Interpretacao Textual

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COMPLEMENTAÇÃO Interpretação Textual - 1 GÊNERO TEXTUAL – Materialidade Textos orais ou escritos materializados em situações comunicativas recorrentes, isto é, textos que encontramos em nossas vidas diariamente com padrões sócio-comunicativos característicos, definidos por sua composição, objetivo, estilo. São entidades reais, são situações comunicativas que se expressam em designações como: sermão, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, notícia jornalística, horóscopo, bula de remédio, resenha, edital de concurso, piada, dissertação, propaganda, classificados, obituário, anúncio fúnebre, convite, etc. TIPO TEXTUAL – Conteúdo São definidos pela natureza lingüística de sua composição (aspectos sintáticos, lexicais [vocabulário], tempos verbais, relações lógicas, estilo). A noção de tipos textuais abrange um número limitado de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. Não existe um texto tipologicamente puro, ocorrendo normalmente a predominância de algum sobre outros. Gêneros e tipos se complementam na produção textual: há gêneros que “têm preferência” por determinados tipos de textos. Relato: seria uma exposição escrita ou oral de algo que aconteceu, utilizando a narração, a descrição, a exposição de informações. Narração: neste tipo de texto o que se pode encontrar é basicamente a apresentação de algum fato, algum acontecimento. Como modelo de clássico de narração (que todos conhecem das fábulas infantis) é o início: “Era uma vez...”. Portanto, a princípio podemos associar o ato de narrar ao ato de contar uma história. Argumentação: neste tipo de texto o que deve predominar é o ponto de vista de seu autor. Ponto de vista no sentido de um posicionamento, uma opinião diante de algum fato. Na argumentação deve estar presente um conjunto de idéias, fatos que constituem os argumentos que levam ao convencimento ou conclusão de algo ou alguém. Exposição: neste tipo de texto o que se encontra é uma apresentação organizada de algum assunto. Uma bula de remédio serve como exemplo de um texto expositivo. Descrição: neste tipo de texto se encontra um desenvolvimento por meio do qual se representa o aspecto exterior de seres ou coisas. Na verdade, podem ser descritos instituições, coisas, ambientes, objetos, assim como personagens ou pessoas. Podemos pensar a descrição como aquela parte que a gente pula quando está lendo um romance do século XIX, por exemplo. A descrição (ou o excesso dela!) até pode servir para que identifiquemos um romance dessa época, porque já percebemos que os romances do século XX em diante já não contêm descrições (ou descrições tão longas). Há quem diga que foram a fotografia, que vale mais que mil palavras, e o cinema, que provocaram tais mudanças na descrição dentro do romance e da literatura em geral. De fato, se considerarmos que, antes dessas maravilhosas invenções, o único recurso disponível para apresentar numa narrativa o aspecto físico do cenário, dos personagens, dos objetos era a descrição verbal. Injunção: neste tipo de texto encontramos a ordem expressa de uma coisa. Texto encontrado mais freqüentemente em leis, mas ele também dita regras e costumes, faz exigências e imposições ou pressiona. SUPORTE TEXTUAL: “aquilo que suporte ou sustenta alguma coisa” (Dicionário Aurélio) Algumas características de suporte textual: a)é um lugar com existência física ou virtual (ou seja, o suporte é algo real); b)tem formato específico (livro, revista, jornal, outdoor, embalagem, etc.); c)serve para fixar e mostrar o texto (ou seja, fixar o texto e, dessa forma, torná-lo acessível, tendo diferentes fins). É importante pensarmos que o SUPORTE não é neutro, já que o gênero não fica indiferente a ele. Por exemplo, o fato de um determinado gênero como a publicidade aparecer num outdoor ou numa revista semanal ou numa revista mensal não é indiferente. Uma publicidade numa revista masculina como a Playboy, ou feminina como Cláudia, ou na revista de bordo Ícaro ou então em revistas de divulgação semanal como Veja, Istoé ou num jornal como o Diário Gaúcho, vai ter características diversas sob o ponto de vista da textualização. O suporte é imprescindível para que o gênero circule na sociedade e deve ter alguma influência na natureza do gênero suportado. Mas isto não significa que o suporte determine o gênero e sim que o gênero exige um suporte especial. Contudo, essa posição é questionável, pois há casos complexos em que o suporte determina a distinção que o gênero recebe. Tome-se o caso deste breve texto: Paulo, te amo, me ligue o mais rápido que puder. Te espero no fone 55 44 33 22. Verônica .” Se isto estiver escrito num papel colocado sobre a mesa da pessoa indicada (Paulo), pode ser um bilhete; se for passado pela secretária eletrônica é um recado; remetido pelos correios num formulário próprio, pode ser um telegrama; exposto num outdoor pode ser uma declaração de amor. O certo é que o conteúdo não muda, mas o gênero é sempre identificado na relação com o suporte. RECEPÇÃO: o texto será lido de formas diversas dependendo do suporte em que é vinculado: se um texto está em um jornal, em um livro ou afixado em um quadro de avisos, terá diferentes formas de recepção. Essa recepção é construída socialmente. O livro, por exemplo, parece ser o suporte textual que goza de maior prestígio, tanto assim que, ao pensarmos em texto, naturalmente nos vem a imagem de um livro. Isto porque o livro normalmente é associado à cultura erudita, ao saber, e às pessoas que em geral possuem condições financeiras para adquiri-lo. Ao falarmos em recepção, uma outra consideração importante a fazer é que uma mesma notícia ou um mesmo fato será contado de diferentes maneiras: a televisão e o jornal terão suas diferenças entre si, assim como diferentes jornais terão maneiras diversas. Devemos sempre pensar que estas diferenças ocorrem porque quem está preparando o jornal sempre é leva em consideração a QUEM o conteúdo está sendo endereçado. Por este motivo é que sabemos diferenciar sem muito esforço 1

