Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia
-
Upload
nguyencong -
Category
Documents
-
view
219 -
download
2
Transcript of Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia
Instituto Politécnico de Coimbra
Instituto Superior de Engenharia
Intervenção em Redes Elétricas
de Distribuição de Energia
Nelson Miguel Caldeira Brás
Relatório de Estágio para obtenção do Grau de Mestre em
Automação e Comunicações em Sistemas de Energia
COIMBRA
Dezembro 2011
Instituto Politécnico de Coimbra
Instituto Superior de Engenharia
Intervenção em Redes Elétricas
de Distribuição de Energia
Orientadores:
Adelino Pereira
Prof. Adjunto, ISEC
Dulce Coelho
Prof. Adjunta, ISEC
Eng.º José Rodrigues Cardoso
Empresa Bragalux
Nelson Miguel Caldeira Brás
Relatório de Estágio para obtenção do Grau de Mestre em
Automação e Comunicações em Sistemas de Energia
COIMBRA
Dezembro 2011
iii
Agradecimentos
Em primeiro lugar, tenho de agradecer à minha família pelo apoio incondicional prestado
durante esta fase da minha vida. Agradeço todo o esforço, sem o qual não tinha sido possível
chegar ao fim desta etapa.
O meu agradecimento ao Eng.º José Cardoso pela disponibilidade permanente para ajudar
e pela compreensão nas diversas fases do estágio.
Quero também agradecer aos meus orientadores, Eng.ª Dulce Coelho e Doutor Adelino
Pereira, por, em todos os momentos, terem demonstrado toda a sua disponibilidade, no
acompanhamento e ajuda na elaboração deste relatório.
De forma geral, agradeço ainda a todos os colaboradores da empresa Bragalux e da EDP
Distribuição de Aveiro, que direta ou indiretamente contribuíram para o meu crescimento a
nível técnico e pela prestabilidade que sempre demonstraram.
v
Resumo
A distribuição de energia elétrica tem um papel preponderante no bem-estar e
funcionamento da sociedade atual, pelo que deve ser alvo de uma abordagem séria e cuidada,
tanto a nível técnico como prático.
Este relatório tem como principal objetivo o enquadramento das várias atividades
desenvolvidas no setor da distribuição de energia, desde a construção à manutenção.
Apresenta ainda uma descrição do trabalho desenvolvido durante o estágio, onde se analisam
algumas das tarefas associadas às redes elétricas de Baixa (BT) e Média Tensão (MT).
O trabalho decorreu em contexto operacional, durante nove meses, ao serviço da
Bragalux, SA, na Área Operacional de Aveiro. Durante este período foram desenvolvidas
experiências no contexto real do dia-a-dia dos processos envolvidos na distribuição de energia
elétrica, incluindo: construção de novos troços, gestão de materiais, gestão de equipas,
acompanhamento de todo o processo de gestão de avarias, bem como várias questões
englobadas nas atividades de orçamentação.
Devido à diversificação das atividades e conceitos apreendidos nesta área optou-se por
destacar as atividades base, tais como os processos necessários para atingir os objetivos
propostos. Uma vez que todas as atividades são geridas por objetivos, é necessário uma
análise e verificação sistemáticas aos processos diariamente implementados, para garantir as
metas acordadas.
O estágio teve como objetivo a integração no mundo do trabalho, o que obrigou a
assumir responsabilidades, a aplicar os conhecimentos teóricos em situações práticas, a
desenvolver capacidades de decisão e a superar desafios propostos.
Palavras-chave: Energia Elétrica; Redes de Distribuição; Redes de Baixa Tensão; Redes de
Média Tensão
vii
Abstract
Electricity distribution has a major role in the well-being and functioning of modern
societies. In this context, electricity distribution should be handled through the use of a
serious and thorough approach, both from technical and practical points of view.
This report aims at presenting the framework of the various activities in the field of
electricity distribution, from construction to maintenance. A description of the work carried
out during this training phase is also provided, where it was discuss some of the tasks
associated with the electricity networks of low and medium voltage.
The work took place in an operational context, during a nine month period in
Bragalux, SA, at the Operational Area of Aveiro. During this period experiments were carried
out in a real day-to-day context involved in the distribution of electricity, including:
construction of new sections, materials management, team management, monitoring the
whole process of failures management, and different issues related with budgeting activities.
Due to the diversification of activities and concepts learned in this area it was decided
to focus on the basic activities, in particular in those assuring the accomplishment of the
targets and goals imposed. Since all the activities are only managed through the use of goals
and specific targets (and measures), a systematic review and verification of the processes
implemented is needed to ensure targets achievements on a daily basis.
The main purpose of this training phase was to allow for the integration in the real
labor market, forcing us to assume responsibilities, to apply theoretical knowledge in real
situations, to develop decision's skills and to overcome the challenges faced.
Keywords: Distribution Networks, Electricity; Low Voltage Networks, Medium Voltage
Networks
ix
Índice
Agradecimentos iii
Resumo v
Abstract vii
Índice ix
Lista de Figuras xiii
Lista de Tabelas xv
Nomenclatura xvii
1 Introdução 1
1.1 Enquadramento do Trabalho 1
1.2 Objectivos do Trabalho 2
1.3 Estrutura do Documento 2
2 Rede Baixa Tensão 3
2.1 Características da Rede Baixa Tensão 3
2.1.1 Características das Redes Aéreas 4
2.1.1.1 Redes Aéreas estabelecidas em condutores não isolados 4
2.1.1.2 Redes Aéreas em cabo torçada 5
2.1.1.2.1 Acessórios da rede torçada 6
2.1.1.2.2 Dimensões da Rede 7
2.1.2 Características das Redes Subterrâneas 8
2.1.2.1 Condutores enterrados diretamente no solo 8
2.1.2.2 Condutores entubados 9
2.1.3 Armários de Distribuição 10
2.2 Ligações à Rede de Baixa Tensão 10
2.2.1 Construção dos Elementos de Ligação 10
2.2.2 Encargos com a Ligação 10
2.2.3 Reforço das Redes 11
2.2.4 Portinholas 11
2.2.5 Fusíveis e bases 12
2.2.6 Caixas de contagem 12
2.2.7 Colocação de Equipamentos de Contagem 13
2.2.8 Condutores para ramais 16
x
2.2.9 Critérios de Dimensionamento das Redes de Baixa Tensão 16
2.2.10 Iluminação Pública 20
3 Rede Média Tensão 21
3.1 Projeto de Postos de Transformação 21
3.1.1 Postos de Transformação Aéreos 22
3.1.2 Postos de Transformação em Cabine 23
3.1.2.1 Postos de Transformação em Cabine Alta (PTCA) 24
3.1.2.2 Postos de Transformação em Cabine Baixa (PTCB) 25
3.2 Linhas de Média Tensão Aéreas (LAMT) 25
3.2.1 Fase da Preparação da Obra 26
3.2.2 Fase de Execução da obra 27
3.3 Linhas de Média Tensão Subterrâneas (LMTS) 38
4 Tarefas Realizadas 45
4.1 Projecto/ Orçamentação 45
4.1.1 Levantamentos Rede Baixa Tensão 45
4.2 Gestão de Obra 47
4.2.1 Gestão de Materiais 48
4.3 Manutenção Postos de Transformação 49
4.3.1 Inspecção a Postos de Transformação 51
4.3.2 Manutenção Integrada 50
4.4 Indicadores Qualidade de Serviço 55
4.4.1 SAIDI- Tempo médio das interrupções do sistema 55
4.4.2 SAIFI- Frequência média das interrupções do sistema 56
4.4.3 TIEPI-Tempo de interrupção equivalente da potência instalada 57
4.5 Sistema de Gestão de Mobilidade de Equipas 58
4.6 Assistência a Clientes e Manutenção Corretiva 61
4.6.1 Análise por Concelho 62
- Concelho Anadia (AND) 62
- Concelho de Águeda (AGD) 63
- Concelho de Oliveira do Bairro (OBR) 64
4.7 Construção da Linha de Média Tensão Aérea 15 kV ―AE MT AND0234-SGL-
AND‖ 67
5 Conclusões 69
xi
6 Referências Bibliográficas 71
ANEXO I 73
ANEXO II 75
ANEXO III 77
ANEXO IV 79
ANEXO V 81
ANEXO VI 83
ANEXO VII 85
ANEXO VIII 87
ANEXO IX 89
ANEXO X 91
xiii
Lista de Figuras
Fig. 2.1.Topologia Radial. .......................................................................................................... 3
Fig. 2.2. Disposição da Rede Aérea em condutores não isolados .............................................. 4
Fig. 2.3. Rede Torçada................................................................................................................ 5
Fig. 2.4. Caixa de proteção de rede ............................................................................................ 6
Fig. 2.5. Pinça de Amarração ..................................................................................................... 7
Fig. 2.6. Pinça de Suspensão ...................................................................................................... 7
Fig. 2.7. Distância entre vãos ..................................................................................................... 8
Fig. 2.8. Colocação de cabos diretamente no solo...................................................................... 9
Fig. 2.9. Condutores Subterrâneos.............................................................................................. 9
Fig. 2.10. Armário de Distribuição Tipo X .............................................................................. 10
Fig. 2.11. Instalação de utilização com poste encostado ou intercalado .................................. 13
Fig. 2.12. Instalação de utilização e fachada confinante com a via pública ............................. 14
Fig. 2.13. Instalação em edifícios colectivos ............................................................................ 15
Fig. 3.2. Seccionador e Interruptor-Seccionador ...................................................................... 23
Fig. 3.1. Posto de Transformação Aéreo variante AS e AI ...................................................... 23
Fig. 3.3. Posto de Transformação em cabine alta ..................................................................... 24
Fig. 3.4. Posto de Transformação do Tipo CBU e CBL ........................................................... 25
Fig. 3.5. Piquetagem para colocação de apoios betão de MT .................................................. 27
Fig. 3.6. Funções dos apoios..................................................................................................... 29
Fig. 3.7. Pórtico ........................................................................................................................ 29
Fig. 3.8. Cadeia de suspensão ................................................................................................... 31
Fig. 3.9. Cadeia de Amarração ................................................................................................. 31
Fig. 3.10. Armação tipo esteira horizontal (HPT4) .................................................................. 32
Fig. 3.11. Armação tipo esteira horizontal (HRSFC) ............................................................... 32
Fig. 3.12. Armação tipo triângulo para alinhamento (TAN) .................................................... 33
Fig. 3.13. Armação tipo galhardete para alinhamento (GAN) ................................................. 33
Fig. 3.14. Ligação dos eléctrodos de terra ................................................................................ 35
Fig. 3.15. Execução de terra de proteção .................................................................................. 35
Fig. 3.16. Ligação de poste com Seccionador horizontal à terra .............................................. 36
Fig. 3.17. a) Seccionador Horizontal e b) Seccionador Vertical .............................................. 38
Fig. 3. 18. Abertura de vala e colocação de Passadeira de Acesso .......................................... 40
Fig. 3. 19. Compactação e Reposição de Pavimento ................................................................ 43
Fig. 4.1. Ficha técnica de remodelação de rede ........................................................................ 46
Fig. 4.2. Ficha Técnica de Pedido de Fornecimento de Energia (PFE) .................................... 46
Fig. 4.3. Ficha Técnica de modificação de rede ....................................................................... 47
Fig. 4.4. Aplicação de Gestão de Obras ................................................................................... 48
Fig. 4.5. Aplicação de Controlo de Fornecimento de Materiais ............................................... 48
Fig. 4.6. Aplicação de gestão de Stock ..................................................................................... 49
Fig. 4.7. Seccionador com Isolador danificado ........................................................................ 52
Fig. 4.8. Posto de Transformação sem Terra de Protecção ...................................................... 52
Fig. 4.9. Armário danificado .................................................................................................... 53
xiv
Fig. 4.10. Anomalias detectadas PT 50 Águeda ...................................................................... 53
Fig. 4.11. Anomalias detectadas na inspecção ao PT 19 Anadia ............................................. 54
Fig. 4.12. Placa de travessia MT danificada ............................................................................ 54
Fig. 4.13. Sistema de Gestão de Equipas (GME) ..................................................................... 60
Fig. 4.14. Distribuição por tipo de Avaria ............................................................................... 62
Fig. 4.15. Tempos de resolução por tipo de Incidente ............................................................. 63
Fig. 4.17. Tempos de resolução por tipo de Incidente ............................................................. 64
Fig. 4.16. Distribuição por tipo de avaria concelho de Águeda ............................................... 63
Fig. 4.18. Tempos de resolução por tipo de Incidente ............................................................. 64
Fig. 4.19. Tempos de Resolução por tipo de Incidente ............................................................ 65
Fig. 4.20. Comparação de tempos entre os Concelhos da AO Aveiro ..................................... 66
Fig. 4.21. Colocação de Apoios, Cadeias de Isoladores e linhas de MT ................................. 68
xv
Lista de Tabelas
Tabela 2.1.Tipos de Portinholas ............................................................................................... 12
Tabela 2.2. Diâmetro mínimo dos tubos................................................................................... 14
Tabela 2.3. Condutores e respectivas proteções ....................................................................... 16
Tabela 2.4. Comprimentos máximos para cabos subterrâneos enterrados no solo .................. 17
Tabela 2.5. Comprimentos máximos para cabos subterrâneos com tubo ................................. 18
Tabela 2.6. Comprimentos máximos para cabos aéreos ........................................................... 18
Tabela 2.7. Comprimentos máximos admissíveis (Lmax) em redes subterrâneas em função do
fusível utilizado na proteção da canalização contra curto-circuitos (In) .................................. 19
Tabela 2.8. Comprimentos máximos admissíveis (Lmax) em redes aéreas em torçada em
função do fusível utilizado na proteção da canalização contra curto-circuitos (In) ................. 19
Tabela 2.9. Armaduras utilizadas na rede de iluminação pública ............................................ 20
Tabela 3.1. Dimensões interiores da cabine em função da Potência Instalada ........................ 24
Tabela 4.1. Padrões para a Rede de Baixa e Média Tensão ..................................................... 57
Tabela 4.2. Distribuição dos Incidentes por Concelhos ........................................................... 66
xvii
Nomenclatura
Abreviaturas
AO- Área Operacional
AT- Alta Tensão
BT - Baixa Tensão
CENELEC- Comité Europeu de Normalização Eletrotécnica
EDP- Energias de Portugal
IEC-Comissão Eletrotécnica Internacional
IP- Iluminação Pública
MAT- Muito Alta Tensão
MT - Média Tensão
PEAD- Polietileno de Alta Densidade
PEX- Polietileno Reticulado
PFE- Ponto de Fornecimento de Energia
PT- Posto de Transformação
PT AI- Posto de Transformação Aéreo com Interruptor
PT AS- Posto de Transformação Aéreo com Seccionador
QGBT- Quadro Geral Baixa Tensão
RSRDEEBT- Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de Energia Elétrica de
Baixa tensão
RSSPTS-Regulamento de Segurança de Subestações e Postos de Transformação e
Seccionamento
SIT- Sistema Informação Técnica
TET-Trabalho em Tensão
1
1 Introdução
1.1 Enquadramento do Trabalho
O aumento do número de consumidores e do consumo de energia elétrica, a integração do
crescente número de unidades de produção dispersa, a necessidade da redução das emissões
de gases de efeito de estufa, exigem uma contínua expansão e manutenção da rede elétrica, de
modo a garantir um serviço com os níveis de segurança e de qualidade exigidos.
A garantia de um fornecimento contínuo de energia, seguro e com elevados padrões de
qualidade impõe um aumento significativo dos níveis de exigência no desempenho das
empresas que prestam serviços na rede elétrica.
A expansão e manutenção da rede elétrica devem acompanhar a evolução tecnológica,
tendo em consideração os novos materiais que surgem no mercado, bem como os novos
equipamentos que podem ser utilizados.
A exploração das redes elétricas de energia é um processo que exige, da parte da entidade
responsável, ações de planeamento, projeto e licenciamento de novas instalações elétricas. De
facto, com a evolução socioeconómica, é cada vez mais uma exigência que os serviços
prestados sejam de qualidade, regra à qual não foge o setor energético. Assim, com as
atividades descritas, o explorador da rede elétrica deve ser capaz de elevar a qualidade com
que distribui energia, garantindo que nenhuma carga fica por alimentar, mesmo quando é
necessário, por diversas razões, retirar de serviço algum troço de linha.
