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INTERSETORIALIDADE, ÉTICA E SERVIÇO SOCIAL: ENTRE A POSTURA ÉTICO-POLÍTICA E O ENCAMINHAMENTO PRAGMÁTICO Gabriela Dutra Cristiano 1 Berenice Rojas Couto 2 Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar a discussão sobre um dos elementos emergentes da pesquisa de mestrado da autora: a relação do Serviço Social com a Intersetorialidade. A partir deste estudo, observamos que desde os primórdios da profissão a intersetorialidade já se apresentava enquanto perspectiva de atendimento, ainda que de forma embrionária. Na contemporaneidade, a intersetorialidade manifesta-se nos discursos e na atuação profissional de forma paradoxal: por vezes enquanto postura ético-política de atuação, entretanto, no ato ético-moral objetivado, apresenta-se hegemonicamente enquanto encaminhamento pragmático. Neste sentido, buscamos contribuir para as reflexões sobre as formas de assistentes sociais construírem ética e tecnicamente formas de atendimento integral e intersetorial. Palavras-chave: Serviço Social. Ética. Intersetorialidade. 1 INTRODUÇÃO Mulheres e homens, seres histórico-sociais, nos tornamos capazes de comparar, de valorar, de intervir, de escolher, de decidir, de romper, por isso tudo, nos fizemos seres éticos. (PAULO FREIRE) A intersetorialidade, com esta denominação, vem ganhando espaço de discussão em diversas profissões e especialmente no campo da política social brasileira. No Serviço Social, ainda que de forma bastante embrionária, a perspectiva de atuar conjuntamente com as redes de serviços e de articular o trabalho com outros setores de atendimento já estava presente desde os primórdios da profissão. Talvez este seja o principal motivo pelo qual, ainda que este não fosse o tema de estudo da dissertação da autora, o assunto foi recorrente nos dados coletados, mostrando-se um nó para a discussão da transversalidade ética na atuação e na formação profissional de assistentes sociais. A referida dissertação é produto de uma pesquisa de mestrado que teve como objetivo analisar as implicações éticas derivadas do cotidiano de trabalho de estagiárias/os em Serviço Social inseridas/os em diferentes espaços de atuação. 1 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. E-mail: [email protected]; 2 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. E-mail: [email protected]. ISSN 2358-0135 (on-line) 22 e 23 de outubro de 2015

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INTERSETORIALIDADE, ÉTICA E SERVIÇO SOCIAL: ENTRE A POSTURA

ÉTICO-POLÍTICA E O ENCAMINHAMENTO PRAGMÁTICO

Gabriela Dutra Cristiano 1

Berenice Rojas Couto 2

Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar a discussão sobre um dos elementos

emergentes da pesquisa de mestrado da autora: a relação do Serviço Social com a

Intersetorialidade. A partir deste estudo, observamos que desde os primórdios da profissão a

intersetorialidade já se apresentava enquanto perspectiva de atendimento, ainda que de forma

embrionária. Na contemporaneidade, a intersetorialidade manifesta-se nos discursos e na

atuação profissional de forma paradoxal: por vezes enquanto postura ético-política de atuação,

entretanto, no ato ético-moral objetivado, apresenta-se hegemonicamente enquanto

encaminhamento pragmático. Neste sentido, buscamos contribuir para as reflexões sobre as

formas de assistentes sociais construírem ética e tecnicamente formas de atendimento integral

e intersetorial.

Palavras-chave: Serviço Social. Ética. Intersetorialidade.

1 INTRODUÇÃO

Mulheres e homens, seres histórico-sociais, nos tornamos capazes de

comparar, de valorar, de intervir, de escolher, de decidir, de romper, por isso

tudo, nos fizemos seres éticos. (PAULO FREIRE)

A intersetorialidade, com esta denominação, vem ganhando espaço de discussão em

diversas profissões e especialmente no campo da política social brasileira. No Serviço Social,

ainda que de forma bastante embrionária, a perspectiva de atuar conjuntamente com as redes

de serviços e de articular o trabalho com outros setores de atendimento já estava presente

desde os primórdios da profissão.