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como interpretar melhor os textos

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    Interpretao Textual - 1

    GNERO TEXTUAL MaterialidadeTextos orais ou escritos materializados em situaes comunicativas recorrentes, isto , textos que encontramos em nossas vidas diariamente com padres scio-comunicativos caractersticos, definidos por sua composio, objetivo, estilo. So entidades reais, so situaes comunicativas que se expressam em designaes como: sermo, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalstica, notcia jornalstica, horscopo, bula de remdio, resenha, edital de concurso, piada, dissertao, propaganda, classificados, obiturio, anncio fnebre, convite, etc.

    TIPO TEXTUAL ContedoSo definidos pela natureza lingstica de sua composio (aspectos sintticos, lexicais [vocabulrio], tempos verbais, relaes lgicas, estilo). A noo de tipos textuais abrange um nmero limitado de categorias conhecidas como: narrao, argumentao, exposio, descrio, injuno. No existe um texto tipologicamente puro, ocorrendo normalmente a predominncia de algum sobre outros. Gneros e tipos se complementam na produo textual: h gneros que tm preferncia por determinados tipos de textos.Relato: seria uma exposio escrita ou oral de algo que aconteceu, utilizando a narrao, a descrio, a exposio de informaes.Narrao: neste tipo de texto o que se pode encontrar basicamente a apresentao de algum fato, algum acontecimento. Como modelo de clssico de narrao (que todos conhecem das fbulas infantis) o incio: Era uma vez.... Portanto, a princpio podemos associar o ato de narrar ao ato de contar uma histria. Argumentao: neste tipo de texto o que deve predominar o ponto de vista de seu autor. Ponto de vista no sentido de um posicionamento, uma opinio diante de algum fato. Na argumentao deve estar presente um conjunto de idias, fatos que constituem os argumentos que levam ao convencimento ou concluso de algo ou algum.Exposio: neste tipo de texto o que se encontra uma apresentao organizada de algum assunto. Uma bula de remdio serve como exemplo de um texto expositivo. Descrio: neste tipo de texto se encontra um desenvolvimento por meio do qual se representa o aspecto exterior de seres ou coisas. Na verdade, podem ser descritos instituies, coisas, ambientes, objetos, assim como personagens ou pessoas. Podemos pensar a descrio como aquela parte que a gente pula quando est lendo um romance do sculo XIX, por exemplo. A descrio (ou o excesso dela!) at pode servir para que identifiquemos um romance dessa poca, porque j percebemos que os romances do sculo XX em diante j no contm descries (ou descries to longas). H quem diga que foram a fotografia, que vale mais que mil palavras, e o cinema, que provocaram tais mudanas na descrio dentro do romance e da literatura em geral. De fato, se considerarmos que, antes dessas maravilhosas invenes, o nico recurso disponvel para apresentar numa narrativa o aspecto fsico do cenrio, dos personagens, dos objetos era a descrio verbal. Injuno: neste tipo de texto encontramos a ordem expressa de uma coisa. Texto encontrado mais freqentemente em leis, mas ele tambm dita regras e costumes, faz exigncias e imposies ou pressiona.