A utilização de linhas aéreas é a forma mais económica para se fazer o transporte e
distribuição de energia elétrica, sendo que a sua construção envolve diversas áreas de
engenharia, como electrotecnia, civil, mecânica e de estruturas. Há ainda a necessidade das
linhas serem estabelecidas para operarem em condições de variação de temperatura, podendo,
inclusive, estar sujeitas à formação de gelo nos condutores e apoios.
As redes elétricas aéreas apresentam-se, desde há longos anos, como um elemento
fundamental no sistema de transmissão de energia. Não constituindo, ainda assim, a solução
ótima, trata-se de uma garantia de equilíbrio entre as melhores características económicas e
técnicas para transporte e distribuição de energia elétrica desde os sistemas de produção até
aos consumidores. Em Portugal, pode afirmar-se que existem quatro níveis de redes aéreas,
sendo estas as linhas de Muito Alta Tensão (MAT) (400 kV, 220 kV, 150 kV), Alta Tensão
(AT) (100 kV, 60 kV), Média Tensão (MT) (30 kV, 15kV, 6 kV) e Baixa Tensão (BT) (400
V/230 V). Estando as primeiras associadas a ligações muito extensas, que no fundo
2
constituem os principais elos da rede elétrica de um país, são estabelecidas a uma tensão mais
elevada, com todas as vantagens técnicas conhecidas. Relativamente às linhas de AT, estas
estabelecem a ligação elétrica entre os pontos de MAT e algumas centrais de produção até às
subestações.
1.2 Objectivos do Trabalho
O Estágio realizado na Empresa Bragalux, que presta serviços na área da instalação e
manutenção de Redes de Baixa e Média Tensão e Iluminação Pública para a Distribuidora de
Eletricidade na Área Operacional de Aveiro, envolve os seguintes objetivos:
- Receção das obras;
- Distribuição das obras, de acordo com o grau de urgência da sua execução;
- Seleção dos materiais e equipamentos a utilizar em cada obra a executar;
- Acompanhamento da execução das obras;
- Reuniões mensais com a Distribuidora.
O trabalho de estágio envolverá ainda o levantamento dos novos materiais e
equipamentos existentes no mercado, que podem ser utilizados nas redes elétricas e a
definição dos procedimentos a efetuar em cada uma das fases de execução das obras.
1.3 Estrutura do Documento
Este documento encontra-se dividido em cinco capítulos. No presente capítulo,
―Introdução‖, são apresentados o enquadramento e os objetivos do trabalho, bem como um
pequeno resumo de cada um dos capítulos que constituem o documento.
No segundo capítulo, é feita uma abordagem às redes de Baixa Tensão e aos elementos
que as constituem.
No capítulo terceiro, é abordado o tema das redes de Média Tensão, desde a sua
construção, passando pelos materiais utilizados, até à entrega nos postos de transformação.
No capítulo quarto, são descriminadas as várias atividades realizadas durante o estágio e
feito o enquadramento das mesmas a nível da distribuição de energia.
No quinto e último capítulo ―Conclusões‖, são apresentadas as principais conclusões
deste trabalho.
3
2 Rede Baixa Tensão
As redes elétricas de baixa tensão, normalmente designadas por redes de distribuição em
BT, são os elementos do sistema elétrico que mais frequentemente estão sujeitos a
modificações. A constante atualização das redes de distribuição em BT é justificada não só
pela necessidade de alimentação de novos clientes particulares, mas também pelas linhas de
orientação do planeamento a curto prazo da rede ou ainda pelo melhoramento da qualidade de
serviço.
A distribuição de energia elétrica em baixa tensão inicia-se na saída do quadro geral de
baixa tensão (QGBT) dos Postos de Transformação (PT). As redes BT podem ser de dois
tipos: aéreas ou subterrâneas. As linhas aéreas podem ser em condutores não isolados (cobre)
ou isolados em feixe, designados por cabos torçada (alumínio). As linhas em condutor sem
isolamento estão fixas sobre isoladores e apoiados em postes de betão, ou sobre postaletes
metálicos fixos na fachada. Os condutores elétricos de distribuição em baixa tensão são
normalmente constituídos por cinco condutores, sendo um destinado à iluminação pública e
os restantes usados para a distribuição de energia. As tensões nas redes são de 230 Volts para
a tensão simples e de 400 Volts para a tensão composta.
2.1 Características da Rede Baixa Tensão
A rede de baixa tensão segue atualmente uma topologia radial, como ilustrado na Fig.2.1.
Esta topologia garante correntes de curto-circuito menores e uma elevada economia em
condutores, devido às menores secções utilizadas e, por conseguinte, a aparelhagem utilizada
terá um menor poder de corte. A menor fiabilidade desta topologia deve-se ao facto de não
existir a possibilidade de uma alimentação alternativa para reconfiguração da topologia.
Fig. 2.1.Topologia Radial [Santos e Ferreira, 2004]
4
2.1.1 Características das Redes Aéreas
As redes de distribuição aéreas, tipicamente instaladas em apoios de betão ou madeira em
zonas rurais, são estabelecidas em condutores não isolados ou condutores isolados (cabo
torçada).
2.1.1.1 Redes Aéreas estabelecidas em condutores não isolados
Atualmente, o número de redes aéreas estabelecidas em condutores não isolados é
reduzido. A utilização destes condutores tem vindo a ser progressivamente abandonada,
devido à remodelação da rede. Presentemente, nas redes de baixa tensão apenas são instalados
condutores isolados, nomeadamente rede torçada. Este tipo de topologia, usada nas primeiras
redes para distribuição de energia, assenta sobre isoladores fixos nos apoios e tem grande
vantagem na detecção de avarias. Pode ser constituída por condutores de cobre, alumínio ou
liga de alumínio e os condutores podem apresentar uma disposição em ―Quincôncio‖ ou
―Esteira Vertical‖ como ilustrado na Fig. 2.2. Para ambas as disposições existe duas variantes
relativamente à posição do condutor de neutro: neutro em posição inferior ou neutro em
posição superior. A disposição em esteira vertical é a mais recomendada, uma vez que a
disposição dos condutores facilita a realização dos trabalhos em tensão.
Fig. 2.2.Disposição da Rede Aérea em condutores não isolados [Santos e Ferreira, 2004]
Presentemente ainda existem alguns ramais constituídos por condutores em cobre não
isolado de secções 6 e 10 mm2.
5
As razões pelas quais a distribuidora opta pela utilização do cabo torçada, como
alternativa aos condutores não isolados, são várias: o facto de o cobre ter vindo a atingir
valores de custo bastante elevados (o que tem originado um aumento dos furtos nestas linhas);
o facto de ser mais fácil e rápida a instalação e manutenção de uma rede constituída por este
tipo de condutores; o número elevado de avarias nas redes constituídas por condutores não
isolados na presença de condições climatéricas adversas. A única desvantagem das redes em
cabo torçada é a deteção de defeitos, no caso de perfuração do isolamento. Nesta situação, não
é fácil a deteção do defeito através de uma rápida inspeção visual à rede, contrariamente ao
que se verifica nas redes com condutores não isolados.
2.1.1.2 Redes Aéreas em cabo torçada
Atualmente, estas são as redes aéreas mais comuns, utilizam condutores isolados de
alumínio. São redes utilizadas em zonas rurais, bairros suburbanos, zonas arborizadas e outras
situações específicas. Uma rede aérea de cabo torçada é constituída, basicamente, pelo
condutor isolado, a ferragem e a pinça de amarração ou suspensão (dependente da situação),
para segurar e regular o cabo, como ilustrado na Fig. 2.3. As vantagens destas redes residem
no facto de serem uma alternativa às redes subterrâneas, de custo significativamente mais
elevado, de possibilitarem a instalação em postes e fachadas de edifícios e de apresentarem
uma maior fiabilidade.
Fig. 2.3. Rede Torçada
6
Os cabos torçada são constituídos por condutores multifilares de alumínio e o isolamento
é de polietileno reticulado (PEX). As secções adoptadas pela EDP Distribuição no uso deste
tipo de cabos são: 16 mm2, 25 mm
2, 50 mm
2, 70mm
2 e 95 mm
2.
2.1.1.2.1 Acessórios da rede torçada
1. Caixa de Proteção de Rede
Sempre que existe uma mudança de secção dos condutores, estes devem ser
protegidos através da colocação de uma caixa com os respetivos triblocos e fusíveis,
dimensionados para a secção de derivação como ilustrado na Fig. 2.4.
A transição de condutores de rede aérea para rede subterrânea, ou vice-versa, é feita
através da caixa de proteção, secção máxima na transição é de 95 mm2.
Fig. 2.4. Caixa de proteção de rede
2. Alongador
Elemento de ligação entre a pinça e o gancho olhal, utilizado para secções superiores a
50 mm2
3. Rabo de porco roscado
Elemento que liga a rede ao apoio.
4. Pinças
Amarração - utilizadas como elemento de ligação entre o cabo torçada e a ferragem da
rede, ilustrado na Fig. 2.5.
7
Fig. 2.5. Pinça de Amarração
Suspensão - utilizadas como elementos de ligação entre o cabo torçada e a ferragem da
rede, tendo com principal função regular o cabo (ver Fig. 2.6).
Fig. 2.6. Pinça de Suspensão
5. Condutores
Os condutores das redes estabelecidas em cabo torçada podem ter alma condutora em
alumínio, com a designação de ―LXS‖, ou em cobre isolado a polietileno reticulado, com a
designação de ―XS‖. A identificação dos vários condutores é feita segundo a normalização,
sendo os condutores de fase marcados com ‗fase 1‘, ‗fase 2‘ e ‗fase 3‘, respetivamente. Os
condutores de iluminação pública são marcados com ‗IP 1‘, ‗IP 2‘ e o condutor de neutro tem
a inscrição da norma de fabrico.
6. Outros Acessórios
• Ligadores;
• Uniões;
• Manga termoretrátil;
• Terminais.
2.1.1.2.2 Dimensões da Rede
As redes aéreas em cabo torçada são instaladas, atualmente, segundo o esquema mostrado
na Fig. 2.7, sendo a distância do vão dependente do local de instalação da rede. Quando a rede
está localizada em zonas com consumidores pouco dispersos, a distância do vão não deve ser
superior a quarenta metros, devido ao esforço a que os apoios ficam sujeitos e devido à tração
feita pelos cabos de secção elevada. Em zonas com consumidores dispersos ou para troços de
iluminação pública, essa distância pode chegar aos sessenta metros.
8
A altura a que são colocados os condutores varia com os locais de instalação.
Geralmente, a altura de colocação é de cinco metros, sendo de seis metros na travessia de
estradas e no mínimo de sete metros na travessia de auto-estradas.
Fig. 2.7. Distância entre vãos [Santos e Ferreira, 2004]
Onde:
h: Altura mínima ao solo [m];
H: Altura dos apoios (não considerando fundação) [m];
d: Flecha a meio vão [m];
L: Vão [m].
2.1.2 Características das Redes Subterrâneas
As redes subterrâneas são atualmente a forma mais consensual de instalação das redes
elétricas, visto que são redes esteticamente mais apreciadas, do que as redes aéreas, uma vez
que estão colocadas em valas e armários. No entanto, têm a grande desvantagem de a sua
instalação ser muito mais dispendiosa do que a instalação de redes aéreas.
A instalação das redes subterrâneas pode ser efetuada de duas formas: os condutores da
rede podem ser instalados diretamente no solo das valas, ou podem ser instalados em tubos
colocados nas valas.
2.1.2.1 Condutores enterrados diretamente no solo
A instalação destas redes deve respeitar os locais de instalação, devendo respeitar, em
casos gerais, uma profundidade de setenta centímetros do solo e, no mínimo, uma
profundidade de um metro na travessia de estradas. Estas redes devem ser sempre sinalizadas,
como ilustrado na Fig. 2.8.
A instalação deste tipo de redes, sempre que possível, deve ser feita em passeios públicos
e deve-se ter em atenção as distâncias de cruzamento ou vizinhança com outras instalações
9
enterradas: cabos de eletricidade BT ou MT; cabos de telecomunicações; canalizações de gás,
água e saneamento. A travessia de vias públicas não é permitida neste tipo de instalação, uma
vez que ficaria sujeita a maiores esforços mecânicos e a resolução de avarias tornar-se-ia
inviável. Os condutores utilizados devem ser dotados de uma bainha resistente à corrosão
provocada pelo terreno e devem possuir resistência mecânica (cabos com armadura), para
prevenir possíveis avarias, por compressão, contacto com corpos rígidos ou ferramentas
metálicas.
2.1.2.2 Condutores entubados
Nos condutores entubados, é utilizado tubo em Policloreto de Vinilo (PVC) ou tubo
Corrugado (PEAD). Em casos especiais, quando o risco de esforços mecânicos for bastante
elevado, utilizam-se tubos de aço ou ferro fundido. É dispensado o uso de cabos com
armadura, quando os cabos utilizados forem monopolares e devem ser utilizadas canalizações
independentes.
Os condutores colocados em instalações subterrâneas devem obrigatoriamente ser
condutores rígidos, com duas bainhas ou uma bainha reforçada, como ilustrado na Fig. 2.9.
Legenda:
1- Alma condutora da classe 2 (LVAV,
LXAV) ou classe 1 (LSVAV, LSXAV);
2- Isolamento a PVC (LVAV, LSVAV) ou
a PEX (LXAV, LSXAV);
3- Fita de cintagem (Poliéster);
4- Bainha interior de PVC;
5- Armadura de fitas de aço;
6- Bainha exterior de PVC
Fig. 2.9. Condutores Subterrâneos
Fig. 2.8. Colocação de cabos diretamente no solo [Baseado Redes Distribuição BT, Santos e Ferreira]
10
2.1.3 Armários de Distribuição
Os armários de distribuição são utilizados como ponto de saída de alimentação das redes
subterrâneas e servem para proteção e alimentação dos circuitos. São constituídos por
barramentos em cobre onde estão fixos os triblocos, onde estão colocados os fusíveis para
proteção. A Fig. 2.10 representa um armário de distribuição.
Fig. 2.10. Armário de Distribuição Tipo X
2.2 Ligações à Rede de Baixa Tensão
Na sequência de um pedido de ligação à rede, a Distribuidora apresenta, no prazo
máximo de 15 dias úteis, um orçamento dos encargos para a construção dos elementos de
ligação. As novas instalações de utilização devem ser concebidas de forma a não causarem
perturbações ao normal funcionamento da rede.
Quando existe um pedido de fornecimento de energia ou aumento da potência contratada,
o técnico desloca-se ao local para proceder ao levantamento da rede de baixa tensão,
verificando se existe viabilidade no pedido do cliente, verificando as condições do local e da
instalação do cliente e a potência máxima instalada para aquela localidade.
2.2.1 Construção dos Elementos de Ligação
Os elementos de ligação, para uso exclusivo, podem ser construídos pelo cliente. Devem
respeitar o estudo que serviu de base ao orçamento facultado pela Distribuidora, observar as
normas construtivas aplicáveis e utilizar materiais aprovados pela Distribuidora, de acordo
com as características dos materiais e equipamentos a que se referem.
2.2.2 Encargos com a Ligação
A ligação à rede implica o pagamento de um ou vários dos seguintes encargos:
11
Custo inerente aos elementos de ligação para uso exclusivo;
Encargos relativos aos elementos de ligação de uso partilhado;
Custos com o reforço das redes (se necessário);
Encargos com a expansão das redes (se necessária).
2.2.3 Reforço das Redes
No caso da ―Potência Requisitada‖ da ligação exceder a ―Potência Instalada‖ estabelecida
para a localidade em causa, são imputadas ao cliente comparticipações nos custos das ações
imediatas ou futuras, necessárias ao reforço da rede.
Os materiais e os equipamentos a usar nas ligações dos clientes à rede baixa tensão
devem obedecer às especificações em vigor na Distribuidora e às normas em vigor: Normas
Portuguesas, Norma Europeias e Documentos de Harmonização da CENELEC e normas da
IEC. Devem, ainda, possuir as características adequadas ao local onde forem instalados e ao
fim a que se destinam.