Talvez este seja o principal motivo pelo qual, ainda que este não fosse o tema de

estudo da dissertação da autora, o assunto foi recorrente nos dados coletados, mostrando-se

um nó para a discussão da transversalidade ética na atuação e na formação profissional de

assistentes sociais. A referida dissertação é produto de uma pesquisa de mestrado que teve

como objetivo analisar as implicações éticas derivadas do cotidiano de trabalho de

estagiárias/os em Serviço Social inseridas/os em diferentes espaços de atuação.

1 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. E-mail: [email protected];

2 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. E-mail: [email protected].

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Embasada na perspectiva histórico-ontologica lukácsiana, essa pesquisa teve como

objetivo analisar os processos que, mediados por complexos interrelacionados, incidem nos

modos como os sujeitos estagiários refletem e posicionam-se eticamente em seus cotidianos

de trabalho, a fim de contribuir com a formação ética. Em diferentes espaços de atuação no

campo das políticas sociais observamos a emergência e o desafio que é ressignificar nos atos

ético-morais cotidianos os valores historicamente construídos nestes espaços, como o

assistencialismo, o clientelismo, a lógica do mando e da mercantilização. Observamos,

também, as dificuldades e as possibilidades de objetivar os valores éticos da profissão –

expressos no código de ética do Serviço Social.

O estágio obrigatório é, muitas vezes, o primeiro contato das/os estudantes com o

realidade prática do Serviço Social e seus inúmeros limites e desafios, entre eles a objetivação

de valores éticos com consciência e responsabilidade. O estágio é um espaço de formação

pelo trabalho. Ou seja, as/os assistentes sociais em formação inseridas/os em estágio se

transformam através da ação, da experimentação do exercício profissional através do trabalho

e, assim, vão pouco a pouco construindo seus jeitos de serem assistentes sociais; formando

concepções, conceitos e valores.

Neste sentido, este estudo tem como dimensões centrais a ética, o trabalho e a

formação. Afinal, “a formação profissional tal qual por nós defendida, em consonância com o

projeto ético-político, só pode se realizar em havendo uma centralidade da ética nesse

processo”. (SOUSA, SANTOS e CARDOSO, 2013 p. 50)

Em se tratando de estudantes, é preciso dar voz e visibilizar ao lugar que estes ocupam

nas instituições em que se inserem, como são seus cotidianos de trabalho e os desafios para o

desenvolvimento de uma formação pelo trabalho com centralidade em valores éticos

conscientes e responsáveis. Desta forma é possível qualificar este importante momento da

formação profissional, assumindo a transversalidade da ética na graduação em Serviço Social.

Para que o estudo ganhasse materialidade, o campo de estudo da pesquisa

desenvolvida foram as faculdades de Serviço Social de uma universidade pública e outra

privada. Como sujeitos de pesquisa, delimitamos aqueles inseridos em estágio supervisionado

de nível três, por entender que neste momento da formação profissional já há uma maior

maturação, apropriação e incorporação do que é ser assistente social.

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A coleta de dados se desenvolveu em dois momentos. No primeiro, foi entregue as/aos

estudantes um instrumento alternativo elaborado pela pesquisadora. No segundo momento,

realizamos entrevistam semi-estruturadas na intenção de aprofundar a discussão sobre os

elementos que emergiram das respostas ao instrumento alternativo e abranger outras questões

de interesse na pesquisa.

O referido instrumento alternativo foi construído em forma de questionário,

apresentando inicialmente questões fechadas sobre o perfil das/os estudantes participantes e,

após, o relato de três casos “típicos”, com elementos que comumente são atendidos por

assistentes sociais. Cada caso apresentava um dilema ético atravessado por questões de saúde,

trabalho, habitação, gênero, entre outras. Após cada caso apresentado, perguntamos “como

você analisa esta situação?” e “diante desta situação, com as condições de trabalho que tens, o

que faria?”

Assim, as respostas ao questionário foram projeções teleológicas para a intervenção

que apresentaram, entre outros elementos, a constante intencionalidade de articular com as

redes de serviços e/ou realizar encaminhamentos. Por este elemento ser bastante expressivo

nas respostas do questionário, também o abordamos nas entrevistas semi-estruturadas.

