Intertextualidade

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INTERTEXTUALIDADE Profª Luciane de A. Santa Bárbara Colégio São Luís Maio/2011

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INTERTEXTUALIDADEProfª Luciane de A. Santa Bárbara

Colégio São Luís

Maio/2011

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DIALOGISMO

Segundo o teórico russo Mikhail Bakhtin, a linguagem é, por natureza, dialógica, isto é, sempre estabelece o diálogo entre pelo menos dois seres, dois discursos, duas palavras. Diz Bakhtin:

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Os enunciados não são indiferentes uns aos outros, nem auto-suficientes; são mutuamente conscientes e refletem um ao outro...Cada enunciado é pleno de ecos e reverberações de outros enunciados, com os quais se relaciona pela comunhão da esfera da comunicação verbal [...]. Cada enunciado refuta, confirma, complementa e depende dos outros; pressupõe que já são conhecidos, e de alguma forma os leva em conta.(Estética da criação verbal. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997)

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Meus oito anosOh! Que saudade que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem maisQue amor, que sonhos, que floresNaquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais![...](ABREU, Casimiro de. Poesias completas de Casimiro de Abreu. Rio de Janeiro: Ediouro.)

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Meus oito anosOh que saudades que eu tenhoDa aurora da minha vidaDas horasDe minha infância queridaQue os anos não trazem maisNaquele quintal de terraDa Rua de Santo AntônioDebaixo da bananeiraSem nenhum laranjais.[...]

(ANDRADE, Oswald. Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade. 4ª ed. São Paulo: Globo, 2006)

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Casimiro de Abreu: século XIX; Oswald de Andrade: século XX; Mesmo assunto e versos inteiros são repetidos; Visões diferentes da infância; Primeiro texto: infância perfeita, rodeada de

“sonhos”, “amor” e “flores”; Segundo texto: “quintal de terra”: um espaço

concreto e comum, sem idealização; “sem nenhum laranjais”: ironia a Casimiro de

Abreu, pois infância se faz com crianças brincando em quintal de terra, embaixo de bananeiras, e não com crianças sonhando embaixo de laranjeiras;

Duas formas distintas de ver a infância: uma mais idealizada e romântica; a outra, moderna e antissentimental.

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INTERTEXTUALIDADE: Relação entre dois textos caracterizada por um citar o outro.

INTERDISCURSIVIDADE: é a relação entre dois discursos caracterizada por um citar o outro.

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AS RELAÇÕES INTERTEXTUAIS MAIS COMUNS

- Intertextualidade estrutural: consiste no emprego de estruturas já existentes para a produção de textos. Exemplos:

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Soneto de Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momentoE em louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes

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Amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar se de contente; é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luis de Camões

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- Intertextualidade temática: consiste na abordagem de um mesmo assunto. Exemplo:

Músicas: Ai, que saudades da Amélia e Emília.

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- Intertextualidade referencial: consiste a citação de outros textos ou alusão a eles. Por exemplo:

a) Freud denominando a inclinação erótica de um filho pela mãe de “Complexo de Édipo”, numa referência à tragédia grega Édipo Rei, de Sófocles.

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b) Oswald de Andrade citando Freud no Manifesto Antropofágico: “Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa.

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INTERTEXTUALIDADE EXPLÍCITA E IMPLÍCITA

Era um sonho dantesco...O tombadilhoQue das luzernas avermelha o brilho,Em sangue a se banhar.Tinir de ferros...estalar do açoite...Legiões de homens negros como a noite,Horrendos a dançar...

(Castro Alves. Navio Negreiro)

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Dantesco: adj. 1) Relativo a Dante Alighieri (1265-1321), poeta italiano considerado precursor do Renascimento; dântico

1.1) próprio do estilo ou das cenas do Inferno de Dante [Primeiro dos três poemas que compõem A divina comédia, caracterizado por uma descrição angustiante e terrível dos suplícios infernais.

2) Derivação por analogia: de grande horror; diabólico, medonho, pavoroso.

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Intertextualidade: reiteração (afirmação) ou subversão (negação).

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