2.2.4 Portinholas
Considera-se como fronteira entre a rede de baixa tensão e a instalação do cliente a
entrada do corta corrente fusível existente na portinhola. As portinholas devem obedecer ao
estipulado no DMA-C62-807/N nomeadamente:
Possuírem características de acordo com o estabelecido na norma IEC 60439, nas suas
partes 1 e 5; assegurar a proteção das pessoas contra contactos indiretos por meio da
proteção por isolamento total (esta medida de proteção, aplicável aos conjuntos de
equipamentos elétricos construídos em fábrica, é equivalente à classe II de isolamento
definida para os equipamentos elétricos);
Terem um sistema de fecho normalizado de acordo com as indicações da Distribuidora e
em conformidade com as normas acima referidas;
Serem normalizados, de acordo com a Tabela 2.1;
Garantirem os graus de proteção mínimos IP45 e IK10 para as portinholas dos tipos P50,
P100 e P400, e IP 32D e IK09 para a portinhola P25.
12
Tabela 2.1.Tipos de Portinholas [EDP, 2007]
2.2.5 Fusíveis e bases
As bases que equipam as portinholas P25, P50 e P100 devem ser adequadas à colocação
de fusíveis cilíndricos. As bases que equipam a portinhola P400 devem ser adequadas à
colocação de fusíveis de faca. O dispositivo de neutro das portinholas P50, P100 e P400 deve
ser constituído por uma barra amovível de cobre electrolítico, assente sobre uma base
isolante. Esta barra deve dispor de terminais concebidos de forma a permitir a ligação de
condutores não preparados, no caso das portinholas P50 e P100, e a ligação de condutores
preparados (com terminais) para o caso da portinhola P400. A barra de neutro só deve poder
ser manobrada por meio de uma ferramenta. Na portinhola P25, o seccionamento do neutro é
feito na própria base de fusíveis e em simultâneo com a fase. O pólo de neutro desta base
deve ser equipado com um shunt tubular de cobre.
2.2.6 Caixas de contagem
As caixas de contagem destinam-se aos edifícios dotados de uma única instalação de
utilização (vivendas unifamiliares, edifícios comerciais isolados, etc.) e são previstas para
colocação encastrada no muro exterior ou, na ausência destes, nas fachadas das construções.
13
As caixas de contagem devem ter invólucros adequados que satisfaçam as características
seguintes:
Serem construídas de modo a garantir a classe II de isolamento (equivalente à proteção
por isolamento total), de acordo com o estipulado na especificação da Distribuidora,
DMA-C62-805/N;
Devem ter como dimensões interiores mínimas 400 mm de altura, 230 mm de largura e
180 mm de profundidade, a fim de comportarem e permitirem a ligação de um qualquer
contador trifásico de ligação direta, disponibilizado no mercado [EDP, DIT-C14-100\N].
2.2.7 Colocação de Equipamentos de Contagem
1) Ligação, a partir da rede aérea, de edifícios com uma instalação de utilização com
poste encostado ou intercalado, como ilustrado na Fig. 2.11.
Fig. 2.11. Instalação de utilização com poste encostado ou intercalado [EDP, 2007]
Esta solução aplica-se nos casos em que os edifícios dispõem de muros sem pilar, ou com
pilar sem altura suficiente para que o ramal seja montado nas condições indicadas. O condutor
é fixo através de uma pinça de suspensão, desce ao longo do poste, protegido por um tubo, e
entra na portinhola (B) através do tubo que, por estar à vista e acessível, deve ter resistência
mecânica adequada (PN 10). A utilização do tubo de 40 mm de diâmetro (PVC) destina-se a
deixar a entrada da portinhola preparada para permitir a execução de ramais com cabo LXS
4x16 mm2, independentemente de ser ou não monofásica a ligação a estabelecer, a fim de
permitir, no futuro, uma eventual passagem da ligação de monofásica a trifásica. A ligação
entre a portinhola e a caixa de contagem deve ser feita por meio de condutores H07V-R ou
H07V-U, com a secção e o número de condutores adequados à potência de dimensionamento
14
da instalação, com um mínimo de 6 mm2 nos ramais monofásicos para potências até
6,90 kVA (1x30 A) ou nos trifásicos até 20,70 kVA (3x30 A).
2) Ligação, a partir da rede aérea, de edifícios com uma instalação de utilização e fachada
confinante com a via pública (sem muro), como ilustrado na Fig. 2.12.
Fig. 2.12. Instalação de utilização e fachada confinante com a via pública [EDP, 2007]
Esta solução poderá passar pela execução de um ramal aéreo, através de uma derivação
para a habitação em cabo LXS, ou a execução de um ramal subterrâneo em cabo LSVAV,
utilização do tubo PEAD de 63 mm destina-se a deixar a entrada na portinhola preparada para
permitir a execução de ramais com cabo LSVAV 4x16 mm2, independentemente de ser ou
não monofásica a ligação a estabelecer, a fim de permitir, no futuro, uma eventual passagem
da ligação de monofásica a trifásica, bem como a facilitar o enfiamento deste cabo. Para
outras secções de condutores, devem ser usados diâmetros compatíveis com a fórmula (2.1):
Ø Tubo [interior] ≥ 1,5 x Ø Cabo [exterior] (2.1)
Da aplicação da fórmula aos cabos subterrâneos normalizados na EDP Distribuição,
resultam os diâmetros mínimos de tubos indicados na Tabela 2.2:
Tabela 2.2. Diâmetro mínimo dos tubos [EDP, 2007]
15
3) Ligação, a partir da rede aérea, de edifícios colectivos
Em edifícios coletivos, tendo mais do que uma instalação de utilização, a portinhola deve
ser instalada na fachada exterior, em local acessível a partir da via pública, como ilustrado na
Fig. 2.13. Esta solução é preconizada com vista a permitir a existência de um local no exterior
do edifício, onde se possa estabelecer a fronteira entre a rede de distribuição e a instalação
elétrica do cliente. Em situações excecionais, devidamente autorizadas pela EDP, poder-se-á
dispensar a instalação da portinhola, por exemplo, em edifícios com posto de transformação
próprio, em que se considere que os fusíveis do quadro geral, que protegem a saída em causa,
desempenham a função da portinhola, ficando a fronteira localizada nos terminais de saída
das bases dos fusíveis. O cabo e respectivos terminais dos condutores são propriedade do
cliente.
Fig. 2.13. Instalação em edifícios colectivos [EDP, 2007]
4) Ligação, a partir da rede aérea, de instalações inseridas em edifícios com alimentação
por ramal próprio
No caso de instalações inseridas em edifícios cuja alimentação não seja efetuada a partir
do quadro de colunas (quando não existir acesso à instalação de utilização pelas zonas
comuns do edifício ou quando, por motivo devidamente justificado, se optar por alimentação
autónoma), mas sim diretamente da rede através de um ramal exclusivo, deve ser instalada
uma portinhola no exterior, acessível a partir da via pública.
16
5) Ligação, a partir da rede aérea, de condomínios fechados e edifícios funcionalmente
interligados
Para os condomínios fechados e para as edificações que constituem conjuntos de
edifícios funcionalmente interligados, as respetivas regras de ligação são as que se encontram
estabelecidas no Guia Técnico das instalações estabelecidas em condomínios fechados,
publicado pela Direção Geral de Energia e Geologia e no DIT-C11-030 da EDP.
No que respeita ao fornecimento de energia, deve existir um ou vários pontos de entrega
de energia, dependendo da dimensão do empreendimento, e uma fronteira estabelecida entre a
rede de distribuição pública e a rede de distribuição privada, fronteira essa que deve estar
localizada na via pública ou em local permanentemente acessível ao pessoal da EDP a partir
da via pública.
2.2.8 Condutores para ramais
Os condutores a usar nas ligações entre a rede existente e a portinhola (ramais) são os
indicados na Tabela 2.3 e devem obedecer ao indicado nas especificações DMA-C33-200/N
(para ramais subterrâneos) e DMA-C33-209 (para ramais aéreos).
Uma vez que a entrada dos cabos (ramais) é sempre feita pela parte inferior da portinhola,
os condutores desses cabos devem ser ligados aos terminais inferiores do dispositivo de
neutro e/ou das bases de fusíveis.
Tabela 2.3. Condutores e respectivas proteções [EDP, 2007]
2.2.9 Critérios de Dimensionamento das Redes de Baixa Tensão
Uma rede de baixa tensão deve, de acordo com o Regulamento de Segurança de Redes de
Distribuição de Energia Elétrica em Baixa Tensão (RSRDEEBT), ser dimensionada tendo em
consideração os seguintes critérios:
17
Queda de tensão máxima admissível na canalização;
Corrente de serviço da canalização;
Seletividade entre as proteções colocadas em série;
Comprimentos máximos protegidos contra curto-circuitos.
Deve usar-se o maior dos valores de secção que resultem da aplicação destes critérios.
2.2.9.1 Queda de Tensão
De acordo com as disposições regulamentares, a queda de tensão total, desde o posto de
transformação MT/BT até ao final da rede de baixa tensão, isto é, à portinhola ou, quando esta
não existir, ao quadro de colunas de um edifício ou aos terminais de entrada do contador, não
deve ser superior a 8%, como mencionado no capítulo III, artigo 9.º do RSRDEEBT.
Na escolha do elemento de uso exclusivo, este critério pode ser conseguido de duas
formas: usando uma canalização de uso exclusivo de secção adequada à queda de tensão
admitida (2% da tensão nominal), ou aumentando a secção da canalização de uso partilhado,
se tal não for possível.
Nas Tabelas 2.4 e 2.5, referentes aos cabos subterrâneos, e na Tabela 2.6, referente aos
cabos aéreos do tipo torçada, estão indicados os comprimentos máximos para os cabos
existentes no mercado, em função da corrente de serviço (Is) e da queda de tensão entre 1 e
8 %. A secção do condutor a escolher para o elemento de uso exclusivo, deve estar de acordo
com este critério.
Tabela 2.4. Comprimentos máximos para cabos subterrâneos enterrados no solo [EDP, 2007]
18
Tabela 2.5.Comprimentos máximos para cabos subterrâneos com tubo [EDP, 2007]
Tabela 2.6.Comprimentos máximos para cabos aéreos [EDP, 2007]
Onde:
S - Secções e tipo dos cabos normalizados (*Secções em uso pela EDP Distribuição);
R20ºC/R70ºC - Resistência do cabo a 20ºC e a 70ºC (70ºC-temperatura máxima no isolamento-
PVC);
X - Admitância do cabo;
P.L - Momento elétrico(U2/Z);
IZ - Corrente máxima admíssivel no cabo, nas condições de instalação;
In - Corrente estipulada do fusível para proteger os cabos contra sobreintensidades(If≤1,45IZ e
If=1,6In), que deverá ser superior igual a IS;
IS - Corrente de serviço (Corrente de funcionamento do cabo);
Lmáx - Comprimento máximo do cabo.
2.2.9.2 Seletividade das proteções
Para que exista seletividade entre proteções colocadas em série, é necessário garantir que,
em caso de defeito, apenas atue o aparelho de proteção situado imediatamente a montante do
defeito permitindo, assim, que continuem a funcionar as canalizações situadas a jusante dessa
proteção e que não tenha sido afectado por esse defeito. Quando há fusíveis em série, como é
o caso de canalizações derivadas de outras, é obrigatória a colocação de proteções na
mudança de secção, em cumprimento do artigo 131.º do capítulo XIII, do RSRDEEBT. De
19
forma a garantir a seletividade na atuação dos fusíveis é necessário usar, nas derivações da
rede, fusíveis cuja relação seja de 1:1,6 ou superior, relativamente ao fusível a montante. Esta
relação corresponde ao uso de fusíveis de valores não sequenciais à série normalizada.
Os valores de In da série normalizada dos fusíveis mais usuais para a gama de secções dos
cabos em uso são: 20 – 25 – 32 – 40 – 50 – 63 – 80 – 100 – 125 – 160 – 200 – 250 – 315,
Ampere (A).
No caso dos cabos torçada, não é possível derivar, por exemplo, de um condutor de
50 mm2 (LXS 4x50 mm
2, cujo fusível de proteção é de 125 A) para uma canalização de
70 mm2 (LXS 4x70 mm
2, cujo fusível de proteção é de 160 A). Assim, quando da aplicação
dos dois critérios anteriores, conduzir a uma situação destas, devem-se usar cabos ou
condutores em torçada na canalização derivada, com a mesma secção ou inferior do que na
canalização principal, por questões de seletividade. É necessário assegurar, também, que a
seletividade não corresponda a um sobredimensionamento da canalização, por se tratar do
cumprimento de prescrições regulamentares de segurança das instalações, com indicados nas
Tabelas 2.7 e 2.8.
Tabela 2.7. Comprimentos máximos admissíveis (Lmax) em redes subterrâneas em função do fusível
utilizado na proteção da canalização contra curto-circuitos (In) [EDP, 2007]
Tabela 2.8. Comprimentos máximos admissíveis (Lmax) em redes aéreas em torçada em função do
fusível utilizado na proteção da canalização contra curto-circuitos (In) [EDP, 2007]
20
2.2.10 Iluminação Pública
A iluminação pública (IP) é hoje, mais do que nunca, uma área de trabalho muito
exigente devido a vários fatores, desde a comodidade à segurança. Novas instalações surgem
todos os dias, devido ao aumento da densidade populacional e consequente aumento do
número de habitações, alargando a rede de iluminação. A manutenção da rede de iluminação
pública exige, atualmente, mais meios humanos e materiais, consequência não só da expansão
da rede mas também da percepção, por parte dos consumidores e entidades autárquicas, da
importância do bom funcionamento da rede pública de iluminação.
A criação de novos espaços e vias de comunicação obriga à realização de estudos
luminotécnicos para garantir os níveis de iluminância recomendados. A iluminação das vias
deve permitir aos utentes uma circulação noturna com uma segurança e um conforto tão
elevados quanto possível. Para os peões, a visibilidade clara dos limites dos passeios, com
ausência de zonas muito sombrias, é essencial. Para os automobilistas, a iluminação deve
permitir distinguir com clareza, e em tempo útil, os pontos singulares da estrada e os
eventuais obstáculos, tanto quanto possível sem a utilização de faróis.
Para a montagem de uma nova rede de IP, deve-se analisar a rede existente mais próxima,
para encontrar a melhor forma de fazer a ligação da nova rede de IP. Deve-se verificar quais
os postos de transformação mais próximos que possam ser utilizados para alimentar a nova
rede pois é no próprio PT, que será feito o comando da IP, por foto-célula, relógio mecânico
ou relógio astronómico.
2.2.10.1 Focos Luminosos
Os aparelhos de iluminação e respetivos suportes serão escolhidos de entre os tipos
normalizados, apresentados na Tabela 2.9, existentes no mercado e deve ter em consideração
a racionalização de energia. Os locais de instalação e a seleção da potência das lâmpadas são
da competência da Câmara Municipal, ouvido o concessionário. A iluminação é normalmente
instalada nas redes aéreas, normalmente em apoios da rede ou nas redes subterrâneas, em
colunas ou consolas.
Tabela 2.9. Armaduras utilizadas na rede de Iluminação Pública [EDP, 2007]
21
3 Rede Média Tensão
3.1 Projeto de Postos de Transformação
Questões de ordem económica e de segurança, obrigam o sistema de transporte e
distribuição de energia elétrica a possuir vários níveis de tensão, escolhidos de entre os
normalizados.
Entre estes, existem dois que são particularmente importantes a nível europeu: o nível dos
400 kV, na Alta Tensão, valor preferencial para a interligação das diversas redes nacionais, e
os 400 V, no domínio da Baixa Tensão, para propiciar a utilização universal. Os vários níveis
de tensão, necessários ao bom desempenho do sistema elétrico, são obtidos em instalações de
transformação através da utilização de transformadores.
De acordo com a legislação nacional, essas instalações de transformação dividem-se em
subestações e postos de transformação, dependendo da utilização que se dá à corrente
secundária dos transformadores. Noutros países, não se faz esta discriminação. Por exemplo,
em França, todas as instalações de transformação têm denominação de postos de
transformação enquanto no Brasil, todas as instalações que realizam a alteração dos níveis de
tensão são subestações.
O Regulamento de Segurança de Subestações, Postos de Transformação e de
Seccionamento (RSSPTS) no seu artº 6º define Posto de Transformação como ―Instalação de
alta tensão destinada à transformação da corrente elétrica por um ou mais transformadores
estáticos, quando a corrente secundária de todos os transformadores for utilizada diretamente
nos recetores, podendo incluir condensadores para compensação do fator de potência‖
[Revista O Electricista]. A partir da definição, não é necessário que a tensão secundária caia
no nível da BT, mas sim que a corrente secundária alimente diretamente os recetores. Mas a
situação mais comum é a da transformação média tensão/baixa tensão, em particular, no
nosso país, 15/0,4 kV.
