Intervencao social modulo iii

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PROFESSOR(A):________________________________________

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Texto: Quem são os seres humanos?

Cidade lotada, caótica, trânsito parado, pessoas estressadas, doentes mal amadas. É assim que enxergo São Paulo quando estou no trânsito. As pessoas estão infelizes. Pior, elas são vítimas de alguma doença que a cura nem é tão difícil, mas depende apenas delas. Mas entre todas essas mazelas da vida-louca-e-doentia da cidade de São Paulo a pior delas para mim é a invasão física, o assédio.

Nos últimos dias tenho ouvido (e lido) muitos relatos de amigas ciclistas vítimas de assédio no trânsito. Aliás, o pior dos assédios, a invasão física e moral de uma passada de mão. Já não sei contar quantas amigas minhas já foram vítimas de motoqueiros e suas “mão bobas” que ops… deslizam entre a bunda e o selim da menina ciclista. Eu mesma já fui vítima desse tipo de agressão e a minha reação foi… chorar. Chorar de tristeza, nojo e raiva.

Fico indignada à falta de humanidade que beira uma pessoa que consegue estender a sua mão para assediar uma estranha. Isso é invasão, é crime, é falta do mais simples respeito. Penso comigo se quem faz isso não tem mulher, filha, mãe e se não pensam nelas na mesma situação. Certamente não. Aliás, olho para esse trânsito maluco e penso “as pessoas estão sozinhas” e, provavelmente, por isso, não pensam em ninguém.

Tenho um amigo que é participante ativo em uma ONG de proteção a cachorros abandonados e vítimas de maus tratos. Já vi muita gente comentar “ahhhh, mas porque você não gasta essa energia ajudando pessoas necessitadas”… e a resposta dele é ótima: “porque eu já não acredito mais nos seres humanos”.

Eu tô chegando quase lá. Nesses momentos que eu vejo o que há de mais baixo e ralé em um ser humano, eu penso e repenso se vale mesmo a pena acreditar na humanidade, se vale a pena ter esperança em um dia ver a cidade mais bonita, mais integrada, mais… humana. Afinal, quem são os seres humanos? Pois o que vejo nas ruas de São Paulo não me remetem muito ao que tenho como conceito de Humanidade.

Ainda bem que eu pedalo. Pedalar é o que me faz ter uma pontinha de esperança e enxergar alguma coisa bela no meio disso tudo. Foi pedalando que conheci as pessoas mais seres humanas que já vi na cidade de São Paulo e é pedalando que eu acredito que alguma coisa dá para mudar por aqui. É difícil, mas dá!

QUEM SOMOS?

Os humanos são os únicos seres conscientes do universo?Certamente não!

Em primeiro lugar, os Sábios dizem que os animais também sentem dor, baseados na proibição bíblica de causar-lhes sofrimento desnecessário. Em segundo, a Torá está repleta de narrativas dos anjos superiores, que estão conscientes de um âmbito da realidade muito além da nossa.

Além disso, Maimônides e outros escrevem sobre os corpos celestiais como seres conscientes – e não simplesmente num sentido alegórico. Se alguém perguntasse: "Como uma bola de hélio e hidrogênio pode conter consciência?" simplesmente pergunte de volta: "E uma massa quente de carne cinzenta ter consciência é razoável?"

A singularidade da raça humana não está na consciência, mas na maneira que a consciência tem de entrar nos âmbitos do bem e do mal, tomar decisões e distinguir entre eles.

O primeiro passo de um planejamento é identificar quem são seus autores, ou seja, quem é o grupo que está comprometido com a proposta de ação que será elaborada.

Para construir uma proposta de ação que seja de interesse comum dos colegas e que todos acreditem ser possível executar, é preciso unir esforços para se chegar aos mesmos objeti-

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3 vos. E nem sempre isso é fácil! A riqueza da participação está em reunir pessoas com características, habilidades e idéias diferentes e criar um ambiente em que todos sintam liberdade para se expressar, gerando confiança e respeito mútuos.

O planejamento participativo visa a construir uma compreen-são coletiva das idéias que vão fundamentar o PLA e um consenso sobre o que vai ser feito. Além disso, contribui para de-finir os papéis e as responsabilidades de todos os envolvidos.

