Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

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a se r os únicos pr es er vado re s , copist as e catalogadores de livros, embora segundo St rout , não com objetivos de estudo. VI\I bibliotecas me die vais , provavelmente um in ve ntário do ac er vo , contendo apenas título e , por vezes, nome do autor , mas sem or- dem visível (talvez ordem das obras nas estantes) . Catálogos mais dignos de nota surgem no século IX . Na Alemanha, a biblioteca de Richenau compilou vários catálogos entre 822 e 842, que indicavam as obras contidas em cada volume e o número dos volumes ou rolos em que cada obra estava con- tida. Apenas o primeiro desses catálogos apresenta uma ordem , reunindo as obras de cada autor. Outro catálogo importante é o do mosteiro beneditino de Saint Requier, na França, compilado em 831 . Organizado por autor, embora não em ordem, também registra o conteúdo dos volumes e o número dos volumes relativos a uma obra. Seu grande inte- re ss e reside no fato de o compilador de cl arar que o estava fazendo a mando de Louis le Debonnaire, como um inventário , que resultou no registro de 246 volumes. Strout considera que todas as listas de livros do período eram , na ve rd ade , inventários. O século IX viu o aumento do interesse pelos livros , com mel hor ia da qualidade de seu formato e de seu conteúdo, por influência de Carlos Magno e seus sucessores. As biblio te cas cr escem de tamanho no século X . O catálogo do mo st ei ro de Bobbio , na Itália, registra quase 700 volumes, e o de Lorsch, na Alemanha, quase 600, mas sem inovações . Os séculos XI, XII e XI\I nada trazem de novo à história dos catálo go s. Curioso, ap enas , o acréscimo feito ao registro dos livros na lista da biblioteca de Glastonbury, na Inglaterra, em 1247 :  inúteis , leg íve is  , velhos e  bons  , provavelmente se reportando às condições do livro. Em fins do século XI\I, iniciou - se um registro dos ac ervos das biblioteca s monásticas ingles as - um catálogo coletivo em que cada biblioteca era identificada po r um código numérico. O registro nunca foi concluído . 14 O século XIV traz alguns me lhoramentos . Na Inglaterra , uma li st a organi za da pe los frad es ag os ti ni an os de Yo rk , de 1372 , clas - s ificada , separa as obras do autor quando os assuntos são dife- rentes ; também , registra as palavras iniciais da segunda folha de cad a vol ume , tornando a identi fi cação mais pr ecisa . Mais pró xima de um catálogo , talvez o primeiro catálogo considerado como tal, é a lista do convento St . Martin , em Dover, de 1389 . Dividia-se em tr ê s s e ç ões . A primeira , organizada pelo número de locali- za ção do volume na estante , incluía um título breve, o número da página do livro em que o número de localização foi regi st rado , as primeira s pa la vras dotexto nesta página , o número de página s do livro e o número de obras contidas no volume. A segunda , tam- bém organizada pelo número de localização , registrava o con- teúdo decada vo lu me , com a paginação e as palavras iniciais de cada obra. A terceira é um marco na catalogação: incluía análise da s partes (entradas analíticas) e uma lista alfabética, às ve zes de autor , outras de título e autor e outras, ainda, de palavras gené- ri ca s, co mo 'l ivro ', ' parte ' ou ' códice '. O século XI V assistiu ao início das bi bliote ca s un iversitárias , que , . no entanto , não trouxeram contribuições à cat logação, talv ez po r serem muito incipientes , a maioria com menos de cem liv ros . Cur ios o , para nós , o catálogo do Trinity Hall , em Cam- bridge, de 1394, qu e incluía registros como :  uma Bíblia peque- na  , uma concordância da Bíblia grande e bonita  , outra con- cord ân cia da Bíblia menos bo nita e portátil . 2.3 Séculos XV a XVIII O século xv o tr ouxe grandes mudanç as , mas surgem pela pri- meira vez as remissivas (registros que remetem a outros registros Ouobras) , embo ra de forma pr imitiva , nocatálogo co mp ilado por Amplonius Ratnick de Berka entre 1410 e 1412. Também há re- m i ss i vas no catálogo da abadia de Santo Agostinho, em Canter- b ~r y, na In glaterra , compilado por volta de 1420 . No final do sec ul o, há um avanço importante , graç as à bi bliogr af ia . Johann 1 5

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a ser os únicos preservadores, copistas e catalogadores de livros,

embora, segundo Strout, não com objetivos de estudo.

O século

VI\I

nos legou uma das primeiras listas de obras de

bibliotecas medievais, provavelmente um inventário do acervo,

contendo apenas título e, por vezes, nome do autor, mas sem or-

dem visível ( talvez ordem das obras nas estantes).

Catálogos mais dignos de nota surgem no século

IX .

Na

Alemanha, a biblioteca de Richenau compilou vários catálogos

entre 822 e 842, que indicavam as obras contidas em cada volume

e o número dos volumes ou rolos em que cada obra estava con-

tida. Apenas o primeiro desses catálogos apresenta uma ordem,

reunindo as obras de cada autor.

Outro catálogo importante é o do mosteiro benedit ino de Saint

Requier, na França, compilado em 831. Organizado por autor,

embora não em ordem, também registra o conteúdo dos volumes

e o número dos volumes relativos a uma obra. Seu grande inte-

resse reside no fato de o compilador declarar que o estava fazendo

a mando de Louis le Debonnaire, como um inventário, que

resultou no registro de 246 volumes. Strout considera que todas

as listas de livros do período eram, na verdade, inventários. O

século IX viu o aumento do interesse pelos livros, com melhoria

da qualidade de seu formato e de seu conteúdo, por influência de

Carlos Magno e seus sucessores.

As bibliotecas crescem de tamanho no século X . O catálogo do

mosteiro de Bobbio, na Itál ia, registra quase 700 volumes, e o de

Lorsch, na Alemanha, quase 600, mas sem inovações.

Os séculos X I, X II e XI\I nada trazem de novo à história dos

catálogos. Curioso, apenas, o acréscimo feito ao registro dos

livros na lista da biblioteca de Glastonbury, na Inglaterra, em

1247:  inúteis , legíveis , velhos e  bons , provavelmente se

reportando às condições do livro. Em fins do século XI\I , iniciou-

se um registro dos acervos das bibliotecas monásticas inglesas -

um catálogo coletivo em que cada biblioteca era identificada por

um código numérico. O registro nunca foi concluído.

14

O século XIV traz alguns melhoramentos. Na Inglaterra, uma

lista organizada pelos frades agostinianos de York, de 1372, clas-

sificada, separa as obras do autor quando os assuntos são dife-

rentes; também, registra as palavras iniciais da segunda folha de

cada volume, tornando a identificação mais precisa. Mais próxima

de um catálogo, talvez o primeiro catálogo considerado como tal,

é a lista do convento St. Martin, em Dover, de 1389. Dividia-se

em três seções. A primeira, organizada pelo número de locali-

zação do volume na estante, incluía um título breve, o número da

página do livro em que o número de localização foi registrado, as

primeiras palavras do texto nesta página, o número de páginas do

livro e o número de obras contidas no volume. A segunda, tam-

bém organizada pelo número de localização, registrava o con-

teúdo de cada volume, com a paginação e as palavras iniciais de

cada obra. A terceira é um marco na catalogação: incluía análise

das partes (entradas analíticas) e uma lista alfabética, às vezes de

autor, outras de título e autor e outras, ainda, de palavras gené-

ricas, como 'livro', 'parte' ou 'códice'.

O século

XI V

assistiu ao início das bibliotecas universitárias,

que,. no entanto, não trouxeram contribuições à catalogação,

talvez por serem muito incipientes, a maioria com menos de cem

livros. Curioso, para nós, o catálogo do Trinity Hall, em Cam-

bridge, de 1394, que incluía registros como:  uma Bíblia peque-

na , uma concordância da Bíblia grande e bonita , outra con-

cordância da Bíblia menos bonita e portátil .

2.3

Séculos XV a XVII I

O século xv não trouxe grandes mudanças, mas surgem pela pri-

meira vez as remissivas (registros que remetem a outros registros

Ouobras), embora de forma primitiva, no catálogo compilado por

Amplonius Ratnick de Berka entre 1410 e 1412. Também há re-

missivas no catálogo da abadia de Santo Agostinho, em Canter-

b~ry, na Inglaterra, compilado por volta de 1420. No final do

seculo, há um avanço importante, graças à bibliografia. Johann

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Tritheim, bibliógrafo e bibliotecário alemão, compilou uma

bibliografia, apresentando-a em ordem cronológica e incluindo

em apêndice um índice alfabético de autor, pela primeira vez.

No início do século X V I surge um catálogo classificado e que

incluía também um índice alfabético de autor: o catálogo do

mosteiro Syon, em Isleworth, Inglaterra. Neste mesmo país, o

catálogo do convento de Bretton, Yorkshire, de 1558, introduz

nos regist ros os nomes dos edi tores e tradutores das obras.

Outro bibl iógrafo , seguindo o precedente de Tritheim, o suíço

Konrad Gesner, de Zurique, publicou uma bibliografia por autor

em 1545 e o respectivo índice de assuntos em 1548. Gesner, bi-

bliógrafo e naturalista, incluiu em sua obra instruções para a orga-

nização de livros em uma biblioteca e desenvolveu um sistema de

classificação, servindo tanto a bibliotecas como a bibliografias.

Em 1548, Gesner sugeriu que se utilizasse cópia de sua biblio-

graf ia como catálogo, bastando apenas acrescentar os dados de

local ização ao lado do regis tro da obra que a biblioteca possuísse.

Em 1560, Florian Trefler, monge beneditino, publicou em

Augsburg um tratado sobre a manutenção de uma biblioteca. De-

senvolveu nessa obra um sis tema de class if icação e números de

localização e defendeu um catálogo em cinco partes: catálogo

alfabético de autores, lista das estantes, índice classificado para

os registros das partes (entradas analíticas), índice alfabético para

o índice classificado e lista dos livros não integrados ao acervo

geral.

Em 1595, o livreiro inglês Andrew Maunsell compilou um

catálogo dos livros ingleses impressos e, no prefácio, determinou

regras para o registro das obras. Preconizou a entrada dos nomes

pessoais pelo sobrenome; para as obras anônimas, usou tanto o

título como o assunto e às vezes ambos; estabeleceu o princípio

de entrada uniforme para a Bíblia; defendeu a idéia de que um

livro deva ser encontrado tanto pelo sobrenome do autor , como

pelo assunto e pelo tradutor; incluiu em seus registros: tradutor,

impressor ou a pessoa para quem foi impresso, data e número do

16

volume. As obras de Trefler e Maunsell podem ser consideradas

como os primeiros códigos de catalogação.

O século

XV I I

traz alguns avanços significativos.

Sir

Thomas

Bodley, diplomata aposentado, no início do século, ofereceu-se

para a reconstituição da biblioteca da universidade de Oxford,

Inglaterra, destruída por um incêndio ..Bodley criou um código

minucioso de catalogação. Entre outras normas, indicava o

arranjo sistemático, com um índice alfabético organizado pelo

sobrenome dos autores, e incluía as entradas analíticas.

Na França, Gabriel Naudé escreveu um trabalho sobre catá-

logos e catalogação, onde assinalava a importância dos catálogos

como meios de encontrar livros e de identificá-Ios bibliografica-

mente, perspectivas muito próximas da visão atual. Naudé reco-

mendava um catálogo dividido em duas seções: uma por autores

e outra por assuntos. Também sugeriu uma organização das estan-

tes que permitisse expansão do acervo.

Em 1650, John Drury, na Inglaterra, também escreveu um

tratado sobre o assunto, em que advogava a publicação de suple-

mentos anuais, para atualização dos catálogos, que na época eram

impressos em formato de livro, e um método para se lidar com

obras' doadas não desejáveis para as bibliotecas (problema que

temos até hoje ).

Em 1697, curadores da Bodleyana, como também é denomi-

nada a bibl ioteca da univers idade de Oxford, pediram aos fun-

cionários que apresentassem sugestões para melhoria da bibl io-

teca. Um desses funcionários, Humphrey Wanley, incluiu entre

suas sugestões inúmeros questionamentos sobre problemas de

catalogação, dentre os quais: se o catálogo deveria ser alfabético

ou classificado, se os títulos e os dados do livro deveriam ser

registrados na língua do livro; se o tamanho do livro deveria ser

registrado; se deveriam incluir-se autor e título das entradas

analí~icas;seo nome do edi tor dever ia ser regist rado nos dados de

publicação; se deveria ser mencionado o fato de um livro não

trazer local e data de publicação; se a primeira ou a melhor edição

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de um livro deveria ser indicada; e, finalmente, se a raridade ou

alto custo de um livro deveriam ser anotados.

No mesmo ano, em Paris, Frederic Rostgaard publicou suas

normas sobre a organização do catálogo. Preconizava um arranjo

por assuntos, subdividido cronologicamente e por tamanho do

volume, visando a que todos os autores voltados ao mesmo assun-

to e todas as edições de uma mesma obra fossem reunidos. Indi-

cava ainda a elaboração de índices alfabéticos por assuntos e

autores, estes últimos pelos sobrenomes, a serem localizados no

final do catálogo (sempre catálogos impressos); as obras encader-

nadas juntas deveriam ter registros separados; dever-se-ia regis-

trar a ordem dos títulos como aparecesse na página de rosto; em

obras anônimas, dever-se-ia transcrever o nome do autor quando

conhecido; por fim, as normas poderiam ser uti lizadas de forma

diferente quando mais adequado à biblioteca. Rostgaard exerceu

muita influência no continente europeu, assim como Bodley e

seus bibliotecários na Inglaterra.

No início do século

XVII I,

os catálogos eram visualizados como

listas de encontrar, mais do que como inventários. Algumas

práticas se impuseram: catálogos classificados ou alfabéticos,

embora alguns ainda permanecessem organizados pelo tamanho

dos livros; os índices eram considerados úteis, embora não indis-

pensáveis; os nomes dos autores vinham pelo sobrenome, embora

ordenados cronologicamente; a página de rosto adquiriu um certo

prestígio, sendo os títulos transcritos literalmente; incluíram-se

dados de publicação e notas de 'encadernado com'; as remissivas

tornaram-se de uso comum, assim como algumas entradas

anal íticas.

O século XVII I é marcado pelo desenvolvimento da pesquisa

científica e das atividades de estudo, o que levou a um cresci-

mento substancial das bibliotecas na Europa. Os fatos mais signi-

ficativos e interessantes surgiram durante a Revolução Francesa.

As bibliotecas dos nobres foram confiscadas e transformadas em

bibliotecas de uso público, o que levou o governo da Revolução

18

a estabelecer, em 1791, normas para sua organização: o primeiro

código nacional de catalogação. Segundo Strout, esse código é um

paradigma de brevidade e simplicidade prática.

