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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville SC – 2 a 8/09/2018 1 Tira-Caqui: celebração da agricultura urbana 1 João MAIA 2 Rodrigo Rossi MORELATO 3 Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ RESUMO Este trabalho descreve parte do vitalismo social que se manifesta por ocasião da sazonalidade de uma fruta: no mês de abril, durante o feriado nacional de Tiradentes, os caquizeiros (Dyospiros kaki) dispersos nas encostas do maciço da Pedra Branca (Zona Oeste do Rio de Janeiro) abundam em frutos a serem colhidos. Desde 2011 acontece nessa data um enorme mutirão (colheita e celebração) que mobiliza pessoas de toda a região metropolitana: ajudar os agricultores urbanos da zona oeste a não perder essa imensa produção e escoá-la por várias feiras e quitandas dispersas pela cidade manifesta um ideal comunitário que atravessa uma cultura urbana na contemporaneidade através de um relato de forte inspiração etnográfica. PALAVRAS-CHAVE: meio ambiente; agricultura urbana; cidade e comunidade; paisagem; INTRODUÇÃO Entre os meses de março e julho é comum encontrar em pequenas quintandas e feiras dispersas na cidade Rio de Janeiro uma fruta de origem asiática (LORENZI et al, 2014) a qual se produz em quantidades diversas tanto na região serrana quanto na região metropolitana deste Estado: é a estação do caqui (Dyospiros kaki) “alimento dos deuses”; cuja colheita coletivizada e muito particular acontece nas encostas do maciço da Pedra Branca, na Zona Oeste da capital, fazendo aflorar o vitalismo social entre agricultores urbanos e consumidores desse alimento produzido localmente. Este trabalho investiga parte das atividades de uma associação de agricultores agremiados na Rede Carioca de Agricultura Urbana (Rede CAU) os quais, no feriado 1 Trabalho apresentado no GP Comunicação e Culturas Urbanas, XVIII Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação, evento componente do 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Professor Associado do Departamento de Teoria da Comunicação da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCS-UERJ), líder do grupo de pesquisa Comunicação, Arte e Cidade (CAC-UERJ). e-mail: [email protected] 3 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGCOM-UERJ), integrante do grupo de pesquisa CAC-UERJ. e-mail: [email protected]

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Tira-Caqui: celebração da agricultura urbana1

João MAIA2 Rodrigo Rossi MORELATO3

Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ

RESUMO Este trabalho descreve parte do vitalismo social que se manifesta por ocasião da sazonalidade de uma fruta: no mês de abril, durante o feriado nacional de Tiradentes, os caquizeiros (Dyospiros kaki) dispersos nas encostas do maciço da Pedra Branca (Zona Oeste do Rio de Janeiro) abundam em frutos a serem colhidos. Desde 2011 acontece nessa data um enorme mutirão (colheita e celebração) que mobiliza pessoas de toda a região metropolitana: ajudar os agricultores urbanos da zona oeste a não perder essa imensa produção e escoá-la por várias feiras e quitandas dispersas pela cidade manifesta um ideal comunitário que atravessa uma cultura urbana na contemporaneidade através de um relato de forte inspiração etnográfica.

PALAVRAS-CHAVE: meio ambiente; agricultura urbana; cidade e comunidade; paisagem; INTRODUÇÃO

Entre os meses de março e julho é comum encontrar em pequenas quintandas e

feiras dispersas na cidade Rio de Janeiro uma fruta de origem asiática (LORENZI et al,

2014) a qual se produz em quantidades diversas tanto na região serrana quanto na região

metropolitana deste Estado: é a estação do caqui (Dyospiros kaki) “alimento dos

deuses”; cuja colheita coletivizada e muito particular acontece nas encostas do maciço

da Pedra Branca, na Zona Oeste da capital, fazendo aflorar o vitalismo social entre

agricultores urbanos e consumidores desse alimento produzido localmente.

