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INTERCORR2012_131

Copyright 2012, ABRACO

Trabalho apresentado durante o INTERCORR 2012, em Salvador/BA no ms de maio de 2012.

As informaes e opinies contidas neste trabalho so de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es).INTERCORR2012_131

Estudo do efeito de parmetros do processo GTAW pulsado na Resistncia Corroso intergranular e por pite do ao inoxidvel duplex UNS S32304 Felipe de Oliveira Palcioa, Marcelo Camargo Severo de MacdobAbstract

In this work was evaluated the effect of process parameters welding GTAW (Gas Tungstein Arc Welding) pulsed on the resistance to intergranular corrosion and pitting of a duplex stainless steel UNS S32304. It was evaluated the region of the fused zone (ZF). For all conditions studied, we tried to fix the next heat input of 350 J / mm. For this purpose, different speeds welding were used. For all samples were used the base current (Ib) and the pulse (Ip) with intensity of 24 A and 80 A respectively, except those which were produced were in direct current of 64 A. The welding voltage remained at 11 V. The techniques adopted in this work were: DL-EPR method, pitting corrosion, microhardness, optical microscopy and scanning. The merged areas were less susceptible to intergranular corrosion when compared to the metal as received (CR). And this in turn had a pitting potential than the others. The formation of precipitates in the heat affected zone (HAZ) did not cause a dramatic effect on the resistance to intergranular corrosion, but on the other hand, the pitting corrosion resistance was poor.Keywords: UNS S32304, DL-EPR, pitting corrosion, sensitization, GTAW.Resumo

Neste trabalho, foi avaliado o efeito de parmetros do processo de soldagem GTAW (Gas Tungstein Arc Welding) pulsado, sobre a resistncia corroso intergranular e por pite de um ao inoxidvel duplex UNS S32304. Foi avaliada a regio da zona fundida (ZF). Para todas as condies estudadas, tentou-se fixar a energia de soldagem prxima de 350 J/mm. Para isto, diferentes velocidades de soldagem foram utilizadas. Para todas as amostras, foram utilizadas as correntes de base (Ib) e de pulso (Ip) com intensidades de 24 A e 80 A respectivamente, exceto as que foram produzidas em corrente contnua que foram de 64 A. A tenso de soldagem manteve-se em 11 V. As tcnicas adotadas neste trabalho foram: mtodo DL-EPR, corroso por pite, microdureza, microscopia ptica e de varredura. As zonas fundidas apresentaram menor susceptibilidade corroso intergranular quando comparadas ao metal como recebido (CR). E esse por sua vez apresentou um potencial de pite superior s demais. A formao de precipitados na zona termicamente afetada (ZTA) no causou um efeito drstico na resistncia corroso intergranular, mas por outro lado, a resistncia corroso por pite foi prejudicada.

Palavras-chave: UNS S32304, DL-EPR, corroso por pite, sensitizao, GTAW.

Introduo

Aos inoxidveis Duplex (AIDs) so materiais estruturais que exibem uma combinao de alto limite de escoamento e tenacidade, e excelente resistncia a corroso localizada. Devido a estas caractersticas, esses aos esto sendo amplamente utilizados na indstria qumica, petroqumica, naval, nuclear e indstria de papel. Para se obter boas propriedades, o equilbrio entre as fases ferrita () e austenita () presentes nestes aos devem ser iguais e prximas a 50%. A alta proporo de elementos de liga ajuda a manter este equilbrio. Ambos os fatores so responsveis pela combinao atraente de propriedades mecnicas e resistncia corroso (HAN et al, 2011).Aps a soldagem dos aos inoxidveis duplex o desequilbrio entre as fases austenita e ferrita pode ocorrer. Um tratamento trmico posterior a solda pode ser favorvel ao equilbrio entre estas fases. Em contrapartida, fases deletrias podem ser formadas com o tratamento trmico ou at mesmo no prprio processo de soldagem.