A) No primeiro momento, forme com seus colegas um grande círculo para compartilharem o que cada um tem a contribuir para o desenvolvimento de uma ação social na área de atua-ção definida por vocês. Por exemplo, o grupo pode ter alguns membros com habilidades musicais, aptidão para o teatro ou outra expressão artística; alguns já estudaram, conhecem ou vivenciaram alguma experiência na área de atuação escolhida ou, ainda, alguns colegas têm contatos e relacionamentos com outros grupos, organizações e instituições da área que podem facilitar o trabalho. O importante é caracterizar com que atri-butos, vocações, conhecimentos e informações o grupo pode contar para desenvolver o PLA.

B) No segundo momento, façam uma breve redação, de cerca de 5 a 10 linhas para apresentar os responsáveis pelo PLA.

Orientem-se pela seguinte questão:Como vocês se identificam: (a) por idade? (b) por interesses?

(c) por local de moradia? (d) por características específicas do grupo (vocações e habilidades já constituídas)? Ou por outros aspectos que considerem importantes para caracterizar quem vai executar o PLA.

QUAL É FOCO DA NOSSA AÇÃO?

O segundo passo do planejamento é deixar clara a idéia principal sobre o que vai ser feito. O plano nasce da idéia de realizar algo, idéia que vai tomando forma e se estruturando.

Que idéia é essa?Lembrem-se de que, ao elaborar o “Mapa dos Desafios”, vocês levantaram os principais problemas da realidade local e os classificaram por ordem de importância. Depois, discutiram suas causas e pesquisaram o que já estava sendo feito para solucioná-los. assim, ao priorizar determinados desafios, vocês também já apontaram as áreas em que o Plano de Ação Comunitária pode ser desenvolvido (cultura, meio ambiente, saúde etc.). agora é preciso definir o foco do PLa, a ação principal, levando em consideração: as experiências e habilidades que vocês já têm; a vontade e o interesse de todos em colocar em prática determinada idéia; as oportunidades existentes na comunidade que podem favorecer a participação de vocês; a correspondência entre o desafio escolhido e as necessidades e desejos da comunidade.

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Ao definir o que vai ser feito, é importante já indicar a abrangência da ação, explicitando onde e com quem será feita. Por exemplo, se, para o seu grupo, o principal problema entre os jovens da comunidade é o grande número de casos de gravidez precoce, o foco pode ser:prevenção da gravidez precoce, com orientações sobre a utilização de preservativos e outros aspectos importantes para uma vida sexual saudável, por meio da apresentação de uma peça de teatro sobre o tema, para jovens de duas escolas pú-blicas do bairro X.

Mas, se o principal problema é o lixo, o foco da ação pode ser: conscientização dos moradores do bairro X dos prejuízos que o lixo traz para a saúde, organizando uma campanha de esclarecimento das principais doenças que ele pode causar.

Quem participa do processo de planejamento se torna responsável por sua execução. Por isso, é importante não esquecer que pensamento e ação, teoria e prática são os dois lados de uma mesma moeda, e avaliar se o que pensamos e criamos pode mesmo ser colocado em prática.

Mas, se vocês ainda não conseguiram definir o foco da ação, este é o momento de pesquisar mais, fazer novas visitas aos projetos, instituições, órgãos públicos ou convidar lideranças comunitárias do bairro para conversar com vocês sobre os pro-blemas que priorizaram no “Mapa de Desafios”. Em que espaços a participação de vocês pode fazer diferença?

Atividade 2

A) se o foco da ação do PLa ainda está sendo definido, usem, no primeiro momento, a dinâmica da “chuva de idéias”, organi zando uma lista com todas as sugestões de ações que surgirem espontaneamente na turma. Depois, dividam-se em grupos detrabalho para fazer um exercício de imaginação: tentem pensar, a partir da idéia mais apreciada pelo grupo, como colocá-la em prática, passo a passo. Os grupos apresentam suas propostas para toda a turma avaliar e decidir o que vai ser feito,considerando, principalmente, o que é mais viável em razão das habilidades que vocês têm, dos recursos e do tempo de que dispõem para a execução.

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5 B) Sintetizem a proposta escolhida em, no máximo, quatro linhas (como nos exemplos indicados acima): “Foco de atuação do PLA”.

C) Em seguida, criem um título para o PLA, que seja a expressão da idéia principal do que pretendem colocar em prática.