Este trabalho investiga parte das atividades de uma associação de agricultores

agremiados na Rede Carioca de Agricultura Urbana (Rede CAU) os quais, no feriado

1 Trabalho apresentado no GP Comunicação e Culturas Urbanas, XVIII Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação, evento componente do 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Professor Associado do Departamento de Teoria da Comunicação da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCS-UERJ), líder do grupo de pesquisa Comunicação, Arte e Cidade (CAC-UERJ). e-mail: [email protected] 3 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGCOM-UERJ), integrante do grupo de pesquisa CAC-UERJ. e-mail: [email protected]

 

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nacional de Tiradentes (celebrando em 21 de abril), convidam demais moradores da

cidade a participar de modo voluntário da delicada colheita dessa dádiva da natureza

uma vez que o inviável custo da mão-de-obra local viria desperdiçar essas frutas,

“fazendo lama“ nas pequenas propriedades de aspecto rural que subsistem nas encostas

de uma área protegida na segunda maior cidade do país.

Fundamentados pela sociologia do cotidiano e com forte inspiração etnográfica

efetuaremos aqui a descrição de alguns pequenos empreendimentos que envolveram a

mediação do sentido das ações sociais (MARTÍN-BARBERO, 2015) necessária à

realização de uma edição dessa celebração do vivido identificada numa colheita urbana,

o oitavo Tira-Caqui, festejado em abril de 2018, atividade que resgata parte do

imaginário do “sertão carioca“ (FERNANDES, 2011) por agricultores e comensais da

cidade do Rio de Janeiro.

APONTAMENTOS SOBRE A PAISAGEM

A cidade do Rio de Janeiro é de certo modo conhecida enquanto espaço

arrebatador constituído de uma feliz conjunção de componentes naturais – como uma

baía quase circular; grandes elevações graníticas muito próximas ao mar; a presença de

várias lagoas; diversas praias de areia branca nas quais águas geladas produzem ondas

surfáveis; dentre outros elementos – e acréscimos atribuídos às atividades humanas –

como o desmatamento, reflorestamento e posterior “preservação” das matas e restingas;

a canalização de rios inclusive em monumentos aéreos (como os Arcos da Lapa) ou

galerias subterrâneas; e toda a contrução em pedra, areia e óleo ou concreto armado que

se pode ter enquanto sinônimo de cidade – elementos que em conjunto vem compor

uma paisagem particular onde “(...) o imaginário coletivo define a concepção social da

natureza e a traduz, transformando-a em artefatos materiais e simbólicos, ou seja, em

cultura.“ (LUCHIARI, 2001, p.11).

Essa recente guinada do campo da geografia cultural, em muito devida aos

debates sobre os componentes locais da mundialização que “(...) passaram a considerar

a própria contextualização geográfica e histórica como definidora dos nossos modos de

pensar e fazer“ (HAESBAERT, 2014, p. 11), sugerem certa interpretação da paisagem

enquanto texto (MELO, 2001, p.40; OLIVEIRA&SILVA, 2011, p. 70), elemento

auxiliar ao entendimento dos sentidos onde se ancoram as experiências das pessoas

 

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entre si tendo o espaço enquanto elo constituído via partilha do vivido identificada no

desejo do dispêndio de se “estar-junto“ (MAFFESOLI, 2004).

Quem atravessa cotidianamente os cerca de vinte e cinco quilômetros que

compõem parte da Linha 02 do metrô carioca a partir da Estação Central do Brasil até a

Pavuna pode não saber, mas percorre parte do mesmo trajeto que na década de 1870

trabalhadores escravos ou forros faziam através do financiamento de um particular à

construção de um moderno (e ainda ativo) sistema de captação de água potável a

abastecer a cidade então imperial – a Estação Rio do Ouro. Esse ramal ferroviário, cerca

de um século depois, foi desativado e posteriormente reintegrado enquanto novo modal

do sistema de trasporte público (SILVA&PEIXOTO, 2011), pois é sobre onde corriam

os trens da antiga Estrada de Ferro Rio D’Ouro (ABREU, 2013) que a Linha 02 do

metrô carioca foi planejada e construída.