O equipamento fundamental de um posto de transformação é o transformador mas, como
instalação envolvendo elevados níveis de tensão e energia, necessita naturalmente de um
conjunto adicional de aparelhagem tendente a realizar as funções obrigatórias de comando,
seccionamento, contagem e proteção quer de pessoas e animais, quer dos próprios
equipamentos e outros bens.
Os postos de transformação são inseridos nas redes próximos dos centros de consumo,
em diferentes áreas geográficas e com exigências diversas: zonas rurais, semiurbanas e
urbanas, zonas industriais, loteamentos e urbanizações, zonas de baixa, média ou elevada
22
densidade de carga, com média ou elevada exigência de qualidade de serviço, de domínio
público ou privado.
Desta variedade de condicionantes resulta uma gama correspondente de soluções
possíveis para a arquitetura dos postos de transformação. Deste modo, os postos de
transformação podem ser classificados quanto à instalação - de interior, em edifício próprio
ou edifício para outros usos, ou de instalação exterior -, quanto ao modo de alimentação - do
tipo radial, em anel aberto ou com dupla derivação-, quanto ao serviço prestado - de serviço
público (PTD) ou privado (PTC) - e quanto ao modo de exploração - de condução manual ou
automática.
A abordagem moderna ao projeto de postos de transformação incide essencialmente na
opção pela solução pré-fabricada, modular ou compacta, em detrimento de formas mais
tradicionais de construir estas instalações. As razões que conduzem à atual tendência para
optar por soluções pré-fabricadas, são a economia de mão-de-obra de instalação, tempos de
entrada em serviço reduzidos, possibilidade de escolha da arquitetura e equipamento
normalizado e fiável.
Para a boa realização do projeto é necessário recolher, à partida: o tipo de projeto (de
serviço público ou serviço particular), o tipo de posto de transformação (de transformação ou
seccionamento-transformação), o tipo de instalação e tipo de alimentação (radial ou anel
aberto). Os dados necessários referentes às características elétricas são: a tensão nominal da
rede de média tensão, o regime de neutro, a potência de projeto a atribuir ao posto de
transformação, a potência de curto-circuito previsível no local de instalação, a corrente de
defeito do lado MT, o tempo máximo de corte da corrente de defeito pelas proteções de linhas
de MT, o regime de neutro, a resistividade do solo.
3.1.1 Postos de Transformação Aéreos
Os postos de transformação de exterior, aéreos, são montados em postes normalizados de
betão, como ilustrado na Fig. 3.1 e são identificados pelo modo como é feita a ligação à rede
aérea de Média Tensão. No caso de ser feita uma ligação direta, estamos perante um PT do
tipo A, se se fizer através de Seccionador, teremos um tipo AS mas caso essa ligação seja
estabelecida através de um Interruptor-Seccionador, será um PT AI, como ilustrado na
Fig. 3.2. A potência máxima instalada será de 100 kVA para PT AS e 250 kVA para o PT AI.
A proteção de pessoas, contra contatos acidentais, é garantida através da execução da
terra de proteção, que liga as estruturas metálicas de amarração das linhas de MT, a cuba e
suporte do transformador, o seccionador e respectivo comando e plataforma de manobras.
23
A terra de serviço será executada no QGBT para ligação da estrutura metálica e do neutro.
Esta será feita também em pelo menos duas saídas em apoios da rede de distribuição.
Fig. 3.2. Seccionador e Interruptor-Seccionador
3.1.2 Postos de Transformação em Cabine
Os postos de transformação em cabine podem ser alimentados através de uma linha aérea
ou através de um cabo subterrâneo, existindo, para isso, duas versões de cabine - a cabine alta
e a cabine baixa -, adaptadas ao tipo de alimentação do posto de transformação.
Embora a função e a estrutura sejam basicamente as mesmas nos dois tipos de postos de
transformação em cabine, as diferenças existentes nos valores das potências elétricas em jogo,
resultam em diferentes concepções destes postos de transformação.
Fig. 3.1. Posto de Transformação Aéreo variante AS e AI
24
Estes postos de transformação são instalações de interior, que podem assumir uma maior
ou menor dimensão, dependendo do tipo de alimentação (linha aérea ou cabo subterrâneo) e
da potência instalada, como ilustrado na Tabela 3.1.
Tabela 3.1. Dimensões interiores em função da Potência Instalada [Ribeiro da Silva]
Posto Comprimento (m) Largura(m) Altura (m) Potência (kVA)
CA1 2,5 2,5 8,2 160 250
CA2 3 3 8,2 400 630
3.1.2.1 Postos de Transformação em Cabine Alta (PTCA)
Estes postos de transformação de interior são concebidos para receberem alimentação por
linha aérea, até tensões de 30 kV e potências até 630 kVA, como ilustrado na Fig. 3.3.
Este tipo de solução pode já não se justificar, pois é muito fácil proceder-se à passagem
da linha aérea a cabo subterrâneo e alimentar-se uma cabine baixa com uma arquitetura
modular de posto de transformação.
O esquema elétrico do posto de transformação em cabine alta tipo CA2 distingue-se do
tipo CA1 por possuir corta-fusíveis no lado da MT. A utilização de seccionador será opcional,
excepto quando os pára-raios forem instalados no interior do PT, caso em que o seu uso será
obrigatório. O barramento de MT poderá ser do tipo vareta, barra ou tubo, de cobre ou
alumínio cobreado, apoiado em isoladores de acordo com a norma NP 1520.
As saídas destes postos de transformação serão executadas em condutores do tipo LVS e
LXS (torçada), de 50 mm2 de secção, ou uma ou duas de 70 mm
2, com uma saída de 16 mm
2
para IP, para o PT CA1. No caso do posto de transformação tipo CA2 será possível executar
seis saídas, de 50 mm2 ou 70 mm
2, com duas saídas de 16 mm
2 de IP.
Fig. 3.3 Posto de Transformação em Cabine Alta [Ribeiro da Silva]
25
3.1.2.2 Postos de Transformação em Cabine Baixa (PTCB)
Os edifícios de betão pré-fabricados são concebidos para serem totalmente montados de
fábrica e permitem a instalação de toda a aparelhagem e acessórios que compõem o posto, o
que garante a qualidade de todo o conjunto, com exceção dos cabos de ligação à rede.
Este tipo de postos de transformação, montados em cabines baixas, admite duas
variantes, consoante a disposição das suas celas, colocadas em U ou em linha, dando origem
aos tipos CBU e CBL. Os dois tipos referidos têm alimentação subterrânea em anel, podendo
disponibilizar uma saída radial para alimentação de outro posto de transformação, de potência
máxima instalada de 630 kVA, como representado na Fig. 3.4.
A estrutura e a composição dos postos de transformação em cabine são similares aos dos
postos aéreos. Uma das especificidades dos postos de cabine reside na necessidade de
proteção contra contactos diretos, uma vez que a altura a que é feita a montagem dos seus
componentes os torna acessíveis a quem estiver no interior da instalação. Outra diferença é a
potência instalada, sendo superior no caso dos postos em cabina.
3.2 Linhas de Média Tensão Aéreas (LAMT)
A construção de novas linhas de média tensão aéreas pode ocorrer por:
Pedidos de novos clientes;
Modificações do traçado de linhas existentes;
Ligação a novos postos de transformação;
Novos investimentos.
Para a realização de obras de Linhas de Média Tensão Aéreas existem duas fases
distintas, a fase de preparação da obra e a fase de execução da obra.
Fig. 3.4.Posto de Transformação do Tipo CBU e CBL [Ribeiro da Silva]
26
3.2.1 Fase da Preparação da Obra
É necessário um pedido de autorização, por parte do adjudicatário da obra, aos
proprietários dos terrenos, onde será colocada a linha. Por vezes, esta autorização é negociada
com os proprietários, uma vez que a colocação dos apoios de MT exige, frequentemente, o
desbaste de árvores e a ocupação de terrenos. É ainda necessário analisar os aspetos que
ocasionalmente poderão dar origem a indemnizações (Anexo I), pois os terrenos sob as linhas
não poderão ser utilizados para cultivo das chamadas ―árvores de crescimento rápido‖. Caso
esta situação venha a verificar-se, as árvores serão cortadas sem autorização do proprietário.
É realizada, pelo topógrafo que se desloca ao local, uma planta pormenorizada, com a
localização do traçado da linha, com a indicação das distâncias e dos ângulos da localização
dos apoios, com a descrição do meio ambiente do local (árvores, linhas de água, caminhos e
outras linhas aéreas existentes) e identificação da utilização dos terrenos (cultivo, pousio,
arborizado, etc.) (Anexo II).
O projeto da linha é desenvolvido por um projetista, que pode pertencer ao distribuidor
ou pode ser subcontratado, com base na planta fornecida pelo topógrafo.
A piquetagem da linha é executada depois de disponibilizado todo o projeto da linha, que
deve incluir a memória descritiva da linha, o perfil da linha e o mapa de montagem.
A piquetagem baseia-se na marcação, no terreno, dos pontos de implantação dos postes
definidos sobre o perfil e deverá ser realizada pela medição e transmissão de alinhamentos e
medição de vãos. Deverá ser assegurado que não existem, nos locais previstos pela EDP
Distribuição, quaisquer obstáculos naturais ou artificias, susceptíveis de prejudicar a
localização dos apoios, que não tenham sido previstos anteriormente. A definição dos
alinhamentos é feita a taqueómetro, estação total ou GPS, utilizando marcos ou estacas
consolidadas que balizam, sobre o terreno, os diversos vértices e pontos dominantes do
traçado, sobre os quais se baseou o levantamento do perfil longitudinal da linha. Os eixos de
cada poste e os eixos das covas deverão ser georeferenciados e marcados no terreno, por
intermédio de estacas de madeira a fim de assegurar as direções exatas definidas no desenho,
como representado na Fig. 3.5. No caso de o terreno não admitir estacas ou marcos, estes
serão substituídos por marcas de tinta vermelha.
A piquetagem das linhas será conseguida pela colocação no terreno de, pelo menos:
No caso de postes de betão:
Três estacas ou marcas por cada poste de alinhamento. Uma estaca incluirá o
número de ordem assinalado no perfil, representando o eixo do poste e as restantes duas
27
são colocadas a quatro metros para cada lado da estaca central no eixo longitudinal da
linha;
Cinco estacas ou marcas por cada poste de ângulo. Uma estaca incluirá o
número de ordem assinalado no perfil e será colocada no eixo do poste. As restantes
estacas serão colocadas com um afastamento de 4 metros em relação à estaca numerada e
definindo, duas delas, o eixo longitudinal no ponto de implantação do poste;
Sete estacas ou marcas por cada pórtico. Duas estacas incluirão o número de
ordem assinalado no perfil e serão colocadas no eixo dos postes e as restantes estacas
serão colocadas de modo igual aos casos anteriores.
No caso de torres metálicas:
A piquetagem dos postes metálicos será conseguida pela colocação, no terreno,
de estacas ou marcas indicadas para os postes de betão, acrescida das estacas necessárias
para a definição dos vértices dos maciços dos postes metálicos.
3.2.2 Fase de Execução da obra
Nesta fase tem que se atender às considerações teóricas para a construção da linha assim
como às características técnicas dos materiais utilizados na obra:
Covas para colocação de apoios
A marcação de covas de cada apoio é realizada com base na piquetagem, uma vez que é
esta que define o local de implantação do poste. A profundidade da cova é obtida com base na
altura do apoio, através de (3.1).
(3.1)
Onde:
H: Altura da cova (m);
h: Altura do apoio (m).
Fig. 3.5. Piquetagem para colocação de apoios betão de MT
28
Classificação dos terrenos
- Terreno mole: se o coeficiente de compressibilidade do terreno for menor que 4 daN/cm3,
considera-se que a abertura de covas pode exigir entivação;
- Terra: se o coeficiente de compressibilidade do terreno for maior o igual a 4 daN/cm3 e
menor que 7 daN/cm3, considera-se que a abertura de covas pode ser feita sem recurso a
meios mecânicos;
- Rocha branda: se o coeficiente de compressibilidade do terreno for compreendido entre 7 e
10 daN/cm3, considera-se que a abertura de covas não exige outros meios para além do
martelo acionado por compressor;
- Rocha dura: se o coeficiente de compressibilidade do terreno for superior a 10 daN/cm3,
considera-se que a abertura de covas exige utilização de explosivos.
Montagem e colocação de apoios
O apoio é o elemento de uma linha aérea que tem como função o suporte dos condutores,
dos cabos de guarda, dos isoladores e outros acessórios. Os apoios utilizados em Portugal
podem ser metálicos ou de betão, sendo que a escolha de cada um deles depende de fatores
como o local de implantação e dos esforços a que vai estar sujeito. Atualmente é incentivada a
utilização de apoios de betão, pois são postes mais económicos e, para além disso, a área
necessária para as fundações é mais reduzida do que a requerida pelos apoios metálicos.
Esta última consideração é reforçada pelo facto de as fundações constituírem uma das
rúbricas que mais contribui para o aumento do custo global da obra, devido, essencialmente, à
mão-de-obra requerida e à utilização de espaço pelo qual o proprietário tem de ser ressarcido.
Outra das vantagens dos apoios de betão reside no facto não necessitarem de muita
mão-de-obra para serem erguidos, uma vez que são uma peça maciça. No entanto, e apesar de
constituírem um encargo financeiro maior devido ao trabalho que é necessário para elevá-los,
os apoios metálicos podem ser colocados por partes, o que constitui uma vantagem quando é
impossível transportar um apoio de betão para a zona de implantação (se não existirem
acessos, por exemplo). De facto, a avaliação dos acessos ao terreno é das primeiras ações que
um fiscal de obra tem de efetuar, para que o projetista possa decidir o tipo de apoio a utilizar.
29
Os apoios podem desempenhar várias funções, como ilustrado na Fig. 3.6:
Alinhamento – Apoio colocado num troço rectilíneo da linha;
Ângulo – Apoio implantado num ângulo;
Derivação – Apoio onde se estabelecem as derivações;
Fim de linha – Apoio que suporta a totalidade dos esforços que os acessórios da linha
lhe transmitem de um só lado;
Reforço – Apoio que suporta esforços longitudinais para reduzir consequências
resultantes da rotura de condutores ou cabos de guarda.
Fig. 3.6. Funções dos apoios. (a) apoio em rede (b) apoio de ângulo, (c) apoio de reforço em
alinhamento, (d) apoio de fim de linha, (e) apoio de derivação em alinhamento, (f) apoio de
derivação em ângulo[EDP, EC 2010]
Pórticos
A montagem de pórticos consistirá na colocação de 2 apoios simples, como ilustrado na
Fig. 3.7. A montagem da armação para o pórtico será executada após o arvoramento dos
respectivos apoios.
Fig. 3.7. Pórtico
30
Constituição dos maciços
Os maciços podem integrar-se nas seguintes categorias:
De betão moldado;
De betão ciclópico.
Os maciços de betão são em regra em betão ciclópico, exceto se o projeto indicar a
utilização de betão moldado ou se, durante a execução da obra, se constatar a conveniência da
sua utilização.
O vazamento do betão de um mesmo maciço deverá ser efetuado de uma só vez. Nos
casos excepcionais, em que haja necessidade de efetuar o vazamento por duas vezes, serão
utilizados pequenos estribos de ligação, com o diâmetro mínimo de 12 cm, em quantidade
suficiente e convenientemente repartidas. O vazamento far-se-á até ao nível do solo.
Serão tomadas todas as precauções usuais para proteger o betão contra a ação prolongada
do gelo, da chuva e dos raios solares, isto é, não são permitidas betonagens quando se
prevejam temperaturas inferiores a 4º C ou superiores a 40º C. A parte do maciço, de qualquer
tipo de poste saliente do terreno, deverá ficar com as superfícies lisas e desempenadas à
colher e deverá ser terminada em pirâmide, com inclinação mínima de 2%, para evitar a
acumulação de águas. A base da pirâmide deverá ficar, no mínimo, 25 cm acima do nível do
solo, garantindo-se que condições climatéricas desfavoráveis não conduzam à possibilidade
de contacto direto das terras com nenhum elemento do poste.