Para analisar os dados, utilizamos a metodologia de análise textual discursiva, que “é

uma abordagem de análise de dados que transita entre duas formas consagradas de análise na

pesquisa qualitativa, que são a análise de conteúdo e a análise de discurso”. (MORAES;

GALIAZZI, 2006, p. 118) Esta metodologia de análise busca compreender os sentidos e

significados emergentes dos dados, exigindo uma constante (re)construção de caminhos para

a produção de um conhecimento não linear. (MORAES, 2003)

Neste artigo, como foi dito anteriormente, apresentaremos a discussão sobre os dados

referentes à relação entre Serviço Social e intersetorialidade. Para tanto, inicialmente

abordaremos a concepção de ética que embasa o estudo e que orienta a análise dos dados da

pesquisa. Após, discutiremos teórica e empiricamente esta relação, tendo como eixo norteador

de análise a ética, buscando explicitar como a intersetorialidade se manifesta nos discursos e

na atuação de estagiárias/os de Serviço Social nos diferentes espaços socio-ocupacionais.

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2 ÉTICA E SERVIÇO SOCIAL

A ética, enquanto campo de estudo, vem crescendo e ganhando espaço em diversas

áreas e esferas da vida social. Muito se discute o tema, comumente buscando referir o que é

considerado certo ou errado em determinada estrutura de pensamento. Quando nos referimos

a uma profissão específica, torna-se importante a clareza de pelo menos dois conceitos: de que

ética se está falando e qual a concepção de ética profissional.

Mais do que o que é considerado certo ou errado no Serviço Social, mais do que as

prerrogativas e normatizações do Código de Ética de assistentes sociais, buscamos neste

estudo discutir o ethos da profissão; isto é, a produção e reprodução de valores na vida

concreta de profissionais e como estas/es transformam posicionamentos ético-políticos em

atos ético-morais.

No Serviço Social este tema vem sendo aprofundado com maior intensidade a partir

dos anos 80 onde, na efervescência do denominado Movimento de Reconceituação, a

profissão pactua com valores progressistas e emancipatórios, bem como com as necessidades

e interesses da classe trabalhadora. Entretanto, sabemos que não é de forma romântica e

voluntarista que se constroem as possibilidades de objetivação desses valores de forma

consciente, crítica e responsável.

2.1 DE QUE ÉTICA ESTAMOS FALANDO?

A ética, na perspectiva histórico-ontológica lukacciana, precisa ser pensada partindo a

da vida concreta de homens e mulheres de nosso tempo. Enquanto seres humanos somos seres

éticos porque, diferente de outras espécies animais, temos a capacidade de pensar sobre aquilo

que fazemos, isto é, projetar teleologicamente a intencionalidade de uma ação e escolher os

meios necessários para a realização desta. A ética, nesse sentido, é entendida como

[...] uma capacidade humana posta pela atividade vital do ser social; a

capacidade de agir conscientemente com base em escolhas de valor, projetar

finalidades de valor e objetivá-las concretamente na vida social, isto é, ser

livre. (BARROCO, 2010a, p. 19)

São dimensões fundamentais da ética nessa perspectiva a escolha entre alternativas, a

consciência, a responsabilidade e a liberdade. Cada uma dessas dimensões contêm em si

discussões profundamente filosóficas, que assumem direções diferentes conforme o momento

histórico, a escola teórica e o contexto da época em que se está falando. O importante aqui é

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entendermos que esse debate é bastante complexo, e que essas dimensões não podem ser

vistas separadamente – uma está imbricada na outra.

Vivemos, todos nós, inseridos na vida cotidiana. Nesta, pouco a pouco vamos

apreendendo e assimilando as formas de fazer as coisas, repetindo a forma como já é feito e,

assim, assimilando em parte a história e o desenvolvimento social no modo de ser cotidiano

(HELLER, 2014). Essa assimilação decorre, em certa medida, de um processo de imitação;

podemos levar muito tempo para questionar o modo de fazer algo, assim como as concepções

e valores de determinada comunidade em certa época.

São características da vida cotidiana a ultrageneralização, o pragmatismo, o

pensamento espontaneo, a imediaticidade entre pensamento e ação, entre outras. (HELLER,

2014). No cotidiano de trabalho de assistentes sociais, assim como outras profissões inseridas

na divisão sócio-técnica do trabalho, tendemos a reproduzir pragmatismos institucionais e

valores construídos historicamente no campo da política social de forma a-crítica, devido as

próprias características dessa esfera da vida social. Contudo, não necessariamente precisa ser

assim.