Numa época de certa Modernidade tropical, no entanto, era comum se tratar as

experiências da vida pelo crivo das dicotomias, como é notória a oposição que leva da

“cidade” ao “sertão“ (FERNANDES, 2011) que, atravessando a malha férrea em

conurbações que se começavam a constituir em contraposição outros usos do solo –

notavelmente, à produção de hortifrutigrangeiros, bastante comuns em nesse espaço –

acabaram por constituir uma da paisagem pontilhada por conurbações em épocas de

expansão da mancha urbana. Vale dizer que esses alimentos matavam a fome dos

moradores da cidade tinham seu escoamento feito diversos mercados públicos dentre os

quais, atualmente e de modo bastante diverso dos originais dado novas práticas de

consumo com identificados nas redes de varejo das redes de supermercados, de certo

modo ainda subsistem na cidade através do Mercadão de Madureira e a CEASA de Irajá

(SILVA&PEIXOTO, 2011).

Até meados do século XX, no entanto, regiões alheias à conurbação e que

partiam do centro da cidade percorriam preferencialmente o caminho facilitado pelas

vias férreas da Estação Dom Pedro II cuja trajetória se chamou de “sertão“ em diversos

documentos oficiais (CORREA, 1936). Notavelmente e por questões que concernem a

história da cidade e do país, o espaço atualmente identificado administrativamente

enquanto a cidade do Rio de Janeiro conheceu institucionalidades tão diversas como

centro da administração colonial, sede da corte, capital de um Estado chamado

Guanabara e, finalmente, capital homônima do Rio de Janeiro após 1975.

 

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Ao longo dessa trajetória da cidade, foi nos meados dos anos 1960, quando

reformas administrativas precursoras de novos processos de urbanização transformaram

a antiga Zona Rural da Guanabara em uma “urbanizada” Zona Oeste. Como a vida

cotidiana não obedece à lógica burocrática que rege a administração pública, práticas

agrícolas tecidas na no dia-a-dia continuaram a ser exercidas nessa região formalmente

“urbana” e cotidianamente “rural” da cidade, como é o caso dos arredores do maciço da

Pedra Branca.

Em nosso tempo, onde a informação e os debates sobre os usos do solo se fazem

pressupostos ao pleno exercício da vida na urbana (PAQUOT, 2016), não seria de

estranhar que um grupo de agricultores que teimam em viver em meio ao concreto que

se espelha nessa região viessem a resgatar certo imaginário do passado: um “sertão“

onde ainda se produzem e se comercializam a “preço justo” alimentos livres de

agrotóxicos, em plena cidade – como é o caso das frutas que animam a escritura deste

texto.

DA CIDADE AGRÍCOLA

Atravessada por quatro maciços de montanhas – Tijuca, Pedra Branca,

Mendanha e Serra da Misericórdia – em cujas franjas de áreas verdes, em maior ou

menor grau, se pratica o cultivo urbano através da produção de uma curiosa variedade

de hortifrutigranjeiros em pequenos espaços, a cidade do Rio de Janeiro conhece ainda

hoje, não se pode negar, a agricultura.

A origem dessas práticas que se espalham pela cidade são as mais diversas,

como no caso da pequena horta que algumas vizinhas mantêm na Taquara, no bairro de

Jacarepaguá, encostas da Floresta da Tijuca, atividades que remetem à migração e a

fazeres camponeses aparentemente de outros tempos e partes do país, como narra Dona

Aldacir Eu sempre trabalhei com a terra, na terra, quando eu estava na Bahia... Mas quando eu cheguei aqui eu não quis saber mais disso não... Ai eu conheci a Rita [circa 2000] e perguntei a ela se ela não queria fazer uma horta pra mim. Aí ela disse “onde?“ e eu falei “naquele pedaço que tem ali“ porque eles fizeram esse prédio [onde Dona Aldacir mora atualmente] e só plantaram grama em volta tudo. Ai pagava... Todo mês eu tinha que pagar cinquenta reais pra cortar a grama... Ai falei com a Rita e nós metemos a mão: nós mesmo que arrancamos... As pessoas passam e perguntam “como é esse negócio de plantar aqui, gente? Olha, uma roça dentro da cidade...“. E eu digo, pois é, se a gente tiver força de vontade a gente faz uma horta até num

