Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

24
Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Transcript of Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Page 1: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Intolerância à lactose:

diagnóstico e conduta clínica

Page 2: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica
Page 3: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Troelsen JT. Adult-type hypolactasia and regulation of lactase expression. Biochim Biophys Acta 2005; 1723:19-32.

Biossíntese da lactase no enterócito do intestino delgado

1- gene RNAm 2- pré-enzima 3- glicosilada 4- forma dímero 5- perde fragmentos 6- expressada na borda em escova enterócito

Page 4: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Atividade da lactase

Menor no duodeno, jejuno distal e íleo

Diagnóstico por biópsia jejunal

Primeiro método diagnóstico, muito invasivo.

Atividade no duodeno menor, pouco confiável.

Maior a partir do jejuno proximal

Dahlqvist A. Anal Biochem 1968, 22:99-107. Mattar R, Mazzo DFC, Carrilho FJ. Clin Exp Gastroenterol 2012; 5:113-21.

Page 5: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Teste de tolerância à lactose-curva glicêmica

• Glicemia de jejum

• Ingere lactose dose de 50g (~ 1 litro de leite)

• Curva glicêmica- 15, 30, 60 e 90min.

• Aumento menor de 20 mg/dL na glicemia- sugere má digestão de lactose, pode se acompanhar de sintomas.

• Sensibilidade 78%, especificidade 93%

Hovde O, Farup PG. BMC Gastroenterol 2009;9:82.

Page 6: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Flora intestinal Fermenta lactose em H2, metano, CO2 e ácidos orgânicos.

SINTOMAS – INTOLERÂNCIA Flatulência, borborigmos, distensão, cólica e eventualmente diarreia

Lactose não digerida pela lactase, chega no intestino grosso

He T, et al. Colonic fermentation may play a role in lactose intolerance in humans. Nutr.J 2006;136: 58-63.

Page 7: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Sintomas- outras causas • Feijão, brócolis, batata, couve-flor, cebola- rafinose e estaquiose,

o intestino humano não produz enzimas que os digerem; • Produtos dietéticos que são usados como adoçantes, sucralose,

manitol, sorbitol; • Fibras e suplementos de fibras. • Síndrome do intestino irritável e supercrescimento bacteriano

(inibidores de secreção ácida gástrica, por exemplo omeprazol).

• É necessário fazer diagnóstico, se a causa dos sintomas é a hipolactasia.

• Evita a retirada desnecessária do leite e demais produtos lácteos com consequências futuras nos ossos.

Mattar R, Mazzo DFC, Carrilho FJ. Clin Exp Gastroenterol 2012; 5:113-21; Johnson DA. Belching, bloating, and flatus: helping the patient who has intestinal gas. Medscape gastroenterology. 2010.

Page 8: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Teste respiratório do hidrogênio para tolerância à

lactose.

0

20

40

60

80

100

120

Positivo

Negativo

0 60 90 120 150 180

ppm

1- Preparo, dieta, não pode fumar, jejum 2- desafio 25 g lactose 3- amostras ar expirado 4- demorado 5- provoca sintomas 6- laborioso 7- realizado por médico

Page 9: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica
Page 10: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

- 9 famílias finlandesas com hipolactasia;

- análise de haplótipos com marcadores de microssatélite no intervalo 47kb no 2q21,

- identificaram alelo polimórfico LCT-13910C>T distante do gene da lactase associado com a hipolactasia primária.

- estudo em diversos grupos populacionais europeus, asiáticos e americanos mostrou associação completa do LCT-13910C>T com hipolactasia e lactase persistente.

Enattah NS et al. Nat Genet 2002; 30: 233-7.

Page 11: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Genótipos Teste respiratório - Teste respiratório + Total

CC 1 (3.6%) 27 (96.4%) 28 (56%)

CT 19 19 (38%)

TT 3 3 (6%)

Total 23 (46%) 27 (54%) 50 (100%)

50 adultos brasileiros, 38 caucasianos e 12 de origem africana Genético- 100% sensibilidade e 96% especificidade A concordância com o teste respiratório foi quase perfeita (Índice Kappa=0,96, p<0,0001). Vantagens- sem preparo, dispensa jejum, simples coleta de sangue, não provoca sintomas.

