INTELIGÊNCIA_ESPIRITUAL

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Inteligência Espiritual – IE 3 aplicada à administração da carreira profissional e administração empresarial Carlos F.Franco Jr. 2005

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Inteligência Espiritual – IE3 aplicada à administração da carreira profissional e

administração empresarial

Carlos F.Franco Jr.

2005

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Prefácio Para mim quarta-feira de cinzas tem tido um sentido especial. Em 1992, foi na quarta-feira de cinzas que depositei a minha tese de doutorado junto ao protocolo da FEA-USP. Era uma etapa vencida. Vários anos de pesquisa, estudo e trabalho. Um grande desafio concluído. Hoje, quarta-feira de cinzas de 2004, novamente me encontro diante da mesma situação. Estou finalizando a introdução do prefácio e concluindo este livro. Ele está pronto, também um grande desafio concluído. Desde a defesa de meu doutorado me sinto provocado a integrar duas áreas que me desafiam muito: O conhecimento em administração e a dimensão espiritual do homem. Em meados de 1992 (após a defesa pública do doutorado), comecei a experimentar um relacionamento com Deus, vivido de uma forma nova. Fui gradativamente descobrindo um novo Deus, um novo Jesus Cristo, muito diferente de tudo aquilo que eu já havia vivido e experimentado na religiosidade cristã. Em 2003 auto-decretei um ano sabático. Foi um ano de realinhamento. Neste sabático, surgiu a oportunidade de escrever este livro. Escreve-lo foi uma experiência fantástica. Muita pesquisa, muita busca de integração de conceitos e vivências. Eu não queria escrever um livro teórico, um tratado teológico, mas sim um livro de fácil leitura e de fácil aplicação para você. O livro foi montado em duas partes. Na primeira parte (capítulos 1 até 5) construímos os fundamentos das inteligências, desde a inteligência intelectual, o modelo das inteligências múltiplas de Gardner, a inteligência emocional de Goleman, até chegarmos à inteligência espiritual - IE3∗. Na segunda parte (capítulos 6 até 10), aplicamos a inteligência espiritual - IE3, a um modelo de melhoria de qualidade muito usado e contemporânea, tanto em termos pessoais – com o desenvolvimento individual e da carreira profissional - até à gestão empresarial. Uma vez fundamentada as inteligências – Parte I - vamos aperfeiçoar em termos de Inteligência Espiritual - IE3 - queremos uma melhoria contínua da de nossa qualidade de

∗ Criamos o símbulo - IE3 - tentando passar a idéia de que os três tipos de inteligência (intelectual, emocional e espiritual), quando bem integrados passam por um efeito sinérgico que resulta não na soma linear de cada uma delas, mas sim no efeito exponencial do emocional sobre o intelectual, e do espiritual sobre o intelectual e emocional: IE3.

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vida espiritual - QIE3. Queremos chegar ao Zen-Cristianismo1. Queremos chegar à

plenitude espiritual2 : O nirvana, numa visão cristã.

Figura 1: Qualidade de vida espiritual

Melhoria Contínua da Qualidade Espiritual - QIE3 – Fase III: Capítulos

QIE3 6 – 10

Fase II Capítulo 5: Reengenharia Espiritual

Fase I Capítulos 1 – 4: Fundamentando sua Inteligência Espiritual - IE3

Tempo de vida (anos)

Para tanto, na parte II, fizemos um paralelo ao ciclo PDCA desenvolvido por Deming3

que foi amplamente usado na revolução da qualidade industrial japonesa, que nos anos 70

ficou muito conhecida como TQM (Total Quality Management), ou modelo Toyota de

qualidade.

Dois aspectos são bastante importantes para o entendimento do PDCA. O primeiro é a

idéia de ciclo, e o segundo é o conceito de qualidade.

A idéia de ciclo é a de algo que se repete. Então o uso do modelo PDCA é visando uma melhoria contínua através de sua aplicação, ou seja, após um primeiro ciclo PDCA,

1 Veja Isaias 64:8 “Mas tu, ó Deus Eterno, és o nosso Pai; nós somos o barro, tu és o oleiro, todos nós fomos feitos por ti”. 2 Veja Efésios 3:19 “Sim, embora seja impossível conhecê-lo perfeitamente, peço que vocês venham a conhecê-lo, para que assim Deus encha completamente o ser de vocês com a sua natureza”. 3 Veja mais sobre PDCA em: - Delavigne, K.T & Robertson, J.D. Deming’s Profound Changes: When will the sleeping giant awaken? Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall PTR. 1994. 274p. - Maximiano, A.C.A.Teoria Geral da Administração: Da revolução urbana à revolução digital. 3a. Edição. São Paulo, SP: Editora Atlas. 2003. 521 p

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evolui-se para um segundo ciclo PDCA, onde o término do 1o se liga ao início do 2o, e assim continuamente, até a vida eterna! Agora, o conceito de qualidade fica fácil de entender: O que é qualidade de vida espiritual? Qualidade total de vida espiritual é total dependência e conhecimento de Deus, total intimidade com Deus. É ser absolutamente transparente e confiar plenamente em Deus, através do Espírito Santo de Deus e de Jesus4. O ciclo PDCA é composto por quatro etapas: Figura 2 – Ilustração do Ciclo PDCA 1a P Plan Planejamento 2a D Do Implementação 3a C Check Checagem/controle 4a A Act Ajustes Finalmente, o capítulo 10, ao concluir a Parte II discute o Zen-Cristianismo, ou a Plenitude Espiritual: Intimidade e confiança no relacionamento com Deus. Termino a minha quarta-feira de cinzas de 2004, redigindo este último parágrafo concluindo finalmente este livro, que agora deixa de ser meu, e passa a ser público. Espero que você goste. Desejo que este livro desafie você a integrar as suas inteligências.

- Boa leitura! Com meu abraço O autor - Carlos F. Franco Jr. 4 Veja Efésios 4: 13 “Desse modo todos nós chegaremos a ser um na nossa fé e no nosso conhecimento do Filho de Deus. E assim seremos pessoas maduras e alcançaremos a altura espiritual de Cristo.”

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Parte I Fundamentos para a Inteligência Espiritual - IE3 Integrando as inteligências intelectual, emocional e espiritual

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Capítulo 1. O que é inteligência espiritual - IE3 Para estudarmos Inteligência espiritual (IE3) vou recorrer à Inteligência Emocional (IE). É claro que eu entendo que a ordem de importância entre as duas é a ordem inversa a qual estou apresentando, isto é, a Inteligência espiritual deve se sobrepor à Inteligência emocional. Estamos recorrendo a essa ordem inversa porque GOLEMAN (1996) tornou-se um best-seller com seu livro Inteligência Emocional, e como o conceito de IE tornou-se bastante conhecido para um grande universo de leitores e estudiosos, será mais fácil (didaticamente) explicar o que é Inteligência Espiritual, por esse caminho. 1.1. O homem racional, Usando sua inteligência intelectual (II), enfrenta o dia-a-dia buscando sempre as melhores alternativas, as quais devem maximizar o resultado, minimizar o tempo, o custo ou o uso dos fatores de produção. É natural, é óbvio para nós que “fazer mais com menos” é a melhor opção. Por exemplo, se dois carros são equivalentes em todos os sentidos, espaço, conforto, design e desempenho de motor. Só há uma diferença: o modelo A é 15% mais econômico (em consumo de combustível) que o modelo B. Sem grande dúvida, a esmagadora maioria dos consumidores irá escolher o modelo A, pois é mais econômico, tudo o mais constante (ceteris paribus). Num outro exemplo. Imagine que você está planejando uma semana de férias. Você procurou várias agencias de turismo, e elas montaram muitos roteiros diferentes, com diferentes preços. Sua escolha final recaiu entre a “Companhia Sol de Turismo” (CST) e a “Companhia Lua de Turismo” (CLT). Ambas oferecem exatamente o mesmo roteiro, mesmos vôos, horários, translados, hotel, etc.: Tudo exatamente igual. No entanto o preço do pacote da CST é 20% mais barato que o da CLT. Provavelmente nossa escolha entre eles, será por aquela que custa mais barato: CST. Inúmeros exemplos poderiam ser dados, não levando em consideração somente o aspectos preço ou economicidade, mas gasto de energia, tempo, etc.

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1.1.1. A racionalidade no trabalho Começou a ser tratada sistematicamente a partir de Frederick Taylor (TAYLOR) com o que tornou-se conhecido como escola da administração científica. O que Taylor queria melhorar era o que ficou conhecido como problema dos salários. Basicamente o problema era que os funcionários nas industrias ganhavam , na maioria das vezes, por dia de trabalho, desta forma acabavam não se esforçando conforme os dirigentes desejavam. A lógica do funcionário persiste até hoje, em muitas empresas: Por que “vou me matar de trabalhar”, se o salário é o mesmo e agindo assim o único que ganha é o “patrão”? No caso das empresas que remuneravam por peça produzida, acabava acontecendo que os funcionários se organizavam e “faziam corpo mole” para que o padrão de peças produzidas por unidade de tempo fosse mais baixo. Uma vez estabelecido o padrão (tarefa diária), eles poderiam trabalhar com mais “folga”. Em 1895 Taylor apresenta um primeiro trabalho da administração científica (A piece-rate system). A proposta de Taylor é de absoluta racionalidade, ou seja, através de métodos científicos de observação, simulação e experimentação (ele era engenheiro), procura-se determinar os menores tempos possíveis para que as tarefas de produção fossem executadas, em condições humanas e factíveis. Uma vêz determinado o tempo de produção, seria possível determinar o número de peças a serem produzidas, por dia, por trabalhador (tarefa diária por funcionário). A proposta de Taylor, de forma sistemática eliminava o viés do “corpo mole”, de forma racional e não por coerção ou força. Paralelamente ao trabalho de Taylor (nos Estados Unidos) diversos outros estudos foram desenvolvidos por Fayol (França). Os dois pesquisadores tronaram-se referência clássica como primeiros estudiosos da administração. Dessa corrente da Administração Clássica, ou racinalismo administrativo, surgiu o Fordismo (Henry Ford), que gerou um enorme impacto em todo o processo produtivo da industria automobilística e revolucionou o início do XX: a linha de montagem móvel. A linha de montagem móvel de Ford baseava-se em dois princípios:

1. Peças e componentes padronizados e intercabiáveis; 2. Especialização dos trabalhadores.

A especialização dos trabalhadores vem de Taylor e Fayol, mas tem suas raízes em economistas clássicos do final do século XVI (1776 em diante) tais como Ricardo e Mill5 , ou seja, o princípio da produção em escala pela divisão do trabalho. Quanto maior for a divisão do trabalho, maior será e eficiência dos trabalhadores em suas tarefas específicas (pois não há perda de tempo com troca de ferramentas). Ford acrescentou, em termos práticos, a mobilidade da linha de montagem. Desta forma não há perda de tempo e

5 Veja HUBERMAN. L . A História da riqueza do homem.

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produtividade dos trabalhadores, pois eles ficam parados em seus postos de trabalho, e o produto que está sendo montado vem até eles. A partir de 1908, através da linha de montagem móvel, Ford conseguiu reduzir o tempo de montagem de um veículo de 12 horas e 28 minutos (748 minutos) para 01 hora e 19 minutos (79 minutos), em 1914: Ou seja, com o mesmo tempo inicial para montar um carro, agora montavam-se quase 10 carros. Com esse enorme aumento de produtividade, Ford revolucionou a industria e a economia mundial, pois ao mesmo tempo que ele conseguiu elevar a renda de seus funcionários, ele também conseguiu reduzir o preço de seu produto acabado, tal forma que ele criou uma enorme expansão do mercado automobilístico. Ficou mundialmente conhecido dois raciocínios lógicos de Ford:

1. Só tem sentido a industria automobilística, se meus funcionários ganharem o suficiente para comprarem os carros que a Ford produz;

2. O cliente pode escolher qualquer cor de carro, desde que seja preto.

Mesmo na entrada do século XXI, os princípios da racionalidade industrial ainda são válidos. As industrias de modo geral elevaram exponencialmente a produtividade do fator humano, usando a informática e a robótica. Por outro lado, o princípio da padronização de intercambialidade de componentes alcançou uma escala mundial com o efeito da globalização. A maioria dos projetos industriais, não só automobilisticos, usam a intercabialidade de componentes como um dos principais fatores de diferenciação e redução e custos. Tipicamente a industria de computadores leva ao extremo a aplicação dessa estratégia. 1.2. O instinto emocional Ao qual relaciona-se a inteligência emocional (IE) pode ser identificado naquelas situações em que nem sempre conseguimos manter a racionalidade em nossas decisões. Como administradores é comum desenvolvermos produtos ou situações em que consideramos que a decisão da compra deva ser emocional. Exemplos típicos são aqueles em que toda a campanha de marketing de um serviço ou produto é feita para provocar a compra por impulso, ou seja, criar condições, criar “um clima” em que o consumidor acaba sendo seduzido e “esquece” sua racinalidade, suas prioridades, e acaba usando uma “escala emocional” para tomar sua decisão. Isso não quer dizer que toda a decisão emocional é ruim, ou que haverá um arrependimento posterior. Um exemplo que tornou-se um clássico na década de 90 foi o Caso do Chrysler Viper6.

6 Veja Newell, F. Loyalty.com

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A Chrysler tornou-se um caso histórico na virada dos anos 80, quando através de um novo lider – Lee Iacocca – ela ressurgiu de suas cinzas. A empresa estava em estado concordatário, e revolucionou o mercado de automóveis norte americano ao criar uma nova classe de veículos: a Minivan. A família de minivans da Chrysler (Caravan, Gran Caravan e Dodge’s)teve tanto sucesso que todas os demais fabricantes também entraram nesse mercado, levando ess conceito de carro para uma nova categoria mundial. O sucesso das minivans pode ser fundamentalmente explicado considerando-se como base de modelo racional:

- As minivans foram lançadas com motores de 06 cilindros, injeção eletrônica e a última tecnologia em materiais, tal forma que embora fossem potentes, eram muito mais econômicos que os motores V-8 até então existentes, que equipavam as Vans;

- As Mini-vans tem um design muito mais moderno e bonito que as Vans;

- As minivan tornaram-se um misto de Van e carro, pois não são tão altas, e nem tão grandes, permitindo que o público feminino aderisse com facilidade, pois são fáceis de manobrar e tem ótima dirigibilidade;

- Foram criadas portas laterias “de correr”, o que torna muito mais fácil o entrar e sair, bem como colocar bicicletas, esquis, cachorro, etc.;

- Os bancos podem ser configurados de diversas maneiras, como também podem ser retirados, tal forma que acomoda facil e confortavelmente 07 passageiros, mas pode chegar a 11, ou baixar para 05;

- O preço de lançamento das mimivans era aproximadamente 15% acima de um carro com o mesmo padrão de motorização e acabamento.

Devemos considerar que na época em ela foi lançada a geração Baby-Boomers7 atingia sua maior participação no mercado, sendo as minivans essencialmente um carro para uso familiar, dá para entender porque elas foram um sucesso absoluto. A “grande sacada” da Chrysler foi perceber o perfil típico de seu cliente – a família norte americana – e seus valores, tais como economicidade, praticidade, mobilidade, espaço e inovação (desempenho e design). Veja que é facilmente compreensível dizer que a criação e o sucesso das minivans são essencialmente racionais (vantagem econômica e competitiva): As minivans oferecem muito mais que um carro convencional (custando muito pouco a mais) e ao mesmo tempo

7 Veja Dent Jr, H. The roaring 2000’s.

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oferecem quase tanto espaço que uma Van, no entanto sendo muito mais econômicas, mais baratas, mais práticas e mais bonitas e modernas. A mesma Chrysler que criou a Minivan criou o Viper: Um carro esportivo de somente dois lugares (é um roadstar), não tem capota, não tem portas, o motor é um enorme “beberrão de gasolina” (o menor tem mais de 300 cavalos) e o seu menor preço equivalia (na época em que foi lançado) a DUAS minivans.

- Parece óbvio que o Viper foi um fracasso! - Quem iria comprar um carro que não serve para nada, que é

extremamente “gastão” e por cima de tudo é “loucamente” caro? O Viper foi mais um absoluto sucesso de vendas. Entre 93 e 95 chegou a ter fila de espera de 02 anos para ser entregue.

- O que explica o sucesso do Viper? A Chrysler conseguiu trabalhar um dos conceitos mais difíceis de serem trabalhados, o conceito de produto potencial8. Produto potencial é aquele produto que está na cabeça do cliente, e na maioria das vezes, nem mesmo ele sabe. É um desejo, que o consumidor ainda não conseguiu ver materializado. Essencialmente como administradores, como estrategistas de marketing temos que ser capazes de “ler o sonho” de nossos clientes. Temos que ser capazes de ler suas intenções não declaradas, temos que ser capazes de entender suas emoções.

Observações do mercado

- A Chrysler, com o sucesso da minivans, acertou que o “filé” do mercado eram as famílias;

- O modelo norte-americano de família, é convencional (mesmo que em mais de um casamento), ou seja, tem pai, mãe, filhos (e cachorro);

- A minivan é um dos carros da família;

Obsevações econômicas e sociais

- Aquele pai de família está em uma fase em que está atingindo a

sua maior renda profissional, com idade típica entre 40 e 55 anos;

- A economia norte americana estava em uma fase de forte crescimento

8 Veja Kotler,P. Marketing management: the millenium edition.

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Sonhos não declarados: Emoções

Aquele pai de família, que está ganhando “super bem”, já não é mais o “garanhão” que foi na juventude. Ele também está perdendo seus cabelos (está ficando careca!) e está ficando obeso (rotina de trabalho excessiva, desaceleração do metabolismo e possível alteração dos níveis de testosterona).

Um carro esporte, “só para ele”, sem porta-malas, sem bicicletas, sem cachorro, sem sogra, etc., é o seu “sonho”. É o carro em que pode “passear”, sem compromisso com ninguém: É um carro potente!

Veja que ao contrário da Minivan, as variáveis de decisão para a compra do Viper não são baseadas na razão: é pura emoção.

Outros exemplos, para diferentes públicos podem ser listados, principalmente o crescimento de novos esportes radicais como rapel, para-quedismo, escalada, e downhill (bicicleta). Infelizmente há outros casos de instinto emocional, onde o comportamento baseado nas emoções sobrepuja-se ao comportamento racional, tais como os crimes passionais, em que movido pela paixão (uma forma de amor) alguém assassina a pessoa amada. A própria “roleta-russa” é outro exemplo, onde o emocional, o risco (não racional) desafia a própria morte. Há diversas pesquisas que tentam relacionar o comportamento e as reações do corpo com o emocional9 :

Ira: O coração acelera-se, o sangue flui para as mãos (reação física ao sentimento da emoção), o nível de adrenalina no sangue sobe. Este conjunto de reações faz com que a pessoa seja capaz de agir muito rápida (adrenalina) e vigorosamente (alto batimento cardíaco), e ainda, por um impulso dar uma tapa, um soco ou pior, pegar uma arma e agir (fluxo de sangue para as mãos);

Medo: O sangue flui para os músculos esqueléticos (estruturais), como pernas e braços, os hormônios liberados na corrente sanguínea causam uma “paralisia” (por uma fração de segundos), e pelo redirecionamento do fluxo sanguíneo para os músculos as extremidades “gelam” e a pessoa fica pálida (branca). Com essas reações do corpo, dá para rapidamente avaliar a reação a ser tomada (no momento de paralisia) se é de se esconder ou fugir, ao mesmo tempo que por “um alerta geral” (hormônios) prepara o corpo para uma reação rápida;

Surpresa: A reação de erguer as sombrancelhas (reação física ao sentimento da surpresa), ao mesmo tempo amplia-se o campo de visão, como também permite-se uma maior entrada de luz atingindo a retina. Com isso o indivíduo poderá

9 Veja Goleman, D. Inteligência emocional. pgs. 20-21

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pesquisar melhor ao seu redor e identificar a fonte da surpresa, podendo reagir com uma resposta de melhor precisão e qualidade;

Tristeza: A tristeza como reação a uma perda, diminui o nível de energia, de ação e velocidade de reação do corpo. Acaba-se mantendo o indivíduo mais “em casa”, o que em condições normais é mais seguro, e diminui a exposição a maiores riscos e eventualmente outras perdas;

Felicidade: Entre as principais mudanças de reação física, está a maior atividade do centro cerebral que inibe os sentimentos negativos e favorece o aumento da energia existente, e silencia aqueles que geram pensamentos de preocupação. Ocorre paralelamente uma sensação de tranqüilidade que faz o corpo recuperar-se mais rapidamente do estímulo de emoções pertubadoras. Estando feliz, é mais fácil repousar, descansar, bem como aumenta o nível de entusiasmo para o cumprimento de tarefas rumo a busca de metas e novos alvos;

Amor: Os sentimentos afetuosos e a satisfação sexual implicam em estimulação parassimpática como “resposta de relaxamento” (reação oposta à da ira ou de medo). Tal resposta é um conjunto de reações em todo o corpo que gera um estado geral de calma e satisfação que proporciona o ambiente ideal para a cooperação mútua.

1.2.1. A administração das emoções no trabalho O primeiro trabalho que tratou de aspectos emocionais na administração, foi desenvolvido por Elton Mayo10, professor e pesquisador de Harvard, na década de 20 e 30: O caso Hawthorne, como ficou mundialmente conhecido. Seguindo a tendência da Teoria Clássica, desejava-se avaliar se alguns aspectos ambientais, como luminosidade, afetavam a produtividade do trabalho. O caso de Hawthorne foi muito interessante, pois a produtividade do grupo aumentava a cada nova mudança, independentemente dela ser no sentido de aumentar ou diminuir a luminosidade. Mayo começou a perceber que havia outras variáveis que estavam afetando a produção. O estudo então prolongou-se por mais de 10 anos, e permitiu que investigações mais profundas fossem feitas. Percebeu-se que o relacionamento social entre as pessoas que estavam trabalhando juntas, afetava a produtividade. As principais conclusões11 desse longo estudo, que foi o marco inicial da Teoria das Relações Humanas (uma nova teoria , sucessora da Teoria Clássica de Taylor e Fayol):

10 Veja Maximiniano, A.C.A. Teoria Geral da Administração. 3a. Edição. pg.245. 11 Veja Chiavenato. I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 6a. Edição. pgs. 108-115

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1. O nível de produção não é determinado pela capacidade física ou fisiológica do empregado (como afirmava a Taylor em sua Teoria), mas por normas sociais e expectativas do grupo de trabalho. É a capacidade social do trabalhador que determina o seu nível de competência e eficiência. Quanto maior a integração social no grupo de trabalho, maior a tendência ao aumento da produtividade;

2. Há um padrão de comprometimento do indivíduo com o grupo de

trabalho a que ele pertence, ou seja, os trabalhadores não agem isoladamente, mas sim como membros do grupo: Enquanto os padrões de desenpenho do grupo permanecerem os mesmos, o indivíduo resistirá a mudanças, para não se afastar de seus colegas do grupo. Ou seja, a partir da teoria de Mayo, o bom administrador tem que passar a considerar o gerenciamento de grupos de trabalho e não mais de indivíduos. A influência do grupo pode gerar efeitos extremamente positivos na produtividade;

3. Os grupos, em termos de comportamento, obedecem ao sociograma

em detrimento ao organograma, ou seja, o que afeta a produtividade dos grupos é subordinado aos grupamentos sociais que existem em uma empresa: Não adianta forçar a formação de um grupo de trabalho e pressiona-lo para aumentar a produtividade. Um grupo que reconhece seus membros de forma social organizada, irá naturalmente aumentar a sua produtividade;

4. A posição dos participantes do grupo em diferentes níveis hierárquicos

do próprio grupo, podia afetar a produção, considerando a competência específica de cada membro, a qual era no entanto compensada por um aumento da moral, do sentido de autonomia de todo o grupo.

Até hoje, e principalmente a partir do início do século XXI, a incorporação de variáveis sociais, de comportamento e psicológicas tem sistematicamente sido introduzidas nos modelos de gestão e administração das empresas, no mundo todo. A partir dos anos 70, o crescimento do modelo de gestão desenvolvido pela TOYOTA, no Japão, tornou-se um modelo líder de enorme sucesso no mundo todo – Total Quality Management (TQM), que no Brasil ficou conhecido com Gestão pela Qualidade Total. O TQM considera inúmeras variáveis baseadas em grupos de trabalho (células, círculos de qualidade, etc.). A qualidade passa pelos funcionários (clientes internos) e muitos pesquisadores creditam tais aspectos à cultura oriental japonesa12, mais voltada para o grupo do que para o indivíduo e alto grau de comprometimento altruísta (veja o papel histórico dos Samurais) . 12 Veja Masier, G. Estrutura versus Estrutura: O Caso Japonês. In: Revista de Administração de Empresas (RAE). v.34.No. 6. pg.12-19. Nov/Dez 1994.

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1.3. O instinto espiritual, Que pode ser expresso pela inteligência espiritual (IE3), traz uma nova dimensão ao ser humano. Se a inteligência intelectual (II) e a inteligência emocional (IE) relacionam o indivíduo consigo mesmo, com o meio social em que está inserido e com o meio ambiente externo, a IE3 relaciona o homem ao macro-cosmos, relaciona o ser humano a Deus13. Através da IE3 o homem toma para si a dependência que ele naturalmente tem de um ser supremo, de um ser superior, de seu relacionamento com o universo como um todo. Nos capítulos 03, 04 e 05 nós vamos estudar a IE3 em seus diversos aspéctos. Vou introduzir a dimensão da IE3 na vida cotidiana, através de dois casos que eu mesmo vivi. Tais experiências de vida me ensinaram de forma muito clara que a linha que separa a vida e a morte é muito tênue, e que vivemos, só porque o Senhor nos renova o dom da vida, a cada dia, a cada raiar do Sol. 1.3.1. Quando eu era menino, Em julho de 1967, eu era ainda um menino de 08 anos. Embora seja paulistano, sempre passava-mos as férias na fazenda, nas serras do no Sul de Minas. Desde muito pequeno eu “adorava” andar-a-cavalo. Era comum montar logo cedo, só voltar para casa na hora do almoço, e continuar cavalgando a tarde toda. Era uma tarde, eu cavalgava o “Guanabara”, um cavalo alazão, esperto e rápido, e o Carlos David, um de meus primos, cavalgava o “Bainho”. Estava-mos indo para uma parte da fazenda denominada “Mateiro” (a uns 04 quilometros da casa sede), galopando cruzando o “campinho” de futebol. Eu estava a frante, quando de repente alguma coisa aconteceu, eu me vi caído no chão, de “barriga para o chão”, e mais de repente ainda, senti o “Guanabara” rolar por cima das minhas costas. No segundo seguinte, eu já via o “Guanabara” levantando-se, o David chegando correndo e descendo de seu cavalo para me ajudar. Eu me levantei, e pude avaliar que fisicamente nada havia acontecido comigo. Eu me lembro que peguei o cabo do cabresto do “Guanabara” e não montei novamente, voltei para casa, puxando o cavalo a pé. O David me acompanhava solidário.

13 O ser superior Deus, para mim é o Deus (Jeová) criador do universo, senhor sobre todas as coisas (Veja Genesis capítulo 01 a 03) quem envio Jesus Cristo, como o Messias (veja Isaias 35), Deus feito homem, Senhor e Salvador, e que habita em nós através da ação do Espírito Santo. Toda a fundamentação deste Deus pode ser encontrada na Bíblia Sagrada, tanto no Velho como também no Novo Testamento. Para mim, Jesus Cristo é Deus, único Senhor, Salvador, e único intersessor entre o homem e Deus (leia João 14:06), e faz parte da trindade junto com Deus e o Espírito Santo.

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Chegando em casa, logo fui contar para a mamãe o que havia acontecido. A minha primeira expressão, foi:

- Mamãe, Deus me salvou! Hoje eu nasci de novo! É verdade. Considerando que eu devia pesar uns 40 Kgs e o “Guanabara” aproximadamente 400 Kgs. Mas tem mais: No Sul de Minas, ao invés das selas inglesas, usamos arreios com “cabeça em chifre”. Ou seja, quando o cavalo “rolou” sobre mim, seria muito mais provável que a cabeça do arreio (ou a extremidade oposta) tocassem a minha espinha, ou mesmo as minhas costelas, o que, se acontecesse com certeza teria me deixado paralítico ou morto. Comparando o acidente que eu sofri com o que o “Super-Homem”, o ator Christopher Reeve, sofreu em 1995, é possível perceber melhor a dimensão da minha alegria quando dizia “Mamãe, Deus me salvou!. Hoje eu nasci de novo!”. É claro que no dia seguinte eu já estava galopando o dia-todo novamente, montado no “Guanabara”, pelas montanhas de nossa fazenda, no Sul-de-Minas. 1.3.2. Quando eu já me tornara pai, Muitos anos depois, em Julho de 1988, eu já era casado (com Maria Lúcia) e pai de duas lindas meninas: Rebeca (nascida em 1985) e Ana Carolina (nascida em 1987). A Rebeca havia passado o fim-de-semana com os avós, na fazenda, e na segunda-feira, eu havia ido busca-la. Passamos um dia muito gostoso na fazenda. Em julho é época da colheita de café, a fazenda é movimentada, e as crianças “adoram” brincar no “terreiro de café”, correndo e brincando de “jogar” o café que está espalhado secando ao sol de forma lenta e natural. Jantamos e já anoitecendo Rebeca e eu entramos no carro de volta a Campinas (cidade onde moramos). A Rebeca tinha 2 anos e meio e logo dormiu, deitada no bando traseiro. Eu guiava tranqüilo, numa noite escura e calma. Estava-mos há aproximadamente 01 hora de Campinas, quando percebi que o carro que vinha na direção contrária, fez rapidamente um movimento para desviar-se de alguma coisa, mas continuou vindo com os faróis baixos na direção correta, assim que cruzamos eu acionei a “luz alta”. Não deu tempo para nada, havia uma mulher (depois ficamos sabendo que era uma doente mental) com roupas escuras caminhando bem no meio da estrada. Eu desviei , para não atropela-la (e consegui), com isso acabei entrando no acostamento (da direção oposta) e quando já havia conseguido trazer o carro de volta à pista, percebi que alguma coisa havia acontecido, pois a trazeira começou a “escorregar” e percebi que iríamos começar a capotar .

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Eu me lembro de clamar:

- Meu Deus! Foram 06 “capotadas”, eu usava o cinto-de-segurança, mas no meio das “piruetas” a Rebeca começou a chorar (com certeza acordou): Ela estava deitada sobre o banco, sem cinto-de-segurança. Assim que as “piruetas” terminaram e o carro parou, estavamos de “cabeça-para-baixo” e haviamos rolado um “ribanceira-abaixo”. Ainda dentro do carro, soltei o cinto-de-segurança, no escuro, peguei a Rebeca (pelo barulho do choro eu a achei). Quanto “bateu” um “flash” de luz, eu reconheci onde estavamos, chutei o vidro lateral da porta-traseira, e saímos por alí, eu e a Rebeca em meus braços. Subí a “ribanceira” com um “gato”, rápido (nessa experiência dá para identificarmos várias reações fisiológicas em reação ao emocional: Um homem como uma criança nos braços passar ileso por uma janela de um carro e subir um barranco sem cair ou escorregar, na mais absoluta escuridão da noite). Quando o motorista do carro (o carro que havia-mos acabado de cruzar) que parou para nos socorrer, desceu e veio para a beira da pista, ele já pode me estender a mão e me ajudar. Naquele momento, vendo a Rebeca ilesa, eu sem nenhum arranhão, e o estado que nosso carro ficou (completamente destruído), tive a mais absoluta certeza que foi Deus que ouviu o meu clamor antes da capotagem. Eu ainda tinha, há alguns anos, uma caneta de prata que estava dentro da minha pasta, sobre o banco dianteiro. Na capotagem, minha pasta foi jogada para for a do carro, e tal como aconteceu quando eu era menino, no acidente a cavalo, o meu carro “rolou” por sobre essa pasta: Essa caneta ficou completamente amassada e retorcida. Essa certeza de que Deus existe, da nossa dependência d’Ele, que Ele cuida de nós a cada dia, que Ele dá o dom da vida a cada nascer do Sol, que Ele nos ama e deseja que nós sejamos felizes e realizemos nossos sonhos é o que estamos denominado como Inteligência Espiritual IE3. Com esse segundo caso, fica mais fácil justificar o porque da notação IE3 para inteligência espiritual: A inteligência espiritual não é linear, ela é exponencial. Ela abrange a inteligência intelectual e a inteligência emocional. Ainda, ela age diretamente sobre Inteligência emocional, de forma integrada. 1.2.1. A espiritualidade no trabalho Muito já se tem tratado no que se refere a juntar espiritualidade e trabalho. Laura Nash, pesquisadora senior de Harvard escreveu o Church on sunday, work on monday14 , que é uma referência obrigatória para qualquer um que queira tratar dessa questão. 14 Veja Nash, L & W.K. Church on sunday, work on monday

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Muitas matérias, nas principais revistas de negócios, têm tratado do assunto. Uma das principais delas foi publicada como matéria de capa na revista Fortune15: God and Business: The Surprising Quest For Spiritual Renewal In The American Workplace Tanto no exterior como no Brasil já há consistentes movimentos evangélicos cristãos que conciliam negócios e a palavra de Deus, tais como o Promise Keepers (www.promisekeepers.org) , CBMC (www.cbmc.org.br) e a Adhonep (www.adhonep.org.br). Tais movimentos tem como característica organizarem-se com entidades sem fins-lucrativos, e não serem filiados ou subordinados a nenhuma igreja, tal forma que podem participar de seus eventos pessoas de qualquer denominação, evangélicos, católicos, judeus, budistas, ateus ou qualquer outra pessoa. O princípio é de que possam apreender através da experiência vivida por cada um em seu relacionamento com Deus, e como isso tem afetado sua própria vida, sua família, seus negócios e/ou suas relações sociais. Na Igreja Presbiteriana da 5a. Avenida, no centro de New York, reune-se sistematicamente um grupo – Faith@Work (Fé no ambiente de trabalho) – na forma de seminários, notadamente no intervalo do almoço, liderados pelo Pastor Dr. Thomas K. Tewell. Segundo Tewell “é urgente que os empresários e homens de negócio tornem-se canais de distribuição do amor de Deus para o mercado varejista”11. Jose Zeilstra é uma líder empresarial que também participa do Faith@Work. Ela era uma consultora da PWC (PriceWaterhouse&Coopers) e transferiu-se para o J.P. Morgan (mega banco de investimentos que foi incorporado pelo Chase Manhatan Bank), do qual tornou-se uma das vice-presidentes. Ela declara não ter dificuldade em conciliar a fé com o trabalho11, “... principalmente influenciando seus colegas de trabalho a não olharem somente para as planilhas eletrônicas, mas também nas pessoas, em seus valores, procurando o que é correto e sendo sensíveis à compaixão ...” Ela sempre lembra que “... Deus odeia o pecado, mas ama o pecador”. No Brasil algumas empresas já têm usado para selecionar seus recursos humanos, profissionais que tenham em seus Cuirriculum Vitaes alguma vivência evangélica ou mesmo uma segunda área de formação teológica. A Embraer tem em sua equipe de planejamento um pastor16. Segundo Branco, a sua formação e sua experiência como pastor, contribui no seu trabalho de “catequisar” os cooperadores da empresa na importância da elaboração e participação ativa na construção de planos de ação (PA’s).

15 Veja FORTUNE. Vol 144, No. 1. July 9, 2001. 16 Relato pessoal de Reginaldo Branco em março de 2003.

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Capítulo 2. A natureza da inteligência espiritual - IE3 Para aprofundar-mos no entendimento da IE3 vamos discutir a natureza de cada uma das 03 inteligências : A intelectual; A emocional e a Espiritual. 2.1. A natureza racional : O eu Vale destacar, para começar-mos a discutir a inteligência intelectual, o novo modelo que GARDNER17 desenvolveu, a partir dos anos 80 na Universidade de Harvard (Cambridge, Estados Unidos) dando um enfoque bem mais amplo e detalhado sobre a inteligência humana. Acompanhando o desempenho profissional de pessoas que haviam sido alunos fracos, Gardner surpreendeu-se com o grnde sucesso obtido por vários destes alunos. Ele passou então a testar hipóteses sobre os métodos de a avaliação escolar. Gardner conclui que as formas convencionais de avaliação apenas traduzem a concepção de inteligência intelectual (QI), predominante até então nos sistemas educacionais norte-americanos, com grande valorização da competência lógico-matemática e da lingüística. Gardner demonstrou que as demais faculdades também são produto de processos mentais e que não há motivo para diferenciá-las do que geralmente se considera inteligência. Desta forma, ampliou o conceito de inteligência: "a capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos valorizados em um ambiente cultural ou comunitário". O modelo das Inteligências Múltiplas (IM) trata de 8 (oito) diferentes tipos de inteligência, a saber:

a) Lógico-matemática É a inteligência que determina a habilidade para raciocínio dedutivo, além da capacidade para solucionar problemas envolvendo números e demais elementos matemáticos. É a competência mais diretamente associada ao pensamento cientifico, portanto, à idéias tradicional de inteligência.

17 GARDNER, H (1995) Inteligências múltiplas - a teoria na prática. Porto Alegre: Artes médicas.

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Pode até parecer que estamos tratando de uma lenda, mas a história nos conta que Albert Ainsten era considerado “burro” por seus professores primários. Ele era incapaz de participar ou se concentrar nas aulas. Era incapaz de ter um comportamento de aprendizado igual aos demais alunos “normais”. Ele tinha que ser reprovado para apreender adequadamentemente, para alcançar o nível mínimo necessário. Em 2000 visitei a Princeton University, um dos mais tradicionais centros de excelência do conhecimento da história americana nas áreas mais diversas áreas, tais como exemplo a economia, a engenharia, a física e as artes. Foi em Princeton que Eintein projetou-se ao mundo ao desenvolver a “Teoria da Relatividade”. Em Princeton ficou claro que os professores primários de Aistein é que eram “burros”, em não serem capazes de perceber que aquele menino “abilolado”, na verdade era um gênio! Há no entanto nos arquivos da Princeton University os históricos de avaliação do desempenho dos professores18. Lá podem ser encontradas avaliações do Prof. Albert Eistein. Vejam alguns comentários típicos de seus alunos:

- O professor é muito confuso. Ele está explicando alguma coisa, de repente ele muda de assunto, não terminando aquilo que ele havia começado a explicar;

- O Prof. fala um inglês muito difícil de ser entendido, pois ele sempre

“mistura”palavras em alemão, que não sabemos o que querem dizer;

- O Prof. Ainsten não tem uma metodologia clara de ensino. Seu raciocínio é impossível de ser acompanhado ou entendido em sala de aula.

Vejam, nos estamos contando “lendas” de um dos maiores QI conhecidos na história moderna da humanidade. Fica fácil contrastar a capacidade intelectual de Albert Aistein e sua capacidade de se comunicar e interagir com as demais pessoas, mesmo que em um ambiente de ensino e pesquisa, que dirá num ambiente social. Com os exemplos de Aistein introduzimos a observação de que a inteligência intelectual, expressa somente pelo QI por sí só, não é suficiente para alavancar resultados e sucesso profissional de uma pessoa.

18 Depoimento pessoal recolhido em Janeiro de 2000, através do Prof. Dr. Paulo F. Barbosa, Prof. Titular da Faculdade de Engenharia Civil da UNICAMP, que na época estava fazendo seu “Pós-Doctor” (Sabatical) no Departamanto de Engenharia Financeira da Princeton University.

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b) Pictórica É a faculdade de reproduzir, pelo desenho, objetivos e situações reais ou mentais. E também de organizar elementos visuais de forma harmônica, estabelecendo relações estéticas entre elas. Trata-se de uma inteligência que se destaca em pintores, artistas plásticos, ilustradores e chargistas. Picasso e Paulo Caruso são génios pictóricos.

c) Musical É a inteligência que permite a alguém organizar sons de maneira criativa, a partir da discriminação de elementos como tons, timbres e temas. As pessoas dotadas desse tipo de inteligência geralmente não precisam de aprendizado formal para exercê-la, como é o caso de muitos famosos da música popular brasileira, como Hermeto Pascoal e mesmo da música classica com Bach ou Betoven.

d) Intrapessoal É a competência de uma pessoa para

conhecer-se e estar bem consigo mesma. Administrando seus sentimentos e emoções a favor de seus projetos. Enfim, é a capacidade de formar um modelo real de si e utilizá-lo para se conduzir proveitosamente na vida, característica dos indivíduos "bem resolvidos", como se diz na linguagem popular.

e) Interpessoal É a capacidade de uma pessoa dar-se

bem com as demais, compreendendo-as, percebendo suas motivações e sabendo como satisfazer suas expectativas emocionais. Esse tipo de inteligência ressalta nos indivíduos de fácil relacionamento pessoal, como lideres de grupos, políticos, terapeutas, professores e animadores de espetáculos.

f) Espacial É a capacidade de formar um modelo

mental preciso de um situação espacial e utilizar esse modelo para orientar-se entre objetos ou transformar as características de um determinado espaço. Ela é especialmente desenvolvida, por exemplo, em arquitetos, navegadores, pilotos, cirurgiões, engenheiros e escultores.

g) Lingüística Manifesta-se na habilidade para lidar

criativamente com as palavras nos diferentes níveis da linguagem (semântica, sintaxe), tanto na formal como na escrita, no caso de sociedades letradas. Particularmente notável nos poetas e escritores, é desenvolvida também por oradores, jornalistas, publicitários e vendedores, por exemplo.

h) Corporal-cinestésica É a inteligência que se revela como

uma especial habilidade para utilizar o próprios corpo de diversas

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maneiras. envolve tanto o autocontrole corporal quanto a destreza para manipular objetos (cinestesia é o sentido pelo qual percebemos os movimentos musculares, o peso e aposição dos membros). Atletas, dançarinos, malabaristas e mímicos têm essa inteligência desenvolvida.

Sempre envolvemos mais de uma habilidade na solução de problemas, embora existam predominâncias. Portanto as inteligências se integram. Nessas relações complementares entre as inteligências é que está a possibilidade de se explorar uma em favor da outra. É o uso da chamada rota secundária para se alcançar a rota principal de uma determinada inteligência. Por exemplo: se uma criança tem dificuldade para memorizar números, mas é musical, pode-se usar a música como rota secundária para ajudá-la na memorização matemática. Segundo Gardner, excetuando-se os casos de lesões, todos nascem com o potencial das várias inteligências. A partir das relações como o ambiente, incluindo os estímulos culturais, desenvolvemos mais algumas e deixamos de aprimorar outras. Isso dá a cada pessoa um perfil particular de inteligências, o "espectro". Entendemos que de modo geral o modelo de Gardner relaciona-se à inteligência intelectual, captando no entanto maiores detalhes e a diversidade entre os diferentes pessoas e suas capacidades, as quais anteriormente eram medidas unicamente pelo QI (quociente intelectual). 2.2. A natureza emocional : O nós Casos menos clássicos do que o de Aistein, mas que com certeza podem ser encontrados em nosso mundo profissional, ou em nossa memória de estudantil, vão nos mostrar inúmeros colegas de faculdade que eram alunos brilhantes, mas no entanto não tornaram-se profissionais com o mesmo destaque, sucesso e competência que tiveram como estudantes. Mais uma vez, podemos confirmar que: - Somente a habilidade intelectual não é suficiente para explicar o sucesso (ou insucesso) de uma pessoa, é necessário a habilidade emocional. Goleman afirma que o modelo que Gardner é metacognitivo, ou seja, embora muito ampliado em relação a única dimensão do modelo anterior (QI), ele baseia-se quase que exclusivamente na racionalidade linear humana, no processo de pensar. A naturza emocional deve incorporar outros aspéctos que o modelo das inteligências múltiplas não levam em consideração, os quais são fundamentais na vida humana, tais como fé, esperança, devoção, paixão, desejos, sonhos e amor. Se o processo de pensar é

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associado à metacognição, a autoconciência dos sentimentos pode ser associada ao metaestado de espírito. Para integrar as dimensões emocionais à racionalidade é necessário que novas habilidades sejam juntadas. 2.2.1. Conhecimento das próprias emoções A autoconsciência é reconhecer o funcionamento de seus próprios sentimentos. A autoconsciência deve ser em tempo real, on-line, pois nessas condições poderá permitir o auto-controle, ou seja, o indivíduo que identifica seus sentimentos enquanto eles “brotam” do coração, será mais capacitado para planejar suas próximas ações: planejamento e controle emocional e racional. Me lembro que muitas vezes em relações de conflito no trabalho eu descobria que estava ficando estressado, quando “me pegava” argumentando (em defesa dos meus pontos-de-vista) em discussões imaginárias, enquanto estava no chuveiro tomando banho. Esse “sinal” passou a fazer parte do meu diagnóstico emocional: “Se você continuar assim, isso vira psicose, vira alucinação, o que só vai piorar a situação”. “Calm down”, “esfria”. Nesse exemplo, à medida que fui desenvolvendo meu autoconhecimento, fui me tornando mais capaz para passar ao próximo passo: o autocontrole. As pessoas que não conseguem perceber seus sentimentos e gerar o autoconecimento emocional, podem tornarem-se pessoas emocionalmente mergulhadas. A idéia do termo mergulhada está associada a um descontrole do processo de percepção emocional. As emoções se sobrepõe à razão. Exemplos típicos são aquelas pessoas que “tem o pavio curto”, quando percebem, já foi. O emocional tomou o controle das ações. Tipicamente podemos associar o tal comportamento a pessoas coléricas. Um outro tipo de pessoas sem o autocontrole emocional são os resignados. Basicamente como os coléricos ou mergulhados, o emocional se sobrepõe ao racional, no entanto num estado “prá-baixo”, típico em pesssoas em estado depressivo ou de desespero. Há ainda um terceiro tipo de falta de autoconhecimento emocional: o desconhecimento. Nsse caso o indivíduo parece “calculista”, “frio”, incapaz de expressar qualquer reação emocional. Ele não é “pavio curto” nem tampouco depressivo, ele simplesmente “não é nada” em termos emocionais. Esse “vácuo” do autoconhecimento emocional pode confundir-se com um absoluto autocontrole emocional, no entanto, a medida que caminhar-mos no processo do gerenciamento das emoções, ficará clara essa diferença, o individuo emocionalmente apático (desconhecimento emocional) não terá input para o

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autocontrole (item 2.2.2, a seguir) , para o reconhecimento das emoções dos outros (item 2.2.3) e finalmente para o gerenciamento emocional de relacionamentos (item 2.2.4). 2.2.2. Capacidade de administrar as próprias emoções A capacidade de administrar requer a capacidade de diagnosticar os próprios sentimentos, discutido no item anterior. Ou seja, um bom planejamento fará toda diferença, um bom diagnóstico, a autoconsciência emocional. Desta forma o indivíduo que consegue diagnosticar seus sentimentos de ansiedade, irritabilidade, tristeza, pressão depressiva, poderá trabalha-los com muito mais eficiência, à medida que desenvolve e aprende (treina, condiciona-se, etc.) mecanismos de controle e de reação diante de tais sentimentos. Há um entendimento que as emoções “dão o colorido” à vida, são o “tempero”do dia-a-dia. A racionalidade linear e lógica do pensamento é muito “cinza”. Administrar as emoções não quer dizer anula-las, nós quremos a vida “colorida” e não “cinza”. O objetivo no entanto é o equilíbrio, todo o sentimento tem valor. O que seria da vida sem paixão? Sem amor? De modo geral as emoções positivas são mais facilmente administráveis, tais como o desejo, a paixão e o amor, a não ser que gerem conflitos internos ou de valor, por exemplo o crime passional, em uma pessoa por muito amar e se apaixonar por alguém é capaz de mata-la, em função do conflito entre seu sentimento de amor e a sua necessidade de controla-la, etc . Desta forma concentraremos nossos esforços em estudar os mecanismos para melhor administrar nossas emoções desestabilizadoras, que nos tiram do equilíbrio. a) Administrando a raiva O sentimento de ira, de raiva, na maioria das vezes surge repentinamente diante de uma surpresa emocional. Ou seja, nós esperamos um determinado curso de ação e somos surpreendidos. Há ainda a reação de raiva ou de ira diante de um fato novo, mas também inesperado. Um exemplo poderia ser a nossa reação diante do que acontece tipicamente no transito, quando sofremos uma “fechada” ou quando o carro da frente freia abruptamente. Outra situação onde o sentimento de raiva surge com facilidade é a partir da percepção de impotência para resolver um conflito em um círculo mias íntimo de trabalho ou família. Tipicamente onde surgem rapidamente discussões inflamadas “do nada”. O mecanismo da raiva que nasce de uma emoção, desencadeia em seguida uma seqüência de re-ações e novas ações.