Enquanto sujeitos ético-morais (BARROCO, 2010a), somos indivíduos

singulares/particulares. Somos condicionados e formados por aspectos econômicos, culturais,

biológicos, psicológicos, entre outros, em constante interação. Nossas decisões são movidas

pela razão, mas também por aspectos inconscientes, por paixões. (CHAUI, 2012). é na

complexa relação entre estes e outros elementos que nos movemos na vida cotidiana,

tornando desafiadora a realização de atos ético-morais conscientes e responsáveis, que

suspendem momentaneamente a vida cotidiana ao encontro da alteridade.

O ato ético é aquele que se orienta à fruição do ser-genérico. Se a maioria de nossos

atos são voltados ao Eu (HELLER, 2014), as nossas necessidades e desejos inerentes da

manutenção da vida, o ato ético só pode ser considerado enquanto tal quando o Eu – as

minhas paixões, meus desejos e afetos – entra em convergência com a alteridade, na direção

da ampliação do espaço de liberdade dos sujeitos e, no limite, de toda a humanidade.

Para a objetivação da ética é preciso liberdade. Não há como nos responsabilizarmos

criticamente e/ou imprimirmos uma direção para nossas ações se não temos liberdade para tal.

Entretanto, também não podemos recusar a liberdade, assumindo posturas fatalistas. Há

sempre liberdade no seio da necessidade, afinal,

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[...] O possível não é apenas alguma coisa sentida ou percebida

subjetivamente por nós, mas é também e, sobretudo, alguma coisa inscrita

objetivamente no seio da própria necessidade, indicando que o curso de uma

situação pode ser mudado por nós, em certas direções e sob certas condições.

A liberdade é a capacidade para perceber tais possibilidades e o poder para

realizar aquelas ações que mudam o curso das coisas, dando-lhe outra direção

ou outro sentido. (CHAUI, 2012, p. 418)

Cotidianamente nos defrontamos com situações e temos que tomar decisões em face a

elas. Para isso, escolhemos entre alternativas que estão postas no campo do real. (BARROCO,

2013). Para fazer essas escolhas, nos fundamentamos em juízos de valor, em critérios de

utilidade ou, comumente, devido as características próprias da vida cotidiana, escolhemos

espontaneamente fundamentando as decisões na própria experiência cotidiana e nas

probabilidades de acerto/erro.

Entretanto, há situações que mobilizam mais intensamente escolhas fundamento

moral, como os dilemas éticos e situações limite envolvendo outras pessoas. Em todo caso,

sempre é possível decidir, em face as alternativas histórias, de modo diverso do que aquele

que realmente se decide. (HELLER, 2014).

Não somos uma autarquia. Aquilo que fizemos incide na vida de outras pessoas e,

potencialmente, em toda humanidade (TERTULIAN, 2014) e, por isso, temos

responsabilidade sobre os nossos atos. Contudo, homens e mulheres jamais estarão “em

condições de ver todos os condicionamentos da própria atividade, para não falar de todas as

suas consequências” (LUKÁCS, 2010, p. 98)

Então, somos responsáveis por aquilo teleologicamente elaboramos, ou pelo resultado

da ação objetivada, que pode ser diferente da elaboração teleológica? Tertulian (2014) explica

que Lukács busca um meio termo entre essas duas premissas. Em todo caso, é preciso que

tenhamos consciência e liberdade para que seja possível nos responsabilizarmos sobre nossas

ações, embora mesmo sem elas nossas ações produzam resultados objetivos que se inserem no

tecido social.

2.2 CAMINHOS DA DISCUSSÃO ÉTICA NO SERVIÇO SOCIAL

Embora conheçamos os marcos históricos que possibilitaram a legitimação do Serviço

Social enquanto profissão no Brasil na década de 30, em toda a história social houve práticas

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de auxílio e caridade. A análise de passagens da obra de Fontoura (1958)3 revela que,

enquanto profissão, o Serviço Social nega, supera, mas também reproduz diversos elementos

das antigas práticas de ajuda aos pobres.