 

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quintalzinho que você tem dentro de casa... (Dona Aldacir, em depoimento para o vídeo Taquara tem produtos da gente [4’30”]4)

Em outro espaço, a Serra da Misericórdia, último fragmento verde incrustado na

Zona Norte da cidade, a qual se encontra cercada por vinte e seis bairros dentre os quais

cinco complexos de favelas, as práticas de cultivo começaram enquanto táticas

(CERTEAU, 1998) de preservação ambiental que moradores de duas favelas – a

comunidade Sérgio Silva, no bairro do Egenho da Rainha; e a comunidade Morro da

Esperança, no Complexo do Alemão – adotaram à manutenção das trilhas sombreadas

de árvores que cortam essa montanha dado o controverso existente entre a resiliência do

verde remanescente e a necessidade de morar tendo em vista o histórico déficit

habitacional da cidade. Lá, um grupo de moradores mantém espaços agroflorestais,

hortas comunitárias, sistemas de captação da água da chuva a abastecer cisternas,

constroem telhados verdes e realizam diversas celebrações em meio ao verde

remanescente ao menos desde os anos 1990, vindo inclusive a se instituionalizar

enquanto Organização Não-Governamental Verdejar Socioambiental.

Nos arredores do maciço da Pedra Branca, na comunidade Cafundó Astrogilda,

onde a agricultura urbana talvez se faça a mais expressiva da cidade ao menos em

volume de produção, as origens dessa atividade tem uma tradição de certo modo mais

longa retomando a épocas de fins da escravidão, pois “(...) a agricultura familiar nessas

comunidades é o resultado da abolição da escravatura, de trabalhadores empregados nas

grandes plantações de mandioca, cana-de-açúcar e café estabelecidos no século XIX”

(MATTOS et al, 2017). Essas práticas agrícolas de cunho familiar, ao menos desde

2012, integram parte da Rede CAU – fonte de solidariedade nas quais essas famílias se

amparam para colher e escoar sua produção composta de dez variedades de banana,

aipim, abacate, limões, taioba, saião, mamão, mexericas, cumbucá, goiaba, pupunha,

abacaxi, nirá, inhame, cenouras, batata-doce, jiló, diversos tipos de verduras e cerca de

tres mil dúzias anais de caqui (MATTOS et al, 2017).

Esses últimos, vale dizer, poderiam ser muito mais e melhor comercializados,

mas a colheita da fruta ocorre numa janela de tempo relativamente pequena e deve ser

feita com extensivo uso mão de obra minimamente qualificada de modo a não ferir o

4 Disponível em < https://www.facebook.com/produtosdagente/videos/1852306621734843/> (acessado em 10 de junho de 2018)

 

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produto durante a colheita pois, de modo contrário, esse perde grande parte de seu valor

de mercado tendo que ser necessariamente beneficiado, outra tarefa dispendiosa.

Faz parte das atividades da Rede CAU um calendário anual de mutirões nessas

pequenas propriedades, quintais ou lajes dispersos pela cidade e, a cada mês, se

convidam os agricultores de uma localidade a ajudarem nas atividades preparatórias, de

plantio ou comercialização que acontecem em outros espaços. Através dessas “visitas de

quintal“, como são chamadas, se fortalecem vínculos entre os agricultores urbanos da

cidade, mudas e sementes são trocadas, conhecimentos sobre plantas úteis são dispersos

e muitas ações são planejadas – como em fevereiro deste ano tivemos a oportunidade de

acompanhar.

FIGURA 01 – Cobertura Vegetal e Uso da Terra 2016 da cidade do Rio de Janeiro5.