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É fácil lembrarmos que antes de alguém “explodir de raiva” (reação racionalizada ao impulso emocional), quase sempre uma “onda” sangüínea subiu e deixou seu rosto vermelho (emoção). A melhor maneira então é aperfeiçar seus próprios diagnósticos de emoções e mapear suas reações mais freqüêntes. Agora, diante do mapa das “emoções – reações” será possível criar os mecanismos de reações alternativas. A regra de “contar até dez” antes de reagir acaba sendo muito simples, prática e eficiente: deixe “esfriar” antes de reagir. Pode ser que para alguns leitores, que “não tem sangue de barata” , essa seja um mecanismo de controle impossível de ser aplicado. Minha sugestão é que você faça uma análise mais detalhada de suas reações catarsicas19 e faça um balanço dos seus resultados e conseqüências. Na maioria das vezes, para a maioria das pessoas, o balanço irá mostrar um resultado negativo. Talvez valha a pena criar novos mecanismos de reação. b) Administrando a ansiedade e as preocupações A ansiedade pode ser entendida como o medo em relação às caisas que podem acontecer no futuro. Da mesma forma podemos enterder as preocupações. Agora, faça uma pausa em pense: -Quantas vezes acontece exatamente aquilo com que você estava preocupado? A resposta para a maioria de nós é: poucas vezes! Então poderíamos rapidamente fechar esse tópico dizendo que basta fazer uma análise estatística e verificar que toda a ansiedade e preocupação é desnecessária, é infundada, pois na esmagadora % das situações, o “perigo”, a “ameaça” não se concretizam. As situações mais comuns de ansiedade são baseadas em projeções negativas do passado ou mesmo de experiências negativas de outras pessoas ou da sociedade. Por exemplo, você fica preocupado/a com os problemas de drogas com o seu filho, embora ele ainda tenha somente 04 anos de idade. Outra situação: Você fica muito preocupado/a em ficar desempregado/a, embora seja ótimo/a profissional e a empresa em que você trabalha está indo muito bem. Propositadamente os dois exemplos que demos anteriormente podem ser “trabalhados” e lhe renderem um resultado positivo. 19 Catarse é o termo técnico que corresponde a dar vazão à raiva, reagir, ao invés de deixa-la passar.

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O medo das drogas com tanta antecedência, não sendo um comportamento neurótico, desequilibrado (em extensão e intensidade), poderá gerar uma cadeia de reações positivas como um planejamento educacional mais cuidadoso; uma reação de maior dedicação de tempo aos filhos e a família, uma atitude de companheirismo e até mesmo um comportamento de voluntariado, disponibilizando-se a ajudar organizações que trabalham na recuperação e inclusão social de ex-drogados e na prevenção do uso de drogas. O medo da perda do emprego, mais uma vêz, não sendo neurótico, pode levar você a avaliar sua carreira profissional e provocar um re-posicionamento, podrá levar ao desenvolvimento de novos cenários profissionais alternativos, ao desenvolvimento de novas habilidades, etc., ou seja, pode gerar um crescimento profissional. Em termos práticos, faça uma análise e verifique se suas ansiedades e preocupações tem um caracter muito cíclico e repetitivo. Se a resposta for positiva, cuidado! Essas preocupações e ansiedades, estão tomando uma caráter neurótico, que não gera crescimento, mudança e estabilidade. Peça ajuda a alguém competente nessa área, ou, se você mesmo conseguir, quebre esse ciclo. Se a resposta for negativa, Ótimo! Você está tendo um comportamento estratégico, conseguindo transformar ameaça em oportunidade de auto-desenvolvimento. c) Administrando a tristeza (melancolia) A tristeza diante de determinadas situações, pode ter aspectos positivos. Tipicamente a dor da perda de alguém muito querido, inevitavelmente vai provocar um sentimento de tristeza irreparável de imediato. Essa dor da perda, vai automaticamante “baixar a bola”, fazer com que não nos alegremos em participar de diversões ou festividades, vai ninar o entusiasmo para novas iniciativas e novos planos. Essa tristeza que “congela” as iniciativas imediatas, acaba tendo um efeito de prudência, faz com que nos ajustemos a nova situação, agora sozinhos. Teremos que apreender novas maneiras para lidar com o cotidiano, sem a presença daquele ente querido que se foi. A tristeza acaba criando a oportunidade para adaptação, a medida que “freia” as novas ações, que faz a “roda” girar mais lentamente. A medida que superação da dor da perda vai progredindo, agente vai se sentindo novamente apto para reagir: “levanta, sacode a poeira e vai em frente!”. Agora a velocidade das ações pode ser retomada, nós já nos adaptamos e nos ajustamos a essa nova realidade pós-perda.

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Há no entanto situação em que a tristeza, em uma dinâmica de desequilíbrio, pode levar à depressão, uma situação extremamente negativa e indesejável. É importante que nós criemos mecanismos que possam entrar rápidamente em ação para reverter esse quadro. Os mecanismos mais comuns podem ser a realização de pequenas tarefas, que vão nos dar a sensação de “dever cumprido”, nos mostrar que “somos capazes”, e daí em diante vamos gradativamente aumentando a “carga” dessas pequenas tarefas, até atingirmos os níveis típicos de um padrão de normalidade, com o efeito emocional de condução ao equilíbrio. Outro mecanismo muito eficiente para a reversão de um quadro depressivo é ajudar aos outros. O ajudar gera uma relação de doação, que tem como feed-back o reconhecimento, que por sua vez aniquila a depressão, por negar a incapacidade de reação diante do sentimento de tristeza. d) Os otimistas Uma última forma de administrar as próprias emoções críticas, independentemente de serem raiva, preocupações, ansiedades ou tristezas, é o estado de espírito otimista. Há pessoas que automaticamente reagem de forma otimista a toda e qualquer situação. O otimismo não é alienatório, o otimista nunca deverá ser um “bobo da corte”. É fundamental que ele seja realista, mas muito criativo, para poder gerar alternativas, perspectivas de futuro e planos de ações factíveis, inseridos na realidade, conectando o momento presente - emocionalmente ameaçador - ao futuro - otimista - através de uma linha clara e bem definida de ações. 2.2.3. Motivação O diagnóstico (2.2.1) e a administração (2.2.2) emocionais vão permitir uma ação integrada entre o racional e o emocional. Pesquisas analisando o motivacional de atletas de alto desempenho20 correlacionam seus resultados com uma alta capacidade de auto-motivarem-se. A minha experiência de pai de triatleta confirma isso. A nossa filha caçula, Ana Carolina, tem se mostrado uma atleta muito dedicada e o triatlom tem modificado sua vida de forma extremamente positiva. 20 veja discussão sobre este tópico no site www.cc.gatech.edu/~jimmyd/summaries/gardner1995.html.

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Em toda a sua juventude, a maior dificuldade da Aninha (apelido da Ana Carolina) em fazer esportes, era o referencial esportivo de sua irmã mais velha, a Rebeca (apenas 16 meses mais velha que ela). A Rebeca tem vocação esportiva. A sua estrutura física a coloca em posição competitiva vantajosa. Ela é naturalmente forte em termos musculares e em sua estrutura óssea. Para a Rebeca, praticar esportes sempre foi fácil e gratificante, pois ela rapidamente destaca-se, por sua natural habilidade esportiva. Inserida nesse cenário, por maior que fosse o esforço que a Aninha fizesse, sempre a Rebeca destacava-se. A Aninha percebeu uma oportunidade de superar esta situação em meados de 2002, quando a Rebeca foi para os Estados Unidos, passar seis meses como aluna intercambista (exchange student). Assim que a Rebeca embarcou, a Aninha começou a treinar de forma extremamente dedicada ao triatlom. Os resultamos foram incríveis. O desafio transformou-se em uma enorme auto-motivação, que a empurrava a superar seus limites. A Aninha melhorou seu rendimento escolar, centrou seus objetivos e tornou-se uma triatleta confederada (Confederação Paulista). Após seis meses, em janeiro de 2003, já no Brasil, quando a Rebeca voltou do intercâmbio, a Aninha até convidou a Rebeca para praticar triatlom, pois ela já se sentia segura o bastante para não mais ver na irmã uma ameaça. O caso da Aninha ilustra muito bem a auto-motivação como um instrumento estratégico para tratar com as ameaças, desafios e oportunidades. A barreira emocional da impotência para superar os desafios foi removida pela motivação, aproveitando de forma muito inteligente a oportunidade da saida da Rebeca por seis meses. O pensamento positivo, o otimismo, a busca pela excelência e o processo contínuo do aprendizado e da superação de limítes são excelentes fatores motivacionais que podemos usar para alavancar resultados e provocar mudanças e crescimento, em todas as direções. 2.2.4. Percepção do emocional dos outros A percepção do estado emocional do outro pode ser sintetizada pelo conceito de empatia. As pessoas empáticas são mais sensíveis aos sinais sociais que indicam o que as outras pessoas precisam ou desejam. A capacidade de perceber o outro, em termos emoconais pode ser denominada empatia. Empatia implica em sensibilidade.A empatia é uma tremenda ferramenta em todo e

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qualquer processo de comunicação. Os bebes são muito sensiveis,e percebem com enorme sensibilidade o ambiente emoconal ao seu redor. Me lembro de um domingo pela manhã, quando nossa filha mais velha, Rebeca,tinha apenas 01 ano de idade. Malú e eu haviamos discutido duramente sobre algum assunto fnanceiro que descordavamos. Acabamos nos acalmando, a discussão virou conversa e logo em seguida estava "tudo bem". Fomos, nós três, almoçar fora. Assim que chegamos ao restaurante, o cousiner (era um Bitro frances muito aconchegante, com atedimento muito amável e pessoal) bricou com a Rebeca.Ela na hora quis ir para o "colo" dele e não quiz ficar em nossa companhia. É claro que na ora de irmos embora, ela veio conosco. A Rebeca, com apenas 01 ano de idade foi capaz de sentir a tensão "no ar", independentemente do conteúdo que estava sendo discutido,e preferiu se refugiar em um "porto" seguro e calmo. A empatia nos relacionamentos faz "toda a difereça", quer seja no ambente familiar, entre amigos, no ambiente social ou no ambiente de trabalho. 2.2.5. Capacidade de gerenciar relacionamentos Observamos um gradiente emocional crescente a medida que caminhados do item 2.2.1 até o item 2.2.4. Quem conhece seus próprios sentimentos (item 2.2.1) pode investir em administra-los (item 2.2.2). Quem consegue com sucesso diagnosticar e administrar seus sentimentos, já está exercitando-se para perceber o estado emocional dos outros (item 2.2.3). Agora basta integrar o processo interno (itens 2.2.1 e 2.2.2) com o processo externo (item 2.2.3): estaremos trabalhando no gerenciamento dos relacionamentos. Recentemente (04 de julho de 2003) meu sobrinho Lourenço (com aproximadamente quatro anos de idade), entrou correndo na igreja e dizia para a Cássia (sua mãe) com tremenda compaixão: " vai lá fora correndo, a Lívia (nossasobrinha, prima dele, com aproximadamente 14 anos) está muito triste, ela está chorando muito". Todos nós estavamos tristes, pois estavamos celebrando um culto em memória ao meu pai (estavamos no velório do papai).

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Para o Lourenço, a morte do "vôvô" é uma experiência nova, ele ainda não conhece esse tipo de sentimnto. Mas a Lívia chorando, ou qualquer outra pessoa chorado é uma experiência que ele já conhece, e consegue identificar-se com ela: empatia, compaixão. Veja que o Lourenço, ao identificar o sofrimento da Lívia, partiu para a ação, para tentar resolver o problema "social" que ele percebeu. Ainda, ele usou a sua própria rede de relacionamentos para buscar uma solução: Ele não chamou a mãe da Lívia para consola-la ou ajuda-la mas sim a sua própria mãe. A iniciativa do Lourenço gerou resultado imediato e a Lívia recebeu o ombro de sua mãe para consola-la. O Lourenço é genial no que se refere ao gerenciamento de relacionamentos. Há aproximadamente dois anos (julho de 2001), estavamos em um mometo de grande alegria: a celebração do anversário de 50 anos de casamento dos meus pais (04 de julho de 2001). Estávamos num culto muito gostoso e muito solene, numa manhã de domingo, na Catedral da I Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo (uma catedral linda, imponente, no centro da cidade de São Paulo). Em sua mensagem central (sermão) o Reverendo Abival (Abival Pires da Silveira), construiu uma linda mensagem sobre o papai e mamãe, que ele carinhosamente chamava por "Dr. Carlos" e " Dona Chiiquinha". Em um momento, ainda mais solene, toda família sobe ao altar (estavamos em quase 50 pessoas, entre filhos, conjuges, netos e amigos mais próximos) para a consagração do casal, e a reafirmação da aliança, na presença da família, dos pastores e de Deus. Nesse momento formal e solene (silencioso) , o Lourenço grita com muito entusiasmo "viva a vovó!". O momento era solene mas a emoção cabia perfeitamente na sua expressão de alegria. Foi um momento de regozijo na alma, toda igreja (haviam mais que 1.000 pessoas na Catedral), descontraiu-se com sorriso, e o próprio Reverendo Abival, também sensível, respondeu dentro de sua atitude solene, mas com uma intimidade familiar "viva a Dona Chiquinha!". Nâo fosse sua limitada idade, com certeza o Lourenço poderia ser contratado como um bom diretor de recursos humanos. Não será surpresa se à medida que se torne adulto, o Lourenço conquiste postos de liderança e posições de destaque, alavancadas por sua extraordinária capacidade de prceber o sentimento do outro, o sentimento coletivo, e ainda mais, agir, tomar iniciativas e liderar ações.

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Quem gerencia bem relacionamentos, integrando o racional e o emocional, na verdade acaba gerenciando popularidade, liderança e gestão de trabalho em equipe. 2.3. A natureza espiritual : O todo Para podermos enterder a natureza espiritual da inteligência humana, vamos, didaticamente falando, separar o homem em três: corpo, alma e espírito. Até aqui estamos vendo que o homem que trabalha bem com suas emoções, consegue tornar-se "mais inteligente", pois alavanca resultados através de sua habilidade emocional. Agora veremos que o mesmo acontece através da inteligência espiritual. Ele alavanca melhores resultados, não somente espiritualmente, mas também nas dimensões intelectual e emocional. É claro que no homem essas três partes são total, profunda e absolutamente integradas, no entanto , desde a Grécia antiga, existe uma ampla reflexão sobre "alma e espírito", bem como seus limites. Para Platão21, a psykhé (ou alma) é subdividida em três partes (tría trichê): A parte superior (logistikón), "imortal", inteligível (noêto), indissolúvel, de forma una e mais próxima do divino, do Noûs (espírito), tem a ver com o intelecto téchnai (técnico). Abaixo dessa, intermediária, a parte "mortal" (thymoeides ou timocrática) e "alógica" , que recebe seus impulsos do "logistikón", como imitação dos preceitos, como um "cão que obedece fielmente ao seu dono", tem a ver com a coragem, o sentimento e o senso de dever. A parte mais inferior (epithymétikón) é igualmente "mortal", não tem lógica, pois não opina, apenas recebe influência externa de sensação, prazer e desejo. Está relacionada ao baixo-ventre (metabolismo, movimento corporal, sexualidade, "id"). Para se Ter uma correspondência moderna, a alma é trimembrada: "ego, sentimento e id" ou "consciente, subconsciente e inconsciente" ou "pensamento, sentimento e atuação". Segundo Platão, a alma realiza todos os processos fisiológicos dentro da corporeidade, pois em verdade ela sustenta o corpo. "O corpo é posto em movimento pela alma", já dizia também Aristóteles (De Anima). Um corte na mão ou uma impressão recebida sofre primeiramente uma percepção na "alma mortal", que transforma a impressão em qualidade a ser arrazoada pela "alma imortal, inteligível". Somente então, a percepção tornada sensação será nomeada de prazerosa ou dolorosa. "Quando uma impressão, mesmo breve, age sobre ela (a alma), suas diferentes partes se lhe transmitem em círculo. Cada uma age semelhantemente sobre a outra, até que a impressão chegue à parte inteligente da alma e lhe manifeste a qualidade do objeto que a produziu". Apesar de sofrer todo tipo de desordens (sensações, desejos, prazeres, pensamentos triviais, etc), continua "ela mesma". Isso ocorre porque está ao redor de um centro imutável, o Noûs, o espírito, o "Deus em nós". 21 Parte do texto deste sub-item foi baseada no seguinte endereço www.vivendasantanna.com.br/medicina/corpo.htm, extraído em 24/julho de 2003, de autoria de Dr. Antonio Marques (Sic site).

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O espírito é, nesse caso, o centro do ser humano, que galvaniza a alma em torno de si. Pode-se dizer: a "consciência de sua consciência" ou, o que gera a "auto-consciência". Assim Aristóteles aponta para essa realidade superior: "A natureza e essência do sumo princípio é espírito imaterial, ato puro, vida serena e bem aventurada, livre de toda interrupção. (...) É uma essência eterna e imóvel que transcende todo o perceptível pelos sentidos. Não pode Ter magnitude ou extensão alguma; é uma unidade indivisível, impassível, imutável. (...) É o sumo princípio de Deus. (...) Isto é o Noûs. O Noûs não é tão somente uma coisa eterna e mais perfeita de todas as coisas: o ato do pensamento é vida". O espírito (Noûs dos gregos ou Self de Jung, ou simplesmente Eu) trabalha a partir da essência humana, se apodera dos "desejos anímicos" e se torna una com a alma. Precisa-se exemplificar melhor. Uma luva em cima da mesa fica imóvel. Ao ser calçada, ela adquire vida e se mexe. Nesse caso, já não se fala nem na luva nem na mão, mas na "mão na luva" (corpo e alma). Mas não dependem somente desses dois elementos os movimentos que se quer dar. Para isso é preciso ainda uma "mente" que os coordene. Portanto o ser humano é composto de corpo, alma e espírito. Ou como diriam os antigos filósofos gregos: corpo, psykhé e Noûs. 2.3.1. Corpo A parte tangível, paupável do ser humano é o seu corpo: a matéria. Para mim é claro que não existe corpo vivo sem alma e espírito, como também, não acredito em “fantasmas” ou “almas-penadas”, desta forma, não existe alma sem corpo. Fica ainda para discutirmos se existe corpo sem espírito, ou espírito fora do corpo humano. Numa simplificação prática, já vi a seguinte analogia: O corpo é como uma lâmpada, em que a corrente elétrica (eletricidade) é o espírito. Corpo sem espírito é morto, sem alma, como uma lâmpada apagada que não produz nem luz nem calor. Corpo vivo, com espírito (corrente elétrica), ativa a alma, que tal como uma lâmpada acesa que gera calor e luz, i.e., tem vontade, emoções e intelecto. É claro que a parte física do ser humano reflete seu “estado” de alma. Através de um sorriso (contrações musculares) a “alma” expressa alegria, no choro talvez um momento de tristeza, angustia, decepção ou desespero. Nesse contexto, ditos populares como “chorar lava a alma” passam a ter mais sentido. Através do próprio corpo também podemos observar o feed-back à alma. Uma comida saborosa, percebida através das papilas gustativas (físico/corpo) pode muitas vezes gerar uma sensação de realização ou satisfação (alma), ou ainda, satisfazer uma carência afetiva (alma), se for a comida “da mamãe”, da esposa, do esposo, de alguém amado, em que a papila gustativa percebe no físico um gesto de carinho “na alma”. Finalmente, o próprio êxtase sexual, o gozo, que é físico, desencadeia toda uma onda prazer e relaxamento que atinge a “alma”.

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2.3.2. Alma Da forma que abordamos o corpo, seria fácil definir a alma como a comparação dos estados animado (vivo) e inanimado (sem vida) do corpo. Se lembrarmos a analogia da lâmpada, a alma corresponde ao calor e à luz de uma lâmpada acesa, comparada à escuridão e ao frio de um corpo sem vida: Uma lâmpada apagada. Tudo que correlacionamos à inteligência emocional passa pela alma. O pensar, a memória (por exemplo lembrar-se de sensações positivas ou traumáticas), todas as emoções e todas as vontades, no sentido motivacional, desde o entusiasmo até a depressão. Da mesma forma, tudo que vimos em termos da natureza do intelectual também passa pela alma. A ciência22 tem pesquisado e tentado correlacionar o intagível do ser humano – a alma - às reações bioquimicas celebrais ou mesmo à genética. Um dos descobridores da hélice dupla do DNA publicou uma pesquisa explicando a alma e atribuindo a consciência humana a um grupo de neurônios. Francis Crick diz que ele e sua equipe encontraram as células responsáveis pela geração da consciência e do "senso de si" dos indivíduos. "A crença da ciência é que nossas mentes - o comportamento de nossos cérebros - podem ser explicadas inteiramente pelas interações das células nervosas." O Novo ensaio de Crick baseia-se em anos de experiências, incluindo estudos de pacientes com danos cerebrais, testes com animais e pesquisa psicológica. Alguns dos dados mais relevantes vêm do uso terapêutico de minúsculas sondas no cérebro de epilépticos para avaliar seus ataques. O estudo descreve como partes distintas do cérebro interagem para gerar a consciência. "Pela primeira vez, temos um esquema coerente para as combinações neurais da consciência em termos filosóficos, psicológicos e neurais", diz o ensaio. "A verdadeira consciência pode ser expressada meramente por um pequeno grupo de neurônios, em particular aqueles que se estendem da parte de trás do córtex para partes do córtex frontal." Independentemente das explicações científicas, podíamos dizer que o intangível do “eu” corresponde à alma, tendo ela características individuais, formando os traços de personalidade de cada um de nós. 2.3.3. Espírito

22 http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2003/03/12/ger021.html: A nova descoberta do cientista pioneiro do DNA: “Celulas da alma” In. O Estado de São Paulo, Geral, Quarta-feira, 12 de março de 2003

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O espírito, que também é intangível, diferentemente da alma, não estaria relacionado às características individuais, à personalidade de cada um de nós, mas sim seria o responsável em ligar cada indivíduo a Deus. Seja qual for o entendimento que você tenha de Deus, uma “energia”, “o universo”, Jesus ou Jeová, o espírito seria o Deus que habita em cada um de nós (entusiasmo, semanticamente corresponde exatamente a essa noção, o Deus que habita dentro de nós). Desta forma, diferentemente da alma, o espírito tem a identificação de Deus e não do homem, fazendo que ele tenha características universalistas e não individualistas. Pela “janela espiritual” nós encontramos Deus, sem deixar a dimensão terrena e material. Nossa família é produtora de café nas montanhas do Sul de Minas (Serra da Mantiqueira). Nas noites de julho (inverno), muitas vezes quando menino, saíamos de dentro de casa e ficávamos maravilhados contemplando o céu e as infinitas estrelas. Papai nos mostrava as diferentes constelações, o “cruzeiro do sul”, “a ursa menor” , a “ursa maior” e tantas outras. Papai era engenheiro, e a idéia construtiva e a complexidade dos sistemas quer sejam de geração de energia ou transporte rodoviário e ferroviário, sempre o levaram a estar envolvido em construções de grandes pontes, projetos de usinas hidro-elétricas, e sistemas complexos de transporte de massa, como o metrô de São Paulo. Ele sempre compartilhava conosco “diante a grandeza do céu eu vejo a grandeza de Deus, as maravilhas de Suas obras”. Parece que há uma entrevista em que Airton Senna dizia que quando ele passava dos 300 quilômetros por hora, ele via Deus ou sentia a sua presença. É o espírito que habita em nós que faz essa “sinapse espiritual”, ou seja, que coloca o nosso físico, a nossa mente – a alma – em ligação com o macrocosmo, com o universo, com Deus. Apreendi com meu pai, ao contemplar a grandeza do céu, perceber o quanto nós somos pequenos, e para mim, a necessidade de depender de Deus. Eu tenho essa mesma sensação, quando nadando no mar, sinto a força das ondas nos “puxando”. A nossa força é insignificante. Nunca experimentei, mas a mesma sensação deve ocorrem diante de um terremoto ou um “tornado” (tufão – ciclone), só que muito mais aterrorizantes.

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Em inúmeras passagens bíblicas nós encontramos a ligação entre o homem e Deus através do espírito. Há duas passagens nos dão bem essa dimensão do espírito na vida do homem. Na primeira, Jesus fala que o homem deve preencher voluntariamente o seu interior espiritual, pois se ele mantiver-se “vazio” , Satanás preencherá o seu interior, e o tomará com muitos demônios23. Estamos até então definindo o espírito como uma ligação de cada um de nós, individualmente a Deus. Essa passagem é muito interessante pois ela nos mostra que o espírito que habita no interior de cada um de nós, nos liga externamente não somente a Deus. Através do nosso ser espiritual nós podemos ser “tomados” por espíritos maus. A segunda passagem bíblica diz que Jesus está à porta e bate (numa analogia à alguém que está passando pela rua e ao parar diante de uma casa, “bate à porta”), e se você abrir a porta e deixar Ele entrar, ele jantará contigo24. Nessa segunda passagem também fica clara uma idéia de ocupar o nosso interior, nesse caso com a presença de Deus (Jesus Cristo). 2.3.4. Uma visão espiritual vivida da integração corpo, alma e espírito Desde a Grécia antiga, através de seus pensadores, o homem trabalha os conceitos corpo, alma e espírito. Esta conceituação se reflete na própria formação cristã apresentada na Bíblia25 . Uma passagem muito interessante que reflete bem essa integração, é a seqüência de acontecimentos anteriores a Jesus ser preso para ser crucificado. 23 Mateus 12:43-45 “… Jesus continuou: -Quando um espírito mau sai de alguém, anda por lugares sem água, procurando onde descansar, mas não encontra. Então diz: "Vou voltar para a minha casa, de onde saí." Aí volta e encontra a casa vazia, limpa e arrumada. Depois sai, vai buscar outros sete espíritos piores ainda, e todos ficam morando ali. Assim a situação daquela pessoa fica pior do que antes. E isso também acontecerá com esta gente má de hoje”. 24 Apocalípse 3:20 “... Escutem! Eu estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu

entrarei na sua casa, e nós jantaremos juntos”. 25 Veja I Tessalonessenses 5:23 “Que Deus, que nos dá a paz, faça com que vocês sejam completamente dedicados a ele. E que ele conserve o espírito, a alma e o corpo de vocês livres de toda mancha, para o Dia em que vier o nosso Senhor Jesus Cristo”.

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Como veremos mais detalhadamente no capítulo 4, Jesus é Deus, ele é o Messias que foi enviado para trazer liberdade para toda a humanidade26. Mas ao mesmo tempo Jesus foi um ser humano, exatamente com nós: Ele tinha corpo e alma. Ele tinha os 05 sentidos físicos (olfato, visão, paladar, audição e tato) como também tinha emoções. Se usarmos uma linguagem contemporânea, Jesus é muito Zen27. Pessoas Zen, são pessoas muito controladas, que sempre trazem paz e harmonia: Jesus era assim. Jesus, pela sua íntima e total ligação com Deus, sabia o seu futuro: Ele sabia que seria crucificado e fisicamente iria sofrer muito!28 À medida que vai se aproximando a hora de Jesus ser preso, o Seu emocional começa a se abalar. Uma das raras situações em que a Bíblia nos mostra “um” Jesus irado, com raiva, é justamente na véspera de Jesus ser crucificado. A páscoa é uma antiga festa hebraica29, instituída aproximadamente há 1.500 anos antes de Cristo. A famosa “Ultima Ceia”30 foi a celebração da Páscoa de Jesus com seus amigos (os seus discípulos). Como todos os demais Israelitas, naquela noite, o jantar era uma refeição especial para celebrar a Páscoa.

26 e 13 Veja Isaias 52:13-15 e 53: 1-12 “ ... Ele foi rejeitado e desprezado por todos; ele suportou dores e sofrimentos sem fim. … ele estava sofrendo por causa dos nossos pecados, estava sendo castigado por causa das nossas maldades. Nós somos curados pelo castigo que ele sofreu, somos sarados pelos ferimentos que ele recebeu … Ele foi maltratado, mas agüentou tudo humildemente e não disse uma só palavra. Ficou calado como um cordeiro que vai ser morto … Foi preso, condenado e levado para ser morto, e ninguém se importou com o que ia acontecer com ele. Ele foi expulso do mundo dos vivos, foi morto por causa dos pecados do nosso povo. 27 Em Japonês Zen corresponde a um grau extremo de qualidade, um nível superior, supremo. Zen tem implícito, o corpo e a mente alinhados e subordinados ao espírito. O conceito Kaizen, muito usado em Administração, tem embutido em si dois componentes: Kai: Melhoria contínua e Zen: Qualidade superior – Qualidade total. 29 Veja Êxodo 12:14-27 “Comemorem esse dia como festa religiosa para lembrarem que eu, o Deus Eterno, fiz isso. Vocês e os seus descendentes devem comemorar a Festa da Páscoa para sempre ... Moisés mandou chamar todas as autoridades do povo e disse: -Escolham carneiros ou cabritos e os matem para que todas as famílias israelitas possam comemorar a Páscoa ... É o sacrifício da Páscoa em honra do Deus Eterno, pois no Egito ele passou pelas casas dos israelitas e não parou14a. O Eterno matou os egípcios, mas não matou as nossas famílias." Então os israelitas se ajoelharam e adoraram ao Deus Eterno”. 14a Veja Êxodo 11:4-7 “Então Moisés disse ao rei: -O Deus Eterno diz: "Perto da meia-noite eu vou passar pelo Egito, e no país inteiro morrerá o filho mais velho de cada família, desde o filho do rei, que é o herdeiro do trono, até o filho da escrava que trabalha no moinho; morrerão também as primeiras crias dos animais. Em todo o Egito haverá gritos de dor, como nunca houve antes e nunca mais haverá. Mas, entre os israelitas, nem mesmo um cachorro latirá para uma pessoa ou um animal. E assim vocês ficarão sabendo que o Deus Eterno faz diferença entre os egípcios e os israelitas."

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Depois de jantarem, Jesus já havia dados todas as “dicas” que ele iria ser morto, que Judas o havia traído31. Estas manifestações de Jesus, são o seu lado humano, são emocionais. Ele começava a extravasar o seu estado de alma, o conflito que ele já começava a sofrer: Espírito x Alma – Espiritual x Emocional. Depois de jantarem, Jesus e os discípulos não vão para a cidade, mas sim para o Monte das Oliveiras, para orar. Chegando ao local que , Jesus pede para seus amigos (os discípulos) orarem, e ele anda mais um pouco e fica orando, em separado. O conflito de Jesus é enorme entre o seu emocional e físico (corpo), que estava aflito pelo sofrimento que Ele sabia que ia sofrer. Jesus ora, pedindo para seu Pai (Deus), que se desse para Ele mudar os planos:

-Pai, se queres, afasta de mim este cálice de sofrimento! Porém que não seja feito o que eu quero, mas o que tu queres32.

Jesus interrompe a sua oração para ir ver os seus amigos. E quando ele os encontra, eles estão dormindo, ao invés de estarem orando. Jesus fica “p ... da vida”. Ele fica muito chateado, acorda os seus amigos, “dá uma broca”. Pede para que eles continuem orando ao invés de dormirem, e volta a orar sozinho. Neste momento, a angustia de Jesus é tanta, que o seu estado espiritual (de saber o futuro), afeta o seu emocional (Ele se aborrece; Ele fica bravo) e que também afeta o seu físico: Jesus começa a suar [frio], a ponto de seu suor escorrer e cair em gotas sobre o chão33. Dali a pouco Jesus interrompe a sua oração para ir novamente ver seus amigos, e a mesma cena se repete: Quando Ele os encontra, eles estavam novamente dormindo. Jesus os acorda, “dá outra bronca” e pede para eles orarem e ele volta para orar sozinho. Jesus volta a orar sozinho, e em oração percebe-se que o seu estado emocional começa a mudar. Dali a pouco ele interrompe a sua oração, chama os discípulos, e seguem em direção a um grupo de pessoas que vem em sua direção: Ele sabia que naquele momento

15 e 31 Veja Lucas 22 15,16 e 21 “[Jesus] lhes disse: -Como tenho desejado comer este jantar da Páscoa com vocês, antes do meu sofrimento! Pois eu digo a vocês que nunca comerei este jantar até que eu coma o verdadeiro jantar que haverá no Reino de Deus ... Pois o Filho do Homem vai morrer da maneira como Deus já resolveu. Mas infeliz daquele que está traindo o Filho do Homem!” 32 Lucas 22:42 33 Veja Lucas 22:44 “Cheio de uma grande aflição, Jesus orava com mais força ainda. O seu suor era como gotas de sangue caindo no chão”.

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ele seria preso. Agora Ele já se dirige oas que vem prende-Lo, com mais mansidão, e no seu estilo pessoal mais Zen. Nos estudos de caso apresentados no Capítulo 4, veremos vários artigos que relacionam o estado de espírito – a fé – como uma ferramenta poderosa na cura de doenças (corpo). Há também o reverso. Recentemente assisti em um programa (pela NET-TV a cabo) sobre saúde, em que o Dr. Martins34 é o ancora, em que os médicos participantes apontavam estatísticas, em que um percentual muito elevado das causas de câncer feminino (mama e ovário) estão relacionados à perdas, que sejam emocional (perda de um filho, cônjuge) econômica (perda de emprego, insucesso empresarial) ou física (acidente, etc.). Ou seja, por fatores psico-somáticos.

34 Dr. José Martins Filho é médico pediatra. Professor titular da UNICAMP, onde também foi reitor, na década de 90.

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Capítulo 3. Homens com Inteligência Espiritual - IE3 Há pessoas que se destacam ainda quando crianças. Henry Ford foi um desses homens35. Desde muito jovem ele já demonstrava um enorme interesse por mecânica, desde relógios até charretes. Homens como Henry Ford, destacaram-se pelo seu brilhantismo, pela sua inteligência, por serem, de alguma forma distintos de seus colegas, por distinguirem-se na multidão, e tornarem-se vencedores. Há outros homens, que mesmo sendo brilhantes, cresceram na adversidade, cresceram por terem sobre si limitações que lhes foram impostas, as quais permitiram que eles adquirissem a noção de dependência de Deus. Gosto de definir Inteligência Espiritual - IE3 - como a consciência de dependência de Deus: Tão mais Inteligente (Espiritualmente) se é, quanto mais se tem consciência de sua dependência de Deus. 3.1. O executivo José do Egito 3.1.1. José era diferente José não era profeta. José era uma pessoa comum. José era filho de Jacó (sua mãe Raquel), neto de Isaque, bisneto de Abraão, o patriarca dos Israelitas e Mulçumanos (aproximadamente 2.000 A.C). Jacó teve duas esposas (antigamente, em Israel a poligamia era permitida), irmãs entre si: Lia e Raquel. Com Lia Jacó teve seis filhos e uma filha, com Raquel dois filhos. Por intrigas entre si, disputando a atenção do marido, Lia e Raquel ofereceram suas servas Zilpa e Bila para Jacó. Cada uma delas tiveram dois filhos de Jacó. Considerando somente os homens, Jacó teve doze filhos, com quatro mulhes (duas esposas e duas servas). A descendência de Jacó dão origem, historicamente, às doze tribos de Israel.

35 Veja mais em: Wallace, A. Boys who made good. New York, NY: Richard R. Smith, Inc. 1931. p.135.

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José foi o 11o filho de Jacó, sendo o primeiro filho de Raquel. Raquel ainda deu à luz à Benjamim (o filho caçula de Jacó), no entanto morreu no parto. A história de Jacó é cheia de trapaças, na maioria como autor, em outras como vítima. Jacó queria casar-se com Raquel, e foi pedir a sua mão em casamento. Labão, pai de Raquel fez um negócio com Jacó, no qual ele trabalharia por sete anos cuidando dos negócios de Labão, e receberia então Raquel como esposa. Depois dos sete anos trabalhados, finalmente chegou o dia do casamento. Na hora das núpcias, Labão trocou Raquel por Lia, sem que Jacó percebesse. Jacó acabou passando a noite da “lua-de-mel” com Lia, e não com Raquel. No dia seguinte ele percebe a trapaça e vai “brigar” com o seu sogro. Labão explica que não ficava bem ele casar-se com Raquel, sem que Lia, que era a filha mais velha, tivesse se casado primeiro: Era um costume daquela região. Jacó então negocia novamente com Labão, e combina de trabalhar outros sete anos para então receber Raquel, o que finalmente acontece: Jacó recebe Raquel por esposa, a mulher que ele tanto amava, e por quem esperou (e trabalhou) 14 anos. Com isso havia uma clara distinção entre Raquel e Lia: Jacó realmente amava à Raquel. Lia foi somente uma imposição que surgiu no caminho. É claro que os filhos percebiam essa diferença. Desta forma, quando José nasceu, ele distinguia-se dos demais, pois era o primeiro filho de Raquel (a amada), era o caçula, por conseguinte, tornou-se o predileto de Jacó36. José tinha sonhos. Deus pode usar nossos sonhos como uma maneira para falar conosco (Capítulo 6, secção 6.4.2. b). Os sonhos que José tinha, eram Deus mostrando o futuro para ele (os acontecimentos futuros confirmam os sonhos de José). Quando José era muito jovem, ele ainda não sabia que seus sonhos eram revelações de Deus, e isso gerava grandes confusões em sua vida, a ponto de seus irmãos ficarem profundamente enciumados, e o próprio pai lhe dar uma tremenda “bronca” 37. Como José era uma espécie de “rapa do tacho”38, ele era muito mais novo que seus irmãos, e por isso normalmente não os acompanhava no trabalho.

36 Veja Gênesis 37:3-4 “Jacó já era velho quando José nasceu e por isso ele o amava mais do que a todos os seus outros filhos. Jacó mandou fazer para José uma túnica longa, de mangas compridas. Os irmãos viam que o pai amava mais a José do que a eles e por isso tinham ódio dele e eram grosseiros quando falavam com ele”. 37 Veja Gênesis 37:5 e 10 “Certa vez José teve um sonho e o contou aos seus irmãos. Aí é que ficaram com mais raiva dele ... Quando José contou esse sonho ao pai e aos irmãos, o pai o repreendeu”.

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Certo dia Jacó mandou José ir ver os seus irmãos, que haviam saído cedo para trabalhar. Para quem está acostumado com o trabalho no campo, isto é muito comum. Os irmãos de José, quando o viram vindo sozinho, resolveram que iam mata-lo, e dizer para Jacó que algum animal selvagem havia atacado e matado José. O irmão mais velho, Rubem, acabou intervindo e conseguiu fazer com que eles somente o pusessem em uma cisterna (sem água), da qual ele não conseguiria sair sozinho (a intenção de Rubem era de voltar depois, sem os outros irmãos e libertar José). E assim eles fizeram. Rubem se envolveu no trabalho, e quando voltou, algumas horas mais tarde, re-encontrou seus irmãos, mas José não estava mais na cisterna. Rubem ficou preocupado, e quis saber de José. Os irmãos falaram que havia passado um bando de mercadores (Ismaelitas39), e eles resolveram vender José (ficaram com a túnica dele), e receberam um pagamento em prata. Rubem ficou aborrecido, mas não tinha mais o que fazer, e acabou envolvendo-se na “mentira” que contaram para Jacó. Eles mataram um bode, rasgaram a túnica de José e a molharam no sangue, para então mostrar a Jacó: “Achamos estes restos de túnica ensangüentados, não será de José?” . Vendo os restos da túnica, Jacó a reconhece e conclui que José deve ter sido despedaçado e morto por algum animal selvagem e chora profundamente a morte do filho querido40. 3.1.2. José torna-se “ninguém” Logo em seguida, os mercadores vendem José para Potifar, um comandante da guarda egípcia, que o leva para o Egito. Tudo que José fazia dava certo. Potifar observando isso vai promovendo-o, até que José, embora jovem, torna-se o mordomo de sua casa. José passa a ter a total confiança de Potifar. A esposa de Potifar tenta seduzir José, mas ele resiste por entender que estaria traindo o seu patrão e errando diante de Deus41. Ela, com seu espírito feminino magoado, sente-se rejeitada e faz uma “armação” que acaba levando José à prisão.

38 Expressão usada em Minas Gerais, para o último filho de uma família: Como que num tacho de comida, depois de esvaziado, se rasparmos com uma colher, ainda vamos tirar os últimos restos de alimento grudados: a raspa do tacho ou, “rapa do tacho”. José acabou sendo a “rapa” por pouco tempo, pois logo nasceu Benjamin. Este sim foi o caçula. 39 Povo que se formou da descendência de Abraão com Agar (criada de Sara, sua esposa), que concebeu Ismael: Muçulmanos. 40 Gênesis 37: 14-35 41 Veja Gênesis 39:8-9 “Ele recusou, dizendo assim: -Escute, o meu dono não precisa se preocupar com nada nesta casa, pois eu estou aqui. Ele me pôs como responsável por tudo o que tem. Nesta casa eu

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Na prisão logo José distingue-se dos demais presos, pois a interpretação de sonhos, enviada por Deus, continuava a acompanha-lo42. José ficou preso por mais dois anos, até que o Rei (Faraó) teve um sonho que ninguém conseguia interpretar. O Rei já estava furioso e chateado. O copeiro chefe, que servia o rei, conhecia José e a sua capacidade para interpretar sonhos (pois esteve preso com ele, teve um sonho, José interpretou, e de fato o futuro dele foi exatamente o que José havia interpretado), e conta ao rei sobre José. O rei imediatamente manda chamá-lo (da prisão) à sua presença. 3.1.3. José torna-se governador: O primeiro na hierarquia, somente abaixo do

Rei43

“… Um dia o rei do Egito sonhou que estava de pé na beira do rio Nilo. De repente saíram do rio sete vacas bonitas e gordas, que começaram a comer o capim da beira do rio. Logo em seguida saíram do rio outras sete vacas, feias e magras, que foram ficar perto das primeiras vacas, na beira do rio. E as vacas feias e magras engoliram as bonitas e gordas. Aí o rei acordou. Mas tornou a dormir e teve outro sonho. Desta vez ele viu sete espigas de trigo que saíam de um mesmo pé; elas eram boas e cheias de grãos. Depois saíram sete espigas secas e queimadas pelo vento quente do deserto e elas engoliram as sete espigas cheias e boas. O rei acordou: tinha sido um sonho.

mando tanto quanto ele. Aqui eu posso ter o que quiser, menos a senhora, pois é mulher dele. Sendo assim, como poderia eu fazer uma coisa tão imoral e pecar contra Deus?” 42 Veja Gênesis 40: 8-23 “... disse José. -Vamos, contem o que sonharam. Então o chefe dos copeiros contou o seu sonho. Ele disse: -Sonhei que na minha frente havia uma parreira que tinha três galhos. Assim que as folhas saíam, apareciam as flores, e estas viravam uvas maduras. Eu estava segurando o copo do rei; espremia as uvas no copo e o entregava ao rei. José disse: -A explicação é a seguinte: os três galhos são três dias. Daqui a três dias o rei vai mandar soltá-lo. Você vai voltar ao seu trabalho e servirá vinho ao rei, como fazia antes. ... Quando o chefe dos padeiros viu que a explicação era boa, disse: -Eu também tive um sonho. Sonhei que estava carregando na cabeça três cestos de pão. No cesto de cima havia todo tipo de comidas assadas que os padeiros fazem para o rei. E as aves vinham e comiam dessas comidas. José explicou assim: -O seu sonho quer dizer isto: os três cestos são três dias. Daqui a três dias o rei vai soltá-lo e vai mandar cortar a sua cabeça. Depois o seu corpo será pendurado num poste de madeira, e as aves comerão a sua carne. Três dias depois o rei comemorou o seu aniversário, oferecendo um banquete a todos os seus funcionários. Ele mandou soltar o chefe dos copeiros e o chefe dos padeiros e deu ordem para que viessem ao banquete. E aconteceu exatamente o que José tinha dito” 43 Gênesis 41.

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De manhã ele estava muito preocupado e por isso mandou chamar todos os adivinhos e todos os sábios do Egito. O rei contou os seus sonhos, mas nenhum dos sábios foi capaz de dar a explicação. Então o chefe dos copeiros disse ao rei: -Chegou a hora de confessar um erro que cometi. Um dia o senhor ficou com raiva de mim e do chefe dos padeiros e nos mandou para a cadeia, na casa do capitão da guarda. Certa noite cada um de nós teve um sonho, e cada sonho queria dizer uma coisa. Lá na cadeia estava com a gente um moço hebreu, que era escravo do capitão da guarda. Contamos a esse moço os nossos sonhos, e ele explicou o que queriam dizer. E tudo deu certo, exatamente como ele havia falado. Eu voltei para o meu serviço, e o padeiro foi enforcado. Então o rei mandou chamar José, e foram depressa tirá-lo da cadeia. Ele fez a barba, trocou de roupa e se apresentou ao rei. Então o rei disse: -Eu tive um sonho que ninguém conseguiu explicar. Ouvi dizer que você é capaz de explicar sonhos. -Isso não depende de mim, respondeu José. -É Deus quem vai dar uma resposta para o bem do senhor, ó rei. Aí o rei disse: -Sonhei que estava de pé na beira do rio Nilo. De repente saíram do rio sete vacas bonitas e gordas, que começaram a comer o capim da beira do rio. Depois saíram do rio outras sete vacas, mas estas eram feias e magras. Em toda a minha vida eu nunca vi no Egito vacas tão feias como aquelas. E as vacas feias e magras engoliram as bonitas e gordas, mas nem dava para notar isso, pois elas continuavam tão feias como antes. Então eu acordei. Depois tive outro sonho. Eu vi sete espigas de trigo boas e cheias de grãos, as quais saíam de um mesmo pé.

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Depois saíram sete espigas secas e queimadas pelo vento quente do deserto e elas engoliram as sete espigas cheias e boas. Eu contei os sonhos aos adivinhos, mas nenhum deles foi capaz de explicá-los. Então José disse ao rei: -Os dois sonhos querem dizer a mesma coisa. Por meio deles Deus está dizendo ao senhor o que ele vai fazer. As sete vacas bonitas são sete anos, e as sete espigas boas também são. Os dois sonhos querem dizer uma coisa só. As sete vacas magras e feias que saíram do rio depois das bonitas e também as sete espigas secas e queimadas pelo vento quente do deserto são sete anos em que vai faltar comida. É exatamente como eu disse: Deus mostrou ao senhor, ó rei, o que ele vai fazer. Virão sete anos em que vai haver muito alimento em todo o Egito. Depois virão sete anos de fome. E a fome será tão terrível, que ninguém se lembrará do tempo em que houve muito alimento no Egito. A repetição do sonho quer dizer que Deus resolveu fazer isso e vai fazer logo. E José continuou: -Portanto, será bom que o senhor, ó rei, escolha um homem inteligente e sábio e o ponha para dirigir o país. O rei também deve escolher homens que ficarão encarregados de viajar por todo o país para recolherem a quinta parte de todas as colheitas, durante os sete anos em que elas forem boas. Durante os anos bons que estão chegando, esses homens ajuntarão todo o trigo que puderem e o guardarão em armazéns nas cidades, sendo tudo controlado pelo senhor. Assim o mantimento servirá para abastecer o país durante os sete anos de fome no Egito. Assim o povo não morrerá de fome. O conselho de José agradou ao rei e aos seus funcionários. E o rei lhes disse: -Não poderíamos achar ninguém melhor para dirigir o país do que José, um homem em quem está o Espírito de Deus. Depois virou-se para José e disse: -Deus lhe mostrou tudo isso, e assim está claro que não há ninguém que tenha mais capacidade e sabedoria do que você. Você vai ficar encarregado do meu palácio, e todo o meu povo obedecerá às suas ordens. Só eu terei mais autoridade do que você, pois sou o rei.