Depois, criem uma “marca” por meio da qual vocês possam ser identificados pelos outros jovens do programa e pela co-munidade, ao longo do processo de execução do PLA. Pode ser uma imagem, um desenho, um nome (ou todos juntos): “Nome do PLA”.

POR QUE E PARA QUE VAMOS REALIZAR A AÇÃO ESCOLHIDA ?

O terceiro passo do planejamento deve explicar o senti-do da ação comunitária que pretendem realizar. No primeiro momento, trata-se de explicitar o que se costuma chamar de “fundamentação” ou “justificativa” de um plano. Para elaborá-la é preciso apontar as razões que levaram à escolha que fizeram por determinada área de atuação. Considerem os seguintes aspectos:

A) Qual é o problema ou desafio que pretendem enfrentar? Resgatem as causas identificadas na elaboração do “Mapa dos Desafios” e agreguem informações e dados complementares que foram pesquisados e que contribuem para caracterizar com mais profundidade o problema escolhido.

B) Que importância esse problema tem para a comunidade?

C) O que motivou a escolha de vocês? Expliquem os desejos e as potencialidades do próprio grupo, que contribuíram para a escolha deste desafio.

D) Que referências foram construindo nas discussões entre vocês e que expressam a maneira como pretendem trabalhar e os valores que consideram importantes considerar no desenvolvimento da ação proposta. Por exemplo, no caso de o desafio ser a gravidez precoce: “vamos buscar envolver rapazes e moças porque achamos que este não é um problema só das mulheres; vamos apresentar uma peça de teatro para motivar a participa-ção e provocar discussão com os jovens e não para apresentar apenas a nossa opinião”.

E) Como surgiu a oportunidade de atuação social na área escolhida? Ou expliquem os apoios, parceiros ou condições que favorecem a ação proposta.

Em um segundo momento, reflitam sobre os efeitos que querem causar, com a execução do plano de ação, em quem vai ser beneficiado por ele. Por exemplo: se o foco do PLa for a ”campanha sobre o lixo do bairro”, o horizonte da proposta poderia ser “melhorar as condições de vida do bairro X, fortalecendo a união dos moradores para acabar com o lixo nas ruas, terrenos e praças”. Esses são os objetivos gerais da ação pro-posta, ou seja, o que se pretende alcançar ao finalizar o plano.

Atividade 3

Sugerimos que vocês, inicialmente, se dividam em duplas ou pequenos grupos para desenvolver os tópicos precedentes e responder:

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6 A) Por que escolheram esta ação? Que problemas e desafios vão enfrentar? Qual a importância deles para a comunidade e para vocês? Que condições favorecem a atuação de vocês?

Façam uma redação de cerca de uma página. Se for preciso, organizem uma comissão de redação para reunir e sintetizar as principais idéias produzidas nos vários subgrupos.a segunda questão deve ser discutida e finalizada com a par-ticipação de toda a turma:

B) Para que realizar esta ação?

Discutam e descrevam, de forma “curta e grossa”, em 2 a 4 linhas, que contribuição a atuação de vocês trará para a melhoria da comunidade, especialmente daqueles que vão ser beneficiados diretamente por ela.

QUEM SERÁ ATINGIDOPELO QUE VAMOS FAZER?

O quarto passo do planejamento é detalhar o que chamamos de público alvo ou a quem vai ser dirigida a ação proposta por vocês. É o grupo de pessoas que será beneficiado diretamente pelo PLA.

Se vocês têm apenas uma idéia geral do público alvo, por exemplo, “jovens que moram em tal bairro” ou “adolescente que freqüentam determinado programa social” ou “as mães que freqüentam o posto de saúde”, este é o momento de visitá-los para conhecer de perto quem são, fazer contato e pesquisar mais sobre eles. Essas visitas e pesquisas também poderão dar dicas para a comunicação e o relacionamento delecom vocês, quando iniciarem a execução do PLA. E ainda, vão ajudá-los a detalhar as atividades que serão realizadas. Conhecer aqueles com quem vocês irão atuar, seus interesses, valores, costumes, linguagem e outras formas de expressão fundamental para o sucesso da ação. É importante, também, vocês fazerem uma estimativa inicial do número de pessoas que pretendem atingir com a ação comunitária.