Estávamos participando da primeira visita de quintal deste ano, que acontecia

nas encostas da Serra da Misericórdia, na pequena horta comunitária que diversos

moradores das redondezas, já há alguns anos agremiados na ONG Verdejar

Socioambiental, fazem cuidar. Após atividades fisicamente intensas que incluíram a

feitura de um grande canteiro, a poda de árvores que começavam a sombrear os

5 Coordenadoria Técnica de Informações da Cidade. Gerência de Cartografia e Cadastro Técnico. Mapa elaborado pelo Instituto Pereira Passos. Disponível em <http://www.data.rio> (acessado em 20 de junho 2018)

 

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cultivares, o reparo na tubulação do sistema de captação de água da chuva que alimenta

uma cisterna de uso coletivo e a coleta de lixo que anônimos vêm despejar nos arredores

da montanha era, finalmente, a hora de comer um pouco – e de conversar: Olha... A gente tem que começar a planejar o Tira-Caqui deste ano... Já estamos em fevereiro e quando a gente piscar... Já vai ser Tiradentes! É muito caqui, chega a fazer lama no chão... Perde muito...

Quem lembrou dessa atividade do futuro foi Bernadete, uma das principais

articuladoras da Rede CAU e, sem tardar, tirou um caderninho de uma bolsa e começou

ali mesmo e ainda com um prato apoiado entre as pernas, a perguntar quem se

voluntariaria para fazer o que, quando e onde: a oitava edição do Tira-Caqui, grande

festa da agricultura urbana da cidade, começava a tomar forma naquele momento.

PESSOAS, SOLO E TECNOLOGIA

Estudos sobre o fenômeno urbano sugerem a confluência da urbanidade, da

diversidade cultural e do exercício da alteridade enquanto pressupostos ao pleno

exercício da cidadania na contemporaneidade (PAQUOT, 2016). Também se diz que

nosso tempo, marcado pela conjunção das novas tecnologias de comunicação e uma

questão ambiental urgente, sugere atenção a uma “(...) sensibilidade ecológica que nos

convida a conciliar lugar e fluxo, redefinindo novos territórios e novas lógicas

produtivas, culturais e existenciais.” (PAQUOT, 2016, p. 57)6.

Pensar os diversos usos do solo que habitantes da cidade conhecem ou

conheceram é, nesse sentido, um dos pressupostos para se entender ao menos parte

dessa problemática, questões que podem chegar a nós, inclusive, através de mensagens

de whatsapp, como aconteceu conosco em meados do mês de abril na forma de um

convite – talvez uma “corrente” necessária à “(…) organização do vínculo para esse

comum tão problemático é precisamente a comunicação” (SODRÉ, 2014, p. 197).

6 Tradução livre de: Elles [les questions de l’urbanization planetaire] ne pourront pas échapper à la sensibilité écologique qui envite à recontrer le lieux et le flux en rédefinissant de nouveaux territoires et de nouvelles logiques productives, culturelles et existentielles. (PAQUOT, 2016, p.57)

 

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FIGURA 02 – reprodução de mensagem de whatsapp recebida em 15 de abril de 2018

Patrícia, a jovem Paty, constrói a ONG Verdejar Socioambiental7, uma das

coletividades que compõem a Rede Carioca de Agricultura Urbana e, como não poderia

deixar de ser, a oitava edição do Tira-Caqui. Moradora de Nova Brasília – uma das

localidades que circundam a Serra da Misericória – Paty recentemente abriu mão de um

emprego formal com carteira assinada no comércio local para se dedicar a outras

atividades as quais se identifica mais – fotografia e design – criando uma empresa

prestadora de serviços. Em seu tempo livre ela participa das inúmeras atividades que os

“verdejantes“, como se reconhecem, realizam – atual e principalmente através o manejo

de hortas comunitárias – mas, sempre que possível, prefere seguir sua vocação: ajudar

“esse bando de loucos” a comunicar mais.