Com a mudana microestrutural do metal aps soldado, a resistncia corroso e mecnica podem ficar comprometidas. Com as diferentes taxas de resfriamento, o material pode se tornar sensitizado, ou seja, poder haver um empobrecimento em cromo de regies adjacentes aos precipitados formados no processo de soldagem. Nitretos, carbonitretos de cromo formam-se comumente nos contornos de gro, reduzindo o teor de cromo em regies de sua vizinhana deixando o material mais susceptvel a corroso intergranular, podendo-se dizer que o ao encontra-se sensitizado.Os estudos foram realizados em dez condies de soldagens distintas sem deposio de material no processo. A zona fundida (ZF) gerada em cada processo foi avaliada por ensaios de corroso pelo mtodo de reativao eletroqumica potenciodinmica na verso ciclo duplo (DL-EPR) em duas solues distintas (2 mol/L H2SO4 + 0,01 mol/L KSCN e 2 mol/L H2SO4 + 0,1 mol/L KSCN). Para anlise de corroso por pite adotou-se a norma ASTM-G61. Realizaram-se ensaios no material como recebido (CR) para efeitos comparativos. Estudou-se o processo GTAW convencional e os parmetros utilizados no processo pulsado, que foram as freqncias entre 1 Hz a 4 Hz e a relao do tempo de pulso no tempo (pulse on time). As propriedades mecnicas foram avaliadas pelo ensaio de microdureza e a caracterizao microestrutural do material foi efetuada por microscopia ptica e eletrnica de varredura. O objetivo do trabalho foi avaliar a influncia da frequncia de pulso e do pulso on time nas resistncias a corroso intergranular e por pite e na resistncia mecnica do ao inoxidvel UNS S32304.MetodologiaUtilizou-se neste trabalho o ao inoxidvel duplex UNS S32304 em formas de fitas laminadas, com largura de 72 mm e espessura de 1,8 mm. As fitas foram cortadas com comprimento de 62 mm para se obter as amostras desejadas. A composio qumica do material como recebido encontra-se na tabela 1. O elemento ferro complementa a frao em massa.

Tabela 1- Composio qumica do material como recebido (% em massa)%C%Si%Mn%P%S%Cr%Mo%Ni%Ti%N%CuPRE

0,0280,341,380,0290,00122,340,153,920,010,130,524,92

O trabalho foi elaborado seguindo o roteiro ilustrado pela figura 1.

Figura 1- Etapas do trabalho

Foram cortadas onze chapas para obteno das amostras e nomeadas segundo a tabela 2.

O material foi soldado utilizando o processo GTAW pulsado autgeno, sem metal de adio, automtico, com o cordo realizado sobre a chapa, portanto no existindo junta, apenas fuso do material. Foram utilizadas duas velocidades de soldagem. A energia de soldagem esteve prxima de 330 J/mm para as amostras soldadas com corrente pulsada e de 380 J/mm para as amostras soldadas com corrente contnua. Procurou-se modificar os tempos de pulso e de base mantendo-se o mesmo valor do pulse on time escolhido para cada srie (A e D), e procurou-se ajustar a velocidade de soldagem para que as energias de soldagem permanecessem iguais. A tenso do arco manteve-se em 11 V. A figura 2 mostra os parmetros de soldagem do processo GTAW pulsado.

Figura 2 - Representao dos parmetros de soldagem do processo GTAW pulsado (adaptao de YOUSEFIEH, 2011)Onde:

- Ip = corrente de pulso, (A);

- Ib = corrente de base, (A);

- tp = tempo de pulso, (s, ms);

- tb = tempo de base, (s, ms);

- F = (tp+tb)-1: frequncia de pulso, (Hz);

- % no tempo: durao da corrente de pulso em um ciclo (pulse on time).O clculo da corrente mdia (Im) e da energia de soldagem (H) esto descritos nas equaes (1) e (2) abaixo (CORNU apud GIRIDHARAN e MURUGAN, 2009):

(1)

(2)Onde:

- V = tenso mdia da soldagem (V);

- E = energia de soldagem imposta, (J.mm-1);

- S = velocidade de soldagem, (mm.s-1);

- = eficincia do processo de soldagem;Os parmetros de soldagem utilizados no trabalho esto descritos na tabela 2.Tabela 2- Parmetros de soldagem utilizados (GTAW pulsado).

AmostrasF (Hz)tp(s)tb(s)Ip(A)Ib(A)Corrente mdia (A)Velocidade de soldagem (mm.s-1)Energia de Soldagem

Experimental (J.mm-1)