Atividade 4

A) Para quem é dirigida a nossa ação? Quem e quantos se-rão atingidos ou beneficiados diretamente pela atuação de vocês? Descrevam quem são, o contexto em que estão in-seridos: o bairro, a região e a organização ou instituição em que atuam.

QUE RESULTADOS QUEREMOS ALCANÇAR E COMO?

O quinto passo do planejamento é o momento de dizer como vocês vão fazer acontecer a proposta de ação comunitária, na prática. Para cada resultado, uma ou mais atividades deverão ser executadas. Os resultados explicam como vocês vão alcan- çar os objetivos a que se propuseram, e a qualidade deles va depender das atividades que forem realizadas. Por isso, é importante detalhar tudo o que precisa ser feito, passo a passo, e,também, considerar os recursos e as condições que vocês têm para a execução, para que as atividades previstas possam ser de fato viabilizadas.

Atividade 5

A) Que resultados pretendem obter na prática? (A partir dos problemas e desafios identificados, que objetivos específicos esperam alcançar?). Façam uma pequena lista.

B) Que atividades precisam ser realizadas para concretizá-los? (Listem, para cada resultado esperado, as atividades necessárias.)Organizem a síntese das suas discussões em um quadro comeste formato, colocando quantas linhas forem necessárias:

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COM O QUÊ, COM QUEM E QUANDO VÃO SER REALIZADAS AS ATIVIDADES PREVISTAS?

No sexto passo do planejamento, é preciso prever os recursos necessários para executar cada atividade, distribuir as responsabilidades pela execução entre os colegas e prever o tempo de duração de cada uma delas e de todo o plano.

Recursos são todos os meios de que vocês precisam para viabilizar o PLA: apoios, espaço físico, pessoas, materiais (papel, tinta etc.), equipamentos, conhecimentos e informações etc. Para cada atividade, será preciso identificar quais recursos estão disponíveis, quais devem ser providenciados e como será possível fazer isso.

Quando pensamos nos recursos, temos também de pensar nos apoios que podemos conseguir na comunidade para incrementar o PLA:

Que outros projetos similares podemos contatar e conhecer para aprender mais e melhorar a nossa proposta?

Podemos trabalhar em parceria com outros? Com quem? Quem pode apoiar e dar contribuições à execução do PLA na comunidade?se for o caso, é preciso contatar, negociar e firmar acordos com as instituições com as quais vocês vão trabalhar ou nos espaços onde vão atuar (escola pública, ONG, órgão da Prefeitura, outros). Para isso é preciso organizar uma visita com a educadora ou o educador de Ação Comunitária, apresentar o PLA e negociar a participação de vocês. A idéia é que, com cada instituição envolvida no PLa, seja firmado um termo de cooperação ou um termo de parceria, que deixe claro o tipo de relação que se vai estabelecer, o período de atuação e as responsabilidades de cada parte.

A divisão de tarefas é o momento em que cada um de vocês identifica em que pode melhor contribuir com todo o grupo e para o plano. Alguns têm mais facilidades para tarefas organi-zativas ou para se comunicar em público; outros têm habilidades artísticas ou facilidade para escrever, por exemplo.

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8 Por fim, é preciso elaborar o cronograma do PLa: distribuir as atividades pelo período de até seis meses ou 20 a 24 semanas, durante as duas próximas unidades formativas. Lembre-se que é preciso combinar o horário das aulas semanais de Participação Cidadã para o monitoramento e preparação das ativida-des (1 hora por semana ou total de 24 horas) e o horário em que estarão na comunidade (estimem para isso um total de no máximo 40 horas).

Atividade 6

Sugerimos que vocês inicialmente se dividam em duplas, ou pequenos grupos, para discutir as questões abaixo e, depois, partilhem e reúnam as reflexões realizadas com a participação de toda a turma.

A) Que recursos são necessários para cada atividade? (Façam uma lista de materiais e de apoios possíveis. Planejem contatos e visitas, se necessário)

B) Como dividir as responsabilidades entre todo o grupo ou a turma? Escreva o nome completo dos responsáveis por cada atividade.

C) Qual é o tempo necessário para executar cada atividade prevista?