Também se deve ao governo revolucionário o uso de catálogos

em fichas, pela primeira vez na história da catalogação. Não

propriamente por facilidade, mas devido à falta de papel, deve-

riam ser utilizadas cartas de baralho para o registro das obras:

cartas de ases e dois seriam reservadas para os títulos mais

longos, talvez por disporem de mais espaço. Quaisquer que

tenham sido os motivos para o uso de fichas, essa idéia muito

racional e prática permanece até nossos dias.

O código francês determinava que se transcrevesse a página de

rosto, sublinhando o sobrenome do autor para alfabetação.

Quando não houvesse autor, seria sublinhada a palavra mais

significativa do título. Incluíam-se dados físicos: número de

volumes, tamanho, i lustrações, material de que o livro era feito,

encadernação e indicação de falta de páginas. Muitas dessas

informações são registradas até hoje.

  4 Século

 

o século XIX caracteriza-se por fatos notáveis na história da

catalogação, com trabalhos de grande importância e muita in-

fluência em nossa prática moderna. Bibliotecários e estudiosos

publicavam então inúmeros estudos a favor ou contra os catálogos

alfabéticos e classificados.

Como não se conseguia resolver a questão do catálogo no

British Museum, com tantas opiniões divergentes e emocionais,

em 1836 a House of Commons (câmara baixa do parlamento

bri tânico) nomeou uma comissão que deveria investigar as con-

dições, a administração e os serviços do museu. Uma das questões

era a catalogação e o catálogo na biblioteca do museu.

Muitas foram as testemunhas ouvidas durante o inquérito e que

falavam contra ou a favor dos catálogos alfabéticos e classifi-

cados. Mas uma das testemunhas destacou-se e conseguiu con-

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vencer a corrussao com seus argumentos e idéias: Anthony

Panizzi, refugiado político italiano, advogado de profissão, que

trabalhava no museu como bibliotecário assistente desde 1831.

Em 1839, após várias audiências, Panizzi convenceu os membros

da comissão e estes aprovaram seu código, as famosas

91 regras.

Mas nem a controvérsia nem a investigação pararam por aí.

Em 1847, outro inquérito tornou-se necessário, desta vez refe-

rente à constituição e administração do museu, e novamente le-

vantou-se a questão do catálogo e das regras de Panizzi. Um epi-

sódio muito interessante foi a crítica de Collier, um especialista

em Shakespeare, às 91 regras e ao próprio Panizzi. Dizia Collier

que Panizzi estabeleceu um número tão elevado de regras para

atrasar a elaboração do catálogo, que ele chamava o interminá-

vel catálogo de Mr. Panizzi , e preconizava suas próprias regras.

Coll ier , empregando suas próprias normas, tentou catalogar 25

livros, e Panizzi, diante da comissão, utilizou estas catalogações

como defesa de suas 91 regras, da mesma forma como o faria em

um tribunal. Panizzi saiu vitorioso da contenda, arrasando Collier.

Curiosidades históricas à parte, nunca houve tamanho interesse

por questões biblioteconômicas, envolvendo governo, personali-

dades e eruditos. Panizzi e suas regras t iveram grande influência

na biblioteconomia inglesa e, também, na americana.

Em 1850, Charles C. Jewett viu aceito seu código para o catá-

logo da Smithsonian Institution, nos Estados Unidos. No prefácio,

reconhecia seu débito para com Panizzi e suas regras, mas em

inúmeros pontos apresentou discordâncias e soluções diferentes.

Alguns preceitos de Jewett, em especial no tocante a cabeçalhos

de responsabilidade e obras anônimas, até hoje são seguidos.

Jewett determinou a finalidade de um código de catalogaçãO,

como citada por Strout:

As regras de catalogação devem ser estritas e devem irao encontro,

o mais possível,de todas as dificuldadesdo detalhe. Nada, o máximo

que se possa evitar , deve ser deixado ao gosto individual ou ao

julgamento do catalogador.

Também em 1850 surgiu na Alemanha o código de Munique,

que, segundo Ranganathan, manteve-se em forma manuscrita. Foi

a partir desse código que Carl Dziatzko criou em 1886, para' a

universidade de Breslau, suas instruções, que, por sua vez, servi-

ram de base para o código alemão.

As Instruktionen for die alphabet ischen Kataloge der Preus-

sischen Bibliotheken [Instruções para os catálogos alfabéticos das

bibliotecas prussianas] ou

Instruções prussianas,

de 1899, como

relatou Alice Príncipe Barbosa, foram elaboradas por homens de

formação científica e filosófica, exercendo grande influência em

outros países de língua alemã, ou mesmo sendo integralmente

adotadas por eles.

Melvil Dewey também estabeleceu regras simplificadas de

catalogação, mas seu renome se deve à Classificação Decimal

(1876), que hoje leva seu nome, por ironia publicada anonima-

mente na primeira edição.

No mesmo ano de 1876, Charles Ami Cutter publicou suas

Rulesfor a dictionary catalogue

[Regras para um catálogo dicio-

nário]. Cutter, considerado por Ranganathan como o gênio da

biblioteconomia, não elaborou apenas um código de catalogação:

sua obra é na verdade uma declaração de princípios. As regras são

entremeadas com os porquês das soluções e com observações

diversas, às vezes irônicas. De fácil leitura, se constitui em um

código muito completo, incluindo a catalogação de assuntos e de

materiais especiais, normas de transliteração e elaboração de

catálogos auxiliares.

Cutter criou, ainda, um esquema de classif icação e uma tabela

representativa de sobrenomes, esta utilizada até hoje. Mas sua

co~tr buição mais importante está na catalogação. Determinou os

obJet~vosdo catálogo e ditou a visão do catalogador. De um ponto

de vista muito pessoal, acredito que a catalogação moderna,

a~tomatizada, deveria voltar a Cutter, pois inúmeras soluções por

e e apontadas, quando a catalogação era manuscrita ou datilo-

grafada se I· .. . .

, ap icam mterrarnente aos recursos computacionars.

 

21

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national de Documentation, que, em 1938, transferiu-se definiti-

vamente para Haia, com o nome de Federação Internacional de

Documentação. Como se verá adiante, a idéia de Otlet eLa Fon-·

taine foi retomada pela UNESCO após a Segunda Guerra Mundial.

Sua obra é um exemplo de catalogação prática adequada ao

usuário. Embora existam outros nomes e outros códigos no século

X IX -

época de proliferação de códigos de catalogação -, Cutter

marca este período.

No final do século, em 1895, dois belgas, Paul Otlet e Henri La

Fontaine, fundam o Institut International de Bibliographie

(I1 B) ,

atual Federação Internacional de Informação e Documentação

(FIO),

e dão início ao levantamento e registro de todas as publica-

ções editadas em todo o mundo. Chegaram a 16 milhões de regis-

tros, segundo alguns autores, e 12 milhões, segundo outros. Em-

bora não fossem os primeiros a alimentar o sonho do controle

bibliográfico universal, certamente deram um passo decisivo

nesse sentido.

Após um período em que utilizaram a Classificação Decimal

de Dewey, criaram a Classificação Decimal Universal, embasada

em Dewey, porém mais especializada, visualizando-a como um

meio de intercâmbio de informações bibliográficas, acima das

barreiras lingüísticas. Otlet eLa Fontaine eram advogados e paci-

fistas, acreditando ser a bibliografia universal a base para a paz.

Otlet, juntamente com Robert Goldschmidt, projetou um equi-

pamento de ampliação de filme, introduzindo o microfilme em

bibliotecas; em 1906 publicou um trabalho em que tratava da

 nova forma do livro .

La Fontaine recebeu o prêmio Nobel da Paz de 1913, foi

senador socialista (1894-1936) e representante belga junto à Liga

das Nações (1920-1921).

A Primeira Guerra Mundial interrompeu os trabalhos de com-

pilação da bibliografia, que cessaram definitivamente por volta de

1920, quando o I1 B atravessou séria crise financeira. Nessa oca-

sião, o jovem químico holandês Frits Donker Duyvis (futuro

secretário-geral da FIO) propôs o estabelecimento de centroS

nacionais cooperantes para dar continuidade ao trabalho. No anO

seguinte, a Holanda tornou-se o primeiro país a fazer par te do

acordo de cooperação. Em 1931 o

II B

tornou-se o Institut Inter-

2.5 Século xx

Na virada do século, havia códigos nacionais de catalogação na

Alemanha, Áustria, Bélgica, países escandinavos, Espanha,

França, Holanda, Itália, Suíça e Vaticano.

Um fato, em 190 I, vem mudar a perspectiva dos códigos: a

impressão e venda de fichas catalográficas pela Library of

Congress

(L C)

dos Estados Unidos. Ao invés de cada biblioteca

fazer a própria catalogação de seus livros, a LC passou a vender

suas fichas impressas, às quais bastava que fossem acrescentados

os cabeçalhos, também por ela indicados. Isso resultou em subs-

tancial padronização, não porque todos concordassem (ou

concordem) com a catalogação elaborada pela LC , mas porque as

fichas vendidas, e portanto utilizadas pelas bibliotecas, eram rigo-

rosamente idênticas.

Quando as fichas começaram a ser impressas, a American

Library Association (A LA) nomeou uma comissão para estudar as

regras adotadas pela

LC.

Em colaboração com a Library Asso-

ciation, da Inglaterra, a AL A publica a primeira edição de seu

código, em 1908, utilizando regras de Panizzi, Cutter, Jewett e LC :

Cataloging rufes: author and title entries

[Regras de catalogação:

entradas de autores e títulos].

Simultaneamente, publicava-se, na Alemanha, a segunda

edição das

Instruções prussianas,

que alcançaram grande aceita-

ção na Europa, enquanto o código da

AL A

era bem-recebido nos

~stadosUnidos e outros países. Buscou-se, então, uma compatibi-

I~ade entre ambos. Mas a tão desejada padronização interna-

cional

50'

ch . . . d

egana muito mais tar e.

SI

Em 1920 foram editadas as

Norme per il catalogo degfi

ampati

[Normas para o catálogo de impressos] ou

código da

23

22

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Vaticana, elaborado por um gru po de bibliotecário s norte-ame-

ric ano s, sob a di reção de John Asteiss on, norueg uês de form ação

americ ana, para a Biblio teca Apos tólica V at ic ana, conform e

relatado por A lice Príncipe Barbosa.

As norm as da V atica na ba se aram -se no có di go da

AL A

de 1908,

embora sua terce ira ediçã o tenha sid o co nsid erada sup erior à

se gun da da

AL A,

amb as de 1949.

O códi go da V atica na exerc eu enorm e in flu ência na biblio tec o-

nom ia br as il eira , a par tir de 1940 , primeir ament e em sua edição

em es panh ol e, depois, nas du as edições em português (1 949 e

196 2), até 1969 . Ensinava- se a 'V at ica na' na es cola de bib liote-

conorni a do R io de Janeiro (cur sos da Bibliotec a Na cional), se nd o

adotada por inúmeras bibliotecas, e ain da hoje se encontram algu-

mas qu e a usam . Paralelament e, a e scola de bibliotec on om ia de

Sã o Paul o, iniciada no Co légio M ac kenzie em 1929 e de nítida

influência norte- americana, optou por ensinar o código da

ALA.

Ent re 1934 e 1963, muitos foram os trabalhos qu e preconi za -

ram a criação de um código br as ileir o, ou có di go para países de

língua portu gues a. Podem -se cit ar: Duarte R ibeir o (1934) , A sso-

ci açã o Paul ista de Biblio tecários (194 1), Departamento Adm inis-

tr ativ o do Se rv iço Pú blic o

(D AS r 

(1943), M aria Luísa Mont eiro

da Cunha (1946 e, nov amente, 19 63), primeiro Co ngresso B ras i-

leir o de Biblio teconom ia e Docu mentação , como reco mend aç ão

(195 4), Fe li sbela Car valho (1961 ) e Mário Costa (1963).

A s id éia s não prosperaram, obt end o-se apenas normas para

cabeçalhos de nomes em lín gua por tu guesa. No entanto, houv e

um a obra em portu guês de co nsid eráv el in flu ência e aceitaç ão :

Catalogação simplificada (1 970) , de Co rdél ia R . C av alcan ti, qu e

por um ce rto tempo assum iu o lugar de um có di go brasileiro em

muitas bibliotec as, algumas de vast o acerv o. Porém o mund o

caminhav a para a padronização, pr es sionado pelo s avanços tecno-

lóg ic os, e todos os códigos iriam cheg ar a pont os comuns.

Iniciand o sua s atividades em janeir o de 1946, a UN ESC O

(Organizaç ão da s Naçõ es Unidas para a Edu cação, a Ciência e a

24

Cultura) deve sua criação a id éia s debatid as pelos ministr os da

edu cação dos países ai iados du rant e a Se gun da Guerra Mundial,

preo cup ados com a ed ucação no pós -guer ra.

O pr eâmbulo da consti tui çã o da

UNESCO ,

escrito pelo poe ta

A rchib ald MacLeish (q ue fo ra di retor da Library ofCongres s de

1939 a 194 4), tr az expl íc ita a visã o de pa z, como na cé lebre frase:

 um a vez qu e a guerr a co meç a na ment e dos homens, é na ment e

dos homens qu e as de fe sas da paz dev em se r co nstruí da s .

Dentre as finalida des e fun ções da

UN ESCO

está a de manter,

des envo lve r e diss em inar o conh eciment o , por meio da co op e-

ração int ern ac ional, para acesso a to dos os mat eriais publicado s.

Para tornar possível a co nse cuç ão desse obj etivo , a UNESCO,

dent re out ras inúmeras in iciativas, tem -se voltado ao esta bele -

cim ento de padr õe s para as biblio teca s nac ionais, qu e se ref letem

diretament e so br e nossas pr átic as biblioteconôrn icas.

A

UNESCO

cr iou o pr og rama de Co nt role Bibliog ráfico Uni -

versal , gerenciad o pela Fe deração In tern aci onal de A ssociações

e Instituições B ib liotecárias

(IFLA),

atu and o em bases coope -

ra tiva s. Coop eração signi fica, além do res peito aos padrões, qu e

ca da um dos pa íses deverá res ponsabiliza r-s e por se u co ntrole

bib lio gráfico nac ional, por interm édi o de um a ou mais entidades

des ignad as, geralm ent e a biblio teca naci onal ou in st ituição simi-

lar . Tal prog rama eleg eu co mo norm a bás ica para a descrição

bibliog ráfica a

ISBD,

da qu al tr atar emos adi ante , e, como formato

de in tercâmbio, o

UN IM ARC.

A

UNESCO

e a

IFLA

vêm ex erce nd o

um papel fundament al no in tercâmbio de reg istr os bibliog ráficos

e, em co nseqüência, na ca talog ação .

