quanto à quantidade, como pela diversidade, pelo interesse que despertam pelo material de

que são feitos. Lembrando sempre da importância de respeitar e propiciar elementos que

favoreçam a criatividade das crianças.

Valorizar as atividades das crianças, interessando-se por elas, animando-as pelo

esforço, evitando a competição, pois em jogos não competitivos não existem ganhadores ou

perdedores. Durante certos momentos dos jogos acontecem com certa freqüência pequenos

22

conflitos entre as crianças. A atitude mais produtiva do professor é conseguir que as crianças

procurem resolver esses conflitos, ensinando-lhes a chegar a acordos, negociar e compartilhar.

Outro modo de estimular a imaginação das crianças é servir de modelo, brincar junto

ou contar como brincava quando tinha a idade delas.

Muitas vezes o professor, que não percebe a seriedade e a importância dessa atividade

para o desenvolvimento da criança, ocupa-se com outras tarefas, deixando de observar

atentamente para poder refletir sobre o que as crianças estão fazendo e perceber seu

desenvolvimento, acompanhar sua evolução, suas novas aquisições, as relações com as outras

crianças, e com os adultos. Nós professores podemos através das experiências lúdicas infantis

obtermos informações importantes no brincar espontâneo ou no brincar orientado.

No brincar espontâneo podemos registrar as ações lúdicas a partir da: observação,

registro, análise e tratamento. Com isso, podemos criar para cada ação lúdica um banco de

dados sobre o mesmo, subsidiando de forma mais eficiente e científica os resultados das

ações. É possível também fazer o mapeamento da criança em sua trajetória lúdica durante sua

vivência dentro de um jogo ou de uma brincadeira, buscando dessa forma entender e

compreender melhor suas ações e fazer intervenções e diagnósticos mais seguros, ajudando o

indivíduo ou o coletivo.

Já no brincar orientado pode-se propor desafios a partir da escolha de jogos,

brinquedos ou brincadeiras determinadas por um adulto ou responsável.

Estes jogos orientados podem ser feitos com propósitos claros de promover o acesso a

aprendizagens de conhecimentos específicos como: matemáticos, lingüísticos, científicos,

históricos, físicos, estéticos, culturais, naturais, morais etc.

E outro propósito é ajudar no desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e lingüístico.

O educador tem como papel ser um facilitador das brincadeiras, sendo necessário mesclar

momentos onde orienta e dirige o processo, com outros momentos onde as crianças são

responsáveis pelas suas próprias brincadeiras. É na brincadeira que ela exercita a imaginação

e a criatividade, além de aprender a se relacionar com outras crianças. Alguns autores

acreditam que o professor pode ainda desempenhar papel ainda mais ativo, utilizando as

brincadeiras como instrumento pedagógico.

Por meio das brincadeiras os professores podem observar e constituir uma visão dos

processos do desenvolvimento das crianças em conjuntos e cada uma em particular,

registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim como de suas capacidades sociais e

dos recursos afetivos e emocionais que dispõem.

23

Pode propor brincadeiras que permitam trabalhar determinados conteúdos ou que

desenvolvam determinadas habilidades. Pode organizar o espaço de modo a propiciar

determinadas brincadeiras, oferecer diferentes materiais de acordo com o desenvolvimento da

criança. O educador pode ir além, participando das brincadeiras, desde que aceito pelas

crianças. Não há uma medida certa sobre qual o limite de interferência do educador, mas a

idéia é que ele se desarme, mergulhe na brincadeira e renuncie ao controle, de modo a não

coibir a imaginação e a criatividade da criança.

Para Piaget (apud SOUZA, 2005), “Os professores podem guiá-las proporcionando-

lhes os materiais apropriados, mas o essencial é que, para que uma criança entenda, deve

construir ela mesma, deve reinventar. Cada vez que ensinamos algo a uma criança estamos

impedindo que ela descubra por si mesma. Por outro lado, aquilo que permitimos que

descubra por si mesma, permanecerá com ela”.

Então é dever do educador defender o brincar como um acontecimento relevante para

o pleno desenvolvimento da criança. Assim sendo, é preciso deixar que nossas crianças

desfrutem cada vez mais e melhor dos benefícios e prazeres do brincar.