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Neste momento eu o ponho como governador de todo o Egito. Então o rei tirou do dedo o seu anel-sinete e o colocou no dedo de José. Em seguida mandou que o vestissem com roupas de linho fino e pôs uma corrente de ouro no pescoço dele. Depois fez que José subisse no carro reservado para a segunda mais alta autoridade do país e mandou que os seus homens fossem na frente dele, gritando: "Abram caminho!" Assim José foi posto como governador de todo o Egito.

O rei disse a José: -Eu sou o rei, mas sem a sua licença ninguém poderá fazer nada em toda a terra do Egito. O rei pôs em José o nome de Zafenate Panéia e lhe deu como esposa Asenate, filha de Potífera, que era sacerdote da cidade de Heliópolis. José tinha trinta anos quando entrou para o serviço do rei do Egito. Ele saiu da presença do rei e viajou por todo o Egito. Durante os sete anos de fartura a terra produziu cereais em grande quantidade. E José ajuntou todos os cereais e os guardou em armazéns nas cidades, ficando em cada cidade os cereais colhidos nos campos vizinhos. José ajuntou tanto mantimento, que desistiu de pesar, pois não dava mais: parecia a areia da praia do mar. Antes de começarem os anos de fome, José teve dois filhos com a sua mulher Asenate. Pôs no primeiro o nome de Manassés e explicou assim: "Deus me fez esquecer de todos os meus sofrimentos e de toda a família do meu pai." No segundo filho pôs o nome de Efraim e disse: "Deus me deu filhos no país onde tenho sofrido." Então acabaram-se os sete anos de fartura no Egito, e, como José tinha dito, começaram os sete anos de fome. Nos outros países o povo passava fome, mas em todo o Egito havia o que comer. Quando os egípcios começaram a passar fome, foram pedir alimentos ao rei. Ele disse: -Vão falar com José e façam o que ele disser. Quando a fome aumentou no país inteiro, José abriu todos os armazéns e começou a vender cereais aos egípcios. E de todos os países vinha gente ao Egito para comprar cereais de José, pois no mundo inteiro havia uma grande falta de alimentos”.

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3.1.4 Conclusão A história de José é linda e dramática: Seria uma boa trama para o cinema, ou até mesmo para telenovelas, pois ela tem o toque da mentira, da maldade,do ciúme (dos irmãos de José) e da injustiça (quando José é preso, pela armação mentirosa da esposa de Potifar). Por outro lado ela tem o toque da vitória do bem: Finalmente José é reconhecido e ganha poder, família, prosperidade. Se você está gostando da história de José e quiser continuar a lê-la, ela está na Bíblia, no livro de Gênesis dos capítulos 37-50 (até o capítulo 41, já vimos aqui). A particularidade que destaca José dos outros personagens da história dos Israelitas e da história da humanidade em geral, nestes últimos 5.000 anos, é a característica singular desta história: José tornou-se “ninguém”, e isso criou a oportunidade dele crescer em intimidade com Deus, e permitiu que Deus fizesse José um homem com grande Inteligência Espiritual – IE3 : Espiritualmente falando, José era um gênio! José tornou-se “ninguém”, quando foi levado e vendido para o Egito. José saiu da condição de “filhinho predileto do papai” para tornar-se escravo. Ainda, José saiu de Israel, onde seu pai era próspero e respeitado como um dos patriarcas da terra, e vai para um país distante, onde não é conhecido e não conhece ninguém. Foi na condição de ser “ninguém” que José ganhou intimidade com Deus, a ponto de poder amadurecer, distinguir e sentir que aquela capacidade de revelar o futuro, através da interpretação de sonhos, era um dom de Deus44. A sua condição de ser “ninguém”, de não ter a quem recorrer, de estar preso numa condição injusta (uma mentira contra ele) e não poder fazer nada, permitiram que José alcançasse um grau máximo de Inteligência Espiritual – IE3 : Ter a consciência que ele era totalmente dependente de Deus. É muito comum quando pensamos em alguém dependente de Deus, com elevada intimidade com Deus, pensamos em um profeta, um pastor, um padre, alguém chato de tanto que fala de Deus. Alguém que não tem outro assunto, é Deus, Deus, Deus e Deus! José não era essa pessoa, muito pelo contrário, ele era uma pessoa normal. Era um executivo de estado, um governador. Ele planejava, ele trabalhava e executava planos e projetos. Ele nem sequer tornou-se um líder religioso. José vivia a dependência de Deus, ao invés de dizer que era dependente de Deus. 44 Veja Gênesis 41:16 “... -Isso não depende de mim, respondeu José. -É Deus quem vai dar uma resposta para o bem do senhor, ó rei”.

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Capítulo 4. Fundamentando a sua inteligência espiritual - IE3 Quando tratamos da natureza espiritual do homem, no capítulo 1, dissemos que a espiritualidade humana pode ser expressa pela inteligência espiritual (IE3) e traz uma nova dimensão ao ser humano. Se a inteligência intelectual (II) e a inteligência emocional (IE) relacionam o indivíduo consigo mesmo, com o meio social em que está inserido e com o meio ambiente externo, a IE3 relaciona o homem ao macro-cosmos, relaciona o ser humano a Deus45. 4.1. Primeiro Passo : Reconhecer a existência de Deus Através da IE3 o homem toma para si a dependência que ele naturalmente tem de um ser supremo, de um ser superior, de seu relacionamento com o universo como um todo. Vivemos numa época em a única certeza que temos é a de que tudo pode ser mudado. A reengenharia sistematizou o estar constantemente prontos para a mudança, para as empresas em geral. O stress da vida moderna nos empurra constantemente novos produtos e serviços. Então, por que não mudarmos o nosso interior, a nossa postura de vida: Uma reengenharia pessoal, no interior de nossa mente e na mais profunda intimidade de nosso coração46. O que é obvio em termos empresariais, nós também podemos aplicar em nós mesmos. A reengenharia espiritual é deixarmos tudo para trás e começarmos de novo, “do zero”, “do nada”: uma página em branco para ser novamente escrita. Nessa nova página em branco, você vai começar a escrever sua nova relação com Deus. Pode ser que o seu estilo administrativo ou perfil pessoal não seja de reengenharia, não seja de mudanças tão radicais. Você é mais do estilo de “melhoria contínua da qualidade”, você tem um perfil mais “Kaizen”. Não tem problema. O que nos interessa nesse momento é que você deseja desenvolver a sua inteligência espiritual - IE3 – a sua espiritualidade.

45 O ser superior Deus, para mim é o Deus (Jeová) criador do universo, Senhor sobre todas as coisas (Veja Genesis capítulo 01 a 03) quem enviou Jesus Cristo, como o Messias (veja Isaias 35), Deus feito homem, Senhor e Salvador, e que habita em nós através da ação do Espírito Santo. Toda a fundamentação deste Deus pode ser encontrada na Bíblia Sagrada, tanto no Velho como também no Novo Testamento. Para mim, Jesus Cristo é Deus, único Senhor, Salvador, e único intercessor entre o homem e Deus (leia João 14:06), e faz parte da trindade junto com Deus e o Espírito Santo. 46 2 Coríntios 5:17 Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo.

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Imagine Deus como uma pessoa, e que vocês (você e Deus) sentam-se para “bater-papo”. Nessa conversa você vai mostrar para Deus que você não tinha percebido que Ele existia, e que por isso você nunca “deu muita bola” para Ele ou para a natureza espiritual na sua vida, mas que Ele desculpe “a mancada”, que agora você quer mudar, começar de novo, ou, aperfeiçoar seu lado espiritual, reconhecendo que Deus existe.

- É só isso!

4.2. Segundo Passo : Operacionalizar a relação com Deus: Crer Quando me refiro a Deus, não estou falando de qualquer entidade espiritual, mas sim de um ser único, superior a todo e qualquer outro ser real ou espiritual, um ser único, ou seja, não há outro igual. Nós estamos falando de Deus, quem criou o céu (o universo) e a terra e tudo que nela há, mesmo que eu e você não saibamos exatamente como Ele criou. Quando estamos tratando da inteligência espiritual - IE3 - estamos tratando de nossa ligação com o universo, com o macro-cosmo, com algo grandioso, universal: Deus. Nessa decisão de crescer espiritualmente, de adquirir maior inteligência espiritual - IE3 – o passo mais complicado é o primeiro, que se você não abandonou a leitura desse capítulo, você já está dando, ao passar para o segundo passo: Crer. Se nós já assumimos que Deus existe, já nos reposicionamos em nosso relacionamento com Ele, agora para podermos continuar a crescer espiritualmente, basta operacionalizarmos isso. A partir de agora, basta continuar crendo nisso (que Deus existe) e vamos seguir adiante. Você verá que à medida que o seu lado espiritual for desenvolvendo-se, você vai começar a encontrar uma nova dinâmica de vida, em que o espiritual, o emocional e o intelectual passam a interagir e a integrarem-se mutuamente. Você provavelmente crê que seu time de futebol pode ganhar o campeonato; muitos de nós cremos que o país pode dar certo; você crê que você é capaz de ser um bom profissional (talvez já seja); você crê que pode realizar seus sonhos. - Isto é crer! Crer, muito mais que lógica e conhecimento, implica em atitude: assumir uma posição.

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4.3. Terceiro Passo: Entender por que Jesus Cristo é o Messias - O Salvador O Deus Cristão é um deus moderno, inovador. Muitas religiões tem um relacionamento mais primitivo com Deus, onde o homem para se aproximar de Deus deve oferecer sacrifícios e oferendas. O próprio Deus Cristão também era assim, antes da vinda de Jesus. Se lermos na Bíblia o Velho Testamento, sempre iremos identificar as formas indicadas e apropriadas que eram usadas para agradar a Deus, ou obter o perdão Dele. O livro de Levítico trata detalhadamente deste assunto, notadamente nos capítulos de 01 até 06. Veja o trecho bíblico de Levítico, capítulo 01, para as ofertas de animais (holocaustos) :

O Deus Eterno chamou Moisés e de dentro da Tenda Sagrada mandou que ele desse aos israelitas as seguintes leis a respeito dos sacrifícios. Quando um homem oferecer um animal em sacrifício ao Deus Eterno, ele poderá escolhê-lo do seu gado ou do seu rebanho de ovelhas e cabras. Se ele oferecer um animal do seu gado para ser completamente queimado no altar, então deverá ser um touro sem defeito. Para que o Deus Eterno o aceite, o homem levará o touro até a entrada da Tenda Sagrada. Ali ele porá a mão na cabeça do animal a fim de que seja aceito como sacrifício para conseguir o perdão dos seus pecados. O homem matará o touro ali na frente da Tenda Sagrada, e os sacerdotes, que são descendentes de Arão, oferecerão a Deus o sangue do animal e depois borrifarão com ele os quatro lados do altar que está na frente da Tenda. Em seguida o homem tirará o couro do animal e depois cortará o corpo em pedaços. Os sacerdotes acenderão fogo em cima do altar, arrumarão a lenha sobre o fogo e colocarão sobre ela os pedaços do touro, a cabeça e a gordura que cobre os intestinos. O homem lavará os miúdos e as pernas do animal, que também serão queimados no altar. O sacerdote queimará o touro todo como um sacrifício que tem um cheiro agradável ao Deus Eterno. Se o homem oferecer em sacrifício a Deus um carneiro ou um cabrito, o animal deverá ser um macho sem defeito…

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A idéia é que sempre que fosse oferecer alguma coisa para Deus, tinha que ser o melhor (sem defeito). As religiões de origem asiáticas (são mais contemplativas), de modo geral crêem que para se alcançar a vida eterna, o ideal espiritual – o Zen – é necessário que o homem passe por um processo de purificação e aperfeiçoamento espiritual. Para as religiões asiáticas, quando alguém morre, se ainda não tiver alcançado a “qualidade total espiritual” será re-encarnado e voltará para a Terra, num próximo ciclo de vida. De certa forma, é um castigo por não ter sido bom o suficiente na vida anterior. A inovação que o Deus Cristão criou, foi mudar todo esse relacionamento. Ele criou (para Ele mesmo) um único holocausto. Esse holocausto seria sacrificado uma única vez, e a partir daí, ninguém mais precisaria oferecer nenhum sacrifício a Deus: todos os pecados já estariam perdoados a partir daquele único sacrifício. Esse holocausto é Jesus. É por isso que vemos na Bíblia Jesus ser chamado de o cordeiro de Deus47. É por isso que Jesus é o Salvador, pois a partir de sua crucificação (holocausto), todos os nossos pecados estão perdoados. Basta nós declararmos para Deus que nós aderimos à proposta Dele. Veja que Deus é “um cara” genial. Ele mudou totalmente a dinâmica do relacionamento do homem com Ele. Agora, não há mais sacrifício, nem castigo. A nossa vida espiritual não depende mais de qualquer rotina, religiosidade, procedimento ou sacrifício que nós façamos. A única coisa que nós precisamos fazer é aderir à proposta que o Deus Cristão nos faz: Aceitar que Jesus seja o nosso sacrifício oferecido à Deus. 4.4. Quarto Passo : Aderir à proposta do Deus Cristão: aceitar Jesus Cristo como

Salvador Mesmo que seja para nos ajudar, para nos livrar de qualquer sacrifício, o Deus Cristão tem como princípio em seu relacionamento com o homem o “Livre Arbítrio”. Ele propõe, e, na nossa vida somos nós que mandamos. Nós fazemos as nossas opções, segundo os nossos critérios: “... it’s up to you!”..

47 Veja João 1:29 “No dia seguinte, João viu Jesus vindo na direção dele e disse: -Aí está o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!

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Se buscarmos na bíblia, Jesus diz que ele é o caminho, a verdade e a vida, e que ninguém se liga a Deus, a não ser através dele (Jesus)48 . Mas Jesus também afirma que ele não é invasor, ou seja, Ele não entra onde não foi chamado49. Esse quarto passo é mais ou menos como início de namoro. Alguém chamou a sua atenção; vocês “trocaram um olhar” e se acharam interessantes. O próximo passo é vocês apresentarem-se um-ao-outro e darem início a um novo relacionamento. Com Deus não é diferente. Ele está à porta (do seu coração, da sua alma). Se você abrir a porta, ele entra, vocês conversam e começam a se conhecerem. A “coisa” é simples. Basta você “aderir a proposta do Deus Cristão” e declarar (se você quiser, você pode fechar os olhos):

“Senhor Deus, a partir de agora estou reconhecendo que Você existe, e que mandou Jesus para a Terra, para me salvar das coisas ruins deste mundo e dos meus pecados. Antes de Jesus vir ao mundo, o homem tinha que fazer sacrifícios para agradar à Você e se livrar do pecado. Ainda hoje há muita gente que acredita que fazendo sacrifícios físicos e espirituais alcança o perdão de Deus. Mas quando Jesus foi crucificado e morto, Ele tornou-se o único sacrifício para Você-Deus, e a partir da cruz, todos nós estamos salvos e livres do pecado, ao aceitarmos Jesus como o Messias, o Salvador – o cordeiro enviado por Você. Jesus, eu sei que já fiz muitos erros, mas a partir de agora eu quero que Você entre na minha vida e me ajude a mudar o meu futuro: A partir de agora e até a vida eterna, Eu quero andar pelos Seus caminhos e estar junto de Ti e de Deus. Em nome de Jesus50 . Amém51”.

48 Veja João 14:06 “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”. 49 Veja Apocalipse 03:20 Escutem! Eu estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,

eu entrarei na sua casa, e nós jantaremos juntos. 50 Veja João 16:25-28 “... falarei [Jesus] claramente a vocês a respeito do Pai. Naquele dia vocês pedirão coisas em meu nome. E eu digo que não precisarei pedir ao Pai em favor de vocês, pois o próprio Pai os ama. Ele os ama porque vocês, de fato, me amam e crêem que vim de Deus. Eu vim do Pai e entrei no mundo. E agora deixo o mundo e vou para o Pai”. 51 Amém em hebraico é: El melerr n’ emam! Isto significa: "Deus meu Rei é fiel para cumprir suas promessas", ou seja, ao dizermos amém estamos declarando que confiamos que Deus fará aquilo que pedimos.

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4.5. Vivendo bem a vida e sendo feliz Se você já chegou nessa secção, suponho que você já tenha aderido à “proposta do Deus Cristão”, portanto posso agora me referir ao Deus Cristão somente como Deus. - Ok?! Deus é “um cara” genial mesmo. Lembra que todo holocausto oferecido para Deus tem que ser de um animal perfeito, sem nenhum defeito (veja Levítico 01: 03, transcrito no tópico 4.3)? Pois é... Se Jesus foi o cordeiro que foi oferecido para Deus como sacrifício (holocausto), para nos livrar de nossos pecados, o que garante à Deus que ele era um cordeiro perfeito, sem nenhum defeito? Para que o holocausto fosse perfeito, para que não ficasse nenhuma dúvida, Ele mesmo (Deus) se incorporou ao homem em Jesus (o cordeiro - holocausto). É por isso que Jesus é Deus! Deus inventou, há mais de 2000 anos, o conceito do Benchmark, que só no final do século 20, começamos a usar em marketing . Ao vir “dar um passeio” aqui na Terra, Jesus criou o padrão de “qualidade total” para o ser humano. Ou seja: Jesus, aqui na Terra, era um ser humano igual a qualquer um de nós. Ele tinha emoções, inteligência, cansaço, alegria, etc. e tinha também seu corpo físico. Mas para poder ser sacrificado como cordeiro perfeito, sem nenhum defeito, ele viveu uma vida santa, sem pecado. É claro que para viver sem pecado, só sendo Deus mesmo! Eu, você e todo mundo, por melhor que sejamos, às vezes “damos uma mancada” com Deus e pecamos.

- ok! Mas Jesus, como ser humano nunca pecou!

- Bingo!

Dá para viver no mundo, como um ser humano, e não pecar: Basta fazer um benchmark de Jesus.

- “Peraí”! Mas Jesus era Deus! Pois é... Olhando Jesus como ser humano, como nós poderia-mos identificar que Ele era Deus? (independente dos sinais históricos, como a estrela guia, etc.).

- Não é possível. Ele era aparentemente igual a qualquer outra pessoa de sua época.

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A diferença de Jesus era interior, era o seu espírito: Ele tinha o Espírito de Deus dentro dele.

- Mas então não dá para ser igual a Jesus, pois o Espírito de Deus é de Deus! Aí que vem a notícia boa: Jesus disse que ele ia embora, mas Deus iria enviar o Espírito de Deus para ficar aqui conosco: o Espírito Santo52. Jesus era cheio do Espírito Santo porque era Deus. Nós podemos ser cheios do Espírito Santo porque acreditamos em Jesus, e acreditamos no que Jesus disse. Então, se nós estivermos cheios do Espírito Santo, nós podemos ter o comportamento de Jesus: é só “benchmarkiza-Lo” . 52 Veja João 14:26 “Mas o Auxiliador, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará com que lembrem de tudo o que eu disse a vocês”.

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Capítulo 5. Reengenharia Espiritual: Manual prático da inteligência espiritual - IE3 - Benchmark de Jesus Se quiséssemos usar uma notação matemática, poderíamos expressar a nossa qualidade espiritual como sendo:

ΔQIE3 = F (Δt; Δs; Δo)

Onde

ΔQIE3 : Delta (variação/melhoria) Qualidade de Vida Espiritual

Em função das variáveis

Δt : Delta (variação) tempo dedicado a conversar com Deus Δs : Delta (variação) do grau de subordinação a Deus Δo : Delta (variação) do grau de obediência a Deus É claro que a variável tempo (t) por si só não quer dizer muita coisa. Sem dúvida temos que considerar tempo e qualidade do tempo destinados a conversar com Deus para equacionarmos e crescermos em termos de Inteligência Espiritual - IE3. Figura 5.1: Qualidade de vida espiritual

Fase III

QIE3

Fase II

Fase I

Tempo de vida (anos)

Na figura 5.1. mostramos a qualidade de vida espiritual (QIE

3) ao longo de nossa vida (expressa em anos de vida).

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O início da Fase I, origem do gráfico, no cruzamento dos eixos (x,y), não é o momento que você nasceu, mas sim o momento que você tornou-se signatário do Sacrifício que Jesus fez por você, sendo crucificado para te salvar de seus erros [pecados]. Você deve ter dado o início da fase I em sua vida, a partir da decisão que você tomou no capítulo anterior (capítulo 04): Crer que Deus existe e declarar que Ele, através de Jesus, é o seu único Deus e Salvador. Esta é uma decisão de mudança de vida e de seu futuro. Ela é o fundamento, o alicerce sobre o qual nós vamos crescer em termos de inteligência e melhoria da qualidade de vida espiritual - IE3. Neste capítulo (capítulo 5) nos vamos tratar da Fase II: reengenharia espiritual. Por reengenharia espiritual nós entendemos uma fase rica, de mudanças de procedimentos e de hábitos, que irá resultar em um enorme saldo “quântico” em termos de qualidade de vida espiritual. A reengenharia53 como ferramenta de mudança tem dois princípios que podem ser absolutamente aplicados na área espiritual:

1) Fundamentalidade 2) Radicalidade

Você já tomou uma decisão fundamental: Passou a crer em Deus, como postura de vida (capítulo 4). A radicalidade não é que queremos “fazer a sua cabeça”, provocar uma “lavagem cerebral” ou torna-lo um xiita cristão. A radicalidade está no sua disposição de reformular seus esquemas emocionais, intelectuais e de vida, não para tornar-se um religioso, mas sim para ter uma qualidade de vida espiritual melhor, superior. Você verá que a grande “sacada” da reengenharia espiritual não está em procedimentos ou processos operacionais que vão torna-lo um cristão religioso, mas sim em aproximar-se de Deus e ser cristão: É a diferença entre o fazer e o viver! A reengenharia espiritual passa por sete áreas, por sete tópicos que deverão causar um grande impacto positivo em você. No próximo capítulo (capítulo 6) nós vamos tratar mais detalhadamente da administração da vida espiritual, e da melhoria contínua da qualidade de vida espiritual..

53 Para aprofundar-se no tema Reengenharia veja HAMMER, M. & CHAMPY, J.Reengenharia : Revolucionando A Empresa Em Função Dos Clientes, Da Concorrência E Das Grandes Mudanças Da Gerência. 4a. Ed. Editora Campus. Rio de Janeiro, RJ. Brasil. 1994.

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A principal variável que vamos apreender usar para começarmos a aplicar a reengenharia espiritual é conversar com Deus. Conversar com Deus não é diferente de conversar com qualquer outra pessoa. Para uma boa conversa precisamos de um lugar tranqüilo; estarmos realmente voltados para a conversa (tempo de qualidade) e sermos transparentes (sinceridade). 5.1. Vida nova: Deus é Deus Agora que além de você entender o que é o “ser espiritual” (capítulos 01 e 02), você também se posicionou no relacionamento com Deus (capítulo 04), vamos “mergulhar” mais na dimensão espiritual. A compreensão do homem em corpo, alma e espírito, a partir de Platão, também é encontrada na bíblia54 O que nos interessa aqui é que nós concordamos que o homem tem uma identificação espiritual, ou seja, no mais íntimo de sua alma, encontraremos o seu espírito, que é a porção que liga o homem ao universo, que liga o seu mais íntimo interior ao universo, que liga o homem a Deus. Há um ditado espanhol que diz “Jo no creo em brujas, pero que lás hay, lás hay!”, que em português ficaria “eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem!”. O nosso ser espiritual é dominado por espíritos, que não fazem parte de nós, são entidades externas. Há muitos fenômenos em que podemos identificar tais casos. É comum, até mesmo na linguagem popular, por exemplo, ouvirmos diálogos :

- Que notícias você me dá da sua irmã? - Você não sabe?! Ela estava na festa, ontem à noite, e daí

“baixou a pomba gira” nela. Não teve que pudesse com ela .... Ou

O Roberto estava com um problema no joelho, e já tinha ido em vários médicos. Ninguém conseguia resolver o seu joelho. Daí o Manoel levou ele num “centro”, e fizeram uma cirurgia espiritual nele. “Baixou o Dr. Franz”, e daí deu tudo certo! A cirurgia foi um sucesso! O joelho dele ficou perfeito.

54 Veja I Tess. 5:23 “ ... Que Deus, que nos dá a paz, faça com que vocês sejam completamente dedicados

a ele. E que ele conserve o espírito, a alma e o corpo de vocês livres de toda mancha, para o Dia em que vier o nosso Senhor Jesus Cristo”.

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Aqui, nossa ênfase não é discutir que espíritos são esses, mas sim que parece que realmente espíritos existem. O ditado espanhol parece ser verdadeiro! Mas Deus nos diz que há um único55 espírito que provem D’ele: O Espírito Santo de Deus. Em um dos últimos momentos de Jesus aqui na terra, os discípulos perguntaram, “...e agora? Você [Jesus] vai embora, como nós vamos fazer?”. Daí Jesus responde “ ... não se preocupem, meu Pai vai enviar o Consolador (ajudador) para estar aqui com vocês, como se fosse eu mesmo, Ele vai estar aqui em meu lugar ...” 56. Provavelmente muitos de nós na ânsia de buscar o seu lado espiritual, de buscar a Deus, de ver o sobrenatural acontecer, acabou encontrando muitos espíritos, que sem sabermos, por falta de conhecimento, acabamos talvez fazendo pactos, acordos, etc, e hoje somos “presas” deles. Agora que você encontrou o Deus verdadeiro, através da aceitação de Jesus Cristo como seu Salvador (Capítulo 04) é bom que você fique livre “das bruxas” e se encha do Espírito Santo de Deus. Isso muda tudo! Esse processo é como a rescisão de um contrato. É necessário que você se manifeste, diga que não quer continuar “recebendo os serviços prestados” bem como não quer pagar mais por eles. Não quer continuar a ter qualquer vínculo. É necessário que você assuma a sua posição em Cristo como seu único Senhor e Salvador. Mesmo no mundo empresarial nós sabemos que não dá para ter sucesso, sem assumirmos claramente nossas posições. No mundo espiritual não é diferente57. 5.1.1. Levantamento histórico de experiências espirituais não-cristãs Como no Brasil há um enorme sincretismo, as entidades espirituais não-cristãs são as mais diversas. Para facilitar, procuramos fazer uma lista das mais conhecidas58, mas com certeza existem inúmeras outras que não estão listadas. À medida que você for listando-as, se quiser mande um e-mail59 para nós, para que em futuras edições elas possam ser incluídas nesta lista, e facilitar a vida de novos leitores. Você pode marcar mais que uma entidade espiritual. Marque tantas quantas você tenha se relacionado com elas. 55 Veja João 14:06 “Jesus respondeu: -Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim”. 56 Veja João 14:26 “… Mas o Auxiliador, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará com que lembrem de tudo o que eu disse a vocês”. 57 Veja Mateus 06:24 “Um escravo não pode servir a dois donos ao mesmo tempo, pois vai rejeitar um e preferir o outro; ou será fiel a um e desprezará o outro”. 58 Para “mergulhar” mais fundo nesse assunto – libertação espiritual – leia de Neil T. Anderson, Passos para a Liberdade em Cristo. Ed. Danprewan: São Paulo. 2001.p.80. 59 [email protected]

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Levitação de mesa Levitação de corpo Masmorras Dragões Falar em transe Psicografia Cirurgia Espiritual Simpatia Telepatia Advinhos/Cartomantes Maldições/Despachos Sessões mediúnicas Materialização Clarividência Espíritos-guias Leitura da sorte (borra de café; cartas;

Águas; tarô, etc.) Leitura de mãos Astrologia/horóscopo Manipulação mental Incorporação de espíritos Medicina transcendental Magia negra / branca Mesa branca Pactos de sangue Fetichismo Adoração de objetos/imagens Uso de talismãs/objetos de sorte Pirâmides/cristais “energéticos” Incubi/sucubi (espíritos sexuais) Ofertas aos deuses do mar (ex: flores no

reveillon) Pular “sete ondas” (ex: reveillon) Pomba-gira

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Adoração de outros deuses Considerar Jesus como profeta de luz, e não como o Messias – Salvador e Deus.

Faça adicionalmente um “check-list” respondendo as perguntas do roteiro adiante:

a) Você já foi hipnotizado (para fins espirituais), ou participou de sessões espirituais com a manifestação de espíritos por encarnação em você ou nas pessoas presentes?

b) Você já teve um “amigo” imaginário (espiritual) ou um espírito-guia, que lhe

oferecesse orientação ou companhia?

c) Você já ouviu vozes em sua mente ou teve pensamentos repetidos, irritantes, contrários ao que você crê/pensa, condenando-o, como se houvesse um diálogo na sua cabeça?

d) Você já fez algum pacto, voto com qualquer entidade espiritual que não seja o

Deus Cristão?

e) Você, deliberadamente, já cultuou ou adorou outros deuses?

5.1.2. Rescisão: Quebra de contratos, acordos e pactos espirituais Não se assuste nem tenha medo, em função daquilo que você encontrou em seu histórico espiritual. O Deus Cristão é Deus sobre todas as coisas, inclusive sobre os espíritos60: os espíritos e seres espirituais em geral sabem que Deus é Deus e que Jesus Cristo é o único Senhor e Salvador. Você pode se apoiar com segurança nas promessas que Deus faz na bíblia, tais como:

I João 4:04 “Meus filhinhos e minhas filhinhas, vocês são de Deus e têm derrotado os falsos profetas. Porque o Espírito que está em vocês é mais forte do que o espírito que está naqueles que pertencem ao mundo”. Salmo 91 “ A pessoa que procura segurança no Altíssimo Deus e se abriga na sombra protetora do Todo-Poderoso pode dizer a ele: "Ó Deus Eterno, tu és o meu defensor e o meu protetor. Tu és o

60 Veja Colossenses 02:09-10 “Pois em Cristo, como ser humano, está presente toda a natureza de Deus, e,

por estarem unidos com Cristo, vocês também têm essa natureza. Ele domina todos os poderes e autoridades espirituais.

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meu Deus; eu confio em ti." Deus livrará você de perigos escondidos e de doenças mortais. Ele o cobrirá com as suas asas, e debaixo delas você estará seguro. A fidelidade de Deus o protegerá como um escudo. Você não terá medo dos perigos da noite nem de assaltos durante o dia. Não terá medo da peste que se espalha na escuridão nem dos males que matam ao meio-dia. Ainda que mil pessoas sejam mortas ao seu lado, e dez mil, ao seu redor, você não sofrerá nada. Você olhará e verá como os maus são castigados. Você fez do Deus Eterno o seu protetor e, do Altíssimo, o seu defensor; por isso, nenhum desastre lhe acontecerá, e a violência não chegará perto da sua casa. Deus mandará que os anjos dele cuidem de você para protegê-lo aonde quer que você for. Eles vão segurá-lo com as suas mãos, para que nem mesmo os seus pés sejam feridos nas pedras. Com os pés você esmagará leões e cobras, leões ferozes e serpentes venenosas. Deus diz: "Eu salvarei aqueles que me amam e protegerei os que reconhecem que eu sou o Deus Eterno. Quando eles me chamarem, eu responderei e estarei com eles nas horas de aflição. Eu os livrarei e farei com que sejam respeitados. Como recompensa, eu lhes darei vida longa e mostrarei que sou o seu Salvador."

Como havíamos afirmado, esse processo é como a rescisão de um contrato. É necessário que você se manifeste, diga que não quer continuar “recebendo os serviços prestados” bem como não quer pagar mais por eles. Não quer continuar a ter qualquer vínculo. Por outro lado, nós vamos pedir perdão para Deus por termos adorado outros deuses. Ele não terá nenhuma dificuldade em nos perdoar, pois ele sabe que na verdade nós queríamos é encontra-Lo, mas não sabíamos como. Por falta de conhecimento, acabamos talvez fazendo pactos, acordos, etc, com outros espíritos que não Deus. Agora que você encontrou o Deus verdadeiro, através da aceitação de Jesus Cristo como seu Salvador é bom que você fique livre “das bruxas” e se encha do Espírito Santo de Deus. Isso muda tudo! Agora, converse com Deus e declare (se você quiser, você pode fechar os olhos) :

Deus, me desculpe a “mancada”. Eu errei. Eu queria Te encontrar, mas não sabia o caminho, e acabei adorando outros deuses e sendo enganado por espíritos. Mas agora Você já sabe: Você é o meu único Deus. Eu sou signatário do sacrifício que Jesus Cristo fez por mim, assim Ele [Jesus] é o meu Salvador, que

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me livrou dos erros (pecados) que eu fiz”. Em nome de Jesus61 . Amém62.

Basta então você “chamar” cada um dos seus antigos espíritos e avisa-lo que está rescindo o seu contrato, acordo ou pacto com ele. Faça esta quebra de pacto, chamando-os um-a-um, declarando assim: Continuando a conversa com Deus, declare ao mundo espiritual (se você quiser, você pode continuar de olhos fechados) :

(nome da entidade espiritual), eu não tenho mais nenhuma relação, acordo ou pacto com você. Em nome de Jesus Cristo, eu te ordeno que saia da minha vida, que fuja da minha presença e não volte nunca mais! Senhor Jesus, envia o Seu Espírito, e toma o lugar deixado por (nome da entidade espiritual), para que ela/ele não encontre o meu espírito vazio63 e tente ocupa-lo novamente. Em nome de Jesus. Amém.

5.1.3. A nova aliança espiritual através de Jesus Cristo e do Espírito Santo de Deus A partir de agora, você vai ter novas experiências espirituais, todas elas muito boas, mas não se deixe enganar: Laranjeira dá laranja, jaboticabeira dá jaboticaba! Assim também é a presença do Espírito Santo de Deus em nossas vidas: Só dá resultado bom! Veja só o fruto que você vai dar (colher):

Gálatas 5:22-23 “Mas o Espírito de Deus produz o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade e o domínio próprio ...”.

61 Veja João 16:25-28 “... falarei [Jesus] claramente a vocês a respeito do Pai. Naquele dia vocês pedirão coisas em meu nome. E eu digo que não precisarei pedir ao Pai em favor de vocês, pois o próprio Pai os ama. Ele os ama porque vocês, de fato, me amam e crêem que vim de Deus. Eu vim do Pai e entrei no mundo. E agora deixo o mundo e vou para o Pai”. 62 Amém em hebraico é: El melerr n’ emam! Isto significa: "Deus meu Rei é fiel para cumprir suas promessas", ou seja, ao dizermos amém estamos declarando que confiamos que Deus fará aquilo que pedimos. 63 Veja Mateus 12:43-45 “... Jesus continuou: -Quando um espírito mau sai de alguém, anda por lugares sem água, procurando onde descansar, mas não encontra. Então diz: "Vou voltar para a minha casa, de onde saí." Aí volta e encontra a casa vazia, limpa e arrumada. Depois sai, vai buscar outros sete espíritos piores ainda, e todos ficam morando ali. Assim a situação daquela pessoa fica pior do que antes. E isso também acontecerá com esta gente má de hoje”.`

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5.2. Substituindo o falso pelo verdadeiro Você deve estar percebendo que estamos num processo contínuo, pois à medida que caminhamos em termos de melhoria da qualidade espiritual, estamos mais aptos a desencadear o próximo passo. A melhoria da qualidade espiritual não é diferente do processo de melhoria contínua da qualidade (Kaizen), que tanto apreendemos, discutimos e aplicamos no mundo empresarial com a aplicação do TQM (Total Quality Management). No próximo capítulo iremos inclusive trabalhar com as ferramentas de PDCA64. Agora vamos olhar para nós mesmos e fazermos um “check-up”, visando diagnosticar se temos sido autênticos, verdadeiros com nós mesmos, ou se estamos nos auto-enganando, vivendo uma fantasia. Antes de conhecermos a Deus, achávamos que poderíamos e conseguiríamos levar uma vida de aparências, de “fachada”. Enfim, de modo geral ninguém tem tantas informações que pudesse nos desmascarar completamente. Poderíamos viver uma vida de mentiras. Pode ser que não seja o seu caso. Tanto melhor! Se você viveu, ou vivia uma vida de mentiras ou com mentiras, com certeza o maior prejudicado era você mesmo. Por mais vantajoso que possa ter lhe parecido, mais cedo ou mais tarde você teria que encarar-se diante do espelho e, ao enxergar-se, revelar quem você realmente é. Deus sempre foi íntimo seu, mesmo que você não percebesse. Ele te conhece65, antes mesmo de você ter nascido66, e sabe absolutamente tudo sobre você e sobre sua vida. Agora que você já se tornou íntimo de Deus, vamos ser autênticos, pois não tem outra alternativa. Observe que não ter outra alternativa não é castigo. O fato de tomarmos consciência que não dá para nos escondermos de Deus, é somente um indicador de amadurecimento, que podemos tomar proveito se pensarmos estrategicamente, transformando ameaças em oportunidades. São dois os principais níveis de autenticidade que você deve tratar: (1) você diante de você mesmo e (2) você diante de Deus.

64 Ciclo PDCA de Demming: P (Plan); D (Do);C (Control); A (Action). 65 Veja Salmo 139:1-5 “Ó Deus Eterno, tu me examinas e me conheces. Sabes tudo o que eu faço e, de longe, conheces todos os meus pensamentos. Tu me vês quando estou trabalhando e quando estou descansando; tu sabes tudo o que eu faço. Antes mesmo que eu fale, tu já sabes o que vou dizer. Estás em volta de mim, por todos os lados, e me proteges com o teu poder. 66 Gálatas 1:15 “Porém Deus, na sua graça, me escolheu antes mesmo de eu nascer …”.

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5.2.1. Verifique se você ainda vive se auto-enganando (Assinale as alternativas que correspondem ao seu comportamento)

___ Ainda pensa que pode cuidar de sua vida sozinho, que tem total auto-

controle, que pode andar em “más companhias” que isso não irá influencia-lo67 (independente).

___ Ainda se acha perfeito, incapaz de cometer qualquer erro68 [pecado]. ___ Ainda pensa que é alguma coisa que realmente não é69 (vive uma

fantasia).

___ Ainda pensa que é muito “esperto”, muito sábio, mais “esperto” e sábio que os outros70 (auto-suficiente).

___ Ainda pensa que pode fazer o que bem quiser, que não terá conseqüências, ou que conseguirá controlar a situação “sem problemas”. Enfim, não crêr que quem “semeia vento, colhe tempestade”71 (inconseqüente)

___ Ainda pensa que pode ir “levando a vida” e “no fim vai dar tudo certo”72

(viver de ilusões).

___ Ainda pensa que embora você já saiba que Deus existe, a vida é melhor com Deus “lá no céu” e você aqui na terra. Quando você morrer, daí vocês se encontram e “curtem a vida eterna”73 (viver no erro [pecado])

67 Veja I Coríntios 15:33-34 “Não se enganem: "As más companhias estragam os bons costumes. Comecem de novo a viver uma vida séria e direita e parem de pecar”. 68 Veja I João 1:8-9 “Se dizemos que não temos pecados, estamos nos enganando, e não há verdade em nós. Mas, se confessarmos os nossos pecados a Deus, ele cumprirá a sua promessa e fará o que é certo: Ele perdoará os nossos pecados e nos limpará de toda maldade. 69 Veja Gálatas 6:03 “A pessoa que pensa que é importante, quando, de fato, não é, está enganando a si mesma”. 70 Veja I Coríntios 3:18-20 “Que ninguém engane a si mesmo! Se algum de vocês pensa que é sábio conforme a sabedoria humana, então precisa se tornar louco para ser, de fato, sábio. Pois aquilo que este mundo acha que é sabedoria Deus acha que é loucura. Como dizem as Escrituras Sagradas: "Deus pega os sábios nas suas espertezas." E também: "O Senhor sabe que os pensamentos dos sábios não valem nada."” 71 Veja Gálatas 6:7 “Não se enganem: Ninguém zomba de Deus. O que uma pessoa plantar, é isso mesmo que colherá”. 72 Veja I Coríntios 6:9-10 “Vocês sabem que os maus não terão parte no Reino de Deus. Não se enganem, pois os imorais, os que adoram ídolos, os adúlteros, os homossexuais, os ladrões, os avarentos, os bêbados, os caluniadores e os assaltantes não terão parte no Reino de Deus.

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5.2.2. Verifique se você ainda tem um comportamento auto-defensivo (assinale as alternativas que correspondem ao seu comportamento)

Como o relacionamento direto com Deus é “uma novidade” na sua vida, é muito provável que você tenha um padrão de comportamento auto-defensivo, ou seja, como você não conhecia Deus, você tinha que “se garantir” sozinho: Você se “defendia” sozinho. Tendo Deus como Salvador, é ele quem “garante” a nossa vida. Mesmo em nosso cotidiano. O comportamento auto-defensivo é justamente esse: tentar ser auto-suficiente, ao invés de deixar Deus cuidar de nossa vida, mesmo das coisas pequenas, mesmo das coisas do dia-a-dia.

___ Navegação: Você recusa-se a enfrentar a verdade, quer seja consciente ou inconscientemente.

___ Fantasia : Você foge do mundo real, e vive uma fantasia, que só você

enxerga. ___ Isolamento emocional : Você se retrai, se afasta das pessoas para não

correr o risco de frustrar-se ao ser rejeitado.

___ Regressão: Para sentir-se mais seguro, você regride, volta no tempo, e vive em época menos ameaçadora.

___ Deslocamento/recalque: Você descarrega suas frustrações nos outros

(comportamento “recalcado”).

___ Projeção: Você culpa os outros (pelos erros que você comete). ___ Racionalização: Você dá desculpas e cria justificativas racionais e lógicas

que explicam seus erros.

5.2.3. Transparência total É muito comum usarmos o termo transparência como um princípio dos valores que temos com nossos clientes, em nossa empresa, com nossos funcionários, e assim por diante. É essa transparência que nós podemos ter com Deus. Se você assinalou algum dos itens listados nos tópicos anteriores, agora é uma boa hora para fazermos uma “faxina”, ficarmos livres, tornarmo-nos transparentes conosco mesmo e com Deus.

73 Veja Tiago 1:22-25 “Não se enganem; não sejam apenas ouvintes dessa mensagem, mas a ponham em prática. Porque aquele que ouve a mensagem e não a põe em prática é como uma pessoa que olha no espelho e vê como é. Dá uma boa olhada, depois vai embora e logo esquece a sua aparência. O evangelho é a lei perfeita que dá liberdade às pessoas. Se alguém examina bem essa lei e não a esquece, mas a põe em prática, Deus vai abençoar tudo o que essa pessoa fizer“ e Tiago 4:17 “Portanto, comete pecado a pessoa que sabe fazer o bem e não faz”.

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Esses comportamentos de auto-engano e autodefesa, são alguns de nossos “pontos-fracos”. Comportamentos que temos porque não conseguimos nos resolver sozinhos. Por outro lado, nos interessamos em ler este livro, justamente porque queríamos adquirir inteligência espiritual - IE3. Desde o começo estamos buscando conhecer a Deus. Agora já conhecemos, e justamente por isso podemos recorrer a Ele para superarmos o auto-engano e a autodefesa. Basta você dizer para Deus, de forma transparente e sincera, cada um dos tópicos que você assinalou nos itens 5.2.1 e 5.2.2 e pedir para Ele te perdoar (porque na verdade além de tentar enganar a si próprio você também, mesmo que sem ter consciência, estava tentando enganar a Ele – Deus) e principalmente, para Jesus te ajudar a superar do auto-engano e da auto-defesa. Peça em nome de Jesus e diga Amém. Se você não está ainda muito acostumado a falar “direto” com Deus (orar), você pode usar como exemplo a estrutura de oração, a seguir, adaptando-a para ser a sua oração: Converse com Deus

Jesus, eu vivia me auto-enganado e me auto-defendendo, agora que Te conheci, que estou me tornando transparente contigo, eu quero que Você me desculpe (me perdoe), por [diga cada um dos itens que você assinalou nos tópicos 5.2.1 e 5.2.2]. Em nome de Jesus. Amém.

5.3. Eliminando as emoções destrutivas: Substituindo a amargura pelo perdão Perdoar não é simplesmente esquecer. Ao tentar esquecer, sem ter perdoado, geralmente só estamos “joga para o futuro” um problema sem solução, que com o passar do tempo, ao invés de desaparecer, só tende a piorar. Perdoar “de verdade” é muito difícil. É muito comum sentirmos raiva, só de lembrarmos de uma pessoa, ou de uma situação, em nos sentimos prejudicados ou preteridos. A incapacidade de perdoar escraviza nossa alma, na verdade nos deixa presos ao passado, nos deixa presos às pessoas e aos problemas que nos “machucaram”. O pior é que a falta de perdão vai contaminando a nossa alma e vamos, sem perceber, nos tornando amargos, aborrecidos e tristes. O nosso orgulho próprio nos cria mecanismos automáticos, que racionalizam a nossa amargura, ou raciocínios emocionais, tais como “não tenho sangue de barata!”.

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No tópico anterior já quebramos estes mecanismos de auto-engano e autodefesa. Agora só falta removermos as amarguras. Perdoar é uma decisão que vem do espiritual. Nós, por nós mesmos, temos uma dificuldade monstruosa para conseguirmos perdoar. Para Deus “é moleza74”.

- Como superar estes dois extremos? - Contagiando o nosso espírito com o Espírito de Deus!

A influência do Espírito de Deus em nossas vidas, vai nos ensinar a perdoar e nos livrarmos das mágoas e amarguras: Benchmark de Jesus. Veja bem, copiar o comportamento de Jesus (Benchmark) embora seja bonito, é muito difícil. A nossa dimensão humana não consegue. Copiar Jesus seria tentarmos fazer uma mudança de fora para dentro: - Impossível! Então a idéia do Benchmark de Jesus é deixar que o Espírito de Deus haja, e influencie o nosso espírito e por seguinte a nossa alma (emoções) e nos libere daquelas emoções negativas. A conseqüência será o perdão. Veja que mesmo para Deus perdoar é um assunto muito importante. Quando Jesus nos ensina a oração do Pai Nosso75. Deus não está nos castigando em não nos perdoar. Ele nos dá a opção de quanto nos queremos que Ele nos perdoe: O mesmo tanto que nós perdoamos! Não precisa ser nenhum “gênio” para concluirmos que o melhor que temos a fazer é perdoar logo, e deixar que Deus trabalhe o nosso espírito e nossa alma. A operacionalização do perdão não é emocional. Não adianta você tentar estar emocionalmente pronto para perdoar: nós nunca estamos prontos para perdoar!

- Perdoar é uma decisão espiritual e não uma decisão racional! Racionalmente, você sempre arranjará um argumento que justifique você não perdoar. E daí, começa tudo “de novo”: falta de perdão que gera amargura, que gera aborrecimento, que gera mágoa, que nos torna tristes e amargos, que nos impossibilita novamente de perdoarmos.

74 Veja essa passagem em que Jesus está crucificado e os guardas estão “sorteando” entre si a roupa que Ele vestia - Lucas 23:34 “Então Jesus disse: -Pai, perdoa esta gente! Eles não sabem o que estão fazendo. Em seguida, tirando a sorte com dados, os soldados repartiram entre si as roupas de Jesus.”. 75 Veja Mateus 6:12 “ Perdoa as nossas ofensas como também nós perdoamos os que nos ofenderam”.