Acessando os links abreviados pelo Google URL Shortenter (goo.gl) fomos

redirecionados para um evento criado no Facebook8 – o qual contava na véspera da

atividade com 127 confirmados em cerca de 400 interessados –, ao formulário de

inscrição na atividade (necessário ao dimensionamento da comensalidade que compõe a

programação) e também à página de Facebook da Rede CAU9, onde viemos a saber ser

imprescindível levar repelente, sacola, roupa confortável, copo, prato, garfo, faca e água

– um certo “kit militante”, verdadeira “lição pra vida“ em atividades desse tipo, onde

grande refeições são servidas ao final enquanto troca pelo trabalho realizado, sendo o

uso de utensílios descartáveis em plástico desencorajados pois não são biodegradáveis e

portanto muito nocivos ao restante do planeta. 7 Este trabalho é recorte de uma pesquisa de mestrado em andamento a qual se debruça, principal mas não exclusivamente, sobre o neotribalismo nos arredores da Serra da Misericórida, tendo as relações entre pessoas e espaço via modulações dos afetos enquanto elementos centrais de investigação. 8 Disponível em < https://www.facebook.com/events/203397920389973/> (acessado em 10 de junho de 2018) 9 Disponível em < https://www.facebook.com/Rede-Carioca-de-Agricultura-Urbana-638527312919589/> (acessado em 10 de junho de 2018)

 

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Desde nosso primeiro encontro face-a-face, ainda em fevereiro deste ano, e um

sem-número de fluxos comunicacionais empreendidos por agricultores urbanos,

apoiadores e entusiastas que acabaram por realizar todo um planejamento e demais

atividades preparatórias que se concretizam no convite à colheita, identificamos um

intensivo uso da internet e das redes sem fio como meio de comunicação digital as quais

devem ser entendidas como (...) comunicação de massa porque processa mensagens de muitos para muitos, com o potencial de alcançar uma multiplicidade de receptores e de se conectar com um número infindável de redes que transmitem informações digitalizadas pela vizinhança ou pelo mundo. (CASTELLS, 2013, p.10)

Quem navega um pouco mais nesse mundo de links encurtados pode encontrar o

resgate de um imaginário sobre outros usos do solo que a cidade do Rio de Janeiro

conheceu e onde a agricultura ainda faz florescer práticas das pessoas que vivem em

“(…) uma parcela significativa da região outrora denominada Sertão Carioca [que] é, na

atualidade, objeto de apropriação simbólica nas disputas que envolvem a ocupação da

Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.” (FERNANDES, 2011, p.143).

Acreditamos que é nesse sentido que a cidadania se exercita através da cultura

urbana ao convidar demais moradores da cidade a participar de uma colheita e,

principalmente, como consta na descrição do evento criado no Facebook10, a (...) praticar a solidariedade e criar um canal de distribuição e comunicação entre agricultores e consumidores. A experiência de ajudar um agricultor em sua colheita do Caqui vem sendo realizada há 8 anos, se concretizando como uma forma de aproximar agricultores, assessores técnicos e consumidores em sua busca consciente por uma alimentação mais saudável e sustentável. (REDE CAU, 2018)

UMA FESTA MUITO ESPERADA

O dia 21 de abril de 2018 foi um dia fresco como frequetemente aconteçe no

outono da cidade do Rio de Janeiro. Eram cerca de nove horas da manhã quando

chegamos ao bairro de Vargem Grande, nas encostas do maciço da Pedra Branca, onde

dezenas de pessoas já se encontravam reunidas ao redor pequena casa que serve de sede

à Associação de Agricultores Orgânicos de Vargem Grande (AGROVARGEM).

10 Disponível em < https://www.facebook.com/events/203397920389973/> (acessado em 10 de junho de 2018)

 

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Estavam ali, como nós, em busca do caqui, a “fruta da estação, bendita fruta! Sabor do

Sertão Carioca!“11

O dia seria longo e entramos naquela pequena casa onde se servia um “café da

roça“, composto basicamente por produtos locais: banana, batata doce, caqui, goiaba,

bolos, biscoitos e geléias produzidas pelos agricultores urbanos. Chegava gente a todo o

momento, já éramos certamente mais de cem pessoas quando lá fora uma caixa de som

anunciou que outra parte das atividades ia começar: era preciso dividir logo os grupos

que participariam da colheita e partir pra mata tirar caqui.