Assim, cabe ao professor perceber que a prática pedagógica deve atender às reais

necessidades das crianças, porque desde pequenas, elas apresentam atitudes de interesse em

descobrir o mundo que as cerca, e podem realmente construir o conhecimento.

Portanto, é de grande importância utilizar-se das brincadeiras e jogos no processo

pedagógico. Trata-se do exercício de habilidades necessárias ao domínio de nossa inteligência

emocional. Nossa capacidade de encontrar formas de desenvolver o que queremos pode ser

exercitada numa situação lúdica, aprendendo a compreender e atuar no grupo.

4.1. Uma prática sobre o brincar educa

O brincar é uma prática que pode ser desenvolvida para complementar as aulas

teóricas sobre o assunto. Brincar e praticar são mais que um prazer, é um direito de todas as

crianças. Quem tem boas lembranças da infância deve saber o quanto é importante estimular

as atividades físicas, esse é um papel da família, da escola, das autoridades e da comunidade.

É preciso garantir espaços e oportunidades para que todas as crianças possam exercer seu

direito ao esporte, ao lazer e a cultura.

Deve-se considerar que a prática de jogos só acontece de maneira eficiente quando o

professor atua como orientador nesse processo cria em ambiente estimulador, organizado e

capaz de atingir os objetivos propostos pelos jogos. Assim sendo, o uso pedagógico de jogos,

24

visa favorecer a aprendizagem e contribuir na avaliação do aluno. Com os jogos, brincadeiras

e brinquedos a escola fica mais prazerosa.

Diversos estudos demonstram que, por meio dos jogos, a criança vê e constrói o

mundo. Em função disso, é essencial que os professores resgatem as atividades lúdicas, na

pré-escola, de modo que esse processo trabalhe com a diversidade cultural e desperte a

vontade para a aprendizagem. Podemos dizer que todo ser humano pode beneficiar-se dos

jogos, tanto pelo aspecto lúdico de diversão e prazer quanto pelo aspecto da aprendizagem.

O brincar é mais do que uma atividade sem conseqüência para a criança, brincando ela

não apenas se diverte, mas recria e interpreta o mundo em que vive, relaciona-se com o

mundo. Desenvolve sua coordenação motora, suas habilidades visuais e auditivas, adquire

experiências e conhecimentos, pensa e raciocina, descobre e apreende a si própria, constrói-se

física, social, cultural e psicologicamente. Brincando, é sem sombra de dúvidas, um

importante recurso pedagógico que estimula e desenvolve as funções mentais superiores.

Brincar é uma necessidade básica, é uma experiência humana, rica e complexa. A

criança para ser feliz precisa de muitas coisas, mas, em especial ela precisa de: amor,

igualdade, autonomia, saúde, família, lar, espaço, movimento, atenção, carinho, cidadania e

educação. Portanto, se  entendermos que  o ato de brincar é uma ação humana que envolve

múltiplas aprendizagens, enquanto educadores precisamos repensar a nossa prática

pedagógica, a organização e a estrutura da escola.

O brincar em situações educacionais, proporciona não só um meio real de

aprendizagem como permite também que adultos perceptivos e competentes aprendam sobre

as crianças e suas necessidades. No contexto escolar isso significa professores capazes de

compreender onde as crianças “estão” em sua aprendizagem e desenvolvimento geral, o que,

por sua vez, dá aos educadores o ponto de partida para promover novas aprendizagens nos

domínios cognitivos e afetivos.

4.2. Vivenciando a prática pedagógica na educação infantil

Após as considerações acima, para efetivação desse trabalho, foram realizadas na

prática através de pesquisa de campo, quatro atividades na qual citaremos uma: O faz-de-

conta. Atividade aplicada foi desenvolvida na Escola de Educação Infantil Maria da Graça,

com crianças, de 4 a 5 anos.

25

A aula iniciou-se com as crianças sentadas no chão em roda. Em seguida, questionou-

se quais histórias que eles tinham conhecimentos e qual a história que trabalhamos, no caso

Chapeuzinho Vermelho.

A história foi contada em voz alta, junto com a apresentação de fantoches. Após a

narração as crianças foram divididas em grupos e cada uma delas escolheu seu personagem

que desejou encenar, assim como a escolha da fantasia e seus adereços.

Para a dramatização cada criança expressou-se da maneira que mais lhe agradou, o que

desencadeou o uso da imaginação criadora de cada criança.