Organize a síntese das suas discussões em um quadro com este formato, colocando tantas linhas quantas forem necessárias:

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COMO VAMOS NOS ORGANIZAR PARA MONITORAR O QUE VAMOS FAZER?

O último passo do planejamento é definir como vocês vão monitorar o desenvolvimento do PLA. Monitorar é acompanhar execução das atividades que foram planejadas, refletindo e valiando em que medida elas estão chegando aos resultados revistos e se é necessário fazer ajustes ou mudanças. Por isso se diz que planejar é um processo permanente.

A idéia é que toda a turma participe do monitoramento, de forma que a gestão do plano seja compartilhada entre todos.

A avaliação conjunta de cada atividade realizada deve ser feita semanalmente para verificar os erros e os acertos, as dificuldades de execução, se há necessidade de outros recursos e para verificar se as atividades planejadas estão, na prática, chegando aos resultados propostos. Para isso, está reservada uma hora por semana, durante o período do curso.

Para facilitar, é importante que registrem, a cada atividade, o que aconteceu e suas impressões a respeito. Este é um jeito de tornar possível compartilhar a experiência com os colegas e construir a história da ação que estão realizando.

Atividade 7

A) Que instrumentos de registro serão usados? Como vão se organizar para fazer os registros?

Apresentamos, em anexo, uma sugestão inicial de instrumento para registro de cada atividade que for realizada.

B) Como vão se organizar para a gestão compartilhada do PLA nos horários de que dispõem?

COMO VAMOS NOS ORGANIZAR PARA MONITORAR O QUE VAMOS FAZER?

O último passo do planejamento é definir como vocês vão monitorar o desenvolvimento do PLA. Monitorar é acompanhar a execução das atividades que foram planejadas, refletindo e avaliando em que medida elas estão chegando aos resultados previstos e se é necessário

fazer ajustes ou mudanças. Por isso se diz que planejar é um processo permanente.

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10 A idéia é que toda a turma participe do monitoramento, de forma que a gestão do plano seja compartilhada entre todos.

A avaliação conjunta de cada atividade realizada deve ser fei-ta semanalmente para verificar os erros e os acertos, as difi-culdades de execução, se há necessidade de outros recursos e para verificar se as atividades planejadas estão, na prática, chegando aos resultados propostos. Para isso, está reservada uma hora por semana, durante o período do curso.

Para facilitar, é importante que registrem, a cada atividade, o que aconteceu e suas impressões a respeito. Este é um jeito de tornar possível compartilhar a experiência com os colegas e construir a história da ação que estão realizando.

Atividade 7

A) Que instrumentos de registro serão usados? Como vão se organizar para fazer os registros? Apresentamos, em anexo, uma sugestão inicial de instru-mento para registro de cada atividade que for realizada.

B) Como vão se organizar para a gestão compartilhada do PLA nos horários de que dispõem?

QUE SENTIDO(S) TEM O MEU COMPROMISSO COM AS TAREFAS DEFINIDAS NO PLA?

Depois das ações do PLa terem sido definidas e as responsabilidades por elas distribuídas entre os membros do grupo ou da turma, a idéia é consolidar o compromisso assumido por você com o que foi decidido. No “Termo de Compromisso com oPLA” cada jovem deve descrever suas tarefas e analisar em quemedida se sente apto para executá-las, ou seja, como avaliaseus limites e suas potencialidades para responder às expectativas do PLA e de seu grupo.

Atividade 8

Faça uma redação individual, utilizando até uma página, com base nas seguintes questões:

A) Quais as tarefas e responsabilidades que você assumiu com a sua turma para a execução do PLA? Descreva-as.

B) Analise as condições que você tem hoje para executá-las e as aprendizagens que elas poderão lhe proporcionar.

C) Quais são as suas expectativas em relação à execução do PLA?

Ôpa! Primeiramente vamos finalizar a redação do PLa.A maior parte dos itens já está redigida e só é preciso juntá-los e complementar o que falta. É muito pouco! Depois vocês devem fazer uma leitura coletiva do texto para verificar se todos estão mesmo de acordo com o produto final. aí vai ficar mais fácil preparar a apresentação pública do(s) PLA(s). Ela deve ser organizada em duas partes. A primeira tem o objetivo de sensibilizar o público para a proposta que vocês fizeram, por meio de uma poesia, música, dança, pintu-ra ou qualquer outra forma de expressão. Depois, deverão ser apresentados oralmente e de forma breve os objetivos, o público alvo e uma síntese das atividades que serão realizadas.