Neste ano as atividades aconteceriam principalmente em dois sítios da região. O

primeiro, o Sítio Santo Antônio, ficava a cerca de quarenta minutos de caminhada da

sede da AGROVARGEM; era de propriedade da Família Pestana, composta de três

pessoas. O segundo, mais próximo, ficava na direção oposta e se atingia após caminhar

trinta minutos numa trilha margeada por um riacho que descia a encosta: era o Sítio São

José, de propriedade de “Seu“ Tiago e sua esposa, um casal de septuagenários que

cuidavam, sozinhos, daquela propriedade rural em meio à cidade. Aos que não

quisessem se envolver diretamente com a colheita – principalmente pais de crianças

pequenas ou pessoas de mais idade – seriam oferecidas oficinas com terapias

alternativas, culinária, bem viver e outras possibilidades de se estar junto.

Como o primeiro grupo já estava cheio, partimos com “seu“ Tiago rumo ao Sítio

São José, morro acima e sombreados pela floresta. Ao longo do caminho ele nos

contava sobre como era viver por ali, onde a energia tinha chegado há pouco e ainda se

podia encontrar tatus pela mata, das plantas que se pode utilizar para artrites,

inflamações e ourtas coisas que acometem o corpo; além da dificuldade que é colher o

caqui nestes tempos pois a fruta é muito frágil e o custo da mão de obra – cerca de

R$100,00 o dia – torna a colheita inviável, fazendo com que se perca muito da produção

pois uma dúzia de caquis se vende a apenas cinco reais.

Ao chegar na sede do pequeno sítio, muitas caixas de feira vazias e caquizeiros

repletos de frutos nos esperavam. Como empostar a voz já era algo difícil devido à

idade avançada, foi com a ajuda de Míriam, uma das voluntárias do dia, que “seu”

Tiago conseguiu explicar a dinâmica da atividade.

11 Essa frase que resgata o imaginário do sertão carioca se encontra no convite ao “evento“ criado no Facebook convidando para a atividade. Disponível em < http://redeecologicario.org/areas-de-atuacao/interacao-entre-produtores-e-consumidores/produtores/agrovargem/ > (acessado em 15 de junho de 2018)

 

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Gente, vamos começar... Eu peço a atenção aqui pra passar pra vocês umas coisas que seu Tiago me explicou... A colheita é feita da seguinte forma... Vai, tira e coloca nas caixinhas com o cuidado para não amassar. Cada caixa cabe mais ou menos cento e cinquenta caquis e pesa em torno de vinte e dois quilos. O importante é retirar o caqui quando ele tá meio verde... Tem que ser um “de vez“, como a gente conhece... Isso é importante para manter a qualidade. Depois a gente tras pra cá [na sede do sítio] e deixa aqui com seu Tiago. (Míriam)

FOTOGRAFIA 01: “seu“ Tiago demonstra como colher a fruta. FONTE: Rede CAU.

Depois da breve explicação e da generosa demonstração de “seu“ Tiago, era

finalmente a hora de tirar caqui e aquele grande grupo se fracionou: grupos de pais e

filhos pegavam uma caixa ou duas; um grupo de professores de uma escola local e seus

alunos, outra; turistas uruguaios e seus hospedeiros cariocas, outras; a juventude

agroecológica de Vargem Grande carregavam várias. Subimos todos sítio acima,

encontrando vários caquizeiros que se envergavam de tão carregados de frutos maduros,

verdes e “de vez”. Estando alguns no topo da árvores, varas enforquilhadas eram

utilizadas para puxar os galhos; algumas pessoas subiam nas árvores tirando os caquis e

os jogando àqueles que ficavam no chão. Caso alguma fruta escorregasse das mãos ou

caisse das árvores vindo a se amassar no encontro com o solo, não era desperdiçada: era

consumida ali mesmo, fresca e doce como parece ser o sabor do sertão carioca.

Com o avançar do dia as caixas repletas de caquis começavam a descer das

encostas da montanha, sendo empilhadas nos arredores da sede do sítio de “seu“ Tiago.

A colheita ia bem, mas era preciso também ter em conta as outras atividades do dia.