Percebemos na prática que o jogo de faz-de-conta envolve representação, elaboração,

imaginação, interação e criatividade, é uma brincadeira significativa para a criança de 4 a 5

anos.

Observamos que algumas crianças passaram a ter um controle sobre a história que foi

sendo criada, combinando e criando novos papéis, onde alguns souberam desenvolver e

interagir as situações representadas. Já outras apresentaram-se  apática  e tímidas .

    Pudemos assim avaliar que a atividade foi de grande valor tanto para as crianças

quanto para nós professores, pois trabalhar o faz-de-conta enriquece a identidade da criança,

porque ela experimenta outra forma de ser e de pensar; amplia suas concepções sobre as

coisas e as pessoas, porque a faz desempenhar vários papéis sociais ao representar diferentes

personagens.

 

26

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho sobre o brincar educa a criança de 3 a 6 anos na educação infantil

podemos observar que o brincar para a criança é importante para o seu desenvolvimento,

porque enquanto brinca seu conhecimento de mundo se amplia.

Através da análise dos referenciais para a educação podemos ressaltar que a educação

tem a preocupação de propiciar às crianças um desenvolvimento integral e dinâmico e os

jogos e brincadeiras ocupam um lugar de destaque no programa da Educação infantil.

Ao contrário do que muitos podem pensar a imagem da infância até o início do século

XX era bem diferente da que temos hoje. A criança  era um adulto em miniatura, a sociedade

educava  a criança  já com um olhar adulto sem direito de brincar. Nessa época as escolas

preparavam a criança para assumir a função do papel de um adulto, esquecendo-se da

importância do brincar na educação infantil.  

Brincando, a criança constrói sua identidade, se desenvolve e aprende. Temos aí o

brincar como uma necessidade e um fator determinante no desenvolvimento integral do

sujeito humano (desenvolvimento físico, mental e emocional), na constituição de sua

personalidade, na construção de sua identidade, como fator de relação e comunicação com

outros sujeitos e consigo mesmo.

É possível afirmar que a brincadeira é um espaço  que  a criança tem a oportunidade

de  viver o  imaginário, é um espaço de construção do conhecimento. Quando a criança

brincar ela envolve o corpo  e a mente onde o mundo ganha significado próprio para ela.

Todo o aprendizado que uma brincadeira permite é fundamental para a formação da

criança em todas as etapas da sua vida. Além de conhecer melhor a si própria através das

brincadeiras a criança, quando se relaciona com outras crianças ela experimenta situações de

vida como competição, cooperação, coragem, medo, alegria, tristeza. Ela se socializa,

compreende o que é ser ela mesma e fazer parte de um grupo.

Portanto, é de grande importância utilizar-se das brincadeiras e jogos no processo

pedagógico. Trata-se do exercício de habilidades necessárias ao domínio de nossa inteligência

emocional. Nossa capacidade de encontrar formas de desenvolver o que queremos pode ser

exercitada numa situação lúdica, aprendendo a compreender e atuar no grupo.

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Podemos encontrar nas brincadeiras e jogos o exercício de habilidades essenciais ao

desenvolvimento da criança. Brincar com a criança pode ser um jeito prazeroso de executar

nossa missão educativa. E ainda exercitar o raciocínio lógico, o equilíbrio das emoções,

despertando a criatividade, tão fundamental a construção de soluções para a complexidade de

coisas que administramos em nosso cotidiano.

O texto visa compartilhar a experiência que tivemos através de uma pesquisa (plano de

aula) com enfoque qualitativo, na qual verificamos que o momento de brincar para a criança

gera um aprender, um conhecer, um fazer de forma integrada, pois é desfrutando das

brincadeiras que elas aprendem a dialogar, a negociar e a entender as diferenças.

Quanto ao professor, sua tarefa é proporcionar situações de brincar livre e dirigido a

fim de atender às necessidades de aprendizagem das crianças e, neste papel, o professor

poderia ser chamado de um iniciador e mediador da aprendizagem.

Cabe ao professor ser um mediador do conhecimento, valorizar o momento,

respeitando  as etapas do desenvolvimento da criança, deixando prazeroso, questionando e

dando chance para a criança questionar, pois é no jogo e na brincadeira que se possibilita

desenvolver o lado cognitivo, motor e social.

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