No estudo da ética nos interessa o processo histórico de produção e reprodução de

valores, que implicam na (re)formulação de perspectivas e formas de atuação no exercício

profissional. Por exemplo, conforme a análise dos dados da pesquisa, a motivação que leva

estudantes a escolherem o Serviço Social como profissão ainda é, em geral, o desejo de ajudar

ao outro, embora não necessariamente se trate de uma ajuda cristã, como nos primórdios da

profissão. É, sobretudo, uma das primeiras manifestações de sentimentos de alteridade, de

encontro das motivações do Eu com o outro.

Ao final da década de 50, constroem-se socialmente as bases necessárias para o início

do denominado Movimento de Reconceituação no âmbito da profissão. Na década de 60 esse

movimento ganha força diante da aproximação do Serviço Social com o marxismo, com

vertentes críticas ao capitalismo e com movimentos sociais4. Este processo se constituiu de

forma bastante complexa, paradoxal e contraditória; mas não há como aprofundarmos a

discussão aqui.

Cabe, no entanto, referir que é a partir da década de 80 que a discussão sobre ética

ganha força no Serviço Social. A primeira reformulação do Código de Ética profissional que

busca romper com o conservadorismo presente historicamente nos códigos anteriores é datada

de 1986. Neste, a profissão pactua com os interesses e necessidades da classe trabalhadora

(BARROCO, 2010b), buscando romper com a atuação profissional que respondia aos

interesses da classe capitalista e do Estado (NETTO, 1999; FALEIROS 1986). Rompe,

principalmente, com a pretensa neutralidade a que se propunha a profissão nos códigos

anteriores. Pretensa porque, como sabemos, neutralidade é algo que não existe; mesmo

quando não temos consciência de qual, a nossa atuação assume uma direção política.

Entretanto, como analisa Barroco (2010b), em 1986 o Código pactua com uma classe

como se esta, em si, fosse portadora de valores “positivos”. Além disso, o referido código

3 Um dos primeitos livros na tentativa de sistematização do Serviço Social brasileiro, publicado originalmente

em 1948.

4 Não é nosso objetivo, neste texto, reconstruir os marcos históricos da profissão. Para aprofundar essa discussão

sugerimos, especialmente, as obras de Yazbek, Iamamoto, Barroco e Netto.

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tinha pouca possibilidade de objetivação e de fiscalização no exercício profissional, embora o

debate em torno desse seja considerado educativo e politizador para a categoria.

O Código de Ética de 1993, em vigor até os dias de hoje, avança nessa discussão,

sendo formulado com base em debates que ocorreram em todo o país. (BARROCO, 2012) A

partir deste, os atos ético-morais de assistentes sociais devem se orientar por valores5 como: a

liberdade enquanto princípio ético central, a defesa intransigente dos direitos humanos, a

ampliação da cidadania e da democracia, em busca da equidade e da justiça social. Assistentes

sociais devem se empenhar na eliminação de todas as formas de preconceito e discriminação,

se comprometendo com a qualidade dos serviços prestados à população e respeitando os

posicionamentos teóricos e políticos plurais no âmbito da profissão.

Entretanto, não é sem desafios que os princípios éticos da profissão se traduzem em

atos ético-morais no cotidiano de trabalho de estudantes e assistentes sociais. Somos seres

sociais permeados por muitos fatores da vida cotidiana, com tendencia a reprodução de

valores conservadores e ao pragmatismo decorrente do modo de gestão da força de trabalho

na contemporaneidade. Como explica Barroco (2012) por vezes, mesmo que os sujeitos

pactuem e concordem com os valores do Código de Ética e do Projeto Ético-Político, estão

vulneráveis à reprodução de valores de outra ordem, ainda que inconscientemente.

3 OS ATOS ÉTICO-MORAIS E A OBJETIVAÇÃO DA INTERSETORIALIDADE:

AS VOZES DE ESTUDANTES EM SERVIÇO SOCIAL

Nos atos ético-morais estudantes e assistentes sociais exteriorizam diversos aspectos

do Eu; sua personalidade, seus conhecimentos e afetos, para objetivar ações com uma

intencionalidade que convirja as motivações do Eu particular com a alteridade. As ações

realizadas no exercício profissional se traduzem, em geral, como atos ético-morais que

mobilizam conhecimentos, valores e um arcabouço instrumental para a sua objetivação.