Depois de construídos os maciços, executadas as ligações à terra e tapadas as covas, será
feita a regularização e adaptação desse terreno às condições de implantação dos maciços e
proceder-se-á ao espalhamento das terras sobrantes, quando existirem.
O volume de betão dos maciços varia em função das dimensões das covas, do tipo e
altura do poste e ainda do coeficiente de compressibilidade do solo.
Isoladores
Os isoladores têm como função evitar a passagem de corrente do condutor ao apoio,
suporte e sustentação mecânica dos cabos. Nas linhas aéreas de média tensão até 30 kV
inclusive, podem utilizar-se isoladores rígidos, de eixo vertical ou de eixo horizontal e
isoladores de cadeia. Antes da montagem, todos os isoladores serão previamente limpos e
nenhum elemento defeituoso poderá ser utilizado.
Os isoladores e acessórios a instalar são do tipo indicado no projeto, sendo instalados
segundo os respetivos desenhos e especificações.
31
A montagem das cadeias de isoladores será feita com as necessárias precauções, de modo
a evitar flexões das cadeias, susceptíveis de deformar os acessórios ou provocar fadigas
anormais nos isoladores.
Cadeias
As cadeias podem ter a função de suspensão ou de amarração.
• Cadeias de suspensão
Como o nome indica, estas cadeias são utilizadas para passagem dos condutores, sem
corte dos mesmos. Nas cadeias de suspensão (ver Fig. 3.8), a fixação dos condutores às pinças
de aperto mecânico deverá ser feita com o maior cuidado, sem binário de aperto exagerado
dos parafusos, sendo o cabo protegido por meio de varetas de proteção.
• Cadeias de amarração
Neste tipo de cadeias, é feita a amarração do condutor através da pinça de amarração e a
passagem executada através de um arco. A fixação do condutor à pinça de aperto mecânico
deverá ser feita com o maior cuidado, sem binário de aperto exagerado dos parafusos, sendo o
cabo protegido por meio de forras (ver Fig. 3.9). A fixação do condutor às pinças de
amarração deve ser feita com recurso a prensas e maxilas adequadas.
Fig. 3.8. Cadeia de suspensão
Fig. 3.9. Cadeia de Amarração
32
Armações
As armações são os elementos metálicos que se colocam no topo de um apoio para a
fixação dos condutores. Existem diversas formas de armações (em maior número do que as
que são normalmente utilizadas em Portugal), tendo sido alvo de normalização pela EDP
Distribuição.
Armação em esteira horizontal (HPT4), representada na Fig. 3.10
Fig. 3.10. Armação tipo esteira horizontal (HPT4) [Linhas de Média Tensão, EC 2010]
Armação em esteira Horizontal (HRSFC), representada na Fig. 3.11
Fig. 3.11. Armação tipo esteira horizontal (HRSFC) [Linhas de Média Tensão, EC 2010]
33
Armação em triângulo, adaptada para ângulo (TAN), representada na Fig. 3.12
Fig. 3.12. Armação tipo triângulo para alinhamento (TAN) [Linhas de Média Tensão, EC 2010]
Armação em galhardete, adaptada para amarração (GAN), representada na Fig. 3.13.
Fig. 3.13. Armação tipo galhardete para alinhamento (GAN) [Linhas de Média Tensão, EC 2010]
É de referir que as armações são normalmente constituídas por ligas de ferro, sendo
possível fazer com que uma armação suporte uma maior ou menor amplitude das solicitações
que lhe são aplicadas aumentando ou reduzindo a espessura dos perfis de ferro.
Uma linha aérea inicia-se, normalmente, a partir de um apoio com uma armação em
esteira horizontal, mesmo em situações onde se trata de uma derivação. Nesses casos, é
colocada uma armação HRSFC cerca de 1 m abaixo da homóloga que nesse mesmo apoio
suporta a linha principal, respeitando-se as distâncias mínimas entre condutores. A solução de
esteira horizontal permite uma fixação, no mesmo plano, dos condutores, o que leva a que,
tanto para descidas como subidas a cabo (transição de subterrâneo a aéreo ou vice versa) não
haja uma aproximação perigosa entre os componentes sob tensão.
34
No decorrer da linha, e quando esta possui vãos curtos, as armações com melhor
desempenho são as estabelecidas em triângulo. Apesar de uma armação em galhardete
permitir um maior distanciamento entre condutores, aquelas têm a vantagem da sua maior
elevação no apoio, permitindo maiores distâncias dos condutores ao solo e a utilização de
apoios mais baixos.
Num projeto onde, à partida, vão existir vãos longos, é de aproveitar ao máximo a
utilização de armações em galhardete. De facto, quanto maior for a distância entre apoios,
maior é a possibilidade de os condutores se tocarem a meio vão, pelo que a prioridade é
afastá-los o máximo possível.
A armação em esteira vertical não é normalmente muito utilizada. A sua principal
vantagem surge quando dois vãos adjacentes fazem um ângulo muito acentuado num apoio.
Evita-se, assim, que os condutores se aproximem perigosamente deste, dado que se encontram
amarrados apenas a uma face do mesmo.
Ligações à terra
Todos os apoios deverão ser ligados à terra, bem como armações, aparelhagem de corte
ou de manobra (seccionadores), bainhas metálicas dos condutores, descarregadores de
sobretensões (DST), ferragens de suporte e dispositivos anti-nidificação, instalados nos
apoios.
Os elétrodos de terra a utilizar deverão ser do tipo vareta de aço cobreado, de 2 m de
comprimento, diâmetro de 14,3 mm e um revestimento mínimo de 0,25 mm de espessura de
cobre.
Os locais escolhidos para a instalação dos elétrodos serão os mais indicados para o efeito,
depois de efetuadas medições apresentem os melhores resultados.
Os elétrodos de terra serão, em regra, enterrados verticalmente no solo, a uma
profundidade tal que, entre a superfície do solo e a parte superior do elétrodo, haja uma
distância não inferior a 0,80 m e possuirão, se necessário, na sua parte inferior e superior,
dispositivos que facilitem o seu enterramento sem os danificar.
O valor da resistência de terra de proteção deverá ser inferior a 20 Ohm, em quaisquer
condições de tempo ou de medição devendo, para o efeito, serem instalados elétrodos em
número e forma suficiente para atingir esse valor.
Os postes de betão devem ser ligados à terra, interligando-se o terminal de terra existente
na parte inferior do poste (terminal TLT) com o elétrodo de terra, através de cabo de cobre nu
de 35 mm2 (ver
Fig. 3.14).
35
Os postes metálicos devem ser ligados à terra, interligando-se os terminais de terra
existentes em cada uma das bases aos elétrodos de terra, e interligando-os entre si, através de
cabo VV 1G35 mm2, com bainha exterior preta e isolamento verde/amarela.
Fig. 3.14. Ligação dos elétrodos de terra [Linhas de Média Tensão, EC 2010]
As armações em postes de betão de linhas aéreas de MT devem ser ligadas à terra através
de fio de cobre de 16 mm2 de secção. O fio de cobre de 16 mm
2 deve interligar todas as
ferragens constituintes da armação nos pontos de ligação à terra, existentes em todas as
ferragens. Depois de interligar todas as ferragens, o fio de cobre de 16 mm2 deve ligar ao
terminal de terra superior do poste, através de um terminal apropriado como representado na
Fig. 315.
Fig. 3.15. Execução terra de proteção [Linhas de Média Tensão, EC 2010]
36
A armação (HRFSC) e o seccionador devem ser interligados entre si através de fio de
cobre nu com 16 mm2, ligando tudo ao terminal de terra superior do poste de betão, como
ilustrado na Fig. 3.16.
A plataforma de manobras e a parte fixa do punho do comando do seccionador serão
ligados ao terminal de terra inferior do poste (ligações independentes), a cabo de cobre nu de
35 mm2, que no seu trajeto para o solo será protegido com tubo de PVC rígido de 25 mm de
diâmetro, com extremidade embebida no maciço. A parte móvel do punho de comando do
seccionador ligará à parte fixa através de trança de cobre estanhada de 16 mm2.
Condutores
Nas linhas aéreas de média tensão podem ser utilizados condutores nus de cobre
(16 mm2), alumínio – aço (Al-Aço 30 mm
2, 50 mm
2, 90 mm
2, 160 mm
2) ou ligas de alumínio
(Áster 20 mm2, 35 mm
2, 55 mm
2, 75 mm
2). Os cabos de cobre apenas são utilizados em linhas
onde exista elevada corrosão marítima, ou seja em locais perto da costa.
Materiais e colocação dos condutores
O tipo, a secção e a tensão de colocação dos condutores são os indicados no projeto. As
secções preferencialmente utilizadas pela EDP Distribuição em condutores de alumínio-aço e
almelec/áster são as seguintes:
- Condutores de alumínio-aço – 50 mm2, 90 mm
2, 160 mm
2 e 235 mm
2;
- Condutores de almelec/áster – 55 mm2, 117 mm
2, 148 mm
2 e 228 mm
2.
A colocação de condutores de secção diferente das indicadas será considerada como a
correspondente ao condutor do mesmo tipo de secção, imediatamente superior. Considera-se
o condutor de liga de alumínio equivalente ao de alumínio-aço de secção mais próxima.
Fig. 3.16. Ligação de poste com Seccionador horizontal à terra [Linhas de Média Tensão, EC 2010]
37
Manuseamento dos Condutores
No armazenamento e no transporte das bobinas tomar-se-ão as precauções necessárias
para evitar qualquer deterioração dos condutores, nomeadamente:
As bobinas serão armazenadas em locais abrigados e isentos de atmosferas contendo
fumos, produtos corrosivos, poeiras de cimento, carvão ou outros corpos susceptíveis de se
introduzirem entre os fios dos cabos, deteriorando-os;
As bobinas serão cuidadosamente descarregadas dos veículos de transporte. Não deverão
se transportadas sobre terrenos cujas irregularidades ou natureza possam deteriorar os cabos.
O desenrolamento e a fixação dos condutores devem ser rodeados de todos os cuidados
observando-se, nomeadamente os seguintes procedimentos:
Todas as operações de desenrolamento, esticamento, regulação e colocação nas
pinças serão conduzidas de modo a evitar torções, nós, afastamento ou rotura dos fios, etc.
Para a colocação do condutor, durante estas operações, serão utilizados aparelhos cujos
mordentes não possam deteriorá-lo;
O desenrolamento dos condutores será feito de modo a evitar o seu contato com o
solo;
O desenrolamento de uma bobina será feito, quanto possível, de uma só vez, tendo
em atenção o sentido de desenrolamento indicado pelo fabricante;
A passagem dos condutores será feita através de roldanas de alumínio ou de liga de
alumínio, com gola profunda de diâmetro no fundo da gola igual a 2,5 vezes o diâmetro
do cabo e gola com profundidade não inferior a 1,2 vezes o diâmetro do cabo.
Regulação dos condutores
O esticamento dos condutores deverá ser feito de modo a evitar que os postes fiquem
sujeitos a esforços da torção ou flexão.
A regulação dos condutores far-se-á, preferencialmente, pela medida de tensão de
colocação, nos vãos constantes do projeto e através de dinamómetro adequado.
Seccionadores
Existem dois tipos de seccionadores. Os seccionadores horizontais (ver Fig. 3.17), que
são utilizados para fazer a interrupção da linha em certos pontos, sendo, por isso colocados
sobre certos apoios horizontalmente. Deste modo, consegue-se abrir a linha para que esta
fique sem tensão e assim se possa trabalhar nela, em caso de avarias ou mesmo no caso de
construção e entrada em funcionamento de derivações de uma linha principal (ramais). Para
38
se colocar a derivação em carga, têm de se fazer as ligações da derivação à linha principal
através de um corte de corrente, ou seja, abre-se o seccionador e pode-se trabalhar sem tensão.
Assim que as ligações estiverem concluídas, fecha-se de novo o seccionador e fica-se com
tensão na linha. Os seccionadores verticais (ver Fig. 3.17) são utilizados nos apoios em que se
faz subidas de cabos, ou em apoios onde se coloca os postos de transformação aéreos.
a) b)
3.3 Linhas de Média Tensão Subterrâneas (LMTS)
A criação de linhas de média tensão subterrâneas ocorre devido:
À colocação em funcionamento de novos postos de transformação em cabine;
Ao reforço da rede de alimentação dos postos de transformação;
Aos investimentos da EDP;
À substituição nos centros urbanos de linhas aéreas de média tensão por redes
subterrâneas.
A Construção de Linhas Subterrâneas de Média Tensão envolve, em geral, várias fases,
que se descrevem em seguida.
Abertura de vala
A abertura de vala para colocação de cabos subterrâneos, de média tensão ou de
tubagens, far-se-á recorrendo a processo manual ou mecânico, respeitando os traçados de
projeto e de acordo com o perfil de escavação definido para a colocação de cabos de média
tensão.
Fig. 3.17. a) Seccionador Horizontal e b) Seccionador Vertical
39
A vala deve ter um perfil com uma largura de 0,50 m e uma profundidade de 1,20 m.
Dependendo do projeto ou de acordos com a fiscalização, pode haver necessidade de abrir
valas com outros perfis, designadas valas de perfil ―Não Tipo‖.
A operação de abertura de vala segundo um perfil tipo ou outro, sempre que executada no
âmbito da realização de uma tarefa, deve compreender a globalidade da seguinte sequência de
operações:
Recolha dos elementos disponíveis que permitam o melhor conhecimento possível das
infra-estruturas subterrâneas existentes no local (redes de gás e águas, cabos elétricos
existentes, cabos telefónicos, distribuição de sinal TV) e a confirmação do prévio
licenciamento das obras a executar, incluindo a manutenção da licença no local da obra, para
exibir, sempre que requerido pela fiscalização camarária ou outra;
Levantamento do pavimento existente, ou seja, da camada superficial de desgaste e da
estrutura de pavimento, quando existam;
Escavação da vala propriamente dita, com as dimensões e perfil definidos, de modo a
que as suas paredes se apresentem alinhadas e o seu fundo nivelado;
Remoção dos produtos de escavação para fora da vala e arrumação dos mesmos de
forma diferenciada, consoante a sua natureza, tendo em vista a sua posterior reutilização no
aterro da vala;
Escoramento de infra-estruturas, eventualmente existentes dentro das valas, como seja
canos de água, tubagem de gás, tubos ou caixas de visita de teleserviços, cabos de fibra ótica e
telecomunicações, etc. Dependendo do terreno onde se abrir a vala, pode ser necessário
escorar toda a vala, se o terreno for arenoso.
Arrumação e movimentação de produtos de escavação
Durante o processo de abertura de valas, os produtos de escavação não reutilizáveis para
o aterro da vala devem ser armazenados para depois serem encaminhados para entidades
certificadas para reciclagem.
No caso especial de escavações em travessias na via pública, deverão ainda ser
arrumados os produtos reutilizáveis em local onde não perturbem o trânsito.
O normal acesso de peões e viaturas às zonas residenciais e comerciais deverá ser sempre
garantido, no decorrer dos trabalhos de rede na via pública. Serão fornecidas e colocadas
passadeiras de natureza e dimensão adequadas ao trânsito, em condições de segurança:
O acesso de peões deverá ser garantido através da colocação de passadeiras metálicas
ou de madeira, providas de guardas laterais, como ilustrado na Fig. 3.18;
40
O acesso de viaturas deverá ser garantido através da colocação de passadeiras
metálicas reforçadas, devidamente imobilizadas e sinalizadas.
Fig. 3.18. Abertura de vala e colocação de passadeira de acesso
Quando o traçado das valas se desenvolver em zonas urbanas ou semiurbanas e existirem
condicionalismos que impeçam a arrumação dos produtos de escavação ao longo da vala, de
forma a constituírem uma barreira à aproximação e eventual queda de peões, deve-se avaliar a
necessidade de proceder à construção de guardas longitudinais na vala, com altura e
resistência adequadas, de forma a garantir a segurança dos peões.
Além disto, deve-se recorrer à colocação de barreiras móveis (baias) para sinalizar e
barrar pontualmente a passagem de peões em locais estratégicos e particularmente perigosos
para a sua permanência.