.0 ano de 1954 marco u a bibliotec onom ia br as ileira, pela

cnação do In stituto B ras ileir o de Biblio grafia e Doc um entação

( IBBD) , cuja his tó ri a fo i te ma d a d is se rt ação de mes tr ado de L uiz

Antoni o G on ça lves .

d · A s mentoras do IBB D fo ram Lydi a de Queiroz Sambaqu y, sua

Iretora po r m uitos anos, e Janice Monte-M ór (mais tard e diretora

25

Page 7: Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

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da B ibliote ca N acional, responsáve l por sua dina rnização e virada

para o rum o certo).

A té a década de 1970 , quando m uda sua denominação e seus

objetivos, o IB BO c ontribuiu de m od o e xpressivo para a c ataloga-

ção, ocupando um espaço não mais preenchido por nenhuma

i ns ti tu iç ão i so la dam en te. De ntre seus inúmeros produtos e

se rviços, c ab e a ss inalar: a segunda edição do

Código de catalo-

gação da Biblioteca Vaticana

e sua difusão no país; o curso de

especialização , que deu origem ao prim eiro curso de mestrado na

áre a da inform ação; diversas bibliografias especializadas; um

catálogo coletivo de monografias e, e m e spe cial, o Serviço de

Intercâ mbio de C atalogação (SIC).

Durante a nos, o IB BO foi celeiro de um a geração de profissio-

nais c om pe te nte s e d es ta ca do s, impuls ionadores da bib liotecono-

mia b r as i le i ra. O SI C, como relatado por A lice Prín cip e B arb os a,

s ua ú lt im a d ir et or a, iniciou suas a tivida des na B ib liotec a do O ASP ,

em 194 2, então chefiada por Lydia de Que iro z S am ba qu y. Ch e-

go u a se constituir como entidade, atuando em colab oração com

o Departamento de Imprensa Nacional e a Fundação Getúlio

Vargas

(FGV).

P ro du zi a f ic ha s imp re ss as, a exemplo da LC, que se

destinavam

à

venda em todo o país, em sistema cooperativo que

chegou a contar com 200 bib li ot ec as U m f ei to a dm irável, levan-

do -se em consideração os problem as de com unicações existentes

à época . A partir da criação do IB BO, o SI C foi a ele inco rporado,

s en do e xt in to, apenas, para dar lugar ao projeto C ALC O, do qual

t ra ta rem os a di an te .

Em 1975 , o IBB O transformou-se em Institu to B rasileiro de

Informação em Ciência e Tecnologia (IB ICT) , vo ltado para os

s is tem as e sp ec ia li za do s d e i nf or ma çã o, não mais como órgão cen-

t ra liz ad or d as a tiv id ad es, mas como gerente e suporte técnico.

D entre a s in úm eras funçõ es do IB ICT de stac am -se : o C atálogo

C ole tivo Nac iona l de P ublic aç ões S eriadas, a atribuição do IssN

( númer o i nt er na cional norm alizado de periódicos), um programa

editorial, a distribuição do Micro-ISIS e o suporte aos sistemas

26

especializados de in fo rm aç ão te cnológ ica , s ej am g o ve rn amen ta is

ou pr ivados. O IB ICTdesenvo lve u um Formato de Intercâm bio de

I n fo rmaçõ e s B ibl io gr áf ic a s, at ualmente e m fa se de reestrutura çã o,

distribuído a to dos os intere ssa dos na im plantação de sistemas de

informação.

A década de 1960 trouxe o desenvo lvimento dos recursos

computacio nais. A tecnologia avança e é preciso acom panhá -Ia,

ou us ufru ir d e se us b en efí cio s. O período assinala o surgime nto

do projeto M ARC (Machine

Readable

Cataloging) e do MARC 11  

pela LC , base para outros form atos, inclu s iv e o i nte rn ac ional , que

é o U NIMA RC.

Ex istem dois pontos a conside rar: a) o MARC é um form at o,

qu er dize r, um pa drão para entra da de info rm ações bibliográficas

em co mputador, não um prog rama de gerenciamento comput a-

ci onal destas in fo rmações; e b) o MARC ajus tou os rec ursos tecno-

lóg icos da época à catalogação tradicional, e não o contrário , ou

se ja, um p ro ce ss o d e mec anização (uso da máquina), não ain da de

au tornação . A LC cr iou também , para o M ARC, um a estru tur a de

organi zação dos dados em fita magn ética que se tornou, em 1973,

norm a int ern acional, estabelec ida pela ISO (O rg anização Interna-

cional de Normalização), sob o có digo ISO 270 9.

O p rimeiro evento no sent ido da norma li za çã o i nt er na ci onal fo i

a C on ferência In te rn ac ional so bre Pr incíp ios de Catalogação , ou

Conferênc ia de Pa ris, realizada em 19 61. Reun iu r ep re se nt ante s

de S 3 p aíses e de 12 o rg anizações int ern ac ionais , c om d ife rente s

filosofias e códi gos de catalogação, dispostos a um acordo. O qu e,

d e f at o e muito im portante , se concretizou fo i a decisão sobre

cabeçalhos para nomes pessoais e títulos un iformes, po rqu e

baseados no bom senso e no respeito às características de cada

língua ou país. Ou se ja, det erm ino u-se qu e o nome da pessoa

resp ,

on savel pela obr a, ou assunto da obra, teria o cabeçalho de

~~o~d o c~m o uso . da lín gua ou pa ís des ta pessoa. Quanto aos

ed

~ ? s u ni fo rm es, Isto é, títul os pelo s qu ais se reúnem as várias

IÇoes Ou

rnanif - ,

aru es taçoes de um a ob ra em um catalog o, dever- se -

27

Page 8: Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

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ia utilizar o título original ou o título pelo qual a obra é mais

conhecida.

Discutiu-se também a questão dos cabeça lhos para nomes de

entidades coletivas. Mas as entidades coletivas geraram e conti-

nuam a gerar celeurnas intermináveis e não há acordo sobre o

assunto até hoje. Também na Conferência de Paris tratou-se do

impacto da eletrônica sobre a catalogação, havendo recomen-

dação de estudo do assunto.

Após a conferência, vários códigos foram modificados, incor-

porando suas recomendações. Em 1967, a Alemanha substituiu as

Instruções prussianas pelas Regeln fur die alfabetische Katalo-

gisierung (RAK) [Regras para a catalogação alfabética]. Ainda em

1967, publicou-se a primeira edição das Anglo-American cata-

loging rules

(AACR) [Regras de catalogação anglo-americanas],

em trabalho conjunto da ALA, Canadian Library Associat ion e

Library Association (Inglaterra), embora tenham sido publicadas

duas versões: uma inglesa e outra norte-americana.

Em 1969 editou-se no Brasil a t radução para o português da

versão americana com o título de Código anglo-americano de ca-

talogação,

ou o AACR, c omo é chamado. Este código passou a ser

adotado em quase todas as escolas de biblioteconomia brasilei-

ras, praticamente extinguindo a diversidade de códigos no ensino.

Ao AACR seguiram-se uma segunda edição, conhecida como

AACR2 (1978), também traduzida no Brasil (1983-1985), uma

segunda edição revista, o AACR2R (1988) e Emendas ao AACR2R

(1993). Acred ita-se que a trad ução do AACR2R para o português,

ora em processo, já incorpore as Emendas de 1993.

O código é atualizado nos Estados Unidos pela LC, por meio do

Cataloging Service Bulletin,

que também apresenta as inter-

pretações das regras segundo a LC, o que suscita inúmeros proble-

mas. O código indica e a LC decide, inclusive de forma confl itante

com o código. Não há uniformidade que resista James Dwyer,

em editorial de 1981 no

Journal of Library Automation,

após a

edição do AACR2, propôs que a LC, talvez com a ajuda financeira

28

de outras bibliotecas, redes e fundações, publicasse o que poderia

ser chamado de AACR2

Y

  - não uma nova edição do código, mas

uma que refletisse acuradamente a prática atual da LC .

Em 1969, outro evento marca substancialmente o caminho da

padronização: a Reunião Internacional de Especialistas em Cata-

logação (RIEC), realizada em Copenhague, com a participação de

32 países. A RIEC trouxe mudanças significativas para os códigos

e as práticas da catalogação.

Outro notável especialista em catalogação, Michael Gorman,

após estudo das informações encontradas em oito bibliografias

nacionais correntes, apresentou um documento básico à RIEC,

denominado International standard bibliographic description

[Descrição bibliográfica internacional normalizada], ou ISBO, que

padronizava as informações contidas na descrição bibliográfica.

Para tanto, Gorrnan sistematizou a ordem das informações e a

pontuação utilizada antes de cada informação, de modo a tornar

possível seu reconhecimento pelos computadores. A proposta de

Go rrn an,

após apreciação internacional, foi publicada em 1971

pela IRA, como ISBO(M), isto é, para monografias.

Seguiram-se outras ISBOS, inclusive uma geral, para todos os

tipos de suportes, a ISBO(G) . Hoje, as ISBOsdessa fase já se encon-

tram em segunda edição e outras foram elaboraradas, cobrindo

todos os tipos de materiais (oito ao todo).

A ISBO, sim, representou um acordo no cam inho da padroni-

zação. Todos os países se dispuseram a usá-Ia e esta aceitação

internacional acarretou mudanças nos códigos de catalogação, que

incorporaram essas normas em novas edições. Acabou-se a era

dos códigos nacionalistas, da catalogação individualista, das

decisões pessoais. Mas não da catalogação individualizada, ade-

quada aos diferentes universos de usuários. Isto porque a ISBO

deixa claro, no prefácio de sua primeira edição, que o conjunto

cOI~pleto de elementos deveria ser incluído nas bibliografias

nacionais, mas caberia a cada biblioteca a decisão sobre os ele-

mentos necessários e adequados para seu próprio uso.

29

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7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-catalogacao-2eliane-mey 9/29

A pa dron iz açã o nã o está n a qu antid ad e de e le me ntos, porém na

forma e na ordem - po ntua çã o e po siç ão - em que são regis-

trados. C aso um a bibliotec a de cid a inc luir a lg um e lem en to , deve-

rá fa zê-Io de acordo com a norma - o bastante para efeito de

u nif orm id ad e e i nt er câ mb io .

Outro aspecto basilar da ISSO é ter- se distanciado com ple-

tam ente dos cabeçalhos de ponto de acesso. C ita a C onferência de

Paris, mas em nenhum momento induz a seu uso. A ISSO t em o

toque da genial idade, não pelos elem entos ou pela pontuação , m as

por ter de fato revolucionado conceitos e trazido novos ares à

catalogação .

N o e nt an to, a pe sa r de tod as a s c arac terística s po sitiv as, a tran -

sição para a ISSO não foi tranqüila e gerou inúm eras polêm icas

durante toda a década. Por que o travessão? Por que a pontuação

pre ced id a d e e sp aç o? A IS SO fac ilita ou dificu lta a c om pre en sã o

do usu ário ? S up era das a s disc ussõ es, a ISS O tornou-se a norm a

interna cio na l p ara in te rc âm bio de reg istro s b ib lio grá fico s, inc or-

po ra da a os có digo s de c ata loga çã o na cio na is ou d e grup os ling üís-

ticos, e, a partir dos anos 80 , u ti li za da e m t od as a s b ib li og ra fia s

nacionars.

Polêrn icas m enores à parte, outra questão m aior se levanta,

tam bém durante os anos 70 . A catalogação tradicional serv ia, e

serve, perfeitam ente aos acervos culturais, artísticos e de lazer.

M as se encontra m uito distante das necessidades de inform ação

d o u ni ve rs o t éc n ic o -c ie n tí fi c o. N ada de pseudônim os (ao contrá-

rio, quer-se o reconhecim ento público), nada de páginas de rosto

criativas, na da de títu los e sd rúx ulos: a fo rm a de ap re se ntaç ão

deve ser rig idam ente padronizada, com necessidade im periosa de

d is se ca çã o d o c on te úd o, resumos, i nfo rm aç ão c on ci sa e , e sp ec ial-

mente, rapidez no trata men to do ite m e n a dissem in aç ão.

A á re a da ch am ad a 'documentação' ev oluiu ra pida me nte, in do

ao encontro das dem andas de seus usuários. Enquanto os catalo -

gadores discutiam os espaços e travessões da IS BO, o U NISIST(ini -

cialm ente Sistem a Internacional de Inform ação para C iência e

30

Tec lOlogia, da UN ESCO)publicou , em 1974, se u Reference manu-

al for machine readable bibliographic description

[M anual de

referência para descrição bib liográfica legível por m áquina],

v ol ta do a o a te nd im en to d aq ue la s n ec es sid ad es.

O

Manual de referência

fo i adotado pelos grandes sistem as

i nt er na ci on ai s d e i nf or ma çã o e sp ec ia li za da. E m 1 975 , a ISO e dita

s ua n or ma p ara r ef er ên ci as b ib lio grá fi ca s: a ISO 6 90 , também de

amp la u ti li za ç ão .

Em compl emen to, a O rga niz aç ão I ntern acion al do T ra ba lho de-

senvolveu um sistema (não apenas um formato) para geren-

c ia rn en to au to matiza do de in form aç ões cie ntífic as, o IS IS ( Inte -

g ra te d S ci en tif ic I nfo rm ati on S ys te m), a ssum ido pe la UNES C O a

partir de 1 975 e distribuído em todo m undo. O I S IS a compan ho u

a e vo lu çã o t ec no ló gi ca, havendo versões para m ini e

rnicrocorn-

putadores : M i ni -I SI S e M i cr o- IS IS (este tam bém distribuído pela

UNESCO) .

Jaime Robredo e Murilo B astos da Cunha expõem de forma

didática e com pleta as características e a história dos sistem as

especializados. Para este m anual, im porta a existência de duas

form as diversas na visualização dos itens, em bora a sim biose

entre a docum entação e a catalogação tenha contribuído para um

grande enriquecim ento m útuo . E ssa divergência de filosofia na

abordagem dos itens só será contornada na década de 1 990 .

O ano de 1 972 assinala dois fatos im portantíssim os: o início do

Sistem a de Inform ações do Congresso (S ICON) , desenvolvido e

liderado pelo Senado Federal, e a defesa da dissertação de m es-

trad o de A lic e P rínc ip e B arb osa, qu e trata va d o pro je to CALCO .

A B ib liote ca d o S en ad o F ed eral, c om o rela ta seu folhe to lnfor-

 ~ações aos leitores ,

data de 1826, criada por indicação do

vIsconde de B arbacena e reorganizada em 1 876 pelo visconde de

Ab .

~ete. Transferida para B rasília em 1 960 , com a mudança da

capita l, in iciou seu processo de automação uma década mais

tarde. E m 1 972, o C entro de Processam ento de D ados do Senado

3 I

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7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-catalogacao-2eliane-mey 10/29

Federal (PROOASEN) começou suas atividades, impulsionando e

acelerando o programa de automação.