CR--------

A00----72,852,0 0,1388,02

A110,67 0,010,33 0,0180,0 1,524,0 1,561,522,0 0,1326,16

A220,33 0,010,17 0,0180,0 1,524,0 1,561,302,0 0,1320,07

A330,22 0,010,11 0,0180,0 1,524,0 1,561,332,0 0,1331,50

A440,17 0,010,08 0,0180,0 1,524,0 1,561,332,0 0,1334,27

D00----64,051,8 0,1383,94

D110,50 0,010,50 0,0180,0 1,524,0 1,552,001,8 0,1323,52

D220,25 0,010,25 0,0180,0 1,524,0 1,552,001,8 0,1323,66

D330,17 0,010,17 0,0180,0 1,524,0 1,552,001,8 0,1328,40

D440,13 0,010,13 0,0180,0 1,524,0 1,552,001,8 0,1319,87

O processo de soldagem GTAW utiliza um arco eltrico mantido entre um eletrodo no-consumvel de tungstnio e a pea a soldar. O gs de proteo utilizado na soldagem foi o argnio com uma vazo prxima de 15 L/min. A figura 3 mostra a forma dos cordes de solda obtidos nas chapas.

Figura 3- Esquema de uma chapa soldadaEnsaios de corroso

Para avaliar a susceptibilidade corroso intergranular foram realizados ensaios de reativao eletroqumica potenciodinmica, na verso ciclo duplo (DL-EPR) utilizou-se um potenciostato digital Omnimetra do modelo PG-39 do laboratrio de Tribologia, Corroso e Materiais (TRICORRMAT) da Universidade Federal do Esprito Santo (UFES). O mesmo equipamento foi utilizado para os ensaios de corroso por pite. O sistema opera com trs eletrodos: o eletrodo de trabalho (corpo-de-prova), um eletrodo de referncia (eletrodo de calomelano saturado, SCE) e um contra-eletrodo (eletrodo de platina). A corrente imposta pelo potenciostato circula entre o eletrodo de trabalho e o eletrodo de platina.Para os ensaios de corroso DL-EPR, as amostras foram embutidas em resina polimrica ligadas a um fio para fechar circuito com o potenciostato e lixadas at #600. A rea ensaiada manteve-se prxima de 0,2 cm, a qual foi limitada com esmalte incolor para evitar a corroso por frestas. Estes ensaios foram repetidos pelo menos trs vezes e foram iniciados aps o potencial de circuito aberto ter atingido um estado estacionrio, que foi alcanado em um tempo de 30 min. Aps estabilizao do potencial, foi iniciada a varredura na direo andica a uma taxa de 1 mV.s- at um potencial de 0 mV (SCE). E ento a varredura foi invertida na direo catdica, mantendo-se a mesma taxa de varredura, at o potencial de circuito aberto.

Para a realizao dos ensaios DL-EPR foram adotadas em duas solues distintas. Utilizando-se na primeira, uma soluo contendo 2 mol/L H2SO4 + 0,01 mol/L KSCN (SILVA, 2010), e para a segunda 2 mol/L H2SO4 + 0,1mol/L KSCN. Esta segunda soluo foi testada apenas nas amostras da srie D e os resultados foram semelhantes ao da primeira soluo. A resistncia corroso intergranular foi avaliada a partir da razo Ir/Ia (grau de sensitizao, GDS), onde Ia a mxima corrente atingida na varredura andica e Ir a mxima corrente atingida na varredura no sentido catdico.

Aps os ensaios DL-EPR as amostras foram levadas ao Microscpio Eletrnico de Varredura (MEV) do Laboratrio de anlise de Superfcies da Universidade Federal do Esprito Santo (UFES), para se fazer uma anlise da superfcie ensaiada.

Para a avaliao de corroso por pite, a norma ASTM G-61 foi consultada. Delimitou-se a rea desejada com 0,2 cm. A taxa de varredura utilizada neste ensaio foi a mesma utilizada no ensaio DL-EPR (1 mV.s-1). A varredura foi efetuada somente no sentido andico, partindo-se do potencial de equilbrio (potencial de circuito aberto) at ser atingida uma densidade de corrente de 1 mA.cm-2. A soluo de 3,5% NaCl foi utilizada como eletrlito. Apenas as amostras da srie D e o material como recebido (CR) foram ensaiados nesta soluo para verificar se a solda apresentou uma reduo ou um aumento em seu potencial de pite. As amostras foram lixadas at a lixa #1200.Frao volumtrica das fases

Para avaliao do percentual de fases foi utilizado o software Image Tool, figura 4. Uma ferramenta muito utilizada e facilmente encontrada na internet.

Figura 4 - Imagem do programa Image Tool.