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a) Para perdoar, primeiro converse com Deus (oração) e peça que Ele contagie o seu espírito com o Espírito Dele (Espírito Santo). Que ele te encha do Espírito Santo e que você possa receber o Seu fruto76.

b) Faça um “mergulho” para dentro de sua alma e com muita calma vá buscando (e

listando) todas as suas mágoas, todas as lembranças que te causam dor, sofrimento, asco e raiva. Lembre também de relacionar os seus inimigos, ou seja, aquelas pessoas que você as detesta, bem como aquelas pessoas que tem ódio e raiva de você.

Essas lembranças, na maioria dos casos poderão ser muito doloridas. Talvez você chore ou se emocione muito, à medida que suas lembranças negativas forem aflorando. Fique calmo. Lembre-se que você está na transparência de Deus. Jesus está te vendo e já enviou o Espírito de Deus (Espírito Santo) como auxílio e consolo77.

c) Agora, com a sua lista pronta, conversando com Deus (orando), vá dizendo para Deus que você perdoa (um de casa vez), cada um dos nomes das pessoas e das situações que lhe causaram dor e amargura. Para cada nome que você declarar, em seguida peça que Deus te contagie com o Seu espírito de perdão, de cura da alma, de cura da dor, e de cura do sofrimento. Peça que Deus passe uma “pomada” cicatrizante em sua alma (suas emoções). Por fim não deixe de pedir em nome de Jesus, e declarar Amém (veja as notas de rodapé anteriores que explicam a importância deste procedimento).

d) Você vai sentir imediatamente um alívio. Você vai sentir que foi tirado um peso

de suas costas.

e) Você verá que o Espírito de Deus vai continuar fazendo aflorar em sua memória outras lembranças que você não se lembrou num primeiro processo de perdão. Não tem problema! À medida que Ele for te lembrando, dispare o processo de perdão (item de a-c).

f) Poderá acontecer que você perdoe alguém que continua a te magoar. Essa é uma

situação muito difícil, pois você já mudou, mas a pessoa78 continua a mesma. É uma situação que acontece muito em ambiente de trabalho e em casais que se separaram, mas tem filhos e acabam tendo alguma vida em comum.

- Qual é a solução para esses casos?

76 Veja Gálatas 5:22-23 “Mas o Espírito de Deus produz o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade e o domínio próprio ...”. 77 Veja João 14: 16 e 26 “Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Auxiliador, o Espírito da verdade, para ficar com vocês para sempre … Mas o Auxiliador, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará com que lembrem de tudo o que eu disse a vocês”. 78 Veja Mateus 5:43-44 “-Vocês ouviram o que foi dito: "Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos. Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês …”

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- Pedir a Deus uma “doze” dupla do Espírito de Deus contagiando o seu espírito, para continuar perdoando, todo dia!79

g) Você não precisa conviver com a pessoa que você perdoou. O perdão libera as

emoções negativas do passado. É absolutamente natural que você goste mais de conviver com determinadas pessoas em detrimento a outras. Não há nenhum pecado nisso. Não há nenhum erro por isso.

Desta forma, você não precisa tornar-se “amigo” das pessoas que você perdoou. É claro que você pode tornar-se amigo, mas essa “nova” amizade não tem nada a ver com perdão.

- Perdoou, “ta” perdoado! Você está livre das emoções negativas. 5.4. Tensões espirituais destrutivas: Substituindo a rebelião pela dependência a

Deus 5.4.1. Autoridade Civil Deus é “um cara” que não tem problema com autoridade. Ele criou um princípio de autoridade, que se respeitarmos dá certo80: Submeta-se às autoridades. As autoridades, independentemente de estarem agindo de forma que lhe agrade, são legítimas81. Jesus, que é Deus, quando veio à terra, como um homem comum, igual a você e igual a mim, embora tivesse toda autoridade no mundo espiritual82 [dada por Deus, pai de Jesus], sujeitou-se completamente às autoridades legais83 da terra, inclusive pagando impostos quando solicitado, independentemente de ser devido ao não84.

79 Veja Mateus 18:22 “-Não! -respondeu Jesus. -Você não deve perdoar sete vezes, mas setenta vezes sete”. 80 Veja I Pedro 2:13-14 “ Por causa do Senhor, sejam obedientes a toda autoridade humana: ao Imperador, que é a mais alta autoridade; e aos governadores, que são escolhidos por ele …” 81 Veja Marcos 12:17 “Disse-lhes, então, Jesus: Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. 82 Veja Mateus 28:18 “Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra”. 83 Veja mais no site UOL - História Viva: http://www2.uol.com.br/historiaviva : DIANTE DE SEUS JUÍZES, O ACUSADO SE CALA 84 Veja Mateus 17:27 “Mas nós não queremos ofender essa gente. Por isso vá até o lago, jogue o anzol e puxe o primeiro peixe que você fisgar. Na boca dele você encontrará uma moeda. Então vá e pague com ela o meu imposto e o seu”.

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5.4.2. Autoridade familiar O princípio de autoridade de Deus pressupõe também a honra, ou seja não só o respeito, mas também a obediência o tratamento com distinção, além do carinho e do amor que também é sinal de honra. Autoridade e honra são devidas aos pais85. Tem sido muito comum e discutido como um tema importante a questão dos “velhos” na sociedade. Eles já não são mais economicamente produtivos, e muitas vezes são tratados como “descarte” ou “peso” por seus familiares. Para Deus a questão não é econômica, nem de reciprocidade: “Honra teu pai e tua mãe86”. É um princípio de ordem que Deus criou. Basta sermos obedientes. Ele mesmo [Deus] é quem cuida da “recompensa” de honrar os pais: “... para que se prolonguem teus dias na terra que Deus dá”. Nesta passagem bíblica está implícito que quem honra os pais, também será honrado por Deus quando tornar-se idoso. Por outro lado, como pais, é importante exercemos a autoridade com sabedoria e amor. Me lembro de meu avô me ensinar um versículo bíblico, quando eu tinha 04 anos: “Eduque a criança no caminho em que deve andar, e até o fim da vida não se desviará dele”87. Para os filhos é importante construirmos uma base sólida de valores, nos quais eles desde muito pequenos possam tomar como fundamento para a vida. É fundamental que como pais também respeitemos88 os nossos filhos, entendendo que eles, mesmo que obedientes, tem suas próprias características. O relacionamento com os irmãos, cunhados, cunhadas, sogra, sogro, genros, noras, sobrinhos, tios passa pelo crivo que já vimos no tópico 5.3. Deus é um deus bom, não um deus castigador. Ele é um deus de amor e graça (tanto que nos livrou de nossos erros enviando Jesus como o cordeiro par ser sacrificado por nossos pecados, como vimos no capítulo 4). Desta forma ele não nos castiga se não tratar-mos de nossos familiares com honra, amor e atenção: Ele simplesmente nos trata da mesma maneira, não como castigo, mas sim seguindo a opção que cada um de nós mesmos escolhemos89.

85 Veja Êxodo 20:12 “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá”. 86 Veja Êxodo 20:12 87 Veja em Provérbios 22:06 88 Veja Colossenses 3:21 “Pais, não irritem os seus filhos, para que eles não fiquem desanimados”. 89 Veja Mateus 6:12 “ Perdoa as nossas ofensas como também nós perdoamos os que nos ofenderam”.

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Por fim, o relacionamento com a esposa e com o marido para fechar o tópico família. É importante que agente entenda que ao nos casarmos nós constituímos uma nova família, independente de nossos pais. Devemos continuar a honrar os nossos pais. É fundamental, no entanto, que como casal, como nova família, nos tornemos independentes de nossos pais90 (isso não é rebeldia, é mandamento de Deus). Agora como casal, é fundamental que marido e esposa honrem um ao outro, que se respeitem de forma comprometida, que sejam transparentes, que sejam fiéis um ao outro. Aqui vão duas recomendações bíblicas:

1a. recomendação “Marido, ame a sua esposa, assim como Cristo amou a Igreja e deu a sua vida por ela”91.

Quando é feita a comparação do amor entre marido e esposa, com o amor de Jesus à Igreja [aqui o termo Igreja corresponde ao povo de Deus, corresponde àqueles que Jesus veio salvar, incluindo você, eu e todos nós], é o amor mais profundo, pois é um amor que se necessário seria um amor sacrificial: Jesus morreu por amor a nós. Se quisermos ser mais poéticos, seria um amor do tipo do amor entre “Romeu” e “Julieta”. Veja que essa recomendação é para o marido, não é para o casal, não é para a esposa. Em suma, a recomendação é que nós maridos devemos fazer tudo por amor às nossas esposas. A recomendação às esposas é muito fácil, diante da recomendação feita aos maridos: é somente ser obediente aos seus maridos.

2a. recomendação “Portanto, assim como a Igreja é obediente a Cristo, assim também a esposa deve obedecer em tudo ao seu marido”92.

É claro que estas duas recomendações só são possíveis de serem vividas se sempre ocorrerem mutuamente. Nenhuma mulher será capaz de submeter-se a um marido tirano, nem tampouco, um marido suportará o sacrifício por uma esposa vulgar. 5.4.3. Autoridade no trabalho Quando nosso ambiente de trabalho está “tudo bem” é ótimo. É gostoso trabalhar. Temos um senso de equipe, há um líder, seus liderados o reconhecem, tudo flui bem. Se estamos sendo reconhecidos em nosso trabalho, a política de cargos e salários é transparente e justa.

90 Veja Gênesis 2: 24 ”É por isso que o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir com a sua mulher, e os dois se tornam uma só pessoa”. 91 Efésios 5:25 92 Efésios 5:24

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Se como empreendedores, estamos conseguindo liderar a nossa “galera’, estamos ganhando mercado, a briga de mercado é forte, mas os competidores são éticos e jogam “limpo”. Poderíamos dizer que trabalhamos no “paraíso”. Infelizmente o mundo real não é sempre assim.

- O que fazer quando alguém de sua própria equipe te “passa uma rasteira” ? - O que fazer quando seus concorrentes fazem “jogo sujo”? - O que fazer com aquele “chefe” que te persegue, que só te desvaloriza e te

prejudica? - Enfim, o que fazer quando você está sendo injustiçado e não tem para quem

ou como reclamar? Para Deus a coisa é muito simples [embora para nós pareça impossível]. Veja o que Jesus nos ensina: “… Amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês93”. Por outro lado, quando você é o líder, o empreendedor, é você quem deve exercer autoridade, um dos melhores exemplos para o nosso Benchmark é o de Salomão. Salomão, que era filho de Davi, foi o terceiro rei de Israel. Foi o período em que Israel foi mais próspera em toda a sua história (período de 973 – 933 A.C). Salomão herdou o reinado quando ainda era ainda muito jovem, ele não era o filho mais velho de Davi e sim o mais novo, o caçula (973 A.C). Salomão ainda muito jovem, já começava a reinar com sucesso. Certa noite, em sonhos94, Deus disse para Salomão : “ Pede-me o que queres que eu te dê”95. Salomão não teve dúvida, pediu a Deus Sabedoria para governar Israel96. Salomão sabia que o princípio da sabedoria é o temor a Deus97: foi seu pai (o rei Davi) que ensinou isto para ele (a maioria dos Salmos é de autoria de Davi). Então, quando Salomão pede Sabedoria para Deus, na verdade ele está declarando para Deus que ele desejava ser obediente a Deus, ouvi-Lo, ser guiado por Ele, como uma criança que é conduzida pela mão, por seu pai98

93 Mateus 5:44 94 No Capítulo 06 vamos estudar as diferentes formas que Deus usa para falar conosco. 95 Veja I Reis 03: 05 96 Veja I Reis 03: 07-09 “Ó Deus Eterno, tu deixaste que eu ficasse como rei no lugar do meu pai, embora eu seja muito jovem e não saiba governar. Aqui estou eu no meio do povo que escolheste para ser teu, um povo que é tão numeroso, que nem pode ser contado. Portanto, dá-me sabedoria para que eu possa governar o teu povo com justiça e saber a diferença entre o bem e o mal. Se não for assim, como é que eu poderei governar este teu grande povo?” 97 Veja Salmos 111:10 “Para ser sábio, é preciso primeiro temer ao Deus Eterno. Ele dá compreensão aos que obedecem aos seus mandamentos. ” 98 Veja em nota anterior – I Reis 3:07-09 onde Salomão declara-se muito jovem – uma criança – e sua condição de dependência a Deus – não saber governar.

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A história de Salomão, como o maior rei de Israel, confirma a promessa99 que Deus fez para ele naquela noite. Conclusão: Peça Sabedoria para Deus; ore e abençoe os seus inimigos e os que te perseguem. 5.4.4. Autoridade espiritual 100 Depois de falar de Davi e de Jesus, falar de autoridade espiritual fica mais fácil, pois todos os dois tinham muito claro a sua autoridade e a quem deveriam se submeter. Davi era rei de Israel. Era um rei que o povo amava, pois ele era conquistador, trouxe prosperidade ao povo judeu, ele era carismático. Além de guerreiro, Davi era poeta101, era músico102, era um rei que “era gente como agente”, pois sua origem era simples103, ele não herdou o trono de seu pai: Deus o conduziu a rei porque Ele [Deus] quis104. No entanto, Davi era “gente como agente” e também pecava e errava. Davi apaixonou-se por uma mulher linda e casada. E o pior: casada com um general de seus exércitos, que era extremamente fiel ao rei Davi: General Urias.

99 Veja I Reis 3: 11-14 “e disse {Deus]: -Já que você pediu sabedoria para governar com justiça, em vez de pedir vida longa, ou riquezas, ou a morte dos seus inimigos, eu darei o que você pediu. Darei a você sabedoria e inteligência, como ninguém teve antes de você, nem terá depois. Mas lhe darei também o que não pediu: durante toda a sua vida, você terá riquezas e honras, mais do que qualquer outro rei. E, se você me obedecer e guardar as minhas leis e os meus mandamentos, como fez Davi, o seu pai, eu lhe darei uma vida longa”. 100 Veja mais em : Watchman Nee. Autoridade espiritual.2a – 8a impressão. Edição. Venda Nova, MG: Editora Vida/Editora Betânia. 1991. 101 A autoria de metade dos Salmos é atribuída a Davi. 102 Veja I Samuel 16: 23 “Daí em diante, toda vez que o espírito mau mandado por Deus vinha sobre Saul, Davi pegava a sua harpa e tocava. O espírito mau saía de Saul, e ele se sentia melhor e ficava bom novamente”. 103 Veja I Samuel 16: 11-13 “E perguntou a Jessé: -Você não tem mais nenhum filho? Jessé respondeu: -Tenho mais um, o caçula, mas ele está fora, tomando conta das ovelhas. -Então mande chamá-lo! -disse Samuel. -Nós não vamos oferecer o sacrifício enquanto ele não vier. Aí Jessé mandou buscá-lo. Era um belo rapaz, saudável e de olhos brilhantes. E o Deus Eterno disse a Samuel: -É este mesmo. Unja-o. Samuel pegou o chifre cheio de azeite e ungiu Davi na frente dos seus irmãos. E o Espírito do Deus Eterno dominou Davi e daquele dia em diante ficou com ele. E Samuel voltou para Ramá.” 104 Veja I Samuel 16: 1-3 “O Deus Eterno disse a Samuel: -Até quando você vai continuar a ter pena de Saul? Eu não quero mais que ele seja rei de Israel. Encha um chifre com azeite e leve com você. Depois vá a Belém, até a casa de um homem chamado Jessé, pois eu escolhi um dos filhos dele para ser rei. -Como posso fazer isso? -respondeu Samuel. -Se Saul souber disso, ele me mata! O Deus Eterno respondeu: -Leve um bezerro e diga que você foi lá para oferecer um sacrifício ao Eterno. Convide Jessé para o sacrifício, e depois eu lhe digo o que fazer. Você ungirá como rei aquele que eu indicar” e em nota anterior I Samuel 16: 11-13

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Essa foi uma das piores crises existências de Davi. Ele se sentia um traidor, pois enquanto Urias lutava bravamente liderando as tropas de Israel, Davi “deitava-se” com a esposa dele [Urias] no palácio real. Esta paixão por Bate-Seba domina a sua alma, domina as suas emoções e se sobrepõe à sua razão. Desta paixão Bate-Seba fica grávida!

- Imagine a confusão!

Em Israel uma mulher que traísse o marido tinha como castigo ser apedrejada e morta.

- Como Davi poderia resolver essa situação? O marido dela estava em batalha! Davi tem uma idéia “genial”. Ele manda chamar Urias da frente de batalha e planeja no seu íntimo que reunir-se com Urias para discutir qualquer assunto e depois “libera” Urias para ir “ver” sua esposa, e, é claro “dormir” com ela. Pronto, estaria tudo resolvido: Na noite que Urias “dormiria” em casa, “engravidaria” a sua esposa Bate-Seba.. Davi só não contava com a fidelidade incondicional de Urias, que entendia que ele estava cumprindo uma missão maior, defendendo o estado de Israel e que não poderia ir até a sua casa, estando seus subordinados em luta. Por uma questão de ética militar e de subordinação ao Estado, ele dorme ao relento, como os seus soldados, e logo volta para a frente de batalha. O plano de Davi, mesmo sendo o rei, falhou. Agora, se a gravidez de Bate-Seba fosse revelada ela seria apedrejada e morta. Daí a situação piora, pois a única solução de Davi consegue criar é a de Urias seja morto em batalha. Ele manda ,pelo próprio Urias, uma carta para o comandante máximo dos exércitos – Joabe – em que manda que Urias seja colocado na frente de batalha, em uma posição que seja morto pelos inimigos105.

- Ufá!

Davi deve ter pensado que finalmente a situação havia ficadoresolvida, e que Bate-Seba, finalmente havia ficado livre de ser apedrejada e morta. Mas Deus se aborreceu com Davi, e mandou um profeta avisa-lo. Davi reconhece seu erro, pede perdão para Deus. Deus o perdoa106. 105 Veja 2 Samuel 11:14-17 “Na manhã seguinte, Davi escreveu uma carta a Joabe e a mandou por Urias. Davi escreveu o seguinte: "Ponha Urias na linha de frente, onde a luta é mais pesada. Depois se retire e deixe que ele seja morto." Por isso, enquanto estava cercando a cidade, Joabe mandou Urias para um lugar onde sabia que o inimigo estava mais forte. As tropas inimigas saíram da cidade, lutaram contra as forças de Joabe e mataram alguns oficiais de Davi. E Urias também foi morto. ” 106 Veja 2 Samuel 12: 7-23 “Então Natã disse a Davi: -Esse homem é você. E é isto o que diz o Eterno, o Deus de Israel: "Eu tornei você rei de Israel e o salvei de Saul. Eu lhe dei o reino e as mulheres dele; tornei você rei de Israel e de Judá. E, se isso não bastasse, eu lhe teria dado duas vezes mais. Por que é que você

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Essa é a visão de autoridade espiritual. Mesmo sendo rei sobre Israel, Davi aceitou imediatamente a palavra profeta Nata sobre ele: mesmo sendo rei, ele se submeteu ao profeta, entendendo que o profeta tinha a autoridade espiritual sobre ele. Davi sabia que Deus era quem o tornara rei, e se Deus enviou uma represália através de Seu profeta Nata, não cabia a ele rejeitar a correção de Deus, mas sim pedir perdão. Embora Davi tenha sido perdoado por Deus, nunca mais Davi foi o mesmo, nunca mais houve paz em sua casa107 enquanto Davi viveu. Jesus, embora seja Deus, submeteu-se às autoridades constituídas aqui na terra, como vimos no item 5.4.1. Mas Jesus também submeteu-se à autoridade espiritual do Pai, mesmo que contra a sua própria vontade108. Recentemente assisti a uma peça teatral em que era encenada a “via sacra” e a crucificação de Jesus. Deu para “sentir” a dor que Jesus, como um homem comum, um ser humano com você ou eu, passou. Mesmo assim ele aceitou a autoridade de Deus [Pai] e submeteu-se a Ele. Hoje em dia, tal como Davi e mesmo como Jesus, nós nos submetemos diretamente a Deus. Nós podemos falar com Ele (por exemplo, em oração) como também podemos ouvir Ele falar conosco (iremos estudar mais como Deus fala conosco no capítulo 6). Existem diversas formas de Deus falar conosco. Uma destas formas é através de Seus profetas. desobedeceu aos meus mandamentos e fez essa coisa tão horrível? Você fez com que Urias fosse morto na batalha; deixou que os amonitas o matassem e então ficou com a esposa dele! Portanto, porque você me desobedeceu e tomou a mulher de Urias, (10) sempre alguns dos seus descendentes morrerão de morte violenta. (11) E também afirmo que farei uma pessoa da sua própria família causar a sua desgraça. Você verá isso quando eu tirar as suas esposas e as der a outro homem; e ele terá relações com elas em plena luz do dia. (12) Você pecou escondido, em segredo, mas eu farei com que isso aconteça em plena luz do dia, para todo o povo de Israel ver." Então Davi disse: -Eu pequei contra o Deus Eterno. Natã respondeu: -O Eterno perdoou o seu pecado; você não morrerá. Mas, porque, fazendo isso, você mostrou tanto desprezo pelo Eterno, o seu filho morrerá. Aí Natã foi para casa. Então o Deus Eterno fez com que o filho de Davi e da mulher de Urias ficasse muito doente. Davi orou a Deus para que a criança sarasse e não quis comer nada. Entrou no seu quarto e passou a noite inteira deitado no chão. Então os funcionários do palácio tentaram fazer Davi se levantar, mas ele não quis e não comeu nada com eles. Uma semana depois, a criança morreu, e os funcionários ficaram com medo de dar a notícia a Davi. Eles disseram: -Enquanto a criança estava viva, Davi não respondia quando falávamos com ele. Como vamos dizer a ele que a criança morreu? Ele poderá fazer alguma loucura! Quando Davi viu os oficiais cochichando uns com os outros, compreendeu que a criança havia morrido. Então perguntou: -A criança morreu? -Morreu! -responderam eles. Então Davi se levantou do chão, tomou um banho, penteou os cabelos e trocou de roupa. Depois foi à casa do Deus Eterno e o adorou. Quando voltou ao palácio, pediu comida e comeu logo o que lhe foi servido. Aí os seus oficiais disseram: -Nós não entendemos isto. Enquanto o menino estava vivo, o senhor chorou por ele e não comeu; mas, logo que ele morreu, o senhor se levantou e comeu! -Sim! -respondeu Davi. -Enquanto o menino estava vivo, eu jejuei e chorei porque o Deus Eterno poderia ter pena de mim e não deixar que ele morresse. Mas agora que está morto, por que jejuar? Será que eu poderia fazê-lo viver novamente? Um dia eu irei para o lugar onde ele está, porém ele nunca voltará para mim. ” 107 Na nota anterior, veja os versículos 10, 11 12. 108 Mateus 26:39 “Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres”.

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Profeta é uma pessoa que fala em nome de Deus, que é “porta-voz” de Deus. Na bíblia encontramos diversos profetas tais como Samuel, Elias, Eliseu, Isaias, Daniel, João Batista (na época de Jesus), e depois de Jesus, Pedro, Paulo, Tiago e muitos outros. Seja lá qual for a sua posição social ou econômica, Deus é Deus. A medida que você for amadurecendo em sua Inteligência Espiritual - IE3 – Deus permitirá que você torne-se um profeta na sua casa, para a sua família, ou na sua empresa, bem como poderá também providenciar que você submeta-se a um profeta. É comum que as duas situações aconteçam simultaneamente. Hoje em dia Deus também usa seus profetas.

- Quem são os profetas aos quais você deve submeter-se? Existe um ditado que diz: “Cachorro que tem dois donos, passa fome!”. Em termos espirituais isso também pode ser verdade. Você não deve submeter-se a inúmeras autoridades espirituais, ou a inúmeros profetas. Deus é “um cara” organizado. À medida que você sinta vontade, ou necessidade, procure uma Igreja Cristã, conheça o seu dirigente, que deve ser um profeta: Ele deve estar falando em nome de Deus, mesmo que não seja especificamente para você (o seu profeta). As coisas de Deus devem sempre gerar paz, devem gerar o fruto do Espírito109. À medida que Deus for te dando essa sensação de paz na sua alma, no seu espírito, você pode considerar isso como um “sinal” que essa é a Igreja à qual você deve juntar-se, bem como, que o dirigente dessa Igreja deve ser o seu profeta, ou seja, alguém que Deus pode usar para te orientar e para te aconselhar. Alguns cuidados devem ser tomados:

a) Cuidado com os falsos profetas110: É bíblico que muitas pessoas virão e se dirão enviados de Deus, farão milagres, mas não são de Deus, são falsos profetas.

109 Veja Gálatas 5:22-23 “Mas o Espírito de Deus produz o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade e o domínio próprio ...”. 110 Zacarias 13:2 E no mesmo dia eu, o Deus Todo-Poderoso, farei desaparecer da terra de Israel os nomes dos ídolos … Também tirarei do país todos os falsos profetas e acabarei com a vontade que o povo tem de adorar ídolos; Mateus 7:15 -Cuidado com os falsos profetas! Eles chegam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos selvagens; Mateus 7:20 Portanto, vocês conhecerão os falsos profetas pelas coisas que eles fazem; Mateus 24:11 Então muitos falsos profetas aparecerão e enganarão muita gente; Mateus 24:24 Porque aparecerão falsos profetas e falsos messias, que farão milagres e maravilhas para enganar, se possível, até o povo escolhido de Deus; 2 Pedro 2:1 No passado apareceram falsos profetas no meio do povo, e assim também vão aparecer falsos mestres entre vocês. Eles ensinarão doutrinas destruidoras e falsas e rejeitarão o Mestre que os salvou. E isso fará cair sobre eles uma rápida destruição; 1 João 4:1 Meus queridos amigos e amigas, não acreditem em todos os que dizem que têm o Espírito de Deus. Ponham à prova essas pessoas para saber se o espírito que elas têm vem mesmo de Deus; pois muitos falsos profetas já se espalharam por toda parte; 1 João 4:4 Meus filhinhos e minhas filhinhas, vocês são de Deus

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b) Uma boa forma de verificar que o profeta é verdadeiro ou falso é “checar” o que ele fala (profetiza) com a Bíblia: Qualquer coisa que alguém, que se diz profeta, falar ou profetizar, deve ser confirmado (testificado) biblicamente. Se alguém que se diz profeta disser alguma coisa contrária ao que está na Bíblia, desconfie!; Se alguém que se diz Cristão disser que o que está na Bíblia é uma palavra para “antigamente”, para os tempos de Jesus, para os tempos do antigo Israel, desconfie!

5.5. Eliminando as emoções destrutivas: Substituindo o orgulho pela humildade Quanto mais cheios se nós mesmos estivermos, menor será a nossa inteligência espiritual - IE3. Quanto mais nós assumirmos a nossa condição de dependentes de Deus, mais inteligentes nós somos. Nos tempos contemporâneos, com a hiper-população mundial, nós somos “cheios de vontade” de ajudar Deus resolver a nossa vida. É comum acharmos que “Deus tem coisas muito mais importantes para resolver que os nossos “míseros” problemas: nós podemos “dar uma ajuda” para Ele!”. “Afinal, seria muito egoísmo querer que Deus resolvesse tudo em nossa vida”. “Deus tem que resolver a cura da AIDS, do Cancêr, o trafico de drogas, a criminalidade, a fome na África, a seca do Nordeste, a pobreza e má distribuição de renda no Brasil e na América Latina”. É com esse raciocínio que acabamos nos tornado auto-suficientes, e daí, à medida que “as coisas” não acontecem, sentimo-nos frustrados: “Deus esqueceu de mim!” ou “Será que Deus existe mesmo?!” Se Deus é Deus, criou todo o universo, sabe tudo sobre cada um de nós, criou as estrelas, galáxias, a vida, talvez a vida em outros lugares que não conhecemos. Se ele tem milhões de anos de “experiência” de vida, “deixa de ser ridículo em achar que você tem mais competência que Ele, para tratar de sua própria vida!”. É esse o ponto que precisamos encarar: Deus é Deus. Ele tem toda a competência para cuidar do universo. Ele tem competência para cuidar da minha vida, muito melhor que eu! Preparamos um check-list para ajudar você a fazer um auto-diagnóstico. Assinale aqueles comportamentos que você identifica em você mesmo:

e têm derrotado os falsos profetas. Porque o Espírito que está em vocês é mais forte do que o espírito que está naqueles que pertencem ao mundo.

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___ Eu me acho muito superior aos outros: Eu sou genial! Minhas idéias sempre são as mais inteligentes!

___ Eu não preciso de ajuda dos outros. Eu posso ajuda-los, porque eu sou mais

experiente, sou mais inteligente mesmo! ___ Eu não preciso de Deus a toda hora. Ele já me deu inteligência e conhecimento,

justamente para deixa-Lo livre para ajudar aqueles que ele preparou pior do que eu, ou mesmo aqueles que estão sofrendo mais que eu.

___ Agora que estou me tornando mais inteligente espiritual, que estou elevando o

meu IE3, vou “dar menos trabalho” para Deus, vou poder me tornar mais independente de Deus. Afinal é por isso que estou investindo meu tempo em IE3.

___ “Eu já sei o que Deus quer para mim, nem precisa consulta-Lo”: Você tem

sempre um forte desejo de fazer a sua própria vontade “achando” que é a de Deus. ___ Eu sou muito importante, tenho valor, pelo meu esforço, pela minha competência,

pelos seus títulos (mestre, doutor, comendador, etc.), pelas minhas posses, pelo meu dinheiro/riqueza, por minha posição social.

___ Deus! Os meus problemas são urgentes, eu sou mais importante que os outros.

Você tem que me ajudar! ___ Você tem dificuldade de reconhecer seus próprios erros. ___ Ao contrário da maioria das situações anteriores, você não é arrogante, você se

acha humilde. As pessoas deveriam toma-lo como exemplo de humildade. Isto é só uma lista para checagem, para ajudar você a diagnosticar-se. Em suma o que precisamos é verificar se nos achamos auto-suficientes, se estamos ocupando o lugar de Deus em nossas próprias vidas: Isso é orgulho! Mesmo orgulhar-se, por ser humilde é orgulho! Parece que há uma crônica do Analista de Bagé111, em que o paciente chegava na consulta e dizia:

- Doutor, eu tenho complexo de inferioridade .... Isso tem cura? O Analista de Bagé, tomando seu chimarrão, diz: - Não te preocupes. Você não tem complexo nenhum: Você é inferior mesmo!

111 Personagem criado por Luiz Fernando Veríssimo, fazendo referência à cultura e valores Gaúchos. Veja mais em : http://www.releituras.com/lfverissimo_analista.asp

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Sem nenhum demérito à você, à mim ou à qualquer ser humano, mas em relação à Deus, fazendo uma pequena adaptação nas palavras do Analista de Bagé, elas tornariam-se verdadeiras:

- Não te preocupes. Você não tem complexo nenhum: Você é inferior a Deus

mesmo! Converse com Deus

Jesus, eu vivia cheio de mim mesmo, me auto-enganado, me achando auto-suficiente. Concordo que tenho sido orgulhoso, Você me desculpe (me perdoe), por [diga cada um dos itens que você assinalou na listagem anterior]. Deus, contagie o meu espírito com o Seu Espírito Santo, e me enche de humildade, dependência e confiança em Você. Em nome de Jesus. Amém.

5.6. Tensões espirituais destrutivas: Substituindo os vícios pela liberdade Em maior ou menor grau, todos nós podemos ter vícios. Há vícios mais “inocentes” como vícios de linguagem. Usamos, sem perceber, determinadas palavras. Há vícios de expressões idiomáticas ou mesmo gestuais. Há vícios alimentares, vícios de hábitos, etc. Por definição, vício pode ser qualquer costume prejudicial. Os vícios tornam-se problemas maiores, quando não conseguimos ter mais controle sobre eles, quando eles passam a nos dominar. Independente da gravidade das conseqüências de qualquer vício, eles são indesejáveis à medida que nos dominam, à medida que não conseguimos nos libertar deles. Daí, deixamos de ser dependentes unicamente de Deus. Lembra-se na secção anterior (5.5) que afirmamos que “Quanto mais cheios se nós mesmos estivermos, menor será a nossa inteligência espiritual - IE3. Quanto mais nós assumirmos a nossa condição de dependentes de Deus, mais inteligentes nós somos”. Da mesma forma, podemos afirmar que os vícios nos tornam “burros” em termos espirituais: quanto mais viciados formos, menor será a nossa inteligência espiritual - IE3. A maioria dos vícios são ligados à nossa natureza humana112, ou seja o oposto de dependência de Deus113.

112 Veja Gálatas 5:19-21 “As coisas que a natureza humana produz são bem conhecidas. Elas são: a imoralidade sexual, a impureza, as ações indecentes, a adoração de ídolos, as feitiçarias, as inimizades, as brigas, as ciumeiras, os acessos de raiva, a ambição egoísta, a desunião, as divisões, as invejas, as bebedeiras, as farras e outras coisas parecidas com essas..”

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Faça o seu auto-diagnóstico, e veja se há vícios que estão prejudicando você: Vícios mais comuns ___ Roubo ___ Mentira ___ Brigas ___ Ciúmes ___ Inveja ___ Explosões de Raiva ___ Queixas ___ Críticas ___ Corrupção ___ fofoca ___ Controle

Excessivo

___ Mentiras ___ Palavrões ___ Cobiça ___ Provocar Intrigas ___ Jogo ___ Outros Como definimos anteriormente, vícios são quaisquer costumes prejudiciais. Todos os que relacionamos anteriormente são prejudiciais, e por isso pedimos para Deus nos libertar deles. Há no entanto vícios, que além de serem prejudiciais, são mais difíceis para nós de nos libertarmos deles, tais como os vícios sexuais, abortos, uso de drogas, tabagismo, álcool, medo, auto-mutilação, distúrbios-alimentares compulsivos, aneroxia, bulemia, tendências suicidas e perfeccionismo. Veja, tais vícios não são mais graves que os primeiros. Eles são mais difíceis de você livrar-se deles, pois em geral criam um maior grau de dependência, física, química e psicológica. Se você se encaixar em algum destes vícios, o processo para libertar-se deles é o mesmo, no entanto, é recomendável que você tenha uma assistência espiritual pessoal, através de um profeta, de um pastor114, pastora, ou conselheiro espiritual cristão. Um dos principais ministérios cristãos especializados em libertação, independente de igrejas, é o Shekinah, com sede em São Paulo/SP, mas com atuação em diversos pontos do Brasil (www.shekinah.org.br).

113 Veja Gálatas 5:22-23 “Mas o Espírito de Deus produz o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade e o domínio próprio ...”. 114 Por pastor e pastora definimos aquele profeta/servo de Deus que cuida de um rebanho, independentemente da religião. Desta forma, consideramos pastores os padres, os freis e outras autoridades eclesiásticas da Igreja Católica Apostólica Romana.

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Converse com Deus

Deus, a minha natureza humana tem me dominado, Você me desculpe (me perdoe), por [diga cada um dos itens que você assinalou na listagem anterior]. Deus, contagie o meu espírito com o Seu Espírito, que dá somente bom fruto como o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade e principalmente o domínio próprio. Deus, me enche do Seu domínio sobre mim mesmo. Em nome de Jesus. Amém.

5.7. Tensões espirituais destrutivas: Quebrando maldições e neutralizando as

“energias” negativas Para Deus o tempo deve ser relativo115. É certo que Ele tem um “relógio” diferente do nosso, ou quem sabe, não usa relógio nenhum. Há um conto que diz que um negociante muito esperto encontrou-se com Deus, e usando de sua eloqüência disse para Deus:

Senhor Deus, Tu és dono de todo o universo, criador de todas as coisas, dono de todas as riquezas que existem, o que são para Ti 50 bilhões de dólares? São somente pequenas moedas, migalhas de Sua mesa. Suplico então Senhor Deus, que diante de sua incomensurável grandeza, me dê algumas de suas pequeninas moedas: Eu Te suplico, me dê 50 bilhões de dólares. Diz o conto, que Deus pensou um pouco e respondeu ao hábil negociante: É verdade. Que são 50 bilhões de dólares diante da riqueza e grandeza de todo o universo? É claro que Eu te dou os 50 bilhões de dólares.

115 Veja Salmos 90:4 “Diante de ti, mil anos são como um dia, como o dia de ontem, que já passou; são como uma hora noturna que passa depressa” ou 2 Pedro 3:8 “Meus queridos amigos e amigas, não esqueçam isto: Para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia”.

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O hábil negociante, ficou muito feliz e perguntou para Deus, como ele deveria proceder para receber os 50 bilhões de dólares, ao que Deus respondeu prontamente : Meu filho, passe aqui amanhã logo cedo, que já vai estar separado o seu dinheiro!

Uma idéia adicional da dimensão de tempo na dimensão espiritual, são as promessas de Deus, em que Ele afirma deixar para as gerações116 daqueles que Ele ama. Se as promessas, as bênçãos de Deus passam de geração em geração, as energias negativas117 (maldições) também podem tornar-se hereditárias!. Já vimos na secção 5.1. que Deus é Deus, mas que pode existir outros espíritos118 (além do Espírito Santo de Deus), agindo em nosso mundo espiritual. e por conseqüência, outras hereditariedades espirituais. Faça um diagnóstico de sua herança espiritual. Talvez Deus esteja abençoando você, por coisas que seus pais, avós, bisavós e tataravôs tenham feito de bom. Nestes casos expresse sua gratidão para Deus. Pegue uma folha em branco, e faça (escreva) uma lista de coisas boas na sua vida. Coisas que você consegue identificar que foram herdadas. Não somente coisas matérias mas também boas características e hábitos familiares. Converse com Deus

Deus, mesmo que eu esteja fazendo “um monte” de coisas erradas, Você é um Deus bom e justo, e tem me abençoado [diga cada item de sua listagem] por herança dos meus antepassados. Obrigado por Você ser o Deus eterno, que cumpre o que promete. Em nome de Jesus. Amém.

Agora pegue outra folha em branco, e faça (escreva) uma lista de coisas ruins na sua vida. Coisas que você consegue identificar que podem ter sido herdadas. Não somente coisas matérias mas também más características e hábitos familiares. 116 Veja Gênesis 9:12 “Disse Deus: Este é o sinal da minha aliança que faço entre mim e vós e entre todos os seres viventes que estão convosco, para perpétuas gerações …” 117 Veja Êxodo 20:4-5 “-Não faça imagens de nenhuma coisa que há lá em cima no céu, ou aqui embaixo na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não se ajoelhe diante de ídolos, nem os adore, pois eu, o Eterno, sou o seu Deus e não tolero outros deuses. Eu castigo aqueles que me odeiam, até os seus bisnetos e trinetos. 118 Veja Lucas 10:18 “Jesus respondeu: -De fato, eu vi Satanás cair do céu como um raio”.

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Converse com Deus

Deus, eu reconheço que esteja fazendo “um monte” de coisas erradas. Alguns dos meus erros partem de mim mesmo, mas outros, embora seja eu mesmo que cometa, parecem ser herdados de meus antepassados. Sei que Você é um Deus bom, que me perdoa e pode me livrar de todos estes erros (pecados). Então eu quero ser perdoado e ficar livre de [diga cada item de sua listagem]. Em nome de Jesus. Amém.

No mundo espiritual, quando um homem e uma mulher “se amam (“transam”), eles tornam-se uma só pessoa119, e por conseqüência, tornam-se mutuamente herdeiros, do bem e do mal. A nossa preocupação não é julgar você e te condenar por eventualmente você ter ou ter tido uma vida promíscua, ou ter se juntado mais de uma vez. Nós já vimos que Deus é um Deus de amor e graça e não de castigo, então seja qual for a sua situação nessa área, Ele pode te perdoar e te ajudar a encontrar-se e ser feliz. O que nós realmente queremos ao tocar esse assunto, é ampliar o leque de seu diagnóstico quanto à sua herança espiritual. Agora pegue outra folha em branco, e faça (escreva) uma lista de coisas ruins que você ainda identifica sua vida. Coisas que você consegue identificar que podem ter sido herdadas através das uniões que você estabeleceu ao longo de sua vida. Aqui o foco é voltado principalmente para as más características e hábitos familiares que você herdou indiretamente. Converse com Deus

Jesus, eu não imaginava que tantas coisas “rolam” no mundo espiritual. Eu não pensava que eu poderia passar a cometer erros, só por ter “transado” com alguém. Eu sei que não é Você que está me castigando, mas sim que são erros que passei a herdar indiretamente. Eu reconheço que todos esse erros sou eu mesmo que faço, mas sSei também que Você é um Deus bom, que me perdoa e pode me livrar de todos estes erros (pecados). Então eu quero ser perdoado e ficar livre de [diga cada item de sua listagem]. Em nome de Jesus. Amém.

119 Veja Gênesis 2:24 “É por isso que o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir com a sua mulher, e os dois se tornam uma só pessoa”.

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Parte II Melhoria Contínua da Qualidade Espiritual - QIE2 Da carreira profissional à administração empresarial

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Capítulo 6. PDCA - QIE

3 : 1a. Etapa – Plan – Planejamento Em administração aprendemos que para um bom planejamento é necessário um bom diagnóstico do problema a ser solucionado. Um bom administrador deve ter a capacidade de identificar problemas, focar oportunidades, enxergar desafios, capacidade de sonhar, capacidade de “decodificar” os sonhos e transforma-los em visões. Se tivermos muito sucesso, somente teremos alcançado a 1a metade desta etapa, ou seja, somente teremos conseguido criar o problema, formular o desafio, diagnosticar a necessidade de solução. A segunda metade desta etapa é elaborar o projeto da solução para o problema ou desafio proposto: formular o plano de ação (PA). A soma dessas duas metades, diagnóstico e plano de ação compõem o planejamento. Existem muitas técnicas e modelos diferentes para o planejamento. As mais “populares” são a [1] SWOT analisys , [2] o modelo das “05 forças” de M.Porter120 e [3] a Cadeia de Valores do Cliente. Estes três modelos, ganham complexidade e atualidade na mesma ordem que estão sendo relacionados. 6.1. Análise das forças Internas e Externas: SWOT analisys. SWOT são as letras correspondentes a :

S Strengths : Pontos fortes W Weakness : Pontos fracos O Opportunities : Oportunidades T Threats : Ameaças

Os pontos fortes e os pontos fracos correspondem à análise das variáveis internas e as oportunidades e ameaças correspondem à analise das variáveis externas. A percepção como variável interna corresponde ao controle: Consideramos variáveis internas aquelas sobre as quais temos controle. Por exemplo, o preço do seu produto ou serviço é uma variável interna, é você (como administrador/empresário) que o determina. Do ponto de vista competitivo e de forma muito simplificada, o seu preço pode ser um ponto forte, se ele for mais baixo do que os de seus principais concorrentes. Ao contrário, pode ser um ponto fraco, se ele for superior aos de seus concorrentes.

120 Veja mais sobre Planejamento em: - Porter, M.E. On competition. Boston, MS: Harvard Business Review Books. 1998. 485 p. - Maximiano, A.C.A.Teoria Geral da Administração: Da revolução urbana à revolução digital. 3a. Edição. São Paulo, SP: Editora Atlas. 2003. 521 p

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Como variável externa entendemos aquelas sobre as quais não temos controle. O que temos que fazer é planejarmos nossas ações em função de seus comportamentos. Por exemplo, para o vendedor ambulante, que atua nos sinais de transito, a ameaça de chuva pode ser vista como uma grande oportunidade para elevar seu faturamento com a venda de guarda-chuvas. A mesma chuva que para o vendedor ambulante é uma oportunidade, é uma ameaça para a agência de turismo, que vende o “Pacote: Fim de Semana de Pesca Submarina em Ubatuba ”. Nem o vendedor ambulante nem o dono da agência de turismo tem controle sobre o clima e sobre as chuvas. Eles somente podem criar alternativas em seus respectivos negócios, investindo em saber as “previsões do tempo”. Não importa a complexidade de um problema, para fazer seu diagnóstico você pode usar a metodologia SWOT Analisys.

Exemplo 1: SWOT Analisys para pendurar um quadro na parede. Variáveis internas - Ponto forte Eu adoro usar o martelo para pregar pregos

- Ponto fraco Eu não tenho muita coordenação motora e “mira”.

Minha última experiência em pregar pregos resultou em uma falange quebrada, pois acabei martelando meu dedo “minguinho”

Variáveis externas - Ameaça Lei do silêncio – Não se pode fazer barulho depois

das 22hrs. -Oportunidade “Seu” António (que eu dei carona para ele ontem

cedo, pois o carro dele quebrou justamente na hora que eu passava indo para o trabalho) que é o nosso zelador, vai ter uma folga “extra” hoje à tarde.

Plano de ação 1a Ação. Interfonar para o “Seu” António

2a Ação Mostrar p/o Sr. António, onde deve ser fixado o quadro na parede

3a Ação Provisionar o caixa para disponibilizar “uma

cervejinha” para o “Seu” António.

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Plano de ação alternativo – “Plano B”

Contingência externa: O “Seu” António não mostrou-se sensível e não poderá ajudar a pendurar o quadro.

1a Ação Confirmar que o seguro saúde esteja pago, e que a

apólice cubra pequenos acidentes domésticos 2a Ação Localizar a caixa de ferramentas, escada e pregos

3a Ação Disparar a operação 6.2. Modelo de análise das “Cinco Forças” - Five Forces Analisys O modelo das Cinco Forças foi formulado por Porter, e é muito voltado para o diagnóstico quanto à viabilidade de novos produtos/serviços em mercados competitivos. 6.2.1. Ameaça de entrada de novos concorrentes em seu mercado A ameaça de novos concorrentes em um mercado é sempre uma ameaça a ser considerada. Quantas histórias de sucesso e de fracasso já ouvimos, em função da entrada de um novo concorrente no mercado. Um caso sempre lembrado é o do Wall Mart, ao tentar lançar-se no mercado brasileiro. A rede W-Mart é a maior rede varejista dos Estados Unidos. Hoje ela é uma empresa familiar com 05 sócios (irmãos). Eles estão na lista das 400 pessoas mais ricas dos Estados Unidos121. Se, no entanto somarmos a fortuna dos 5, eles ocupariam a 1a posição, desbancando Bill Gates, da Microsoft. Como todo esse poder e capacidade gerencial, o W-Mart veio para o Brasil, trazendo todo o conhecimento e tecnologia do maior varejista do mundo, para o mercado brasileiro. É claro que as equipes do Carrefour e do Grupo Pão de Açúcar devem ter passado noites “sem dormir” estudando todas as variáveis possíveis para poderem resistir a ameaça potencial (enorme) que era a chegada do grupo W-Mart. O que os varejistas brasileiros não contavam era com o fracasso inicial do grupo W-Mart, o que foi motivo para um alívio inicial.

121 Veja mais em : http://www.forbes.com

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O consumidor brasileiro é diferente do consumidor americano, o que o W-Mart não conseguiu visualizar com clareza em seu planejamento inicial. As diferenças vão desde hábitos de consumos, de comportamento e de distribuição de renda. A rede W-Mart gastou alguns anos para “sair do vermelho” e apreender mais sobre Brasil e mercado brasileiro. 6.2.2. Ameaça de produtos/serviços substitutos Quando eu tinha meus 20 anos de idade, e ainda cursava faculdade, eu ajudava na administração das fazendas de meus pais. Nosso principal produto sempre foi a produção de café. A partir dos anos 90 nossa fazenda122 tornou-se uma das pioneiras na produção e exportação de café orgânico no Brasil. Mas como nossa fazenda de café é “nas montanhas” do Sul de Minas. Há lugares tão íngremes, que eram impróprios para o plantio de café. Se plantássemos café nessas áreas, haveria um grande erosão e degradaria o solo. Então passamos a plantar banana prata nesse lugares. A cultura da banana cobre bastante o solo, e produz muita folhagem que protege o solo de erosão. Tecnicamente o plantio de bananas deu certo. Até hoje ainda temos alguns bananais nessas áreas, como o solo bem conservado. O que não sabíamos é que o ditado “a preço de banana” tem fundamentos reais. Em suma, vender banana é complicado, pois o custo do transporte e toda a logística de distribuição é difícil, principalmente considerando que a banana é um produto perecível: não dá para estocar por mais que alguns dias, pois ela amadurece, e apodrece. Então investimos na montagem de nosso ponto de escoamento e em uma câmara de maturação de bananas, no Ceasa de Belo Horizonte. Agora sim a questão de logística estava resolvida. Mas apreendemos que ainda haviam mais dois problemas. O primeiro é que, embora a banana seja produzida o ano todo, há uma maior concentração da produção no período do verão, mais ou menos de outubro a março. Com isso o preço nessa época é mais baixo (leis de oferta e da demanda).