De todos os sistemas existentes no país, o do Senado Federal

é, inegavelmente, o que faz mais uso dos recursos tecnológicos e

o primeiro a trabalhar em rede nacional em linha.

Na década de 1980, o banco de dados de livros passou a util izar

o

AACR2

como base para a catalogação, embora se fizessem ne-

cessários alguns ajustes. Hoje, o SICON conta com inúmeros ban-

cos de dados, sendo os mais importantes para os bibliotecários:

N.1UR

(normas jurídicas: legislação primária e marginália),

JURI

(jurisprudência) e BIPE (livros e periódicos, inclusive artigos, com

cerca de

150 000

registros, a partir dos quais é editada a Biblio-

grafia brasileira de direito, publicação corrente e atualizada).

São bancos de cabeçalhos autorizados:

AUTR

(autores, editoras

e títulos uniformes), TI-IES (tesauro utilizado nos bancos de dados

de normas jurídicas, jurisprudência e discursos) e

VCBS

(voca-

bulário controlado básico, utilizado nos bancos de dados de livros

e periódicos e de notícias de jornais).

Demais bancos de dados de uso público: DISC (resumos de

discursos); BSEN (biografias de senadores); BOEI' (biografias de

deputados); PARL (atividades parlamentares); MATE (tramitação

de matérias legislativas); CONS (constituições); APEM (antepro-

jetos, projetos, emendas e substitutivos da Assembléia Nacional

Constituinte,

1988); SGCO

(sugestões dos constituintes);

SAIC

(su-

gestões dos cidadãos para a Assembléia Constituinte); NOTíCIAS

(noticiário do Senado Federal); MSUL (documentos normativos do

MERCOSUL); JORN (notícias sobre a Assembléia Constituinte

divulgadas na imprensa);

Ci\FE

(cadastro da administração federal

após

1990) ; MEMO

(cadastro da adm inistração federal até

1990);

SIEL

(informações eleitorais) e

SIOR

(informações orçamentárias).

Tanto a alimentação como a recuperação se fazem em linha,

através de terminais do

PRODi\SEN.

Há muitos anos o sistema

oferece, embora atualmente nos pareça corriqueiro, uma excelente

recuperação, realizando as buscas em qualquer campo do registrO

32

bibliográfico. Existe, inclusive, uma recuperação por sinonímia

dos nomes dos autores. No momento em que escrevo, o sistema

passa por uma nova refonnulação e aguardam-se mudanças que,

certamente, virão aperfeiçoá-Io e torná-Io ainda melhor.

Em 1972, Alice Príncipe Barbosa defendeu sua dissertação de

mestrado acerca do projeto CALCO (Catalogação Legível por

Computador), baseado no MARC 1I da Library of Congresso O

projeto tinha como objetivo transformar o

SIC,

por ela então diri-

gido, em uma central de catalogação automatizada.

Para se ter idéia das restrições tecnológicas da época, o forma-

to, desenvolvido e a ser util izado no Rio de Janeiro, utilizava os

computadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em

São José dos Campos, São Paulo

Adotou-se como código padrão de catalogação o

i\ACR (1967).

Durante a década de

1970,

tanto a Biblioteca Nacional como a

Fundação Getúlio Vargas.realizavam estudos para automação de

seus acervos. Em 1977, a BN divulgou suas instruções para o

preenchimento de folhas de entrada para o CALCO, o que levou a

FGV

a optar definitivamente por este formato, implantado em

1980.

A entrada da

BN

na rede, em

1982,

projetou o

CALCO

como a

rede nacional por excelência para acervos multidisciplinares. Du-

rante a década de

1980,

adotou o nome de

I3IBLlODATi\/Ci\LCO.

A

rede abrange, hoje, cerca de 800 m registros e congrega 63

instituições cooperantes, o que significa mais de 200 bibliotecas,

do Ceará ao Rio Grande do Sul.

Tendo eleito como padrões o

AACR2

e o formato

MARC,

é

totalmente compatível COIl1 sistemas internacionais de inter-

câmbio de registros bibliográficos, no espíri to do programa de

Controle Bibliográfico Universal.

Limites tecnológicos e financeiros impõem ao I3II3L10DATi\/

CALCO uma evolução mais lenta, porém, ao mesmo tempo,

Possibilitam a cooperação de bibliotecas mais carentes de recur-

sos. A alimentação se faz por meio de disquetes (durante muito

33

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7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

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tempo foi feita com folhas de entrada) e, como saídas, são

fornecidas fichas para os catálogos, etiquetas de número de cha-

mada e fichas de empréstimo.

Os catálogos coletivo e de cabeçalhos autorizados, de nomes e

de assuntos, são emitidos pelo sistema CO M

(computer output

microfilms,

em microfichas, com atualizações periódicas.

Prevê-se para 1995 o lançamento do catálogo coletivo em CD-

ROM,

em dois volumes: um para obras estrangeiras e outro para

obras nacionais. Também para 1995 aguarda-se a edição do Ma-

nual de cabeçalhos de assuntos da rede. Projeta-se, a médio pra-

zo, a entrada de dados em linha, ao mesmo tempo em que se pre-

para a mudança do sistema, tornando-o compatível com as tecno-

logias de quarta geração e as modificações introduzidas no MARC.

A

BN

'congelou' seus catálogos anteriores, mas deu entrada no

BIBLlODATA/CALCO

a todas as obras recebidas a partir de 1984,

estando a

Bibliografia brasileira

comple tamente atual izada em

máquina. Sob forma impressa, em um esforço que a fez publicar

24 números em quatro anos, a Bibliografia brasileira chegou a

julho de 1994.

Dentre suas inúmeras responsabilidades a

BN

exerce também

a função de agência brasileira do ISBN, que tem o encargo de

atribuir aos livros editados no país a numeração internacional

padronizada do livro.

Sem dúvida, o

BIBLlODATA/CALCO,

por sua padronização,

obediência às normas internacionais e meios de difusão, se tornou

um recurso inestimável, mesmo para as bibliotecas não-coope-

rantes, e o maior sistema do país em termos de catalogação tradi-

cional, como idealizou, mas não pôde ver, a professora Alice

Príncipe Barbosa em 1972.

Muito se fez, nacional e internacionalmente, na década de

1980, no tocante aos recursos tecnológicos. Nem sempre, porém,

a evolução tecnológica foi acompanhada pelas práticas biblioteco-

nômicas. No entanto, hoje um fato mundial nos obriga a sair da

cômoda rnesmice: a recessão. Como tão bem explicitou Delsey,

34

em trabalho apresentado ao Seminário sobre Controle Biblio-

gráfico Universal (1993, Rio de Janeiro), há falta de recursos em

todas as instituições governamentais.

A carência de suporte financeiro aos projetos biblioteconô_

micos leva à necessidade de parcerias Com a indústria da informa-

ção, o que, por sua vez, leva, forçosamente, à flexibilidade e à

mudança de nossas práticas. Paralelamente, os computadores já

permitem o intercâmbio de informações entre sistemas não

absolutamente idênticos, através dos denom inados Protocolos de

intercâmbio. A palavra-chave dos anos 90 é

compartilhar.

Por um

lado, prem idos pela necessidade; por outro, impulsionados pela

tecnologia, talvez possamos chegar agora ao sonho, quase utopia,

de Otlet e La Fontaine, quando iniciaram seu controle biblio-

gráfico universal.

35

Page 12: Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

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3

A prática da catalogação

A

PR ÁTI CA

da catalogação compreende diversas etapas e, em cada

uma delas, inúmeros passos. De forma genérica, visualizam-s

e

:

• lei tura técnica do item;

• descrição do item (capitu

10

4);

• determ inação dos pontos de acesso e sua forma (capítu 10 5);

• determinação dos dados de localização (capítulo 6).

Depois vêm o registro e o preparo do item e dos catálogos. Os

catálogos serão abordados no capítulo 7. Corno este manual trata

da catalogação de livros, todos os exemplos se referirão a livros.

Cabem, antes da primeira etapa, algumas palavras sobre um

dos instrumentos de auxílio aos catalogadores, a

catalogação na

fonte ou catalogação na publicação, que consiste no registro bi-

bliográfico impresso no verso da página de rosto do livro. O re-

gistro é elaborado antes da impressão, a partir da boneca do livro,

e nem sempre se apresenta completo. No entanto, trata-se de um

bom indicador das características e assuntos do livro, podendo ~

mesmo ser integralmente utilizado. Em

Novos rumos da catalo-

gação,

Alice Príncipe Barbosa apresenta de forma abrangente o

histórico, objetivos e desenvolvimento da catalogação na fonte até

1977. Não houve mudanças substanciais a partir dessa data.

3 Leitura técnica

A

leitura técnica

consiste em analisar o livro em processo de

catalogação (isto é, que temos em mãos para ser catalogado) do

ponto de vista do bibliotecário, visando a levantar as informações

necessárias à sua representação. No entanto, há normas que indi-

36

cam de onde as informações devem ser extraídas para uso na re-

presentação.

Fontes de informação

são as partes onde se faz o

levantamento de

informações;fonte principal de informação

é a

parte mais importante do item para o levantamento de informa-

ções. Devem ser examinadas cuidadosamente as seguintes partes:

[E Para o levantamento de informações básicas, que servem à

descrição bibliográfica:

 f fi

página de rosto, também denominada folha de rosto;

 f fi

verso da página de rosto, identificado como 'outras [pági-

nas] preliminares';

 f fi

outras páginas que antecedem a página de rosto, também

identificadas como 'outras preliminares';

capa, também identificada como 'outras preliminares';

colofão;

encartes, bolsos ou pastas, se houver;

apêndices e anexos, se houver;

glossários, bibliografias e índices, se houver; muitas vezes

a bibliografia aparece no final dos capítulos ou em notas

de rodapé.

 f fi

 f fi

 f fi

 f fi

 f fi

1  AITNÇAo 

A página de rosto é

afonte principal de infor-

mação

para livros e base para a descrição bibliográfica.

[E Para o levantamento de informações sobre autor e assunto,

que servem aos pontos de acesso e ao número de chamada:

orelha(s);

prefácio;

sumário, isto é, lista dos capítulos e partes na ordem em que

que aparecem no livro (às vezes, erroneamente, o sumário

é denominado índice);

[ f f i

introdução;

[ f f i dados biográficos em partes específicas; alguns editores os

posicionam na última página do livro.

[ f f i

[ f f i

[ f f i

37

Page 13: Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

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o livro é folheado e examinado atentamente. As seguintes

informações devem ser procuradas:

• título, subtítulo e outros títulos;

• responsabilidade pelo conteúdo intelectual do livro: autor, co-

autor(es), colaborador(es), tradutor(es), editor(es) ou organiza-

dor( es) ou coordenador( es), outros responsáveis;

• edição e outras informações sobre a edição;

• local de publicação: sempre o nome da cidade;

• editora: nome da editora responsável pela publicação;

• data de publicação: sempre o ano;

• número de páginas ou volumes;

• ilustrações: se são muitas, coloridas ou em preto-e-branco, de

que tipo;

• título da série e número do livro na série;

• título da edição original, no caso de tradução;

• apêndices, glossários, índices, informações biográficas;

• ISBN: número internacional padronizado do livro;

• assunto(s);

• informações que caracterizem o autor;

• discrepâncias entre diferentes partes do livro. Por exemplo,

título diferente na capa e na página de rosto;

• relações entre este item e outros que existem na biblioteca. Por

exemplo, o item pode ser um comentário, crít ica ou éonti-

nuação de outro.

O livro de Anamaria Cruz expõe, didática e minuciosamente,

a etapa acima. Após cuidadosa leitura técnica, o catalog

ador

está

pronto para iniciar a elaboração da representação.

3.2 As partes da catalogação

A catalogação compreende três partes: descrição bibliográfica,

pontos de acesso

e

dados de localização.

Estas partes se ligam ao

fato de que a catalogação deve: individualizar os itens, de forma

que não sejam confundidos entre si; reunir itens por suas seme-

Ihanças, estabelecendo relações entre si, e, finalmente, permitir a

localização de um item específico em acervo determinado.

A

descrição bibliográfica,

também chamada representação

descritiva, ou catalogação descr itiva, é a par te da catalogação

responsável pela caracterização do item.

À

descr ição cabe extrair diretamente do i tem todas as infor-

mações, de interesse para o usuário, que individualizem o item,

tornando-o único entre os demais. Cada item possui apenas uma

descrição e cada descrição se aplica a um único item.

Vários exemplares de um item significam uma única descrição;

itens diferentes, mesmo apresentando conteúdo semelhante, têm

descrições diferentes. Por exemplo, três exemplares da mesma

edição de

Tieta do Agreste,

de Jorge Amado, correspondem a uma

única descrição. Dois exemplares de

Tieta do Agreste,

sendo um

da terceira edição e outro da quar ta edição, correspondem a duas

descrições diferentes . A descrição bibliográf ica reproduz quase

todas as suas informações na forma como se encontram no item.

Os

pontos de acesso

são a parte pela qual os usuários podem

acessar a representação de um item no catálogo. Em catálogos

manuais, são pontos de acesso: responsabilidade pelo conteúdo

.intelectual, t ítulo e assunto do item. Em catálogos automatizados

em linha permanecem os pontos de acesso, mas é possível procu-

rar toda e qualquer informação contida na representação, embora

isto algumas vezes gere problemas na recuperação.

Os pontos de acesso são rigidamente controlados, de forma a

não haver ambigüidade ou dúvida na informação. Diferentemente

da descrição, que se atém ao item, os pontos de acesso são esco-

lhidos e determinados pelo catalogador, de acordo com regras e

normas, contidas em diversos instrumentos de auxílio.

Os dados de localização são as informações que permitem ao

usuário localizar um item em determinado acervo. Em catálogos

de uma única biblioteca, os dados de localização se limitam ao

número de chamada. Em catálogos coletivos, compreendem tam-

bém a

indicação da biblioteca

onde o i tem pode ser encontrado.

39

Page 14: Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-catalogacao-2eliane-mey 14/29

o

conjunto completo da representação, com todas suas partes,

se denomina

entrada.

Um item, embora tenha uma única repre-

sentação, ou

registro bibliográfico

(expressão usada, em geral,

nos ambientes automatizados), e seja apenas por ela representado,

pode ter várias entradas, correspondendo aos diferentes pontos de

acesso pelos quais pode ser procurado em um catálogo manual.

Nos catálogos automatizados em linha, faz-se um único regis-

tro bibliográfico, ou seja, há uma única entrada e vários acessos.

Quando não se dispunha de tecnologia adequada para duplicar

a representação, ou entrada, de um item tantas vezes quantos

fossem os pontos de acesso, criavam-se entradas diferentes para

maior facilidade de consulta. A primeira, completa, com todas as

informações relativas ao i tem, chamava-se

entrada principal

e co-

meçava pelo nome do autor. As demais, resumidas, contendo ape-

nas informações indispensáveis, denominavam-se

entradas secun-

dárias, e se iniciavam pelos demais pontos de acesso e continham

uma nota remetendo à entrada principal para outras informações.