MicrodurezaForam feitos em cada amostra trs perfis de microdureza transversais a solda, partindo-se do centro do cordo em direo ao metal base com carga de 100 g por 20 s. Para tal foi utilizado um microdurmetro marca Pantec modelo HXD 1000TM. (Laboratrio de Tribologia, Corroso e Materiais - UFES).Resultados e discussoMicroscopia tica

Material como recebido (CR)

O material como recebido (CR) e as demais amostras foram atacadas com reagente de Behara para revelar a microestrutura. Com o ataque, a ferrita () apresentou uma colorao marrom e a austenita () ficou imune ao ataque, apresentando a colorao clara, figura 5.

Figura 5 - Micrografia do CR; reagente de Behara

Apesar da no deteco de fases deletrias no ao como recebido (CR), esse apresentou um grau de sensitizao superior aos da zona fundida. Por outro lado apresentou um potencial de pite superior aos demais.A figura 6 apresenta a micrografia do CR atacado eletroliticamente em soluo de 10% de cido oxlico. Neste ataque foi possvel observar nos contornos de gro, os nitretos de cromo e/ou carbonetos eventualmente presentes.

Figura 6 - Micrografia do metal base ataque em cido oxlico (10%) Amostras srie A

Foi possvel visualizar que as amostras soldadas com corrente contnua pulsada apresentaram menor concentrao de precipitados na ZTA. A figura 7 (a-d) mostra os nitretos precipitados nesta regio nas amostras A0 e A4. A formao destes precipitados ocorreu principalmente no interior dos gros ferrticos. Esse fato pode ter ocorrido devido solubilidade do nitrognio na ferrita ser muito inferior ao da austenita. Outro fator pode estar ligado com a taxa de resfriamento nesta regio, onde a precipitao foi favorecida.Outro ponto a ser colocado a energia de soldagem que se manteve prxima de 330 J/mm para as amostras soldadas com corrente contnua pulsada e de 380 J/mm para a amostra soldada com corrente contnua (A0).

Figura 7 - Ataque em cido oxlico (10%) mostrando MB-ZTA-ZF; (a-b) Amostra A0; (c-d) Amostra A4

A formao da Austenita de Widmansttten foi observada em todas as condies de soldagem, dispostas mais ao centro do cordo de solda, figura 8.

Figura 8 - Austenita de Widmansttten, amostra A1, regio ZF, ataque eletroltico em cido oxlico (10%)Esse tipo de formao da austenita normalmente encontrado em soldas de aos inoxidveis duplex (MOURA, 2008; SILVA, 2010; TAN, 2011). Amostras srie DAs amostras da srie D apresentaram as mesmas caractersticas das amostras da srie A. A figura 9 (a-d) apresenta as amostras D0 e D1 que foram soldadas com corrente contnua e com corrente pulsada com freqncia de 1 Hz respectivamente. Uma maior energia de soldagem imposta na amostra D0 pode ter contribudo para uma maior formao de precipitados nesta regio. As amostras soldadas com corrente pulsada apresentaram menor concentrao destes precipitados.

(a)

(b)

(c) (d)

Figura 9 - Ataque em cido oxlico (10%); (a-b) Amostra D0; (c-d) Amostra D1As manchas em preto apresentadas na figura foram os precipitados formados. No meio da zona fundida tais precipitados se concentraram nos contornos de gros onde h fronteiras entre austenita-ferrita. Essas regies so propcias a acontecerem esses tipos de precipitaes o que favorece a uma maior susceptibilidade a corroso intergranular.Pode ser visto que na ZTA os precipitados encontram-se no interior dos gros ferrticos e na ZF a precipitao acontece preferencialmente nos contornos de gros (figura 10).

Figura 10 - (a) Amostra D4, ataque 10% de cido oxlico, a ZTA apresenta nitretos concentrados nos gros de ferrita; (b) a ZF apresenta nitretos nos contornos de gro junto austenita.Frao volumtrica das fasesForam calculadas as fraes volumtricas das fases de cada amostra. O percentual volumtrico da fase ferrita contida no metal base e na regio da zona fundida em funo da condio do processo de soldagem esta representado na figura 11.

Figura 11 - Variao da frao volumtrica de ferrita com a frequncia de pulso.Observou-se um aumento da frao de ferrita aps soldagem.

Tamanho mdio de grosA amostra D1 apresentou o maior tamanho mdio de gro. Enquanto as outras amostras possuram um mesmo tamanho mdio de gros considerando os seus desvios. As condies de soldagem das amostras D1, D2, D3 e D4 foram de 1 Hz, 2 Hz, 3 Hz e 4 Hz respectivamente. J a amostra D0 foi soldada com corrente contnua. A figura 12 mostra o tamanho mdio dos gros das amostras soldadas.