    SUPORTE TEXTUAL: aquilo que suporte ou sustenta alguma coisa (Dicionrio Aurlio)Algumas caractersticas de suporte textual:a) um lugar com existncia fsica ou virtual (ou seja, o suporte algo real);b)tem formato especfico (livro, revista, jornal, outdoor, embalagem, etc.);c)serve para fixar e mostrar o texto (ou seja, fixar o texto e, dessa forma, torn-lo acessvel, tendo diferentes fins). importante pensarmos que o SUPORTE no neutro, j que o gnero no fica indiferente a ele. Por exemplo, o fato de um determinado gnero como a publicidade aparecer num outdoor ou numa revista semanal ou numa revista mensal no indiferente. Uma publicidade numa revista masculina como a Playboy, ou feminina como Cludia, ou na revista de bordo caro ou ento em revistas de divulgao semanal como Veja, Isto ou num jornal como o Dirio Gacho, vai ter caractersticas diversas sob o ponto de vista da textualizao.O suporte imprescindvel para que o gnero circule na sociedade e deve ter alguma influncia na natureza do gnero suportado. Mas isto no significa que o suporte determine o gnero e sim que o gnero exige um suporte especial. Contudo, essa posio questionvel, pois h casos complexos em que o suporte determina a distino que o gnero recebe. Tome-se o caso deste breve texto:

    Paulo, te amo, me ligue o mais rpido que puder. Te espero no fone 55 44 33 22. Vernica .

    Se isto estiver escrito num papel colocado sobre a mesa da pessoa indicada (Paulo), pode ser um bilhete; se for passado pela secretria eletrnica um recado; remetido pelos correios num formulrio prprio, pode ser um telegrama; exposto num outdoor pode ser uma declarao de amor. O certo que o contedo no muda, mas o gnero sempre identificado na relao com o suporte.

    RECEPO: o texto ser lido de formas diversas dependendo do suporte em que vinculado: se um texto est em um jornal, em um livro ou afixado em um quadro de avisos, ter diferentes formas de recepo. Essa recepo construda socialmente. O livro, por exemplo, parece ser o suporte textual que goza de maior prestgio, tanto assim que, ao pensarmos em texto, naturalmente nos vem a imagem de um livro. Isto porque o livro normalmente associado cultura erudita, ao saber, e s pessoas que em geral possuem condies financeiras para adquiri-lo. Ao falarmos em recepo, uma outra considerao importante a fazer que uma mesma notcia ou um mesmo fato ser contado de diferentes maneiras: a televiso e o jornal tero suas diferenas entre si, assim como diferentes jornais tero maneiras diversas. Devemos sempre pensar que estas diferenas ocorrem porque quem est preparando o jornal sempre leva em considerao a QUEM o contedo est sendo endereado. Por este motivo que sabemos diferenciar sem muito esforo

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  • COMPLEMENTAO

    os jornais destinados ao povo daqueles que so destinados elite: percebemos tanto uma maneira diferente de apresentar um mesmo fato quanto uma diferena nos temas trazidos dentro das edies (o jornais trazem o que interessar seu pblico leitor).

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