Há muito se dispõe de meios para duplicação da entrada; no en-

tanto, restou o conceito de entrada principal, talvez devido a que

a

LC

manteve esta forma quando iniciou a venda de fichas impres-

sas no começo do século. Irrelevante, amplamente discutido,

fonte de inúmeros atrasos na catalogação dos itens, o princípio da

entrada principal permanece, mesmo sendo sua supressão permiti-

da pelas normas internacionais. O desenvolvimento da automação

por certo acabará com esta idiossincrasia biblioteconômica.

A escolha do ponto de acesso que indica e encabeça (inicia) a

entrada principal é objeto de regras específicas de catalogação.

Código de catalogação

é o conjunto de regras de catalogação

que determinam como elaborar a descrição bibl iográfica e os

pontos de acesso.

Se durante muito tempo os códigos foram restritos a bibliotecas

específicas, posteriormente chegou-se aos códigos nacionais e,

hoje, há normas internacionais a eles incorporadas. Automação e

intercâmbio requerem padrões. Da ampla liberdade individual

para decidir sobre normas passamos às regras impostas, mas com

inumeráveis benefícios. A automação nos permite idealizar o dia

em que um livro seja catalogado apenas uma única vez e esta

catalogação seja usada por todas as bibliotecas, em todo o mundo.

Códigos do passado indicavam todos os tip os de pontos de

acesso. Cutter, nas Rules, determinava também a forma de

elaboração dos catálogos. Porém, o código em uso no Brasil, o

AACR2, ou

Código anglo-americano de catalogação,

2.  edição,

abrange regras para a descrição bibliográfica (parte I) e pontos de

acesso de autor e título (parte ll), uma vez que os pontos de

acesso de assunto se tornaram por demais amplos e específicos,

merecendo instrumentos próprios.

Concluída a leitura técnica e com uma noção geral do trabalho

a empreender, passa-se à pr imeira etapa da representação do i tem :

a descrição bibliográfica (capítulo 4). Antes, porém, mostra-se a

forma tradicional de apresentação da entrada.

3.3 Margens e espaços na catalogação

A forma de apresentação da descrição bibliográfica de acordo

com a ISBO é:

Tí t ul o / r esponsabi l i dade. - Ed içã o _ Local : Ed i 

t or a, Dat a. - Extensão. -  Série . _ Not a 1. _ Not a

2. - Not a

11. - ISBN

A catalogação tradicional continua ut il izando margens e pará-

grafos, apesar de sua pouca utilidade, e esta será a forma dos

exemplos neste manual. A catalogação completa utiliza três mar-

gens horizontais, contadas a

part i r

dos espaços da máquina de

escrever, e três blocos verticais, determinados a

partir

da mudança

de parágrafo em máquina de escrever. A BN,na

Bibliografia bra-

Sileira, sabiamente aboliu as linhas em branco entre parágrafos.

Q> ATENÇÃO Não se faz o alinhamento da margem

di reit a

nos re g istr os catalográficos 

41

Page 15: Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

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Exemplos de margens e parágrafos na catalogação completa,

como expostos no livro de Nilcéa Amabília Rossi Gonçalves:

123456789012345678901234567890123456789012345678

 ESPAÇO USADO NO DESDOBRAMENTO

1

2

3 N. o

de

4 chamo cabeçal ho do pont o de acess o pr i nci pal

5

Tí t ul o I Responsabi l i dade. - Edi ção. -

6 Local : Edi tora, Data.

7

N.

o

de pág. : i l ust rações; cm - Tí t ul o

8 da sér i e ; n o na sér i e

9

O

1

2

3

4

5 1

Assunto.

Out r OS pont oS de acesso.

Quando um livro tem seu ponto de acesso principal pelo título

(porque não tem autor, ou porque tem quatro ou mais autores), as

margens são como segue:

123456789012345678901234567890123456789012345

1

 ESPAÇO USADO

NO

DESDOBRAMENTO

2 N. o

de

3

chamo Tí t ul o

I

Responsabi l i dade. - Edi ção.

4 Local : Edi t or a, Dat a.

5 N.

o

de pág. i l ustrações; cm -

6 Tí t ul o da sér i e; n.

o

na sér i e

7

8

9

O

1

2

3

Nota 1

Nota

2.

Not a n.

I SBN

Nota 1.

Nota 2.

Not a n.

I SBN

1. Assunt o. I . out r os pont os de acesso.

4

Descrição bibliográfica

DESCRIÇÃObibliográfica é a representação sintética e codificada

das características de um item, de forma a torná-Io único entre os

demais.

A partir da RIEC, em 1969, criou-se um padrão internacional de

descrição bibliográfica denom inado ISBO (International Standard

Bibliographic Description, ou Descrição Bibliográfica Interna-

cional Normalizada). As decisões da RIEC foram incorporadas ao

AACR2.

A ISSO dividiu as informações descritivas em oito áreas, cor-

respondentes aos tipos de informação, e que compreendem ele-

mentos, isto

é,

cada uma das informações dentro de uma área. As

oito áreas são:

• 1 - do título e da responsabilidade: onde se registram o(s)

título(s) do livro e todos os responsáveis por seu conteúdo

intelectual;

• 2 -

da edição:

onde se registram o número e outras infor-

mações sobre a edição e os responsáveis por ela;

• 3 - dos detalhes e sp ec if i cos de material: não é utilizada para

livros (usada somente para arquivos legíveis por computador,

materiais cartográficos, música impressa e periód icos);

• 4 - dos dados de publicação: onde se registram o local de

publicação, a editora e a data de publicação;

• 5

da descrição física:

onde se registram a extensão do item

(número de páginas ou volumes) e outras informações de

• caráter f sico (ilustrações, por exemplo);

li - da sene: onde se registram o título da série e o número do

Ivro na série·

,

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7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

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• 7 -

das notas:

onde se registram todas as informações de

interesse que não têm lugar específico nas demais áreas,

inclusive as relações do livro com outros itens;

• 8 -

do número internacional normalizado do livro:

onde se

registram o ISBNe sua qualificação.

As áreas da ISBOsão as mesmas para todos os tipos de mate-

riais. A ISBOutilizada para livros é a ISBO(M), isto é, para mono-

grafias. Existem mais sete ISBOs,sendo uma geral, a ISBO(G),que

abrange todos os suportes e é arcabouço para todas as demais;

outras ISBOS,relativas a diferentes tipos de suportes: ISBO(A),para

obras raras; ISBO(CF), para arquivos legíveis por computador;

ISBO(CM),para materiais cartográficos; ISBO(NBM),para materiais

não-livro; ISBO(PM),para música impressa e ISBO(S),para publica-

ções seriadas.

Na ISBO,as áreas e os elementos são indicados pela pontuação

e pela posição. Esta determinação se deve à crença de que os

sistemas automatizados reconheceriam as áreas e os elementos

graças à pontuação que os precede e à posição que ocupam no

registro bibliográfico. A crença revelou-se demasiado otimista,

mas a pontuação clarifica o entendimento do registro e a posição

é a mesma das práticas usuais.

A parte Ido AACR2,voltada à descrição bibliográfica, incorpo-

rou as decisões da RIEC,e portanto as ISBOS,dividindo-se em 13

capítulos.

O capítulo 1 abrange todos os tipos de materiais e corresponde

à ISBO(G) (geral). O capítulo 2 é relativo às monografias; o

capítulo 3, aos materiais cartográficos; o capítulo 4, às obras

manuscritas; o capítulo 5, à música impressa; o capítulo 6, às

gravações sonoras; o capítulo 7, aos filmes e vídeos; o capítulo 8,

aos materiais gráficos; o capítulo 9, aos arquivos legíveis por

computador; o capítulo 10, aos artefatos tridimensionais; o capí-

tulo 11, às microformas; o capítulo 12, aos periódicos e o capítulo

13, às analíticas, isto é, à análise de partes de um item.

44

O capítulo O é introdutório; os capítulos 14 a 1 9 foram deixa-

dos em branco para inclusão de futuros suportes. Este livro utiliza

apenas os capítulos Ie 2. Em cada um dos capítulos, as regras

compreendem dois dígitos básicos: o primeiro corresponde ao

capítulo, isto é, ao tipo de suporte, e o segundo, à área da ISBO.

Assim, de forma simples:

• Regra (R) 1.0: Fontes de informação em geral; corresponde à

R2.0 para monografias.

• R 1.1: Área do tí tulo e da responsabilidade para todos os tipos

de materiais; corresponde à R2.1 para monografias.

• R 1.2: Área da edição para todos os tipos de materiais;

corresponde à R 2.2 para monografias.

• R 1.3: Área dos detalhes específicos do material; não existe

para monografias;

• R 1.4: Área de publicação para todos os tipos de materiais;

corresponde à R2.4 para monografias;

• R

1.5: Área da descrição física para todos os tipos de materiais;

corresponde à R2.5 para monografias;

• R

1.6: Área de série para todos os tipos de materiais;

. corresponde à R2.6 para monografias;

• R 1.7: Área de notas para todos os tipos de materiais;

corresponde à R 2.7 para monografias;

• R 1.8: Área de número normalizado para todos os tipos de

materiais; corresponde à R2.8 para monografias.

Alguns capítulos, como o 1e o 2, compreendem outras regras,

relativas a casos especiais, após a oitava área.

As áreas, exceto a primeira, são precedidas de ponto, espaço,

travessão e espaço [. - ]. Cada elemento é precedido de pon-

tuação própria, como se verá a seguir. Os colchetes [

J

são utili-

zados sempre que a informação for suprida pelo catalogador, isto

é, não se encontrar na fonte de informação adequada.

A seguir listaremos os elementos da descrição bibliográfica,

porém não todos em todas as circunstâncias em que podem

45

Page 17: Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

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aparecer: apenas os casos mais comuns. Situações específicas e

menos freqüentes, ou raras, são abordadas no próprio AACR2 e em

obras sobre exercícios de catalogação, como a publicada em 1995

por Antônia Motta de Castro Memória Ribeiro.

4  Os elementos da descrição bibliográfica

São

elementos

da descrição bibliográfica:

[E Área do título e da responsabilidade - a fonte de informação

é a página de rosto:

Iffi

título,

ou título principal (o nome do livro). Como o título

é o primeiro elemento da descrição, não vem precedido de

pontuação alguma. Registra-se o título na forma em que

aparece na fonte principal de informação, ou seja, na página

de rosto. Por exemplo:

Cozi nhei r os demai s

Iffi

título alternativo:

um outro nome do livro, parte do título

principal, acompanhado da conjunção 'ou' ou equivalen-

tes em outras línguas. O tít ulo alternativo é precedido de

vírgula, espaço, da conjunção 'ou' grafada na língua do

título, vírgula e espaço

l -

ou, ). Por exemplo:

Guy Manneri ng, ou,

o

astró l ogo

Iffi subtítulo, ou outras informações sobre o título (um outro

título que acompanha o título principal, geralmente expli-

cando-o). Reconhece-se o subtítulo porque este é grafado

quase sempre em letras menores ou diferentes das do título

na página de rosto. O subtítulo é precedido de espaço, dois

pontos e espaço [ : ). Por exemplo:

A bi bl i ot eca desapareci da hi st ór i as da

bi bl i ot eca de Al exandr i a

Iffi

autor:

o responsável intelectual pelo texto de um livro. As

informações de responsabilidade são registradas na forma

46

como aparecem na página de ros to. A indicação de respon-

sabilidade é precedida de espaço, barra oblíqua e espaço [ /].

Por exemplo:

Coz i nhei r os demai s / Rex St out

[ffi

co-autores:

os responsáveis intelectuais pelo texto de um

livro, escrito em conjunto por mais de um autor. Os co-auto-

res são registrados se forem até três ('

regra dos três ),

na

forma como aparecem na página de rosto e, não havendo

nenhuma palavra de ligação entre eles, separados por vírgula

e espaço. Havendo quatro ou mais co-autores, registra-se o

primeiro citado, seguido de espaço, reticências, espaço e a

expressão latina abreviada et aI. entre colchetes. Por exemplo:

CCAA2 em 58 l i ções / por El i ane Ser r ão Al ves

Mey e Mar i a Tereza Rei s Mendes

Met odol ogi a ci ent í f i ca / Eva Mar i a Lak3t os,

Mar i na de Andrade Marconi

Pl anej ament o de ensi no e aval i ação / Cl ódi a

Mar i a Godoy Tur r a . . . [ et al . ]

[ffi tradutor: o responsável intelectual pela versão do texto em

outra língua. A indicação de tradutor, após o(s) autor(es),

vem precedida de espaço, ponto e vírgula e espaço [ ; ]. Se

houver mais de um tradutor, segue-se pontuação igual à de

quando há co-autores e se aplicando sempre a 'regra dos

três'. Caso o nome do tradutor não apareça na página de

rosto, deve-se retirar a informação de outra fonte e registrá-Ia

entre colchetes. Por exemplo:

Cozi nheir os demai s / Rex St out ; t r adução: Cel s o

Noguei ra

(os dois pontos aparecem na página de rosto)

I nf or mát i ca para bi bl i otecas / J enni f er Row-

l ey ; t radução de Ant oni o Agenor Br i quet de Lemos

Fi l osof i a da matemát i ca / Stephen F. Bar ker ;

tradução de Leoni das Hegenber g e Oct anny Si l vei r a

da Mat a

47

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7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

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Teor i a dos obj et os / Abraham Mol es ; [ tr adução

de Lui za Lobo] (nome do tradutor no verso da pág ina de rosto)

[ffi ilustrador, revisor, prefaciador entre outros: outros respon-

sáveis pelo conteúdo do Iivro. Estas indicações só devem ser

registradas se aparecerem na página de rosto; caso contrário,

devem ser ignoradas. A forma de transcrição e a pontuação

são idênticas às de tradutor. As informações sobre a respon-

sabilidade são registradas na ordem em que aparecem na

página de rosto. Por exemplo:

I ntr odução à bi bl i ot econom a / Edson Ner y da

Fonseca ; pr ef áci o de Antôni o Houaiss

~ ATENÇÃO De modo geral, o nome does) tradutor(es) vem

após o does) autor(es) e precede informações sobre outros

responsáveis; no entanto, deve-se seguir a ordem apresentada

na página de rosto. Não se briga com a página de rosto

IE Área da edição - as fontes de informação são a página de

rosto, outras preliminares e o colofão:

[ffi edição:

todos os exemplares de um livro produzidos com a

mesma matriz. A indicação de edição compreende um número

seguido da palavra edição, ou seu correspondente em outras

línguas. A área de edição é precedida de ponto, espaço, tra-

vessão e espaço [. -]. Para a língua portuguesa, substitui-

se o número ordinal ou o número por extenso pelo algarismo,

seguido de ponto e espaço, abreviando-se a palavra edição

[2. ed.]. Não se registra a primeira edição, exceto quando

aparece na página de rosto. Por exemplo:

É um campo de batal ha / Graham Greene ; t r adução

de Rut h Leão. - 2. ed.