- Ok! - Então de abril até setembro, o preço deve ser mais alto, e daí dá para

recuperar a lucratividade?! Você deve estar se perguntando o que essa história de banana tem a ver com ameaça de produtos substitutos, que é o título dessa secção. 122 Veja mais em : http://www.jacarandaorganico.com.br

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O segundo problema que tivemos que aprender, foi que a partir de abril, começa a safra da mexirica, e na seqüência, a safra das demais frutas cítricas. O consumidor, principalmente das classe menos ricas, consome frutas: as frutas que estiverem mais baratas. Ou seja, com causa do aumento da oferta da mexirica, a um preço mais barato, o consumidor deixa de comprar banana (pois o preço subiu) e passa a comprar mexirica, e daí começa a “sobrar” banana, e o preço cai novamente. Moral da história: Hoje temos agro-florestas em nossa fazenda e não mais bananais. Ficaram somente alguns bananais para abastecer a própria fazenda e também para abastecer uma pequena industria experimental para a produção de banana-passa. Outros exemplos industriais podem ser largamente explorados. Há uma lenda que conta que a Coca-Cola fez uma cuidadosa pesquisa de mercado, no final da década de 90, para tentar avaliar quais seriam os principais produtos concorrentes, que poderiam tornarem-se uma ameaça à sua liderança de mercado mundial de refrigerantes. A lenda conta que o guaraná apareceu como uma das únicas ameaças consistentes, pois ele conseguia identificar novos valores para os consumidores, tais como ser natural, estar associado à Amazônia (rain Forest), e ainda à causas de desenvolvimento auto-sustentável para os povos nativos amazônicos (conceito de fair-trade). Sob o foco desta lenda, dá para entender porque a Coca-Cola tem investido tanto no seu Guaraná Kwat, que em termos de produto tem um mercado ínfimo em relação à Coca (Coke), mas talvez seja um produto substituto no futuro. 6.2.3. Poder de barganha na construção de alianças com fornecedores Um caso bastante rico, para ilustrar a construção alianças estratégicas com fornecedores é o caso Dell – Sony123. Em 1993-94, quando a Dell lançou sua nova linha de notebooks – Latitude - Michael Dell conseguiu fechar um contrato de exclusividade de fornecimento de baterias com a Sony. A Sony havia acabado de criar e patentear as baterias Litium Iônicas. O foco da Sony eram as suas filmadoras, pois com esta nova tecnologia em baterias, elas passavam a ter uma enorme vantagem de portabilidade em relação às CamCorders de seus concorrentes. Numa visita à Sony, no Japão, Michael Dell ficou sabendo dessa nova tecnologia que a Sony havia criado, e conseguiu construir uma aliança estratégica com a Sony. Pode-se considerar esta aliança de fornecimento como estratégica, pois a Sony concordou em um fornecimento exclusivo (por dois anos) de suas baterias (Litium Ionico) para a

123 Veja mais sobre este caso em: Dell, M.& Fredman, C. Direct from Dell: Strategies that revolutionaized an industry. New York, NY: HarperCollins Publishers Inc. 1999. 236 p.

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Dell. Com isso houve uma percepção de diferencial, uma percepção de agregação de valor no notebook da Dell em relação aos notebooks dos demais concorrentes. Com as baterias da Sony, o notebook da Dell tornou-se o único no mercado com baterias que duravam mais de duas horas. Esta exclusividade de fornecimento deu à Dell enorme vantagem competitiva neste segmento. 6.2.4. Poder de barganha e alianças com clientes

O poder de barganha, ou a capacidade de negociação pode ser um fator positivo, como também um fator limitante. Por exemplo, a regulamentação do código do consumidor no Brasil, fez com que muitas empresas perdessem sua competitividade, pois mesmo que bem intencionadas, elas não tinham estrutura adequada para assumir as novas condições que o código criou. É claro que o consumidor ganhou com a regulamentação do código do consumidor. Por outro lado, muitas outras empresas passaram a usar a sua capacidade de adaptação frente à mudança, como um diferencial positivo diante ao novo código, e explicitaram essa capacidade de atender à nova regulamentação, formalizando compromissos com seus clientes, que se antecipavam às obrigações que o código do consumidor impunha. 6.2.5. Rivalidade entre concorrentes O ano de 2003 para o Brasil foi um ano de grandes mudanças. Não porque o Lula tornou-se presidente, mas sim que as propagandas de cerveja deixaram de ter como argumento, exclusivamente a beldade de mulheres “semi-nuas”. A Schincariol criou a famosa campanha “experimeta”, alavancando de forma significativa o crescimento de sua fatia de mercado (market share), conquistando ainda em 2003 a segunda posição do mercado brasileiro de cervejas Pilsen124. Esse episódio mostra bem um exemplo de forte rivalidade entre os concorrentes no mercado. A Ambev é fruto da fusão de duas enormes cervejarias brasileiras (Antarctica e Brahma), tornando-se quase que monopolista no mercado. A terceira posição é ocupada pela Molson, uma multinacional cervejeira que tem uma fatia menor no Brasil, mas que tem em enorme “poder de fogo” pela sua tradição cervejeira e estrutura internacional. Qualquer outro fabricante de cervejas que queira tentar entrar no mercado brasileiro de Pilsen terá que ser muito bem estruturado e ter forte aporte de capital, pois a rivalidade entre os concorrentes acabou tornando-se uma forte barreira para novos players. 124 Veja mais em : http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u76734.shtml

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6.3. A Cadeia de valores do cliente Para a concepção de um novo projeto, para aceitar desafios para mudanças, o primeiro passo neste enfoque (cadeia de valores do cliente) de planejamento, é identificarmos quem são os clientes, quais são os canais de comunicação que utilizaremos para estarmos “ligados” a eles, e daí identificarmos quais são os seus valores e suas necessidades, para então definirmos produtos, serviços e infra-estrutura necessária para atende-los. Veja que é uma proposta muito inovadora em relação às anteriores: Ninguém está preocupado nos seus pontos fortes ou fracos, em seus produtos, ou mesmo na competitividade do mercado. O que interessa é o cliente! Influenciado por essa tendência, Kotler125, acrescentou um “P” em seu conhecidíssimo modelo dos “4 P’s”para planejamento e estratégia de marketing. Agora o modelo de Kotler é 4P+1. O 5o P que foi adicionado corresponde à People – Pessoas. Kotler “forçou a barra”, mas de qualquer maneira foi na direção certa. 6.3.1. Clientes Cliente é qualquer pessoa ou entidade que demanda por produtos ou serviços, que possam ser oferecidos no mercado, para satisfazerem um desejo ou uma necessidade. Então, fará parte do que denominamos clientes, os potencias clientes (não clientes), ex-clientes (não clientes) e clientes ativos. Entre os clientes ativos, encontraremos três níveis de atividades: (1) Clientes com atividade em crescimento – novos clientes; (2) Clientes em plena atividade e (3) Clientes com atividade em declínio. É comum também classificarmos os clientes como clientes internos e externos. Ou seja, se um cliente é quem demanda por produtos ou serviços, em um empresa podemos identificar facilmente demandas internas entre as diferentes áreas. Daí surgue também o conceito de endomarketing. 6.3.2 Canais de Comunicação Integrados Os canais de comunicação com o cliente devem envolver a empresa como um todos, notadamente as áreas de marketing e de sistemas de informação. Usando ferramentas tradicionais de sistemas de informação, estaremos procurando sempre melhor compreender o perfil das necessidades do cliente. Para isto usaremos ferramentas como entrevistas, questionários e observação do comportamento do cliente.

125 KOTLER. P. Marketing Management: The Millenium Edition. Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall, 2000. p. 718. .

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Teremos que criar também canais que facilitem o cliente nos localizar e comunicarem-se com a empresa de forma voluntária.

Finalmente, usando as ferramentas de marketing, associadas à tecnologia de informação, deveremos de forma ativa, mas não inconveniente, promover nossos produtos e serviços, e , não perdermos a oportunidade de a partir deste processo, estabelecermos pelo feed-back do cliente, um processo de comunicação contínuo e integrado, que se completa com o CRM126 (Customer Relationship Management).

É importante ter em mente que este processo de identificação de necessidades passa a ser sistêmico e deve ser estendido também ao cliente interno da empresa. Devemos usar a formulação estratégica de marketing como elo de comunicação com o nosso cliente. O modelo dos 4 P’s, conhecido também como modelo estratégico de marketing ou também Marketing Mix, formula a combinação de Produto, Preço, Praça (distribuição) e Promoção como a combinação básica (marketing mix) para a formulação do planejamento e da estratégia de marketing. Associamos ao modelo dos 4 P’s os 4 C’s127, que são: Cliente, Custo, Comodidade e Comunicação. A partir desta associação que fizemos, a construção da estratégia de marketing deverá basear-se nos 4 P’s, no entanto, deverá considerar os pares (P-C)’s.

a) O Par Produto & Cliente: Na formulação estratégica tradicional, são os pontos fortes de um produto que devem faze-lo vencer a concorrência e faze-lo chegar ao consumidor (cliente) com sucesso.

Veja que por este modelo o cliente é alcançado por um produto/serviço de sucesso. O determinante é o produto, restando ao cliente a alternativa aceitar ou rejeita-lo. Quando incorporamos o C - de cliente - como determinante na formulação estratégica de marketing, passamos a desenhar a cadeia de valores reversa (invertida), onde o cliente é quem determina que produto ou serviço deseja ver sendo desenvolvido e oferecido a ele. A formulação estratégica de marketing deve então usar as ferramentas apresentadas nos três tópicos anteriores (entrevistas, questionários e observações).

b) O Par Preço & Custo: No modelo clássico o preço é o custo do processo produtivo ao qual são aplicadas margens (mark-up) até se chegar ao cliente final.

126 Veja mais em : Franco Jr, C.F. e-Business: Tecnologia Informação e Negócios na Internet. 2a. Edição. São Paulo, SP: Editora Atlas. 2003. 127 Schultz, T.L. O novo paradigma do marketing: como obter resultados mensuráveis através do uso do database e das comunicações integradas de marketing. São Paulo, SP: Makron. 1994.

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Entendendo o preço como o desembolso efetivo que o cliente deve Ter para adquirir um produto ou serviço, a associação do C no modelo de e-Business é a inversão da ordem de determinação. O C é na verdade o custo orçamentário do cliente, i.e., quanto o cliente pode dispender, partindo de seu orçamento, para adquirir um novo produto ou serviço. A industria japonesa de eletrônicos (Sony, Toshiba, etc.) são pioneiras em aplicar este modelo. Analisando o mercado ocidental liderado pela Europa e Estados Unidos, eles identificaram que a família típica ocidental (deste primeiro mundo) tem uma folga orçamentária de aproximadamente 1000 a 2000 dólares para compras de final de ano (Natal). Não interessa o produto, o que determina o mercado é o orçamento do cliente. Os japoneses ano-a-ano lançam diferentes produtos visando este mercado, tais como o vídeocassete, a filmadora, o walk-man, os notebooks, a transformação dos computadores em multí-mídia, o home-theater, etc. Veja que neste exemplo (a industria de eletrônicos do Japão), eles não foram perguntar aos clientes que produto eles queriam, pois os produtos não existiam. Os japoneses tiveram um comportamento pró-ativo. A partir da observação (discutida no item 7.2.3) do estilo-de-vida, dos valores, da cultura e do orçamento de seus clientes (família típica ocidental) eles desenvolveram seus produtos. c) O Par Praça & Comodidade : O enfoque de Kotler ao tratar de praça é mais concentrado na localização dos pontos-de-venda, e, como montar uma estrutura eficiente para a distribuição dos serviços e produtos. Na nova economia a importância estratégica em localizar os pontos-de-venda deixa de Ter tanta importância. Os pontos de venda devem estar onde o cliente estiver.

- Onde o cliente está ?

- Na INTERNET! O principal mecanismo de pontos-de-venda transforma-se na verdade, na montagem dos links e mecanismos de busca aos quais um site deve estar ligado (link).

Recentemente um grupo dos meus alunos de MBA desenvolveu um projeto de e-Business para treinamento e educação para empresas, os quais seriam ministrados na própria empresa cliente (in company). Eles fizeram um excelente trabalho em focar o cliente: Multinacionais em crescimento em suas operações no Brasil.

Eles ativaram o site, que iria ser usado exclusivamente para a apresentação do projeto em sua avaliação final , ligando-o ao site de busca do Yahoo.com.

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O canal foi tão eficiente, que eles começaram a ter solicitações reais para oferecerem treinamentos em empresas multinacionais instaladas em diferentes localidades do país. Este exemplo apenas confirma a importância de se estabelecer canais de comunicação eficientes. Onde fisicamente iria instalar-se a empresa (que promoveria tais cursos e treinamentos) não teve importância nenhuma para seus clientes . Por outro lado, a problemática envolvendo a distribuição, quer seja no modelo da “velha economia” ou na “nova economia” na essência está tratando de logística. Esta questão será discutida mais extensamente no ítem 7.5, no entanto uma conceituação introdutória pode definir Logística como a sistemática de encontrar a maneira mais eficiente, pelos aspectos econômico, de informação, de segurança e de rapidez. d) O Par Promoção & Comunicação: Na visão de KOTLER a promoção é de importância estratégica. Isto continua sendo verdade quando o C de comunicação é adicionado.

A comunicação entre a empresa e o cliente visa promover seus serviços e produtos, visa buscar conhecer melhor e mais o perfil do cliente, para conhecendo seus valores poder ser pró-ativa (como o exemplo da industria eletrônica japonesa). Por outro lado, a comunicação entre o cliente e a empresa permitirá que ele tome iniciativas para novas solicitações de serviços e produtos, para reclamações, etc.

A exploração do canal de comunicação é uma das mais ricas fontes para estabilizar qualquer relacionamento. Quem é ouvido valoriza sua parceria. O problema de falta de comunicação é tão grave na sociedade atual que atinge a base da sociedade: aproximadamente 85% dos divórcios no Brasil128 são relacionados à problemas de falta de comunicação entre o casal. Com certeza este índice pode ser estendido ao resto do mundo ocidental, como também aos demais relacionamentos familiares.

Num mundo onde recebemos diariamente um “bombardeio” de comunicações, promoções, e-mails e malas-diretas, uma excelente estratégia para um projeto de e-Business deverá ser a valorização de um canal ‘ouvidor’: O cliente fala e a empresa ouve, e é claro, dá um feed-back consistente. O CRM é uma das principais ferramentas de e-Business para manter os canais de comunicação como uma vantagem estratégica. 6.3.3. Produtos e Serviços Um produto é qualquer coisa que possa ser oferecida no mercado para satisfazer um desejo ou uma necessidade. A partir desta definição bens materiais tangíveis e intangíveis são entendidos como produtos, tais como serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades, empresas, informações, conhecimento e idéias 128 Revista Veja ........

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Devemos observar no entanto, que serviço é um tipo de produto, que tem algumas características particulares “um serviço é qualquer ação, ou conjunto de ações, que alguém oferece a outrem, sendo totalmente intangível e que jamais resulte em propriedade, podendo ou não esta ligada a um outro produto físico”. Todo serviço é um produto, mas somente alguns produtos podem ser classificados como serviço. Os serviços tem características únicas, eles não podem ser estocados e são voláteis. Eles somente existem enquanto estão sendo elaborados e consumidos. Há uma forte tendência de se transformar todo e qualquer produto em serviço. Parece uma afirmação estranha uma vez que acabamos de definir serviço como produto. Por exemplo, quando você vai a um restaurante, o que você está adquirindo, um bem tangível, facilmente classificado como produto, ou a comida, mais o aroma, mais ambiente agradável, mais a música ambiente, mais a gentileza do garçom, mais a habilidade do cozinheiro, mais o vinho e seu bouquet. Num outro exemplo, quando você compra um bilhete aéreo, é claro que o que você está comprando é serviço, mas fará muita diferença a aeronave – produto tangível – que será usada, um avião super moderno e em perfeito estado de conservação provavelmente será muito melhor aceito pelo cliente do que um avião com tecnologia antiga, má aparência, que o cliente já soube que no último vôo uma das turbinas, de repente, parou de funcionar. Vamos então entender mais detalhadamente o produto, e ver como partindo dele forma-se a clássica cadeia de valores percebida pelo cliente.

- Atributos Básicos do Produto (Core Benefit) - É o conceito mais intrínsico de qualquer produto. É o benefício que o produto presta, ou, a que ele se destina. Uma pessoa ao fazer um regime (emagrecimento), está na verdade comprando a esperança de se ver magro. Quando se compra um remédio, esta-se comprando a possibilidade de se ver curado. Ao se comprar uma furadeira, o cliente está comprando “buracos na parede” , ou ainda, quando abastece um carro com combustível, estão sendo comprandos “kilometros percorridos”.

- Produto em Sí (Basic Product) – Para que o produto consiga servir ao cliente

é necessário que ele se torne realidade, tangível ou intangível. O cliente que quer emagrecer terá que comprar como produto os remédios necessários, ou o conhecimento do endocrinologista, através de uma consulta (produto intangível), para aprender como se alimentar.

O mesmo pode ser dito em relação a qualquer doença, em que o cliente compra como produto, remédios ou métodos de cura, tais como serviços de massagem, fisioterapia, sessões de ginástica, etc. A furadeira (para fazer os

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buracos na parede) ou o combustível (gasolina, alcool, diesel, etc) são os produtos.

- Produto Esperado (Expected Produt) – Uma vêz identificado o produto em sí, o cliente tem espectativas em relação a ele. O paciente sob regime espera que a dieta proposta seja exequível, agradável. O doente quando compra um remédio espera que ele seja de um sabor suportável. O cliente que compra a furadeira espera que ela seja eficiente, faça os “buracos na parede” com facilidade, que não faça tanto barulho como as furadeiras “antigas” e que não gaste muita energia. Finalmente, o cliente ao comprar combustível, espera que ele proporcione uma alta quilometragem por litro, trazendo economicidade.

- Produto Recebido (Augmented Product) – Agora é a hora de você

surpreender seu cliente, de você oferecer a ele mais do que ele esperava. O regime de emagrecimento faz o paciente perder peso rapidamente, melhora seu “astral” e não o deixa passar fome. O remédio não só é palatável, mas também é gostoso, o paciente pode escolher entre diversos sabores (morango, maçã, laranja, abacaxi, etc.). A nova furadeira tem dispositivo economizador de energia, silenciador e brocas “ Clark Kent” que “furam até aço, com um simples toque no gatilho”. E o combustível “SuperPlus+” foi capaz de aumentar em 35% a quilometragem por litro de seu veículo. O cliente não esperava produtos tão bons, ao preço que ele está pagando. A síntese deste conceito é “ENCANTAR O CLIENTE”.

- Produto Potencial (Potencial Product) – Neste último nível, você vai estar

com uma atuação pró-ativa. Você terá que desenvolver e criar para o cliente produtos que ainda não estão no mercado, atendendo necessidades que o cliente ainda não sabe que tem. Neste nível sua empresa deverá estar criando novas demandas. Sua empresa deverá estar realmente “tateando” e criando o futuro.

Veja que este tópico – produto – coloca claramente a escala de percepção de valores clássica do cliente, frente aos produtos. Quando propomos neste capítulo a inversão da cadeia de valores, estamos justamente partindo da percepção das tendências do cliente – o produto potencial – para chegar ao produto em si. Disto resultou o termo inversão.

6.3.4. Infra-Estrutura e Processos Flexíveis Na nova economia, seguindo uma tendência crescente da passagem do milênio, a única certeza que podemos ter é a de que tudo pode ser mudado muito rapidamente.

Nesta perspectiva, qualquer estrutura muito pesada, que outrora refletia vantagem competitiva, tornou-se um potencial “peso-morto”. Estamos vendo no fechamento do ano 2000, a Xerox (mundial) estar passando por complexos problemas

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financeiros e estratégicos em função de não ter conseguido tranformar-se e ajustar seu foco corretamente, na velocidade que o seu cliente mudou. O horizonte temporal, nesta nova condição de concorrência global acirrada, dificilmente supera 02 anos, em termos de montagem e detalhamento estratégico. A montagem de infra-estrutura e a integração dos diversos processos deverão ter como ponto forte a flexibilidade e possibilidade de crescimento modular, ou completa transformação de módulos. A venda de microcomputadores está mostrando esta necessidade de forma muito clara. A Dell computadores (estudo de caso usado no capítulo 1) cresceu vertiginosamente suas vendas e lucratividade nos últimos anos, através da maximização do uso de recursos integrados via internet no relacionamento com seus clientes. A partir de meados de 2000 no entanto, a Gateway está avançando sobre sua fatia do mercado, e abalando sua lucratividade, ao criar uma estratégia de montagem de lojas (Gateway Country) que mais do que lojas, são centros de atendimento ao cliente. Nas lojas “Gateway Country” o cliente além de comprar computadores compra também treinamento, serviços ligados à internet, etc. A rentabilidade por venda chega a agregar margens de rentabilidade de até 90%, o que é altíssimo, principalmente em um mercado extremamente concorrido onde microcomputador tornou-se uma commodity.

6.3.5. Terceirização Integrada às Competências Internas

Finalmente chegamos à analise interna. Ele é final, ao contrário de tudo que vemos na “velha economia”. O diagnóstico de pontos fortes e fracos irá permitir finalmente que seja distribuídas as tarefas e operações montadas pelos requisitos de infra-estrutura do tópico anterior. Será fundamental que a empresa não se limite à sua própria análise. Ela deve avaliar com a mesma profundidade as possibilidades de terceirização, em todos os processos. A distribuição será baseada então na junção dos pontos fortes de partes internas e externas. Numa situação extrema, sua empresa poderá descobrir que deve terceirizar tudo, ficando responsável somente pela logística de integração, e concentrar-se permanentemente, na constante avaliação e aperfeiçoamento deste único processo, procurando vantagens competitivas em projetar a necessidade de seus clientes.

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6.4. Planejamento usando a Inteligência Espiritual - IE3 A nossa abordagem de planejamento está sendo progressiva, ou seja, tudo que falamos no item 6.1.1 (swot analisys) pode ser incorporado pela abordagem do item 6.1.2. (five forces model), que também não deve ser desprezado quando adotamos o modelo da cadeia de valores do cliente (item 6.1.3). Agora, ao tratarmos do planejamento usando a inteligência espiritual - IE3 – estaremos chegando ao modelo mais amplo, onde todos os anteriores podem ser usados como sub-ferramentas técnicas. O planejamento que, como vimos, se desdobra em diagnóstico e plano de ação, na dimensão espiritual o diagnóstico transforma-se em (1) Oração e o plano de ação como resultado de (2) Ouvir Deus falar. 6.4.1. Orando Para planejarmos com sucesso é necessário que conversemos muito com Deus. Conversa é um processo de duas vias, é um processo de comunicação onde se fala e se escuta.

-Como orar? Jesus nos ensina o “Pai Nosso”129 como uma estrutura de oração, e não como uma oração “pré-fabricada”130 a ser decorada. Se dermos uma olhada no Salmo 51, ele também é uma oração feita por Davi.

- Então é só ler e decorar o “Pai Nosso” e o Salmo 51, e todo o dia ora-los? Orar, antes de tudo é uma atitude. Nós oramos porque queremos “bater um papo” com nossos amigos131 Jesus e com o Pai Dele – Deus. Da mesma forma que gostamos de “bater um papo” ou “jogar conversa” com os nossos amigos que seja no happy hour, fazendo esportes, ou mesmo dando um telefonema, assim deve ser a nossa vontade de conversar com Deus. Além de “bater papo”, orar é para nós uma necessidade. À medida que ganhamos inteligência espiritual - IE3 – vamos nos esvaziando de nós mesmos, do nosso “eu” e

129 Mateus 6:9-13 “... Pai nosso, que estás no céu, que todos reconheçam que o teu nome é santo. Venha o teu Reino. Que a tua vontade seja feita aqui na terra como é feita no céu! Dá-nos hoje o alimento que precisamos. Perdoa as nossas ofensas como também nós perdoamos os que nos ofenderam. E não deixes que sejamos tentados, mas livra-nos do mal. Pois teu é o Reino, o poder e a glória, para sempre. Amém!". 130 Mateus 6:7-8 “- Nas suas orações, não fiquem repetindo o que vocês já disseram, como fazem os pagãos. Eles pensam que Deus os ouvirá porque fazem orações compridas. Não sejam como eles, pois, antes de vocês pedirem, o Pai de vocês já sabe o que vocês precisam”. 131 Veja João 15: 14-15 “Vocês são meus amigos se fazem o que eu mando. Eu não chamo mais vocês de empregados, pois o empregado não sabe o que o seu patrão faz; mas chamo vocês de amigos, pois tenho dito a vocês tudo o que ouvi do meu Pai”.

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vamos nos enchendo do Espírito de Deus, ou seja o nosso “eu espiritual” precisa de “reabastecer” pelo contágio com o Espírito de Deus. Nessa analogia, orar é como parar no posto de combustível e “encher o tanque”. À medida que você crescer em inteligência espiritual - IE3 - você vai sentir vontade de orar, da mesma forma que o nosso físico sente fome nas horas de refeições. Orar muito mais que um hábito, vai tornando-se uma necessidade que o seu espírito sente. Lembre-se sempre disso: inteligência espiritual - IE3 - não é religiosidade. Inteligência espiritual é a noção de dependência de Deus, é uma necessidade que vem de “dentro” de nós, do fundo de nossa alma, de nosso espírito, e não é satisfeita pela formalidade de ir à igreja, mas sim pela intimidade com Deus.

a) Dependência de Deus Orar é colocar-se na presença de Deus, reconhecendo a nossa dependência D’ele. Nós reconhecemos que nós não somos auto-suficientes, nós precisamos de “reabastecimento”, nos queremos é falar com o dono do universo, nós queremos nos corrigir, nos aperfeiçoar.

Quando Davi ora, ele começa a conversa132 dele com Deus definindo para si mesmo a diferença dele (Davi) diante de Deus: Embora ele fosse Rei, todo mundo o reverenciasse como autoridade máxima, na presença de Deus, para ele é bem claro que ele é cheio de erros (pecados) e maldades.

- Será que Deus já não sabia dos erros e pecados de Davi? Precisava Davi contar para Deus?

É claro que Deus já sabia. Ele sabe de tudo. Ele nos conhece profundamente, muito mais que nós mesmos nos conhecemos. Então, em nossa oração, nós estamos declarando para nós mesmos e para todo o mundo espiritual, que nós dependemos de Deus, que nós sabemos que erramos e precisamos de Deus para nos acertarmos. Se dermos uma olhada no “Pai Nosso” vamos ver que Jesus nos ensina da mesma forma133 . Não há nenhuma dúvida que a nossa condição é diferente da de Deus: Ele é Santo. Nós temos erros (pecados) para serem perdoados; É Ele quem manda em tudo, inclusive nas nossas vidas. Nós reconhecemos e declaramos para nós mesmos, e para o mundo espiritual, que é Deus quem manda no Universo! Vou te lembrar de novo: inteligência espiritual - IE3 - não é religiosidade. Inteligência espiritual é dependência de Deus. Da mesma forma, oração não é formalidade, é dependência de Deus.

132 Veja Salmo 51:1-3 “Por causa do teu amor, ó Deus, tem misericórdia de mim. Por causa da tua grande compaixão apaga os meus pecados. Purifica-me de todas as minhas maldades e lava-me do meu pecado. Pois eu conheço bem os meus erros, e o meu pecado está sempre diante de mim“. 133 Veja Mateus 6: 9 “...Pai nosso, que estás no céu, que todos reconheçam que o teu nome é santo. Venha o teu Reino. Que a tua vontade seja feita aqui na terra como é feita no céu!”

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No ponto de vista espiritual, marido e mulher não dependem um do outro, pois eles são uma só pessoa (uma só carne). Não dá para dizer que sua mão precisa negociar com o seu braço, ou que seu perna precisa de um favor de seu pé: Eles funcionam integrados. O relacionamento de casais deve ser assim. No entanto, depender de qualquer pessoa é ruim, nos limita. Mesmo que seja depender de pessoas muito queridas como nossos pais. Depender de Deus é muito diferente. Depender de Deus é bom. Quer ver: “ … então, se o meu povo, que pertence somente a mim, se arrepender, abandonar os seus pecados e orar a mim, eu os ouvirei do céu, perdoarei os seus pecados e farei o país progredir de novo”134. b) Reconhecer seus erros Reconhecer os erros é voltar atrás. É arrepender-se. Na dimensão humana agente pode ter muita dificuldade (como vimos no capítulo anterior no tópico 5.3) para reconhecer os nossos erros e pedir perdão, mesmo que haja dificuldade, apreendemos a voltar atrás.

No relacionamento com Deus é muito mais fácil, pois como vimos no tópico anterior o nosso relacionamento (você e Deus) não é de iguais, Deus é Deus e nós, dependentes dele.

- “Pô”?! Mas por que tenho que reconhecer meus erros?

Se você fosse perfeito, sem erro nenhum, você seria Deus. Como só há um único Deus, que não é você nem eu, é necessário que agente assuma a nossa posição: Não somos Deus, e exatamente por isso, se tivermos a humildade de reconhecermos que estamos errados (e portanto estamos reconhecendo que queremos mudar), Ele poderá nos perdoar e ensinar como parar de errar. Reconhecer os nossos erros, é como qualquer processo empresarial, de qualidade, ou de estratégia em que começamos fazendo um diagnóstico, em que analisamos o que temos feito, e o que gostaríamos de realmente fazer, o que o mercado esperava de nossa empresa, ou ainda, que oportunidades de mercado estamos perdendo por não estarmos fazendo a “coisa” certa. Jesus nos ensina uma outra dimensão muito importante e interessante quanto a reconhecermos os nossos erros135: Jesus nos mostra que nós mesmos somos o arbitro do processo perdão. Deus é um Deus de graça136. Ele nos ama de forma incondicional. Pela vontade Dele, Ele nos perdoa e tem “paciência” de nos ensinar a forma certa de “fazer as coisas”, tantas vezes quanto for necessário: O tempo Dele é ilimitado.

134 II Cronicas, 7:14 135 Veja Mateus 6:12 “Perdoa as nossas ofensas como também nós perdoamos os que nos ofenderam“. 136 Veja Efésios 2: 5 e 8 “que, quando estávamos espiritualmente mortos por causa da nossa desobediência, ele nos trouxe para a vida que temos em união com Cristo. Pela graça de Deus vocês são salvos … Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus.

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Então o que limita o quanto Deus nos perdoa é a nossa própria vontade de perdoar os outros. É a nossa dimensão horizontal, é a nossa relação humano-humano, limitando a nossa relação humano-Deus. c) Agora é hora de pedir Nós não pedimos dinheiro empresado, para alguém

que está pedindo “esmola” no transito. Nós não pedimos emprego em uma empresa que está em processo de falência. É Deus quem tem condições de atender os nossos pedidos. Deus é Senhor sobre tudo. É dono de Tudo. Então, nada melhor pedir para quem tem o que dar.

Para quem já tem o hábito de orar, muitas vezes você já deve ter experimentado a sensação de que Deus não está te escutando: Agente pede, pede, pede ... e nada acontece. Lembre-se que o nosso tópico é Planejamento e que através da oração estamos tratando somente da I fase, que é o diagnóstico. Ainda temos a II fase, o plano de ação, que em termos de inteligência espiritual - IE3 - é ouvir Deus falar. Davi, quando pede, faz um salto “pra dentro”. Ele pede que Deus contagie (com o espírito de Deus) o seu próprio espírito (de Davi), tal forme que ele “entre em sintonia” com Deus137. Em suma é pede para Deus cuidar totalmente dele, de seu corpo, de sua alma e de seu espírito. Davi não relaciona coisas ou tarefas para Deus resolver. Jesus também nos ensina a pedir a dependência material138 e espiritual139. Tem algumas “dicas” em termos de oração que são muito úteis:

1. Não peça coisas que vão contra o que Deus pensa

a) Pedir para Deus te dar alguma coisa que pertence à outra pessoa (isso inclui marido e esposa);

b) Pedir para Deus fazer o mal para alguém ; c) Pedir para Deus fazer alguma que contraria suas próprias leis

bíblicas; d) Pedir para Deus te abençoar em uma situação que você sabe

que está errando (pecando). Por exemplo, pedir para Deus abençoar (não deixar que seja descoberta) a fraude contábil que você vai fazer na empresa, etc ...

137 Veja Salmo 51: 10-12 “Ó Deus, cria em mim um coração puro e dá-me uma vontade nova e firme! Não me expulses da tua presença, nem tires de mim o teu santo Espírito. Dá-me novamente a alegria da tua salvação e conserva em mim o desejo de ser obediente”. 138 Veja Mateus 6:11 “Dá-nos hoje o alimento que precisamos” 139 Veja Mateus 6:13 “E não deixes que sejamos tentados, mas livra-nos do mal“.

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2. Ao concordar com as partes envolvidas, peça para Deus140 Numa negociação, em um conflito, em uma divergência com alguém, primeiro tente entender o ponto de vista da outra parte. Tente mostrar a sua posição. Antes mesmo de conseguirem entrar num acordo, tentem vislumbrar uma solução que fosse aceitável para os dois lados. Agora então peça para Deus abençoar a solução que vocês previamente concordaram. É claro que não se esquecendo do tópico anterior. 3. Peça para Deus te mostrar qual é a idéia Dele

Nós já concordamos que Deus sabe mais do que nós, até mesmo a respeito de nossas próprias vidas141. Então, ele com certeza é capaz de saber melhor que nós o que precisamos. Recentemente recebi por e-mail esse conto, que creio que ilustra bem o que estamos tratando.

O BORDADO

Quando eu era pequeno, minha mãe costurava muito. Eu me sentava no chão, brincando perto dela, e sempre lhe perguntava o que estava fazendo.

Respondia que estava bordando.

Todo dia era a mesma pergunta e a mesma resposta.

Observava seu trabalho de uma posição abaixo de onde ela se encontrava sentada e repetia: '"Mãe, o que a senhora está fazendo?"

Dizia-lhe que, de onde eu olhava, o que ela fazia me parecia muito estranho e confuso. Era um amontoado de nós e fios de cores diferentes, compridos, curtos, uns grossos e outros finos.Eu não entendia nada.

Ela sorria, olhava para baixo e gentilmente me explicava:

140 Veja Mateus 18:19 “ … afirmo [Jeus] a vocês que isto também é verdade: Todas as vezes que dois de vocês que estão na terra pedirem a mesma coisa em oração, isso será feito pelo meu Pai, que está no céu”. 141 Veja Salmo 139: 1-6 “Ó Deus Eterno, tu me examinas e me conheces. Sabes tudo o que eu faço e, de longe, conheces todos os meus pensamentos. Tu me vês quando estou trabalhando e quando estou descansando; tu sabes tudo o que eu faço. Antes mesmo que eu fale, tu já sabes o que vou dizer. Estás em volta de mim, por todos os lados, e me proteges com o teu poder. Eu não consigo entender como tu me conheces tão bem; o teu conhecimento é profundo demais para mim”.

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"Filho, saia um pouco para brincar e quando terminar meu trabalho eu, chamo você e o coloco sentado em meu colo. Deixarei que veja o trabalho aqui da minha posição."

Mas eu continuava a me perguntar lá de baixo: “Por que ela usava alguns fios de cores escuras e outros claros?" "Por que me pareciam tão desordenados e embaraçados?"

"Por que estavam cheios de pontas e nós?"

"Por que não tinham ainda uma forma definida?"

"Por que demorava tanto para fazer aquilo?

Um dia, quando eu estava brincando no quintal, ela me chamou: "Filho, venha aqui e sente em meu colo."

Eu sentei no colo dela e me surpreendi ao ver o bordado. Não podia crer! Lá de baixo parecia tão confuso! E de cima vi uma paisagem maravilhosa!

Então minha mãe me disse: "Filho, de baixo, parecia confuso e desordenado porque você não via que na parte de cima havia um belo desenho. Mas, agora, olhando o bordado aqui da minha posição, você sabe o que eu estava fazendo."

Muitas vezes, ao longo dos anos, tenho olhado para o céu e dito: "Pai, o que você está fazendo?"

Ele parece responder: "Estou bordando a sua vida, filho."

E eu continuo perguntando: "Mas está tudo tão confuso... Pai, tudo em desordem. Há muitos nós, fatos ruins que não terminam e coisas boas que passam rápido. Os fios são tão escuros. Por que não são mais brilhantes?"

O Pai parece me dizer: "Meu filho, ocupe-se com seu trabalho, descontraia-se, confie em Mim... e Eu farei o meu trabalho. Um dia, colocarei você em meu colo e então vai ver o plano da sua vida aqui da minha posição."

Muitas vezes não entendemos o que está acontecendo em nossas vidas. As coisas são confusas, não se encaixam e parece que nada dá certo. É que estamos vendo o avesso da vida. Do outro lado, Deus está bordando..para Que nós possamos ter paciência para esperar e só então compreender os mistérios da VIDA

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Tudo ficaria mais fácil se nós conseguisse-mos “olhar por cima”, se nós conseguisse-mos ver pela perspectiva de Deus.

Então o melhor que fazemos é pedir para que ele nos conte ou nos mostre o que é o melhor para nós, quais são os planos Dele. Há vários casos que Jesus conta ilustrando essa nossa preocupação com a vida, com o presente e com o futuro. São casos muito conhecidos e até mesmo poéticos:

-Por isso eu digo a vocês: Não se preocupem com a comida e com a bebida que precisam para viverem nem com a roupa que precisam para se vestirem. Afinal, será que a vida não é mais importante do que a comida? E será que o corpo não é mais importante do que as roupas? Vejam os passarinhos que voam pelo céu: Eles não semeiam, não colhem, nem guardam comida em depósitos. No entanto, o Pai de vocês, que está no céu, dá de comer a eles. Será que vocês não valem muito mais do que os passarinhos? E nenhum de vocês pode encompridar a sua vida, por mais que se preocupe com isso. -E por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem as flores do campo: Elas não trabalham, nem fazem roupas para si mesmas. Mas eu afirmo a vocês que nem mesmo Salomão, sendo tão rico, usava roupas tão bonitas como essas flores. É Deus quem veste a erva do campo, que hoje dá flor e amanhã desaparece, queimada no forno. Então é claro que ele vestirá também vocês, que têm uma fé tão pequena! Portanto, não fiquem preocupados, perguntando: "Onde é que vamos arranjar comida?" ou "Onde é que vamos arranjar bebida?" ou "Onde é que vamos arranjar roupas?" Pois os pagãos é que estão sempre procurando essas coisas. O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso. Portanto, ponham em primeiro lugar na sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer, e ele lhes dará todas essas coisas. Mateus 6:25-33

Além de pedir para Deus te mostrar qual é a idéia Dele sobre a sua vida e suas aflições, tal forma que você possa orar “em sintonia” com Ele, é importante termos sempre em mente que Deus nos ama, que sempre quer o melhor para nós:

“Por acaso algum de vocês, que é pai, será capaz de dar uma pedra ao seu filho, quando ele pede pão? Ou lhe dará uma cobra, quando ele pede

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um peixe? Vocês, mesmo sendo maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos. Quanto mais o Pai de vocês, que está no céu, dará coisas boas aos que lhe pedirem!” Mateus 7:9-11

d) Agora é hora de agradecer Mas agradecer o que? Alegre-se! Teu Deus não é Deus?! Ele não é dono de tudo? Ele pode fazer tudo o que Ele quiser. Então, se você pediu direito, é só esperar. Comece a agradecer. Essa é a plena certeza e confiança que nós temos N’ele.

Não se esqueça de tudo o que pedir para Deus, peça através de Jesus “em nome de Jesus”, pois foi ele mesmo que nos garantiu duas coisas:

1. Jesus nos garante que Ele é o único intermediador entre nós e Deus142 2. Que tudo que pedirmos em nome Jesus, Jesus e Deus ouvirão143

Finalmente, diga “Amém”. 1 Amém em hebraico é: El melerr n’ emam! Isto significa: "Deus meu Rei é fiel para cumprir Suas promessas". Ou seja, ao dizermos “amém” estamos declarando que - Deus é Deus! e que Ele tem todos os meios para fazer aquilo que pedimos. - Nós confiamos Nele!

6.4.2. Ouvindo Deus Falar Estar em oração também é momento de ouvir Deus falar. Ele pode usar diferentes maneiras para falar conosco. Vamos nos concentrar em 06 maneiras que Deus fala. O que Deus nos garante é que se quisermos ouvi-Lo, Ele tem muitas coisas boas para nos dizer144. a) Deus fala pela Sua palavra: Bíblia Deus nos fala através da própria Bíblia. Deus nos fala sobre o futuro em geral, para a humanidade como um todo, como também Deus especificamente: Mensagens específicas para cada um de nós, em momentos determinados.

142 Veja João 14: 6 “Jesus respondeu: -Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o

Pai a não ser por mim“. 143 Veja João 16: 23-24 “... eu [Jesus] afirmo a vocês que isto é verdade: Se vocês pedirem ao Pai alguma coisa em meu nome, ele lhes dará. Até agora vocês não pediram nada em meu nome; peçam e receberão”. 144 Veja Isaias 1:19 “Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra”.

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Através dos profetas, Deus fala sobre o futuro. Através do profeta Isaias, que viveu aproximadamente 700 anos A.C. , Deus anunciava com detalhes a vinda de Jesus145, como também o sacrifício de Cristo aqui na terra146. Jesus mesmo, para anunciar-se147 aos Israelitas como o Messias, usa a Bíblia. O livro de Apocalipse (em inglês Revelation) é um livro profético da Bíblia, onde Deus nos fala do futuro, nos revela tudo o que deverá acontecer na terra , desde o tempo em que foi escrito (no final do primeiro século após o nascimento de Jesus). Há estudiosos, especialistas em estudar somente as profecias bíblicas. No velho testamento encontramos uma pequena passagem que fala sobre um futuro que iria acontecer dali há mais de 2.500 anos, que fala sobre o 11 de Setembro de 2001, que descreve o atentado contra as torres gêmeas (World Trade Center) em Nova Iorque148. Deus também transforma a Bíblia em Sua palavra específica para você, para mim, para situações pontuais. Deus me fala muito desta maneira. À medida que estou orando por situações particulares minhas, que envolvem minha família, meu trabalho, etc ..., Deus vai me mostrando na Bíblia, situações similares e me revela como proceder, ou qual será o desfecho da minha situação, em função do desfecho bíblico que Ele me mostrou. No final de 2002 eu tinha que tomar algumas decisões importantes em relação aos meus planos de trabalho para 2003, 2004 e 2005. Em minhas leituras da Bíblia, Deus me levou a ler uma passagem conhecida como “Poço de Mara”149 145 Veja Isaías 61:1-2 “O Senhor Eterno me deu o seu Espírito, pois ele me escolheu para levar boas notícias aos pobres. Ele me enviou para animar os aflitos, para anunciar a libertação aos escravos e a liberdade para os que estão na prisão. Ele me enviou para anunciar que chegou o tempo em que o Eterno salvará o seu povo” 146 Veja Isaias 52: 13-15 e Isaias 53:1-12 147 Veja Lucas 4:16-19 “Jesus foi para a cidade de Nazaré, onde havia crescido. No sábado, conforme o seu costume, foi até a sinagoga. Ali ele se levantou para ler as Escrituras Sagradas, e lhe deram o livro do profeta Isaías. Ele abriu o livro e encontrou o lugar onde está escrito assim: "O Senhor me deu o seu Espírito. Ele me escolheu para levar boas notícias aos pobres e me enviou para anunciar a liberdade aos presos, dar vista aos cegos, libertar os que estão sendo oprimidos e anunciar que chegou o tempo em que o Senhor salvará o seu povo”. 148 Veja Sofonias 1:14-18 “… está perto e muito se apressa. Atenção! O Dia do SENHOR é amargo, e nele clama até o homem poderoso. Aquele

dia é dia de indignação, dia de angústia e dia de alvoroço e desolação, dia de escuridade e negrume, dia de nuvens e densas trevas, dia de trombeta e de rebate contra

as cidades fortes e contra as torres altas. Trarei angústia sobre os homens, e eles andarão como cegos, porque pecaram contra o SENHOR; e o sangue deles se

derramará como pó, e a sua carne será atirada como esterco. Nem a sua prata nem o seu ouro os poderão livrar …”

149 Veja Êxodo 15:23-26 “Então chegaram a um lugar chamado Mara, porém não puderam beber a água dali porque era amarga. Por isso aquele lugar era chamado Mara. O povo reclamou com Moisés e perguntou: -O que vamos beber? Então Moisés, em voz alta, pediu socorro ao Deus Eterno, e o Eterno lhe mostrou um pedaço de madeira. Moisés jogou a madeira na água, e a água ficou boa de beber. Foi nesse lugar que o Deus Eterno deu leis aos israelitas e os pôs à prova. Ele disse: -Se vocês prestarem atenção no que eu digo, se fizerem o que é certo e se guardarem os meus mandamentos, eu não os castigarei com nenhuma das doenças que mandei contra os egípcios. Eu sou o Deus Eterno, que cura vocês”.

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Esta passagem é parte da história, muito conhecida, da saída de Moisés do Egito, liderando o povo Israelita , que estava deixando de ser escravo no Egito com destino à terra prometida por Deus ao Seu povo: Canaã. Primeiro eu li especificamente a passagem sobre o poço de Mara. Resumindo, a história conta que os Israelita s estavam no Egito já há 400 anos. O Egito não era a terra dos Israelita s, logo, eles eram escravos150, não eram donos da terra. Moisés151, que era Israelita , foi achado pela família real, e foi educado com todos os privilégios da casa real egípcia. Deus revelou para Moisés que Ele queria que o povo Israelita deixasse o Egito e se libertasse152. A história tem um muitos detalhes, mas continuando a resumi-la, os Israelita s deixam o Egito liderados por Moisés, cruzam o Mar Vermelho, que pela força de um vento, se abre, e eles cruzam o mar simplesmente andando em terra seca153, e entram no deserto e caminham três dias, sem comida e sem água, até que finalmente chegam a um lugar onde encontram um poço com água (poço de Mara) e felizes param ali para beberem água e descansarem. Os Israelitas ficam “p da vida” com Moisés e com Deus, pois na hora que foram provar a água, descobriram que a água daquele poço era amarga, era “esquisita”, era meio oleosa, em suma: era uma água intragável! Eles “dão a maior dura em Moisés”: - Moisés, que Deus é esse teu deus, que tira agente do Egito e promete um terra muito boa, maravilhosa, mas no caminho que matar agente nesse deserto?! Aqui nós vamos morrer de sede e de fome!! 150 Veja Êxodo 2: 11 “Moisés já era homem feito. Um dia ele saiu para visitar o seu povo e viu como os israelitas eram obrigados a fazer trabalhos pesados” 151 Veja Êxodo 2:1-10 “Um homem e uma mulher da tribo de Levi se casaram. A mulher ficou grávida e deu à luz um filho. Ela viu que o menino era muito bonito e então o escondeu durante três meses. Como não podia escondê-lo por mais tempo, ela pegou uma cesta de junco, tapou os buracos com betume e piche, pôs nela o menino e deixou a cesta entre os juncos, na beira do rio. A irmã do menino ficou de longe, para ver o que ia acontecer com ele. A filha do rei do Egito foi até o rio e estava tomando banho enquanto as suas empregadas passeavam ali pela margem. De repente ela viu a cesta no meio da moita de juncos e mandou que uma das suas escravas fosse buscá-la. A princesa abriu a cesta e viu um bebê chorando. Ela ficou com muita pena dele e disse: -Este é um menino israelita. Então a irmã da criança perguntou à princesa: -Quer que eu vá chamar uma mulher israelita para amamentar e criar esta criança para a senhora? -Vá-respondeu a princesa. Então a moça foi e trouxe a própria mãe do menino. Aí a princesa lhe disse: -Leve este menino e o crie para mim, que eu pagarei pelo seu trabalho. A mulher levou o menino e o criou. Quando ele já estava grande, ela o levou à filha do rei, que o adotou como filho. Ela pôs nele o nome de Moisés e disse: -Eu o tirei da água”. 152 Veja Êxodo 3:10 “Agora venha, e eu o enviarei ao rei do Egito para que você tire de lá o meu povo, os israelitas.” 153 Veja Êxodo 14: 21-22 “Moisés estendeu a mão sobre o mar, e o Deus Eterno, com um vento leste muito forte, fez que o mar recuasse. O vento soprou a noite inteira e fez o mar virar terra seca. As águas foram divididas, e os israelitas passaram pelo mar em terra seca”.