Colocação de cabos na vala
O lançamento e colocação de cabos em valas implicam a realização dos seguintes
fornecimentos e operações elementares:
Colocação de uma camada de areia fina distribuída pela vala, que funcionará como a
cama de assentamento do cabo da vala;
Verificação da existência de pedras ou quaisquer outros elementos que prejudiquem a
passagem do cabo;
Colocação de roletes no fundo da vala, distanciados e posicionados segundo regras, face
ao tipo de cabo a lançar, ao traçado e aos eventuais obstáculos ao normal lançamento do cabo
na vala;
41
Colocação da bobine que contém o cabo sobre mecanismo (cavaletes) adequados que
permita, de forma estável, a elevação da bobina e a sua rotação para permitir o
desenrolamento do cabo;
Colocação de manga de tração adequada à secção e ao tipo de cabo a lançar, assim como
do cabo de tração requerido. No caso do desenrolamento com guincho, deverá aplicar-se a
tração diretamente sobre a alma condutora;
Disponibilização de mão-de-obra para a fase de lançamento do cabo, controlando e
repartindo esforços de tração e evitando o contacto do cabo com arestas ou eventuais
obstáculos existentes ao longo da vala;
O posicionamento final do cabo ao longo da cama de assentamento, no caso de este ser
monopolar, depende da posição relativa das fases, e obriga à aplicação de abraçadeiras em
intervalos regulares de 5 m em troços rectilíneos, ou de 1,5 m a 2 m nos troços curvilíneos;
Colocação de uma segunda camada de areia de 0,10 m de espessura média, de forma a
envolver o cabo lançado na vala e a obter uma distribuição da areia com espessura uniforme
ao longo do perfil escavado;
Colocação de placas de PPC (placa de proteção de cabos enterrados) de 1000x250x2,57
mm para a proteção mecânica dos cabos que não disponham de armadura;
Colocação de rede de sinalização ao longo do traçado, a indicar a existência de cabos.
Durante o lançamento dos cabos, será ainda constante a observância dos seguintes
procedimentos e verificações:
Controlo visual das condições da bainha exterior do cabo;
Perante o conhecimento do tipo e das características do cabo a manusear, o raio de
curvatura mínimo do cabo assim como o esforço máximo de tração a que poderá ser sujeito,
não deverão ser ultrapassados;
Por fim, quando o cabo é cortado, devem ser aplicados capacetes termoretráteis de
selagem das extremidades.
Quando se deixa na vala cabo excedentário para trabalhos futuros, dever-se-á colocar o
cabo em ―círculo‖ ou em ―oito‖.
A colocação de cabos em valas, onde já existam outros cabos, poderá obrigar à
manipulação prévia dos cabos existentes, tendo em vista a preparação das condições para
lançamento dos novos cabos no perfil escavado, mas deve-se ter o máximo de cuidado no seu
manuseamento, pois muitos destes cabos estão em tensão.
42
Depois de a vala estar aberta, deve-se proceder ao reposicionamento dos cabos na vala.
Se necessário, dever-se-á proceder à recolocação e ao reposicionamento dos materiais de
proteção mecânica dos cabos.
Enfiamento de cabo em tubagem
Em certas situações, os cabos têm de ser enfiados em tubos por diversas razões, tais
como:
1. No caso das travessias da via pública, sendo utilizados tubos de PEAD/PVC, assentes no
fundo de uma vala, aberta perpendicularmente à via e com uma profundidade tal que os tubos
da camada superior garantam a profundidade mínima regulamentar para o atravessamento da
via por cabos de BT ou MT, mas nunca inferior a 0,8 m.
Os tubos, na quantidade definida no projeto, serão dispostos numa única ou várias
camadas, consoante a disponibilidade do terreno e a prática local de execução, evitando-se,
sempre que possível, a proximidade das mesmas com outras infra-estruturas subterrâneas,
existentes ou projetadas.
Os tubos que vierem a constituir reserva para posterior utilização, deverão ser
cuidadosamente tamponados, nos extremos, com tampões apropriados.
2. No caso das travessias para a entrada em garagens ou outras travessias similares, após a
abertura da vala à profundidade adequada, serão dispostos em camadas e colocados na vala
tubos de PEAD, de 125 mm ou 160 mm de diâmetro exterior.
Neste tipo de travessia, a camada de tubos mais profunda assentará sobre uma cama de
areia, areão ou pó de pedra de 0,05 m de espessura, depois de regada e batida. O aterro da vala
será feito por camadas, sendo a primeira camada de terra cirandada de cerca de 0,20 m e
compactada a maço. As camadas seguintes serão também executadas com terra limpa,
de 0,20 m de espessura, regadas e mecanicamente compactadas.
A sinalização dos tubos será garantida através de rede de sinalização, aplicada a 0,30 m a
partir do nível do pavimento em conjunção com fita de sinalização aplicada a 0,15 m acima da
última camada de areia de envolvimento dos tubos.
3. Nas travessias de locais especiais, tais como as que ocorrem em terrenos sujeitos a
abatimentos ou escorregamentos e a esforços elevados, em itinerários principais e
complementares ou ao longo de vias de grande afluência de trânsito, são usados tubos PEAD
de 125 mm ou 160 mm de diâmetro exterior, dispostos em camadas na vala de forma análoga
43
à já descrita para as travessias do tipo normal mas envolvidas em betão. Antes do enfiamento
do cabo deverá ser cuidadosamente limpo o interior dos tubos. Na entrada e na saída de tubos
deverão ser dispostas guias para cabos, a fim de que a bainha dos mesmos não corra o risco de
roçar nas arestas.
Aterro de vala
O aterro das valas deverá ser feito com terra limpa (isto é, terras sem pedras, restos de
betuminoso, de produtos de escavação em rocha, restos de tubagem e de materiais
biodegradáveis), por camadas de 0,20 m de espessura, regadas e compactadas a partir da
segunda camada de areia e da proteção mecânica do cabo, se existir (ver Fig. 3.19), até à
altura de execução da caixa apropriada para o tipo de pavimento a repor. A compactação
deverá ser feita com meios mecânicos adequados. Em atravessamentos de via pública, tem de
se colocar uma camada de ― tout-venant‖ ou betão pobre antes de se pavimentar a via pública.
Reposição de pavimentos
A reposição de pavimentos, a executar em consequência da abertura de valas para a
instalação de redes subterrâneas, deve garantir que, de uma forma geral, o novo pavimento
resulte o mais semelhante possível ao existente antes da abertura da vala, garantido o
nivelamento entre a reposição a e o pavimento existente, como ilustrado na Fig. 3.19.
A sinalização de trabalhos, bem como a manutenção de passadeiras e proteções de peões,
deve permanecer, desde o início da abertura da vala até ao final da reposição de pavimentos.
Fig. 3.19. Compactação e Reposição de Pavimento
44
Terminações e uniões em cabos de MT
Para a ligação ou interligação de cabos de MT, deverão ser executadas caixas de junção e
caixas de transição adequadas aos diferentes tipos de cabo existentes nas redes de MT da EDP
Distribuição, quer no que respeita ao modo de isolamento quer no que respeita ás tensões de
serviço.
Com efeito, constam das tarefas descritas a execução:
Caixas terminais para cabos de MT com isolamento seco e com isolamento a papel
impregnado a óleo;
Caixas de junção entre cabos com isolamento seco e entre cabos com isolamento a papel
impregnado a óleo;
Caixas de junção/transição entre cabos com isolamento a papel impregnado a óleo e um
terno de cabos com isolamento seco.
Subidas de cabos em postes de rede ou em paredes
Nas subidas e descidas de cabos de MT, em postes de rede ou em paredes, serão
utilizados tubos de PVC rígido, de 160 mm de diâmetro e 10 kg/cm2. Estes tubos deverão
constituir uma proteção mecânica suplementar dos cabos e a fixação dos tubos aos postes de
rede será realizada com fita metálica e respetivas fivelas. Na fixação às paredes serão
utilizadas abraçadeiras apropriadas convenientemente espaçadas.
45
4 Tarefas Realizadas
4.1 Projecto/ Orçamentação
Os projectos de redes de baixa tensão podem consistir na remodelação da rede, aumento
da rede ou no reforço da mesma. Todas estas situações podem ter origem em reclamações
provenientes de clientes, dificuldades ao nível técnico e devido a pedidos de fornecimento de
energia (PFE‘s), problemas de qualidade de serviço e problemas de ausência/degradação de
iluminação pública. Quando existe a necessidade de visitar o local, para avaliar as condições
para construção da rede de uso exclusivo e a necessidade de modificação ou mesmo
construção de novos troços de rede de uso partilhado, é necessário realizar um levantamento
do material e das tarefas a executar. Durante a visita é feito um croqui para as tarefas a
executar, para posteriormente se realizar a orçamentação e o respectivo mapa de medições
correspondente simultaneamente é executado um levantamento SIT (Sistema de Informação
Técnica) a todas as infra-estruturas elétricas dos circuitos em causa. Estas informações são
posteriormente inseridas no sistema de gestão da rede de baixa tensão da distribuidora. A
viabilidade do estudo é validada pela distribuidora que posteriormente adjudica a obra.
4.1.1 Levantamentos Rede Baixa Tensão
Depois de se ter identificado os postos de transformação necessários para realização do
estudo, avança-se para uma nova fase do processo que consiste em extrair as plantas dos
locais a partir do SIT, sendo de seguida efetuado o levantamento, no terreno, do tipo de
canalizações e das potências contratadas, por todos os clientes da saída ou saídas respetivas
dos requerentes. Todos os dados da rede, incluindo o traçado e localização dos apoios (redes
aéreas) são anotados nas plantas para futura análise (Anexo III). Os levantamentos das redes
permitem ganhar sensibilidade para futuras soluções, já que o contacto direto com o ambiente
em que estas se inserem é muito importante para compreender quais as zonas com
possibilidade de crescimento a nível de cargas. Esta informação pode influenciar de forma
significativa a solução final a adoptar.
As remodelações de rede são das obras que apresentam maiores dificuldade de
levantamento e orçamentação uma vez que implicam a construção ou remodelação de grandes
partes da rede, sendo necessárias diversas medições. Esta informação vai permitir realizar o
planeamento da rede e a distribuição de cargas. Nesta fase é colocada a hipótese de a rede ser
emalhada de modo a existir uma alternativa de alimentação em caso de necessidade.
A Fig. 4.1 apresenta a informação associada ao levantamento executado para remodelação de
46
uma rede existente, sendo constituído por uma ficha técnica com a informação da descrição da
forma de execução dos trabalhos.
Quando existe um pedido de fornecimento de energia ou aumento da potência contratada,
é necessário realizar um levantamento no local da rede de baixa tensão. As informações
recolhidas permitem verificar se existe viabilidade no pedido do cliente analisando as
condições do local, a instalação do cliente e a potência máxima instalada para aquela zona. A
Fig. 4.2 apresenta o exemplo de uma Ficha Técnica de Pedido de Fornecimento de Energia.
A solicitação de remoção/deslocação de apoios, surge usualmente por dois motivos
distintos, devido a um pedido de um cliente quando o apoio fica exatamente no acesso à
habitação, ou então no caso da necessidade de alargamento de uma via pública. Nesta situação
Fig. 4.1. Ficha técnica de remodelação de rede
Fig. 4.2. Ficha Técnica de Pedido de Fornecimento de Energia (PFE)
47
é necessário realizar uma visita técnica ao local, com vista a fazer a análise da viabilidade de
mudança do mesmo, e em caso positivo estabelecer e identificar as tarefas que são
necessárias. Na Fig. 4.3 é apresentado o exemplo de uma Ficha Técnica de Modificação da
Rede onde é possível observar a identificação da situação e onde estão estabelecidas as tarefas
a realizar que servem de base para realizar o orçamento.
4.2 Gestão de Obra
Atribuídas as obras a executar por parte da Distribuidora de Eletricidade na Área
Operacional de Aveiro, torna-se necessário classificá-las de acordo com a prioridade de cada
uma delas e proceder à organização dos materiais disponíveis em armazém para a sua
execução. A Fig. 4.4 apresenta o exemplo da informação disponibilizada pela aplicação de
gestão de obras. Está atribuída ao autor deste trabalho a tarefa de receber a obra e verificar de
que tipo de obra se trata: um pedido de fornecimento de energia (novas instalações); uma
mudança de local de equipamentos; uma remodelação de rede ou a construção de um novo
posto de transformação onde se encontra incluído a parte de Média Tensão e Baixa Tensão. É
ainda necessária uma deslocação ao local da obra, acompanhado pelo chefe da equipa, para
identificação do local da intervenção e resolução de todas as questões relacionadas com a
execução da obra.
Fig. 4.3. Ficha Técnica de modificação de rede
48
4.2.1 Gestão de Materiais
Com base nas características de cada obra solicitada, através do programa livesolutions,
utilizado para gestão das obras e materiais, é possível tratar individualmente cada uma das
obras. Este programa permite verificar o stock de material fornecido pela EDP e existente em
armazém, sendo necessário fazer, no final de cada mês, um balanço do material em armazém,
e respectivas datas de entrega, conforme ilustrado na Fig. 4.5.
Fig. 4.4. Aplicação de Gestão de Obras
Fig. 4.5. Aplicação de Controlo de Fornecimento de Materiais
49
4.2.2 Gestão de Stock
Através desta aplicação de gestão é feito o controlo das entradas e saídas de material,
sendo também possível saber o stock em armazém, o material em que o fornecimento se
encontra em falta e o material para fornecimento e respectiva data de entrega.
Na Fig. 4.6 apresenta-se um exemplo da informação disponibilizada pela aplicação de
gestão de stocks.
Fig. 4.6. Aplicação de gestão de Stock
4.3 Manutenção Postos de Transformação
O distribuidor tem especial atenção às acções de manutenção preventiva dos seus postos
de transformação. São feitas inspeções às instalações elétricas por um técnico responsável
pela exploração, pelo menos duas vezes por ano, a fim de proceder às verificações, ensaios e
medições regulamentares e elaborar um relatório, sendo uma dessas inspecções feita durante
os meses de Verão e outra durante os meses de Inverno. O relatório sobre as inspecções será
posteriormente enviado, anualmente, aos serviços externos da Direcção Geral de Energia e
Geologia.
Existe a necessidade de verificar uma vez por ano, durante os meses, de Junho, Julho,
Agosto e Setembro, as resistências de terra de todos os elétrodos de terra que lhes pertençam.
Os resultados obtidos deverão ser anotados no mapa de terras para que possa ser consultado,
em qualquer ocasião, pela fiscalização da Direcção Geral de Economia.
A limpeza das instalações realiza-se com a frequência necessária para impedir a
acumulação de poeiras e sujidades, especialmente sobre os isoladores e aparelhagem.
Qualquer trabalho de limpeza, conservação e reparação só poderão ser executados por pessoal
especializado.
50
Relativamente aos cuidados a ter por parte da rede explorada por esse posto de
transformação, é necessário verificar se a ponta máxima (kW) atingida pelo Transformador de
Potência, se enquadra nos parâmetros do seu dimensionamento (kVA), controlar a energia
reativa, efetuar periodicamente a medição das tensões secundárias e, se necessário adequar a
respectiva tomada, operação a ser executada sem tensão e por pessoal habilitado.
A Manutenção Preventiva Sistemática (MPS) contempla a realização de dois tipos de
acções para os postos de transformação, como podemos ver na Tabela 4.1.
Tabela 4.1. Manutenção Preventiva Sistemática [EDP, Guia de Manutenção a PT´s]
INSPECÇÃO
- Observação visual do estado geral da
instalação;
- Termovisão sobre todas as ligações
elétricas;
- Medição da resistência dos elétrodos de
terra:
- Terra de serviço;
- Terra de proteção.
MANUTENÇÃO INTEGRADA
- Observação dos elementos para
manutenção;
- Caracterização dos pontos quentes
detetados;
- Inspecção detalhada a todas as ligações
dos circuitos de terra;
- Revisão (afinação, lubrificação, ensaio
dos dispositivos de manobra)
- Verificação e ensaios aos sistemas de
protecção.