Gr amát i ca obj et i va I / Adr i ano da Gama Kur y,

Ubal do Lui z de O i vei r a. - 7. ed. , r ev.

48

[ffi responsabilidade pela edição:

o responsável pelas modifi-

cações ocorridas na edição específica de uma obra que tem

seu próprio autor. A indicação de responsabilidade pela edi-

ção é precedida de espaço, barra oblíqua e espaço [ / ]. Por

exemplo:

Econom c hi st or y of Engl and : a st udy i n soci al

devel opment by H. O. Mer edi t h. - 5t h ed. / by C.

El l i s

IE Área dos dados de publicação - as fontes de informação são

a página de rosto, outras preliminares e o colofão:

[ffi local de publicação:

nome da cidade onde se localiza a edi-

tora responsável pela publicação do livro. Registra-se, sem-

pre, a primeira localidade, embora haja exceções. O local de

publicação é precedido de ponto, espaço, travessão e espaço

[  ];

~ ATENÇÃO Se já houver um ponto junto à abreviatura da

palavra 'edição', não se deve acrescentar um segundo ponto;

,

.

assim:

2. ed. - Ri o de J anei r o e  ão 2. ed . . - Ri o de

J anei r o 

[ffi editora:

nome da editora responsável pela publicação. Regis-

tra-se, sempre, a primeira editora, embora haja exceções. O

nome da editora deve ser transcrito na forma mais breve pela

qual possa ser reconhecida. Como ajuda aos catalogadores, a

BNpublicou a obra

Catálogo dos editores brasileiros,

onde

indica a forma de transcrição adotada.

O

nome da editora é

precedido de espaço, dois pontos e espaço [ : ];

[ffi data de publicação:

data em que a obra foi publicada, cor-

respondendo à edição do livro em processo de catalogação.

Quando não há data de publicação, registra-se a data de

49

Page 19: Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

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copyright,

precedida da letra c minúscula. A data é precedida de

vírgula e espaço [, ]. Exemplos:

Cozi nhei r os demai s / Rex St out ; t radução: Cel so

Noguei r a. - São Paul o Companhi a das Let r as, 1991.

Fi l osof i a da mat emát i ca / St ephen F. Bar ker ;

t r adução de Leoni das Hegenber g e Oct anny Si l vei r a

da Mota. - 2. ed. - Ri o de J anei r o: Zahar , 1976.

o espi ão que sai u do f r i o / J ohn Le Car r é ;

t r adução de Adel i no dos Sant os Rodr i gues. - Ri o de

J anei r o: Recor d, c1963.

[B Área da descrição física - a fonte de informação é todo o

item:

 f f i extensão do livro:

número de páginas ou volumes. Registra-

se o número de páginas, seguido de espaço, abreviatura p e

ponto [n p.]; no caso de livro em mais de um volume, o

número de volumes, seguido de espaço, abreviatura v e ponto

[n v.]. Na catalogação tradicional, não há pontuação prece-

dente, porque se abre um novo parágrafo. Por exemplo:

Cozi nhei r os demai s / Rex St out ; t r adução: Cel so

Noguei r a. - São Paul o Companhi a das Let r as, 1991.

223

O novo pr ocesso ci vi l br asi l ei ro : exposi ção

si st emát i ca do pr ocedi mento / J o sé Car l os Barbosa

Mor ei r a. - Ri o de J anei r o: Forense, 1975- 1976.

2 v 

ff i ilustrações:

ilustrações relativas ao texto encontradas no

item. Não são consideradas: ilustrações da página de rosto,

vinhetas, decorações ou tabelas. A indicação de ilustrações

é precedida de espaço, dois pontos e espaço, acrescentando-se

a abreviatura il. [ : il.]. Por exemplo:

Teor i a dos obj et os / Abr aham A. Moles; [ t r adu-

ção de Lui z a Lobo] . - Ri o de J anei r o : Tempo Brasi -

l ei r o, 1981.

189 p. i l .

50

  ff i dimensão do livro:

altura do livro, medida pela página de rosto

nas brochuras e pela capa em obras encadernadas. A altura é

expressa em centímetros; quando há decimais, arredonda-se

para o número inteiro imediatamente superior: 21, I em =22

em. Há uma discussão inúti l sobre a inclusão de ponto após a

abreviatura em (com ou sem ponto, eis a questão ); aqui,

usaremos a forma adotada pela Biblioteca Nacional, com

ponto. Inúmeras bibliotecas não mais registram a dimensão do

livro, por ser de nenhuma utilidade prática, exceto para

acervos organizados por tamanho. A dimensão é precedida de

espaço, ponto e vírgula e espaço [ ; ]. Por exemplo:

Cozi nhei r os demai s / Rex St out ; tradução: Cel so

Noguei r a. - São Paul o: Companhi a das Letras, 1991.

223 p. ; 18 cm

[B Área da série - a fonte de informação é todo o item:

 f f i título da série:

a série é, na verdade, um título comum a mui-

tos livros. Por exemplo, um editor pode reunir seus títulos de

romances policiais sob o título genérico 'Coleção horas em

suspense', como fez a editora Francisco Alves. Assim, trata-se

, o título da série do mesmo modo como se tratam os títulos

principais de um item, utilizando-se a mesma pontuação. A

série não tem previsão de término, nem de periodicidade.

É

registrada entre parênteses, precedida de ponto, espaço,

travessão e espaço, após a descrição física [. - (Título)];

 f f i número do livro na série:

com freqüência, o livro recebe um

número dentro da série. Quando este número vem precedido

da palavra número ou volume, o termo permanece, mas de

forma abreviada: n. ou v. Quando não há palavra, registra-se

apenas o número, sempre em algarismos arábicos. O núme-

ro vem precedido de espaço, ponto e vírgula e espaço [ ; ]. Por

exemplo:

5 1

Page 20: Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-catalogacao-2eliane-mey 20/29

Teor i a dos obj et os / Abr aham Mol es ; [ t r adu-

ção de Lui za Lobo] . - Ri o de J anei r o : Tempo Brasi -

l ei r o, 1981.

189 p. : i l . ; 21 cm - Bi bl i ot eca t empo uni -

versi tár i o ; 62 

i

subsér ie :

t ítulo relativo à parte, ou seção, de uma série e

que aparece sempre junto a uma série. O número do livro

pode ser relativo a uma série ou a uma subsérie, ou haver um

número referente à série e outro à subsérie. A subsérie é rela-

tivamente freqüente. A subsérie vem precedida de ponto e

espaço, após a série [. - (Série. Subsérie ; n.)]. Por exemplo:

Pl anej amento de ensi no e aval i ação / Cl ódi a

Mar i a Godoy Tur r a . . . [ et al . ] ; Ni amara Pessoa

Ri bei r o, r evi sor a. - 9 ed. - Por t o Al egre

PUC/RS, 1975.

307 p. : i l . ; 23 cm -   Col eção l i vro- t exto.

Sér i e uni ver si t á r i a

i re5ponsabilidade pela série: nome de pessoa ou entidade res-

ponsável pela série. A responsabilidade pela série deve ser

transcrita

apenas

quando indispensável à identif icação da

série. A responsabilidade pela série segue a mesma pontuação

da responsabilidade intelectual pela obra, ou seja, é precedida

de espaço, barra oblíqua e espaço [/]. Por exemplo:

 Obras compl et as / Machado de Assi s; v. 2

i  S S  da série: o IS SN é o número internacional padronizado

das publicações seriadas (séries e periódicos). O ISSN é atri-

buído, no Brasil, pelo lBICT e validado internacionalmente.

É raro as séries receberem ISS N (apenas os periódicos costu-

mam ter esse número). Quando existir, o registro é feito

após o tí tulo da série, precedido de vírgula e espaço [, ]. por

exemplo:

  Russi an t i t l es f or t he speci al i st , I SSN 0305-

3741 ; no. 78

52

IE Área das notas - toda e qualquer fonte de informação, inclu-

sive externa.

As notas são informações adicionadas pelo catalogador, de

interesse para o usuário, e que não têm lugar no corpo da des-

crição. O catalogador deve ter sempre o cuidado de redigir notas

concisas e importantes, não sobrecarregando o usuário com ex-

cesso de informações. O AACR2 prevê inúmeras notas, algumas

tradicionais e com forma de apresentação consagrada; outras,

menos importantes; outras, ainda, importantes, porém não muito

utilizadas. As notas seguem a mesma ordem dos elementos na

descrição. Na catalogação tradicional, cada nota é transcrita em

um parágrafo, deixando-se um espaço entre o parágrafo da des-

crição física e da série e a primeira nota. Notas tradicionais:

  f f i nota de título original: indica o título da obra que serviu de

base à tradução, seja o tí tulo na língua original ou uma versão

em outra l íngua. Convencionou-se, no Brasil, usar a forma

'tradução de', seguida de dois pontos, espaço e o título-base

da tradução, transcrito da mesma forma que o título principal:

Teor i a dos obj et os / Abr aham Mol es ; [ t r adu-

ção de Lui z a Lobo] - Ri o de J anei r o: Tempo Bras i -

Le

i

r o , 1981.

189 p. : i l . ; 21 cm - Bi bl i ot eca t empo uni -

ver si t ár i o ; 62

Tr adução de: Théor i e des obj et s.

[ f f i nota de bibliografia: utilizada para indicar que o livro tem

bibliografia. A BN convencionou as seguintes formas:

~ para bibliografia completa localizada em páginas específicas

e seqüenciais:

Bi bl i ograf i a: p. x- y.

~ para bibliografia encontrada no final de cada capítulo, isto

é, dispersa na obra:

I ncl ui bi bl i ograf i as.

53

Page 21: Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-catalogacao-2eliane-mey 21/29

~ para referências bibliográficas encontradas em notas de

rodapé:

I ncl ui r ef er ênci as bi bl i ográf i cas.

~ nota de índice, glossário e dados biográficos: caso a obra pos-

sua um ou todos estes tipos de informação, faz-se uma nota

informal, iniciada pela palavra 'Inclui':

I ncl ui í ndi c e e glossári o.

I ncl ui r ef er ênci a s bi bl i ogr áf i cas e í ndi ce.

Essas são as notas mais comuns e essenciais, mas há inúmeras

outras, inclusive sobre situações não abordadas neste manual.

[E

Área do ISBN - toda e qualquer fonte de informação, inclu-

sive externa:

[ f f i ISBN:

o ISBN é o número internacional padronizado do livro,

criado pelos ingleses em 1969, ratificado pela ISO e transfor-

mado em norma internacional em 1972. No Brasil, é atribuído

às edições brasileiras pela Biblioteca Nacional. O ISBN se

compõe de quatro grupos de dígitos: o primeiro, de dois

dígitos, corresponde à língua ou país de publicação; o

seguinte identifica o editor dentro da língua ou país; o terceiro

grupo identifica o título em determinada edição; o quarto

grupo tem apenas um dígito de controle. Vem sendo cada vez

mais utilizado, principalmente por editores e livreiros, porque

facilita o comércio editorial, tornando-se um elemento muito

importante na identificação dos livros. Na catalogação, é a

última informação da descrição bibliográfica, vindo no último

parágrafo. Por exemplo:

Cozi nhei r os demai s / Rex St out ; t r adução: Cel s o

Noguei r a. São Paul o Companhi a das Letr as,

1991.

223

p. ;

18

cm

Tr adução de: Too many cooks.

I SBN

85-7164-175-7

54

 

[ f f i

qualificação: se um livro tiver dois ISBNs, correspondendo a

uma edição encadernada e outra em brochura, ou à edição

para um país, simultaneamente destinada a outro, as denorn i-

nadas edições transnacionais, colocam-se os dois números,

indicando a qualificação correspondente a cada um deles,

entre parênteses. Os dois números são separados por ponto,

espaço, travessão e espaço [. - ]. Por exemplo:

I SBN 0-684-14258-9   enc.   . - I SBN 0-684-14257-0

  broch.

Concluída a descrição bibliográfica, a segunda etapa da cata-

logação, ou do registro bibliográfico, é a determinação dos pontos

de acesso.

55

Page 22: Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-catalogacao-2eliane-mey 22/29

5

Pontos de acesso

PONTOde acesso é um nome, termo, título ou expressão pelo qual

o usuário pode procurar e encontrar, ou acessar, a representação

de um item em um catálogo. Em catálogos manuais, os pontos de

acesso são: de responsabilidade, de título (aqui incluída a série)

e de assunto.

Os pontos de acesso se dividem em principal e secundários. O

ponto de acesso principal é aquele que encabeça a entrada prin-

cipal, isto é, a primeira informação registrada, acima da descrição

bibliográfica. Os pontos de acesso secundários são todos os de-

mais pontos de acesso além do principal, indicados no último

bloco de informação, na denom inada pista. Por exemplo:

(ponto de acesso principal)

 

Al buquerque, Paul o de Medei r os e.

O mundo emoci onant e do r omance pol i ci al / Paul o

de Medei ros e Al buquerque. - Ri o de J anei ro : F.

Al ves, 1979.

xxi i , 508 p. ; 21 cm

1. Fi cção pol i ci al . I . Tí t ul o.

 

pista com pontos de acesso secundários)

Em am bientes não automatizados, cada um dos pontos de

acesso secundários indicados na pista deve ser

desdobrado,

isto

é, gerar uma ficha de entrada secundária, encabeçada por um

destes pontos de acesso. Assim, o Iivro terá tantas fichas, além da

entrada principal, quantas forem suas entradas secundárias indica-

das na pista, para inserção nos catálogos do público (ver capítulo

7). Exemplo de um ponto de acesso secundário desdobrado:

56

FICÇÃO POLICIAL./ (ponto de acesso secundário)

Al buquerque, Paul o de Medei r o s e.

O mundo emoci onant e do romance

de Medei r os e Al buquer que. _ Ri o

Al ves, 1979.

xxi i , 508 p. ; 21 cm

pol i c ia l / Paul o

de J anei r o : F.

1. Fi c ção pol i ci al . I . Tí tu lo .

Os pontos de acesso se apresentam sob forma padronizada.

Essa forma padronizada se denomina cabeçalho, porque encabeça

a entrada. Assim, tem-se a expressão de LISOorrente cabeçalho

doponto de acesso principal,

Oll

cabeçalho da entrada principal,

da mesmo modo que se tem

cabeçalho do ponto de acesso secun-

dário,

Oll

cabeçalho da entrada secundária.

No exemplo, o nome

do autor é Paulo de Medeiros e Albuquerque, ponto de acesso

principal daquela entrada e assim registrado na descrição biblio-

gráfica. No entanto, o cabeçalho do ponto de acesso principal é a

forma padronizada do nome do autor: Albuquerque, Paulo de Me-

deiros e. A padronização dos pontos de acesso é fundamental para

a reunião de itens semelhantes no catálogo, como, por exemplo,

todas as obras de um mesmo autor ou sobre um mesmo assunto.