Atividade 9

A) Concluam a montagem, complementação e redação final do PLA (vejam o roteiro completo no “Caderno do PLA”).

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11 B) Discutam conjuntamente idéias para a apresentação pública e, depois, organizem-se para colocá-las em prática.

O QUE É PRECISO PARA PREPARAR O EVENTO PúBLICO?

A preparação do evento público de apresentação dos PLAs deve envolver todas as turmas de todos os núcleos que a integram. Para isso, é preciso criar uma comissão de organização do seu núcleo com representantes de cada turma. Esses representantes deverão participar de pelo menos três a quatro reuniões e, se possível, com os representantes dos outros núcleos para combinarem:

a ordem e a duração das apresentações;

a organização do evento (os procedimentos e toda a infra-

estrutura necessária);

a divulgação prévia para a comunidade, os parceiros e as famílias.

Os representantes deverão participar da discussão da sua turma e anotar as sugestões que serão levadas para a reunião da comissão. Depois, retornar para os colegas os resultados das discussões da comissão. Mas, todos os alunos têm que participar da divisão de tarefas na preparação e realização do evento, e não apenas os representantes da turma. Lembrem-se de que o representante é um porta-voz das propostas da turma e tem que ter a confiança dos colegas para negociá-los, levando em consideração as idéias e interesses de todos os núcleos.

Atividade 10

A) Escolher um representante da turma para participar da comis-são de organização. Um jeito de agilizar a escolha é fazer, antes, uma lista, com os nomes de todos os que gostariam e teriam interesse em se candidatar e, depois, fazer uma votação. Pode-se também criar outra maneira de escolher o representante.

B) Discutir com o representante da turma as decisões da comissão de organização, propostas da turma e dividir a responsabilidade pelas tarefas no dia do evento.

INSTRUMENTO DE REGISTRO DAS ATIVIDADES DO PLA

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TECNOLOGIAS SOCIAIS E PARTICIPAÇÃO

Quando pensamos em tecnologia, associamos a palavra a alguma inovação ou a uma nova maneira de funcionar ou de fazer alguma coisa. Quando pensamos em Participação Cidadã, associamos a expressão à convivência social, às relações com as comunidades em que estamos inseridos e, especialmente, ao modo como a nossa atuação pode contribuir para defender, consolidar e ampliar direitos que resultem em melhoria da qualidade de vida para todos.

A maneira como nos organizamos e participamos da vida social tem tudo a ver com o modo como se produzem e usufruem as novas tecnologias na sociedade. Além disso, influem nos modos como se operam as mudanças no meio social, cultural, econômico, político, ambiental. Por exemplo, as mudanças no meio ambiente nas comunicações mostram mais claramente o quanto as tecnologias fazem parte do nosso cotidiano de diversas maneiras, em diferentes lugares e tempos.

A degradação do meio físico causada pela falta de saneamento básico ou pela poluição das grandes cidades incide diretamente na qualidade de vida da população. Assim também como a introdução do computador e da Internet no cotidiano de qualquer pessoa

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13 transformam radicalmente seus caminhos de acesso à informação e formas de comunicação pessoal e social, gerando impactos na convivência social e na participação cidadã.

Se, por um lado, o desenvolvimento das novas tecnologias traz inúmeros benefícios para a vida em sociedade, por outro, essas novidades também convivem com antigos problemas como violência urbana, pobreza, desemprego e exclusão social.

Por causa disso, nem todos têm acesso às novas tecnologias. Mas quando falamos de tecnologia social, referimo-nos a produtos, métodos e técnicas que incorporam a cultura e os recursos locais, e são desenvolvidas com a participação ativa da comunidade, visando solucionar problemas coletivos e melhorar a qualidade de vida das pessoas.