4.3.1 Inspecção a Postos de Transformação
Esta atividade inclui a execução do plano anual de manutenção preventiva sistemática aos
postos de transformação e redes de baixa tensão, o plano de realização é entregue para ser
executada a programação no final do ano anterior. Na inspeção a realizar deve-se verificar o
estado da instalação e equipamentos elétricos, com recurso a binóculos/lanterna quando
necessário, preencher as fichas de inspeção das anomalias detetadas (Anexo IV) e identificar
o grau de prioridade que deve ser considerado para a correção, baseado em critérios
uniformes. A inspeção local da instalação vai permitir verificar a existência de elementos
estranhos à rede elétrica, ninhos ou excrementos de aves no transformador ou nos órgãos de
corte e seccionamento, devido à entrada destas no posto de transformação, registar e
51
identificar a proximidade de qualquer atividade poluente (pedreiras, salinidade, serrações),
que afete de modo significativo a posterior limpeza do posto de transformação. No relatório
deve ainda constar informação relacionada com o mau estado ou entupimento de caleiras e
tubos do sistema de escoamento, referência a infiltrações de água, registo fotográfico das
anomalias detetadas, verificação de eventuais pontos quentes, medição e registo no mapa de
terras, dos valores da terra de protecção e terra de serviço, verificação de não existência de
interrupção dos circuitos de terra, registo das tensões e do contador totalizador do posto de
transformação.
4.3.2 Manutenção Integrada
A Manutenção aos postos de transformação inclui as seguintes tarefas e verificações [EDP, Guia
de Manutenção a PT´s]:
Limpeza geral do posto de transformação;
Limpeza geral do barramento MT e respetivos elementos de suporte e isolamento
(Postos de transformação com barramento à vista);
Limpeza de todos os órgãos de corte e / ou proteção;
Limpeza dos Transformadores de Potência;
Limpeza do Quadro Geral de Baixa Tensão;
Manutenção geral (afinações, lubrificações, etc.) dos órgãos de corte e respetivos
comandos;
Verificação de ligações e apertos;
Verificação e lubrificação de dobradiças, fechaduras e fechos das portas de acesso à
instalação;
Verificação do bom estado de funcionamento da iluminação do PT, com substituição
do material avariado ou danificado;
Medição das resistências dos elétrodos de terra do PT;
Regulação da tomada do transformador se necessário;
Eventual reposição do nível do óleo do transformador;
Verificação e ensaios dos sistemas de proteção.
A distribuidora, no final de cada ano, elabora uma lista de postos de transformação aos
quais é necessário fazer manutenção. Em geral, os que apresentam necessidade de intervenção
são os do tipo cabine alta (CA) e além das ações de manutenção preventiva acima referidas,
têm de realizar também uma substituição de toda a aparelhagem de corte e reparação das
52
instalações do PT. Este tipo de proteção tem vindo a ser substituída por celas com interruptor
seccionador de corte.
Análise de anomalias detectadas:
Falta de isolador no seccionador: tal como ilustrado na Fig. 4.7, verificou-se a falta de
um isolador numa das fases do seccionador do posto de transformação, foi de imediato
pedida a substituição devido ao perigo que representava para pessoas e bens.
Falta de terra de proteção: Verificou-se durante a inspeção que a terra de proteção
tinha sido furtada, como verificado na Fig. 4.8, estando o posto de transformação sem
proteção contra descargas atmosféricas, foi elaborada uma nota de avaria para reposição
urgente da terra de proteção.
Fig. 4.8. Posto de Transformação sem Terra de Protecção
Fig. 4.7. Seccionador com isolador danificado
53
Armário e tubos de proteção do posto de transformação do tipo AI danificados: como
ilustrado na Fig. 4.9, possivelmente devido a acidente, o armário do posto de
transformação encontrava-se fora da base e danificado, originando problemas elétricos,
devido aos danos provocados nos triblocos e barramentos do quadro e devido à entrada
de água. Foi elaborado um relatório de incidente para averiguação da existência de algum
incidente para este local, a fim de identificar a causa dos estragos, anexando a ficha de
orçamentação com as atividades e materiais para resolução do problema detetado.
Fig. 4.9. Armário danificado
Na inspeção a um posto de transformação em cabine alta, foram detetadas anomalias
graves a nível da instalação elétrica e da estrutura da instalação. Foi detetado um cabo a
servir de shunt de neutro entre dois circuitos distintos, o que possivelmente causou
prejuízos aquando da falta de neutro. No interior do posto de transformação verificou-se
que uma das saídas do quadro geral de baixa tensão se encontrava ligada com ligadores,
como ilustrado na Fig. 4.10. Pelos indícios encontrados esta alteração teve origem numa
avaria que terá destruído a saída do quadro geral, o qual foi reposto com recurso a
ligadores de forma provisória. Ao nível da estrutura foram detetadas fissuras e faltas de
reboco nas paredes. No final foi elaborado uma nota de avaria para orçamentação.
Fig. 4.10. Anomalias detectadas PT 50 Águeda
54
Na sequência da inspecção ao posto de transformação apresentado na Fig. 4.11,
verificaram-se duas anomalias graves: um dos descarregadores de sobretensões
encontrava-se partido e o circuito e contador de iluminação pública encontravam-se
queimados. Pelos vestígios encontrados no local estes estragos foram provocados por
uma descarga atmosférica, tendo sido elaborada uma nota de avaria para reparação dos
estragos.
Na inspecção ao posto de transformação da Fig. 4.12 verificou-se que a placa de
travessia (passa-muros) se encontra partida, o que permitiu a entrada de água e aves
dentro do posto de transformação. Foi elaborada uma nota de avaria para substituição da
placa e dos isoladores de travessia.
Fig. 4.11. Anomalias detectadas na inspecção ao PT 19 Anadia
Fig. 4.12.Placa de travessia MT danificada
55
4.4 Indicadores Qualidade de Serviço
Os padrões de qualidade de serviço a garantir pelos operadores das redes de distribuição
podem variar de acordo com as zonas geográficas estabelecidas. As zonas são classificadas da
seguinte forma [Regulamento de Qualidade de Serviço]:
a) Zona A - capitais de distrito e localidades com mais de 25 mil clientes;
b) Zona B - localidades com um número de clientes compreendido entre 2500 e 25000;
c) Zona C - os restantes locais.
O fornecimento de energia elétrica, bem como a prestação do serviço de transporte e de
distribuição, podem ser interrompido devido a [Regulamento de Qualidade de Serviço]:
a) Casos fortuitos ou de força maior;
b) Razões de interesse público;
c) Razões de serviço;
d) Razões de segurança;
e) Facto imputável ao cliente;
f) Acordo com o cliente.
A quantificação do tempo de não fornecimento de energia que decorrem entre a avaria e a
reparação resultante de incidentes provocadas pelas causas referidas anteriormente não são
contabilizados para o cálculo dos índices de qualidade de serviço.
4.4.1 SAIDI- Tempo médio das interrupções do sistema
Rede MT
Este índice representa a duração média das interrupções verificadas por zona geográfica
(A, B e C) do operador da rede de distribuição nos pontos de entrega, postos de transformação
de serviço público (PTD) ou postos de transformação de uso particular (PTC), num
determinado período de tempo estabelecido (trimestre ou ano civil), dado por (4.1):
(4.1)
onde:
DIij — duração da interrupção i no ponto de entrega j (PTD OU PTC), em minutos;
k — quantidade total de pontos de entrega (PTD OU PTC) na zona geográfica considerada;
x — número de interrupções do ponto de entrega j, no período considerado.
56
Rede BT
Este índice representa a duração média das interrupções verificadas por zona geográfica
(A, B e C) do operador da rede de distribuição nos pontos de entrega (clientes BT) num
determinado período de tempo estabelecido (trimestre ou ano civil), dado por (4.2):
(4.2)
onde:
DIij — duração da interrupção i no ponto de entrega j (clientes BT), em minutos;
k — quantidade total de pontos de entrega (clientes BT) na zona geográfica considerada;
x — número de interrupções do ponto de entrega j, no período considerado.
4.4.2 SAIFI- Frequência média das interrupções do sistema
Rede MT
Este índice representa o número médio de interrupções verificadas, por zona geográfica
(A, B e C) do distribuidor vinculado, nos pontos de entrega (PTD ou PTC), num determinado
período de tempo estabelecido (trimestre ou ano civil), dado por (4.3):
(4.3)
onde,
FIjMT — número de interrupções em PTD e PTC, no período considerado;
k — quantidade total de pontos de entrega (PTC e PTD), na zona geográfica considerada.
Rede BT
Este índice representa o número médio de interrupções verificadas, por zona geográfica
(A, B e C) do operador da rede de distribuição, nos pontos de entrega (clientes BT), num
determinado período de tempo estabelecido (trimestre ou ano civil), dado por (4.4):
(4.4)
em que,
FIjBT — número de interrupções nos pontos de entrega (clientes BT), no período considerado;
k — quantidade total de pontos de entrega (clientes BT), na zona geográfica considerada.
57
4.4.3 TIEPI-Tempo de interrupção equivalente da potência instalada
Rede MT
Este índice representa o tempo de interrupção equivalente da potência instalada por zona
geográfica (A, B e C) do operador da rede de distribuição, num determinado período de
tempo estabelecido (trimestre ou ano civil) e que é dado pela expressão (4.5):
(4.5)
onde:
DIij — duração da interrupção i no ponto de entrega j, em horas;
PIj — potência instalada no ponto de entrega j — posto de transformação de serviço público
(PTD) ou particular (PTC), na zona geográfica considerada, em kVA;
k — quantidade total de pontos de entrega (clientes BT) na zona geográfica considerada;
x — número de interrupções do ponto de entrega j, no período considerado.
Os indicadores para as redes de média e de baixa tensão, referentes a interrupções longas
não deverão exceder os valores da Tabela 4.1.
Tabela 4.1. Padrões para a Rede de Baixa e Média Tensão [Regulamento de Qualidade de Serviço]
58
4.5 Sistema de Gestão de Mobilidade de Equipas
Existem equipas de piquete disponíveis 24h por dia, garantindo o fornecimento de
energia, devido a defeitos causados pelo envelhecimento dos materiais, condições
atmosféricas adversas ou devido a atos de vandalismo, este tipo de casos são os que
geralmente colocam maior risco à comunidade.
Relativamente à reparação de avarias, quando estas surgem na rede de distribuição baixa
tensão, a rede afetada passa a ser explorada num regime designado por regime de exploração
em rede perturbada. Se a reparação for realizada com a rede em serviço, os trabalhos são
classificados como Trabalhos Em Tensão (TET). Durante a execução deste tipo de trabalhos
existem dois objetivos primordiais: o primeiro visa garantir a realização dos mesmos
respeitando todas as condições de segurança e o segundo está associado a uma redução do
tempo de resolução, para que o cliente afetado fique o menor tempo possível sem energia.
A equipa é chamada ao local através de uma ordem de trabalho que lhe chega através de
um Equipamento Móvel de Gestão de avarias, onde consta toda a informação sobre a avaria.
Se a equipa resolver definitivamente a avaria fica na condição de ―definitiva‖ ou caso
contrário fica na condição de ―provisória‖, passando a sua gestão para uma equipa de Redes
Baixa Tensão. Após a resolução da avaria a equipa deve dar por concluída a mesma,
classificando com o código respectivo a causa da avaria (Anexo V). Quando a avaria fica
provisória existe a necessidade de elaboração de uma ficha de orçamentação com as tarefas
cumulativas realizadas e material necessário para execução definitiva da mesma (Anexo VI).
Nesta actividade existem objetivos e metas a cumprir pelo que a organização das equipas
e os tempos de atuação das mesmas são muito importantes.
Atualmente os tempos a cumprir na resolução de avarias é facilmente controlado devido
aos equipamentos móveis de gestão de avarias, onde as equipas informam a cada momento
em que estado se encontra a resolução da avaria (Aceite, Iniciada, No local, Confirmada e
Finalizada), o procedimento de execução da avaria é:
1- Chegada da avaria ao equipamento móvel da equipa;
2- Aceitação da avaria;
3- Deslocação para o local da avaria;
4- Pesquisa e resolução da avaria;
5- Finalização da avaria.
59
Equipamento Móvel
As principais funcionalidades deste equipamento são: Receção e leitura de incidentes;
Visualização dos detalhes dos incidentes; Registo da informação de resolução de incidentes;
Envio da informação para o centro de comando; Permite fotografar elementos importantes
como prova de causa de avaria (casos fortuitos ou de força maior) (Anexo VII);
Reencaminhamento do incidente (caso se trate do coordenador de avarias).
O sistema de gestão de avarias tem por objetivo a transmissão e coordenação automática
dos incidentes na rede de baixa tensão. A utilização deste equipamento permitiu melhorar de
forma significativa o processo de reparação das avarias nos seguintes aspetos:
Eficiência da comunicação entre os centros de condução e as equipas no terreno;
Da capacidade de intervenção das equipas;
Interação das equipas no terreno com o centro de condução;
Qualidade da informação recolhida.
A quantificação do tempo em cada uma das etapas da resolução da avaria permitem
determinar os vários índices utilizados para a avaliação do cumprimento dos objetivos
estabelecidos. Os rácios mais importantes são o Tempo de Interrupção Equivalente da
Potência Instalada (TIEPI) e o Tempo Médio das Interrupções do Sistema (SAIDI). O
cumprimento dos objetivos estabelecidos para a Área Operacional depende dos valores
obtidos para estes índices.
Atualmente a entidade distribuidora de energia elétrica possui um Sistema de Gestão de
Mobilidade de Equipas onde é feita a gestão de todas a equipas no terreno. Através desta
plataforma é possível, em tempo real, localizar onde se encontra a equipa e qual o estado da
ordem de serviço associada. A plataforma permite realizar a gestão das equipas de Avarias
que têm como função responder a problemas decorrentes de incidentes na rede elétrica e
garantir a continuidade de serviço, gerir as equipas Comercial que se ocupam das ordens de
serviço de contagens de energia e gerir as equipas de Manutenção que estão responsáveis pela
manutenção da iluminação pública e resolução definitivas dos incidentes das equipas de
avarias que ficaram no estado de provisória (ver Fig. 4.13).
Através da informação disponibilizada pelo sistema são controlados os tempos de
ocupação das equipas responsáveis pela reparação das avarias e que garantem a continuidade
de serviço, permitindo avaliar se os objetivos estão a ser cumpridos e calculados os vários
rácios de qualidade de serviço, garantido ainda:
Redução do tempo de comunicação de incidentes entre os centros de condução e as
equipas no terreno;
60
Aumenta a qualidade da informação trocada, reduzindo erros de transcrição e
comunicação oral;
Gera automaticamente informação de gestão, como históricos de incidentes e tempos
de intervenção;
Acrescenta ainda ao antigo sistema a capacidade de levar a informação até às equipas
no terreno, possibilitando assim uma cobertura de ponta a ponta do processo de gestão
de incidentes num suporte informático.
Fig. 4.13. Sistema de Gestão de Equipas (GME)
61
4.6 Assistência a Clientes e Manutenção Corretiva
Esta atividade resulta da resposta a um pedido feito pelo centro de Condução/Despacho
que obriga a uma deslocação, com carácter de urgência, a qualquer local da área geográfica de
intervenção, tendo em vista a pesquisa, localização e resolução de avarias, trabalhos de índole
comercial ou verificação de qualidade de serviço/condições de segurança. Nestas situações é
necessário estabelecer as tarefas a realizar para que seja garantida a continuidade no
fornecimento de energia elétrica assim como a salvaguarda de pessoas e bens.
Atualmente as equipas de avarias, mais conhecidas por piquetes de avarias, estão
disponíveis 24 horas por dia. Estas equipas têm como objetivo garantir a continuidade de
fornecimento de energia, assim como a resolução das anomalias da rede das quais possam
ocorrer cortes de energia, são também estas equipas que garantem o bom funcionamento das
redes de distribuição. Este processo tem início quando o cliente liga para a operadora a
comunicar a falta de energia na sua instalação ou uma anomalia na rede. A partir deste
momento a equipa é chamada ao local, através de uma ordem de trabalho que lhe é
transmitida para o equipamento móvel, é também a partir deste momento que o tempo
associado à reparação da avaria começa a ―contar‖ para o cálculo dos rácios de qualidade de
serviço pelos quais a distribuidora é avaliada pelo seu supervisor (ERSE).
Os incidentes ocorridos na rede de distribuição são classificados de formas diferentes
tendo em conta dois fatores primordiais, e que são o número de clientes afetados e se existiu
interrupção do fornecimento de energia. Com esta informação é realizada a classificação da
avaria. As avarias podem ser classificadas como Anomalias de Rede, Baixa tensão, de
Iluminação Pública, de clientes particulares e Transformador.