Os pontos de acesso principal e secundários têm sua origem no

tempo dos catálogos em livro, quando havia apenas uma entrada

e índices que remetiam das demais formas de busca para esta en-

trada. No século XIX , Com os catálogos em fichas elaboradas ma-

nualmente, lima a uma, manuscritas ou datilografadas, a entrada

principal significava a representação completa do item, Com todas

as informações; as entradas secundárias eram abreviadas, resu-

midas, com uma indicação remetendo à entrada principal para

quem desejasse outros elementos. Assim, por essa necessidade de

eConomia de esforços e tempo, faziam-se dois registros, ou entra-

das, diferentes: uma entrada completa, encabeçada pelo nome do

autor, denominada 'principal' e tantas outras entradas abreviadas

quantas fossem necessárias, denorn inadas entradas 'secundárias'.

57

Page 23: Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-catalogacao-2eliane-mey 23/29

Co nve ncionou-se o uso do nome do a uto r c om o c ab eç alh o da

entrada prin cipal por ser esta a form a mais co mum de busca à

época. No enta nto, a indissociabilida de entre o nome do a utor e

sua obra é u ma trad ição ocide nta l, or iunda dos gregos, diversa da

trad ição orient al, em que as obras são conh ec ida s por seu tí tul o.

As fichas im pressas e vendid as pela Libra ry of Congress, no

in íc io d o séc ulo

xx ,

mantive ram o princ íp io da e ntrada prin cipa l

pe lo cabeçalh o do aut or,

//l eS /1 10

com

to d o s o s re g is t ro s a bso

lu tam en te id ênt icos  

isto é, sem dife rença entre entradas pr inc ipa is

e secun dá rias, ou compl etas e res um ida s.

A automação torn ou essa di versid ade abso lut amente in útil ,

um a vez que se faz um único reg istr o co m vá rios acessos, e que

não pre cisam se r apenas aqueles pr ev istos para a c atalogação

manu al. A lém di sso, os padrõe s in tern ac ionais e a un ive rsa lidade

do s reg istr os lev am a um a visã o mais ampla do qu e o respeito a

tradi ções ocide nta is.

O co njun to desses fatos torn a a entr ada prin cip al e a escolh a de

seu po nt o de acesso, a cada di a, um a  relíqu ia da tecnolog

ia

ultrapassada , como bem diz Go rm an. O pr ópri o

AACR2,

em sua

int rod ução, lev anta a polêm ic a e admite hav er bibliotecas qu e não

co nside ram o 'princípi o' da entrada principa l.

M as não se acaba co m um a tradi çã o de algun s sécul os em

algun s anos . In útil para o bibliotecá rio, des perce bi da e irr elev ante

para o usuário, ainda perm anece e assim ficará po r c ert o tempo a

entrada prin cip al, ge rando esforços sem se ntido e muita

polêrn

ica

in ter nac ional. Enquanto não se leva o 'prin cípi o' da entrada prin-

cip al para seu lu ga r adequado - um muse u da biblioteconom ia

_, este ain da deve ser ensin ado e apr end ido .

A segun da parte do AACR2 abrange regras sobre pontos de

acesso de autor e títul o. A determ in ação dos pontos de acesSo

pr in cipa l e secun dár ios compree nd e du as etapas: a p rimeira , de

escolh a dos ponto s de acesso e a segun da , de fo rm a dos cabe -

ça lh os .

58

o ca pí tul o 20 é introd ut ór io. O c apítu lo 21 tr at a da e scolh a dos

ponto s de a ce ss o, isto é, in clu i reg ras qu e determinam qu ais de- '

vem ser os pontos de acesso de responsa bili da de e título pa ra cada

tipo de item , disti ngui ndo o prin cipa l dos secun dários. O capítul o

22 tr at a do s c ab eç alh os dos pont os de a ce ss o para nomes pesso-

ais; o 23, pa ra nomes geográf icos; o 24, para nomes de entid ades

co letivas; o 25 , pa ra títulos un ifo rm es; e o 2 6 trata das remi ss ivas.

Es te manu al abor dará apena s os nomes pessoais, os títulos unifor-

mes e as rem iss ivas, abrange ndo somente os casos mais simples .

De acordo co m as reg ras do ca pítulo 21 , em te rm os simples e

res umidos, o ponto de acesso prin cip al de um a obra ser á:

• o nome de seu auto r, semp re, qu and o há apenas um autor

res ponsável por ela;

• o nome do primeir o autor citado qu and o há até tr ês auto res (a

'reg ra dos três');

• o nome do a utor indica do como princip al, qu and o há qu atro ou

mais auto res ;

• o título da obra, quand o há qu atr o ou mais autores e nenhum

de stes é indica do co mo princip al:

. • o título da obr a, qu and o es ta for anônima (c aso extr emamente

raro, para não di ze r in exi st ent e, hoje em di a) ;

• o títu lo da obr a, qu and o es ta co nt ive r vá rias obr as in depen-

dent es , de vá rios autores , reun idas sob um título ge ral, ou

co let ivo (isto é, qu and o se tr at ar de um a

co le tânea

COIII

título

 ,O/lIUIII .

Dev em -se criar pont os de acesso secun dários :

• pa ra o título, semp re, exceto qu and o o título fo r pont o de

ace sso princip al;

• para os outros autores, se houve r até tr ês ;

• pa ra o primeir o autor citado, hav end o qu atr o ou mais aut ores

c nenhum indica do co mo prin cipal;

• pa ra os coordenad ores, orga ni za dores ou edit ores res ponsáveis

por lim a co let ânea de obr as com títu lo co letivo, se forem até

59

Page 24: Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-catalogacao-2eliane-mey 24/29

três; havendo mais de três, apenas para o primeiro citado; de

nome-título e título para as obras incluídas na coletânea, se

forem até três, ou para seus autores, se forem até três e houver

mais de três obras;

• para a série, se o Iivro pertencer a uma série.

Os pontos de acesso secundários são indicados na pista na se-

guinte ordem: de assunto; de nomes pessoais de autores; de no-

mes pessoais de outros responsáveis; de nome-título para nomes

pessoais; de nomes de entidades coletivas; de nome-título para

entidades coletivas; de títulos e de séries. Os pontos de acesso de

assunto são numerados com algarismos arábicos; todos os demais,

com algarismos romanos. Não se repetem na pista os títulos e os

nomes das séries; apenas se indica a necessidade de ser feita

entrada secundária. Exemplos de pontos de acesso principal e

secundários, de autor e título:

[B um autor:

Souza, Már ci o.

A cal i graf i a de Deus / Már ci o Souza. - São

Paul o: Mar co Zer o, 1994.

159 p. ; 21 cm

I SBN 85- 279- 0168- 4

I . Tí t ul o.

[B até três autores:

Campel l o, Ber nadet e Santos.

Font es de i nf ormação especi al i zada : caracte-

ter í st i cas e ut i l i zação / Ber nadet e Santos Cam

pell o, Car l i t a Mar i a Campos. - Bel o Hor i zonte

Ed. UFMG, 1988.

143 p. ; 21 cm - Font es de i nf ormação espe-

c ial i zada 

I SBN 85-7041-039- 5

I . Campos, Carl i t a Mari a. 11. Tí t ul o. 111.

Sér i e.

6

[B quatro ou mais autores:

Planej amento de ens i no e aval i ação / Cl ódi a Mar i a

Godoy Tur r a . . . [ et al . ] . - 9. ed. - Por t ó

Al egre: PUC- RS, 1975.

307 p. ; 21 cm - Col eção l i v ro- t ext o. Sér i e

uni ver s i t ár i a

I . Tur r a, Cl ó di a Mar i a Godoy. 11. Sér i e.

[B obra anôn ima:

Bef or e t he cur tai n f al l s . - I ndi anapol i s

Mer ri l l , c1932.

333 p. ; 2

o

cm

[B coletânea com título coletivo ou comum:

Bobbs-

Three Aust ral i an pl ays / compi l ed by H. G. Ki p-

pax. - Harmondswort h : pengui n Books, 1963.

311 p. ; 18 cm - pengui n pl ays 

Cont eúdo: The one day of t he year / Al an Sey-

mour - Ned Kel l y / Dougl as St ewar t - The t ower /

Hal Por t er .

I . Ki ppax, H. G. 11. Seymour , Al an. The one day

of t he year . I I r . St ewar t , Dougl as. Ned Kel l y.

I V. Por t er , Hal . The t ower . V. Tí t ul o: The one day

of t he year . VI . Tí tul o: Ned Kel l y. VI I . Tí tul o:

The t ower . VI I I . Sér i e.

lar   ATENÇÃO  Exceto quanto ao ponto de acesso de assunto,

considerado impl ícito, todos os elementos que geram pontos

de acesso devem estar, obrigatoriamente, presentes na des-

crição, seja no corpo, seja em notas. No entanto, a forma do

ponto de acesso pode ser diferente da forma registrada na

descrição, e o é na maioria das vezes.

5 Pontos de acesso de nomes pessoais

O capítulo 22 do i\i\CR2 trata dos cabeçalhos de ponto de acesso

para os nomes pessoais, sejam estas pessoas responsáveis por uma

61

Page 25: Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-catalogacao-2eliane-mey 25/29

obra ou assunto de uma obra (como no caso de biografias). Esse

capítulo também se divide em duas partes: na primeira, as regras

sinalizam para a escolha do nome da pessoa que será a base para

o cabeçalho; na segunda, indicam a forma do cabeçalho a partir

do nome escolhido. As duas etapas são importantes porque as

pessoas, às vezes, usam mais de uma forma de nome, mudam de

nome ao longo da carreira, usam nome e pseudônimos simulta-

neamente, ou usam um único pseudônimo em conjunto com

outra(s) pessoa(s).

Quanto à escolha do nome que será a base para o cabeçalho,

resum idamente, as regras determ inam que se escolha:

• a forma do nome pela qual a pessoa é conhecida, isto é, a forma

encontrada na página de rosto de suas obras em sua própria

língua, seja seu nome ou um pseudônimo;

• quando as formas do nome variam em diferentes obras, dar

preferência à forma predom inante;

• quando as formas do nome variam e não há forma predo-

minante, dar preferência à forma mais recente;

• quando a pessoa usa seu nome e/ou vários pseudônimos, não

havendo forma predominante, fazer o cabeçalho de acordo com

o nome encontrado na página de rosto;

• quando duas ou mais pessoas usam um único pseudônimo para

obras escritas em conjunto, escolher o pseudônimo.

Exemplos:

Agat ha Chr i st i e

não

Agat ha Mar y Cl ar i ssa M l l er Mal l o

wan

não

Mar y West macot t pseudôni mo em al gumas de suas

obr as

Mark Twai n

  pseudôni mo usado em t odas as s uas obras

não

Samuel Cl emens nome verdadei r o

Mar i a J osé Dupr é   f orma mai s r ecent e

não Sra. Leandro Dupr é f or ma mai s ant i ga 

J ohn Creasey nome verdadei ro ou um dos pseudôni -

mos:

Gor don Ashe

M chael Hal l i day

J . J . Mar r i c

Ant hony Mor t on

J er emy Yor k

  não há f or ma pr edom nante

El l er y Queen   pseudôni mo conj unt o de Fr eder i c Dannay

e Manf red B. Lee  .

Quanto à forma do cabeçalho, após a escolha do nome, a regra

é muito simples: basta seguir a forma usada na língua da pessoa,

iniciando-se o cabeçalho pelo sobrenome na grande maioria dos

casos. Mas existem situações especiais, dependendo da língua, ou

mesmo do nome adotado pela pessoa. Em síntese:

• na língua portuguesa: o sobrenome

é

o último elemento do

nome da pessoa, exceto no caso de

Júnior,

Filho, Neto, Sobri-

nho e assemelhados; os sobrenomes só são considerados com-

postos quando têm hífen ou formam urna expressão; os sobre-

nomes de origem estrangeira seguem, em geral, a regra da

língua estrangeira de origem. Exemplos:

Al mei da, J osé de

Vi anna Fi l ho, Oduval do

Guerra- Pei xe, César

Cas t el l o Branco, Car l os

De Sor di , Nei de Al v s D as (nome

til:

origem italiana)

• na língua espanhola, o sobrenome

é

o penúltimo elemento do

nome; se o sobrenome contiver um artigo, sem preposição, o

cabeçalho começará pelo artigo. Por exemplo:

Cotar el o y Mor i , Em l i o

Las Heras, Manuel Antoni o

Casas, Bart ol omé de l as

• na l íngua inglesa, o sobrenome é o último elemento do nome;

Ignoram-sc as formas Junior (Jr.) e Senior (Sr.), que devem ser

63

Page 26: Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-catalogacao-2eliane-mey 26/29

omitidas do cabeçalho; se o sobrenome contiver preposições ou

artigos, estes iniciarão o cabeçalho. Por exemplo:

Greene, Gr aham

Dos Passos, J ohn

Le Car r é, J ohn

• na língua francesa, o sobrenome é o último elemento do nome;

se o sobrenome contiver um artigo ou um artigo contraído com

uma preposição, iniciar-se-á o cabeçalho pelo artigo ou pelo

artigo contraído; sobrenomes compostos se iniciam pelo pri-

meiro elemento do sobrenome. Por exemplo:

Beauvoi r , Si mone de

La Fontai ne, J ean de

Ou Mér i l , Edél estand Pont as

Sai nt - Exupér y, Ant oi ne de

• na língua italiana, o sobrenome é o último elemento do nome;

se o sobrenome contiver artigo ou preposição, iniciar-se-á o

cabeçalho pelo artigo ou preposição (exceto no caso de nomes

até o século

XV I,

para os quais devem ser consultadas fontes de

referência). Por exemplo:

Eco, Umber t o

Da Pont e, Lor enzo

• nas línguas chinesa e húngara, o sobrenome é o

pruneiro

elemento do nome. Por exemplo:

Mao, Tse- Tung

Mol nár , Fer enc

• no caso de nome formado apenas por prenomes, inverter a

posição do segundo prenome, como se fosse um sobrenome.

Por exemplo:

Ri cardo, Cassi ano

• no caso de nome formado por apenas um elemento ou um

único sobrenome, acrescido de Júnior, Filho, Neto, Sobrinho e

64

assemelhados, fazer o cabeçalho na ordem direta, sem Inver-

são. Por exemplo:

Adoni as F i l ho

Fábi o J Úni or .

l.íNGU A

INIC IA R PELOS PRITIXO S

NÃ O INICIAR

PU .OS PRE FI XO S

  \lr lU g U t: S

(Nom es de origem estrangeira.

de aco rdo com o uso da língua .)