Míriam tomou uma das caixas e, com nossa ajuda, voltamos à sede da AGROVARGEM

onde, nas proximidades, outras atividades aconteciam – principalmente uma oficina de

culinária ensinava a aproveitar o caqui de outras formas: com ele se podia fazer vinagre;

 

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petiscos crocantes (os “caqui-crumbles”); coberturas e recheios para bolos e tortas e até

mesmo um molho “de tomate“ para acompanhar massas.

FOTOGRAFIA 02: Lúcia e Ana Santos ensinam a fazer um molho “de tomate“ feito com caquis.

Quem partilhava esses saberes sobre os potenciais usos da fruta eram as

agricultoras Lúcia e Ana Santos que, enquanto lavavam e picava caquis e diversos

condimentos, conversavam com as demais pessoas que participavam daquela oficina

próxima ao almoço: A gente vai fazer que nem um molho de tomate mesmo... Primeiro a gente pica e refoga tudo pra saborizar... Depois a gente bate um pouco no liquidificador pra desmanchar um pouco... Nossa, se tiver um italiano aqui vai me matar, né...? Mas fica muito bom... O caqui é muito versátil... Ele permite diversas receitas... A única diferença é que como o caqui é doce e o tomate é um pouco ácido nós complementamos com esse vinagre de caqui pra dar a acidez do tomate...

Lúcia e Ana Santos tinham feito também um cheesecake com cobertura de

caqui. A sobremesa seria servida em breve e a um preço módico para aqueles que a

quisessem provar após o almoço que se avizinhava. Já eram aproximadamente duas da

tarde, os estômagos roncavam em número cada vez maior à medida em que as pessoas

voltam das propriedades para a comensalidade que encerraria as festividades.

Numa grande mesa, imensas panelas foram dispostas e um “almoço caipira“

composto de arroz, feijão, angu, frango caipira, quiabo e saladas seria servido aos

comensais e, primeiramente, àqueles que tinham lembrado de trazer seu “kit militante“

– tendo os demais teriam que esperar a vez, tomando emprestados pratos e talheres já

 

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utilizados que, lavados numa pia próxima, evitariam o uso dos desnecessários utensílios

plásticos.

FOTOGRAFIAS 03 e 04: almoço servido ao final da atividade e cheesecake de caqui. FONTE: Rede

CAU.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na contemporaneidade, o fenômeno urbano – entendido aqui enquanto

conjunção da urbanidade, da diversidade cultural e do exercício da alteridade

(PAQUOT, 2006) – se apresenta enquanto realidade planetária e, superando dicotomias

entre campo e cidade que marcam o pensamento Moderno, nos faz pensar em práticas

“urbanas“ no mundo “rural” bem como seu contrário, colocando em questão um

processo de “rurbarização“ (rurbanization) (PAQUOT, 1992, p. 85) que marcam nossas

vidas.

A partir da observação-participante e da posterior modulação de nossas

experiências tentamos tecer considerações sobre a constituição de paisagens da cidade,

conjunção entre elementos naturais e culturais tecidas ao longo do tempo em convite à

interpretação; passando pelas práticas “rurais“ tecidas no “urbano“ segundo a

sociologia do cotidiano que não reconhece na burocracia estatal fundamento à

construção social das práticas dotadas de sentido; identificamos possibilidades que a

sociedade da informação traz à organização de movimentos sociais na

contemporaneidade; pelo papel que os afetos na conformação de um tipo particular de

 

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cidadania cultural exercido através da colheitade um produto sazonal de origem local

segundo as orientações de Muniz Sodré, pois afirma que (...) a retomada contemporânea dos debates sobre a comunicação parece-nos pertinente à discussão sobre os mecanismos da coesão ou do vínculo social em face das novas formas de sociabilidade criadas pelo capitalismo transnacional e irradiada pelos dispositivos de mídia. (SODRÉ, 2014, p. 201)

Nosso objetivo, neste breve trabalho, foi tentar descrever processos de mediação

do vitalismo social de uma comunidade emocional composta de produtores e

consumidores de um produto produzido regionalmente, os caquis, trazem elementos que

compõem uma cultura urbana na segunda maior cidade do país.

REFERÊNCIAS

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: IPP, 2013

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