A intersetorialidade, enquanto perspectiva de atendimento que relacione diferentes

setores, áreas e políticas buscando atender integralmente as necessidades dos sujeitos de

forma não fragmentada, está presente na história da profissão. De forma embrionária, o 5°

procedimento para a prática da caridade na Charity Organization Society - C.O.S. já apontava

5 Para uma reflexão aprofundada sobre os princípios éticos do Serviço Social, sugere-se a leitura de A nova ética

profissional (PAIVA; SALES, 2011), e Código de Ética do/a Assistente Social Comentado (BARROCO;

TERRA, 2012).

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para a necessidade de atendimento intersetorial, orientando seus trabalhadores a acionarem as

diversas instituições que pudessem contribuir com a intervenção em determinado caso.

A C.O.S foi fundada no século XIX, em Londres, e é considerada uma das primeiras

instituições organizadoras da caridade (FONTOURA, 1958). Os princípios dessa organização

nos auxiliam na reflexão sobre a relação de rupturas e continuidades no Serviço Social. Eram

estes os oito pontos/procedimentos para a prática da caridade em Londres:

1. Cada caso será objeto de um inquérito cujos resultados serão consignados

em um relatório escrito;

2. O relatório será submetido a uma comissão que se pronunciará sobre as

medidas a tomar;

3. Não serão atribuidos auxílios temporários, mas sim um auxílio bastante

racional, bastante importante e bastante prolongado para que a família ou o

indivíduo sejam recolocados em condições normais de vida;

4. O assistido será o agente de sua própria recuperação e procurar-se-á

interessar nessa obra seus parentes, vizinhos e amigos;

5. Solicitar-se-á em favor do assistido a cooperação das diversas instituições

que possam intervir no caso;

6. Os dirigentes e visitadores das obras receberão instruções gerais escritas;

sua formação será feita através de leituras e estágios práticos;

7. As instituições de caridade organizarão as listas de seus protegidos, que

enviarão à direção geral, de maneira a permitir a organização de um “fichário

geral dos assistidos”; garantir-se-á dessa maneira a Sociedade contra os

possíveis exploradores da filantropia, bem como se evitará a renovação de

inquéritos já feitos;

8. Enfim, constituir-se-á uma relação geral das obras, o que permitirá a

eliminação de instituições parasitas, a descoberta de lacunas e da duplicidade

de instituições para o mesmo fim. (FONTOURA, 1959, p. 47-48)

A análise das origens de uma profissão não pode basear-se apenas no que esta faz, ou

seja, como se operacionaliza. Isto é, “a análise da profissão, de suas demandas, tarefas e

atribuições em si mesmas não permitem desvendar a lógica no interior da qual essas

demandas, tarefas e atribuições ganham sentido” (YAZBEK, 2013, p. 3).

Porém, sem tentar simplesmente transpor para realidade atual do Serviço Social tais

procedimentos, é possível evidenciar semelhanças no que se refere à forma de atuação

contemporânea. Ainda que com outro palavreado, nos oito procedimentos expostos estão

presentes noções como articulação com a rede de serviços e rede afetiva, assistência

continuada, cadastramento de usuários de serviços e até – com certo equívoco de

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interpretação – o princípio da autonomia, que cotidianamente confunde-se com

responsabilização individual.

Algumas destas formas de atuação foram amplamente expressas nos questionários. Em

uma das respostas, uma estudante responde da seguinte maneira como atuaria na situação

apresentada:

Se o local que eu trabalhasse fosse CAPS ou Posto de Saúde, orientaria a

família sobre a importância do Pré-Natal; 2º orientaria sobre um possível

aborto; 3º condicionalidades do BF; 4º marcaria um horário para conversar

com o esposo de Valéria, para acompanhá-lo e encaminhar para tratamento

de alcoolismo e ainda para o SINE; 5º marcaria uma VD para conhecer a

família e moradia – em caso de posto de saúde, conversaria com a agente

comunitária da região; 6º sensibilizaria para o atendimento com médico

clínico dos irmãos da adolescente; 7º contato com a secretaria de habitação

para ver a possibilidade de inscrição em programa habitacional. (CASO 2,

QUESTIONÁRIO 4, 2014)

Esta resposta apresenta uma forma de estruturar o pensamento e a ação de maneira

muito parecida com os oito pontos/procedimentos da C.O.S., além de evidentes semelhanças

no conteúdo. Pode-se pensar que tal maneira procedimentalista de organizar o pensamento

voltado à ação tem fundamento não apenas na história da profissão, mas também nas

exigências do mundo do trabalho que, de certa forma e em variados níveis, são incorporadas

por todos nós.