Arn. irn. vom. zum. zur

l.a. los

VOIl. VOIl der, zu

De, de Ias. de lcs, de los. dei

Dc. d'

Todos

A/ cm<lo

hp anh ol

Frane~s

l.a, lc, I'. des. du

Il oland ~s c ilamcngo V er

Todos os demais

In gl~s

Todos

It aliano

A. d. da. de. dcl], defla di . li . 10

Tabela I. Uso de

prc fixo x

de nomes pessoais de diICrcntcs línguas

IQ  A/ /:N( ÀO  O catalogador, embora deva conhecer as regras

que determinam a forma dos cabeçalhos, nunca está sozinho

nesta tarefa. Existem

inúmeros

instrumentos de auxílio: enci-

clopédias, biografias e, o mais importante, as listas erga-

n izadas de cabeçalhos autorizados, como as da

1.( 

e as do

BI/3UOD \T \/C \I.CO.

Essas Iistas são conhecidas como' listas

de autoridade' (em bora a melhor denorn inação em português

fosse 'lista de cabeçalhos autorizados'). O bom catalogador,

além de saber fazer, sabe também onde procurar auxílio.

5.2 Pontos de acesso de

título

Sob a expressão 'ponto de acesso de título' se abrigam, não

apenas os títulos próprios, ou principais, da obra, mas também ou-

tros títulos pelos quais a obra possa ser procurada e as séries. A

65

Page 27: Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-catalogacao-2eliane-mey 27/29

série nada mais é do que um título comum a várias obras indepen-

dentes, publicadas em suportes físicos independentes. Registra-se

o ponto de acesso de título na forma como aparece na descrição.

Não se faz ponto de acesso secundário para subtítulo. Exemplo:

Font es de i nf o rmação especi al i z ada

Campe l l o, Bernadete Santos.

Font es de i n f ormação especi al i zada : car act e-

r í st i cas e ut i l i zação / Ber nadet e Sant os Campel l o,

Car l i t a Mar i a Campos. - Bel o Hori zonte: Ed. UFMG,

1988.

143 p. ; 21 cm -   Fontes de i nformação espe-

ci al i zada 

I SBN 85- 7041- 039-5

I . Campos, Car l i t a Mar i a. l I . Tí t ul o. I I I . Séri e.

Também se registra o ponto de acesso secundário de série na

forma como aparece na descrição, eliminando-se os parênteses.

Não é necessária a transcrição do número do item na série, mas

pode ser incluído. As séries apresentam às vezes pequenas varia-

ções no nome; neste caso, o catalogador deve uniformizar o t ítulo

para reunir todos os itens pertencentes à série. Por exemplo:

Col eção hor as em suspense 14

Rendel l , Rut h.

Not urno par a Mar gar et / Rut h Rendel l ; t r adução

de Hél i o Pól vor a. - Ri o de J ane i r o: F. Al ves , 1978.

156 p. ; 21 cm - Col eção hor as em suspens e ;

14 

Tradução de: Fr om doom w t h deat h.

I . Tí t ul o. l I . Sér i e.

lEi  AITN<;Ao  Os pontos de acesso são normalizados pelo

catalogador; no entanto, na descrição bibl iográfica, trans-

crevem-se os elementos de responsabi Iidade e título tal como

aparecem na página de rosto.

66

5 2  Títulos uniformes

Os títulos uniformes, como o próprio nome diz, são títulos

padronizados, que visam à reunião de todas as manifestações de

uma obra no ca tálogo. Muito utilizados para música erudita, atos

legais, escrituras sagradas, obras anônimas e obras traduzidas em

várias Iínguas, são regist rados entre colchetes, antes da descrição

bibliográfica e após o ponto de acesso principal de autoria.

Opcionalmente, segundo o J\J\cR2, podem-se retirar os colchetes

do título uniforme que é ponto de acesso principal- forma usada

no Brasil, embora não pareça muito lógica. Por exemplo:

Amado, J orge.

[Gabri ela, cr avo e canel a]

Gabri el a, cl ove and ci nnamon

[ M l e uma noi t es]

Hi s t ór i as das m l e uma noi t es . . .

 

M l e uma noi t es

Hi st ór i as das m l e uma noi t es . . .

.O capítulo 25 do J\J\cR2 trata dos títulos un iformes, embora

não de forma completa, e segue as diretrizes estabelecidas pela

Conferência de Paris, em 1961. Em termos simples, o título

uniforme para obras literárias, exceto as clássicas ou aquelas

escritas em alfabeto não-latino, é o título original da obra ou um

título pelo qual a obra seja mais conhecida. Por exemplo:

D ckens, Char l es.

[ Pi ckw ck papers]

As avent ur as do Sr . Pi ckw ck . . .

Tradução de: The Pi ckw ck paper s .

Os t ítulos uniformes podem receber acréscimo de língua, entre

outros, sempre que necessário para distinguir ou reunir as dife-

rentes manifestações da obra. Por exemplo:

67

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7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-catalogacao-2eliane-mey 28/29

Amado, J or ge.

[ Gabr i e l a, cr avo e canel a. I ngl ês]

Gabr i el a, cl ove and ci nnamon . . .

o títu lo uniforme é dispensável quando idêntico ao título

principal da obra. Finalmente, no cas o de obras baseadas em

outras, ou que comentam outras, pode -se criar um ponto de acesso

secundário de nome-título uniform e para a o bra origina l. Po r

exemplo:

Sut t on, Fel i x.

Advent ur es of Tom Sawyer / by Mark Twai n

r ewr i t ten f or young r eader s by Fel i x Sut t on

I . Twai n, Mark. [ Tom Sawyer ] .

A decisão quanto ao uso de títulos uniform es depende de cada

biblioteca. B em empreg ado , torna- se um poderoso instrum ento de

a ux íl io p ara o u su ári o.

5.3 Pontos-de acesso de assuntos

Os pontos de acesso de assuntos nã o são abordados no AA CR2 ,

nem na m aioria das obr as so br e catalogação, porque a análise e a

re pr es en ta çã o d o c on teúd o de um item , ou re pres entação temática,

ou indexação, se des env olv eram muito , tornando-se um cam po de

e studo e specí fic o d a b ib lio teconom ia . O tema, neste

livro=será

tratado de m odo ge néric o, ap enas sinalizando para alguns dos

c am i nh os.

W ynar ressalt a:

Li vros são as exp re ss õe s escrit as das idéias hum anas c e sta s id éia s podem se r

expre ss as sob dif ere ntes po ntos de vista e em diferentes nívei s. Um assunt o

pod e ser tra tado em algun s livro s ao níve l popular . em outr os . encontramos

um tratament o ci ent ífico . Muitos assunt os pode m ser di scutidos em um livro.

ou um assunt o pode ser di sc utido sob m ú lt ip los aspe ctos. O s usuário s pod em

também solicit ar livros pa ra diferente s fin alid ade s e o tratam ento de um

ass unto que sa ti sfaça a um a categoria d e l ei tor pode não sati sfa zer a outra.

[ . . . ] Com o risco de um a simplificação exce ssiva , pode-se di zer que [ ... ] o s

cabeçalho s de assunt o dão um a

abordagem

tópica, r eu ni nd o t od os o s a sp ec tos

de um assunt o sob seu ca beçalh o ou nome . Quand o tomados j un ta me nt e c om

68

o esqu ema de class ifi ca ção . fornec em ao usuário um a dupl a abord agem de

ass unt o para os materia is d a b ib lio teca: a lóg ic a e a tópi ca .

Shera e Ega n, ci tados por W yna r, res umiram os obj et ivo s da

ca talogação de as suntos como segue:

I . Pr ove r ace sso por ass unto a todo m aterial re lev ante.

2.

Pr ove r acesso por ass unt o ao s m a te ri ais atr avés de todos os princípi os de

orga nização dos assunt os, por exe mplo. matéria. pr oce sso.

apli cabilidadc, ctc.

3. R eunir referências a materiais que tratem sub stancialm ente do me smo

ass unt o. indep en de ntem ente das disparidades na termin olog ia, ou dispari-

dados

result antes de diferenças nacionai s, dif erenç as entr e grup os de

espec ial is tas e/ou da natureza

mutávcl

do s conceit os do própri o

terna.

4. Mostrar as relaçõe s entre os campos do ass unt o. relações qu e podem

depende r das similitudcs da m atéria estud ada. do método . ou do ponto de

vista. ou do uso ou apli cação do conhecimento .

5 . Pr ov er um a entrada para qualquer campo de assunt o . em qualquer nível

de análise . da ma is geral à mais

específica.

6.

Pr ov er uma entrada atr avé s d e q ua lq ue r t er mi no logia co mu m a qualquer

gru po consideráve l de usuários. especialista ou leigo.

7. Pr ov er uma descri ção formal do conteúd o do assunt o para qu alquer

uni dade

bibliográfic a

nos termos ma is preciso s. ou

espe cífi co s.

pos síve is .

esteja a descrição em forma de uma palav ra ou fras e breve . ou em form a de

um número de c las s ifi caç ão ou símbolo .

8. Prover meios para o usuário se lecionar entre todos os it ens de uma

ca tegoria particular. de aco rdo com qualquer conjunto de crit érios esco lhido .

ta is co mo: mais abrangcntc , ma is r ec en te . m ais elem ent ar. ctc.

Mary Pi gg ott as sinala:

o catalogador dev e estabelecer o assunto espec ífico de um livro dentr o de seu

co nte xto . leva nd o em consideração a finalidade para a qu al foi escrit o . o

ponto de vista do autor, as limitaçõe s d e t em p o e espaç o em qu e o assunto foi

estud ado e o público leitor a que se d ir ige. Muita de ssa inf ormação pode ser

lev antada da pág in a de ros to . sum ário . es t il o e c on te údo das ilu strações. nome

da série na qu al o livro f oi p u bl icado. poss ivelmente em co njunto co m os

nomes de outr os vo lumes na série: talvez um prefáci o m anif este expli c ita -

m ente a

finalidade

do aut or e o público leitor qu e ele tinha em mente.

Obviam ente , o títul o de uma obra é de primeira importância na de signação

de seu conteúdo. [ .. . 1 t  : trabalho do catalogador interpretar ou

amplificar

a

pr oposiçã o do autor, en co ntrar o sím bolo de cla ss ificação ou cabeçalh o de

ass unt o que co loca rá a obr ajunto a outras do mesmo ass unt o e , ass im . usada

69

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7/17/2019 Introdução à Catalogação 2_Eliane Mey

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em conjunto com a descri ção bibliográfica, Ia repre sentação tcm ática]

permitir á ao leitor dec idir se o livro pr eenche , ou não , as suas necess idades.

Deve-se ter muito cuidado no uso do título co mo fonte para

determinação do assun to. Faz parte do anedotário da bibliotec o-

nomia a história do ca talog ad or qu e cl as sific ou a obra

Raizes do

Brasil,

de Sé rgio Buarque de Hollanda, em botânica ... Outro

e xe mp lo s ig nific ativo são os itens

Viva o povo brasileiro,

d e J oã o

Ubaldo R ibeiro , e O

povo brasileiro,

de Darcy Ribeiro , comple-

tamente distintos, apes ar das semelh anç as de título e do nome dos

autores.

Cutter , em suas Rules determ inou reg ras , ou princípios, para a

esc olha dos assuntos e seus ca beçalhos . Res um idament e, pode- se

pinçar das reg ras de Cut ter:

a) uso do cabeçalh o de assun to relativ o à obr a, e n ão re la ti vo

à classe em qu e se in clui es te assun to; isto é, a m aior espe ci-

ficidade po ssíve l;

b) uso do ca beçalh o relativo ao ass un to pr eponderante, quando

os assuntos de um a obra se s up erpõern ;

c) uso do cabeç alho na lín gua do usuário;

d ) e limi na ção de sinonímia ;

e) uso do cabeçalh o mais familiar ao gru po de usuários da

biblioteca.

Quanto ao número de assun tos a serem atribuídos, Cutter

su ge re a s se guintes qu es tões, para a inclusã o de v á ri os a ss un to s:

a) seria a obr a de utilidade para qu em es tivesse bu scando es te

ass unto específico ;

b) é es ta ent rada necessá ria , ou bas ta um a rem iss iv a?

Ap ena s conh ec end o se us usuários pode o c atalogado r de te r-

m inar o nível ó tim o de ind ex ação . De modo ge ral, em b ib li ot ec a s

multidisciplinares , tem- se consid era do qu e três assuntos são sufi-

c ie nte s p ara repr es entar o co nt eúd o de um item de natureza téc-

nica e men or número, ain da, para obr as lit erárias . Porém , é d es e-

jáv el qu e se cr iem tanto s pontos de acesso de ass un tos quanto

'necessários , des de qu e ajudem o usuário e não so br ecarr eg uem os '

catálogos.

A obra mais recent e, em p or tu gu ês, sobre indexa ção, é a de

Lanca ster, qu e divide a indexação em duas etapas: análise c on-

ceitual e tradução, isto é, representação do assunto na form a

padroni za da . Lan cas ter re ssalta:

1 ·· · ln ão existe um co njunto 'correto' de term os d e i nd cxação para doc umento

algum . A mesma publicação pode se r i nd exada de form a bas tant e dif erente

em difer entes ce ntr os de inf orm ação . e de ve ser indcx ada de modo dif erente.

se os grupos de usuários estiverem interessa dos ne sse doc um ent o por

di ferent es razões.

O indcx ador. ent ão. de ve fo rm ular várias per gunt as acerca de um

do cum ent o:

I. De que trata')

2. Por qu e

1  

i i ncorporado a no ss o a ce rv o')

3 . Quais de seu s as pe cto s se rão de interesse para nossos usuários ')

O ass un to de um Iivro pode ser representado por palavras ou

por códi gos. Wynar ass inala, com muita razão , qu e o usuário,

bu scando inf orm ação

sobr e det erminado assunt o. abordará o catálogo com questões formuladas em

suas proprias palav ras. as qu ais. por se u tu rno. de vem ser traduzidos em

catego rias Iormais (predeterminada s) de assunto do catálogo. Essa cornu-

nicação en tre o consulcruc e o ca tá log o 1... 1 te rá lugar independentem ente do

tipo de catálogo a se r consultado ou do arranjo de sua s entradas.

Ma is um a vez, devemo s lern brar que I idarnos com repr esenta-

ções e proc urar saídas qu e fa cil it em a o m áx im o a bu sca por parte

do usuário.

Os itens, em ge ral, apr es en tam e sp ec if ic id ad es, aspectos parti-

cu lares de um as sunto, ou m ais de um assunto; visan do a expri-

m ir es tas dif erent es ab ordagens, a representação pode relacioná-

Ia s pr eviamente, no momento d a i nd ex aç ão, denom inando-se

i

nd ex aç ão pr é-c oo rdena da; ou relacioná-Ia s po steriorment e, no

mo mento da busca , denom ina ndo-se indexação pós-c oordenada.

Por ex emp lo:

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