Figura 12 Variao do tamanho mdio dos gros com a frequncia. possvel obter tamanhos de gros iguais com a aplicao de energia de soldagem inferiores (amostra D4). Tal fato foi pde ser observado pelas amostras D0 e D4 que tiveram tamanho mdio de gros iguais, mas foram soldadas com energias de soldagem diferentes.A mostra D1 apresentou um maior tamanho mdio de gro. Possivelmente maiores tempos de pulso e de base podem ter contribudo para o crescimento de gros.Microdureza

Observou-se nos ensaios de microdureza Vickers que, tanto as amostras da srie A quanto as da srie D no apresentaram mudanas significativas nos valores de microdureza. O desbalanceamento da relao austenita/ferrita provocada pela soldagem no afetou a microdureza. A figura 13 (a-b) mostra o perfil do topo da solda feito do centro da solda at o metal base (MB). (a)

(b)Figura 13 Microdureza, (a) srie A; (b) srie DMicroscopia Eletrnica de Varredura (MEV)

Material como recebido (CR)A figura 14(a-b) mostra o material como recebido aps ensaio de corroso pelo mtodo DL-EPR. A figura 14 (a-b) mostra a superfcie da amostra CR ensaiada por cada soluo utilizada neste trabalho.

(a) (b)

Figura 14 Metal como recebido aps ensaio DL-EPR; (a) soluo 2 mol/L H2SO4 + 0,01 mol/L KSCN; (b) soluo 2 mol/L H2SO4 + 0,1 mol/L KSCNNotou-se que a segunda soluo produziu uma maior agressividade. Esse fato ocorreu devido ao aumento da concentrao de tiocianato de potssio (KSCN). Amostras srie ANestas amostras apenas a soluo com 2 mol/L H2SO4 + 0,01 mol/L KSCN foi utilizada para os ensaios de corroso pelo mtodo DL-EPR. A amostra A4 (figura 15) mostra os contornos de gros atacados, destacando a corroso localizada que acontece em regies empobrecidas em cromo. Houve o desprendimento de precipitados e da austenita alotriomorfa.

Figura 15 Amostra A4 aps ensaio DL-EPR em soluo 2 mol/L H2SO4 + 0,01 mol/L KSCNPercebe-se um ataque acentuado nos contornos de gro na interface ferrita-austenita. Todas as amostras desta srie apresentaram estas caractersticas. Amostras srie D

As amostras desta srie foram ensaiadas em duas solues. A figura 16 (a-b) apresenta a superfcie da amostra D3 aps ensaios DL-EPR. Ficou evidente uma maior corroso da amostra quando ensaiada em soluo de 2 mol/L H2SO4 + 0,1 mol/L KSCN, o que tambm foi visto pelo ensaio realizado com a amostra CR. (a) (b)

Figura 16 Amostra D3 aps ensaio DL-EPR: (a) em soluo 2 mol/L H2SO4 + 0,01 mol/L KSCN; (b) em soluo 2 mol/L H2SO4 + 0,1 mol/L KSCN.A soluo com 0,1 mols/L KSCN foi mais agressiva e a austenita ficou mais exposta aps o ensaio DL-EPR. Os gros ferrticos foram atacados de forma mais severa. Nota-se que no somente os contornos dos gros foram atacados, mas sim toda a superfcie. A figura 17 mostra o ataque mais acentuado desta soluo.

Figura 17 Amostra D1 aps ensaio DL-EPR em soluo 2 mol/L H2SO4 + 0,1 mol/L KSCNPrecipitaes de nitretos ricos em cromo deixam regies ao seu entorno empobrecidas em cromo, regies as quais foram atacadas fortemente. O desprendimento desses precipitados aps o ensaio DL-EPR enfatizou a austenita presente na microestrutura, que apresentou em grande parte a forma de Widmansttten, figura 17.Ensaios de corroso DL-EPR

Os ensaios de corroso pelo mtodo DL-EPR apresentaram uma excelente correlao. Mesmo ensaiando em dois tipos de eletrlitos, o grau de sensitizao no mudou significativamente com o aumento das frequncias. O metal como recebido (CR) apresentou um GDS superior s soldas. A figura 18 mostra a comparao entre os ensaios das amostras da srie D feitos nas duas solues.Visto um mesmo comportamento entre as curvas geradas pelos graus de sensitizao na figura 18. Optou-se por adotar a soluo que foi menos agressiva ao material, no caso a soluo de 2 mol/L H2SO4 + 0,01 mol/L KSCN para verificao de mudanas na resistncia corroso intergranular entre as duas sries de amostras A e D, que foram soldadas com o pulse on time de 0,67 e 0,5 respectivamente.