A intersetorialidade é uma dimensão que vem sendo amplamente discutida e defendida

no campo das políticas sociais em diversos setores. Segundo Nascimento (2010, p. 118),

“tanto a política de desenvolvimento urbano quanto a social trazem em seu bojo algumas

perspectivas de ações intersetoriais”, o que não é o suficiente para que esta perspectiva de

materialize e ganhe efetividade no atendimento às necessidades sociais.

A intersetorialidade é assimilada como um valor positivo, que deve orientar práticas

de estudantes em estágio supervisionado obrigatório, perpassando seus discursos e práticas.

Ela

[...] supõe também a articulação entre sujeitos que atuam em áreas que,

partindo de suas especificidades e experiências particulares, possam criar

propostas e estratégias conjuntas de intervenção pública para enfrentar

problemas complexos impossíveis de serem equacionados de modo isolado.

(COUTO et al., 2010, p. 40)

A possibilidade de construir estratégias e propostas de intervenção de forma conjunta,

articulando diferentes áreas e setores em torno de objetivos comuns, se apresenta nas

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narrativas de estudantes como uma possibilidade a ser explorada diante da fragmentação nas

formas de atendimento instituídas nos serviços.

[...] eu acho que se os profissionais das diversas áreas que atuam juntos no

mesmo espaço, eles pudessem de fato ter um trabalho integrado, um trabalho

compartilhado, um trabalho que extrapolasse as barreiras da formação, eu

acho que qualificaria muito todas as instâncias de trabalho. Tanto nas coisas

mais simples, como nas coisas mais complexas, a própria execução de uma

política pública, se as pessoas trabalhassem integradas, aquilo seria muito

mais amplo, muito mais qualificado, sabe? [...] Eu enxergo a

intersetorialidade como forma de resistência também, porque a gente vem de

um processo de formação e de um processo histórico onde tu tem que estar

cada vez mais individualizado, tu é detentor do teu conhecimento, detentor do

teu espaço de trabalho, tu é detentor do teu usuário. Isso é algo extremamente

cruel, porque a partir do momento que tu te apropria daquele usuário, do

processo de trabalho, daquela política, tu trabalha completamente isolado, em

um lógica que tu não vai dar conta de atender todas as demandas e tu te

perde, tu também te aliena, tu acha que tu dá conta, mas tu não dá.

(ENTREVISTA 4, 2014)

A intersetorialidade é um valor que se articula com outros valores, como a qualidade

do atendimento aos usuários, constituindo-se enquanto perspectiva de atendimento e modo

operativo da intervenção contra-hegemônica, em uma sociedade cada vez mais fragmentada e

individualizada. Sua materialização tensiona lógicas e concepções construídas historicamentes

nas formas de atendimento à questão social. Tensiona valores capitalistas como a propriedade

– que se manifesta em discursos de posse em relação a saberes e até mesmo em relação aos

usuários –, a competitividade entre setores e serviços e a fragmentação no modo de análise

positivista, funcional a (re)produção do status quo.

Não sendo suficiente que esta seja uma prerrogativa escrita em documentos

legislativos de diferentes políticas sociais, sua efetividade depende da capacidade de

articulação política de governantes, gestores e trabalhadores que objetivam as políticas nos

territórios e na relação direta com a população. Após fazer a narrativa de uma intervenção

realizada com diversas dificuldades, uma das estudantes refere:

A gente está articulando toda uma rede para que esse menino tenha um

acompanhamento. E mesmo assim, ele não está conseguindo frequentar a

escola, então para ti ver que é bem complexo [...]. Se a gente fizer uma

análise bem superficial de tudo isso que a gente fez – ah, fez tudo isso e não

deu em nada – eu já consigo ver de uma outra forma, a gente conseguiu que

os serviços se comunicassem. (ENTREVISTA 3, 2014)