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Moisés conversou154 com Deus, e Deus dei para Moisés as instruções para resolver a situação. Quase que num “passe de mágica”, Moisés transforma a água intragável em água potável. Daí foi a minha vez de “dar uma dura” em Deus. Eu já sabia que depois dessa passagem os Israelita s ficaram andando pelo deserto por 40 anos até chegarem em Canaã, daí, em oração eu reclamei para Deus:

“Jesus, assim não dá. Eu não agüento ficar passando por 40 anos de deserto, de peregrinação, sol, chuva, calor! Não eu não agüento! Deus, em nome de Jesus, me livra dessa!”

O interessante é que Deus ficou quieto. Não me falou nada imediatamente. Mas Ele foi me fazendo lembrar de alguns estudos bíblicos, mas principalmente me fez lembrar de um “sermão”que eu ouvi na Califórnia em 2001, na Menlo Park Presbyterian Church155, e me permitiu entender o que realmente Ele estava me preparando. Daquele sermão de Menlo Park, eu aprendi que as águas do poço de Mara, que existe até hoje, são amargas porque tem um alto teor de magnésio. O magnésio é muito usado por atletas para prevenir a câimbra. Além de previnir a câimbra, se lembrarmo-nos do tradicional “leite de magnésia”, vamos nos recordar que o magnésio tem também um efeito laxativo. A outra lição que aprendi em Menlo Park foi de geografia. De onde os Israelita s saíram (Egito) até Canaã (Jerusalém), mesmo andando a pé, é uma distância relativamente pequena, que tecnicamente dá para percorrem em aproximadamente 40 dias (ou menos). Juntando essas duas informações com o que Deus falou por Moisés:

“ -Se vocês prestarem atenção no que eu digo, se fizerem o que é certo e se guardarem os meus mandamentos, eu não os castigarei com nenhuma das doenças que mandei contra os egípcios. Eu sou o Deus Eterno, que cura vocês. (Exodo 15: 26)

Só então “caiu a ficha” e eu pude entender o que Deus estava me dizendo:

1o. “Carlos, essa água amarga que Eu estou te dando, posso até torna-la mais palatável, mas é para o seu bem. Ela vai

154 Veja Êxodo 15:25 “Então Moisés, em voz alta, pediu socorro ao Deus Eterno, e o Eterno lhe mostrou um pedaço de madeira. Moisés jogou a madeira na água, e a água ficou boa de beber. Foi nesse lugar que o Deus Eterno deu leis aos israelitas e os pôs à prova” 155 http://www.mppc.org

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limpar você por dentro, e vai te fortalecer e te prevenir de ter dores - câimbras futuras”

2o “Não fique desanimado, no Meu plano, essa passagem pelo

deserto é só por 40 dias. NÃO é por 40 anos. Quando os Israelitas, seguindo Moises, entraram no deserto, eles não guardaram os meus mandamentos, se contaminaram de outros deuses, e por isso perderam tempo, perderam 40 anos, ao invés de 40 dias” .

3o Lembra do eu disse através de Moisés – se vocês prestarem

atenção no que eu digo, se fizerem o que é certo e se guardarem os meus mandamentos – Eu prometi que Eu te livro das pragas, que eu curo você”.

Depois que “caiu a ficha” e conversei com Deus, pedindo desculpas por ter sido rebelde, e que eu concordo em passar os 40 dias “no deserto”, já que será bom para mim, e que afinal eu estou indo para “Canaã”, a terra prometida por Deus para o seu povo, e para mim também. Então, basta você conversar com Deus, ouvir Ele falar e descobrir o que é, e onde está, a sua Canaã. b) Deus fala por Seus profetas Na Bíblia temos vários profetas, Samuel, Elias, Eliseu, Isaias, Daniel, João Batista e tantos outros. Uns mais importantes outros menos. Uns impactaram mais, outros passaram mais desapercebidos. O que importa é que um profeta fala em nome de Deus. Alguém só é profeta, se realmente for usado por Deus para falar aos homens. Quando falamos sobre profetas, só há uma recomendação especial que Jesus nos deixa, que é: -Cuidado com os falsos profetas!156 Em casa, o marido que é temente a Deus é profeta sobre sua família. A esposa, também temente a Deus é profetiza para sua família. É profetiza, é uma assistente de seu marido para profetizar sobre sua família. A esposa como assistente, é intercessora, ou seja, conversa com Deus dando cobertura para seu marido. É conselheira para o marido, à medida que dedica-se a ouvir Deus falar157.

156 Veja Mateus 24:24 ”Porque aparecerão falsos profetas e falsos messias, que farão milagres e maravilhas para enganar, se possível, até o povo escolhido de Deus”. 157 Veja Provérbios 31:30 “ ... mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada”.

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A rainha Éster é um exemplo de mulher profetiza158. Ester profetizava para o rei Assuero, seu marido, que foi um grande rei (não de Israel), tendo conquistado todo o sudeste asiático (da Índia até a Etiópia159). Um filho pode ser profeta em sua família, inclusive profetizando para os seus próprios pais. Como filho a autoridade está sobre os pais, e conseqüentemente dos pais sobre os filhos. Mas como profeta, um filho poder exercer autoridade espiritual, e daí ter autoridade (espiritual) sobre os pais. Um caso muito interessante é o do Profeta160 Natã, que era filho161 do rei Davi. Deus usa Nata para falar162 para Davi em diferentes situações. Certa vez Deus manda Natã contar para Davi uma história163:

“Havia dois homens que viviam na mesma cidade: um era rico, e o outro era pobre. O rico possuía muito gado e ovelhas, enquanto que o pobre tinha somente uma ovelha, que havia comprado. Ele cuidou dela, e ela cresceu na sua casa, junto com os filhos dele. Ele a alimentava com a sua própria comida, deixava que ela bebesse no seu próprio copo, e ela dormia no seu colo. A ovelha era como uma filha para ele. Certo dia um visitante chegou à casa do homem rico. Este não quis matar um dos seus próprios animais para preparar uma refeição para o visitante; em vez disso, pegou a ovelha do homem pobre, matou-a e preparou com ela uma refeição para o seu hóspede”.

Ao ouvir aquela história, Davi que era Rei de Israel, percebeu que Natã, seu filho, estava falando como profeta. Daví percebeu que era uma palavra que Deus estava falando para ele (Davi). Daví sempre foi muito temente a Deus. Daví sempre foi muito obediente a Deus. Davi tinha enorme alegria em fazer o que Deus mandava. Davi queria saber logo a quem Deus, através de Natã, estava se referindo, para que ele, em sua autoridade real pudesse fazer a vontade de Deus e punir a quem Deus estava mandando:

158 Leia Ester (17o livro do Velho Testamento. Bíblia) 159 Veja Ester 1:1 160 Veja II Samuel 7:4-5 “Mas naquela noite o Eterno disse a Natã: -Vá e diga ao meu servo Davi que eu mandei dizer ….” 161 Veja II Samuel 5:14 “Os filhos de Davi que nasceram em Jerusalém foram: Samua, Sobabe, Natã, Salomão…” 162 II Samuel 7:17 “E Natã contou a Davi tudo o que Deus lhe havia revelado”. 163 Veja II Samuel 12: 1-9

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“Então Davi ficou furioso com aquele homem e disse: -Eu juro pelo Eterno, o Deus vivo, que o homem que fez isso deve ser morto! Ele deverá pagar quatro vezes o que tirou, por ter feito uma coisa tão cruel!”

Daí Natã revela para Daví a quem Deus estava se referindo:

“Então Natã disse a Davi: -Esse homem é você. E é isto o que diz o Eterno, o Deus de Israel: "Eu tornei você rei de Israel e o salvei de Saul. Eu lhe dei o reino e as mulheres dele; tornei você rei de Israel e de Judá. E, se isso não bastasse, eu lhe teria dado duas vezes mais. Por que é que você desobedeceu aos meus mandamentos e fez essa coisa tão horrível? Você fez com que Urias fosse morto na batalha; deixou que os amonitas o matassem e então ficou com a esposa dele!”.

Essa história nos já vimos no capítulo 5, na secção 5.4.4, quando tratávamos de autoridade espiritual. É justamente dessa autoridade espiritual que estamos tratando aqui: Quando Deus fica furioso com Davi, Ele manda o Seu profeta Nata “dar o recado”. Natã sendo filho do rei Davi, não se intimidou em falar ao seu pai, a autoridade máxima em Israel, pois naquela situação, ele não era o filho mas sim o profeta. Davi, imediatamente entendeu que, aquilo que Natã falou era uma palavra que Deus mandou. Em nenhum momento ele repreendeu Natã (que era seu filho). Como vimos também na secção 5.4.4. os pastores são profetas, e portanto podem ser usados por Deus para levar palavras específicas para você. Ainda, Deus pode usar quem Ele quiser164 para falar com você. É Ele quem escolhe. No entanto, algumas observações simples podem ser observadas em relação aos profetas:

164 Veja Números 22:28-30 “Então, o SENHOR fez falar a jumenta, a qual disse a Balaão: Que te fiz eu, que me espancaste já três vezes? Respondeu Balaão à jumenta: Porque zombaste de mim; tivera eu uma espada na mão e, agora, te mataria. Replicou a jumenta a Balaão: Porventura, não sou a tua jumenta, em que toda a tua vida cavalgaste até hoje? Acaso, tem sido o meu costume fazer assim contigo? Ele respondeu: Não”.

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a) Deus é Deus, e é um só. Logo, a palavra profética Dele é única. Se

dois profetas falarem para você coisas contraditórias, desconfie: Alguém não está profetizando mas sim “profetando”165.

b) Deus é Deus, e é um só. Logo, a palavra profética Dele é única. Se

um profeta falar para você coisas que contradizem a Bíblia, desconfie: Com certeza ele não está profetizando mas sim “profetando”.

c) Deus fala por sonhos Há várias experiências em que Deus fala por sonhos na Bíblia. Como vimos no Capítulo 3, José (filho de Jacó) tinha como seu diferencial, Deus falando com ele através de sonhos, ou da sua capacidade de interpretar sonhos. Naquele episódio José interpretou o sonho do Faraó do Egito. Esta pasagem é muito conhecida, até por ditado popular: Quando enfrentamos alguma temporada difícil, costumamos dizer “estamos vivendo os anos de vacas magras”.

- De onde vem essa expressão? - Vem do sonho que o Rei do Egito (Faraó) sonhou e que José interpretou166!

“ … Um dia o rei do Egito sonhou que estava de pé na beira do rio Nilo. De repente saíram do rio sete vacas bonitas e gordas, que começaram a comer o capim da beira do rio. Logo em seguida saíram do rio outras sete vacas, feias e magras, que foram ficar perto das primeiras vacas, na beira do rio. E as vacas feias e magras engoliram as bonitas e gordas. Aí o rei acordou”.

Quando José interpreta o sonho do Rei do Egito (Faraó), ele imediatamente é reconhecido pelo rei, que o torna seu principal assistente, governador e o segundo homem mais importante no governo egípcio (só abaixo do Rei – Faraó). Deus é Deus, e continua falando em sonhos até hoje. Um amigo meu, que é Cristão, temente a Deus, diz que Deus fala com ele também em sonhos. Deus usa os sonhos, no caso deste meu amigo, para mostrar para ele coisas ruins que podem acontecer; para preveni-lo; para avisa-lo, tal forma que ele possa repensar suas atitudes e se re-posicionar em relação àquelas coisas que Deus mostrou para ele, em sonho.

165 Profetar é uma gíria para caracterizar falsas profecias. 166 Gênesis 41

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Ele conta que esses sonhos parecem um filme. Deus mostra detalhes para ele, não fica nenhuma dúvida. Quando ele acorda a sensação é clara, e ao deparar-se com a situação no mundo real, ele pode dizer com toda certeza: “- Eu já vi esse filme!”, e daí tomar as atitudes corretas, como Deus mostrou e preveniu para ele em sonho.

d) Deus envia Seus Anjos para falar conosco Deus sempre usou Seus Anjos para visitarem a terra e para se comunicar com o homem. Há inúmeras167 passagens na Bíblia em que Deus envia seus anjos à Terra. Deus envia anjos em sonhos ou no mundo real, onde eles agem e são vistos. Algumas passagens podem ilustrar a ação dos anjos de Deus. Deus queria falar com o profeta Balaão. Mas Balaão estava distraído e não ouvia o que Deus estava tentando falar com ele. Deus então mandou o Anjo do Senhor168 ficar no meio do caminho onde Balaão ia passar, montado em sua mula. A presença do anjo era tão clara, que a própria mula “refugou” e se desviou do anjo por três vezes, embora o profeta continua-se distraído e não percebido a presença do Anjo do Senhor. Numa outra ocasião, Deus enviou um anjo para instruir o profeta Gideão para guerrear, conforme nós vamos ver no próximo tópico. Gideão, ao contrario de Balaão vê o anjo, conversa com ele e até pede para ele esperar “um pouquinho” que ele ia buscar um cabrito no pasto. O mais interessante desta história é que o anjo esperou. Quando José estava na maior dúvida se devia ou não se casar com Maria, Deus manda um anjo em sonho falar com José, que a Maria não havia traído ele, que ele podia casar-se com ela, pois o filho que iria nascer era Jesus o Messias169. 167 Veja Gênesis 16; 19; 21; 22; 24; 28; 31, 32; 48. Êxodo 3; 12; 14; 23; 32. Números 20; 22. Juízes 2; 5; 6; 13. I Samuel 29. II Samuel 14; 19; 24. I Reis 13;19. II Reis 1;19. I Crônicas 21. II Crônicas 32. Jô 4; 5; 33. Salmos 34; 35; 78; 91; 103; 104; 148. Isaias 37; 63. Ezequiel 28. Daniel 3; 4; 6; 9; 10; 11;12. Ozéias 12. Zacarias 1;2;3;4;5;6;12. Mateus 1; 2; 4; 13; 16; 18; 22; 24; 25; 26; 28. Marcos 1: 8: 12; 13. Lucas 1; 2; 4; 9; 12; 15; 16; 20; 22; 24. João 5; 12; 20. Atos 5; 6; 7; 8; 10; 11; 12; 23; 27. I Coríntios 4; 6; 10; 11. II Coríntios 11. Gálatas 1; 3; 4. Colossenses 2. II Tessalonessenses 1. I timóteo 3; 5. Hebreus 1; 2; 11; 12; 13. I Pedro 1; 3. II Pedro 2. Judas 1. Apocalipse 1; 2; 3; 4; 5; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 22. 168 Veja Números 22: 23-27 “Quando a jumenta viu o Anjo parado no caminho, com a sua espada na mão, saiu da estrada e foi para o campo. Aí Balaão bateu na jumenta e a trouxe de novo para a estrada. Então o Anjo do Deus Eterno ficou numa parte estreita do caminho, entre duas plantações de uvas, onde havia um muro de pedra de cada lado. Quando a jumenta viu o Anjo, ela se encostou no muro, apertando o pé de Balaão. Por isso Balaão bateu de novo na jumenta. Depois o Anjo do Deus Eterno foi adiante e ficou num lugar mais estreito ainda, onde não havia jeito de se desviar nem para a direita nem para a esquerda. A jumenta viu o Anjo e se deitou no chão. Balaão ficou com tanta raiva, que surrou a jumenta com a vara”. 169 Veja Mateus 1: 2-21 “Enquanto José estava pensando nisso, um anjo do Senhor apareceu a ele num sonho e disse: -José, descendente de Davi, não tenha medo de receber Maria como sua esposa, pois ela está grávida pelo Espírito Santo. Ela terá um menino, e você porá nele o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos pecados deles”.

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Depois que Jesus voltou para a Sua casa, deixou a terra, os discípulos começaram a contar de Jesus, e a ensinar o que Jesus havia ensinado para eles, para os diferentes povos em muitas cidades, dando prosseguimento ao que Jesus havia iniciado. Começaram a acontecer muitos milagres170, e isso gerou uma certa crise política e de poder, tal forma que mandaram prender os apóstolos171 (os discípulos de Jesus e mais outros líderes que foram se convertendo ao Cristianismo). De noite, Deus enviou um anjo para abrir as celas e libertar os apóstolos172. Deus manda o anjo instruir os apóstolos para eles irem para o templo, e lá falarem de Jesus e dos Seus ensinamentos para todas as pessoas. Recentemente, mamãe contou que um amigo deles – Jonas - cristão, temente a Deus, estava caminhando no centro de São Paulo (cidade em que morava e trabalhava) e ouviu alguém chama-lo pelo nome. Ele parou e olhou para traz, para ver quem estava chamando. Naquele exato instante, um enorme caminhão desgovernado subiu na calçada e “espatifou-se” contra um muro, exatamente por onde ele estaria passando caso não tivesse parado para ouvir “o anjo” que o chamava. Parece que Deus continua enviando seus anjos, mesmo nos dias de hoje. e) Deus fala por sinais Depois que o povo Israelita já havia chegado em Canaã, que já estavam estabelecidos por lá há algumas gerações, eles entraram em confronto com os seus vizinhos em geral. Eram seus vizinhos os midianitas, os os povos confrontantes do oriente . O confronto dos Israelenses com os seus vizinhos, os povos árabes em geral é multi-milenar: Desde que o povo Israelense se estabeleceu geograficamente na terra prometida: Canaã – Jerusalém. 170 Veja Atos 5 : 15-16 “Por causa dos milagres que os apóstolos faziam, as pessoas punham os doentes nas ruas, em camas e esteiras. Faziam isso para que, quando Pedro passasse, pelo menos a sua sombra cobrisse alguns deles. Multidões vinham das cidades vizinhas de Jerusalém trazendo os seus doentes e os que eram dominados por espíritos maus, e todos eram curados”. 171 Veja Atos 5 : 18 “Prenderam os apóstolos e os puseram na cadeia” 172 Veja Atos 5 : 19-23 “Mas naquela noite um anjo do Senhor abriu os portões da cadeia, levou os apóstolos para fora e disse: -Vão para o Templo e anunciem ao povo tudo a respeito desta nova vida. Os apóstolos obedeceram e no dia seguinte, bem cedo, entraram no pátio do Templo e começaram a ensinar. Então o Grande Sacerdote e os seus companheiros chamaram os líderes do povo para uma reunião do Conselho Superior. Depois mandaram que alguns guardas do Templo fossem buscar os apóstolos na cadeia. Porém, quando os guardas chegaram lá, não encontraram os apóstolos. Então voltaram para o lugar onde o Conselho estava reunido e disseram: -Nós fomos até lá e encontramos a cadeia bem fechada, e os guardas vigiando os portões; mas, quando os abrimos, não achamos ninguém lá dentro”.

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Deus escolheu um profeta173 no meio do povo Israelita: Gideão. Deus passou a orientar Gideão a como proceder para conseguir reverter a sorte de Israel, pois eles eram atacados por todos os lados, e não conseguiam enfrentar tantos inimigos ao mesmo tempo. Deus fala para Gideão assumir sua própria força, liderar os Israelitas, que Deus iria dar a vitória174 através dele. Aparentemente não estava havendo mudança nenhuma. Há sete anos175 os midianitas arrasavam, destruíam tudo o que os Israelitas faziam. Como Deus estava falando com Gideão através de um Anjo que Ele havia enviado. Gideão faz um primeiro “teste” para ter certeza que ele não estava “alucinando” e sim vendo um Anjo de Deus. Gideão propõe para o Anjo de Deus que ele (anjo) espere ali, que não fosse embora, que esperasse ele voltar com o cabrito que que ele (Gideão) iria buscar um cabrito para oferecer holocausto a Deus. O Anjo diz que esperaria. Quando Gideão volta com o cabrito, o anjo está à sua espera. Gideão fica feliz, entende aquilo como um primeiro sinal de Deus. Depois de oferecer o holocausto a Deus, Gideão tem mais uma idéia e propõe um segundo sinal para Deus:

“- Deus, já que Você é o Deus de Israel e resolveu mudar a nossa sorte, então me faz um favor, me dá mais um sinal que é Você mesmo, o Deus de Israel que está me mandando enfrentar e guerrear contra os midianitas176.

Então Gideão propõe para Deus177 :

1o. Que ele, no cair da noite, iria colocar uma porção de lã, para fora (no tempo) na beirada da sua janela. 2o Que Deus, como sinal, fizesse que na manhã seguinte, o orvalho da noite molhasse somente a porção de lã, e que tudo em volta estivesse completamente seco.

173 Veja mais em Juízes 6 e 7 174 Veja Juizes 6:14 - 16 “Então, se virou o SENHOR para ele e disse: Vai nessa tua força e livra Israel da mão dos midianitas; porventura, não te enviei eu? E ele lhe disse: Ai, Senhor meu! Com que livrarei Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu pai. Tornou-lhe o SENHOR: Já que eu estou contigo, ferirás os midianitas como se fossem um só homem”. 175 Veja Juizes 6:1 “Fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o SENHOR; por isso, o SENHOR os entregou nas mãos dos midianitas por sete anos”. 176 Veja Juizes 6:17. 177 Veja Juizes 6: 36-40

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No dia seguinte, Gideão vai correndo ver a lã na janela, com uma taça na mão. Ele pega a porção de lã e espreme: A água que sai enche a taça! Tudo em volta estava seco.

- Gideão começa a “sentir firmeza”! Mas aos olhos de qualquer ser humano, Israel lutar contra os midianitas seria absoluta loucura: Era “suicídio”! Então Gideão, com muito jeito, com medo de irritar Deus, propõe um terceiro sinal para Deus:

3o. Que ele, no cair da noite, iria colocar uma outra porção de lã, para fora (no tempo) na beirada da sua janela. 4o Que Deus, como sinal, fizesse que na manhã seguinte, o orvalho da noite molhasse tudo, menos porção de lã: que a lã estivesse completamente seca e envolta dela tudo molhado pelo orvalho.

No outro dia, Gideão vai novamente ver a lã na janela. Ele pega a porção de lã que estava completamente seca! Tudo em volta dela estava orvalhado. Embora tivesse 22.000 pessoas de Israel para lutar contra os midianitas, Deus vai instruindo Gideão, que seleciona somente 300 homens, segundo os critérios que Deus revelou a Gideão.

- Precisa contar o final da história? Gideão livrou Israel de todos os povos que os atacavam, vencendo-os todos ao mesmo tempo. Os príncipes adversários a Israel foram mortos178. Recentemente ouvi em um testemunho, um pastor (americano) conta que pediu como sinal de Deus, que uma raposa vermelha (red fox), cruzasse a estrada, cruzasse o seu caminho. Ele acabou de pedir o sinal, uma raposa vermelho cruzou a estrada. Ele conta que nunca tinha visto uma raposa vermelha na estrada! Tal como Gideão, no dia seguinte ele pediu confirmação: “Não deu outra!”. Novamente uma raposa vermelha cruzou a estrada, bem em frente a ele. Ele pensou, não custa pedir uma 3a confirmação, e pediu. A terceira raposa vermelha cruzou a estrada bem em frente a ele. Algumas vezes eu já pedi sinais para Deus. E ele deu. Se você quiser pedir sinais para Deus, da minha experiência, vão aqui algumas “dicas”:

178 Veja mais em Juízes 7 e 8.

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a) Peça como sinal coisas que não tem nada a ver, que não tenham nenhuma relação com a situação para a qual você está pedindo direcionamento para Deus.

Exemplo: Você deseja que Deus te dê um direcionamento quanto ao lugar que você quer passar as suas férias. Não peça como sinal que a reserva de vôo que se confirmar seja o sinal. Certa vez, pedi como sinal, que eu visse no Centro da cidade onde eu moro (que é uma grande cidade, muito bem urbanizada – Campinas/SP) um cavalo solto (não em carroça, nem que estivesse sendo montado por alguém). No mesmo dia, eu cruzei com um cavalo, pastando, solto, em uma das principais avenidas de Campinas. Pedi ainda mais duas vezes, como Gideão, como confirmação. Em diferentes situação, encontrei com mais dois cavalos “passeando” por Campinas. Daí então tomei a decisão para a qual eu estava pedindo a confirmação de Deus. O tempo tem mostrado que foi a decisão certa. Nunca mais vi cavalos soltos “passeando” por Campinas.

b) Peça sinais claros, mas pequenos, que não interfiram no andamento natural do mundo, e que o sinal, per se, não interfira no andamento natural da sua própria vida.

Exemplo: Não peça como sinal que Deus provoque um terremoto com grau 7.5, em algum lugar do mundo, nas próximas 24 horas.

c) Não peça por sinal, coisas que contrariem a Bíblia e que contrariem a vontade de Deus

Exemplo: Não peça por sinal, que Deus mate a pessoa com a qual você está tendo uma desavença, como sinal de que você está certo.

d) Lembre-se: Sinal é só sinal. Sinal é neutro. Um sinal de Deus é

somente uma confirmação de Deus para você, que deve tocar o seu espírito e te dar segurança, paz e conforto.

e) Peça sinal para Deus, e mantenha-se calado sobre isso. Ao pedir um

sinal você quer ouvir Deus! Então não crie ruídos, não conte para os outros: Essa é uma conversa entre você e Deus.

Depois que Deus já tiver te sinalizado; Que você já tiver tomado a decisão para a qual você pediu direcionamento para Deus; Que os

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desenrolar da situação confirmou que a direção que você tomou foi correta, que trouxe bons resultados, então, se sentir vontade, daí sim compartilhe a sua experiência com que você desejar.

Conclusão: Deus não se irritou com Gideão quando ele pediu um sinal e a confirmação do sinal. Se você tiver dúvida sobre o que Deus está tentando dizer para você, sinta-se à vontade, peça sinais para Deus. f) Deus fala por convicção e por sentimento de paz na alma Eu gosto muito de carros. Numa primeira análise, eu estaria absolutamente convicto que eu deveria trocar o meu carro por uma Toyota Land-Cruiser Prado nova, ou que deveria comprar um Mercedes E-500 novo, para a minha esposa. Essa convicção vem das minhas paixões. Não tem problema nenhum nós termos paixões, não tem problema nenhum alguém gostar de carros. O que não pode acontecer é que os carros tornem-se o nosso Deus, e que as nossas decisões sejam baseadas em paixões. Por isso, para usar a convicção como uma forma de ouvir Deus falar, é necessário grande amadurecimento e intimidade espirituais com Deus. Jesus desde menino179 já revelava-se diferente. Mas somente aos 30 anos de idade Ele180 realmente assume o Seu lugar, e num ritual de passagem é batizado181 e jejua por 40 dias182, começa a revelar-se183 com algumas mensagens em sua cidade natal (Nazaré) e fazendo curas. Daí então, junta os Seus discípulos e começa o Seu ministério.

179 Veja Lucas 2:42-47 “42 Quando Jesus tinha doze anos, eles foram à Festa, conforme o seu costume. Depois que a Festa acabou, eles começaram a viagem de volta para casa. Mas Jesus tinha ficado em Jerusalém, e os seus pais não sabiam disso. Eles pensavam que ele estivesse no grupo de pessoas que vinha voltando e por isso viajaram o dia todo. Então começaram a procurá-lo entre os parentes e amigos. Como não o encontraram, voltaram a Jerusalém para procurá-lo. Três dias depois encontraram o menino num dos pátios do Templo, sentado no meio dos professores da Lei, ouvindo-os e fazendo perguntas a eles. Todos os que o ouviam estavam muito admirados com a sua inteligência e com as respostas que dava”. 180 Na cultura hebraica, o homem toma o seu lugar, torna-se independente aos 30 anos de idade. Veja Lucas 3:23 “Jesus começou o seu trabalho quando tinha mais ou menos trinta anos de idade”. 181 Veja Lucas 3:21-22 “Depois do batismo de todo aquele povo, Jesus também foi batizado. E, quando Jesus estava orando, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu na forma de uma pomba sobre ele. E do céu veio uma voz, que disse: -Tu és o meu Filho querido e me dás muita alegria”. 182 Veja Lucas 4:1-2 “Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do rio Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto. Ali ele foi tentado pelo Diabo durante quarenta dias. Nesse tempo todo ele não comeu nada e depois sentiu fome. ” 183 Veja Lucas 4:14-44

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Jesus, mesmo sendo Deus, cultivava a intimidade com o Pai [Deus]. Ele gostava de logo cedo, sozinho, ir para fora das cidades, no deserto, e orar184. Jesus toma suas principais decisões sempre depois de momentos em oração, momentos de intimidade com Deus. Para finalizar a formação de Seu grupo de discípulos, Jesus vai logo cedo para a praia, para caminhar à beira do Lago de Genesaré (sozinho). Ela já havia passado a noite e a madrugada em lugar deserto, também sozinho.185 A intimidade com Deus, em oração, ouvindo Deus falar diretamente ao nosso espírito gera a convicção e a paz que Deus dá. Então Jesus vai encontrando com pescadores, que serão seus futuros discípulos, e faz um “big” milagre. Os pescadores ficam tão impressionados e contagiados por Jesus que imediatamente largam tudo: Seus barcos, redes e o próprio fruto daquela enorme pesca, e passam a seguir Jesus pelos próximos 3 anos (Lucas 5: 1-11):

Certo dia Jesus estava na praia do lago da Galiléia, e a multidão se apertava em volta dele para ouvir a mensagem de Deus. Ele viu dois barcos no lago, perto da praia. Os pescadores tinham saído deles e estavam lavando as redes. Jesus entrou num dos barcos, o de Simão, e pediu que ele o afastasse um pouco da praia. Então sentou-se e começou a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, Jesus disse a Simão: -Leve o barco para um lugar onde o lago é bem fundo. E então você e os seus companheiros joguem as redes para pescarem. Simão respondeu: -Mestre, nós trabalhamos a noite toda e não pescamos nada. Mas, já que o senhor está mandando jogar as redes, eu vou obedecer. Quando eles jogaram as redes na água, pescaram tanto peixe, que as redes estavam se rebentando. Então fizeram um sinal para os companheiros que estavam no outro barco a fim de que viessem ajudá-los. Eles foram e encheram os dois barcos com tanto peixe, que os barcos quase afundaram.

184 Veja Lucas 1:35 “De manhã bem cedo, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou, saiu da cidade, foi para um lugar deserto e ficou ali orando” 185 Veja Lucas 4: 40-42 e Lucas 5:1

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Quando Simão Pedro viu o que havia acontecido, ajoelhou-se diante de Jesus e disse: -Senhor, afaste-se de mim, pois eu sou um pecador! Simão e os outros que estavam com ele ficaram admirados com a quantidade de peixes que haviam apanhado. Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão, também ficaram muito admirados. Então Jesus disse a Simão: -Não tenha medo! De agora em diante você vai pescar gente. Eles arrastaram os barcos para a praia, deixaram tudo e seguiram Jesus.

A convicção que sentimos, quando vem realmente de Deus, gera paz e gera também autoridade: Veja que os pescadores imediatamente obedeceram Jesus, e largaram tudo para segui-Lo. Hoje é 24 de dezembro. Estou no meu escritório, sozinho, ouvindo músicas de Natal (bem alto) e finalizando algumas últimas tarefas para fechar o ano de 2003. Também senti que hoje deveria jejuar. Há mais de um ano, soube que um grande amigo meu, o Gil186, super bem casado com a Mariana (tendo dois lindos filhos: Marcos e Bárbara) estava tendo “um caso”: uma “namorada”: Uma amante. Desde que soube dessa história, passei a orar pelo Gil, Mariana e filhos. E assim tenho orado. Há umas duas semanas, senti Deus respondendo as minhas orações: Ele foi me dando a convicção de que eu deveria tratar desse assunto com o Gil. Compartilhei com a minha esposa o que Deus estava me dizendo, e ela também começou a orar, para que Deus me orientasse, e confirmasse se eu realmente deveria tratar desse assunto com o meu amigo. Na semana passada eu liguei para o Gil e disse que queria conversar com ele. Ele ficou curioso em saber se eu estava tendo algum problema, e mostrou-se solidário quis saber se era algo grave. Eu disse que era um assunto particular sobre ele (Gil), mas que eu não iria ser intrusivo. Marcamos de tomar um café juntos na sexta-feira passada, mas ele acabou “furando”. Hoje cedo, quando cheguei ao escritório, senti a convicção de que deveria falar com o Gil. Liguei para ele e marcamos de tomarmos um café juntos, no final da manhã. O Gil veio. Eu não perguntei para ele sobre o caso, mas disse para o ele que ouvi um “boato” sobre um “caso”, e que se fosse verdade, eu achava que o ele estaria em uma 186 Gil, Mariana, Marcos e Bárbara são nomes fictícios que estou usando, visando proteger a privacidade deste amigo e de sua família.

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tremenda crise de identidade e existencial, pois o Gil sempre foi alguém pautado pela absoluta transparência, e que aquela situação de dubiedade, se verdadeira, estaria gerando uma tremenda angústia nele. O Gil me ouviu calmamente. Eu disse a ele que a minha conversa não era moral e sim espiritual, e que se ele quisesse ser ajudado, eu estava ali, me prontificando a ajuda-lo. A ajuda-lo a livrar-se daquela situação. Em nenhum momento o Gil precisou se humilhar e me confessar se ele estava tendo “um caso”. Ele simplesmente me disse: “Eu quero ser ajudado!” O ouvir Deus, e para ouvi-Lo melhor, jejuar, gerou convicção no meu coração e autoridade nas minhas palavras, e paz. Num próximo livro, provavelmente sobre Inteligência Espiritual no Casamento, eu conto como o casamento do Gil e da Mariana foi restaurado. 6.5. “Turbinando” a comunicação com Deus: Jejum O Jejum é uma prática de busca a Deus. O jejum é uma disposição de submeter-se a Deus. Jejuar é como que dizer para você mesmo que o seu corpo é capaz de viver sem alimentar-se, porque Deus, à maneira Dele, o sustenta, espiritual, emocional e fisicamente. Jejum não é sacrifício. Jejuar como sacrifício é passar fome. No cristianismo, como já vimos no capítulo 4, todo sacrifício já foi feito por Jesus Cristo, em sua crucificação. A partir daquele momento, todos nós estamos livres de todo e qualquer sacrifício para obter de Deus o perdão de nossos erros (pecados): Através do sacrifício de Jesus nós já fomos perdoados. Estava tentando achar o que poderia me ajudar explicar o efeito que o jejum tem na comunicação nossa com Deus. O que me ocorreu como idéia é que o jejum como “ferramenta” para conversar com Deus, é como usar “banda larga” para acessar a Internet. É como usar “cotonete” para limpar o ouvido. Há um salto “quântico” de eficiência e de eficácia. Se você não estiver conseguindo ouvir Deus falar, use um “cotonete” espiritual:jejue. O jejum vai abrir os seus ouvidos espirituais e facilitar ouvir Deus conversar com você. Se as respostas de Deus estão “meio devagar”, use uma “banda larga” na sua Internet espiritual: Jejue. Os “downloads” das respostas de Deus, vão começar acontecer “rapidinho”.

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Capítulo 7. PDCA - QIE

3 : 2a. Etapa – Do – Execução Depois do planejamento, de orar e de ouvir Deus falar, agora é a hora de “mãos à obra”. Agora é a hora de implementar, é a hora de fazer: “Let’s do it now!” No ínterim entre o planejamento e a ação (implementação), há um momento, que sob o enfoque de Inteligência Espiritual - IE3 - é a validação: A confirmação de Deus, que está tudo certo, que podemos “seguir em frente”. Não é um número cabalístico, mas uma tripla confirmação é uma boa prática. Se dermos uma “scaneada”, vamos observar que Deus usa muito o três para confirmações, para dirimir dúvidas, para não ficar nada pendente. Quando Jesus ressuscitou Lázaro, ele deixou passar três dias, e foi ao encontro da família de Lázaro quando já era o 4o dia187 após sua morte. Desde que mandaram avisar a Jesus, que o seu amigo Lázaro estava doente, Ele sabia o que ia acontecer188, afinal Jesus é Deus. A mesma coisa podemos dizer sobre a ressurreição de Jesus. Depois de crucificado, Jesus foi sepultado. Não ficou nenhuma dúvida que Ele havia morrido189. Se lembrarmos a história do profeta Balaão (que vimos no tópico 6.4.2.d, do capítulo anterior), Deus também mandou o Anjo do Senhor três vezes para tentar falar com Balaão. A mesma coisa aconteceu com o profeta Gideão (6.4.2.e): Ele pediu para Deus três confirmações, que era realmente Deus quem o estava mandando guerrear contra exércitos muito mais numerosos e armados do que os de Israel. Há aquele episódio muito conhecido (até popularmente) em que Jesus diz que Pedro iria nega-Lo três vezes (quando Jesus foi preso, para ser crucificado), antes de o galo cantar190. 187 Veja João 11:39-44 “ [Jesus] ordenou: -Tirem a pedra! Marta, a irmã do morto, disse: -Senhor, ele está cheirando mal, pois já faz quatro dias que foi sepultado! … Então tiraram a pedra. Jesus olhou para o céu e disse: -Pai, eu te agradeço porque me ouviste. Eu sei que sempre me ouves … Depois de dizer isso, gritou: -Lázaro, venha para fora! E o morto saiu…”. 188 Veja João 11:4 “Quando Jesus recebeu a notícia, disse: -O resultado final dessa doença não será a morte de Lázaro. Isso está acontecendo para que Deus revele o seu poder glorioso; e assim, por causa dessa doença, a natureza divina do Filho de Deus será revelada”. 189 Veja João 19:40 “Os dois homens pegaram o corpo de Jesus e o enrolaram em lençóis nos quais haviam espalhado essa mistura. Era assim que os judeus preparavam os corpos dos mortos para serem sepultados. No lugar onde Jesus tinha sido crucificado havia um jardim com um túmulo novo onde ninguém ainda tinha sido colocado. Puseram ali o corpo de Jesus porque o túmulo ficava perto …”

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Até mesmo a identidade de Deus é tripla: O Deus Eterno [Pai]; Jesus [Filho]; O Espírito de Deus [Espírito Santo]. Em planejamento de campanhas de marketing, independentemente de inteligência espiritual - IE3 - costuma-se montar estratégias, tal forma que o cliente receba a mesma mensagem através de pelo menos três canais diferentes. Por exemplo, usar out-door, notícias tanto em rádio como na mídia escrita, e alavancar o vírus marketing191, usando a base de clientes ativos e satisfeitos. Então, como recomendação, eu sugiro que sempre que você estiver se preparando para entrar em ação, faça uma tripla confirmação do que Deus te falou. Combine pelo menos três das 06 formas que estudamos no item 6.4.2. Ou mesmo que usando uma única forma, faça uma tripla confirmação. Isto é apenas uma recomendação, tentando evitar que você “entre pela contra-mão”, e quando perceber que está no caminho errado, ter que voltar e achar o caminho certo, já podendo ter gasto tempo, energia, dinheiro e ânimo. 7.1. Entrando em ação Quando Jesus ia ensinar192 aos Israelitas, ele primeiro posicionava-se geograficamente como também focava a quem ele ia falar. Em seguida ele interagia com o público e com o lugar, e daí então ele passava a ensinar. Geraldo Vandré canta “... vem vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer”. Fazer a hora: Isto é a capacidade de entrar em ação. A capacidade de executar: De ser o executivo do processo. Certa vez Jesus vinha caminhando, saindo da cidade de Jericó193. Era comum Jesus andar acompanhado por um grupo grande de pessoas que queriam ver milagres e apreender mais Dele. Havia um cego (Bartimeu) sentado à beira do caminho. Quando ele ouve o “alvoroço” da multidão vindo em direção dele, ele percebe que é Jesus, e começa a gritar por

190 Mateus 26:75 “e Pedro lembrou que Jesus lhe tinha dito: "Antes que o galo cante, você dirá três vezes que nõ me conhece." Então Pedro saiu dali e chorou amargamente”. 191 Vírus Marketing é o nome moderno para a “propaganda boca-a-boca” ou também para o work of mouth. 192 Veja Mateus 5:1-2 “Quando Jesus viu aquelas multidões, subiu um monte e sentou-se. Os seus discípulos chegaram perto dele, e ele começou a ensiná-los”. Veja também Mateus 14:14 ”Quando Jesus saiu do barco e viu aquela grande multidão, ficou com muita pena deles e curou os doentes que estavam ali”. 193 Veja mais em Marcos 10: 46-52

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Jesus. As pessoas em volta dele mandavam ele parar de perturbar, mandavam ele “calar a boca”. Mas ele, cada vez mais, gritava por Jesus. A gritaria dele deu certo, pois Jesus ao ouvi-lo parou e mandou que trouxessem Bartimeu (o cego que estava gritando). Quando Bartimeu percebeu que Jesus tinha parado, e aqueles que estavam mandando ele “calar a boca” agora o chamavam, levantou rapidamente e foi em direção a Jesus. Quando ele chega, Jesus pergunta “- E daí? O que você quer que eu faça?”. Bartimeu responde prontamente “- Mestre, eu quero voltar a ver”. Jesus diz então “Tudo bem ... tua fé te salvou”. Imediatamente Bartimeu recuperou a visão. Podemos observar então que Jesus tinha um padrão de comportamento, sempre que ia entrar em ação: (1) Entrar no “palco de ação”; (2) Entrar no “clima”; (3) Desencadear a ação. Esse padrão de procedimento, nós podemos observar bem na ressurreição de Lázaro (que vimos na introdução deste capítulo):

1o Entrar no palco da ação Jesus chega à Betânia194 (pequena cidade onde Lázaro e suas irmãs moravam). A presença de Jesus é percebida pelas pessoas do lugar. Há uma interação, ele fala alguma coisa, as pessoas conversam com Ele. Vai acontecendo um “aquecimento”. Ele já está no “palco da ação” e continua caminhando em direção ao “centro da ação”. 2o Entrar no Clima Jesus já havia trocado algumas palavras as pessoas, com Marta e com Maria (irmãs de Lázaro). Ele sente a expectativa

194 Veja João 11: 17-32 “Quando Jesus chegou, já fazia quatro dias que Lázaro havia sido sepultado. Betânia ficava a menos de três quilômetros de Jerusalém, e muitas pessoas tinham vindo visitar Marta e Maria para as consolarem por causa da morte do irmão. Quando Marta soube que Jesus estava chegando, foi encontrar-se com ele. Porém Maria ficou sentada em casa. Então Marta disse a Jesus: -Se o senhor estivesse aqui, o meu irmão não teria morrido! Mas eu sei que, mesmo assim, Deus lhe dará tudo o que o senhor pedir a ele. -O seu irmão vai ressuscitar! -disse Jesus. Marta respondeu: -Eu sei que ele vai ressuscitar no último dia! Então Jesus afirmou: -Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá. Você acredita nisso? -Sim, senhor! -disse ela. -Eu creio que o senhor é o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo. Depois de dizer isso, Marta foi, chamou Maria, a sua irmã, e lhe disse em particular: -O Mestre chegou e está chamando você. Quando Maria ouviu isso, levantou-se depressa e foi encontrar-se com Jesus. Pois ele não tinha chegado ao povoado, mas ainda estava no lugar onde Marta o havia encontrado. As pessoas que estavam na casa com Maria, consolando-a, viram que ela se levantou e saiu depressa. Então foram atrás dela, pois pensavam que ela ia ao túmulo para chorar ali. Maria chegou ao lugar onde Jesus estava e logo que o viu caiu aos pés dele e disse: -Se o senhor tivesse estado aqui, o meu irmão não teria morrido!”.

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das pessoas do lugar. Ele “entra no clima”195 quando realmente comove-se e chora com a morte de Lázaro. Veja que Jesus, embora chegue como alguém que vai apresentar suas “condolências”, em nenhum momento Ele diz “meus pêsames”. Ela vai interagindo, e caminhando para o “centro da ação”: o túmulo onde Lázaro estava sepultado. 3o Desencadear a ação Jesus chega ao “centro da ação”. Ele já está quase pronto para agir. Ele foca-se196 (concentra-se) na ação que vai fazer, e finalmente age, de forma objetiva e direta: Jesus simplesmente grita para Lázaro sair do túmulo197.

Veja que o objetivo da ação de Jesus era a ressurreição de Lázaro. Muito antes de Lázaro morrer Jesus já tinha “cantado a bola”198. Quando Lázaro já está vivo de novo, e sai para fora do túmulo, Jesus não se preocupa em ir lá e tirar as ataduras nas quais Lázaro estava envolto. Ele manda que os outros o ajudem. Ele faz aquilo que realmente só Ele podia fazer: Jesus tem foco na ação. Antes e depois da ação, Ele distribui as tarefas que os outros podiam fazer, tais como remover a pedra na porta do túmulo e ajudar Lázaro a se “desenrolar” das faixas que o envolviam (coordenação). Vamos então ver quais são os principais aspectos que devemos observar no agir. 7.2. Foco É necessário que não se disperse na ora de agir. Que não se distraia e não se perca de vista o objetivo da ação. Isto é ter foco!199 Ter foco é saber de onde estamos vindo e para onde estamos indo; É saber o que fazemos, por que fazemos e para quem fazemos. Ter foco é ter objetividade.

195 Veja João 11: 33-35 “Jesus viu Maria chorando e viu as pessoas que estavam com ela chorando também. Então ficou muito comovido e aflito e perguntou: -Onde foi que vocês o sepultaram? -Venha ver, senhor! -responderam. Jesus chorou”. 196 Veja João 11: 39-41 “[Jesus] ordenou: -Tirem a pedra! Marta, a irmã do morto, disse: -Senhor, ele está cheirando mal, pois já faz quatro dias que foi sepultado! Jesus respondeu: -Eu não lhe disse que, se você crer, você verá a revelação do poder glorioso de Deus? Então tiraram a pedra. Jesus olhou para o céu e disse: -Pai, eu te agradeço porque me ouviste”. 197 Veja João 11: 43-44 “Depois de dizer isso, gritou: -Lázaro, venha para fora! E o morto saiu. Os seus pés e as suas mãos estavam enfaixados com tiras de pano, e o seu rosto estava enrolado com um pano. Então Jesus disse: -Desenrolem as faixas e deixem que ele vá”. 198 Veja João 11:4 “Quando Jesus recebeu a notícia, disse: -O resultado final dessa doença não será a morte de Lázaro. Isso está acontecendo para que Deus revele o seu poder glorioso; e assim, por causa dessa doença, a natureza divina do Filho de Deus será revelada”. 199 Veja mais em: Al Ries. Foco: Uma questão de vida ou morte para sua empresa. Rio de Janeiro: Makron Books. 1997. 314p.

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Se usando uma lente, conseguirmos concentrar os raios de sol focando em um único ponto, conseguiremos fazer pegar fogo naquele ponto (dado a concentração de luz que gera aquecimento naquele ponto). Isso é focar. Concentrar toda a energia disponível na ação objetivo. a) Simples É muito mais fácil nos concentrarmos em algo que é simples, do

que em uma ação complexa. O que importa não é a complexidade da solução a ser executada, mas sim a eficiência na sua implementação.