MBD0D1D2D3D4

GDS0,560,270,310,300,310,25Soluo 1

0,790,350,320,350,350,40Soluo 2

Figura 18 - Comparao dos graus de sensitizao: S1 (2 mol/L H2SO4 + 0,01 mol/L KSCN); S2 (2 mol/L H2SO4 + 0,1 mol/L KSCN)As duas solues mostraram-se eficientes e os ensaios DL-EPR evidenciaram que a resistncia corroso intergranular das soldas foram superiores ao do metal como recebido.Comparando-se as sries A e D ensaiadas em soluo de 2 mol/L H2SO4 + 0,01 mol/L KSCN, percebe-se que os diferentes parmetros de soldagem (pulse on time) no modificaram os valores do GDS (figura 19). As frequncias de pulso no tempo, apesar de valores diferentes, no causaram modificaes na resistncia corroso intergranular.

Figura 19 - Comparao do GDS para as duas sries ensaiadas em soluo 2 mol/L H2SO4 + 0,01 mol/L KSCNAs amostras A0 e D0 mesmo contendo porcentagens de precipitados superiores na ZTA apresentaram resistncia corroso intergranular semelhante s demais.As curvas geradas nos ensaios DL-EPR foram uniformes e apresentaram caractersticas semelhantes. A presena de um segundo pico de corrente na varredura de ativao foi observado quando ensaiado na soluo de 2 mol/L H2SO4 + 0,1 mol/L KSCN (figura 20).

Figura 20 Curva do ensaio DL-EPR do ao UNS S32304 em soluo de 2 mol/L H2SO4 + 0,1 mol/L KSCN com taxa de varredura de 1 mV.s-1Talvez esses picos possam estar relacionados com a dissoluo da ferrita e austenita. Acredita-se que o segundo pico, destacado pela seta azul, possa estar relacionado com a austenita. Essa por sua vez, contm mais nquel e o pico relacionado a esta fase encontra-se em um potencial mais elevado (LASEK, 2010). hal (2007) correlacionaram dissoluo de uma fase rica em nquel (austenita) ou produto desta em um potencial mais nobre (mais positivo).Foi observado que as amostras D0, D2, D3 e D4 tambm apresentaram um segundo pico de corrente em um mesmo potencial (-175 mV SCE), e que tais picos possuem valores de correntes prximos. Talvez tais valores possam estar relacionados com percentuais prximos de austenita contida na solda.

Potencial de Pite

As soldas apresentaram uma reduo considervel em sua resistncia corroso por pites quando comparados ao material como recebido (CR). Os seus potenciais de pite apresentaram uma leve queda. J os potenciais de corroso no apresentaram mudanas significativas (figura 21).

Figura 21 - Potenciais de pite e de corroso em soluo de 3,5% NaCl a 25 CConcluses

Pelas micrografias obtidas por MO e MEV, foi possvel observar mudanas microestruturais na ZF e ZTA aps soldagem, destacando-se a austenita que apresentou diferentes formas.

O processo de soldagem GTAW pulsado provocou um aumento do percentual de frao volumtrica de ferrita na ZTA e ZF.

Pelo ensaio DL-EPR foi possvel observar que a ZF apresentou resistncia corroso intergranular superior ao metal base. A variao da relao do pulso no tempo (pulse on time) entre as sries A e D, 0,67 e 0,5 respectivamente, no apresentou influncia na resistncia corroso intergranular.

A variao da frequncia de pulso (1 Hz a 4 Hz) no afetou o grau de sensitizao.

O processo de soldagem provocou uma perda da resistncia corroso por pite em relao ao metal base.

A reduo da resistncia corroso por pite se deve principalmente a precipitao de Cr2N, gerando regies empobrecidas em cromo, o que d origem a pequenas regies andicas com maior propenso a este tipo de corroso localizada.

A amostra D2, com frequncia de pulso de 2 Hz, apresentou a menor resistncia corroso por pite.

Referncias bibliogrficas

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(8) HAL, V.; BLAHETOV, M.; KALABISOV, E.; KRHUTOV, Z.; LASEK, S. Applications of electrochemical polarization reactivation method: EPR test. Journal of nuclear materials, 2007.

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a Mestre, Felipe de Oliveira Palcio - IFESb Doutor, Marcelo Camargo Severo de Macdo - UFES- 18 -

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