Page 12: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Genótipos Brancos Mulatos Negros Japoneses Total

CC 226 (56,6) 37 (56,9) 40 (80) 53 (100) 356 (62,8)

CT 149 (37,3) 26 (40) 8 (16) 183 (32,3)

TT 24 (6) 2 (3,1) 2 (4) 28 (4,9)

CT e TT 173 (43,4) 28 (43,1) 10 (20) a None a 211 (37,2)

Total 399 (100) 65 (100) 50 (100) 53 (100) 567 (100)

a p<0,01

Page 13: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Japoneses LCT-22018GA LCT-22018GG Total

LCT-13910CC 3 (5.4%) 53 (94.6%) 56 (100%)

Page 14: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Detecção molecular de hipolactasia PCR-RFLP

HinfI

HhaI

Page 15: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

LCT- 13910C>T LCT-22018G>A/-13910CC LCT-13915T>G LCT- 14010G>C LCT- 13907C>G

Distribuição dos polimorfismos de persistência da lactase no mundo.

Mattar R, Mazzo DFC, Carrilho FJ. Clin Exp Gastroenterol 2012; 5:113-21.

Page 16: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Stephen P Wooding A capacidade de digerir a lactose na idade adulta é um traço evolutivo recente que surgiu em alta frequência em algumas populações, coincidindo com a domesticação do gado. Um novo estudo mostra que variantes responsáveis por este traço surgiram independentemente em Europeus e Africanos. NATURE GENETICS | VOLUME 39 | NUMBER 1 | JANUARY 2007

Page 17: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Comparison of Quick Lactose Intolerance Test in duodenal biopsies of dyspeptic patients with LCT-13910C>T genotypes. Rejane Mattar, Anibal Basile-Filho, Rafael Kemp, José Sebastião dos Santos

FMRP-USP, FMUSP “submetido para a publicação”

2 Biópsias do duodeno (pós bulbar)- 2 mm cada, obtidas durante endoscopia digestiva alta.

Page 18: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica
Page 19: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Questionário alimentar –ingestão de alimentos com lactose e presença de sintomas

Tipo de alimento ingerido e presença de sintomas SIM NÃO

Leite

Leite condensado

Creme de leite, chantilly

Sorvete e milk shake

Pudim

Manteiga, margarina

Iogurte

Queijos

Salsicha branca

Bolos em geral, bolachas, chocolates

Pizzas, massas

Sopas cremosas

Page 20: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Associação dos sintomas após ingestão de alimentos com lactose e genótipos de hipolactasia e lactase persistente, p=0,062.

Sintomas Genótipo hipolactasia Genótipo lactase persistente Total

SIM 9 1 10

NÃO 13 9 22

Total 22 10 32

Sintomas Normolactasia Hipolactasia leve Hipolactasia severa Total

SIM 1 1 8 10 (31%)

NÃO 8 11 3 22

Total 9 12 11 32

Associação dos sintomas após ingestão de alimentos com lactose e resultado do Quick Test (fenótipo), p<0,05.

Page 21: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Dados demográficos dos pacientes com sintomas e resultados do Quick Test e genótipos LCT-13910C>T.

Idade Gênero Raça Sintomas Hipolactasia Genótipo

27 F Caucasiano Leite, produtos lácteos Severa CC

38 F Africano Leite, produtos lácteos Severa CC

27 M Caucasiano Leite, produtos lácteos Severa CC

46 M Africano Leite Severa CC

55 F Africano Leite, produtos lácteos Severa CC

51 F Caucasiano Leite, produtos lácteos Leve CC

46 F Caucasiano Leite Normolactasia CT

58 F Africano Queijo e massas Severa CC

44 F Caucasiano Leite Severa CC

71 F Africano Leite grande volume Severa CC

Page 22: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Concordância dos genótipos com o “Quick Test”

100% sensibilidade e 90% especificidade. A concordância com o exame genético foi quase perfeita (Índice Kappa=0,92, p<0,0001).

Quick Test/Genótipos Normolactasia Hipolactasia leve Hipolactasia severa

Genótipo CC (Hipolactasia) 11 11

Genótipo CT (Persistente) 6 1

Genótipo TT (Persistente) 3

Page 23: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Conduta clínica- manter os produtos lácteos

• Restrição inicial, introduzir lactose – sintomas.

• Leite até 1 copo bem tolerado com refeições.

• Leite com baixo teor de lactose, coalhada e queijos têm baixo teor lactose, bem tolerados.

• Lactase com certos alimentos.

Mattar R, Mazzo DFC, Carrilho FJ. Clin Exp Gastroenterol 2012; 5:113-21

Page 24: Intolerância à lactose: diagnóstico e conduta clínica

Obrigada

Dra. Rejane Mattar- médica assistente do Laboratório de Provas Funcionais do Aparelho Digestivo do Serviço de Gastroenterologia Clínica Instituto Central do Hospital das Clínicas da FMUSP Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar 155, 2° andar, BLOCO 6 São Paulo, SP, 05403-000 E-mail: [email protected] [email protected] [email protected] Telefone: 11- 26616150

EQUIPE DE COLABORADORES