São muitos os exemplos de tecnologias sociais voltadas à solução de problemas coletivos, tais como saúde, educação, saneamento, habitação, geração de trabalho e renda. Podemos citar alguns, que hoje já se tornaram políticas públicas:

o soro caseiro (um copo de água com uma pitada de sal e duas colheres de açúcar que já salvou milhares de crianças da desidratação, ajudando a combater a mortalidade infantil);

a multimistura (farinha produzida com o aproveitamento de sementes e ingredientes locais, complemento alimentar largamente utilizado no combate à desnutrição);

a cisterna de placa (sistema de captação de água de chuva para o consumo humano, que serve de reservatório e proporciona o abastecimento durante o período de seca);

metodologias de alfabetização (de jovens e adultos para combater o analfabetismo);

certificação socioparticipativa de produtos agroextrativistas (forma encontrada para agregar valor à produção familiar na Amazônia e atestar que a mesma foi obtida sem o uso de insumos e produtos químicos);

cooperativas de catadores de lixo e projetos que se relacionam à limpeza urbana, à implantação dos sistemas de coleta seletiva e à reciclagem de resíduos sólidos (têm sido objeto de políticas públicas em vários centros urbanos, com incentivo dos governos municipais e o desenvolvimento de novas tecnologias).

Nas periferias de grandes centros urbanos, existem inúmeros empreendimentos solidários que desenvolvem e usam tecnologias sociais para geração de emprego e renda.

De acordo com o site do Ministério da Ciência e Tecnologia, “tecnologias sociais caracterizam-se pela simplicidade, baixo custo e fácil aplicação, que potencializam a utilização de insumos locais e mão-de-obra disponível, protegem o meio ambiente, têm impacto positivo e capacidade de resolução de problemas sociais”. Destacam-se por envolver a participação direta da população na resposta a necessidades coletivas e, portanto, contribuem para a inclusão social.

A partir do momento em que há reconhecimento de que essas soluções são promotoras de transformação social e de melhorias da qualidade de vida das pessoas envolvidas, elas têm despertado o interesse de órgãos do governo e de organizações não-governamentais, abrindo espaço para a discussão e para a consideração dessas soluções como objetos de políticas públicas.

Atividade 1

Ajude a organizar uma roda de conversa na turma para discutir:

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A) O que são tecnologias sociais?

B) Que exemplos de tecnologias sociais são conhecidos pela turma?

EXEMPLO: O curso é uma ação do projeto do Cetra Caminhos da Sustentabilidade.

Dando continuidade às oficinas práticas e cursos que acontecem este mês nos Territórios Vales do Curu e Aracatiaçu e Sertão Central, o Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (Cetra) realizou na comunidade Aroeiras – município Banabuiú, o curso Agroecologia e Tecnologias Sociais de Convivência com o Semiárido. O Curso reuniu cerca de 60 agricultores de 16 comunidades de Quixadá e Banabuiú, para participarem de práticas de formação agroecológica.

O Curso teve participação intensa da equipe técnica do Cetra, cotando com a participação de oito técnicos, que ministraram quatro práticas. “Construção de canteiro econômico e produção de mudas”; “Irrigação alternativa e defensivos naturais”; “Canteiro suspenso”; e “Práticas de alimentação e manejo sanitário de pequenos animais”

O Evento contou com a participação de agricultores, que já são acompanhados pelo Cetra e de outros que estão tendo os primeiros contatos com a agroecologia e práticas de convivência com o Semiárido. Esse fator enriqueceu a troca de experiências e a participação intensa da fala dos agricultores deu a tônica em todas as práticas. É o que afirma a técnica do Cetra, Florença Gonçalves: “Estou vendo uma participação muito boa dos agricultores. [...] Não só a orientação do técnico está valendo nos grupos das práticas, mas os agricultores estão colocando como é que eles já fazem e isso tá despertando também nos outros agricultores outras formas de se produzir.

Sandoval Xavier de Lima, agricultor e vice-presidente da comunidade Lagoa da Jurema – Quixadá, reafirma a intensa troca de conhecimentos vivida no Curso: “Aprendi certas informações que eu não sabia, como também repassei para os companheiros informações que eles também não sabiam. Concluindo: foi 100% de proveito.” Seu Sandoval, agricultor que já é acompanhado pelo Cetra há alguns anos, conta ainda sobre um defensivo natural novo, que conheceu no curso de Banabuiú: “[...] Uma coisa tão simples, mas que tem grande utilidade. De falar que o suco, pegar a lagarta, o suco da lagarta servir pra poder fazer repelente pra espantar o inseto.”