Nas Anomalias de rede estão englobadas todas as situações em que pode ou não existir
corte no fornecimento de energia, e mais de um cliente afetado por este incidente, em
resultado de anomalias provocadas por condições climatéricas adversas ou causadas por
terceiros (ex: acidentes viação), que impliquem que elementos da rede elétrica tenham sido
danificados.
Avarias de Baixa Tensão correspondem aos incidentes onde existiu corte no fornecimento
de energia e este afetou mais que um cliente, resultante por exemplo de avarias num circuito
de alimentação do posto de transformação ou apenas num ramal de derivação.
As avarias de Iluminação Pública correspondem a incidentes que impliquem o não
funcionamento da iluminação pública ou o seu mau funcionamento, estas avarias resultam de
avarias na totalidade dos focos luminosos daquele circuito e não apenas quando existe um
foco luminoso avariado.
62
As avarias de Cliente Particular são assim classificadas quando a anomalia afeta apenas
um cliente onde pode ter existido ou não corte no fornecimento de energia.
As avarias classificadas como Transformador são aquelas que tem maior relevância pois
estão associadas a avarias de média tensão ou avarias no posto de transformação, afetando
todos os clientes a jusante.
Esta classificação define a prioridade da avaria e a sua entrada, ou não, para os cálculos
dos índices de qualidade de serviço. As avarias de Transformador são classificadas com
prioridade máxima devido ao número de clientes afetados e ao valor das potências
contratadas; em seguida na lista de prioridade estão as avarias de Baixa Tensão ou cliente
coletivo que afeta diversos clientes de um determinado circuito ou ramal, sendo número de
clientes menor que nas avarias de Transformador, seguem-se as avarias de Cliente Particular
que afetam apenas um cliente seguidas das anomalias de rede e por último as avarias de
Iluminação Pública. Para o cálculo dos índices de qualidade de serviço é necessário ter
presente algumas informações. Nas avarias associadas ao tipo de Transformador se se
verificar que são resultantes de avarias na rede de média tensão, o tempo de resolução vai ser
contabilizado mas para o cálculo dos índices de média tensão, nas avarias de cliente particular
não são contabilizados os tempos resultantes de avarias na instalação do cliente (ex: quadro
cliente ou portinhola), os tempos das avarias de anomalia de rede sem interrupção de energia
ou provocadas por terceiros e avarias de iluminação pública não são contabilizados para este
cálculo.
4.6.1 Análise por Concelho
- Concelho Anadia (AND)
O gráfico da Fig. 4.14 apresenta os valores percentuais associados aos diferentes tipos de
avarias ocorridas neste concelho durante o mês de Agosto. O tipo de avarias com maior
número de ocorrências está associado aos clientes particulares. Este tipo de avarias está
fortemente associada às condições atmosféricas verificadas durante este período.
Fig. 4.14.Distribuição por tipo de Avaria
63
No gráfico da Fig. 4.15 apresenta-se a comparação do tempo de resolução médio por tipo
de avaria, o tempo médio de resolução apresentado engloba o tempo de chegada ao local
(iniciar da avaria) e o tempo de pesquisa e resolução da avaria. Da análise dos dados pode-se
verificar que as avarias do tipo cliente particular foram aquelas em que a média do tempo de
resolução foi mais elevada, situando-se a média de resolução numa hora e trinta e sete
minutos o que é um bom tempo, visto que o tempo máximo teórico atualmente é de quatro
horas, para que não exista penalizações, estando também a média do tempo de chegada ao
local em cerca de sessenta e sete minutos muito abaixo do máximo teórico de cento e vinte
minutos.
Fig. 4.15. Tempos de resolução por tipo de incidente
- Concelho de Águeda (AGD)
O gráfico da Fig. 4.16 apresenta a percentagem de avarias por tipo ocorridas neste
concelho durante o mês de Agosto, com uma superioridade para as avarias ocorridas em
clientes particulares, seguidas pelas avarias de Anomalia de rede, o que a nível de tempos de
resolução têm pouco significado visto que estas anomalias são de resolução fácil e rápida.
No gráfico da Fig. 4.17 apresenta-se a comparação dos tempos de resolução médios de
cada tipo de avaria, o tempo médio de resolução, que engloba o tempo de chegada ao local e o
tempo de pesquisa e resolução da avaria, verifica-se também do tempo de resolução efetiva
(Tempo resolução) e o tempo que a equipa demora a chegar ao local (Tempo inicio Avaria).
Da análise dos dados pode-se verificar que as avarias do tipo baixa tensão foram aquelas em
que o tempo médio de resolução foi mais elevado, pois são incidentes que afetam ramais ou
Fig. 4.16. Distribuição por tipo de avaria concelho de Águeda
64
mesmos circuitos inteiros ou parciais do posto de transformação, tendo um tempo de pesquisa
e resolução maior devido à sua complexidade, situando-se a média de resolução numa hora e
setenta minutos, o que é um bom tempo visto que o tempo máximo atualmente é de quatro
horas, estando também o tempo de chegada ao local em cerca de sessenta e sete minutos
muito abaixo do máximo de cento e vinte minutos.
Fig. 4.17. Tempos de resolução por tipo de incidente
- Concelho de Oliveira do Bairro (OBR)
No gráfico da Fig. 4.18 do concelho de Oliveira do Bairro verifica-se que a avaria que
ocorre mais vezes está associada ao cliente particular, seguida das avarias por anomalias de
rede que apresentam um valor significativo. Esta situação é justificada em parte pelo facto de
neste concelho existir uma parte significativa em linhas de cobre sem isolamento. Neste
concelho verificou-se ainda a ocorrência de um número significativo de avarias de
transformador com alguma relevância visto que estas afetam diversos clientes e contribuem,
em muito, para o tempo de não fornecimento de energia.
Fig. 4.18.Tempos de resolução por tipo de incidente
65
Através da análise do gráfico da Fig. 4.19 verifica-se um tempo elevado na resolução das
avarias do tipo iluminação pública o que não é relevante, visto que são as avarias com menor
prioridade e por isso são as últimas a ser resolvidas pelas equipas, a existência de algumas
avarias de transformador fez aumentar o tempo de resolução das avarias visto que são estas
que apresentam o maior grau de complexidade de resolução. Nestes casos são utilizados
grupos móveis de socorro (Geradores) para restabelecer a continuidade de serviço, e desta
forma atenuar os efeitos associados à interrupção de serviço aos clientes.
Fig. 4.19. Tempos de Resolução por tipo de incidente
O gráfico da Fig. 4.20 faz a comparação dos tempos de resolução definitiva das avarias
por tipo e dos tempos de chegada ao local e resolução das avarias, entre os concelhos onde
estou inserido, em que a manutenção é prestada pela equipa 1365 da Bragalux (Anadia,
Águeda e Oliveira do Bairro) e todos concelhos da Área Operacional de Aveiro. Através da
comparação dos tempos obtidos verifica-se que a equipa que actua nestes três concelhos
encontra-se com tempos abaixo da média dos restantes, o que demonstra uma boa organização
e gestão na resolução e na prioridade dada a cada avaria.
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
1,48
1,32 1,35
1,70
1,38
1,23
0,62
0,77
HO
RA
S
TEMPO MÉDIO RESOLUÇÃO AR-Anomalia de Rede
B-Baixa Tensão
IP-Iluminação Pública
IU-Cliente Particular
T-Transformador
Tempo Resolução
Tempo Inicio da Avaria
66
Fig. 4.20.Comparação de tempos entre os Concelhos de Anadia, Águeda, Oliveira do Bairro
(Equipa 1365) e Todos os Concelhos AO Aveiro
A tabela 4.2 apresenta a distribuição percentual de avarias por tipo e por concelho da AO
Aveiro. Também é apresentado o número de avarias ocorridas em cada concelho e o respetivo
tipo. Pode-se verificar que os concelhos de maior dimensão em número de consumidores
como Aveiro e Ílhavo são aqueles que apresentam o maior número de avarias. O que
demonstra o que o número de avarias está muito relacionado com as redes instaladas, com as
condições atmosféricas e com o número de consumidores (potência instalada).
Tabela 4.2. Distribuição dos Incidentes por Concelhos
ÁGUEDA ANADIA O.BAIRRO AVEIRO ESTARREJA ALBERGARIA VAGOS SEVER VOUGA ÍLHAVO Total %
B 6 4 3 18 7 9 13 4 15 79 10%
T 1 4 1 9 6 3 1 2 6 33 4%
IU 54 48 29 112 28 35 70 10 94 480 58%
IP 22 16 5 17 2 11 17 7 15 112 14%
AR 12 6 10 28 16 10 21 1 20 124 15%
% 11% 9% 6% 22% 7% 8% 15% 3% 18% 828
Equipa 1365
67
4.7 Construção da Linha de Média Tensão Aérea 15 kV “AE MT
AND0234-SGL-AND”
No âmbito dos trabalhos de construção de Linhas de Média Tensão Aéreas, acompanhei a
construção de uma linha aérea com uma tensão nominal de 15 kV no concelho de Anadia para
a ligação de um novo posto de transformação.
A obra surgiu por iniciativa da empreitada contínua da EDP, fazendo parte do plano de
obras de 2011, inserindo-se no plano de investimento da rede de distribuição no concelho de
Anadia.
Os trabalhos de remodelação da rede aérea efetuadas neste concelho, tem como objetivo a
melhoria da qualidade de serviço.
O trabalho de remodelação realizado consistiu em alterar o circuito 2 do PT 139. Este
circuito foi seccionado e passou a ser alimentado através de uma nova ligação com origem no
PT 234, armário A0144 circuito 1.
A nova linha tem origem no apoio 2 da linha principal de 15 kV – Barrô-Bustos II, e
através de uma derivação que vai alimentar o novo PT 234 de serviço público, tipo AI.
Os procedimentos a realizar para um projeto deste tipo consistem numa primeira fase na:
abertura do processo de obra (pasta de obra) em que se inclui o projeto, o perfil da linha, o
plano de segurança e saúde, listas de materiais e mapas de medições (Anexo VIII), o
preenchimento e anexo das fichas de verificação de conformidade, fichas do meio envolvente
e guia de acompanhamento de resíduos (Anexo IX). Este tipo de procedimento é um processo
interno da empresa que se aplica a todas as obras. Com o processo da obra já tratado, a
confirmação de que os postes já estão encomendados ao fornecedor, e que a autorização dos
proprietários dos terrenos por onde passa a linha já foi facultada à EDP Distribuição, inicia-se
uma nova etapa que consiste em realizar a piquetagem da linha. Este trabalho é executado por
um topógrafo contratado pela empresa e que vai ao local da obra, levando o perfil e a planta
de localização do troço, fazendo a piquetagem da linha, utilizando as estacas como já foi
explicado atrás.
Depois de realizada a piquetagem da linha, os proprietários dos terrenos são informados
de que os trabalhos vão ser inicializados. Na Fig. 4.21 são apresentadas algumas das tarefas a
executar para a implementação da nova linha.
Os isoladores, armações e cadeias de amarração e suspensão utilizados na execução da
obra têm de ter as caraterísticas incluídas na memória descritiva do projeto.
68
Com os apoios colocados e as ligações destes à terra já realizadas, procede-se à execução
dos maciços de suporte dos apoios nos quais são colocadas espias para garantir que os
mesmos possam secar.
Após alguns dias, e realizada a verificação de que os apoios já estavam seguros começou-
se a passar a linha de MT, através de roldanas, como ilustrado na Fig. 4.21. Para esta linha o
condutor a utilizar foi o condutor Áster de 55 mm2 de secção. Na passagem do condutor tem
que se ter em atenção os vãos de regulação e flechas de montagem, estando estes valores num
quadro especificado no projeto.
Depois de realizada a colocação dos condutores ao longo da linha começou-se a fazer as
amarrações e suspensões da linha de acordo com o que foi estipulado no projeto.
No final do processo de implementação da linha a EDP Distribuição é informada e
inicializa-se um processo de fiscalização da obra, que culmina com a marcação da ligação do
novo ramal à linha principal.
Para finalizar a obra é finalmente necessário proceder à ligação do novo posto de
transformação à rede.
Na conclusão da obra deslocou-se ao local, juntamente com o fiscal da EDP Distribuição
que acompanhou a obra em representação do dono da obra e realizou-se a assinatura do auto de
recepção provisório. Neste documento declara-se que os trabalhos realizados se encontram
executados de acordo com as condições gerais e condições técnicas especiais do caderno de
encargos e medições de acordo com as quantidades referidas no mapa de medições (Anexo X).
Fig. 4.21. Colocação de Apoios, Cadeias de Isoladores e linhas de MT
69
5 Conclusões
Após análise do trabalho apresentado, entende-se que os objectivos propostos foram
atingidos.
Os temas abordados permitiram adquirir conhecimentos muito importantes na área das
redes elétricas de Baixa e Média Tensão.
Na construção de novas redes há que destacar que, dada a conjuntura atual, é importante
ter em conta os impactos ambientais que o projeto e implementação de redes elétricas podem
provocar, assim como os investimentos associados e o processo de licenciamento das
mesmas. Conclui-se que, apesar de nem sempre serem necessárias avaliações de impacto
ambiental, o projetista necessita de cumprir as mais elementares regras de bom senso e, tentar
ao máximo, atingir uma solução que mitigue os efeitos nefastos para um desenvolvimento
sustentável. Esta atividade implica a necessidade de haver uma interação de vários
profissionais em que todos têm de fazer a sua parte para melhorar a qualidade de serviço e
garantir a sua continuidade.
Em suma, considero-me bastante satisfeito com o trabalho desenvolvido e com o
conhecimento adquirido ao longo do período de estágio, estando também extremamente
consciente que o mesmo resultou de um esforço genuíno da minha parte e da entidade
acolhedora, que proporcionou uma oportunidade profissional de grande valor e mérito. Posso
considerar que este estágio foi produtivo pois, com a orientação dos profissionais que comigo
trabalharam, verifiquei que nem sempre as melhores soluções do ponto de vista técnico são as
soluções a aplicar, sendo necessário ter sempre em conta os fatores económicos e aspectos
ambientais.
Na minha opinião, considero que a realização do estágio revelou-se um momento de
aprendizagem fundamental, uma vez que todos os dias era confrontado com novos desafios e
objetivos a cumprir.
O estágio revela-se um momento de aprendizagem fundamental para quem pretende
iniciar-se no mundo do trabalho.
70
71
6 Referências Bibliográficas
[EDP, 2003] – EDP, ―Guia de Manutenção a Postos de Transformação”, Agosto de 2003.
[EDP, 2004] – EDP, “Centralização de Contagens em Edifícios. Regras para concepção dos
quadros ou painéis de contagem”- DIT-C14-140\N,2004
[EDP, 2007] – EDP, “Cabos em torçada para linha aéreas de Baixa Tensão”, DMA-C33-
209\N, Maio 2007
[EDP, 2007] – EDP, “Ligação de Clientes de Baixa Tensão. Soluções técnicas normalizadas”
– DIT-C14-100\N, Maio 2007.
[EDP, 2007] – EDP, “Relatório de Qualidade de Serviço 2006”, Maio 2007
[EDP, 2009] – EDP, “Construção, reparação e manutenção de Redes de Distribuição, EC
2010”, Agosto 2009.
[Ribeiro da Silva, 2010] – H. Ribeiro da Silva, ―Projeto de Postos de Transformação” O
Eletricista, vários nºs.
[RSRDEEBT] – “Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de Energia Elétrica
em Baixa Tensão”, Decreto regulamentar nº9/84‖
[Santos e Ferreira, 2004] – J. N. Santos e J. R. Ferreira, “Redes de Distribuição de Energia
Elétrica em Baixa Tensão”, FEUP 2004.
72
73
ANEXO I
RELATÓRIO DE PREJUÍZOS
74
75
ANEXO II
DESENHO LINHA MT
76
77
ANEXO III
SIMBOLOGIA TÉCNICA
78
79
ANEXO IV
FICHA INSPEÇÃO A POSTOS DE TRANSFORMAÇÃO
80
81
ANEXO V
CLASSIFICAÇÃO DE INCIDENTES
82
83
ANEXO VI
FICHA DE ORÇAMENTAÇÃO
84
85
ANEXO VII
FICHA DE OCORRÊNCIA
86
87
ANEXO VIII
MAPA DE MEDIÇÕES
88
89
ANEXO IX
FICHAS DE AMBIENTE E SEGURANÇA
90
91
Anexo X
AUTO DE RECEPÇÃO