Em ações muito complexas, o melhor é quebrá-las em sub-ações mais simples, tal forma que seja mais fácil visualiza-las e controlar a execução. As ações sendo simples, fica mais fácil para as pessoas envolvidas entenderem o que devem e como fazer. Da mesma forma, a ação sendo simples, fica mais fácil para as pessoas externas entenderem o que está acontecendo. Se observarmos Jesus, todas as suas ações são simples e claras: Uma coisa de cada vez. Na hora de ensinar, Ele ensina200; Hora de curar, Ele cura; Hora de ressuscitar alguém, Ele ressuscita; Na hora de morrer Ele morre.

b) Claro Claro é parecido com simples. As duas características devem andar juntas. A idéia de claro é a de fácil entendimento pelas pessoas envolvidas diretamente na ação, como parte do time executivo, e àquelas que serão envolvidas indiretamente pela ação: O público alvo (as pessoas atingidas pela ação).

Horário de verão é um assunto polêmico. Há pessoas que gostam e há outras que detestam. Independentemente da opinião de cada um de nós, na maioria dos estados brasileiros ele é implantado. São disparadas campanhas de informação pelas principais mídias visando tornar claro para o público alvo, como o horário de verão funciona e a necessidade (imposta) de adiantar o relógio em uma hora. A mesma coisa acontece no final do horário de verão. Novamente são disparadas campanhas de informação visando informar o público da necessidade de atrasar o relógio em uma hora.

c) Interno e Externo Tal como acabamos de exemplificar com o horário de verão, o disparar de ações envolvem o público interno (executor) e o público externo (alvo).

200 Veja Mateus 5:1-2 “Quando Jesus viu aquelas multidões, subiu um monte e sentou-se. Os seus discípulos chegaram perto dele, e ele começou a ensiná-los”.

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É muito importante ter isto em mente. Um caso bem característico para exemplificarmos, foi a mudança da marca Kolynos, por imposição do CADE, quando esta foi adquirida pela Colgate. O creme dental Kolynos era líder de vendas no mercado brasileiro. A segunda marca era o creme dental Colgate. Quando houve a compra da Kolynos pela Colgate, os dois cremes dentais, agora de um único grupo, representavam mais que 60% do mercado de cremes dentais, portanto uma tendência monopolista. O produto continuou a ser exatamente o mesmo. O que mudou foi o nome do produto, de Kolynos para Sorriso. A Colgate disparou uma bem planejada ação interna para estar com uma ação pronta, sendo disparada simultaneamente em todo o país. Isto envolveu integração entre produção, distribuição e toda a cadeia logística. A ação externa foi uma enorme e bem sucedida campanha de marketing mostrando ao público que o tradicional Kolynos agora passaria a se chamar Sorriso. O sucesso desta ação externa foi tão grande, que segundo a própria Colgate, muitos anos depois da mudança, ainda há consumidores de Sorriso, que continuam a chamá-lo de Kolynos. Jesus é “craque” em atuar visando tanto o público interno (seus discípulos) e externos (seus seguidores). Era comum Jesus contar aos discípulos (interno) antes tudo aquilo que iria acontecer depois (externo)201.

d) Caminho para o futuro Lembre-se que a ação vem depois do planejamento. O planejamento visa ligar o passado (diagnóstico), ao futuro (plano de ação), passando pelo presente, que é o nosso palco de ação.

Desta forma, para chegarmos ao futuro planejado, temos que passar pelo presente. Temos que passar pelo palco de ação. Temos que fazer acontecer.

e) Não perder o foco À medida que se obtém sucesso, há a tendência de se perder o foco, pois os processos vão se tornando mais complexos. Não perder a razão da ação.

Jesus obteve tremendo sucesso em sua ação aqui na terra. O povo Israelense queria proclama-Lo rei202, tamanho era o sucesso de sua mensagem e o fenômeno de sua presença, que gerava milagres.

201 Veja Lucas 22:19-21 “…-Isto é o meu corpo que é entregue em favor de vocês. Façam isto em memória de mim. Depois do jantar, do mesmo modo deu a eles o cálice de vinho, dizendo: -Este cálice é a nova aliança feita por Deus com o seu povo, aliança que é garantida pelo meu sangue, derramado em favor de vocês. Mas vejam: O traidor está aqui sentado comigo à mesa!”. 202 Veja João 1:49 “Então Natanael exclamou: -Mestre, o senhor é o Filho de Deus! O senhor é o Rei de Israel!”.

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No entanto, como vimos no capítulo 4, o objetivo da vinda de Jesus à Terra, era o de ser sacrificado, de ser o holocauto oferecido para Deus, para perdoar os erros de humanidade, inclusive eu e você: Ele tinha que ser morto. Jesus sabia disto, pois ele é Deus, Ele é o Messias. O seu lado humano, à medida que foi se aproximando a hora em que seria capturado, açoitado, humilhado, crucificado e morto, foi ficando inquieto, querendo que Deus mudasse o planejado. Jesus conversa203 com Deus e tenta convence-Lo a mudar os planos, até que por fim sente-se aliviado, e não oferece qualquer resistência ao ser preso204.

Se olharmos assim parece que estamos dizendo que você deve continuar a sua ação, mesmo que perceba que ela leva você e/ou a sua empresa à morte. - Não é isso! Como vimos no capítulo 4, o objetivo da vinda de Jesus à Terra, era o de ser sacrificado, de ser o holocauto oferecido para Deus, para perdoar os erros de humanidade, inclusive os meus e os seus: Ele tinha que ser morto. Então a morte de Jesus, embora dolorosa, era o objetivo principal da ação de Deus. O que vale para nós é o paralelo. Se a sua empresa está indo mal, você não é obrigado a permanecer na mesma direção, visando não perder o foco. Se a sua carreira profissional não está gerando resultados e sucesso, permanecer focado não quer dizer que você não possa fazer uma re-avaliação e mudar o seu rumo. Para nós e para nossas empresas, a morte empresarial, o insucesso na carreira profissional, não são os nossos objetivos. Com certeza não é o que Deus quer: Não há nada que Deus já tenha nos ensinado que indique essa direção, muito pelo contrário: Pela vontade Dele, tudo o que fizermos dará certo205.

203 Mateus 26:39 “Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice!”. 204 Mateus 26:51-53 “Mas um dos que estavam ali com Jesus tirou a espada, atacou um empregado do Grande Sacerdote e cortou uma orelha dele. Aí Jesus disse: … - Você não sabe que, se eu pedisse ajuda ao meu Pai, ele me mandaria agora mesmo doze exércitos de anjos?”. 205 Veja Salmos 1:1-3 “Felizes são aqueles que não se deixam levar pelos conselhos dos maus, que não seguem o exemplo dos que não querem saber de Deus e que não se juntam com os que zombam de tudo o que é sagrado! Pelo contrário, o prazer deles está na lei do Deus Eterno, e nessa lei eles meditam dia e noite. Essas pessoas são como árvores que crescem na beira de um riacho; elas dão frutas no tempo certo, e as suas folhas não murcham. Assim também tudo o que essas pessoas fazem dá certo”.

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7.3. Liderança Ao tratarmos das características de empregabilidade de uma pessoa, avaliamos seu CHAT: C – Conhecimento e competência técnica. Esta dimensão está ligada à sua formação intelectual; à seu histórico escolar; à sua experiência de vida envolvendo o trabalho; à sua capacidade; através do conhecimento de técnicas para solucionar problemas racionais. H – Habilidade. Esta dimensão está ligada à facilidade para realizar diferentes tarefas. Há pessoas que tem habilidades manuais, outros, habilidades relacionais, tendo facilidade em conversar, em convencer, etc. A – Atitude. Esta dimensão está ligada à facilidade de decidir-se e de posicionar-se, em diferentes situações. Atitude está relacionado a formação de um padrão de procedimentos em relação à tomada de decisão. É comum usarmos a expressão “fulano tem atitude” descrevendo pessoas que assumem responsabilidades e marcam as suas posições, assumindo as conseqüências de seus atos. T – Tecnologia. Esta dimensão na verdade é um desdobramento do – C – conhecimento, mas o uso da tecnologia tomou tal dimensão de destaque, que tornou-se um diferencial importante, a tal ponto que possa ser avaliado em separado. A maioria dos profissionais adquirem diferencias através de sua facilidade e familiaridade com as aplicações de tecnologia em seu setor. Liderança206 é uma habilidade. É a facilidade com que uma pessoa consegue conduzir ações e influenciar o comportamento e a mentalidade de outras pessoas. Habilidades podem ser natas, como também podem ser desenvolvidas. Há lideres que são natos. Muitos exemplos podem ser dados ao longo da história, lembrando estadistas e governantes. No Brasil, independente de qualquer alinhamento político, Getúlio Vargas, e Juscelino Kubitschek foram grandes líderes natos contemporâneos. No exterior, John Kennedy e Che Guevara e Martin Luther King também mostraram suas lideranças natas nos anos 60 em segmentos absolutamente distintos. Há líderes setoriais, como António Ermírio de Moraes, liderando o empresariado ou Lula, liderando os movimentos sindicais, o Partido dos Trabalhadores (e finalmente o Brasil, como Presidente da República). Há lideres que se destacam nas artes. Poderíamos listas nomes como Machado de Assis, Jorge Amado, Sebastian Bach ou Ermeto Paschoal.

206 Veja mais em: J.C. Maxwell. As 21 irrefutáveis leis da liderança: siga-as e as pessoas o seguirão. São Paulo: Editora Mundo Cristão. 1999. 245p.

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Há líderes, que não tem na liderança a sua habilidade nata, mas que aprenderam e tornaram-se líderes. Um exemplo muito atualizado seria o de George W. Bush, que tem um histórico de “playboy milionário e caipira” (fazendeiro texano) e dependente de álcool, que, no entanto como filho que um expoente como capacidade intelectual, empresarial e política aprendeu e tornou-se um líder. Liderança e autoridade formal são distintas. A autoridade formal é nomeada, é atribuída, baseada num código de regras (ética). Desta forma um chefe, um gerente, um diretor ou mesmo um presidente, são postos em que a autoridade formal é atribuída ao ocupante do cargo. É desejável que os ocupantes destes cargos tenham a habilidade de serem líderes. De modo geral, há uma tendência de que líderes acabem ganhando os postos hieráquicos e lhes sejam atribuídas também a autoridade formal. Um caso que entrará para a história contemporânea mundial é o de Luiz Inácio Lula da Silva, ao conquistar (pela via do voto) a autoridade formal: A Presidência da República. A sua liderança o levou à presidência do Brasil. Não há nenhuma dúvida que Jesus foi um líder nato207. Independentemente de ser nato ou de aprender a tornar-se um líder, podemos destacar algumas características de liderança, as quais são necessárias para o executivo. a) Visão com limite Há um provérbio que diz que “para o capitão que não sabe qual é o seu porto destino, não há vento favorável”. Um líder deve ter visão: para onde ele vai levar o projeto; Para onde ele vai levar a empresa. Quantas vezes vemos, na troca de executivos assumindo os mesmos postos, uma brutal mudança de rumo em uma empresa. Um bom exemplo é o caso do brasileiro Carlos Ghosn208 quando assumiu a presidência da Nissan Motors em 1999. Em 2001 ele foi listado como um dos 25 executivos de mais sucesso pela Neewsweek (veja estudo de caso, no final deste capítulo). Ele reverteu um prejuízo acumulado de seis meses, num lucro de mais de dois bilhões de dólares (ano fiscal de 2001). Ghosn não se prendeu às tradições da industria automobilística asiática e mudou o paradigma de empregabilidade “eterna” e outras tradições herdadas da industria japonesa, que não estavam dando certo na Nissan. Ele, vindo de fora, ousou implementar idéias, planos e estratégias que não se limitavam às condições asiáticas e aos modelos até então existentes na Nissan: Ele colheu resultados por sua visão não limitada.

207 Veja Lucas 2:42-47 “Quando Jesus tinha doze anos, eles foram à Festa, conforme o seu costume. Depois que a Festa acabou, eles começaram a viagem de volta para casa. Mas Jesus tinha ficado em Jerusalém, e os seus pais não sabiam disso. Eles pensavam que ele estivesse no grupo de pessoas que vinha voltando e por isso viajaram o dia todo. Então começaram a procurá-lo entre os parentes e amigos. Como não o encontraram, voltaram a Jerusalém para procurá-lo. Três dias depois encontraram o menino num dos pátios do Templo, sentado no meio dos professores da Lei, ouvindo-os e fazendo perguntas a eles. Todos os que o ouviam estavam muito admirados com a sua inteligência e com as respostas que dava”. 208 Veja mais em http://www.businessweek.com/2001/01_02/b3714015.htm

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b) Atração como dínamo Não existe líder sem liderados. Para exercer a liderança, que como já vimos não é a autoridade formal, é necessário que os liderados sintam atração em direção ao líder, em direção às suas idéias, aos seus valores, ao seu jeito de ser e de agir. Essa atração é natural e não por força, já que a liderança não está associada a poder ou hierarquia, mas sim à habilidade do líder. É líder quem tem seguidor, quem tem liderados. Desta forma não se nomeia ou empossa um líder. Um líder conquista a liderança. O líder exerce influência no agir ou pensar de seus liderados, de seus admiradores. Pertenço a uma família que tem origem na cafeicultura, no Sul de Minas Gerais. Até os anos 70 só se plantava café nas terras férteis e montanhosas da Serra da Mantiqueira e de seus arredores montanhosos. Há, no entanto, expressivas áreas de “campos” (cerrado) nas regiões dos municípios limítrofes de Machado, Alfenas, chegando ao entorno da Represa de Furnas. Um cafeicultor vivido e experiente, na época um jovem senhor – Walter Palmeira209 – decidiu plantar café naquelas terras pobres, mas muito baratas. O “Waltinho” (como até hoje é carinhosamente chamado por seus seguidores, inclusive por mim) era e é um líder nato. Ele é um formador de opinião, não pelo convencimento verbal, mas por suas ações, por sua iniciativa e experiência. O magnetismo do “Waltinho” mudou a história do Sul de Minas e de outras regiões mineiras, que através da cafeicultura alavancaram um enorme desenvolvimento, gerando empregos de forma abundante e prosperidade nas fazendas e nas cidades. Nos anos 90, meu pai – Carlos Franco210 – começou a empreender em cafeicultura orgânica, ao transformar o cultivo das lavouras de nossa fazenda em uma nova e antiga (dos meus avós e bisavós) forma de produzir: Sem agrotóxicos e sem adubos industrializados. No início foi uma iniciativa solitária. Tudo parecia que estava dando errado: A produtividade caiu drasticamente e o aspecto da lavoura era horrível. Papai continuou persistindo em seu “novo” modelo, e com o passar dos primeiros anos tudo foi mudando, e os resultados começaram a aparecer. Fui uma missão de fé. Hoje o Município de Machado já é considerado a capital mundial da cafeicultura orgânica. Muitos produtores tradicionais de café foram visitando a Fazenda Jacarandá211 e se deixando influenciar por essa nova forma de produzir, por seus valores, que visam a

209 Veja mais em http://www.cafearanas.com.br/cafe_cap.htm . 210 Veja mais sobre Carlos F. Franco no capítulo 3. 211 Veja mais em http://www.jacarandaorganico.com.br

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preservação ambiental e do solo. Esta mudança se deu, porque houve um líder, que naturalmente atraiu seguidores em torno de suas iniciativas. c) Processo de conquista Mesmo que alguém tenha a liderança nata, ela tem que ser descoberta, e como qualquer processo, funciona como uma onda, que vai se espalhando e alcançando outras pessoas, e daí entra em ação atração dos liderados pelo líder, que tratamos no tópico anterior. A liderança como processo de conquista, requer um processo continuo de aprendizado pelo líder. O amadurecimento para a liderança passa por quatro fazes de apreendizado:

F1. Não sabemos nada Para se andar o segundo quilometro, é necessário termos percorrido o primeiro. Assim é o processo de liderança: Um bom começo é reconhecermos que não sabemos liderar. F2. Sabermos identificar o que precisamos apreender O próximo passo, o seguindo degrau, o segundo quilometro é identificarmos quais as habilidades que precisamos adiquirir, e irmos “atrás” delas.

F3. Kaizen: Já sabemos o básico e buscamos o aperfeiçoamento Agora o que precisamos é um processo contínuo de aperfeiçoamento: O perfeito é Deus. O céu é o limite. Sempre poderemos melhorar em nossas habilidades para a liderança.

F4. O saber impulsiona o continuar a apreender Nessa fase você já é um líder. - Como saber? – É só verificar: -Você tem seguidores? – Você tem liderados?. Se a resposta for sim indicará que você realmente já é um líder.

- Ser líder basta? - Não!

O que nos interessa é sermos bons líderes. Líderes em melhoria contínua de qualidade. Você sempre poderá se aperfeiçoar e tornar-se um melhor líder, TODOS AOS DIAS!

d) Visão como porto de destino O mesmo exemplo que usamos no item a, de Carlos Gohsn na Nissan Motors pode ilustrar também este tópico. Lá ressaltávamos que com sua visão ele não se prendeu às tradições e limitações dos modelos industriais asiáticos, que de modo geral causam grande impacto positivo, mas na Nissan estavam sendo um fracasso. Com sua visão, ele além de se desprender das limitações, ele olhou para um porto de destino, formulou planos, metas e estratégias para provocar a reversão do prejuízo em lucro, e poder fazer re-investimentos vigorosos que foram determinantes para se alcançar os resultados excelentes que ele buscava e alcançou.

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e) Líder é líder Margareth Thatcher tem uma célebre frase que poder nos ser muito útil:

Estar no poder é como ser uma dama. Se você tem que dizer às pessoas que você é, então você não é.

Podemos (novamente) adapta-la, fazendo uma simples conversão e aplica-la ao conceito de liderança:

Ser líder é como ser uma dama. Se você tem que dizer às pessoas que você é, então você não é.

Líder é líder não por definição ou delegação, mas sim por conquista, magnetismo e desenvolvimento de habilidades que confirmem os seus diferenciais, quer sejam valores, fundamentos, ética todos estes quisitos associados ao alinhamento de resultados. 7.4. Determinação e confiança Como executor e como executivo é necessário determinação para entrar em ação, e, confiança, ou a certeza de que “vai dar certo”. De novo podemos citar Geraldo Vandré “... quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. O executivo que não faz, que demora muito para tomar decisões, pode perder a oportunidade: Quando ele se decide, já não há mais tempo, o momento de exercer a opção já passou. Seria como chegar atrasado no embarque para uma viagem: - O trem já partiu! É claro que não devemos ser precipitados, nem mesmo ansiosos212 por decidir qualquer coisa. Mas se planejamos bem, revimos os planos, confirmamos que realmente devemos disparar determinada ação, então devemos ter confiança de que estamos fazendo o melhor, e que os resultados serão alcançados. No episódio da ressurreição de Lázaro (que já vimos na introdução deste capítulo), antes mesmo de Lázaro reviver, Jesus agradece a Deus por tê-Lo ouvido213, e daí então Jesus ordena para Lázaro sair do túmulo.

212 Veja Mateus 6:26:34 “Vejam os passarinhos que voam pelo céu: Eles não semeiam, não colhem, nem guardam comida em depósitos. No entanto, o Pai de vocês, que está no céu, dá de comer a eles ... nenhum de vocês pode encompridar a sua vida, por mais que se preocupe com isso .... não fiquem preocupados, perguntando: "Onde é que vamos arranjar comida?" ou "Onde é que vamos arranjar bebida?" ou "Onde é que vamos arranjar roupas?"... ponham em primeiro lugar na sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer, e ele lhes dará todas essas coisas”. 213 Veja João 11: 41-44 “Jesus olhou para o céu e disse: -Pai, eu te agradeço porque me ouviste” .... Depois de dizer isso, gritou: -Lázaro, venha para fora! E o morto saiu...”

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7.5. Time: Liderados Vimos no típico 7.3.b que um líder só é líder se houver liderados. Mas então, os liderados também devem ter grande importância, pois é através deles que um líder se projeta; É através da ação dos liderados que o líder alcança os resultados que os (líder e liderados) levam à vitória. Temos visto a idéia de time ser incorporada nas empresas, tal como os times de esportes, os times de futebol, de basquete de vôlei, etc. Um time de sucesso, tem bons jogadores, participa de bons campeonatos e tem um bom técnico que lidera o time, embora não jogue: Ele fica fora do campo. Ele fica fora da quadra. Podemos exemplificar técnicos brasileiros que imprimiram a sua marca de sucesso, tais como o Bernardinho, na seleção masculina de vôlei (2003) e o “Felipão”, na conquista do Penta Campeonato Mundial de Futebol pelo Brasil em 2002 (Copa 2002). Uma das grandes “brigas” que “Felipão” arranjou com a torcida, foi não escalar o Baixinho (Romário), que tinha sido o jogador que fez a diferença, que tirou o Brasil do “sufoco” para a conquista da vaga para a Copa 2002. “Felipão” “bateu” firme e insistiu que era necessário um time disciplinado, sem estrelas solitárias, que realmente houvesse o entrosamento entre os jogadores, e que “ninguém fosse melhor que ninguém. Os resultados mostraram que “Felipão” tinha razão. Se olharmos “mais de perto” o que era o time brasileiro de 2002, vamos encontrar grandes expoentes do futebol mundial, como Ronaldinho, Roberto Carlos, Rivaldo e muitos outros, que eram muito mais conhecidos e reconhecidos no futebol mundial, que o próprio “Felipão”. Todos estes nomes eram reconhecidos pela competência em suas posições e financeiramente: Eles ganhavam muito mais dinheiro que o “Felipão”. O que realmente “Felipão” criou, foi um time que aceitava a sua liderança e que se subordinava ao seu comando. Todos estes expoentes, que tinham luz própria, que eram (e continuam sendo, em sua maioria) expoentes em seus times na Europa, aceitaram o papel de liderados. Para que o time funcione e alcance resultados excelentes, temos que ter liderança, liderados e um ambiente em que haja sinergia entre todo o grupo. a) Respeito e confiança Para um time funcionar bem é necessário respeito e confiança mútuos. A confiança de modo geral envolve o caráter das pessoas envolvidas.

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Para se confiar em alguém, é necessário a identidade de valores e o convívio ao longo do tempo. As experiências bem sucedidas geram a base para a confiança. As experiências mal sucedidas minam essa base. Há um provérbio que diz que confiança se ganha ao longo do tempo, e se perde em uma única vez214. Veja que é necessário confiança dos liderados para com o líder, para poderem segui-lo. É necessário confiança do líder em seus liderados, para poder contar com eles, para poder delegar tarefas, e, por fim é necessário a confiança dos liderados, um no outro, para poderem trabalhar lado-a-lado, ombro-a-ombro e compartilharem as dificuldades e os resultados. Confiança gera comprometimento. Comprometimento gera respeito e harmonia em toda a equipe. O líder ganha respeito à medida que capitaliza os resultados de suas decisões corretas; à medida que divide o sucesso e a responsabilidade dos resultados com sua equipe; à medida que se mostra humilde em reconhecer seus próprios erros; à medida que de forma clara e objetiva, dê prioridade às metas a serem atingidas nos negócios, priorizando também o interesse de seu time. b) Identidade e amizade Em uma equipe de sucesso, o traço identidade e amizade aparecem como um dos fatores que fazem diferença. A equipe alcança melhores resultados e se sente mais motivada se todos os seus membros se sentem identificados com o líder, se sentem uma amizade comprometida e desinteressada. O melhor exemplo que posso dar é o do Tio Clóvis215, que foi sócio de meu pai216, também engenheiro, por 22 anos na construtora que ergueram juntos, em São Paulo. O Engenheiro Clóvis era um legítimo executivo de obras. Amava o canteiro de obras. Como profissional a sua alegria era estar no “campo”, acompanhando o trabalho e vendo detalhes com os seus engenheiros auxiliares e com cada “companheiro” (era assim que

214 É muito difícil re-adquirir confiança em alguém que nos decepcionou ou que nos tenha traido uma primeira vez. No entanto na dimensão de Inteligência Espiritual - IIE2- é possível, como vimos no capítulo 5, item 5.3. 215 Clóvis Fernandes Franco, faleceu em 31 de dezembro de 2001. Em uma autobiografia (adaptada) para a revista do Instituto de Engenharia em 2001 ele contava: “Sou da quarta geração de evangélicos presbiterianos do Sul de Minas e tenho 79 anos. Ligado à atividades cristãs não remuneradas por mais de 52 anos. Engenheiro civil pela Escola de Engenharia Mackenzie, com alguns cursos de pós graduação. De 1950-72, fui sócio e diretor responsável da CF Franco Engenharia, e de 1973-93 engenheiro responsável, gerente e diretor de contrato da CBPO - Cia Brasileira de Projetos e Obras. Sou especialista em execução de pontes, túneis e viadutos. De1994 até hoje(2001), sou consultor da CBPO. Sou mediador e arbitro da Câmara de Mediação e Arbitragem do Instituto de Engenharia. Graças à Deus continuo trabalhando”. 216 Sobre meu pai, Carlos F.Franco, veja mais no capítulo 3.

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ele gostava de tratar os funcionários, mesmo os menos graduados, por muitos tratados com “peão”). Com sua forma natural de ser, o Engenheiro Clóvis mesmo sendo diretor ou engenheiro executivo, conseguia criar uma identidade com todos os seus liderados. Não abria mão de cumprimentar cada funcionário pelo seu próprio nome, à medida que caminhava pelos canteiros de abras. Por ocasião da construção da Ferrovia do Aço, meados da década de 70, ligaram para o Engenheiro Clovis (que estava em São Paulo), que estava havendo um levante, uma mobilização dos funcionários no canteiro de obras em Andrelândia, MG, visando uma greve por razões salariais. A Ferrovia do Aço foi uma das grandes obras da construção civil brasileira. No trecho de Andrelândia/MG, havia enormes Skrappers217, que estavam sendo posicionados para “passar por cima” de todo o alojamento (já evacuado pelos grevistas), o que destruiria completamente o canteiro de obras com alojamentos, refeitórios, etc. Já havia um posicionamento da polícia militar, fortemente armada, para invadir o canteiro e “liquidar” o movimento grevista. O momento era muito tenso. Havia funcionários com picaretas e talhadeiras218 em punho declarando que “morreriam” mas não iam abandonar o canteiro de obras e a rebelião grevista. O desfecho deste episódio tinha tudo para terminar de forma muito parecida com o Massacre de Eldorado219 (Para, 17 de Abril de 1996), onde 19 pessoas foram mortas em um confronto com a polícia militar. Quando o Engenheiro Clóvis chegou no canteiro de abras, já eram altas horas da noite, pois o deslocamento de São Paulo até Andrelândia/MG, mesmo usando avião e helicóptero, requeria ainda deslocamento de muitos quilômetros em estrada de terra. O ambiente era muito tenso tanto por parte dos funcionários “amotinados”, como por parte da polícia militar, pronta para invadir a área. A notícia de sua chegada correu entre os “amotinados”. Ele não deixou a polícia mobilizar-se e acompanha-lo. O Engenheiro Clóvis agiu rápido, vestiu seu “capacete de obras” e entrou sozinho na área ocupada. Ele andou determinado e rapidamente, em direção ao primeiro de seus funcionários que conseguiu enxergar (era noite escura), já próximo dele, ele gritou:

- Sebastião220, sou eu, Engenheiro Clóvis!

217 Enorme tratores Off-road (fora de estrada) que são usados em grandes obras de terraplenagem, para fazerem cortes em montanhas. As marcas mais comumente usadas eram Terex e Caterpillar. 218 Instrumento pontiagudo usado para cortar concreto e pedra, com auxílio de uma pequena marreta. 219 Veja mais em http://www.dhnet.org.br/denunciar/Brasil_2001/Cap3_Massacre.htm

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- Dr. Clóvis?! Estendendo sua mão em direção ao Sebastião, que estava “armado” com uma talhadeira, continuou:

- Sebastião ... Não precisa talhadeira. Eu vim aqui para junto com vocês resolvermos a situação ... O quê está acontecendo?

Continuou andando em direção ao Sebastião, que era um dos líderes do movimento, e já a uma distância que podia falar “olho no olho”:

- Me entrega esta talhadeira. Eu não deixei ninguém entrar comigo, nem deixei a polícia entrar, porque eu sei que nós somos do mesmo time, e não vou deixar ninguém atacar ou ferir a nossa equipe ....

O Sebastião, andando ao seu encontro, entregou a talhadeira em sua mão. Os dois então caminharam juntos em direção aos demais amotinados. Começaram a acalmar o ambiente, e tudo terminou em paz. O Sebastião sabia que o Engenheiro Clóvis era do seu time, mesmo que hierarquicamente em posição muito superior. Nele, ele poderia confiar. c) Emoção e segurança O episódio do Engenheiro Clóvis (relatado no item anterior) é um excelente exemplo para falar de emoção e segurança. Um time para ter resultados excepcionais trabalha além da razão: É necessário tocar o emocional. Os liderados que faziam parte daquele time, se agissem pela análise racional, jamais cederiam, pois sabiam que sofreriam represálias em todos os sentidos, e com certeza perderiam seus empregos por “justa causa”. A identidade emocional, que pelo lado do Engenheiro Clóvis exigiu coragem, pelo lado de seus liderados exigiu uma confiança que obrigatoriamente passou pelo coração. Conhecendo o Tio Clóvis, sei que além de sua competência executiva, técnica, emocional, o seu principal diferencial estava no uso da Inteligência Espiritual – IE3. d) Oportunidade e ousadia O sucesso do desfecho do motim, que vimos nos dois itens anteriores, não foi só do O Engenheiro Clóvis: O Sebastião desempenhou um papel determinante no resultado que juntos alcançaram. O Sebastião conseguiu perceber a oportunidade única que estava diante de si para reverter aquela situação, que tinha cheiro de morte no ar: Ambos precisaram ser ousados. 220 Sebastião é um nome fictício, visando preservar a identidade dos envolvidos.

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e) Formação de líderes sucessores Amador Aguiar221 é um dos melhores nomes brasileiros para serem lembrados quando se trata de liderança. Não somente por ter sido um grande líder e formado um império financeiro, tendo começado do “nada”, mas também por ter criado seguidores. Ele tem uma biografia de trabalho árduo e dedicação ao seu negócio. O Bradesco tem impregnado em sua cultura, a “cartilha” de valores de Amador Aguiar. Dois bancos de grande sucesso no Brasil, Bradesco e Itaú, disputam “palmo a palmo” a liderança do mercado de bancos privados brasileiros. Ambos incorporaram a tecnologia de informação de forma intensa. Ambos apresentam grande eficiência e lucratividade. Ambos tem culturas completamente distintas. No Bradesco, só se chega ao topo, se o funcionário tiver galgado todos os postos. É uma empresa que se profissionalizou: Os familiares não têm nenhuma primazia. Com a característica da profissionalização, associada à valorização da “cria da casa”, qualquer funcionário do Bradesco pode sonhar em um dia ser presidente daquele banco. Ele sabe que vai “gramar muito” até chegar lá, no entanto se dedicar-se com afinco, terá chance. Amador Aguiar deixou o “trilho” criado. O caminho que ele mesmo fez, independentemente de ter-se tornado o dono do banco: Qualquer liderado pode seguir sua “cartilha”. Os valores principais são clássicos: Honestidade, perseverança, suor e trabalho. Observe que como herança aos seus liderados, Amador Aguiar fez o Bradesco tornar-se uma escola de líderes. E assim tem sido já há mais de uma década de sua morte. 7.6. Persistência Eu não posso me considerar um esportista. Gosto de fazer esportes, mas nunca tive grande habilidade e coordenação motora para tanto: Não precisa dizer que a minha posição jogando futebol (quando criança) era a de goleiro! Com isso, o esporte que persisti praticando foi o ciclismo (principalmente mountain-bike). Há uma regra de ciclismo que é muito útil e importante: Em longas subidas, não desista. Olhe para o chão, e não para o fim da subida. Uma das piores experiências enfrentando subidas fortes e longas é parar no meio dela. A decisão de parar às vezes é tomada “num impulso” (- Não agüento mais!). Mas retomar a subida, depois de parar é desanimador, principalmente se o “pelotão” (a turma que estava com você) não parou, e agora está lá na frente. 221 Veja mais em http://www.terra.com.br/dinheironaweb/122/amador_aguiar.htm

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Quando não paramos, lembramos depois que, na maioria das vezes, quase “morremos” no meio da subida, mas então baixamos a cadência, respiramos mais fundo, “cambiamos” e deixamos o pedal mais leve. Isso é persistência. Descobrimos que toda subida tem fim, e que embora não parecesse, podemos chegar vivos ao seu final. 7.7. Fatos não planejados no caminho: transformando ameaças e oportunidades Davi, o segundo rei de Israel, uma das personagens mais importantes da história humana. Ele tinha características ímpares, entre elas a de ser um líder guerreiro. Ele pode ser posto na mesma categoria de Rei Luiz XIV, do Imperador Napoleão Bonaparte ou de Alexandre o Grande. Ele lutava junto com suas tropas. Ele ia para o campo de batalha. Davi usava a sua - Inteligência Espiritual – IE3 – para lutar e para reverter situações impossíveis. Davi se considerava dependente de Deus. Para ele, a diferença em sua vida era Deus222. O Rei de Israel ainda era Saul (primeiro rei de Israel). Davi já havia se casado com Mical223 (filha de Saul). Davi era genro do rei, mas amava e dedicava-se às guerras. Saul era um rei fraco, que havia perdido a benção224 de Deus como rei de Israel. As vitórias de Davi em batalhas começavam a se tornar populares, a ponto de o povo Israelense aclama-lo e festeja-lo a cada vez que ele e os exércitos de Israel voltavam das batalhas. A popularidade de Davi estava tomando tal proporção, que o rei Saul começou a sentir-se enciumado225. Saul sabia que ele havia perdido a benção de Deus como rei de Israel. O que ele não tinha consciência é que Davi era o escolhido de Deus para tomar o seu lugar, mas já estava começando a desconfiar de alguma coisa, pois tudo que Davi fazia dava certo.

222 Veja Salmo 91:1-4 “A pessoa que procura segurança no Altíssimo Deus e se abriga na sombra protetora do Todo-Poderoso pode dizer a ele: "Ó Deus Eterno, tu és o meu defensor e o meu protetor. Tu és o meu Deus; eu confio em ti." Deus livrará você de perigos escondidos e de doenças mortais. Ele o cobrirá com as suas asas, e debaixo delas você estará seguro. A fidelidade de Deus o protegerá como um escudo”. 223 Veja I Samuel 18:27-28 “... Então Saul deu a sua filha Mical em casamento a Davi. Saul viu e reconheceu que o Deus Eterno estava com Davi e que a sua filha Mical o amava”. 224 Veja I Samuel 15:26-28 “ ... respondeu Samuel. -Você rejeitou as ordens do Deus Eterno, e por isso ele também o rejeitou como rei de Israel. Então Samuel virou-se para sair. Mas Saul o segurou pela barra da capa, e ela se rasgou. E Samuel disse: -Hoje Deus rasgou das suas mãos o reino de Israel e o deu a alguém que é melhor do que você”. 225 Veja I Samuel 18: 6-9 “... Quando os soldados estavam voltando para casa depois de Davi ter matado Golias, as mulheres de todas as cidades de Israel saíram para encontrar o rei Saul. Elas … dançavam e tocavam pandeiro e lira … e cantavam assim: "Saul matou mil; Davi matou dez mil!" E Saul não gostou disso. Ficou muito zangado e disse: -Para mim as mulheres deram mil, mas para Davi deram dez mil. A única coisa que está faltando agora é ele ser rei! E desse dia em diante Saul começou a ter ciúme de Davi e a desconfiar dele”.

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A desconfiança de Saul não era sem fundamento, pois Deus já havia escolhido Davi como o próximo rei de Israel, e havia mandado o seu profeta Samuel ungi-lo226. Certa vez, quando Davi volta do campo de batalha para sua casa (em Ziclague, Israel), ao invés de encontrar uma calorosa recepção e o povo em festa para recebe-lo, ele encontra a cidade arrasada227. Um povo inimigo de Israel, os amalequitas, haviam roubado tudo de valor da cidade, e ateado fogo em todo o resto. Eles levaram as mulheres, filhas e filhos de Israel cativos (como escravos. Inclusive família de Davi), embora não tivessem matado ninguém. Davi e seus soldados choram diante do cenário arrasador. Davi se recolhe para conversar com Deus. Deus diz para Davi que Ele deve ir atrás dos amalequitas que saquearam a cidade e levaram os Israelenses como escravos, para resgatar tudo o que foi levado: Deus iria com ele! Davi juntou seiscentos dos seus soldados, que haviam acabado de voltar de uma tremenda batalha, e estavam cansados e desanimados diante da situação que encontraram em Israel, e do desafio que teriam pela frente, pois os amalequitas que saquearam a cidade (Ziclague), eram muito mais numerosos que eles. Davi e seus soldados fizeram uma primeira parada (a beira do riacho de Besor). Duzentos de seus homens resolveram não seguir, pois estavam “mortos” de cansaço. Davi seguiu somente com quatrocentos de seus soldados. Mais adiante Davi encontra, à beira do caminho, um egípcio doente, a três dias sem comer ou beber. O exercito de Davi dá de comer e beber ao egípcio, e o levam à presença de Davi. Conversando com o egípcio, Davi descobre que aquele moço foi um dos homens que invadiu, saqueou, ateou fogo e ajudou a levar os Israelenses cativos junto com os amalequitas. Davi ao invés de descarregar sua fúria contra aquele egípcio, usa de sabedoria e transforma aquele pobre coitado em um diferencial estratégico: propõe que preserva a vida dele (não o mataria, nem o entregaria aos amelequitas) se ele os levesse até o bando dos amalequitas. O egípcio conhecia os hábitos e toda a estratégia dos amalequitas. Talvez tenha passado na cabeça daquele egípcio, que do ponto de vista de fidelidade e ética, ele não estaria traindo ninguém, pois não fosse Davi e seus soldados, ele já

226 Veja I Samuel 16:13 “Samuel pegou o chifre cheio de azeite e ungiu Davi … E o Espírito do Deus Eterno dominou Davi e daquele dia em diante ficou com ele…” 227 Veja I Samuel 30: 1-20.

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estaria morto de fome e sede. Ele foi realmente abandonado (deixado para trás) pelos amalequitas em rota de fuga, após saquearem Israel. Com a ajuda daquele “pobre coitado” (o egípcio) Davi não só alcançou os amalequitas, resgatou os Israelitas que estavam cativos, recuperou tudo o que foi roubado em Ziclague. Davi e seus soldados surpreendem os amalequitas acampados, em festa pela “farra” que haviam feito saqueando os Israelitas. A batalha começa ao anoitecer, extende-se pela madrugada e termina na tarde do dia seguinte. Para resumir a história: Davi e seus soldados mataram todos os amalequitas que haviam atacado Ziclague (a não ser um pequeno grupo de quatrocentos moços que fugiram a camelo). Deste episódio vemos Davi trabalhando de forma inteligente: Inteligente espiritualmente. Ele planeja antes de agir: Ele se recolhe, conversa com Deus, ouve Deus falar, e daí sim, sai para a ação. Uma segunda observação muito interessante é o encontro com o egípcio. Davi conseguiu transformar um pequeno acidente de percurso, um pequeno achado, em um diferencial estratégico. Muitas vezes, no meio da ação surgem imprevistos, e nós temos que rapidamente tomar alguma decisão. No caso de Davi, pelos resultados alcançados, não fica dúvida que ele estava numa “sintonia fina”, que Davi estava “on-line” com Deus, desde o momento que ouviu de Deus que deveria ir atrás dos amalequitas, para resgatar os Israelenses cativos e o que fora roubado. O alinhamento de Davi com Deus era tão grande e preciso, que podemos inferir que ele ouvia Deus falar através de sua própria convicção em agir (como vimos no tópico 6.4.2.F). Para situações em que precisamos tomar uma decisão imediata diante de algo novo, de algo imprevisto, que surgiu no curso da ação, Fausto Rocha nos ensina a disparar a nossa comunicação com Deus através da “oração telegrama”228: A idéia é que não dá para parar para ouvir Deus falar. Então passamos um “telegrama” para Deus: Uma oração, uma conversa mental com Deus, no meio da ação. De modo geral a resposta de Deus para “telegrama”, dada a circunstancia de urgência, vem com convicção para agir, ou para desviarmos o curso da ação. Seja lá qual for o direcionamento que deus der, sempre é acompanhado de paz interior. Se você não sentir paz, tranqüilidade, pode ter certeza que você “entrou na contramão”: Volte e corrija o curso, enquanto é tempo.

228 Veja mais em: F.A. Rocha. Comunicação Cristã: Com falar de Jesus no evangelismo, rádio, TV, escola dominical. Campinas: CNP-casa Nazarena de Publicações, 2002. 416p.

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7.8. Permanecer Inteligente Se olharmos com cuidado, a forma e a determinação que Deus teve, tanto para escolher Saul229, como para escolher Davi230 para serem reis de Israel, foram as mesmas.

No entanto Saul caiu em desgraça231. Ele ficou tão perdido, tão sem rumo, que no final de sua vida, ainda como rei de Israel, ele passa a consultar adivinhos e videntes232. Saul suicida-se233 em um campo de batalha, na esperança que o povo pudesse imaginar que ele morreu heroicamente em combate. Quanto à Davi, desde que Deus o escolheu para suceder Saul, ele tornou-se tremendamente vitorioso, mesmo antes de tornar-se rei, e sendo totalmente dependente Deus. A sua história de vitórias o faz tornar-se um dos maiores reis e guerreiros da história da humanidade.

- Que diferença tão radical houve entre Saul e Davi? - Que mal irreparável cometeu Saul?

229 Veja I Samuel 9:1-27 e I Samuel 10:1 “ Havia um homem chamado Quis, que era da tribo de Benjamim ... Quis era rico e importante. Tinha um filho jovem e bonito, chamado Saul. Não havia ninguém mais bonito do que ele entre todos os israelitas. Além disso era mais alto do que todos. Quando estava no meio do povo, ele aparecia dos ombros para cima … o Deus Eterno tinha dito para o profeta Samuel: -Amanhã, a esta hora, eu vou enviar a você um homem da tribo de Benjamim. Você o ungirá para ser o governador do meu povo de Israel ... Quando Samuel viu Saul, o Deus Eterno lhe disse: -Este é o homem de quem lhe falei. Ele governará o meu povo ... Quando chegaram à saída da cidade, Samuel disse a Saul: -Diga ao seu empregado que vá na frente e você espere aqui um instante. O empregado foi, e Samuel disse a Saul: -Eu tenho um recado de Deus para você. Samuel tinha levado consigo um frasco de azeite. Ele derramou o azeite na cabeça de Saul, beijou-o e disse: -O Deus Eterno está ungindo você como o chefe do seu povo, o povo de Israel. Você o governará e o livrará de todos os seus inimigos …”. 230 Veja I Samuel 16:13 “Samuel pegou o chifre cheio de azeite e ungiu Davi … E o Espírito do Deus Eterno dominou Davi e daquele dia em diante ficou com ele…” 231 Veja I Samuel 15:26-28 “ ... respondeu Samuel. -Você rejeitou as ordens do Deus Eterno, e por isso ele também o rejeitou como rei de Israel. Então Samuel virou-se para sair. Mas Saul o segurou pela barra da capa, e ela se rasgou. E Samuel disse: -Hoje Deus rasgou das suas mãos o reino de Israel e o deu a alguém que é melhor do que você”. 232 Veja I Samuel 28:7-8 “Então Saul ordenou aos seus oficiais: -Procurem uma mulher que seja médium, e eu irei consultá-la. -Em En-Dor há uma médium! -responderam eles. Então Saul se disfarçou, vestindo roupas diferentes. E, quando escureceu, foi com dois dos seus homens falar com a tal mulher. Ele disse: -Consulte para mim os espíritos e me diga o que vai acontecer ...”. 233 Veja I Samuel 31:3-6 “A luta estava feroz em volta de Saul. Ele foi atingido por flechas inimigas e ficou muito ferido. Então disse ao rapaz que carregava as suas armas: -Tire a sua espada e me mate para que esses filisteus pagãos não caçoem de mim e me matem. Mas o rapaz estava muito apavorado e não quis fazer isso. Então Saul pegou a sua própria espada e se jogou sobre ela. Quando viu que Saul estava morto, o rapaz também se jogou sobre a sua própria espada e morreu junto com ele. E assim morreram naquele dia Saul, os seus três filhos, o rapaz e todos os soldados de Saul”.

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Ele perdeu a sua Inteligência Espiritual, à medida que foi tendo vitórias, como rei de Israel. O poder e a glória foram subindo à sua cabeça, a ponto de começar a mudar a ordem de sua administração: Ao invés de ele primeiro planejar (como vimos no capítulo 6: Orar e ouvir Deus falar) e depois entrar em ação, ele passou a agir por sua convicção própria234 Fica aqui a recomendação - Não complique o que é simples; obedeça e seja dependente de Deus, pois, o que parece impossível para nós para Deus é possível. Basta estarmos “On-line” com Deus.

234 Veja I Samuel 13:13-14 “-O que você fez foi uma loucura! -respondeu Samuel. -Você não obedeceu à ordem do Eterno, o nosso Deus. Se tivesse obedecido, ele teria deixado que você e os seus descendentes governassem o povo de Israel para sempre. Mas agora você não continuará a governar. Você desobedeceu ao Eterno, e por isso ele vai encontrar um homem do tipo que ele quer e o fará chefe deste povo”.

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Capítulo 8. PDCA - QIE

3 : 3a. Etapa – Check – Checagem & Controle Da mesma forma que alguém cuida do planejamento, enquanto outros cuidam da execução e dos ajustes, alguém deve cuidar do controle: Empresa sem controle é como nau sem rumo; É como filhos sem limites. Não dá certo! Agora a pouco, a Maria Lúcia235 (Malú: minha esposa) entrou em minha sala (aqui em nossa empresa), com um balancete de nossa fazenda na mão, fazendo uma série de observações quanto aos números, aos resultados econômicos financeiros ali demonstrados: Isso é controle. Mesmo sem percebermos a sociedade moderna é cheia de mecanismos de controle. Como já pude compartilhar com você (capítulo anterior, item 7.6) , minha vocação esportista é zero, mas minha persistência é grande. Já há mais de uma ano uso um relógio ciclístico236 (Polar S-510), que controla tudo:

- Controla a navegação da bicicleta, indicando velocidade, velocidade média, velocidade máxima e cadência (numero de pedaladas por minuto), tempo de cada volta e tempo total

- Controla também os indicadores do ciclista, indicando batimento cardíaco,

batimento cardíaco médio, batimento cardíaco máximo e gasto calórico (considerando sexo, peso, altura e idade)

Eu uso esse relógio sempre que pratico esportes ou faço atividades físicas (mesmo caminhadas), e daí uso somente as informações ligadas a tempo, freqüência cardíaca e gasto calórico. A checagem constante destes indicadores de controle têm me mostrado que embora eu deteste correr (jogging), esta é uma das atividades físicas que me trás o melhor benefício para manter (ou perder) peso.