O curso Agroecologia e Tecnologias Sociais de Convivência com o Semiárido é uma ação do projeto do Cetra Caminhos da Sustentabilidade: Agroecologia e Segurança Alimentar no Semiárido Cearense.

SABER POPULAR, SABER TÉCNICO

As tecnologias sociais aliam saber popular, organização social e conhecimento técnico-científico. Portanto, partem do reconhecimento de que existe um saber que está na comunidade, que passa de uma geração para outra, mas que nem sempre é visto como válido.

Mas o que é necessário para que o conhecimento popular se transforme em tecnologia social? Trata-se de valorizá-lo e fazer a conexão entre ele e o saber que é produzido com pesquisas e com os estudos existentes sobre a realidade local. Ou seja, é fundamental que, por uma lado, haja o envolvimento direto entre as pessoas que vivenciam os problemas e que já sabem por onde passam as soluções, e, por outro, as universidades, institutos de pesquisa ou outros agentes, que trazem um acú-mulo de conhecimentos diferentes obtidos por meio de estudos e pesquisas sistematizadas. A partir desse encontro, o conhecimento se estrutura e as tecnologias sociais são construídas.

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15 Nesta perspectiva, as tecnologias sociais não podem ser simplesmente tecnologias introduzidas “de fora”. Devem considerar um melhor aproveitamento da cultura, dos modos de fazer e conviver, das matérias-primas e do meio ambiente local. Não só devemos respeitar, como até incorporar saberes tradicionais presentes no grupo social e na comunidade com a qual trabalhamos. A comunidade local precisa participar do processo de trabalho, tanto para aprender como esse se organiza e funciona, como para sugerir mudanças e participar ativamente do seu aperfeiçoamento.

Por isso, todo o processo de trabalho que implica o desenvolvimento de uma ação social na comunidade, por exemplo, é tão importante quanto os resultados obtidos por meio dele. E é com o acompanhamento e o monitoramento contínuo da ação coletiva que esses aspectos podem ser evidenciados e apropriados por todos os que dela participam.

Quando monitoramos, levantamos informações, dados e re-latos que trazem olhares diversos e significativos sobre a reali-dade. Esse monitoramento é um importante instrumento para trazer a visão da comunidade sobre os problemas locais e subsidiar ajustes e melhorias nas ações e tecnologias desenvolvidas para seu enfrentamento.

A principal característica das tecnologias sociais é que são reaplicáveis, ou seja, podem ser usadas e multiplicadas entre um grande número de pessoas. A idéia de reaplicação é diferente da de replicação. A tecnologia social não pode ser simplesmente copiada tal como foi concebida (replicação). É importante que, no processo de multiplicação das experiências, ela seja recriada, ajustada, e que sejam agregados novos elementos pelas pessoas da comunidade. Com isso, espera-se que o conhecimento seja, de fato, apropriado e reconstruído pela comunidade. É esse movimento que chamamos de reaplicação.

Reaplicar é, portanto, uma ação aberta a novos saberes cons-truídos a partir da organização comunitária, da articulação das ações em redes sociais e da comunicação e mobilização social.

Esses aspectos serão desenvolvidos nos próximos tópicos.

Atividade 2

Reúna-se com seus colegas para fazer um balanço do proces-so de acompanhamento e monitoramento da ação comunitária, considerando:

A) O público-alvo, apoiadores e parceiros envolvidos já par-ticiparam de alguma avaliação parcial da ação? Que aspectos destacaram? Caso isso não tenha ocorrido, como se poderia provocá-lo?

B) O que o grupo responsável pela execução do PLA identifica como características que a vivência prática e a convivência com o público-alvo da ação comunitária foi imprimindo à proposta e que, de alguma maneira, expressam saberes e traços de identidade da comunidade?

C) Em que medida a participação cidadã desenvolvida por vocêe seus colegas pode também ser tomada como exemplo de tecnologia social em construção, já que se baseia em uma metodologia de planejamento participativo, no uso de técnicas detrabalho coletivo e em demandas da comunidade identificadaspor vocês no “Mapa dos Desafios”?

O número de iniciativas que envolvem o uso de tecnologias sociais tem crescido no Brasil. Uma das conseqüências desse aumento foi a criação da Rede de Tecnologia Social (RTS), organização que tem por objetivo contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável por meio da difusão e reaplicação, em escala, de tecnologias sociais.

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