Como resultado do trabalho realizado, a comunicação entre os serviços mostra-se

como uma das dimensões que permeiam a construção cotidiana de perspectivas de

atendimento intersetorial, dentro do que é possível em instituições, serviços e programas que

se constituem fragmentadamente. Em geral, esta é uma perspectiva que transversaliza as

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narrativas das/os estudantes, perpassando suas propostas de projetos de intervenção, as

críticas que tecem em relação às formas de intervenção institucionalizadas e o que conseguem

visualizar enquanto produto de seus atos.

Entretanto, é preciso refletir sobre as formas concretas que possibilitam mediar a

concepção de intersetorialidade como valor e ato em si, isto é, a intervenção objetivada. Nas

narrativas das/os estudantes, termos como “articulação com a rede” e “encaminhamento”

aparecem quase como sinônimos.

Em síntese, podemos definir que articular é construir coletivamente propostas e

estratégias de intervenção, integrando setores e saberes. Já encaminhar é dar um rumo, é

transferir a responsabilidade do atendimento de determinada parte da demanda apresentada

para outro profissional, serviço ou setor de política social.

Nas respostas ao questionário, a intersetorialidade manifesta-se muito mais como a

soma de diferentes políticas acionadas para atender determinada situação, do que como

construção coletiva de propostas e estratégias de intervenção.

Neste caso, mais uma vez, é preciso um trabalho em rede. Que este usuário

possa ser acompanhado ou continuar acompanhado pelos serviços. Quanto

mais profissionais de diferentes áreas conseguirem acompanhá-lo, melhor.

Cada um na sua área específica, da saúde, da assistência, etc., trabalhar na

perspectiva da integralidade, em busca sempre da garantia de acesso aos

direitos. (CASO 3, QUESTIONÁRIO 3, 2014)

As tentativas de atender de forma setorial reproduzem formas fragmentárias, dividindo

a demanda apresentada em partes, para então acionar as áreas que irão atender o seu

respectivo pedaço. Além disso, há uma valoração da quantidade de serviços e setores

acionados, como é possível observar com clareza no trecho acima, e como se manifesta de

forma implícita em outras narrativas.

A valoração da intersetorialidade, como possível forma de garantir acesso a direitos e

proteção social, é objetivada em tentativas de construir junto com outros profissionais e criar

espaços de comunicação entre os serviços. Contudo, a partir da análise da totalidade dos

dados, evidenciamos que há uma certa ansiedade em resolver as situações apresentadas e o

caminho que surge como consenso nas respostas é o encaminhamento pragmático, pautado na

fragmentação positivista, ainda que travestido pelo discurso da intersetorialidade e, por vezes,

contendo elementos desta.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No exercício profissional de assistentes sociais, bem como de profissionais de outras

áreas e de estudantes estagiárias/os em formação, a atuação voltada ao atendimento integral

de sujeitos usuários é um desafio que se impõe contemporaneamente. Nossa formação é,

desde a infância, em geral fragmentada e setorizada. Nas exigências do mundo do trabalho na

sociedade capitalista, somos convocadas/os a dar respostas imediatas e pragmáticas às

situações.

É na contracorrente desta lógica que assumimos a intersetorialidade como perspectiva

ético-política de atendimento. No entanto, ao encontro dos diversos elementos socio-culturais

que compõe o nosso jeito se ser, estar e atuar no mundo, tendemos a reproduzir ações

fragmentadas e pragmáticas, analisando as situações que atendemos de forma a dividir estas

em áreas/setores a fim de encaminhar cada “pedaço” para sua área correspondente.

Este nó ético de distanciamento daquilo que dizemos e pactuamos com aquilo que

conseguimos, por meio de múltiplas mediações, objetivar na ação profissional, precisa ser

posto em questão. Não basta que na graduação se estude e conheça as diferentes política

sociais. É necessário que a formação profissional desenvolva habilidades de apreender as

conexões inerentes da realidade social, a articulação entre saberes e áreas, para que assim seja

possível desenvolver formas não fragmentadas de análise das situações que atendemos e

desenvolver habilidades de articulação entre os diferentes setores de política social.

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