235 A Maria Lúcia B.C. Franco é cirurgia dentista, com consultório em Campinas/SP. A Malú gosta mais do controle. Em nossa empresa, eu sou mais do planejamento e da execução No consultório, ao contrário, mesmo que goste de controle, a Malú é a executiva e planejadora, e daí eu somente a apoio no planejamento (principalmente na área de materiais e equipamentos no exterior) e na checagem (com aplicações de informática). Essas habilidades complementares entre nós, fazem com que ela me ajude muito em meu trabalho executivo, e em nossos negócios. 236 Veja mais em http://www.polar.fi/polar/channels/eng/segments/Cycling.html

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Embora correndo eu gaste menos calorias do que jogando squash, a freqüência cardíaca fica numa faixa mais baixa, que faz que o organismo queime mais gordura (armazenada) do que de açúcar (na corrente sangüínea). Ainda, que é melhor eu correr devagar administrando a freqüência na faixa de 120 a 145 batimentos por minuto. Outro ponto que o “painel de controle” tem me ajudado é administrar o batimento cardíaco, em tempo real: Às vezes estou correndo num “pique agradável”, mas o batimento está subindo. Daí é só respirar mais fundo, que imediatamente a freqüência cardíaca baixa. Outras vezes, pedalando (em mountain bike), subindo longas subidas, a freqüência cardíaca possa do limite superior ideal (o relógio começa a “bipar” para te avisar). Provavelmente eu não iria ter um ataque cardíaco se continuasse no mesmo ritmo. Mas o bom senso diz que não custa nada, baixar a cadência (número de peladalas por minuto), baixar a velocidade, baixar marchas (se tiver marcha para reduzir) e respirar mais fundo. Se ainda continuar “bipando”: Por que não, descer da bicicleta e continuar a subida empurrando-a? Todos nós estamos acostumados a usar indicadores de controle na área de saúde, tais como o controle de peso e o controle de colesterol. Hoje em dia, não somente as estradas, mas na maioria das cidades há inúmeros radares de controle, acompanhados de câmaras fotográficas que documentam os veículos em excesso de velocidade. Eu já vi alguns carros com um adesivo no vidro traseiro dizendo: “Visite Campinas, e ganhe de recordação uma multa!” Bem ou mal, o fato é que me lembro, há alguns anos, quando levava as crianças (em 2004 minha filha caçula completa 17 anos: O tempo passa mais rápido que nossos sistemas de controle conseguem captar!) para a escola cedo, em uma das avenidas que passávamos toda a semana víamos capotamentos ou carros batidos nos postes (muitos com vítimas fatais), em acidentes que haviam ocorrido durante a madrugada. Na maioria das vezes, carros que sozinhos, dirigidos por jovens em altíssima velocidade acabavam perdendo o controle e acidentavam-se. Foram colocados radares fotográficos nesta avenida. A população, em geral reclamou, mas, com passar do tempo o benefício foi enorme, tal que tais acidentes não acontecem mais. Controle, quando bem usado, melhora a eficiência dos processos, melhora a qualidade dos serviços e produtos: Melhora os resultados. Na carreira profissional é comum fazermos avaliações periódicas, para vermos como estamos, quer seja em termos de desempenho e satisfação como também em termos de remuneração.

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Na empresa, as principais áreas de controle são ligadas ao controle dos recursos de produção (pessoal, estoque, uso de maquinas, gasto de energia, etc.), controle orçamentário, controle de custos, controle financeiro, controle do tempo e controle de qualidade. A ferramenta mais usada no início do século XXI para a melhoria da qualidade é a implementação de sistemas de controle através de 6 Sigma.

8.1. Controle aplicando a Inteligência Espiritual – IE3. Definimos como chave do sucesso no processo de controle, o alinhamento da variável de controle à percepção de valor do cliente. No exemplo anterior, o caso do restaurante Lê Coq D’or, usamos a variável tempo de atendimento ao pedido dos clientes. Numa definição rápida, podemos afirmar que é o cliente quem manda no processo. Desta forma, é o cliente quem define as variáveis que devem ser controladas, para melhorar a sua satisfação. 8.1.1. É Deus quem controla Um sistema de controle de muito sucesso, seria aquele que conseguisse mostrar aos tomadores de decisão, o que está errado, o que deve ser corrigido, On-line. Se lermos o estudo de caso (tópico 8.4 deste capítulo), vamos ver que a Petrobrás está investindo milhões de dólares para implantar um sistema que permita a agilização do controle, tornando a gestão mais eficiente. O que á Petrobrás está fazendo é criar uma espécie de painel de indicadores, em que os administradores (gestores) possam monitorar - On-line (em tempo real) – as variáveis de controle dos seus processos produtivos e gerenciais. A grande dificuldade para qualquer um de nós, quer seja pessoal ou empresarialmente, é eleger as variáveis de controle e monitora-las On line. Nada melhor que entregar esta tarefa para Deus: Ele sabe de tudo, e principalmente das nossas reais necessidades, tanto pessoais como empresariais. Em termos práticos, é muito fácil: Basta deixarmos que Ele realmente controle237. Em termos práticos, é muito difícil: Nós brigamos o tempo todo para retomar o controle. É comum desenvolvermos os mais diversos argumentos racionais para justificar a nossa decisão:

237 Veja Salmo 37:5 “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará”.

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“Deus tem muita coisa para fazer, afinal de contas, tem tanta gente numa situação muito pior que a minha. Seria até egoísmo querer que Deus resolva coisas tão pequenas ... que resolva as minhas coisas, tendo problemas tão mais complexos para ele resolver ...”

Essa nossa briga com Deus, pelo controle de tudo em que estamos envolvidos, na verdade revela a nossa ansiedade: O nosso relógio funciona numa escala de tempo 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano. Deus não deve usar relógio. Talvez para Deus a dimensão temporal não exista, ou mesmo seja uma escala muito diferente da nossa238. O que realmente precisamos, é aprender a deixar o controle para Deus. Deixar que Ele seja o nosso indicador. Deixar que Ele nos fale o que precisa ser corrigido, e o que está bom. Deus nos garante que o sistema de controle D’ele não é tirano, muito pelo contrário239. 8.1.2. Fazendo a checagem Se você fosse contratado como consultor em uma empresa, - Como você planejaria um sistema geral de controle? - Quais seriam os procedimentos para monitoramento através do seu “painel de controle” ? A implementação de tais sistemas são complexas. Imagine, trabalhando com uma única variável (tempo de atendimento) em uma empresa relativamente simples, como exemplificamos anteriormente (Restaurante Lê Coq D’or), pudemos verificar que a implementação de um sistema de controle, a checagem sistemática dos dados coletados e o disparo de ações de ajustes, requerem significativos esforços. Como Deus é Deus, ele pode tornar as coisas muito mais simples, e conseguir grandes resultados. Deus nos ensina a processar o controle, através de um sistema contínuo de checagem On-line240. Mais uma vez, Deus criou um sistema muito fácil de ser usado e muito eficiente em seus resultados, pois depende pouco de nós:

1. Deus faz a checagem “ ... examina e conhece o meu coração! Prova-me e conhece os meus pensamentos”.

238 Veja Salmos 90:4 “Diante de ti, mil anos são como um dia, como o dia de ontem, que já passou; são como uma hora noturna que passa depressa”. 239 Veja Mateus 11:30 “ Os deveres que eu exijo de vocês são fáceis, e a carga que eu ponho sobre vocês é leve”. 240 Veja Salmo 139: 23-24 “Ó Deus, examina-me e conhece o meu coração! Prova-me e conhece os meus pensamentos. Vê se há em mim algum pecado e guia-me pelo caminho eterno”.

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2. Deus verifica os desvios “... Vê se há em mim algum erro”.

3. Deus corrige a ação “... guia-me ...”. Então, - Por que temos tanta dificuldade em usarmos o sistema de controle que Deus nos dá, e a implementação de sua checagem periódica? De modo geral, a resposta é: - Porque não temos intimidade com Deus. Nos sentimos constrangidos diante dele! Agora pense comigo: Deus é Deus! Independentemente de mim, de você, Ele sabe de tudo, e nos conhece muito mais do que nós mesmos nos conhecemos241. Então o sistema de controle que Deus criou é para nós utilizarmos, pois o “painel” Dele é completo e On-line e funciona independentemente de nós. O segredo que nós precisamos por em prática, é o de termos acesso ao “painel de monitoramento” de Deus. O acesso ao painel de monitoramento se dá pelo que vimos no Capítulo 6 (item 6.4.2): OUVIR DEUS FALAR! É só isso. 241 Veja Salmo 139: 1-16“ ... Ó Deus Eterno, tu me examinas e me conheces. Sabes tudo o que eu faço e, de longe, conheces todos os meus pensamentos. Tu me vês quando estou trabalhando e quando estou descansando; tu sabes tudo o que eu faço. Antes mesmo que eu fale, tu já sabes o que vou dizer. Estás em volta de mim, por todos os lados, e me proteges com o teu poder. Eu não consigo entender como tu me conheces tão bem; o teu conhecimento é profundo demais para mim… Tu criaste cada parte do meu corpo; tu me formaste na barriga da minha mãe … Tu viste quando os meus ossos estavam sendo feitos, quando eu estava sendo formado na barriga da minha mãe, crescendo ali em segredo, tu me viste antes de eu ter nascido. Os dias que me deste para viver foram todos escritos no teu livro quando ainda nenhum deles existia”.

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Capítulo 9. PDCA - QIE

3 : 4a. Etapa – Act – Ajustes Agora, entramos na última fase do ciclo PDCA: É hora de promovermos os ajustes necessários. A necessidade de ajustes se dá por motivos diversos, mas a raiz de todas elas é uma discrepância entre planejado e realizado, que pode configurar-se como:

a) O que foi planejado, não foi realizado por que ocorreram falhas ou mau planejamento;

b) O que foi planejado, não foi realizado por que ocorreram falhas na execução;

c) O que foi planejado, não foi realizado por que ocorreram tanto falhas na

execução como também falhas, ou mau planejamento; 9.1. A terra prometida: Canaã No capítulo 3 discutimos a história de José, que era Israelita, foi vendido como escravo e tornou-se governador do Egito, sendo o segundo homem na hierarquia do estado, subordinando-se somente ao rei (faraó egípcio). Não somente a descendência de José, mas também a descendência de todas as famílias israelitas que migraram para o Egito (no período de grande fome no oriente médio - os sete anos das “vacas magras”), após 400 anos, sob a liderança de Moisés, “batem em retirada” rumo à terra prometida [por Deus]: Canaã. Canaã fica na região de Hebrom, uma cidade situada a aproximadamente trinta quilômetros ao sudoeste de Jerusalém. Esta região – Canaã – era originalmente a terra em que os ancestrais Israelitas viviam. Lá foi a origem de Israel. Naquela região viveu Abraão, Isaque e Jacó. José nasceu na região de Canaã. Canaã é parte de Israel (Israel de hoje) O Egito antigo é o mesmo Egito de hoje. Toda a região fértil do delta do rio Nilo sempre pertenceram ao Egito. Para localizarmos estes pontos na a geografia do mundo contemporâneo, quando nos referimos historicamente ao Egito, podemos considerar a cidade do Cairo, e a Canaã, como a Cidade de Hebrom, que está muito próximo de Jerusalém.

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A distância entre a Cidade do Cairo e a Cidade de Hebrom é menos que quinhentos quilômetros. Foi comum na época da formação de Israel ir ao Egito em uma situação de maior necessidade242. Toda essa geografia é para chegarmos ao tempo de caminhada aproximado, que seria necessário para sair do Cairo e chegar até Jerusalém. Considerando que o homem caminha num ritmo normal, a cinco quilômetros por hora, um tempo mínimo de caminhada seria um período de cem horas. Andando cinco horas por dia, ou seja saindo sempre bem cedo – logo antes do nascer do sol – poderíamos considerar um horário de caminhada ótimo, entre 5:30 e 10:30. É um horário em que o sol é mais ameno, e dá para montar e desmontar o acampamento. Feitas essas considerações, seriam necessários uns vinte dias de caminhada para sair do Cairo e chegar até Jerusalém. Considerando que os Israelitas guardam o Sábado, e mais alguns imprevistos no caminho, poderíamos considerar um mês de caminhada, ou para facilitar as comparações, quarenta dias como sendo um tempo bem razoável e realista. A Bíblia nos conta que os Israelitas gastaram quarenta anos para sair da região da Cidade do Cairo e chegar até a região da Cidade de Hebrom: Eles gastaram aproximadamente quatrocentos e oitenta meses: 48.000% mais tempo que o necessário. A caminhada que poderia ser feita em 40 dias, com folga, foi feita em quarenta anos. Temos então uma situação com enorme discrepância entre o possível e o realizado.

– Será que Deus planejou que os Israelitas gastassem quarenta dias, ou quarenta anos?

9.2. O que Deus planejou No Capítulo 6, quando estudamos as formas como Deus fala (tópico 6.4.2.a) , nós já focamos um pouco esta passagem. Moisés243, que era Israelita , foi achado pela família real egípcia, e foi educado com todos os privilégios da casa real do Egito. 242 Veja Gênesis 12:10 “Naquele tempo houve em Canaã uma fome tão grande, que Abrão foi morar por algum tempo no Egito” 243 Veja Êxodo 2:1-10 “Um homem e uma mulher da tribo de Levi se casaram. A mulher ficou grávida e deu à luz um filho. Ela viu que o menino era muito bonito e então o escondeu durante três meses. Como não podia escondê-lo por mais tempo, ela pegou uma cesta de junco, tapou os buracos com betume e piche, pôs nela o menino e deixou a cesta entre os juncos, na beira do rio. A irmã do menino ficou de longe, para ver o que ia acontecer com ele. A filha do rei do Egito foi até o rio e estava tomando banho enquanto as

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Deus revelou (mostrou) para Moisés que Ele queria que o povo Israelita deixasse o Egito e se libertasse244. A história tem muitos detalhes, mas continuando a resumi-la, os Israelitas deixam o Egito liderados por Moisés. Eles cruzam o Mar Vermelho, que pela força de um vento, se abre, e eles cruzam o mar simplesmente andando em terra seca245, e entram no deserto e caminham três dias, sem comida e sem água, até que finalmente chegam a um lugar onde encontram um poço com água (poço de Mara) e felizes param ali para beberem água e descansarem. Os Israelitas ficam “p... da vida” com Moisés e com Deus, pois na hora que foram provar a água, descobriram que a água daquele poço era amarga, era “esquisita”, era meio oleosa, em suma: era uma água intragável! Eles “dão a maior dura em Moisés”: - Moisés, que Deus é esse teu deus, que tira a gente do Egito e promete uma terra muito boa, maravilhosa, mas no caminho quer nos matar nesse deserto?! Aqui nós vamos morrer de sede e de fome!! Moisés conversou246 com Deus, e Deus deu para Moisés as instruções para resolver a situação. Quase que num “passe de mágica”, Moisés transforma a água intragável em água potável. As águas do poço de Mara (que existe até hoje) são amargas, porque tem um alto teor de magnésio. O magnésio é muito usado por atletas para prevenir a câimbra. Além disso, se lembrarmo-nos do tradicional “leite de magnésia”, vamos nos recordar que o magnésio tem também um efeito laxativo.

suas empregadas passeavam ali pela margem. De repente ela viu a cesta no meio da moita de juncos e mandou que uma das suas escravas fosse buscá-la. A princesa abriu a cesta e viu um bebê chorando. Ela ficou com muita pena dele e disse: -Este é um menino israelita. Então a irmã da criança perguntou à princesa: -Quer que eu vá chamar uma mulher israelita para amamentar e criar esta criança para a senhora? -Vá-respondeu a princesa. Então a moça foi e trouxe a própria mãe do menino. Aí a princesa lhe disse: -Leve este menino e o crie para mim, que eu pagarei pelo seu trabalho. A mulher levou o menino e o criou. Quando ele já estava grande, ela o levou à filha do rei, que o adotou como filho. Ela pôs nele o nome de Moisés e disse: -Eu o tirei da água”. 244 Veja Êxodo 3:10 “Agora venha, e eu o enviarei ao rei do Egito para que você tire de lá o meu povo, os israelitas.” 245 Veja Êxodo 14: 21-22 “Moisés estendeu a mão sobre o mar, e o Deus Eterno, com um vento leste muito forte, fez que o mar recuasse. O vento soprou a noite inteira e fez o mar virar terra seca. As águas foram divididas, e os israelitas passaram pelo mar em terra seca”. 246 Veja Êxodo 15:25 “Então Moisés, em voz alta, pediu socorro ao Deus Eterno, e o Eterno lhe mostrou um pedaço de madeira. Moisés jogou a madeira na água, e a água ficou boa de beber. Foi nesse lugar que o Deus Eterno deu leis aos israelitas e os pôs à prova”

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Considerando estes dois conjuntos de informações, seria lógico nós inferirmos que o planejamento que Deus fez, realmente levaria os Israelitas para Canaã em apenas 30 – 40 dias. O planejamento de Deus é cuidadoso nos detalhes:

1. Três dias de jejum absoluto acrescidos do efeito laxativo do magnésio, faria com que os Israelitas ficassem limpos internamente (quase que uma lavagem gástrica), pois se olharmos a história, antes deles saírem do Egito, ocorreram diversas doenças lá (as pragas do Egito);

2. O efeito muscular do magnésio preveniria dores musculares e câimbras, já

que o povo não estava preparado para andar quase quinhentos quilômetros de uma só vez;

3. Passados os três primeiros dias de jejum, Deus montou um fantástico plano

logístico para alimenta-los, tal forma que os Israelitas não precisariam carregar alimentos e nem equipamentos de cozinha. O maná, era uma espécie de pão, que caia do céu, toda manhã247, e não podia ser armazenado de um dia para o outro, pois tornava-se impróprio como alimento248.

Podemos dizer que o plano que Deus elaborou e motivou (inspirou) Moisés a implementa-lo, era bom e factível, bem como os recursos necessários estavam disponíveis, inclusive a alimentação - maná (pão) – e carne (de aves)249. 9.3. O que os Israelitas fizeram Os Israelitas não eram muito diferentes de nós: Eles sempre reclamavam de tudo para Moisés. Eles sempre estavam insatisfeitos. Os Israelitas rumo à Canaã, sempre me fazem lembrar uma recente campanha publicitária pela TV do Unibanco, em que as figuras centrais são a atriz Deborah Bloch, o ator Miguel Falabella e a hiena: Em tudo a hiena vê problemas e ameaças, e fica a se lamentar dos infortúnios que podem acontecer: “ ... oh céus, oh terra ....” é uma de suas frases clássicas em seu personagem original (dos estúdios Hanna Barbera).

247 Veja Êxodo 16:31 “Os israelitas deram àquele alimento o nome de maná. Ele era parecido com uma sementinha branca e tinha gosto de bolo de mel”. e Salmos 78:24 “Ele deu ao povo pão do céu, fazendo cair o maná para eles comerem”. 248 Veja Êxodo 16: 19-20 “Então Moisés lhes disse: -Ninguém deverá guardar nada para o dia seguinte. Mas alguns não obedeceram à ordem de Moisés e guardaram uma parte daquele alimento. E no dia seguinte o que tinha sido guardado estava cheio de bichos e cheirava mal…”. 249 Veja Êxodo 16: 12-14 “Diga-lhes que hoje à tarde, antes de escurecer, eles comerão carne. E amanhã de manhã comerão pão à vontade. Aí ficarão sabendo que eu, o Eterno, sou o Deus deles. À tarde apareceu um grande bando de codornas; eram tantas, que cobriram o acampamento. E no dia seguinte, de manhã, havia orvalho em volta de todo o acampamento. Quando o orvalho secou, por cima da areia do deserto ficou uma coisa parecida com escamas, fina como a geada no chão“.

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No início eles reclamaram dos três dias de fome e sede (a caminhada até o poço de Mara). Depois da alimentação diária (no dia seguinte começa o fornecimento do maná e das aves). E assim vai. Moises que era o líder, acabava ficando completamente absorvido em administrar a rotina dos Israelitas, ou seja, ele passava o tempo todo resolvendo problemas. Alguns professores250 e pesquisadores da área de administração dizem que o primeiro consultor da história foi Jetro, sogro de Moisés. A caminhada para Canaã, que como vimos poderia ter tomado somente 40 dias, agora está se tornando um fenômeno social-geográfico. A ponto de Moisés receber a visita do sogro, quando estão acampados próximos ao Monte Sinai251 (extremo nordeste do Egito, próximo a fronteira com Israel). Jetro passa alguns dias no acampamento dos Israelitas, e finalmente aconselha Moisés a criar uma estrutura administrativa, pois ele sozinho não conseguiria resolver todos os problemas que lhe eram encaminhados, e não conseguiria ter tempo para mais nada252. A partir daí, Moisés começa a trabalhar em criar leis e normas para os Israelitas acerca não só do relacionamento com Deus, mas também com os homens em geral253. Novos problemas começam a surgir. À medida que os Israelitas vão encontrando outros povos em sua peregrinação, eles começam a conviver, trocar experiências e costumes, como também há momentos de insubordinação a Moisés. Esta insubordinação acaba trazendo em si o afastamento entre os Israelitas e Deus. Tal como hoje, o homem mesmo que não conheça Deus, ou que tenha dúvidas quanto ao relacionamento com Deus, ele sente a necessidade de se relacionar com Deus, ele infere a

250 Veja em - Maximiano, A.C.A.Teoria Geral da Administração: Da revolução urbana à revolução digital. 3a. Edição. São Paulo, SP: Editora Atlas. 2003: Pg. 96 251 Veja Êxodo 18:5 “Jetro, o sogro de Moisés, foi com a mulher e os dois filhos de Moisés para o deserto onde Moisés estava acampado, no monte santo [Monte Sinai]”. 252 Veja Êxodo 18:17-24 “Então Jetro disse: -O que você está fazendo não está certo. Desse jeito você vai ficar cansado demais, e o povo também. Isso é muito trabalho para você fazer sozinho. Agora escute o meu conselho, e Deus o ajudará. Está certo que você represente o povo diante de Deus e também que leve a ele os problemas deles. Você deve ensinar-lhes as leis de Deus e explicar o que devem fazer e como devem viver. Mas você deve escolher alguns homens capazes e colocá-los como chefes do povo: chefes de mil, de cem, de cinqüenta e de dez. Devem ser homens que temam a Deus, que mereçam confiança e que sejam honestos em tudo. Serão eles que sempre julgarão as questões do povo. Os casos mais difíceis serão trazidos a você, mas os mais fáceis eles mesmos poderão resolver. Assim será melhor para você, pois eles o ajudarão nesse trabalho pesado. Se você fizer isso, e se for essa a ordem de Deus, você não ficará cansado, e todas essas pessoas poderão ir para casa com as suas questões resolvidas. Moisés aceitou o conselho de Jetro”. 253 Veja Êxodo de 19 a 32 e todo o livro de Levítico.

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existência de Deus. No caso dos Israelitas, quando eles se afastam do Deus verdadeiro, eles criam outros deuses254; Eles passam a adorar imagens, e assim por diante. Já ouvi de estudiosos cristãos, críticas sobre Moisés por ter sido um líder ineficiente. No entanto, não há dúvida de que todo o trabalho que Moisés desenvolveu, foi usado para toda a descendência Israelita, e influencia a humanidade até os dias de hoje, tal como os Dez Mandamentos255. O que podemos apreender adicionalmente deste episódio, é que não importa quem foi ineficiente, se foi Moisés ou se foram os Israelitas. Eles todos, líder e liderados perderam ao longo do caminho o foco, perderam o senso prático de missão, perderam a linha do horizonte no sentido de qual era realmente o objetivo deles ao saírem do Egito: Chegar o mais rápido possível à Canaã. Eu sempre estou envolvido no desenvolvimento de On demand management software, ou seja, sistemas de informação gerencias, desenvolvidos conforme as necessidades do cliente (empresas em geral). O processo de desenvolvimento deste tipo de sistemas, sempre passa por uma fase de diagnóstico, onde (1) levantamos as necessidades de informações necessárias e desejáveis e (2) avaliamos as informações que são disponibilizadas pelos sistemas atuais. Ao confrontarmos os dois diagnósticos, desenvolvemos o Plano Estratégico de Informações (PEI), e daí partimos para a elaboração do Plano de Ação de Informações (PAI). É comum, ao desenvolvermos o PEI e o PAI, propormos mudanças organizacionais, principalmente buscando a melhoria da eficiência dos processos administrativos. É muito comum, encontrarmos pessoas resistentes às mudanças, com medo de que aquelas mudanças possam afetar o seu trabalho e principalmente a sua empregabidade. Uma das formas que este perfil de situação acontece, é que que as pessoas resistentes às mudanças, ao invés de mostrarem qualquer resistência ou oposição, elas se colocam prontas para ajudar, participar e tem uma atitude extremamente colaborativa. Uma vez participantes do “comitê” do novo sistema, elas passam a especificar inúmeras necessidades. Sempre que uma versão “beta” é disponibilizada, elas avaliam de forma positiva, mas acrescentam novas necessidades e funções. Enfim, sem que se perceba muito, o sistema que ficaria pronto em 40 dias, passa a correr o risco de ficar pronto em 40 semanas, ou até mesmo em 40 meses!

254 Veja Êxodo 32:1 “O povo viu que Moisés estava demorando muito para descer do monte. Então eles se reuniram em volta de Arão e lhe disseram: -Não sabemos o que aconteceu com Moisés, aquele homem que nos tirou do Egito. Portanto, faça para nós um deus que vá à nossa frente”. 255 Veja Êxodo 20:3-17

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9.4. Mudanças radicais x Mudanças Celestiais Recentemente, recebi de um amigo (por e-mail) a seguinte história, que tem tudo a ver com o que estamos discutindo.

A Executiva no Paraiso...

Foi tudo muito rápido. A executiva bem-sucedida sentiu uma pontada no peito, vacilou, cambaleou, deu um gemido e apagou. Quando voltou a abrir os olhos, viu-se diante de um imenso portal. Ainda meio zonza, atravessou-o e deu de cara com uma miríade de pessoas, todas vestindo cândidos camisolões e caminhando despreocupadas. Sem entender bem o que estava acontecendo, a executiva bem-sucedida abordou um dos passantes:

- Enfermeiro, eu preciso voltar urgente para o meu escritório porque tenho um meeting importantíssimo. Aliás, acho que fui trazida para cá por engano, porque meu convênio médico é classe A, e isto aqui está me parecendo mais um pronto-socorro.

Onde é que nós estamos?

- No céu.

- No céu?...

- É. Tipo assim, o céu, aquele. Com querubins voando e coisas do gênero.

- Que é isso amigo, você está com gozação?

- Certamente. Aqui todos vivemos em estado de gozo permanente.

Apesar das óbvias evidências (nenhuma poluição, todo mundo sorrindo, ninguém usando telefone celular), a executiva bem-sucedida custou um pouco a admitir que havia mesmo apitado na curva. Tentou então o plano B: convencer o interlocutor, por meio das infalíveis técnicas avançadas de negociação, de que aquela situação era inaceitável. Porque, ponderou, dali a uma semana ela iria receber o bônus anual, além de estar fortemente cotada para assumir a posição de presidente do conselho de administração da empresa.. E foi aí que o interlocutor sugeriu:

- Talvez seja melhor você conversar com Pedro, o síndico.

- É? E como é que eu marco uma audiência? Ele tem secretária?

- Não, não. Basta estalar os dedos e ele aparece.

- Assim? (...)

- Pois não?

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A executiva bem-sucedida quase desaba da nuvem. À sua frente, imponente, segurando uma chave que mais parecia um martelo, estava o próprio Pedro. Mas a executiva havia feito um curso intensivo de approach para situações inesperadas e reagiu rapidinho:

- Bom dia. Muito prazer. Belas sandálias. Eu sou uma executiva bem-sucedida e... - Executiva... Que palavra estranha. De que século você veio?

- Do 21. O distinto vai me dizer que não conhece o termo "executiva"?

- Já ouvi falar. Mas não é do meu tempo.

Foi então que a executiva bem-sucedida teve um insight. A máxima autoridade ali no paraíso aparentava ser um zero à esquerda em modernas técnicas de gestão empresarial. Logo, com seu brilhante currículo tecnocrático, a executiva poderia rapidamente assumir uma posição hierárquica, por assim dizer, celestial ali na organização.

- Sabe, meu caro Pedro, se você me permite, eu gostaria de lhe fazer uma proposta.

Basta olhar para esse povo todo aí, só batendo papo e andando à toa, para perceber que aqui no Paraíso há enormes oportunidades para dar um upgrade na produtividade sistêmica.

- É mesmo?

- Pode acreditar, porque tenho PHD em reengenharia. Por exemplo, não vejo ninguém usando crachá. Como é que a gente sabe quem é quem aqui, e quem faz o quê?

- Ah, não sabemos.

- Headcount, então, não deve constar em nenhum versículo, correto?

- Hã?

- Entendeu o meu ponto? Sem controle, há dispersão. E dispersão gera desmotivação. Com o tempo, isto aqui vai acabar virando uma anarquia. Mas nós dois podemos consertar tudo isso rapidinho implementando um simples programa de targets individuais e avaliação de performance.

- Que interessante...

- Depois, mais no médio prazo, assim que os fundamentos estiverem sólidos e o pessoal começar a reclamar da pressão e a ficar estressado, a gente acalma a galera bolando um sistema de stock option, com uma campanha motivacional impactante, tipo: "O melhor céu da América Latina".

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- Fantástico!

- É claro que, antes de tudo, precisaríamos de uma hierarquização de um organograma funcional, nada que dinâmicas de grupo e avaliações de perfis psicológicos não consigam resolver. Aí, contrataríamos uma consultoria especializada para nos ajudar a

definir as estratégias operacionais e estabeleceríamos algumas metas factíveis de leverage, maximizando, dessa forma, o retorno do investimento do Grande Acionista... Ele existe, certo?

- Sobre todas as coisas.

- Ótimo. O passo seguinte seria partir para um downsizing progressivo, encontrar sinergias hi-tech, redigir manuais de procedimento, definir o marketing mix e investir no desenvolvimento de produtos alternativos de alto valor agregado. O mercado telestérico, por exemplo, me parece extremamente atrativo.

- Incrível!

- É obvio que, para conseguir tudo isso, nós dois teremos que nomear um board de altíssimo nível. Com um pacote de remuneração atraente, é claro. Coisa assim de salário de seis dígitos e todos os fringe benefits e mordomias de praxe. Porque, agora falando de colega para colega, tenho certeza de que você vai concordar comigo, Pedro. O desafio que temos pela frente vai resultar em um turnaround radical.

- Impressionante!

- Isso significa que podemos partir para a implementação?

- Não. Significa que você terá um futuro brilhante se for trabalhar com o nosso concorrente. Porque você acaba de descrever, exatamente, como funciona o Inferno...

Autor: Max Gehringer (Revista Exame - Ed. 772 - 07/agosto/2002)

9.5. Conclusão Ajustes, mudanças podem ser necessários. Via de regra, sempre são. Juntando as histórias de Moises, dos sistemas gerenciais de informação e a da executiva (tópico anterior) podemos concluir que pelo menos duas coisas são muito importantes:

a) Não perder o foco. Não deixar que a missão e os objetivos se percam de nossa linha de horizonte;

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b) Mudar, sem alinhamento com o planejamento, é apenas uma mudança, que não necessariamente para melhor (grande chance de ser para pior. Como o caso proposto pela executiva de sucesso).

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Capítulo 10. Conclusão: Zen – Cristianismo Usamos a idéia de Zen-Cristianismo associado à qualidade total, associado ao processo Kaizen de melhoria contínua da qualidade. Se quiséssemos usar uma terminologia mais próxima das abordagem ocidental, poderíamos associar a idéia do Zen-Cristianismo à plenitude do espírito. Em suma, estamos buscando um completo alinhamento de nossa identidade espiritual com Deus, sob o conceito de que ser mais inteligente espiritual – IE3 – é ter mais consciência de nossa dependência de Deus. A plenitude, o Zen-Cristianismo é a total dependência de Deus. Lembre que não estamos falando de religiosidade, ou liderança religiosa. No capítulo 3, quando quisemos dar exemplos de seres humanos com alta inteligência espiritual – IE3 – falamos de pessoas que não eram líderes religiosos ou profetas, mas sim líderes em atividades seculares (governo, negócios e ONG’s) mas sim, que tinham consciência de que dependiam de Deus. Finalmente, vou estar usando referências aos espíritas, aos budistas e aos Israelitas considerando aspectos muito positivos da atitude que eles tem como seres humanos. Não estou me alinhando a eles em seus princípios espirituais. Conforme vimos no capítulo 4, o verdadeiro deus é Deus, que podemos alcança-Lo somente através de Jesus Cristo, como o Salvador, o Messias, que através do Seu sacrifício na cruz, nos livrou de todo o erro (pecado) e nos liga a Deus256. 10.1 Seja bom como os espíritas Segundo a doutrina de Allan Kardec257, o homem alcança a salvação à medida que se aperfeiçoa espiritualmente258. A forma do homem se aperfeiçoar espiritualmente, é fazendo o bem enquanto vive aqui na terra. Ao contrário do que vimos no capítulo 4, no raciocínio kardecista, a salvação não é alcançada através do aceitação de Jesus Cristo, como Senhor e Salvador, mas sim através do aperfeiçoamento espiritual, fazendo o bem. Desta forma, embora eu creia que a razão pela qual os kardecistas fazem o bem, não seja a melhor, o que importa é que eles fazem o sistematicamente o bem, seja lá para quem for. 256 Veja João 14:6 “Jesus respondeu: -Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim. ” 257 e 3 Veja mais em http://www.geae.inf.br/pt/livros/le/

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No Zen-Cristianismo fazer o bem é conseqüência da salvação e não a sua causa. Se você realmente crê em Jesus como único Senhor e Salvador, Ele habita em seu coração259, Ele controla o seu espírito, e como conseqüência você irá fazer o bem, pois fazer o bem é uma das conseqüências da inteligência espiritual – IE3:

Mas o Espírito de Deus produz o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade e o domínio próprio. E contra essas coisas não existe lei. Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a natureza humana deles, junto com todas as paixões e desejos dessa natureza. Que o Espírito de Deus, que nos deu a vida, controle também a nossa vida! Nós não devemos ser orgulhosos, nem provocar ninguém, nem ter inveja uns dos outros. Meus irmãos e minhas irmãs, se alguém for apanhado em alguma falta, vocês que são espirituais devem ajudar essa pessoa a se corrigir. Mas façam isso com humildade e tenham cuidado para que vocês não sejam tentados também. Ajudem uns aos outros e assim vocês estarão obedecendo à lei de Cristo260.

10.2 Busque a Deus, dedicando tempo como os budistas dedicam à meditação A vida moderna é agitada. Temos inúmeras demandas de tempo, quer seja no trabalho, nos estudos, na conquista de novos clientes, tempo para estar com os amigos, tempo para estar com os familiares, tempo para relaxar. Na nossa rotina diária, é impossível acharmos um tempo vago para conversarmos com Deus. Até mesmo porque, Deus não fica nos telefonando, mandando e-mails ou “torpedos” dizendo que precisa falar urgentemente conosco. O tempo Dele é infinito, ou talvez, Deus não tenha essa dimensão temporal. É bem provável que Deus não use relógio.

259 Veja Apocalipse 3:20 “Escutem! Eu estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa, e nós jantaremos juntos. "Aos que conseguirem a vitória eu darei o direito de se sentarem ao lado do meu trono, assim como eu consegui a vitória e agora estou sentado ao lado do trono do meu Pai. "Portanto, se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam o que o Espírito de Deus diz às igrejas. 260 Gálatas 5:22-26 e 6:1-2

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Na filosofia budista, o homem deve passar por uma constante evolução do estado espiritual261 até atingir a plenitude espiritual (Nirvana). Esta busca da plenitude espiritual, se dá pela contemplação, através da meditação. Embora a filosofia budista entenda Jesus Cristo como um espírito do bem supremo, e não como Deus. Embora não creiam na salvação baseada na aceitação de Jesus Cristo como Senhor e Salvador, como vimos no capítulo 4, os budistas priorizam tempo para estar em meditação e contemplação, na busca do crescimento espiritual. Essa forma de reservar tempo para a meditação e contemplação, que os budistas fazem tão naturalmente, como vemos em inúmeros filmes e documentários orientais, tais como os documentários sobre os monges do Tibet, de Dalai Lama, e de tantos outros, pode ser usada para ouvir o verdadeiro Deus (meditação) e de ver o verdadeiro Deus (contemplação). O verdadeiro Deus se disso: o Deus Pai de Jesus Cristo, o meu Pai e seu Pai também:

Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo262.

Então, em termos práticos, procure reservar um tempo para estar sozinho, “quietinho”, para conversar com Deus, para ouvir Deus te falar. Cada um de nós tem um estilo de vida próprio, e diferentes afinidades. Vão aqui algumas “dicas” que podem ser úteis: 1o. Se você ainda não leu o Capítulo 4, volte lá e leia.

Agora que você já checou e confirmou que conhece o Deus verdadeiro, tem então todo o sentido você desejar ouvi-Lo e vê-Lo (contemplação)

2o. Faça uma análise de seu estilo, e tente identificar como você gostaria de

contemplar e ouvir Deus. Observe que isso é uma questão de preferência e estilo de vida seu. Deus não criou leis, ou impôs regras para nos ouvir ou para nos falar:

261 Veja mais em http://www.geocities.com/Athens/Parthenon/4643/zen.html;

http://planeta.terra.com.br/arte/paramitta/zen.html http://www.vialuz.com/desenv/interna.asp?setor=fraternidade&interna=466 http://www.desejosesonhos.hpg.ig.com.br/buda.htm

262 Salmo 27:4

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Exemplos para Contemplação

- Há pessoas que gostam de entrar em um templo durante o dia, numa hora que não esteja tendo atividades (missa; culto; etc), e daí passarem alguns momentos buscando ouvir Deus;

- Há pessoas que gostam de contemplar o céu (estrelado), e diante dele, sentirem a grandeza do universo e a grandeza de Deus;

- Há pessoas que, da mesma maneira, gostam de contemplar o mar, de

sentirem a sua força, e diante disso, sentirem a força e grandeza de Deus;

- Há pessoas que gostam de contemplar a natureza, os pássaros, os

peixes. Há muitos que ao fazerem mergulho submarino, vão descobrindo a criatividade de Deus para criar o mundo, e se maravilham diante disso;

- Há aqueles que maravilham-se com o “capricho” de Deus, ao verem

uma criança: A vida tão complexa de se criar263 e tão simples de se viver;

Exemplos para ouvir Deus

- Eu gosto de ouvir Deus logo cedo. Eu costumo, sempre que consigo,

levantar e ir para um parque (Campinas: Taquaral), onde corro ou ando de bicicleta, sozinho, em silêncio (embora esteja cheio de outras pessoas também fazendo seu jogging). É um momento que Deus sempre me fala ;

- É muito comum eu estar viajando sozinho (guiando). Independente do

horário, mas preferivelmente logo cedo, ou “tarde da noite”, também são momentos em que converso com Deus, e principalmente ouço Deus falar;

- Momentos de meditação: Independente do lugar, desligar-se de tudo

que há, envolta de você, e concentrar-se em ouvir Deus.

- As caminhadas, independente do lugar, como o Caminho de Compostela (Espanha) e já existe uma caminhada aqui no Brasil (interior de São Paulo).

263 Por exemplo: (1) A sociedade moderna do século XXI, com todo o uso da tecnologia, ainda nem conseguiu criar um robô que corra; (2) As cirurgias de transplantes de órgãos ainda são cirurgias de risco.

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É importante ressaltar que para contemplar Deus e ouvi-Lo, não é necessário NENHUM SACRIFÍCIO. Jesus Cristo já fez todo o sacrifício necessário, quando foi crucificado, para nos livrar de todos os erros (pecados). É por isso que a salvação é de graça264, basta nós crermos (termos fé) em Deus, e nos beneficiarmos do sacrifício de Jesus (Capítulo 4). Desta forma, não é o lugar, nem o tempo destinado a estar com Deus, nem a posição (de joelhos, deitado, sentado ou em pé, etc.): O que determina a nossa intimidade com Deus é a nossa atitude, de sermos dependentes Dele, de buscarmos e querermos estar com Ele, de queremos ouvi-Lo.

10.3 A respeito de dinheiro, podemos apreender com os Israelitas Hoje em dia já há uma controvérsia em relação ao dinheiro e o relacionamento com Deus. Tenho ouvido muitos críticos que dizem que o cristianismo contemporâneo, mercantilizou265 a fé: Quantas não são as histórias que ouvimos de pessoas que contam que a sua vida mudou, bem como sua vida financeira também mudou, quando converteram-se a Deus, através de Senhor Jesus Cristo266. Particularmente admiro pessoas com fé. Pessoas que crêem em sua dependência de Deus. Pessoas que se submetem a Deus, e aceitam serem transformadas, como é o caso Meretíssimo Juiz de Direito Dr. António Leopoldo Teixeira267. Recomendo que aprendamos com os Israelitas a respeito de como tratar com dinheiro. Hoje já há um crescente movimento cristão, de origem Israelita, que resgata Jesus Cristo como o verdadeiro Messias268, embora muitos deles ainda estejam esperando o Messias até hoje, e tratem Jesus Cristo apenas como um patrício, nascido em Nazaré, ao invés de aceita-lo como Senhor, o Salvador, o Messias que o profeta Isaias269 anunciou, como vimos no capítulo 4, apesar destes erros, os Israelitas sabem tratar bem da questão econômica financeira. 264 Veja Efésios 2:8 “Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus”. 265 Exemplos desta discussão : Revista Época Edições 209 e 210 de 20 e 27 de maio de 2002: http://epoca.globo.com/edic/209/index.htm; http://epoca.globo.com/edic/210/index.htm e http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT434292-1664,00.html 266 e 12 Veja mais em : Revista A Voz, No. 89. pgs.10-15. ADHONEP: Associação de Homens de Negócios do Evangelho Pleno. C.Postal 13.617. Rio de Janeiro, RJ. 20.210-972. (21) 2602-4460; 0800 245566. http://www.adhonep.org.br 268 Veja mais em http://www.ensinandodesiao.org.br/ 269 Veja Isaias 52 e 53

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A partir de Abrão, o patriarca hebraico e também islâmico, criou-se o hábito de dar e fazer ofertas para Deus. Naquela época (aproximadamente 2.000 A.C) foi sendo instituído o dízimo270 e as primícias271. O dízimo é 10% da sua renda, do seu salário ou de qualquer ganho econômico financeiro. As primícias estão muito ligadas às atividades agropecuárias, ou seja, a primeira cria de qualquer animal, o primeiro dia da colheita da safra, e assim por diante. Tanto para os Israelitas, como para os Cristãos, toda a riqueza e prosperidade são dadas272 por Deus, e a Deus pertencem273. Então, se pensarmos bem, não somos donos de nada. Deus apenas nos dá recursos para administrarmos. É claro, é lógico que qualquer um de nós devemos ser cuidadosos com os recursos das empresas em que trabalhamos: Nós não “rasgamos” dinheiro só porque não seja nosso. O mesmo devemos fazer com os recursos que Deus nos dá para administrar. Se do ponto de vista profissional nós procuramos ser eficientes, por que não cuidarmos bem daquilo que Deus nos encarrega de cuidar? Uma passagem real e muito interessante é quando Jesus passou o final de uma tarde ensinando uma multidão de Israelitas. Essa passagem é conhecida como a primeira multiplicação de pães e peixes274 Quando Jesus terminou de ensinar, os seus amigos (os discípulos) vieram até ele, meio preocupados, pois estavam longe de qualquer cidade, e já era tarde, e aquela multidão de pessoas devia já estar com fome: Eles sugerem para Jesus “liberar” logo o “pessoal”, para eles poderem ir embora a tempo de no caminho de casa, ainda encontrarem algum lugar aberto, para comprarem comida. Jesus, com seu jeito “maroto” que só quem sabe de tudo pode ter, “provoca” seus amigos e diz: “Por que vocês não dão comida para todas estas pessoas?”. Os seus amigos rebatem dizendo: Primeiro, precisaria muita “grana” para comprar comida para todo mundo. Segundo, não tem nenhum lugar por aqui que tenha comida suficiente para abastecer todo este contingente de pessoas.

270 Veja Gênesis 14:20 “e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo”. e Gênesis 28:22 “e a pedra, que erigi por coluna, será a Casa de Deus; e, de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo”. 271 Veja Êxodo 23:19 “As primícias dos frutos da tua terra trarás à Casa do SENHOR, teu Deus…”. 272 Veja Deuteronômio 30:9 O SENHOR, teu Deus, te dará abundância em toda obra das tuas mãos, no

fruto do teu ventre, no fruto dos teus animais e no fruto da tua terra e te beneficiará; porquanto o SENHOR tornará a exultar em ti, para te fazer bem, como exultou em teus pais;

João 3:27 “… -Ninguém pode ter alguma coisa se ela não for dada por Deus”. 273 Veja Salmos 24:1 “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam”. 274 Veja Marcos 6: 30-44.

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Daí Jesus pergunta: Mas quantos pães vocês tem aí com vocês? Eles dizem: Cinco pães e dois peixes! Então Jesus manda seus amigos organizarem a multidão, sentando-se sobre a relva (grama) em grupos de cem e de cinqüenta pessoas. Jesus pega os pães e os peixes, olha para o céu e abençoa aquele alimento. Daí ele começa a partir os 05 pães e os dois peixes, e vai passando para os discípulos distribuírem para os grupos de pessoas sentadas. A Bíblia diz que todos comeram e se fartaram. A multidão era de 5.000 homens. Depois que todo mundo comeu, os amigos de Jesus recolheram as sobras: Eles encheram doze cestos de pedaços de pão e peixe.

- O que que esta história tem haver com dízimo, primícia e ofertas para Deus?

Pense comigo: Alguém naquela multidão levou os 05 pães e 02 peixes. Que mesmo para uma pequena família, seria pouco. Eles (os donos dos pães e peixes) comeram abundantemente, se fartaram: “Comeram até dizer chega!”, pois sobrou muito pão e peixe. Os amigos de Jesus quando pegaram os pães e os peixes, também não sabiam exatamente o que iriam fazer. Talvez tivessem pensado (ou até mesmo pedido para a família) em dar aquele alimento para Jesus comer, pois imagine, se todo mundo estava “morrendo de fome”, quanto mais Jesus, que além de tudo ficou o tempo todo falando. Devia estar muito mais cansado e faminto. Continue pensando comigo: A única coisa que esta família teve que fazer, foi disponibilizar o que eles tinham. A única coisa que eles tiveram que fazer foi entregarem o seu “lanche” para os amigos de Jesus, sem saber o que iria acontecer. Eles abriram mão do único alimento que tinham, para dar para Jesus. Jesus transformou aquele pequeno “lanche” em um jantar abundante para eles mesmos, e ainda alimentou abundantemente outros quase 5.000 homens! É isso que Jesus faz quando devolvemos para Ele o que Deus nos dá: Ele multiplica abundantemente para nós mesmos, para os outros e ainda sobra infinitamente mais do que aquilo que disponibilizamos para Ele. Está é a matemática de Deus. 10.4 Dependa de Deus, como [o lado humano de] Jesus dependia Observe que na multiplicação dos pães e dos peixes (tópico anterior), há um pequeno detalhe que não demos ênfase: Antes de partir os peixes, Jesus olhou para o céu e abençoou o alimento.

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Se repararmos nas diversas histórias que vimos de Jesus, como a ressurreição de Lázaro (capítulo 7), e tantas outras, Jesus sempre ora antes de partir para a ação. Lembre-se que Jesus é Deus. Por que então ele tem que orar? É o lado homem, o lado humano de Jesus, que para fazer qualquer coisa, antes, submete-se à vontade de Deus, reconhece a sua dependência de Deus, mesmo sendo Ele o próprio Deus. É isso que precisamos aprender com Jesus: Não sermos religiosos, ou freqüentarmos a Igreja, ou parecermos bons. Tudo isso é ótimo. Mas o que realmente precisamos, é sermos dependentes de Deus em tudo que fizermos. Daí, iremos ter como resultado o que Deus já nós garantiu:

Felizes são aqueles que não se deixam levar pelos conselhos dos maus, que não seguem o exemplo dos que não querem saber de Deus e que não se juntam com os que zombam de tudo o que é sagrado! Pelo contrário, o prazer deles está na lei do Deus Eterno, e nessa lei eles meditam dia e noite. Essas pessoas são como árvores que crescem na beira de um riacho; elas dão frutas no tempo certo, e as suas folhas não murcham. Assim também tudo o que essas pessoas fazem dá certo275.

Bibliografia Hubermann Franco Jr, 275 Salmo 1:1-4

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